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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

FUNDAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO SUPERIOR A


DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PRÓ – REITORIA DE EXTENSÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA

ELIZAPAULA GARCIA ANDRADE CUNHA

ALFABETIZAÇÃO – UM DIREITO DE TODOS

NOVA IGUAÇU / SEROPÉDICA


2023
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
FUNDAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO SUPERIOR A
DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PRÓ – REITORIA DE EXTENSÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA

ELIZAPAULA GARCIA ANDRADE CUNHA

ALFABETIZAÇÃO – UM DIREITO DE TODOS

Trabalho de Conclusão de Curso submetido


como parte dos requisitos para obtenção do
título de Especialista em Educação Especial e
Inovação Tecnológica

Orientador(a): Professor Dr. Fábio Brum


Thimóteo.

NOVA IGUAÇU / SEROPÉDICA


2023
Folha de aprovação

ALFABETIZAÇÃO – UM DIREITO DE TODOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título
de Especialista em Educação Especial e Inovação Tecnológica.

Duque de Caxias, 10 de junho de 2023.

___________________________
Coordenação do Curso

Banca examinadora

____________________________
Prof.(a) Dr. Fábio Brum Thimóteo
Orientador(a)

____________________________
Prof.(a) xxxxxx
Instituição xxxxxx

____________________________
Prof.(a) xxxxxx
Instituição xxxxxx

Nova Iguaçu/Seropédica, 2023


RESUMO

O direito à Educação de qualidade é essencial para o desenvolvimento da cidadania


e a expansão da democracia. Os investimentos públicos em educação são de extrema
importância para a diminuição da pobreza, criminalidade e ampliação do crescimento
econômico, bem-estar e acesso aos direitos fundamentais pela população. Um desses
direitos é a alfabetização. Pesquisas recentes (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua) apresentam dados de 2019 de que há cerca de 11 (onze)
milhões de analfabetos no Brasil. Acredito que a tecnologia aliada ao desenvolvimento
da consciência fonológica pode ser utilizada com o intuito de proporcionar novas
possibilidades e perspectivas no processo de ensino-aprendizagem. Para
alcançarmos o sucesso na educação por meio da inovação, aliadas a recursos de
tecnologia assistida, inovação tecnológica e a implementação do DUA (Desenho
Universal para a aprendizagem). A neurociência tem avançado em suas pesquisas
trazendo dados promissores do uso destas ferramentas proporcionando aos alunos
melhores desempenho nas diferentes áreas do conhecimento e o sucesso no
aprendizado para todos.

Palavras-chave: alfabetização; direito de todos; tecnologia; DUA; consciência


fonológica.
ABSTRACT

The right to quality education is essential for the development of citizenship and the
expansion of democracy. Public investments in education are extremely important for
reducing poverty, crime and expanding economic growth, well-being and access to
fundamental rights by the population. One of these rights is literacy. Recent surveys
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) present data from 2019
that there are about 11 (eleven) million illiterates in Brazil. I believe that technology
combined with the development of phonological awareness can be used in order to
provide new possibilities and perspectives in the teaching-learning process. To
achieve success in education through innovation, combined with assistive technology
resources, technological innovation and the implementation of UDL (Universal
Design for Learning). Neuroscience has advanced in its research bringing promising
data from the use of these tools, providing students with better performance in
different areas of knowledge and success in learning for all.

Keywords: literacy; everyone's right; technology; DUA; phonological awareness.


Sumário

1 - Introdução ............................................................................................................07

2 - Revisão de literatura ............................................................................................10

3 - Percurso metodológico .........................................................................................14

3.1 – Alfabetização ....................................................................................................14

3.2 - Dificuldades na alfabetização.............................................................................14

3.3 - A alfabetização sob uma perspectiva epistemológica ...................................... 20

3.4 - Educação Inclusiva .......................................................................................... 17

4 - Objeto Educacional ............................................................................................. 18

4.1 - Consciência Fonológica ....................................................................................18

4.2 - Desenho Universal da Aprendizagem ...............................................................23

5 - Considerações Finais ...........................................................................................27

6 - Referências...........................................................................................................28
Introdução

A evasão e a repetência tem sido um dos principais focos do analfabetismo no


Brasil. Diante de todas as dificuldades esses alunos veem-se incapazes de aprender,
criando dentro de si um pensamento pessimista na educação e acabam sendo
desmotivados achando que são incapazes de aprender.
Sou professora e leciono há 30 anos para alunos da primeira fase do Ensino
Fundamental. No ano de 2003 comecei a lecionar para a Classe de Alfabetização.
Desde então, um questionamento me levava uma reflexão: “Por que algumas crianças
não conseguiam aprender a ler e a escrever?”.
Sabemos que nesta prática de ensino é grande a preocupação ao estar com
alunos que apresentam dificuldades no aprendizado, preocupação essa que me
condicionou buscar aprender mais para poder ensinar melhor e poder contribuir para
uma minimização deste fator, que tem atingido grande parte da nossa sociedade.
Diante deste dilema, há mais ou mesmo 21 anos atrás iniciei uma longa
trajetória. Cursei a graduação em Pedagogia, mas ainda havia lacunas que
precisavam ser preenchidas, angustias e insegurança permeavam a minha vida
profissional. Posteriormente iniciei minha primeira especialização em
Psicopedagogia. Na época, a motivação inicial era buscar ferramentas e técnicas para
auxiliar os alunos que apresentavam dificuldade no processo de aquisição da leitura
e da escrita.
Atualmente a experiência, a vivência no cotidiano escolar e a busca pelo
conhecimento trouxe excelentes resultados.
O cenário educacional atual traz consigo grandes desafios, não que o de antes
não trazia, mas hoje com o avanço da ciência e pesquisas temos acesso a diversos
recursos, tecnologias e diferentes estratégias que tem por objetivo atender a todos os
alunos, independentemente de sua condição física ou intelectual.
O presente trabalho propõe analisar a possibilidade de a escola proporcionar
aos alunos o cenário em que todos podem aprender. Através de estudos já realizados,
muitos educadores se deparam com o mesmo questionamento: “Por que alguns
estudantes não são bem sucedidos na sua trajetória escolar?”.
Esta com certeza é uma incógnita que pretendemos esclarecer, buscando
apresentar possibilidades e condições de tornar o aprendizado mais prazeroso e com

