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Universidade Aberta

MATEMÁTICA PREPARATÓRIA

Conceitos fundamentais sobre


Funções para recordar e ficar a saber

2020

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Matemática Preparatória
Conteúdo
1. Guião para o estudo do Tópico: Funções .............................................................................. 3
2. Conceito de função ............................................................................................................... 3
2.1 Modos de representar uma função .......................................................................... 5
2.2 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM ........... 9
3. Função real de variável real: ............................................................................................... 11
3.1 Domínio e contradomínio ........................................................................................... 11
3.2 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM ................... 14
3.3 Zeros e sinal................................................................................................................. 15
3.4 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM ............. 18
4. Algumas propriedades de funções reais de variável real.................................................... 19
4.1 Igualdade de funções .................................................................................................. 19
4.2 Restrições de uma função ........................................................................................... 20
4.3 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM ................... 21
4.4 Funções Injetivas, Sobrejetivas e Bijetivas ....................................................................... 22
4.5 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM ............. 25
4.6 Mais propriedades e operações com funções ............................................................ 25
5. Módulos .............................................................................................................................. 25
6. Algumas funções importantes ............................................................................................ 26

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Matemática Preparatória
1. Guião para o estudo do Tópico: Funções

O Tópico que agora se inicia é muito importante para o trabalho a realizar nas Unidades
Curriculares de Matemática, de qualquer licenciatura. O presente texto, além de constituir o
início do estudo das Funções, dado qua apresenta/explica as noções mais elementares e, por
isso, fundamentais para o prosseguimento com sucesso do estudo deste tema, é, também, o
guião que precisa para o estudar, pois vai fornecendo as ligações para outros textos bem como
vários exercícios que deve resolver e esclarecer eventuais dúvidas no fórum.

Bom trabalho!

2. Conceito de função

As funções são usadas nas mais diversas atividades do dia a dia, nomeadamente para resolver
problemas. Vejamos um exemplo.

EXEMPLO 1.

A Rita saiu de casa para ir almoçar com uns amigos a um restaurante e, algum tempo depois,
regressou a casa.

O gráfico abaixo ilustra o passeio da Rita.

Figura 01. O passeio da Rita.

1.1 Quanto tempo durou o passeio da Rita?


1.2 Quanto tempo demorou a Rita a chegar ao restaurante?
1.3 A que distância se encontra o restaurante da casa da Rita?
1.4 Quanto tempo durou o almoço?
1.5 Passada uma hora e meia depois da Rita sair de casa a que distância é que ela se
encontrava de casa?
1.6 A Rita demorou mais tempo a ir para o restaurante ou a voltar?
1.7 Ao todo, quantos quilómetros percorreu a Rita no seu passeio?

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Verifique se as respostas que deu às perguntas do exemplo 1 vão ao encontro das que agora
apresentamos:

1.1 Quanto tempo durou o passeio da Rita? Três horas e meia.


1.2 Quanto tempo demorou a Rita a chegar ao restaurante? Uma hora.
1.3 A que distância se encontra o restaurante da casa da Rita? Meio quilómetro.
1.4 Quanto tempo durou o almoço? Duas horas.
1.5 Passada uma hora e meia depois da Rita sair de casa a que distância é que ela se
encontrava de casa? Estava a 500 metros ou meio quilómetro de casa.
1.6 A Rita demorou mais tempo a ir para o restaurante ou a voltar? Demorou mais tempo
a ir para o restaurante do que a voltar, uma hora e meia hora, respetivamente.
1.7 Ao todo, quantos quilómetros percorreu a Rita no seu passeio? Percorreu um
quilómetro, meio para ir para o restaurante e outro meio para voltar.

Neste exemplo podemos ver que a cada instante, do passeio da Rita, corresponde apenas uma
distância, ou seja, a correspondência entre o tempo e a distância é unívoca. Assim, o gráfico da
figura 01 representa uma função.

Mas como podemos definir uma função?

Função, f, é uma correspondência entre dois conjuntos A e B, em que a cada elemento do


conjunto de partida ou domínio, A, ao qual chamamos objeto: x, faz corresponder um e um só
elemento do conjunto de chegada, B, ao qual chamamos imagem: y.

Assim,
 Domínio da função f (Df): conjunto dos objetos, habitualmente representados por x;
 Contradomínio da função f: (D´f ou CDf): conjunto das imagens, habitualmente
representados por y;
 Uma função f de domínio A e conjunto de chegada B ( 𝐶𝐶𝑓 = 𝐵 ) representa-se,
habitualmente, da seguinte forma:
f: A B
x y= f(x) , sendo f(x) a sua expressão analítica.

EXEMPLO 2.

Agora que já sabe a definição de função diga,


justificando, se cada uma das correspondências
seguintes é ou não uma função. Para a(s)
correspondência(s) que representa(m) uma função
indique o domínio e o contradomínio. Mas não se
esqueça de escrever as suas respostas.

Pode agora confirmar as suas respostas:


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As correspondências h e j são funções de A em B, pois, em ambas, a cada objeto (elemento do
conjunto de partida, A) corresponde uma e uma só imagem (elemento do conjunto de chegada,
B). É de notar que na função h cada objeto tem a mesma imagem pois o conjunto de chegada é
composto apenas por um elemento. No caso da função j, observamos que o conjunto de
chegada tem mais um elemento do que o contradomínio, ou seja, o conjunto de chegada não
coincide com o contradomínio da função.

