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Estimulantes do Sistema
Nervoso Central*
Alice A. da Matta Chasin
Erasmo Soares da Silva
VirgíniaMartins Carvalho

CONTEÚDODESTE CAPÍTULO
º Introdução Anfetamínicos
Cocaina º Padrões de uso
º Padrões de uso º Características estruturais relacionadas com
Toxicocinética aatividade dos anfetamínicos
º Toxicodinâmica Toxicocinética
Doses usadaseo fenômeno de tolerância > Toxicodinâmica
Dependência e síndrome de abstinência º Dependência e toleråncia
º Efeitos tóxicos decorrentes do uso º Efeitos tóxicos decorrentes do uso abusivo
abusivo > Bibliografia

estimulantes recai sobre a cocaina e mais recentemente sobre a


º INTRODUÇÃO metantetamina, sendo que o usO de ambas écrescente em seus
Do ponto de vista da Toxicologia Social, considera-se como principais mercados. De acordo com o mesmo documento,
estimulante toda substância utilizada voluntariamente com a cerca de 19 milhões de pessoas usaram cocaina em 2018, esti
finalidade de obtencão de estados alterados de consciência, ca mulados pela popularidade da droga na América do Norte e na
Tacterizados por euforia e sensação de aumento da capacidade Europa Ocidental e cerca de 27 milhões de pessoas usaram an
lisica e mental decorrente da estimulação do sistema nervoS0 fetamínicos no mesmo ano, sendo a metanfetamina a mais
central (SNC). consumida no Sudeste Asiático. Os mercados de cocaína e me
Em nosso meio, são utilizados para esse fim fármacos pros tanfetaminase retroalimentaram, sendo observados aumentos
Critos, como a cocaína, e fármacos como os anfetaminicos, e declínios paralelos; quando o consumo de uma droga au
Norte
Cuja comercialização, orapermitida, ora proibida constitui um menta o da outra diminuievice e versa. Na América do
metanfeta
Problema de saúde pública. Outros, entre os quais Os Aa entre 2015 e 2018 houve aumento do consumo de
USe a nicotina, apesar de atuarem farmacologicamente como mina,enquanto diminuição do uso de estimulantes com regis
Cimulantes centrais, apresentam padrão de uso diverso. tro farmacêutico.
De acordo com o último relatório mundial sobre drogas OBrasilé uma das nações que apresentam as maiores taxas
tornando
UNODOC, 2020) no cenário mundial, a problemática doS de prevalência do uso de cocaína aspirada e fumada,droga. Essa
-se um dos maiores mercados consumidores dessa
objeto constante
Colaboradora na l cdição: Myriam C. Salvadori. situação faz com que as ações antidrogas sejam
SOCIAL E
MEDICAMENTOS
424 Parte 4 TOXICOLOGIA
evidenciar o
políticas e sociais. Segundo o base para perfil químico das
esferas
de estudo ede debate nas sobre o Uso de Drogas pela Popula temente ensejar ações de inteligência policial, amostras e,
3º Levantamento Nacional
pela Fundação Oswaldo
ção Brasileira, coordenado maio eoutubro de 2015, a preva
Cruz, cujos O uso medicinal
lealimentícioda
mônio cultural. dos povos andinos, planta no éum
legalizado
de cOca frequen-
dados foram levantados entre 3,21% para cocaína na forma de patr.
lência de dependencia foi de
(cocaína fumável) e 0,2196 para estimu
lívia, e aceito em contexto cultural na Colômbia.
nal de plantas em vez de compostos isolados uso O Peruenamedic.
&comum em
Bo.
pó, 1,559% para crack sanitário. Conjuntamente, diversas culturas e tem como característica
lantes anfetamínicos com
apresentação
registro
da cocaína ocuparamo segundo "efeito comitiva" ou entourage effect inica potencia
caracterizado
o

compostosteoricaatimvosen,
as maneiras de maconha, quando considerado o te pela interação farmacológica de vários
lugar em prevalència, após a que hipoteticamente potencializaria
grupo de pessoas que reportaram meses.o uso de alguma droga, exce alguns efeitos o
to álcool e tabaco, nos últimos
da com base em amostragem de
12 A pesquisa foi realiza
domicílios segundo critérios
Domicílios
enquanto

ma de chá
diminuiria efeitos adversos.
Oconsumo da coca como droga
ou pelo ato de mascar as
vegetal, que
folhas. foi Ocorre
deselaveis,
na for.
Nacional por Amostra de
similares aos da Pesquisa estimado ente
do IBGE e portanto, não incluem população
em situação de 30 e 60 g/dia de folhas na forma mascada por povos
vulnerabilidade social que residem em "situação de rua" ou em Entre os usos medicinais da coca foram referidos omanejo de nativos,
abrigos sociais, população carcerária e outras nas quais se en distúrbios gastrointestinais (cólicas,, náuseas,
contram muitos usuários abusivos de cracke outras
Esses dados mostram a gravidade do problema desses estimu
drogas. tão e constipação), desconforto
do ar rarefeito (dor de cabeça, náuseas, confusão mental
vômitos,indifugnçaoes-
associado à altitude em
ind

lantes em nossO meio. dores de dente elesões da mucosa oral, controle da


fome etc.nA etc.),
A regulação sanitária dos estimulantes do sistema nervoso ingestão na forma de chá, embora possa oferecer resultados
central é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sani sitivos para metabólitos da cocaína nas análises de
urina, não
tária (Anvisa) que adota a Portarian. 344/98 como norma de estáimplicada nos efeitos psicoativos Comuns às outras manej-
referência. Nesta norma, os fármacos eos insumos são classifi ras de uso e não háregistro na literatura sobreas evidências da
cados em listas, sendo que acocaína eas substâncias anfetamí que seu uso habitual possa causar dependência ou abstinne
nicas proibidas (metanfetamina) estão alocadas na lista F de retirada observada em usuários de cocaína. Isso pode er
(substâncias de uso prOscrito) e as substâncias anfetamínicas atribuído às doses extremamente baixas de cocaína que seräo
de uso médicocontrolado estão alocadas na lista B2 (derivados absorvidas por via oral no consumo da folha de coca.
anfetamínicos como femproporex e anfepramona) e na lista Acompreensão do processo de obtenção da cocaína apat:
A3 (metilfenidato). A planta cujas folhas são empregadas na tir das folhas de coca torna mais clara a diferenciação toxicolQ.
preparaço da cocaína e do crack está alocada na lista E (Lista gica dos padrões de consumo de coca como planta de uso tra
de plantas proscritas que podem originar substâncias entorpe dicional ea cocaína como droga de abuso.
centes e/ou psicotrópicas) com a denominação Erythroxylum Asfolhas secas são misturadas com solução alcalina eem
coca Lam.
seguida éadicionado um solvente orgånico (gasolina, querose
Embora possuam características por vezes comuns em ter ne etc.).Como acocaína é uma substância com caráter alcalino
mos toxicológicos, os padrões de uso apresentados pelos anfe fraco (pKa =8,6), nesta fase está na forma não ionizada, eocor
tamínicos e pela cocaína, bem como as peculiaridades relacio resua migração para afase orgânica. Afase orgânica, por sua
nadas aos complexos fenômenos de tolerância, dependência vez, ésubmetida àadição de uma solução ácida, resultando na
etc., diferem substancialmente, o que orienta uma abordagem migração do analito de interesse na forma ionizada paraa fase
em separado desses fármacOs. aquosa. A adição de uma base (cal ou amônia) faz com que a
cocaína retorne à forma nã£o ionizada e ocorrasua precipitaça0
º COCAÍNA na forma de pasta, Apasta pode sofrer ainda um processo de
Acocaína (COC) é um dos alcaloides presentes nas folhas pro purificação pela adição de ácido e um composto oxidante
venientes de 2 espécies do gênero Erythroxylum, Comoo permanganato de potássio, seguido de filtraçãoe ad
denominado coca: a Erythroxylum novogranatense,vulgarmente
com
ção de amônia para obtenção da cocaína básica. Esta, por sui
vez, será utilizada na produção de sais pela adição de solvente
entre 0,17% e 0,76% de COC, cultivada principalmenteteoresem
regiões de clima mais seco da Colômbiae Venezuela; a Erythro (éter, acetona etc.) e ácido clorídrico ou sulfúrico para obiei
xylum novogranatense, variedade trujillo, com 0,64% de COC, ção do cloridratoou sulfato de cocaína, respectivamente.
formas
cultivada principalmente na costa desértica do norte do Peru e quanto as formas básicas se prestam a ser fumadas, as
de sais são empregadas na autoadministração oral, intranasale
no Vale do Marañón; e a
0,13% e 0,68% de COC, que Erythroxylum coca, com teores entre intravenosa.
cresce principalmente em regiões O de da de temsido
melhora-
úmidas e tropicais do leste dos Andes, sul do Equador, Bolívia processo extração pasta coca esti
e algumas partes da Bacia
Amazônica. A cocaína é um entre do ao longo dos anos. Na região do Pacífico colombiano,
rendeuem
dezenas de alcaloides presentes na folha de coca, mou-se que uma tonelada de folhas frescas de coca mesma
outros como cinnamoilcocaína, sendo que os média 2,4 kg de pasta de coca em 2014, enquanto pastade
na, pseudotropina, benzoilecgonina, metilcocaí quantidade de folhas frescas rendeu 1,6 kgge1,7 kg deestudos
benzoiltropina, tropacocaína, a e coca em 2005 e 2009, respectivamente. Considerando básica
B-truxilina, higrina e cuscohigrina são consideravelmente me
nostóxicos e psicotrópicos do que ela. de estimação de produção com pureza média da cocaína
A cloridratode
loides nas formaS apreendidas nas presença desses alca de 81% e taxa de conversão da cocaína básica para
ruas, muitas vezes serve de cocaína de 1:1, a producão de cocaína básica na Colômbia
30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 425

