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Nomear tempestades: uma responsabilidade


incompreendida?
O ato de nomear tempestades, seja em que parte do mundo for, acarreta um conjunto de
responsabilidades que nem sempre são conhecidas do público geral. Fique a saber mais
sobre este assunto, connosco!

Efeitos da Tempestade Otto, que afetou a Suécia em fevereiro deste ano.

11/08/2023 19:00
João Tomás
4 min

As entidades responsáveis pela ciência meteorológica de cada país têm cada vez mais a
noção da importância de sensibilizar eficazmente a população para a ocorrência de
eventos meteorológicos extremos. Por exemplo, desde 2015 que o Reino Unido utiliza
nomes próprios para identificar tempestades, com o objetivo claro de consciencializar a
população para os perigos associados aos avisos meteorológicos.
Os nomes escolhidos pelos internautas (...) refletem as religiões, as
etnias, bem como a diversidade linguística e cultural presente.

Para este ano, os institutos meteorológicos do Reino Unido, Irlanda e Países Baixos
criaram uma lista de nomes para as tempestades da temporada que tem a particularidade
de ter nomes indicados pelo público , através das redes sociais (Reino Unido), por ter
nomes de cientistas famosos (Países Baixos) e por ter nomes próprios muito
característicos de uma determinada região ou país (caso da Irlanda).

Quando o objetivo é consciencializar a população para uma ameaça meteorológica, a


estratégia de utilizar nomes próprios pode ser interessante e ser benéfica de forma geral .
Quando se usam nomes de pessoas para eventos não humanos, estes acabam por ser
antropomorfizados, adquirindo mais interesse e mais atenção por parte do público recetor.
Contudo, a utilização de nomes próprios também pode ser um problema...
European Name for Anthony ... i have Finally been Named @liam_lovell First
Named Storm of the 22/23 Season by @metoffice @Handry_Outlook
https://t.co/swQF94fUih
— Anthony's Stormy World ️ (@AnthonyStorms7) August 4, 2023

Conotação negativa dos nomes das tempestades

Os nomes escolhidos pelos internautas dos países anteriormente referidos refletem as


religiões, as etnias, bem como a diversidade linguística e cultural presente . À exceção de
Cillian, nome da terceira tempestade da temporada (depois de Antoni e Betty), todos os
nomes da lista para a temporada deste ano são nomes pouco escolhidos pelos pais, para
os seus filhos, hoje em dia.

Ao associarmos um nome humano a um evento desta natureza, este pode ficar


rapidamente “manchado” . Vejam-se dois exemplos: o nome próprio Katrina tornou-se
pouco popular nos Estados Unidos, devido à destruição e ao número de vítimas mortais
associadas à tempestade de 2005; O nome Isis foi retirado da lista de tempestades da
Organização das Nações Unidas, por ser homónimo de uma organização terrorista.

Pessoas saltam para o mar para fugir ao fogo: o furacão Dora atiça as
chamas em Maui

Na lista de nomes a atribuir às tempestades na Europa Central, este ano, há como é


habitual uma alternância entre nomes próprios masculinos e femininos . Alguns estudos
indicam que os eventos nomeados com nomes femininos são levados menos a sério em
comparação com os que são nomeados com nomes masculinos. Para minimizar esta
situação foram adicionados três nomes neutros, em termos de género.
O ato de dar nomes a eventos meteorológicos é de grande responsabilidade, uma vez que
poderá ter impacte na vida futura de um conjunto de indivíduos homónimos. Geralmente
esse impacte é mais negativo consoante o impacto do evento no território e na população.
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