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Universidade Licungo

Faculdade de Educação

Curso de Mestrado em Educação/Ensino de Português

Ofércio Alfredo Nuvunga

Tecnologia como estratégia de promoção da motivação e


autonomia na aprendizagem

Quelimane

2022
Ofércio Alfredo Nuvunga

Tecnologia como estratégia de promoção da motivação e


autonomia na aprendizagem

Trabalho de ensaio a ser


apresentado no programa de mestrado em
Educação/Ensino de Port uguês de Letras
e Humanidades, no módulo de
Metodologia de Ensino S uperior como
requisito avaliativo.

Orientadores: Prof. Doutor.


Alexandre Álvaro Oliveira

Quelimane

2022
Índice
Abstract .................................................................................................................................. 4
1. Introdução ...................................................................................................................... 5

2. Conceitos básicos ........................................................................................................... 7


2.1. Aprendizagem ............................................................................................................. 7

2.2. TIC’s ........................................................................................................................... 7

3. Conceitos e Reflexões Sobre a Tecnologia Educacional ............................................... 7


4.1. Vantagens ................................................................................................................. 10

4.2. Desvantagens ............................................................................................................ 11

5. Acesso às TIC’s no Programa de Ensino Secundário à Distancia (PESD-2) .............. 11

6. Moçambique e os caminhos a trilhar perante a tecnologia como estratégia . .............. 13


Conclusão ............................................................................................................................ 16
Referência bibliográfica....................................................................................................... 17
3

Tecnologia como estratégia de promoção da motivação e autonomia na aprendizagem

Ofércio Alfredo Nuvunga 1

Resumo

Procurou-se nesta temática, analisar de forma crítica, o uso da tecnologia como


estratégia de promoção da motivação e autonomia na aprendizagem em Moçambique. No
acto da elaboração deste trabalho, foram levados em consideração os seguintes itens: As
vantagens e desvantagens do uso da tecnologia como estratégia de promoção e motivação
no processo de aprendizagem; acesso às TIC’s e seu impacto no rendimento académico e
os caminhos a trilhar perante a tecnologia como estratégia de promoção da motivação e
autonomia no processo de aprendizagem em Moçambique. Em termos metodológicos,
recorreu-se o método de consulta bibliográfica. Percebe-se que a tecnologia como
estratégia de promoção da motivação e autonomia no processo de aprendizagem tem
vantagens bem como desvantagens/limitações sobretudo, quando falamos de Moçambique
onde apenas 13.4% da população têm acesso a internet, 8.9% acesso a computador e 53,2%
acesso a telemóvel, como ilustrou o censo populacional de 2017. Portanto, o governo é
desafiado a trilhar alguns caminhos para a redução das desigualdades ao acesso as TIC’s
em Moçambique, garantindo o uso pleno dos ambientes virtuais.

Palavras-chave: Tecnologia, aprendizagem, Recursos.

1
Ofércio Alfredo Nuvunga, Licenciado em Ensino de Inglês com habilitações em Ensino
de Português, Mestrando em Educação/Ensino de Português.
4

Abstract
In this theme, we sought to critically analyses the use of technology as a strategy
to promote motivation and autonomy in learning in Mozambique When preparing this
work, the following items were taken into account: The advantages and disadvanta ges of
using technology as a promotion and motivation strategy in the learning process; access to
ICTs and their impact on academic performance and the paths to be followed in the face of
technology as a strategy to promote motivation and autonomy in the learning process in
Mozambique. In methodological terms, the method of bibliographic consultation was used.
It can be seen that technology as a strategy to promote motivation and autonomy in the
learning process has advantages as well as disadvantages/limitations, especially when we
talk about Mozambique where only 13.4% of the population have access to the internet,
8.9% access to a computer and 53, 2% access to mobile phones, as illustrated by the 2017
population census. Therefore, the government is challe nged to tread some paths to reduce
inequalities in access to ICT's in Mozambique, ensuring the full use of virtual
environments
Keywords: Technology, Learning, Resources..
5

1. Introdução
Face a tecnologia, nos últimos anos pudemos perceber a marcação do crescente
desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação em nossa sociedade, se
fazendo presente nas mais variadas esferas em nossa rotina.

