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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA

PREVIDENCIÁRIA DE SÃO PAULO

AUTOR, brasileiro, casado, motorista de ônibus,


portador do RG n.° XXXXXXXXXX, inscrito no CPF/MF sob o n° XXXXXXXXXX, com
endereço na Rua: XXXXXX, XXX, Jardim Daysy - São Paulo – SP – CEP: XXXX, neste
ato representado por sua advogada, que esta subscreve, mandato anexo, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 201, § 1º da
Constituição Federal, e dos artigos 57 e 83 da Lei 8.213/91 propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE


INSALUBRE DE COBRADOR E MOTORISTA DE ÔNIBUS C/C
COM AÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL,
TUTELA PROVISÓRIA, PEDIDO DE ATRASADOS E PEDIDO DE
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Rua Ingaí, 156, sala 1310 – Vila Prudente – São Paulo/SP – CEP 03132-080
T. 11 2063-8079 / C. 11 99508-5396 / e-mail: contato@taissantos.com.br
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em face o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa
jurídica de direito público, sob a forma de Autarquia Federal, inscrita no CNPJ nº.
29.979.036/0001-40, com Procuradoria Especializada na Rua da Consolação, 1875 –
11ª andar – Consolação – São Paulo/SP – CEP: 01301-100, pelos seguintes motivos
de fato e de direito a seguir expostos;

I - PRELIMINARMENTE

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Antes de adentrar no mérito da presente lide, a parte


Autora requer a concessão dos Benefícios da Justiça Gratuita, tendo em vista que
não possui condições financeiras de arcar com as custas processuais, sem que
ocasione prejuízo para seu sustento e de sua família, nos termos do Art. 5º, LXXIV
da Constituição Federal de 1988 e Art. 98 do Código de Processo Civil, conforme
declaração em anexo.

II – DOS FATOS

A Parte Autora requereu em 30/06/2017, conforme PA


anexo, perante a autarquia ré a concessão do benefício de Aposentadoria, sob o
número e benefício n.º XXXX tendo em vista já ter preenchido os requisitos para
tal.

Ocorre que, a autarquia previdenciária entendeu pelo


não reconhecimento do direito ao benefício, tendo em vista sua análise o INSS NÃO
RECONHECEU O DIREITO DO AUTOR, como período trabalhado em condição
especial, bem como entendeu que os períodos laborados na atividade de
MOTORISTA E COBRADOR de ônibus coletivo não pode ser enquadrado como
especial.

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Caso o INSS tivesse reconhecido os períodos em que
laborou em atividades especiais o autor já teria a concessão de APOSENTADORIA,
vejamos:

Empresa Inicio Término Profissão Agente Nocivo

ENQUADRADO como
especial pela
SERVIÇO DE Atividade Especial no
SEG. E VIG. 05/06/1986 20/10/1987 VIGILANTE Código 2.5.7 anexo
III do Decreto
53.831/64 em
virtude da atividade
de vigilante
Penosidade Decreto
VIAÇÃO 53.831/64 do Anexo
NAÇÕES 13/12/1988 18/07/2003 COBRADOR A Item 2.4.4
UNIDAS LTDA DE ÔNIBUS VIBRAÇÃO E RUÍDO
(PROVA
EMPRESTADA E
PERÍCIA TÉCNICA)
SAMBAÍBA 01/03/2004 Até COBRADOR, VIBRAÇÃO E RUÍDO
TRANSPORTES 13/08/2014 MANOBRISTA (PROVA
URBANOS E EMPRESTADA E
LTDA MOTORISTA PERÍCIA TÉCNICA)
DE ÔNIBUS

Total para Aposentadoria Especial = 26 ANOS, 05 MESES E 05 DIAS

Desta forma, fica evidente que o Autor tem mais


de 25 (vinte e cinco) anos de tempo especial, preenchendo os requisitos
para a concessão de APOSENTADORIA ESPECIAL.

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Destarte, busca a tutela jurisdicional do Estado para ver
reconhecido o seu direito, uma vez que a autarquia federal normalmente não
reconhece a função de cobrador e motorista de transporte coletivo após Abril de
1995.

III - DO DIREITO

DA CONTAGEM DE TEMPO ESPECIAL

Importa ressaltar que até o ano de 1995 era assegurado


o direito de aposentadoria especial por categoria profissional aos motoristas e
cobradores de ônibus, com 25 (vinte e cinco) anos de trabalho, possibilitando ainda
a contagem de tempo trabalhado até Abril/1995 como especial acrescido de 40 %
(quarenta por cento) para requerimento de Aposentadoria Por tempo de
Contribuição, para aqueles que naquela data não tinham o tempo exigido para
concessão do benefício de aposentadoria especial.

Contudo, vale destacar que a aposentadoria especial


e/ou a contagem do tempo de contribuição acrescida de 40% (quarenta por cento)
não deixou de existir com o fim da aposentadoria especial por categoria
profissional, bastando apenas juntar a PROVA CABAL E IDÔNEA que o
trabalhador segurado exerce suas atividades exposto a condições de risco que
agridem a sua saúde e segurança.

O que se junta aos presentes autos constata-se que da


contagem do tempo de contribuição, contando como tempo especial os períodos
trabalhados na função de COBRADOR e MOTORISTA o autor ultrapassa mais de
25 (vinte e cinco) anos de atividade insalubre o que lhe outorga direito a
aposentadoria especial.

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DOS ESTUDOS QUE COMPROVAM A INSALUBRIDADE DOS MOTORISTAS E
COBRADORES DE ÔNIBUS

VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO

DA EXPOSIÇÃO COMPROVADA AO AGENTE FÍSICO DE VIBRAÇÃO DE


CORPO INTEIRO – VCI – DE MOTORISTAS E COBRADORES DE ÔNIBUS
URBANOS DA CIDADE DE SÃO PAULO E A DISSEMINAÇÃO D EDOENÇAS
OCUPACIONAIS.

Estudos recentes não deixam dúvidas de que a exposição


à vibração de corpo inteiro – VCI, produzidas pelos ônibus utilizados pelas
empresas de transportes urbanos de passageiros das grandes cidades acometem os
trabalhadores de diversas moléstias ocupacionais, principalmente na região lombar
da coluna vertebral. Levantamentos técnicos realizados por profissionais
particulares e de grandes UNIVERSIDADES BRASILEIRAS tem demonstrados
malefícios da exposição a tal agente. A exposição à VCI acima dos limites de
tolerância, além de assegurar o percebimento de adicional de insalubridade de grau
médio, correspondente a 20 % (vinte por cento) do salário mínimo, possibilita a
retirada precoce do trabalhador do mercado de trabalho com a aposentadoria
especial prevista no artigo 57 da lei 8.213/91. Segue abaixo referência a alguns
desses trabalhos técnicos científicos (documentos anexos) demonstrando que
MOTORISTAS E COBRADORES DE ÔNIBUS TRABALHAM EXPOSTOS A VCI
acima dos LIMITES DE TOLERÂNCIA, O QUE ALÉM DE ASSEGURA-LHE A
APOSENTADORIA ESPECIAL DE 25 (VINTE E CINCO) ANOS, PERMITE A
CONTAGEM DE ACRESCIMO DE 40 % (QUARENTA POR CENTO) PARA
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO:

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REVISTA DE SAÚDE PUBLICA conclui ”...Efeitos adversos na coluna vertebral,
devido à exposição a VCI, como lombalgia, degeneração precoce na região lombar
e hérnia de disco, tem sido os tópicos mais recorrentes na literatura sobre o
tema”¹. A conclusão não deixa dúvida dos efeitos maléficos da VCI, correlacionando
com as referidas doenças adquiridas por ocasião da exposição.

