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Não podemos falar em uma teoria claramente explicitada que tenha originado a
abordagem tradicional, mas em diversas tendências, concepções e práticas
educativas aplicadas em um contexto escolar, que foram transmitidas durante o
tempo e persistiram, fornecendo um referencial para o que se denomina ensino
tradicional.
Segundo Georges Snyders, o ensino tradicional é o ensino verdadeiro, pois conduz
o aluno ao contato com a literatura, as artes, os raciocínios e as demonstrações, por
meio de métodos mais seguros. Há uma grande valorização dos modelos e do
professor como elemento imprescindível na transmissão dos conteúdos.
O ensino está centrado no professor, considerado um adulto pronto e acabado,
sendo o aluno um “adulto em miniatura”, sujeito inacabado que precisa ser
preparado em todos os níveis, não levando em consideração seu interesse ou
vontade. Portanto, o ensino volta-se para o que é externo ao aluno: os programas,
as disciplinas, o professor; e o aluno é aquele que escuta as informações
transmitidas pela autoridade exterior.
Nessa concepção, o homem é considerado uma ”tabula rasa”, um receptor passivo,
inserido em um mundo com informações que irá conhecer através de um ensino
formal e verbalista, caracterizado pela transmissão e repetição de conteúdos,
visando ao acúmulo e armazenamento dessas informações.
As autoridades detentoras do conhecimento são a família, a escola e a igreja, e a
função destas é a perpetuação de seus espaços de domínio. Para isso, há uma
decomposição do conhecimento a fim de simplificá-lo ao ser transmitido ao aluno,
visando mais à dedução do que a um raciocínio crítico.
O caráter cumulativo do conhecimento humano é adquirido por meio da
transmissão, atribuindo-se ao aluno um papel insignificante na elaboração e
aquisição do saber. Cabe-lhe apenas memorizar definições, enunciados, resumos
que são oferecidos em um ensino verbalista e formal (verbalismo do professor e
memorização do aluno).
Em outras palavras, a educação é caracterizada pela instrução e transmissão do
conhecimento, restrita à escola e ao professor, em tarefas de aprendizagem quase
sempre padronizadas. A educação é vista como produto, uma vez que tudo está
estabelecido a priori, não havendo ênfase no processo de aprendizagem e
desenvolvimento do aluno. Os programas mantêm a estrutura de uma educação
formal, e a reprovação do aluno é considerada necessária quando o mínino cultural
esperado não foi atingido, e o instrumento que irá validar isso serão as provas e
exames que ocorrem no final de cada etapa do processo. Ocorrendo a aprovação, o
aluno é promovido nas séries escolares e, no final do processo, recebe o diploma e
título, sendo estes os instrumentos de hierarquização dos indivíduos no contexto
social.
A educação, nessa perspectiva, entende o processo educacional como
individualista, não possibilitando situações de pesquisas e trabalhos coletivos. A
cooperação entre pares é reduzida, pois a ênfase está na participação individual.
Ignoram-se as diferenças individuais. Nesse sentido, a preocupação está na
quantidade de informação armazenada e não na formação do pensamento reflexivo
e do potencial criativo.
O tipo de relação social estabelecida na escola é vertical — o professor é a
autoridade intelectual e moral (dono do saber), e o aluno, o “copo vazio” que será
preenchido com os conhecimentos escolhidos e determinados pela escola,
transmitidos verbalmente e cobrados por meio de provas em que o critério é a
repetição automática das informações transmitidas.
Assim sendo, o professor detém o poder decisório quanto à metodologia, ao
conteúdo, à avaliação, à forma de interação na sala de aula etc. Ele utiliza o método
expositivo e já traz o conteúdo pronto para a aula, cabendo ao aluno escutá-lo,
memorizá-lo de modo passivo e realizar posteriormente, sozinho, os exercícios de
fixação. Por isso o enfoque está na aprendizagem.
No entanto, cabe lembrar que o professor também estabelece uma relação de igual
hierarquia com a instituição escolar e social: obedece às regras e cumpre um papel
preestabelecido. Existe um ciclo vicioso de manutenção do sistema. Uma das
consequências do ensino tradicional, que visa apenas à aquisição de informações
por meio de transmissões orais e cópia de modelos, é a formação de alunos com
reações estereotipadas e automatizadas, que somente conseguem aplicar o que
aprenderam em modelos idênticos aos aprendidos, levando a uma compreensão
parcial dos fenômenos.
