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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – UNISANTA

Métodos
Computacionais
Aplicados à
Engenharia Mecânica

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Aula 2: Teoria: Conceitos Básicos
Prática: Junta Universal - Cardan

O desenvolvimento do Método dos Elementos Finitos – MEF (Finite Element Method – FEM)
para aplicação na solução dos problemas da engenharia moderna teve início na década de 50.
Este método utiliza como princípio a discretização dos meios contínuos, dividindo em partes
denominadas “elementos” conectadas umas as outras através de “nós” de ligação.
Nos últimos anos inúmeras soluções de problemas de engenharia foram formuladas através
deste método. A possibilidade de solução com o uso de computadores tornou este método
amplamente utilizado pela facilidade de acesso e capacidade de cálculo dos equipamentos atuais.
Apesar de inúmeras vantagens que este método proporciona em relação aos métodos
analíticos deve ser tomada muita atenção com relação às desvantagens:

A. Principais Vantagens:

A.1. Capacidade de resolver geometrias complexas: este é o maior benefício do MEF. Permite
o uso de diferentes elementos que devem ser escolhidos conforme o problema a ser
solucionado.
- Unidimensional (barra): Teoria da Tensão x Deformação (treliças, vigas, pórticos).
- Bidimensional (casca): Estado Plano de Tensão (paredes, lages, reservatórios).
- Tridimensional (sólidos): Estado Triaxial de Tensão (elementos de máquinas em geral).

A.2. Aplicado na solução de grande variedade de problemas de engenharia: Mecânica dos


Sólidos, Mecânica dos Fluidos, Dinâmica, Transferência de Calor, Eletrostática, etc.

A.3. Solução de problemas estruturais indeterminados.

A.4. Avaliação de carregamentos complexos: Cargas dinâmicas, pressão, temperatura, forças


de inércia, cargas variáveis, etc.

B. Principais Desvantagens:

B.1. A solução para diversos tipos de problemas não permite uma avaliação específica de
cada caso.

B.2. O MEF é uma solução aproximada, podendo ser melhorada com o refinamento da malha.

B.3. O MEF tem erros em função de considerações durante o modelamento.

B.4. Erros dos usuários podem ser fatais.

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1. Conceitos Fundamentais do MEF:

A aplicação do MEF pode ser dividida em 5 passos distintos:

a) Pré-processamento: definir o elemento e subdividir o problema. Cada aplicação


normalmente possui um critério de escolha adequado.

b) Formulação dos elementos: esta etapa aplica os conceitos utilizados em métodos


analíticos de cada elemento. Elementos simples, como é o caso da barra, permite soluções
diretas através de teorias básicas (Tensão x Deformação). Elementos planos e sólidos
exigem formulações mais complexas.

c) Montagem: é a conexão da solução individual do elemento com os demais elementos para


a obtenção da solução global. Nesta fase o cálculo matricial é fundamental para
desenvolver os métodos de conexão dos nós e permitir solução por intermédio de
programação dos computadores.

d) Resolução das equações: a grande quantidade de cálculos exige o uso de computador. A


grande vantagem é a possibilidade de aplicação da solução para diferentes problemas,
incluindo estruturas e carregamentos bem mais complexos em relação aos métodos
analíticos.

e) Pós-processamento: obtenção das informações de interesse, tais como: tensões,


deformações, deslocamentos, etc...

1.1. Elementos de Barra Simples:

A figura a seguir representa um elemento unidimensional, ou seja, todas as forças,


deformações e deslocamentos ocorrem em uma direção única.

Nesta análise será utilizada uma simbologia simplificada conforme descrito abaixo:

1e2 nós
1 elemento
F1 e F2 forças internas nodais
m1 e m2 deslocamentos nodais

Os seguintes conceitos podem ser associados ao elemento descrito na figura.

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L L
F
r ruptura - rupture

Zona

e escoamento - yield
Plástica
A

Zona tg =E= L=
Elástica

=E =

= F/A = L

Lei de Hooke - Curva Tensão x Deformação

Considerando as relações acima podemos escrever:

F = força
σ= tensão
E = módulo de elasticidade, depende do material.
ε = deformação
δ = deslocamento relativo (µ2 - µ1)
A = área da seção
L = comprimento do elemento

Analisando o elemento 1, temos a seguinte relação (observar a convenção de sinal adotada):

( )

Na forma matricial:

[ ] [ ] [ ]

Matriz Matriz Matriz


de de de
Forças Rigidez Deslocamentos

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1.2. Conexão de Elementos:

Uma das etapas de aplicação do método dos elementos finitos é a conexão dos elementos.
Esta condição ocorre para todos os tipos de formulações e segue estratégias conforme o tipo de
elemento e problema a ser utilizado.
No caso da barra unidimensional vamos analisar um caso simples que consiste na aplicação do
método para dois elementos.

