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MATERIAL DE APOIO PARA A DISCIPLINA DE

SISTEMAS DE MEDIÇÃO E

METROLOGIA

ROBSON SELEME

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Sumário
FUNDAMENTOS DA METROLOGIA ................................................................. 6
1.1-Histórico da metrologia ............................................................................. 6
1.2- Importância da Metrologia ....................................................................... 7
1.2.1-Metrologia Nacional ........................................................................... 9
1.2.2-Metrologia - Medição e ensaios ....................................................... 10
1.3- Sistema internacional de Unidades ....................................................... 13
1.3.1-Definição das unidades de Base ...................................................... 14
1.3.2-Definição das unidades derivadas ................................................... 16
1.3.3-Múltiplos e submúltiplos decimais das unidades SI ......................... 17
1.3.4-Unidades em uso com o SI .............................................................. 18
1.3.5-Regras para escrita dos nomes e símbolos das unidades SI .......... 20
ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS .................................................................... 21
2.1-Operações com Algarismos Significativos .............................................. 23
2.1.1-Adição e Subtração .......................................................................... 23
2.1.2-Multiplicação e Divisão ..................................................................... 25
2.1.3-Radiciação ....................................................................................... 27
2.1.4-Logaritmização ................................................................................. 27
MEDIDAS E ERROS ........................................................................................ 29
3.1-Classificação dos Erros .......................................................................... 29
3.2-Expressão do Resultado de uma Medida ............................................... 32
3.3-Propagação dos Desvios ........................................................................ 37
RASTREABILIDADE E CALIBRAÇÃO ............................................................. 40
4.1-Caracterizando a Rastreabilidade .......................................................... 40
4.2-Rastreabilidade dos Resultados de Medição para Unidades SI ............. 45
4.2.1-Rastreabilidade da Cadeia ............................................................... 46
4.3-Laboratórios de calibração – Acreditação............................................... 47
4.3.1-Laboratórios de calibração “ in house” (de fábrica) .......................... 53
4.3.2-Calibração de equipamentos de medição ........................................ 56
METROLOGIA DIMENSIONAL – INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO ................ 59
5.1-Metrologia, controle e medição ............................................................... 59
5.2-Método de medição ................................................................................ 60
5.3-Instrumentos de Medição e sistemas de medição .................................. 61
5.4-Dispositivos de medição ......................................................................... 61
5.4.1-Seleção de dispositivos de medição ................................................ 61

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5.4.2-Fontes de erros na medição ............................................................ 62
5.4.2-Régua Graduada ou escala ............................................................. 63
5.4.3-Paquímetro ...................................................................................... 64
5.4.4-Traçador de Alturas.......................................................................... 68
5.4.5-Micrômetro ....................................................................................... 72
5.4.6-Relógio Comparador ........................................................................ 76
5.4.7-Goniômetro ...................................................................................... 80
Considerações finais .................................................................................... 82
Referências ...................................................................................................... 84

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INTRODUÇÃO

As organizações, para controlar seus processos como forma de


estabelecer um padrão aceitável para a qualidade de seus produtos ou
serviços, necessitam realizar medições. Essas medições, ao longo do tempo,
foram se tornando cada vez mais exigentes em termos de exatidão e precisão,
chegando ao ponto em que um desvio maior do que o planejado compromete a
posição competitiva da organização.
Os processos de medição, inicialmente, eram concebidos somente para
validar ou não uma medida. Quando isto não acontecia os produtos eram
descartados ou encaminhados para o retrabalho, o que onerava o sistema
produtivo, reduzindo a qualidade do produto para o consumidor final.
Ao longo do tempo, os processos de medição foram evoluindo e se
tornando cada vez mais precisos, passando da simples verificação (processo
de inspeção industrial) para ter lugar no processo industrial, atuando e medindo
não somente no produto, mas também no processo produtivo.
Juntamente com o aumento da maturidade das organizações, os
consumidores passaram a ser mais exigentes com relação ao atendimento de
suas necessidades por meio dos produtos fornecidos. Estes deveriam estar
revestidos dos mais altos controles de qualidade possíveis nas organizações.
Os controles deveriam, portanto, ser aferidos, confirmados e comparados com
outros controles para produtos similares.
A metrologia participa do processo do estabelecimento e do controle da
qualidade na organização visando não somente atender ao consumidor, mas
atender também às necessidades da organização com relação à redução de
custos baseada no padrão. Pode-se dizer que o nível de controle da variação
da medida indica o nível de qualidade exigido pela organização.
Baseado nestes fatores, competitividade, globalização, necessidade de
se estabelecer parâmetros mínimos de aceitação de produtos, é que a
metrologia tem a sua força. Podemos perceber, portanto, o nível de importância
que a metrologia alcançou nos dias de hoje e porque ela é necessária às
organizações e seus clientes.
O presente texto proporciona ao leitor, além de uma evolução histórica,
uma visão da situação atual, onde estamos e onde queremos chegar, bem

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como das exigências relacionadas ao controle da variação do processo de
medição. Além de apresentar dispositivos de medição e forma de sua
realização.

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FUNDAMENTOS DA METROLOGIA

1.1-HISTÓRICO DA METROLOGIA
No meio do século 19, a necessidade de um sistema métrico decimal em
todo o mundo se tornou muito aparente, particularmente durante as primeiras
exposições universais industriais. Em 1875, uma conferência diplomática sobre
o metro teve lugar em Paris, em que 17 governos assinaram o tratado
diplomático da Convenção do Metro. Os signatários decidiram criar e financiar
um instituto científico permanente: o Bureau International des Poids et Mesures
(BIPM). A Convenção do Metro, ligeiramente modificada em 1921, permanece
a base de todos os acordos internacionais sobre unidades de medida.
A metrologia abrange três áreas principais de atividades:
1. A definição de unidades de medida internacionalmente aceitas;
2. A realização de unidades de medida por meio da utilização de
métodos científicos;
3. O estabelecimento de cadeias de rastreabilidade e padrão,
determinando e documentando o valor e a precisão de uma medição e a
difusão desses conhecimentos.
A metrologia pode ser dividida em três diferentes categorias, com
diferentes níveis de complexidade e precisão. A Metrologia Científica trata da
organização e desenvolvimento de padrões de medição e sua manutenção.
Metrologia científica é classificada pelo BIPM em nove campos de assunto
técnico, com diferentes ramos. Os itens de calibração metrológica e
capacidades de medição dos institutos nacionais de metrologia e os institutos
designados são compilados juntamente com os do BIPM registrados por meio
do key comparison databasechave (KCDB, http://kcdb.bipm.org/), e são
submetidos a um processo de avaliação por especialistas, sob a supervisão
das organizações de metrologia regional.
A Metrologia Industrial assegura o funcionamento adequado de
instrumentos de medição utilizados na produção industrial e em processos de
teste. Medição sistemática com graus de incerteza é um dos fundamentos do
controle de qualidade industrial. De modo geral, na maioria das indústrias
modernas os custos ligados às realizações de medições constituem 10-15%
dos custos de produção.

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No entanto, boas medições podem aumentar significativamente o valor,
a eficácia e a qualidade de um produto. Assim, as atividades de metrologia,
incluindo calibração, testes e medições, são insumos valiosos para garantir a
qualidade da maioria dos processos industriais e da qualidade de vida
relacionada a atividades e processos. Isso inclui a necessidade de demonstrar
a rastreabilidade aos padrões internacionais, que está se tornando tão
importante quanto a medição em si. O reconhecimento de competência
metrológica em cada nível da cadeia de rastreabilidade pode ser estabelecido
por meio de acordos de reconhecimento mútuo, bem como por intermédio de
acreditação e avaliação pelos pares.
A Metrologia legal teve sua origem na necessidade de garantir o
comércio justo, especificamente na área de pesos e medidas. O principal
objetivo da metrologia legal é garantir aos cidadãos os resultados de medição
correta quando da realização de transações oficiais e comerciais. Instrumentos
jurídicos de controle devem garantir resultados de uma medição correta
durante todo o período de utilização em condições de trabalho, dentro de
determinados erros admissíveis.
A Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML) é uma
organização intergovernamental, criada em 1955 por meio de um tratado, e que
foi modificada em 1968. No ano de 2010, a OIML estava composta por 57
países-membros e um adicional de 58 (correspondente) países-membros que
aderiram à OIML (http://www.oiml.org/) como observadores. O objetivo da
OIML é promover a harmonização global de procedimentos de metrologia legal.
A OIML desenvolveu uma estrutura técnica mundial que proporciona aos seus
membros as diretrizes metrológicas para a elaboração dos requisitos nacionais
e regionais sobre o fabrico e utilização de instrumentos de medição para
aplicações de metrologia legal.

1.2- IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA1

O Brasil, a partir da aprovação na 38ª reunião do CBM (Comitê


Brasileiro de Metrologia), em 03 de julho de 2008, estabelece de uma forma

1Este item tem com base DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA A METROLOGIA BRASILEIRA 2008 – 2012,
Aprovado na 38ª reunião do CBM, em 03 de julho de 2008.

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geral as diretrizes estratégicas para a metrologia no Brasil, e em seu item 2
relata a crescente importância da metrologia no Brasil e o mundo.
A metrologia, definida como a “ciência da medição”, tem como foco
principal prover confiabilidade, credibilidade, universalidade e qualidade às
medidas. Como as medições estão presentes, direta ou indiretamente, em
praticamente todos os processos de tomada de decisão, a abrangência da
metrologia é imensa, envolvendo a indústria, o comércio, a saúde, a
segurança, a defesa e o meio ambiente, para citar apenas algumas áreas.
Estima-se que cerca de 4 a 6% do PIB nacional dos países industrializados
sejam dedicados aos processos de medição. Nos últimos anos, a importância
da metrologia no Brasil e no mundo cresceu significativamente em razão,
principalmente, de fatores como:
a) a elevada complexidade e sofisticação dos modernos processos
industriais, intensivos em tecnologia e comprometidos com a qualidade e a
competitividade, requerendo medições de alto refinamento e confiabilidade
para um grande número de grandezas;
b) a busca constante por inovação, como exigência permanente e
crescente do setor produtivo do País, para competitividade, propiciando o
desenvolvimento de novos e melhores processos e produtos. Ressalta-se que
medições confiáveis podem levar a melhorias incrementais da qualidade, bem
como a novas tecnologias, ambos importantes fatores de inovação;
c) a crescente consciência da cidadania e o reconhecimento dos direitos
do consumidor e do cidadão, amparados por leis, regulamentos, usos e
costumes consagrados – que asseguram o acesso a informações mais
fidedignas e transparentes –, com intenso foco voltado para a saúde,
segurança e meio ambiente, requerendo medidas confiáveis em novas e
complexas áreas, especialmente no campo da química, bem como dos
materiais em que a nanometrologia tem papel transcendente;
d) o irreversível estabelecimento da globalização nas relações
comerciais e nos sistemas produtivos de todo o mundo, potencializando a
demanda por metrologia, em virtude da grande necessidade de harmonização
nas relações de troca, atualmente muito mais intensas, complexas, e
envolvendo um grande número de grandezas a serem medidas com incertezas
cada vez menores e com maior credibilidade, a fim de superar as barreiras

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técnicas ao comércio;
e) no Brasil, especificamente, a entrada em operação das Agências
Reguladoras intensificou sobremaneira a demanda por metrologia em áreas
que antes não necessitavam de um grande rigor, exatidão e imparcialidade nas
medições, como em alta tensão elétrica, telecomunicações, grandes vazões e
grandes volumes de fluidos;
f) a crescente preocupação com o meio ambiente, o aquecimento global,
com a produção de alimentos, fontes e vetores de produção de energia;
g) desenvolvimento das atividades espaciais.
Essa crescente importância da metrologia gerou demandas de
desenvolvimento em novas áreas, como a metrologia química, a metrologia de
materiais, a metrologia de telecomunicações e a metrologia no vasto campo da
saúde, bem como a implantação de melhorias técnicas em áreas tradicionais,
como a introdução de padrões quânticos (Efeito Josephson e Efeito Hall
quântico), e adaptações estruturais do sistema metrológico, tanto no nível
nacional como no internacional.
Verifica-se ainda que para o Brasil, país que necessita estreitar os laços
comerciais com os países industrializados, a utilização da metrologia se torna
um fator de sobrevivência e alta competitividade.

1.2.1-METROLOGIA NACIONAL
No Brasil, os órgãos reguladores de metrologia estão regulados pela Lei
o
n 9.933 de 20 de dezembro de 1999, DOU de 21.12.1999, que estabelece as
competências do Conmetro e do Inmetro. Destacamos a seguir alguns artigos
que regulam essas atividades.
O Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial – Conmetro, órgão colegiado da estrutura do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, criado pela Lei no 5.966 de 11
de dezembro de 1973, é competente para expedir atos normativos e
regulamentos técnicos, nos campos da Metrologia e da Avaliação da
Conformidade de produtos, de processos e de serviços.
O texto define também que o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro, autarquia vinculada ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, criado pela Lei no

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5.966 de 1973, é competente para:
I. elaborar e expedir regulamentos técnicos nas áreas que lhe forem
determinadas pelo Conmetro;
II. elaborar e expedir, com exclusividade, regulamentos técnicos na
área de Metrologia, abrangendo o controle das quantidades com
que os produtos, previamente medidos sem a presença do
consumidor, são comercializados, cabendo-lhe determinar a
forma de indicação das referidas quantidades, bem assim os
desvios tolerados;
III. exercer, com exclusividade, o poder de polícia administrativa na
área de Metrologia Legal;
IV. exercer o poder de polícia administrativa na área de Avaliação da
Conformidade, em relação aos produtos por ele regulamentados
ou por competência que lhe seja delegada;
V. executar, coordenar e supervisionar as atividades de Metrologia
Legal em todo o território brasileiro, podendo celebrar convênios
com órgãos e entidades congêneres dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios para esse fim.
O Inmetro também poderá aplicar as penalidades quando da não
comprovação de utilização de bens e serviços em desacordo com a legislação.
Devemos lembrar também que as pessoas naturais e as pessoas jurídicas,
nacionais e estrangeiras, que atuem no mercado para fabricar, importar,
processar, montar, acondicionar ou comercializar bens, mercadorias e produtos
e prestar serviços ficam obrigadas à observância e ao cumprimento dos
deveres instituídos pela Lei e pelos atos normativos e regulamentos técnicos e
administrativos expedidos pelo Conmetro e pelo Inmetro.

1.2.2-METROLOGIA - MEDIÇÃO E ENSAIOS


A figura a seguir apresenta uma estrutura para a aplicação das
metodologias de medição e de testes utilizadas para determinar as
características de um dado objeto chamado mensurando2.

2 Mensurando: objeto da medição. Grandeza específica submetida à medição. Grandeza que se pretende medir.

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Figura :O metodologias de medição (cinza) e testes - uma visão geral

Unidades OBJETOS
do Si Referencias
do Material
Características

Medidas Padrão Mensurando


Composição Química,
geometria, estrutura,
propriedades físicas,
Procedimentos de Medição Procedimentos de ensaio propriedades de
engenharia, outras

Princípios das medidas Princípios do ensaio


Calibração Métodos de medição Método de ensaio Referencia dos
Sistemas de medidas Instrumentação procedimentos
Medida da Incerteza Garantia da qualidade

Resultado da Medida: valor ± Resultado do ensaio: Especificação das características


incerteza qualitativas e quantitativas de um objeto, com incertezas
adequadamente estimadas

Fonte: CZICHOS, Horst, Springer. Handbook of metrology and testing, Springer-Verlag Berlin Heidelberg, 2011.

