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Teoria Psicanalítica Conteúdo NP2

AULA 08: Leitura Obrigatória: FREUD, S. Fragmentos da análise de um caso de histeria – O Caso Dora –
Epílogo (1905). In: Obras Completas de S. Freud (volume VII), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda. FREUD, S. A
dinâmica da transferência (1912). In: Obras Completas de S. Freud (volume X), Rio de Janeiro: Imago Editora
Ltda.

Através do caso Dora é apresentado o importante conceito de transferência e como ela se desenrola no
tratamento psicanalítico. A história do caso de Freud com Ida Bauer, chamada de Dora (1905). A adolescente de 18 anos
de idade foi forçada a ir para a análise com Freud por seu pai, Philip Bauer, que estava preocupado com seus desmaios e
recente nota de suicídio.

Seus sintomas de apresentação incluíam dispneia (falta de ar), tosse nervosa, afonia, depressão e insociabilidade
histérica. Combinando os dados anamnésicos, reconstrução e uma extensa análise de dois sonhos, Freud retrata a sua
paciente como uma criança observando a cena primal e caindo doente pela masturbação relacionada. Sua posterior
desordem psíquica estava diretamente relacionada com a ligação do pai com Frau K. (Peppina Zellenka). Philip negou a
ligação e, em sua própria versão da análise de Dora, queria que Freud falasse para Dora desistir de sua crença. Além
disso, Dora tinha sido traumatizada duas vezes por Herr K. (Hans Zellenka). Até a terapia, ela tinha mantido a primeira
ocasião traumática por si mesma, e a segunda foi negada por Hans, que, com sua esposa e Philip, acusa Dora de invenção.

Freud tentou demonstrar a Dora que sua censura de seu pai adúltero era auto recriminações, enraizada em seu amor não
reconhecido por Hans, que continuou a solicitá-la. Surpreendentemente, Freud também queria que Dora parasse de
resistir e aceitasse Hans, pois “teria sido a única solução possível para todas as partes envolvidas.” Dora, porém,
abruptamente termina o tratamento – uma ação que Freud considerou como mais uma manifestação de sua vingança,
uma maneira de punir Freud assim como fez com seu pai, a partir disso Freud discorre sobre a importância da
transferência no tratamento psicanalítico. Freud apontou duas outras deficiências de sua manipulação do processo: ele
negligenciou transferência de Dora, e ele negligenciou esforços homossexuais de Dora, encontrados em seu nível
inconsciente mais profundo.

Várias descobertas teóricas de Freud no caso Dora, de um ponto de vista prático, devem ser reavaliadas. Freud minimizou
ou inteiramente desconsiderou a carga tripla de Dora por ser uma mulher, uma judia e uma adolescente vitimada por
dois pares de adultos. Em sua busca para reconstruir geneticamente a verdade psíquica, Freud rejeitou a preocupação
de Dora sobre a verdade histórica atual e sua necessidade de validar a sua experiência.

Freud começa analisar os recortes do caso Dora e descobre que não basta apenas desvendar o inconsciente por
acontecimentos passados, ele descobre que a situação se repete na transferência com o clínico. Freud pensa que estava
sendo colocado no lugar do pai dela. Freud era visto como imagem simbólica do Pai e do Senhor. A situação manifestada
na clínica diz muito mais do que o paciente está vivendo do que ele falar do passado e de acontecimentos traumáticos, a
história se repete. A criança no adulto se manifesta no tratamento e se a gente não resolver esta posição à situação se
torna insustentável e análise não prossegue assim como aconteceu com Dora. Freud não conseguiu desvendar as
situações transferência, ela o coloca na posição do pai, e transfere toda esta relação de ódio para ele que prejudica todo
tratamento.
A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do
nosso presente. Esta transferência é executada pelo nosso inconsciente. Para a
teoria freudiana, esse fenômeno é fundamental para o processo de cura.
A transferência ocorre quando uma pessoa toma as percepções e expectativas de uma
pessoa e projeta-as em outra pessoa. Ela, então, interage com a outra pessoa como se a
Transferência outra pessoa fosse o padrão transferido.

No caminho nós tendemos a nos tornarmos a pessoa que outros assumem que somos, e a
A criança se pessoa que tem padrões transferidos para ela pode colaborar e jogar o jogo, especialmente
manifestando no se a transferência lhe dá poder ou faz sentir bem, de alguma forma.
adulto Normalmente, o padrão projetado sobre a outra pessoa vem de um relacionamento de
infância. Pode ser a partir de uma pessoa real, tal matriz, ou uma figura idealizada ou
protótipo. Isso transfere o poder e também expectativa. Se você me trata como um pai, eu
posso te dizer o que fazer, mas você também vai esperar que eu te ame e cuide de você. Isto
pode ter resultados positivos e negativos.

Se a gente não resolve os laços transferências o tratamento não se da. O superego fica tentando equilibrar as forças
demoníacas, se elas tomam conta de nós colocamos está em atos. A transferência pode ser bem assombrada ou mal
assombrada ? As duas coisas podem acontecer.

O amor à primeira vista é um caso de relação bem assombrada, alguma característica do objeto acorda criança no adulto,
todos nós temos a criança no adulto e ela que se manifesta na maioria das vezes em todas as relações humanas, porque
a gente espera do outro coisas que a nossa infância alimentou e esta nos persegue a vida inteira.

Quando você se apaixona por alguém a primeira vista, aquela pessoa despertou alguma imagem sua, que você guarda
como valor desde criança e aquilo que te despertou faz com que você crie um vínculo afetivo positivo com aquela pessoa.
Por isso que às vezes você gosta de alguém à primeira vista ou odeia alguém sem trocar uma palavra, porque isso ativa
nossas fantasias infantis, mas a gente não sabe disso, não consegue resolver isto, ativam partes suas que estão clivadas.

Alguma característica desperta a criança no adulto e ativa traços mnêmicos de um estado apaixonante anterior, o tom de
voz, o jeito, o fato de que o objeto culpe lugar de autoridade ou de cuidador qualquer coisa pode acordar a criança no
adulto, contando que esta tenha conexão com algum objeto amado e desejado do passado.

Já as mal assombradas podemos observar, por exemplo, que em muitas relações conjugais algo que o parceiro diz ou faz
o torna mal assombrado para o outro e vice-versa. Você pode imaginar o sofrimento causado por transferências cruzadas.

Fragmento do livro de Marion Minerbo sobre transferências cruzadas...

Transferências acontecem no cotidiano, não é algo que acontece só com analista correto?
Não mesmo!

Mas é só com analista que ela poderá funcionar a favor da elaboração e não apenas da repetição como acontece na
vida, ou seja, quando você tem uma discussão com uma pessoa, você ativa suas partes infantis porque você não entende
o que a pessoa fala às vezes um não da pessoa para você significa uma rejeição, e você reage agressivamente quando na
verdade a pessoa só está te falando não e você que tem que aprender a lidar com isso, isto é um problema seu.
Essa reação negativa impede que você resolva estas partes interna separadas do céu eu, isto vai piorando porque se
repete, enquanto não se resolve. Freud tem um texto, recordar, repetir, elaborar.
Enquanto se repete não elabora por isso sintoma repetitivo. Nem a mulher nem o marido percebem a transferência.

A presença de afetos extremos e impulsivos de caráter enigmático toma conta da pessoa sem que possa impedir, mostra
que a situação tornou-se de repente mal assombrada, tudo aquilo que você não resolveu dentro daquela situação
traumática de infância fica mal assombrado e você vai despejar para o outro no decorrer de toda sua vida.

A criança quem atirou prato na pia, isso é uma atuação, (atuação de impulsos). A Impulsividade nos da notícia de uma
situação traumática que foi vivida e não foi representada (simbolizada) ela não pensou antes de atirar o prato, aliás, ela
faz isto justamente por não conseguir representar o que ela sente. Por isso não adianta pedir associações, pois o que foi
clivado é justamente o que nunca foi representado.

O nosso eu é composto de uma integridade, todas as nossas vivências, reminiscência elas vão criando traços no nosso eu,
Aquilo que eu não elaboro fica marcado e eu não dou conta, a minha defesa é separar essa parte e jogar esse trauma
para fora, nosso ego vai sendo clivado e tendemos a jogar estas partes não resolvidas no outro, esperando que o outro
resolva, ou esperando nós mesmos resolver sem qualquer entendimento simbólico, enquanto não resolvemos isto se
repete.

O que faz o analista nesta situação? Constrói para si mesmo uma cena que daria sentido aquilo que se atualizar na
situação com o marido, mas precisamos entender o que foi que a criança em Marcia viu quando o marido disse que ela
estava gastando demais, o que é isso despertou nela, o que ativou para que ela sentisse tanta raiva do marido. Tento
imaginar que aspecto do objeto primário o marido representa para ela naquele momento. Isso é muito importante, você
entender o que representa para o paciente aquilo que ele traz a dor dele, experiência traumática. Você não está no lugar
da pessoa você não entendeu história que você construiu, não adianta você aconselhar virar a virar a página. O que você
tem que fazer neste momento é cuidar da pessoa.

Às vezes o que para você é superficial ou o que você resolveria em dois dias a pessoa vai demorar dois anos para resolver
E você não tem direito de ultrapassar as expectativas subjetivas da pessoa durante o tratamento não é porque resolvem
uma semana que a pessoa vai ter que resolver também. Qualquer analista que faz isso está sendo invasivo. O marido ver
Marcia como inimiga e que vai gastar todo seu dinheiro representa uma ameaça para ele, pode representar um momento
difícil que o marido já passou ou o medo de ficar pobre e perder dinheiro. Aquela postura dela ativa uma defesa nele,
mas ao mesmo tempo ativa uma defesa nela, isso é suficiente para ela ouvir algo que a desorganiza ciclicamente, ele
entende que: você não é esposa que eu queria você só me dá prejuízo, isto é o que a fantasia dela imagina e por isso ela
reage agressivamente, isto é um retorno da parte que foi clivada e que retorna mal assombrando, isso a gente chama de
transferências cruzadas algo em um sujeito ativa conteúdos também no outro. Aconteceu algum episódio que ativa nela
uma defesa.

A transferência demonstra que algo análogo de fato existiu, a cicatriz continua viva, produtiva. A transferência cruzada
entra em ressonância mecânica. Quando as transferências não estão bem resolvidas entre em ressonância o mínimo que
acontece e a explosão da situação.

O analista deve se colocar como um terceiro na situação, para não alimentar transferência, como por exemplo, ficando
ao lado de Marcia representando sua mãe. É tentador tomar partido perante um relato e você nunca pode tomar
partido, por isso a base de um bom psicanalista é a análise pessoal. Se você não tem empatia ou toma partido você não
gera um ponto de equilíbrio na situação, você vai aconselhar a pessoa fazer aquilo que você considera certo já que o que
você considera certo não importa você está lidando com uma pessoa e o seus valores e o seus achismos devem ficar lá
fora. Devemos ajudar a paciente entender o que foi que a criança nela viu e ouviu e porque isso a deixou então
aterrorizada. Tudo aquilo que não foi resolvido e superado é projetado para fora, pois o recalque não dá conta e aquilo
fica te assombrando e assim ativa parte desamparada do seu eu.
AULA 09: Leitura Obrigatória: FREUD, S. Sobre o Narcisismo: uma introdução (1914). In: Obras
Completas de S. Freud (volume XIV), Rio de Jane
iro: Imago Editora Ltda.
O narcisismo é um protetor do psiquismo e um integrador da imagem corporal, ele investe o corpo e lhe dá dimensões,
proporções e a possibilidade de uma identidade, de um Eu. O narcisismo ultrapassa o autoerotismo e fornece a
integração de uma figura positiva e diferenciada do outro.

Freud declara que o narcisismo era uma fase intermediária necessária entre o autoerotismo e o amor objetal.

Resumindo... O narcisismo está atrelado ao conceito de formação do eu, e ele vai muito mais além do que aquela
concepção primitiva de senso comum de falarmos fulano de tal é narcisista, o narcisismo é importantíssimo e implica na
própria constituição do ego, tem a ver com a construção do eu. Hoje em dia nós falamos que as maiorias das
psicopatologias são de ordens narcísicas porque envolvem a construção do eu, envolvem dificuldades que o sujeito tem
de construir seu próprio eu, sua própria personalidade e são as questões que circulam esta construção que aparecem na
clinica, sentimento de vazio, a própria depressão, as defesas maníacas, são todos sintomas atrelados à própria construção
do eu.

Narcisismo Primário

Freud em 1914 fala que o “eu” não é inato e que resulta de uma nova ação psíquica que se faz como um acréscimo ao
autoerotismo. Essa nova ação psíquica é o narcisismo. Narcisismo não é igual a autoerotismo, pois uma unidade
comparável ao ego não existe desde o início, ele tem que ser desenvolvido; os instintos auto eróticos se encontram
desde o início. Freud postula que um ser humano tem originalmente dois objetos sexuais – ele próprio e a mulher que
cuida dele – o que leva a considerações de um narcisismo primário em todos, o qual, em alguns casos, pode
manifestar-se de forma dominante em sua escolha objetal. Freud (1914) diz que o grande encanto de uma criança
reside em grande medida em seu narcisismo, seu autocontentamento e inacessibilidade. .

Para Freud o desenvolvimento do ego consiste em um afastamento do narcisismo primário e dá margem a uma
vigorosa tentativa de recuperação desse estado. Esse afastamento é ocasionado pelo deslocamento da libido em
direção a um ideal do ego imposta de fora, sendo a satisfação provocada pela realização desse ideal. Le Poulichet
(1997) diz que o que vem a perturbar o narcisismo primário é o Complexo de Castração. É através dele que se opera o
reconhecimento de uma incompletude que desperta o desejo de recuperar a perfeição narcisista. O narcisismo
secundário se define como o investimento libidinal da imagem do eu, sendo essa imagem constituída pelas
identificações do eu com as imagens dos objetos.
O Narcisismo e a Constituição da Noção de “EU”

Com o conceito de narcisismo Freud (1914) propôs a constituição do ego (eu) a partir de ser ele o objeto da pulsão. O
narcisismo seria o momento organizador das pulsões parciais, permitindo a passagem do autoerotismo para o
investimento libidinal de um objeto exterior. Em Freud o Eu (ego) não existe desde o início, deve se constituir através
de um ato pelo qual o eu identifica-se com a imagem de seu corpo, imagem que assume como sua, e mais ainda, como
sendo ele próprio (Elia, 1995).

Embora o bebê humano não tenha condições neurológicas para dominar a organização de seu esquema corporal
(ainda não pode coordenar seus movimentos) pode reconhecer-se no espelho. O conhecimento, a organização do
próprio corpo, vem do exterior. Leite (1992) diz que haverá uma primazia, uma antecipação do psicol ógico sobre o
fisiológico, e é assim que se constituirá a estrutura do sujeito humano. Elia (1995) diz que são contra o estilo freudiano
a tradução de Ich por Ego, e porta as marcas do positivismo cientificista na linguagem. Ich é “Eu”, e o sentido que ele
assumirá em Freud será devido à subversão de seu sentido na teoria e não ao uso de uma palavra incomum.

Antes da Introdução do Narcisismo (1914) o “EU” é uma massa ideacional consciente cujo principal objetivo é
conservar a vida e reunir o conjunto de forças que, no psiquismo, se opõe à sexualidade (Elia, 1995). É a sede das
pulsões de auto conservação (pulsões de vida) e é o pólo defensivo do psiquismo, interessado em conservar a vida.
Mas desde as Neuropsicoses de Defesa (1894), com a ênfase do conceito de defesa (ato e função do eu) Freud rompe
com a concepção neurologizante e passiva do eu. Elia (1995) diz que por essa relação com a conservação da vida (com
afastamento/oposição ao sexual) a noção de Eu está aprisionada ao discurso psicobiológico.