Segundo Barros (2009) a tecnologia deve ser usada a favor do ser humano,
facilitando suas actividades, adequando as necessidades positivamente, se tornando um
hábito no cotidiano a fim de potencializar as capacidades de cada um. Diante do exposto é
imprescindível que a escola sendo a principal instituição que média de maneira formal o
ensino, acompanhe essas transformações, visando propiciar condições mais favoráveis para
a efectivação dessas novas tecnologias, no intuito de saber utilizá- las sem restrição no
espaço de ensino.

O trabalho apoia-se na introdução e aprimoramento do uso das tecnologias na


vertente da educação, intencionando promover um ensino mais eficaz, e capaz de
consolidar com plenitude a construção do saber autónomo.

As escolas, os docentes devem contribuir com a construção do conhecimento de


seus alunos, ajustar a tecnologia ao ambiente educacional, significa cumprir com a
principal missão do educador, que é formar cidadãos capacitados para viver em um
universo cada vez mais competitivo (TAJRA, 2012).

As tecnologias contribuem de maneira plausível no aprendizado dos alunos, te ndo


como finalidade a busca pela renovação do ensino, esses novos meios são motivadores aos
alunos, tendo em vista que são ferramentas repletas de informação e acesso variado na
transmissão do saber. Os alunos diante dos constantes avanços vividos estão preparados
para fazer o usufruto das tecnologias que os cercam, e não apenas como meros receptores
do conhecimento, mas como indivíduos capacitados para construir seu próprio aprendizado
através dessas ferramentas singularmente inovadoras. No actual contexto que estamos
vivenciando a preocupação maior é com os professores, que assim como os alunos, devem
estar preparados para lidar com os mecanismos tecnológicos, mergulhando nesse novo
modo de aprender e ensinar onde ligado aos alunos aprenderão mutuamente.

A pesquisa bibliográfica aborda primeiramente o histórico da informatização


educacional em nosso país, demonstrando como se dá o processo do ensino tecnológico em
Moçambique, buscando explicitar os conceitos e reflexões acerca da tecnologia
educacional. No entanto, a escola deve desde o ensino primário preparar os cidadãos de
6

forma a promover futuros profissionais competitivos e competentes. O aluno/estudante


deve ter ao seu dispor um conjunto de ferramentas, as mais actualizadas possíveis, que lhe
permitam acompanhar as exigências socialmente e cientificamente impostas, Akker
(1999).

Constitui o objectivo central deste trabalho, analisar de forma crítica, o uso da


tecnologia Como Estratégia de Promoção da Motivação e Autonomia na Aprendizagem em
Moçambique. Em termos metodológicos, recorreu-se ao método de consulta bibliográfica
(artigos, mídia entre outras) e experiências profissionais enquanto actor activo do processo
de ensino aprendizagem.

Quanto a estruturação, o presente trabalho, está organizado da seguinte maneira:

 Introdução;
 Desenvolvimento (conceitos básicos, as vantagens e desvantagens do uso de tecnologia
como estratégia de promoção da motivação e autonomia na aprendizagem em
Moçambique e os caminhos a trilhar perante Estratégia de Promoção da Motivação e
Autonomia na Aprendizagem);

 Conclusão;
 Referência bibliográfica.
7

2. Conceitos básicos
2.1.Aprendizagem

O termo aprendizagem deriva do latim "apprehendere", que significa adquirir o


conhecimento de uma arte, ofício ou através do estudo ou da experiência.

Para Fischer, 1989, citado por Inácio (2007, p.1), conceitua "aprendizagem como
mudança durável, no conhecimento ou no comportamento, resultante do treino, experiência
ou estudo, ou o processo que ocasiona tal mudança".

