Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 25

CURSO DE PSICANÁLISE

INTEGRATIVA
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna
Freud
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Anna Freud

Quando os filhos falham no conceito dos pais, quando não compensam as


frustrações, expectativas e angústias dos mesmos não sendo baseados no modelo
de perfeição e idealização que os pais têm, não se ajustando ao ideal imposto pela
família e pela cultura, muitas vezes o psicólogo é procurado para fazer uma
resolução deste “problema”. Na tentativa de moldar esses filhos aos padrões
aceitos pela sociedade, os pais acabam pedindo ao analista a construção de uma
“criança-robô”: dócil, com bom desempenho na escola, que não cause maiores
incômodos, que seja o que na maioria dos casos, os pais não foram, ou não
puderam ser e que sigam os padrões de certo e errado dos mesmos. A psicanálise
infantil, porém, busca tratar a criança como ser dotado da capacidade de constituir
sua própria demanda clínica, desde que “promovida a um lugar de sujeito, no
desenlace da escuta, da palavra e do brincar”, como ressalta artigo publicado na
revista Estilos da Clínica.

O tratamento psicanalítico é orientado para crianças e adolescentes e baseia-se


nos mesmos princípios do tratamento dos adultos. No entanto, é modificado para o
nível de desenvolvimento psíquico da criança ou do adolescente. Assim, a
psicanálise infantil se trata de uma versão intensiva da terapia lúdica. Nesse
contexto, busca abordar os conflitos e os impedimentos do desenvolvimento para
encaminhar a progressão.

Aqui o brincar desempenha um papel libertador no tratamento psicológico, na


medida em que é recurso incontestável de enfrentamento de medos internos,
traumas vividos no ambiente familiar, fobias. Os autores Iagor Caccieri e Marcella
Leitão consideram o atendimento clínico uma possibilidade de espaço para a
criança expressar suas necessidades e anseios, proporcionado pela escuta do
analista, que introduz o brincar como forma de atuar e dramatizar situações as
quais, quando repetidas no atendimento psicológico, agem como deflagradoras de
novas motivações, “sustentando que é no repetir que emerge o novo” […] por meio
do brincar (ou de expressões artísticas) e das repetições. A criança repete o que
viveu e o que está vivendo, não como lembrança, mas como ação, no processo de
recordar, repetir e elaborar”. A cada repetição, portanto, surge a possibilidade de
elaborar-se o que não pode ser rememorado e verbalizado.

Com adolescentes, o tratamento se aproxima da psicanálise de adultos. Contudo, o


adolescente não é obrigado a deitar no divã se achar estranho ou desconfortável.

2
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Uma vez que é senso comum que uma criança ainda não tem muitas
responsabilidades além de ir para escola, muitos problemas na infância são
negligenciados, sendo um erro muito comum cometido por uma construção social
rasa. Nesse contexto, a psicanálise infantil vem para quebrar essa crença, que tem
sido bastante prejudicial para o desenvolvimento das crianças.

É necessário entender que crianças têm problemas sim. Dessa forma, é também
papel da psicanálise infantil os identificar a fim de que a criança se abra com
relação aos seus medos, sentimentos, e problemas familiares principalmente.

A infância é a fase da vida em que vivenciamos experiências que nos marcam para
sempre e formam muito da base da nossa personalidade. Assim, por esta razão,
precisa de especial atenção.

Anna Freud, por ter vivido praticamente durante todo o século XX, pôde observar a
transformação do mundo neste século. Ela também acompanhou as grandes
mudanças da sociedade, e isso se refletiu em sua obra. Ademais, Anna Freud
nasceu em 03 de dezembro de 1895 na cidade de Viena na Áustria-Hungria. Ela
era a caçula de 6 filhos de Martha Bernays e Sigmund Freud, quando Freud fez
sua descoberta sobre o inconsciente e sobre o significado dos sonhos.

Anna Freud terminou sua formação básica para pedagogia em 1912 em sua
cidade natal. Quando a guerra começou, em 1914, ela estava em Londres
aperfeiçoando seu inglês. Estar na Inglaterra nesse momento era ser uma
estrangeira inimiga. Você consegue imaginar estar nessa situação com apenas 19
anos? Dessa forma, fica evidente o quanto desde muito nova a jovem escolheu ser
forte diante de situações desfavoráveis.

Ainda em 1914 Anna Freud começou a trabalhar como educadora infantil. Ela
exerceu essa profissão até 1920.

Dada a proximidade de Anna Freud e seu pai Sigmund Freud, ela já estava íntima
da corrente psicanalítica. Essa aproximação resultou na entrada dela na área em
1920, ao assistir um Congresso Internacional sobre o tema. Seu ingresso se deu
na psicanálise infantil, o que se justifica com base em sua formação. Iremos
aprofundar sobre sua teoria e importância a seguir.

Apesar de sua paixão pelas crianças, Anna Freud nunca se casou para gerar
seus próprios filhos. Contudo, assumiu seu sonho da maternidade com a ajuda de

3
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Dorothy Burlingham. Como Dorothy tinha quatro filhos que apresentavam distúrbios
psíquicos, Anna os assumiu como seus.

Além de seu grande trabalho na psicanálise, se encarregou de publicar as obras de


seu pai e familiares. Fundou escolas, centros de psicanálise, orientou estudantes e
teve um papel decisivo na psicanálise. Teve decepções com a evolução do
movimento, mas nunca deixou de defendê-lo. Morreu em 09 de outubro de 1982 na
cidade de Londres na Inglaterra.

