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Estimulantes do Sistema
Nervoso Central*
Alice A. da Matta Chasin
Erasmo Soares da Silva
VirgíniaMartins Carvalho
CONTEÚDODESTE CAPÍTULO
º Introdução Anfetamínicos
Cocaina º Padrões de uso
º Padrões de uso º Características estruturais relacionadas com
Toxicocinética aatividade dos anfetamínicos
º Toxicodinâmica Toxicocinética
Doses usadaseo fenômeno de tolerância > Toxicodinâmica
Dependência e síndrome de abstinência º Dependência e toleråncia
º Efeitos tóxicos decorrentes do uso º Efeitos tóxicos decorrentes do uso abusivo
abusivo > Bibliografia
compostosteoricaatimvosen,
as maneiras de maconha, quando considerado o te pela interação farmacológica de vários
lugar em prevalència, após a que hipoteticamente potencializaria
grupo de pessoas que reportaram meses.o uso de alguma droga, exce alguns efeitos o
to álcool e tabaco, nos últimos
da com base em amostragem de
12 A pesquisa foi realiza
domicílios segundo critérios
Domicílios
enquanto
ma de chá
diminuiria efeitos adversos.
Oconsumo da coca como droga
ou pelo ato de mascar as
vegetal, que
folhas. foi Ocorre
deselaveis,
na for.
Nacional por Amostra de
similares aos da Pesquisa estimado ente
do IBGE e portanto, não incluem população
em situação de 30 e 60 g/dia de folhas na forma mascada por povos
vulnerabilidade social que residem em "situação de rua" ou em Entre os usos medicinais da coca foram referidos omanejo de nativos,
abrigos sociais, população carcerária e outras nas quais se en distúrbios gastrointestinais (cólicas,, náuseas,
contram muitos usuários abusivos de cracke outras
Esses dados mostram a gravidade do problema desses estimu
drogas. tão e constipação), desconforto
do ar rarefeito (dor de cabeça, náuseas, confusão mental
vômitos,indifugnçaoes-
associado à altitude em
ind
cloridrato de cocaína
2014foi equivalente
a 442 toneladas de Adenominação crack, tão
cocaína básicae 6,7 kg de cloridrato de cocaína
Estados Unidos e é uma expressão difundida no Brasil, surgiu nos
o(8,3 kg de
ar hectare de coca plantada). ao som da crepitaço decorrente do onomatopaica que remete
Acocaína é um potente
anestésico localle atua como pode- função da presença do cloreto de sódio,aquecimento da droga em
simpatomimético com efeitos estimulantes no impureza que surge no
processo de conversão da cocaína, normalmente
roso aggeente COC.HCI,
SNC, sendo considerada o mais potente estimulante central de que é procedida pela dissolução do pó em água,
ocorrncia natural, razão pela qual é utilizada como fármaco te alcalinizante (hidróxido de sódio ou adiço de agen
pré-incaicas que, se- bicarbonato de sódio) e
de abuso. Seu uso remonta às populações aquecimento. Inúmeras denominações de rua são utilizadas
gundo achados arqueológicos, já mascavam as folhas de coca para se referir à cocaína na forma de base livre
cerimonias religiosas. A prática de fumar folhas de coca
consumida por
via inalatória (fumada), dentre elas crack, merla, base, freebase,
om finalidades religiosas e terapèuticas data de mais de 5 mil bazuco, oxi etc. Essas designações utilizadas nas ruas, muitas
No fim do século XIX, preconizava-se o emprego de ci vezes reproduzidas em textos científicos, n£o apresentam um
garros de coca no tratamento de asma efebre do feno na Euro-
critério específico de classificação, pois a droga apresenta com
pae nos Estados
Unidos, onde também eram fumados com fi- posições variadas. Por vezes, surge um novo nome de rua para
nalidade recreacional. designar a mesma droga, induzindo ao erro de se considerar
Após séculos de uso, a cocaina foi isolada de folhas de coca uma antiga como uma "nova droga; esse foi o caso do oxi, que
ecaracterizada por Albert Niemann, em 1860, e atribui-se a após ter sido considerado uma nova droga mais potente que o
Freud a popularização da cocaina no meio científico, sendo fa crack, recentemente foi caracterizado como sendo a mesma
mosos seus escritoS de 1884 sobre as propriedades da COC de droga denominada crack em So Paulo.
aliviar adepressão e curar a dependência à morfina. Parado De maneira geral, o crack apresenta-se como cristais irre
salmente, uma das primeiras vítimas da farmacodependência gulares em forma de pedras", nome pelo qual évulgarmente
A
COC foi Halsted, cirurgião americano, que buscava exata referido. A pasta de coca apresenta concentrações de cocaína
mente curar-se de sua dependência à morfina. que variam de 40% a 91%, dependendo de estar bruta ou em
Embora postulada comno "perigosa" pelo próprio Freud estágio mais adiantado de purificação. O nome freebasing foi
após amorte de um amigo, passou a fazer parte de vários elixi referido como sendo cocaína na forma de base livre obtida pelo
res, medicamentos e bebidas, como a Coca-Cola®, O aumento próprio usuário, pela mistura da solução de COC.HCl com bi
do uso ocasionou,em l891, os primeiros relatos sobre intoxica carbonato de sódio ou amônia, e extração da base formada pela
cões relacionadas à cocaína, incluindo 13 mortes, o que even adição de éter, filtragem eposterior evaporação. Amerla, refe
tualmente contribuiu para sua proibição pelo Harrison Act em rida em algumas regiões do Brasil, apresenta consistência pas
1914, que a catalogou com as mesmas restrições e penalidades tosa sendoconsiderada um subproduto da cocaina obtida por
imputadas àmorfina. meiodo tratamento do remanescente das folhas de coca, apóso
O
uso não médico se tornou infrequente e clandestino até processo de refino (chamada de cocaína oxidada) e pela adição
seu recrudescimento na década de 1970 em função, em parte, de ácido sulfúrico, querosene, cal epóbarrilha (produtoutili
do conceito infundado de ser a cocaína segura e desprovida zado para limpar piscinas).