TESE DE DOUTORADO APRESENTADA A UNIVERSAIDAD DE SÃO PAULO –


USP conclui no mesmo sentido “... Desse modo, detendo-se nos aspectos
referentes aos efeitos advindos da exposição à VCI, os autores salientam
pesquisas, nas quais foram revelados os efeitos a longo prazo mais evidentes, como
lombalgias, degeneração precoce da coluna e hérnia de disco.” Os pesquisadores
vão além e justificam “...O tema mais relevante, constatado através da revisão
bibliográfica executada, foi sobre os efeitos decorrentes da exposição a VCI sobre a
coluna, principalmente em virtude de números representativo de afastamentos do
trablaho provocado por este problema.”1

REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA BIOMÉDICA 2 publica estudo com as


seguintes conclusões: a)”...os motoristas estão expostos a níveis potencialmente
danosos à saúde. Os resultados da transmissibilidade dos assentos, na faixa de
frequência da ressonância da coluna vertebral, demonstraram que os assentos
apresentam comportamento dinâmico inadequado deixando os motoristas expostos
aos problemas derivados da exposição à vibração.”; b) “Panjabi et al (1986)
concluíram que a transmissibilidade na coluna vertebral é maior na faixa de 4 a 5
Hz e que muitos dos veículos a motor apresentam frequência nesta particular faixa
(fontes potenciais de risco à coluna vertebral).”; c) “Com relação ao conforto, todos
os veículos apresentaram índices que ultrapassaram os níveis estabelecidos, o que
também pode estar relacionado ao cansaço e problemas físicos que os motoristas
profissionais normalmente apresentam.”

REPORTÁGEM EXIBIDA PELA TV JUSTIÇA EM 09/04/2015 através do link:


(https://www.youtube.com/watch?v=-H10bnQ4KQo), que contou até mesmo com
1
Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo – USP, LUIZ FELIPE SILVA. Professor Orientador: Dr. René Mendes.
2
Revista Brasileira de Engenharia Biomédica, v. 18, 1. 1, p. 31-38, jan/abr 2002. Avaliação da
transmissibilidade da vibração em bancos de motoristas de ônibus urbanos: um enfoque no conforto e na
saúde. ALEXANDRE BALBINOT (Da UTP – Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia – PUCRS Faculdade de
Engenharia) e ALBERTO TAMAGNA (Da UFRGS – Escola de Engenharia).

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entrevista dada pelo Nobre Juiz Federal Dr. Marcus Orione Gonçalves Correia,
da 1ª Vara Previdenciária da Capital, que confirma a especialidade do trabalho
desses profissionais.
TESE DE DOUTORADO APRESENTADA A UFRGS 3 conclui: ”Os níveis de
vibração do corpo humano e transmissibilidade mostraram que os motoristas estão
expostos à vibração a níveis perigosos principalmente na área de ressonância da
coluna-vertebral,” a referida tese compilou outros estudos técnicos no mesmo
sentido, vejamos: a) “...além disso, os autores Rehn et al (2000), Bovenzi et al
(1996), Backman (1983) e Palmer et al (2000b) registraram a grande incidência de
problemas na região das costas, em motoristas profissionais, devido provavelmente
aos níveis de vibrações”; b) “...com relação às dores nas costas, apresentam índices
semelhantes aos encontrados por Beckman (1983), que verificou que os problemas
de saúde em motoristas profissionais estão relacionados principalmente às dores
nas costas e ombros. Os motoristas de ônibus apresentam um índice de dores nas
costas praticamente o dobro quando comparado ao grupo controle.”

Ministério do Trabalho e Emprego – TEM-DRT-MT – Estudo das condições


Ergonômicas, de saúde e Segurança do trabalho em ônibus Coletivo
Urbano, conclui: a) “Analisando-se a profissão de motorista, supõe-se que a
região de maior incidência de dor músculo esquelética, esteja na coluna vertebral”;
b) “...Solicitações necessárias para controle do veículo podem causar fadiga e
estressar estas regiões (membros superiores, inferiores), e em especial, a coluna
vertebral, podendo surgir o desgaste dos discos e o surgimento de lesões, pois,
caso não haja redução dos fatores de risco associados à postura corporal...e
associadas ao trabalho (vibrações) haveria um acúmulo de micro traumatismos,
futuramente responsáveis pelo aparecimento de dor músculo-esquelética.”; c) “O
auto índice de afastamento no trabalho causado pela dor músculo-esquelética em
motorista de ônibus...”; d) “Observa-se que 76% dos trabalhadores admitem terem
ficado doentes após ingressas na função de motoristas...” e) “A dor mais comum
que ocorre entre as várias sob-categorais de motoristas, encontradas na literatura,
podem ser descritas em ordem de região de ocorrência como, coluna vertebral,
membros inferiores e pescoço. No entanto, das lesões relatadas a que dizem
respeito a coluna vertebral, sem dúvida é a lombalgia a de maior frequência.” F)
3
Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Engenharia da universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS – “CARACTERIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE VIBRAÇÃO EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS: UM ENFOQUE NO
CONFORTO E NA SAÚDE” de ALEXANDRE BALBINOT.

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“Trabalhadores do transporte coletivo urbano de Cuiabá e Várzea Grande com a dor
no seu dia-a-dia, 88% afirmam sentir dores durante a jornada de trabalho...”; g)
“Prevalência...no período em que ocorreu o estudo (agosto à dezembro/2003), a
prevalência de afastamento entre motoristas era de 19,53% de trabalhadores
afastados com atestado médico.

E desses afastamentos, 66% podem ter relação com os aspectos ergonômicos do


posto de trabalho do motorista e com a organização do trabalho.” Há de se
ponderar o grau de confiança e certeza deste estudo, vez que, foi elaborado pelo
ministério do trabalho e emprego que detém monopólio da fiscalização do Trabalho,
bem como, da elaboração das normas de higiene e segurança.

REVISTA CIPA – Artigo intitulado LEVANTAMENTO DAS INCIDÊNCIAS DE


DORES OSTEOMUSCULARES EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS DO
TRANSPORTE URBANO DE SÃO PAULO; Apresenta as seguintes conclusões: a)
“no universo de 60 motoristas de ônibus do transporte urbano de São Paulo, com
idade entre 30 e 66 anos, observou-se que mais da metade dos profissionais são
acometidos por quadros de dores de intensidade leve a moderada que geralmente
manifesta-se durante e após a jornada de trabalho...”; b) “...Vibração, posto de
trabalho deficiente de ergonomia e a falta de informação e conscientização por
parte destes predispõem ao quadro.”; c) “Condições laborais que predispõem ao
desenvolvimento de DORT/LER NA PROFISSÃO DE MOTORISTA DE ÔNIBUS
URBANO...Seu trabalho está caracterizado por uma alta frequência de execução de
tarefas simultâneas, estão expostos a ruídos e vibração, alta densidade de tráfego e
contínuas paradas do automóvel.”; d) “A coluna vertebral suporta a compressão
exercida pela sobrecarga imposta, em função da força da gravidade (trancos,
vibração e outros fatores externos)...”; e) “Supõe-se que os motoristas de ônibus
urbano demonstraram uma carga de trabalho físico maior que as outras categorias
de motoristas (rodoviários) pois são submetidos a um conjunto mais significativo de
fatores de risco, como repetição de movimentos, congestionamento e vibrações.”;
f) “O presente estudo revelou que 58% , 35 motoristas pesquisados, apresentam
dores osteomusculares (DO) em algum do corpo.”; g) “Observou-se ainda que a
região de maior incidência doi os membros inferiores com 43%, depois tivemos a
coluna vertebral com 30%, sendo a coluna lombar a mais acometida com 23%...”;
h) “Dor na coluna constitui-se a queixa mais frequente, em motorista de ônibus