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um sentido lógico para o aluno, visando um cotidiano escolar onde o sucesso é
possível.
Pretendemos pontuar as dificuldades que as crianças apresentam ao cursarem
a Classe de Alfabetização, principalmente em relação às crianças das classes
populares, pela inexistência de políticas públicas adequadas às camadas sociais no
ensino fundamental, responsáveis, em grande parte, pela reprodução da escola
através da história perversa da repetência e da evasão.
Cabe nos questionar: “Quem é o responsável por tanto analfabetismo?”, “Por
que crianças que passam anos na escola, mas não conseguem compreender a
linguagem escrita?”, “O que os educadores, tem feito para mudar esse quadro?...”
Portanto, cabe este trabalho: levar o professor educador a refletir sobre o
processo de ensino-aprendizagem com uma perspectiva em novas estratégias de
ensino, e, se este tem sido significativo para seus alunos; indicar formas que poderão
levar o aluno a compreender e assimilar a linguagem escrita, oral e sonora;
proporcionar ao educador o entendimento de que ele é o facilitador da aprendizagem,
não é o transmissor dos conteúdos, pois estes vêm da própria experiência do aluno.
Sabemos que os analfabetos se encontram em um mundo limitado, que é
inteiramente dependente do outro, para obter qualquer tipo de esclarecimento e
informação. As consequências podem ser vistas nitidamente na sociedade, onde
àqueles que não tiveram acesso à escola, ficam a margem da maioria dos benefícios
oferecidos pela sociedade.
Acreditando-se que é possível ensinar e aprender para todas as crianças. Visto
que antes de entrar na escola, de ser alfabetizada, ela já adquiriu sua história,
trazendo consigo seu universo de conhecimentos. É capaz de expressar: oralmente,
por sinais ou outros recursos que proporcione seu aprendizado, de entender nossa
língua e falar com desenvoltura nas circunstâncias da vida em que precisa usar a
linguagem, apesar de suas limitações na linguagem e de nem sempre saber ler e
escrever.
O professor é a peça fundamental neste processo de alfabetização, pois é ele
que conduzirá seus alunos a ter prazer em aprender, ter sempre a consciência que a
alfabetização é um processo. Não é limitada a momentos compartilhados no cotidiano
escolar. A escola, o professor e o mediador escolar têm a função de criar os caminhos
para que as crianças avancem nesse processo e construa com suas próprias mãos
outros caminhos que poderão por ele passar.

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Faz-se necessário que haja uma nova visão no processo de alfabetização,
onde o sucesso é possível, tornando cidadãos capazes de ler e escrever.
Apresentaremos duas práticas de Ensino que tem apresentado excelentes
resultados na escolarização: a Consciência Fonológica, que visa desenvolver as
habilidades para o sucesso na alfabetização e o Desenho Universal da Aprendizagem
(DUA) tem reúne estratégias que possibilitam todos os estudantes a aprender.
A educação é o que existe de mais importante numa sociedade, porque é a
instituição que mantém e dinamiza as forças culturais capazes de superar as
dificuldades existentes e sugerir alternativas novas de organização social. Sem
educação é impossível determinados povos e nações aprimorar os seus potenciais e
oferecer melhoria materiais, culturais e espirituais para as gerações futuras.
A Educação precisa ser prioridade no Brasil. Ela é a base, o alicerce e a
substância da vida social. A evasão, a repetência, as baixas notas, os problemas de
indisciplina, o desinteresse, são indicadores das profundas deficiências do atual
sistema de ensino, principalmente na sua organização pedagógica e em suas ações
sociais.
Pretendemos então, estar discorrendo sobre este tema que é tão necessário
para a melhoria da nossa sociedade, que trata da importância do sucesso no processo
de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita.
Portando, estaremos apresentando no decorrer deste trabalho os aspectos
relacionados à alfabetização, tais como: o que é a alfabetização; dificuldades na
alfabetização e reflexão no Processo de Ensino-aprendizagem.
Posteriormente falaremos sobre a Educação Inclusiva e suas práticas
pedagógicas.
Apresentando na finalização deste trabalho as Estratégias de Ensino por meio
da Consciência Fonológica e do Desenvolvimento Universal da Aprendizagem na
alfabetização que visam assegurar o sucesso de todos os alunos.

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Revisão de Literatura

Sabemos que o mundo caminha a passos largos, a cada dia são realizadas
inúmeras descobertas, a tecnologia tem avançado em uma velocidade incrível. Mas
mesmo diante de tantos recursos, ferramentas, pesquisas e técnicas há um público
que se encontra a margem da sociedade. Público esse que não tem acesso a uma
educação de qualidade, a assistência médica adequada e a qualidade de vida é
precária.
Mesmo diante de tantos avanços, o analfabetismo é um fator que precisa de
atenção. O que impede uma criança de ser alfabetizada? Enquanto professores, o
que temos feito para minimizar estes dados de analfabetismo? E a família, como pode
contribuir para que a criança seja alfabetizada no tempo certo?
Há inúmeros questionamentos e diferentes aspectos que interferem direta e
indiretamente neste cenário. Os problemas estão aí, ano após anos. Mas o que
podemos fazer para mudar esta realidade?
Pesquisas relatam que o índice de analfabetismo cresceu na Pandemia:

O número de crianças de seis e sete anos no Brasil que não sabem ler e escrever
cresceu 66,3% de 2019 para 2021 – explicitando um dos efeitos da pandemia
de Covid-19 no ensino brasileiro.

