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Estudante de escola pública que tirou 980 na redação do Enem leu 90 livros em um ano

Segundo a estudante suas primeiras leituras tiveram início aos sete anos através do incentivo da
mãe que inseriu a leitura na vida da jovem por meio dos gibis da Turma da Mônica.
Por Rafaela Leal*, G1 PI
24/01/2020 19h02 Atualizado há um mês

Estudante de escola pública em Teresina leu 90 livros em um ano — Foto: Arquivo Pessoal

A estudante Ana Luísa Monteiro, 17 anos da escola pública, Centro de Educação de Tempo Integral
(CETI) Didácio Silva, no bairro Dirceu Arcoverde, Zona Sudeste de Teresina, conseguiu 980 pontos na
redação do Enem após fazer a leitura de 90 livros o ano de ano 2019. Segundo a estudante suas primeiras
leituras tiveram início aos sete anos através do incentivo da mãe que inseriu a leitura na vida da jovem por
meio dos gibis da Turma da Mônica.
“Eu gosto muito de ler, sempre gostei muito. Se tenho um tempo estou lendo. Quando estava em casa
fazia as atividades e revisões da escola em seguida iniciava as leituras que seguiam até à noite, consigo
ler muito rápido e absolvo bem as histórias” disse.
Ana Luísa tem afinidade com distopias e um carinho especial por obras da escritora Sarah J. Maas.
Segundo a jovem, a autora faz uma crítica social bastante construtiva sobre problemas de
relacionamentos.
“De todos os livros que li ao longo do ano passado o que mais gostei foi um a história de fantasia a Corte
de Espinhos e Rosas e o Trono de Vidro da escritora Sarah J. Maas. Em a Corte de Espinhos e Rosas a
autora consegue abordar em como a personagem principal, Feyre, sofre um relacionamento abusivo e
tóxico em que ela não se dá conta no quanto isso é prejudicial, já em Trono de Vidro, uma distopia, ela
consegue abordar um cenário completamente remoto em que a população é liderada por um déspota e
mostra como as personagens femininas podem mudar o mundo”, contou.

A jovem falou que leu também clássicos da literatura como: O Cortiço de Aluísio Azevedo, O Quinze de
Rachel de Queiroz, Vida Seca obra de Graciliano Ramos, O Ateneu de Raul Pompeia e que essas obras
ajudaram no repertório literário para a obtenção dos 980 pontos na prova de redação do Enem.
Ana Luisa, ainda tem dúvida de que curso escolher, contou que se identifica com áreas da licenciatura.
“Gosto muito da área de licenciatura, e confesso que tenho bastante dúvida sobre qual curso escolher,
tenho afinidade com história e letras português, mas também gosto muito de psicologia”, explicou.
A jovem estudava em tempo integral das 7h às 17h de segunda a sexta e aos sábados fazia cursos.
“Passava o dia todo na escola, tentava ao máximo otimizar meu tempo, fazendo as atividades que tinham
que ser feitas na escola, para não ter que levar para casa e quando chegava em casa revisava as
disciplinas que eu mais tinha dificuldades”
Ana Luísa contou que ao termino de cada livro costumava fazer resenhas e assim ter controle da
quantidade de livros. A maioria dos livros foram lidos pelo celular, outros foram emprestados de amigos e
biblioteca da escola.
"A leitura pra mim sempre foi algo muito importante, umas das minhas maiores paixões são os livros, é
como se eu sempre pudesse viajar o mundo todo sem ter que sair de casa", ressaltou.
*Rafaela Leal, estagiária sob supervisão de Lucas Marreiros
https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2020/01/24/estudante-de-escola-publica-que-tirou-980-na-redacao-do-
enem-leu-90-livros-em-um-ano.ghtml?fbclid=IwAR2iDl6RacDB0PfbY-
RDCLkZNVVOxpIL3IDP8ZMeB8zqoIXEQn6Ys6GBTmQ