Utilizando a mesma convenção do item anterior, temos a seguinte situação:

Para a formulação desta situação são necessárias três equações para representar o sistema, com
deslocamentos nodais µ1, µ2 e µ3.
Temos as seguintes expressões:
( )

( ) ( )

( )

A seguir a equação é escrita na forma matricial. No caso do elemento 1 a influência do nó 3


não é considerada o mesmo acontecendo para o nó 1 em relação ao elemento 2.

[ ] [ ] [ ] equação do elemento 1

[ ] [ ] [ ] equação do elemento 2

Somando as forças nos elementos temos:

[ ] [ ] [ ]

4
[ ] [ ] [ ]

[ ] [ ] [ ]

No caso geral de conexão de elementos unidimensionais, temos:

As equações para esta condição são representadas abaixo:

( )

( ) ( )

( ) ( )

.
.
( ) ( )

( ) ( )

( )

⌈ ⌉ = ⌈ ⌉

. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
( )
⌊ ⌋ = ⌊ ( ) ⌋

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1.3. Determinação dos Deslocamentos – Inversão da Matriz de Rigidez:

Na solução dos problemas a deformação normalmente é a incógnita do sistema matricial. Neste caso,
principalmente para implementação de métodos computacionais é necessária a inversão da matriz de
rigidez a partir da seguinte formulação:

[ ] [ ] [ ]

Onde [ ] é a matriz de rigidez inversa. A obtenção desta matriz pelo método analítico pode
se tornar extremamente trabalhoso em função do aumento do número de elementos e nós do
sistema em análise.
Considerando uma matriz [ ] a matriz inversa é obtida da seguinte forma:

[ ] [ ] [ ]
ou
[ ] [ ] [ ]

Temos que:

[ ] [ ]
[ ]

Sendo:

[ ] = matriz dos cofatores de [ ] transposta

[ ] = determinante da matriz [ ]

A aplicação destes conceitos é feita no exemplo a seguir.

1.4. Exemplo de Aplicação:

1) Considerando o carregamento na peça descrita na figura a seguir, determinar: deslocamento,


reação e tensão. (E = 200 GPa = 200 N/mm2).
200000

Solução:

Inicialmente são calculados os valores da rigidez de cada elemento:

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Para o elemento 1:

Para o elemento 2:

Aplicando a regra de construção da matriz, teremos matrizes de 3x1 e 3x3, pois o modelo
possui 3 nós.

[ ] [ ] [ ]

As condições de contorno para o problema específico são:

F1 = é uma incógnita e corresponde à reação de apoio.


µ1 = 0 (considera o apoio fixo e imóvel)
F2 = 0 (o nó 2 não recebe força externa)
F3 = 50 kN (força aplicada no nó 3)

Substituindo valores:

[ ] [ ] [ ]

A solução deste sistema pode ser feita com algumas simplificações das matrizes. A equação
para o cálculo de F1 depende apenas de µ2, como pode ser visto na equação abaixo obtida na
multiplicação das matrizes:

Nesta condição podemos separar esta equação reduzindo a matriz para facilitar a solução do
problema:

[ ] [ ] [ ]

O sistema assume a seguinte configuração de matrizes:

[ ] [ ] [ ]

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Isolando os deslocamentos no 1º membro da equação:

[ ] [ ] [ ]

Para o cálculo da inversa inicialmente obtemos os cofatores da matriz de rigidez [ ] sendo:

[ ]

Aplicando a equação temos:

( )
( )

A seguir é apresentada a Matriz dos Cofatores é a seguinte:

[ ] [ ]

A Transposta definida por: Cij = Cji, neste caso será:

[ ] [ ]

O determinante da Matriz de Rigidez original será:

[ ]

A Matriz Inversa será: [ ] [ ] [ ]

Substituindo valores temos:

[ ] [ ] [ ]

No sistema inicial para determinação dos deslocamentos temos:

[ ] [ ] [ ]

Resolvendo o sistema obtemos as equações:

( )

( )

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Substituindo o valor de µ2 na equação de F1, temos:

As tensões nos elementos são definidas nas expressões:

( ) ( )

( ) ( )

2) A figura abaixo representa uma peça que foi dividida em 4 elementos para a análise de tensões.
Aplicando o conceito do elemento barra, determinar: deslocamento, reação e tensão. A espessura
da peça é de 20 mm e o módulo de elasticidade E = 200 GPa. (dimensões em mm)

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Prática: Junta Universal – Cardan

Exercício: Obter o desenho de conjunto apresentado na figura a partir dos detalhes descritos
a seguir.

Figura 1: Desenho de Conjunto – Montagem do Cardan

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Figura 2: Detalhe do Garfo

Figura 3: Detalhe da Cruzeta

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Figura 4: Detalhe da Bucha

Figura 5: Detalhe da Luva


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