A estrutura de medição inicia-se com a definição do que deverá ser


medido, suas quantidades e suas especificações. Quando determinamos o que
medir, devemos estabelecer qual é o padrão de comparação a ser utilizado. O
procedimento de medição é representado por especificações detalhadas de
sua realização, de acordo com um princípio de medição e um método indicado.
Baseiam-se em um modelo de medição, que inclui diversos elementos para a
obtenção do resultado de medição.
O método de medição é representado pela descrição genérica de uma
organização lógica das operações usadas em uma medição. Os sistemas de
medição são representados por um conjunto de um ou mais instrumentos e
dispositivos de medição, incluindo qualquer reagente ou suprimento necessário
para gerar as medidas. A medida da incerteza, ou o grau de incerteza da
medição, é um parâmetro que deve caracterizar a dispersão dos valores
obtidos associado a uma escala. O resultado de uma medição deve ser
expresso como um valor de quantidade, juntamente com sua incerteza,
incluindo a unidade do mensurando.
A calibração representa a adequação ao padrão estabelecido e
internacionalmente aceito pelos países e organizações constantes do acordo
que subscreve o estabelecimento dos critérios que serão utilizados como base.

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A calibração determina as características de desempenho de um instrumento
ou sistema antes de sua utilização, enquanto o material de referência calibra o
instrumento ou sistema em tempo de uso. A calibração é geralmente obtida por
meio de uma comparação direta contra a medida padrão ou normas ou
materiais de referência certificados e é documentado por um certificado de
calibração para o instrumento.
Incerteza na medição compreende, em geral, muitos componentes e
pode ser determinado de diferentes maneiras:
a) as técnicas da avaliação estatística dos resultados são
utilizadas para uma variedade de fins de medição científica e
incluem modelagem e previsão matemática para calibração,
desenvolvimento de métodos, validação de métodos, estimativa
da incerteza, controle e garantia de qualidade. Apresentamos na
seção “Algarismos Significativos” uma introdução às principais
técnicas estatísticas aplicadas em ciência da medição. O
conhecimento das estatísticas descritivas básicas (média,
mediana, desvio-padrão, variância, quartis) também é necessário.
b) a precisão e incerteza da medição em metrologia é caracterizada
pelo resultado de uma medição e deve sempre ser expressa
como a quantidade medida do valor juntamente com a sua
incerteza. A incerteza de medição é definida como um parâmetro
não negativo caracterizado pela dispersão dos valores que estão
sendo atribuídos a um mensurando. Um método básico para
determinar incerteza de medição pode ser encontrado no Guia
para a expressão da incerteza de medição (GUM), que é
partilhado pela Comissão Mista para Guias em organizações de
Metrologia (JCGM) membro (BIPM, IEC, IFCC, ILAC, ISO,
IUPAC, IUPAP e OIML).
O objetivo do teste (ensaios) é determinar as características (atributos)
de um determinado objeto e expressá-las por meios qualitativos e quantitativos,
com as incertezas estimadas. Para a metodologia de testes, a metrologia
oferece a base para a comparabilidade dos resultados dos testes, por exemplo,
definindo as unidades de medida e da incerteza associada aos resultados da
medição. Ferramentas essenciais de apoio incluem ensaios de materiais de

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referência, materiais de referência certificados e os procedimentos de
referência.

1.3- SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES3

Após a revisão da Convenção do Metro pela 6a CGPM, em 1921, que


estendeu as atribuições e as responsabilidades do Bureau Internacional a
outros domínios da física, e a criação do CCE pela 7a CGPM, em 1927, a
proposta de Giorgi foi discutida detalhadamente pela CEI, UIPPA e outros
organismos internacionais. Essas discussões levaram o CCE a propor, em
1939, a adoção de um sistema quadridimensional baseado no metro,
quilograma, segundo e ampère – o sistema MKSA, uma proposta que foi
aprovada pelo Comitê Internacional, em 1946.
Como resultado de uma consulta internacional realizada pelo Bureau
Internacional, a partir de 1948, a 10a CGPM, em 1954, aprova a introdução do
ampère, do kelvin e da candela como unidades de base, respectivamente, para
intensidade de corrente elétrica, temperatura termodinâmica e intensidade
luminosa. A 11a CGPM dá o nome Sistema Internacional de Unidades (SI) para
esse sistema, em 1960. Na 14a CGPM, em 1971, o mol foi incorporado ao SI
como unidade de base para quantidade de matéria, sendo a sétima das
unidades de base do SI, tal como conhecemos até hoje.

No SI distinguem-se duas classes de unidades:

Unidades de base;

Unidades derivadas.

Sob o aspecto científico, a divisão das unidades SI nessas duas classes


é arbitrária porque não é uma imposição da física. Entretanto, a Conferência
Geral, levando em consideração as vantagens de se adotar um sistema prático
único para ser utilizado mundialmente nas relações internacionais, no ensino e
no trabalho científico, decidiu basear o Sistema Internacional em sete unidades
perfeitamente definidas, consideradas como independentes sob o ponto de
vista dimensional: o metro, o quilograma, o segundo, o ampère, o kelvin, o mol

3Item baseado em INMETRO. SISTEMA Internacional de Unidades -SI. 8. ed.(revisada). Rio de Janeiro, 2007. 114
p.

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e a candela.

1.3.1-DEFINIÇÃO DAS UNIDADES DE BASE

Estas unidades SI são chamadas unidades de base e estão


representadas no quadro abaixo:

Quadro 1 - Unidades SI de Base

GRANDEZA NOME SÍMBOLO


Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura termodinâmica kelvin K
Quantidade de matéria mol mol
Intensidade luminosa candela cd

A definição atual de cada unidade de base, extraída dos compte-rendus4


da Conferência Geral (CR) que a aprovou, é apresentada a seguir:

a) unidade de comprimento – metro

“O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo


durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo.”

b) Unidade de massa – quilograma

“O quilograma é a unidade de massa (e não de peso, nem força); ele é


igual à massa do protótipo internacional do quilograma.” Este protótipo
internacional em platina iridiada é conservado no Bureau Internacional, nas
condições que foram fixadas pela 1a CGPM em 1889.

c) Unidade de tempo – segundo

“O segundo é a duração de 9 192 631 770 períodos da radiação


correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado

4 Relatório ou documento publicado

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fundamental do átomo de césio 133” em que “a definição se refere a um átomo
de césio em repouso, a uma temperatura de 0 K.”.

d) Unidade de corrente elétrica – ampére

“O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica constante que,


mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de
seção circular desprezível, e situados à distância de 1 metro entre si, no vácuo,
produz entre estes condutores uma força igual a 2 x 10-7 newton por metro de
comprimento.”

e) Unidade de temperatura termodinâmica – kelvin

“O kelvin, unidade de temperatura termodinâmica, é a fração 1/273,16


da temperatura termodinâmica no ponto tríplice da água.”

Além da temperatura termodinâmica (símbolo T) expressa em kelvins,


utiliza-se, também, a temperatura Celsius (símbolo t), definida pela equação:

t = T - To

A unidade de temperatura Celsius é o grau Celsius, símbolo oC, igual à


unidade kelvin, por definição. Um intervalo ou uma diferença de temperatura
pode ser expressa tanto em kelvins quanto em graus Celsius. O valor numérico
de uma temperatura Celsius t, expressa em graus Celsius, é dada pela relação:

t/oC = T/K - 273,15

O kelvin e o grau Celsius são também as unidades da Escala


Internacional de temperatura.

f) Unidade de quantidade de matéria – mol

1º) O mol é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas


entidades elementares quantos átomos existem em 0,012 quilograma de
carbono 12; seu símbolo é mol.

2º) Quando se utiliza o mol, as entidades elementares devem ser


especificadas, podendo ser átomos, moléculas, íons, elétrons, assim como
outras partículas, ou agrupamentos especificados de tais partículas.

Nesta definição, entende-se que se faz referência aos átomos de


carbono 12 livres, em repouso e no seu estado fundamental.

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g) Unidade de intensidade luminosa – candela

“A candela é a intensidade luminosa, numa dada direção de uma fonte


que emite uma radiação monocromática de frequência 540 x 1012 hertz e cuja
intensidade energética nessa direção é 1/683 watt por esterradiano.”

1.3.2-DEFINIÇÃO DAS UNIDADES DERIVADAS

As unidades derivadas são unidades que podem ser expressas a partir


das unidades de base, utilizando símbolos matemáticos de multiplicação e de
divisão. Dentre essas unidades derivadas, diversas receberam nome especial e
símbolo particular, que podem ser utilizados, por sua vez, com os símbolos de
outras unidades de base ou derivadas para expressar unidades de outras
grandezas. Algumas delas são apresentadas no quadro a seguir:

Por questões de comodidade, certas unidades derivadas, que são


mencionadas no Quadro 3, receberam nome especial e símbolo particular.
Esses nomes e símbolos podem ser utilizados, por sua vez, para expressar
outras unidades derivadas: alguns exemplos figuram no Quadro 4. Os nomes

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especiais e os símbolos particulares permitem expressar, de maneira mais
simples, unidades mais frequentemente utilizadas.

Assim como mencionado anteriormente, uma mesma unidade SI pode


corresponder a várias grandezas distintas. Vários exemplos são dados no
Quadro 4, em que a enumeração das grandezas citadas não deve ser
considerada como limitada.

1.3.3-MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DECIMAIS DAS UNIDADES SI

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As diversas realizações da CGPM adotaram uma série de prefixos e
símbolos de prefixos para formar os nomes e símbolos dos múltiplos e
submúltiplos decimais das unidades SI. Os prefixos e símbolos de prefixos
adotados constam do Quadro 5 a seguir:

Estes prefixos representam, estritamente, potências de 10. Eles não


devem ser utilizados para exprimir múltiplos de 2 (por exemplo, um quilobit
representa 1.000 bits e não 1.024 bits).

Entre as unidades de base do Sistema Internacional, a unidade de


massa é a única cujo nome, por motivos históricos, contém um prefixo. Os
nomes dos múltiplos e dos submúltiplos decimais da unidade de massa são
formados pelo acréscimo dos prefixos à palavra “grama”. Por exemplo: 10-6 kg
= 1 miligrama (1mg), porém nunca 1 microquilograma (1 μkg).

1.3.4-UNIDADES EM USO COM O SI

A CIPM reconheceu que os usuários do SI terão necessidade de


empregar conjuntamente certas unidades que não fazem parte do Sistema
Internacional, porém estão amplamente difundidas. Essas unidades
desempenham papel tão importante que é necessário conservá-las para uso
geral com o Sistema Internacional de Unidades. Elas figuram no Quadro 6 a
seguir.

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a
a) O símbolo h desta unidade foi incluído na Resolução 7 da 9 CGPM (1948; CR,
70).
b) A norma ISO 31 recomenda que o grau seja subdividido preferencialmente de
maneira decimal a se utilizar o minuto e o segundo.
c) Esta unidade e o símbolo l foram adotados pelo Comitê Internacional em 1879
a
(Procès-verbaux — CIPM, 1879, p. 41); o outro símbolo L foi adotado pela 16
CGPM (1979, Resolução 6; CR 101 e Metrologia, 1980, 16, 56-57) a fim de se
evitar a confusão entre a letra l e o algarismo 1. A definição atual do litro
a
encontra-se na Resolução 6 da 12 CGPM (1964; CR, 93).
d) O símbolo t e a unidade foram adotados pelo Comitê Internacional em 1879
(Procès-verbaux — CIPM, 1879, p. 41).
e) Em alguns países de língua inglesa, essa unidade apresenta o nome de
“tonelada métrica” (metric ton).
f) O neper é utilizado para expressar o valor de grandezas logarítmicas, tais
como nível de campo, nível de potência, nível de pressão acrílica ou
decremento logarítmico. Os logaritmos naturais são utilizados para obter os
valores numéricos das grandezas expressas em nepers. O neper é coerente
com o SI, mas ainda não foi adotado pela Conferência Geral como unidade SI.
Para mais informações, ver a norma internacional ISO 31.
g) O bel é utilizado para expressar o valor de grandezas logarítmicas, tais como
nível de campo, nível de potência, nível de pressão acústica ou atenuação. Os
logaritmos de base 10 são utilizados para se obter os valores numéricos das
grandezas expressas em bels. O submúltiplo decimal decibel, dB, é de uso
corrente. Para mais informações, ver a norma internacional ISO 31.
h) É especialmente importante especificar a grandeza em questão quando se
utiliza essas unidades. Não é necessário considerar a unidade para especificar
a grandeza.
i) Np figura entre parênteses porque, embora o neper seja coerente com o SI,
ainda não foi adotado pela Conferência Geral.
Existem outras formas de representação de unidades fora do SI,
entretanto, o seu uso não é recomendado de forma geral. Considera-se que
seu uso possa ser realizado em pesquisas científicas e experimentais e
naquelas utilizadas de maneira corrente e com o SI, a fim de satisfazer às
necessidades no campo comercial ou jurídico, ou a interesses científicos
particulares.

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1.3.5-REGRAS PARA ESCRITA DOS NOMES E SÍMBOLOS DAS UNIDADES SI

Os princípios gerais referentes à grafia dos símbolos das unidades e à


forma de expressá-los estão contidos nas regras a seguir:

1) os símbolos das unidades são expressos em caracteres


romanos (verticais) e, em geral, minúsculos. Entretanto, se
o nome da unidade deriva de um nome próprio, a primeira
letra do símbolo é maiúscula.

2) os símbolos das unidades permanecem invariáveis no


plural.

3) os símbolos das unidades não são seguidos por ponto.

A expressão algébrica deve ser representada de forma normalizada, de


acordo com as regras a seguir:

1) o produto de duas ou mais unidades pode ser indicado de


uma das seguintes maneiras: N.m ou Nm

2) quando uma unidade derivada é constituída pela divisão de


uma unidade por outra, pode-se utilizar a barra inclinada
(/), o traço horizontal, ou potências negativas.

Por exemplo: m/s, ou m.s-1

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ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

Quando você efetua uma medida, convém lembrar que, sem dúvida
alguma, ela está afetada por certo grau de incerteza, por melhor que seja o
instrumento utilizado e por mais hábil que seja o operador.

Isso significa que é impossível determinar o valor real da grandeza


medida. Na realidade, o máximo que podemos obter é o seu valor mais
provável e é isto o que se verifica, quer estejamos medindo o comprimento de
uma mesa, a massa do próton ou a velocidade da luz.

O grau de incerteza de toda e qualquer medida está relacionado com


sua precisão e exatidão. Esses termos geralmente são empregados como
sinônimos, o que não é correto, pois têm significados diferentes.

Enquanto a precisão exprime a reprodutibilidade da medida, isto é, a


possibilidade de se "repetir" o valor encontrado, a exatidão indica até que
ponto esse valor se aproxima do valor real ou, pelo menos, do mais provável.
Observe que uma medida pode ser precisa e, todavia, não ser exata, porque
embora o processo empregado permita reproduzir os resultados, estes podem
estar afetados de um erro sistemático de origem qualquer. A diferença entre
precisão e exatidão pode ser facilmente visualizada com o auxílio da analogia
entre uma medição e um exercício de tiro ao alvo; suponha que tenham sido
obtidos os seguintes resultados em séries de quatro disparos:

1 a série 2 a série 3 a série


Conforme você pode observar, os disparos da 1a série são precisos
(estão agrupados) e exatos (acertaram na mosca), enquanto os da 2a, embora
precisos, não são exatos. Quanto à terceira, não há exatidão e nem precisão.

Quando você exprimir o resultado de uma medida, você deve preocupar-


se fundamentalmente com o número de cifras deste. Para que o resultado seja

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correto, ele deve conter todos os algarismos acerca dos quais você tem certeza
e o primeiro duvidoso (e somente ele).