Freud ainda não havia elaborado uma teoria do eu consistente, que o concebesse a partir de uma perspectiva
rigorosamente pulsional O eu poderia ser definido como o resumo do esforço de viver, trincheira de um desejo, no máximo,
natural – o desejo de viver e manter-se vivo campo natural da vida, conexo, porém oposto ao sexual, este perverso – polimorfo,
subversivo, voltado para o gozo e para o prazer, mais que para a vida (Elia, 1992, p. 117).

Com a introdução do narcisismo Freud altera seu esquema pulsional anterior, postula a existência de uma só pulsão, a
pulsão sexual, a libido, que passa a ter o Eu como uma de suas localizações possíveis. Elia (1992) lembra que agora
também o Eu é um dos alvos da libido, tanto quanto os demais objetos, mas não do mesmo modo. O Eu é irredutível
ao mundo dos demais objetos e assume a força suficiente para constituir uma libido de natureza distinta, a que Freud
dá o nome de libido narcísica. Não há assim, uma só libido e dois pólos de investimento (o Eu e os objetos), há duas
libidos: o Eu, de um lado, constituindo a libido narcísica; e os outros objetos, do outro, constituindo a libido objetal.
Explicação Aula

Podemos tomar por narcisismo aquele que tem a libido no próprio corpo como fonte de prazer, por exemplo, o bebee
que satisfaz suas pulsões no próprio corpo através da masturbação erógena, sabemos que o beebe não precisa de objeto
para satisfazer suas pulsões, a pulsão oral é satisfeita com a própria língua, ou com o dedo na ausência do seio, a pulsão
anal é satisfeita com anuus na capacidade de reter ou soltar, a pulsão fálica ela é satisfeita pelo próprio genital, ou seja,
ela é de fato todo o centro pulsional e não precisa de objeto externo, então Freud vai pensar na sexualidade atrelando ao
conceito de narcisismo.

1º Atrelar a sexualidade ao conceito de narcisismo.

2º Pensar na homossexualidade como uma manifestação narcísica, porque a e pessoa escolhe um objeto que seja igual a
ela ou parecido, existe uma relação de similaridade entre o objeto e o sujeito, se eu quero alguém igual a mim a gente
entende a questão da homossexualidade como uma manifestação narcísica.

3º Esquizofrenia que é um tipo de psicose, o esquizofrênico não faz relação objetal, uma pessoa psicótica vive dentro de
um mundo particular dela, o autismo é um tipo de esquizofrenia, dependendo do grau do autismo a criança vive no
mundo interior dela, é resistente às tentativas de contato, ela não precisa de relação objetal para satisfazer suas pulsões,
ela faz no próprio corpo, no mundo fechado dela.

4º Discurso megalomaníaco, que está presente nos neuróticos: Ah, eu consigo fazer tudo, isto eu já tenho, isto eu já fiz
dez vezes, este lugar já fui, aquela pessoa que tudo dela é melhor, sentido de superioridade que desqualifica o outro,
Freud diz que este discurso de megalomania causa questionamento porque em um momento da vida nós já fomos tudo
isto, quando bebe.

Freud amarra todas as questões anteriores, se o prazer do bebe é satisfeito no próprio corpo obviamente o bebe não
precisa de relação objetal, o surgimento dos quadros psicóticos podem ser um retorno da libido no próprio objeto ou
um problema de relação libidinal, o sujeito não consegue estabelecer relação com o externo, à libido volta para o
próprio corpo e o sujeito se fecha a primeira hipótese que ele tem.

O segundo é em relação ao discurso megalomaníaco que ressuscita aquele retorno de superioridade que o bebe tem,
porque o bebe além de satisfazer as pulsões todas no próprio corpo ele recebe um investimento libidinal muito grande
dos pais, acaba sendo o sujeito perfeito, um símbolo de realização simbólica de concretude dos sonhos dos pais, todo o
narcisismo dos pais que eles tiveram que abrir mão ganha uma esperança no nascimento do bebe, os pais entendem que
o bebe pode satisfazer suas vontades que foram renegadas ao decorrer da vida, então o bebe é um símbolo de
esperança, de realização do narcisismo dos próprios pais.

Pulsões no Psicótico

Para onde vão as pulsões de um psicótico? Se a libido não vai para fora, ela vai para dentro, ai começa a criar uma noção
de narcisismo, porque o sujeito vai satisfazer suas pulsões dentro do seu próprio mundo corporal e fantástico, porque
não é só corpo na psicanálise temos também um conceito de fantasia, de simbólico, de subjetividade, que vai muito mais
além das relações objetivas reais, por isso, o esquizofrênico fala com um quadro, inventa e tem contato com um
personagem e a gente não entende nada do mundo particular do esquizofrênico.
Paixão
No apaixonamento, você se apaixona e começa a se dar por completo para a pessoa, você faz o que a pessoa quer o que
ela gosta, você ouve as mesmas musicas, come as mesmas coisas, tudo você faz em direção ao outro e acontece uma
diminuição da sua estrutura de eu, você vai diminuindo, porque você esta investindo totalmente no outro, então você
abre mão das suas vontades, anula os seus desejos, porque você gira em torno do outro, porque a sua libido está no
outro você vai diminuindo.

Você pode até não se relacionar com ninguém, mas desde que você crie, que você coloque sua libido para funcionar em
alguma coisa que você goste, aprendem um idioma, façam esporte, vá viajar enfim, e se de conta fundamentalmente de
que sempre vai te faltar alguma coisa, porque nós somos sujeitos faltantes ao passo que somos sujeitos desejantes, se a
gente não deseja a vida perde o sentido, sempre vai nos faltar alguma coisa, não existe nada nem ninguém que nos
complete, porque a pulsão vive em constante circulação, em constante demanda, ela sempre faz exigências, a gente
acha que vai ser muito feliz se for viajar para tal lugar, você vai e descobre que continua triste e continua faltando alguma
coisa, e é normal que te falte, ainda bem, porrque se não faltar mais a vida perde o sentido. O que você não pode ficar
fazendo é defesa maníaca, vou comprar 30 mil coisas para ser feliz e não vai ser feliz porra nenhuma porque sempre vai
faltar alguma coisa e a sociedade de consumo vai trabalhar justamente com isto, compra, invista, use, gaste porque você
vai ser feliz e você descobre que não vai.

Qual a grande sacada da saúde do aparelho psíquico?


Um equilíbrio entre a libido do eu e do outro, porque qualquer um em excesso vai te fazer muito mal, se você investe
demais no outro não sobra nada para o seu eu, ai você houve nos discursos de separação é normal a pessoa sentir como
se estivesse perdendo um pedaço dela, mas na verdade ela está perdendo a ela mesma, porque está tão fusionada ao
outro que se perde o sentido de viver, porque o eu dela foi entregue totalmente ao outro, ai ela tem que ir pra analise
ressuscitar este eu que se perdeu por conta do investimento libidinal no objeto externo, a mesma coisa a pessoa que tem
um investimento narcísico muito grande em si própria, o que ela faz com o outro, nada, o outro não tem importância
nenhuma, ao mesmo tempo isto também pode ser um sintoma, a pessoa se envolveu e se apaixonou tanto e se cansou e
começa a investir somente nela, se isto não acontece de forma saudável a pessoa vai ter uma barreira, vai se negar a ter
relações externas e isto também não é saudável, porque ninguém se mantem sozinho, o ser humano precisa de contato
com outro ou com alguma coisa, mesmo que seja uma atividade, tanto que Winicott quando coloca as estruturas da
personalidade do ser humano ele coloca: Dependência absoluta, dependência relativa e rumo a independência, ou seja,
nós nunca somos totalmente independentes do outro.

Filme Comer Rezar e Amar

Esse filme mostra um processo de auto descoberta, reconhecimento e crescimento do eu, mas não em um processo
patológico porque ela não se nega a conhecer as pessoas. O sujeito que se nega ao contato exterior adoece e um dos
adoecimentos que podemos citar a depressão, porque na depressão a libido está tão investida no eu que o sujeito se
nega a relação exterior. Perda de interesse no mundo externo, Freud fala sobre esse processo em luto e melancolia.

Este excesso de amor próprio vai muitas vezes dificultar as habilidades de empatia, de interação social e aí faz com que
essa pessoa tenha delírios de grandeza porque tudo dela é melhor, ela é muito superior, o outro começa a falar e ela não
dá atenção nenhuma, é aquela pessoa insuportável para se relacionar. Tem traços no narcisismo primário do
investimento do bebe que foi feito pelos pais continuam neste sujeito, foi uma educação que não ensinou a criança a
lidar com as perdas, a lidar com o não, com as frustrações, ela continuou sendo o centro do universo e o que mais tem
hoje em dia é este tipo de criação.
Libido
A libido é de ordem física, de ordem mecânica, de ordem química e quantitativa, se somos feitos de pulsões libidinais
quanto mais eu invisto a minha libido no outro, mais eu diminuo a libido em mim mesmo, o outro engrandece e eu
diminuo. Caso ocorra o movimento inverso, se eu não invisto a libido no outro objeto e invisto em mim mesmo é o meu
eu que engradece. Existe uma diferença entre a libido objetal que vai para fora e a libido do eu que é sempre a que vem
para dentro.

Conversão libidinal, quando a líbido não vai para fora e recai sobre o eu. Todos nós temos a pulsão de morte e
tendemos joga-la para fora agredindo as pessoas, se você não consegue externalizar ela, ela recai sobre você e o objetivo
central da pulsão de morte é a aniquilação, o ápice da depressão é o suicídio. Se você não investe a libido no outro você
adoece, essa casca de grande suficiência narcísica nada mais indica do que uma grande fragilidade.

Vossa Majestade o Bebê


O bebê, qualquer tentativa de invasão no mundo do bebê é vista como ameaça, o bebê não estranha, ele não gosta de
perturbações, você acende a luz, ou fala alto o incomoda, ele vai no colo de alguém ele berra, ela gosta só do colo da mãe
porque ele está fusionado a mãe e isto é normal, a mãe é um prolongamento do bebê, qualquer corpo estranho que fuja
da configuração que bebe que já conhece, a mãe, o externo, para ele é mau visto, porque o prazer está no próprio corpo
ele está pouco se importando para o mundo externo. O que mãe tem que fazer é transmitir este mundo externo para o
bebê em pequenas doses, apresentar para ele o outro, ensinar a criança a dividir, compartilhar, ter empatia, a perceber
que ela não é a vossa majestade, se não as consequências deste enquadre a gente já sabe quais são, pessoas
extremamente individualistas que permanecem naquela posição de narcisismo primário.

No desenvolvimento normal temos que ir saindo do estado de narcísico primário, isto é tarefa da família, mesmo porque
se você não aprende com a família vai ter que aprender com o mundo que o mundo não é seu, você vai perceber que
você não é o centro da atenção, por isso a criança sofre tanto quando ela vai para a escola.

O narcisismo primário é um estado de formação do eu, é o bebe que precisa de investimento libidinal dos pais para poder
criar o seu eu, a sua personalidade, se não existe este investimento inicial é claro que isto vai deixar marcas e cicatrizes na
formação psíquica da criança, vai ter problema de autoestima, segurança, estabilidade emocional, porque ela não foi
amada, ela não foi um bebe amado não teve um eu estrutural ai vai ser aquela pessoa que vai ficar procurando apoiar o
seu eu nos outros, sempre vai procurar alguém mais forte para estruturar a sua personalidade porque ela própria não
tem. A cicatriz que deixou no narcisismo primário não se formou e o sujeito vai ficar procurando se ancorar nos outros
para poder formar este eu que está em aberto.

No bebê existe uma questão corporal, todas as pulsões são satisfeitas no próprio corpo e existe o investimento psíquico,
porque os pais investem o seu amor, a sua libido neste bebe, porque ele realmente vai ser a vossa majestade, por isso
isto tem que ser feito gradativamente, você tem que tirar este investimento deste bebe, para ele aprender a conviver em
sociedade e ver que não é o centro das atenções, pois caso contrário nunca vai conseguir ouvir um não.

O bebe apresenta a oportunidade de realização do próprio narcisismo dos pais, tudo aquilo que eu não fui meu filho vai
poder ser, ou eu espero que ele seja, toda esta expectativa, quando a criança vai por outro caminho e começa a não
atender a demanda dos pais , ou pior ainda quando na gestação os pais já fazem uma série de planos e o bebê nasce com
alguma deficiência, qual a ferida narcísica que se abre dentro dos pais?
Esta força libidinal que o bebê tem desperta a atenção dos outros, porque o bebe é atraente, todo mundo olha o bebê,
contempla ele, porque ele é tudo aquilo que a gente queria ser e livre de responsabilidades.
Por isso que os pais tem preferência, sempre gosta mais de um filho do que de outro.
O narcisismo primário é necessário, mas é necessário também que aconteça esta passagem do primário para o
secundário.
Passagem do Narcisismo Primário para o Secundário
É quando eu deixo de ser o centro da atenção passo a me relacionar com objetos, mas eu guardo as memórias deste
narcisismo primário que vão ser à base da minha autoestima, isto fica guardado, o fato de ter sido um bebê desejado,
um bebê amado causa segurança, estabilidade e conforto para poder lidar muito bem com questões vida, quem tem esta
abertura aqui no narcisismo primário, quem tem uma cicatriz aqui vai ser extremamente vulnerável a opinião e ao olhar
do outro, por isso, a maior parte dos adoecimentos atuais são de ordem narcísica é porque todo mundo se estrutura a
partir do olhar do outro e o que alimenta isto hoje são as redes sociais.

Eu só existo a partir do olhar do outro, mas este outro só Deus sabe, está na fantasia do sujeito que é o que o Lacan vai
chamar de grande outro, o que é o grande outro, nós não sabemos, pode ser a memória dos pais que nos cobra
internamente, a lembrança dos pais que ficaram em nossa memoria, os traços fantasmas dos nossos pais, de pessoas que
gente viveu que nos cobro então eu vivo em torno do olhar do outro, eu construo meu eu através deste olhar, é claro,
problemas atrelados a questões narcísicas.

O narcisismo no aspecto positivo é necessário, a gente não pode banalizar o narcisismo e achar que ele é sempre
negativo, ele é necessário, ele é estruturante, é a estrutura da autoestima. O amor próprio, a segurança, a
autossuficiência, na adolescência é fundamental que o sujeito tenha isto bem resolvido se não ele vai beber e se drogar
porque não tem uma personalidade construída porque você busca constantemente a aprovação do outro, mesmo que
tenha que se inserir no meio e ficar de igual para igual.

Narcisismo Equilibrado
A pessoa com o narcisismo bem resolvido, aquele pessoa segura de si, firme, que não é vulnerável, que tem certeza das
suas posições, uma pessoa que tem este narcisismo bem resolvido, que tem uma personalidade bem centrada causa
admiração daquelas que não tem, é muito comum num relacionamento ter os opostos, uma pessoa mais fragilizada que
ancora o seu eu naquela mais forte, mas o eu dela foi tão dado ao outro que quando se separa a pessoa sofre muito
porque o eu está tão fusionado que ela deixa de ser ela.

O paciente trava quando no momento em que estas identificações narcísicas são muito maiores do que o próprio eu dele,
então ele não consegue mais estabelecer transferência, ele desvaloriza qualquer interpretação do analista, porque a dele
é muito melhor, ele é muito superior, o analista faz uma intervenção e ele desvaloriza, por exemplo, num manejo com
essa estrutura narcísica dominante você começa a falhar com ele, chega em cima da hora, atrasa, cancela, porque ele vai
aprender a lidar com a falta, os pais não ensinaram e ele vai ter que aprender.