Anna Freud iniciou sua análise com o próprio pai, aos 22 anos. Assim, ela era
movida pelo seu forte apego emocional ao pai, e por suas preocupações acerca de
sua sexualidade.

Aos 27 anos, Anna apresentou para a Sociedade Psicanalítica de Viena o seu


primeiro artigo acadêmico. Intitulado “Fantasias e Devaneios de Espancamento”,
abordava a questão do incesto, tratando de um relacionamento amoroso entre pai
e filha. Portanto, ela fantasiou-o (pois ainda não tinha pacientes), declarando tê-lo
baseado na suposta história de um paciente anônimo. O artigo rendeu à Anna a
sua admissão na Sociedade, além de ter sido bem recebido por Freud.

Além da Sociedade Psicanalítica de Viena, Anna Freud tornou- se um importante


membro da Associação Internacional de Psicanálise. Nela, Anna sempre defendeu
a sua posição ortodoxa a respeito da psicoterapia.
O seu trabalho mais conhecido é intitulado “O Ego e os Mecanismos de Defesa”.
Nele, Anna expõe uma maior atenção à importância do ego (mente consciente) do
que Freud costumava dar.

Tal teoria contribuiu e contribui para a compreensão da psicologia infantil. Em seus


estudos, ela observou que há diferenciação entre os sintomas vistos em crianças e
em adultos. Com isso, há como pensar em estágios de desenvolvimento. Ademais,
conseguiu desenvolver técnicas diferentes para tratamento, podendo assim ter
mais sucesso.

Nessa obra, Anna demonstra o seu estudo da forma como o ego procurava se
proteger das forças internas e externas. Por isso, ela dividiu essas forças em três
tipos. Primeiro, o poder dos instintos, segundo o poder punitivo do superego. E, em
terceiro, as ameaças causadas pelo ambiente externo. Ameaças, principalmente,
no caso da criança.

Todo o desenvolvimento da teoria foi baseado no fato de Anna Freud não acreditar
que a criança deve ser analisada. Como assim? Para ela, é preciso analisar o

4
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

contexto e as relações que podem marcar os problemas infantis. Afinal, as crianças


ainda estão se desenvolvendo e conhecendo. Ainda mais se você considerar que
as crianças têm um alto nível imagético.

É preciso considerar ainda que as crianças não entendem as relações afetivas em


totalidade. Assim sendo, sua personalidade está sendo construída e por tudo isso a
terapia não pode ser nos moldes dos adultos. Dessa forma, para ela é importante
que os pais conheçam a psicanálise para poderem educar seus filhos. Porém, essa
educação não pode ser aplicada exclusivamente aos pais, apenas.

Ego

Sua teoria também focaliza a importância do ego na personalidade do indivíduo.


Ela desassociou este do id e restrições do superego. Na obra “Ego e os
mecanismos de Defesa”, Anna Freud diz que o ego procura se defender das
forças internas e externas. Assim, essas forças das quais o ego se defende são
dívidas por ela em três:

● Forças vindas do ambiente externo (citando principalmente as ameaças


no caso das crianças);
● Força do poder instintivo;
● Forças do poder punitivo do superego.

A partir dessas forças, Anna Freud pontuou os seguintes movimentos de defesa


(mecanismos de defesa do ego). Os estudos desses pontos auxiliam a
compreender sua obra:

1. Anulação. É quando, por uma ação, busca-se o cancelamento da


experiência prévia e desagradável.
2. Formação reativa. Baseia-se na fixação de uma ideia, de um afeto ou de
um desejo consciente. Desejo este que se opõe ao impulso temido advindo
do inconsciente.
3. Deslocamento. Ocorre por meio do redirecionamento de um impulso para
um alvo substituto.
4. Introjeção. É quando se visa resolver alguma dificuldade emocional do
indivíduo, tomando para a própria personalidade certas características de
outras pessoas. Assim, a introspecção está estreitamente relacionada com a
identificação.
5. Negação. Baseia-se na recusa consciente, a fim de se perceber fatos
perturbadores. Portanto, a negação retira do indivíduo a percepção

5
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

necessária para lidar com os seus desafios externos. Além disso, ela inibe a
sua capacidade de valer-se de estratégias de sobrevivência adequadas.
6. Projeção. Quando sentimentos próprios indesejáveis são atribuídos a outras
pessoas.

7. Racionalização. É a substituição do verdadeiro motivo do comportamento


por uma explicação razoável e segura. Esse caso acontece quando o motivo
é assustador.
8. Regressão. Dá-se por meio do retorno a formas de gratificação de fases
anteriores.
9. Repressão. A partir da retirada de ideias, de afetos ou desejos
perturbadores do consciente, pressionando-os para o inconsciente.
10. Sublimação. É quando há o direcionamento de parte da energia
investida nos impulsos sexuais à consecução de realizações socialmente
aceitáveis. Por exemplo, a canalização desses impulsos ou energias para o
desenvolvimento de atividades artísticas.

Divergências com Freud

Apesar de ter sido muito influenciada pelas teorias de seu pai, Anna Freud também
divergiu delas. Ademais, também ampliou as suas teorias, em alguns sentidos.
Anna ampliou o papel do ego, enfatizando o seu funcionamento independente do
Id.

Ela desenvolveu as concepções freudianas sobre o uso dos mecanismos de defesa


para proteger o ego de ameaças ou ansiedade. Isso, conforme acima visto
detalhadamente, de acordo com a sua obra “O Ego e os Mecanismos de Defesa”.