da propriedade de causar dependência, quando utilizada Em São Paulo, a sinonímia crack foi consagrada pela socie
recreacionalmente. dade para se referir ao uso da cocaína fumada, no entanto pa
rece que a droga vem apresentando mudanças em sua compo
Padrões de uSO sição. Provavelmente, no inicio o nome foi empregado quando
Acocaína émais frequentemente encontrada como pó cristali a droga era obtida por meio da cocaína, mas atualmente
alguns trabalhos indicam que a droga de rua comercializada
no, cloridrato de cocaína, (COC.HCI) obtido pelo tratamento como crack trata-se, realmente, da pasta de coca. Os trabalhos
a pasta de coca purificada com ácido clorídrico, ou ácido sul de caracterização mostram que a droga apresenta coloração
Turico, no caso do sulfato de cocaína. Sob esta forma, não se amarelada, muitas vezes pastosa e com forte odor de solventes
Presta a ser fumada, pois não se volatiliza e se decompõe com o orgânicos.
aumento da temperatura. Comumente é autoadministrada por Tanto os sais de cocaína como a cocaína base podem ser
aSplração nasal, por via oral ou intravenosa, sendo bem absor adulterados com várias substâncias, compondo-se assim a
ua na corrente sanguínea por meio da mucosa nasal. "droga de rua". Entre os adulterantes mais comumente encon
Na forma de base livre (COC-base), a cocaína apresenta locais
trados na droga de rua, encontram-se os anestésicos
valko pontode fusão (96 Ca 98°C contra os 197 °Cdo clori (benzocaína, procaína, tetracaína, bupivacaína, etidocaína, li
drato); volatiliza-se a aproximadamente 90 °Ce, quando aque docaína, mepivacaína, dibucaína, prilocaína), os
estimulantes
cida, permite que seus vapores sejam inalados no ato de fumar. (cafeina, teofilina, ergotamina, estricnina, efedrina, fenilpro
d mais comum pela qual se comercializa a base livre éo panolamina, metilfenidato e anfetamina) e piracetam; quanto
no Brasil, e
Chamado crack ou menos frequentemente merla preconiza-se o mani
aos diluentes, citam-se a glicose, a lactose, a sacarose,
bazuco em alguns países andinos. Atualmente,
que as formas em que a cOcaína ocorra como base livre rece- tol, o amido, o talco, os carbonatos, os sulfatos e o ácido bórico.
apreendidas, uma das
A análise de adulterantes nas amostras
bam a denominação comum de "cocaína fumável". No Brasil perfil
maneiras de repressão ao tráfico, posto que identifica o está
COcainas fumáveis apresentam normalmente caracteristicas de rua, já
químico de substâncias encontradas na droga
Pasta base de coca, que é o produto obtido a partir da pri consolidada como estratégia de combate utilizado na inteligên
cira extração das folhas apresentando vários compostos deri cia policial. Em estudo realizado pela análise crítica
de artigos
vados de petróleo eoutros adulterantes.
SOCIAL E MEDICAMENTOS
426 Parte 4 TOXICOLOGIA
CH,
CH, OH
N
N
colinesterases
COOH
COOH COOCH,
0CO
OH Benzoilecgonina 0C0
Ecgonina
carboxilesterases
n-Hidroxinorcocaína
CH,|
N
CH H
cOOCH, CO0C,H,
Éster metilanidroecgonina etanol N
CH, 0C0
CH, Cocaetileno
CO0C,H,
butirilcolinesterase
COOH
Éster etilanidroecgonina
Anidroecgonina
inutoS; para a respiratória e intravenosa, os tempos relativos em relação aos outros receptores do
meia-vida biológica constantes dos trabalhos consultados se tipo D, e têm um papel
à
encorntram, respectivamente,entre 38 e 58 e40 a67 minutos.
importante no mecanismo de vício dacocaína. O Quadro 30.1
anm relação ao CE, estudos demonstram um valor de
relaciona a distribuição de receptores de dopamina com o efei
to produzido.
meia-vida de eliminação que varia de 138 a 155 minutos. Cerca
de3%a5% da dose de COCsão convertidos ao etil composto.
lume de distribuição aparente (V) da COC é de apro
Quadro 30.1 Efeitos gerados pela dopamina em
local da interação com função do
yimadamente 2L/kg (1,5 a 2,7 L/kg) e para a BEédde 0,7
L/kg. receptores.
oV,da COCé nenor que de outros fármacos que apresen- Distribuição de
tamampla distribuição. Isso significa que apresenta menor receptores Função
potencial de acumulação, embora estudos post mortem mos- Córtex
Reatividade, humor, cognição
trem concentrações muito maiores no cérebroe no figado do Sistema límbico Emoção, comportamento estereotipado
que no sangue. Núcleos da base Controle motor
Toxicodinâmica Hipotálamo Controle autônomo e endócrino
Hipófise Controle endócrino
Acocainaé um estimulante com alto potencial de abuso, cujo
Fonte: Desenvolvido pela autoria.
anismo de ação é a inibição da recaptação de dopamina
por meio do antagonismo do transportador de dopamina.
