Você está na página 1de 10

Aula 11 – 29/05/2023

Língua Portuguesa
Formação de palavras:
Leia as tiras a seguir, de Bob Thaves:

1. O humor da primeira tira é construído a partir da oposição semântica entre as palavras


fundar e afundar. Ambas as palavras apresentam a mesma origem latina (fundus,
fundare), porém historicamente ganharam sentidos diferentes.
a. Que diferença de sentido há entre essas palavras?
b. Que elemento mórfico é responsável pela oposição de sentido entre as
palavras?

2. A palavra fundador, empregada na primeira tira apresenta o sufixo -dor. Compare essa
palavra a estas outras: vendedor, elevador, catador, fiador, agitador.
Que sentido o sufixo -dor acrescenta ao radical de todas essas palavras?

3. O humor da segunda tira também está relacionado com o sentido e a origem das
palavras.
a. Que palavras, na visão do primeiro monge estariam ligadas pelo mesmo
radical?
b. A Que classes de palavras elas pertencem?
c. Que substantivo deu origem à palavra canonizar?
d. Que verbo poderia ser formado a partir da palavra cano?
e. Sabendo que várias palavras da língua se formam pelo acréscimo do sufixo -
izar a um nome (canal + -izar = canalizar; humano + -izar = humanizar; banal + -
izar = banalizar), levante hipóteses: Qual foi o raciocínio do monge para chegar
à conclusão de que canonizar seria “entrar pelo cano"?

4. Observe os elementos mórficos que compõem estas palavras:


fundador afundar canonizado encanar canalizar
Quais dessas palavras se formaram a partir do acréscimo:
a. de apenas sufixo?
b. de prefixo e sufixo?

Uma sociedade em permanente mudança, que cria a todo instante novas necessidades
e novos objetos de consumo, precisa ter também uma linguagem dinâmica, que acompanhe as
transformações.
Assim, sempre que for necessário um nome para designar uma ideia ou um objeto
novo, o falante de uma língua poderá criar uma palavra a partir de elementos já existentes na
língua, importar um termo de uma língua estrangeira ou alterar o significado de uma palavra
antiga. Tais palavras são denominadas neologismos. Os avanços na área da informática nos
últimos tempos, por exemplo, acabaram por incorporar à língua portuguesa inúmeros termos
novos.
Há, na língua portuguesa, muitos processos pelos quais se formam palavras. Entre eles,
os dois mais comuns são a derivação e a composição.

Processos de formação de palavras:


 Derivação:
Derivação é o processo pelo qual a partir de uma palavra se formam outras, por meio do
acréscimo de elementos que lhe alteram o sentido primitivo ou lhe acrescentam um sentido
novo.
A palavra assim formada chama-se derivada; a que lhe dá formação é denominada
primitiva.
As palavras contrapor, arvoredo, engarrafar e consumo, por exemplo, originaram-se de
outras já existentes na língua, ou seja, são derivadas.

 Composição:
Leia esta tira de Fernando Gonsales
A palavra Mulher-Gato, empregada na tira, não é dicionarizada, pois se trata de um
nome próprio e, ao mesmo tempo, um neologismo, criado para designar uma das personagens
das histórias do super-herói Batman. Essa palavra é formada por dois radicais, mulher e gat-,
que isoladamente têm significação própria.
O processo de formação de palavras resultante da união de dois radicais é denominado
composição.
Conforme o modo como se dá a fusão dos elementos componentes, a composição
ocorre por justaposição ou por aglutinação.

 Hibridismo:
Inúmeros radicais gregos e latinos também participam da formação de palavras, como
primeiro ou como segundo elemento da composição. Veja a composição destas palavras:

As palavras formadas por elementos provenientes de línguas diferentes denominam-se


hibridismos: automóvel (grego + português); burocracia (francês + grego).

 Onomatopeias:
Onomatopeias são palavras criadas com a finalidade de imitar sons e ruídos produzidos por
armas de fogo, sinos, campainhas, veículos, instrumentos musicais, vozes de animais, etc. São
onomatopeias: fru-fru, pingue-pongue, zum-zum (substantivos), ciciar, tilintar, cacarejar,
ronronar (verbos}, pá!, powl, zás-trás! (interjeições).

 Redução:
Um dos processos de formação de palavras consiste em reduzi-las com o objetivo de
economizar tempo e espaço na comunicação falada e escrita. São tipos especiais de redução
as siglas, as abreviações e as abreviaturas.