Estes algarismos são denominados algarismos significativos porque são


aqueles que possuem valor prático ou significado na expressão do resultado.
Devemos nos lembrar que números matematicamente iguais podem ser
diferentes quando exprimem uma medida e vice-versa; os números 2,54 e
2,5400 são iguais do ponto de vista matemático, mas são bastante diferentes
quando representam os resultados de uma medida, por exemplo, a da massa
de um corpo:

2,54 g ≠ 2,5400 g

O valor 2,54 g é obtido pesando-se o corpo em uma balança cuja


sensibilidade é de 0,01 g, o que significa que a massa medida está
compreendida no intervalo
2,53 g│-----│2,55 g. Os algarismos 2 e 5 são conhecidos com certeza,
enquanto que o 4 é duvidoso; o número 2,54 tem, portanto, 3 algarismos
significativos e o resultado da medida deve ser expresso por (2,54±0,01) g. É
errado colocar quaisquer outros algarismos depois do 4, mesmo que sejam
zeros.

Por outro lado, o valor 2,5400 g só pode ser obtido pesando-se o corpo
em uma balança sensível a 0,0001 g (0,1 mg); isto significa que, neste caso, a
massa está compreendida no intervalo 2,5399 g │-----│ 2,5401 g, muito menor
que o anterior. Agora, não só os algarismos 2 e 5 são conhecidos com certeza,
mas também o 4 e o primeiro zero. O algarismo duvidoso é o segundo zero e o
número 2,5400 tem 5 algarismos significativos. Neste caso, o resultado da
medida deve ser expresso por (2,5400±0,0001) g.

Esses exemplos mostram que você deve prestar uma atenção especial
aos zeros finais dos números; você não deve omiti-los quando são algarismos
significativos nem incluí-los quando não são. Observe que o número de
algarismos significativos nada tem a ver com a posição da vírgula; portanto,
zeros que indicam apenas a ordem de grandeza do número não são
algarismos significativos.

Assim, por exemplo, os números 1035; 10,35; 1,035; 0,1035; 0,01035 e

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0,001035 têm todos 4 algarismos significativos. Por outro lado, o número
10,350 possui 5 algarismos significativos; e o numero 10.350? Para indicar com
clareza se o último zero é ou não significativo, o número deve ser escrito sob a
forma:

a.10 b onde 1 ≤ a < 10

Portanto, se o zero mencionado é significativo, o número deve ser


escr i t o c o m o 1 , 0 35 0 x 1 0 4 ; s e n ã o f o r , c o m o 1,035 x 10 4 .

2.1-OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

Quando efetuar cálculos com algarismos significativos, é conveniente


que obedeça às seguintes regras:

2.1.1-ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO

Neste caso, deve-se manter no resultado tantos algarismos significativos


depois da vírgula quantos sejam os que existem na parcela mais pobre neles.
É muito provável que antes de efetuar a operação você tenha que reduzir o
número de algarismos significativos em uma ou mais parcelas; neste caso, siga
as seguintes regras de arredondamento:

1. se o primeiro algarismo a ser eliminado for inferior a 5, mantenha


o último algarismo a ser retido, por exemplo, 13,542 passa a 13,5.

2. se o primeiro algarismo a ser eliminado for superior a 5,


acrescente uma unidade ao último algarismo a ser retido, por
exemplo, 100,6 passa a 101.

3. se o primeiro algarismo a ser eliminado for igual a um 5 seguido


somente de zeros ou, ainda, se esse 5 for algarismo do número,
mantenha o último algarismo a ser retido, se ele for par. Se o
número for ímpar, acrescente-lhe uma unidade. Assim, por
exemplo, 12,75 (ou 12,7500) passa para 12,8 e 25,45 (ou
25,4500) para 25,4.

4. se o primeiro algarismo a ser eliminado for igual a um 5 seguido


de qualquer algarismo diferente de zero, acrescento uma unidade

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ao último algarismo a ser retido; assim, por exemplo, 23,8503
passa a 23,9.

Considere como exemplo a soma de 215,61 g; 83,9 g; 0,3742 g; e 5,318


g; se você somar os números da maneira usual, resulta:

De acordo com a regra já estabelecida, a maneira correta de efetuar a


soma é:

A regra pode ser justificada facilmente, lembrando que a soma de um


algarismo conhecido (significativo) com um outro desconhecido (duvidoso) dá
um resultado desconhecido; assim, representando por “x” os algarismos
desconhecidos, você obtém:

Observe que a diferença entre esse valor e o obtido pela aplicação da


regra reside somente no algarismo duvidoso, o que é perfeitamente razoável.

Considere agora como segundo exemplo a diferença entre 211,7 g e


95,48 g; se você realizar a operação de maneira habitual, encontrará:

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que não é correto porque a parcela 211,7 tem um só algarismo significativo
depois da vírgula. O resultado correto é:

As regras para o correto estabelecimento dos algarismos significativos


valem também para os números constantes das operações de multiplicação e
divisão, entretanto, na execução das operações de multiplicação e divisão
devemos considerar os seguintes procedimentos.

2.1.2-MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO

Nessas duas operações você deve adotar a seguinte regra: se n é o


número de algarismos significativos do fator mais pobre neles, efetue todos os
cálculos conservando (n+1) algarismos significativos dos demais fatores, a fim
de evitar o acúmulo de arredondamentos no mesmo sentido. Assim, o
resultado da operação deve ter n algarismos significativos.

Vamos exemplificar por meio do cálculo da área de um retângulo cuja


base mede 115 cm e altura igual a 25 cm. Se efetuarmos a multiplicação da
maneira usual, encontramos:

Verifique que o resultado 2.875 possui quatro algarismos significativos, o


que está errado, de acordo com as regras ele somente pode ter dois
algarismos significativos; a resposta correta neste caso é:

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S = 2,9 x 103 cm2

Verifique a seguir a justificativa para a afirmativa anterior, em que um


produto de um algarismo conhecido (significativo) por outro desconhecido
(duvidoso) gera um resultado desconhecido; no exemplo anterior ficamos com
o seguinte resultado:

Verificamos, portanto, que o resultado possui somente dois algarismos


significativos, o mesmo número de algarismos que o fator mais pobre
representado pelo número 25. Esse número somente difere do primeiro em
números de algarismos significativos pelo algarismo duvidoso representado
pelo “x”.

Verifique ainda que pela regra o resultado de uma multiplicação pode ter
um algarismo significativo a mais do que o fator mais pobre, quando o produto
dos primeiros algarismos dos dois fatores for superior ao número 9.

Podemos provar, pela aplicação da regra e da afirmativa anterior, no


seguinte exemplo  7,39 x 4,3 = 31,7 e não 7,39 x 4,3 = 32. Verificamos a
aplicação com a prova a seguir:

Um segundo exemplo demonstrará a aplicação na operação de divisão.


Determine a velocidade (v) de um veículo sabendo que ele percorreu uma
distância de 48,32 metros em um tempo de 5,1 segundos.

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Como a velocidade é o quociente da distância pelo tempo, resulta em
v = 48,32/5,1  efetuando o cálculo temos v = 9,474 m/s. Entretanto, o
resultado apresentado não é o correto porque tem quatro algarismos
significativos, enquanto somente é permitido dois (número de algarismos do
fator 5,1). Assim, a resposta correta é v = 9,4 m/s.

2.1.3-RADICIAÇÃO

Nessa operação você deve adotar a seguinte regra: se n é o numero de


algarismos significativos do radicando, sua raiz quadrada deve ter, também, n
algarismos significativos. Considere como exemplo a determinação da massa
de uma amostra de um material pelo método da dupla pesagem de Gauss;
admita que foram obtidos os seguintes valores:

, e de acordo com o processo empregado, ,


portanto:

  .

As operações de radiciação seguem as mesmas regras gerais para


algarismos significativos. Verifique a seguir outros exemplos:

a)

b)

c)

2.1.4-LOGARITMIZAÇÃO

Ao calcular o logaritmo de um número que mede uma grandeza, você


deve adotar a seguinte regra: se n é o número de algarismos significativos de
um número, a mantissa5 de seu logaritmo decimal deve ter, também, n
algarismos significativos (qualquer que seja sua característica).

Considere como exemplo o cálculo pH de um ácido acético 0,1 molar em

5O logaritmo de um número é constituído de duas partes: uma antes da vírgula e outra depois da vírgula. A primeira
chama-se característica e a segunda chama-se mantissa.

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que a concentração hidrogênica é igual a 1,36 x 10 -3 mol/litro e que por
definição temos:

 pH= 3 – log 1,36  pH = 3 - 0,134

pH=2,866

Outros exemplos para a logaritmização são apresentados a seguir:

log 365,28 = 2,56263

log 0,00378 = 3,577

log 0,6287 = 1,7984

Como percebemos, as operações elementares afetam a representação


das medidas e por isso, para estas sejam consideradas precisas e exatas,
devemos seguir as regras apresentadas neste item no que diz respeito à
realização das operações.

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MEDIDAS E ERROS

Conforme visto anteriormente, toda e qualquer medida está afetada de


um certo grau de incerteza cujo valor está associado à sensibilidade do
instrumento de medida e à habilidade do operador. Isso significa que o erro é
inerente à própria medida e não pode ser evitado.

A menor massa que pode ser medida em uma balança corresponde à


sua sensibilidade. Na balança granatária, por exemplo, ela é igual a 0,1 g.

3.1-CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS

Antes de classificarmos os erros devemos avaliar a importância de se


estabelecer procedimentos de medição adequados, assim, os conceitos abaixo
devem ser considerados como de tratamento e interpretação fundamental.

A repetibilidade é o grau de concordância entre os resultados de


medições sucessivas de uma mesma grandeza efetuadas com o mesmo
método, o mesmo operador, a mesma peça e as mesmas condições de
utilização. Pode ser expressa em termos da dispersão dos resultados.

A reprodutibilidade é o grau de concordância entre resultados das


medições de uma mesma grandeza, em que as medições individuais são
efetuadas variando-se os operadores, com o mesmo método, as mesmas
peças, o mesmo instrumento e as mesmas condições de utilização.

A estabilidade é a variação da média entre séries de medições tomadas


de uma mesma grandeza, com o mesmo método e instrumento, em intervalos
de tempo específicos. É a aptidão de um instrumento em conservar constantes
suas características metrológicas.

E, finalmente, a linearidade, que é a variação da exatidão ao longo da


faixa de operação. As causas da não linearidade podem ser:

o instrumento não está calibrado adequadamente;


o instrumento está desgastado;
precisa revisar as partes internas;
limitar a faixa de operação.

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No estudo dos erros que podem ser cometidos em uma operação de
medição, é conveniente classificá-los em dois grupos:

1. Erros determinados;
2. Erros indeterminados ou acidentais.

Erros determinados são aqueles que podem ser identificados e


avaliados, o que permite corrigir o valor medido. Quando um erro desse tipo
apresenta um valor que independe das condições da medição, ele é
classificado como um erro constante. São exemplos os erros provocados pela
presença de uma impureza em uma substância que se emprega para a
titulação de uma solução e os derivados do uso de massas padrão não
calibradas.

Quando um erro determinado apresenta um valor variável e dependente


das condições de medição ele é classificado como um erro sistemático. Um
erro desse tipo é o que ocorre na medida do volume de soluções devido ao
fenômeno da dilatação térmica. O erro aleatório pode ser considerado a
parcela imprevisível do erro. É o agente que faz com que medições repetidas
levem a distintas indicações.

Os erros determinados, em geral, são classificados nos seguintes


grupos:

1. erros instrumentais, por exemplo, os que ocorrem devido ao


emprego de instrumentos mal calibrados ou não calibrados e de
reagentes impuros;
2. erros operacionais, que, como o nome indica, estão
relacionados com a operação de medir em si. Erros desse tipo
podem assumir sérias proporções quando o operador é inábil ou
descuidado, entretanto, tornam-se insignificantes com um
trabalho hábil e cuidadoso. Como exemplo podemos citar erros
de leitura em dispositivos diversos de medição, erros devido à
perda de material na transferência de sólidos ou líquidos,
emprego de tempos de aquecimento insuficientes ou de
temperaturas inadequadas e ao emprego de amostras não
representativas;

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3. erros pessoais, que têm origem na inabilidade constitutiva do
operador para efetuar observações. Algumas pessoas, por
exemplo, têm dificuldade em julgar as mudanças de cor dos
indicadores de pH nas titulações ou, ainda, tendem a viciar suas
leituras procurando forçar uma melhor concordância;
4. erros de método, que são inerentes ao processo de medição e
cujo valor é constante, por mais hábil e cuidadoso que seja o
operador. As fontes de tais erros dependem de cada caso em
particular e, em alguns casos, é muito difícil ou mesmo
praticamente impossível eliminá-los de modo a obter melhores
resultados.

Uma vez que os erros determinados tenham sido eliminados ou pelo


menos avaliados de alguma forma, ainda restam ligeiras diferenças entre os
valores medidos de uma grandeza, mesmo que se tenham empregado o
mesmo método e o mesmo instrumento em todas as medições, tais
discrepâncias são devidas aos erros acidentais.

Erros indeterminados ou acidentais são aqueles cujas causas são


desconhecidas e, ao que tudo indica, eles não seguem uma lei de variação
determinada e parece que se originam na capacidade limitada do observador
para controlar as condições experimentais ou na sua inabilidade para
reconhecer o aparecimento de novos fatores.

Embora não se possam aplicar correções para neutralizar seus efeitos, é


possível chegar a uma conclusão válida com relação ao resultado mais
provável de uma série de medições, porque os erros desse tipo seguem as leis
de distribuição de probabilidade. Devemos ter ciência de que o conhecimento
dos aspectos básicos de uma análise das distribuições dos erros acidentais é
importante. A experiência nos mostra que:

erros de mesmo valor absoluto, mas de sinais contrários, são


igualmente prováveis;
erros pequenos são mais prováveis que erros grandes;
erros muito grandes são muito pouco prováveis.

As observações acima estão de acordo com a curva de distribuição de

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erros que se obtém com o auxilio da análise matemática, cujo aspecto geral
está representado no gráfico da figura abaixo, em que f mede a frequência com
que ocorre o erro de magnitude .

A curva ideal representada acima está baseada em um número infinito


de observações e é denominada curva normal ou curva de Gauss.

3.2-EXPRESSÃO DO RESULTADO DE UMA MEDIDA

Você já sabe que é impossível medir o valor exato de uma grandeza e


que o que o resultado da medição exprime é, de fato, o seu valor mais
provável. Para que esse valor se aproxime o máximo possível do valor real, é
conveniente medir diversas vezes a grandeza e calcular a média aritmética das
determinações, como veremos mais adiante.

Por se tratar do caso mais comum, consideraremos medidas de igual


precisão, isto é, medições efetuadas segundo a mesma técnica e utilizando o
mesmo instrumento ou, pelo menos, instrumentos rigorosamente idênticos.

Seja G uma grandeza qualquer cujo valor “x” se quer determinar.


Suponha que você efetuou “n” determinações e que xi represente
genericamente estas. Simbolizando por a média aritmética das medidas
realizadas, você pode escrever que:

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Cada medida afasta-se da média de uma quantidade que, por
definição, é o seu desvio (ou erro) absoluto aparente.

A soma dos desvios absolutos aparentes é igual a zero, em uma série


de medidas de mesma precisão, de fato a . A curva de Gauss é
simétrica em relação ao eixo vertical e apresenta ponto de máxima = 0, o que
significa que a média aritmética dos valores obtidos em uma série de medições
representa o valor mais provável da grandeza, assim é possível demonstrar
que o erro cometido em relação à média é o menor possível, pois, se x* é uma
medida qualquer de G diferente de , podemos deduzir que:

, como

concluímos que , ou seja, que


, o que confirma o que ficou estabelecido acima.