Apósa utilização da COC em doses recreacionais, háelevação Os mecanismos relacionados ao bloqueio da recaptação
temporária das concentrações de norepinefrina (NE) e dopa- de serotonina não estäo bem estabelecidos. Sabe-se apenas
minaa(DA) com subsequente redução a valores abaixo dos nor- que, àsemelhança da dopamina e norepinefrina, há interfe
mais. Estas concentrações podem ser relacionadas, respectiva rência nos sítios transportadores com possível bloqueio da
mente, com os estados de euforia e depressão experimentados
recaptação e, com o uso crônico, hádiminuição na biossínte
pelos usuários de cocaína. se do neurotransmissor.
sanguidseradas
unsceosetibilredecracetedaee
ao aparecimento de convulsões em doses
muscarínica in vitro, e os achados de
(2003), que verificaram, após
administração do fármaco em cionais, sem que haja alteração dos níveis
brais da COC (kindling farmacológico), que
consi
antagonizado com
carneiros, rápida hipotensão, efeito esse efeito inotró
petitivamente pelo metilbrometo de atropina. O resultante
miocárdio ventricular,
por vezes, após o uso crônico. tambm ocorre,
pico negativo do EMA em
da estimulação dos receptores muscarínicos que
éconcentra Dependência e síndrome de abstinência
ção-dependente e potenciada pelo óxido nítrico, ocorre em As vias
dopaminérgicas parecem estar envolvidas
função da inibição da disponibilidade de cálcio
durante o coomemos Lme
canismosda euforia e do comportamento compulsivo
que os efeitos
processo de excitação-contração. Isto sugere ca da cocaína, que caracterizam ofenômeno de
cardiotóxicos da COCcombinados com os efeitos do EMA,
no caso de uso de cocaina por via respiratória (fumada), ge
desenvolvido pelo fármaco. Acocaína é considerada
substâncias com maior potencial de abuso, e isso se uma das
dependència
ram complicação cardiopulmonar aguda mais intensa do que
deve de
poderosa capacidade de produzir reforço positivo (efeito àsua
outras vias de administração da COC. jado), oque éatribuído àpotenciação da neurotransmissäe
paminérgica dos neurônios mesocorticais e mesolímbicns
Doses usadase ofenômeno de tolerância A depleção da dopamina, após o aumento que ocorre n
Os dados resultantes das investigações toxicocinéticas são, ob início da exposição à COC, está relacionada com o
viamente, relacionados a experimentos controlados e, embora mento de busca:o usuário crônico autoadministracompor
repetid-ta-
visem simular situações reais de uso, não o fazem com 100% de mente o fármaco para aumentar os níveis de DA. AcronicidaB
êxito, uma vez que a drogade rua éfrequentemente adulterada desse processo, ou seja, reforçolcomportamento de busCa. P.
e, portanto, com teores variáveis de COC. presso por aumento/diminuição dos níveis de DA, Constitui ,
base bioquimica do ciclo euforia/disforia, que caracteriza ode.
Nos experimentos com voluntários humanos, procura-se
relacionar as concentrações sanguíneas com os efeitos observa senvolvimento da farmacodependência àcocaina. Há dados e
estudos em animais que confirmam que anticorpos anticocai:
dos e que são, normalmente, aqueles buscados pelos usuários.
COOK et al.,em 1985, demonstraram que 50 mg de base livre na podem inibir os efeitos de reforço da cocaína num modeb
de autoadministraço em animais.
fumada em intervalos de 30 segundos e por 5 minutos, indu Aretirada da cocaína após o uso crônico pode resultar em
zem a efeitos psicológicos e cardíacos da mesma ordem de
magnitude que 20 mg de COC.HCl por via intravenosa. Com depressão, fadiga, irritabilidade, perda do desejo sexual ou im:
efeito, nos experimentos que enfocam dados sobre o hábito de potência, tremores, dores musculares, distúrbios da fome, my:
fumar crack ou ouso intravenoso da COC, as quantidades va danças do eletroencefalograma (EEG) e dos padròes de sono.
Esses sinais e sintomas constituem, caracteristicamente, refor
riam entre 25 e 50 mg, enquanto na aspiração nasal as doses
individuais se encontram entre 30 e 70 mg. Essa situação pare ços negativos que fazem da interrupção do uso de cocaina um
ce mimetizar o uso na farmacodependência e há referências de dificil empreendimento individual e configuram a síndrome
que amédia de uso por farmacodependente seja de 4g a 5gpor de abstinência, marcada pelo fenômeno de neuroadaptação em
semana. No entanto, as doses toleradas podem variar muito. É que háaumento da densidade e indução de receptores em fun
referida intoxicação aguda com dose de 30 mg por via nasal, ção dos mecanismos de autorregulação.