Empréstimos e gírias
Além dos processos de formação de palavras, outros meios de enriquecimento
vocabular muito explorados são os empréstimos e as gírias.
 Empréstimos: são palavras estrangeiras que entram na língua em consequência de
contatos entre os povos. Alguns desses empréstimos se aportuguesam, como ocorreu,
por exemplo, com iogurte (do turco yoghurt), chisbúrguer (do inglês cheeseburger),
chique (do francês chic); outros mantêm sua grafia original, como, por exemplo,
apartheid, diesel, shopping center, outdoor e office boy (do inglês); telex, bon vívant e
belle époque (do francês).

Qual é a língua da gente?


A norma-padrão recomenda o emprego de estrangeirismos (palavras estrangeiras) só
quando necessário, ou seja, quando não houver na língua portuguesa uma palavra
correspondente ou aportuguesada. Assim, deve-se empregar fim de semana, em vez de
weekend (do inglês), e encenação, em vez de mise-en-scène (do francês), que são palavras
portuguesas correspondentes às estrangeiras. E devem-se empregar também formas
aportuguesadas, como abajur, xampu, recorde, em vez de abat-jour, shampoo, record.
O estrangeirismo procedente do inglês é chamado anglicismo; o do francês, galicismo;
o do espanhol, espanholismo, etc.
Os estrangeirismos já foram alvo de grandes polêmicas, dividindo os que consideram
os empréstimos uma agressão à soberania da língua nacional e aqueles que veem o fenômeno
como típico da evolução natural de qualquer idioma.

 Gírias: são palavras ou expressões de criação popular que nascem em determinados


grupos sociais ou profissionais e que. às vezes, por sua expressividade, acabam se
estendendo à linguagem de todas as camadas sociais. Uma das características dessa
variedade linguística é seu caráter passageiro: algumas não chegam a durar mais do
que alguns meses.
Literatura

Aspectos constitutivos dos gêneros literários


Aspectos constitutivos dos gêneros em verso
Leia o poema a seguir, de Casimiro de Abreu, poeta que pertenceu ao Romantismo, no século
XIX.

Para refletir:
1. O poema é a expressão dos sentimentos vividos pelo eu lírico durante um baile. Como
o eu lírico se sentiu durante o baile? Por que ele se sentiu assim?

2. O poema está organizado em estrofes, isto é, em grupos de versos separados por um


espaço em branco. Cada uma das estrofes é formada por um grupo de versos (as linhas
poéticas).

a. Quantas estrofes há na parte lida do poema?


b. Quantos versos há em cada estrofe?

3. Entre o final de versos há uma semelhança sonora, como ocorre entre dança e cansa, a
que chamamos rima. Identifique na 1ª estrofe outros exemplos de rima.

4. Juntamente com as rimas, o ritmo confere forte musicalidade ao texto. Observe, nos
versos a seguir, como as sílabas destacadas são pronunciadas com maior intensidade:
“Tu, ontem,
Na dança,
Que cansa,
Voavas [...]”
a. Identifique, na 1ª estrofe, a sílaba tônica de cada verso.
b. Leia em voz alta os versos do poema e compare o ritmo observado na leitura
ao ritmo da valsa. Que semelhança você nota entre o ritmo desse tipo de
música e o ritmo do poema?

Os recursos formais empregados no poema “A valsa” – versos, estrofes, rimas e ritmo,


entre outros – são comuns a diferentes tipos de poema (quadrinhas, sonetos, rondós,
madrigais, noturnos, etc.), a letras de música e, embora mais raramente nos dias de hoje, a
peças de teatro escritas em verso.
Verso é uma sucessão de sílabas ou fonemas formando uma unidade rítmica e
melódica que corresponde, normalmente, a urna linha do poema.
Os versos organizam-se em estrofes. Estrofe ou estância é um agrupamento de versos.
Na parte estudada do poema “A valsa”, há oito estrofes.
O número de versos agrupados em cada estrofe pode variar. De acordo com o número
de versos, as estrofes recebem denominações específicas:
 Dístico: dois versos;
 Terceto: três versos;
 Quarteto ou quadra: quatro versos;
 Quintilha: cinco versos;
 Sexteto ou sextilha: seis versos;
 Séptima ou septilha: sete versos;
 Oitava: oito versos;
 Nona: nove versos;
 Décima: dez versos.

Sonetos, baladas, rondós...


São poemas de forma fixa, isto é, apresentam a mesma estrutura de construção: o soneto
(duas quadras e dois tercetos), a balada (três oitavas e uma quadra), o vilancete (um terceto e
outros tipos de estrofes, à escolha do poeta), o rondó (apenas quadras, ou então quadras
combinadas com oitavas).

A melodia que caracteriza o verso é o resultado de alguns recursos encontrados na


poesia de todos os tempos. Os mais importantes são: a métrica, o ritmo, a rima e as figuras de
som (aliteração, assonância, paronomásia e paralelismo).