cloridrato de cocaína
2014foi equivalente
a 442 toneladas de Adenominação crack, tão
cocaína básicae 6,7 kg de cloridrato de cocaína
Estados Unidos e é uma expressão difundida no Brasil, surgiu nos
o(8,3 kg de
ar hectare de coca plantada). ao som da crepitaço decorrente do onomatopaica que remete
Acocaína é um potente
anestésico localle atua como pode- função da presença do cloreto de sódio,aquecimento da droga em
simpatomimético com efeitos estimulantes no impureza que surge no
processo de conversão da cocaína, normalmente
roso aggeente COC.HCI,
SNC, sendo considerada o mais potente estimulante central de que é procedida pela dissolução do pó em água,
ocorrncia natural, razão pela qual é utilizada como fármaco te alcalinizante (hidróxido de sódio ou adiço de agen
pré-incaicas que, se- bicarbonato de sódio) e
de abuso. Seu uso remonta às populações aquecimento. Inúmeras denominações de rua são utilizadas
gundo achados arqueológicos, já mascavam as folhas de coca para se referir à cocaína na forma de base livre
cerimonias religiosas. A prática de fumar folhas de coca
consumida por
via inalatória (fumada), dentre elas crack, merla, base, freebase,
om finalidades religiosas e terapèuticas data de mais de 5 mil bazuco, oxi etc. Essas designações utilizadas nas ruas, muitas
No fim do século XIX, preconizava-se o emprego de ci vezes reproduzidas em textos científicos, n£o apresentam um
garros de coca no tratamento de asma efebre do feno na Euro-
critério específico de classificação, pois a droga apresenta com
pae nos Estados
Unidos, onde também eram fumados com fi- posições variadas. Por vezes, surge um novo nome de rua para
nalidade recreacional. designar a mesma droga, induzindo ao erro de se considerar
Após séculos de uso, a cocaina foi isolada de folhas de coca uma antiga como uma "nova droga; esse foi o caso do oxi, que
ecaracterizada por Albert Niemann, em 1860, e atribui-se a após ter sido considerado uma nova droga mais potente que o
Freud a popularização da cocaina no meio científico, sendo fa crack, recentemente foi caracterizado como sendo a mesma
mosos seus escritoS de 1884 sobre as propriedades da COC de droga denominada crack em So Paulo.
aliviar adepressão e curar a dependência à morfina. Parado De maneira geral, o crack apresenta-se como cristais irre
salmente, uma das primeiras vítimas da farmacodependência gulares em forma de pedras", nome pelo qual évulgarmente
A
COC foi Halsted, cirurgião americano, que buscava exata referido. A pasta de coca apresenta concentrações de cocaína
mente curar-se de sua dependência à morfina. que variam de 40% a 91%, dependendo de estar bruta ou em
Embora postulada comno "perigosa" pelo próprio Freud estágio mais adiantado de purificação. O nome freebasing foi
após amorte de um amigo, passou a fazer parte de vários elixi referido como sendo cocaína na forma de base livre obtida pelo
res, medicamentos e bebidas, como a Coca-Cola®, O aumento próprio usuário, pela mistura da solução de COC.HCl com bi
do uso ocasionou,em l891, os primeiros relatos sobre intoxica carbonato de sódio ou amônia, e extração da base formada pela
cões relacionadas à cocaína, incluindo 13 mortes, o que even adição de éter, filtragem eposterior evaporação. Amerla, refe
tualmente contribuiu para sua proibição pelo Harrison Act em rida em algumas regiões do Brasil, apresenta consistência pas
1914, que a catalogou com as mesmas restrições e penalidades tosa sendoconsiderada um subproduto da cocaina obtida por
imputadas àmorfina. meiodo tratamento do remanescente das folhas de coca, apóso
O
uso não médico se tornou infrequente e clandestino até processo de refino (chamada de cocaína oxidada) e pela adição
seu recrudescimento na década de 1970 em função, em parte, de ácido sulfúrico, querosene, cal epóbarrilha (produtoutili
do conceito infundado de ser a cocaína segura e desprovida zado para limpar piscinas).
da propriedade de causar dependência, quando utilizada Em São Paulo, a sinonímia crack foi consagrada pela socie
recreacionalmente. dade para se referir ao uso da cocaína fumada, no entanto pa
rece que a droga vem apresentando mudanças em sua compo
Padrões de uSO sição. Provavelmente, no inicio o nome foi empregado quando
Acocaína émais frequentemente encontrada como pó cristali a droga era obtida por meio da cocaína, mas atualmente
alguns trabalhos indicam que a droga de rua comercializada
no, cloridrato de cocaína, (COC.HCI) obtido pelo tratamento como crack trata-se, realmente, da pasta de coca. Os trabalhos
a pasta de coca purificada com ácido clorídrico, ou ácido sul de caracterização mostram que a droga apresenta coloração
Turico, no caso do sulfato de cocaína. Sob esta forma, não se amarelada, muitas vezes pastosa e com forte odor de solventes
Presta a ser fumada, pois não se volatiliza e se decompõe com o orgânicos.
aumento da temperatura. Comumente é autoadministrada por Tanto os sais de cocaína como a cocaína base podem ser
aSplração nasal, por via oral ou intravenosa, sendo bem absor adulterados com várias substâncias, compondo-se assim a
ua na corrente sanguínea por meio da mucosa nasal. "droga de rua". Entre os adulterantes mais comumente encon
Na forma de base livre (COC-base), a cocaína apresenta locais
trados na droga de rua, encontram-se os anestésicos
valko pontode fusão (96 Ca 98°C contra os 197 °Cdo clori (benzocaína, procaína, tetracaína, bupivacaína, etidocaína, li
drato); volatiliza-se a aproximadamente 90 °Ce, quando aque docaína, mepivacaína, dibucaína, prilocaína), os
estimulantes
cida, permite que seus vapores sejam inalados no ato de fumar. (cafeina, teofilina, ergotamina, estricnina, efedrina, fenilpro
d mais comum pela qual se comercializa a base livre éo panolamina, metilfenidato e anfetamina) e piracetam; quanto
no Brasil, e
Chamado crack ou menos frequentemente merla preconiza-se o mani
aos diluentes, citam-se a glicose, a lactose, a sacarose,
bazuco em alguns países andinos. Atualmente,
que as formas em que a cOcaína ocorra como base livre rece- tol, o amido, o talco, os carbonatos, os sulfatos e o ácido bórico.
apreendidas, uma das
A análise de adulterantes nas amostras
bam a denominação comum de "cocaína fumável". No Brasil perfil
maneiras de repressão ao tráfico, posto que identifica o está
COcainas fumáveis apresentam normalmente caracteristicas de rua, já
químico de substâncias encontradas na droga
Pasta base de coca, que é o produto obtido a partir da pri consolidada como estratégia de combate utilizado na inteligên
cira extração das folhas apresentando vários compostos deri cia policial. Em estudo realizado pela análise crítica
de artigos
vados de petróleo eoutros adulterantes.
SOCIAL E MEDICAMENTOS
426 Parte 4 TOXICOLOGIA

adulterantes em amostras de Dada a facilidade para utilização do crack, é


publicados de 2000 a 2018 sobre
verificou-se que os princi
cocaina na forma de póou fumável, aminopirina, benzocaí alguns autores, compõe-se basicamente de individuos
importante
considerar a população potencialmente exposta, que, sepu
pais adulterantes encontrados foram:
condijovensnoSSOcao
diltiazem, do sexo masculino, idade inferior a 25 anos e baixa
de cetamina,
na, cafeína, carisoprodol, cloridrato procaína, prilo socioeconômica. Conformne constatação recente,
fenacetina, hidroxizina, levamisol, lidocaína, meio, égrande onúmero de menores de idade em
fenacetina (54%), lidocaína envolvidos Com
caína emetotrimeprazina, sendo a a prática de fumar crack.
(11%) e cafeina (4%) os mais prevalentes. Omaterial utilizado na confecção dos cachimbos e
de uso e, na era moder
A cocaina apresenta longa história mente lata de cerveja ourefrigerante, copo de água,
são a intrana
na, as vias de autoadministração mais frequentes gem de Yakult, pedaço de cano de ferro ou PVC embala-
respiratória
calor(cotogerado
velo),
sal e a intravenosa, para a forma de cloridrato, e a pedaço de isqueiro ou torneira, não protege do
tem havi
(ato de fumar) para a forma básica. Nos últimos anos, para a sublimação da droga sendo comuns as
do uma mudança drástica nos padrões de uso da COC quanto à queimaduras
Elas não se restringem àboca, mas atingem também dedoe.
viade administração: em função do advento do crack, passou nariz, tornando-se sinais caracteristicos do usuário de crol
-se da intranasal e/ou intravenosa para a via respiratória.
consumo de cocaína na forma furmável
As razões para o fato parecem estar embasadas no alto po
alto custo para o usuário, isto pode induzi-lo àsrepresenta
um
tencial de abuso deste modo de uso, em que os efeitos prazero práticas del:
tuosas e degradantes com graves implicações sociais e legaie
sos buscados são mais rápidos eintensos quando comparados à como aprostituição, o tráfico eo furto. Além do alto risco d
via intravenosa. Ressalte-se ainda o acréscimo de fatores am violência e morte entre os usuári0s (0 homicidio parece ser a
bientais e sociais como conveniência e facilidade de aquisição,
bem como a não necessidade da parafernália relativa às drogas causa jurídica mais comum entre os usuários), há orisco de
injetáveis,ea segurança quanto àbaixa possibilidade de trans contágio de doenças sexualmente transmissiveis, priniDal.
mente o HIV.
missão de doenças por esta via.
Outra população de usuários de cocaina que representa
A prática de se usar acocaina na forma fumada data da grave problema de saúde pública são as mulheres em idade
década de 1980quando se relatou que o crack havia se tornado
fértil. Foi observado que a dependência à cocaína fumada in.
sério problema nas principais cidades americanas e na Europa. duz a um quadro de risco para gestações não desejadas, pois o
Nacidade de São Paulo, aprimeira apreensão de crack analisa padrão de consumo estáasso ciado a estupro, prestação de fa
da nos laboratórios do então Serviço Técnico de Toxicologia vores sexuais e prostituição sem uso de preservativos. Em
Forense (STTF) ocorreu no final de 1992 e, àsemelhança do mulheres usuárias de crack, foi observado altonúmero de fi:.
que vem ocorrendo em outros paises, o número de apreensões Ihos eexpressivo número de abortos provocados. Aprática de
de crack subiu significativamente, superando, por vezes, aque
abandono é comum e impulsionada pelo quadro de depen
les relativos à forma de sais de cocaína. Carvalho (2006) anali dência, pela falta de condições financeiras e, para algumas,
sou 37 amnostras de urina fornecidas pelo Núcleo de Toxicolo
gia Forense do Instituto Médico-Legal de São Paulo, 13 post pelo desamor que nutrem pelas crianças indesejadas. Entre os
muitos efeitos perinatais decorrentes desse uso, citam-se: re
mortem e 24 provenientes de indivíduos vivos, e verificou o uso tardamento do desenvolvimento fetal, malformações conge
de crack em 23% do grupo post mortem e 33% do grupo de in
divíduos vivos. nitas, placenta abrupta, cardiomiopatias, distúrbios de com
portamento, microcefalia e atémesmo morte intrauterina. O
Uma das substâncias mais comumente associadas à cocaí número relativamente alto de casos relacionados com a expo
na éo etanol, sendo comum o uso de cocaína para reverter os sição materno-fetal ocasionou a criação da expressão "bebes
sinais e sintomas de ebriedade causados pelo álcool. Sabe-se da cocaína", que, segundo Sturner et al., constituíram o fla
que dessa interação, resulta o aparecimento de um terceiro gelo dos anos 1990.
produto, o cocaetileno, produto de transesterificação mais
apolar e com maior afinidade pelo SNC, que compartilha mui Afrequéncia de uso éum dado epidemiológico de dificil
tas propriedades da cocaína eapresenta efeito mais duradouro, obtenção, pois são poucos os trabalhos que enfocam esse parå
metro de exposição. Essa informação fica mais restrita ao cum
explicando assim o porquê de a associação ser tão frequente. primento ético-protocolar realizado nos experimentos Com
Além da associação cocaina/etanol, outras são também de
humanos. Assim, por exemplo, voluntários referem uso de
liberadamente buscadas, como com a Cannabis sativa, no aproximadamente 4 ga5gde cocaína em pó, intranasalment:
grimmie, que objetiva, segundo relatos, o aumento do prazer por semana,e até 120 mg diários, intravenosamente, ou aindao
ou diminuição da excitação e da compulsäão pelo uso utilização de crack até 3 vezes em um único dia. Em estuo0
do. Já a prática de misturar cocaína com continua
cigarros de tabaco não realizado com mulheres, em condição de prostituição e us
parece ter outra finalidade senão a possibilidade de o rias de crack, referiu-se o consumo de 6 a 10 pedras por dia.
funcionar como veiculo e poder ser fumado publicamente. cigarro

também referência sobre a associação com
ansioliticos e anti
depressivos, visando diminuir a ansiedade, a agitação ou a de Toxicocinética
press0 que se seguem a seu us0. Avelocidade de absorção e a concentração plasmática maxiu
Épreciso, ainda, da cocaína dependem das vias de introdução (intranasal, ora
considerar as associações que ocorrem intravenosa e respiratória), sendo as mais referidas a intranas
inadvertidamente, quer com os adulterantes ou e arespiratória por meio do ato de fumar.
cOcaína, quer pelo uso concomitante com outras diluentes da
cujas associações poderão significar substâncias, A administração da cocaína na forma fumada pode Se
interações importantes. comparada à via intravenosa em termnos de velocidade
30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 427

plasmática, duração e intenet de biotransformação na própria mucosa etc.