A criança que sofre estas ameaças de castração vai ter sua autoestima, segurança e estabilidade psíquica abalada, vai ter
sempre um eu ameaçando ela, que é errado ou eu vou perder algo, vai crescer perturbado e tanto o menino quanto a
menina vão ser castrados, a castração simbólica da menina é a perda do amor da mãe, a menina sai do Édipo porque a
castração simbólica que ela sofre é o medo de perder o amor da mãe, então abre mão do desejo que sente pelo pai se
não a mãe vai descartar ela. Tem que aprender a lidar com a perda o tempo todo. Se o bebe tem todo este investimento
libidinal interno e externo pra onde vai?

Você vai se afastando do narcisismo primário, aprendendo a compartilhar, a escola é um lugar de desenvolvimento social
imprescindível para a criança. Freud estrutura neste texto dois conceitos, o eu ideal e o ideal de eu, o eu ideal é tudo
aquilo que eu quero ser, o eu vem em primeiro lugar, as minhas vontades, os meus desejos, que na maioria das vezes não
vão poder ser satisfeitos por conta das demandas sociais, você tem que aprender a lidar com a diferença, aprender a lidar
com a sociedade, nem todos os seus desejos serão satisfeitos o tempo todo, se não você não vive em sociedade, vive na
idade das pedras e o ideal de eu é o outro cobra de mim, o que o outro quer que seu seja, vou dar um exemplo de como
se manifesta ao decorrer da vida.
A gente vive em busca do ideal de eu e as redes sociais acentuam mais isto porque existe um ideal de eu colocado com
muita pressão, seja isto, faça aquilo, seja assim, compre isto, então você tem que atender estas demandas externas para
se enquadrar num padrão fantástico que você supõe que seja que nunca é, porque de fato você nunca se encaixa e o
grande segredo da felicidade da vida é você descobrir que não vai se encaixar, se vocês perguntarem para mimo
significado da felicidade para a psicanalise é você descobrir que sempre vai te faltar algo e você vai viver muito bem com
esta falta, você saber das suas vulnerabilidades, das suas forças, suas fraquezas e levar a vida adiante com isto, não existe
um estado de perfeição, quem pensa assim vai viver em busca do ideal de eu inatingível e só quem vai se prejudicar é o
próprio sujeito, a partir do momento em que você introjeta isto e se da conta de que não vai atingir todos estes ideais
você se torna muito mais leve e muito mais feliz.

O que a gente oferece aos nossos pacientes é sempre a escuta, como testemunha do sofrimento do outro, a
disponibilidade empática capaz de evocar os afetos de vitalidade, de um eu que abre mão de ser o próprio eu.
O que fazer com o sujeito que não foi amado e é narcísico na analise?
É um processo de construção porque este sujeito vai regredir com você, ele vai se tornar um sujeito regredido,
dependente, infantilizado, nada mais é do que pedir sua ajuda, ele está gritando por socorro para ajudar a diminuir a
abertura de uma ferida que ficou marcada no seu psiquismo no inicio da vida, ele não teve o amor dos pais, não teve este
olhar e automaticamente o eu dele é super fragilizado.

É uma possibilidade de acolhimento, de ser ouvida e amada num espaço de escuta que ela nunca teve na vida, então às
vezes o mínimo que a gente faz para os nossos pacientes é o máximo, é claro que sempre vai ter um conflito entre o eu
ideal e o ideal de eu.

Hipocondria
Freud pensa na hipocondria como uma manifestação da libido narcísica porque o hipocondríaco tem adoecimentos
corporais muitas vezes inexplicáveis, mania de doença, de remédio, etc., porque a relação de objeto dele está
comprometida, por exemplo, a terceira idade, vocês sabem que o leque de contato social do idoso diminui com o tempo,
perde os amigos, a família abandona, sofre rejeição e começa a ficar marginalizado, ou seja, se eu não faço relação de
objeto, se não tenho para onde despejar minha libido para onde ela vai, para mim, ela vai gerar adoecimentos corporais.
O que garante a sanidade mental e corporal de uma pessoa na terceira idade, relacionamento sociais, atividades, inserção
dela em grupos, é interessante que continuem ativos e participantes para que eles não adoeçam.

Se eu não invisto a libido no objeto essa libido volta para o meu eu e vai ter algum lugar que será ocupado por ela, as
costas, o joelho, as pernas, o peito, essas dores que a gente sente. Isto também acontece nas depressões, o depressivo
vive doente, dói a cabeça, o corpo, não tem contato objetal então a libido recai sobre o eu e ele não quer contato com
o mundo externo, no entanto, existe uma grande diferença entre a depressão e a melancolia, na melancolia a
personalidade melancólica por mais que evite a relação de objeto, ela investe a libido em atividades, ela cria, escreve,
compõe, pinta, interpreta, a maioria dos atores são melancólicos, chega em casa fica trancado, escritores, artistas
plásticos, eles não fazem investimento objetal, mas não adoecem porque a libido é investida na criação, a criação é uma
forma de investir esta libido num outro simbólico que ocupa este lugar de investimento pulsional, coisa que o depressivo
não faz, ele não cria, a criatividade no depressivo morre.

A psicanalise elabora o sintoma até ele poder ser resolvido, trata o sintoma, não retira como a psiquiatria, e esta
sensibilidade clinica que Freud deixa claro neste texto, lidar com o narcisismo de um paciente, implica lidar com o nosso
próprio narcisismo, com as nossas próprias constituições egoicas, porque a gente quando quer que o paciente algo ou
tome algum rumo, estamos colocando o nosso narcisismo na balança, nossos próprios desejos, a gente quer que o
paciente seja o nosso objeto de satisfação narcísica e ele não é.
AULA 10: Leitura Obrigatória: FREUD, S. A perda da realidade na neurose e na psicose (1924). In: Obras
Completas de S. Freud (volume XIX), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.

Freud começa, nesse artigo, nos lembrando de que já havia mencionado que para uma neurose o fator decisivo seria a
predominância da influência da realidade, enquanto para uma psicose esse fator seria a predominância do id. Na
psicose a perda de realidade estaria necessariamente presente, ao passo que na neurose, segundo pareceria, essa perda
seria evitada. Isso, porém, não concorda com a observação que todos nós podemos fazer, de que toda a neurose
perturba de algum modo a relação do paciente com a realidade.

A contradição existe apenas enquanto mantemos os olhos fixados na situação de começo de neurose, quando o ego, a
serviço da realidade, se dispõe à repressão de um impulso instintual. O afrouxamento da relação com a realidade é uma
conseqüência do segundo passo na formação de uma neurose, e não deveria surpreender-nos que um exame detalhado
demonstre que a perda da realidade afeta exatamente aquele fragmento de realidade, cujas exigências resultaram na
repressão instintual ocorrida.

Incidentalmente a mesma objeção surge de maneira acentuada quando estamos lidando com uma neurose na qual a
causa excitante (a “cena traumática”) é conhecida e onde se pode ver como a pessoa interessada volta as costas à
experiência, e a transfere à amnésia.

Poderíamos esperar que, ao surgir uma psicose, ocorre algo análogo ao processo de uma neurose, embora, é claro, entre
distintas instâncias na mente. Assim, poderíamos esperar que, também na psicose, duas etapas pudessem ser
discernidas, das quais a primeira arrastaria o ego para longe, dessa vez para longe da realidade, enquanto a segunda
tentaria reparar o dano causado e restabelecer as relações do indivíduo com a realidade às expensas do id. Aqui há,
igualmente, duas etapas, possuindo a segunda o caráter de reparação.

O segundo passo, tanto na neurose quanto na psicose, é apoiado pelas mesmas tendências. Em ambos os casos, serve ao
desejo de poder do id, que não se deixará ditar pela realidade. Tanto a neurose quanto a psicose são, pois, a expressão de
uma rebelião por parte do id contra o mundo externo.

Portanto, a diferença inicial assim se expressa no desfecho final: na neurose, um fragmento da realidade é evitado por
uma espécie de fuga, ao passo que na psicose, a fuga inicial é sucedida por uma fase ativa de remodelamento; na
neurose, a obediência inicial é sucedida por uma tentativa adiada de fuga. Ou ainda, expresso de outro modo: a neurose
não repudia a realidade, apenas a ignora; a psicose a repudia e tenta substituí-la.

Em uma psicose, a transformação da realidade é executada sobre os precipitados psíquicos de antigas relações com ela –
isto é, sobre os traços de memória, as idéias e os julgamentos anteriormente derivados da realidade e através dos quais a
realidade foi representada na mente.

Podemos construir o processo segundo o modelo de uma neurose com o qual estamos familiarizados. Nela vemos que
uma reação de ansiedade estabelece sempre que o instinto reprimido faz uma arremetida para a frente, e que o desfecho
do conflito constitui apenas uma conciliação e não proporciona satisfação completa.

Em ambas, a tarefa empreendida na segunda etapa é mal-sucedida, uma vez que o instinto reprimido é incapaz de
conseguir um substituto completo (na neurose) e a representação da realidade não pode ser remodelada em formas
satisfatórias (não, pelo menos, em todo tipo de doença mental). A ênfase, no entanto, é diferente nos dois casos. Na
psicose, ela incide inteiramente sobre a primeira etapa, que é patológica em si própria e só pode conduzir à enfermidade.
Na neurose, por outro lado, ela recai sobre a segunda etapa, sobre o fracasso da repressão, ao passo que a primeira
etapa pode alcançar êxito, e realmente o alcança em inúmeros casos, sem transpor os limites da saúde.
Uma neurose geralmente se contenta em evitar o fragmento da realidade em apreço e proteger-se contra entrar em
contato com ele. A distinção nítida entre neurose e psicose é enfraquecida pela circunstância de que também na neurose
não faltam tentativas de substituir uma realidade desagradável por outra que esteja mais de acordo com os desejos do
indivíduo. Tanto na neurose quanto na psicose, o que interessa é, além da questão relativa a uma perda da realidade,
outra que se refere a um substituto para a realidade.

Explicacao Aula

Freud vai escrever fazendo algumas reconsiderações da teoria dele, vale lembrar que ele vai falar da primeira tópica em
1900, a habilidade dele como cientista é sempre se rever fica 20ª anos revendo o mesmo texto, de acordo com as teorias
ele ia alterando aquilo que constatava de pesquisa. O que ele vai dizer, no texto anterior ele apresenta e define as duas
estruturas que são saídas do édipo, tanto a neurose quanto a psicose, que são duas estruturas fundamentais para Freud,
ele vai falar que na saída do édipo podemos encontrar três estruturas:

Saida do Èdipo:

 Neurose
 Psicose
 Perversão.

O neurótico é aquele que recalca a experiência traumática, o desejo, ele é castrado, passa pela castração e temos os
tipos de neurose. Neurose fóbica, obssessiva e a histerica. São os tipos mais comuns de neurose e aí abrimos o leque para
o DSM e CID. Freud vai perceber que a perda da realidade não é uma característica somente da psicose, o neurótico
também tem uma perda da realidade, mas é uma perda de realidade parcial e não total.

O neurótico vive uma experiência traumática e a forma de defesa é recalcar, reprimir, mas isto não sai, ele não cria uma
outra realidade, para poder viver ele reprime a dor, o desejo, aquilo que causa angustia e segue a vida adiante, por mais
que aquilo cause um sofrimento, mas aquilo fica dentro do edo dele, por isso a analise vai escavar e vai descobrir o que
está encoberto.

Na psicose o sujeito é castrado, mas para ele conviver com a falta ele vai negar a fantasia, então existe uma perda da
realidade, ele desconecta da realidade. Sofre as consequências do super ego, mas ele nega a experiência traumática e cria
outra realidade para ele.

O psicótico se desconecta da realidade, ele cria um outro mundo e passa a viver dentro deste mundo, o neurótico não,
ele tem uma perda parcial, ele não constrói uma outra realidade, mas acaba desconectando daquilo que causa
desconforto também, por exemplo, processos de luto, a primeira saída defensiva de um luto é a negação, quando você
perde alguém você nega e isto não implica que o sujeito esteja construindo uma outra realidade, mas tem uma perda de
contato com o real, você nega este sofrimento e acontecimento para evitar a dor e isto é normal, mas isto não significa
que o sujeito va criar outra realidade para ele, é claro que existem situações extremas onde a pessoa não consegue mais
tocar a vida adiante, seguir com a vida na normalidade, continua tendo os mesmos hábitos que tinha com a pessoa que
morreu, mantem o quarto arrumado, faz o jantar e serve a pessoa que não está mais lá, todo um comportamento que
demonstra a entreda num quadro psicotico. Quando falamos que alguém adoece, quando ela não consegue seguir a vida
adiante, quando a vida dela se torna comprometida por conta do sintoma, e ai a gente pode chamar de adoecimento, não
se banalisa a psicopatologia.
O que consta a priori, a gente vai ver que na psicose existe uma desconexão coma realidade e na neurose não, o sujeito
tem contato com a realidade, ele vai recalcar o efeito, o acontecimento traumático, a experiência desejante, enfim, ele
reprime isto para não adoecer, mas de certa forma, esta repressão sempre vai causar um efeito colateral.

Por exemplo, uma criança que é abusada sexualmente, o que pode acontecer é reprimir este trauma, mas sofre as
consequências desta repressão, reprimir trauma, o acontecimento, faz com que ela tire aquela parte dolorosa da
realidade que a aflinge e esquece, reprime para poder lidar com aquela angustia, mas aquilo vai continuar atormentando,
isto não significa que a criança vai criar uma outra realidade e viver a partir dela, a construção psicótica é totalmente
diferente, por exemplo, o autismo é um tipo de psicose, a esquizofrenia é um tipo de psicose, o sujeito se separa do
mundo exterior e cria um mundo proprio, a criança autista tem dificuldade com o mundo exterior e coloca barreiras se
alguém tenta manter contato social com ela, como se ela estivesse presa numa capsula, porque ela faz isto, porque ela
vive dentro do mundo dela, como ela não teve contato com objetos desde muito cedo ela se fecha e cria um mundo dela,
qualquer ameçada invasora a este mundo é mal vinda, ele vai ter esta defesa, assim como psicótico, esquizofrênico tem
um discurso completamente desconstruído e para nós não faz sentido algum, por isso, a clinica psicótica não é para
qualquer pessoa, porque é um discurso muito desconstruído totalmente desconexo com a realidade, e para atender um
paciente deste tipo você tem que entrar no discurso dele e é extremamente angustiante.

O psicótico tem a experiência traumática, angustiante e ele não recalca, ele lança isto para fora e cria outra realidade,
qual o trabalho de um psicanalista que atende um psicótico? Juntas estas partes de acordo com o discurso dele.
Essas partes sindidas precisam ser reunidas de alguma forma porque elas ficam fragmentadas no ego, criam outra
realidade para o sujeito, o sujeito passa a viver a partir desta realidade.

Filme Cisne Negro um exemplo de Psicose

No cisne negro, o delírio dela esta totamente voltado a realidade , a própria personagem e o próprio enredo simboliza a
sisao fragmentada do eu dela, ela é uma menina que tinha que buscar sempre a perfeição por conta da exigência da mãe
e ai acontece um sentimento ambivalente de ódio e amor pela mãe, então hora ela ama muito esta mãe, tem a questão
moral, super egoica cobrando dela e hora ela odeia, e este ódio, em toda esta relação dela transgressora com a realidade
é representada pelo cisne negro que toma conta dela e se funde, o filme cisne negro é tão bem produzido, uma das horas
mais angustiantes do filme é a hora em que ela está no espelho arrancando pena das costas, aquela parte você não sabe
mais o que é fantasia ou realidade.

É um filme muito angustiante para quem é neurótico obsessivo, porque a neurose é oposto da psicose, aquela pessoa
totalmente quadrada não entende porra nenhuma daquele filme e ainda sai criticando. A mesma coisa ele faz com mae,
mas estraga porque vai para questões bíblicas.