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urbanos, de 57%.”; i) “Verificou-se que entre os profissionais que procuraram
tratamento médico a maior incidência foi lombalgia com 26% escoliose e hérnia de
disco foram a segunda maior incidência entre estes profissionais com 17%’; j) “Os
principais fatores que predispõem aos acometimentos são:... vibrações por tempo
prolongado...”; l) “Confirmando estas afirmações, Junior e Mendes (1996) dizem
que a lombalgia é relacionada, em motoristas, a postura inadequada, a vibração de
baixa frequência de corpo inteiro e ao risco aumentado de hérnia de disco
intervertebral.”; m) “Já Silva (2002) relata que a vibração é um fator significativo e
agressor à saúde do trabalhador, causando lombalgias e outros problemas de
coluna.”; n) “Observando-se as condições de trabalho desses profissionais
motoristas constatou-se que fatores ocupacionais como jornada de trabalho, tempo
de profissão, sobrepeso e vibração podem ser os principais desencadeadores dos
distúrbios osteomusculares...”
Estudo realizado por um mestre em Engenharia de Produção - Ergonomia da UFSC
intitulado OCORRÊNCIA DE DOR NA COLUNA VERTEBRAL EM MOTORISTAS DE
ÔNIBUS4 fundamenta que: a) “Este estudo procurou investigar a ocorrência de dor
na coluna vertebral em motoristas de ônibus e bombeiros militares...”; b)
“Participaram dos estudos 113 motoristas e 135 bombeiros...”; c) “Os resultados
revelaram que os motoristas apresentaram maior ocorrência de dor na coluna
vertebral do que os bombeiros...”; d) “Adicionado a isto, o estresse em trânsitos
congestionados, a poluição, as desavenças com passageiros, a exposição a ruídos,
as temperaturas elevadas e as vibrações contribuem para definir esta profissão
como altamente fatigante.”;

ARTIGO publicado pela revista CIPA número 351 de fevereiro de 2009, sob título
“VIBRAÇÃO NA DIREÇÃO VEICULAR”, fundamenta que: a) “As pesquisas mais
recentes constataram que os motoristas estão expostos a níveis perigosos de
vibrações principalmente na faixa de frequência de ressonância da coluna
vertebral.”; b) “Só manter-se em posição já exige esforço muscular que somado a
vibração produzirão contraturas de fibras musculares...Este fato somado aos
movimentos repetitivos desenvolvidos durante atividade ira acelerar os processos
degenerativos neuromuscular e osteomuscular.”: c) “Somam-se à vibração os
4
MARCO ROBERTO QUEIROGA (Mestre em Engenharia de Produção – Ergonomia da universidade Federal de
Santa Catarina, docente da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO e SANDRA AIRES FERREIRA
(Grupo de Estudos e Pesquisa em Cineantropometria para Saúde e Desenvolvimento Atlético).

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movimentos repetitivos executados e também a busca permanente ao equilíbrio
que constituirão conjunto propicio ao desencadeamento de tais doenças.”

As conclusões dos estudos científicos e trabalhos


técnicos mencionados são apenas uma síntese do vasto material produzido nos
últimos anos que trata da exposição de motoristas e cobradores de ônibus urbanos
a VCI – Vibração de Corpo Inteiro – parte desses estudos encontra-se disponível
inclusive na internet, o que possibilita o acesso a todos os interessados.

Assim sendo, verifica-se dos laudos anexos elaborados


pelo Ilustre Professor Engenheiro JOSÉ BELTRÃO DE MEDEIROS 5, através de
analises quantitativas que os MOTORISTAS E COBRADORES DE ÔNIBUS URBANOS
DA CIDADE DE SÃO PAULO, desenvolvem suas atividades expostos a condições de
riscos que agridem a sua saúde e segurança, em especial são expostos a
“VIBRAÇÕES DO CORPO INTEIRO”, cujos resultados das avaliações superam e
muito os limites de tolerância previstos na legislação pátria e internacional (ISSO
2631) inclusive nas Instruções Normativas da Previdência Social.

“(...) Assim ao constatarmos que 100% das avaliações quantitativas


de vibração realizadas junto às funções de Motoristas e Cobradores
de ônibus da Cidade de São Paulo se encontram acima do limite de
tolerância estabelecido pela norma ISSO 2631, assim como
verificamos que estas exposições ocorrem de modo habitual e
permanente, não ocasional nem intermitente e que esta condição
de trabalho sempre foi a mesma, ou mais intensa, desde maio de
1995, concluímos pelo direito destes empregados a aposentadoria
especial.”

5
Medeiros, José Beltrão de. Engenheiro Químico e de Segurança do trabalho, CREA 5.061.825.578/D.

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Destarte, não há dúvida que o tempo de contribuição do
obreiro exercido na função de COBRADOR / MOTORISTA de ônibus urbano como
“in casu” deverá ser acrescido de 40% (quarenta por cento) até os dias
atuais para concessão da APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. Sendo
assim, o tempo de contribuição do obreiro ultrapassa os 35 (trinta e cinco) anos
exigidos. Somando o quantum de 44 anos 11 meses e 07 dias.

Neste diapasão segue anexo parecer jurídico do


Professor Doutor WLADIMIR NOVAES MARTINEZ 6que conclui: “Quem dispuser de
declaração hodierna ou mesmo contemporânea, firmada por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança de que exerceu atividades que o expôs ao agente nocivo
físico (ruído ou vibrações), em caráter habitual e permanente, que tenha posto em
risco a sua saúde ou a integridade física, FAZ JUS AO TEMPO ESPECIAL e, em
particular, à aposentadoria requerida.” (negritei).

DA JUSTIÇA DO TRABALHO:

LAUDOS JUDICIAIS

A Justiça do trabalho de São Paulo, em processos


judiciais tem determinado a realização de Pericias Judiciais nos ônibus urbanos da
Cidade e, os peritos tem demonstrado que motoristas e cobradores de ônibus
urbanos de São Paulo trabalham expostos, a vibração acima do permitido pela lei.
Para tanto, anexamos o LAUDO JUDICIAL produzido nos autos do
processo de nº 00018004020105020064 da 64º vara do Trabalho de São
Paulo, tendo como RECLAMADA A EMPRESA VIP – TRANSPORTES
URBANOS LTDA, EMPREGADORA DO REQUERENTE (PERIODO DE
03/10/2008 A 16/09/2015).

6
Professor, Advogado especialista em Direito Previdenciário com mais de 100 livros publicados. Coordenador
do Cento de Estudos de seguridade Social – CESS.

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Referida Reclamação Trabalhista foi movida pelo
Sindicato da Categoria, que tramitou perante a 64ª Vara do Trabalho de São Paulo,
sob o nº 00018004020105020064, desta vez em face da empresa VIP -
TRANSPORTES URBANO LTDA, o laudo confeccionado pelo perito HELIO HOSSAMO
MOTOSHIMA, engenheiro mecânico e de segurança do trabalho, em 07/05/2013,
que fez 07 avaliações, constatou o seguinte:

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CONCLUSÃO SOBRE EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO

Considerando-se o contido neste Laudo Técnico, concluímos que


as atividades realizadas pelos Motoristas e Cobradores da
empresa VIP Transportes Urbanos Ltda. se enquadram como
INSALUBRES segundo o Anexo nº 8 da NR-15, da Portaria
3214/78 do MTE, uma vez que todas as avaliações quantitativas
demonstraram que esses profissionais se expõem a vibrações de
corpo inteiro acima do limite de tolerância estabelecido pela
norma ISO 2631/1997, revisão 2010.