A análise foi divulgada, nesta terça-feira (8), pela organização Todos Pela Educação,
com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad Contínua), feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao
todo, 2,4 milhões de crianças brasileiras não estão alfabetizadas nesta faixa etária.
O número corresponde a quase metade (40,8%) do grupo inteiro. Daniel Corá e
Juliana Alves. CNN, São Paulo.

Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/autor/juliana-alves/

Figura 1 – Manchete na notícia do site da CNN Brasil em 08/02/2022

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/numero-de-criancas-brasileiras-que-nao-sabem-ler-e-escrever-
cresce-66-na-pandemia/Acesso em 06 de mai de 2023.

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Figura 2 – Crianças em uma sala de aula

https://img.youtube.com/vi/cw_aYtJ2O0U/sddefault.jpg
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/numero-de-criancas-brasileiras-que-nao-sabem-ler-e-
escrever-cresce-66-na-pandemia/Acesso em 06 de mai de 2023.

O cenário não é favorável, os desafios são numerosos, mas acreditamos que


sabendo utilizar a ciência a favor da educação esta realidade pode ser transformada.
Comecei a alfabetizar em 2003 e me deparei com algumas situações e
questionamentos em relação a qual seria a melhor forma de alfabetizar e quais seriam
as atividades mais adequadas. Ao longo de anos, por não ter o conhecimento que
tenho hoje, alfabetizava pelo método das famílias silábicas. Era a forma que aprendi
e assim transmitia para os meus alunos. Através do reconhecimento da letra, das
sílabas e da memorização. Conseguia alfabetizar, mas havia muitas situações na qual
este processo demorava muito, então, ficava angustiada e não conseguia entender
porque aquele aluno não conseguia aprender a ler e a escrever.
Sabemos que há diferentes distúrbios, transtornos de aprendizagem, aspectos
físicos e motores que podem interferir neste processo de aquisição da leitura e da
escrita.
Era perceptível ver crianças passam pela Educação Infantil e chegam na
alfabetização no nível pré-silábico de escrita, ou seja, a representação da escrita era
feita de forma aleatória sem ter relação com o seu valor sonoro.
Os anos se passaram, fui adquirindo mais conhecimento e experiência, mas os
questionamentos mencionados anteriormente continuavam. Fiquei alguns anos sem
lecionar para a Classe de alfabetização. Mas minha paixão e dúvidas permaneceram.

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Estas inquietações me levaram a realizar pesquisas sobre o assunto até que conheci
a Consciência Fonológica. Desde então, tudo passou a fazer sentido.
Encontrei algumas respostas aos meus questionamentos e comecei a colocar
em prática com meus alunos e foi surpreendente o resultado.
A consciência fonológica é uma habilidade que vem sendo estudada no mundo
inteiro há mais de quarenta anos e esta habilidade está correlacionada ao sucesso da
alfabetização. Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se ensina
e como se aprende. (COLL, César)
Pesquisadores consideram a possibilidade da consciência fonológica ser um
facilitador da aprendizagem para todas as crianças, sejam elas com transtornos ou
não, com deficiência ou não, com dificuldades de aprendizagem ou não.

Os estudos de Bryant e Bradley (1983). Cunningham (1990), A. G. S. Capovilla e


F. C. Capovilla (2000) servem de referência, pois constatam uma mudança
significativa no processo de alfabetização de alunos que receberam o treino de
consciência fonológica e de correspondências grafofonêmicas, independentemente do
contexto social e/u econômicos em que estavam inseridos.

Inúmeras pesquisas têm evidenciado a importância de trabalhar a consciência


fonológica como pré-requisito para o sucesso na alfabetização. Crianças que recebem
a estimulação para trabalhar os sons, sílabas e palavras desde a Educação Infantil é
perceptível a redução dos erros na escrita.
Através dessas reflexões, é notório a necessidade de investir em materiais que
visam preparar estes estudantes para o desenvolvimento da Consciência fonológica,
garantindo assim uma alfabetização de qualidade.
Partindo do pressuposto de uma educação de qualidade que agrega todos os
estudantes podemos destacar o Desenho Universal da Aprendizagem (DUA). Através
do Curso de Especialização em Educação Especial e Inovação Tecnológica tivemos
o conhecimento desta prática pedagógica que visa assegurar o acesso à educação
para todos os estudantes.
Sabemos que o planejamento curricular na sua grande maioria não é pensado
para atender todos os alunos, são inúmeros problemas. Estudantes com deficiência
intelectual, espectro autista, síndromes, transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade, estudantes com altas habilidades e tantos outros, muitas vezes são
excluídos no processo de ensino aprendizagem pois as aulas não são elaboradas e
pensadas para agregar este grupo de alunos.