𝐷ℎ = {3, 4, 5} ; 𝐷´ℎ = {25} = 𝐶𝐶ℎ e 𝐷𝑗 = {1, 2, 3} ; 𝐷´𝑗 = {10, 20, 30} e o conjunto de
chegada da função j é {10, 20, 30, 40}.

A aplicação f não é uma função pois ao elemento 13, do conjunto de partida, correspondem
duas imagens. A aplicação g não é uma função dado que existe um elemento do conjunto de
partida, 4, que não tem imagem.

2.1Modos de representar uma função

Podemos representar uma função por diagramas, tabelas, gráficos e expressões analíticas,
entre outras maneiras.

Designemos por f a função definida pelo seguinte diagrama.

O domínio da função f é 𝐴 = 𝐷𝑓 = {1,2,3};

O conjunto de chegada é 𝐵 = 𝐶𝐶𝑓 = {3,6,8,9,12};

O que podemos expressar simbolicamente por

𝑓: 𝐴 → 𝐵
O contradomínio é o conjunto 𝐷´𝑓 = {3,6,9}

Para exprimirmos que a imagem do objeto 3 é 9


escrevemos 𝑓(3) = 9.

Como conhecemos o domínio e o conjunto de chegada podemos, também, definir a função


através de uma tabela, embora esta representação não permita identificar o conjunto de
chegada:
X 1 2 3
Y 3 6 9

Esta função transforma cada objeto no seu triplo. Designando por 𝑥 uma variável que
representa qualquer objeto, a variável independente, tem-se: 𝑓(𝑥) = 3𝑥

Diz-se que 3𝑥 é uma expressão analítica que define a função 𝑓. Também podemos escrever
𝑦 = 3𝑥, ou seja, esta função multiplica por 3 cada objeto 𝑥 transformando-o assim na sua
imagem 𝑦. Dizemos que 𝑦 é a variável dependente.

Para que uma função se considere definida ou caracterizada é necessário conhecer:

1. o domínio;
2. o conjunto de chegada;
3. uma regra que nos permita saber, para cada objeto, qual é a sua imagem.

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No exemplo 2 as funções h e j estão representadas através de um diagrama e no exemplo 1
a função que representa o passeio da Rita está representada por um gráfico cartesiano. Nos
próximos exemplos apresentaremos funções através de uma tabela e de uma expressão
analítica ou algébrica, respetivamente.

EXEMPLO 3.

Considere a família de retângulos cuja área é 12 unidades e cujos lados medem x e y unidades
de comprimento, sendo x e y números inteiros.

3.1. Construa uma tabela que relacione todos os pares de medidas x e y dos lados dos retângulos
desta família.

3.2. Justifique que a correspondência f entre o conjunto A, dos valores de x, e o conjunto B, dos
valores de y, é uma função de A em B.

3.3. Indique o domínio e o contradomínio de f.

3.4. Determine uma expressão analítica de f.

RESOLUÇÃO

3.1. Como x e y são números inteiros e são tais que 𝑥 × 𝑦 = 12, podem tomar os valores que se
apresentam na tabela:

x 1 2 3 4 6 12
y 12 6 4 3 2 1
3.2. A correspondência entre os conjuntos A e B é uma função pois a cada elemento do conjunto
A= {1,2,3,4,6,12} corresponde um e um só elemento do conjunto B={1,2,3,4,6,12}.

3.3. Observando as linhas da tabela, concluímos que:

𝐷𝑓 = {1, 2, 3, 4, 6, 12} e 𝐷´𝑓 = {1, 2, 3, 4, 6, 12 }


12 12
3.4. Como 𝑥 × 𝑦 = 12 , podemos escrever 𝑦 = 𝑥
, ou seja, 𝑓(𝑥) = 𝑥
.

Esta função faz corresponder a cada medida de um dos lados de um retângulo com 12 unidades
de área a medida do outro lado. Neste exemplo, podemos ver que a expressão analítica
relaciona duas variáveis: x que designamos por variável independente e que toma todos os
valores do domínio e y que designamos por variável dependente.

EXEMPLO 4.

Considere a função g de domínio 𝐷𝑔 = {−√2, − 1, 0 1, √2, 2} e conjunto de chegada 𝐼𝑅,


definida por 𝑔(𝑥) = −𝑥 2 − 4𝑥.

4.1. Determine 𝑔(−1).

4.2. Verifique se existe um objeto cuja imagem é 3.

4.3. Indique o contradomínio de g.

4.4. Determine o objeto cuja imagem é -5.


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4.5. Construa uma tabela que represente a função g.

4.6. Construa um diagrama que represente a função g.

Agora pode verificar as suas resoluções.

RESOLUÇÃO

4.1. 𝑔(−1) = −(−1)2 − 4(−1) = −1 + 4 = 3.

4.2. 𝑔(𝑥) = 3  − 𝑥 2 − 4𝑥 = 3  − 𝑥 2 − 4𝑥 − 3 = 0  𝑥 2 + 4𝑥 + 3 = 0

−4 ∓ √16 − 4 × 1 × 3
<=> 𝑥 = <=> 𝑥 = −3 𝑉 𝑥 = −1
2×1
Como −3 não pertence ao domínio da função mas −1 pertence, concluímos que existe um
objeto, −1, cuja imagem é 3.
2
4.3. 𝑔(−√2) = −(−√2) + 4√2 = −2 + 4√2

𝑔(−1) = 3 ; 𝑔(0) = 0 ; 𝑔(1) = −12 − 4 × 1 = −5 ;


2
𝑔(√2) = −(√2) − 4 × √2 = −2 − 4√2 ; 𝑔(2) = −22 − 4 × 2 = −12.

