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PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

Quando começar?
  

O intuito de realizar um planejamento sucessório é garantir a continuidade dos


negócios e "blindar" o patrimônio da família, uma vez que o patriarca ou matriarca poderá
de forma planejada, organizar a futura gestão com o intuito de dar continuidade dos
negócios por várias gerações.

   Não é natural pensarmos na finitude da vida, e mais, pensarmos nas consequências


que nossa morte trará para as pessoas que mais temos apreço, mas, essa deveria ser uma
questão a ser planejada e pensada, afinal a morte é a única certeza que temos nesta vida.

  O planejamento sucessório é uma alternativa eficaz para que a transmissão da


herança seja realizada de uma forma mais tranquila, evitando sobrecarga aos familiares que
estarão passando por um delicado momento sentimental com a perda do ente querido.

1. AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE HERANÇA

  Desde a promulgação da Constituição Federal em 1988, o Brasil avançou


significativamente no que tange aos direitos e garantias fundamentais, restando
configurado o direito de herança em seu art. 5º, XXX, com nível de categoria de cláusula
pétrea, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXX - é garantido o direito de herança;
  Segundo Alexandre de Moraes[1], o poder constituinte, é a manifestação soberana
da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado.

  Deste modo, ao elencar o direito de herança, como direito fundamental, o


constituinte protegeu o cidadão de um intervencionismo Estatal, resguardando o
patrimônio do brasileiro, tornando tal direito intocável.

  Assim sendo, ao inserir a garantia constitucional do direito de herança no artigo 5º,


o constituinte, visou que a herança é um instituto intocável e imutável.

  A professora e ilustre jurista Jutidh Martins Costa[2], destaca um outro


desdobramento acerca da garantia da herança, uma vez que “concretiza aspectos dos
princípios da Autodeterminação Pessoal (ao assegurar ao particular o direito de planejar,
ainda que limitadamente, a sucessão nos seus bens, em razão da morte), e da Solidariedade
Econômica Familiar (ao reservar aos herdeiros necessários um a parte da herança, a
legítima)”.
  Verifica-se, portanto duas dimensões dadas à garantia de herança, sendo a primeira
OBJETIVA, no sentido de valoração econômica e SUBJETIVA, no sentido que a sucessão
pode decorrer da vontade da pessoa falecida.

  Para CANOTILHO[3] a dimensão objetiva trata de “Uma norma vincula um sujeito


em termos objectivos quando fundamenta deveres que não estão em relação com qualquer
titular concreto”. Como elementos da ordem jurídica da coletividade, as normas
determinam “o objetivo, os limites e o modo de cumprimento”

  Já a dimensão subjetiva gravita em torno da posição jurídica do indivíduo,


consubstanciando-se na faculdade de o titular de um direito exigir uma ação ou uma
abstenção do Estado particular: “O direito subjectivo consagrado por uma norma de direito
fundamental reconduz-se, assim, a uma relação trilateral entre o titular, o destinatário e o
objecto do direito”[4]

  Assim, nota-se que o direito à herança, alcançou status de direito fundamental,


garantido pela Constituição Federal, limitando a intervenção do estado na propriedade
privada, e atendendo ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana

2. DIREITO DAS SUCESSÕES 

  A propriedade é a base da sociedade capitalista. O patrimônio e a herança


originam-se no instinto de preservação familiar. Assim como um pai cede seus genes
(características físicas e psíquicas) para seus herdeiros, o patrimônio também será
transmitido automaticamente para os próprios familiares descendentes, cônjuge ou outros
familiares dependendo do caso, com finalidade de preservação, continuação e
perpetuidade da família.

  Em verdade, a sucessão busca que o patrimônio permaneça na própria família.

  Mesmo diante de todas as mudanças culturais, comportamentais e temporais


enfrentadas pela humanidade, as questões relativa ao patrimônio, não tiveram efetiva
mudança, sendo que o direito sucessório busca garantir nos termos da lei a proteção
familiar.

  Tanto é verdade, que a sucessão legítima estabelece a vocação hereditária, com


minúcias, garantindo assim que os herdeiros necessários recebam o que lhes pertence por
direito.

  Na opinião do jurista Flávio Tartuce[5] “ A morte põe fim à personalidade jurídica


material, aquela relacionada com os direitos patrimoniais, e nesse momento está aberta a
sucessão” .

  Desta forma, além da efetiva transmissão do patrimônio do “de cujus” e


continuidade dos bens no seio familiar, poderá também por meio de planejamento, se
alcançar a continuidade das atividades empresariais.

  Portanto, não haverá somente a transmissão do patrimônio, mas também os meios


possíveis para que a governança das empresas possam ser continuadas conforme
determinado no contrato social, facilitando o processo da fluidez das operações
empresariais de maneira ininterrupta e eficaz.

3. TIPOS DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

  Existem diversas forma de se realizar o planejamento sucessório, entre elas o


TESTAMENTO, a HOLDING FAMILIAR, DOAÇÕES EM VIDA, PREVIDÊNCIA PRIVADA, além do
SEGURO DE VIDA.

  Todas as questões podem ser pensadas e ponderadas para que a solução da


transmissão seja mais tranquila e possa ser alcançada.

  O auxílio de profissionais tanto da área contábil, quando da área jurídica, é essencial


para se atingir ao objetivo final.

4. CONCLUSÃO

  Não existe um momento ideal para o início do planejamento sucessório, sendo que
com este, a família poderá obter êxito na blindagem patrimonial e manutenção dos
negócios após o falecimento do(a) patriarca/matriarca .

   Mesmo com a descontinuidade da vida do criador, no momento instantâneo à


morte, aberta a sucessão, nada muda! Tudo está definido! Em termos de patrimônio e
empresa, tudo continua como estava. Evitam-se  desentendimentos, brigas e até mesmo a
extinção do patrimônio e da empresa. Evitam-se perda de tempo com longas batalhas
judiciais. As empresas serão gerida de uma maneira profissional e os herdeiros receberão o
que lhe pertence por direito.

  O planejamento sucessório se mostra como uma tendência para famílias que


possuem certo patrimônio, e que queiram através de um plano bem definido em vida,
alcançar o objetivo de continuidade, sejam por seus descendentes através de seu DNA, seja
por seu patrimônio, pois a única certeza de todos os seres humanos é acerca da nossa
finitude.

Conclui-se que o planejamento sucessório é uma alternativa atrativa para uma


sucessão tranquila, podendo-se obter êxito na blindagem patrimonial e principalmente a
continuidade e perpetuação dos negócios da família

[1] MORAES, Alexandre de - Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 33. ed.


rev. e atual. até a EC nº 95, de 15 de dezembro de 2016 – São Paulo: Atlas, 2017. P. 41

[2] MARTINS-COSTA, Judith. O direito sucessório na constituição: a


fundamentalidade do direito à herança. Revista do Advogado da Associação dos
Advogados de São Paulo.n. 112 ano XXXI. Jul.2011, pg.79-87.

[3]CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5ª ed. Coimbra:


Almedina, 1992, pg.544
[4]idem

[5]TARTUCE, Flávio e SIMÃO José Fernando. Direito Civil 6 –Direito das Sucessões.
8.ed. São Paulo: Método, 2015.

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