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O Desenho Universal da Aprendizagem tem como objetivo capturar esses
estudantes marginalizados e desenvolver seu planejamento pedagógico de forma que
todos sejam contemplados.
Acreditamos que este novo conceito de ensino aliada ao desenvolvimento da
consciência fonológica pode ser uma excelente ferramenta para trazer grandes
benefícios e minimizar os índices de analfabetismo no Brasil e no mundo. Precisamos
modificar a nossa forma de ver para modificar a realidade, como disse Lair Ribeiro: “A
medida que você modifica a sua percepção, você modifica a realidade, porque
percepção é realidade, tudo o mais é ilusão.” Lair Ribeiro

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Percurso Metodológico

Alfabetização

É definida como o processo de aprendizagem que desenvolve a habilidade de


ler e escrever de maneira que o indivíduo seja capaz de utilizar a língua como um
código de comunicação. A alfabetização segundo a UNESCO, são divididas em quatro
eixos:

Dificuldades na Alfabetização
As crianças em processo de alfabetização quando apresentam dificuldade de
aprendizagem ou baixo rendimento escolar faz necessário buscar uma análise sobre
os aspectos teóricos do assunto à partir da queixa escolar. Emília Ferreiro e
colaboradores por meio de suas pesquisas trouxeram um novo olhar sobre a
concepção de alfabetização, ocasionando a organização das patologias nesta fase de
aprendizagem escolar. Logo, a alfabetização obtém uma nova forma de ser vista, pois
antes era apenas uma transmissora de um conhecimento pronto, que para recebê-lo
a criança que apresentar algumas habilidades. Ela passou a ser resultante da
integração da criança, como construtor do conhecimento, e da linguagem escrita.

Uma construção que não é linearmente cumulativa, pois se trata de um processo de


objetivação no qual o sujeito continuamente constrói e enfrenta contradições que o
obrigam a reformular suas hipóteses. Um processo dialético através do qual ela se
apropria da escrita e de si mesma como usuário-produtor da escrita (WEISZ, 1986, p.
96).

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O professor alfabetizador realiza uma avaliação tendo como base esta visão
permite ao aluno compreender o que escreve ou lê, adquirindo o prazer pela leitura e
escrita. Muitas das vezes a necessidade em obter uma avaliação do que está sendo
transmitido ao aluno, gera uma exigência para o cumprimento de prazos na execução
e assimilação dos conteúdos que pode trazer graves consequências e dificuldades na
escrita e na leitura na alfabetização.
A estimulação por meio da consciência fonológica utilizará recursos que
possibilite ao educando perceber o significado da leitura e da escrita. Poderá ser
utilizando jogos, fichas ilustradas com os sons das letras do alfabeto, rimas, desenhos,
pinturas, histórias, etc. A observação nas atitudes do estudante em relação a cada
atividade é muito significativa para este processo de alfabetização.
É essencial que haja uma análise do que o aluno é capaz de ler e escrever
associando com as exigências que há na escola. Respeitando sempre o nível no
processo de alfabetização de cada criança, pois a capacidade real de uma criança
que encontra-se no nível pré-silábico se difere de outra criança que já consegue
diferenciar as letras e seu valor sonoro.
Quando este ritmo individual de cada indivíduo é ignorado gera uma dificuldade
que irá se agravando a cada dia, levando a criança a recusar a cumprir as atividades
que exigem a leitura e a escrita. Alguns episódios de problemas na alfabetização
podem estar relacionados a questão simbólica, que influencia de forma inconsciente
na aquisição da leitura e da escrita. Assim, a criança internaliza alguns aspectos,
como: não quero crescer, não compreender seu papel no mundo, não consegue
realizar os registros, etc. logo, entendemos que o domínio da alfabetização representa
autonomia, crescimento diante dos pais e do mundo que o cerca.
Quando o processo de alfabetização não acontece de uma maneira tranquila e
natural, a pressão sobre a criança torna-se um fator complicador. Os adultos,
familiares, professores, e até amigos voltam sua atenção para a aquisição da leitura
e da escrita, fazendo cobranças, comparações, muitas vezes com a melhor das
intenções.
A rotulação que se faz com as crianças que apresentam dificuldade e são vistas
como “preguiçosas” é outro aspecto que precisa ser dissociado no aprendizado. A
“preguiça” pode ser um sinal de dificuldade.
Acreditamos que cabe aos professores o papel da alfabetização, eles precisam
estar preparados para este processo. Os pais também podem contribuir para esta

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aquisição do conhecimento, tendo o cuidado para não exigir da criança mais do que
ela pode oferecer. Algumas atitudes podem contribuir positivamente para o sucesso
na alfabetização, tais como:
o Tornar o contato com a leitura e a escrita prazeroso, misterioso – ler para a
criança, contar histórias, ler na frente das crianças (os pais que têm hábito de
leitura têm mais chance de desenvolver o hábito de leitura nos filhos);
o Disponibilizar material – como revistas, gibi, livros. É importante que tenham
muitas gravuras e pouco texto. Com o tempo a criança se interessará pelo texto,
mas é normal que o interesse inicie pelas figuras;
o Fornecer os estímulos certos para o desenvolvimento da percepção auditiva e
desenvolver a estimulação fonológica e metafonológica das palavras. Estimular a
percepção dos sons, por meio das habilidades de consciência silábica,
consciência de palavras, etc.
o Estimular o desenho, a pintura, o contato com diferentes materiais (não só na hora
do dever de casa, mas como uma brincadeira em diferentes momentos). Sentar
para desenhar junto e “brincar de escrever”.
o Jogar jogos. Jogo de rimas, jogo da memória é excelente para ajudar na
alfabetização. A criança identifica os iguais e os diferentes, a posição das peças,
memoriza visualmente as peças, etc. Outros jogos: dominó, dama, quebra-
cabeça, ludo.
o O importante é sempre fazer de forma agradável e divertida, para que a criança
goste de aprender, goste de ler, goste de escrever.
o Após a experimentação de várias alternativas (tanto pela escola quanto pela
família) a utilização de estímulos da forma correta trará benefícios e o sucesso na
alfabetização.

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A alfabetização sob uma perspectiva epistemológica

Segundo o dicionário:

Epistemologia é a reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do


conhecimento humano, esp. nas relações que se estabelecem entre o sujeito
indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo;
teoria do conhecimento.

Epistemologia é saber como ocorre o conhecimento humano e suas etapas.