Logo 𝐷𝑔′ = {−12, −2 − 4√2 , −5, 0, 3, −2 + 4√2}.

4.4. Um é o objeto cuja imagem é -5.

4.5. 𝑥 −1 0 1 2
−√2 √2
𝑔(𝑥) −2 + 4√2 3 0 -5 −2 − 4√2 -12

4.6.

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O gráfico de uma função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 é o conjunto dos pares ordenados (𝑥, 𝑦) 𝑐𝑜𝑚 𝑥 ∈ 𝐴 𝑒 𝑦 =
𝑓(𝑥).

Nos exemplos que se seguem apresentaremos algumas convenções que se usam nas
representações geométricas dos gráficos de funções.

Figura 03. Figura 04.

O gráfico da função f, representado na figura 03, é uma semirreta pois num dos extremos não
há qualquer ponto assinalado, e quando assim é, pressupomos que a linha do gráfico continua
indefinidamente com o mesmo tipo de traçado. No outro extremo está um círculo que
chamamos de “bola fechada”, assinalando que o ponto A pertence ao gráfico e aí termina o
gráfico da função. Assim, todos os pontos do gráfico de f têm abcissas inferiores ou iguais a 1 e
ordenadas inferiores ou iguais a 2. Neste caso temos, 𝐷𝑓 = ]−∞, 1] e 𝐷 ´𝑓 = ]−∞, 2].

O gráfico da função g, representado na figura 04, é constituído por dois segmentos de reta. Um
deles tem extremos de coordenadas (-4, -3) e (1, 2), sendo que o extremo de coordenadas (-4; -
3) não pertence ao gráfico pois tem aquilo que designamos por “bola aberta” ao passo que no
outro extremo temos “bola fechada”, o que nos indica que aquele ponto pertence ao gráfico da
função. Os extremos do segmento de reta horizontal, ambos de bola aberta, não pertencem ao
gráfico de g. Neste caso temos, 𝐷𝑔 = ]−4,1] ∪ ]1,4[ =] − 4,4[ e 𝐷´𝑔 = ]−3,2] ∪ {3}.

É de notar que o gráfico de uma função é muitas vezes uma linha mas nem todas as linhas são
gráficos de funções, como se pode ver nos gráficos que se seguem.

Figura 05 Figura 06

Basta, em cada gráfico, traçar uma reta vertical (paralela ao eixo Oy) e observar que essa reta
interseta o gráfico da figura 05, por exemplo, em dois pontos o que nos mostra que existiriam
objetos que teriam duas imagens, não pode, por isso, ser o gráfico de uma função.

Agora é a sua vez: explique porque razão os gráficos f e g representados na figura 06 não são
gráficos de funções.

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2.2 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO
FÓRUM

1. Indique, justificando, quais dos seguintes diagramas representam funções de A em B.

2. A tabela seguinte representa uma função f.

x 1 2 3 4 5 6 7
f(x) 6 7 8 9 10 11 12

Indique:
2.1 A imagem de 5;
2.2 O objeto cuja imagem é 7;
2.3 O domínio e o contradomínio de f;
2.4 Uma expressão analítica de f.

3. A Rita faz anos e a Sara, que é sua amiga, está a tentar convencer outras amigas comuns
a participarem na compra de uma prenda que custa 40€.
A Sara já conseguiu convencer uma amiga e espera conseguir convencer mais 3. A
prenda já está comprada.
3.1 Construa uma tabela que relacione o número de amigas, x, que participará na
compra, incluindo a Sara, e o preço, em euros, a pagar por cada uma, y.
3.2 Justifique que a correspondência da alínea anterior é uma função e indique o
seu domínio e contradomínio.
3.3 Escreva uma expressão analítica f(x), tal que y=f(x).

4. Considere a função h,

h: {−2, −1, 0, 1, 2} 𝐼𝑅

𝑥 ℎ(𝑥) = 𝑥 2 − 2𝑥 + 1

4.1 Calcule ℎ(−2) ; Resolva a equação ℎ(𝑥) = −1 ;


4.2 Represente num referencial cartesiano o gráfico da função h.
4.3 Determine o contradomínio da função h;

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5. No referencial cartesiano da figura está representado parte do gráfico de uma função f,
constituído por um segmento de reta e também por parte de uma parábola definida por
𝑦 = 𝑥 2.
5.1 Indique as coordenadas do ponto do gráfico cuja abcissa é -1;
5.2 Indique as abcissas dos pontos do gráfico de f de ordenada 0;
5.3 Calcule o valor de f(2);
5.4 Indique o domínio e o contradomínio de f.

Figura 05.

6. Em cada uma das figuras seguintes está representada uma linha em referencial xOy.
Indique qual delas é função e justifique a sua escolha.

Figura 06 Figura 07 Figura 08

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3. Função real de variável real:

Agora que a definição de função está clara é altura de conhecer o conceito de função real de
variável real.

As funções reais são aquelas cujas imagens são números reais, sendo de variável real significa
que os seus objetos também são números reais. Podemos então dizer que,

Chama-se função real de variável real a uma função cujo domínio e conjunto de chegada estão
contidos em IR ou são o próprio IR.

É necessário ter em conta que:

 Numa função real de variável real, quando o conjunto de chegada não é explicitamente
referido, considera-se que é o conjunto dos números reais, IR;
 Quando uma função real de variável real é definida por meio de uma expressão analítica,
e nada é indicado em contrário, considera-se que o domínio é o conjunto de todos os
valores que podemos atribuir à variável independente, de tal forma que a expressão
obtida tenha significado, ou seja, designe um número real.