enquanto usuários crônicos utilizam até 5 g de droga diaria Ressalte-se que o mecanismo de farmacodependência nåo
mente. São referidas concentrações sanguíneas tóxicas entre étotalmente esclarecido em funcão da deficiência dos mode
0,25 e 5,0ug/mL, adotando -se como concentração fatal clássi los animais em reproduzir experimentalmente os fatores so
ca valores 1,0 a 5,0 ug/mL de sangue. ciais e psicológicos e do fato de que, em humanos, há aautoa
A tolerância aos efeitos comportamentais da cocaína pare dministração de múltiplas drogas, oque claramente têm papd
ce ocorrer em usuários crônicos após consumo de altas doses e importante na farmacodependencia humana. Como exemp0
consiste na diminuição dosefeitos eufóricos e fisiológicos. Os pode-se citar o ato de fumar base livre que, por constituir v
de necessi-
fumantes de base livre reportam uso de quantidades que exce administração "socialmente aceita, posto quenão
dem a l g, considerada letal para indivíduo adulto. Os experi tada parafernália associada adrogas ilíicitas (agulhas, sering
mentos de Emmett et al. e Katz et al., ambos em l993, de etc.), propicia a busca imediata de doses adicionais do fárma.o
dorefor-
e é, por isso, considerado um componente particularcontribui
monstraram haver tolerância aos efeitos da cocaína em
exposições crônicas. A tolerância é, entretanto, considerada Ço, associado ao uso compulsivo e mais intenso, que
modesta quando comparada àque ocorre com outros estimu para acelerar o desenvolvimento de farmacodependen
apareci
lantes, como osanfetaminicos. Adicionalmente, é necessário considerar que orápido
mento dos efeitos no centro do prazer mnediado pelo neu
Com relação às respostas
desenvolvimentode taquifilaxia,cardiovasculares,
parece haver o transmissor dopamina faz da cocaína fumada uma drogd cract
e o mecanismo hipotético pare tremamente "atraente" para o usuário. No início,
o
ce estar relacionado com denomindas
envolvimento de
receptores alfa-2 pré
-sinápticos. Háreferências também à ocorrência provoca sensações de extremo prazer que são
de tolerância rush ou flash; essas sensações são de intensa euforia, iluse
reversa ou sensibilização que se caracteriza de 2 onipotência e autoconfiança.
maneiras:
30 Estimulantes do SistemaNervoso Central 431
R,
-a=||3|=|3| R,
Substância R R2 R3 R4 R5 R6
H RZ
Anfetamina H H H H H CH,
Clorfentermina
Dietilpropiona
|3|||I|||
CH,CH,
H
CH,CH,
H
CH, H C CH,
H CH,
Efedrina
CHa H OH H CH,
Fenfluramina CH,CH, H H H
CF, CH,
Fenilefrina H
CH, OH OH H
Feniprazina H NH, H H CH,
Femproporex CH,CH,CN H
CH,
Fentermina H
CH, H H CH,
Metanfetamina CH, H H CH,
Sibutramina CH, CH, H Ciclobutil H CI CH,CH(CH,e
Fonte: Desenvolvido pela autoria.
esctoimmuploansttoes
Takitane et al. (2013) realizaram trafegam em 2 rodo não catecolamínicos que produz acentuada ação
caminhão que
avaliados 134 motoristas de toxicológicas no SNC, mais persistente que a da cocaína, o que
efetuadas análises
vias de SãoPaulo, onde foram urina dos caminhonciros, sen
na
anfetaminas
fetamínicos atrativos como fármacos de
abuso. PortornaaumentoSaran.
para detecção de urina. o estado de alerta fisico e mental, os anfetamínicos
presença desses fármacos na populares entre os indivíduos que necessitam de são
vigilia mutproo-
apresentaram
do que l0,8% justificado para reduzir o sono, au
Segundo Os autores, o uso foi trabalho, o longada, como motoristas e cstudantes. Alguns
mentar a jornada, o rendimento
e a produtividade no
reali zados en populações de estudantes de medicina
estudos reali
diárias,
anfetamindasemonapbsstrao:
jornada de até 16 horas aumento de uso de
que os leva a cumprir uma médio de ram un significativo
assim como ter um período
zar o trabalho enn turnos, realizados em início do curso.
De fato, estudos
sono de apenas 5 horas diárias. anfetaminas po Com ouso de anfetaminas, o desempenho mental
de
simuladores têm descrito que pequenas dosesconsequentemente, o emtarefas tediosas simples, muito mais do queem tarefas
melhora
e,
dem melhorar certas funções cognitivas relatos in ceis; e foram, então, usadas para melhoraro
desempenho na direção. No entanto, acredita-se
formais - que o uso de anfetaminas entre esses
- por
profissionais não soldados, pilotos militares e outros que desempenho
necessitam
alertas em condições extremamente fatigantes.
de
permanecer
preocupante queo uso excessi
seja um uso leve. Nesse sentido, é sido No Brasil, a anfetamina e seus derivados utilizados o
játendo
vo de anfetaminas tenha o efeito oposto ao desejado,concentração
descrita uma relação positiva entre o aumento da anorexigenos ou nos distúrbios de hiperatividade em
sanguinea de anfetaminas e a piora de desempenho na direção.
crianças
têm sua comercialização sujeita às exigências da Portari
Oliveira et al. (2015) avaliaram por entrevistas 514 motoris 344/98 da Secretaria da Vigilância Sanitária, enquanto:
tas de caminhão,do sexo masculino em 3 rodovias do
estado de utilizados em formulações como descongestionantes aqueles
nasaie
São Paulo (Rodovia Presidente Dutra, Rodovia Fernão Dias e por exemplo, nafazolina, efedrina e fenilefrina, s£o de t
Rodovia Cônego Domênico Rangoni), entre os anos de 2012 e livre. A metanfetamina e os antetaminicos com propriedades
2013, onde 58% relataram ter feito uso de anfetaminas em algum alucinógenas são de uso proscrito em nossopaís.