ABORDAGEM HUMANISTA
Até pouco tempo, o sucesso de uma pessoa era avaliado pelo raciocínio lógico,
habilidades matemáticas e espaciais (QI). Daniel Goleman, psicólogo
norte-americano, PhD pela Universidade de Harward, retoma uma nova discussão
sobre esse assunto em seu livro Inteligência Emocional. Goleman apresenta o
conceito de inteligência emocional como sendo o maior responsável pelo sucesso
ou insucesso das pessoas. A maioria das situações de trabalho é envolvida por
relacionamentos entre as pessoas. Dessa forma, pessoas com qualidades de
relacionamento humano, como afabilidade, compreensão, gentileza têm mais
chances de obter o sucesso.
Esse autor parte do pressuposto de que os seres humanos agem motivados mais
pelas emoções (QE) do que pela razão (QI). Em outras palavras, os valores, as
crenças e as tomadas de decisões dependem mais de fatores internos, emotivos do
que racionais. Quando acontece algo, a reflexão, normalmente, vem depois do ato
consumado, do impulso mais imediato, do instinto.
Baseado em extensas pesquisas, observou que a inteligência emocional (batizada
de QE pelo autor) pesa duas vezes mais que o QI e as aptidões inatas na conquista
de bons resultados profissionais. Isso quer dizer que não basta possuir um QI acima
da média ou simplesmente manifestar uma habilidade incomum para garantir o
sucesso. É muito mais importante saber gerenciar emoções, promover cooperação
e ambiente de harmonia entre as pessoas com quem se trabalha, tomar decisões
adequadas, desenvolver o autoconhecimento (de si e daqueles com quem se
relaciona) e ter empatia pessoal. Nessa perspectiva, a intuição conta e é
fundamental nas tomadas de decisões.
Nesse contexto, o QE (quociente emocional) está intimamente relacionado a
habilidades como, por exemplo: motivar a si mesmo e persistir mediante frustrações;
controlar impulsos, canalizando emoções para situações apropriadas; praticar
gratificação prorrogada; motivar pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores
talentos e conseguir seu engajamento aos objetivos de interesses comuns.
Segundo Goleman, o centro nervoso de nossa inteligência emocional é
a amígdala, localizada na base do cérebro. É justamente aí que se processam as
reações de sobrevivência, armazenadas desde épocas primitivas por uma espécie
de “memória emocional”.
Em seu livro, o autor mapeia a inteligência emocional em cinco áreas de
habilidades, ou seja, considera que o sujeito apresenta uma inteligência emocional
se é capaz de utilizar as seguintes habilidades:
1. Autoconhecimento emocional – reconhecer um sentimento no momento em que
ele acontece.
2. Controle emocional – ter a habilidade de lidar com seus próprios sentimentos,
adequando-os para a situação.
3. Automotivação – dirigir emoções a serviço de um objetivo é de extrema
importância para se manter caminhando sempre em busca.
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Na utilização da inteligência emocional nas relações de trabalho conta mais a
“competência social” (controle das emoções, confiabilidade, estabilidade, disciplina,
colaboração, autenticidade, ética, responsabilidade etc.) do que propriamente a
“competência técnica”. O segredo está em saber se adaptar aos mais diversos
contextos e situações, inclusive não perdendo o controle nos momentos mais
difíceis.
Para Goleman, utilizar a inteligência emocional de modo produtivo é ter habilidade
para o trabalho em equipe, de forma a estabelecer redes sociais e a construir
relacionamentos, mesmo entre pessoas de temperamentos diferentes. Isso implica
exercício constante do diálogo e da auto-análise, mantendo a
humildade em reconhecer os próprios limites e não hesitando em dividir os
problemas.
O conceito de inteligência emocional pode ser útil tanto na área profissional quanto
no dia a dia, nas relações pessoais, na escola. Goleman aponta o grande problema
de estudos recentes demonstrarem que há uma queda significativa nos Estados
Unidos do uso desse conceito entre os adolescentes.
Claro que não se pode generalizar, mas, se cruzarmos esse dado com os atos de
violência praticados por jovens que decidem fuzilar impiedosamente os colegas na
escola, pode-se
traçar um panorama assustador de uma crise emocional que se aproxima.