O filme uma mente brilhante também, a ilha do medo, são filmes difíceis de dar conta, por que tem um processo de cisão
com a realidade, a criança brinca, ela fantasia , coisa que o psicótico não consegue fazer, a criança psicótica não consegue
simbolizar, não consegue brincar esta é uma grande dificuldade que eles tem, porque o brincar para eles, o ato simbólico
é na verdade um ato real, por isso, se você fala metáforas para o psicótico ele vai acreditar que é verdade, não consegue
simbolizar, a parte de simbolização dele está comprimetida, o que a gente faz com uma criança autista por exemplo, é
inserir símbolo nele goela abaixo

Os delírios de grandeza, exemplo, dom quixote, eram muito atrelados aos quadros de loucura.
O eu de uma pessoa psicótica é um eu fragmentado, quando o Picasso traz o cubismo, conseguimos ver uma questão de
identidade, ele se poe nos quadros, e ele tinha sérios problemas psicológicas, este eu cubico dele talvez represente o seu
verdadeiro eu fragmentado e dividido, assim como outros artistas, a pintura é uma manifestação concreta do eu de
alguém, assim como a escrita. Qualquer manifestação de arte é uma manifestação do verdadeiro eu e nem sempre é um
símbolo de sublimação, as vezes a arte é uma questão de sobreviencia.
A psicanalise vai trabalhar com o sintoma, diferente da psiquiatria que vai extinguir o sintoma através da medicalização, o
sujeito está com delírio persecutório, então você receita um anti alucinógeno para ele, você corta o delírio em certas
partes, a psicanalise vai atender o paciente pelo discurso, mesmo que ele esteja falando que mantem contato com seres
de outras vidas, por isso que você não vai julgar o que é fantasia ou realidade, mentira ou verdade, a clinica não se dá a
partir disto, por isso que atender psicótico é para bem poucos.

Retorno do reprimido que Lacan vai chamar de retorno do recalcado na neurose e retorno daquilo que foi negado na
psicose. A nina no cisnei negro ela nega o ódio que sente da mãe, a cobrança que ela sofre é negado e aquele sentimento
hostil é negado, mas isto retorna de forma persecutória, por isso que os delírios psicóticos estão sempre atrelados a
questões de ordem persecutória.

O perverso não é castrado, ele não sofre castração, não tem introjeção da moral, da lei, da ordem, não sofre com isto,
não vai ter super ego ou o super ego vai ser muito fininho, não tem moralidade aí.

São as três estruturas que saem do complexo de édipo com a castração, o desejo materno e paterno, a proibição do
incesto, todas as configurações que formulam o eu de uma pessoa. O eu de um sujeito se estrutura a partir da saída
edípica.

Ao mesmo tempo que você reprime o desejo, impede com que ele seja satisfeito, ele vai buscar uma saída, vimos isto
na pulsão e seus destinos, a pulsão sempre tem um destino, ou para o objeto ou para si próprio, se ele vai para si
próprio ele pode gerar uma conversão histérica, um adoecimento corporal, é onde surgia as crises de histeria que
Freud estudava.

Se você evita o sentimento, evita também de ter o confronto com a realidade, é isto que a gente faz na vida cotidiana.
Voce reprime a vontade de não ir trabalhar porque precisa do dinheiro, mas aquilo vai te alimetando e você vai
adoecendo, e a quantidade de pessoas que adoecem hoje em dia por conta do trabalho é crescente. Mas se anestesiam
perante a dor e o sofrimento, esta é a saída neurótica, o psicótico para não viver o sofrimento cria outra realidade, então
para ele ele vive no trabalho perfeito, com pessoas perfeitas, ele é chefe etc, e o discurso não é nada disto. Existe uma
descontrução da realidade que pode prejudicar o campo profissional de atuação deste sujeito,geralmente os psicóticos
vao para uma área mais artística, produção de quadro, pintura, escrita,
Neste caso a cena é reprimida, o desejo é reprimido, a gente abre mão do desejo constantemente para viver em
sociedade, de forma civilizada, isto é característico do neurótico, tanto que Freud fala que o mal estar na civilização
sempre vai acontecer, porque para vivermos em sociedade temos que reprimir os nossos desejos, esta repressão gera por
consequência um mal estar muito grande, porque as pessoas adoecem em relação ao desejo contido.

Psicose Infantil
O caso de Dique em Melanie Klein. Dique não tinha manifestação verbal, ego totalmente fragemento, então o que a Klein
faz. Toda bincadeira dele ela interpreta e insere uma interpretação simbólica com a brincadeira, por exemplo, ele pega
um carrinho e o carrinho passa dentro do túnel, ela fala, o dique que entrar dentro da mamãe e tirar as partes boas da
mamãe, porque a brincadeira representa isto de fato, quando ela cava, constrói torre, tudo tem uma interpretação, como
se dá a clinica infantil?

Atraves da interpretação da brincadeira, a criança não deita no diva e associa livremente, isto é impossível, o que vai
acontecer é justamente esta parte de substituição do real que é uma manifestação do brincar infantil, o brincar saudável
consegue simbolizar, porque o brincar de um autista é estereotipado pq ele não consegue simbolizar,
Uma neurose no caso do cisne negro o que ela faria? Ela iria reprimir aquela mãe autoritária, ele iria adoecer, ter uma
conversão histérica no corpo mas não iria criar outra realidade, a nina cria outra realidade, o tempo todo o filme mostra a
realidade da personagem e está tudo tão fusioado que você não sabe mais o que é real ou fantasia, e é deste jeito que
você se sente atendendo um psicótico, porque é um discurso tão descontruído que é muito difícil ter acesso.
Por isso que brincar é o primeiro passo para alguém se tornar saudável, a criança que não brinca tem uma dificuldade
enorme de simbolizar e sem simbolizar ela não é ninguém, porque a nossa fala é um grande processo de simbolização, a
gente só fala o que a gente simboliza, o psicótico tem essa dificuldade, ele poe em ato aquilo que ele pensa, a fantasia
dele ele poe em ato.
Os quadros de autismo, dependendo do caso, o autista não verbal, com comprometimendo cognitivo cria o mundo dele e
qualquer tentativa de intrusão neste mundo é recebido com muita agressão, ele bate, morde, agride.

O sujeito tem parte de constituição orgânica e parte ambiental, o próprio Freud vai dizer em 1900, ele nunca abre mão da
questão genética, ver vídeos de Maria Cristina Lasnik, vai inserindo o bebe na realidade, tirando o bebe deste mundo de
fantasia.

O caso Dique da Melaine Klein, é interessante a hipótese que ela faz, ela começa a brincar com ele, o tratamento tem que
ser mais ativo, você não pode ficar esperando que o símbolo brote do nada, ela insere o símbolo nele, ele não brinca
porque é uma representação real do mundo dele, no psicótico é tudo fusionado.
Somos todos neuróticos, é o que sobra.

Narcisismo no Perverso
O narcisismo é uma estrutura do eu necessária para a auto estima, mas o perverso, dependendo do nível de perversão
dele, se preocupa só com a satisfação do próprio prazer e passa em cima de qualquer pessoa o que é uma característica
narcisistica secundaria que permaneceu depois do narcisismo primário, mas nem todas as pessoas que tem estes traços
pode ser uma pessoa perversa, não, as vezes é uma pessoa egoísta, uma pessoa individualista.
O psicótico no fundo, inconscientemente sabe que ele destoa da realidade e isto causa sofrimento, é um saber muito
inconsciente, mas ele sabe, por isso, não se encaixa, por conta das manifestações sociais, ninguém suporta ficar perto de
uma pessoa psicótica.

Temos o narcisismo construtivo em que a criança precisa ser amada, precisa ser desejada que é o narcisismo primário
que vai criar a auto estima, segurança do sujeito e se deixa esta falha, esta abertura teremos ai uma saída defensiva, mas
eu não diria que não seria um narcisismo, porque o narcisismo está atrelado ao amor próprio e o sujeito que se fecha
para o mundo exterior cria uma casca defensiva, eu sou o melhor,
Mas se faz tudo para provar para o outro, se ele faz tudo para provar para o outro onde é que ele entra? Não é narcísico,
porque ele não tem auto estima, nem valor, porque não foi desejado quando pequeno, se ele foi rejeitado pela mae na
infância ele busca no outro, se mostrar uma pessoa que ele não é pq é vazio ele não formou identidade, a identidade dele
gira em torno do ideal do eu do que cobram dele, não do eu ideal, do que ele quer ser, ele gira em torno do outro.

O narcisismo é constitutivo faz parte da constituição do eu do sujeito, por exemplo, o bebee precisa ser desejado para
ter a sua identidade inscrita, o bebee é de forma primaaria narcísico porque o prazer esta no corpo dele, o bebe não
encontra satisfação externa, chupa o dedo, a língua, esta no prazer anal, está tudo no próprio corpo, ele não precisa de
ninguém, além do prazer ser auto erógeno, ele recebe todo o investimento pulsional libidinal externo, porque ele é
sedutor, ele desperta muito amor, ao mesmo tempo muita inveja, porque tem essas relações ambivalentes em relação ao
bebe porque ele ocupa uma posição que a gente já ocupou, então existe o desejo de voltar a ser a vossa majestade,

O bebee recebe um investimento externo, olha como tudo é reforçado, além de ser um corpo auto erógeno ele ainda
recebe a libido exterior, é claro que ele não vai precisar de ninguém, é claro que ele vai ser a vossa majestade o bebe, isto
é fundamental para construir a identidade de alguém, isto a gente chama de narcisismo primário e isto vai construir a
nossa auto estima, a nossa segurança, a nossa personalidade, vai fazer você se sentir uma pessoa não vulnerável, um
adolescente que todo mundo se droga e ele não pq ele tem a identidade dele, ele não precisa da aceitação do outro,
porque o deu dele esta formado, ele vai em torno do eu ideal.
Freud fala quando ele dá o exemplo do gato, ele fala: pessoas que tem este eu ideal construído que são seguras de si, que
tem auto estima, elas atraem tanto a admiração quanto a inveja de quem não tem isto, porque você não precisa ficar
medingando nada para ninguém, você é muito seguro de si, mas ao mesmo tempo isto não significa que este sujeito seja
auto suficiente, ele precisa de alguém ou de alguma coisa para ser feliz, tem que existir um equilíbrio entre a libido do eu
e a libido do objeto, se não não tem personalidade, tem adoecimento.

Libido do eu equilibrada com a libido do objeto. Se o sujeito fica só na libido do eu que importância ele dará para o
objeto? Ele precisa lidar com a frustração, se o sujeito se acha auto suficiente e recebe este investimento toda hora, papai
e mamãe que não castiga, que dá de tudo, que não quer que o filho sofra, o primeiro não que ouvir vai socar o
amiguinho, a namorada, vai querer se matar e aí entra o édipo, porque o édipo vem como uma segunda etapa de
construção do eu, ou seja, tudo está atrelado, porque se os pais não fazem um corte aqui ela alimenta o narcisismo
primário e esta criança sera insuportável, aquele que você vai conversar e aff, tudo ela tem, tudo ela fez.

A mamãe e o papai fazem um corte e você é obrigado a ir diminuindo o seu eu para aprender a lidar com o outro, o ideal
é que haja um equilíbrio, porque se nao o outro fica muito grande e você muito pequeno, nesta etapa de saída do
narcisismo primário começa o narcisismo secundário. Voce começa a tirar a criança do narcisismo primário a partir dos
dois anos, ela aprende a lidar com a diversidade. No narcisismo primário se fica uma falha, o sujeito tem o eu frágil, para
construir o eu ele vai para o outro, aquele sujeito que não tem amor próprio, faz tudo que você faz, aceita tudo, diz que
tudo tanto faz, não se impõe.

É legal você ter o seu eu e eu ter o meu eu, é interessante. Estas pessoas fortes atraem quem tem o eu frágil porque ela
se encora no outro, o eu ideal dela é o outro, ela goza por meio disto, só procura quem esteja abaixo dela, é manter a
identidade narcísica primaria , continua sendo a vossa majestade.
Isto influencia na educação, porque na transição do narcisismo primário para o secundário, porque se você não consegue
destinar a libido para o outro, para o objeto externo você não aprende, não aprende com a diversidade, com a
convivência.

O narcisismo secundário começa antes do édipo, na transição do primário para o secundário, aprendendo a colocar este
bebe em relação com o mundo exterior, você ensina este bebe a ter relações com o mundo externo, se você alimenta
este bebe narcisicamente cresce aquela criança que o amiguinho vem pegar o brinquedo e ele soca o menino.

A auto estima é um vestígio do narcisismo primário que nós temos que ter, você não pode banalisar o narcisismo, o
narcisismo é necessário, é o amor próprio, se você não se ama no mínimo você não vai conseguir amar ninguém. Mas
também quem só se ama não se relaciona, não dura, não tem paciência com ninguém, se isola, só ela é a melhor.

A libido do eu aumenta o narcisismo, porque a libido esta voltada para o próprio sujeito, eu, ego, egocentrismo, a libido
esta no próprio eu, posso falar de egocentrismo, a criança é egocêntrica, porque ela não divide, não compartilha, ela tem
o ego alimentado pelo outro, papai e mamãe satisfaz todos os desejos.
Criança chata e mimada odeia escola, porque em casa ela manda.
AULA 11: Leitura Obrigatória: FREUD, S. Construções em Psicanálise (1937). In: Obras Completas de S. Freud
(volume XXIII), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda. MEZAN, R. Psicanálise e Psicoterapia. In A Vingança da
Esfinge, Ensaios de Psicanálise. Editora Brasiliense, 1988.

Como já mencionado, pensamos ser muito difícil considerar as questões ligadas à reconstrução, ou mesmo à “construção
narrativa”, sem refletir cuidadosamente sobre elementos propostos inicialmente por Freud e mais recentemente por
Green, tais como a percepção, a memória, a representação e a não-representação, a alucinação e a compulsão à
repetição. Não pretendemos expandir esses pontos aqui, agora, pois esta seria uma tarefa muito longa e ambiciosa.
Sentimos, no entanto, que o texto de Bertrand seria mais consistente caso se ocupasse pelo menos em parte dessas
questões.

Quando supostamente conseguimos reconstruir uma história no percurso de uma análise, com a concordância do
analisando, isso significa representar algo do mundo interno que estava reprimido e afastado da memória? E de que
memória estaríamos falando? Memória dos acontecimentos? Memória construída por associações e pelos
acontecimentos presentes? Memória amnésica? Ou se trata de elementos alucinados pelo analisando ou pelo analista?
Posso reconstruir ou construir alguma coisa se não conto com a minha convicção a respeito daqueles dados? E o
analisando? Pode me ouvir ou acreditar em mim sem também estar convicto do meu saber?

Em certo momento do trabalho, Bertrand propõe que a ambição da análise é possibilitar transformações psíquicas
profundas, as quais reduzirão o potencial traumático das experiências passadas, com novas atualizações alcançadas pelos
relatos do presente da relação analítica. A narrativa, ou seja, a construção em palavras do acontecer psíquico,
possibilitará alcançar um nexo e uma seqüência temporal linear (p. 40). Esta, a narrativa, é então considerada um fator de
transformação psíquica em si mesma.

A própria autora coloca objeções e dúvidas quanto à generalização dessa posição, admitindo que outras possibilidades
podem ser consideradas, outros caminhos serão possíveis, devido principalmente à complexidade e à particularidade da
psicanálise e de cada analisando.

Em sua conclusão, Michele Bertrand reconhece que a idéia de apenas construir uma narrativa com poder de provocar no
analisando as transformações do anteriormente traumático pode ser muito redutora. Propõe considerar essa colocação
apenas uma dentre muitas outras também com condições de promover o trabalho psíquico transformador. Parece que
nesse ponto o trabalho se torna mais consistente e interessante.