ConheçaestudantedoRecifequeestáentreas53pessoasquetiraramnota1000naredaçãodoEnem
Publicado por Margarida Azevedo às 11:09


Thiago Coutinho Nakazone conta que o segredo para tirar esta nota é a prática. Foto: Acervo pessoal
Por Marcelo Aprígo, especial para o Blog do Fera
Morador do Recife, o estudante Thiago Coutinho Nakazone, 18 anos, foi um dos 53 participantes
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 que conseguiram alcançar a nota máxima na
redação, 1000. Para ele, o segredo para garantir o feito foi se informar e praticar. “Eu sempre procurava
me manter informado e costumo assistir muitos filmes e ouvir músicas. Assim, pude articular bem os
assuntos, que é uma das coisas mais importantes da prova. Eu também me preocupava em ficar sempre
escrevendo”, falou.
Ao JC, Thiago, que vai concorrer a uma vaga no curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), demonstrou surpresa com a nota recebida. “Ainda não estou sem
acreditar”, falou. Esta foi a terceira vez que Thiago fez a prova do Enem e, na visão dele, isso o ajudou em
2019. “Eu já fui treineiro e acredito que isso me ajudou na questão emocional. É importante isso. Só de
saber como é, ver o clima, você já consegue lidar melhor com o tempo da prova que é muito corrido”,
disse ele.

Segredo é praticar
Thiago Coutinho Nakazone reforça a necessidade de escrever com regularidade para aperfeiçoar a escrita
e dá outras dicas para quem vai fazer Enem em 2020 e quer tirar uma boa nota na redação. “É bom estar
sempre praticando, nunca ficar muito tempo sem escrever, sabe? Porque, se não for assim, você acaba
enferrujando”, afirmou.
“Eu buscava também tirar muita dúvida com meus professores também, sempre levava as redações que
escrevia para eles corrigirem. Eu gostava de saber o que tava errado e pedia para eles mostrarem”,
completou Thiago aconselhando que os estudantes que farão Enem em 2020 sempre peçam ajuda a seus
professores.
https://jc.ne10.uol.com.br/blogs/blogdofera/2020/01/17/conheca-estudante-do-recife-que-esta-entre-as-53-
pessoas-que-tiraram-nota-1000-na-redacao-do-enem/?utm_source=fb-
jc&fbclid=IwAR0SGlxpkK3VZcUqa4W5xI-CDhTTxr2W-KAQtXP2oC2Jc40HciF-7urWXwY

Autoras de redações 'nota mil' no Enem estudavam 6 horas por dia e adotaram 'pensamento crítico'
Juliana Baeta
jcosta@hojeemdia.com.br
18/01/2020 - 15h59 - Atualizado 16h09

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Arquivo pessoal /

Stela e Emannuelle potencializaram rotina de estudos ao longo do ano e adotaram estratégias para
chegarem a nota mil na redação
Emannuelle Faria, de 19 anos, teve acesso à rede particular de ensino e ao ensino técnico em Belo
Horizonte. Stela Terra, de 18, estudou em escola pública durante toda a vida na capital mineira. Com
trajetórias diferentes, as duas têm em comum o resultado do Enem: nota mil na redação. Elas fazem parte
das únicas 53 redações do país que alcançaram a pontuação máxima.
Mas nem sempre foi assim. No exame anterior, Emannuelle tirou 800 na redação, e Stela, 720. As duas
decidiram, então, potencializar os estudos e a prática da redação ao longo do ano passado, recorrendo a
cursinhos preparatórios focados na produção de textos e a uma rotina de estudos de pelo menos seis
horas diárias.
Ironicamente, a matéria preferida de Stela é matemática, mas o foco e a rotina de exercícios de redação a
fez se apaixonar pela produção de textos no ano passado. "Por incrível que pareça, sempre gostei muito
de exatas, especialmente matemática, mas acabei me apaixonando por redação no ano passado. Fiquei
muito surpresa com o resultado porque, por mais confiante que eu estivesse, não esperava que seria a
nota máxima. Fiquei muito feliz, muito mesmo", comemora.
Ela se lembra que, na escola onde estudou, não havia uma disciplina específica de redação, mas sua
professora tentava inserir a produção de textos na aula de Português. Stela acredita que a prática deveria
ser aplicada nas escolas públicas como um tema separado, o que poderia ajudar ainda mais no
desempenho dos estudantes.
Tema surpreendeu, mas não assustou
O tema da redação, a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, foi uma surpresa para Stela. "Não
esperava este tema, foi bem específico. Mas, como tínhamos treinado no cursinho um tema parecido, que
era sobre cultura e lazer, deu para aplicar no dia da prova. Gostei do tema, achei interessante e deu para
explorar bastante coisa", comenta.