momento na vida, 29% nos últimos doze meses e 14,4% no mês. O início do tratamento farmacológico para controle da
Achados dessa natureza são de extrema importância uma obesidade éindicado quando não houver eficácia do tratamen.
vez que o uso de anfetaminas entre motoristas de caminhão to não medicamentoso em pacientes com IMC igual ou supe.
aumenta em 78% a chance de desenvolvimento de comporta rior a 30 kg/m' e em pacientes com o IMC igual ou superior a
mentos de risco no trânsito, o que pode ser fatal. 25 kg/m² que possuam outros fatores de risco, como hiperten
Pinheiro et al. (2015) avaliaram por questionário 114 moto são, diabete mellitus tipo 2, hiperlipidemia, apneia do sono,
ristas de caminho na rodovia MG 367, na cidade de Diaman gota, ou que possuam circunferência abdominal maior ou
tina, onde verificou-se que 15% faziam uso de anfetaminas, igual a 102 cm em homens e 88 cm em mulheres. Os compostos
dos quais 41% usavam diariamente, e tendo como principal mais procurados para a perda de peso são o femproporex, asi
acesso ao produtopostos de combustíveis e amigos. Em outro butramina, o mazindol e a anfepramona, que, utilizados em
estudo realizado na BR 251, no município de Montes Claros diferentes concentrações, são capazes de inibir o apetite.
(MG),Fonseca et al. avaliaram 306 caminhoneiros, dos quais Em funço da abrangência do consumo de medicamentos
22,2% admitiram usar anfetaminas, sendo mais comum entre derivados de anfetaminas noBrasil e aos efeitos colaterais que
os profissionais mais jovens e com maior carga horária de tra podem ocorrer durante o tratamento, a Agência Nacional de
balho. Belan et al. (2017) estudaram a prevalência de uso de Vigilåncia Sanitária (Anvisa) decidiu proibir o uso dos anore
anfetaminas entre 80 caminhoneiros, sendo 40 em 2013 e 40 xígenos. Em 6 de outubro de 2011, a Diretoria Colegiada da
em 2016, afim de avaliar as mudanças ocorridas após a legisla Anvisa decidiu pela retirada dos medicamentos inibidores de
ção sobre a necessidade de exames laboratoriais para presença apetite do tipo anfetamínico domercado (femproporex, ma
de drogase as limitações da comercialização de anfetaminas. zindole anfepramona). Apartir da publicação da RDCn. 52/1.
Comparando-se 2013 e 2016, houve uma redução de 31 para 24 esses medicamentos teriam seus registros cancelados, etc
indivíduos. Os postos de combustíveis continuam sendo os
riam proibidos a produção, o comércio, a manipulação eo us0
principais locais relatados onde se adquire estes fármacos. Este desses produtos. Assim, 60 dias após sua publicação no DOU
trabalho foi realizado em função da RDC50/2014, que dispõe (10/10/201I), a portaria entrou enm vigor. Apenas 8 meses
sobre medidas de controle de comercialização, prescrição e
pois, a RDC n. 37/12, publicada em 03/07/2012, e a RD
dispensação de medicamentos que contenham as substâncias n. 39/12, publicada 9 de julho do mesmo ano, classificou oe
anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina, seus sais proporex, mazindol e anfepramona na lista B2 (sujeitos ànou
e isômeros, bem como seus intermediários. Observa-se que
mesmo com a ilegalidade, a informalidade dessas drogas tem ficação de receita B2), Em 2016, a RDC n. 133/16 estabeleke
(femproporex
aumentado e sites passam a oferecer cada vez mais produtos limites nas doses para prescrição e dispensação
com entrega rápida sem apresentação de receituário médico. 50 mg/dia; fentermina: 60 mg/dia; anfepramona:l20 mga
Em outro estudo realizado por Santos et al. mazindol: 3 mg/dia e sibutramina: 15 mg/dia) sendo quea
toristas de caminhão nas proximidades da cidade (2017), 161 mo ceita deve ter no máximo a quantidade total de doses prev
(qu
para até 30dias de tratamento, exceto para sibutraminaestabele-
lis-Goiás na BR-153 foram entrevistados, dos quais de32,9%
Anápo
tidade máxima de doses para 60 dias). Esta resolução
mitiram ter feito uso de anfetaminas nos ad
adve
últimos 3 meses. ceucomo mecanismo de monitoramento dos eventos
Relataram também não encontrar dificuldades para a notificação ao Sistema Nacional de Notificações para a
anfetamina sendo os postos de gasolina os locais maisadquirir
citados.
a
lância Sanitária (Notivisa).
30
Estimulantes do Sistema Nervoso Central 435
particulamente o
Entre os anfetamínicos,
síndrome hipercinética
metilfenidato é
para ouso não
cercbral mínima) - doença da infância caracterizada(disfunçåo porção para o prescrito
indicado no tratamento da do
por hipe- metilfenidato,
sexO masculino, onde
com uma maior pro
a maioria relata
ratividade, incapacidade de concentração e alto grau de com- substância por meio de doação de amigos. Entre os obter a
portamentoimpulsivo, conhecida como Transtorno de Déficit terais a ansiedade foi o mais efeitos cola
(TDAH), Rocha citado (23,33% dos usuários).