Bertrand utiliza o modelo do relato de um sonho na sessão, sugerindo uma aproximação entre a construção narrativa
feita pelo analista e o relato do analisando, o que conhecemos como conteúdo manifesto do sonho. Este, o conteúdo
manifesto, como sabemos, sempre se refere a um conteúdo latente não conhecido, expresso pelo trabalho de elaboração
onírica, de maneira simbólica e metafórica. Na verdade, pensamos que, ao tentar escapar do aspecto hermenêutico,
revelador da interpretação, Bertrand acaba por propor uma posição de investigação e de desvendamento de um
conteúdo latente no relato do analisando que de fato se aproxima das propostas freudianas tradicionais interpretativas,
questionadas por ela mesma.

Inventar o possível significará, para Bertrand, a construção de uma nova história ou de múltiplas histórias que ajudarão o
analisando a estabelecer novos vínculos e relações entre o traumático e os fatos. Será por essa condição, também, que
surgirá na relação analítica a possibilidade de criar um espaço, um caminho para a sobrevivência psíquica, ameaçada até
então.
Bertrand se refere a criar um espaço de jogo, como proposto por Viderman (1982), onde o aspecto ativo da criação
transforme em tolerável o antes intolerável, alcançando a atualização de experiências insuportáveis, tornadas suportáveis
pela passivização do jogo. Essa é uma das interessantes contribuições de Viderman que Bertrand retoma em seu
trabalho.

A invenção de um possível, segundo ela, de um equivalente no espaço psíquico, é onde as experiências de caráter
traumático, desorganizadas, poderão se manifestar, sem a terrível e avassaladora angústia que acompanha o traumático.
É o objetivo por excelência da “construção narrativa” e do “inventar o possível”. A partir daí, o que estará em jogo será a
tentativa de alcançar o nível do representável que permita o acesso ao simbólico e ao figurável nas experiências, as quais
poderão vir a ser, então, representadas psiquicamente.

A questão, do nosso ponto de vista, não é tomar a psicanálise como a construção de um espaço de “invenção” que
permita a reconsideração e a reformulação do traumático pelo diálogo e pela narrativa, mas, sim, de um espaço onde o
psíquico seja privilegiado e onde a elaboração psíquica, passando pela relação transferencial analítica, possa ser oferecida
e então considerada e vivenciada pelo analisando. Invenção e construção, dentro de nossa perspectiva, são conceitos
muito diferentes e distantes.

Construímos, junto com nossos analisandos, novas versões sobre os fatos, reelaboramos situações antes congeladas e
negadas, buscamos alcançar algo novo e inédito que possibilite uma expansão através da dinâmica relacional
transferencial. O espaço psíquico não é construído nem pelo analista nem por suas contribuições. O espaço psíquico é
conquistado pelo próprio analisando, com a ampliação da área do mental, subtraindo ao corpo o espaço ocupado por
este, e por suas manifestações e sensações.

Isto significa que “construímos” junto com nosso analisando, no espaço intersubjetivo da relação analítica, um “terceiro
analítico” que na verdade é o sentido e o significado do acontecer analítico e corresponde ao objeto analítico. Este pode
vir a ser colocado em palavras e, portanto, representado psiquicamente. Trata-se de “construção”? Certamente sim. E
essa vivência, ao ser colocada em palavras, pode ser vista como uma “interpretação”? Acreditamos que sim, também.

Nesses trabalhos, demos especial importância à história, disciplina das ciências humanas que sempre nos pareceu
importante em psicanálise, pois, ao nos referirmos à reconstrução e ao traumático como experiências passadas, ou à
idéia de construção, estamos fazendo uso de uma concepção de historicidade e de tempo que precisa ser clarificada.
Como menciona Viderman (1970), com quem muito aprendemos, “o analisando nunca reencontrará sua história, mas
construirá seus mitos, que serão o que fizeram dele quem ele é”.

O tempo do mito é o tempo do sempre, do eterno. Ele permitirá ao analisando estabelecer crenças, relações de
causalidade e de irreversibilidade, determinantes de seus comportamentos. Construímos e interpretamos nossos
próprios mitos.

Na verdade, acreditamos que “construção” e “interpretação” são formas que se complementam e fazem parte do nosso
ofício o tempo todo. O que são as nossas hipóteses senão construções às vezes mudas sobre os nossos analisandos? O
que são os relatos de nossos analisandos senão referências às suas crenças e interpretações dos fatos vividos?

A mente “constrói” o sonho com as funções tanto de satisfazer os desejos proibidos, como de proteger o sono e
estabelecer ligações entre os aspectos psíquicos, sejam estes imagens, vivências ou palavras. O sonho também tem a
importante função de estocar elementos na memória (Bion, 1965) para que estes possam ser utilizados pelo pensar. O
espaço do sonho, assim como o tempo específico do sonho (Green, 2000), podem ser tomados como o modelo que
melhor caracteriza o processo psicanalítico e o funcionamento psíquico na sessão.
Por meio da elaboração onírica secundária, nos é fornecido um modelo aproximado do que se passa na mente do
analisando. Na sessão o sonho é relatado, isto é, “interpretado” e transformado pelo próprio analisando, quando este
busca uma maneira de colocá-lo em palavras e oferecê-lo ao analista. Ambos têm então de “construir” na sessão um
outro sonho – um sonho compartilhado para que seja possível ampliar as associações e conversar.

O lugar de um analista decifrador de conteúdos psíquicos latentes, revelador de mistérios escondidos e inacessíveis,
interpretador de sonhos, assim como o de um analisando que passivamente se deixa ocupar pelos significados e sentidos
dados por outrem, há muito tempo vem se mostrando inadequado, falso e anti-analítico. Não acreditamos que somente a
interpretação sofreu mudanças. O lugar ocupado pelo analista na relação analítica também vem sendo ampliado, e este,
o analista, é visto como um participante ativo da relação emocional analítica.

Como já mencionado, em nossos trabalhos apontamos a importância da história, como um elemento que nos
contextualiza e que permite nossa inserção no tempo e na cultura. No entanto, podemos observar com freqüência o
poder e a intensidade das “estórias” pessoais que construímos e que nossos analisandos também constroem, visando dar
conta das vivências e apreensões do mundo, muitas vezes avassaladoras e perturbadoras.

Fazemos referência à estória em contraste com a história, na medida em que a estória é construída e constituída por
elementos que definem nossa maneira peculiar e individual de ser e de apreender os fenômenos, tanto internos como
externos. Essa estória é, na verdade, nosso reservatório de crenças, de teorias e de mitos pessoais, extremamente
poderosos e determinantes do funcionamento psíquico e da identidade. A estória nem sempre é conhecida pelo próprio
sujeito, que muitas vezes se sente impossibilitado de se questionar, alimentando a crença nas próprias versões,
prisioneiro de sua estória.

Acreditamos que um dos objetivos e metas da análise é tentar conhecer mais sobre essa estória, é investigá-la e
reformulá-la. No entanto, não vemos essa tarefa como vinculada à reconstrução, nem como dependente da
interpretação do analista ou da construção do analista. De nossa perspectiva, trata-se na verdade de uma apropriação de
si mesmo pelo próprio sujeito, que poderá, então, a partir daí, assumir plena responsabilidade por suas escolhas e por
suas decisões.

A possibilidade de um contato intenso, verdadeiro e constante entre analista e analisando, numa relação em que seja
possível falar livremente daquilo que é vivenciado, percebido ou alucinado, provavelmente é o que contribuirá muito
para o caminho em direção às transformações psíquicas profundas.

Se hoje recorremos mais freqüentemente à construção, é porque lidamos com pacientes com partes de ego clivadas,
devido a traumas precoces que se tornaram há muito tempo inacessíveis. A construção, com esses pacientes, é uma
construção silenciosa que visa restituir e reparar as lacunas do tecido psíquico esgarçado (Green, 2000/2005).

O próprio setting analítico pode se constituir num elemento que contribua com a construção muda, não só na construção
do espaço psíquico do analisando, mas no desenvolvimento de aspectos como a continência, a tolerância ao
desconhecido e às descobertas.

De maneira semelhante, acreditamos que a presença do analista e a receptividade deste, ainda que sem palavras, pode
vir a ser vivenciada como um elemento importante na reelaboração construtiva dos relacionamentos danificados.

O analista acolhe e vivência em si mesmo, as experiências que o analisando não consegue comunicar sob forma de
mensagens estruturadas, às vezes inconscientes, mas que consegue ativar no analista através de identificações projetivas:
isto quer dizer que o analista deve estar disponível para encarnar em si mesmo um papel que é desconhecido do
analisando, e que não poderá adquirir uma forma e um sentido, a não ser quando trazido pelo outro (Ferro, 2006).
Explicacao Aula

Nesse texto do Renato Mezan ele vai fazer uma comparação da psicanalise com as outras psicoterapias, uma coisa que
gente sempre deixei evidente para voces, na minha opinião e também na opinião de vários outros autores a Psicanalise
não é uma abordagem, é uma disciplina própria tanto que o que voces tem aqui não é a pratica, é a teoria psicanalítica e
desdobramentos da teoria psicanalitca no próximo semestre, então, voces não vão ver a pratica, o que eu faço aqui de
trazer recortes clínicos é um extra, não está previsto no programa, a gente só teria que estudar só a teoria por si só, mas
também acho que estudar só a psicanalisee na praticea não faz sentido algum.

O que entendemos por Psicoterapias?

Terapia vem do grego e significa cura, a psicanalise trabalha com um outro sentido de cura, porque as psicoterapias
tentam extinguir os sintomas e este não é o objetivo da Psicanalise, ela trata do sintoma, lida com o sintoma como uma
figura que compõe o sujeito, o sintoma é aquilo que forma, que constrói o sujeito, se você elimina isto a principio você
esta eliminando a oportunidade do sujeito se apresentar, de se colocar para você quando um paciente fala que está com
muita dor de cabeça, não tem vontade de sair da cama, não vê sentido na vida, esta linguagem, estas expressões é a
forma que ele se estrutura, a forma que ele se coloca como sujeito, se você tenta extingui estes sintomas, você vai tirar a
defesa dele e ele não vai ver sentido na própria existência, o que acontece muitas vezes nas queixas dos pacientes que
fazem tratamento farmacológico, ah, deixei de sentir tristeza, mas eu deixei de sentir tudo, eles não sentem nada,
tristeza, alegria, desejo, vontade, ficam anestesiados, então a Psicanalise ele não vai trabalhar com a extinção do sintoma,
ela vai trabalhar em fazer com que o sujeito se conheça a partir deste sintoma, a partir da linguagem que ele traz, o que
faz ele se estruturar como ser humano, como um ser a partir desta queixa, o problema que ele tem de sair da cama o que
isto faz parte da estrutura subjetiva dele, a gente vai desenterrar isto para poder encontrar onde ele se acha a partir
deste discurso, o Lacan fala isto, o sujeito se estrutura pela linguagem através do seu próprio discurso e é justamente
nisto que a psicanalise vai trabalhar.

Mezan diz que qualquer tipo de terapia que trabalhe com os conceitos Freudianos não pode ser considerada por si só
uma Psicanalisee, a psicanalisee tem um viés próprio de tratamento, de conduta, não só como paciente, mas também
com próprio analista, para você ser um terapeuta sistêmico, fenomenológico, você não precisa fazer analise durante
certo tempo e comprovar isto para atender.

Tripé psicanalítico: Estudo de teoria – Supervisão Clinica no Âmbito Psicanalítico – Própria análise pessoal,
sendo essa ultima a principal.

Mezan faz outra diferença em relação as psicoterapias e a psicanalise porque as psicoterapias trabalham com o material
presente, com aquilo que se manisfeta que esta sempre atrelado ao comportamento, a essência objetiva do sujeito,
quando eu falo inconsciente, eu estou falando de psicanalise, não tem nenhuma outra abordagem que vai trabalhar
com o tema do inconsciente, Mezan pontua todas essas diferenças, a diferença de manejo, a psicanalisee não tem prazo
para terminar, não tem inicio, meio e fim pré programados, tem varias características particulares da psicanalise que não
vão em congruência com nenhuma outra abordagem.

Não existe a psicanalise, e a sim as Psicanalises, técnica Freudiana, Kleiniana, Winnicotiana, Lacaniana e todas elas são
complementares, elas não se anulam, isto começou desde a morte do Freud.

Presente Articulando Com o Passado Para Assim Ser Simbolizado


Este texto ele vai rever a questão da interpretação e fala assim: - A interpretação ela não deve ser sempre utilizada, tem
pacientes que precisam de um cuidado maior, de uma paciência, de um processo de construção, então nem tudo você
vai ficar interpretando; O paciente falou, estou com problema em casa com a minha mulher, você não pode sempre
dizer: Isto tem a ver com as suas questões sexuais edípicas, etc. É aquele velha história, as vezes um charuto é só um
charuto. Freud estava contestando o excesso de interpretação que estavam fazendo na época.

Mas tem muita gente sem noção que não sabe nem o que está interpretando e Freud ficou preocupado com isto e falou:
Então vamos interpretar menos e construir mais, o que seria a construção em análise.

O que seria a construção em análise?


A construção é você pegar a história que o paciente está contando agora e ir promovendo questões para ele para que ele
mesmo vá refletindo sobre a vida dele, sobre as influencias que ele teve na vida dele, sobre as próprias dificuldades, você
não vai interpretar você vai construir com ele uma sena nova para que ele se enxergue, para que ele possa se encontrar
dentro deste discurso.

Freud faz uma analagia do trabalho do analista com o trabalho do arqueólogo.


Ele fala: Assim como o arqueólogo o analista escava as camadas mais profundas da mente em busca de um tesouro, mas
o trabalho do arqueólogo é muito mais fácil que o trabalho do analista, porque o arqueólogo quando escava tem algo
material para encontrar, o analista não. Voce não sabe o que você vai encontrar e você não sabe se aquilo que você
encontrou é de fato o tesouro que você estava procurando.

Freud vai rever a posição do analista, ele fala: O analista não está sempre certo, porque até então o que se pensava, ele
abre o texto com uma metáfora maravilhosa, ele fala assim: Vamos imaginar um jogo das moedinhas de cara e coroa
onde cara eu ganho e coroa você perde, o trabalho do analista era assim, ou seja, quando o paciente tem razão? Nunca
Acho que ele começa a se rever muito com o caso Dora, com as questões com Ferenci, ele estava mais maduro e começa
a rever algumas coisas da técnica psicanalítica.

A psicanalise não generaliza nada nem ninguém, diferente de qualquer outra abordagem, você não pega um padrão
comum para todo mundo, a psicanalise enxerga cada sujeito de modo muito singular.

Sem transferência não há possibilidade de interpretação e sem interpretação não tem construção uma coisa está ligada a
outra, mas nem sempre a interpretação será o viés de tudo.
Na psicanalise não tem sessão de devolução.

Qualquer tipo de sugestão feia ao paciente não pode ser chamada de psicanalise, o analista não sugestiona nada.
O psicanalista não pode ser pai ou professor do paciente, ele só da ferramentas para que o sujeito faça a própria
construção.

A historicidade do acontecimento : aquilo que o sujeito lembra talvez não seja o fato em si, o que você tem que prestar
atenção é a história, a situação que ele coloca pra você, porque ele estará transmitindo a maneira que ele se sentiu
naquele determinado episódio, por isso, para a psicanalise não interessa saber se é verdade ou mentira aquilo que o
sujeito está contando, você vai procurar saber como ele se põe perante aquele discurso, porque para ele é importante
mentir? O que isso sustenta no imaginário dele? Se você faz suposições o sujeito pode te colocar numa transferência
negativa e nunca mais voltar, ou gerar dependência, porque ele pode não construir nada. As vezes o que o paciente mais
precisa é de um lugar de acolhimento e que ele saiba que pode contar com a sua escuta, mas não uma escuta mecânica,
mas a escuta do cuidado.

Freud fala de construção e descontrução, o tempo todo a gente se constrói e se descontrói.


