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CONSEQUENCIAS
RESUMO
Observamos situações em que doenças orgânicas importantes como asma,
epilepsia, entre outras, aparecem sem qualquer motivo clínico na criança, enquanto
no adulto, dependências químicas podem ser reflexo de algo vivido, mesmo sem
que se tenha consciência. Este tema vem sendo amplamente discutido na
contemporaneidade girando em torno do fenômeno psicossomático caracterizado
pela lesão orgânica.
Segundo Ferenczi, em muitas situações a manifestação deste tipo de doença ou
dependência está ligada a forma como uma criança é acolhida por sua família; já
segundo Freud, interferem nesta questão a constituição da instancia do EU
(Narcisismo), a construção da fronteira entre o somático e o psíquico (Pulsão) e a
relação com o corpo.
Neste estudo, abordamos também sobre a diferença de linguagem entre adultos e
crianças e o quanto interpretações erradas podem ser prejudiciais assim como
causadoras de traumas.
Nosso objetivo é nos aprofundarmos nos temas descritos, dando destaque a ótica
Ferencziana e seu viés sobre o acolhimento, sem deixar de mencionar importantes
passagens de Freud.
ABSTRACT
Keyword: Child and Death drive; Language difference between adult and child; Life
drive; psychic trauma.
III
INTRODUÇÃO
SÁNDOR FERENCZI
“A “força vital” que resiste às dificuldades da vida não é, portanto, muito forte
no nascimento; segundo parece, ela só se reforça após a imunização progressiva
contra os atentados físicos e psíquicos, por meio de um tratamento e de uma
educação conduzidos com tato. De acordo com o declínio da curva de mortalidade na
meia-idade, a pulsão de vida poderia, na maturidade contrabalançar as tendências
para a autodestruição.” (Ferenczi, Sándor, Obras Completas: Psicanálise IV, p.58/59)
Para ele as crianças que são recebidas de forma rude e sem carinho, em
muitas ocasiões encontram mecanismos para deixar de existir e, caso isso não
aconteça poderão crescer com uma personalidade pessimista, conservando em
seus pensamentos uma aversão a vida.
V
Com essas suposições, Ferenczi buscava tratar sobre a eficácia das pulsões
de vida e de morte em diferentes etapas da vida, é comum pensarmos que nas
pessoas que acabam de nascer a pulsão de vida tem uma representação maior que
a pulsão de morte, mas, segundo seus estudos não ocorre bem desta forma; como
citado acima, embora ao nascer os órgãos se desenvolvam rapidamente; apenas em
condições favoráveis de amor e proteção é que a criança encontrará meios para
desenvolver essa “força vital” e evitar que as pulsões de destruição entrem em cena
SIGMUND FREUD
Acredito que este nome dispensa qualquer apresentação, mas não poderia
deixar de falar, nem que seja de forma resumida, sobre o pai da psicanálise. Criador
da Psicanálise, personalidade mais influente da história no campo da psicologia,
iniciou seus estudos pela utilização da técnica da hipnose no tratamento de
pacientes com histeria, defendendo a tese de que a causa desta era de ordem
psicológica e não orgânica. Tal hipótese serviu de base para vários outros conceitos
desenvolvidos por ele. Fatos como a descrição de pacientes curados pelo diálogo
levaram Freud a largar a hipnose, assim como o uso de medicamentos em
detrimento de um novo método: a cura pela fala, ou seja, a psicanálise. Para tanto
usou técnicas para acesso ao inconsciente de seus pacientes (ex.: interpretação de
sonhos e livre associação). Seus tratamentos clínicos e teorias continuam a ser
debatidos até hoje e, concordando com ele ou não, suas teorias servem de base
para diversos debates.
Em 1915 Freud afirma que toda pulsão é uma parcela de atividade, sendo,
portanto, definida como capacidade de iniciar movimento, onde reafirma a primazia
VIII
No entanto, em 1920 Freud revê a divisão inicial que havia feito das pulsões
(sem invalidar a primeira) e, em Além do Princípio do prazer (escrito a partir da
observação realizada de seu neto de 1 ano e meio após perder sua mãe), ele
propõe a existência de duas forças opostas: uma que impele à ação e outra que leva
à inanição. Sendo então a pulsão de morte (tânatos) entendida por ele como uma
tendencia que levaria à eliminação da estimulação do organismo, tendo como
objetivo a falta de vida, não tendo em sua base constitucional o desejo pela
mudança, buscando apenas um objetivo antigo através de caminhos novos, ou seja,
enquanto Eros busca unir e conservar a vida, além de satisfazer a libido, Tânatos
busca satisfazer impulsos agressivos e destrutivos.
