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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO II
DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO II
PROF. DRA. ANA CRISTINA CHAMPOUDRY
TURMA: QUÍMICA (DEII057)

A APRENDIZAGEM NA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL


LIEV SEMIONOVITCH VIGOTSKI (1896-1934)
1. APRESENTAÇÃO
Nasceu em 1896 na cidade de Orsha na Bielo-Rússia. Em seu tempo de estudante na
Universidade de Moscou foi um leitor ávido e assíduo no campo da Linguística, das Ciências
Sociais e das Artes. Quando iniciou sua carreira como psicólogo (após a Revolução Russa de
1917) já havia contribuído com vários ensaios para a crítica literária. Foi a partir de 1924 que
teve início o seu trabalho sistemático em Psicologia. Dez anos mais tarde, aos 38 anos, morria
de tuberculose. Naquele período, trabalhando em conjunto com estudantes e colaboradores
como Luria, Leontiev e Salchanov, iniciou uma série de pesquisas em psicologia do
desenvolvimento, educação e psicopatologia, muitas das quais interrompidas pela morte
prematura.
Vigotski trabalhou em uma sociedade da qual esperava-se que os estudos científicos
apresentassem soluções para os problemas econômicos e sociais do povo soviético pós-
revolução. A vertente psicológica desenvolvida na União Soviética, nas décadas iniciais do
século XX compreende que: os estudos antropológicos e sociológicos eram coadjuvantes da
observação e da experimentação. Partiam do pressuposto que o homem é um ser de natureza
social. Concebiam que o Ser humano aprende a ser humano com as outras pessoas, com as
situações em que vive, no momento histórico em que vive e com a cultura a que tem acesso .
Em outras palavras, a abordagem da Psicologia na Rússia desse período entendia que o ser
humano é um ser histórico-social.
Como fundamentos teóricos para essa abordagem, o Materialismo histórico teve papel
fundamental no pensamento de Vigotski, pois o autor partiu dos seguintes pressupostos,
admitindo que:
- Todos os processos sejam estudados como processos em movimento e em mudança;
- A tarefa do cientista seria a de reconstruir a origem e o curso do desenvolvimento do
comportamento e da consciência;
-Todo o fenômeno tem sua história e essa história é caracterizada por mudanças qualitativas
e quantitativas.
Escola de Vigostki: A. N. Leontiev, Luria, A.V. Zaporozhets, Davidov, Galperin, Elkonin.
2. Principais conceitos:
Partindo desses pressupostos, Vigotski concebeu que o uso de instrumentos são meios
através dos quais o homem transforma a natureza e a si mesmo. Ampliou o conceito de
mediação na interação do homem com o ambiente do uso de instrumentos para o uso de signos
(linguagem escrita, verbal e numérica).
Dentre os principais conceitos que estão na abordagem vigotskiana temos: Linguagem,
Pensamento, Mediação, Aprendizado, Imitação e Zona de Desenvolvimento Proximal.

Desenvolvimento infantil:
Para Vigotski, as funções psíquicas humanas, como a linguagem oral, o pensamento, a
memória, o controle da própria conduta, a linguagem escrita, o cálculo, antes de se tornarem
internas ao indivíduo precisam ser vivenciadas nas relações entre as pessoas: não se
desenvolvem espontaneamente, não existem no indivíduo como uma potencialidade, mas são

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experimentadas inicialmente sob a forma de atividade interpsíquica (entre pessoas) antes de
assumirem a forma de atividade intrapsíquica (dentro da pessoa).
O desenvolvimento da inteligência e da personalidade é externamente motivado, ou seja, é
resultado da aprendizagem. As características inatas do indivíduo são condição essencial para
seu desenvolvimento, mas não são suficientes, pois não tem força motora em relação a esse
desenvolvimento. As relações do indivíduo com a cultura constituem condição essencial para
seu desenvolvimento, uma vez que criam aptidões e capacidades que não existem no indivíduo
no nascimento.
 Nível de Desenvolvimento Real: Desenvolvimento das funções que já foram
completadas. Funções que já amadureceram;
 Desenvolvimento Potencial: Funções em estágio embrionário. Funções que estão
“adormecidas”;
 Zona de Desenvolvimento Proximal:
É a distância entre o nível de desenvolvimento real (aquilo que a criança pode fazer
sozinha) e o nível de desenvolvimento potencial (aquilo que a criança precisa fazer com
a ajuda do adulto ou de outra criança);
Define funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação;
A ZDP contribui para dar conta de processos de desenvolvimento que já foram
completados como daqueles que estão começando a se desenvolver;
Aprendizado
As interações que ocorrem no contexto sociocultural constituem um importante mecanismo do
processo de ensino e aprendizagem.
A imitação está no centro do processo de aprendizagem. Através da observação e reprodução
de comportamentos, via imitação, a criança reconhece o mundo a sua volta e, por sua vez,
aprende.
Segundo Vygotsky, qualquer situação de aprendizado que a criança desenvolve na escola tem
sempre uma história prévia. Desse modo, o autor considera que aprendizado e
desenvolvimento estão inter-relacionados desde o 1º dia de vida.
Todo aprendizado deve ser combinado com o nível de desenvolvimento da criança e para
haver aprendizado efetivo é necessário ir além do que a criança (o aluno) já sabe.
O professor tem a função de mediador entre os conhecimentos e os alunos. Ele se constitui
como o responsável por intermediar a relação entre o objeto a ser conhecido e o sujeito do
conhecimento.
Considerações:
Essa compreensão de homem e de como ele se desenvolve que é assumida pela teoria
histórico-cultural vai condicionar toda a compreensão que essa teoria tem da questão
educacional. Uma vez que a teoria concebe todo o processo de desenvolvimento das qualidades
tipicamente humanas como um processo de educação, suas investigações envolvem sempre
contribuições para refletirmos sobre o processo educativo, de um modo geral, e a prática
pedagógica escolar, em especial.
Com a teoria histórico-cultural, aprendemos que o papel da educação é garantir a criação de
aptidões que são inicialmente externas aos indivíduos e que estão dadas como possibilidades
nos objetos materiais e intelectuais da cultura. Para garantir a criação de aptidões nas novas
gerações, é necessário que as condições de vida e educação possibilitem o acesso dos indivíduos
das novas gerações à cultura historicamente acumulada.
Referências:
CARRARA, Kester. Introdução à Psicologia da Educação: seis abordagens. São Paulo:
Avercamp, 2004.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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