Como a soma dos desvios absolutos aparentes de uma série de


medições é nula, a média aritmética destes também o é, por isso, para que se
possa avaliar, embora de uma maneira imperfeita, a magnitude dos erros
acidentais que incidem sobre o valor de uma medida, costuma-se calcular a
média aritmética dos valores absolutos dos desvios aparentes. Obtém-se,
assim, o desvio médio absoluto da série de medições, que se representa por .

Embora não se constitua na melhor avaliação da incerteza que afeta o


valor medido de uma grandeza, o desvio médio absoluto é empregado como
tal, admitindo-se que o valor verdadeiro procurado está localizado no intervalo
fechado

cujo valor central é a média. Este uso se justifica no caso de cálculos


mais grosseiros, pois é, geralmente, uma estimativa desfavorável dessas

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incertezas (é válido diminuir a precisão, mas não aumentá-la). Ao lado do
desvio absoluto verdadeiro que mede de quanto o valor de uma medida se
afasta do verdadeiro valor da grandeza, simbolizando este desvio por ,
podemos escrever que . Evidentemente, os desvios verdadeiros de
uma série de medidas não podem ser determinados, pois o valor de x é
desconhecido, mas sua soma nos leva à seguinte equação

, que nos permite deduzir que quando

Essa conclusão mostra-nos claramente a importância do número de


medições que se deve efetuar na determinação do valor de uma grandeza, pois
quanto maior esse número, tanto mais o valor provável da grandeza se
aproxima de seu verdadeiro valor. Observe que a diferença representa
um desvio, mais precisamente, o erro que se comete aritmeticamente de uma
série de medidas. Esse erro é denominado erro médio da média e é
simbolizado por . Logo

e partindo-se da definição de erro verdadeiro é possível


demonstrar que:

O valor do erro médio da média pode ser positivo ou negativo, uma vez
que os erros acidentais se distribuem ao acaso, simetricamente em torno de
sua média, que é igual a zero. Por outro lado, se assim não fosse, o verdadeiro
valor da grandeza medida poderia ser determinado, dado que e que
podemos escrever , significando que o verdadeiro valor de G está
compreendido no intervalo fechado

cujo valor central é a média.

Assim, o erro médio da média de uma série de medições é a melhor


estimativa da incerteza que afeta o valor medido de uma grandeza, por isso, ao
exprimir o resultado de uma medida, você deve escrever que:

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Consideremos como exemplo a determinação espectrofotométrica do
níquel em um minério desse metal. Admitindo um algarismo significativo a mais
nos cálculos, podemos sintetizar os dados obtidos e os resultados na tabela
que segue:

xi i

1,94 -0,036 0,036 0,001296


1,99 +0,014 0,014 0,000196
1,98 +0,004 0,004 0,000016
2,03 +0,054 0,054 0,002916
2,03 +0,054 0,054 0,002916
1,96 -0,016 0,016 0,000256
1,95 -0,026 0,026 0,000676
1,96 -0,016 0,016 0,000256
1,92 -0,056 0,056 0,003136
2,00 +0,024 0,024 0,000576

19,76 0 0,300 0,012240

Utilizando as expressões já estudadas, temos:

Ao realizarmos a primeira aproximação, temos: x = (1,98 ± 0,03) %

Por outro lado , logo, a

melhor estimativa do valor da grandeza da medida é x = (1,98 ± 0,01) %.

Além dos desvios absolutos, você pode definir o desvio (ou erro) relativo

de uma medida como a razão entre o verdadeiro erro cometido nesta e o

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verdadeiro valor da grandeza

Na prática, por impossibilidade de determinação dos valores


verdadeiros, o erro relativo é medido pela razão entre o erro aparente e o valor
mais provável da grandeza

Para uma série de medições cujo resultado é representado por


, define-se o desvio (ou erro) médio relativo por:

Esse desvio é utilizado quando se comparam as precisões de medidas


de magnitudes diferentes, costuma ser expresso percentualmente e, neste
caso:

Para o exemplo dado, temos , ou seja,

Na execução de seus experimentos e leituras, muitas vezes você não


terá oportunidade de efetuar diversas determinações na medição de uma
grandeza, a fim de obter o seu valor mais provável e o desvio médio.

Você fará uma única leitura e o valor obtido deverá ser tomado como
média. Assim, no que diz respeito ao erro médio da média, é conveniente que
siga as seguintes regras.

Na determinação da massa de uma amostra qualquer, o erro médio da


média é igual à sensibilidade da balança, assim, por exemplo, se você pesar
uma amostra qualquer e encontrar uma massa igual a 32,43 g, você deverá
escrever m = (32,43 ± 0,01) g;

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Nos demais instrumentos de medida, de escala graduada, o erro médio
da média é arbitrado como metade da menor divisão da escala, assim, por
exemplo, alguns resultados de suas medições poderão ser expressos por:

v = (37,33 ± 0,05) ml – instrumento  bureta de 50 ml

Ɵ = (25,6 ± 0,5) oC – instrumento  termômetro de – 10oC à +110oC

P = (695,4 ± 0,5) mm Hg – instrumento  barômetro.

3.3-PROPAGAÇÃO DOS DESVIOS

Você poderá aperfeiçoar seus estudos na área dos erros estudando a


propagação dos erros que, de uma forma bem simples, é a forma de calcular o
erro médio da média do resultado da operação. Assim, você poderá
implementar as regras para o cálculo que afeta o resultado de uma soma, uma
subtração, um produto, um quociente, uma radiciação e uma logaritmização.

1-Soma

Sejam e dois resultados experimentais que devem ser


somados como resultado da operação S = A + B, o valor da soma está contido
no intervalo cujo extremo superior é a soma dos extremos superiores das
parcelas e cujo extremo inferior é a soma dos extremos inferiores destas;
portanto, temos como resultante que:

Regra Geral: obtém-se o valor médio de uma soma somando-se os


valores médios das parcelas e seu erro médio, somando-se os erros médios
dos mesmos.

2-Subtração

Sejam e dois resultados experimentais que devem ser


subtraídos como resultado da operação S = A - B, nesse caso o extremo
superior é a soma dos extremos superiores do intervalo das diferenças e é
igual à diferença entre o extremo superior do minuendo e o extremo inferior do
subtraendo, portanto, temos como resultante que:

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e

Regra Geral: obtém-se o valor médio de uma diferença subtraindo-se os


valores médios do minuendo e subtraendo e o seu erro médio, somando-se os
erros médios destes.

3-Produto

Suponha que e são dois resultados experimentais que


devem ser multiplicados como resultado da operação P = A x B. O valor do
produto deve estar contido no intervalo cujo extremo superior é o produto dos
extremos superiores dos fatores e cujo extremo inferior é o produto de seus
extremos inferiores, portanto, temos como resultante que:

Regra Geral: obtém-se o valor médio de um produto multiplicando-se os


valores médios de seus fatores e o seu desvio médio relativo, somando-se os
valores médios relativos dos mesmos.

4-Quociente

Suponha que você deseja efetuar a operação , em que A e B são

grandezas cujos valores são dados por e . O valor do quociente


está contido no intervalo cujo extremo superior é igual ao quociente do extremo
superior do dividendo pelo extremo inferior do divisor. Portanto, temos como
resultante que:

Regra Geral: obtém-se o valor médio de um quociente dividindo-se o


valor médio do dividendo pelo do divisor e o seu desvio médio relativo
somando os desvios médios relativos de ambos.

5-Radiciação

Suponha que é um resultado experimental cuja raiz quadrada


você deseja extrair . O valor da raiz está contido no intervalo cujo
extremo superior é igual à raiz quadrada do extremo superior do radicando e

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cujo extremo inferior é igual à raiz quadrada do extremo inferior deste.
Portanto, temos como resultante que:

e que

Regra Geral: obtém-se o valor médio de uma raiz quadrada extraindo-se


a raiz quadrada do valor médio do radicando e o seu erro médio relativo,
dividindo-se o erro correspondente do radicando por 2.

6-Logaritmização

Suponha que você deseja calcular o logaritmo neperiano do resultado de


uma medida cujo valor é dado por , isto é, você pretende calcular
L = ln.A. O valor do logaritmo procurado está compreendido no intervalo cujos
extremos superior e inferior são, respectivamente, os valores dos logaritmos
neperianos dos extremos superior e inferior do intervalo de valores da medida.
Portanto, temos como resultante que:

e que

Regra Geral: o valor médio do logaritmo neperiano de uma grandeza e


seu erro médio são, respectivamente, iguais ao logaritmo neperiano do valor
médio da grandeza e ao seu erro médio relativo. Devemos nos lembrar
também que log x = 0,434 lnx

Neste capítulo apresentamos a forma de considerar os algarismos


obtidos em medições pelos diversos aparelhos e instrumentos de medição.
Verificamos que existe a necessidade de avaliarmos corretamente as medidas
por meio das operações com os algarismos significativos. Pudemos classificar
os erros, identificando-os em determinados e indeterminados e pudemos
considerar a expressão do resultado de uma medida, avaliando também a
propagação dos desvios para as diversas operações possíveis de medição.

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RASTREABILIDADE E CALIBRAÇÃO

4.1- CARACTERIZANDO A RASTREABILIDADE

A rastreabilidade é representada por uma cadeia ininterrupta de


comparações, em que a certeza de que um resultado de medição, ou valor,
está relacionado com referências a um nível superior, terminando no último
nível, com um padrão primário. Assim, o valor quantidade medido deve ser
relacionado a uma referência por meio de uma cadeia de rastreabilidade
documentada ininterrupta. A figura a seguir ilustra esse conceito de forma
esquemática.

CADEIA DE RASTREABILIDADE

Padrões primários
padrões de padrões de Internacionais Definição das
medições
trabalho referência unidades
Padrões primários
Nacionais

Bureau
Indústria, Laboratórios de Institutos nacionais de
International
usuários finais academia, calibração, metrologia ou institutos
des Poids et
reguladores, etc. credenciados nacionais escolhidos
Mesures

A cadeia de rastreabilidade garante que um resultado de medição ou o


valor de um padrão está relacionado com referências nos níveis mais altos,
terminando no padrão primário, com base no Sistema Internacional de
Unidades, como visto no capítulo 2. Um usuário final pode obter rastreabilidade
ao mais alto nível internacional, quer diretamente a partir de um Instituto
Nacional de Metrologia ou de um laboratório de calibração, normalmente
laboratórios credenciados. Esta situação é o resultado de vários acordos de
reconhecimento mútuo entre as organizações de metrologia no mundo, assim a
rastreabilidade internacionalmente reconhecida pode ser obtida por meio de
laboratórios no país e fora dele.

A ferramenta básica para garantir a rastreabilidade de uma medição é


obtida por meio da calibração de um instrumento de medição ou sistema, ou

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por meio do uso de um material de referência, uma especificação detalhada e
comprovada.

Complementarmente, o termo rasteabilidade ao SI (Sistema


Internacional de Unidades) indica que a rastreabilidade está sendo realizada
com base nas unidades referenciais do SI. Assim como a caracterização do
mensurando deve ser obtida por um padrão de medição, também a
rastreabilidade deve estar relacionadas às características do objeto que tem o
valor de quantidade metrologicamente definido e medido.

Para que houvesse uma aceitação dos padrões por todos, clientes,
laboratórios, institutos nacionais e internacionais, ficou estabelecido que o
Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) vinculado ao BIPM, realizaria
a integração e proporia o reconhecimento mútuo das normas (MRA) de
medição e calibração utilizadas pelos institutos nacionais de metrologia, e que
o Instituto Nacional de Metrologia (NMI) ou outros Institutos de calibração e
Medição (CMC) têm duas opções para o estabelecimento de sua rota de
rastreabilidade ao sistema internacional de unidades:

por meio de uma realização primária (utilizando as medidas básicas do


SI) ou representação da unidade de medida, caso em que a
rastreabilidade deve ser declarada mediante a realização de sua
demonstração no âmbito do SI. Para que uma realização primária ou
representação da unidade de medida possa ser considerada válida, é
necessária a aprovação do Comitê Consultivo.
por meio de outros NMIs ou CMCs com procedimentos adequados e
publicados, ou por meio de calibração e medição de serviços oferecidos
pelo BIPM, em que a rastreabilidade deve ser declarada por meio do
laboratório de prestação do serviço. A NMI deve disponibilizar uma
avaliação completa da incerteza e da rota de rastreabilidade de sua
atividade de medição.

Em casos excepcionais, onde nenhuma das duas rotas possa ser


rigorosamente aplicada, caminhos alternativos para o estabelecimento da
rastreabilidade aos padrões reconhecidos podem ser propostos para o CIPM
por intermédio do Comitê Consultivo correspondente. A lista dessas exceções

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é mantida pelo BIPM e está disponível na parte CIPM MRA documentos do site
BIPM6. A lista de exceções para cada campo deve ser revista periodicamente
pelo Comitê Consultivo correspondente.

Obter o acesso aos padrões nacionais de medição pode ser mais


complicado em locais onde o instituto nacional de medição ainda não fornece
padrões de medição nacionais reconhecidos e registrados na MRA BIPM.
Devemos considerar ainda, que uma cadeia ininterrupta de comparações com
padrões nacionais em diversas áreas, como as ciências químicas e biológicas,
são muito complexas e podem não estarem disponíveis para todos. O
estabelecimento de padrões nesses campos ainda é objeto de intensa
atividade científica e técnica, e os procedimentos e materiais de referência
(certificados) necessários ainda devem ser definidos. Nesses campos existem
poucos materiais de referência que podem ser rastreados até às unidades SI
disponíveis no mercado. Isto significa que outras ferramentas também devem
ser aplicadas para garantir, pelo menos, a comparabilidade dos resultados de
medição, tais como: a realização de programas e a participação em ensaios, e
a utilização de especificações fornecidas por produtores de material de
referência confiável e competente.

Destacam-se alguns termos de acordo com o Vocabulário Internacional


de Metrologia – Conceitos Básicos e Condições Gerais e Associados 7(VIM
2008) [3,17], neste caso, destacamos os seguintes termos e itens:

Medição: processo de obtenção experimental de um ou mais valores


que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza.

Procedimento de medição de referência: utilizado para obter um


resultado de medição sem relação com um padrão de uma grandeza de
mesmo tipo. Por exemplo: o volume de água de uma pipeta de 5 ml a 20 °C é
medido por meio da pesagem da água vertida da pipeta em um béquer,
levando-se em conta a massa total do béquer e da água menos a massa do
béquer vazio, corrigindo-se a diferença de massa para a temperatura real da
água, por intermédio da massa específica.

6http://www.bipm.org/en/cipm-mra/mra_online.html
7INMETRO, Vocabulário Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM
2008). 1. ed. Brasileira. Rio de Janeiro, 2009.

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Medição de padrão internacional: medida padrão reconhecida pelos
signatários de um acordo internacional e destinada a servir todo o mundo. Por
exemplo: o protótipo internacional do quilograma.

Padrão de trabalho: padrão de medição que é utilizado rotineiramente


para calibrar ou verificar instrumentos de medição ou sistemas de medição. Um
padrão de trabalho é, geralmente, calibrado contra um padrão de referência.
Padrões de trabalho também podem, ao mesmo tempo, serem padrões de
referência. Este é particularmente o caso dos padrões de trabalho diretamente
calibrados contra os padrões de um laboratório de padrões nacionais.