Um fator interessante é que algumas coisas dadas como autoria do pai, na


verdade, eram da filha. O que veio a ser conhecido como a relação-padrão de
mecanismos de defesa freudianos, foi algo baseado no trabalho de Anna Freud.
Assim, ela os explicou mais claramente, ampliando a teoria de Freud e dando
exemplos. Esses exemplos, principalmente, foram feitos com base em sua análise
de crianças.

Ademais, a psicologia do ego desenvolvida por Anna Freud teve uma grande
contribuição para a sociedade. Porque ela e outros psicanalistas da época,
conhecidos como neo- freudianos, empenharam-se em fazer da psicanálise parte
da psicologia científica. Essa psicologia se tornou a principal forma de psicanálise

6
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

americana, sendo muito utilizada entre a década de 1940 e o início da década de


1970.

Como é a psicanálise infantil?

Embora não exista um requisito para o divã, a psicanálise infantil funciona como
uma análise de adultos. Isso na medida em que procura abordar não apenas
comportamentos problemáticos, mas também sua origem.

A frequência das sessões é de uma vez por semana com reuniões regulares com
os pais, assim como o tratamento em adultos e adolescentes, em muitos casos
promove um aprofundamento do relacionamento terapêutico. Assim, nesse
contexto, estimula-se a disposição da criança para expor vulnerabilidades,
preocupações e sentimentos indesejáveis.

A profundidade do acesso a essas áreas, por sua vez, permitem ao psicanalista


trabalhar nas fontes do sofrimento da criança e facilitar a obtenção da adaptação
ideal.
A psicanálise infantil é indicada para tipos particulares de dificuldades com que a
criança possa estar vivendo. Isso significa que nem todas as doenças mentais da
infância são ajudadas por este método. Assim, às vezes a terapia é feita em
conjunto com alguma medicação ou intervenções comportamentais.

No que diz respeito à psicanálise, as restrições para que uma criança participe de
uma sessão não estão necessariamente ligadas ao diagnóstico dela. Assim, nem
sempre as crianças analisadas já receberam algum diagnóstico. Contudo, as
crianças no espectro autista ou psicóticas geralmente podem ser beneficiadas pela
psicanálise infantil principalmente se já foram diagnosticadas por um psiquiatra.

Da mesma forma, vícios exigem um tratamento direto antes de considerar a


intervenção da psicanálise. Em geral, a psicanálise é mais adequada para crianças
que estão manifestando problemas. Isso considerando que estão causando
infelicidade suficiente para que haja preocupação com o impacto em suas vidas.

Porque é um tratamento árduo que envolve um esforço sustentado da família, deve


haver uma convicção compartilhada de que o desenvolvimento futuro da criança
está em risco.

7
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Confira abaixo alguns exemplos de comportamento que geram preocupação e


podem ser mediados por meio da psicanálise infantil.

Comportamentos que podem ser modificados a partir da Psicanálise

· Irritabilidade persistente e/ou tristeza com menor interesse ou prazer na vida


diária;

· Inibições marcadas que interferem na socialização e/ ou aprendizagem;

· “Regressões” recorrentes em crianças que, de outra forma, têm alto


funcionamento;

· Ansiedades excessivas, como ansiedade de separação, algumas fobias e


preocupações crônicas;

· Infelicidade com o papel de gênero e gênero;

· Relações altamente conflituosas com os pais e / ou irmãos, apesar de


funcionar adequadamente em outros lugares;

· Medo de envelhecer;

· Resistência a assumir as exigências da próxima fase de desenvolvimento,


incluindo o apego a padrões anteriores de comportamento de maneira
regressiva;

· Má socialização com grupos;

· Falta de vontade de aceitar críticas e/ou excessiva sensibilidade a lesões à


autoestima, com reações como o derrotismo ou a resistência ao aprendizado;

8
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

· Extremo perfeccionismo e/ou rituais que interferem na adaptação social ou


escolar;

· Reações não resolvidas, persistentes com relação a traumas de infância,


como perda de um dos pais, divórcio ou abuso.

Os comportamentos acima podem fazer parte de uma série de “diagnósticos”.


Nesse contexto é que faz sentido que a criança seja acompanhada por outros
especialistas em conjunto com o psicanalista. Alguns transtornos que podem estar
relacionados a esses comportamentos, por exemplo, são:

· Obsessiva-compulsivo;

· o déficit de atenção;

· a ansiedade;

· identidade de gênero;

· e depressão infantil.

Assim, enquanto algumas crianças com esses diagnósticos podem se beneficiar de


uma terapia comportamental e/ou medicação, a psicanálise infantil é indicada
quando a criança (e a família) ainda está lutando com as consequências da
doença. Além disso, é relevante o seu papel no desenvolvimento e adaptação da
personalidade, quando a criança ou seus responsáveis querem a oportunidade de
explorar o significado de seus sintomas.

Melanie Klein

9
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Melanie Klein foi uma mulher que contribuiu com uma nova visão teórica dentro da
psicanálise. A importância de Klein dentro do campo psicanalítico é de grande valia
pois, até nos dias de hoje encontramos analistas que se titulam como Kleinianos.

Suas grandes obras eram com crianças. Mas, antes de falarmos mais
detalhadamente sobre sua contribuição na psicanálise, primeiro vamos conhecer
um pouco da vida extraordinária e marcante dessa mulher.

Melanie Klein nasceu no dia 30 de março de 1882 em Viena e faleceu em Londres


no dia 22 de setembro de 1960 aos 78 anos. O pai de Melanie se chamava Moriz
Reizes, que era médico e judeu ortodoxo. Moriz, foi um grande estudioso do
Talmud (coletânea de livros sagrados dos judeus). A mãe de Melanie se chamava
Libussa Reizes, era uma bela mulher e corajosa, possuía uma loja de plantas e
animais com o intuito de ajudar na renda familiar.