Em cada aula de preparação era discutido um tema, com repertório sociocultural que poderia ser usado no
exame. Foi o que ajudou Stela a obter nota máxima na redação. Ela pretende cursar Direito na UFMG.
Pensamento crítico sobre o mundo
Já Emannuelle quer tentar Medicina na UFMG ou em outra universidade federal no Estado. Ela revela que
o segredo para saltar de 800 pontos para 1000 na redação do Enem, foi a prática. "Também é importante
saber estratégias de argumentação diferentes para aplicar em cada tema, e ter repertório. Para isso,
a leitura e conhecimento cultural, assistindo filmes, séries e até ouvindo músicas mesmo, são essenciais.
Outro ponto fundamental é adotar um pensamento crítico sobre o mundo", ensina.
O pensamento crítico também foi lembrado por Stela, ao defender o argumento que utilizou na
redação. "Falei sobre a elitização do acesso ao cinema, causada pelo alto custo dos ingressos, o qual
ocorre devido à comercialização do lazer no sistema capitalista. Esse fato tem como impactos negativos a
exclusão social e a ocorrência da 'Cidadania de Papel', termo cunhado pelo escritor paulista Gilberto
Dimenstein, que diz respeito a uma cidadania aparente, na qual os direitos garantidos pela Constituição
Federal (como o acesso ao lazer) não acontecem na prática", conta.
Errar pode ser a solução para aprender
Um dos pontos que Emannuelle destaca em sua preparação é a correção de seus textos. "Me preparei
treinando muito e indo nas mentorias do cursinho, os meus textos eram corrigidos na minha frente e,
assim, eu ia anotando o que poderia melhorar nos próximos textos.
A professora de Português e Redação do Bernoulli, Allana Matar, ressalta que manter uma rotina intensa
de escrita e refazer os textos que foram corrigidos são ações fundamentais para se chegar a uma boa
redação. "Os alunos escrevem, no mínimo, dois textos inéditos por semana, sem contar as redações que
eles refazem. Além disso, eles frequentam as mentorias, tiram dúvidas, trabalham os pontos mais fracos.
Esta rotina intensa de escrita e o feedback do professor ajudam muito", conta.
Além disso, ser um leitor ativo, ter amplo repertório sociocultural, estar antenado ao que acontece no
mundo, discutir os temas em sala de aula e treinar a estrutura textual, ou seja, os aspectos mais técnicos
para se consolidar um texto, ajudam a tornar qualquer redação nota mil.
Mulheres mineiras lideram o ranking das redações nota mil
https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/autoras-de-reda%C3%A7%C3%B5es-nota-mil-no-enem-
estudavam-6-horas-por-dia-e-adotaram-pensamento-cr%C3%ADtico-
1.767615?fbclid=IwAR3hiK4zXUa5V3CQLJ3Ccd6lsZrm93Vkq6AG98csbOx4ZRZC75BiQGgyhxE

Nota mil na redação do Enem, pernambucano vê muitos filmes, lê notícias e gosta de filosofia

