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ROSÁRIO LAUREANO 1

Cálculo Diferencial em R — Limites n

[Elaborado por Rosário Laureano] [2012/13]

Este ficheiro contém: 1. Tópicos de teoria - limites (p. 1)


2. Exercícios resolvidos (p. 5)

1 Tópicos de teoria - limites


Distância Euclidiana Considere em Rn , com n ≥ 1, a distância
Euclidiana definida por

d [(x1 , . . . , xn ) , (a1 , . . . , an )]Rn = (x1 , . . . , xn ) − (a1 , . . . , an) ,

ou seja,

d [(x1 , . . . , xn ) , (a1 , . . . , an )]Rn = (x1 − a1 )2 + · · · + (xn − an )2 ∈ R+
0.

Em R (em que n = 1) esta distância pode traduzir-se pelo módulo da difer-


ença entre os pontos,

d (x, a)R = (x − a)2 = |x − a| .

Bola aberta de centro em (a1 , . . . , an ) e raio ε Seja (a1 , . . . , an ) um


ponto de Rn e ε um número real positivo. A bola aberta de centro em
(a1 , . . . , an ) e raio ε, que se denota por Bε (a1 , . . . , an ) ou B ((a1 , . . . , an ) , ε),
é o conjunto de todos os pontos (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn cuja distância ao ponto
(a1 , . . . , an ) é inferior a ε, ou seja,

Bε (a1 , . . . , an ) = {(x1 , . . . , xn ) ∈ Rn | d [(x1 , . . . , xn ) , (a1 , . . . , an )]Rn < ε} .

Quando n = 1 a bola aberta é o segmento de reta ]a − ε, a + ε[, enquanto


para n = 2 é o interior do círculo de centro (a1 , a2 ) e raio ε, pois obtemos

(x − a1 )2 + (y − a2 )2 < ε2 .
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Quando n = 3 a bola aberta é o interior da esfera de centro (a1 , a2 , a3 ) e raio


ε, pois
(x − a1 )2 + (y − a2 )2 + (z − a3 )2 < ε2 .

Ponto de acumulação de um conjunto Seja D ⊆ Rn . Um ponto


(a1 , . . . , an ) ∈ Rn é um ponto de acumulação de D se em qualquer bola
aberta Bε (a1 , . . . , an ) de centro (a1 , . . . , an ) existe pelo menos um ponto de
D distinto de (a1 , . . . , an ), ou seja, ∀ε > 0, ∃ (x1 , . . . , xn ) ∈ D \ {(a1 , . . . , an )}
tal que
(x1 , . . . , xn ) ∈ Bε (a1 , . . . , an ) .
O conjunto de todos os pontos de acumulação do conjunto D designa-se por
derivado de D e denota-se por D . Um ponto que não é de acumulação de
D diz-se um ponto isolado.
Assim, um ponto (a1 , . . . , an) ∈ Rn é de acumulação do conjunto D se
em qualquer sua "vizinhança" existe pelo menos um outro ponto (diferente
dele) que pertence a D. Na verdade, tal implica que em qualquer vizinhança
de (a1 , . . . , an ) existem infinitos pontos de D, ou seja,

∀ε > 0, Bε (a1 , . . . , an ) ∩ D é um conjunto infinito.

Limite de uma função num ponto Sejam f : Df ⊆ R2 → R uma


função real de duas variáveis reais e (a, b) um ponto de acumulação de Df .
Diz-se que l ∈ R é o limite de f no ponto (a, b) se e só se para todo δ > 0
existe um ε = ε (δ) > 0 (dependente do δ tomado) tal que d (f (x, y) , l) < δ
sempre que d ((x, y) , (a, b)) < ε e (x, y) ∈ Df \ {(a, b)}, ou seja, ∀δ > 0,
∃ε = ε (δ) > 0 tal que

d ((x, y) , (a, b))R2 < ε ∧ (x, y) ∈ Df \ {(a, b)} =⇒ d (f (x, y) , l)R < δ.