AULA 12: Leitura Obrigatória: FREUD, S. A Psicologia das Massas e a Análise do Ego. (Caps. V e VII) (1921). In:
Obras Completas de S. Freud (volume XVII), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda. FREUD, S. O Mal Estar na
Civilização. (Caps. I e V) 1930[1929] In: Obras Completas de S. Freud (volume XXI), Rio de Janeiro: Imago
Editora Ltda.

O contraste entre a psicologia individual e a psicologia social ou de grupo, que à primeira vista pode parecer pleno de
significação, perde grande parte de sua nitidez quando examinado mais de perto. É verdade que a psicologia individual
relaciona-se com o homem tomado individualmente e explora os caminhos pelos quais ele busca encontrar satisfação
para seus impulsos instintuais; contudo, apenas raramente e sob certas condições excepcionais, a psicologia individual se
acha em posição de desprezar as relações desse indivíduo com os outros.

Algo mais está invariavelmente envolvido na vida mental do indivíduo, como um modelo, um objeto, um auxiliar, um
oponente, de maneira que, desde o começo, a psicologia individual, nesse sentido ampliado mas inteiramente justificável
das palavras, é, ao mesmo tempo, também psicologia social. As relações de um indivíduo com os pais, com os irmãos e
irmãs, com o objeto de seu amor e com seu médico, na realidade, todas as relações que até o presente constituíram o
principal tema da pesquisa psicanalítica, podem reivindicar serem consideradas como fenômenos sociais, e, com respeito
a isso, podem ser postas em contraste com certos outros processos, por nós descritos como ‘narcisistas’, nos quais a
satisfação dos instintos é parcial ou totalmente retirada da influência de outras pessoas.

O contraste entre atos mentais sociais e narcisistas — Bleuler [1912] talvez os chamasse de ‘autísticos’ — incide assim
inteiramente dentro do domínio da psicologia individual, não sendo adequado para diferençá-la de uma psicologia social
ou de grupo. O indivíduo, nas relações que já mencionei — com os pais, com os irmãos e irmãs, com a pessoa amada,
com os amigos e com o médico —, cai sob a influência de apenas uma só pessoa ou de um número bastante reduzido de
pessoas, cada uma das quais se torna enormemente importante para ele.

Ora, quando se fala de psicologia social ou de grupo, costuma-se deixar essas relações de lado e isolar como tema de
indagação o influenciamento de um indivíduo por um grande número de pessoas simultaneamente, pessoas com quem
se acha ligado por algo, embora, sob outros aspectos e em muitos respeitos, possam ser-lhe estranhas. A psicologia de
grupo interessa-se assim pelo indivíduo como membro de uma raça, de uma nação, de uma casta, de uma profissão, de
uma instituição, ou como parte componente de uma multidão de pessoas que se organizaram em grupo, numa ocasião
determinada, para um intuito definido.

Uma vez a continuidade natural tenha sido interrompida desse modo, se uma ruptura é assim efetuada entre coisas que
são por natureza interligadas, é fácil encarar os fenômenos surgidos sob essas condições especiais como expressões de
um instinto especial que já não é redutível — o instinto social (herd instinct, group mind), que não vem à luz em nenhuma
outra situação.

Contudo, talvez possamos atrever-nos a objetar que parece difícil atribuir ao fator numérico uma significação tão grande,
que o torne capaz, por si próprio, de despertar em nossa vida mental um novo instinto, que de outra maneira não seria
colocado em jogo. Nossa expectativa dirige-se assim para duas outras possibilidades: que o instinto social talvez não seja
um instinto primitivo, insuscetível de dissociação, e que seja possível descobrir os primórdios de sua evolução num círculo
mais estreito, tal como o da família.

Embora a psicologia de grupo ainda se encontre em sua infância, ela abrange imenso número de temas independentes e
oferece aos investigadores incontáveis problemas que até o momento nem mesmo foram corretamente distinguidos uns
dos outros. A mera classificação das diferentes formas de formação de grupo e a descrição dos fenômenos mentais por
elas produzidos exigem grande dispêndio de observação e exposição, que já deu origem a uma copiosa literatura.
Qualquer pessoa que compare as exíguas dimensões deste pequeno livro com a ampla extensão da psicologia de grupo,
poderá perceber em seguida que apenas alguns pontos, escolhidos dentre a totalidade do material, serão tratados aqui.
E, realmente, é em apenas algumas questões que a psicologia profunda da psicanálise está especialmente interessada.

Freud começou o livro Psicologia de grupo e análise do ego com um resumo sobre o tema da psicologia de grupo em
profundidade. Ele começa o trabalho resumindo o trabalho de um renomado sociólogo de seu tempo. Freud concorda
com muito das teorias desse sociólogo, conhecido como Le Bon. Ele argumenta que o indivíduo ganha imenso poder de
associação com um grupo. Consequentemente, ele postula que o indivíduo sente uma segurança na massa.
Freud argumenta que um indivíduo tira a segurança de ser parte de um grupo. No entanto, este sentimento de
pertencimento leva a uma perda dos indivíduos conscientes. Assim, quaisquer sentimentos dentro do grupo tendem a ter
uma grande influência sobre eles. Os sentimentos que são transferidos para o indivíduo da massa são então ampliados e
retornados ao grupo.

Freud procura examinar em detalhes, esse efeito que uma enorme massa de pessoas tende a ter sobre o indivíduo. Ele
procura examinar como os sentimentos e pensamentos de completos estranhos podem acabar tendo um impacto tão
significativo sobre um indivíduo.
Freud se refere fortemente ao trabalho de Le Bon. As duas idéias mais significativas que ele empresta é que;

1. Em primeiro lugar, o grupo parece trabalhar em harmonia. Consequentemente, um único incidente dentro do grupo
reverbera em todo o grupo e influencia sua ação. No entanto, se o mesmo indivíduo for colocado em isolamento, seu
comportamento e maneirismo seria completamente diferente de como ele reage no grupo.
2. Em segundo lugar, ele também levanta o ponto proposto por Le Bon, onde um grupo é um ser formado para um
determinado propósito.
3.
Mais tarde, ele continua citando Le Bon em suas teorias sobre hipnose e contágio na psicologia de grupo. Ele descreve
esse contágio como o efeito que um indivíduo do grupo tem sobre os outros membros que estão no grupo. Ele também
está de acordo com a afirmação de Le Bon de que o grupo faz com que o indivíduo expresse seus desejos mais íntimos
sem quaisquer inibições. Assim, ele sugere que o indivíduo no grupo é dirigido por instintos primitivos, algo que não
seria possível se o indivíduo estivesse em isolamento. Consequentemente, ele usa isso como uma explicação de por que
indivíduos que normalmente ficariam calmos se tornam violentos e incontroláveis em grupos. É porque a psicologia de
grupo desenha o ser primal neles.

Ele então volta a atenção de Le Bon para o grupo. Ele argumenta que um grupo é altamente influenciado por imagens e
altamente incontrolável. Além disso, ele argumenta que o grupo, como um ser é impulsivo e muito intolerante. Ele
argumenta que a única maneira de controlar o grupo é através de extremos. Segundo ele, o grupo só escuta os extremos
de qualquer coisa. Além disso, ele propõe que o grupo deseja ser governado. No entanto, ele observa que Le Bon não
explora muito a questão da liderança dentro do grupo, mas ele está impressionado com a descrição de Le Bon do líder
tendo uma influência hipnótica sobre a massa.

Freud aprofunda ainda mais a questão da liderança, que ele considera que Le Bon não destaca adequadamente. Isso é
porque ele quer encontrar o que é que mantém o grupo em conjunto. Ele postula que os relacionamentos baseados
principalmente na emoção do amor são a chave para colar os indivíduos juntos no grupo. Ele sugere que, para que o
indivíduo se misturar com o grupo, ele tem que desistir de alguma coisa. Consequentemente, o indivíduo abandona seus
gostos e inibições individuais que compõem sua personalidade. Desta forma, ele é capaz de lidar com as demandas do
grupo.
A fim de identificar o que realmente mantém o grupo unido, ele começou um exame cuidadoso dos exércitos e da igreja.
Ele postula que os indivíduos são coagidos a se unir a esses dois grupos. No entanto, desertar de tal grupo tem um
enorme custo para o indivíduo. Ele também observa que um único indivíduo mantém esses grupos juntos. Na Igreja,
Cristo é o líder e seu amor é igual a todos os seus seguidores. Ele sugere que essa crença na igualdade de amor é
fundamental para manter a coesão no grupo. Devido a isso, os indivíduos são capazes de se unir uns aos outros. Na
verdade, Freud observa que as pessoas na igreja tendem a considerar-se como família. No exército, ele observa que essa
estrutura é a mesma. A única diferença é que esta estrutura é dividida em diferentes tipos de unidades.

Ele observa que igrejas e exércitos representam grupos de longo prazo. No entanto, ele afirma que há outro grupo que é
de curta duração e destinado a um determinado propósito. Ele acrescenta que ambos ainda são os mesmos e a dinâmica
do grupo são todos bastante semelhantes. Para que um indivíduo supere seu próprio narcisismo e se torne parte de um
grupo, aprofunda a discussão sobre identificação. Ele argumenta que todos os indivíduos se identificam entre si no grupo.
No grupo, e o indivíduo volta à sua natureza primitiva. Durante este período, ele argumenta que a horda primal foi
mantida no lugar por um sentimento de unidade, não houve pensamento individual e todos os indivíduos fluíram como
uma onda (lembra do filme?).

Para o fechamento deste trabalho, ele retorna ao argumento sobre a horda primal. Ele argumenta que, durante esse
agrupamento primitivo, a figura paterna forçou seus filhos a um grupo negando-lhes os privilégios de acasalamento.
Consequentemente, esses filhos se aglomeraram e mataram o pai por esse direito. No entanto, com o pai morto, um
indivíduo teve de dominar a coragem e libertar do grupo. Ao fazê-lo, ele assumiu o manto de liderança da tribo.

Mal estar na Civilização


Nos parágrafos introdutórios de O Mal-Estar na Civilização, Sigmund Freud tenta compreender o fenômeno espiritual
chamado de “sentimento oceânico” – o sentido de infinitude e unidade sentido entre o ego e o mundo exterior. Este
sentimento é “um fato puramente subjetivo, e não um artigo de fé.” Ele não indica uma lealdade a uma religião
específica, mas em vez disso aponta para a origem do sentimento religioso de seres humanos. Igrejas e instituições
religiosas são hábeis em canalizar esse sentimento em sistemas de crenças, mas não podem criá-lo.

Em geral, o ego se percebe com a manutenção de “linhas nítidas e claras de demarcação” com o mundo exterior. Esta
distinção entre interior e exterior é uma parte crucial do processo de desenvolvimento psicológico, permitindo ao ego
reconhecer uma “realidade” separada de si mesmo. Após resumir sua pesquisa anterior, Freud retorna à questão do
“sentimento oceânico”, achando pouco convincente como uma explicação para a origem do sentimento religioso dos
seres humanos. Em vez disso, de acordo com Freud, é um desejo de proteção paterna na infância que continua
sustentando na vida adulta um “medo do poder superior do Destino.”

Em Futuro de uma Ilusão, Freud lamentou a preocupação do homem comum com o “pai extremamente exaltado”
encarnado por Deus. A ideia de “subornar” um ser supostamente mais elevado para recompensas do futuro parece
totalmente infantil e absurda. A realidade é, no entanto, que as massas de homens persistem nesta ilusão durante
toda sua vida. De acordo com Freud, os homens apresentam três principais mecanismos de enfrentamento para
contrariar a sua experiência de sofrimento no mundo:

1. 1- A deflexão de dor e decepção (através de distrações previstas);


2. 2- Satisfações substitutivas (principalmente através da substituição da realidade por arte);
3. 3- Substâncias entorpecentes.
4.
Freud conclui que a religião não pode ser claramente categorizada dentro deste esquema.

O que o homem deseja atingir na vida? A crença religiosa se desdobra sobre esta questão central. No imediato, o homem
se esforça para ser feliz, e seu comportamento no mundo exterior é determinado por este “princípio do prazer“. Mas
as possibilidades de felicidade e prazer são limitadas, e mais frequentemente experimentamos infelicidade das três
fontes seguintes:

1. O nosso corpo;
2. O mundo exterior;
3. As nossas relações com outros homens.
4.
Nós empregamos várias estratégias para evitar desagrado: isolamento voluntário, integração como um membro da
comunidade humana (ou seja, contribuição para um esforço comum), ou influência no nosso próprio organismo. A
religião dita um caminho simples para a felicidade. E, assim, poupa as massas de suas neuroses individuais. Freud vê
também alguns outros benefícios na religião.

Depois de olhar especificamente a religião, Freud amplia sua investigação sobre a relação entre civilização e miséria. Uma
de suas principais afirmações é que a civilização é responsável por nossa miséria: nos organizamos em sociedade
civilizada para escapar do sofrimento, só para infligir-lo de volta sobre nós mesmos. Freud identifica três eventos
históricos importantes que produziram essa desilusão com a civilização humana:

1. a vitória da cristandade sobre religiões pagãs (e consequentemente o baixo valor colocado sobre a vida terrena na
doutrina cristã);
2. a descoberta e conquista de tribos e povos primitivos, que pareciam aos europeus estarem vivendo mais felizes em um
estado de natureza;
3. Identificação científica do mecanismo de neuroses, que são causados pelas exigências frustrantes colocadas sobre o
indivíduo na sociedade moderna.
4.
Um antagonismo para com a civilização se desenvolveu quando as pessoas concluíram que apenas uma redução dessas
exigências – em outras palavras, a retirada das imposições da sociedade – levaria a uma maior felicidade.

Freud define a civilização como a soma total das realizações humanas e regulamentos destinados a proteger homens
contra a natureza e “ajustar suas relações mútuas.” O “passo decisivo” em direção à civilização reside na substituição do
poder do indivíduo pelo da comunidade. Esta substituição, doravante, restringe as possibilidades de satisfação individual
nos interesses coletivos da lei e da ordem.

Aqui Freud faz uma analogia entre a evolução da civilização e o desenvolvimento libidinal do indivíduo, identificando três
fases paralelas, em que cada um ocorre:

1) carácter de formação (aquisição de uma identidade);

2) sublimação (canalização da energia primal para outras atividades físicas ou psicológicas);

3) não-satisfação / renúncia dos instintos (enterro de impulsos agressivos no indivíduo; imposição do Estado de direito na
sociedade).
Mesmo que uma das principais finalidades da cultura humana seja a de vincular impulsos libidinosos de cada homem
aos dos outros, ao amor e a civilização, eventualmente, eles entram em conflito uns com os outros. Freud identifica várias
razões diferentes para este antagonismo mais tarde. Por um lado, unidades familiares tendem a isolar-se e impedir que
os indivíduos se desprendam e amadureçam por conta própria. Civilização também solapa a energia sexual, desviando-a
em empreendimentos culturais. Ela também restringe escolhas de objetos de amor e mutila nossas vidas eróticas. Tabus
(por exemplo, contra o incesto), leis e costumes impõe mais restrições.

Freud argumenta que o antagonismo da civilização em relação à sexualidade surge da necessidade de construir um
vínculo comum com base em relações de amizade. Se a atividade da libido fosse autorizada a correr desenfreada, é
provável que destruiria o amor da relação monogâmica do casal que a sociedade tem endossado como o mais estável.

Freud pega como próximo objetos o mandamento de “Ama o teu próximo”, porque, ao contrário do ensino bíblico, ele
chegou a ver os seres humanos como essencialmente agressivos ao invés de amorosos. Ele identificou pela primeira vez
essa agressividade instintiva em Além do Princípio do Prazer, e embora a sua proposta de “pulsão de morte” tenha
sido inicialmente recebida com ceticismo, ele mantém e desenvolve a tese aqui.