absorção, pico de concentração
de fumar COC na forma de base livre ta no aparccimento dos efeitos, esta via Embora mais len
dades dos efeitos. Oato do apresenta-os em termos
oferece o meio mais rápido de penetração fármaco na cor- de magnitude, comparável aos relativos à via
intravenosa. Do
por meio da absorção pelos alvéolos pulmo- ses de aproximadamente 0,4 mg/kg de peso corpóreo (30 mg a
rente sanguínea,
nares. Isso resultaem nmaior rapidez de aparecimento eintensi- 40 mg) são associadas a pico de concentração
experinmentados pelo usuário, se comparado aos plasmática de
e de efeitos
dade 50 ng/mL, enquanto aquelas correspondentes a l a 2 mg/kg
intravenosa. A cocaína fumada leva cerca
propiciados pela viaproduzir estão associadas a 100 a 200 ng/mL.
para seus efeitos. Esse tempo contrasta
de 8segundos em média, levam 3 a 5 minutos no caso
A via oral foi questionada como viável em termos da estabi
Comas outras vias que, lidade química do fármaco e de sua biodisponibilidade, no en
e de 10 a 15 minutos para a via intranasal.
via intravenosa tanto mostra-se também efetiva. Após uma fase de aproxima
Todavia, as vias intravenosa e respiratoria apresentam padrões damente 30 minutos, em que não há detecção plasmática, a
cinéticos similares. Há referências de que efeitos intensos ocor- absorção gastrointestinal érápida, e o pico de concentração plas
cany em l a 2 minutos, com concentrações plasmáticas de pico
mática geralmente ocorre entre 45 e 90 minutos. O retardamen
de 300a 900ng/mL. A duraço dos efeitos éconsiderada curta to da absorção pela via oral, em relação ao que ocorrena mucosa
para as 2 vias,, sendo que aqueles relacionados à via respiratória naso -orofaríngea, éexplicado pela ionização da cocaína no meio
£o considerados mais pronunciados e rápidos que os observa ácido do estômago epela demora em atingir omeio menos ácido
ins pela via intravenosa. Dai a mudança de padrão de uso veri do intestino delgado, local onde aforma não ionizada prevalece,
ficada nos últimos anos, pois a não estigmatização relacionada ocasionando uma maior velocidade de absorção.
a0 uso de agulhas e a possibilidade de busca imediata de doses A cocaina liga-se às proteínas plasmáticas apresentando
adicionais do fármaco constituem um componente particular alta afinidade pela alfa-1-glicoproteína ácida, e baixa, porém
de reforço. significativa, pela albumina. A fração livre situa-se entre 67% e
Abiodisponibilidade da COC fumada é de aproximada 68% da quantidade absorvida, na faixa de concentração de 300
mente 70%, o que éexplicado pelo fato de que hácerca de a 1.500 ng/mL, e, embora independa da concentração, varia
26% de perda da cocaína na forma básica, antes de ser inala com a mudança de pH (779% e 49%, respectivamente, em pH
da,ede que essa perda pode se dar por decomposição ou con sanguíneo 7,0 e 7,8).
densação no dispositivo utilizado para este fim. A biodispo Oacúmulo verificado no figado écompatível com asuposi
nibilidade pela via intranasal éreferida como sendo da ordem ção de que háreceptores hepáticos com alta afinidade pela co
de 60% a 80%. caína. A incorporação da COC no cabelo se dá por mecanis
Quando o indivíduo fuma a cocaina, absorve, além da pró mos ainda não totalmente determinados. Supõe-se que ocorra
pria base livre de COC, o éster metilanidroecgonina, produto por difusão passiva para o folículo piloso.
de combustão da COC. Aeficiência do ato de fumar (disponi Ocaráter lipofílico da cocaina faz com que a substância
bilidade química), no que se refere à velocidade e à quantidade atravesse prontamente a barreira hematoencefálica (BHE), e
de COC a ser liberada para a corrente sanguínea em condições acumule-se no SNC.
de produzir oefeito desejado, depende de vários fatores, como Há várias referências sobre a detecção de COC e produtos
aporção do fármaco sujeita àcombustão, a temperatura usada de sua biotransformação em sangue de cordão umbilical, líqui
para vaporizar a COC, o recipiente em que ocorre o aqueci do amniótico, urina, mecônio, cabelo e tecidos de neonatos. A
mento ea condensação da base livre nos dispositivos utilizados cocaína atravessa abarreira placentária nuna velocidade de
para fumar. Além disso, a quantidade de COCinaladadepende 80% daquela relativa àantipirina, marcador de simples difu
lambém da efetividade da tragada e, portanto, varia com a ex são, e apresenta características de transporte passivo, o que é
periência do usuário. consistente com o caráter lipídico deste fármaco.
Aprática do "cafungar", termo que refere o ato de aspirar a Foi também reportada a presença de COC no sêmen de
COcaina na forma de pó, consiste em se dispor os cristais de usuários após experimentos controlados, em que a exposição
Cloridrato (ou sulfato) de cocaína enfileirados em superfície ocorreu pelas vias intranasal, respiratória e intravenosa.
Usa, cada fileira com aproximadamente 10 mg a 30 mg que são A eliminação da cocaína é predominantemente controlada
aspirados de maneira que a absorção ocorre pela mucosa nasal. pela sua biotransformação que, em função das caracteristicas da
Aprática égeralmente feita em grupos, em média de 3 vezes molécula, é muito extensa, sendo apenas pequenas quantidades
por reunião e em intervalos de 20 a 30 minutos, tempo que ge excretadas inalteradas na urina (em média menos que 10%).
Talmente duram os efeitos relacionados à euforia. Autilização O clearance renal da cocaína é de aproximadamente 6% do
a CoC pela via intranasal (aspiração nasal), ou pela mucosa total que, por sua vez éconsideravelmente maior do que aquele
vucal, propicia a absorção através das membranas naso-orofa que pode ser atribuído ao fluxo hepático (aproximadamente
ingeas, com baixa velocidade de absorção emn função das pro 50% do total). Isso sugere mecanismos extra-hepáticos e ex
Piedades vasoconstritoras do fármaco. A administração por trarrenais de clearance do fármaco. Com efeito, a COC, que é
ala via produz teores plasmáticos menores, por tempo mais quimicamente a benzoilmetilecgonina, após absorvida, érapi
Prolongado, em função da velocidade mais lenta de absorção. A damente biotransformada a éster metilecgonina (EME), que
COncentração plasmáica de pico ocorre, em média, após 30 mi constitui32% a 49% da exCreção urinária da cocaína e benzoi
utos e estácondicionada às diferencas na efetividade da técni lecgonina (BE), 29% a 45% da excreção urinária. Além do EME
Ca da aspiração (deglutição parcial da dose) do fármaco e às ca e BE, seus principais produtosde biotransformação, háoutros,
Tacteristicas individuais do usuário, que produzem diferentes comoecgonina, norcocaína (NCOC) e benzoilnorecgonina em
hiveis de vasoconstrição da mucosa, apresentam a possibilidade menor porcentagem (Figura 30.1).
MEDIAMEN
428 Parte 4 TOXICOLOGIA SOCIAL E

cércbro reflete as concentrações gicas de usuários fumantes de cracke&


A presença de NCOC no do cador dessa considerada
forma de uso. A metabolização um rnar
haver evidências de envolvimento do
orgarniEMAsmo seagueanj.
plasmáticas e nåoparece vias semelhantes à da COC, é convertido no
lbiotransformação oxidativa da co
sistema P-450 cerebral na droecgonina por hidrólise enzimática, pela via das
SNC refletem a biotransfor
caina. As concentrações de BE no
mação no próprio compartimento,
visto que
BHE.
este metabólito é nesterases e não pela via ennzimática.
Analogamente
ção de CE, o EMA sofre transesterificação na
butàirfiolcrmola-i:
polar e incapaz de atravessar a
a formação
Em 1979, foi demonstrada, pela primeira vez, houve o
etanol, sendo convertido em éster
mite estimar o consumo de cocaína etilanidroecgonipresença
fumada na que per-de
doéster etílico da benzoilecgonina nos casos
consumo concomitante de cocaína e etanol.
em que
Este produto, de etanol. Ainda o éster metilnoranidroecgonina, formade ao
desmetilação, pode ser convertido, na interação com
concomitante
é resul
nominado de benzoiletilecgonina ou cocaetileno (CE), etanol, a
éster etilnoranidroecgonina ou este pode ser formadea
carboximetil da
tadoda etiltransesterificação, em que o grupo N-desmetilação do éster
cocaina é transesterificado a carboxietil na presença de etanol, etilanidroecgonina. Este metabolis-
mo ainda não está bem esclarecido, oque se sabe
mediada por carboxilesterases. Um dos aspectos mais impor tensão da biotransformação do EMA depende da atividade
que aex-
tantes da formação do CE é a constatação de que este produto enzimática nos órgãos, e esta atividade diminui
possui açåo farmacológica comparável àda COC. ordem: figado > pulmões > rins > cérebro. seguinte
Dada sua semelhança estrutural com a COC, o CE segue Além das controvérsias sobre os modelos farmacociné:
padrões cinéticos similares do precurso, apresentando a parti cos, dados sobre ameia-vida plasmática de eliminação da Cor
cularidade de maior lipossolubilidade e, portanto, maior per
diferem nos experimentos descritos na literatura, talvez em
sistência no organismo (maior meia-vida biológica). Assim, à funcão das variações individuais nos níveis de colinesterases.
semelhança da COC, apresenta alta afinidade pela alfa-1-glico
proteína ácida, atravessa a barreira placentária em velocidade Osparâmetros cinéticos para a cocaína variam de acodo
semelhante àda cocaína e sofre biotransformação pelas mes com avia de administração. Embora se utilize omodelo mono.
mas vias que a cocaína, resultando em benzoilecgonina, éster compartimental para seu estudo, háautores que postulam a
etilecgonina, norcocaetileno e outros produtos ativos resultan utilização do modelo bicompartimental ou ainda tricomparti.
tes da sua oxidação (Figura 30.1). mental em função da velocidade com que ocorrem sua distri:
Quando aCOC éfumada, outro produto que também apa buição e biotransformação.
rece na urina é oéster metilanidroecgonina (metilecgonidina, Os dados sobre a meia-vida plasmática de eliminação da
EMA), uma substância que se forma pela degradação térmica. COC diferem nos experimentos descritos na literatura. Para a
Ametilecgonidina já foi identificada em várias amostras bioló via intranasal, a maioria dos trabalhos refere estar entre 50 e

CH,
CH, OH
N
N
colinesterases
COOH
COOH COOCH,
0CO
OH Benzoilecgonina 0C0
Ecgonina
carboxilesterases
n-Hidroxinorcocaína
CH,|
N
CH H

colinesterases citocromo P-450


cOOCH, COOCH,
OH 0CO 0C0
Éster metilecgonina
COCAÍNA Norcocaína
CH, PIRÓLISE etanol
CH,

cOOCH, CO0C,H,
Éster metilanidroecgonina etanol N
CH, 0C0
CH, Cocaetileno
CO0C,H,
butirilcolinesterase
COOH
Éster etilanidroecgonina
Anidroecgonina

Figura 30.1 Produtos de biotransformação, pirólise e transesterificação da cocalna.


30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 429

inutoS; para a respiratória e intravenosa, os tempos relativos em relação aos outros receptores do
meia-vida biológica constantes dos trabalhos consultados se tipo D, e têm um papel
à
encorntram, respectivamente,entre 38 e 58 e40 a67 minutos.
importante no mecanismo de vício dacocaína. O Quadro 30.1
anm relação ao CE, estudos demonstram um valor de
relaciona a distribuição de receptores de dopamina com o efei
to produzido.
meia-vida de eliminação que varia de 138 a 155 minutos. Cerca
de3%a5% da dose de COCsão convertidos ao etil composto.
lume de distribuição aparente (V) da COC é de apro
Quadro 30.1 Efeitos gerados pela dopamina em
local da interação com função do
yimadamente 2L/kg (1,5 a 2,7 L/kg) e para a BEédde 0,7
L/kg. receptores.
oV,da COCé nenor que de outros fármacos que apresen- Distribuição de
tamampla distribuição. Isso significa que apresenta menor receptores Função
potencial de acumulação, embora estudos post mortem mos- Córtex
Reatividade, humor, cognição
trem concentrações muito maiores no cérebroe no figado do Sistema límbico Emoção, comportamento estereotipado
que no sangue. Núcleos da base Controle motor
Toxicodinâmica Hipotálamo Controle autônomo e endócrino
Hipófise Controle endócrino
Acocainaé um estimulante com alto potencial de abuso, cujo
Fonte: Desenvolvido pela autoria.
anismo de ação é a inibição da recaptação de dopamina
por meio do antagonismo do transportador de dopamina.
Apósa utilização da COC em doses recreacionais, háelevação Os mecanismos relacionados ao bloqueio da recaptação
temporária das concentrações de norepinefrina (NE) e dopa- de serotonina não estäo bem estabelecidos. Sabe-se apenas
minaa(DA) com subsequente redução a valores abaixo dos nor- que, àsemelhança da dopamina e norepinefrina, há interfe
mais. Estas concentrações podem ser relacionadas, respectiva rência nos sítios transportadores com possível bloqueio da
mente, com os estados de euforia e depressão experimentados
recaptação e, com o uso crônico, hádiminuição na biossínte
pelos usuários de cocaína. se do neurotransmissor.