Considerando a distância Euclidiana, temos l = lim(x,y)→(a,b) f (x, y) se e


só se ∀δ > 0, ∃ε = ε (δ) > 0 tal que

(x − a)2 + (y − b)2 < ε ∧ (x, y) ∈ Df \ {(a, b)} =⇒ |f (x, y) − l| < δ.
(1)

A aproximação a um ponto (a, b) do plano pode ser feita através de qual-


quer curva no plano que passe nesse ponto (a, b). Estas curvas são em número
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ínfinito, contrariamente ao que acontece na reta real (apenas aproximação


pela esquerda e/ou pela direita).
Como tal, quando ocorrem indeterminações no cálculo de um limite
lim f (x, y) ,
(x,y)→(a,b)

há que considerar os limites relativos que correspondem a restrições da


função f a certas curvas contidas no domínio Df . Entre estes, é comum
considerar os limites sucessivos (ou iterados), os limites direcionais e
os limites segundo parábolas.

Limites sucessivos (ou iterados) Os limites sucessivos (ou iterados)


são    
lim lim f (x, y) e lim lim f (x, y) ,
x→a y→b y→b x→a

cada um constituído por uma sequência de dois limites numa só variável.

Limites direcionais (ou segundo retas) Correspondem à aproximação


através de retas não-verticais de declive m que passem no ponto (a, b). É en-
tão dado pelo limite numa só variável (x):
lim f (x, y) = lim f (x, m (x − a) + b) .
x→a
(x, y) → (a, b)
y = m (x − a) + b

Limites segundo parábolas Correspondem à aproximação através de


parábolas de eixo vertical que têm o ponto (a, b) como vértice. É então dado
pelo limite numa só variável (x):
 
, lim f (x, y) = lim f x, k (x − a)2 + b .
x→a
(x, y) → (a, b)
y = k (x − a)2 + b
Também podem corresponder à aproximação através de parábolas de eixo
horizontal que têm o ponto (a, b) como vértice. É então dado pelo limite numa
só variável (y):
 
lim f (x, y) = lim f k (y − a)2 + b, y ,
x→a
(x, y) → (a, b)
2
x = k (y − a) + b
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Se a curva é qualquer outra que passe no ponto (a, b) temos outro limite
relativo.
Após o cálculo de limites relativos, duas situações podem surgir:
S1. Existem pelo menos dois deles com valores diferentes, permitindo
concluir a inexistência de limite no ponto (a, b), ou
S2. Todos os limites são iguais, indicando o possível "candidato" a limite
l, o valor comum desses limites.
Na verdade, a definição de limite (1) exige que existam e tenham o mesmo
valor todos os limites da função f restringida a qualquer uma dessas curvas
possíveis (pelo que em S1 se conclui imediatamente que não há limite de
f no ponto (a, b)). Por outro lado, como é impossível calcular todos esses
limites relativos (pois são em número infinito), só o uso da definição de limite
(1) permite concluir a sua existência, sendo usado o "candidato" l fornecido
pelo valor comum (pelo que em S2 é ainda necessário o uso da definição de
limite (1)).
No uso da definição de limite (1)) são fundamentais as seguintes desigual-
dades com módulos
√ 
|x| = x2 ≤ x2 + y 2
 
|y| = y 2 ≤ x2 + y 2

|x ± y| ≤ |x| + |y| ≤ 2 x2 + y 2
3/2
|x3 − y 3 | ≤ (x2 + y 2 ) ,
e as seguintes igualdades com módulos
|x × y| = |x| × |y|

x |x|
y |y| , para y = 0 .
=

Operações com limites Sejam f : Df ⊆ R2 → R, g : Dg ⊆ R2 → R e


(a, b) ∈ R2 um ponto de acumulação dos domínios Df e Dg . Se existirem os
limites lim(x,y)→(a,b) f (x, y) e lim(x,y)→(a,b) g (x, y) então:
• existe o limite da soma e da diferença de funções
lim (f ± g) (x, y) = lim f (x, y) ± lim g (x, y) ;
(x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b)
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• existe o limite do produto de funções

lim (f × g) (x, y) = lim f (x, y) × lim g (x, y) ;


(x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b)

• existe o limite do produto de uma função por uma constante k ∈ R

lim (k · f) (x, y) = k · lim f (x, y) ;


(x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b)

• existe o limite do quociente de funções

f lim(x,y)→(a,b) f (x, y)
lim (x, y) =
(x,y)→(a,b) g lim(x,y)→(a,b) g (x, y)

sempre que lim(x,y)→(a,b) g (x, y) = 0 e g (x, y) = 0 para todo o (x, y) ∈


Dg .