"De nossa parte, nós temos abordado não a substância viva, mas as
forças que nela atuam, e nos vimos levados a distinguir duas classes de
pulsões: as que pretendem conduzir a vida à morte, e as outras, as pulsões
sexuais, que aspiram continuamente a renovação da vida, e a realizam. Isso
soa como um corolário dinâmico da teoria morfológica de Weismann." (Freud
1920/1975)
conexão com o mundo, isso porque, embora parte da pulsão de morte permaneça
desarticulada, gerando uma tendencia gradual para a morte, a função dela com Eros
tem como consequência manifestações externas, projetando-se para fora de
maneira agressiva. Sendo assim, Eros e Tânatos não são impulsos separados, mas
interagem continuamente, embora como forças opostas.
A ONIPOTENCIA DO BEBÊ
No artigo “Estágios do desenvolvimento do sentido da realidade” (Ferenczi,
1913/2011) percebe- se uma preocupação em organizar um crescente de estágios
que vai do funcionamento exclusivo do princípio do prazer a outros com maior
premência do princípio de realidade. A passagem de um estágio a outro envolve
uma maior consideração pelo mundo externo
“Se até então o ser “onipotente” podia sentir-se uno com o universo
que lhe obedecia e seguia os seus sinais, uma discordância dolorosa vai
produzir-se pouco a pouco no seio de sua vivência.” (Ferenczi, S. Obras
completas, Psicanálise II, p.53)
TRAUMA
Freud sustentava que toda histeria era traumática, na medida em que
implicava em um trauma psíquico, e de que todo fenômeno histérico era
determinado pela natureza do trauma; Ainda na década de 1980, Freud elaborou a
teoria da neurótica, segundo a qual o trauma era essencialmente de natureza sexual
e a cena traumática se baseava em uma ação real de um adulto – na maioria das
vezes uma figura paterna – que seduz uma criança. Segundo sua tese, o trauma
influenciava diretamente no surgimento das neuroses, assunto que Freud tratou
depois em Estudos sobre a histeria (1985).
Na neurótica, Freud se baseia em uma evidência clínica, que a lembrança de
traumas das crianças que são vitimas de abusos sexuais é tão penosa que todos
preferem se esquecer, recalcando-os.
No entanto em 1897 Freud constata a importância da fantasia incestuosa para
as histéricas. Neste momento Freud tenta sustentar a ideia de que o trauma era na
verdade uma cena fantasiada. Para ele, a chave das neuroses histéricas não está
mais nas seduções e sim nas fantasias de sedução pelo pai, por exemplo. Neste
momento o trauma, mesmo quando acontece na infância de determinado sujeito,
não serve mais como forma exclusiva de esclarecimento para a gênese da
constituição do sintoma histérico, mas como um elemento explicativo a mais.
CONCLUSÃO
Se para a medicina o corpo funciona como uma máquina, algo que possa ser
manipulado, aberto pelo olhar da ciência, para a psicanálise o corpo é um organismo
marcado pela linguagem e pelas pulsões, ambas interligadas como em uma
engrenagem. Mesmo antes do nascimento, a criança já sente coisas e já existe para
si e para seus pais que criam expectativas e com atitudes interferirão (querendo ou
não) na sua constituição futura.
A pulsão de morte, tão discutida por vários pensadores, e que existe em todos
nós, pode se transformar em explosões agressivas, pode ser responsável por
sentimento de culpa, autojulgamento excessivamente desnecessário, doenças
respiratórias ou até mesmo levar a morte.
O Trauma, quando não assimilado pelo psiquismo deixa traços fixados que
mais tarde, por associação, são assimilados a outras experiências, encontros com o
real que são ressignificados enquanto trauma a posteriori, ocorrendo de maneiras
diferentes em cada sujeito, o que pode levar o individuo ao padecimento e a doença.
5 REFERÊNCIAS
FERENCZI, Sandor. Obras completas... (varias edições) São Paulo: Martins Fontes.
FERENCZI, Sandor (Editora Martins Fontes) “A criança mal acolhida e sua pusao de
morte”. Psicanalise IV
FERENCZI, Sandor (Editora Martins Fontes) “Confusão de língua entre os adultos e
a criança”. Psicanálise IV
FERENCZI, Sandor (Editora Martins fontes) “O desenvolvimento dos sentido de
realidade e seus estágios”. Psicanalise II
FREUD, S. Além do Principio do Prazer (1920-1923).
FREUD, S. Sobre o Narcisismo: uma introdução (1914/1996)
FREUD, S. As pulsões e seus destinos (1915/1996)
FREUD, S. Tres Ensaios sobre a Teoria da sexualidade (1905)
FREUD, S. O ego e o ID (1923/1996)
FREUD, S. As psiconeuroses de defesa, 1893 (Ges. Schr, vol I)
FREUD, S. Estudos sobre a histeria (Freud, 1893 – 1895)
FREUD, S. Obsessoes e Fobias, 1895 (Ges. Schr, vol I)
WIKIPÉDIA, pt.m.wikipedia.org; Sigmund Freud
WIKIPEDIA, pt.m.wikipedia.org; Sandor Ferenczi
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