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Segue ainda o laudo elaborado por RUDD
STAUFFENEGGER, engenheiro de produção mecânica e de
segurança do trabalho, nos autos do Processo nº.: 01803201004802000
o qual constou como Reclamante: Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores Em
Transportes e 1ª Reclamada: Viação Campo Belo LTDA que tramitou na 48ª Vara
de Trabalho de São Paulo, no qual concluiu no item 13 e 13.1, no que tange
Insalubridade em sua página 38 que:

“...De acordo com o anexo 8 da NR-15, portaria 3.214 de 08


de junho de 1978, Lei 6.514/77, constatou-se que os
motoristas e cobradores do Reclamante trabalharam em
condições insalubres de grau médio (20%), em todo o
pacto laboral. Verificou-se também que os Motoristas que
laboram em ônibus com motor dianteiro laboram exposto a
outro agente insalubre, também de grau médio, de
acordo com o anexo 1 da NR-15.”

Em relação especificamente ao nível de exposição ao ruído, as


conclusões do expert foram as seguintes:

“7.1 Ruído
7.1.1 Motorista em ônibus com motor dianteiro
Efetuou-se a medição no ônibus Mercedes, modelo Induscar Apache,
placa CZZ-3687, ano 2003, na linha 6048 (Jardim Clarice – Terminal
João Dias), obtendo um nível de pressão sonora médio de 85,91 dB(A) e
125% da dose diária permissível (vide anexo 4 – Tabela de Nível de
pressão sonora x Tempo de Exposição Real x Tempo de Exposição
Permissível e anexo 5 – Gráfico de Dispersão das Medições Instantâneas
x Níveis de Pressão Sonora Encontrados). Com isso pode-se afirmar, que
os motoristas que conduzem veículos com motores dianteiros laboram
expostos a níveis de pressão sonora superior ao limite de tolerância, que
é de 85dB(A) durante diária de 8 horas ou 83 dB(A) durante diária de 10
horas ou 100% da dose diária.

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7.1.2 Motorista em ônibus com motor traseiro
Efetuou-se a medição no ônibus Mercedes, Modelo Caio Millenium, placa
DTB-1482, ano 2006, na linha 647C (Terminal João Dias – Assembleia
Legislativa), obtendo um nível de pressão sonora médio de 81,55 dB(A)
(vide anexo 5 – Gráfico de Dispersão das Medições Instantâneas x Níveis
de Pressão Sonora Encontrados). Com isso pode-se afirmar, que os
motoristas que conduzem veículos com motores traseiros, não laboram
expostos a níveis de pressão sonora superior ao limite de tolerância, que
é de 85dB(A) durante diária de 8 horas ou 83 dB(A) durante diária de 10
horas.
7.1.3 Cobrador em ônibus com motor dianteiro
Efetuou-se a medição no ônibus Volvo, modelo Induscar Millenium, placa
DTC-3038, ano 2007, na linha 5013 (Brigadeiro Luiz Antônio – Praça
Floriano Peixoto), obtendo um nível de pressão sonora médio de 80,91
dB(A) (vide anexo 5 – Gráfico de Dispersão das Medições Instantâneas x
Níveis de Pressão Sonora Encontrados). Com isso pode-se afirmar, que
os cobradores que laboram em veículos com motores dianteiros, não
laboram expostos a níveis de pressão sonora superior ao limite de
tolerância, que é de 85dB(A) durante diária de 8 horas ou 83 dB(A)
durante diária de 10 horas.
7.1.4 Cobrador em ônibus com motor traseiro
Efetuou-se a medição no ônibus Mercedes, modelo Induscar Mondego,
placa DTA-4244, ano 2007, na linha Cerqueira Cezar (Santo amaro) –
Elias
Mas, obtendo um nível de pressão sonora médio de 79,88 dB(A) (vide
anexo 5 – Gráfico de Dispersão das Medições Instantâneas x Níveis de
Pressão Sonora Encontrados). Com isso pode-se afirmar, que os
cobradores que laboram em veículos com motores traseiros, não
laboram expostos a níveis de pressão sonora superior ao limite de
tolerância, que é de 85dB(A) durante diária de 8 horas ou 83 dB(A)
durante diária de 10 horas”.

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Quanto à vibração, o perito obteve os seguintes resultados:

7.6 Vibrações
7.6.1 Motorista em ônibus com motor dianteiro
Efetuou-se a medição no ônibus Mercedes, modelo Induscar Apache,
placa CZZ-3687, ano 2003, na linha 6048 (Jardim Clarice – Terminal João
Dias). Através da medição, constatou-se, que os motoristas, que laboram
em ônibus com motores dianteiros, permanecem expostos à vibração de
0,9563 m/s². Assim, sabendo que para esta vibração o limite de
exposição diário, estabelecido pela ISO 2631 e consequentemente pelo
anexo 8 da NR-15, é de 4 horas e sabendo que a jornada diária de
trabalho dos motoristas é superior a este limite, pode-se afirmar, que os
motoristas, que conduzem ônibus com motor dianteiro, laboram em
situação insalubre.
7.6.2 Motorista em ônibus com motor traseiro
Efetuou-se a medição no ônibus Mercedes, Modelo Caio Millenium, placa
DTB-1482, ano 2006, na linha 647C (Terminal João Dias – Assembleia
Legislativa).
Através da medição, constatou-se, que os motoristas, que laboram em
ônibus com motores traseiros, permanecem expostos à vibração de
0,8478
m/s². Assim, sabendo que para esta vibração o limite de exposição
diário,
estabelecido pela ISO 2631 e consequentemente pelo anexo 8 da NR-15,
é de 4 horas e sabendo que a jornada diária de trabalho dos motoristas
é superior a este limite, pode-se afirmar, que os motoristas, que
conduzem ônibus com motor traseiro, laboram em situação insalubre.
7.6.3 Cobrador em ônibus com motor dianteiro
Para esta análise de vibração efetuou-se as seguintes medições e
obtiveram-se os seguintes resultados:
Medição de 30 minutos, no ônibus Volvo, modelo Induscar
Millenium,
placa DTC-3038, ano 2007, na linha 5013 (Brigadeiro Luiz Antônio –
Praça Floriano Peixoto) e obteve-se o resultado de 0,5648 m/s²

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Medição de 15 minutos, no ônibus Mercedes, modelo Induscar
Apache, placa DTD-0264, ano 2008, na linha Elias Mas – Terminal
João Dias e obteve-se o resultado de 0,965 m/s².
Medição de 15 minutos, no ônibus Mercedes, modelo Induscar
Apache, placa DTD-0272, ano 2008, na linha Terminal João Dias –
Terminal Capelinha e obteve-se o resultado de 0,955 m/s²
Vale ressaltar, que para a análise de cobradores de ônibus de motor
dianteiro foram efetuadas duas medições a mais do que nas demais
análises, pois o resultado obtido na primeira medição apresentou um
valor um pouco inferior do encontrado nas demais análises efetuadas por
este perito tanto neste processo como em outros. Assim, foram
efetuadas duas medições complementares com o objetivo de aumentar a
confiabilidade do valor a ser utilizado como referência neste laudo
pericial. Importante mencionar ainda, que todas as medições, mesmo
quando tratadas de maneira individual, ultrapassaram o limite de
tolerância determinado pela ISO 2631, inclusive a primeira medição,
porém este perito, com o objetivo de apresentar um resultado com
confiabilidade elevada utiliza como base a soma das medições, ou seja, o
valor utilizado representaria o mesmo de uma análise de 60 minutos.
Desta maneira, constatou-se, que os cobradores, que laboram em ônibus
com motores dianteiros, permanecem expostos à vibração de 0,788
m/s².
Assim, sabendo que o para esta vibração o limite de exposição diário,
estabelecido pela ISO 2631 e consequentemente pelo anexo 8 da NR-15,
é de 4 horas e sabendo que a jornada diária de trabalho dos cobradores
é superior a este limite, pode-se afirmar, que os cobradores, que
trabalham em ônibus com motor dianteiro, laboram em situação
insalubre.
7.6.4 Cobrador em ônibus com motor traseiro
Efetuou-se a medição no ônibus Mercedes, modelo Induscar Mondego,
placa DTA-4244, ano 2007, na linha Cerqueira Cezar (Santo amaro) –
Elias
Mas.
Através da medição, constatou-se, que os cobradores, que laboram em

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ônibus com motores traseiros, permanecem expostos à vibração de
0,9422
m/s². Assim, sabendo que o para esta vibração o limite de exposição
diário,
estabelecido pela ISO 2631 e consequentemente pelo anexo 8 da NR-15,
é de 4 horas e sabendo que a jornada diária de trabalho dos cobradores
é superior a este limite, pode-se afirmar, que os cobradores, que
trabalham em ônibus com motor traseiro, laboram em situação
insalubre”.