Padrão: realização da definição de uma dada grandeza, com um valor


determinado e uma incerteza de medição associada, utilizada como referência.
Como exemplo temos: a) padrão de massa de 1 kg com uma incerteza padrão
associada de 3 mg; b) resistor-padrão de 100 W com uma incerteza padrão
associada de 1 mW; c) padrão de frequência de césio com uma incerteza
padrão relativa associada de 2 x 10-15; d) eletrodo de referência de hidrogênio
com um valor designado de 7,072 e uma incerteza padrão associada de 0,006;
e) conjunto de soluções de referência de cortisol no soro humano, para o qual
cada solução tem um valor certificado com uma incerteza de medição; f)
material de referência que fornece valores com incertezas de medição
associadas para a concentração em massa de dez proteínas diferentes.

A “realização da definição de uma dada grandeza” pode ser fornecida


por um sistema de medição, uma medida materializada ou um material de
referência. Um padrão serve, frequentemente, de referência na obtenção de
valores medidos e incertezas de medição associadas para outras grandezas do
mesmo tipo, estabelecendo assim, uma rastreabilidade metrológica por meio
da calibração de outros padrões, instrumentos de medição ou sistemas de
medição.

O termo “realização” é empregado no sentido mais geral. Designa três


procedimentos de “realização”. O primeiro, a realização específica, é a
realização física da unidade a partir da sua definição. O segundo, chamada
“reprodução”, consiste não em realizar a unidade a partir da sua definição, mas
em construir um padrão altamente reprodutível, baseado em um fenômeno

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físico, por exemplo, o emprego de laseres estabilizados em frequência para
construir um padrão do metro, o emprego do efeito Josephson para o volt ou o
efeito Hall quântico para o ohm. O terceiro procedimento consiste em adotar
uma medida materializada como padrão. É o caso do padrão de 1 kg.

A incerteza padrão associada a um padrão é sempre uma componente


da incerteza padrão combinada em um resultado de medição obtido ao se
utilizar o padrão. Essa componente é, frequentemente, pequena em
comparação a outras componentes da incerteza padrão combinada. O valor da
grandeza e a incerteza de medição devem ser determinados no momento em
que o padrão é utilizado. Várias grandezas do mesmo tipo ou de tipos
diferentes podem ser realizadas com o auxílio de um único dispositivo,
chamado também de padrão.

Padrão reconhecido por uma autoridade nacional: medida padrão


reconhecida pela autoridade nacional para servir em um estado ou à economia,
como base para atribuir valores de quantidade para outros padrões de medição
para o tipo de quantidade em causa.

Padrão de referência: medida padrão designada para a calibração de


padrões de medição para outras quantidades de um determinado tipo em uma
determinada organização ou em um determinado local.

Padrão de primário: padrão estabelecido com auxílio de um


procedimento de medição primário ou criado como um artefato, escolhido por
convenção. Como exemplo temos o padrão primário de concentração em
quantidade de substância, preparado pela dissolução de uma quantidade de
substância conhecida de uma substância química em um volume conhecido de
solução. O padrão primário de pressão é baseado em medições separadas de
força e área. O padrão primário para as medições das razões molares de
isótopos é preparado por meio da mistura de quantidades de substâncias
conhecidas de isótopos especificados. O protótipo internacional do quilograma
como um artefato escolhido por convenção.

Padrão secundário: padrão estabelecido por meio de uma calibração


com referência a um padrão primário de uma grandeza do mesmo tipo. A
calibração pode ser obtida diretamente entre o padrão primário e o padrão

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secundário, ou envolver um sistema de medição intermediário calibrado pelo
padrão primário, que atribui um resultado de medição ao padrão secundário.
Assim, um padrão cujo valor é atribuído por um procedimento de medição
primário de razão é um padrão secundário.

Podemos verificar ainda, no Vocabulário Internacional de Metrologia


(VIM), as definições de grandezas e unidades, medição, dispositivos de
medição, propriedades dos dispositivos de medição, e padrões como aqueles
que foram destacados anteriormente.

4.2 - RASTREABILIDADE DOS RESULTADOS DE MEDIÇÃO PARA UNIDADES SI

A propriedade de um resultado de medição, pela qual tal resultado pode


ser relacionado a uma referência, por meio de uma cadeia ininterrupta e
documentada de calibrações, cada uma contribuindo para a incerteza de
medição, é chamada de rastreabilidade. A vinculação aos diversos níveis de
certificação é chamada de cadeia de rastreabilidade. Deve, como definido,
terminar no respectivo padrão primário.

A incerteza de medição para cada etapa da cadeia de rastreabilidade


deve ser calculada ou estimada de acordo com métodos aprovados, e devem
ser indicados de modo que uma incerteza global para toda a cadeia possa ser
calculada ou estimada. O cálculo da incerteza é dado oficialmente no Guia para
a Expressão da Incerteza de Medição (GUM).

Os laboratórios de ensaios credenciados por organismos de acreditação,


que são membros da MRA ILAC, podem demonstrar que a calibração do
equipamento e os resultados da medição gerados por esse equipamento são
rastreáveis ao Sistema Internacional de Unidades (unidades SI).

Nos casos em que a rastreabilidade às unidades SI não é possível, os


laboratórios utilizam outros meios para garantir a comparabilidade dos seus
resultados. Esses meios são, por exemplo, o uso de materiais de referência
certificados, fornecidos por um produtor confiável e competente, ou, pelo
menos, assegurar a comparabilidade por meio de comparações
interlaboratoriais disponibilizados por um fornecedor competente e confiável.

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4.2.1 - RASTREABILIDADE DA CADEIA

Cabe aos Institutos Nacionais de Metrologia manter os padrões


nacionais, que são as fontes de rastreabilidade. Os Institutos Nacionais de
Metrologia podem assegurar a comparabilidade destas normas por meio de um
sistema internacional de comparações.

O Comitê Internacional de Pesos e Medidas dá uma importância


particular a dois tipos de comparações:

a) comparações internacionais de medições, conhecidas como


comparações-chaves, ou comparações básicas do comitê internacional de
pesos e medidas, organizado pelos comitês consultivos, que geralmente
envolvem apenas os laboratórios que realizam o nível mais alto de
comparação. O objeto de uma comparação-chave é escolhido cuidadosamente
pelo comitê consultivo para ser representativo da capacidade do laboratório em
fazer uma série de medidas relacionadas;

b) comparações internacionais de medidas complementares, geralmente


realizadas por organizações regionais de metrologia e que incluem alguns dos
laboratórios que participaram das comparações. As comparações-chaves são
realizadas na mesma área técnica e confrontadas com a do comitê
internacional, enquanto que as comparações suplementares são geralmente
realizadas para atender a uma necessidade especial regional.

Ao considerarmos os itens anteriores, podemos estabelecer ligações


entre todos os participantes no fornecimento de uma base técnica para a
comparabilidade dos padrões do SI em cada Instituto Nacional de Metrologia.

A rastreabilidade pode ser garantida no caso de um Instituto Nacional de


Metrologia possuir uma infraestrutura para realizar um determinado padrão
primário, e a norma nacional é idêntica ou diretamente rastreável ao padrão
primário. Se o instituto não tem essa infraestrutura, vai garantir que seu padrão
nacional é rastreável a um padrão primário mantido em um instituto de outro
país.

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4.3 - LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO – ACREDITAÇÃO

Para laboratórios de calibração credenciados de acordo com a ISO /


IEC8 17025, e no Brasil representadas pela ABNT NBR ISO / IEC 17025, a
acreditação é concedida para calibrações especificadas e com uma capacidade
de calibração definida, que pode ser alcançada com um instrumento de medida
especificado por meio de um procedimento de referência ou padrão.

A capacidade de calibração é definida como a menor incerteza de


medição que um laboratório pode atingir no seu âmbito de acreditação na
realização de calibrações rotineiras de padrões de medição próximos do ideal.
E quando puder conservar ou reproduzir uma unidade daquela grandeza ou um
ou mais de seus valores, ou quando realizar calibrações de rotina em
instrumentos de medição específicos. A maioria dos laboratórios acreditados
podem fornecer calibrações para seus clientes.

Os organismos de acreditação são obrigados a fornecer uma lista de


laboratórios acreditados com uma descrição técnica detalhada de seu âmbito
de acreditação. O International Laboratory Accreditation9 Cooperation fornece
uma lista dos organismos de acreditação que são membros do ILAC MRA. O
objetivo fundamental do acordo da ILAC é o aumento do uso e da aceitação
pela indústria, assim como pelos órgãos reguladores, dos resultados de
laboratórios e organismos de inspeção acreditados, incluindo os resultados de
laboratórios em outros países. Dessa maneira, é possível tornar realidade o
objetivo do livre comércio: "produto ensaiado uma vez, aceito em qualquer
lugar". A ILAC concentra-se em:

desenvolver e harmonizar práticas de acreditação de laboratórios


e de inspeção;
promover a acreditação de laboratórios e de inspeção para a
indústria, governo, órgãos reguladores e consumidores;
auxiliar e apoiar sistemas de acreditação em desenvolvimento;

8 ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, ISO - International Standardization Organization, IEC –
International Electrotechnical Commission.
9 Disponível em: <http://www.ilac.org/>.

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reconhecer mundialmente as instalações de laboratórios e
organismos de inspeção, por meio do acordo da ILAC, facilitando,
assim, a aceitação dos resultados de ensaios, inspeções e
calibrações que acompanham os bens além das fronteiras
nacionais.

No Brasil, temos a CGCRE Coordenação Geral de Acreditação,


representada pelo INMETRO, com seus laboratórios acreditados:

Laboratórios de Metrologia Acústica e de Vibrações.


Laboratórios de Metrologia Mecânica.
Laboratórios de Metrologia Química.
Laboratórios de Metrologia Térmica.
Laboratórios de Metrologia Óptica.
Laboratórios de Metrologia Elétrica.
Laboratório de Metrologia em Telecomunicações.
Laboratórios de Metrologia de Materiais.
Laboratório de Metrologia em Dinâmica de Fluidos.

Na qualidade de laboratórios designados pelo INMETRO temos:

Divisão Serviço da Hora do Observatório Nacional (DSHO/ON).


Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes
(LNMRI) do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN).

A acreditação de laboratórios pela CGCRE é realizada pela Divisão de


Acreditação de Laboratórios (DICLA), que realiza as atividades relacionadas à
concessão e manutenção da acreditação, de acordo com os requisitos da
norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, que é aplicável a laboratórios de calibração
e de ensaio. A norma especifica os requisitos gerais para a competência em
realizar ensaios e/ou calibrações, incluindo amostragem. Ela cobre ensaios e
calibrações realizadas utilizando métodos normalizados, métodos não
normalizados e métodos desenvolvidos pelo laboratório. Se o laboratório for
credenciado com base na norma, deverá estar ajustado a dois grandes grupos
de requisitos: requisitos de direção e requisitos técnicos.

Para os requisitos de direção, uma estrutura de organização exigida pela

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norma. O laboratório ou a organização, da qual ele faça parte, deve ser uma
entidade que possa ser legalmente responsável, ou seja, é necessário que
tenha uma estrutura jurídica dentro dos padrões nacionais. É responsabilidade
do laboratório realizar suas atividades de ensaio e calibração, de modo a
atender aos requisitos da Norma e satisfazer as necessidades dos clientes
(exigência realizada pelas normas de qualidade série 9001), das autoridades
regulamentadoras ou das organizações que fornecem reconhecimento. O
sistema de gestão deve cobrir os trabalhos realizados nas instalações
permanentes do laboratório, em locais fora de suas instalações permanentes
ou em instalações associadas ao laboratório, temporárias ou móveis.

Se o laboratório for parte de uma organização que realize outras


atividades, além de ensaios e/ou calibrações, as responsabilidades do pessoal-
chave da organização que tenha um envolvimento ou influência nas atividades
de ensaio e/ou calibração do laboratório devem ser definidas, de modo a
idenfificar potenciais conflitos de interesse.

O laboratório, de uma forma geral, deve cumprir alguns itens para a


efetivação da normalização:

a) ter pessoal gerencial e técnico que, independentemente de outras


responsabilidades, tenha a autoridade e os recursos necessários
para desempenhar suas tarefas, incluindo a implementação,
manutenção e melhoria do sistema de gestão, e para identificar a
ocorrencia de desvios do sistema de gestão, ou dos
procedimentos para a realização de ensaios e/ou calibrações, e
para iniciar ações para prevenir ou minimizar tais desvios;
b) ter meios para assegurar que sua direção e o seu pessoal
estejam livres de quaisquer pressões e influências indevidas,
comerciais, financeiras e outras, internas ou externas, que
possam afetar adversamente a qualidade dos seus trabalhos;
c) ter políticas e procedimentos para assegurar a proteção das
informações confidenciais e direitos de propriedade dos seus
clientes, incluindo os procedimentos para a proteção ao
armazenamento e a transmissão eletrônica dos resultados;

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d) ter políticas e procedimentos para evitar envolvimento em
quaisquer atividades que poderiam diminuir a confiança na sua
competência, imparcialidade, julgamento ou integridade
operacional;
e) definir a estrutura organizacional a gerenciar o laboratório, seu
lugar na organização principal e as relações entre a gestão da
qualidade, operações técnicas e serviços de apoio;
f) especificar a responsabilidade, a autoridade e o inter-
relacionamento de todo o pessoal que gerencia, realiza ou verifica
trabalhos que afetem a qualidade dos ensaios e/ou calibrações;
g) prover supervisão adequada do pessoal de ensaio à calibração,
inclusive daqueles em treinamento, por pessoas familiarizadas
com os métodos e procedimentos, com a finalidade de cada
ensaio e/ou calibração, e com a avaliação dos resultados de
ensaio ou calibração;
h) ter gerência técnica que tenha responsabilidade total pelas
operações técnicas, pela provisão dos recursos necessários para
assegurar a qualidade requerida das operações do laboratório;
i) nomear um membro do seu quadro de pessoal como gerente da
qualidade (qualquer que seja a denominação) que,
independentemente de outros deveres e responsabilidades, deve
ter responsabilidade e autoridade definidas para assegurar que o
sistema de gestão, relacionado à qualidade, seja implementado e
seguido permanentemente; o gerente da qualidade deve ter
acesso direto ao mais alto nível gerencial, onde são tomadas as
decisões sobre as políticas e/ou recursos do laboratório;
j) designar substitutos para o pessoal-chave no nível gerencial, pois
algumas pessoas podem ter mais de uma função e pode ser
impraticável designar substitutos para cada função;
k) assegurar que seu pessoal esteja consciente da pertinência e
importância de suas atividades e de como eles contribuem para
alcançar os objetivos do sistema de gestic.

A alta direção deve assegurar que os processos adequados de

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comunicação sejam estabelecidos no laboratório, e que haja comunicação a
respeito da eficiência do sistema de gestão.