Por: Anamaria Nascimento

Publicado em: 17/01/2020 20:05 | Atualizado em: 24/01/2020 13:57

O único entre os 206.220 candidatos de Pernambuco que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) 2019 a tirar tira mil na redação não é um “devorador” de livros, mas ama assistir filmes, ver
documentários, ouvir músicas de diversos gêneros e ler notícias. Thiago Nakazone, de 18 anos, consegui
a nota máxima nas provas de produção textual do Sistema Seriado de Avaliação (SSA), da Universidade
de Pernambuco (UPE), e do Enem. Já aprovado na universidade estadual no curso de engenharia de
controle e automação, ele vai agora em busca de uma vaga em arquitetura e urbanismo da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE).

O resultado do Enem foi divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta sexta-feira (17). Dos 3,9
milhões de participantes do Enem 2019, apenas 53 participantes a nota máxima. A maioria dos estudantes
com mil na redação é de Minas Gerais, que teve 13 textos com a maior nota. Ceará e Rio de Janeiro
tiveram seis candidatos com nota mil, cada. Por outro lado, o Enem 2019 teve 4% dos participantes com
nota zero na redação. Ao todo, 143.736 candidatos zeraram a prova. Os principais motivos para nota zero
foram redações em branco (56.945), fuga ao tema (40.624) e cópia do texto motivador (23.265). A média
ficou em 592,9, superior à registrada em 2018, que foi 522,8.

Na prova, que tinha como tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, Thiago Nakazone, aluno
do Colégio Boa Viagem (CBV), denunciou a elitização do cinema no país. “Argumentei que os ingressos
são caros e que a maioria das salas de cinema está nos centros urbanos”, disse. Para iniciar o texto, o
estudante mencionou o Cinema marginal, um movimento cinematográfico brasileiro que se propagou pelo
país entre meados de 1968 e 1973. “Não costumo ler muitos livros, apesar de gostar de obras de
suspense, mas consumo muita notícia e gosto muito de ver filmes”, contou.

Professora de redação de Thiago no cursinho, Fernanda Bérgamo ressaltou que o interesse do estudante
por diversas artes e pela filosofia foram determinantes. “A nota mil para um candidato de 18 anos, que
conseguiu esse resultado ainda no terceiro ano do ensino médio, mostra que a dedicação leva ao êxito. O
que sempre chamava a minha atenção era que, nas aulas, ele sempre corrigia na redação seguinte as
falhas que havia cometido na anterior”, afirmou.

Outro destaque em Pernambuco foi a estudante Fernanda Nascimento, 18 anos, do Colégio Núcleo. Ela,
que foi aprovada em primeiro lugar no curso de direito da UPE pelo SSA, conquistou a nota máxima na
prova objetiva de linguagens, códigos e suas tecnologias. De acordo com o balanço do MEC do Enem
2019, a maior pontuação nessa área do conhecimento foi de 801,7. “A prova deste ano foi mais direta,
com textos menores, então eu não sabia como eu tinha me saído quando terminei o exame”, disse a aluna
que também vai tentar uma vaga em direito pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), desta vez na UFPE.

Resultado de todas as áreas do conhecimento:

Linguagens
Nota mínima – 322,0
Nota máxima – 801,7
Nota média geral – 520,9

Ciências humanas
Nota mínima – 315,9
Nota máxima – 835,1
Nota média geral – 508,0

Matemática
Nota mínima – 359,0
Nota máxima – 985,5
Nota média geral – 523,1

Ciências da natureza
Nota mínima – 327,9
Nota máxima – 860,9
Nota média geral – 477,8

Nota mil na redação do Enem:

Alagoas: 2
Bahia: 1
Ceará: 6
Distrito Federal: 2
Espírito Santo: 1
Goiás: 4
Maranhão: 1
Mato Grosso do Sul: 1
Minas Gerais: 13
Paraíba: 1
Pará: 2
Pernambuco: 1
Piauí: 1
Rio Grande do Norte: 3
Rio Grande do Sul: 3
Rio de Janeiro: 6
São Paulo: 3
Como usar a nota do Enem:

Sisu: o estudante interessado em ingressar em alguma instituição de ensino superior pública deve
escolher até duas opções de cursos. Ao final, o sistema seleciona os mais bem classificados em cada
curso, de acordo com as notas no Enem e eventuais ponderações, como pesos atribuídos às notas ou
bônus. É pré-requisito não ter zerado a redação. As inscrições vão de 21 a 24 de janeiro. São 237 mil
vagas.