Civilização é continuamente ameaçada de desintegração por causa desta inclinação para a agressão. Investe grande
energia em restringir esses instintos de morte, e atinge este objetivo através da instalação de uma espécie de agência de
vigilância dentro do indivíduo, o que Freud chama de superego, para dominar o nosso desejo de agressão. Para Freud,
toda a evolução da civilização pode ser resumida como uma luta entre Eros (a pulsão de vida) e Tânatos (pulsão de
morte), supervisionada pelo superego.

Com a criação do superego vem um sentimento de má consciência. A moralidade social é internalizada, o onisciente
superego regula nossos pensamentos e ações, enquanto que antes da sua instalação, os indivíduos só tinham que
submeter-se a uma autoridade superior por medo da punição (como pais).

Há duas fontes de culpa:

1) medo da autoridade 2) medo do superego

Neste último caso, a renúncia do instinto não liberta o indivíduo da sensação de culpa interna que o superego continua a
perpetuar. Por extensão, a civilização reforça o sentimento de culpa para regular e acomodar os números crescentes de
relações entre os homens. Torna-se uma força mais repressiva que indivíduos acham cada vez mais difícil de
tolerar. Freud considera esse crescente sentimento de culpa o “problema mais importante no desenvolvimento da
civilização“, uma vez que leva um enorme pedágio na felicidade dos indivíduos.

No último capítulo, Freud esclarece o uso de termos aparentemente intercambiáveis:

 o “superego” é uma agência interna cuja existência foi inferida;


 “Consciência” é uma das funções atribuídas ao superego, para vigiar as intenções e ações do ego;
 “Sentimento de culpa” designa a percepção de que o ego tem de ser vistoriado e surge da tensão entre os seus próprios
esforços e as demandas (muitas vezes excessivamente severas) do superego.Ela pode ser sentida antes da execução do
ato culpado, enquanto que “remorso” refere-se exclusivamente a reação após a agressão levada a cabo.

Finalmente, Freud enfatiza novamente o instinto de agressão e autodestruição como o grande problema que a civilização
enfrenta, tal como se manifesta no “tempo presente”. Ele termina perguntando: qual a força – o “Eros eterno ou o seu
potente adversário (Tânatos) – que prevalecerá
Explicacao Aula
Freud não se satisfaz com as explicações já existentes sobre o que desfaz a coesão de um grupo: ou a fascinação que
exerce um líder.

“Ele vai estudar a psicologia das massas de uma outra forma, voces sabem que a maioria das psicologias ou estudos
antropológicos e sociais estudam os grupos o observando como um todo, como o grupo funciona observando o grupo a
psicanálise não faz isto, Freud vai lançar um olhar de estudo do grupo a partir do sujeito, do individuo, é algo individual,
singular, existe esta diferença do olhar psicanalítico para as outras abordagens que observam o grupo sempre num todo”
· Demonstra que apenas uma ligação afetiva – o amor – tem condições de superar os narcisismos individuais e o ódio
que separa uns dos outros.

“Ele vai falar que o liga uma pessoa a outros membros do grupo é a relação de amor, de afeto, de libido que ela
estabelece com o próximo, então é claro que um grupo só vai ser unido se existirem interesses em comum, isto é fato,
quando existe qualquer tipo de desinteresse ou divergência o grupo é separado, porque quando existem diferenças nós
somos motivados a funcionar pelo nosso narcisismo então tudo aquilo que se diferencia do meu pensamento eu me
afasto, isto é uma característica humana”.

· É a identificação do indivíduo com o líder e a identificação dos indivíduos entre eles que criam a coesão de um grupo, e
a perda dessa ligação afetiva é a causa de sua dissolução, como se constata no pânico. Mas a ligação ao líder é também
uma ligação fundada na idealização.

“Freud vai falar que são múltiplas identificações e a identificação é o processo mais antigo registrado pela psicanalise
porque ela acontece desde quando o sujeito vem ao mundo, o bebe nasce e para a identidade dele é construída a partir
das identificações que ele faz com as pessoas e o meio, futuramente se identifica com o professor, com o cuidador, coma
comunidade, enfim, o meio em que está inserida faz múltiplas identificações e constrói a personalidade dela, então o
grupo só se mantem porque existe identificação entre os sujeitos, eles são mutuamente identificados entre si.

Além das identificações existe um ideal, o líder geralmente ocupa um ideal daquilo que eu quero ser ou daquilo que eu
não tive e aí temos um líder ocupando a função de ideal de eu, o que o outro cobra de mim, o que a sociedade quer que
eu seja e o líder representa todos estes valores concretamente porque ele é idealizado, é colocado num pedestal e existe
também questões primitivas, edípicas, infantis, sindidas; para existir uma liderança você sempre tem que ter uma
ambiguidade, porque o nosso aparelho psíquico é movido pela ambiguidade e Melaine Klain vai falar isto brilhantemente
quando ela fala do seio bom e do seio mal, então você tem que ter sempre um lado muito bom e o um lado muito mal,
porque você adere um e odeia o outro trata com hostilidade e outro, aí a liderença faz sucesso, para existir uma liderança
forte tem que existir essa ambiguidade dos dois lados, porque eu tenho uma tendência a aderir a um lado e hostilizar
completamente o outro, aí os nossos instintos de destrutividade e agressão que são representados pela pulsão de morte
são ativados”

“Freud dá exemplos de relato de guerra que quando você quer dizimar um exercito você explode uma bomba no meio e o
exercito fica todo espalhado, é o que eles chamam de efeito manada, quando tem uma situação de pânico ninguém mais
consegue ouvir os comandos do capitão, vai correr cada uma por si, quando tem uma situação de pânico que implica a
integridade da própria vida o ser humano se torna bastante individual, então o grupo não se mantem, porque temos uma
libido voltado para o eu e cada um teria que salvar a própria vida”

· O indivíduo atraído por esse ideal, geralmente possui um ego fragilizado, a ponto de que o “ideal do ego”
representado pelo líder do grupo assume o lugar do “ego” de cada indivíduo.
“Se o sujeito tem um eu fraco, uma constituição fraca, é claro que ele tende a aderir as idéias do líder com muita
facilidade, é o que acontece nos regimes ditatoriais, o ditador só sob ao poder porque ele aproveita a situação de
fragilidade de um determinado contexto social, o que aconteceu na Alemanha nazista, o Hittler ascende ao poder porque
a Alemanha estava destruída com a primeira guerra mundial, sentimento de humilhação de fracasso, de perda, aí de
repente vem um sujeito que ocupa este ideal de pai salvador, que vai colocar ordem e recuperar os tesouros e territórios
da Alemanha é claro que com um discurso inteligente ele fez sucesso, mas nem todo líder é inteligente, Hittler era genial,
tinha uma estratégia de guerra extremamente articulada, tanto que fez o que fez, as vezes um líder só desperta os lados
regredidos, primivos infantis de uma cultura sem amadurecimento que coloca este sujeito num lugar pare representar
um líder de estado.

Um líder nem sempre desperta uma aspiração positiva, os lideres de facções terroristas eles querem através do ideal
deles exterminar o outro lado e para isto eles conquistam principalmente jovens, porque o jovem se encaixa
perfeitamente naquele contexto de um ego fragilizado, a adolescência é o estado da vida mais vulnerável, por isso que se
adere a movimentos, grupos, ideais extremamente extremistas.

Como as religiões sobrevivem? Através do jovem, porque o jovem tende a ser fanático, ai tem grupo de jovem disso
daquilo, porque ele compra a ideia e quer convencer todo mundo e ai de quem teimar, porque tem um ego
extremamente fragilizado e todo extremismo causa alienação, seja ele qual for, o que acontece nas facções terroristas,
existe uma manipulação de destruição do adversário, é um instinto muito mais destrutivo do que construtivo”

· Na igreja e no Exército prevalece a ilusão de que existe um chefe supremo, que ama com o mesmo amor todos os
indivíduos da massa. Tudo depende dessa ilusão; se ela fosse abandonada, imediatamente esses grupos se dissolveriam.

· Esse amor a todos é formulado expressamente por Cristo: “O que fizestes a um desses meus pequenos irmãos, a mim o
fizestes” [Mateus, 25, 40]. Ele se relaciona com os indivíduos da massa crente como um bondoso irmão mais velho, é um
substituto paterno para eles. · “O amor de Cristo nos une”.

“Esse ideal colocado pela imagem de Cristo resolve muitas coisas, como na análise do manuscrito que voces leram,
porque Cristo ao mesmo tempo que é pai também é irmão e ele ama a todos igual, por isso que se você tira a posição de
ideal...toda religião tem alguma coisa para acreditar, se você contesta isto a religião não se sustenta, o individuo é um
irmão mais velho e um substituto paterno para eles, como os indivíduos dentro de uma igreja se relacionam? Como
irmãos, se chamam como irmãos, mas ao mesmo tempo é um substituto paterno, é o líder representado pelo pastor,
pelo padre ou bispo, é um representante paterno que ativa as nossas fantasias infantis de cuidado de acolhimento por
isso as vezes a aderência à religião se dá de forma fanática, justamente porque vou em busca daquilo que eu não tive, e o
sujeito compra a ideia da religião com muita facilidade e torna-se extremista, por exemplo, aqueles terroristas que se
matam nas organizações sociais, aderem a esta ideia de um pai salvador, que é representado tanto pelo líder da facção
terrorista, quando pelo Deus Ala, que se eu explodir terei um lugar ao lado dele, cria-se esta ilusão, atende as
necessidades infantis de que o sujeito vai se encontrar e ser acolhido pelo pai quando morrer, por isso ele se mata, isto é
expressado pela frase bastante proferida pelos Cristãos que é O amor de Cristo nos une”.”

· No Exército o general é o pai que ama igualmente todos os soldados, e por isso eles são camaradas entre si.
“Se se dissolve esta ideia de que existe um favoristismo, uma preferencia do general sobre determinado soldado começa
a dar confusão, cria-se esta ilusão de exclusão e exclusão é ativada pelos nossos mecanismos edípicos de que nós somos
excluídos do casal parental, por isso é tão doloroso, por isso o sujeito não quer ser excluído de uma organização social,
cultural, familiar, etc”

· As neuroses de guerra, que desagregaram o exército alemão, foram reconhecidas como um protesto do indivíduo contra
o papel a ele imposto no exército. O tratamento sem amor que o homem comum recebia dos seus superiores estava
entre os maiores motivos da doença.
“Ele não tinha reconhecimento, as fantasias dele não eram sustentadas então a ficha caía, o que estou fazendo aqui?
Então tinha o surto psicótico, a neurose de guerra, tinha alguns que psicotizavam totalmente, ouviam bombas, vozes,
delírios persecutórios, soldado inimigo está construindo ele, todas estas construções típicas de uma fantasia persecutória
da psicose”

· Cada indivíduo se acha ligado libidinalmente ao líder, e aos outros indivíduos da massa.
“O líder une todos estes ideais e amarra os elos libidinais presente entre a população que adere as suas idéias, ele unifica
estes laços, por isso, que um sistema de liderança é sempre articulado por doutrina, a doutrina é que alimenta a
organização desta sociedade da massa”

· No pânico, as ordens superiores não são ouvidas e cada um cuida de si próprio. O medo originado pelo pânico
pressupõe o afrouxamento da estrutura libidinal da massa.

“Isto vimos no narcisismo, se o amor está investido no objeto e ele é espalhado entre os sujeitos do grupo, um sujeito é
ligado aos outros, este sujeito é ligado ao líder, enfim, que também são ligados ao líder, quando tem uma situação de
pânico o vinculo se quebra, o amor objetal é quebrado, a libido volta sobre o eu, por isso, numa situação de pânico você
não consegue ouvir nada, porque você se fecha na sua libido interior, está preocupado com sua própria vida, se fecha do
mundo externo, isto é comum. Por isso é muito comum você ouvir relatos de pessoas que passaram por tragédias
dizerem que não lembram de nada que estava acontecendo ao redor, porque ela se fecha e temos um retorno ao
narcisismo primário, a libido volta para o sujeito e ele está preocupado em salvar a própria vida, então uma das grandes
estratégias do exercito Alemão era explodir bombas aéreas, porque o povo ficava perdido”

· A desintegração de uma massa religiosa é mais difícil de observar (ideal superior em fantasia).
“Porque você não tem um alvo concreto para destruir, porque além de se preservar a imagem do líder, do bispo, do
padre, pastor, monge, enfim,você tem ai um ideal de fantasia indestrutível que é a figura mística ocupada por Deus, e
Deus de qualquer religião, isto é bem mais difícil de se destruir, porque é fantasistico, é simbólico, não tem como entrar
numa igreja e tentar desestruturar a ideia que sustenta a noção de que Deus existe e cuida de todos nós e une todo
mundo, é muito mais difícil de dissipar, fragmentar uma organização religiosa do que uma organização política, concreta,
porque não se sustenta, quantos regimes já vimos acabar por conta das organizações da massa, porque o ideal começa a
cair, a pessoa percebe que aquele sujeito não atende as suas fantasias, então todo mundo se une, o que aconteceu na
revolução francesa, mas também não foi o povo que se uniu, sempre tem um líder, uma cabeça para poder fazer a
revolução”

· Freud dá como exemplo a publicação de “When it was dark”. Com a publicação deste conto, o que vem à tona são os
impulsos implacáveis e hostis contra as outras pessoas, que devido ao amor comum a Cristo não havia se manifestado até
então. Neste exemplo, temos claramente um modelo da pulsão de morte do pensamento freudiano.

“É fácil perceber até que ponto o amor de Cristo nos une, por que se surge um sujeito com os ideais contrários aos
dogmas religiosos naquela instituição, ou ele vai ser excluído ou ele vai ser agredido, entra alguém num determiando
culto dizendo que não acredita em Cristo vão pegar e dar uma surra de bíblia nele no altar, no mínimo, e a plateia
gritando e adorando, poruqe alimenta a hostilidade humana, está todo mundo gostando daquilo, como acontecia na
Santa Inquisição”

· “No fundo, toda religião é uma religião de amor para aqueles que a abraçam e tende à crueldade e à intolerância para
com os não seguidores”.
· A psicanálise reconhece a identificação como a mais antiga manifestação de uma ligação afetiva a uma outra pessoa.
“Por isso ela une tanto as pessoas, porque se identificam entre si, porque um fâ clube é unido? Porque tem
representação através da representatividade do líder”
· Freud afirma que a ligação recíproca dos indivíduos da massa é da natureza dessa identificação através de algo
importante em comum.
“Isto é fato, você começa a descobrir coisas que não são mais em comum e sai do grupo, você vai descobrindo que os
ideais não se sustentam e vai migrando até encontrar um que atenda seus ideais”
· Pode ocorrer a identificação do sujeito com o objeto renunciado ou perdido ( a criança que perde o seu gato e começa a
agir como se fosse um).

“Quando você não tem ou perde o objeto você se transforma nele. Voce esta um relacionamento há dez anos e termina o
relacionamento, daqui a pouco você se pega fazendo muito mais coisas que o outro fazia do que você próprio, porque
inconscientemente isto é uma forma de defesa de lidar com a falta, não sinto falta daquilo que eu tenho, é uma das
maiores sacadas de luto e melancolia onde ele escreve: A sombra do objeto recai sobre o eu no depressivo, o sujeito não
tem o objeto e não tem mais eu, por isso ele deprime, porque o objeto toma conta dele psiquicamente falando, ele fica
tão aprisioando ao objeto que o eu vai embora, não tem mais eu, por isso uma depressão extrema não tem criatividade,
produção.

Obviamente começamos apensar como esta dinâmica funciona dentro de um estado de organização de liderança, o líder
vem ocupar o lugar do objeto ou que eu não tive ou que eu gostaria de ter tido, muitas vezes a pessoa adere aos ideais do
líder porque é uma mãe cuidadora, um pai provedor, o discurso dele vem disto, foi o que aconteceu com os Alemães, eles
colocaram Hitler la em cima porque o discurso dele era extremamente inteligente, atendia as necessidades afetivas dos
Alemães recém traumatizados da primeira guerra.