2.1. TIC’s

O termo Tecnologias de Informação e Comunicação tem vindo a ser utilizado para


representar a fusão entre a informática, telecomunicações e diferentes médias electrónicos,
(Amante, 2004).

O objectivo das TIC’s é promover a cultura e a formação essencial ao


desenvolvimento da sociedade da informação e propor uma visão estratégica. As
Tecnologias de Informação Comunicação, nomeadamente, a Internet têm vindo a ser
integradas na actividade humana, mas este processo não é neutro nem homogéneo, no
sentido em que não chega a todos os lugares nem a todas as pessoas da mesma forma, nem
com os mesmos propósitos. Se a chegada da Era Digital permitiu e impulsionou maior
agilidade e velocidade na comunicação, o campo educacional deve avançar com
mecanismos que permitam que o seu público, alvo tenha capacidades cognitivas para
acompanhar esta realidade, como realça Álvaro (2004).

3. Conceitos e Reflexões Sobre a Tecnologia Educacional

Define-se tecnologia como uma forma assertiva na execução de determinada tarefa,


a dominação do homem ao ambiente material em seu favor. Recursos tecnológicos são os
objectos da tecnologia, que vieram para facilitar toda actividade humana. E tecnologias da
informação e comunicação são as diferentes formas de transitar as informações com o
intuito de levar ao aprendizado através de alguns meios (electrónicos) tais como rádio,
televisão, computador, sistema de multimídia, gravação de áudio, redes telemáticas,
robótica, entre outros (BRASIL, 1998).

Paulo Freire fala de uma escola que, juntamente com o tempo vivido, vai se refazendo
de uma forma marcante, uma escola que transmita a educação baseada nos contextos
sociais que acabam sendo alteradas pelo tempo, e defende a pedagogia e o ensino
8

baseando-se nos processos de reflexão e transformação social, pela qual o aluno aprenderá
através da construção do saber, ou seja, sabendo utilizar todo arsenal que a tecnologia nos
disponibiliza hoje (FREIRE, 1996).

Corroborando com essa linha de raciocínio, Salgado (1999) constata- se que a escola
não pode estar alienada ao mundo da informatização, porque desta forma, não será capaz
de permitir que os alunos sejam indivíduos autónomos. É necessário que todos estejam
preparados para lidar com a avalanche de novas informações que a tecnologia vem
determinando ao universo contemporâneo.

A instrução através da tecnologia possibilita aos alunos a apreensão do conhecimento


por intermédio da vivência, da experiência, os alunos aprendem melhor quando
relacionam, estabelecem ligação entre o saber e o objecto do saber, aprendem mais quando
descobrem a finalidade do estudo em si, sendo assim, a obtenção de novos hábitos que
estimulem aos aprendizes utilizarem a tecnologia de forma agradável, prazerosa e
principalmente com foco na aprendizagem, poderá facilitar o processo da integração da
tecnologia na educação (MORAN, MASETTO, BEHRENS, 2006).

O processo educacional deve sempre ser conduzido de uma maneira profunda, ele
depende de um intermédio comunicativo como forma de suporte para a interacção dos
conteúdos a serem explanados. Com isso as novas tecnologias não devem meramente
serem escolhidas de forma aleatória, mas sim com eficiência, buscando atingir os
objectivos pedagógicos necessários para o aprendizado (BELLONI, 2009).

Dessa forma, o indivíduo deverá tornar-se capaz de esmiuçar o que aprende com
seus próprios olhos, com a finalidade de alterar o sentido da história, acreditando que é
capaz de obter resultados, aprender, descobrir, sugerir, encarar, optar e arcar com os efeitos
de suas escolhas. Mas para que tudo isso se torne real é imprescindível que deixemos de
lado qualquer tipo de fórmula pré-estabelecida que acaba por tirar a lógica de aprender
(FUCK, 1994).

