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PROFESSORA DELIAMARIS ACUNHA

TEMA DE REDAÇÃO – EsPCex

Para redigir sua redação, leia as reportagens indicadas.

Entenda o conceito
Para entender o que „apropriação cultural‟ significa, precisamos, antes, compreender o significado de „apropriação‟
e de „cultura‟ de forma individual.
Podemos definir „cultura‟ como sendo o conjunto de práticas, símbolos e valores que um grupo específico
compartilha entre si. Por exemplo, as ocas são um símbolo importante para a cultura indígena, pois é parte essencial
da constituição histórica do grupo da qual ela pertence.
Já „apropriação‟ é o ato de tomar para si determinado elemento sem o consentimento do proprietário. Mas, então, o
que seria a „apropriação cultural‟?
asicamente, é a ação de adotar elementos de uma cultura da qual você não faz parte. Além disso, para que a gente
não fique na superfície da questão, precisamos lembrar que esta apropriação envolve uma relação de poder. Uma
cultura, historicamente suprimida e minorizada, tem seus elementos roubados e seus sentidos apagados pela cultura
que sempre a dominou.
O doutor em Ciências Sociais, antropólogo e autor do livro “Apropriação Cultural”, Rodney William, define este
conceito da seguinte forma:
É uma estratégia de dominação que visa apagar a potência de grupos histórica e
sistematicamente inferiorizados, esvaziando de significados todas as suas produções, como
forma de promover seu genocídio simbólico.

Portanto, a apropriação desses símbolos colabora para a manutenção do racismo estrutural em nossa sociedade e
para a continuidade de diversos estereótipos sobre determinadas culturas.
Porque apropriar-se de uma cultura é tão problemático?
Para muitas pessoas, afirmar-se pertencente a determinado grupo é uma tarefa dolorosa. Tomemos como exemplo a
população negra no Brasil. Como consequência de 300 anos de escravidão, enfrentam até hoje um sistema que
reprime tudo que diz respeito à sua origem. Seus traços, costumes, crenças, etc.
Os turbantes, por exemplo, são historicamente utilizados pelas culturas de matriz africana. Quando uma pessoa negra coloca seu
turbante ou suas tranças, ela está reafirmando uma ancestralidade que sempre foi obrigada a reprimir. Isto significa que ao
apropriar-se determinada cultura, embranquecendo seus atores, esvazia-se de todo o significado e seu caráter político.
A apropriação é sobre indivíduos?
Não! Indivíduos se apropriando de uma cultura são apenas sintomas de um problema muito maior. O debate sobre apropriação
cultural é sobre o sistema capitalista que, visando ao lucro, transforma a cultura de um povo em produto, mas não valoriza o povo
cuja cultura é pertencente.
A colunista Stephanie Ribeiro afirma que:
A apropriação cultural não é uma crítica sobre o indivíduo branco, mas sobre uma estrutura racista nociva que apaga e silencia os
demais.
Como saber mais sobre o assunto?
Precisamos concordar que falar sobre apropriação cultural não é uma tarefa simples. E, mais do que isso, é importante que
tenhamos propriedade quando formos falar sobre esse tema para não debater de forma superficial.
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Fonte: https://www.politize.com.br/apropriacao-cultural/
PROFESSORA DELIAMARIS ACUNHA

Stephanie Ribeiro: Afinal o que é apropriação cultural?


Mallu Magalhães: a cantora foi acusada de apropriação cultural por fazer um videoclipe apenas com bailarinos negros (Foto: Getty Images)

Quando se apaga a existência e a vivência de muitos negros sambistas, inclusive de Cartola, que, veja bem, é menos conhecido no Brasil e no mundo que Tom Jobim, se mantém uma lógica
racista que retira a genialidade e a identidade de sujeitos socialmente marginalizados. Logo, não é bem visto em suas mãos tanto quanto é bem visto em outras quando essas são brancas.
Sendo assim, uma forma de manter negros em seu lugar lhes dizendo quando eles podem ou não podem ser vistos, ao reduzir os elementos culturais e as culturas não hegemônicas a uma
visão distorcida, vista de fora para dentro. Ao falar de apropriação cultural, estamos questionando um ramo dessa “árvore do racismo estrutural”, que atinge diversos povos não brancos,
criticados, perseguidos e massacrados por sua identidade não branca.
A revista curitibana TopView, em sua edição de maio de 2015, numa coluna de moda escreveu: “Os turbantes são para quem ou tem cabelo ruim ou quer fazer extravagância, gritar no
primeiro contato” (pág. 58). Não preciso lembrar que cabelo ruim é um termo usado para designar cabelos crespos e cacheados em nosso país, que “se orgulha” da miscigenação. Orgulho
esse que vive reafirmando ideias racistas, como de qualificar como ruim esse tipo de cabelo é comum entre negros e mestiços. Por trás de muitos elementos, símbolos, costumes que foram
sendo apropriados ao longo dos séculos, existe uma história de imperialismo, colonialismo e genocídios. É fato, portanto, que muita gente ao desconhecer isso entende as ações de grupos não
brancos como sendo radical e agressiva, desvirtuando o sentido dessas atitudes. A agressividade é fruto do ódio ao sistema, ódio comprensível num país que a cada 23 minutos mata negros.

Para não existir mais apropriação cultural é necessário falar sobre o racismo. Entender esse processo de uma cultura ser considerada superior a outras, que vêm de povos racialmente
marcados, serem vistas como inferiores, é uma manutenção da estrutura racista. O processo de apropriação é quando se tira o sentido de alguns símbolos, em especial os religiosos, se
desumaniza os indivíduos dessa cultura e se entende que os mesmos símbolos quando usados por eles não têm valor. Alimentasse os estereótipos racistas e, claro, se obtém lucros sobre esses
símbolos sem o consentimento dos membros da cultura apropriada. Não falaríamos sobre apropriação cultural se houvesse respeito a todas as culturas da mesma forma, e, claro, se as
pessoas entendessem que determinadas culturas e seus símbolos só podem ser usados caso haja consentimento ou ligação com essa cultura, como o caso de Isabel Marant explica, ou sem
nem uma pesquisa aprofundada sobre tal cultura.

Mais sobre o assunto em: https://www.geledes.org.br/stephanie-ribeiro-afinal-o-que-e-apropriacao-cultural

A partir da reflexão sobre o assunto das reportagens e de seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-argumentativo,
em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, considerando a seguinte temática:

Apropriação cultural, quem ganha e quem perde?


Posicione-se quanto ao assunto, defendendo suas ideias com argumentos e fatos que sustentem seu ponto de vista.
Não se esqueça de dar um título a seu texto.

POSSIBILIDADE DE ESTRUTURA/ ESQUELETO


INTRODUÇÃO – O debate sobre... , cada vez mais, ganha espaço na sociedade atual. Em vista disso, faz-se
necessário refletir sobre os seguintes aspectos em relação à temática: desenvolvimento 1 e desenvolvimento 2.
DESENVOLVIMENTO 1 – Em primeiro plano, percebe-se que...
DESENVOLVIMENTO 2 – Em segundo plano, pode-se citar a importância de ...
CONCLUSÃO – Em vista do exposto, presume-se que TEMA ainda deve ser debatido nos mais variados
setores da sociedade. CONCLUSÃO PRÓPRIA SOBRE A DEFESA QUE SE FEZ.

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