Melanie teve uma vida cercada de perdas e traumas, aos 5 anos de idade sua irmã
chamada Sidonie faleceu de tuberculose. Klein, possuía um grande afeto por sua
irmã e, tinha como grande recordação seus ensinamentos iniciais no campo da
leitura e aritmética. Com o passar do tempo, tomou a decisão de se tornar médica,
no qual, essa escolha poderia ter sido influenciada por ajudar seu irmão
Emmanuel, já que ele sofria de cardiopatia.

No entanto, aos 17 anos desistiu do curso de pré-médico pois tinha em mente o


seu casamento e, acabou por cursar Arte e História, em Viena. Porém, quando
completou 20 anos, morreu seu irmão Emmanuel.

Aos 21 anos, Melanie acaba se casando com Artur Klein, com o qual teve 3 filhos:
Melitta Schmideberg, Hans Klein e Erich Klein. O seu casamento não teve sucesso,
já que seu marido era conhecido por ter um caráter sombrio e tirânico, sendo
assim, acabou se separando. No ano de 1934, faleceu seu filho Hans, vítima de
acidente de alpinismo.

Melanie Klein e o Contato com a Psicanálise

Aos 21 anos Melanie se casa e vai morar em Budapeste, onde teve o seu primeiro
contato com a interpretação dos sonhos de Freud e, acaba se identificando com as
ideias da obra. Foi por conta desse contato com a psicanálise, que Melanie decide

10
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

iniciar sua análise com Sándor Ferenczi. Ferenczi, foi um grande analista
contemporâneo e, um dos principais discípulos de Freud.

A análise com Ferenczi começa em 1912 e vai até 1919 tendo uma duração de 7
anos. O papel de Ferenczi na vida de Melanie foi fundamental pois, ele já
observava que ela tinha uma certa vocação para trabalhar com crianças e, sendo
assim, se tornou o seu maior incentivador. No ano de 1916, Melanie inicia sua
carreira de psicanalista com crianças em uma policlínica de Budapeste. Em 1919
Melanie registra sua primeira obra: O Desenvolvimento de uma Criança.

No entanto, foi através dessa obra que Melanie se intitula como membro da
sociedade psicanalítica da Hungria. Após a guerra, em 1920, foi realizado o
Congresso Psicanalítico de Haia, e, nesse congresso Melanie é apresentada a
outro grande autor no campo psicanalítico chamado de Karl Abraham. Abraham,
era um dos mais fiéis discípulos de Freud, ficou conhecido na história da
psicanálise pela sua obra: Psicose maníaca depressiva, hoje em dia esse termo é
chamado de Transtorno Bipolar.

O início da análise infantil não se dá de fato com Klein, mas sim com Freud. Assim,
a primeira análise realizada com uma criança foi a do pequeno Hans, e teve grande
importância por demonstrar que os métodos psicanalíticos podiam ser aplicados
também a crianças pequenas. Este caso clínico, no entanto, não provém da
observação direta de Freud.

Coube a ele assentar as linhas gerais do tratamento que foi efetuado pelo próprio
pai do menino. Na opinião de Freud, ninguém mais poderia persuadir uma criança
a falar sobre o que sentia, acreditando que as dificuldades técnicas em uma análise
com um paciente tão jovem seriam incontornáveis.

Os estudos de Klein sobre a psicanálise para crianças

Anos se passaram e a análise infantil permaneceu inexplorada sem que nenhuma


técnica fosse desenvolvida. Isso aconteceu até que Anna Freud, por um lado, e
Melanie Klein, por outro, modificaram a técnica clássica, elaborando seus métodos
e iniciando, cada qual a seu modo, a análise de crianças propriamente dita.

Ao iniciar o trabalho com crianças e bebês na década de 1920, Klein desenvolveu


um novo instrumental de trabalho e, como ocorre frequentemente no

11
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

desenvolvimento científico, a estas novas descobertas seguiu-se o uso de novas


ferramentas.

No caso da análise de crianças, a nova ferramenta foi a técnica do brincar. O


caráter primitivo do psiquismo infantil exigiu uma técnica analítica específica, e
essa foi encontrada na técnica lúdica.

Diferenças entre outras técnicas e a Técnica do Brincar

A diferença entre esse método e o da análise de adultos é puramente de técnicas e


não de princípios. Assim, estando em conformidade com as mesmas normas e
alcançando os mesmos resultados. A única diferença é que o processo foi
adaptado ao psiquismo infantil.

Melanie Klein observou que o brincar da criança poderia representar sua ansiedade
e fantasias. E, visto que não se pode exigir de uma criança pequena que faça
associações livres, tratou o brincar como equivalente, a expressões verbais, isto é,
como expressão simbólica de seus conflitos inconscientes.

A importância dada por ela e seus seguidores ao primeiro ano de vida do bebê,
bem como suas descobertas sobre os mais primitivos estágios de
desenvolvimento, acabaram por gerar, em anos recentes, inúmeros projetos e
formas de atendimento paralelas, fora do âmbito da clínica propriamente dita. Por
exemplo, alojamento conjunto de bebês e suas mães na maternidade, presença
dos pais nas enfermarias pediátricas, intervenção precoce nas relações pais-bebê,
projeto “canguru”. Enfim, um maior cuidado e valorização da tenra infância têm por
pano de fundo ensinamentos kleinianos.