 Métrica
Métrica é a medida dos versos, isto é, o número de sílabas poéticas que os versos
apresentam.
Para determinar a medida de um verso, dividimos o verso em sílabas poéticas,
processo que recebe o nome de escansão.
Por ter base na oralidade – fala ou canto –, a divisão silábica poética obedece a
princípios diferentes dos da divisão silábica gramatical: as vogais átonas são agrupadas numa
única sílaba, e a contagem das sílabas deve ser feita até a última sílaba tônica.
Compare a divisão silábica gramatical à divisão em sílabas poéticas destes versos do
poema “A valsa”:

No verso “De amores” há quatro sílabas gramaticais, mas apenas duas sílabas poéticas.
Isso ocorre porque, nessa divisão, sempre que entre o final de uma sílaba e o início de outra há
o encontro de duas ou mais vogais tônicas ou átonas, as duas sílabas são consideradas como
uma única sílaba. Além disso, a contagem vai até a última sílaba tônica do verso; nesse caso,
até a sílaba mo, da palavra amores.
De acordo com o número de sílabas poéticas, os versos recebem as seguintes
denominações: monossílabo (uma sílaba), dissílabo (duas sílabas), trissílaba (três sílabas).
redondilha menor ou pentassílabo (cinco sílabas), redondilha maior ou heptassílabo (sete
sílabas), octossílabo (oito sílabas), decassílabo (dez sílabas), alexandrino (doze sílabas) etc.
O verso cuja métrica se repete é chamado de verso regular. No século XX, os poetas
modernos criaram o verso livre, que não obedece a uma regularidade métrica. Assim, há
poemas que apresentam versos de tamanhos variados.

 Ritmo
Ao ouvirmos uma melodia qualquer, percebemos que ela foi composta em
determinado ritmo. Um poema também tem ritmo, que lhe é dado pela alternância das
sílabas acentuadas e não acentuadas, isto é, sílabas que apresentam maior ou menor
intensidade quando pronunciadas. O conceito poético de sílaba acentuada nem sempre
coincide com o conceito gramatical de sílaba tônica, pois a acentuação de uma sílaba poética é
determinada pela sequência melódica a que ela pertence.
Observe, abaixo, o ritmo dos versos do poema “A valsa”. As sílabas acentuadas estão
destacadas:
“Tu, ontem,
Na dança,
Que cansa,
Voavas [...]”
No poema "A valsa", a métrica e o ritmo são regulares, pois todos os versos são
dissílabos e a sílaba acentuada é sempre a segunda.

O ritmo em outras linguagens: o ritmo não é exclusividade da poesia. Ele existe também na
música, na arquitetura e em outras artes visuais, desde que haja uma repetição regular de
determinado elemento.

 Rima
A rima é um recurso musical baseado na semelhança sonora das palavras no final dos
versos e, às vezes, no interior dos versos (rima interna).
Quando incidem no final dos versos, as rimas, dependendo da estrutura sonora,
podem classificar-se em interpoladas, alternadas e emparelhadas, segundo sua organização
em esquemas ABBA, ABAB e AABB, respectivamente. Observe as rimas e sua organização em
esquema no refrão do poema “A valsa”, abaixo:
Os versos que não apresentam rimas entre si são chamados de versos brancos. Veja um
exemplo desse tipo de verso neste poema de Rubem Braga:

“Não quero ser Deus, nem Pai nem Mãe de Deus,


Não quero nem lírios nem mundos
Sou pobre e superficial como a Rua do Catete.
Quero a pequena e amada agitação,
A inquieta esquina, aves e ovos, pensões,
Os bondes e tinturarias, os postes,
Os transeuntes, o ônibus Laranjeiras,

Único no mundo que tem a honra de pisar na Rua do Catete.”

Retomando as figuras de som:


 Aliteração: é a repetição constante de um mesmo fonema consonantal. Observe como
o poeta Castro Alves alitera o fonema /b/ nestes versos:
“Auriverde pendão de minha terra
Que a brisa do Brasil beija e balança [...]”

 Assonância: é a repetição constante de um mesmo fonema vocálico. Observe a


assonância do fonema vocálico /a/ nestes versos de Cruz e Souza:
“Ó formas alvas, brancas, formas claras [...]”

 Paronomásia: é o emprego de palavras semelhantes na forma ou no som, mas de


sentidos diferentes, próximas umas das outras. Veja:
“Trocando em miúdos pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós”
(Trocando em miúdos. Chico Buarque)

“Ah pregadores! Os de cá achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos”.
(Pe. Antonio Vieira)

 Paralelismo: é a repetição de palavras ou estruturas sintáticas maiores (frases, orações,


etc.) que se correspondem quanto ao sentido. Observe o paralelismo nos versos
abaixo, da canção "Sem fantasia", de Chico Buarque.
“Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu”

Você também pode gostar