DA SENTENÇA TRABALHISTA

A JUSTIÇA DO TRABALHO DE SÃO PAULO tem


reconhecido a Atividade de MOTORISTA / COBRADOR de ônibus como insalubre, e
compelido as Empresas a pagarem o Adicional de insalubridade para os
trabalhadores, para tanto, anexamos a SENTENÇA e o ACORDÃO judicial do
processo de nº 0001803-43.2010.5.03.0048, recentemente prolatada.

IV - DA JURISPRUDÊNCIA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL


DA 3ª REGIÃO

Recentes decisões do Egrégio Tribunal Regional Federal vêm


reconhecendo o direito ao reconhecimento do período de trabalho como motorista
e/ou cobrador após 28/04/1995 pela exposição à vibração e ruído, vejamos;

10ª TURMA:

PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL.


CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A AGENTES
NOCIVOS. VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO. COMPROVAÇÃO.
MOTORISTA E COBRADOR DE ÔNIBUS. OBSERVÂNCIA DA LEI
VIGENTE À ÉPOCA PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE. EPI EFICAZ.
INOCORRÊNCIA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.

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I - No que tange à atividade especial, a jurisprudência pacificou-se no
sentido de que a legislação aplicável para sua caracterização é a vigente no
período em que a atividade a ser avaliada foi efetivamente exercida,
devendo, portanto, no caso em tela, ser levada em consideração a disciplina
estabelecida pelos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79, até 05.03.1997 e,
após, pelo Decreto n. 2.172/97, sendo irrelevante que o segurado não tenha
completado o tempo mínimo de serviço para se aposentar à época em que
foi editada a Lei nº 9.032/95.
(...)
VI - Ademais, desnecessário o debate sobre eventual eficácia da
utilização do equipamento de proteção individual, tendo em vista
que o agente nocivo (vibração de corpo inteiro), que justifica a
contagem especial, decorre do tipo de veículo utilizado (ônibus).
VII - Nos períodos de 04.10.1983 a 15.10.1985 e 12.03.1994 a 10.12.1997,
restou comprovado, pela CTPS de fl. 338, declaração de fl. 38 e formulário
de fl. 42, que o autor laborou na função de cobrador e motorista,
respectivamente, merecendo, portanto, ser reconhecida a especialidade dos
dois intervalos acima mencionados mediante o enquadramento na categoria
profissional descrita nos códigos 2.4.4 do Decreto nº 53.831/1964 e 2.4.2 do
Decreto nº 83.080/1979.
VIII - Quanto aos períodos de 11.12.1997 a 31.12.2003,
01.03.2004 a 22.02.2006 e 06.03.2006 a 20.02.2014, o formulário
de fl. 42, bem como a CTPS de fl. 355, dão conta de provar que o
autor laborou na função de motorista nos intervalos em questão. O
laudo técnico ambiental - LTCAT (2010, fls. 51/61) e laudo pericial
judicial produzido em 2012 (fls. 70/128), em reclamatória
trabalhista, ação proposta pelo Sindicato dos Motoristas e
Trabalhadores em Transportes, em face da Viação Campo Belo Ltda,
demonstra que o perito, por meio de aparelhos, na forma
especificada na ISSO nº2.631/1997 - revisão 2012, atestou que os
motoristas e cobradores de ônibus na empresa analisada
conduziam ônibus fabricados em 2003, 2006 e 2007, e estavam
expostos a vibrações de 0,84 a 0,95m/s2, portanto, superior ao
limite legal de 0,78 m/s2 (fl.81).

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IX - No mesmo sentido, o laudo técnico de fl. 51/61 que, embora
elaborado por perito particular, teve por objeto a frota de ônibus
utilizada na capital, que aponta para tipos e intensidades de
vibração tão elevadas quanto, ou ainda superiores, às encontradas
no laudo trabalhista.
X - Ressalte-se que o laudo pericial elaborado na Justiça do
Trabalho pode ser utilizado como prova emprestada, pois se refere
à empresa do mesmo ramo - transporte coletivo, e foi emitido por
perito judicial, equidistante das partes, não tendo a autarquia
previdenciária arguido qualquer vício a elidir suas conclusões, razão
pela qual merece ser considerado na análise da exposição, pelo
autor, a tal agente nocivo.
XI - O autor faz jus à aposentadoria integral por tempo de serviço,
calculado nos termos do art. 29, I, da Lei 8.213/91, na redação
dada pela Lei 9.876/99, tendo em vista que cumpriu os requisitos
necessários à jubilação após o advento da E.C. nº 20/98 e Lei
9.876/99.
(...)
XIII - Apelação do réu e remessa oficial parcialmente providas.

(APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0008001-


39.2014.4.03.6183/SP. 10ª Turma do TRF3. Relator
Desembargador Federal SÉRGIO NASCIMENTO. Apelante: Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS. Publicado em 30/05/2016).

8ª TURMA:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXPOSIÇÃO AOS


AGENTES AGRESSIVOS RUÍDO E VIBRAÇÃO. PREENCHIDOS OS
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. APELO DO INSS
NÃO PROVIDO. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE
PROVIDA
- A questão em debate consiste na possibilidade de se reconhecer o
trabalho especificado na inicial em condições especiais, para
concessão da aposentadoria especial.

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- A aposentadoria especial está disciplinada pelos arts. 57, 58 e
seus §s da Lei nº 8.213/91, para os períodos laborados
posteriormente à sua vigência e, para os pretéritos, pelo art. 35 §
2º da antiga CLPS. O benefício é regido pela lei em vigor no
momento em que reunidos os requisitos para sua fruição, mesmo
tratando-se de direitos de aquisição complexa, a lei mais gravosa
não pode retroagir exigindo outros elementos comprobatórios do
exercício da atividade insalubre, antes não exigidos, sob pena de
agressão à segurança, que o ordenamento jurídico visa preservar.
- É possível reconhecimento da atividade especial no interstício de
02/04/1983 a 26/07/1986, em que, conforme a CTPS a fls. 33 e o
PPP de fls. 270/271, o demandante exerceu a função de cobrador
de ônibus, em empresa de transporte coletivo de passageiros.
- O item 2.4.4 do Decreto nº 53.831/64 classifica como penosas, as
categorias profissionais: motorneiros e condutores de bondes;
motoristas e cobradores de ônibus; motoristas e ajudantes de
caminhão.
- Possível também o reconhecimento dos lapsos de 21/10/1987 a
05/03/1997, de 06/03/1997 a 18/11/2003 e de 19/11/2003 a
23/07/2012 - Atividades: cobrador de ônibus [de 21/10/1987 a
01/05/1996] e motorista de ônibus [a partir de 02/05/1996.
Empregador: AUTO VIAÇÃO TABOÃO Ltda. Agentes agressivos:
ruído de 86,1 dB(A) e vibração de corpo inteiro, acima dos limites
de tolerância estabelecidos pela ISO 2631/97, de acordo com laudo
técnico judicial (fls. 423/438). Esclareça-se que, embora no período
de 06/03/1997 a 18/11/2003 a exposição ao agente ruído tenha
sido abaixo do considerado agressivo à época, é possível o
enquadramento, pois esteve exposto ao agente Vibração.
- Enquadramento no item 2.0.2 do Anexo IV, do Decreto 2.172/97;
art. 68, § 11, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto
4.882/2003 e art. 242, da Instrução Normativa INSS/PRESS nº 45,
de agosto de 2010.
- A atividade desenvolvida pelo autor enquadra-se também no item
1.1.6 do Decreto nº 53.831/64, item 1.1.5 do Anexo I, do Decreto
nº 83.080/79 e item 2.0.1 do Decreto nº 2.172/97 que