A Técnica do Brincar

Em seu trabalho com crianças, Klein foi levada a descobrir que tanto o complexo
de Édipo como o Superego já estão bastante evidentes em uma idade muito mais
remota do que se presumia. Tendo isso em vista, estabeleceu-se as bases da
psicanálise Kleiniana e a essência de suas contribuições, que se resumem a três
descobertas fundamentais:

● A existência de um complexo de Édipo precoce

12
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

● A existência de uma forma arcaica de superego


● A possibilidade de existência de uma transferência na análise de uma
criança por mais jovem que seja, desde a primeira sessão.

No que concerne ao atendimento clínico, Klein desenvolveu então sua técnica de


brincar particular. Por isso, notou que as brincadeiras das crianças, os seus jogos,
as histórias, encenações que inventam, os desenhos que fazem, tudo, enfim, podia
ser visto e escutado como se fosse o falar do adulto.

A Técnica do Brincar: como a criança expõe suas questões

Assim, Melanie propôs que desde que possamos falar com a criança em sua
linguagem e de forma compreensível, as interpretações dadas a ela podem
produzir um efeito profundo em seu psiquismo. Portanto, proporcionando
significativa melhora em sua vida social, emocional e intelectual.

A meta é que a criança alcance, por meio da técnica do brincar na análise e de


suas interpretações, o domínio da angústia que o aflige. Ou seja, aquilo que lhe
rouba a maior parte de sua energia psíquica e lhe causa sofrimento.

As principais contribuições de Klein à psicanálise

As contribuições de Melanie Klein para a psicanálise vão além de seu estudo


voltado para as crianças. Dentre essas contribuições, algumas são consideradas
como conceitos clássicos, são eles:

1. Conceitos a respeito das etapas mais primitivas do desenvolvimento


psicossexual.

2. Conceito de posição.

3. Conceitos sobre a formação do ego e do superego e conceito a respeito da


situação edipiana.

4. Conceito de mundo interno.

5. Novo status dado ao objeto e sobre as relações internas de objeto.

13
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

6. Conceito dos mecanismos de introjeção e projeção. Ou seja, os quais são tidos


como atuantes desde o início da vida psíquica em bebês. Esse conceito foi
desenvolvido intensivamente, a posteriori, cujos estudos culminaram com a
conceituação da identificação projetiva.

Primeiramente, Kein desconsiderava a palavra ‘fase’. Segundo ela, existem


‘posições’ que não terminam e que se alternam durante a vida. Além disso, para
ela, essas posições sequer se sucedem, como defendeu Freud. Na teoria de
Melanie Klein, já no primeiro ano de vida, a criança alterna, em seu psiquismo, as
posições esquizoparanóide e depressiva. Para ela, essas ‘posições’ não terminam,
em função de um pretenso desenvolvimento psíquico. Sendo assim, esse
comportamento de alternância se repetirá constantemente.

De acordo com a teoria de Melanie Klein, ou kleiniana, a posição denominada


esquizoparanóide engloba as ansiedades de natureza persecutória. Já a posição
por ela denominada como depressiva dá origem a todas as ansiedades advindas
do estado depressivo. Dessa forma, todos os problemas emocionais são
analisados a partir dessas duas vertentes ou posições. Para Klein, apenas o
equilíbrio entre essas duas posições pode equacionar o psiquismo. Por meio desse
equilíbrio, podem se erradicar problemas como depressão, esquizofrenias e
neuroses.

As Fantasias nos conteúdos patológicos e no trabalho analítico

Ademais, também ficou conhecido o estudo psicanalítico de Melanie Klein


desenvolvido a respeito do que ela denominou como fantasias. Para ela, as mentes
consideradas como normais, assim como as mentes neuróticas, perversas ou
psicóticas possuem fantasias. E isso ocorre em todas as faixas etárias.

Com relação à patologia, o que diferencia uma fantasia de uma mente normal de
uma fantasia patológica é o modo como ela é tratada. Isso inclui os processos
mentais por meio dos quais as fantasias são trabalhadas e modificadas. Assim
como o grau de adaptação do indivíduo ao mundo real. O neurótico pode possuir
uma censura menor ou não satisfatória quanto às suas fantasias. Ele é
considerado diferente conforme mostra mais claramente o que se encontra
encoberto em sua mente normal.

14
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Melanie Klein também defende a importância do trabalho analítico. Para ela, esse
trabalho é um importante via de acesso à vida fantasmagórica.

Segundo Melanie Klein, a função da análise em crianças tem a mesma função que
a análise em adultos. Pelo fato, principalmente de se embasar a análise na
interpretação de fantasias inconscientes. Além disso, Klein era contra outras
funções, como educação e fortalecimento, expostas por outros estudiosos da área.

As Fantasias nos conteúdos sexuais

Freud sempre abordou a questão das fantasias inconscientes como vinculadas a


conteúdos sexuais. Desde quando iniciou os seus estudos a respeito das fantasias.
Melanie Klein também trabalhou essa questão em suas teorias, inclusive
concordando com Freud em alguns pontos. Para ela, a vida também pode ser
concebida como uma luta constante entre os instintos de vida e de morte. Luta que
tem na sexualidade a base para desenvolver os instintos de vida.

Por outro lado, para Klein a questão das fantasias de conteúdo sexual pode ser
comprovada em um estágio posterior da vida. As fantasias continuam presentes na
idade adulta, mesmo que elas se manifestem de forma menos clara do que na
infância. As fantasias sexuais permanecem atuantes na psique do adulto, podendo
ter efeitos inconscientes ou causar distúrbios na vida sexual do indivíduo. Dentre
eles a frigidez e a impotência, por exemplo.