ProUni: o estudante interessado no ingresso em instituições privadas de ensino superior pode concorrer a
bolsas integrais (100%) e parciais (50%). Para se inscrever na iniciativa, o aluno que participou do Enem
deve ter obtido média de ao menos 450 pontos e não ter zerado a redação. As inscrições vão de 28 a 31
de janeiro. São 249 mil bolsas.

Fies: com duas modalidades — juros zero a quem mais precisa (renda familiar de até três salários-
mínimos por pessoa) e escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do participante —, as
regras para a nota são as mesmas do ProUni. A partir de 2021, será preciso nota mínima de 400 na
redação. As inscrições vão de 5 a 12 de fevereiro. São 70 mil vagas.

Ingresso direto: Para realizar o ingresso direto em uma instituição privada, o estudante não precisa
realizar provas nem pagar taxas, apenas se inscrever no site ou diretamente na instituição de interesse e
aguardar o resultado da seleção. Só é necessário não ter zerado nenhuma das provas.

Enem Portugal: Em 2020, 47 instituições portuguesas — 10 delas por convênios firmados em 2019 —
aceitam a nota do Enem como forma de ingresso. Cronograma e regras são definidos pelas próprias
universidades.

Fonte: MEC
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2020/01/nota-mil-na-redacao-do-enem-
pernambucano-ve-muitos-filmes-le-noticia.html?fbclid=IwAR2esMYn-
OzchiycwxkJohEWxxU3q9Z7EWqqs7DX9M8nzjno9YPBJHYMAJc

O Gabriel Lopes, do Rio de Janeiro, tirou nota 1000 na redação do ENEM 2019 e compartilhou

conosco o seu rascunho!

TEMA: Democratização do acesso ao cinema no Brasil

O longa-metragem nacional “Na Quebrada” revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os
quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram no cinema uma nova perspectiva de
vida. Na narrativa, evidencia-se o papel transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que
promove o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte.
Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de parte minoritária
da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no Brasil, sobretudo às classes
menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do quadro, faz-se necessário analisar as causas
corporativas e educacionais que contribuem para a continuidade da problemática em território nacional.

Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas de consumo de arte.


Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos sobre a “Indústria Cultural”, afirmaram
que a arte, na era moderna, tornou-se objeto industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades
prioritariamente lucrativas. Sob esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação
nas grandes metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que se
mostra mais disposta a pagar um maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto, fomenta uma
tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas, contribuindo para a
dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão e de identidade cultural no Brasil.

Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse sentido, observa-se uma
insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo com a cultura desde os primeiros anos
escolares, fruto de uma educação tecnicista e pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa
forma, com aulas voltadas para memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o
contato do estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema,
negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza estimulante. Tal
cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o sistema educacional atual está
preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas significativas para as inquietudes hodiernas.
Assim, com a carência de um ensino que desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui
para um afastamento desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles,
durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras e
internacionais.

É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema no Brasil é agravada por
causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a Secretaria Especial de Cultura do Ministério
da Cidadania torne tais obras mais alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias
público-privadas com empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que
provarem, por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para
regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de pessoas, os
indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o
Ministério da Educação deve levar o tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da
substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares
que envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região da
escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que se desenvolve sua
consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte
retratada em “Na Quebrada”, criando um legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento
social em território nacional.

https://redacaonline.com.br/blog/enem-2019-exemplo-de-redacao-nota-1000/

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