NOTA: No caso de uma função vetorial, é feito o estudo do limite de cada


uma das suas funções componentes no ponto em estudo.

2 Exercícios resolvidos
Exercício Estude a existência de limite no ponto (0, 0) da função f definida
por
xy
f(x, y) =  .
(x + y ) x2 + y 2
2 2

RESOLUÇÃO: Notemos que (0, 0) ∈ / Df = R2 \{(0, 0)} mas (0, 0) é ponto


de acumulação do domínio da função Df . Como tal, podemos averiguar a
existência de limite neste ponto. A substituição de x por 0 e y por 0 conduz
0
à indeterminação . Procedemos então ao estudo dos limites relativos:
0
Limites iterados ou sucessivos:


xy 0
lim lim  = lim √ = lim 0 = 0
x→0 y→0 (x2 + y 2 ) 2
x +y 2 x→0 x x2 x→0
2
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(portanto, caso exista o limite pedido, ele terá o valor 0) e também é nulo o
limite


xy 0
lim lim  = lim  = lim 0 = 0.
y→0 x→0 (x2 + y 2 ) x2 + y 2 y→0 y 2 y 2 y→0

Aproximação ao ponto (0, 0) por retas (limites direcionais):


xy xmx
lim  = lim 2 √
x→0,y=mx (x2 + y 2 ) x2 + y 2 x→0 (x + m2 x2 ) x2 + m2 x2

m
= lim √
x→0 (1 + m2 ) x2 + m2 x2

m
= =∞
(1 + m2 ) · 0+

para m = 0. Obtemos +∞ =  0 se m > 0 e −∞ =  0 se m < 0, logo


concluímos que não existe o limite em estudo.
Notemos que o uso da definição com base no valor 0, obtido a partir do
primeiro limite iterado, mostra evidentemente que esse valor 0 não corre-
sponde ao valor do limite pedido. De facto, temos

xy |xy|

|f (x, y) − 0| =  − 0 = 
(x2 + y 2 ) x2 + y 2 (x2 + y 2 ) x2 + y 2
 
|x| · |y| x2 + y 2 · x2 + y 2
=  ≤ 
(x2 + y 2 ) x2 + y 2 (x2 + y 2 ) x2 + y 2
1
= 
x2 + y 2

e a aplicação da hipótese x2 + y 2 < ε apenas permite concluir que
1 1
 > .
2
x +y 2 ε

Como tal, a sequência de igualdades e majorações (desigualdades < ou ≤) é


"quebrada" não sendo possível obter

|f (x, y) − 0| < δ.
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conforme o necessário para existir o limite.

Exercício Estude a função

sin (x2 + y 2 )
f (x, y) =
x2 + y 2
quanto à existência de limite nos pontos (a, b) onde tal seja possível.

RESOLUÇÃO: O domínio de f é Df = R2 \ {(0, 0)}. A função f tem


limite em qualquer ponto (a, b) = (0, 0) dado pelo número real

sin (x2 + y 2 ) sin (a2 + b2 )


lim f (x, y) = lim = ∈ R.
(x,y)→(a,b) (x,y)→(a,b) x2 + y 2 a2 + b2

É ainda possível estudar a existência de limite no ponto (a, b) = (0, 0) visto


que este é um ponto de acumulação do domínio da função, Df = R2 \ {(0, 0)}
(embora não pertença a esse domínio). A função f tem limite igual a 1 no
ponto (0, 0) ,

sin (x2 + y 2 )
lim f (x, y) = lim =1
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0) x2 + y 2
atendendo ao limite de referência limA→0 (sin A) /A = 1. Concluímos assim
que a função f tem limite em todos os pontos do plano R2 .