O objetivo da epistemologia é compreender os processos de acordo com a
perspectiva do aluno ou do professor.
Pensar epistemologicamente é realizar questionamento a partir de algo que se
sabe ou se quer saber.
É preciso entender como ocorre o processo de alfabetização, conhecer as
etapas de escrita na qual a criança se encontra e utilizar as ferramentas certas da
forma correta para que ela avance no seu processo de escolarização.
Piaget diz que, para que todo conhecimento seja consolidado, é importante que
se tenha uma base anterior, porque, dessa forma, um sobrepõe o outro. Logo, é
necessário saber o momento em que a criança se encontra. Se ele não consegue
saber refletir sore seus processos mentais, não compreenderá a relação de uma letra
com o som.
É necessário entender o porquê, saber as causas que levaram o aluno ao
fracasso escolar. Precisamos aprender a questionar.
Acreditamos que o educador precisa fazer o que deve ser feito para que seus
alunos alcancem o sucesso na alfabetização. O sistema muitas vezes se apresenta
com inúmeros conteúdos programáticos que precisam ser cumpridos e se esquecem
do básico. Como vou ensinar exigir que meus alunos interpretem um texto, se eles
não adquiriam o conhecimento básico e fundamental para a aquisição da leitura e da
escrita.

Educação Inclusiva
A Educação Inclusiva tem obtido grandes mudanças por meio de alguns
movimentos políticos, social e educacional, tais como: Conferencias Mundiais e
Fóruns realizados pela Unesco nos anos de 1990, 1994 e 2000 e a Convenção sobre
os direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2008), com o objetivo de garantir a
educação para todos os estudantes portadores de necessidades especiais. Diversas

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medidas estão sendo discutidas e tomadas para que todos tenham condições de ter
acesso ao ensino regular independente de suas condições físicas, motoras,
intelectuais, emocionais, etc.

E, uma vez que a Educação Inclusiva tem vindo a ser reconhecida como uma meta a
atingir pelos sistemas educativos em todo o mundo, alguns autores sublinham a
urgência de criar comunidades de aprendizagem inclusivas para todos os alunos
(Curcic, 2009; Kats, 2012; 2013; UNESCO, 2009)

Bem sabemos que as medidas de políticas educativas por si só não são


suficientes para garantir o acesso a uma educação de qualidade. É essencial a
implementação de mudanças na estruturas física, de equipamentos e nos currículos
pedagógicos e na elaboração de práticas pedagógicas que garantem a participação
efetiva de todos os estudantes no cotidiano escolar em seus diferentes contextos.
A criação deste novo modelo pedagógico é desafiador, mas é possível.
Precisamos voltar nossas ações para uma pedagogia inclusiva que propiciem a
participação e o envolvimento de todos os estudantes. O sucesso envolve duas
esferas principais: a política e o corpo docente.
Para esta mudança no currículo pedagógico faz-se primordial a implementação
do Desenho Universal da Aprendizagem (Dua), (Universal Desing for Learning (UDL),
trata-se de um conjunto de princípios e estratégias relacionadas a elaboração do
currículo com o objetivo de facilitar a aprendizagem de maneira que o ensino de
adeque a todos os alunos. Estaremos detalhando melhor esta prática no capítulo a
seguir sobre Estratégias de Ensino.

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Objeto Educacional

Consciência Fonológica

A consciência fonológica pode ser entendida como um conjunto de habilidades


que vão desde a simples percepção global do tamanho da palavra e de semelhanças
fonológicas entre as palavras até a segmentação e manipulação de sílabas e
fonemas (BRYANT & BRADLEY, 1985).
Trata-se de uma habilidade metacognitivas, ou seja, é integrada a ferramentas
que tem por objetivo levar o aprendiz a aprender e pensar, a desenvolvendo o
pensamento crítico, o juízo reflexivo, a resolução de problemas e a tomada de decisão.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) defende o trabalho com a consciência
fonológica para levar os estudantes a se apropriar da língua escrita.
A linguagem pode ser dividida de muitas maneiras, incluindo sentenças de
palavras, palavras grandes e pequenas, palavras que podem ser divididas em sílabas,
palavras que começam com sons parecidos, palavras que terminam com o mesmo
som (rimas). Esta estimulação através da percepção dos sons a levam a entender que
há semelhanças e diferenças, isso vai ocorrendo de forma espontânea e podendo ser
realizada através de brincadeiras durante todo o processo de alfabetização que dar-
se início na Educação Infantil que é a fase primordial para iniciar a estimulação da
Consciência Fonológica.
Após ter o conhecimento desta ferramenta por meio de pesquisas e cursos foi
como um divisor de águas na minha prática pedagógica, possibilitando uma
alfabetização de qualidade com resultados surpreendentes no desenvolvimento dos
meus alunos.
Muitas crianças apresentam dificuldade de aprendizagem e demonstram
problemas com habilidades da Consciência Fonológica. Mas, entendemos que esta
dificuldade pode existir sem a existência de outros problemas de aprendizagem.
Muitas das vezes a inexistência desta habilidade está relacionada a dificuldade de
leitura e escrita, logo, não deve ser interpretada como uma deficiência. As crianças
que são identificadas com dificuldades no processo de leitura e escrita podem
melhorar significativamente após receber os estímulos e as instruções corretas por
meio do desenvolvimento da consciência fonológica.