Oprovável mecanismo de ação no SNC éobloqueio da re A cardiotoxicidade da cocaína écomprovada eoexato me


cantacão de DA nas fendas Sinápticas, que parece ocorrer em canismo pelo qual ocorre ainda não está totalmente elucidado.
função da ligação da cocaína aos sítios transportadores de do Infere-se, porém, dos resultados experimentais, que há um si
pamina. Oacúmulo de dopamina noS receptores pós-sinápti nergismo das ações simpatomimética (inibiço da recaptação
cos DleD2 parece ser omecanismo fisiopatológico pelo qual de catecolaminas) e anestésica (bloqueio dos canais de Na').
ocorre a euforia. A consequência do acúmulo do neurotrans A inibição do influxo de sódio nas células cardíacas prejudica
missor éa indução dos receptores pré-sinápticos decorrentes a condução do impulso nervoso, criando substrato ideal para a
do mecanismo de autorregulação e subsequente depleção do ação da norepinefrina de gerar taquicardia eeventualmente fi
neurotransmissor. Da mesma maneira, a estimulação adrenér brilação ventricular. Essa ação adrenérgica é corroborada pela
gica pareceocorrer pelo mesmno mecanismo, sendo que no uso estimulaço central do hipotálamo e da medula que, além da
crônico de cocaina, tanto a NE quanto a DA se tornam signifi taquicardia, origina constrição vascular periférica e subse
cativamente reduzidas no cérebro. A diminuição da dopamina quente elevação da pressão sanguínea e da velocidade do pulso
cerebral pode resultar em anormalidade das vias dopaminérgi verificadas na intoxicação por cocaína. Aestimulação adrenér
cas, ocasionando complicações psiquiátricas. gica aumenta os níveis de cálcio intracelular eo antagonismo
Cerca de 75% da dopamina nocérebro encontram-se na via da cocaína às substâncias bloqueadoras dos canais de cálcio. O
nigroestriatal, cujos corpos celulares se situam na substância ne aumento do fluxo de cálcio (Ca2) através das membranas celu
gra, e seus axônios terminam no corpo estriado. A segunda via lares é tido como outro provável mecanismo de ação.
importante é a via mesolimbica/mesocortical (corpos celulares Háaindaestudos demonstrando a possibilidade de envolvi
do mesencéfalo), cujos feixes se projetam para o sistema límbico. mento de receptores de glutamato nos efeitos gerados pela co
Aterceira via é a do sistema túbero-hipofisário, um grupo de caína. O glutamatoé um neurotransmissor envolvido em trans
neuronios que segue seu trajeto do núcleo arqueado do hipotála missões sinápticas excitatórias rápidas, na maioria das sinapses
mo para a eminência mediana e a hipófise, cujas secreções são do SNC. Os receptores de glutamato concentram-se principal
mente no córtex, núcleos da base e nas vias sensoriais.
por ele controladas. Há também vários neurônios dopaminérgi Demonstra-se que a letalidade e os efeitos convulsivantes
cos locais no córtex olfatório e bulbo, bem como na retina.
gerados pela administração de dose aguda de cocaína são di
Sabe-se atualmente que existem 2 familias de receptores
de dopamina: um grupo onde se enquadram os receptores DI minuídos quando se realiza um pré-tratamento com antago
nistas de receptores de glutamato. Parece, entretanto, que o
eD5 e outro onde se enquadram os receptores D2, D3e D4. estereotipado está mais relacionado às vias
OS receptores D2 estão presentes em maior concentração no comportamento
Corpo estriado e núcleo acumbens e a sua estimulaço é asso dopaminérgicas, pois ele pode ser inibido por um antagonista
dopaminérgico como o haloperidol.
clada a comportamento psicótico. Os DI predominam no
Córtex pré-frontal e modulam o comportamento cognitivo Em 1990, foi proposto que o EMA poderia ter efeito coli
relacionado à menmória trabalhada, Os receptores D3 estao similaridade de sua estrutura química
nérgico em função da
ser
localizados no núcleo acumbens e adjacentes àregião meso com a arecolina e com a anatoxina. A suposição pôde
1995,
limbica, apresentando a mais alta afinidade para dopamina fortalecida por estudos realizados por Erzouki et al., em
SOCIAL E MEDICAMENTOS
430 Parte 4 TOXICOLOGIA

coelhos a) excitação aumentada obtida com


intravenosa do fárnaco em doses
em que a administração
arterial média, os batimentos car crônicos, fato que poderia ser explicado menores em
pareceu diminuir apressão
díacose a taxa respiratória. Esses
resultados corroboraram os biossintese de serotonina, que ocasiona pela
dim inuiusauoarios
ç
foi verificada a ação
achados em outros estudos, nos quais Scheidweiler et al.
ação excitatória da dopamina; e b) aumento
da potencialização da

sanguidseradas
unsceosetibilredecracetedaee
ao aparecimento de convulsões em doses
muscarínica in vitro, e os achados de
(2003), que verificaram, após
administração do fármaco em cionais, sem que haja alteração dos níveis
brais da COC (kindling farmacológico), que
consi
antagonizado com
carneiros, rápida hipotensão, efeito esse efeito inotró
petitivamente pelo metilbrometo de atropina. O resultante
miocárdio ventricular,
por vezes, após o uso crônico. tambm ocorre,
pico negativo do EMA em
da estimulação dos receptores muscarínicos que
éconcentra Dependência e síndrome de abstinência
ção-dependente e potenciada pelo óxido nítrico, ocorre em As vias
dopaminérgicas parecem estar envolvidas
função da inibição da disponibilidade de cálcio
durante o coomemos Lme
canismosda euforia e do comportamento compulsivo
que os efeitos
processo de excitação-contração. Isto sugere ca da cocaína, que caracterizam ofenômeno de
cardiotóxicos da COCcombinados com os efeitos do EMA,
no caso de uso de cocaina por via respiratória (fumada), ge
desenvolvido pelo fármaco. Acocaína é considerada
substâncias com maior potencial de abuso, e isso se uma das
dependència
ram complicação cardiopulmonar aguda mais intensa do que
deve de
poderosa capacidade de produzir reforço positivo (efeito àsua
outras vias de administração da COC. jado), oque éatribuído àpotenciação da neurotransmissäe
paminérgica dos neurônios mesocorticais e mesolímbicns
Doses usadase ofenômeno de tolerância A depleção da dopamina, após o aumento que ocorre n
Os dados resultantes das investigações toxicocinéticas são, ob início da exposição à COC, está relacionada com o
viamente, relacionados a experimentos controlados e, embora mento de busca:o usuário crônico autoadministracompor
repetid-ta-
visem simular situações reais de uso, não o fazem com 100% de mente o fármaco para aumentar os níveis de DA. AcronicidaB
êxito, uma vez que a drogade rua éfrequentemente adulterada desse processo, ou seja, reforçolcomportamento de busCa. P.
e, portanto, com teores variáveis de COC. presso por aumento/diminuição dos níveis de DA, Constitui ,
base bioquimica do ciclo euforia/disforia, que caracteriza ode.
Nos experimentos com voluntários humanos, procura-se
relacionar as concentrações sanguíneas com os efeitos observa senvolvimento da farmacodependência àcocaina. Há dados e
estudos em animais que confirmam que anticorpos anticocai:
dos e que são, normalmente, aqueles buscados pelos usuários.
COOK et al.,em 1985, demonstraram que 50 mg de base livre na podem inibir os efeitos de reforço da cocaína num modeb
de autoadministraço em animais.
fumada em intervalos de 30 segundos e por 5 minutos, indu Aretirada da cocaína após o uso crônico pode resultar em
zem a efeitos psicológicos e cardíacos da mesma ordem de
magnitude que 20 mg de COC.HCl por via intravenosa. Com depressão, fadiga, irritabilidade, perda do desejo sexual ou im:
efeito, nos experimentos que enfocam dados sobre o hábito de potência, tremores, dores musculares, distúrbios da fome, my:
fumar crack ou ouso intravenoso da COC, as quantidades va danças do eletroencefalograma (EEG) e dos padròes de sono.
Esses sinais e sintomas constituem, caracteristicamente, refor
riam entre 25 e 50 mg, enquanto na aspiração nasal as doses
individuais se encontram entre 30 e 70 mg. Essa situação pare ços negativos que fazem da interrupção do uso de cocaina um
ce mimetizar o uso na farmacodependência e há referências de dificil empreendimento individual e configuram a síndrome
que amédia de uso por farmacodependente seja de 4g a 5gpor de abstinência, marcada pelo fenômeno de neuroadaptação em
semana. No entanto, as doses toleradas podem variar muito. É que háaumento da densidade e indução de receptores em fun
referida intoxicação aguda com dose de 30 mg por via nasal, ção dos mecanismos de autorregulação.
enquanto usuários crônicos utilizam até 5 g de droga diaria Ressalte-se que o mecanismo de farmacodependência nåo
mente. São referidas concentrações sanguíneas tóxicas entre étotalmente esclarecido em funcão da deficiência dos mode
0,25 e 5,0ug/mL, adotando -se como concentração fatal clássi los animais em reproduzir experimentalmente os fatores so
ca valores 1,0 a 5,0 ug/mL de sangue. ciais e psicológicos e do fato de que, em humanos, há aautoa
A tolerância aos efeitos comportamentais da cocaína pare dministração de múltiplas drogas, oque claramente têm papd
ce ocorrer em usuários crônicos após consumo de altas doses e importante na farmacodependencia humana. Como exemp0
consiste na diminuição dosefeitos eufóricos e fisiológicos. Os pode-se citar o ato de fumar base livre que, por constituir v
de necessi-
fumantes de base livre reportam uso de quantidades que exce administração "socialmente aceita, posto quenão
dem a l g, considerada letal para indivíduo adulto. Os experi tada parafernália associada adrogas ilíicitas (agulhas, sering
mentos de Emmett et al. e Katz et al., ambos em l993, de etc.), propicia a busca imediata de doses adicionais do fárma.o
dorefor-
e é, por isso, considerado um componente particularcontribui
monstraram haver tolerância aos efeitos da cocaína em
exposições crônicas. A tolerância é, entretanto, considerada Ço, associado ao uso compulsivo e mais intenso, que
modesta quando comparada àque ocorre com outros estimu para acelerar o desenvolvimento de farmacodependen
apareci
lantes, como osanfetaminicos. Adicionalmente, é necessário considerar que orápido
mento dos efeitos no centro do prazer mnediado pelo neu
Com relação às respostas
desenvolvimentode taquifilaxia,cardiovasculares,
parece haver o transmissor dopamina faz da cocaína fumada uma drogd cract
e o mecanismo hipotético pare tremamente "atraente" para o usuário. No início,
o
ce estar relacionado com denomindas
envolvimento de
receptores alfa-2 pré
-sinápticos. Háreferências também à ocorrência provoca sensações de extremo prazer que são
de tolerância rush ou flash; essas sensações são de intensa euforia, iluse
reversa ou sensibilização que se caracteriza de 2 onipotência e autoconfiança.
maneiras:
30 Estimulantes do SistemaNervoso Central 431

consumo repetidoda droga d Após autilização de doses recreacionais de COC, a habi