3.1 Domínio e contradomínio

Podemos dizer que o domínio de uma função real de variável real é o conjunto dos números
reais que é possível atribuir à variável independente para os quais as operações na expressão
analítica que a define têm significado, ou seja, resultam num número real.

No caso de termos uma função definida por um gráfico, e caso não nos digam qual é o seu
domínio, podemos ler o seu domínio no próprio gráfico pois é o subconjunto de IR que é a
“sombra do gráfico no eixo das abcissas (eixo Ox). Vejamos o seguinte exemplo.

Observando a “sombra” no eixo Ox do gráfico


da função, representado na figura 06,
podemos dizer que o domínio da função, f, é
𝐷𝑓 = ]−5, +∞[.

Figura 06

O contradomínio de uma função real de variável real é o conjunto de todos os números reais
que são imagens de algum elemento do domínio (objeto). Simbolicamente podemos escrever

𝐷´𝑓 = {𝑦 ∈ 𝐼𝑅: ∃ 𝑥 ∈ 𝐷𝑓 : 𝑦 = 𝑓(𝑥)}.

No caso das funções representadas graficamente, como é o caso da anterior função f, o


contradomínio pode ser determinado por observação da “sombra” do seu gráfico no eixo das
ordenadas (eixo Oy), sendo o subconjunto de IR que constitui a referida sombra.

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Matemática Preparatória
O contradomínio da função f representada na figura 06 é 𝐷´𝑓 = ]−1, −0.2[ ∪ [2, +∞[.

Se a função real de variável real estiver definida pela sua expressão analítica, que cuidados
devemos ter para determinar o seu domínio?

Vamos considerar diferentes expressões analíticas para respondermos a esta pergunta.

 Expressões analíticas que envolvem adições, subtrações, multiplicações e potências de


expoente natural.
Como dois quaisquer números reais podem ser adicionados, subtraídos e multiplicados,
pois obtemos sempre um número real, estas funções têm domínio IR. Por exemplo, têm
domínio IR as seguintes funções:
𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 1; 𝑔(𝑥) = 𝑥 2 (−3𝑥 + 6); ℎ(𝑥) = (4𝑥 2 − 2𝑥 3 )(7 − 2𝑥)4 𝑥 2 .

 Expressões que envolvem divisões.


Em relação à divisão existe um problema: não se pode dividir por zero!!
15
Sabemos que, por exemplo, 3
= 5, ou seja, existe um número que multiplicado por 3
15
dá 15, que é 5. Caso tivéssemos 0
, qual seria o número que multiplicado por zero
daria 15? Nenhum, pois sabemos que qualquer número multiplicado por zero dá zero.
15
Portanto, a expressão 0
não tem significado.
Assim, quando a expressão analítica de uma função envolve uma ou mais frações que
tenham a variável em denominador é preciso ter atenção! Vejamos alguns exemplos.
−3
Na função 𝑗(𝑥) = 𝑥
, 𝑥 não pode tomar o valor zero, logo, 𝐷𝑗 = 𝐼𝑅\{0}.
5+𝑥
No caso da função ℎ(𝑥) = 𝑥−2 , é a expressão do denominador que não pode assumir
o valor zero, e assim: 𝐷ℎ = {𝑥 ∈ 𝐼𝑅: 𝑥 − 2 ≠ 0} = 𝐼𝑅\{2}.
Qual será o domínio das funções g e n representadas por:
−𝑥+𝑥 2 −𝑥+𝑥 2
𝑔(𝑥) = 𝑥 2 −4
𝑒 𝑛(𝑥) = 𝑥 2 +4
?
Ora, 𝐷𝑔 = {𝑥 ∈ 𝐼𝑅: 𝑥 − 4 ≠ 0} = 𝐼𝑅\{−2, 2} e 𝐷𝑛 = {𝑥 ∈ 𝐼𝑅: 𝑥 2 + 4 ≠ 0}. Mas,
2

∀ 𝑥 ∈ 𝐼𝑅, 𝑥 2 + 4 > 0 , ou seja qualquer número real ao quadrado adicionado de


quatro unidades é sempre um número real positivo, logo 𝐷𝑛 = IR.

 Expressões que envolvem radicais.


No caso dos radicais de índice par, o radicando não pode ser negativo, mas, quando o
índice é ímpar, o radicando pode ser um número real qualquer. Podemos ter, por
3 4
exemplo: √3 𝑒 √−5 mas, não podemos ter √−5 𝑜𝑢 √−7.

Que cuidados devemos ter no cálculo do domínio de funções reais de variável real cujas
expressões analíticas envolvem radicais? Vejamos alguns exemplos.
Na função 𝑓(𝑥) = 3 + √𝑥 , como a variável está dentro de um radical de índice par
(dois), temos que garantir que esta assuma apenas valores positivos ou zero, logo, 𝐷𝑓 =
{𝑥 ∈ 𝐼𝑅: x ≥ 0} = [0, +∞[ .
Na função 𝑔(𝑥) = √5 + 𝑥 , como o índice é par (2), vem que 𝐷𝑔 = {𝑥 ∈ 𝐼𝑅: 5 + x ≥
0} = [−5, +∞[ .
3
O domínio da função 𝑙(𝑥) = √𝑥 é 𝐼𝑅.