Todo regime absolutista começa aproveitando a fragilidade de uma sociedade, assim assim ascende muito rápido ao
poder. Essa questão do sujeito que perde o objeto e se transforma nele , podemos ver também no luto, é muito comum
você perder um ente querido e se pega fazendo coisas que ele fazia, ouvindo coisas que ele ouvia, comendo coisas que
ele gostava, é uma defesa inconsciente que você tem para lidar com a falta, você se transforma no objeto para superar a
perda dele, este é um mecanismo nosso de defesa”.

“A sombra do objeto recai sobre o eu”. O eu não consegue mais se desenvolver, porque ele é dominado pela sombra do
objeto, por aquilo que você perdeu”

O mal-estar na civilização (1930) – itens I e V

· É o texto que encerra a trilogia iniciada em A questão da análise leiga (1926) e prosseguida com O futuro de uma ilusão
(1927).

· Freud reafirma que o sentimento religioso tem uma origem estritamente ancorada apenas na psicologia individual.
“Coisa que outros autores não falam, quando você estuda uma religião você estuda o grupo, o que faz o grupo acreditr e
defender determinada religião, para a Psicnálise não, é o estudo individual, a relião ocupa um lugar narcísico das nossas
fantasias edípicas, das nossas fantasias pessoais que alimenta o nosso narcisismo, por isso, que você defende
determinada coisa”

· O escritor Romain Rolland se refere à um sentimento oceânico, ligado à origem da religião. Aquele sentimento
relacionado à sensação de eternidade, um sentimento de algo ilimitado, sem barreiras, como o oceano.

“É uma resposta do Freud ao Romain Rolland, Freud fala, será que é verdade que a religião representa um sentimento
oceânico? Será que ela não só alimenta as nossas expectativas narcísicas, a nossas fantasias infantis, será que de fato é
verdade? O que é um sentimento oceânico? É aquele sentimento relacionado a sensação de eternidade, um sentimento
de algo ilimitado, sem barreiras, como o oceano, a religião ocasiona esta sensação, porque você se sente potente,
invencível, a mística que envolve a crença coloca isto sobre o sujeito” Sustenta o ideal narcísico na imortalidade do
sujeito”
· O equilíbrio aparente na sociedade se dá pelo conflito fundamental entre pulsão de vida e pulsão de morte (que Freud
acredita cada vez mais).

“Para o individuo viver em sociedade ele tem que equilibrar a pulsão de vida e a de morte no seu interior e abdicar dos
seus próprios desejos, das suas próprias vontades, por mais que sejamos movidos pelo nosso institno de morte,
agressivos, você não pode sair socando a cara de todo mundo, a lei e a ética da organização vem dar uma segurada
nestes instintos agressivos, se não você não vive em sociedade, mas ele fala que sempre vai existir um mal estar na
civilização porque o tempo todo precisamos abdicar dos nossos desejos e vontades, não tem como ser 100% feliz
abdicando dos seus desejos e suas vontades.

O mal estar na civilização é predominante, porque ora você abdica dos seus desejos de eros e ora você abdquica das suas
pulsões de tanatos de destruição e de amor, por isso que nas sociedades onde a lei é rigorosa, por mais que você tenha
uma organização funcional mais prática você tem mais adoecimentos, porque ao mesmo tempo que você tem uma lei
rigososa você tem a introjeção de um super ego que vai te cobrar muito, o que acontece com os japoneses, não pode
isso, não pode aquilo, o maior índice de suicídios é no japão porque não se permitem fracassar, não sabem lidar com a
frustração e se matam” O mal estar na civilização é consequência de uma sociedade narcísica, do espetáculo, onde você
tem que mostrar, ostentar, enfim, e as pessoas não dão conta disto”.

· O conflito a que se assiste na realidade exterior entre indivíduo e civilização tem sua contrapartida no conflito que se
trava dentro do psiquismo de cada pessoa: o conflito entre as exigências do superego e o ego.
· Para Freud, o sentimento de culpa inconsciente que resulta desse conflito, é a origem do mal-estar na civilização.
· Freud escreveu esse texto durante suas férias de verão de 1929. Essa obra costuma ser vista como um testamento
sociológico sombrio, porém lúcido.

· Em 29 de outubro de 1929, tivemos a quebra da Bolsa Nova Iorque e o início da Grande Depressão. Um ano mais tarde,
em setembro de 1930, o partido nazista começa a tomar força.

· Em uma carta a Arnold Zweig (7 de dezembro de 1930). Freud comentará abertamente o seu pessimismo: “Caminhamos
para tempos sombrios. Eu não deveria me preocupar com isso, dada a apatia da velhice, mas não posso deixar de sentir
pena de meus sete meninos”.

· Freud observa que no início da vida, o bebê ainda não diferencia seu ego do mundo exterior, e é o contato periódico
com o seio materno que lhe permite descobrir progressivamente que existe um objeto situado fora do seu ego.
“ A mãe vai apresentar o mundo em pequenas doses para o bebe e ele vai aprendendo a lidar com o mundo externo, ele
sai do narcisismo primário e começa a fazer relação de objeto, esta transição é necessária para esta passagem do interno
para o externo”

O narcisismo começa desde o inicio da vida porque ele é a satisfação libidinal no próprio corpo então você não precisa de
objeto para satisfazer seu prazer, Winiccot vai falar que quando o bebe está com fome e o seio chega ele se acha criador
do seio, Winiccot fala que não existe bebe, existe uma fusão de bebe e mãe, o bebe não existe sozinho, a mãe é uma
continuidade do eu do bebe então ele desenvolve o conceito de mae suficientemente boa, é aquela que cuida nas doses
certas, deixa faltar nas doses certas e equilibra isto; a sociedade romantiza o conceito de mae suficientemente boa, não é
aquela mãe que faz tudo, isto é uma mae suficientemente ruim porque não permite que o bebe de desenvolva, ela barra
o desenvolvimento do ego, uma mae que faz demais pelo bebe não é uma mãe boa. Para Freud o seio da mãe é um
objeto, o narcisismo primário é no corpo dele, o seio da mãe já é objeto, vai saindo do narcisismo primário para o
secundário. Até 3 ou 4 anos o narcisismo primário é saudável, depois já não, até 3 anos a criança é egocêntrica, traz
traços do narcisismo primário, não divide as coisas, bate o pé quando contrariada, mas uma criança de 9 anos fazer isto já
está dodoizinha”
· As experiências precoces de sofrimento e insatisfação, fazem o bebê expulsar para fora de si aquilo que é fonte de
desprazer, e a conservar em si o que é fonte de prazer.

“Todo nosso movimento vital é sempre em busca do prazer e isto explica muitas coisas, porque quando a coisa está chata
a gente foge você evita, não quer, não vai, e quando a situação te oferece prazer você vai, isto é uma defesa nossa em
busca do prazer, seja da pulsão de eros ou da pulsão de tanos, quando falo para voces que o ser humano gosta de ver
séries agressivas e destrutivas é porque é uma satisfação simbólica da pulsão de tanos, de morte”
“Se a pulsão de morte não é refletida para fora ela recai sobre o sujeito ai você tem a auto mutilação, auto sabotamento,
auto agressão, se você não exterioriza isto recai sobre o eu, suicidio é um exemplo disto para o Freud se você não é capaz
de jogar a pulsão para fora você não mata o outro, mas mata a si próprio, é o seu desejo de matar o outro, por isso,
suicídio é tão agressivo para quem fica”

· O homem não é apenas esse ser indulgente que se defende quando é atacado, ele é também um ser agressivo.
· Freud lembra que os romanos já diziam: Homo homini lúpus (o homem é um lobo para o homem).

“Não fica achando que o ser humano é bom porque não é”

· “Essa tendência à agressão, que podemos descobrir em nós mesmos e que temos bons motivos para supor que existia
no outro, constitui o principal fator de perturbação em nossas relações com nosso próximo: é ela que impõe à civilização
tantos esforços”.

“Controlar a sua agressividade é muito difícil, mas para viver socialmente precisa, por isso a lei existe, por mais que a
sociedade funcione perante a lei isto não impede o adoecimento, impede a criminalidade, mas as pessoas adoecem tanto
quanto, é claro que com o passar do tempo você vai simbolizando isto, por exemplo, na Europa a lei é muito mais
rigorosa que no Brasil e eles já introduziram isto, vivem muito bem com as leis.

· Por esse motivo a civilização deve fazer tudo para limitar a agressividade humana e instaurar uma ética se não quiser ser
destruída.

“Maria Rita Kel tem um livro que se chama ética em psicanálise, este livro é fantástico, ela tem uns questionamentos
incríveis”
· Ai se prega um ideal: o de amar o próximo como a si mesmo.
“Esquece, porque não ama mesmo”
· Narcisismo das pequenas diferenças.
“Prequenos grupos que surgem atraídos pelos seus ideais narcísicos por isso temos as divergências de grupo dentro de
uma sociedade, que tem a mesma lei, a mesma ética, são atraídas pelos seus narcisismos particulares”
“É um texto super atual, o que é o mal estar na sociedade?”
AULA 13: Leitura Obrigatória: FREUD, S. Recomendações ao médico para o tratamento psicanalítico (1912).
In: Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017. (Obras incompletas de
Sigmund Freud,6). FREUD, S. Caminhos da terapia psicanalítica (1919 [1918]). In: Fundamentos da clínica
psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017. (Obras incompletas de Sigmund Freud, 6).

Nesse texto Freud ainda faz recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, mas em “A questão da análise leiga”
ele mesmo discute se a análise deveria ou não ser exclusividade dos médicos. Embora a Psicanálise tenha origem na
medicina (Freud era neurologista), ela não é uma prática exclusiva de profissionais com essa formação. Desse modo, leia
as “recomendações ao médico que pratica a psicanálise” como dirigidas aos analistas em geral.

Freud propõe regras técnicas para o exercício da psicanálise. Muitas delas unem-se em apenas uma prescrição.

a) Pode parecer difícil para o analista manter na memória e não confundir as inúmeras informações de diversos
pacientes. Contudo, a técnica sugerida por Freud é muito simples. Consiste unicamente em não querer memorizar nada
especificamente, e sim prestar a mesma “atenção equiflutuante” ao que se ouve.
A “regra psicanalítica fundamental” para o analisando é falar sobre tudo que vem à mente, sem criticar ou selecionar.
A contraparte do analista é lembrar de tudo igualmente. A regra para o médico é não permitir influências conscientes
em sua capacidade de memorização, e sim utilizar sua “memória inconsciente”, ou seja, ouvir o que for dito e não se
preocupar se vai se lembrar ou não de algo. O material se tornará disponível à consciência do médico assim que houver
uma contextualização.

b) Freud não recomenda que o analista faça anotações extensas, nem registros da sessão. Além de causar uma má
impressão em alguns pacientes, aqui valem os mesmos aspectos da memorização. Enquanto anotamos, selecionamos de
forma nociva o material, além de ocupar parte da própria atividade intelectual, que deveria ser melhor aplicada na
interpretação do que é ouvido. Exceções à regra são aceitas em casos de datas, resultados específicos relevantes ou
textos de sonho.

c) Caso a intenção seja usar o caso tratado em uma publicação científica, a anotação durante a sessão de análise seria
justificada. Porém, obtêm-se menos benefícios de registros do histórico analítico de um transtorno do que se poderia
esperar.

d) O trabalho analítico tem como um de seus méritos a coincidência entre pesquisa e tratamento, contudo há uma
oposição entre a técnica utilizada em um e a outra. O comportamento correto do psicanalista é se alçar entre
configurações psíquicas, não fazer especulações ou meditar enquanto analisa e só trabalhar o material obtido, por meio
do pensamento, depois do término da análise.

e) Freud recomenda que no tratamento psicanalítico se aja como, por exemplo, um cirurgião que, suspendendo seus
afetos e compaixão humana, tem como único objetivo estabelecido para suas forças psíquicas a realização da operação
da forma mais perfeita possível. Essa frieza necessária ao analistajustifica-se porque cria condições mais favoráveis para
os dois lados: oferece maior amplitude de assistência ao paciente e preserva a vida afetiva do médico.

f) Essas regras confluem no objetivo de produzir no psicanalista o contraponto da “regra psicanalítica fundamental”. O
médico deve ser capaz de interpretar o que foi dito e reconhecer o inconsciente oculto, sem selecionar as informações
por uma censura própria. Para isso, é necessária uma condição psicológica: o psicanalista não pode ter dentro de
si resistências, que repelem da consciência o material inconsciente, e provocam uma nova forma de seleção e
deformação da análise. Desse modo, é necessário que ele seja submetido a uma purificação psicanalítica e tome
conhecimento dos próprios complexos que podem atrapalhar a absorção do conteúdo exposto pelo paciente.
Os recalques do próprio analista são como pontos cegos em sua percepção analítica.
Como nos tornamos analistas? A análise dos próprios sonhos é suficiente para muitas pessoas, mas não para todas. Uma
boa recomendação é tornar-se analisando de um especialista. Se abrir diante de uma pessoa sem ser pressionado por
uma doença tem várias vantagens: podemos conhecer o oculto em nós em menos tempo e com menos esforço afetivo,
adquirimos convicções e impressões no próprio corpo inalcançáveis ao ouvir conferências ou estudar por livros, e temos
um ganho devido à relação psíquica que geralmente se estabelece com o guia. O analisando que souber valorizar o
autoconhecimento e o aumento do autocontrole adquiridos pode prosseguir o desbravamento analítico de si mesmo
como uma autoanálise. Aquele que negligenciar esse cuidado com o próprio psiquismo pode perder capacidade de
aprender com seus analisandos, e pode projetar na Ciência as particularidades de sua pessoa; isso pode levar descrédito
ao método analítico e induzir pessoas sem experiência ao erro.

g) A técnica afetiva que consiste em o analista mostrar seus próprios conflitos e defeitos psíquicos ao paciente não é
recomendável. Ela se aproxima dos tratamentos por sugestão, se afastando da psicanálise, e aumenta no analisando a
incapacidade de superação das resistências mais profundas. Essa técnica também pode fazer com que o paciente queira
inverter a situação, tendo mais interesse na análise do analista do que em sua própria.
A postura de intimidade do psicanalista pode dificultar um dos principais objetivos da terapia: a resolução da
transferência. Freud sugere que o analista deve ser opaco e, tal como um espelho, não mostrar ao analisando nada além
do que lhe é mostrado.

h) Outra tentação a ser evitada é a ambição educativa. O analista deve controlar-se ao apontar novos objetivos ao
doente, e ter tolerância perante a sua fraqueza. Nem todos são capazes de realizar bem a sublimação de suas pulsões,
portanto deve se ter cuidado ao indicar isso.

i) Deve-se ter cuidado com a cooperação intelectual do paciente, especialmente com aqueles que tendem a praticar
a intelectualização. A resolução dos mistérios da neurose se dá por meio da regra psicanalítica de trazer à tona os
materiais do inconsciente sem crítica. Freud não recomenda oferecer a literatura psicanalítica a pacientes ou seus
parentes, mas afirma que, no caso de internação em uma instituição, pode haver vantagem no uso da leitura para o
estabelecimento de um clima de influência e para a preparação dos analisandos.

Freud conclui exprimindo sua esperança de chegar a um consenso, por meio do progresso nas experiências dos
psicanalistas, sobre as questões da técnica a ser usada para o tratamento mais eficaz dos neuróticos.

Freud demorou a publicar esse texto, pois temia que virasse um manual de instruções da psicanalise, ele sempre
procurou rever e atualizar sua teoria que sempre disse não ser algo cristalizado e formatado, porém algumas sociedades
de psicanalise utilizam essas orientações como lei.

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