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contemplavam a atividade realizada em condições de exposição a
ruídos excessivos, privilegiando os trabalhos permanentes nesse
ambiente. Observe-se que, a questão do nível máximo de ruído
admitido está disciplinada no Decreto nº 53.831/64 (80dBA), em
razão da manutenção de suas disposições, nas situações não
contempladas pelo Decreto de nº 83.080/79. Contudo, as
alterações introduzidas na matéria pelo Decreto de nº 2.172, de
05/03/1997, passaram a enquadrar como agressivas apenas as
exposições acima de 90 dBA. Tal modificação vem expressa no art.
181 da IN de nº 78/2002, segundo a qual "na análise do agente
agressivo ruído, até 05/03/1997, será efetuado enquadramento
quando da efetiva exposição for superior a oitenta dBA e, a partir
de 06/03/1997, quando da efetiva exposição se situar acima de
noventa dBA". A partir de 19/11/2003 o Decreto nº 3.048/99
alterado pelo Decreto nº 4.882/2003 passou a exigir ruído superior
a 85 db(A), privilegiando os trabalhos permanentes nesse
ambiente.
- É verdade que, a partir de 1978, as empresas passaram a fornecer
os equipamentos de Proteção Individual - EPI's, aqueles
pessoalmente postos à disposição do trabalhador, como protetor
auricular, capacete, óculos especiais e outros, destinado a diminuir
ou evitar, em alguns casos, os efeitos danosos provenientes dos
agentes agressivos.
- Utilizados para atenuar os efeitos prejudiciais da exposição a
esses agentes, contudo, não têm o condão de desnaturar atividade
prestada, até porque, o ambiente de trabalho permanecia agressivo
ao trabalhador, que poderia apenas resguarda-se de um mal maior.
- O segurado faz jus à aposentadoria especial, considerando-se que
cumpriu a contingência, ou seja, o tempo de serviço por período
superior a 25 (vinte e cinco) anos, de modo a satisfazer o requisito
temporal previsto no art. 57, da Lei nº 8.213/91.
- O termo inicial do benefício deve ser fixado na data da citação,
tendo em vista que o documento que levou aos enquadramentos
ora realizados e que comprovou a especialidade da atividade pelo

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período suficiente para a concessão da aposentadoria (laudo
técnico judicial) não constou no processo administrativo.
- Com relação aos índices de correção monetária e taxa de juros de
mora, deve ser observado o julgamento proferido pelo C. Supremo
Tribunal Federal na Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
nº 870.947, bem como o Manual de Orientação de Procedimentos
para os Cálculos na Justiça Federal em vigor por ocasião da
execução do julgado.
- A verba honorária deve ser fixada em 10% sobre o valor da
condenação, até a data desta decisão, considerando que o pedido
de concessão foi julgado improcedente pelo juízo "a quo", a ser
suportada pela Autarquia.
- Apelo do INSS não provido.
- Apelação da parte autora parcialmente provida.
(APELAÇÃO Nº 0006881-29.2012.4.03.6183/SP. 8ª Turma do TRF3.
Relatora Desembargadora Federal TANIA MARANGONI. Apelante:
ORLANDO GONCALVES COSTA. Publicado em 29/01/2018).

Destarte, considerando que a tese aqui ventilada encontra


guarida no Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região, o pleito de
reconhecimento do período de trabalho como especial deve ser acolhido.

V - DAS PROVAS EMPRESTADAS

Requer sejam reconhecidas as provas


emprestadas juntadas nestes autos, INCLUSIVE laudo
judicial recente das mesmas empresas do autor e com
a mesmo profissão e nos mesmos períodos, conforme
anexo; que comprovou a vibração e o ruído até
13/08/2014 nos autos do processo de Número: 5007004-

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29.2018.4.03.6183 oriundo da 7ª. Vara Previdenciária
de São Paulo realizada em 22/11/2018.

Além disso, vejamos o entendimento jurisprudencial do


EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3º REGIÃO que tem admitido as
provas carreadas aos autos como emprestadas, inclusive os laudos produzidos na
Justiça Trabalhista e mandado o INSS aposentar motoristas e cobradores de ônibus
urbanos da Cidade de São Paulo por exposição à vibração de corpo inteiro – VCI,
VEJAMOS acórdão anexo:

“No caso dos autos, houve apresentação do perfil Profissiográfico


Previdenciário emitido pela empresa Auto Viação Taboão LTDA (PPPfl
74/75) no qual informa que o autor exerceu a função de cobrador de
ônibus no período de 1996 aos dias atuais e CTPS (doc 39) bem como
laudo pericial judicial produzido em reclamatória trabalhista, em ação
proposta pelo Sindicato dos Motoristas e trabalhadores em transportes,
em fase da empresa Auto Viação Taboão LTDA (fl 181/230), empresa na
qual o autor exerceu suas atividades, sendo que o perito por meio de
aparelhos, na forma especificada na ISSO nº 2.631, atestou que o
cobrador de ônibus na referida empresa esteve exposto a vibrações de
1,0744 a 0,7295 m/s2, a depender se o motor ficava na parte dianteira
ou traseira dos veículos, portanto, superior ao limite legal de 0,63m/s2
(fl. 193/194). No mesmo sentido, o laudo técnico de fl 102/112 que,
embora elaborado por perito particular, teve por objeto a frota de ônibus
utilizada na capital, que apontam para o mesmo tipo e intensidade de
vibração encontrada no laudo trabalhista. Ressalta-se que o laudo
elaborado na justiça do trabalho pode ser utilizado como prova
emprestada, pois que se refere à empresa onde o autor exerce suas
atividades, portanto com utilização do mesmo tipo/modelo de veiculo,
emitido por perito judicial, equidistante das partes , não tendo a
autarquia previdenciária arguido qualquer vício a elidir suas conclusões.
Assim, deve sofrer conversão de atividade especial em comum (40%) o
período de 01.04.1996 a 10.04.2011, por exposição a vibrações na
função de cobrador de ônibus, na empresa Auto Viação Taboão LTDA,
agente nocivo previsto no código 1.1.5 do Decreto 53.831/64 “trepidação