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Matemática Preparatória
Caso a função seja definida por um radicando que assume sempre valores positivos,
como é o caso da função 𝑗(𝑥) = √5 + 𝑥 2 , pois para qualquer que seja o número real
5 + 𝑥 2 > 0, vem que 𝐷𝑗 = IR.
Há ainda a considerar o caso de termos radicais em denominador. Por exemplo,
2
𝑛(𝑥) =
√𝑥 − 2
Neste caso, sabemos que 𝑥 ≥ 0, mas também que √𝑥 − 2 ≠ 0 por estar no
denominador. Vem que o domínio desta função é constituído por todos os números
reais que satisfaçam simultaneamente as duas condições: 𝑥 ≥ 0 e √𝑥 − 2 ≠ 0 , ou
seja 𝐷𝑛 = [0, +∞[\{4} , pois √4 = 2 𝑒 √4 − 2 = 0.

Aqui chegado, deve parar a leitura/estudo deste texto para ler e estudar o texto do Professor
João Araújo -TEXTO 1.

Agora é necessário resolver os exercícios que se seguem sobre domínios e contradomínios de


funções para consolidar esta matéria.

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Matemática Preparatória
3.2 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM

7. Determine o domínio de cada uma das seguintes funções:


7.1 𝑓(𝑥) = 3𝑥 2 − 4𝑥 + 2
𝑥+5
7.2 𝑔(𝑥) = 𝜋−𝑥
5
7.3 ℎ(𝑥) = 2𝑥 3 −8𝑥
3𝑥−1
7.4 𝑗(𝑥) = (2𝑥+3)(𝑥 2 +𝑥−6)
7.5 𝑛(𝑥) = √2𝑥 − 8
4𝑥 2 −7
7.6 𝑚(𝑥) = 5−
√3𝑥−3
√5𝑥−9
7.7 𝑘(𝑥) = 𝑥−1
√𝑥−3
7.8 𝑙(𝑥) = 3
2− √𝑥

8. Para cada uma das funções reais de variável real, representadas graficamente abaixo,
indique o seu domínio e contradomínio.

Figura 07 Figura 08 Figura 09

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Matemática Preparatória
3.3 Zeros e sinal

Podemos dizer que um zero de uma função real de variável real é um objeto cuja imagem é nula
(ou zero). Há funções que não têm zeros, como por exemplo, 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 + 1 , e há outras que
têm vários zeros, como por exemplo, 𝑔(𝑥) = 𝑥 4 − 5𝑥 2 + 4. Tal pode ser observado nos seus
gráficos cartesianos, respetivos.

Como podemos ver na figura 10 o gráfico da função f não


interseta o eixo Ox, logo, não existe um único objeto cuja
imagem por f é zero. A função f não tem zeros.

No gráfico da função g podemos ver que existem 4 zeros, são


as abcissas cujas imagens por g são zero: -2; -1; 1 e 2. O gráfico
da função g interseta o eixo das abcissas quatro vezes.

Figura 10

Podemos generalizar dizendo que: os zeros de uma função são as abcissas dos pontos de
interseção do seu gráfico com o eixo Ox. Analiticamente, os zeros de uma função são os objetos
que são solução da equação 𝑓(𝑥) = 0 , ou 𝑔(𝑥) = 0, no caso das funções que consideramos no
exemplo anterior.

Assim, a equação 𝑓(𝑥) = 0 <=> 𝑥 2 + 1 = 0 <=> 𝑥 2 = −1, o que é impossível em IR pois


qualquer número real ao quadrado ou é positivo ou é zero. Fica provado algebricamente que a
função f não tem zeros. No caso da função g, basta calcular g(-2), g(-1), g(1) e g(2) e obteremos
zero, o que prova, como já tínhamos visto, que -2, -1, 1 e 2 são zeros de g.

Outro aspeto importante a estudar numa função é o seu sinal. Estudar o sinal de uma função
real de variável real consiste em determinar o conjunto dos objetos (valores de x) para os quais
as imagens são números positivos ou números negativos, isto é, as imagens que estão acima ou
abaixo do eixo das abcissas, respetivamente.

Vejamos o seguinte exemplo.

O gráfico que a seguir se apresenta é o de uma função que dá a temperatura do ar, ao longo de
um certo dia de inverno, numa cidade portuguesa.

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Matemática Preparatória
Figura 11

O tempo (t), representado no eixo das abcissas, está expresso em horas. O instante zero
corresponde às zero horas do referido dia e a temperatura (T) está expressa em graus Celsius.

Analisando o gráfico com atenção percebemos que às 7 horas a temperatura era de zero graus
e que antes disso, ou seja, entre as zero e as sete da manhã a temperatura era negativa, sendo
positiva entre as 7 horas e a meia noite, do referido dia. Estas observações têm a ver com o que
designamos por sinal da função: a função que nos dá a temperatura em função da hora do dia
é negativa no intervalo [0, 7[, pois qualquer objeto neste intervalo tem imagem negativa, e é
positiva de ]7, 24], pois qualquer objeto neste intervalo tem imagem positiva.

Podemos reunir esta informação num quadro ou tabela como o que abaixo se apresenta, ao
qual damos o nome de tabela de zeros e sinais da função:

t 0 7 24

T - - 0 + +

Nesta tabela, a primeira linha tem a informação relativa à variável independente, os valores que
esta pode assumir, ou seja, o domínio da função e os zeros. Na segunda linha colocamos o sinal
das respetivas imagens bem como os zeros, caso existam.

De um modo geral temos:

Dada uma função real de variável real e dado um conjunto A contido no domínio da função, diz-
se que:

 A função é positiva em A se qualquer elemento de A tiver imagem positiva;


 A função é negativa em A se qualquer elemento de A tiver imagem negativa.

Consideremos agora a função ℎ(𝑥) = 𝑥 2 − 𝑥 − 2 . Pretendemos estudar os zeros e o sinal


desta função.