Com o passar do tempo, até mesmo as tecnologias vão se alterando e acabam levando
as pessoas a desdenharem o que ficou obsoleto e buscarem a inovação sem grandes
questionamentos. A escola também acaba se integrando a esse e ncadeamento tecnológico,
porém de um modo mais gradativo.
9

A tecnologia educacional às vezes acaba sendo confundida com uma ciência, quando
na realidade é uma disciplina conduzida pelo mecanismo científico, que obtém apoio das
teorias de sistemas, da comunicação e da aprendizagem (TAJRA, 2012).

A informática educativa se define como uma organização das informações que


operam através da ciência que estuda a comunicação e estruturação dessa informação, já a
técnica mais a ciência, ou seja, tecnologia pode ser explicada como estudo e referência
organizada, vindas das mais variadas fontes, na qualidade de invenções e descobertas
científicas, adquiridas por meio de métodos diversificados usados na criação de bens e
serviços. A tecnologia deve ser valorizada como um modo de se repensar a educação
(BARROS, 2009).

Nos contextos da alta tecnologia que nos cerca diariamente, é importante


conhecermos alguns termos como ciberespaço, que é a comunicação dos computadores,
sendo realizada em escala mundial, ou seja, uma rede simultaneamente conectada,
enviando e recebendo informações de ordem digital e comunicativa. Já a cibercultura se
define como os procedimentos utilizados, ou técnicas, através de materiais e intelectuais,
que caminham juntos para o crescimento do ciberespaço. É importante ter em mente que o
uso dessas técnicas resultam em um maior desenvolvimento das pessoas, uma vez que
criam condições para novos formatos de aprendizagem (PIERRE LÉVY, 1999)

Quando fazemos a relação entre tecnologia e tecnologia educacional, devemos


perceber que não é a tecnologia em si que irá modificar os rumos da educação, mas a
educação será a norteadora capaz de transformar a tecnologia em objecto de aquisição do
conhecimento, tornando-se assim em tecnologia educativa.

Com essa afirmativa podemos pressupor que os desafios para a preparação de um


currículo que consiga fazer a junção entre saber e tecnologia se findam a partir do
momento em que o campo interdisciplinar consegue ser e fectivado mediante a actuação de
profissionais capazes de garantir essa adequação (CANDAU, 1978).

“A internet é de fato uma tecnologia da liberdade. Mas pode libertar os poderosos


para oprimir os desinformados, pode levar à exclusão dos desvalorizados pelos
conquistadores do valor” (CASTELLS, 2003, p.225). Dentro desta afirmativa, percebemos
que possuir uma ferramenta tecnológica nas mãos, não é sinónimo de saber utilizá- la, e
saber utilizá- la e não compartilhar deste conhecimento é inútil.
10

Além do mais, não basta apenas saber teoricamente sobre o conhecimento, ele
necessita estar em junção com o concretizar na sua prática, ou seja, só vemos utilidade se
há desenvolvimento de acções, e como hoje encontramos informações por todas as partes,
é indispensável que toda a sociedade esteja envolvida nos aspectos educacionais, a escola
jamais poderá trabalhar isoladamente na estruturação de novos recursos que venham para
incrementar o saber (ALONSO, 2003).

Na génese da tecnologia dentro do ambiente educacional, pensava-se que os recursos


tecnológicos seriam uma solução para os empecilhos educativos, mas com o decorrer da
história descobriu-se que a tecnologia era um caminho para se alcançar uma reestruturação
na actuação do professor na qualidade de mediador do conhecimento, e assim fazer um
ordenamento mais eficiente no aprendizado dos alunos (TAJRA, 2012).

É necessário haver uma maior valorização e utilização das tecnologias desde os


primórdios na educação da criança, porque há uma crescente corrente tecnológica
permeando a sociedade actual, e a escola não deve estar alheia a essas inovações
(GADOTTI, 2000).