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e vibração: operações capazes de serem nocivas à saúde” c/c o item 2
do anexo 8 da NR – 15. O artigo 9º da E.C. nº 20/98 estabelece o
cumprimento de novos requisitos para obtenção de aposentadoria por
tempo de serviço ao segurado sujeito ao atual sistema previdenciário,
vigente após 16.12.1998, quais sejam: caso opte pela aposentadoria
proporcional , idade mínima de 53 anos e 30 anos de contribuição, se
homem, e 48 anos de idde e 25 anos de contribuição, se mulher, e,
ainda, um período adicional de 40% sobre o tempo faltante quando da
data da publicação desta emenda, oque ficou conhecido domo “pedágio”.
Somados os períodos de atividade especial e comum, o autor de
atividade especial e comum, o autor completa 20 anos, 07 meses e 29
dias até 15.12.1998 e 37 anos, 11 meses e 08 dias até 25.04.2011, data
do ajuizamento da ação, conforme planilha anexa, parte integrante da
presente decisão. Insta ressaltar que o art. 201, §7º, Inciso I, da
Constituição da República de 1998, com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20/98, garante o direito à aposentadoria integral,
independentemente de idade mínima, àquele que completou 35 anos de
tempo de serviço. Dessa forma, o autor faz jus à aposentadoria por
tempo de serviço com renda mensal inicial de 100% do salário-de-
benefício, calculado nos ermos do art.29, I, da Lei 8.213/91, na redação
dada pela Lei 9.876/99. O termo inicial da aposentadoria por tempo de
serviço deve ser fixado em 29.11.2011, data da citação (fl. 150),
momento em que o réu tomou ciência da pretensão da parte autora.
Cumpre, ainda, explicitar os critérios de cálculos de correção monetária e
dos juros de mora. A correção monetária e os juros de mora devem ser
aplicados de acordo com os critérios fixados no Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela
Resolução n. 134/2010, do Conselho da justiça Federal, observada a
aplicação imediata da Lei n. 11.960/09, a partir da sua vigência,
independentemente da data do ajuizamento da ação (EREsp
1.207.197/RS; REsp 1.205.946/SP), e a incidência dos juros de mora até
a data da conta de liquidação que der origem ao precatório ou a
requicisão de pequeno valor – RPV (STF – Al – AgR 492.779/DF). Fixo os
honorários advocatícios em 15% do valor das prestações vencidas até a
data da presente decisão, uma vez que o pedido foi julgado

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improcedente em primeira instância, nos termos da Súmula 111 do E.
STJ – em sua nova redação, e de acordo com o entendimento firmado
por esta 10º Turma. Diante do exposto, nos termos do artigo 557, §1º-
A, do Código de Processo Civil, dou parcial provimento à apelação da
parte autora para julgar parcialmente procedente o pedido para
determinar a conversão de atividade especial em comum do período de
01.04.1996 a 10.04.2011 totalizando 20 anos, 07 meses e 24 dias de
tempo de serviço até 15.12.1998 e 37 anos, 11 meses e 08 dias de
tempo de serviço ate 25.04.2011, data do ajuizamento da ação. Em
consequência, condeno o réu a conceder ao autor o beneficio de
aposentadoria por tempo de serviço com renda mensal inicial de 100%
do salario beneficio, calculado nos termos do art. 29, I, da Lei 8.213/91
na redação dada pela Lei 9.876/99 a contar de 29.11.2011, data da
citação. Honorários advocatícios fixados em 15% das prestações
vencidas até a data da presente decisão. As verbas acessórias deverão
ser aplicadas na forma acima explicitada. Determino que,
independentemente do trânsito em julgado, expeça-se e-mail ao INSS,
instruído com os devidos documentos da parte autora ELIAS
DOMINGUES FREITAS, a fim de serem adotadas as providencias cabíveis
para que seja implantado o beneficio de APOSENTADORIA INTEGRAL
POR TEMPO DE SERVIÇO, com data de inicio – DIB em 29.11.2011, e
renda mensal inicial – RMI a ser calculada pelo INSS, tendo em vista o
“caput” do artigo 461 do CPC, as prestações em atraso serão resolvidas
em liquidação de sentença...” (negrito e grifo). (Apelação cível nº
0004288-61.2011.4.03.6183/SP – 2011.61.83.004288-9/SP Decisão
1442/2013)

Sendo assim, provas documentais não faltam quanto ao


direito do autor.

DA INSALUBRIDADE E PENOSIDADE

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Não resta dúvidas de que a atividade de COBRADOR
DE ONIBUS é extremamente penosa e insalubre, é certo afirmar que “penosas
são as atividades exercidas em condições cruéis, desumanas ou
degradantes cujos fatores levam ao adoecimento físico e/ou psíquico do
trabalhador”.

A esse respeito, Marques leciona que:

“O conceito de trabalho penoso é indicativo para se estabelecer se


haverá ferimento à dignidade humana do trabalhador, bem como
identificar se o meio ambiente de trabalho está inadequado e, ainda,
verificar a existência permanente da atividade penosa, quando então
serão estudados os limites, proibições e critérios
remuneratórios” (MARQUES, CHRISTIANI. A proteção ao trabalho
penoso.  1ª Ed. São Paulo, LTr. 2007, página 61.)

Ainda de acordo com Marques:

“Serão consideradas atividades penosas aquelas que, por sua natureza,


condições ou métodos de trabalho, exijam dos empregados esforço e
condicionamentos físicos, concentração excessiva, atenção permanente,
isolamento, imutabilidade da tarefa desempenhada em níveis acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do
trabalho a que estão submetidos. ” (MARQUES, CHRISTIANI. A proteção
ao trabalho penoso.  1ª Ed. São Paulo, LTr. 2007, página 61.)

É assim que decidem nossos Tribunais consoante se comprova da


ementa abaixo transcrita:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. REQUISITOS


PREENCHIDOS. (...)
A tese de que, após a vigência do Decreto nº 2.172/97, não seria mais
possível enquadrar como especiais as atividades consideradas
penosas/periculosas, porquanto a especialidade será considerada em
relação à insalubridade verificada na exposição a agentes nocivos

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previstos no regulamento, não se coaduna com os arts. 201, §1º, da
CF/88 e 57 da Lei nº 8.213/91 no que apontam como substrato
à concessão da aposentadoria especial o exercício de atividades
prejudiciais à saúde ou à integridade física do trabalhador.
Havendo a comprovação de que o trabalho foi exercido em condições
agressivas à saúde, deverá ser considerado especial, ainda que a
atividade não esteja arrolada nos Decretos 2.172/97 e 3.048/99, cujos
rol de agentes nocivos é meramente exemplificativo. Hipótese na
qual tem incidência a Súmula nº 198 do TFR. Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça. O laudo pericial indica que o segurado desempenhou
a função de motorista de caminhão e estava exposto, de modo habitual
e permanente, aos riscos físicos próprios da profissão, tudo permitindo
concluir que exercia atividade penosa, autorizando o reconhecimento de
tempo de serviço especial.
(TRF4, APELREEX 0002748-70.2016.4.04.9999, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, Relator HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO
JÚNIOR, D.E. 08/02/2018)

(...) 7. O laudo pericial indica que o segurado desempenhou a função de


motorista de caminhão, ficando exposto, de modo habitual e
permanente, aos riscos físicos próprios da profissão, tais como:
vibrações, postura inadequada, estresse, trânsito caótico, tudo
permitindo concluir que exercia atividade penosa, autorizando o
reconhecimento de tempo de serviço especial.
(TRF4, APELREEX 0016615-33.2016.4.04.9999,TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, Relator PAULO AFONSO BRUM VAZ, D.E.
25/01/2018)

VI - DA CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

A antecipação da tutela tem como maior finalidade


evitar situações que, ao aguardar o julgamento definitivo, poderão sofrer dano
irreparável ou de difícil reparação, o que de fato esta sujeita a parte autora, posto

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que o autor preenche os requisitos do art 300 do Código de processo Civil, vejamos
o artigo in verbis:
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,


conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea
para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a
sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente


ou após justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será


concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão.

E, a situação do autor amolda-se perfeitamente no


quanto exige o dispositivo legal para concessão da medida de urgência, posto
que, como o autor encontra-se verdadeiramente desprovida de rendimentos fixos,
a NEGATIVA do seu benefício (verba de caráter alimentar), pelo réu, só vem
causando danos irreparáveis e de difícil reparação, que pugnam por solução de
continuidade imediata.

