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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

BACHARELADO DE PSICOLOGIA

Andressa Bezerra dos Santos


Bruno Henrique Totti Esteves
Calvin Catta Preta de Albuquerque
Gustavo Mendes Giacominni
Priscila Santos de Oliveira

Crianças vítimas de maus tratos - Traumatogênese

7º Semestre Noturno

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................03
SANDOR FERENCZI – O TRAUMA E A CRIANÇA...........................06

CONCLUSÃO.....................................................................................10

ANÁLISES CRÍTICAS.........................................................................12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................16

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INTRODUÇÃO

Sándor Ferenczi psicanalista de origem Húngara foi o maior percursor da


clínica Freudiana, Ferenczi foi um dos poucos se não o único que fez objeções
diretas ao próprio Freud em relação a sua clínica, teoria e foi acatado, sendo seu
aluno junto ao pai da psicanálise elaborou novas propostas de tratamento depois
das observações feitas pelo seu aluno mais promissor após o rompimento com Carl
Gustav Jung e Karl Abraham.

No entanto Ferenczi foi convocado para servir nos campos de batalhas da


grande guerra, onde era médico e terapeuta dos soldados, e lá percebeu um novo
quadro de neurose, uma neurose que não dependia da infância. Ao retornar,
Sándor se propôs a elaboração de sua clínica e começou a teorizar e debater
novamente com Freud, Ferenczi desenvolve sua técnica sabendo que sim, traumas
também podem se instaurar durante a vida adulta e conforme sua latência, assim
como nas crianças existem saídas diferentes, seja ela obsessiva, histética ou
fóbica.

Ferenczi seguia o tripé freudiano, associação livre, manejo da transferência


seguindo os conceitos de neutralidade e abstinência e por fim a interpretação por
parte do analista, no entanto observou- se que paciente em quadros de neuroses
obsessivas mais graves, aqui podemos citar o caso Hans de Freud, concluiu- se
que este tripé não era suficientemente bom para o êxito do tratamento, então
elaboraram uma nova técnica, chamada de técnica ativa, até neste momento, tanto
Ferenczi quanto Freud conceituavam o trauma como algo exclusivo da infância,
após estudos percebeu- se que traumas não são sempre necessariamente sexuais,
com o seguimento dessa nova forma de tratamento mudou- se alguns conceitos da
clínica clássica, pois o principal desafio para os psicanalistas desta época era
quando a análise se estagnava e gerava resistência dos analisandos em relação
as interpretações dos analistas, em debate com a escola de Viena, mais
precisamente com Wilhelm Reich ao qual propunha a análise do caráter como
maneira de manejo da transferência e contratransferência de forma que o analista
não fossem apenas um quadro em branco onde projeta e introjeta as neuroses de
seu paciente, mas também permite simbolizar e concretizar atos, Ferenczi

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concorda com as afirmações narradas por Reich mas discordava em relação ao
tempo que esse passo era dado, acreditava que essa confrontação simbólica
deveria ser feita ao final da análise o que levou a aplicação da técnica ativa, assim
permitindo que os analistas fizessem objeções diretas aos pacientes, pois nota- se
que muitos sintomas se acomodavam ao caráter e por sequência o paciente usa
este caráter para modular a realidade e por isso esses traumas não eram mais
expostos a situações possivelmente transformadoras e ficam fossilizados no
indivíduo, as relações de trauma na infância têm muito deste manejo, pois após a
mudança da clínica e o esclarecimento que os traumas não tem necessariamente
natureza sexual, puderam olhar para as noções a partir dos escritos propostos por
Freud sobre o narcisismo primário.

Todo e qualquer indivíduo que teve a chance de adentrar ao mundo da


linguagem antes de tudo se caracteriza como um ser de necessidade, este ser de
necessidade será inscrito em um vasto e amplo campo de significantes que já
existem previamente antes mesmo de seu nascimento, se partimos que, a criança
se desenvolve a partir das expectativas do outro, este outro implica desejo, o seu
desejo sobre a criança, mas não de maneira orquestrada ou pensada previamente,
mas este desejo também é empurrado ao outro que espelha, neste ser de
necessidade que no caso é o bebê.

A criança se vê projetada em seu tutor, que na maioria das vezes é a mãe, e


através dela ocorre a identificação narcísica com este objeto e encarna uma
posição de domínio, pois isso a cativa, porém não existe subjetivação, esse sujeito
criança, não se reconhece ali, pois está apenas cativado nesse aspecto, sobre a
dependência desse outro, que não passa de um artificio simbólico da linguagem,
que pode regular as relações entre um eu e um eu ideal (NASIO 1997).

