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SANTOS E REGIÃO

EDUCAÇÃO

Filha de porteiro e faxineira é aprovada em


medicina na USP após estudar 17h por dia
durante três anos
Marya Teresa Ribeiro, moradora de Santos(SP), contou ao g1 que chegou a fazer
mais de 250 redações para treinar a escrita.

Por Caroline Melo, g1 Santos


05/02/2023 06h13 · Atualizado há um dia

A mãe de Marya Teresa Ribeiro trabalhava como faxineira e o pai como porteiro — Foto: Arquivo pessoal
Marya Teresa Ribeiro, 20 anos, realizou o sonho de ser aprovada em medicina pela
Universidade de São Paulo (USP). Ela é de Santos e conta que teve de estudar cerca
de 17h por dia por três anos até a conquista da vaga.

No período, segundo Marya, ela escreveu cerca de 250 redações se preparando


para o exame da USP. Para suportar a rotina, contou com o apoio dos pais, que
trabalhavam como porteiro e faxineira e nunca fizeram faculdade.

“Eles acreditaram em mim e apoiaram no meu sonho”,


disse.

Marya contou ao g1 que não acreditou quando foi aprovada na primeira chamada.
Segundo ela, a ficha só caiu quando veteranos do curso mandaram mensagens
desejando parabéns. “Eu percebi que era real e que aquela lista não estava errada”,
disse.

Naquele dia, a jovem se preparava para fazer uma visita a uma universidade
particular em Bragança Paulista, onde também foi aprovada e conseguiu uma
bolsa integral.

“Contei para minha família e foi um momento de muito


choro e alegria. Eles acompanharam meu sofrimento,
minha trajetória".
Jovem contou ter feito mais de 250 redações para treinar a escrita — Foto: Arquivo pessoal

Trajetória
A preparação para este “grande dia” durou três anos. A jovem começou a estudar
em um cursinho pré-vestibular particular em 2020, após conseguir bolsa integral
na unidade. Foi lá que Marya percebeu que estava “atrasada” no conteúdo que
costuma ser abordado nas provas.

Estudante de escola pública durante todo o Ensino Médio, ela afirma que ao presta
o curso intensivo se deparou com uma realidade totalmente nova, especialmente
na escrita. “Na minha redação, no cursinho, eu tirei - 27”, conta.

Marya explicou que durante esses três anos precisou fazer várias escolhas, entre
momentos de lazer ou de estudo. “Mas eu nunca abri mão de estar na igreja todos
os domingos”, ressaltou. Para a estudante, a fé foi um dos pilares para se manter
focada nesse objetivo, o outro foi a família.

Ela explica que quando estava cansada e pensava em desistir, buscava apoio nos
pais, especialmente na mãe, que a inspirou a cursar medicina e a cuidar das
pessoas. Eles, inclusive, nunca fizeram faculdade e chegaram a parar os estudos
porque precisavam trabalhar para se sustentar.

A mãe da jovem trabalhava como faxineira e o pai dela como porteiro. “Sabia que
somente com o estudo eu iria conseguir mudar a realidade da minha família”,
afirma.

A família materna de Marya é de Pernambuco, da cidade de Nazaré da Mata, e se


mudou para o estado de São Paulo em busca de novas oportunidades. “Eles não
tinham comida lá porque era uma cidade muito pobre, não tinham perspectiva de
futuro”, explica.
“Meu avô morreu sem saber escrever o próprio nome.
Então, ter pessoas que enxergavam a educação como uma
forma de mudar a realidade à minha volta foi fundamental
para me ajudar”.

Marya Teresa Ribeiro, de 20 anos, foi aprovada em medicina na USP após passar três anos estudando 17 horas por dia — Foto:
Arquivo pessoal

Em anos anteriores ela prestou vestibular para medicina em diversas instituições -


foram 17 vezes em que a história não terminou como ela queria, com a aprovação.
Entretanto, de acordo com ela, era só olhar para a mãe para buscar forças.

"Ela acredita em mim e lutou para eu ter uma realidade


melhor do que a dela, eu conseguia forças para continuar”,
afirma.
Foi com essa persistência que a jovem finalmente conseguiu ser aprovada em
duas universidades públicas, a USP e a Universidade Estadual Paulista (Unesp),
além de ter ganhado bolsa de 100% em uma particular. “Sonhei [com isso] durante
tanto tempo e agora finalmente se tornou realidade”.

Orgulhosa, Marya compartilhou a conquista nas redes sociais na última sexta-feira


(3). Ela publicou uma foto feita no cursinho com o rosto pintado e publicou um
texto em homenagem à família.

Consumação mínima é proibida em praias e demais comércios, ale


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