Atençåo e Hiperatividade etambém para o trata- (2016) realizou um estudo em
mento da narcolepsia, as 2 patologias nas quais aFDA aprova sidade de Santa Cruz do Sul, com
264 estudantes Univer
de da
seu uso. No Brasil, é o medicamento de eleição e seu consumo contrada frequência de uso de
sendo que 80,4% (n = 41) era uso
universitários,
metilfenidato
sendo en
de 19,3% (n = 51),
crescendo ao longo dos ainos, com um aumento na produ-
COOH
COOH
PIgura 30.2 Esquema de biotransformacão da metanfetamina e anfetamina. (A) metanfetamina; (B) anfetamina; (C) 4-hidroxi
metanfetamina; (D) 4-hidroxianfetamina: (E)fenilacetona (fenil-2-propanona); (F) norefedrina: (G) 4-hidroxinorefedrina; (H) ácido
benzoico; (I) glicina; (J) ácido hipúrico.
Fonte: Adaptada de Musshoff, 2000.
MEDICAMENTOS
TOXICOLOGIA SOCIAL E
438 Parte 4
Os cfeitos comportamentais gerados pelas
aseuscocaintdopareceptores
agonina,mzianma,
seu pool citosólico. ou a administração de agentes antipsicóticos que
pré-sináptico, mais monoaminas
entrarem para oneurónio a dopamina inibem essa resposta. Aexemplo da
citosólico. Comoas anfetaminas blo - ali-
são deslocadas do pool entrada para as vesículas para
beração neuronal de glutamato ea ligação a
queiam simultaneamente a sua contribuem para a resposta biológica das anfetaminas.
uma inversão da direção
serem armazenadas, oresultado é Uma vez que as anfetaminas aumentam a
que realizam recaptação de concentraçãopo de
dos transportadores membranares transportar monoaminas norepinefrina nas sinapses, efeitos
neurotransmissores, de modo a cardiovasculares
surgir a partir de seu uso. Altas concentrações de podem
para a sinapse.
A anfetamina aumenta a
concentração de dopamina na si
coração, inclusive morte de células do músculo
norepinetri.
na e epinefrina circulantes podem induzir efeitos tÓxicos no
napse, por um mecanismo que pode ser
um ini
bloqueado por
tas catecolaminas efármacos relacionados têm
cardíaco.
MuË.
bidor da recaptura de dopamina. Quando presentes
em baixa
com
concentração, a anfetamina extracelular é intercambiada
demonstrado
induzir crescimento hipertrófico de miócitos cardíacos in vË-
tro. Altas concentrações desses compostos no sistema cardio
a dopamina intracelular por intermédio de um transportador
de dopamina; entretanto, em altas concentrações, por ser alta
vascular geram aumento da frequência cardíaca, aumente 3
consumo de oxigênio no miocárdio e aumento da pressãn av.
mente lipofílica, difunde-se através da membrana plasmática
para o interior dos terminais nervosos e libera dopamina a rial sistólica. Esses eventos podem gerar hipóxia no miocárdio
partir de sítios de ligação intraneuronais. Além disso, há evi ocasionando uma lesão necrótica no coração. Outros mecanis.
dências de que os derivados anfetaminicos podem alterar a fos mos de toxicidade de catecolaminas no músculo cardiaco in.
forilação do transportador de dopamina na sinapse, alterando cluem: insuficiência coronariana por vasospasmo, diminuico
sua função. São sugeridos ainda mecanismos relacionados à do nível de fosfatos de alta energia causado por disfunção mi.
formação de espécies ativas de oxigènio. tocondrial, alteração do metabolismo lipídico, resultando em
Anorepinefrina cerebral éresponsável pela estimulação lo acúmulo de ácidos graxos, alteração do cálcio intracelular e
comotora induzida pela anfetamina,enquanto a dopamina re desencadeamento de estresse oxidativo com produção de espé.
laciona-se ao comportamento estereotipado verificado na psi cies ativas de oxigênio.
cOse anfetamínica e ao comportamento psicótico semelhante à As catecolaminas induzem apoptose de miócitos cardíacos,
esquizofrenia. semelhante ao observado para norepinefrina, em miócitos ven
Anorepinefrina liberada atua em receptores a-1, a-2, B-1, triculares de ratos machos. Esse efeito pode ser inibido por
B-2 e B-3. Receptores a-2 podem ter localização pós-sináptica, agonistas de receptores B-adrenérgicos, inibidores de proteina
além de ser um receptor pré-sináptico. Adreno-receptores B-1l quinase Ae bloqueadores de canais de cálcio. Contudo, ativa
localizam-se principalmente nos neurônios, e os B-2 também dores da adenilatociclase reproduzem os efeitos da norepine
estãopresentes em vasos e células gliais. Receptores B-3 foram frina. A ativação de receptores B-adrenérgicos aumenta o
identificados por clonagem molecular em roedores e parecem AMP-cíclico e fosforila canais de cálcio, aumentando o influxo
estar envolvidos na termogénese. destes íons na célula. Ocorre também a ativação de endonucea
Todos esses receptores estão acoplados à proteína G. No ses, proteases e outras enzimas e proteínas envolvidas no pro
neocórtex no tálamo o estímulo em oa-1 facilita a despolariza cesso de apoptose.