Os ciclos intermitentes de podem durar dias. Otérmino do
oninanm-se padrào "binge" e lidade de dirigir fica seriamente afetada por
caracterizado por disforia, compulsão efissura para a imprudentese comportamentos
héadministraçåo da droga (craving). Quando o indivíduo tudes bizarras.agressivos, associados ao senso de poder e ati
£ ainda frequente o
caving,.pode se tornar agressivo e utilizar qual- percepção visual com aparecimento de comprometimento
da
(stá fase
na. de halos de luz no campo
obtera droga como roubar, vender seus per- visual, sintomatologia esta que claramente reflete os riscos
recursopara
tenese dos familiares e prestarfavores sexuais. eminentes que advêm do ato de dirigir sob a influência dessa
Geralmente, o usuário no padro "binge" não se alimenta, substância.
não tem cuidados básicos de higiene e perde ointe- Háocorrência de manifestações auditivase visuais psicóti
n£o dorme,
aparência fisica. Além do Craving, uma gama cas e de desilusão paranoica, o que pode levar, em alguns casos,
resse por sua
cnorme de outros efeitos pode surgir e se intensificar com o a comportamento suicida ou homicida. Pode ocorrer desorien
usocrônico: agitação, disforia, paranoia, delírio e alucinações. tação mental, comprometimento da memória imediata e dis
Destaca-se, dentre esses efeitos, a paranoia, que se caracteriza
medo terrrível de serem descobertos (principalmente
função cerebral com aparecimento de psicose tóxica com aluci
por um nações tácteis (sensação de insetos rastejando sobre a pele) que
policia ou por um parente), descrevendo otemor de serem podem, por vezes, originar ulcerações na pele decorrentes das
pela
apannhados fazendo uso da droga. Gradualmente os usuários tentativas de se livrar dos parasitas imaginários. Anormalida
desenvolvem tolerância e necessitam de doses cada vez maio- des de humor e comportamentais, normalmente observadas
aS Contudo, apresentam maior frequência e maior grau de an em farmacodependentes de COC, são similares às de pacientes
adade. paranoia edepressão com ouso crônico, assim como com depressão e esquizofrenia, nos quais se identificou dimi
intensSOs.
surgem pensamentOS paran0icos muito nuição dos níveis de serotonina cerebral.
No estudo docraving, resultados interessantes têm sido ob A inibiço da monoaminoxidase ocasiona desequilíbrio na
tidos na aplicação de técnicas de neuroimagem. Indivíduos produção de radicais livres, o que gera estresse oxidativo e neu
dependentes de cocaina trequentemente experimentam esta roinflamação. Administração contínua de cocaina em animais
sensação (craving) quando são expostos a desencadeantes am demonstrou contribuir para um aumento de 50% na permeabi
hientais, como estimulo audiovisual que pode ser provocado lidade da BHE, com diminuição concomitante da resistência
por vídeo contendo imagens e sons relacionados à cocaína. elétrica trans endotélio e ruptura capilar neurovascular. Há
Técnicas de tomografia por emissão de pósitrons e ressonância também estudos que relatam neuroinflamação e interrupção
magnética funcional demonstraram que o estimulo audiovi da BHE induzida por cocaína e mediada pela ativação de célu
sual pode estar relacionado com o aumento do metabolismo las microgliais cerebrais que, na exposiçãoàcocaína, secretam
regional de glicose no córtex pré-frontal dorsolateral, na amí várias citocinas, quimiocinas e outros fatores neurotóxicos.
dala e no cerebelo; além disso, foi evidenciado o aumento de Autilizaço de pequenas doses aumenta alibido eos praze
fluxo sanguíneo após estimulação audiovisual nas áreas límbi res sexuais pelo retardamento da ejaculação, e o uso crônico
cas, particularmente o cíngulo anterior e a amídala. Esses eventualmente culmina em impotência sexual ou falta de libi
achados demonstram que os fatores externos apresentam papel do.Outro efeito que vem sendo associado ao consumo de cocaí
importante nas recaídas. na é a síndrome do delírio excitatório" (excited delirium syn
drome), que écaracterizada por delírio, agitação, hipertermia e
Efeitos tóxicos decorrentes do uso abusivo um comportamentoviolento que pode culminar em morte sú
bita. Embora, inicialmente essa sindrome tenha sido descrita
As consequências do uso abusivo de cocaína se expressam no
em indivíduos que sofreram coerção física, como uso de cho
aparecimento de efeitos tóxicos, cuja intensidade varia de acor
o com as condições de exposição. E muito frequente a ocor que (arma de choque do tipo Taser), foi demonstrado que as
Tencia de intoxicação aguda e de morte súbita consequentes de vítimas apresentaram estado clínico instável com imediata
Complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, relaciona piora e alto risco de óbito, mesmo em casos de intervenção mé
das ao efeito simpatomimético que resulta emn aumento da taxa dica ou quando a coerção física não foi utilizada na abordagem
Cardiaca, do consumo de oxignio e da pressão arterial. A esti dos indivíduos. O termo delírio pode ser definido como uma
mulação no SNC está relacionada a aumento da temperatura, síndrome, ou grupo de sintomas causados por um distúrbio de
No
consciência durante o funcionamento normal do cérebro.
convulsões ecomprometimento respiratório que com os efeitos delírio hiperativo, ocorre uma mudança de consciênciae
res
no sistema nervoso periféricopodem resultar em morte. agitação, alucina
posta ao ambiente, que se manifestam como
Os distúrbios decorrentes do uso agudo e crônico são de capacidade do fár
Ções, desilusões e psicoses decorrentes da SNC.
Natureza diversa, ressaltando -se os de ordem psiquiátrica, res maco em causar descargas de dopamina no
piratória e cardiovascular, entre outros. diretamente relacionados
Os distúrbios respiratórios estão
A euforia que se segue ao uso de COCé intensa e ocorre em aspiração frequente, na
com a via de administração. Assim, a
bases previsiveis. Háprofunda alteração de humor frequente reativa da mucosa na
forma de cloridrato, promove hiperemia
enle acompanhada de sensação de aumento de energia, vigi função de vasoconstrição.
sal, com aparecimento de rinite, em adulterantes nos seios
eautoconfiança, com comportamento grandiloquente. A inalaçãopode provocar
deposição de
Além disso, promove asensação de supresso de medo epâni- etmoidais, ocasionando aparecimento de sinusite.
O,Oque aumentaa euforia, As funcões da mnemória nos pro importantes decorrentes do há
Osdanos respiratórios mais
eSsos de julgamento se tornam preiudicadas e o usuário apa conhecidos como "pulmões de crack".
Tenta confusão mental. Pode ocorrer agitacão, convulsao e bito de fumar crack são aparecimento de bronquiolite
Comportamento violento com paranoia. Entre os efeitos, inclui-se o
MEDICAMENTOS
TOXICOLOGIA SOCIAL E
432 Parte 4

broncoes qual ocorra essa


granulomas pulmonares, interação não esteja
ainda bem esclarer:
obstrutiva, infiltrados e rinorreia de uma das
possibilidades é aformação de um
dispneia, tosse, opacidades pulmonares e da transesterificação enzimática hepática daproduto
pasmos,
liquido pleural.
pode ocasionar fibrose pul
de etanol -o cocaetileno (CE) - que pode COCnarespruletsaenntçea
promover 0s
Quando o adulterante éo talco, da forma básica utilizada, aditivos ou sinérgicos.
monar. Dependendo da
procedência
coca, Ococaetilenoacha-se presente em concentrações efeitos
de inalação. A pasta de
outros compostos são passíveis da planta, apresenta resíduos
alcaloides
cantes em amostras de cérebro provenientes de signifde.
por exemplo,além dos
chumbo e manganês.
casos de overdose por cocaína. Estudos in vitro
necrópsias
recaptdemaçãoonstrapré.m
querosene,
de gasolina,
ser o CE equipotenteàcocaína no bloqueio de
no sistema vascular
Distúrbios cardiovasculares Os efeitos -sináptica da dopamina.
exposiço.
independem daviade administração pela qual se dá a a frequên Distúrbios hepáticos Os produtos de
Acapacidade que a COCapresenta
de aumentar
sultantes da bioativaçãooxidativa hepática biotransformaço
cia cardíaca e a pressåo sistólica, bem
cardiaca pela vasoconstrição periférica,
da demanda cardíaca de oxigênio. Aumenta
como a sobrecarga
resulta num aumento
também aresis
sangue
na, nitrÓxido de
(N-hidroapresent
norcocaina e ion nitrosônico)
potencial de se ligarem covalentemente a proteínas
resultando no desenvolvimento
xinorcelcouaclmaarejs:,
de necrose hepática.
o

tência vascular coronariana, reduzindo o aporte de sobre as Embora


persistam divergências comprovações da relação direta
para o miocárdio. Foi demonstrada a sua ação como pró-coa
de causa e efeito para os danos hepáticos associados:
gulante, aumentando a agregaço plaquetária. A combinação dutos, há crescentes evidências clínicas do efeito
esses
desses efeitos pode resultar em eventos isquêmicos cardíacos, hepatotóxico,
como infarto do miocárdio ou angina pectoris. Já foram referidos aumentos de aspartato aminotransferasead
A taquicardia resulta tanto da ação periférica, por aumento
bilirrubina, bem com0 necrose de parênquima hepático,
da estimulação dos receptores B-adrenérgicos no miocárdio, Experimentos em ratos e camundongos revelaram que, ank.
como por estimulaço central hipotalâmica. Os experimentos exposição aguda àCOC, evidenciou-se dano hepático por an.
mostramn que o limiar de fibrilação ventricular é diminuído na mento significativo dos níveis de transaminase e
estimulação cardíaca simpática. Este fato parece explicar o dese degeneraçào
gordurosa do hepatócito, acompanhada de necrose parenguimal
quilíbrio homeostático do cálcio intracelular, que contribuiria Éimportante ressaltar que outros distúrbios podem ocor.
para o início e manutenção da fibrilação ventricular, com com rer decorrentes da presença de adulterantes na droga. Os pro.
prometimento ainda maior na jácomprometida condução do fissionais de saúde deverão estar cientes dos efeitos adversos .
impulso nervoso, em função do bloqueio dos canais de sódio. O das interações pela presença deses adulterantes inadvertida
coração pode responder à intensa estimulação ventricular ectó mente utilizados junto com a droga. Eo caso do levamisol, um
pica com taquicardia, fibrilação ventricular e parada cardiaca. medicamento anti-helmintico de uso veterinário ehumano que
Citam-se também aparecimento de miocardite, cardiomiopatia aparece com frequência cada vez maior nas amostras de droga
eendocardites, essas últimas relacionadas à via intravenosa. de rua de cocaina e no crack e, em certa medida, na heroína ena
A hipertensão decorente da estimulação adrenérgica é fentanila. Olevamisol pode causar efeitos adversos graves à
apontada como o principal fator na patogênese do infarto ou saúde, incluindo redução na contagem de glóbulos brancos
da hemorragia cerebral, por causar vasoconstrição ou vasoes (leucopenia eagranulocitose). podendo opaciente apresentar
pasmo, principalmente em adulto jovem, cujo desenvolvimen infecções potencialmente fatais de desenvolvimento rápido.
toparece estar associado a anormalidades cerebrovasculares, Trata-se de doença muito grave que precisa de tratamento em
incluindo aneurismas. Aliteratura refere que o acidente vascu hospital. Podem ocorrer também efeitos cutâne0s adversos in
lar cerebral (AVC) pode ser isquêmico ou hemorrágico e que duzidos pelo levamisol que variam de erupções cutâneas de cor
sua patogenesia parece ter relação com a forma de uso. roxa (púrpura), úlceras de perna e tecido necrosado visivel e
Os farmacodependentes em COC frequentemente são fu são geralmente de natureza vascular. Em muitos pacientes com
mantes habituais de maconha ou tabaco. A COC, assim como necrose cutânea, as infecções são comunse pode ser necessaria
otetraidrocanabinol, apresenta efeitos cardiovasculares, o que cirurgia reconstrutiva.
indica haver uma possibilidade de potencialização entre os 2
agentes, como de fato observaram Foltin et al. em experimento
em que foi demonstrado haver aumento adicional na frequên ANFETAMÍNICOs
cia cardíaca e pressão sanguínea em relação aos efeitos obser Dá-se o nome "estimulantes - tipo anfetamina" ao grupo u
vados com cada um dos agentes em separado. Alguns estudos substâncias compostas de estimulantes sintéticos que inclui 2
avaliam que os efeitos deletérios da cocaína na oxigenação do anfetamina, metanfetamina e ao grupo das anfetaminas
anel
miocárdio são exacerbados pela utilização concomitante de ci -substituidas como o "ecstasy" (metilenodioximetanfetamina
garros de tabaco.
MDMA) e seus análogos.
Pode ocorrer potencialização com outros anestésicos locais substâncias
utilizadoscomo adulterantes, sendo que pode advir dessa inte Otermo "anfetamínicos" refere-se ao gruupo de
ração colapso cardiovascular com assistolia e óbito. Composto pela anfetamina e seus derivados (Ouadro 30.2). Qu
micamente, apresentam o esqueleto básico da B-fenetilam
Ainteração com álcool etílico émuito
frequente e pode re
sultar emn efeitos cardiovasculares (frequência e, farmacologicamente, atuam como aminas simpatomimeu
cardíaca e pres As anfetaminas anel-substituídas, dadas suas caracteristicas la
são sanguínea) mais acentuados que aqueles macológicas enantiômero-dependentes, serão abordadas no o
observados
cada agente em separado. Embora o mecanismo preciso pelo
com
pítulo 38- Drogas Sintéticas e Novas Substâncias Psicoativas.
30 Estimulantes do SistemaNervoso Central 433
B-fenetilamina e seus derivados.
Quadro 30.2
Rs
R R
R
R, CH