Princípio da educação emocional
A infância modificou-se muito nos últimos anos, o que vem dificultar ainda mais o
aprendizado afetivo. Os pais e os professores devem ocupar o papel de
preparadores emocionais, devem ensinar aos filhos/alunos estratégias para lidar
com os altos e baixos da vida. Devem aproveitar os estados de emoções dos
alunos, para ensiná-los como lidar com eles e ensiná-los como tornarem-se uma
pessoa mais humana. O receio de produzir crianças reprimidas está gerando uma
quantidade muito grande de crianças mal educadas e emocionalmente menos
aptas.
Para aqueles pais que ainda não são preparadores emocionais, Gottman (1996)
propõe cinco passos para que sejam:
• Perceber as emoções das crianças e as suas próprias.
• Reconhecer a emoção como uma oportunidade de
intimidade e orientação.
• Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança.
• Ajudar as crianças a verbalizar as emoções.
• Impor limites e ajudar a criança a encontrar soluções
para seus problemas.
Embora os pais tenham papel fundamental na educação emocional dos filhos,
algumas iniciativas em escolas têm se mostrado positivas ao treinar professores
para tal missão.
Cabe, portanto, à escola investir menos esforços em medir conhecimentos (as
notas) e mais tempo e enfoque na aprendizagem; compartilhar responsabilidades
com seus alunos; investir nas tecnologias modernas de ensino; identificar e
promover talentos individuais; promover reciclagem permanente de professores;
enfatizar atividades em grupo; enfatizar a criatividade de cada aluno; ensinar ao
aluno como aprender.
Importância das emoções:
sobrevivência, tomadas de decisão, ajuste de limites, comunicação, união.
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL
Instrução programada
1. Especificação de objetivos;
2. Envolvimento do aluno;
3. Controle de contingências, feedback constante que forneça elementos que
especifiquem o domínio de uma determinada habilidade;
4. Apresentação do material em pequenos passos;
5. Respeito ao ritmo individual de cada aluno.
Assim como a abordagem tradicional, a abordagem comportamental tem uma
orientação empirista, a ênfase está no produto final, na influência do meio, no que
será aprendido e no que será transmitido às novas gerações.
ABORDAGEM PSICANALÍTICA
Nessa perspectiva, a inteligência, definida de forma restrita, pode ser medida (ou
mensurada) por testes de inteligência, também chamados de testes de QI (como o
Raven, Wisc, G36, D48). O quociente de inteligência é um índice calculado a partir
da pontuação obtida em testes nos quais especialistas incluem as habilidades
(lógico-matemática e linguística) para quantificar a inteligência do sujeito.
A teoria das inteligências múltiplas (1995) foi desenvolvida a partir dos anos de
1980 por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard (USA),
liderados pelo psicólogo Howard Gardner, que identificou vários tipos de
inteligências, além da lógico-matemática e linguística.
Com isso, uma “visão pluralista da mente” ampliou o conceito de inteligência única
para um feixe de capacidades. Gardner estabeleceu critérios para que uma
inteligência seja considerada como tal, desde sua possível manifestação em todos
os grupos culturais até a localização de sua área no cérebro.
O autor apresenta sete inteligências ou sete diferentes competências que se
interpenetram, pois sempre envolvemos
mais de uma habilidade na solução de problemas. No entanto, ele não considera
esse número definitivo.
1 Inteligência verbal ou linguística: habilidade para lidar criativamente com as
palavras, tanto oralmente quanto na escrita (poetas, escritores, jornalistas,
publicitários, vendedores).
2 Inteligência lógico-matemática: capacidade para solucionar problemas
envolvendo números e demais elementos matemáticos; habilidades para raciocínio
dedutivo (matemáticos, físicos, engenheiros).
3 Inteligência cinestésica corporal: capacidade de usar o próprio corpo de
maneiras diferentes e hábeis – autocontrole e destreza corporal (atletas, educador
físico, malabaristas, mímicos).
4 Inteligência espacial: capacidade de formar um modelomental preciso de uma
situação espacial e utilizá-lo paraorientar-se entre objetos ou para transportar as
característicasde um determinado espaço – noção de espaço e direção(arquitetos,
navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros,escultores, decoradores).
5 Inteligência musical: capacidade de organizar sons de maneira criativa, a partir
da discriminação de elementos como tons, timbres e temas. Não há necessidade de
aprendizado formal (músicos, maestros, instrumentistas).