ção por diminuir o efluxode íons potássio. Também ativa a O uso de anfetaminas aumentao transporte de serotonina
fosfolipase C, aumentando a síntese de neuromediadores IP3 em regiões límbicas doencéfalo. Por conta deste mecanismo de
(1,4,5 trifosfato de inositol) e DAG (1,2 diacilglicerol). Recep ação, indivíduos sob o efeito de anfetamina comumente apre
tores -2 são inibitórios e possuem mecanismos heteroge sentam emoções bastante intensificadas, sendo este um d0s
neos. Inibem a enzima adenilatociclase, seguindo o aumento
do efluxo de ions potássio ou a redução do influxo de íons motivos que contribuipara o quadro de dependncia.
cálcio. Todos os 3 subtipos de B-adren0-receptores aumen Estudos realizados com a metanfetamina demonstram
tam a atividade da adenilatociclase, pacidade de alteração na barreira hematoencefálica. As células
incrementando a
de AMP-cíclico. O receptor ß-1 facilita o disparo de síntese do endotélio dos capilares sanguíneos no sistema nerve
nios estimulados por vias excitatórias, neuro apresentam entre si as juncões de oclusão - no ingles tig
reduzindo a hiperpo
larização (diminui oefluxo de íons potássio) induzida por junctions, que conectam anatomicamente células adjace
despolarizações repetidas. atuando na redução da passagem de agentes quimicos po
Aadministração de junção. Ametanfetamina pode alterar a estrutura de Pro
em animais de anfetamínicos em longo e curto prazo nas presentes nessas junções, de modo a aumentar a perie
experimentação produz
centrações de NE, DA e seus metabólitos.modificação nas con bilidade da barreira hematoencefálica, Em ratos. tem sido u
Há referências, tam monstrado que a metantetamina induz o transportadorestá
bém, àdiminuição de serotonina cerebral e de odesta
seu
após a administraçãometabólito,
o ácido glicose no sistema nervoso ea alteração da captação
5-hidroxindolacético,
relativamente altas, durante 10 dias. de doses relacionado com a diminuição da integridade da barre
hematoencefálica.
30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 439
pependência e tolerância
crônicos chegam a utilizar doses
anfetamínicos, em particular a anfetamina e a metanfeta- metanfetamina que atingem Ig porrepetidas de anfetamina ou
Os
mina,apresentam alto potencial de abuso e, consequentemen- dia. A DL da episódio ou 5 g a 15 g por
propiciam desenvolvimento de farmacodependência.
anfetamina gira em torno de 20 a 25 mg/kg e
estudos com animais
te.
Assim como
ocorre Com a cocaína, os mecanismos envolvi- causar a morte, sendo asugerem que doses de 5
menor dose letal relatadamg/kg podem
propricdades de reforço dos anfetamínicos parecem se Os derivados de 1,5 mg/kg.
dos nas com oaumento extracelular de dopamina no núcleo
relacionar anfetamínicos
programas de redução
orais que såo
de peso têm eficácia curtaprescritos nos
acUmbens (área límbica) e núcleo caudado (área subcortical em função do
motora). Oexato mecanisnmo pelo qual ocorre, entretanto, ain-
desenvolvimento de tolerancia. Apenas uma
quena dos pacientes expostos a esses porcentagem pe
elucidado. Infere-se que não sejam exatamente os senvolve mais tarde um aumento supressores de apetite de
danåo está
portamento de busca da droga progressivo
nesmos que os da cocaína e, ainda, que não sejam dependentes da dose ou com
com vários médicos. Esses
quantidades de DA liberadas, pois, além de inibidora da pacientes podem preencher os critérios para os
jas
recaptação de DA, a anfetamina étambém potente liberadora abuso ou dependència. diagnósticos de
do neurotransmissor, o que acarreta seu acúmulo nas termina-
cöes dopaminérgicas. Com efeito, a literatura cita que a libera-
Observa-se que pouca pesquisa formal tem sido conduzi
da para avaliar a eficácia de qualquer regime
o de DA induzida pela anfetamina no núcleo acCumbens é pêutico a ser utilizado na síndrome de abstinnciafarmacotera
de anfeta
aumentada cerca de 10 vezes, enquanto, para a cocaína, o au mínicos. Muitas das condutas provèm da prática e da
mento éda ordem de 3,5 vezes após a utilização de doses rela observação clínica de pacientes que se apresentam em salas
cionáveis com reforço, a saber: 1mg/kg para anfetamina e de emergência ou ambulatórios de dependència quimica com
5 mg/kgpara a cocaína. quadro de fadiga, humor depressivo e pensamentos negativos
Embora seja comprovada a capacidade geradora de depen ou pessimistas. Na grande maioria dos casos, os sintomas såo
dència dos anfetamínicos, há controvérsias quanto ao desen resolvidos em curto período de tempo, sendo necessárias ape
volvimento ou não de neuroadaptação. nas medidas de suporte, como um ambiente calmo, alimenta
Após períodos prolongados de consumo desses psicoesti ção, hidratação e descanso.
mulantes, oS usuários apresentam períodos de exaustão muito Com relação ao metilfenidato, vale ressaltar que as áreas
semelhantes aos da depressão. Nos quadros de abstinência pro cerebrais envolvidas nos efeitos clínicos desse fármaco são as
vOcados pelas anfetaminas, os sintomas mais comuns são fadi mesmas nas quais outras substâncias geram os diferentes me
ga, fissura intensa, cefaleia, ansiedade, agitação, pesadelos, canismos de dependência química. O aumento nos níveis de
anedonia, humor depressivo e hiperfagia. Quadros mais inten dopamina em áreas do sistema límbico é semelhante aos obti
Sos de abstinência são observados em usuários de metanfeta dos em efeitos reforçadores gerados por outras substâncias de
minas por via injetável, como paranoia e prejuíz0 cognitivo. abuso. Portanto, énecessário cautela na utilizaçãode fármacos
que atuam nessas áreas cerebrais.