Em conformidade com as provas documentais acostadas


à presente, as quais comprovam que na data do requerimento administrativo já
possuía tempo de contribuição maior que os 25 anos exigidos pela legislação
previdenciária para a concessão de aposentadoria especial, comprovando-se, assim,
o preenchimento dos requisitos do artigo 300, do Código de Processo Civil, requer

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seja concedida tutela de urgência, para a imediata implantação do benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição, independentemente de citação do
instituto requerido.
Destarte, tem-se que a prova documental em anexo,
oriunda de CTPS e formulários, são provas cabais e incontroversas do tempo de
serviço/contribuição do autor, preenchendo, desta forma, o requisito da
probabilidade do direito; já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo,
vem consubstanciado no caráter alimentar do benefício e na necessidade do
recebimento para sua sobrevivência, o qual, mesmo fazendo jus à aposentadoria,
ainda se vê obrigada a trabalhar para se sustentar, o que afronta cristalinamente o
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.

Ademais, o tempo médio de uma demanda desta


natureza poderá prejudicar seu resultado final e, assim, a efetividade da jurisdição,
caso não seja deferida a antecipação pretendida. Nesta seara, requer seja
outorgado a autarquia-ré a concessão do prazo de 30 dias para cumprimento da
decisão, sendo que o seu não cumprimento deverá ser considerado ato atentatório
à dignidade da justiça, aplicando-se a multa prevista no CPC.

VII - DA JURISPRUDÊNCIA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. TEMPO SUFICIENTE.


RUÍDO. COISA JULGADA. INEXISTENTE. 1. Até 28/04/1995 é admissível o
reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por
sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova
(exceto para ruído); a partir de 29/04/1995 não mais é possível o
enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da
sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05/03/1997 e, a
partir de então, por meio de formulário embasado em laudo técnico, ou por
meio de perícia técnica. 2. Comprovado o exercício de atividade especial
por mais de 25 anos, a parte autora faz jus à concessão da
aposentadoria especial, desde a DER. também há direito à revisão da

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aposentadoria por tempo de contribuição, devendo a autarquia
previdenciária implantar o benefício mais vantajoso ao autor. 3. Em se
tratando de ruído nem mesmo a comprovação de que a utilização de
protetores reduzia a intensidade do som a níveis inferiores aos
máximos deve afastar o reconhecimento da especialidade da
atividade, pois já comprovado que a exposição por períodos
prolongados produz danos em decorrência das vibrações transmitidas,
que não são eliminadas pelo uso do equipamento de proteção.
Precedente do STF. 4. Afastada a coisa julgada, uma vez que a especialidade
do período pleiteado na presente demanda é diverso dos interregnos que
integraram lide anterior.

(TRF-4 - AC: 50073476820114047112 RS 5007347-68.2011.404.7112, Relator:


(Auxilio Favreto) ANA CARINE BUSATO DAROS, Data de Julgamento:
30/05/2017, QUINTA TURMA)

VIII - DO PEDIDO DE PERÍCIA

Embora o Autor entenda que os laudos e estudos técnicos aqui


mencionados sejam suficientes para comprovar a realidade dos motoristas e
cobradores urbanos na cidade de São Paulo e região metropolitana, algumas
decisões emanadas da 9ª Turma do TRF da 3ª Região trilham no sentido de
que o ambiente de trabalho do obreiro deve ser individualizado, de modo que, por
esse raciocínio, seria indispensável a prova técnica para avaliação do ruído e
vibração do ônibus no itinerário especificamente cumprido pelo Autor.

Neste diapasão, colacionamos a seguinte decisão:

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. COBRADOR E MOTORISTA DE


ÔNIBUS. ENQUADRAMENTO ADMINISTRATIVO POR CATEGORIA
PROFISSIONAL. LAUDO GENÉRICO. IMPOSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO.
- Discute-se o atendimento das exigências à concessão de aposentadoria especial, após
reconhecimento do lapso especial vindicado.
(...)
- Enquadramento administrativo até 28/4/1995, nos códigos 2.4.4 do anexo do Decreto n.
53.831/64 e 2.4.2 do anexo do Decreto n. 83.080/79.

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- Em relação ao período posterior a 28/4/1995, incabível se afigura o enquadramento, pois
o reconhecimento da ocupação de cobrador/ motorista de ônibus ocorreu somente até esta
data. Ademais, não foram juntados documentos hábeis a demonstrar a pretendida
especialidade ou o alegado trabalho nos moldes previstos nos instrumentos normativos
supramencionados.
- O laudo técnico pericial apresentado não traduz com fidelidade as reais
condições vividas individualmente pela parte autora nos lapsos debatidos. Dessa
forma, não se mostra apto a atestar condições prejudiciais nas funções
alegadas, com permanência e habitualidade, por reportar-se às atividades de
motorista e cobrador de ônibus de forma genérica, sem enfrentar as
especificidades do ambiente de trabalho de cada uma delas.
- Apelação conhecida e desprovida. Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2253207 / SP
0011940-90.2015.4.03.6183. JUIZ CONVOCADO RODRIGO ZACHARIAS. Data do
Julgamento: 07/03/2018.

Assim, o Autor fundamenta seu pedido de perícia para que sejam vistoriados
os ônibus nos quais trabalhou como cobrador e motorista a partir de 29/04/1995.
Solicitou-se à empregadora do Autor as características
dos veículos, tais como modelo e ano. Contudo, a empregadora não se mostrou
disposta a fornecer demais informações. Considerando que o Autor depende de seu
emprego para prover sua manutenção e de sua família, não pôde lançar mão de
outros meios coercitivos, a exemplo do ajuizamento de reclamatória trabalhista,
para obtenção desses dados.

IX - DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer:

a) A concessão da Assistência Judiciária Gratuita diante de sua condição


financeira, e por força da natureza da causa, que tem cunho alimentar;

b) Nos termos do art. 300 do Código de Processo Civil conceda a antecipação dos
efeitos da tutela pretendida após a realização da perícia técnica que reconheça o
ruído e vibração, bem como com a presença de seus pressupostos autorizadores,
determinando que o INSS reconheça imediatamente como período especial (para
fins de concessão da aposentadoria especial) todo o período laborado pelo autor

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nas empresas mencionadas no quadro-resumo no início desta petição, e em ato
contínuo determine a concessão de aposentadoria especial, por ser questão de
justiça;

c) A citação do INSS, para querendo, apresentar contestação, sob pena de revelia


e seus efeitos;

d) Que seja declarado o reconhecimento de tempo exercido em atividade


insalubre e averbado no sistema do INSS, compreendendo os já
reconhecidos, bem como todos laborados na função de cobrador e
motorista de ônibus, os quais não foram na via administrativa, tais
como; de 29/04/1995 à 18/07/2003 na empresa NAÇÕES UNIDAS e de
01/03/2004 até 13/08/2014 na empresa SAMBAIBA TRANSPORTES
LTDA.

e) Condenando o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o


benefício de Aposentadoria Especial, bem como pagar as parcelas vencidas,
desde o requerimento administrativo (30/06/2017), monetariamente corrigidas
a partir do respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos
incidentes até a data do efetivo pagamento;

f) A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar com as


custas processuais e honorários advocatícios;

g) Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, notadamente a documental e testemunhal.

h) A designação de perícia, a ser realizada por engenheiro mecânico ou de


segurança do trabalho, que vistorie os ônibus utilizados pelo Autor e proceda à
medição da vibração e ruído emitidos pelos veículos nas empresas NAÇÕES
UNIDAS E SAMBAIBA TRANSPORTES para medição de ruído e vibração,
tendo em vista que os PPP’s ANEXOS NO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO NÃO CONSTAM MEDIÇÃO DE VIBRAÇÃO DE CORPO
INTEIRO E O RUÍDO É BEM ABAIXO DA REALIDADE DIÁRIA DESSES
PROFISSIONAIS.

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Dá à causa o valor de R$ 129.256,67 (Cento e vinte e nove mil, duzentos
e cinquenta e seis reais e sessenta e sete centavos), para efeito de
alçada.

Nestes termos,

Pede deferimento.

São Paulo, 09 de julho de 2.019.

TAIS RODRIGUES DOS SANTOS


OAB/SP nº XXXXXX

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