Exercício Estude a existência de limite no ponto (0, 0) da função f


definida por 

 x4 y 3
 4 se (x, y) = (0, 0)
f (x, y) = x + y8 .



0 se (x, y) = (0, 0)

RESOLUÇÃO: Notemos que (0, 0) é ponto de acumulação de Df . pois


0
Df = R2 . A substituição de x por 0 e y por 0 conduz à indeterminação .
0
Procedemos então ao estudo dos limites relativos.
Limites iterados ou sucessivos:
 
x4 y 3 0
lim lim 4 8
= lim 4 = lim 0 = 0
x→0 y→0 x + y x→0 x x→0
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(caso exista o limite pedido, ele terá o valor 0) e também é nulo o limite
 
x4 y 3 0
lim lim 4 = lim = lim 0 = 0.
y→0 x→0 x + y 8 y→0 y 8 x→0

Aproximação ao ponto (0, 0) por retas (limites direcionais):


 
x4 y 3 x4 m3 x3 0 x7 m3
lim = lim = lim
x→0,y=mx x4 + y 8 x→0 x4 + m8 x8 0 x→0 x4 (1 + m8 x4 )

x3 m3 0 · m3 0
= lim 8 4
= 8
= = 0,
x→0 1 + m x 1+m ·0 1
para todo o m.
Aproximação ao ponto (0, 0) por paràbolas verticais y = kx2 , com k = 0:
 
x4 y 3 x4 k 3 x6 0 x10 k 3
lim 2 4 = lim = lim
x→0,y=kx x + y 8 x→0 x4 + k 8 x16 0 x→0 x4 (1 + k 8 x12 )

x6 k 3 0 · k3 0
= lim 8 12
= 8
= = 0.
x→0 1 + k x 1+k ·0 1
Dado que todos os limites relativos estudados conduzem ao mesmo valor
0, há que analisar pela definição se 0 é, de facto, o valor do limite em estudo.
Temos
4 3 4 3 4 3 4 3
xy
|f (x, y) − 0| = 4 − 0 = |x y | = |x | · |y | ≤ x · |y |
x + y8 |x4 + y 8 | x4 + y 8 x4 + y 8
x4 · |y 3 | 3  3
3
≤ = y = |y| ≤ x 2 + y2 < ε3 .
x4
Portanto, é garantido que

|f (x, y) − 0| < δ
√ √
sempre que ε3 ≤ δ, ou seja, sempre que ε ≤ 3 δ. A relação ε ≤ 3 δ mostra

que a diminuição do δ tomado implica a diminuição do valor ε = ε (δ) = 3 δ
respetivo. Assim, concluímos que

lim f (x, y) = 0.
(x,y)→(0,0)
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Exercício Estude a existência de limite nos pontos do eixo dos xx com


abcissa positiva da função f definida por


 x2 y
 2 2
se xy < 0
f (x, y) = x + y .



ln (xy + 1) se xy ≥ 0

RESOLUÇÃO: Notemos que os pontos do eixo dos xx com abcissa pos-


itiva são pontos de acumulação do domínio da função, pois Df = R2 . Con-
sideremos pontos (x, y) → (a, 0), com a > 0. Estes pontos (x, y) estão no
1o ou no 4o quadrantes. Então, dada a forma como a função f está definida
(podemos fazer um esquema com a expressão válida em cada um dos quad-
rantes pois ajuda a clarificar o exercício), é necessário calcular os limites

[1o Q] lim f (x, y) = lim ln (xy + 1) = ln (a · 0 + 1) = 0,


(x,y)→(a,0)
(x, y) → (a, 0)
y>0
e
x2 y a2 · 0 0
[4o Q] lim f (x, y) = lim = = = 0.
(x,y)→(a,0) x2 + y 2 a2 + 02 a2
(x, y) → (a, 0)
y<0

Como são iguais (note que não estamos a calcular limites relativos), concluí-
mos que o limite de f nos pontos (a, 0), com a > 0, existe e tem o valor
0.

