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Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, analisou o que os
jovens do bairro mais populoso da periferia da cidade pensam sobre sua via e seu futuro. O
projeto “Juventude e Resistência: significados e alternativas de participação de jovens em processos
coletivos de luta pela melhoria da qualidade de vida” constatou que os estudantes não acreditam em
um futuro promissor, nem mesmo por meio da educação.
O bairro do Guamá fica na periferia de Belém e é uma das área do entorno da universidade. A
pesquisa sobre os jovens deste lugar foi dividida em duas fases. Na primeira estudantes treinados
aplicavam um questionário e realizavam entrevistas com outros jovens. Enquanto na segunda etapa
da pesquisa discursões em grupo foram organizadas.
Ao todo cerca de 762 jovens de ambos os sexos participaram da análise. Eles têm entre 14 e 29 anos
e responderam questões sobre a renda familiar, moradia, condições de acesso á educação, ao
trabalho e ao lazer e ainda como era viver no bairro e as perspectiva de cada um sobre o futuro.
De acordo com a pesquisa, apenas 1% dos jovens do Guamá cursavam o ensino superior, entre
instituições públicas e privadas; a maioria era católica; 73% dos entrevistados viviam com até dois
salários mínimos; mais de 50% eram mulher; aproximadamente, 60% se declararam negros ou
pardos; 30% não trabalhavam e não estudavam; entre os que estudavam, 40% estavam no ensino
médio e 19% já havia concluído o ensino médio.
A universidade, para eles, é como ganhar na mega sena" - diz pesquisadora
Umas das questões discutidas foram: O que os jovens pensavam sobre morar no Guamá? Segundo
Greyce Reis, estudante do curso de Pedagogia da Universidade e integrante da equipe de pesquisa,
muitos deles diziam que as condições de vida no bairro, como a infraestrutura e o saneamento
básico, eram péssimas. As principais reclamações, de acordo com a estudante, giravam em torno de
saúde, violência e, também, desemprego, já que a maior parte deles não trabalhava.
Outra questão que norteou os debates foi em relação ao acesso à educação e às perspectivas de, por
meio dela, os jovens obterem progresso. “A meta deles era, no máximo, o ensino médio. Eles
alegavam que se sentiam despreparados para conseguir mais do que isso. Então, eles não tinham
otimismo para seguir em frente e pleitear ingresso em uma universidade. Alguns diziam que, se
fossem de escolas particulares ou morassem em outro lugar e, assim, surgissem mais oportunidades,
talvez tivessem alguma chance de cursar o ensino superior, o qual, nas condições em que viviam,
não passava de um sonho. A universidade, para eles, é como ganhar na mega sena”, considera
Greyce Reis.
Sem estudo
De acordo com o levantamento científico, são três os principais motivos para a desistência do
prosseguimento dos estudos, a saber, respectivamente: necessidade de trabalhar ou impossibilidade
de conciliar escola e trabalho; satisfação em possuir tão somente o ensino médio, o que eles
consideravam como “concluir os estudos”; e a obrigação de cuidar de filhos ou uma gravidez
inesperada e, assim, a obtenção de novos papéis sociais. “Diante disso, esses jovens diziam que
aceitavam qualquer emprego que os proporcionassem dinheiro”, Greyce Reis.
Essa falta de autoestima, de otimismo e de oportunidades desencadeavam outra discussão: a
necessidade de qualificação para conseguir um bom emprego. Segundo a discente, era debatido nos
Grupos que o mercado de trabalho exige escolarização elevada para, assim, se pleitear uma boa
colocação profissional. “Se esses jovens mal conseguiam o ensino médio, como é que eles seriam
inseridos no mercado de trabalho?”, questiona.
Lúcia Isabel Silva, coordenadora da pesquisa, destaca que as dificuldades enfrentadas pelos jovens
desta periferia representam um quadro grave de negação de direitos. “De forma geral, essas pessoas
enfrentam dificuldades para viver o tempo da juventude, que é um tempo de experimentação, de
aprendizagem de papéis e de construção de projetos para o futuro", explica.
Para a pesquisadora a falta de acessos a serviços e direitos de qualidade poderiam modificar a vida e
as expectativas dos entrevistados durante o estudo. "A esses jovens é oferecida uma educação de má
qualidade, não há acesso à renda ou o acesso é precário. As mesmas condições valem para moradia,
trabalho e preparação para o mercado de trabalho.
Ana Alice Azevedo, de 21 anos, já tinha se destacado ao tirar a nota máxima (1.000
pontos) na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Na terça-feira
(28), ela ganhou mais uma "estrelinha" no desempenho acadêmico: foi aprovada
ocupou o topo da lista, com 831,07 pontos na média final do Enem. Depois de três
anos de tentativas, ver esse resultado foi uma mistura de surpresa e alívio, diz a
jovem.
"Não vou sentir falta de me cobrar tanto e de ter de lidar com a ansiedade e o
Segundo a nova caloura da UFF, sua listinha de segredos para ser aprovada inclui
⌚ estudar 12 horas por dia (das 8h às 20h), inclusive aos sábados e domingos;
nesse período);
"Aos poucos, foi ficando mais fácil ter disciplina. Foquei bastante em exatas. No
'Caderninho do erro'
Uma das técnicas de estudo que Ana Alice desenvolveu foi a do "caderninho do
erro".
"Eu anotava tudo o que errava e ficava relendo várias vezes depois, para não errar
de novo", diz.
O que será feito do tal caderno, agora que a aluna foi aprovada na universidade
Depois de virar essa página, Ana Alice aguarda ansiosamente o início das aulas da