Por se tratar de uma função cuja expressão analítica envolve apenas adições, subtrações,
multiplicações e potências de expoente inteiro o seu domínio é IR.

Para determinarmos os zeros temos que resolver a equação ℎ(𝑥) = 0 , ou seja, determinar as
abcissas cujas imagens são zero. Assim, ℎ(𝑥) = 0 <=> 𝑥 2 − 𝑥 − 2 = 0 <=> 𝑥 = −1 𝑜𝑢 𝑥 =
2 . Concluímos que esta função tem dois zeros.

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Matemática Preparatória
Para determinarmos os intervalos do domínio onde a função tem imagens negativas e positivas,
dado que já conhecemos os zeros, basta observar o seu gráfico:

Assim, ℎ(𝑥) < 0 <=> −1 < 𝑥 < 2 e

ℎ(𝑥) > 0 <=> 𝑥 < −1 𝑜𝑢 𝑥 > 2

Figura 12

Podemos reunir toda a informação numa tabela de zeros e sinais:

X −∞ -1 2 +∞

h(x) + 0 - 0 +

Conclusão: a função h tem dois zeros que são -1 e 2 é positiva em ]−∞, −1[ ∪ ]2, +∞[ e
negativa em ]−1,2[.

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3.4 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO
FÓRUM

9. Considere o gráfico da função, f, representado


em referencial o.n. xOy, na figura 13.

a) Indique os zeros da função;

b) Indique os intervalos do domínio da função


onde é positiva e negativa.

c) Construa uma tabela de zeros e de sinal.

10. Considere a função real de variável real 𝑔(𝑥) = 2𝑥 + 1. Indique:


a) Os zeros, caso existam;
b) O(s) intervalo(s) onde a função é positiva e onde é negativa;
c) Construa uma tabela de zeros e sinal.

11. Considere a função real de variável real 𝑗(𝑥) = −2𝑥 2 − 6𝑥 + 10. Indique:
a) Os zeros, caso existam;
b) O(s) intervalo(s) onde a função é positiva e onde é negativa;
c) Construa uma tabela de zeros e sinal.

12. Considere a função real de variável real 𝑛(𝑥) = (−3𝑥 + 7)𝑥 2 . Indique:
a) Os zeros, caso existam;
b) O(s) intervalo(s) onde a função é positiva e onde é negativa;
c) Construa uma tabela de zeros e sinal.

13. Considere a função f: [-5, 6] [-2, 4] cuja tabela de zeros e sinais é:

x −5 -1 2 4 6

f(x) - - 0 + 0 - 0 - -

Apresente o conjunto solução de cada uma das condições:

a) f(x)=0;
b) f(x)<0;
c) f(x)≥0.

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Matemática Preparatória
4. Algumas propriedades de funções reais de variável real

4.1 Igualdade de funções

Duas funções 𝑓 e 𝑔 são iguais (𝑓 = 𝑔) quando, e apenas quando, têm o mesmo domínio e o
mesmo conjunto de chegada e cada elemento do domínio tem a mesma imagem por 𝑓 e por 𝑔.

Consideremos os seguintes exemplos.

 Seja 𝑓 a função definida por:


𝑓: {−1, 0, 1} → 𝐼𝑅
𝑥 → 𝑓(𝑥) = 𝑥 2

 Seja 𝑔 a função definida por:


𝑔: {−1, 0 ,1} → 𝐼𝑅
𝑥 → 𝑔(𝑥) = |𝑥|
Figura 13
As funções 𝑓 e 𝑔 são iguais pois têm o mesmo domínio e o mesmo conjunto de chegada
e, embora tenham expressões analíticas diferentes, cada elemento do domínio tem a
mesma imagem por 𝑓 e por 𝑔.

Consideremos agora,

 ℎ a função definida por: ℎ: {1, 2, 3, 6} → 𝐼𝑅

𝑥 → ℎ(𝑥) = −𝑥 + 2

 E, 𝑗, a função definida por: 𝑗: {1, 2, 3, 4, 5, 6} → 𝐼𝑅


𝑥 → 𝑗(𝑥) = −𝑥 + 2

As funções ℎ e 𝑗 não são iguais pois têm domínios diferentes, apesar de serem definidas
por expressões analíticas iguais.

19
Matemática Preparatória
4.2 Restrições de uma função

No exemplo anterior, as funções h e j não são iguais pois têm domínios diferentes, no entanto,
se considerássemos apenas os elementos comuns dos dois domínios para cada uma das funções,
teríamos funções iguais. Isto corresponde a fazer uma restrição do domínio da função j, ou seja,
considerando o conjunto 𝐶 = {1, 2, 3, 6} e intersetando-o com o domínio da função j, obtemos
o domínio da função h. Podemos dizer que a função h é uma restrição da função j, isto é

ℎ: {1, 2, 3, 6} → 𝐼𝑅
𝑥 → ℎ(𝑥) = −𝑥 + 2
É a restrição da função j (do exemplo anterior) ao conjunto 𝐶 = {1, 2, 3, 6}, pois o seu domínio
é conjunto 𝐷𝑗 ∩ 𝐶 = {1, 2, 3, 6} e neste domínio ℎ(𝑥) = 𝑗(𝑥). Habitualmente usa-se a notação
𝑗|𝐶 para designar a nova função que é a restrição de 𝑗 ao conjunto 𝐶 .