6 Inteligência interpessoal: capacidade de dar-se bem com as pessoas,
compreendendo-as, percebendo suas motivações ou inibições e sabendo satisfazer
suas expectativas emocionais. Habilidade de compreender os outros; a maneira de
como aceitar e conviver com o outro (pessoas de fácil relacionamento, como líderes
de grupo, políticos, terapeutas, professores e animadores de espetáculos).
7 Inteligência intrapessoal: capacidade de relacionamento consigo mesmo,
autoconhecimento. Habilidade de administrar seus sentimentos e emoções a favor
de seus projetos. É a inteligência da autoestima (indivíduos com equilíbrio
emocional, geralmente por isso são líderes – Nelson Mandela, Jesus Cristo).
Segundo Gardner, todos nascem com o potencial das várias inteligências. A partir
das relações com o ambiente, dos aspectos culturais, algumas desenvolvemos
mais, já outras deixamos de
aprimorar.
Nos anos de 1990, Daniel Goleman, também psicólogo da Universidade de
Harward, afirma que ninguém tem menos que nove inteligências. Além das sete
citadas por Gardner, Goleman acrescenta mais duas:21
8. Inteligência pictográfica: habilidade que a pessoa tem de transmitir pelo
desenho que faz objetos e situações reais oumentais (pintores, artistas plásticos,
desenhistas, ilustradores,chargistas).
9 Inteligência naturalista: capacidade de uma pessoa em sentir-se um
componente natural e defender, estudar, pesquisar os fenômenos do ambiente
(ecologistas, ambientalistas).
Atualmente, Goleman está estudando a décima inteligência:
10 Inteligência social: o autor afirma que as interações sociais moldam o cérebro
por meio da “neuroplasticidade”, como se o cérebro fosse sendo moldado a partir
das práticas de interação social que estabelecemos. Muito mais do que influenciar o
comportamento, a maneira como o ser humano lida com o outro, em diversas
situações, delineia novos mecanismos cerebrais.
Os relacionamentos positivos têm impacto benéfico sobre nossa saúde, ao passo
que os tóxicos podem, lentamente, envenenar nosso organismo. Goleman afirma
que psicólogos, educadores, antropólogos,
comunicadores, empresários, precisam ter o altruísmo, a compaixão, a preocupação
e a compreensão trabalhados como valores que conectam as mentes dos seres
humanos. Tais habilidades exercitadas ajudam a lidar melhor consigo mesmo e com
os outros.
O que é inteligência espiritual e como utilizá-la em nosso dia a dia?
Maria Nunes em livro Inteligência espiritual, da Editora Mauad, apresenta-nos, com
uma linguagem simples e acessível, essa inteligência que nasce do espírito e nos
faz atentos ao que se passa dentro de nós mesmos e à nossa volta, seja dormindo
ou na vigília física.
A partir de relatos de suas experiências no campo espiritual, a autora nos mostra
como a inteligência espiritual nos ajuda a compreender e a conviver com fenômenos
que ocorrem em nossas vidas, dentre eles, os sonhos lúcidos, a clarividência, a
premonição, a telepatia, o déjà vu, a vidência de auras, a experiência fora do corpo,
a consciência cósmica, os pressentimentos, a sincronicidade, os aparentes acasos,
as coincidências e os sinais.
Maria Nunes também propõe aos leitores exercícios de pesquisa pessoal para o
desenvolvimento da inteligência espiritual, que envolve todas as formas de
inteligência do ser humano e muda, para melhor, a nossa maneira de encarar os
problemas e relacionamentos.
A teoria das inteligências múltiplas teve grande impacto na educação no início dos
anos de 1990, uma vez que apresentou a possibilidade de várias inteligências no
sujeito, não apenas a lógico-matemática e linguística. Com isso um ou mais tipos de
inteligências podem ser usadas como “rotas secundárias” para ajudar o aluno a
desenvolver outras inteligências.
Embora Gardner não proponha um método pedagógico, afirma que a escola deve
favorecer situações de aprendizagem para o desenvolvimento de todas as
inteligências, a fim de que o aluno possa atingir seus objetivos profissionais e de
lazer a partir do seu espectro particular de inteligências.
Se todo o espectro é estimulado, a criança se desenvolve de maneira mais
harmoniosa e isso irá prevenir “obstruções da rota” de certas inteligências. Esse
procedimento irá prevenir bloqueios de capacidades, embora ninguém vá se tornar
um especialista em tudo.
O que é espectro?
O espectro é uma espécie de mandala ou mosaico que apresenta as interrelações
naturais existentes entre as inteligências múltiplas em um sujeito.