Podemos concluir brevemente, portanto que a centralização desse


simbolismo imaginário a respeito dos tutores se baseia em uma relação pelo gozo
do outro que é tomado como seu e centralizado em sentimento fálico de potência
que essa demanda entrega. O outro como espelho condecora a frase citada no
início, sobre o crescimento sobre uma expectativa, então esta linguagem de ordem
simbólica sustenta o narcisismo, organizado uma mediação entre o eu e o

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semelhante, entretanto para se revelarem tais símbolos tem de passar pelo suporte
corporal (NASIO 1997).

“A imagem do corpo representa o primeiro ponto de engate dos significantes e,


inicialmente,dos significantes da mãe. O modo como eles se inscrevem sobretudo a sucessão
das identificações determina as modalidades segundo as quais se farão as flutuações
libidinais”

Com esta breve introdução a respeito da necessidade da criança em relação


ao outro podemos relacionar tais demandas a respeito de quando isso é quebrado
de maneira abrupta, mais especificamente falando de abuso infantil, ao qual
Ferenzi discorreu a respeito do eu furado, quando ah um ato violento por parte de
alguém em direção a criança, ao qual a criança recorre a alguma entidade
entendida como superior e é desmentida, o tutor nega a criança e nega o abusador,
isso se manifesta de maneira avassaladoura e podemos condecora- lá em dois
momento, um momento antes do trauma, ao qual o trauma ainda não foi instaurado,
e o segundo ao qual já houve a negação dos fatos narradas, desmentindo a criança,
ao passo que neste segundo o trauma se instaura.

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SANDOR FERENCZI – O TRAUMA E A CRIANÇA

“Raspem o adulto e encontrarão a criança” Sándor Ferenzi, 1909.

No inicio dos anos de 1930 o médico e psicanalista Sándor Ferenczi, um


dos mais íntimos colaboradores de Sigmund Freud mergulhou em um dos assuntos
que já estava em seu rol de estudos a um bom tempo: A influência danosa que
figuras de poder e/ou cuidado podem exercer sobre a criança. Suas observações
iniciam nos atendimentos clínicos encaminhados pelos pares, principalmente por
Freud, pois eram casos considerados “severamente traumatizados” e que os
psicanalistas na época não entendiam como o tratamento da associação livre
poderia corroborar, e o Ferenczi que já era um grande estudioso e observador das
questões de traumas começa a desenvolver e estudar os casos de forma mais
aprofundada.

Ferenczi observou que os pacientes naquela condição descrita se


mostravam muito atentos aos sinais do analista, se estavam aprovando ou não os
atos, as manifestações de antipatia em contratransferência e aos estados de humor
e desejos deste. Também foi observado que estes pacientes aceitavam com
docilidade e compreensão as interpretações do analista, mesmo em estado de
confusão. Porém em sessões mais densas, em que se vivenciava situações que
ocasionaram profundo sofrimento, os pacientes protestavam de forma
desordenada, muitas vezes acusando o analista de ser frio, negligente e cruel.

Diante das observações dos casos que lhe iam sendo encaminhados, o
psicanalista foi criando diários clínicos que baseou suas obras, teorias e textos, um
dos destaques é sua teoria do trauma nas crianças e o texto “A confusão de línguas
entre adultos e crianças” que segue o tema do trauma, ambos serão abordados
neste trabalho.

No texto “A confusão de línguas entre adultos e crianças”, o autor enfatiza


as ideias sobre um trauma derivado da contraposição destas línguas, onde o idioma
da criança é o afeto e a ternura e do adulto é a paixão, o que cria um verdadeiro
abismo entre os sujeitos, a dimensão infantil do psiquismo funciona de acordo com

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a linguagem da ternura, lúdica, experimental e criadora, porém é dependente da
presença do outro para persistir no movimento de introjeção de sentidos para sua
existência, e o adulto em sua linguagem da paixão, tem uma dimensão psíquica
que assimila o recalque e incorpora a hipocrisia da vida social e apropria-se do
outro não para se desenvolver, mas para obter satisfação pulsional.

Nesta confusão que é promovida pelo encontro das linguagens, onde os


objetos são tratados de forma diversa, torna-se um potencial traumático que tende
a calar a criança em cada sujeito, paralisando seus processos introjetivos, onde a
recepção de afeto e ternura seriam potenciais a formação do sujeito é recebido
demandas que o anulam ou o traumatizam.