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Não podemos cometer o erro em dizer que cada criança tem seu tempo de
aprender. A neurociência afirma que para aprender a ler e a escrever tem prazo
determinado. Por meio de pesquisas foi descoberto que o desenvolvimento de uma
substância branca em uma área específica do cérebro, a região temporoparietal
esquerda que é responsável pela associação dos sons e letras, o crescimento desta
substância ocorre entre os cinco aos oito anos de idade. Logo, o tempo é crucial para
que a criança seja alfabetizada na idade certa.
Temos muito casos de crianças que ultrapassam esta faixa etária e não foram
alfabetizadas. Cabe a cada profissional da educação se apropriar destes
conhecimentos e assumir a reponsabilidade em contribuir para que todos os seus
alunos sejam alfabetizados no tempo certo.
A linguagem é um fator importante para o desenvolvimento e a aprendizagem.
A linguagem oral seria indispensável para a habilidade de leitura e escrita. Precisamos
também levar em conta as crianças que se comunicam por meio da linguagem não
verbal e não somente a oral. Para os casos cabe uma estimulação específica de forma
que o professor proporcione a este grupo de alunos alternativas de comunicação no
processo de alfabetização ou em qualquer segmento de ensino.
Não podemos nos esquecer que cada criança possui as suas particularidades
e necessidades, algumas desenvolveram essas habilidades mais cedo, enquanto
outras mais tarde.
O desenvolvimento da habilidade de consciência fonológica inicia do menor
para o maior grau de complexidade. Precisamos iniciar a estimulação dos sons por
meio das rimas, posteriormente avançamos para a segmentação de palavras em
sílabas, depois para o reconhecimento dos sons individuais e por último a
manipulação dos fonemas.
O resultado esperado dependerá da forma que o professor conduzirá este
trabalho. Precisa ser realizado de forma explicita e específica apresentando a
habilidade a ser desenvolvida e o seu significado por meio de exemplos.
Os materiais pedagógicos podem ser elaborados de diversas maneiras de
acordo com a demanda que o educador possui em sua classe. Podendo utilizar fichas
com ilustrações, materiais digitais, jogos, etc.
A seguir faremos a descrição de como podemos desenvolver as habilidades da
consciência fonológica seguidos de alguns exemplos práticos. Seguindo a ordem a
seguir:

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o Consciência da palavra – busca a estimulação por meio da escuta, entender o
que falamos e ouvimos por meio de palavras, frases, músicas, conversas ou
histórias. Ir estimulando por meio de atividades sensoriais introduzir crianças a
uma variedade de conceitos e palavras descritivas (ou seja, quente, frio, grande,
alto, baixo, molhado, seco, rápido, lento). Falar durante brincadeiras, construindo
blocos, brincando de faz de conta. Falando frases e apresentando gradativamente
o conceito de palavras e frases. Pra cada palavra bater uma palma; escrever
frases em um cartão e ir cortando palavra por palavra; reunir algumas fichas com
palavras e formar frases, etc.
o Consciência de sílabas – levar o aluno a perceber que as palavras podem ser
divididas em partes menores, ou seja, em sílabas. Primeiro o aluno foi levado a
perceber a existência de palavras nas frases, ou seja, só é possível formar uma
frase com a composição de palavras. Nesta segunda etapa, é possível perceber
que uma palavra é composta por sílabas. É primordial entender as sílabas para
só assim ser possível perceber a palavra. Nesta fase não é necessário que a
criança tenha o conhecimento das letras.
o Rimas e aliteração – rima é a repetição dos sons que ocorre no final da última
sílaba dos vocábulos ou versos. As rimas podem ser classificadas quanto a
fonética, quanto ao valor e quanto a tonicidade.

Figura 3 – Classificação das rimas

O desenvolvimento da habilidade de rima contribui para o desenvolvimento


fonético da fala, ativando áreas cerebrais específicas.

Especialistas em leitura americanos usam rimas para identificar crianças que podem
ter problemas para aprender a ler. Segundo eles cerca de 80% dos alunos de jardim de
infância encontrarão prontamente, por exemplo, três palavras que rimam com “gato”.
Os outros 20% que não conseguirem poderão ter problemas para se alfabetizarem
(LYON, 1995). Fonte: BRITES, Luciana, 2019, p.34

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É essencial trabalhar muitos textos com rima, histórias, músicas, versos,
brincadeiras com fantoche, apresentar figuras que rimam ou não. Criar enigmas a
partir de uma palavra, etc.
Supomos que tenhamos um aluno com Deficiência Intelectual e gostaríamos
que ele percebesse a rima. Como o aluno tem dificuldade em produzir a fala, podemos
usar figuras para as quais o aluno possa apontar. Em seguida, podemos utilizar
cartões de figuras para ele manipular e unir pares formando rimas, primeiramente
somente dois modelos e depois ir incluindo um a um, começando o que rima e depois
o que podem ser misturados em palavras. Pode iniciar mostrando à criança uma foto,
por exemplo, de um leão. Comece dizendo: “Aqui está a figura de um leão.”; “O leão
tem um bocão.”; “O leão saradão”.
A aliteração consiste na percepção da repetição dos sons das palavras. Ocorre
através da repetição de sílabas, que podem ocorrer no início, no meio ou no final da
palavra. Uma forma de trabalhar a estimulação desta habilidade é o uso de trava-
línguas, no qual há a repetição dos sons fonêmicos nas palavras. Um exemplo bem
conhecido é: O rato roeu a roupa do rei de Roma, neste trava-língua o aluno é levado
a perceber o som da letra /R/ no início das palavras.
o Consciência do Fonema: Este é o nível mais avançado da consciência
fonológica, neste nível é importante que a criança faça a relação da letra com seu
respectivo som. O trabalho com os fonemas deve iniciar de uma percepção mais
simples para a mais complexa. É importante saber que o fonema: é a menor
unidade da língua; não é pronunciado isoladamente; não é audível e é abstrato
(pode ocorrer dificuldade em percebê-los).
Neste nível é importante estimular a criança para que ela realize operações
cognitivas, tais como: adicionar, segmentar, omitir, manipular e analisar os sons
da palavra que está ouvindo, sendo capaz de entender os sons existentes em
cada sílaba.