Exercício Estude a existência de limite no ponto (0, 0) da função f


definida por


 2x3 − y 3
 2 se (x, y) = (0, 0)
f(x, y) = x + y2 .



α se (x, y) = (0, 0)

RESOLUÇÃO: Notemos que (0, 0) é ponto de acumulação de Df . pois


a função f está definida em todo o plano R2 , Df = R2 . A substituição de
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0
x por 0 e y por 0 conduz à indeterminação . Procedemos então ao estudo
0
dos limites relativos:
Limites iterados ou sucessivos:
 
2x3 − y 3 2x3
lim lim 2 = lim = lim 2x = 0
x→0 y→0 x + y 2 x→0 x2 x→0

(caso exista o limite pedido, ele terá o valor 0) e também é nulo o limite
 
2x3 − y 3 −y 3
lim lim 2 = lim = lim (−y) = 0.
y→0 x→0 x + y 2 y→0 y 2 x→0

Aproximação ao ponto (0, 0) por retas (limites direcionais):


 
2x3 − y 3 2x3 − m3 x3 0 x3 (2 − m3 )
lim = lim = lim
x→0,y=mx x2 + y 2 x→0 x2 + m2 x2 0 x→0 x2 (1 + m2 )

x (2 − m3 ) 0 · (2 − m3 )
= lim = = 0,
x→0 1 + m2 1 + m2
para todo o m.
Aproximação ao ponto (0, 0) por parábolas verticais y = kx2 , com k = 0:
 
2x3 − y 3 2x3 − k 3 x6 0 x3 (2 − k 3 x3 )
lim 2 2 = lim = lim
x→0,y=kx x + y 2 x→0 x2 + k 2 x4 0 x→0 x2 (1 + k 2 x2 )

x (2 − k 3 x3 ) 0 · (2 − 0)
= lim 2 2
= = 0.
x→0 1 + k x 1+0
Dado que todos os limites relativos estudados conduzem ao mesmo valor
0, há que analisar pela definição se 0 corresponde, de facto, ao valor do limite
em estudo. Temos
3
2x − y 3 |2x3 − y 3 | |2x3 | + |−y 3 |
|f (x, y) − 0| = 2 − 0 =

x + y2 x2 + y 2 x2 + y 2

|2x3 | + |−1| · |y 3 | |2x3 | + |y 3 | 2 |x|3 + |y|3


= = =
x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2
 3  3  3
2 x2 + y 2 + x2 + y 2 3 x2 + y 2
≤ =
x2 + y 2 x2 + y 2

3 (x2 + y 2 ) x2 + y 2 
= = 3 x2 + y 2 < 3ε.
x2 + y 2
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Portanto, é garantido que

|f (x, y) − 0| < δ

sempre que 3ε ≤ δ, ou seja, sempre que ε ≤ δ/3. A relação ε ≤ δ/3 mostra


que a diminuição do δ tomado implica a diminuição do valor ε = ε (δ) = δ/3
respetivo. Assim, concluímos que

lim f (x, y) = 0.
(x,y)→(0,0)

Exercício Estude a existência de limite no ponto (0, 0) da função f


definida por

 x2 + y 2

 2 + y2 )
se x2 + y 2 < 1 e (x, y) = (0, 0)
f (x, y) = ln (x
.



0 se (x, y) = (0, 0)

RESOLUÇÃO: Notemos que (0, 0) é ponto de acumulação de Df . Na


verdade, o domínio da função é
 
Df = (x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 < 1 ,

ou seja, os pontos do interior do círculo de centro (0, 0) e raio 1. A substitu-


ição de x por 0 e y por 0 conduz a

x2 + y 2 0
lim f(x, y) = lim 2 2
= = 0,
(x,y)→(0,0) x→0,y→0 ln (x + y ) −∞

pelo que 0 é o valor do limite da função f no ponto (0, 0) .

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