Nesta sequência, Klein desenvolve uma teoria de relação com o objeto, que se
baseia nessa relação de maternidade. As interações que a criança vai tendo com a
mãe nos seus primeiros instantes de vida, que vão gerando sentimentos bons e
piores, vão ajudando a desenhar a futura personalidade desta, em especial na
forma como consegue lidar com essas reações. A “phantasia” subconsciente é uma
imagem potencial que vai encaminhando possíveis estados mentais mais
complexos. É um cenário que se vai transformando consoante a criança vive e
entra em contato com a realidade e que preludia o desenvolvimento do
pensamento, com este a basear-se e a derivar dessas “phantasias”. Quando estas
entram em relação com os sentidos, permitem que a sua própria percepção do
mundo externo se torne mais palpável e levam a uma fase determinante, em que a
criança tolera ou não aquilo que vê no mundo exterior. É isso mesmo que leva às
posições acima referidas. Para se defender, a criança cria as suas identificações
projetivas, que permitem que a criança, com o seu ego cada vez mais

15
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

desenvolvido, possa retirar o perigo e o mal daquilo que percepciona da realidade e


possa interagir e sentir-se confortável com os objetos bons, repetindo os seus
comportamentos e os seus atributos, que se conciliam num só na própria
organização mental do eu. Essa dimensão boa acaba por ajudar a defender-se da
ansiedade e por tornar a criança mais próxima e íntima com o exterior e com as
suas partes, desde as pessoas aos objetos. Para o mal, porém, pode conduzir
sentimentos menos positivos para o outro, ao mesmo tempo que o faz com
sentimentos positivos aliás, são esses objetos, essas imagens, que são as
principais partes da constituição da psique e cuja relação estabelecida com o
exterior permite à criança desenvolver o seu pensamento e o seu comportamento.

Aliás, os próprios feitos que as crianças vão fazendo são percebidos por estas a
partir das reações que os seus pais têm, nomeadamente de alegria. Assim, elas
pretendem provocar sensações de alegria e de gosto. No entanto, existem, ainda,
os casos dos bebés apáticos, que não conseguem superar os seus obstáculos
psíquicos e que, num turbilhão de emoções, acabam por se excluir das relações
com o exterior, limitando a sua própria aprendizagem. Plantam-se sementes para
eventuais neuroses futuras, que Klein procura antever. Aliás, Klein procurava ter
um trabalho bem próximo delas, analisando a sua forma de brincar como o modo
primário de comunicação emocional. Analisava, assim, a forma como interagiam
com os brinquedos e os possíveis significados subjacentes às formas de brincar e
aos objetos escolhidos. À luz do que teorizava, percepcionam as suas “phantasias”,
na relação que as crianças estabeleciam com os objetos e que, sendo primárias e
quase inatas, ilustravam a psique das crianças. Entre as quais, estão os
sentimentos de ódio, de ganância e de inveja, que eram espremidos nessas
“phantasias” feitas de impulsos destrutivos, partindo da tal pulsão da morte, que
acaba por direcionar sentimentos contraditórios para os objetos bons. Isto opõe-se
à gratitude, que reconhece e valoriza esses objetos.

O que é a terapia cognitiva comportamental?

Podemos defini-la como uma junção da terapia cognitiva com a terapia


comportamental. A terapia cognitiva comportamental (TCC) é, então, uma
psicoterapia cuja atuação se dá sobre os pensamentos surgidos por uma dada
situação estimulante. Isso tudo ocorre tendo em vista que tais concepções são
responsáveis por gerar os comportamentos e os sentimentos que caracterizam
a relação do sujeito com o espaço em que ele está inserido.

Em outras palavras, a terapia cognitiva comportamental tem o poder incrível de


trabalhar a autorregulação por parte das crianças, assim como ensiná-las a

16
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

obterem o autocontrole do que se sente e como se comporta. Vale lembrar que


as técnicas procuram a intensidade e a gravidade de aspectos
comportamentais inadequados, além de mudanças nas atitudes, nas emoções
e na cognição do pequeno, induzindo a um comportamento desejado.

Quais são as técnicas de terapia cognitiva?


Escolhemos algumas técnicas para apresentarmos a vocês alunos, mas é
sempre bom relembrar que o acompanhamento profissional é fundamental; e
só o especialista é quem deve aplicar tais terapias para que o resultado seja
eficaz e eficiente na vida da criança.

● Treino de habilidades sociais (utilizado em casos de crianças que convivem


com transtorno de comportamento disruptivo, ansiedade, transtornos
invasivos de desenvolvimento, depressão, entre outros). Além disso, é
importante salientar que essas crianças geralmente lidam com exclusão,
isolamento e rejeição; e esse treino surge a partir da demanda apresentada
pelos pequenos;
● Relaxamento muscular progressivo;
● Uso de determinados objetos para estimular a tranquilidade (para o
autocontrole e a autorregulação);
● Uso de cartões simbólicos (com figuras que estão ligadas ao cotidiano da
criança) para promover o relaxamento dos pacientes;
● Reversão do hábito: a aplicação de intervenções comportamentais surge
como uma forma efetiva de lidar com tiques, hábitos repetitivos e nervosos,
gagueiras etc. Esta técnica consiste em estimular o pequeno a praticar as
ações “reversas” a sua rotina diária;

● Habilidades comportamentais de tolerância à frustração: responsável por


auxiliar as crianças a administrarem e a aceitarem situações que podem
promover instabilidades emocionais (lembrando que a intolerância
emocional provoca o caráter instável do comportamento, além da
impulsividade, da vulnerabilidade e da autorregulação inconsistente;
● Reforço positivo: uma excelente técnica, cujo objetivo envolve uma
consequência positiva para comportamentos adequados. O terapeuta
procura estimular uma frequência maior desse aspecto comportamental na
vida da criança.