Stanislas Dehaene, em seu livro Os neurônios da leitura, diz que é preciso colocar o
estímulo hierárquico no cérebro, a fim de que a criança possa reconhecer as letras e
os grafemas e os transformar em imagens acústicas de sua língua; todas as outras
etapas de nível ortográfico e enriquecimento de vocabulário dependem disto
diretamente. (Fonte: Silva, Carla Cristina dos Santos da., 2020, p. 140 Neurociência
para alfabetização.)

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Desenho Universal da Aprendizagem

O Desenho Universal da Aprendizagem (DUA) tem como primícia a


acessibilidade, por meio de um planejamento que possibilite o acesso a todos os
aprendizes. Por meio da implementação do DUA é possível capturar os estudantes
marginalizados para aqueles no qual o Design, ou seja, o planejamento funcione para
qualquer aluno.
O currículo tradicional traz como resultados que os estudantes portadores de
alguma deficiência não tem se esforçado o suficiente para ter sucesso em sua jornada
acadêmica. Inclusive os estudantes com altas habilidades, muitas vezes sentem-se
entediados porque a forma que os conteúdos são apresentados não traz nenhuma
relevância ou novidade.
O Desenho Universal da Aprendizagem refere-se a uma neurociência cognitiva
que busca levar os estudantes a projetar suas experiências e vivencias no cotidiano
escolar por meio de um conhecimento de amplo espectro tornando-os em alunos bem
sucedidos e aprendizes experientes.
O planejamento pensado com esta abordagem é flexível, possibilita diferentes
escolhas e caminhos.

Figura 4 - Princípios básicos do Desenho Universal para a Aprendizagem DUA. Fonte: Nunes e Madureira
(2015). Acesso em 10 junho de 2023 em https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Principios-basicos-do-
Desenho-Universal-para-a-Aprendizagem-DUA-Fonte-Nunes-e_fig1_338010245

Através de três princípios podemos nos apropriar deste conhecimento e inseri-


lo na rotina escolar de nossos alunos, sendo:
1) Múltiplos meios de engajamento: é necessário motivar e engajar os alunos no
processo de aprendizagem. Quando o professor consegue perceber o interesse
de seus alunos e os motiva a persistir e superar suas limitações, tornando um

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facilitador neste processo educacional por meio de diferentes estratégias de
ensino-aprendizagem.
2) Como apresentamos a informação: Podemos apresentar de diversas maneiras,
por meio de símbolos, da linguagem, por desenhos, objetos manipuláveis, etc.
3) Fornecer múltiplos meios de ação e expressão: os alunos podem se expressar
através de desenhos ou da linguagem. O professor precisa fornecer as
possibilidades, diferentes maneiras de abordar o conteúdo.
A elaboração do currículo de forma que ele se torne acessível para todos os
alunos faz-se necessário seguir os seguintes componentes:
1 – Objetivo: O que é importante?
2 – Estratégias: O que preciso para alcançar o objetivo?
3 – Recursos e materiais: O que estarei utilizando para a aplicação do conteúdo?
4 – Métodos: Como vou ensinar?
5 – Avaliação: Analisar se os critérios estabelecidos foram alcançados.
Acreditamos que uma escola inclusiva é aquela que reúne estratégias e
ferramentas que possibilite o desenvolvimento cognitivo, social e emocional de todos
os alunos. Independentemente de sua condição física ou intelectual sejam
contemplados com um ensino que seja pensado para todos.
Este trabalho tem como público alvo os estudantes em fase de alfabetização,
embora as estratégias de ferramentas até aqui apresentadas podem ser utilizadas em
diferentes níveis de escolarização.
A consciência fonológica aliada ao DUA podem ser meios eficazes com
resultados comprovados cientificamente e envolve ativamente todos os estudantes na
fase de alfabetização, acreditamos que toda criança merece e precisa ser
alfabetizada.

Resultados esperados
Como mencionado anteriormente, minha trajetória na área da educação
começou muito cedo. No início da minha carreira profissional como professora não
tinha o conhecimento que tenho hoje. Como diz Thomas Hobbes, “Conhecimento é
poder”. Poder esse que me libertou da angustia de não compreender porque
determinado aluno não conseguir se alfabetizar, liberdade para buscar as ferramentas
e usar estratégias eficazes no dia a dia letivo.

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Alguns anos atrás tive um aluno com TDA/H que não conseguiu ser
alfabetizado. Isto me causou uma profunda tristeza e um sentimento de culpa veio ao
meu encontro. Mesmo diante de várias tentativas, não consegui alfabetizar este aluno.
Após isso, iniciei uma busca por respostas, pois sempre busquei dar o meu melhor
para ver o sucesso escolar dos meus alunos.
Iniciei então, uma maratona em busca destas respostas, fiz vários voltados
neurociência e a alfabetização e conheci a consciência fonológica. Quando aprendi
como o cérebro reage aos estímulos e como acontecia seu desenvolvimento cognitivo,
a relação de como o professor ensina e como o aluno aprende trouxe diversas
contribuições para a minha prática pedagógica.
Foi incrível ver como os alunos eram alfabetizados em um tempo bem mais
curto que o método antes utilizado. Independente do transtorno de aprendizagem a
alfabetização acontecia.
Nestes últimos anos tive o privilégio de acompanhar estes alunos nas séries
seguintes e sua evolução no processo de escrita e leitura é surpreendente. Os alunos
no 2º ano do Ensino Fundamental estão com uma leitura fluente e sua escrita com
poucos erros ortográficos.
Entendemos que é importante o professor se apropriar dos conceitos de como
a escrita se constrói, é essencial conhecer e saber em qual fase da escrita a criança
se encontra (pré-silábico, silábico, silábico-alfabético ou alfabético). A criança precisa
estar em contato diariamente com materiais e recursos que estimulem sua
compreensão a cerca do desenvolvimento da leitura e da escrita.
A estimulação feita da maneira correta, respeitando os níveis hierárquicos da
consciência fonológica proporciona aos alunos o avanço nos níveis da escrita de
forma satisfatória e evolutiva. Quando a criança chega no nível alfabético, não
podemos achar que ela está alfabetizada. Ela precisa se apropriar da ortografia que
ocorrerá após esta etapa.
Antes de me apropriar deste conhecimento era muito comum exigir do meu
aluno a escrita correta das palavras ao invés de analisar e fornecer os estímulos
corretos para que ele consiga fazer a análise e a apropriação do conhecimento e ir
conseguindo avançar no seu processo de alfabetização.
O Desenho Universal da Aprendizagem será o próximo recurso a ser
implementado em minha prática pedagógica. Após iniciar a Especialização em
Educação Especial e Inovação Tecnológica pude conhecer mais este recurso.