4. As vantagens e desvantagens do uso dos ambientes virtuais de aprendizagem

4.1.Vantagens

É importante frisar que o aluno/estudante pode estudar onde e quando quiser.


Entretanto, os recursos tecnológicos disponíveis fornecem mais opções para o conteúdo
online. Então, proporcionando maior engajamento. Ademais, uma plataforma digital
educacional também simplifica o processo de ensino e aprendizagem. Aliás, no caso de
uma instituição corporativa, essa personalização auxilia o controlo por parte dos gestores.
Afinal, um aluno pode precisar de conteúdos diferenciados em relação ao outro, por
exemplo. Então, é possível criar diferentes jornadas de aprendizagem. Dito isso, podemos
destacar algumas outras vantagens que se destacam segundo Akker (1999):

 Optimização de recursos;
 Redução de custos com tecnologia e ferramentas;
 Plataforma altamente personalizável;
 Sincronia de recursos de conteúdo com vídeo, como slides;
 Possibilidade de agendar aulas e realizar transmissões ao vivo;
 Armazenamento ilimitado de arquivos;
 Formatos de conteúdos estruturados com base no estudante.
11

4.2.Desvantagens
 Problemas técnicos;
 Má qualidade de Internet (gerando lentidão no sistema);
 Dificuldades no manuseio das tecnologias;
 Falta de recursos como megabytes, celulares, tabletes e computadores por parte dos
estudantes;
 O atendimento aos alunos nem sempre ocorre de forma sincrónica como no ensino
presencial;
 O tempo para a leitura e realização de tarefas pode ser curto por várias razoes.

5. Acesso às TIC’s em Moçambique e seu impacto no rendimento académico no


Programa de Ensino Secundário à Distancia (PESD-2)

Segundo Censo Populacional de 2017 (cf. Pagina do Instituto Nacional de Estatística


(INE), “dos 28 milhões da população moçambicana, um número reduzido de cidadãos,
moram nas zonas urbanas e se beneficiam de conhecimento das ferramentas informáticas e
da Internet”.

Contudo, sabe-se que actualmente o domínio dessas mesmas ferramentas, constitui


um factor preponderante no processo de ensino e aprendizagem no Programa de Ensino
Secundario à Distância (PESD-2). Por isso, o Governo de Moçambique tem envidado
esforços no sentido de aumentar o número de indivíduos com acesso as TIC’s nas cidades
como nas zonas rurais, a titulo de exemplo:

A distribuição dos tabalets a nível nacional para alunos do PESD, 2º Ciclo.

Por isso, o Governo de Moçambique tem envidado esforços no sentido de aumentar


o número de indivíduos com acesso as TIC’s nas cidades como nas zonas rurais.

Os moçambicanos que têm acesso ao telemóvel, em 2007, rondavam nos 24% e em


26,4% em 2017, mas têm uma das piores taxas de acesso a internet do mundo, um total
2,1% em 2007 e 6,6% em 2017. Os homens têm mais acesso a internet em relação as
mulheres, sendo 2,1% e 2,2% em 2007 e em 2017, os homens com 8,1 % e 5,3% para as
mulheres. A tabela abaixo apresenta de forma mais detalhada o resumo dos dados do censo
2017 comparativamente a 2007.
12

Tabela 1. Resumo da taxa de acesso a energia, internet e computador em 2007 e 2017 em


Moçambique

Ord. Descrição Período de análise

2007 (%) 2017 (%)

Homens/Mulheres 7,9 8,9

01 Acesso a computador Homens 4,1 5,8

Mulheres 3,8 3,1

Homens/Mulheres 48 53,2

02 Acesso a telemóvel Homens 24,2 30,8

Mulheres 23,8 22,4

Homens/Mulheres 4,3 13,4

03 Acesso a internet Homens 2,2 8,1

Mulheres 2,1 5,3

04 Acesso a energia eléctrica ---------------------- 10 22

Fonte: Autor com base em dado do INE, 2017.