Ferenczi faz a análise dos traumas, em dois quesitos, sendo um como uma
cena traumática e um como um processo. No processo, incialmente, há dois
momentos, um duplo choque. No primeiro momento, não é o evento especifico
delimitado, mas o desencontro entre o que o psiquismo é capaz de suportar e o
que o meio oferece ou impõe, como exemplo a confusão de linguagens exposta
acima, uma vivência que toma o sujeito despreparado, seja porque confiava no
ambiente e este trai sua confiança, há uma estimulação externa que ultrapassa a
capacidade de contenção individual da criança, criando uma irrealidade uma
aniquilação dos sentimentos de sujeito de afeto. Já no segundo momento, é de
ordem diversa, um mecanismo especifico, o desmentido. Quando a criança sofre
violência e tenta comunicar sobre aquele primeiro choque, é invalidada,
desacreditada, negada, desmentidas por outros adultos. “O alvo do desmentido
pode ser o evento, mas não só, pode ser o sofrimento, mas não só, pode ser a
vulnerabilidade do sujeito, mas não só, pode ser a solidariedade, mas não só, pode
ser a existência de uma relação, mas não só”.

O traumatismo assim só se efetiva se o testemunho fosse desmentido por


um terceiro, deixando a vítima abandonada, sem ter com quem contar ou piorando
a situação quando a vítima além de tudo é punida e culpabilizada pela violência
sofrida. Após ser desmentida a criança é colocada em um cenário de abandono e
o único mecanismo de defesa que esta encontra é a “identificação com o agressor”,
neste mecanismo o objetivo é sobreviver psiquicamente ao traumatismo, adotando
a narrativa mentirosa do agressor, adaptando-se a uma realidade hostil, se
submetendo a ela. Este fenômeno ocorre através de uma clivagem narcísica do
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ego, onde a parte sensível é brutalmente destruída e a outra parte sabe o que
ocorreu verdadeiramente, porém nada sente.

Ferenczi em seus diários clínicos relata sobre momentos de exaustão do


tônus muscular, onde o individuo abandona a expectativa de ajuda externa e alívio,
ao render-se ao agressor faz algo parecido com o “fingir de morto” dos animais.
Como o aparelho psíquico tem a única função de reduzir tensões, evitando a dor,
no momento da morte do sentimento de sujeito os únicos sentimentos que sobram
é o do agressor, assim se identifica aos dele.

“uma tentativa inicial de defesa agressiva, aloplástica [de mudança do mundo] seja
efetuada, e somente quando confrontado com a completa percepção da própria
impotência e desamparo absolutos alguém se submeta inteiramente ao agressor ou
mesmo identifique-se com ele”.

O psicanalista tem a hipótese que quando o sujeito esta em um cenário de


incapacidade de apontar erros, o fracasso e a hipocrisia, sem capacidade de reagir,
o sujeito não encontra alternativa psíquica de identificar-se com a figura
dominadora de quem sente depender.

“Sentindo-se completamente sozinho, a agonia física e psíquica torna-se mais intensa e


conduz a uma clivagem do eu, que se faz acompanhar, paralelamente da identificação
com o agressor.”

Desta forma a conclusão é de que a identificação com o agressor é paralela


à clivagem do eu, inclusive tal identificação intensifica o processo de clivagem,
afirma que há um momento que a criança não é capaz nem de fitar o agressor nos
olhos, pois tal violência física ou simbólica é sentida como parte integrante do
sujeito, instaurando uma resistência passiva e que sobreviver exige a morte de algo
precioso do sujeito, o resultado é a formação subjetividades excessivamente
“adaptadas” pela clivagem, pelo vazio existencial e do empobrecimento da potência
vital do sujeito.

Como a maioria dos psicanalista o autor também se utiliza de uma metáfora


para expressar suas observações e conceitos, no caso do Ferenczi é a metáfora

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da fruta bichada, onde ele traz a questão do que acontece quando uma fruta que
ainda está no pé (ou seja dependendo ainda de um outro ser de apoio), é bicada
por um passarinho? A fruta acaba por amadurecer aceleradamente, antes do tempo
normal que precisaria, comparando assim com uma criança quando é exposta a
uma situação traumática, que terá que buscar recursos, no caso a clivagem, para
amadurecer de forma adaptada, vazia e empobrecida.

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CONCLUSÃO

A contribuição do renomado psicanalista Sandor Ferenczi para a


compreensão do trauma na infância é de suma importância para a psicologia e a
psicanálise. Ao longo de suas pesquisas e reflexões, Ferenczi trouxe à tona a
complexidade e a gravidade dos traumas vivenciados durante os primeiros anos de
vida.