A norma tambem prevê a utilização de requisitos técnicos e diversos


fatores determinam a correção à confiabilidade dos ensaios e/ou calibrações.
Esses fatores realizados pelo laboratório incluem contribuições de:

fatores humanos: a direção do laboratório deve assegurar a


competência de todos que operam equipamentos específicos,
realizam ensaios e/ou calibrações, avaliam resultados e assinam
relatórios de ensaio e certificados de calibração. Quando for
utilizado pessoal em treinamento, deve ser feita uma supervisão
adequada. O pessoal que realiza tarefas específicas deve ser
qualificado com base na formação, treinamento, experiência
apropriados e/ou habilidades demonstradas, conforme requerido;
acomodações e condições ambientais: as instalações do
laboratório para ensaio e/ou calibração, incluindo mas não se
limitando a fontes de energia, iluminação e condições ambientais,
devem ser tais que facilitem a realização correta dos ensaios e/ou
calibrações;
métodos de ensaio e calibração, e validação de métodos: o
laboratório deve utilizar métodos e procedimentos apropriados
para todos os ensaios e/ou calibrações dentro do seu escopo.
Estes incluem amostragem, manuseio, transporte,
armazenamento e preparação dos itens a serem ensaiados e/ou
calibrados e, onde apropriado, uma estimativa da incerteza de
medição, bem como as técnicas estatísticas para análise dos
dados de ensaio e/ou calibração;
equipamentos: o laboratório deve ser aparelhado com todos os
equipamentos para amostragem, medição e ensaio requeridos
para a desempenho correto dos ensaios e/ou calibrações,
incluindo a amostragem, preparação dos itens de ensaios e/ou
calibrações, processamento e análise dos dados de ensaio e/ou
calibração. Nos casos em que o laboratório precisar usar

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equipamentos que estejam fora de seu controle permanente, ele
deve assegurar que os requisitos da Norma sejam atendidos;
rastreabilidade da medição: todo equipamento utilizado em
ensaios e/ou em calibrações, incluindo os equipamentos para
medições auxiliares (por exemplo, condições ambientais), que
tenham efeitos significativos sobre a exatidão ou validade do
resultado do ensaio, calibração, ou amostragem, devem ser
calibrados antes de entrar em servigo. O laboratório deve
estabelecer um programa e procedimento para a calibração dos
seus equipamentos;
amostragem: o laboratório deve ter um plano e procedimentos
para amostragem, quando ele realiza amostragem de
substâncias, materiais ou produtos para ensaio ou calibração
subsequente. Tanto o plano como o procedimento de
amostragem devem estar disponíveis no local onde a
amostragem é realizada. Os planos de amostragem devem,
sempre que viável, ser baseados em métodos estatísticos
apropriados. O processo de amostragem deve abranger os
fatores a serem controlados, de forma a assegurar a validade dos
resultados do ensaio e calibração.
manuseio de itens de ensaios e calibração: o laboratório deve ter
procedimentos para o transporte, recebimento, manuseio,
proteção, armazenamento, retenção e/ou remoção dos itens de
ensaio e/ou calibração, incluindo todas as providências
necessárias para a proteção da integridade do item de ensaio ou
calibração, e para a proteção dos interesses do laboratório e dos
clientes;
garantia da qualidade de resultados e ensaio e calibração: o
laboratório deve ter procedimentos de controle da qualidade para
monitorar a validade dos ensaios e calibrações realizadas. Os
dados resultantes devem ser registrados de forma que as
tendências sejam detectáveis e, quando praticável, devem ser

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aplicadas técnicas estatísticas para a análise crítica dos
resultados;
apresentação dos resultados: os resultados de cada ensaio,
calibração, ou séries de ensaios ou calibrações realizadas pelo
laboratório devem ser relatados com exatidão, clareza,
objetividade, sem ambiguidade e de acordo com quaisquer
instruções específicas nos métodos de ensaio ou calibração.

A leitura da norma pode ser requerida para um aprofundamento nos


requisitos da direção, e nos requisitos técnicos, para a obtenção da acreditação
do laboratório desejado no Brasil.

Se um cliente estiver usando um laboratório de calibração não


credenciado ou se o âmbito da acreditação de um laboratório de calibração
especial não cobrir totalmente as especificações de uma calibração exigida, o
cliente deve se assegurar de que o laboratório deva garantir que:

a cadeia de rastreabilidade, como descrito anteriormente, é


mantida corretamente;
exista um conceito para estimar a incerteza de medição geral e
que é aplicado corretamente;
o pessoal é bem treinado para realizar as atividades dentro de
suas responsabilidades;
procedimentos claros e válidos estão disponíveis na realização
das calibrações necessárias;
um sistema para lidar com erros é utilizado, e as operações de
calibração incluem controle estatístico de processo, como por
exemplo, o uso de gráficos de controle.

4.3.1 - LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO IN HOUSE (DE FÁBRICA)

Frequentemente, os serviços de calibração são fornecidos por


laboratórios de calibração de fábrica, que regularmente calibram o
equipamento de medição e ensaio, que são utilizados na empresa, por
exemplo, em uma instalação de produção, os seus padrões de referência são
rastreáveis a um laboratório de calibração acreditado ou um instituto nacional

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de metrologia.

Um sistema de calibração in house normalmente assegura que todos os


equipamentos de medição e teste usados dentro de uma empresa são
calibrados regularmente e atendem aos padrões de trabalho, especificados em
um laboratório de calibração credenciado. As calibrações realizadas na fábrica
devem garantir que os resultados obtidos com o equipamento de medição e de
teste sejam precisos e confiáveis. Isto significa que para calibração, os
seguintes elementos devem ser considerados:

a definição da incerteza da calibração in house deve ser


conhecida e levada em conta se as declarações de conformidade
devam ser realizadas. Por exemplo: critérios internos para
instrumentos de medição;
os funcionários devem ser treinados para realizar as calibrações
necessárias corretamente.
procedimentos claros e válidos devem estar disponíveis também
para calibrações in house.
um sistema para lidar com os erros, devem ser aplicados (por
exemplo, no quadro de um sistema de gestão da qualidade), e as
operações de calibração devem incluir um controle estatístico de
processo (por exemplo, o uso de gráficos de controle).

Para assegurar o funcionamento correto do equipamento de medição e


teste, um conceito e/ou instrução para a manutenção desse equipamento deve
existir. A operação de uma instalação de teste ou um laboratório de ensaio
requer uma variedade de diferentes prerrequisitos e medidas de apoio, a fim de
produzir resultados confiáveis de medições. O requisito mais importante é a
real execução dos métodos de ensaio que produzem os resultados. Todas as
vezes que o laboratório operar estes métodos de ensaio de uma forma hábil e
reprodutível, que requer não apenas boa educação e treinamento do operador
em todos os aspectos relevantes da realização de um método de teste, mas
também a verificação experimental de que a combinação específica de
operador, de amostra, equipamento e ambiente, possam produzir resultados de
qualidade conhecida e que se ajustam à sua finalidade.

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A hierarquia das normas e a consequente estrutura organizacional
metrológica para rastrear resultados de medição e teste dentro de uma
empresa até as normas nacionais, que são mostrados na figura a seguir, que
representa a hierarquia do processo para o estabelecimento de ensaio de
equipamentos de medição e o caminho necessário até a aceitação pelos
institutos nacionais de tecnologia.

Padrão de ensaio
Mantido por Finalidade
equipamentos

institutos nacionais de Disseminar os padrões


Normas Nacionais
Metrologia nacionais

Conectar padrões de trabalho às


padrões de laboratórios de
normas nacionais e /ou realizar
referência calibração acreditados calibrações para lab.de ensaio

serviços de calibração Executar serviços de calibração de


padrões de trabalho rotina, por ex.dentro da empresa
“in-house”

Equipamentos Executar serviços de medição e


laboratórios de ensaio
de medição ensaio

Os equipamentos utilizados por laboratórios de ensaio e calibração que


têm um impacto significativo na confiabilidade e incerteza de medição, devem
ser calibrados utilizando os padrões às normas nacionais com uma incerteza
conhecida.

Os organismos de acreditação que são membros do ILAC MRA exigem


laboratórios acreditados para garantir a rastreabilidade dos resultados dos
testes e/ou calibração. Os laboratórios acreditados sabem também qual é a
contribuição da incerteza derivada por meio da cadeia de rastreabilidade.
Quando a rastreabilidade não for possível, os laboratórios devem, pelo menos,
assegurar a comparabilidade dos seus resultados por métodos alternativos.
Isto pode ser feito quer por meio da utilização de materiais de referência
apropriados ou participando regularmente em testes de proficiência
apropriados, ou ainda, de comparações interlaboratoriais.

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4.3.2 - CALIBRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO

A calibração10 é uma operação que estabelece, em uma primeira etapa


e sob condições especificadas, uma relação entre os valores e as incertezas de
medição fornecidos por padrões, e as indicações correspondentes com as
incertezas associadas. Em uma segunda etapa, utiliza esta informação para
estabelecer uma relação visando à obtenção de um resultado de medição a
partir de uma indicação.

Uma calibração pode ser expressa por meio de uma declaração, uma
função de calibração, um diagrama de calibração, uma curva de calibração ou
uma tabela de calibração. Em alguns casos, pode consistir de uma correção
aditiva ou multiplicativa da indicação com uma incerteza de medição associada.

É comum e importante que os laboratórios de teste mantenham e


controlem os seus instrumentos de teste, seus sistemas de medição, de
referência e os padrões de trabalho. Os Laboratórios que trabalham de acordo
com a ISO / IEC 17025, bem como a série de normas ISO 9001, devem
manter e calibrar os seus instrumentos de medição, de referência e padrões de
trabalho regularmente de acordo com procedimentos bem definidos.

Os programas de calibração devem ser estabelecidos para quantidades


ou valores-base dos instrumentos, onde essas propriedades têm um efeito
significativo sobre os resultados. Sempre que possível, todos os equipamentos
sob o controle do laboratório de calibração devem ser rotulados, codificados,
ou identificados para indicar o estado de calibração, incluindo os dados da
última calibração e a data ou critério de validade quando é realizada a
recalibração.

Dentro dos critérios esperados de qualidade para controle de


monitoramento e medição, a ABNT NBR ISO 9001:2008, em seu texto indica
que quando for necessário assegurar resultados válidos, o equipamento de
medição deve ser calibrado ou verificado a intervalos especificados ou antes do
uso, dentro das especificações dos padrões de medição rastreáveis, padrões
de medição internacionais ou nacionais.

10INMETRO. Vocabulário Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM
2008). 1. ed. Brasileira. Rio de Janeiro, 2009.

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No quadro dos programas de calibração de seus instrumentos de
medição e de referência e padrões de trabalho, os laboratórios terão que definir
o tempo que deve ser permitido entre calibrações sucessivas dos instrumentos
de medição utilizados, e quais as referências ou padrões de trabalho, a fim de:

confirmar que não houve qualquer desvio do instrumento de


medição que podem introduzir dúvidas sobre os resultados
entregues no período decorrido;
assegurar que a diferença entre um valor de referência e o valor
obtido por meio de um instrumento de medição está dentro dos
limites aceitáveis, considerando as incertezas de ambos os
valores;
assegurar que a incerteza que pode ser alcançada com o
instrumento de medição está dentro dos limites esperados.

Um grande número de fatores pode influenciar o intervalo de tempo a


ser definido entre calibrações e devem ser levados em conta pelo laboratório.
Os fatores mais importantes são geralmente:

as informações fornecidas pelo fabricante;


a frequência de uso e as condições em que o instrumento é
usado;
o risco do instrumento de medição operando fora da tolerância
admitida;
consequências que podem surgir a partir de medições imprecisas
(por exemplo, custos de falhas na linha de produção ou aspectos
da responsabilidade legal);
o custo das ações corretivas necessárias em caso de se afastar
da tolerância admitida;
as condições ambientais, tais como, por exemplo, condições
climáticas, vibrações, radiações ionizantes etc.;
dados de tendência obtidos, por exemplo, a partir de registros de
calibração anterior ou o uso de gráficos de controle;
história registrada de manutenção e reparação;
incerteza de medição requerida ou declarada pelo laboratório.

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Estes exemplos mostram a importância de estabelecer uma definição
clara para a manutenção de instrumentos de teste e sistemas de medição. Esta
definição deve conter a definição dos intervalos de calibração, pois é um
aspecto importante a considerar. Para otimizar os intervalos de calibração, os
resultados estatísticos estão disponíveis, por exemplo, na utilização dos
gráficos de controle, e em comparações interlaboratoriais.

Em muitas áreas, é muito importante que os resultados de medição, por


exemplo, produzidos por laboratórios de ensaio, possam ser comparados com
outros resultados produzidos por outras partes em outro momento, utilizando
métodos diferentes. Isso só pode ser alcançado se as medidas forem baseadas
em equivalentes realizações físicas das unidades. A rastreabilidade dos
resultados e a utilização de valores de referência, que vão de encontro a
padrões primários, são itens que caracterizam a competência de um
laboratório.

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METROLOGIA DIMENSIONAL – INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

5.1 - METROLOGIA, CONTROLE E MEDIÇÃO

A metrologia se propõe a estabelecer, medir e comparar todas as


grandezas. Dentre elas, particularmente estudamos as dimensões lineares e
angulares. Nenhum processo de produção que desenvolva medidas que
devam ser confrontadas com o padrão, o fazem de forma perfeita, restando
sempre a definição e o controle das incertezas inerentes ao processo, e aos
próprios instrumentos de medição.

Nestes casos, o controle deve ser exercido sobre os equipamentos de


medição, bem como sobre as medidas necessárias ao processo. Tendo como
finalidade precípua, identificar o grau de incerteza para estabelecer novos
parâmetros e procedimentos, para que este, se estiver aquem do desejado,
seja ajustado, permitindo um ganho para a organização e para o cliente.

Os controles devem ser exercidos em todo o caminho do processo


produtivo, nas ferramentas, equipamentos, e devem funcionar como
indicadores, permitindo ao gestor a tomada de decisão para a correção do
processo produtivo, identificando desgastes, desregulagens, se necessário.

O conceito de medir traz em si uma ideia de comparação, confrontar


duas medidas. Devemos sempre comparar medidas de mesma espécie, temos
assim, para medição, a seguinte definição: “Medir é comparar uma dada
grandeza com outra da mesma espécie, tomada como unidade”. Algumas
medidas não se enquadram perfeitamente na definição acima, entretanto, a
mesma serve de base que fundamenta a metrologia.

Entende-se por unidade, um determinado valor em função do qual outros


valores são enunciados. Assim, quando falamos em unidade de medida,
estamos falando de uma grandeza escalar real, definida e adotada por
convenção, com a qual qualquer outra grandeza do mesmo tipo pode ser
comparada para expressar, na forma de um número, a razão entre as duas
grandezas. Usando-se a unidade quilograma, pode-se dizer, por exemplo, que
a massa utilizada para a realização do pão é de 1 kg. A unidade é fixada por

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definição e independe do prevalecimento de condições físicas, como
temperatura, umidade, pressão etc.

O padrão, como já vimos, é a representação da unidade; é influenciada


por condições físicas, podendo-se mesmo dizer que é a materialização da
unidade, somente sob determinadas condições, que devem estar sob controle
e dentro de uma incerteza aceitável. O quilo padrão, metro padrão, e outros
têm seus valores determinados dentro de uma pressão específica,
temperaturas, umidade e outros que se alterados alteram tambem o padrão.

5.2 - MÉTODO DE MEDIÇÃO

É a descrição genérica da organização lógica de operações utilizadas na


realização de uma medição. Os métodos de medição podem ser qualificados
de vários modos, como:

método de medição por substituição;


método de medição diferencial;
método de medição “de zero”.

ou

método de medição direta;


método de medição indireta.

a) Medição Direta

Consiste em avaliar a grandeza a medir, por meio da comparação direta


com instrumentos, aparelhos e máquinas de medir. Esse método é utilizado
quando existe referência padrão. Por exemplo, peças que são modelos para
outras peças e servem de base de comparação.

b) Medição Indireta

Uma medição indireta compreende uma combinação de medições


diretas, em que cada uma delas pode ser afetada por grandezas de influência.
Medir por comparação é determinar a grandeza de uma peça com relação à
outra, de padrão ou dimensão aproximada; daí a expressão medição indireta.

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5.3 - INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E SISTEMAS DE MEDIÇÃO

São dispositivos utilizados para realizar medições individualmente ou


associados a um ou mais dispositivos suplementares. Um instrumento de
medição que pode ser utilizado individualmente é um sistema de medição. Um
instrumento de medição pode ser um instrumento de medição indicador ou uma
medida materializada.

A exatidão das medidas depende da qualidade dos instrumentos de


medição empregados. Assim, a realização de uma medida com um instrumento
defeituoso resultará em resultado duvidoso. Para a tomada de uma medida, é
indispensável que o instrumento esteja aferido e que a sua aproximação
permita avaliar a grandeza com a precisão exigida.