Podemos generalizar dizendo que:

Dados conjuntos A e B, uma função f: A B e um conjunto C, a restrição de f a C é uma


função 𝑓|𝐶 : 𝐶 ∩ 𝐴 → 𝐵 tal que ∀ 𝑥 ∈ 𝐶 ∩ 𝐴, 𝑓|𝐶 (𝑥) = 𝑓(𝑥) .

Assim, o domínio da função 𝑓|𝐶 é 𝐶 ∩ 𝐴 . Tendo em conta esta definição pode acontecer que
𝐶 ∩ 𝐴 = { } , ou seja, a interseção pode ser o conjunto vazio, no entanto, consideramos apenas
restrições de funções a conjuntos cuja interseção com o domínio dessas funções é não vazio.

Consideremos, por exemplo, a função é 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 5 . Trata-se de uma função de domínio IR


e conjunto de chegada IR.

Seja F= {-2, 1, 0, 1, 2}. Ora, é 𝐹 ∩ 𝐼𝑅 = 𝐹 e assim, a função 𝑓|𝐹 : 𝐹 ∩ 𝐼𝑅 → 𝐼𝑅 tal que


∀ 𝑥 ∈ 𝐹 ∩ 𝐼𝑅, 𝑓|𝐹 (𝑥) = 𝑓(𝑥) , é uma nova função, restrição da função 𝑓 .

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Matemática Preparatória
4.3 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM

14. Nas figuras seguintes estão representadas graficamente as funções f e g.

14.1 Para cada uma das funções indique:


a) O domínio;
b) O contradomínio;
c) O sinal e os zeros, se existirem.

14.2Justifique que g é uma restrição da função f a um conjunto C. Indique o conjunto C.

14.3Indique o domínio da restrição da função f ao conjunto dos números inteiros, Z.

15. Considere a função h definida em IR, pela expressão ℎ(𝑥) = 𝑥 2 − 8.


Defina, por uma tabela, a restrição de h ao conjunto B={ -2, -1, 0, 3}.

16. Considere a função f: IR  IR definida por 𝑓(𝑥) = 3𝑥 − 1. Seja C= ]-5, 2[.


Defina analiticamente uma função g, tal que função 𝑔 = 𝑓|𝐶 .

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Matemática Preparatória
4.4 Funções Injetivas, Sobrejetivas e Bijetivas

Uma função diz-se injetiva num conjunto se cada um dos objetos desse conjunto tiver imagem
diferente dos restantes, isto é se a cada imagem corresponder apenas um objeto nesse
conjunto.

Formalizando, podemos dizer que:

Dados conjuntos A e B, uma função f: A  B é injetiva se para todos os x1 e x2 pertencentes a A,

𝑥1 ≠ 𝑥2 => 𝑓(𝑥1 ) ≠ 𝑓(𝑥2 )

Ou, de modo equivalente, 𝑓(𝑥1 ) = 𝑓(𝑥2 ) => 𝑥1 = 𝑥2 .

Podemos afirmar que uma função é não injetiva num conjunto se pelo menos dois objetos
diferentes desse conjunto têm a mesma imagem por meio dessa função.

Vejamos um exemplo.

A função f, de domínio IR, definida analiticamente por 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 é não injetiva. Basta
considerar os objetos -2 e 2, por exemplo, e verificamos que 𝑓(−2) = 𝑓(2) = 4, ou seja -2 e 2
são dois objetos diferentes no entanto têm a mesma imagem, o que, aliás, se verifica com
qualquer par de números reais simétricos.

Se considerarmos uma sua restrição, por exemplo, a 𝐼𝑅 − 𝑜𝑢 𝑎 𝐼𝑅 + 𝑜𝑢 𝑎 [0, 𝑎] , sendo 𝑎 ∈


𝐼𝑅 + ou ainda a [𝑏, 0] , sendo 𝑏 ∈ 𝐼𝑅− , teremos funções injetivas.

É de notar que:

 Sempre que se referir que uma função é injetiva, sem indicar o conjunto onde o é,
considera-se que é injetiva no seu domínio;
 O gráfico de uma função injetiva não pode conter pares ordenados diferentes com a
mesma ordenada. Quando representado num referencial cartesiano do plano, cada reta
horizontal só pode intersetar o gráfico da função no máximo num ponto.

Figura 14. Figura 15


A função representada graficamente na figura 14 é injetiva e a função representada
graficamente na figura 15 é não injetiva.

22
Matemática Preparatória
Seja h, a função de domínio IR definida por ℎ(𝑥) = 4𝑥 − 1 , provemos que é injetiva.

Sejam 𝑥1 𝑒 𝑥2 números reais quaisquer. Tem-se,

ℎ(𝑥1 ) = ℎ(𝑥2 ) <=> 4𝑥1 − 1 = 4𝑥2 − 1 <=> 4𝑥1 = 4𝑥2 <=> 𝑥1 = 𝑥2 .

Concluímos que ℎ(𝑥1 ) = ℎ(𝑥2 ) => 𝑥1 = 𝑥2 , para todos os 𝑥1 , 𝑥2 que pertencem ao


domínio de h, logo a função é injetiva no seu domínio, 𝐼𝑅.

Por observação do gráfico desta função, representado na figura abaixo, podemos constatar que
qualquer reta horizontal interseta o gráfico apenas uma vez, ou seja num único ponto.

Figura 16

Consideremos agora a função j, uma função de domínio IR definida por 𝑗(𝑥) = 𝑥 2 − 3 ,


provemos que é não injetiva.