Ferenczi reconheceu que as experiências traumáticas na infância têm um


impacto profundo no desenvolvimento psicológico da pessoa. Ele compreendeu
que o trauma na infância não se limita apenas a eventos isolados, mas também
pode surgir de experiências repetidas de negligência, abuso emocional ou físico,
ou até mesmo da ausência de um ambiente afetivo e seguro.

Uma das principais contribuições de Ferenczi foi a sua ênfase na


importância da relação terapêutica como forma de cura para o trauma. Ele enfatizou
a necessidade de uma abordagem mais ativa e empática por parte do terapeuta,
que oferecesse um ambiente de confiança e segurança para que o paciente
pudesse revisitar suas experiências traumáticas e elaborá-las.

Ferenczi também desenvolveu técnicas terapêuticas inovadoras, como a


técnica ativa, que buscava trazer à tona os afetos reprimidos e as memórias
traumáticas. Ele acreditava que somente através da expressão desses conteúdos
reprimidos seria possível aliviar o sofrimento psíquico do paciente e promover a
cura.

Além disso, Ferenczi reconheceu a importância da validação e da escuta


atenta das experiências traumáticas do paciente. Ele enfatizou que é fundamental
que o terapeuta acolha e compreenda o sofrimento da criança interior do paciente,
oferecendo-lhe um espaço de acolhimento e reconhecimento.

Portanto, à luz das contribuições de Sandor Ferenczi, podemos concluir


que o trauma na infância é um tema complexo e de extrema relevância na
psicanálise. Através de seu trabalho, Ferenczi trouxe uma compreensão mais
profunda sobre o impacto do trauma na vida de uma pessoa e enfatizou a
importância de uma abordagem terapêutica empática, ativa e sensível para auxiliar

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na cura e na superação das consequências psicológicas do trauma. Seu legado
continua a influenciar a prática clínica e a compreensão do trauma na infância,
oferecendo-nos um olhar mais humano e compassivo para os desafios enfrentados
por aqueles que carregam consigo essas experiências dolorosas.

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ANÁLISES CRÍTICAS

Andressa Bezerra dos Santos:

Após ler o trabalho sobre maus tratos na infância com as considerações do


psicanalista Sandor Ferenczi, pude compreender que ele foi um dos principais
seguidores de Freud, mas também teve algumas divergências com ele. Ferenczi
trouxe novas propostas de tratamento, especialmente após observar um novo tipo
de neurose durante sua experiência como médico e terapeuta de soldados na
guerra.

Uma das contribuições de Ferenczi foi reconhecer que traumas também


podem ocorrer na vida adulta, não se limitando apenas à infância. Ele desenvolveu
sua própria técnica de tratamento, conhecida como técnica ativa, que buscava lidar
com pacientes com neuroses obsessivas mais graves. Essa abordagem permitia
que os analistas fizessem objeções diretas aos pacientes, confrontando seus
sintomas e padrões de comportamento.

O texto também menciona a importância da linguagem e da relação com os


cuidadores na infância. A criança se desenvolve a partir das expectativas do outro,
principalmente da figura materna, e busca uma identificação narcísica com esse
objeto. No entanto, essa dependência do outro não permite uma verdadeira
subjetivação, e a criança não se reconhece como um sujeito separado.

É mencionado que quando essa relação simbólica é quebrada de forma


abrupta, como no caso de abuso infantil, ocorre uma profunda manifestação de
trauma. A criança recorre a uma entidade superior, geralmente o tutor, em busca
de apoio, mas é negada e desacreditada. Esse processo de negação pode levar à
instauração do trauma.

Em minha análise crítica, percebo que as contribuições de Ferenczi trouxeram


uma perspectiva importante para a psicanálise, reconhecendo que traumas não se
limitam à infância e propondo novas abordagens terapêuticas.

Quanto à minha experiência em fazer este trabalho, achei interessante as


trocas que o tema nos permitiu ter. Nos reunimos para discutir divergências e

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pontuar os tópicos a serem falados e aproveitamos o momento para essa troca de
compreensões acerca do assunto e das considerações de Ferenczi, no entanto,
reconheço que minha compreensão sobre psicanálise é limitada, e gostaria de me
aprofundar mais no assunto para ter uma visão mais abrangente e embasada.