R,
-a=||3|=|3| R,
Substância R R2 R3 R4 R5 R6
H RZ
Anfetamina H H H H H CH,
Clorfentermina
Dietilpropiona
|3|||I|||
CH,CH,
H

CH,CH,
H
CH, H C CH,
H CH,
Efedrina
CHa H OH H CH,
Fenfluramina CH,CH, H H H
CF, CH,
Fenilefrina H
CH, OH OH H
Feniprazina H NH, H H CH,
Femproporex CH,CH,CN H
CH,
Fentermina H
CH, H H CH,
Metanfetamina CH, H H CH,
Sibutramina CH, CH, H Ciclobutil H CI CH,CH(CH,e
Fonte: Desenvolvido pela autoria.

Omazindol, frequentemente classificado como medica Padrões de uso


mento anfetamínico juntamente como femproporex e aanfe Os anfetamiínicos são utilizados tanto por prescrição médica
pramona, cujo consumo integra estatísticas oficiais das cha
quanto em situaço de autoadministração para manter esta
madas "drogas anorexígenas tipo-anfetamina", embora seja dos de vigília. Noto et al. (2002) realizaram um levantamen
um anorexígeno, não é relacionado quimicamente com as to em 2 municípios do Estado de São Paulo, onde foram ava
anfetaminas.
liadas prescrições de psicofármacos retidas em drogarias,
Aanfetamina foi sintetizada em 1887, em laboratórios da farmácias de manipulação, postos públicos e hospitais no
Alemanha, por Lazar Edeleanu, porém, seus efeitos farmacoló ano de l999; de 108.215 prescrições, 26.930 eram de anorexí
gicos só foram estudados a partir do fim da década de 1920, genos (dentre os quais destacaram-se femproporex e dietil
época em que foi largamente utilizada no tratamento da obesi propiona) correspondendo a cerca de 25% do total de pres
dade, narcolepsia, hipotensão e sindrome de hiperatividade em crições avaliadas.
crianças. A metanfetamina foi sintetizada em 1919, e seu dex Entre os estimulantes, os anfetaminicos ainda constituem
troisômero éconsiderado o derivado anfetamínico com maior um sério problema mundial. E um grupo que normalmente
potencial de abuso. Data de 1937 a primeira referência à comer estápresente entre os encontrados nos programas de verifica
cialização controlada da anfetamina, o que se deu em razão de ção de drogas no ambiente de trabalho. No Brasil, é importante
Suas propriedades estimulantes e reforçadoras. fármaco de abuso entre os caminhoneiros que fazen uso dos
Durante a Segunda Guerra Mundial, os alemãese aliados chamados "rebites" para enfrentar as extenuantes jornadas.
esta
usavam a anfetamina para combatera fadiga e melhorar o Em estudo realizado por Silva et al. (1997), verificou-se que
do de alerta de suas tropas. Os japoneses utilizavam anfetami
trabalhadores 4,14% das 483 amostras de urina, provenientes de caminhonei
na não apenas em suas tropas, mas também em ros de várias regiðes do Brasil, foram positivas para um ou
CIVis, para aumentar a produtividade. Foi necessário grande
dessa substância, por mais fármacos de abuso, sendo que, entre elas, a frequência de
estorço para conter o uso disseminado derivados anfetamínicos em associação ou como único grupo
meio de estrito controle de produção, programas maciços de
encontrado foi de 85%. Outro estudo realizado por Nascimen
educação e severas penalidades. Antes do recrudescimento da de preenchimento
toet al. (2007), em Minas Gerais, por meio caminhoneiros,
Popularidade da cocaína na década de 1970, a metanfetamina de questionários, demonstrou que 66% dos na
adolescentes
CIa responsável por cerca de 80% dos casos de região de Passos, consumiram anfetaminas durante os percur
usuários de drogas nos Estados Unidos. alarmantes, uma vez que as
sos de viagem.Esses resultados são questionários
No Brasil, anfepramona, femproporexe mazindol chega amostras foram cedidas voluntariamente e
os
tam a ter seu uso e producão proibidos pela Resolução parte
preenchidos, mostrando assim que não há percepção por mais,
n. 52/201l da Anvisa, a qual foi sustada pelo Decreto LegISlal indevido de droga e,
do motorista de que se trata de uso
vO n. 273/2014. Com relacão ao metilfenidato, este se enconta semelhança do uso do etanol, di
Incluido na lista A3 de substâncias psicotrópicas da Portaria que essa conduta constitui, à
reção perigosa.
SVS/MS n. 344/98.
MEDICAMENTOS
TOXICOLOGIA SOCIAL E
434 Parte 4

foram Aanfetamina é o protótipo de uma classe de


un estudo em que

esctoimmuploansttoes
Takitane et al. (2013) realizaram trafegam em 2 rodo não catecolamínicos que produz acentuada ação
caminhão que
avaliados 134 motoristas de toxicológicas no SNC, mais persistente que a da cocaína, o que
efetuadas análises
vias de SãoPaulo, onde foram urina dos caminhonciros, sen
na
anfetaminas
fetamínicos atrativos como fármacos de
abuso. PortornaaumentoSaran.
para detecção de urina. o estado de alerta fisico e mental, os anfetamínicos
presença desses fármacos na populares entre os indivíduos que necessitam de são
vigilia mutproo-
apresentaram
do que l0,8% justificado para reduzir o sono, au
Segundo Os autores, o uso foi trabalho, o longada, como motoristas e cstudantes. Alguns
mentar a jornada, o rendimento
e a produtividade no
reali zados en populações de estudantes de medicina
estudos reali
diárias,
anfetamindasemonapbsstrao:
jornada de até 16 horas aumento de uso de
que os leva a cumprir uma médio de ram un significativo
assim como ter um período
zar o trabalho enn turnos, realizados em início do curso.
De fato, estudos
sono de apenas 5 horas diárias. anfetaminas po Com ouso de anfetaminas, o desempenho mental
de
simuladores têm descrito que pequenas dosesconsequentemente, o emtarefas tediosas simples, muito mais do queem tarefas
melhora
e,
dem melhorar certas funções cognitivas relatos in ceis; e foram, então, usadas para melhoraro
desempenho na direção. No entanto, acredita-se
formais - que o uso de anfetaminas entre esses
- por
profissionais não soldados, pilotos militares e outros que desempenho
necessitam
alertas em condições extremamente fatigantes.
de
permanecer
preocupante queo uso excessi
seja um uso leve. Nesse sentido, é sido No Brasil, a anfetamina e seus derivados utilizados o
játendo
vo de anfetaminas tenha o efeito oposto ao desejado,concentração
descrita uma relação positiva entre o aumento da anorexigenos ou nos distúrbios de hiperatividade em
sanguinea de anfetaminas e a piora de desempenho na direção.
crianças
têm sua comercialização sujeita às exigências da Portari
Oliveira et al. (2015) avaliaram por entrevistas 514 motoris 344/98 da Secretaria da Vigilância Sanitária, enquanto:
tas de caminhão,do sexo masculino em 3 rodovias do
estado de utilizados em formulações como descongestionantes aqueles
nasaie
São Paulo (Rodovia Presidente Dutra, Rodovia Fernão Dias e por exemplo, nafazolina, efedrina e fenilefrina, s£o de t
Rodovia Cônego Domênico Rangoni), entre os anos de 2012 e livre. A metanfetamina e os antetaminicos com propriedades
2013, onde 58% relataram ter feito uso de anfetaminas em algum alucinógenas são de uso proscrito em nossopaís.
momento na vida, 29% nos últimos doze meses e 14,4% no mês. O início do tratamento farmacológico para controle da
Achados dessa natureza são de extrema importância uma obesidade éindicado quando não houver eficácia do tratamen.
vez que o uso de anfetaminas entre motoristas de caminhão to não medicamentoso em pacientes com IMC igual ou supe.
aumenta em 78% a chance de desenvolvimento de comporta rior a 30 kg/m' e em pacientes com o IMC igual ou superior a
mentos de risco no trânsito, o que pode ser fatal. 25 kg/m² que possuam outros fatores de risco, como hiperten
Pinheiro et al. (2015) avaliaram por questionário 114 moto são, diabete mellitus tipo 2, hiperlipidemia, apneia do sono,
ristas de caminho na rodovia MG 367, na cidade de Diaman gota, ou que possuam circunferência abdominal maior ou
tina, onde verificou-se que 15% faziam uso de anfetaminas, igual a 102 cm em homens e 88 cm em mulheres. Os compostos
dos quais 41% usavam diariamente, e tendo como principal mais procurados para a perda de peso são o femproporex, asi
acesso ao produtopostos de combustíveis e amigos. Em outro butramina, o mazindol e a anfepramona, que, utilizados em
estudo realizado na BR 251, no município de Montes Claros diferentes concentrações, são capazes de inibir o apetite.
(MG),Fonseca et al. avaliaram 306 caminhoneiros, dos quais Em funço da abrangência do consumo de medicamentos
22,2% admitiram usar anfetaminas, sendo mais comum entre derivados de anfetaminas noBrasil e aos efeitos colaterais que
os profissionais mais jovens e com maior carga horária de tra podem ocorrer durante o tratamento, a Agência Nacional de
balho. Belan et al. (2017) estudaram a prevalência de uso de Vigilåncia Sanitária (Anvisa) decidiu proibir o uso dos anore
anfetaminas entre 80 caminhoneiros, sendo 40 em 2013 e 40 xígenos. Em 6 de outubro de 2011, a Diretoria Colegiada da
em 2016, afim de avaliar as mudanças ocorridas após a legisla Anvisa decidiu pela retirada dos medicamentos inibidores de
ção sobre a necessidade de exames laboratoriais para presença apetite do tipo anfetamínico domercado (femproporex, ma
de drogase as limitações da comercialização de anfetaminas. zindole anfepramona). Apartir da publicação da RDCn. 52/1.
Comparando-se 2013 e 2016, houve uma redução de 31 para 24 esses medicamentos teriam seus registros cancelados, etc
indivíduos. Os postos de combustíveis continuam sendo os
riam proibidos a produção, o comércio, a manipulação eo us0
principais locais relatados onde se adquire estes fármacos. Este desses produtos. Assim, 60 dias após sua publicação no DOU
trabalho foi realizado em função da RDC50/2014, que dispõe (10/10/201I), a portaria entrou enm vigor. Apenas 8 meses
sobre medidas de controle de comercialização, prescrição e
pois, a RDC n. 37/12, publicada em 03/07/2012, e a RD
dispensação de medicamentos que contenham as substâncias n. 39/12, publicada 9 de julho do mesmo ano, classificou oe
anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina, seus sais proporex, mazindol e anfepramona na lista B2 (sujeitos ànou
e isômeros, bem como seus intermediários. Observa-se que
mesmo com a ilegalidade, a informalidade dessas drogas tem ficação de receita B2), Em 2016, a RDC n. 133/16 estabeleke
(femproporex
aumentado e sites passam a oferecer cada vez mais produtos limites nas doses para prescrição e dispensação
com entrega rápida sem apresentação de receituário médico. 50 mg/dia; fentermina: 60 mg/dia; anfepramona:l20 mga
Em outro estudo realizado por Santos et al. mazindol: 3 mg/dia e sibutramina: 15 mg/dia) sendo quea
toristas de caminhão nas proximidades da cidade (2017), 161 mo ceita deve ter no máximo a quantidade total de doses prev
(qu
para até 30dias de tratamento, exceto para sibutraminaestabele-
lis-Goiás na BR-153 foram entrevistados, dos quais de32,9%
Anápo
tidade máxima de doses para 60 dias). Esta resolução
mitiram ter feito uso de anfetaminas nos ad
adve
últimos 3 meses. ceucomo mecanismo de monitoramento dos eventos
Relataram também não encontrar dificuldades para a notificação ao Sistema Nacional de Notificações para a
anfetamina sendo os postos de gasolina os locais maisadquirir
citados.
a
lância Sanitária (Notivisa).
30
Estimulantes do Sistema Nervoso Central 435
particulamente o
Entre os anfetamínicos,
síndrome hipercinética
metilfenidato é
para ouso não
cercbral mínima) - doença da infância caracterizada(disfunçåo porção para o prescrito
indicado no tratamento da do
por hipe- metilfenidato,
sexO masculino, onde
com uma maior pro
a maioria relata
ratividade, incapacidade de concentração e alto grau de com- substância por meio de doação de amigos. Entre os obter a
portamentoimpulsivo, conhecida como Transtorno de Déficit terais a ansiedade foi o mais efeitos cola
(TDAH), Rocha citado (23,33% dos usuários).
Atençåo e Hiperatividade etambém para o trata- (2016) realizou um estudo em
mento da narcolepsia, as 2 patologias nas quais aFDA aprova sidade de Santa Cruz do Sul, com
264 estudantes Univer
de da
seu uso. No Brasil, é o medicamento de eleição e seu consumo contrada frequência de uso de
sendo que 80,4% (n = 41) era uso
universitários,
metilfenidato
sendo en
de 19,3% (n = 51),
crescendo ao longo dos ainos, com um aumento na produ-