Sejam 𝑥1 𝑒 𝑥2 dois quaisquer números reais. Tem-se,

𝑗(𝑥1 ) = 𝑗(𝑥2 ) <=> 𝑥1 2 − 3 = 𝑥2 2 − 3 <=> 𝑥1 2 = 𝑥2 2 <=> 𝑥1 = ±√𝑥2 2.

Concluímos que 𝑗(𝑥1 ) = 𝑗(𝑥2 ) => ( 𝑥1 = 𝑥2 𝑜𝑢 𝑥1 = −𝑥2 ) , ou seja, existem pelo menos
dois objeto diferentes (simétricos) −𝑥2 𝑒 𝑥2 que têm a mesma imagem por j, logo a função é
não injetiva. Note que, para provar que a função j não é injetiva, basta apresentar dois
elementos diferentes do seu domínio que tenham a mesma imagem por j. Por exemplo, bastaria
responder que j não é injetiva pois 2 ≠ −2, mas j(2)=j(-2)=1.

Por observação do gráfico desta função, representado na


figura 17, podemos constatar que se trata de uma
parábola simétrica relativamente ao eixo Oy e por isso,
existe pelo menos uma reta horizontal que interseta o
gráfico mais do que uma vez (em dois pontos).

Figura 17

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Matemática Preparatória
Dados conjuntos A e B, uma função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 é sobrejetiva se para todo o 𝑦 pertencente a B,
existir um elemento 𝑥 pertencente a A tal que 𝑦 = 𝑓(𝑥).

Ou seja, desta definição, conclui-se que uma função é sobrejetiva se e somente se o


contradomínio coincidir com o conjunto de chegada.

Nas funções abaixo, podemos ver que a função f é sobrejetiva, pois o contradomínio coincide
com o conjunto de chegada e a função g é não sobrejetiva pois, esta coincidência não se verifica,
𝐷´𝑔 = {1; 3; 4} ≠ 𝐶𝐶𝑔 {1; 2; 3; 4}.

Caso tenhamos funções definidas através da sua expressão analítica como provar se são ou não
sobrejetivas? Vejamos um exemplo.

Considere as funções 𝑓: 𝐼𝑅 → 𝐼𝑅 𝑒 𝑔: 𝐼𝑅 → 𝐼𝑅 definidas respetivamente por 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 e


𝑔(𝑥) = 2𝑥 − 3. Mostre que f é não sobrejetiva e que g é sobrejetiva.

Pela expressão analítica da função f podemos dizer que o seu contradomínio é 𝐼𝑅 + pois, ∀ 𝑥 ∈
𝐼𝑅, 𝑥 2 ≥ 0, logo o contradomínio não coincide com o conjunto de chegada o que mostra que a
função é não sobrejetiva. Mas, para mostrar que a função é não sobrejetiva, também podemos
usar um contraexemplo. Vejamos: -1 é um elemento do conjunto de chegada (−1 ∈ 𝐼𝑅) e não
existe um elemento do domínio da função cuja imagem seja -1. Está provado o pretendido.

Vamos agora provar que a função g é sobrejetiva.


𝑦+3
Seja 𝑦 ∈ 𝐼𝑅, 2𝑥 − 3 = 𝑦 <=> 2𝑥 = 𝑦 + 3 <=> 𝑥 = 2
.
𝑦+3
Para 𝑦 ∈ 𝐼𝑅, podemos garantir que existe um número real 𝑥 ∈ 𝐼𝑅 ( 𝑥 = 2
) tal que , 𝑦 =
𝑓(𝑥), por outras palavras: para qualquer elemento do conjunto de chegada existe sempre um
objeto que, transformado por g, vai dar esse elemento; o contradomínio coincide com o
conjunto de chegada.

Por fim, dados conjuntos A e B, uma função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 é bijetiva se for simultaneamente


injetiva e sobrejetiva.

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Matemática Preparatória
4.5 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER E DISCUTIR EVENTUAIS DÚVIDAS NO FÓRUM

17. Seja ℎ: 𝐼𝑅 → 𝐼𝑅 a função definida por ℎ(𝑥) = 2𝑥 3 − 4.


a) Mostre que h é uma função injetiva;
b) Justifique que h é uma função bijetiva.
18. A função f, representada graficamente abaixo, é não injetiva.
Indique um intervalo de números
reais C tal que a restrição de f a C seja
injetiva.

19. Seja g: 𝐼𝑅 → 𝐼𝑅 a função definida por 𝑔(𝑥) = 2𝑥 + 5.


Estude a função g quanto à:
a) Injetividade;
b) Sobrejetividade;
c) Bijetividade.

4.6 Mais propriedades e operações com funções

Chegados a este ponto é altura de estudar o Texto-2, do professor Fernando da Costa, entre as
páginas 14, com início no ponto 2.3 Operações elementares com funções, e a página 44 onde
termina o ponto 2.6. Funções pares e ímpares. É nestas páginas que encontrará mais algumas
noções sobre funções que deverá compreender/recordar/saber. Depois vem a resolução de
exercícios. Estão disponíveis no ficheiro “Exercícios: Funções-1”. Novamente, sugerimos que
resolva e discuta eventuais dúvidas no Fórum.

Bom trabalho!

5. Módulos

Segue-se o trabalho com módulos. Neste ponto deve estudar o Texto-4 –Tudo o que sempre quis
saber sobre módulos e resolver todos os exercícios propostos.

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Matemática Preparatória
6. Algumas funções importantes

O trabalho prossegue agora com o estudo do Texto-2 da página 44 até à página 80 e também
do texto 5_Trigonometria.

Segue-se a resolução dos Exercícios-2 e respetiva discussão de eventuais dúvidas no fórum.

Bom trabalho!

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