Instrumento de medida ou medidores são aparelhos, normalmente


compostos de vários elementos, que são capazes de nos indicar a quantidade
de uma grandeza existente ou em fluxo. Essa grandeza escalar ou vetorial é
medida em um meio e em um instante específico, utilizando uma unidade
apropriada, e sempre com uma determinada incerteza de medição.

O sistema de medição é um conjunto de um ou mais instrumentos de


medição e, frequentemente, outros dispositivos, compreendendo, se
necessário, reagentes e insumos, montados e adaptados para fornecer
informações destinadas à obtenção dos valores medidos, dentro de intervalos
especificados para grandezas de tipos especificados.

5.4 - DISPOSITIVOS DE MEDIÇÃO

Verificaremos as características de alguns dispositivos de medição


dimensional que utilizam escalas lineares e que atendem às necessidades dos
sistemas produtivos.

5.4.1 - SELEÇÃO DE DISPOSITIVOS DE MEDIÇÃO

Ao selecionar um dispositivo para a realização de uma medição,


devemos considerar qual a tolerância necessária para a realização dessa
medição. A exatidão da medida poderá resultar no sucesso ou no fracasso da

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medida. Solicitações diferentes podem necessitar de precisões diferentes.

O instrumento ideal para cada caso deve ter uma medida ou resolução
que permita uma leitura da décima parte do campo de tolerância da peça, e
como especificação mínima a quinta parte.

5.4.2 - FONTES DE ERROS NA MEDIÇÃO

De acordo com Orrego et al (2000)11, em seu texto destaca que possam


existir, de forma comum às medições, quatro tipos de erros, a saber:

1. erros relacionados com a estratégia de medição: número de


pontos e dispersão destes sobre a superfície da peça;
2. erros derivados da influência das propriedades da peça a ser
medida: principalmente de erros de forma, rugosidade e peso;
3. erros devidos às deformações induzidas na máquina pelas
variações e os gradientes de temperatura;
4. erros dinâmicos devido à vibrações.

A realização de medições é feita sob temperatura controlada. A


temperatura de referência é de 20 oC para todos os países integrantes da
convenção. Assim, se a temperatura se altera, a peça poderá se contrair ou se
expandir. Entretanto, existe a possibilidade de mesmo que as medições sejam
feitas em ambientes onde a temperatura não possa ser controlada, que ela seja
corrigida por meio de cálculo matemático que considera o coeficiente de
expansão térmica do material.

Para evitar erros na medição em peças cilíndricas ou esféricas, devemos


sempre buscar uma superfície de contato comum a ambos, à peça e ao
instrumento de medida, para se ter um plano único de medida.

Quando os traços de uma escala principal e outra secundária estiverem


em planos diferentes, dependendo da posição de leitura, poderemos obter
leituras diferentes, traduzidas em erro, a esse erro chamamos de erro de
paralaxe. Para evitar esse erro, devemos sempre realizar a leitura
perpendicularmente às escalas.

11
ORREGO, Roxana Martinez. Fontes de Erros em Metrologia a Três Coordenadas: considerações gerais. Artigo
publicado na REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA. v. 8, n. 16 – pp. 43-56, 2000.

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O estado de conservação do instrumento e a habilidade do operador
também são fontes de erros. Uma régua graduada que esteja suja de algum
material poderá resultar em leituras disformes, bem como a falta de habilidade
do operador em conhecer, por exemplo, o erro de paralaxe, ocasionará erro na
leitura do instrumento.

5.4.2 - RÉGUA GRADUADA OU ESCALA

Régua é um dispositivo linear de lados retos, destinada a traçar linhas, e


na metrologia, escala é o conjunto ordenado de marcas, associada a qualquer
numeração ou sequências contínuas, que faz parte de um dispositivo
mostrador de um instrumento de medição.

Grande parte de nossos equipamentos e medidas solicitadas ainda


estão no sistema inglês. Muitos dispositivos de medição integram, além do
metro, também uma escala em polegadas e frações. Assim, para que seja
completa e tenha caráter universal, deverá ter graduações do sistema métrico e
do sistema inglês. A representação no sistema métrico equivale a graduação
em (mm), representando 1/1000 do metro e no sistema inglês representará 1” =
1/36 da jarda.

A escala ou régua graduada é construída de aço, tendo sua graduação


inicial situada na extremidade esquerda. É fabricada em diversos
comprimentos e tem diversos modelos para diversos usos. A régua
apresentada a seguir tem resolução de 1,0mm e em polegadas de 1”/16 in.

1”/2 Graduação 4 1”/2


Face

127mm Borda 60mm

Seguindo os parâmetros de seleção do dispositivo de medição, a

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resolução apresentada pela régua é de 1 mm. Assim, a leitura deverá
possibilitar 1/10 do mm como limite do campo de tolerância da peça. Se
considerarmos como exemplo uma peça com tolerância de 1 mm (campo de
tolerância = 2mm), podemos concluir que um instrumento com leitura de 0,2
mm seria ideal, entretanto, outro com leitura de 0,4mm seria aceitável.

Existem réguas para os mais diversos usos, entre eles podemos citar:

Régua de encontro interno/externo que permite o ajuste à face


interna/externa por meio de um dispositivo de contenção, com leituras na parte
interna ou externa ao dispositivo. São muito úteis quando necessitamos de um
apoio complementar para ajustar a medição, ou quando não temos a visão
adequada do ponto inicial da medição.

Régua de medição de profundidade é utilizada para realizar a medição


de produndidade de peças, ou o rasgo das peças.

Considerando que a leitura da régua é direta, o valor lido é o resultado


da leitura, quando os cantos da peça não coincidem com algum traço da
escala, poderemos estimar a metade do valor de uma divisão. Assim, se não
conseguirmos decidir se o canto está na marca de 30 ou na marca 31 mm,
devemos considerar a leitura final 30,5 mm.

5.4.3 - PAQUÍMETRO

Utilizado para a medição de peças, medições externas e internas de


profundidade quando a quantidade não justifica um instrumental específico e a
precisão requerida não é menor de 0,02mm, 1′′/128 in. É um instrumento de
medição que utiliza o princípio do “Nônio” ou “Vernier”.

O Nônio ou Vernier é um dispositivo que aumenta a sensibilidade de


uma escala ao subdividir sua menor divisão. O nônio tem dez espaços entre as
linhas verticais, assim, ele divide por dez o milímetro (décimo de milímetro) que
é a menor divisão da escala principal. Na metrologia, este princípio é usado em
vários instrumentos de medição, dentre eles: paquímetro, micrômetro e
goniômetro.

A figura a seguir apresenta o paquímetro que é composto basicamente

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de duas peças, a régua e o cursor.

Na régua temos a escala principal e no cursor temos a escala


secundária representada pelo nônio ou vernier. A escala secundária está
dividida em partes menores, correspondente a (n-1) do que a menor divisão da
escala principal. No paquímetro da figura acima, o nônio para milímetros é igual
a 10, assim a resolução do paquímetro será igual a B (resolução do nônio) = A
(resolução da escala principal)/n(número de divisões do nônio), que neste caso
é igual a 10. Assim, temos 1 mm / 10 = 0,1mm.

Na figura a seguir exemplificamos o cálculo com uma escala secundária


com 20 traços, perceba que não são as marcas inteiras na escala do nônio que
devem ser consideradas e sim a sua precisão.

Existem muitos tipos de paquímetros, como vimos podem apresentar

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escalas em milímetros e polegadas, assim para uma mesma leitura podem
apresentar resultados de medição diversos, pois apresentam diferenças. Para
a realização da leitura, a indicação do valor fornecido pelo paquímetro com os
dois tipos de escala deve ser realizada da seguinte forma: a) ler sempre do
zero da escala principal ao zero do nônio e b) verificar qual o traço do nônio
coincide com um traço da escala principal. Veja o exemplo a seguir:

Escala principal = 15,00

Escala secundária = 0,40

No caso do paquímetro e outros instrumentos, além do erro de paralaxe,


devemos considerar também o erro pela aplicação excessiva de pressão,
ambos são considerados erros subjetivos, na utilização do equipamento. É
aquela pressão que é necessária para se fazer deslizar o cursor sobre a régua
sem que ele fique deformado ou inclinado, impedindo de se realizar uma leitura
correta. Por outro lado, um cursor muito duro elimina completamente a
sensibilidade do operador.

Nesta classe, ainda no final do século XIX, Ernst Abbe (1840-1905) e


Carl Zeiss (1816-1888), quando faziam estudos para desenvolvimento de
sistemas ópticos de alta precisão, e como resultado de erros observados,
confirmados nos resultados obtidos no fábrico de microscópios, propuseram
um princípio – mais tarde conhecido por Princípio (ou Erro, ou erro de seno) de
Abbe. Esse Princípio – inicialmente aplicado a sistemas ópticos – pode ser
enunciado como: – para evitar um erro adicional, o sistema de medição deve
estar coaxial com o eixo do elemento em medição. O termo erro de seno indica
que o mecanismo de erro ocorre devido ao movimento angular da guia, que
possui um braço de alavanca fora desta guia e caracteriza o deslocamento de
Abbe.

Devem também ser considerados os chamados erros objetivos, que


são aqueles que têm relação com o instrumento e divide-se em erros devido ao

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estado das superfícies de medição, também nomeados de planeza, e o erro de
paralelismo de superfícies de medição.

A figura a seguir apresenta como devemos posicionar o paquímetro para


a realização de leitura com um mínimo de erros, ocasionados pelo operador ou
por algum problema no equipamento.

O valor da resolução define o grau de erro máximo característico do


paquímetro. No caso do tipo milimétrico, podemos ter: 0,1 mm; 0,05 mm e 0,02
mm, e para o tipo polegada podemos ter 1/128” e 0,001”.

Existe uma diversidade muito grande na configuração dos paquímetros,


listamos a seguir alguns deles:

paquímetro universal: modelo convencional e padrão que tem


possibilidade de medição, pois tem acesso à quatro lugares de
medição;
paquímetro com superfície de medição de metal duro. possui
pastilhas de metal duro nos bicos para a realização de uma
quantidade muito grande de medições;
paquímetro com ajuste fino: possui um dispositivo extra de

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ajuste que permite a movimentação lenta do cursor para ajuste
das medidas;
paquímetro prismático: alinha em um mesmo plano as escalas
principais e secundárias por meio de um canal em forma de
prisma, tornando o conjunto mais firme;
paquímetro com relógio de leitura: os cursores movimentam-se
por meio de uma cremalheira, o que permite um sistema de leitura
com o ponteiro giratório;
paquímetro com leitura por relógio e contador mecânico: a
leitura é feita no contador mecânico e a leitura complementar no
relógio;
paquímetro para serviços pesados: possui um corpo mais
robusto, a medição interna é feita com bicos reforçados no lugar
das convencionais;
paquímetros para medição de profundidade: no lugar do bico
de medição possui um apoio especial para apoiar na peça e
realizar a medição;
paquímetro para a medição de materiais moles: possui um
dispositivo que permite ajustar a pressão de medição do cursor;
paquímetro com leitura digital eletrônica: possui maior
precisão, pois evitam o erro de paralaxe, tornando possível
leituras da ordem de 0,01 e 0,0005”.
paquímetro com bico de medição articulado: o bico possui
articulação de até 90º de movimentação para medição entre faces
de diâmetros diferentes;

Não devemos nos esquecer que o equipamento paquímetro deve ser


mantido em perfeito estado de conservação, sob pena de não o fazendo
ocasionar erros grosseiros de leituras.

5.4.4 - TRAÇADOR DE ALTURAS

O traçador de alturas é um instrumento de medição que se propõe a


realizar medições de alturas. Entretanto, faz isso de forma muito precisa, pois

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está mantido sobre uma base e possui o mesmo princípio de medição do
paquímetro.

São inúmeras as aplicações para os traçadores de altura, desde simples


medições de degraus até sofisticadas aplicações 2-D, como diâmetros internos,
são ideais para peças com tolerância uni ou bidimensional que exigem alta
precisão. Um uso básico para um traçador de altura seria uma amostragem de
medição de peças produzidas, a fim de garantir que elas estejam dentro da
tolerância estabelecida.

Até os anos 1970, os traçadores eram pouco sofisticados e atendiam


com esforço dos operadores os requisitos de medição. Eram medidores com
relógios que começaram a surgir como instrumentos de leitura simplificada. Os
anos 1980 foram uma época de desenvolvimento tecnológico, nesse momento,
aparecem os primeiros traçadores de altura eletrônicos. Diferentes dos
traçadores com relógio, em que se opera o equipamento e lê-se o resultado
apontado pela seta, ferramentas de leitura eletrônica realizam a medição
precisa de um material e a enviam para uma tela LCD.

Régua graduada
(escala principal)

Ajuste fino Traçador


com leitor
Trava do cursor digital
Presilha
Lente de aumento

Cursor
Base

De forma análoga ao paquímetro na régua temos a escala principal, e no


cursor temos a escala secundária representada pelo nônio ou vernier. A escala
secundária está dividida em partes menores, correspondente a (n-1) do que a

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menor divisão da escala principal. Se no traçador o nônio para milímetros é
igual a 20, a resolução do traçador será igual a B (resolução do nônio) = A
(resolução da escala principal) / n (número de divisões do nônio), que neste
caso é igual a 20. Assim, temos 1 mm / 20 = 0,05mm.

Escala principal = 1,00

Escala secundária = 0,00

No exemplo apresentado acima, a escala principal registra 1,00 mm e o


nônio registra 0,00mm, pois o zero do nônio coincide com o valor da medida da
escala principal.

Existem muitos tipos de traçadores, e estes apresentam escalas em


milímetros e polegadas, assim para uma mesma leitura podem apresentar
resultados de medição diversos, pois apresentam diferenças. Para a realização
da leitura, a indicação do valor fornecido pelo traçador com os dois tipos de
escala deve ser realizada da seguinte forma: a) ler sempre do zero da escala
principal ao zero do nônio e b) verificar qual o traço do nônio coincide com um
traço da escala principal.

O valor da medida define o grau de erro máximo característico do


instrumento. Quanto ao valor da resolução, os traçadores podem ser em
milímetros com resoluções de 0,1mm, 0,05mm e 0,02mm. Os traçadores em
polegadas têm resolução de .001” e .0005”. O valor da resolução do traçador
de medidas varia em função da resolução do traçador e do comprimento
medido. A ABNT NBR 11309 apresenta os valores relativos aos erros de
indicação e erros absolutos de medição para o traçador de alturas.

Erros de indicação para o traçador de altura

CAPACIDADE LEITURA
Acima de Até Resolução de 0,05 mm Resolução de 0,02mm

0 ± 0,05 ± 0,02-± 0,03

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0 200 ± 0,05 ± 0,02-± 0,03

200 400 ± 0,08 ± 0,04

400 600 ± 0,10 ± 0,05

600 800 ± 0,12 ± 0,06

800 1000 ± 0,15 ± 0,07

Erros absolutos de medição para o traçador de altura

CAPACIDADE LEITURA
Acima de Até Resolução de 0,05 mm Resolução de 0,02mm

>0 ≤ 200 ± 0,08 ± 0,05

>200 ≤ 300 ± 0,10 ± 0,06

>300 ≤ 600 ± 0,13 ± 0,08

>600 ≤ 1000 ± 0,18 ± 0,10

Existem diversos traçadores de alturas que são também utilizados para


medição, procurando facilitar o procedimento e o acesso à medição, dentre
eles citamos:

traçador de alturas com escala principal ajustável: tem um


dispositivo para deslocar a escala principal, a fim de facilitar o
ajuste na troca de ponta;
com escala principal fixa: possui ajuste fino por meio da
movimentação do nônio, permitindo que seja realizada a
regulagem do zero de referência;
com leitura por escala e relógio: o relógio complementa a
leitura da escala principal, movimenta-se como no caso do
paquímetro por uma cremalheira e engrenagens;
com leitura digital eletrônica e com leitura por relógio e
contador mecânico são análogos aos paquímetros de mesmo
tipo de dispositivos acima.