c-o de 40kg em 2002


para 226)6kg em 2006. Faz parte da lista de Willi e Salvi(2018) avaliaram não prescrito.
essa forma de uso dometilfe
medicamnentos utilizados pelos serviços do Sistema Único de nidato em estudantes do Centro Universitário Luterano (Para
Saúde (SUS) no Município de São Paulo para otratamento do ná), onde verificaram que 30%
TDAH. Odiagnóstico é clínico, deve preencher critérios
relataram fazer uso do metilfe
nidato, mas apenas 7,69% possuíram
basear na Classificação Internacionall de Doenças (CID - 10) e/ TDAH, diagnóstico mnédico para
a Manual de Diagnósticoe Estatistica das Doenças Men Ametanfetamina (MT), que foi
introduzida na
nasal, tornou-se terapêutica
tais (DSM-V). em 1930 como
descongestionante
largamente utilizada na Segunda Guerra Mundial. substância
Aaplicaço terapêutica do metilfenidato deve-se às suas No Brasil,
propriedades de diminuir ainquietação motora e de aumentar na década de 1960, a MT era vendida na
forma de um medica
aconcentração,, a atençãoeaa memória. Na narcolepsia, ele pro- mento (Pervitin") muito apreciado por jovens que
A7estimulação do SNC, aumento da vigilia, diminuição da uso para aumentar sua capacidade produtiva. Em dele faziam
po, o Pervitin® passou a apresentar pouco tem
sensação de fadiga eelevação do estado de ânimo, entendido padrão de abuso, originan
omo alegria e ligeira euforia. Háestudos relatando melhora do vários casos de dependência descritos na literatura científi
ca brasileira. Em função dos problemas
na sonolência gerada pela narcolepsia de 65% a 85% de indiví causados, a MT foi
duos em tratamento.
banida Brasil e em vários paises da Europa, assim como nos
no
Estado Unidos. Porém, seu uso como droga de abuso recrudes
A acão clínica do metilfenidato no tratamento do TDAH ceu nos últimos anos.
tem como base a modulação noradrenérgica no locus cæruleus, Háainda referências ao preparo de soluçãosaturada e alca
localizado no tronco encefálico, e suas inervações para o córtexX
linizada de cloridrato de metanfetamina que, depois de aqueci
pré-frontal. Essas regiões estão associadas como processamen da e resfriada, forma cristais denominados ice drops, que são
to seletivo das informações recebidas etem importante papel fumados; à semelhança do que ocorre com o crack, correspon
na manutenção da atenção. Efeitos colaterais e adversos, como, de a um preocupante padrão de uso. Além de ice étambém de
redução do apetite, insônia, cefaleia e dor abdominal, foram nominado de chalk, speed, meth, glass, crystal, dentre outros.
definidos. Embora a farmacodependência não tenha sido um Formulações de anfetamínicos obtidas ilicitamente são,em
agravo referenciado no uso clínico em crianças, a concepção de geral, úmidas e com odor desagradável, caracteristico da pre
que ometilfenidato não causa dependência é controversa, pelo sença de resíduos de solventes. Como são substâncias de pro
menos em uso em longo prazo. Segundo a Associação Médica dução ilícita, sem controle de qualidade, é comum haver varia
Brasileira eo Conselho Federal de Medicina, o metilfenidato é ção na concentração dofármaco e presença de subprodutos e
uma anfetamina de uso médico e pode causar dependência, as intermediários resultantes do emprego de matérias-primas
sim como qualquer anfetamina. Esta indicação também é en impuras, reações incompletas ou insuficiente purificaço do
contrada na bula do medicamento. produto final. Praticamente todas as misturas ilícitas contêm
Ouso não médico do metilfenidato estáassociado à sua anfetamínicos na forma de cloridrato, sulfato ou fosfato e se
utilização por pessoas saudáveis com a finalidade de aprimora encontram como pós, comprimidos ou cápsulas. Essas formu
mento cognitivo, melhorando principalmente odesempenho laçöes são utilizadas tanto por via oral quanto por injeçào in
académico. Nos Estados Unidos, CanadáeInglaterra, essa prá travenosa. São, às vezes, veiculadas em papel impregnado,
mesmo processo utilizado com o LSD, Em alguns países, a me
tica échamada de pharmacological cognitive enhancement. No
Brasil, háreferência que essa prática ocorre e é anedotalmente tanfetamina é distribuída como cloridrato em solução aquosa,
conhecida como "doping intelectual".O uso indiscriminado denominada de gold fish. Há referências ao uso por inalaço,
do metilfenidato se faz principalmente por estudantes univer que teve sua origem quando da introdução, em 1959, do inalan
sitários, empresários e profissionais da área de saúde, 0s quais te Benedrex®, especialidade farmacêutica contendo 250 mg de
tém um conhecimento mais aprofundado sobre adroga em re propilexedrina e compostos aromáticos. Atualmente, na Euro
anfetamina e a me
lação àpopulação em geral. pa eem menor grau nos Estados Unidos, a
C§ndido et al. (2020) realizaram um estudo com estudan tanfetamina, na forma de seus respectivos sais, estão sendo
utilizadas por aspiração nasal.
les da Universidade Federal de Minas Gerais, onde foram in
Entre os estudantes brasileiros do 1° e 2º graus das 10 maio
Cuidos 378 alunos, dos quais 5,8% (22) declararam ter feito uso experimentado pelo
e metilfenidato para neuro-aprimoramento, sendo 41% (9/22) res capitais do pais, 4,4% revelaram já ter
anfetamina. O uso fre
ids 4 semanas anteriores à pesquisa, e 27% (6/22) não apresen menos uma vez na vida uma droga tipo
relatado por 0,7% dos estu
quente (6 ou mais vezes aomês) foi
laram prescrição médica para adquiri-lo. dantes. Este uso foi mais comum entre as
meninas.
Coli et al. (2016) realizaram um estudo entre acadmicos estu
Portugal et al. (2008) realizaram uma pesquisa comSanto,
de uma faculdade de medicina no sul de Minas Gerais, onde Espírito
loram incluídos 120 alunos. Foi verificada prevalência de 25% dantesde Farmácia da Universidade Federal do
SOCIAL E MEDICAMENTOS
436 Parte 4 TOXICOLOGIA