Asíndrome de abstinência de metanfetaminas pode ser di
vidida em 2 fases: Não existem tratamentos especificos para a sindrome de
abstinência por anfetaminicos, pois em geral os sintomas såo
» Fase aguda: dura cerca de 7a 10dias, após 24 horas da últi autolimitados e normalmente não necessitam de internação.
ma dose de anfetamina; apresenta sintomas graves, como au
mento do sono e do apetite, sintomas semelhantes aos da de O uso de antipsicóticos é reservado para os quadros de
pressão, porém menos intensos, além de ansiedade e fissura. psicose, agitação ou delirio, onde o haloperidol é comumente
D Fase subaguda: a sintomatologia inicial descrita anterior utilizado. A tioridazina é outro antipsicótico que pode ser útil
em casOs de agitação e ansiedade, na dose média de 300 a
mente diminui até atingir níveis estáveis que caracterizam
uma fase subaguda, com duração de pelo menos 2 semanas. 600 mg/dia, fracionada de 2 a 4 vezes. Pacientes com proble
Oclinico deve estar atento ao surgimento de quadros de mas hepáticos, renais e com baixO peso devem receber doses
diárias menores.
depressão clínica nessa fase.
Essa síndrome pode durar de 30 a 90 dias e inclui sentimen Aolanzapina em comprimidos orodispersíveis ou na forma
injetável via intramuscular, em doses habituais, é suficiente
0s de depressão e letargia, chamada de síndrome de abstinência para estabilizaro quadro. Utiliza-se em torno de l0 mg intra
Protraída. Nessa fase, o usuário pode vir a cometer suicidio. muscular, repetindo a dose em l ou2 horas. Na forma orodis
Atolerância aos efeitos subjetivos e anorexígenos dos ante persivel, existem comprimidos de 5 mg e 10 mg.
ainicos dá-se profunda e rapidamente, sendo considerada a Os benzodiazepínicos de meia-vida curta podem ser utili
ocorrência de taquifilaxia. Atolerância se desenvolve rapida zados para diminuir a sintomatologia durante a
sindrome de
Iiente para os efeitos simpaticomiméticos periféricos e anore abstinência. O lorazepam ouo diazepam podem ser adminis
Agenicos, mas mais lentamente para os outros efeitos (estimu trados para agitaçâoe ansiedade.
ça0 locomotora, euforia e comportamento estereotipado). em espe
Na década de 1970, os antidepressivos triciclicos, base
Doses de anfetamina normalmente utilizadas, nas prescriçoes desipramina, toram utilizados com
cas Ou na autoadministração, encontram-se entre 20 mg e cial a imipraminaea a anergia e psi
naobservação clínica. Os eteitos positivos sobre
U Mg, viaoral, diariamente, e é frequenteo aumento e oses Coastenia são observados nas primeiras
semanas.
Valores situados entre 50 mg e 150 mg por essa vla. podem necessitar de in
Casos com sintOmas mais graveS ideação
No intuito de obter ou prolongar a chamada fase rush, que evoluem com
Ome dado às sensações referidas como extremamente praze ternação, principalmente pacientes pensamentos relacionados
OSas obtidas após a injeção de fármacos de abuso, usuários suicida. Em funç£o dos frequentes
SOCIALE MEDICAMENTOS
440 Parte 4 TOXICOLOGIA
do
homicidas peloindivíduo. Talvez, em função
ao suicídio em indivíduos que apresentam
nência, evitar esse ato
torna-se ameta mais
síndrome de absti
inmportante nessa
conside
cimento de tolerância, as fatalidades
Ocorrem,cm geral, com usuários
não são muito
novatos.
rápidcomuns
o apare.e
comportamento suicida tem sido
fase. A presença do indicador de risco, inferior ape Com o uso de grandes doses de anfetamina
rada em alguns estudos conmo psiquiátricos, por exemplo, po portamento estereotipado. Em roedores, OCorreCOm
nas na presença de transtornos na literatura que revele qual
rém ainda nåo há um
consenso
que apresente maior risco.
Tem sido
observam-se acoes
repetitivas, como lamber, roer, levantar as patas traseiras
vimentos repetidos da cabeça e dos membros. Estas se mo-
seria o perfil doindivíduo
descrito que usuários de
nmetanfetamina tiveram um risco até
que aqueles que não fa
são geralmente impróprias para oambiente, e com
mentadas de anfetamina elas prejudicam mais e mais atidosvideasdeau-s
s0% maior de tentativa de suicídio do portamento do animal. Estes efeitos comportamentais s£o evj
ziam uSo. dentemente produzidos pela liberação de
catecolaminas
Efeitos tóxicos decorrentes do
uso abusivo
Além dos distúrbios neuropsíquicos, há ainda aqueles per CONE, E.J. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of cocai
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