17
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

A ludoterapia

A palavra ludoterapia é derivada da palavra inglesa play-therapy, podendo ser


literalmente traduzida como terapia pelo brincar.

Em 1920, a psicanalista Melanie Klein (1882-1960) desenvolveu o método de


brincar para analisar o comportamento infantil. Essa técnica permitiu acessar o
inconsciente bem como memórias e experiências recalcadas das crianças.

De acordo com a sua teoria, o brincar é capaz de mostrar as fantasias, interesses e


apreensões projetados nos brinquedos e nas brincadeiras pela criança,
influenciados principalmente pelo relacionamento com os pais.

Assim, é possível fazer correlações com experiências reais para descobrir a origem
do problema. Afinal, a criança representa na brincadeira o mundo que conhece.

Este método também é extremamente eficaz no tratamento terapêutico de crianças


que sofreram traumas, como abusos ou acidentes ou morte de um familiar. Ele
possibilita que elas expressem sentimentos profundos e seguramente revivem
lembranças sobre o ocorrido até que estejam prontas para falar.

Anna Freud (1895-1982) a filha mais nova de Sigmund Freud, também


desenvolveu estudos sobre a ludoterapia. Diferentemente de Melanie, Anna
acreditava que brincar era uma forma de autoexpressão, não de representação
simbólica do “eu” interior da criança.

O brinquedo tinha como objetivo seduzir a criança para o atendimento terapêutico e


ser associado a uma ação educativa. Logo, a abordagem de Anna era mais
psicopedagógica do que analítica. O brincar era uma atividade secundária.

18
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Ela também trabalhou o estabelecimento de laços de confiança entre o terapeuta e


a criança, tendo o brinquedo como ponto de partida.

A ludoterapia é uma técnica muito utilizada na clínica infantil por psicólogos. É


usada no tratamento de transtornos ou problemas de comportamento. Baseia-se na
utilização de recursos lúdicos como jogos, brinquedos e nas brincadeiras de faz-de-
conta. A ludoterapia propicia à criança autista um momento de imaginação.

A brincadeira de faz-de-conta é uma técnica que auxilia o psicólogo a entender o


processo de desenvolvimento da criança. É um trabalho que pode ser realizado
com uma equipe multidisciplinar. O psicólogo deve trabalhar aspectos ligados à
afetividade, interação e socialização e o psicopedagogo ajudará esta criança no
seu desenvolvimento cognitivo. Essa abertura é muito importante, já que a criança
autista, como Lacan diz, se fecha diante das possibilidades e do mundo.

A ludoterapia possibilita a construção das representações psicológicas. Os objetos


para a criança autista têm um sentido muito especial. Vygotsky (1984) relata que:
durante o brincar, a criança substitui os objetos por outros que lhe dão mais
sentido. A produção de sentido permite que a criança se organize enquanto ser
social. O brincar da criança propicia a construção subjetiva dos signos e dos
significados, dos eventos e das relações humanas.

Desse modo, o processo de ludoterapia é um espaço de construção de significados


e sentidos e de ressignificação. É indicado como uma forma de prevenção e de
desenvolvimento da criança.

As contribuições do lúdico para a aprendizagem

Dentre as contribuições mais importantes do lúdico para o aprendizado estão:

• As atividades lúdicas possibilitam fomentar a “resiliência”, pois permitem a


formação do autoconceito positivo.

19
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

• O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da


criança na sociedade.

• O brinquedo ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e


social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos relaciona
ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça
habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu
próprio conhecimento.

• O jogo simbólico permite à criança vivenciar o mundo adulto e isto possibilita a


mediação entre o real e o imaginário.

As brincadeiras de faz-de-conta

Vygotsky (1984), entende a brincadeira como uma atividade movida pela


imaginação, atividade consciente, que se desenvolve conforme seu crescimento.
Isto significa que as crianças muito pequenas ainda não possuem tal capacidade.
Vygotsky dá importância à ação e ao significado no brincar. Segundo ele, uma
criança com menos de três anos não consegue envolver-se em uma situação
imaginária, pois é só brincando que ela pode começar a compreender o objeto não
da forma que ele é, mas como gostaria que fosse.

É na brincadeira que o objeto perde sua característica real e passa a ter o


significado que lhe dão. O brincar é uma situação imaginária criada pela criança, e
que tende a suprir necessidades que mudam conforme a idade.

Vygotsky (1998) analisa o faz-de-conta tecendo a vinculação existente entre o real


e o imaginário, num processo dialético constante, afirmando que existe um impulso
criativo capaz de reordenar o real em novas combinações. Logo, a imaginação
sempre se compõe a partir de elementos retirados da realidade, de experiências

20
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

coletivas e práticas sociais partilhadas e re-significadas na experiência do indivíduo


com o mundo externo.

Tanto a função lúdica quanto a educativa estão presentes nas brincadeiras de faz-
de-conta, mesmo sendo modificadas promovem aprendizagem de conceitos. Para
que o jogo didático não se descaracterize como lúdico, ou seja, não perca o status
de jogo ou brincadeira, é preciso que haja a interferência de um adulto nesse
processo (RAMOS, 2000).

Conforme Rocha (2000), o faz-de-conta se constitui em um dispositivo fundamental


para o desenvolvimento da criança, sendo considerado uma das formas pelas
quais a criança se apropria do mundo, e pela qual o mundo humano penetra em
seu processo de constituição, enquanto sujeito histórico.

