Você está na página 1de 22

HIDRÁULICA

AULA 05

P R O F. M E . L U C A S P I Z Z A I A F A L D A
Partindo do tema de associação de tubulações, podemos
expandir a ideia, estudando o comportamento de
tubulações que interligam reservatórios.
Essa prática é muito utilizada em abastecimento urbano,
pois nesses sistemas há grande variação do consumo ao longo
do dia, atingindo demandas de vazão muito grandes para
apenas um reservatório.
A ideia central é ter um reservatório em cota topográfica mais elevada
(R1), fornecer água para outro que está situado em cota inferior (R2)
e suprir a vazão demandada em B (QB). Esses reservatórios localizados
em cotas inferiores são intitulados reservatórios de compensação.
A tubulação AB tem diâmetro D1 e comprimento L1, assim como a tubulação
BC tem diâmetro D2 e comprimento L2. Quando o consumo é nulo, toda
a vazão que sai do ponto A chega ao C, comportando-se como uma
associação de tubulações em série. Sua cota piezométrica é LB1M e,
assim como estudamos nesse tipo de associação, a perda das cargas é
dada pela soma das perdas de carga de cada conduto.
Quando QB = 0

A vazão pode ser calculada pela seguinte fórmula:

𝒇𝟏×𝑳𝟏 𝒇𝟐×𝑳𝟐
𝟐
𝑫𝟓𝟏
+ 𝟓
𝑫𝟐
∆𝑯
∆𝑯 = ∆𝑯𝟏 + ∆𝑯𝟐 = 𝟎, 𝟎𝟖𝟐𝟕 × 𝑸 ∴𝑸=
𝒇𝟏 × 𝑳𝟏 𝒇𝟐 × 𝑳𝟐
𝟎, 𝟎𝟖𝟐𝟕 × 𝟓 +
𝑫𝟏 𝑫𝟓𝟐
Não há fluxo de B para C

Conforme aumenta a vazão retirada em B (QB), há uma redução da cota


piezométrica neste ponto e, consequentemente, da vazão que chega a R2. Esse
processo continua até que se atinja a cota piezométrica B3, igualando-se ao nível
d’água em R2. Nesse ponto não há mais fluxo de B para C, sendo que a vazão

(𝒁𝟏−𝒁𝟐)×𝑫𝟓𝟏
em B pode ser calculada com a seguinte fórmula: 𝑸𝑩 =
𝟎,𝟎𝟖𝟐𝟕×𝒇𝟏×𝑳𝟏
R2 auxilia no abastecimento em B

Quando QB atinge a posição B4 da cota piezométrica em B, o reservatório R2


auxilia no abastecimento da rede, sendo a vazão em B a somatória de ambos
os trechos.

(𝒁𝟏 − 𝑩𝟒) × 𝑫𝟓𝟏 (𝒁𝟐 − 𝑩𝟒) × 𝑫𝟓𝟐


𝑸𝑩 = +
𝟎, 𝟎𝟖𝟐𝟕 × 𝒇𝟏 × 𝑳𝟏 𝟎, 𝟎𝟖𝟐𝟕 × 𝒇𝟐 × 𝑳𝟐
EXEMPLO

f = 0,03
Determine:
- A vazão máxima que R2 receberia.
- A vazão máxima em B fornecida somente por R1.
- A vazão em B se a cota piezométrica nesse ponto for 510 m.
Ainda analisando a ideia de reservatórios interligados, a diferença da
altura geométrica entre eles pode ser um obstáculo. Imaginemos a
seguinte situação: um determinado reservatório se encontra em cota
topográfica (geométrica) inferior a um segundo reservatório, sendo que
o fluxo deve ser, necessariamente, no sentido da cota inferior para a
superior.
Haverá necessidade da instalação de uma estrutura hidráulica que
forneça energia ao líquido, a fim de vencer essa diferença,
denominada de estação elevatória.
Estação elevatória: são unidades responsáveis por bombear
determinado líquido que se encontra em cota topográfica
inferior ao ponto que se objetiva alcançar, localizado em cota
topográfica mais elevada. Em outras palavras, são unidades
dimensionadas para fornecer a energia necessária ao vencimento
da diferença de cota topográfica entre o ponto em que se
encontra o líquido e o final almejado.
Tubulação de sucção: tubulação localizada antes do conjunto motobomba, é a
responsável pelo transporte da água desde o ponto de captação (corpo hídrico ou poço
subterrâneo) até a bomba hidráulica.
Conjunto motobomba: é a unidade transferidora de energia ao escoamento. Ele é
formado pela bomba hidráulica e motor. Geralmente, essa instalação é protegida das
intempéries por uma estrutura de alvenaria, conhecida como casa de máquinas ou de
bombas.

Tubulação de recalque: tubulação


Tubulação
localizada após o conjunto motobomba. de sucção
Sua função é conduzir a água desde a
Tubulação de
bomba até o destino desejado recalque

(reservatório, estação de tratamento etc.).