Bruno Totti:

Atividade em grupo é sempre um desafio devido a dicotomia de abordagens


que temos contato, visando que estamos no 7º semestre de psicologia e temos
contato com uma variedade de intervenções, sucedendo em alguns que estão se
especializando nas áreas de preferência, devido a isto pudemos explorar um olhar
diferente sobre o tema abordado nesse trabalho, discussões essa que fomentaram
e moldaram o jeito o qual apresentamos o tema.

O tema abordado é sensível e de suma importância, o olhar que Ferenzi nos


proporcionou durante o caso foi um divisor de águas na minha graduação, pois até
então achava que Freud nunca tinha voltado atrás de sua teoria quando algum
terceiro opinou sobre tal, portanto esse olhar crítico e teórico me fez refletir sobre a
relação transferencial que acontece nas neuroses, traumas e como o analista
muitas vezes se torna parte do sintoma.

Calvin Albuquerque:
O trabalho em grupo nos proporciona uma forma de trabalhar bem diferente,
não que seja mais produtiva ou não, mas sim diferente, pois não é só uma divisão
de procedimentos, as vezes é trabalhoso fazer o grupo se enlaçar e criar um
trabalho. A maior vantagem sem dúvidas é poder ter a perspectiva de todos sobre
o tema, sobre o autor o que enriquece não só o trabalho, mas a nossa própria visão
sobre a psicanalise ou a psicologia mesmo.

O autor escolhido e o tema não era algo rotineiro para ninguém do grupo então
foi muito legal produzirmos juntos e conhecermos, criou várias discussões,
principalmente sobre a seletividade dos psicanalistas sobre quais autores e como
os temas foram tratados.

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Gustavo Mendes Giacominni:

Interessante perceber como a psicanálise pode enxergar um mesmo tema por


diversos espectros e linhas de pensamento que não necessariamente estão em
total acordo entre si. Digo isso porque, novamente ao realizarmos um trabalho em
grupo, nos deparamos em nossa pesquisa com a psicanálise desenvolvida por um
discípulo de Freud, o Sándor Ferenczi, que depois de um determinado período
passou a discordar em alguns pontos abordados pelo seu “mestre”.

Ambos os autores discutiram e teorizaram os traumas sofridos na infância e


seus desdobramentos na vida adulta, e nós enquanto grupo pensamos nisso ao
montar o esqueleto do trabalho: quais os impactos que os maus tratos sofridos na
nossa infância têm sobre nossa psique?

Ao ler os textos sobre a teoria de Ferenczi e posteriormente sobre o seu


manejo clínico – e como ele foi evoluindo no decorrer do tempo – meu interesse foi
tornando-se genuíno e passei a admirar alguns pontos da teoria e pensamentos do
autor. Interessa-me especialmente seu olhar e postura empática com seus
pacientes em sofrimento, e sinto que isso ressoou de forma muito positiva em mim,
me causando admiração.

Além disso, apesar de certa dificuldade com certos termos psicanalíticos, a


pesquisa focada no autor escolhido como base foi mais prazerosa do que outras já
realizadas, pois sinto que absorvi mais da teoria que foi pesquisada e discutida.

Por fim, a experiência de realizar o trabalho em grupo foi bastante positiva,


principalmente levando em consideração a última reunião que o grupo usou para o
alinhamento de ideias para a apresentação, gerando discordâncias em certos
momentos que logo eram resolvidas com o diálogo.

Priscila Oliveira:
Apesar das adversidades e choques culturas que é realizar um trabalho em
equipe como: opiniões divergentes, abordagens diferentes e até absenteísmo por
parte dos colegas, acredito que o objetivo proposto foi bem-sucedido. Consegui
compreender de fato como é vivido o trauma na infância, como a criança absorve
e compreende suas emoções, traumas e frustrações. Foi uma descoberta e uma

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nova perspectiva da psicanálise e de um autor pouco falado e que enriqueceu muito
para a teoria da psicanálise.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1) FAZER justiça a Sándor Ferenczi: Fazer justiça a Sándor Ferenczi. 284. ed. Revista
Cult: Bregantini, 2022. 46 p.
2) SÁNDOR Ferenczi a ética do cuidado. 2º . ed. Revista Memória da psicanalise:
Mente Cérebro, 2009. 98 p.
3) A virada de 1928: Sándor Ferenczi e o pensamento das relações de objeto na
psicanálise. Pepsic, 25 maio 2023. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
62952019000100004. Acesso em: 31 mar. 2023.
4) FERENCZI, Sándor. Confusão de línguas entre adultos e as crianças: A linguagem
da ternura e da paixão. Diários Clínicos , [s. l.], 1 abr. 1933.

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