A tabela acima oferece dados mais actuais da população, o que torna mais-valia, na
medida em que vai servir de base para análise da Massificação da utilização das TIC’s no
processo de ensino- aprendizagem em Moçambique no Programa de Ensino Secundário
à Distância. Pode-se notar que quase 13,4% da população moçambicana tem acesso a
internet. Um número ínfimo perante o número total da população moçambicana. Importa
referir que existem vários factores que estão por de trás deste fenómeno, tais como:
factores políticos, económicos, socioculturais do país.

Segundo Damásio, citado por Akker (1992), O uso das TIC’s em contextos
educativos “abarcam um vasto conjunto de áreas, desde o simples uso dos Tablet’s,
computadores ou de um vídeo como suplemento expositivo, até ao uso de Tecnologias
colaborativas para aumentar os índices de colaboração e participação de estudantes, em
espaços separados”.
13

As instituições de ensino devem desde o ensino primário, preparar os cidadãos de


forma a promover futuros profissionais competitivos e competentes. O aluno deve ter ao
seu dispor um conjunto de ferramentas, as mais actualizadas possíveis, que lhe permitam
acompanhar as exigências socialmente impostas, Akker (1999). Todavia, os professor es e
encarregados de educação têm um papel de destaque na preparação dos alunos para
lidarem com a quantidade de informação que lhes chega. As TIC’s devem ser exploradas
de forma organizada, retirando o melhor partido das ferramentas que nos podem fornecer
para a preparação do aluno a nível académico e profissional. Porém esta integração das
TIC’s por si só não garante eficácia pedagógica total, Albion (2007).

As tecnologias não substituem as actuais pedagogias educativas, mas transformam


o actual quotidiano do ensino. Os professores são novamente a chave para que esta
adaptação seja um sucesso. Outros sim, os professores são insubstituíveis a todos níveis,
servindo de parteiras/facilitadores do processo de ensino e aprendizagem. Ou seja, eles
devem ser os primeiros a terem domínio dos ambientes virtuais de aprendizagem.
Infelizmente, durante a pandemia de COVID-19, as dificuldades perante o acesso aos
ambientes virtuais de aprendizagem eram notórias não só nos estudantes mas também, nos
professores e nos Gestores em Geral.

As dificuldades acima perante o acesso as TIC’s, revelam uma grande fragilidade


no processo de ensino e aprendizagem no contexto moçambicano. Não se pode falar de
bom rendimento académico, enquanto quase 13,4% da população moçambicana te m acesso
a internet, por vezes, uma internet sem qualidade ou seja, muito lenta, o que dificulta
drasticamente o acesso as aulas online.

6. Moçambique e os caminhos a trilhar perante a tecnologia como estratégia de


promoção da motivação e autonomia na aprendizagem.

É importante salientar, relativamente às Tecnologias em Moçambique, e


considerando tudo o que foi e está sendo feito pelo governo ao nível das telecomunicações,
que se verifica actualmente o benefício crescente das comunidades locais das diferentes
regiões de Moçambique, Escolas Secundárias que foram abrangidas com o PESD-2
contribuindo para uma melhoria da sua qualidade de vida, através:
14

(i) Da inclusão digital, onde, diferentes comunidades que mesmo encontrando-se


em zonas remotas, passam a interagir com outras, potenciando a sua socialização. Pelo uso
do telefone celular, correio electrónico e Internet, comunicam com os seus pares, amigos e
desenvolvem novas relações.

(ii) Da partilha de conhecimento, onde podemos assistir os cidadãos de diferentes


locais a nível nacional, a desenvolverem competências, habilidades e experiências
diversas. Pelo uso do telefone celular, computador, CD-ROM, Internet, correio electrónico
e rádios comunitárias, as comunidades, trocam entre si, experiências acumuladas e
habilidades desenvolvidas sobre como executar determinadas actividades.

Estes dados mostram que começam a ampliar-se as condições de implementação de


um Ensino a Distância que aparece a desempenhar um papel fundamental através das
Tecnologias no acesso à educação em todo o mundo em geral e Moçambique em particular
(RDHM, 2008).