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Acredito que o DUA é um recurso essencial para obtermos o sucesso escolar com
uma amplitude que se faz necessária nos dias atuais. Vejo que a Consciência
fonológica já traz em suas práticas recursos e técnicas com os princípios e os
componentes que norteiam o Desenho Universal da aprendizagem, sendo o principal
deles proporcionar o aprendizado para todos os alunos.

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Considerações Finais

Após a construção deste trabalho, das leituras realizadas em diversas fontes


bibliografias, das reflexões sobre os assuntos que até aqui foram abordados podemos
concluir que o fracasso escolar na alfabetização, infelizmente faz parte do cotidiano e
da realidade de milhares de Instituições de Ensino.
Acreditamos que muito já tem sido discutido em torno deste assunto, pois a cada
ano vem aumentando o número de crianças que não conseguem adquirir os
conhecimentos e habilidades necessárias para a aquisição da linguagem oral e escrita
de maneira coerente e significativa. Acarretando em sua grande maioria na repetência
escolar. Crianças que muitas das vezes são incompreendidas e discriminadas por
suas limitações. Alguns até foram alfabetizados, mas não adquiriram a habilidade
funcional da alfabetização.
Em 2019 o IBGE, constatou que no Brasil havia cerca de 11,3 milhões de
analfabetos, uma taxa de 6,8% de pessoas acima dos 15 anos que não sabem ler ou
escrever. Este índice só agravou após o período de pandemia. Nosso país não
conseguiu alcançar a meta do Plano Nacional de Educação de 2015, que era diminuir
o índice de analfabetismo até 2024.
Esta constatação reforça a importância da implementação no Currículo
Pedagógico de técnicas e ferramentas cientificamente comprovadas e eficazes no
sucesso escolar destes educandos. Tratando-se desta última, é importante salientar
que se faz necessário criar condições e proporcionar aos professores um olhar e uma
prática diferenciada para que a aprendizagem da leitura e da escrita ocorra de maneira
produtiva.
É, portanto, essencial, que haja uma interação com o professor e a instituição, a
fim de juntos buscarem subsídios que propiciem uma educação de qualidade.
Acreditamos que o professor é fundamental neste processo. Tornando-se não apenas
transmissores de conhecimento, mas sim especialista na arte de educar.
Ao longo dos anos na área da educação vemos diversas metodologias que
surgiram com o objetivo de levar o aluno a conseguir ser alfabetizada. Muitos
professores se veem angustiados e se sentem culpados como eu me senti muitas
vezes por não conseguir os resultados esperados.

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Por muitos anos alunos foram reprovados por não conseguirem ser
alfabetizados, mas até então não sabia que estava ensinando da maneira incorreta.
Após descobrir que precisava ensinar da forma que eles teriam condições de
aprender, tudo mudou.
Concluímos então que a utilização da consciência fonológica pode contribuir de
maneira significativa para a intervenção e prevenção do fracasso escolar na
alfabetização independente das limitações da criança. Cabe ao professor, buscar os
recursos e materiais necessários para propiciar a educação de qualidade. O resultado
que pode ser esperado vai além da alfabetização, por meio desta prática é possível
resgatar a autoestima dos alunos em ver em seu rostinho a alegria por aprender a ler
e a escrever.

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Referências

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. 24ª ed. São Paulo, Cortez,
2001. – (Coleção Questões da Nossa Época).

SILVA, Carla Cristina dos Santos da. Neurociência para alfabetização. 2ª ed. Maringá:
SHS Editora, 2020.

NUNES, C., MADUREIRA, I., Desenho Universal para a Aprendizagem: construindo


práticas pedagógicas inclusivas, Da Investigação às Práticas, 2015.

BRITES, Luciana. Consciência Fonológica: manual teórico e prático. Arapongas:


Editora NeuroSaber, 2019.

MOUSINHO, Renata, Evelin et al. Aquisição e desenvolvimento da linguagem:


dificuldades que podem surgir neste percurso. UFRJ, Ver. Psicopedagogia 2008;
25(78): 297-306. set./out. 2008

CARRAHER, Terezinha Nunes (org.). Aprender pensando. Petrópolis, RJ. Editora


Vozes, 1986.

NUNES, C., MADUREIRA, I. Princípios básicos do Desenho Universal para a


Aprendizagem DUA. Fonte: Nunes e Madureira (2015). Disponível em:
https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Principios-basicos-do-Desenho-
Universal-para-a-Aprendizagem-DUA-Fonte-Nunes-e_fig1_338010245. Acesso em
10 junho de 2023.

NETO, João. Agencia de notícias IBGE. Disponível em:


https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
noticias/21255-analfabetismo-cai-em-2017-mas-segue-acima-da-meta-para-2015.
Acesso em 10 jun de 2023.

ALVES, Juliana. Crianças brasileiras que não sabem ler e escrever cresce na
Pandemia. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/numero-de-
criancas-brasileiras-que-nao-sabem-ler-e-escrever-cresce-66-na-pandemia/Acesso
em 06 mai de 2023.

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