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Os procedimentos de limpeza e conservação também devem ser
prezados para uma boa leitura do traçador de alturas. Não podemos esquecer
que a base do traçador deve estar perfeitamente alinhada e ajustada e sem
quaisquer imperfeições que possam dar origem a leituras com erro.

5.4.5 - MICRÔMETRO

Patenteado por Jean Louis Palmer em 1948, o micrômetro é um


instrumento de medição que utilizava o princípio do sistema parafuso e porca, e
permitia a aproximação de centésimos de milímetro (0,01mm). Ele foi
aperfeiçoado e possibilita medições mais precisas, um instrumento de medição
variável que permite leitura direta com aproximações de 0,01mm a 0,001mm.

É um instrumento pouco versátil, sua faixa de medida está restrita a uma


polegada, também há uma perda de tempo relativamente grande nas tarefas
de ajuste e de aproximação da medida a ser tomada.

A figura a seguir representa um micrômetro, suas partes integrantes e


sua nomenclatura.

O arco, também chamado de estribo, apresenta a forma aproximada de


um “C” de seção retangular. É constituído de aço especial ou fundido, tratado
termicamente para eliminar tensões internas. O arco normalmente possui
placas isolantes embutidas ou superpostas (isolamento térmico), de
preferência aparafusadas para permitir fácil substituição, e com a finalidade de
não transmitir calor proveniente das mãos do operador. Ainda é recoberto por
uma camada de verniz especial ou tinta congênere para reduzir ainda mais a

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transmissão de calor.

Os contatos fixo e móvel e faces de medição ou contato, são as


superfícies que estarão em contato com a peça para a realização da medição.
O fuso é uma das peças mais importantes do micrômetro, fica no centro do
instrumento. A trava micrométrica permite a fixação ou o travamento por meio
de um anel rotativo ou alavanca de travamento do parafuso micrométrico,
que é a peça vital para o instrumento, é constituída de aço liga temperado ou
aço inoxidável, retificado para garantir exatidão do passo da rosca. A bucha
interna envolve o fuso e serve para ajustar o atrito entre o fuso e o tambor. A
catraca é um dispositivo que atua sobre o parafuso micrométrico, permitindo
uma força de medição constante e limitada à especificação.

Para obtermos a resolução do micrômetro, devemos entender como ele


realiza uma medição. Considere a figura a seguir, onde temos um parafuso
com rosca, o passo é representado pelo deslocamento de uma volta completa
da rosca, caracterizando a menor divisão da escala principal.

A resolução do micrômetro quando ele apresenta nônio é o menor valor


de deslocamento que pode ser medido. Assim temos:

Se o micrômetro não apresentar nônio, o número de divisões deve ser


considerado igual a 1, restando o valor de uma divisão do tambor como
resolução. Para a realização de uma medição, devemos ter como referencial as
marcas na bainha, e considerar o valor do traço do tambor que coincidir com a
bainha. Se tivermos ainda a utilização do nônio, devemos verificar o traço do
nônio que coincide com o traço do tambor para a realização da leitura. Assim,
se um micrômetro tem passo de 0,5 mm, tambor com 50 divisões e nônio com

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10 divisões, a resolução será de 0,5 / 50 x 10 = 0,001mm.

Considere a figura a seguir, que representa o micrômetro até a escala


milesimal (nônio) e realize a leitura.

Escala do tambor(entre 0,300 e 0,310)= 0,300


Medida complementar (Nônio= 0,008)

Escala dos mm da bainha = 5,000


LEITURA FINAL= 5,808 mm
Escala dos meios mm da bainha = 0,500

Como podemos observar, o princípio do nônio no micrômetro é


equivalente ao estudado no paquímetro e no traçador de alturas. Podemos
perceber também, que a escala do nônio é representada por 10 divisões e os
critérios para a leitura são os mesmos.

Verifique também que poderemos ter micrômetros sem o nônio e sua


precisão é caracterizada pelo tipo milimétrico de 0,01 mm, com o nônio é de
0,001 mm como no exemplo anterior.

As considerações de erro do micrômetro correspondem ao desvio


máximo entre a medição real e aquela realizada pelo instrumento. Suas
principais fontes de erros são os erros objetivos, aqueles que são próprios do
instrumento de medida, alguns deles já explanamos em itens anteriores e
outros são autoexplicativos, e são:

planeza é o erro devido ao estado das superfícies de contato;


erro de paralelismo existente entre as superfícies de contato;
erro de passo do parafuso micrométrico;
erro de leitura do ajuste do zero;
erro de deflexão do arco;
erro de perpendicularismo entre as superfícies de medição e o

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eixo do parafuso micrométrico;
erro devido à pressão de medição.

Existem diversos tipos de micrômetros que atendem uma enorme gama


de necessidades das indústrias, a maioria deles utiliza o princípio da rosca
micrométrica e tem amplitude de 25 mm, variando o tamanho do arco. Em
micrômetros acima de 25 mm são utilizadas hastes padrão. Apresentamos a
seguir alguns tipos de micrômetros.

Micrômetro para medição externa: é o micrômetro que realiza a


medição padrão. Existem diversos modelos, do tipo arco, do tipo
batente, do tipo pontas de medição, para a medição de furos,
ponta do tipo paquímetro e outras variantes;
Micrômetro para medição interna: é utilizado para a realização
de medidas internas de peças e elementos. Podem ser do tipo
cilíndrico ou tubular;
Micrômetro para medição de profundidade: é composto de uma
cabeça micrométrica acoplada a uma base plana com superfície
de apoio lapidada. Dois são os tipos: com hastes únicas e com
hastes intercambiáveis;
Micrômetros especiais: são micrômetros projetados para
atender necessidades específicas, como por exemplo, a medição
de roscas, que possui elementos especiais para a medição
interna e externa de roscas. Micrômetros para a medição de
entalhes internos, utilizados para a medição de distâncias entre
as faces de canais internos. Existem outros ainda tais como,
micrômetro de trabalho seriado, micrômetro para medição de
materiais moles, micrômetros de arco raso, micrômetros de
dentes de engrenagem e outros.

Alguns cuidados especiais devem ser observados para se evitar erros e


o bom desempenho dos equipamentos, entre estes podemos considerar evitar
choques, quedas, arranhões e sujeira, não realizar medições de peças fora da
temperatura ambiente, não medir peças em movimento e não forçar o
micrômetro.

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5.4.6 - RELÓGIO COMPARADOR

O relógio comparador é um instrumento de medição de precisão e


sensibilidade, é utilizado na verificação de medidas, superfícies planas,
concentricidade, paralelismo e para a realização de medidas diretas.
Transforma deslocamentos lineares de um fuso móvel por meios mecânicos,
em deslocamentos circulares de um ponteiro que se move sobre um mostrador
com graduação uniforme circular em 360º.

Para a sua utilização, deve sempre estar associado a um dispositivo de


fixação e posicionamento, tais como mesas de medição, suportes e outros. Por
sua elevada precisão e versatilidade, o relógio pode ser usado medindo ou
comparando diversas formas de peças.

A figura a seguir apresenta um relógio comparador e seus diversos


elementos.

Da figura anterior destacamos os seguintes elementos: o limitador de


tolerância tem a função de indicar os limites mínimos e máximos de uma
especificação; o parafuso de fixação do aro serve para fixar na posição zero
o ponteiro principal; a haste é o mecanismo que transmite o movimento linear e

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a ponta de contato, que é intercambiável, é rosqueada na haste, apalpa a
peça, movimentando o sistema de medição.

Seu funcionamento parte do seguinte princípio: a ponta apalpadora fica


em contato com a peça. A diferença de medida da peça provoca um
deslocamento retilíneo da ponta, transmitido por um sistema de amplificação ao
ponteiro do relógio. A posição do ponteiro no mostrador indica a leitura da
medida.

A resolução está ligada ao grau de ampliação do deslocamento que


experimenta a ponta de contato no processo de medição. Uma volta completa
do ponteiro, corresponde a um certo valor de movimento do fuso. A volta é
angularmente dividida em frações iguais, e o valor entre cada um deles é o
valor de leitura do relógio.

O relógio centesimal é aquele que é mais utilizado onde cada 1 mm de


deslocamento do fuso (o deslocamento se dá no sentido vertical) corresponde
a 1 volta do ponteiro. Verifique também que a volta é dividida por 100 ficando
com 100 partes iguais com cada divisão valendo 0,01 mm. Entretanto, se o
cursor do fuso for maior que uma volta, aciona-se automaticamente o relógio
menor que contará o número de voltas.

Os relógios apresentam uma dupla graduação, uma em sentido horário e


outra em sentido anti-horário, dependendo da definição entre a ponta de
contato e o ponto inicial de medição. Definindo o ponto inicial, a leitura é
realizada no contador de voltas para então considerar-se o ponteiro principal.
Verifique as indicações na figura a seguir.

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Para realizar uma medida com um relógio comparador, devemos ajustar
o zero com blocos padrão na medida de 100,00 mm, para então realizar a
medida. A medida efetiva é determinada com a soma da medida do bloco
padrão acrescida do valor da medição realizada. O relógio comparador não
fornece uma medida absoluta e sim uma medida que pode ser comparada a
uma grandeza padrão (exemplo: comprimento, tempo, massa – comprimento
de uma barra e outras).

Como o próprio nome indica, o relógio comparador mede por


comparação e medir por comparação é determinar a grandeza de uma peça
com relação à outra de um padrão de dimensão aproximada, daí o nome
medição indireta ou diferencial. A medição de uma peça pode ser realizada
contra uma peça padrão, como é feito para zerar o relógio comparador com o
bloco padrão. Assim, a dimensão da peça é representada pela dimensão
padrão ± à diferença encontrada.

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Relógio comparador – medição direta Relógio comparador – medição indireta

As figuras acima apresentam as duas formas de realizar a medição com


o relógio comparador. A medição direta proporciona uma leitura direta da peça
no valor de 7,71 mm, enquanto que para a medição indireta a medida é
confrontada com o padrão que mede 10,00 mm. Como a medição foi realizada
na mesma peça, os resultados são iguais. Quando medimos contra um padrão
da peça, obteremos leituras diferentes em função da incerteza da medição.

A comparação das diferenças entre a peça e o padrão aplica-se a


dimensões lineares e formas geométricas. Em um cilindro controlamos o
diâmetro, o comprimento, a excentricidade e a curvatura.

A principal fonte de erros de um relógio comparador é o desgaste de


seus componentes. A norma estabelece valores máximos admissíveis para os
diferentes parâmetros de calibração, conforme a resolução e o curso máximo
de medição.

Os relógios comparadores são dispositivos elaborados para serem


fixados a outros dispositivos, máquinas ou outros instrumentos, e integram uma
grande variedade de tipos que se agrupam em:

tamanho do mostrador;
mecanismos e estrutura;

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posição do fuso que se dividem em convencional e tipo vertical,
leitura e curso do fuso, são do tipo com curso morto, e especiais.

Para a escolha de um relógio comparador, devemos considerar o


tamanho, pois existem relógios de tipos e dimensões diferentes que podem se
ajustar mais facilmente ao processo de medição em sua adaptação às
máquinas e equipamentos. Para a escolha do curso, deverá ser considerado o
campo de variação. A leitura é determinada pelo campo de tolerância
especificado na peça e o tipo em função das necessidades de medição.

5.4.7 - GONIÔMETRO

A técnica da medição não visa somente descobrir o valor de trajetos, de


distâncias, ou de diâmetros, mas se ocupa também da medição dos ângulos.

O sistema sexagesimal divide o círculo em 360 graus, e o grau em


minutos e segundos. É este o sistema frequentemente utilizado em mecânica.
A unidade do ângulo é o grau. O grau se divide em 60 minutos, e o minuto se
divide em 60 segundos. Os símbolos usados são: grau (º), minuto (') e segundo
(").

Além desses itens iniciais, devemos realizar uma revisão nos tipos de
ângulos que podem ser obtidos, suas propriedades e a realização de
operações com ângulos, dadas as características do instrumento de medição
estudado.

O goniômetro é um Instrumento que serve para medir ou verificar


ângulos. Um goniômetro é um instrumento de medida em forma semicircular ou
circular, graduada em 180º ou 360º, utilizado para medir ou construir ângulos.
Entre os goniômetros está o transferidor, um semicírculo de plástico
transparente ou um círculo graduado utilizado para medir ou construir ângulos.

Nos goniômetros de precisão, o vernier (nônio) apresenta 12 divisões à


direita e à esquerda do zero do nônio. Se o sentido da leitura for à direita, usa-
se o nônio da direita; se for à esquerda, usa-se o nônio da esquerda.

Na figura a seguir, temos um goniômetro de precisão. O disco graduado


e o esquadro formam uma só peça, apresentando quatro graduações de 0º a

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90º. O articulador gira com o disco do vernier, e em sua extremidade há um
ressalto adaptável à régua.

Para usos comuns, em casos de medidas angulares que não exigem


extremo rigor, o instrumento indicado é o goniômetro simples (transferidor de
grau). Em todo tipo de goniômetro, o ângulo reto (90º) apresenta 90 divisões.
Daí concluímos que cada divisão equivale a 1º (um grau). Assim, cada divisão
do nônio é menor que 5’ do que duas divisões do disco graduado, uma vez que
a aproximação é representada pelo menor valor do disco graduado 1º ou 60’
divididos pelo número de divisões do nônio e que resultam em 5’.

Para a realização da leitura do goniômetro, devemos ler os graus inteiros


na graduação do disco com o traço zero do nônio. O sentido da leitura tanto
pode ser da direita para a esquerda, como da esquerda para a direita.

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No exemplo acima no disco graduado, temos a marcação de 1º restando
ao nônio a marcação de 25’, que ajustando os valores da medida resultam em
1º 25’.

Existem muitos outros instrumentos de medição, tais como o relógio


apalpador, o comparador de diâmetros internos, o esquadro combinado, os
sistemas de medição de pressão e vácuo que podem ser representados por
três grupos de instrumento que realizam as medições. Neste caso, temos os
grupos de instrumentos mecânicos, o elétrico e por ionização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estrutura do presente trabalho foi elaborada para atender as


necessidades da disciplina de sistemas de medições e metrologia. O projeto foi
realizado considerando o histórico, a importância e as necessidades do estudo.
Foram apresentados em atendimento às necessidades o grau de importância
da metrologia, a nível nacional, internacional e empresarial. Verificamos as
ferramentas necessárias para um processo de acreditação de um laboratório
de ensaios e calibração. No último capítulo conhecemos as ferramentas de
medição e analisamos o resultado de uma medição por meio da identificação
de todas as fontes de incerteza envolvidas no processo de medição,
determinação do erro e do valor da incerteza da medição.

Foram apresentados os critérios de aceitação para diversos


instrumentos de medição e a periodicidade das calibrações, bem como foi
abordado o estado de operacionalidade de um sistema de medição por meio do
estudo da linearidade, estabilidade, exatidão. Neste item em particular,

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apresentamos como devemos realizar as aproximações e a representação
adequada dos algarismos que são considerados significativos, e o tratamento
para com as medidas e erros. Foram apresentados os critérios de
rastreabilidade e acreditação propostos pelos diversos organismos, denotando
a importância e relevância do estudo em sistemas de medição e metrologia.

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Referências

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DOQ - CGCRE-001 Orientação para a acreditação de laboratórios, produtores


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