Apesar desses ganhos por parte do governo moçambicano bem como das
instituições públicas e privadas, ainda temos enormes caminhos a trilhar para um bom uso
das tecnologias de aprendizagem. Dentre vários desafios, pode-se destacar:

Infra-estruturas escolares com equipamentos de informática: a construção de infra-


estruturas condignas com acesso a TIC’s, constitui um grande desafio para Moçambique;

Recursos humanos qualificados: não basta apenas ter infrastruturas com acesso a
TIC’s, é necessário a formação e capacitação de recursos humanos, capazes de usar e
facilitar aos demais;

Melhoria da qualidade de internet: as telefonias móveis junto governam, têm um


grande de solidificar a internet, de modo a garantir maior qualidade;

Criação de pacotes de internet acessíveis aos estudantes de renda baixa: pode-se


arriscar em afirmar que perante a massificação das tecnologias durante a pandemia, os
estudantes de renda baixa, saíram prejudicados consideravelmente, se comparado com
estudantes de renda média. É necessário que mecanismos sejam accionados para reduzir as
desigualdades perante o acesso as TIC’s em Moçambique;

Introdução da disciplina de TIC’s desde ensino primário: como dizíamos na


introdução, Moçambique assim como outros países do mundo, foram encontrados em
contra pé, face a pandemia de COVID-19. O processo de ensino e aprendizagem, parou no
15

tempo devido ao fraco acesso as TIC’s. Uma boa parte dos alunos que concluem, não tem
domínio das TIC’s, alias, ate os que concluem o grau de licenciatura. Porém, torna
necessário, um investimento claro, na área das TIC’s desde o ensino primário.
16

Conclusão
No presente trabalho, Verifica-se a importância do conhecimento quanto ao uso das
novas tecnologias, sabendo-se que as mesmas já dominaram o cenário actual, não existindo
mais a possibilidade de recuar diante delas, o caminho para alcançarmos a construção e
melhoramento do ensino, conhecimento e aprendizagem de uma maneira global, se dá a
partir do momento em que nos sujeitamos à inovação. É preciso experimentar na prática
situações que levem os alunos a aderirem à informatização não apenas como ferramenta
auxiliar, mas sim como recurso primário levando ao conhecimento de forma plena.
Entende-se então que nos ambientes escolares as novas tecnologias devem definir e
construir o ambiente de ensino, onde a aprendizagem ocorre de maneira instantânea e
simultânea.

Vale ressaltar que é necessária a participação e empenho dos professores de forma


integrada na mediação do conhecimento através das novas tecnologias, que deverão ser
transmitidas de maneira a envolver o aluno no processo de aprendizagem, dando a eles o
parecer de que são capazes de tornarem-se pessoas autónomas que constroem o próprio
conhecimento de modo transformador.

Finalizando, o presente ensaio busca exprimir o sentido de que as ferramentas


tecnológicas de aprendizagem são importantes para criar espaços de qualidade educativa
facilitadoras no processo de ensino aprendizagem.

A nossa análise, desagua nas competências dos estudantes, professores e demais


funcionários perante o uso das TIC’s. A falta de recursos como computadores nas escolas
secundárias, institutos bem como nas instituições de superior, vai dificultar o uso pleno dos
AVA. Dai que são levantados, vários caminhos a trilhar, como forma de reduzir as
desigualdades no uso dos AVA: Infra-estruturas escolares com equipamentos de
informática, Recursos humanos qualificados, Melhoria da qualidade de internet, Criação de
pacotes de internet acessíveis aos estudantes de renda baixa e Introdução da disciplina de
TIC’s desde ensino primário.
17

Referência bibliográfica

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4. CANDAU, V.M.F. (1996). Tecnologia Educacional: Concepções e Desafios.
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18. TAJRA, S. F. (2012). A Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas
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