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PROCESSO CRIATIVO NA FORMAÇÃO DO ARQUITETO: FENOMENOLOGIA E

MATERIALIDADE NO ATELIÊ DE ENSINO DE ARQUITETURA


ANA FLÁVIA NUNES CRUVINEL1, MARCELINA GORNI1
Faculdade de Artes Visuais¹
anaflavianunescruvinel@discente.ufg.br
Modalidade: Não bolsista: IC

INTRODUÇÃO E OBJETIVO RESULTADOS


Desde a proposição da temática da atual pesquisa, teve-se como A fim de explorar (analisar) possíveis aplicações práticas (atividades e
agente norteador duas principais linhas de pesquisa: arquitetura obras realizadas) das ideias debatidas acerca de fenomenologia e
enquanto fenômeno; e processos de ensino/aprendizagem de materialidade, buscamos realizar dois estudos de caso de arquitetos
arquitetura em ateliês de projeto. que demonstraram grande atenção a questões ligadas à
Tendo como fim o objetivo de correlacionar as temáticas e identificar sensorialidade em suas concepções. Buscando assim conjecturar a
de que maneira podemos estabelecer parâmetros e caminhos para aplicabilidade de suas ideias no ensino e experiência dentro do ateliê
fundamentar possibilidades que facilitem os processos de prática e de de arquitetura.
ensino de arquitetura, pautando-nos por compreender o fenômeno da
arquitetura relacionado com seus aspectos sensoriais e materiais Ao analisar a moradia estudantil Baker House projetada por Alvar
primordialmente. Aalto, podemos reafirmar a atitude contracorrente e anti mecanicista
que Aalto percorria, ao dar profunda importância à verdade material,
Tais explorações foram realizadas a fim de buscar esclarecer o às diferentes texturas e aspectos naturais do passar do tempo na
principal questionamento desta pesquisa: como é possível pensar obra. Lívia Custódio afirma que na época de inauguração da obra,
uma produção e um processo de criação em arquitetura, seja na Alvar Aalto foi profundamente elogiado pelos administradores do MIT,
prática acadêmica de ateliê ou seja na prática de produção de que caracterizaram o projeto como "estimulante e pouco
arquitetura fora do universo acadêmico conectado à sensorialidade e convencional" que permite "um ambiente incomum para uma
às sensações sinestésicas na sociedade contemporânea? Quais as verdadeira vida em comunidade" (CUSTÓDIO, 2008, p. 38)
possíveis contribuições e vantagens que a arquitetura encarada
enquanto fenômeno podem promover para os processos de criação e O segundo estudo de caso se deu na análise do projeto do
de ensino/aprendizagem de arquitetura? “Canteiro Experimental” realizado pelo professor Ronconi da
FAUUSP. Ele vê na proposta do canteiro experimental a possibilidade
do que chama de emancipação do estudante de arquitetura e
MATERIAL E MÉTODOS urbanismo (RONCONI, 2005, p.143). Ele afirma que o canteiro não é
um lugar de atividade prática, em detrimento da atividade intelectual,
A pesquisa foi guiada pela investigação teórica de autores e arquitetos pois “uma produção cooperada do conhecimento realizada pela
que tratem de assuntos que correlacionem arquitetura e participação do professor, dos estudantes e dos técnicos” contribui
fenomenologia, entre estes: Juhani Pallasmaa; Kenneth Frampton; para o exercício da atividade plena. Na qual possam ser valorizadas
“ferramentas intelectuais já esquecidas” (RONCONI, 2005, p.145)
Martin Heidegger; Christian Norberg-Schulz; Alvar Aalto; Kate Nesbitt;
Marcelina Gorni; Reginaldo Ronconi; dentre outros. CONCLUSÕES
Foram levantados textos, referências teóricas, referências práticas, Ao realizar os dois estudos de caso passados e debatê-los na linha de
fotografias, peças gráficas de obras e projetos de arquitetura que pesquisa explorada, podemos concluir que a arquitetura encarada
abordam as discussões sobre arquitetura e ensino enquanto enquanto fenômeno traz resultados extremamente positivos no ensino
fenômeno em sites, arquivos e acervos virtuais. e prática de arquitetura.
As potencialidades de desenvolvimento de sensibilização e
Realizamos dois estudos de caso nos quais foi possível explorar os experimentação matérica e tectônica se mostram muito pertinentes
diálogos entre a discussão desenvolvida no campo da arquitetura, para uma compreensão mais ampla e fenomenológica do “fato
fenomenologia, e suas possíveis aplicações teóricas e práticas no arquitetônico”, contribuindo muito para a formação inicial em
processo criativo e na relação ensino-aprendizado no ateliê de Arquitetura e Urbanismo.
arquitetura. Foram estes: “Canteiro experimental uma proposta Ao estimular os jovens aspirantes a arquitetos à reflexão da
pedagógica para a formação do arquiteto e urbanista” do professor e multissensorialidade presente no processo de projetar em arquitetura,
arquiteto Reginaldo Luiz Nunes Ronconi, e o “MIT Baker House estes começam a construir a noção da importância de suas decisões
Dormitory” do arquiteto e professor Alvar Aalto. projetuais, possibilitando que estes criem espaços humanizados,
qualificados, capazes de integrar o homem ao mundo material,
Por fim partimos para a elaboração das possibilidades de promovendo a sensação de vivência em comunidade e reafirmação de
potencialização de tais ideias em ateliês de projeto de arquitetura na suas identidades, “atendendo ao interesse humano voltado para a
prática de aprendizagem de jovens aspirantes a arquitetos. produção do conhecimento” (RONCONI, 2005, p.143).

REFERÊNCIAS
BRAGA, Tatiana & GOTO, Tommy & MONTEIRO, Luiz. Ambiente enquanto fenômeno: ensino de arquitetura na perspectiva fenomenológica. Rev. Nufen:
Phenom. Interd. Belém, 9(2), 24-41, mai. – ago., 2017.
CUSTÓDIO, Lívia V. M. Centro de vivência estudantil para a cidade de São Paulo: uma proposta para o acolhimento habitacional do estudante
universitário de baixa renda. TCC de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo - SP, p.01-66, 2014.
NESBITT, Kate. Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica, 1965-1995. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify, 2008.
PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele : a arquitetura e os sentidos, tradução técnica: Alexandre Salvaterra. - Porto Alegre : Bookman, 2011.
RONCONI, Reginaldo L. N. (2005). Canteiro experimental: uma proposta pedagógica para a formação do arquiteto e urbanista. Pós. Revista Do Programa
De Pós-Graduação Em Arquitetura E Urbanismo Da FAUUSP, (17), 142-159. Disponível: <https://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/43406> , 2005.

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