Conjunto
motobomba
O dimensionamento dessa unidade ocorre, inicialmente, pela
tubulação de recalque, pois, além de ser a parte mais extensa da
tubulação, é fator determinante nas perdas de carga do sistema.
Para determinação do diâmetro da tubulação de recalque, deve-se
atentar para a relação deste com as perdas de carga e consequente
necessidade de transferência de energia. Esta advém da altura
geométrica a ser vencida, além das perdas de carga do sistema.
Como a altura geométrica e a vazão são fixos e preestabelecidos, os
custos totais da tubulação e do conjunto elevatório, incluindo o custo
anual de energia, dependem, de formas opostas, do diâmetro escolhido.
Primeira possibilidade: o diâmetro de recalque escolhido é
demasiadamente grande. Isso implicaria em baixa perda de carga e
consequente baixa potência necessária ao motor, no entanto, o custo
da tubulação seria mais elevado.

Segunda possibilidade: o diâmetro escolhido é inferior ao


adequado, o que elevaria as perdas de carga e, consequentemente,
a potência necessária ao motor. Essa possibilidade elevaria o custo
operacional do sistema, apesar de reduzir o custo de implantação
da tubulação.
Análise gráfica do custo mínimo e, do diâmetro econômico

A terceira curva, situada na parte superior, é a somatória do custo anual de


instalação (referente à tubulação) e operação (referente ao conjunto
motobomba). O ponto de mínimo custo é justamente o ponto de DIÂMETRO
ECONÔMICO.
Há diversas formas de se calcular o diâmetro econômico, sendo
algumas delas bastante precisas, porém complexas. Para instalações
simplificadas, pequena potência e turno de trabalho de 24
horas por dia, pode-se utilizar a fórmula de Bresse como forma de
cálculo preliminar:

𝑫[𝒎] = 𝑲 𝑸[𝒎𝟑 Τ𝒔]

Em que K depende do custo material, operacional e situação econômica do local,


variando de 0,7 a 1,3.
No entanto, a fórmula de Bresse necessita de algumas observações:
- Simplificação de questões complexas e muitas variáveis econômicas,
devendo ser empregadas somente em fases de pré-projeto.
- Para sistemas com adutora de até 6”, o diâmetro é aceitável.
- A fixação de K é equivalente à adoção de uma velocidade média de
recalque, denominada velocidade econômica. Em geral, varia de 0,6 a
3,0 m/s, sendo mais comum velocidades entre 1,5 e 2 m/s.
A fórmula de Bresse somente deve ser utilizada para turnos de
operação de 24 h/dia. Sempre que seu funcionamento for por um
período inferior a 24 horas por dia, deve-se utilizar a fórmula sugerida
na NBR 5626/2020:

𝟒
𝑫 𝒎 = 𝟏, 𝟑 𝑿 𝑸[𝒎𝟑 Τ𝒔]

Em que: X = fração do dia trabalhada [turno/24].

Em qualquer um dos métodos, Bresse ou NBR 5626/2020, deve-se


escolher o diâmetro comercial mais próximo do valor obtido.
Definido o diâmetro econômico, o próximo passo será a definição
do diâmetro da tubulação de sucção. Esse trecho da tubulação,
que se situa antes da bomba hidráulica, deve ter a mínima perda de
carga possível, por alguns motivos, descritos a seguir.
- As perdas de carga representam dissipações de energia que não são
aproveitadas no sistema, havendo necessidade de reposição dessa
energia por parte do conjunto motobomba. Assim, quanto menores
as perdas de carga, menor será a potência do motor e,
consequentemente, o consumo de energia.
- Outro ponto relevante é a manutenção de uma quantidade de
energia livre na entrada da bomba, denominada NPSH (Net
Positive Suction Head). Quanto menores forem as perdas de carga
nesse trecho, maior será a energia disponível e menor será o
risco de ocorrer cavitação no interior da bomba.
Assim, para a tubulação de SUCÇÃO, indica-se a adoção do PRIMEIRO
DIÂMETRO COMERCIAL SUPERIOR ao determinado para a
tubulação de RECALQUE. Essa prática tem como objetivo reduzir a
velocidade no interior do tubo e, consequentemente, reduzir a perda
de carga.
EXERCÍCIO 01

Uma pequena estação elevatória deverá ser construída para bombear


uma vazão de 12 L/s. O turno de operação será de 18 horas por dia.
Sabendo disso, como seria a forma correta de se calcular, mesmo que
de forma inicial, o diâmetro econômico da tubulação de recalque dessa
unidade? Qual seria seu valor?
EXERCÍCIO 02

Determine o diâmetro econômico da tubulação sob as seguintes


condições:
Q = 11 l/s.
Turno de trabalho = 10 h/dia.
k em relação a situação econômica atual = 1,2.

Você também pode gostar