O jogo no desenvolvimento da linguagem, sociabilidade e aprendizagem

Os jogos são importantes instrumentos de desenvolvimento na aprendizagem da


criança. Longe de servirem apenas como fonte de diversão, eles propiciam
situações que podem ser exploradas de diversas maneiras educativas.

O significado dos jogos e brincadeiras e sua relação com o desenvolvimento -


aprendizagem há muito tempo vem sendo investigados por pesquisadores de
diversas áreas do conhecimento. As teorias interacionistas elegem como principais
representantes, Piaget (1896-1980), Wallon (1879-1962) e Vygotsky (1896-1934),
estes autores preconizam a imitação como origem de toda representação mental e
a base para o aparecimento do jogo infantil.

Piaget (1996, apud Khimoto, 2001, p. 40), o desenvolvimento do jogo de forma


espontânea, ou seja, conforme se organizam as novas formas de estrutura, surgem
novas modificações nos jogos que, por sua vez, vão se integrando ao
desenvolvimento da criança por intermédio de um processo denominado
assimilação.

21
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

Nesta perspectiva, o brincar é identificado pela primazia da assimilação. Wallom


analisa que o psiquismo infantil é o resultado de processos sociais.

Vygotsky (1998) explica a influência dos jogos na formação da inteligência e no


desenvolvimento do sujeito. Neste sentido, ele valoriza o fator social, diz que: “a
criança cria uma situação imaginária e incorpora elementos do contexto social” (p.
112). Para este autor, a questão fundamental do jogo é que ele propicia a zona de
desenvolvimento proximal, ou seja, o jogo é o responsável pelo impulso do
desenvolvimento dentro dessa zona. As brincadeiras são aprendidas no contexto
social, tendo o suporte de seus pares e adultos. Esses jogos contribuem para a
emergência do papel comunicativo da linguagem.

A Musicoterapia

A música constitui uma ferramenta auxiliar na terapia. Ajuda no tratamento e na


integração de crianças em programas terapêuticos. A música envolve criatividade,
performance, escuta, memória, comunicação, expressão, sentimentos e emoção.
Ela contribui para o desenvolvimento cognitivo, favorecendo a recepção de
informações de modo espontâneo.

A musicoterapia é indicada para crianças autistas. O trabalho de musicoterapia é


desenvolvido por um psicólogo com formação musical, mas pode ser desenvolvido
também por uma equipe multidisciplinar.

O uso da música como técnica tem permitido à criança com baixo nível de
desenvolvimento linguístico, se expressar de forma mais coerente. No processo de
tratamento, a criança autista escuta a música e desenvolve atividades junto com o
terapeuta. No entanto, as crianças autistas repetem trechos da música, mas não
compreendem a mensagem que ela traz. Apesar de muitos não compreenderem os
significados, são bons ouvintes, alguns chegam a se destacar no mundo musical.

Por que isso acontece? As crianças autistas possuem uma memória auditiva
bastante desenvolvida. Entretanto, as causas provenientes do desenvolvimento

22
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

auditivo ainda são desconhecidas e não se tem nenhuma pesquisa atualmente


sobre o tema.

O papel dos pais na psicoterapia infantil


No início do tratamento, é realizada uma entrevista com ambos ou um dos pais
para esclarecimentos sobre o comportamento da criança e as preocupações da
família. O período de gestação também é investigado para identificar pontos que
possam ter influenciado a conduta da criança.

Os pais devem relatar tudo o que julgarem ser necessário para o profissional, sem
receio de pré-julgamentos. Ao longo do atendimento terapêutico, o psicólogo fará
relatos e avaliação de resultados com os pais.

Mais entrevistas podem ser realizadas nesse processo, incluindo a presença de


familiares com vínculos significativos para a criança. A participação constante dos
pais, então, torna-se primordial na psicoterapia infantil.

Além disso, a paciência e a compreensão são essenciais para o sucesso do


tratamento. A criança pode levar meses para começar a se expressar, mesmo
confiando no profissional. O medo, a vergonha ou a incerteza podem dificultar o
acesso às expressões honestas.

Esta, porém, é uma situação comum na ludoterapia. A pressão dos pais para
obter resultados mais rapidamente prejudica a progressão natural do tratamento.

Talvez seja necessário fazer modificações na dinâmica familiar para acomodar as


necessidades da criança.

23
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

A questão de como lidar com as emoções é um exemplo de assunto que deve ser
trabalhado também em casa. Os pais devem incentivar a criança a falar, sem fazer
julgamentos, para que ela passe a confiar suas inseguranças e desejos neles.

Bibliografia

https://www.psicanaliseclinica.com/anna-freud/

https://www.psicanaliseclinica.com/contribuicoes-de-anna-freud/

https://www.psicanaliseclinica.com/melanie-klein-resumo/

https://comunidadeculturaearte.com/as-maes-da-psicanalise-infantil-melanie-klein-
e-anna-freud/

https://www.psicanaliseclinica.com/psicanalise-infantil/

https://www.psicanaliseclinica.com/melanie-klein-historia-psicanalise/

https://www.psicanaliseclinica.com/tecnica-do-brincar/

https://institutoneurosaber.com.br/tecnicas-para-terapia-cognitiva-comportamental-
infantil/

ttps://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/os-principais-
metodos-utilizados-na-terapia-infantil-e-no-contexto-escolar/40788

24
Módulo 12- Psicanálise Infantil- Melanie Klein- Anna Freud

https://www.vittude.com/blog/ludoterapia/

http://www.morasha.com.br/biografias/anna-freud-pioneira-na-psicanalise-
infantil.html

Aluno:...........................................................................................................................
.

Anotações:

25

Você também pode gostar