alunos, constatando que 8,5% O isômero l


onde foram entrevistados 148
masculino e 8% dos entrevistados do
(levoanfetamina) disCretamente
tente na produção de efeitos
é
ma:.
dos entrevistados do sexo na vida,
alguma vez periféricos,
d(dextroanfetamina) é 3 ou 4 vezes mais enquanto o
sexo feminino fizeram uso de anfetaminasdeles iniciaramo uso
totalizando 12 individuos; sendo que 6 lação do SNC. Al-anfetamina é conhecida potente na
como
isôersmtimerU-
fbedosennezesetrtariequin
Estudo semelhante, reali ea d-anfetamina por dexedrina.
dietilpropionaMetanfetamina,
em idade igual ou inferior a 18 anos. na, metilfenidato e
mes1na universida
zado entre 221 estudantes de psicologia da potentes, efeitos similares ao da produzem, em
algum momento na anfetamina.
de, em 2011, mostrouque 5,88% deles em
vida haviam feito uso de derivados anfetamínicos,
ao passo
em 2010, ve
que,entre os estudantes de odontologia (n = 174), fármacos al
rificou-se uma incidência de 10,9% de uso desses
fenilpropanolamina e mazindol são
nores efeitos subjetivos.
Aestrutura B-fenetilamina (Quadro 30.2) é
Fenfluramina,
representantes Com me
maioria de suas propriedades farmacológicas e crucial
gumavez na vida. paraa
Muitos individuos abusam simultaneamente de barbitúri
cos, ansiolíticos e álcool, além dos próprios estimulantes, tanto
natureza das substituições
co e no carbono B da cadeia
nas posições mep do
bioquimicas.
lateral determina seanelum benzêni.
A
para combater a insônia quanto a agitação que experimentam.
Os barbitúricos, de modo particular, são utilizados em combi
simpatomimético terá ação direta ou indireta.
Para agit
mente nos receptores adrenérgicos, um composto dedireta. fármaco
nação com os anfetamínicos para aumentar os efeitos subjeti substituições em pelo menos 2 dessas posições (fenilefrina
vOs dos estimulantes. compostos que têm apenas uma ou nenhuma
Em função das propriedades estimulantes da atividade mo
agem diretamente sobre os receptores
substituição
sas 3 posições da molécula serão de ação indireta, nes.
isto é, nà
capazes de produzir efeitos simpáticos adrenérgicos, porémsåo
tora, os anfetamínicos são muito utilizados em competições
esportivas, como agentes de dopagem, com vistas à melhora de porliberarem
desempenho. O aumento de resistência demonstrado em hu frina suas
de norepiade.ne-
yesículas de armazenamento nos neurônios
manos e animais pode parecer pequeno, da ordem de poucos nérgicos (anfetamina, metanfetamina, efedrina). Alguns eshu
dos demonstram que anfetaminas
pontos percentuais, porém é suficiente para fazer a diferença
entre a medalha de ouro e o sexto lugar; a fama e o anonimato.
halogenadas
na çao p
apresentam efeitos semelhantes a agentes liberadores posi
de 5.HT
Dados registrados ao longo de um período de 100 anos, relati (serotonina). Ap-cloroanfetamina produz em cérebro de ratne
vos ao tempogasto para correr 1.609 m (1 milha), demonstram uma depleção reversivel de serotonina em curtoprazo, eire.
que, em média, houve um decréscimo de 0,4 segundo por ano, versivel em longo prazo.
o que corresponde a dizer que são necessários 6 a 7 anos para Tentativas de diminuir os efeitos colaterais indesejáveis.
produzir uma melhora de 1%. Os anfetamínicos concedem bem como o potencial de abuso da anfetamina, ocasionaram a
essa melhora de desempenho em questão de minutos, daí seu produção de análogos com substituições no anel aromáticoe
grande uso, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, apesar na cadeia lateral.
de ser uma prática totalmente ilegal enão ética. Atualmente, a Aadição de grupos metóxi altera drasticamente oespectro
metodologia sensível de detecço dessas substâncias no contro de ação dos derivados anfetamínicos. A metoxilação progres
le da dopagem provocou uma substancial diminuição no abuso siva do anel aromático praticamente abole a habilidade desses
desses agentes nos esportes. compostos de inibir a recaptação de NE e de liberar NE de
A3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) e a 3,4-meti seus sítios de ligação. Assim, esses fármacos exercem seus efei
lenodioxietilanfetamina (MDEA), denominadas popularmen tos caracteristicos por interação direta com o receptor. Asubs
te ecstasy e eve, respectivamente, e, ainda, a 3,4-metilenodio tituição de um grupo metóxi na posição m do anel aromático
xianfetamina (MDA) se enquadram na categoria das chamadas confere propriedades alucinógenas a esses compostos. Como
designer drugs e apresentam efeitos psicotrópicos específicos, exemplo de anfetamínicos alucinógenos, pode-se citar: 2,5-di
dos quais emana sua utilização como drogas de abuso. Esses
efeitos são descritos como capacidade aumentada da comuni metoxi-4-metilanfetamina (DOM), 3,4-metilenodioxianteta
mina (MDA), 2,5-dimetoxianfetamina (DMA), 3-metóxi-}
cabilidade, empatia e autoconhecimento, 0 que distingue essa -metilenodioxianfetamina (MMDA), 4-metoxianfetamina
classe de compostos das substâncias estimulantes e alucinóge
nas típicas. Atualmente, existem alguns estudos (PMA), 3,4,5-trimetoxianfetamina (TMA), 4-bromo-2,5-0"
relacionados à
possibilidade de uso desse tipo de substância no tratamento metoxianfetamina (DOB), 2,5-dimetoxi-4-etilanfetamina
do (DOET) e 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), V
transtorno do estresse pós-traumático como um
da psicoterapia. Essas substâncias são coadjuvante garmente conhecida como ecstasy ou êxtase".
consideradas
fetaminas alucinógenas" e serão estudadas no Capítulocomo an
ferente às 38, re Toxicocinética
drogas sintéticas.
Aanfetamina érapidamente absorvida pelo trato gastro
Características estruturais relacionadas
com a atividade dos
tinal. Após administração de 10mg a 15 mg, o pico deabsorção
con
anfetamínicos tração plasmática Ocorre em 1 a 2 horas, sendo quea
A geralmente se completa em 4 a 6 horas. Metilfenidato e 1eCerca
anfetamina
éa
estrutura básica deB-fenilisopropilamina
uma amina racêmica e apresenta a ramina produzem pico de concentração plasmática
co singular com relação à sua simpatomimética. E um fárma de 3 horas após a administração. Aligação às proteinab
tiplicidade de efeitos simplicidade de estrutura e mul máticas varia de 15% a 16% (metilfenidato, anfetamina)
essa molécula fosse biológicos. Essa caracteristica fez com que (fenfluramina), Os anfetamínicos são amplamente distribui
alvo de inúmeras décadade
modificações visando dos e, segundo Pardrigge e Conor, já nos idos dacerebrais
acentuar alguns de seus efeitos e abolir outros. a
1970 (1972), relacionavam as altas concentrações
30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 437
de penetraço na barreira hematoencefá-
transportes especiais
concomitantemente à
difuso passiva. Esse tidade de excreção urinária é
lica, que ocorrem
mecanismo explicaria a rápida velocidade de penetração da pH ácido (5,5 ~ 6,0), 60% da dependente do pH da urina. Em
dose de
anfetamina (pKa de 9,9) no cérebro, a despeito de, no pH do inalterada em 48 horas, enquanto emanfetamina
pH
é excretada
básico (7,5~ 8,0),
sangue (7,4), cerca de 99,7% estar sobba forma ionizada. Atual- apenas 3% a 7% éeliminada
inalterada no mesmo período.
mente, já está bem caracterizado o fato de que as anfetaminas Consequentemente, a meia-vida de
sãotransportadas ativamente para ointerior do neurónio pré-
8 horas, em urina
acídica, e de 18 a 33 eliminação varia de 7 a
horas, em urina alcalina.,
Para cada aumento de unidade de pH,
sinápticoatravés dos transportadores membranares das mo-
média, 7 horas na meia-vida plasmática.háAum aumento de, em
noaminas, fato esse que tem implicações no mecanismo de dade inalterada excretada em pH básico se redução da quanti
acão desses f¯rmacos. deve ao fato de que,
Os anfetamínicos såo biotransformados primordialmente
ocorrendo uma reabsorção renal da anfetamina neste pH, esta
se torna mais disponível para ser biotransformada.
no figado e, a despeito das diferenças inerentes às diversas
estruturas, apresentam como principais vias de biotransfor: Toxicodinâmica
mação a hidroxilação aromática (na posição 4 do anel),
A anfetamina e seus análogos atuam
B-hidroxilação na cadeia lateral, desaminação oxidativa, como aminas simpatomi
N-desalquilação, no caso dos anfetamínicos N-substituídos. méticas nos receptores C e Badrenérgicos e, com potências va
riáveis, de acordo com as diferentes estruturas.
N-oxidação e conjugação com o átomo de nitrogênio. Os pro
dutos hidroxilados são normalmente Muitos autores creditam as ações dos anfetamínicos àsimi
excretados conjugados laridade estrutural com a dopamina e norepinefrina. Pode
com sulfato. A maioria do anfetaminicos, durante a fase de riam,assim, funcionar como falsos neurotransmissores. O me
biotransformação, pode ser convertida em anfetamina e/ou
metanfetamina. O femproporex, por exemplo, pode dar ori canismo de ação mais provável parece ser aliberação direta dos
gem a 14 produtos de biotransformação e, após a ingestão de neurotransmissores das vesículas sinápticas, bem como a ini
20 mg de femproporex, os produtos de biotransformação me bição da recaptação deles, com consequente aumento de sua
tanfetamina e anfetamina podem ser detectados por mais de concentração sináptica. Além disso, os anfetamínicos são ini
58 horas. O metilfenidato apresenta como principal produto bidores da MAO, enzima responsável pela oxidação da norepi
nefrinae serotonina.
de biotransformação oácido ritalínico (75% da excreção uri
As anfetaminas são transportadas ativamente para o inte
nária), sendo que somente cerca de 1% é excretado na forma rior do neurônio pré-sináptico através dos transportadores
inalterada. AFigura 30.2 apresenta as reações de biotransfor
membranares das monoaminas. Nestes podem ser encontra
mação da anfetamina e metanfetamina.
dos um pool citosólico de monoaminas bem como também um
Normalmente, 30% da dose terapêutica de anfetamina é pool vesicular. Estas vesículas armazenam monoaminas para
excretada inalterada na urina em 24 horas, porém a real quan
liberação quando estimuladas por um potencial de ação. O

-cH,- CHN - CH, HOO-cH,-NÇH-CH,


C
H CH, H CH,

-CH,- CH- CH, HO -CH - CH,


N
H H D HH

-CH,- C- CH, -CH- CH -CH, >HO CH - CH - CH,


OH N
G
OH N
H H

COOH
COOH

CH,- NH, -C - NH - CH, - COOH

PIgura 30.2 Esquema de biotransformacão da metanfetamina e anfetamina. (A) metanfetamina; (B) anfetamina; (C) 4-hidroxi
metanfetamina; (D) 4-hidroxianfetamina: (E)fenilacetona (fenil-2-propanona); (F) norefedrina: (G) 4-hidroxinorefedrina; (H) ácido
benzoico; (I) glicina; (J) ácido hipúrico.
Fonte: Adaptada de Musshoff, 2000.
MEDICAMENTOS
TOXICOLOGIA SOCIAL E
438 Parte 4
Os cfeitos comportamentais gerados pelas

las dá-se pelo


transportador
pool citosólico para as
transporte das monoaminas do vesicular de monoaminas
anfetaminas também têm afini
vesicu
tào provavelmente associados à liberação de anfetamina,nas no
dopami
de norepinefrina. Aevidência disso é obtida pela e
e

(VMAT2) e, uma vez que as


dade paraeste
translocação
transportador, estas inpedem aaumentando o
interior das vesículas,
de que a destruição do feixe noradrenérgico central
estimulação locomotora produzida pela constatacào
anfetamina,nãoaoafepastasoa
de monoaminas para o anfetaminas que a destruição do núcleo accumbens, que contém
Quanto mais moléculas de

aseuscocaintdopareceptores
agonina,mzianma,
seu pool citosólico. ou a administração de agentes antipsicóticos que
pré-sináptico, mais monoaminas
entrarem para oneurónio a dopamina inibem essa resposta. Aexemplo da
citosólico. Comoas anfetaminas blo - ali-
são deslocadas do pool entrada para as vesículas para
beração neuronal de glutamato ea ligação a
queiam simultaneamente a sua contribuem para a resposta biológica das anfetaminas.
uma inversão da direção
serem armazenadas, oresultado é Uma vez que as anfetaminas aumentam a
que realizam recaptação de concentraçãopo de
dos transportadores membranares transportar monoaminas norepinefrina nas sinapses, efeitos
neurotransmissores, de modo a cardiovasculares
surgir a partir de seu uso. Altas concentrações de podem
para a sinapse.
A anfetamina aumenta a
concentração de dopamina na si
coração, inclusive morte de células do músculo
norepinetri.
na e epinefrina circulantes podem induzir efeitos tÓxicos no
napse, por um mecanismo que pode ser
um ini
bloqueado por
tas catecolaminas efármacos relacionados têm
cardíaco.
MuË.
bidor da recaptura de dopamina. Quando presentes
em baixa
com
concentração, a anfetamina extracelular é intercambiada
demonstrado
induzir crescimento hipertrófico de miócitos cardíacos in vË-
tro. Altas concentrações desses compostos no sistema cardio
a dopamina intracelular por intermédio de um transportador
de dopamina; entretanto, em altas concentrações, por ser alta
vascular geram aumento da frequência cardíaca, aumente 3
consumo de oxigênio no miocárdio e aumento da pressãn av.
mente lipofílica, difunde-se através da membrana plasmática
para o interior dos terminais nervosos e libera dopamina a rial sistólica. Esses eventos podem gerar hipóxia no miocárdio
partir de sítios de ligação intraneuronais. Além disso, há evi ocasionando uma lesão necrótica no coração. Outros mecanis.
dências de que os derivados anfetaminicos podem alterar a fos mos de toxicidade de catecolaminas no músculo cardiaco in.
forilação do transportador de dopamina na sinapse, alterando cluem: insuficiência coronariana por vasospasmo, diminuico
sua função. São sugeridos ainda mecanismos relacionados à do nível de fosfatos de alta energia causado por disfunção mi.
formação de espécies ativas de oxigènio. tocondrial, alteração do metabolismo lipídico, resultando em
Anorepinefrina cerebral éresponsável pela estimulação lo acúmulo de ácidos graxos, alteração do cálcio intracelular e
comotora induzida pela anfetamina,enquanto a dopamina re desencadeamento de estresse oxidativo com produção de espé.
laciona-se ao comportamento estereotipado verificado na psi cies ativas de oxigênio.
cOse anfetamínica e ao comportamento psicótico semelhante à As catecolaminas induzem apoptose de miócitos cardíacos,
esquizofrenia. semelhante ao observado para norepinefrina, em miócitos ven
Anorepinefrina liberada atua em receptores a-1, a-2, B-1, triculares de ratos machos. Esse efeito pode ser inibido por
B-2 e B-3. Receptores a-2 podem ter localização pós-sináptica, agonistas de receptores B-adrenérgicos, inibidores de proteina
além de ser um receptor pré-sináptico. Adreno-receptores B-1l quinase Ae bloqueadores de canais de cálcio. Contudo, ativa
localizam-se principalmente nos neurônios, e os B-2 também dores da adenilatociclase reproduzem os efeitos da norepine
estãopresentes em vasos e células gliais. Receptores B-3 foram frina. A ativação de receptores B-adrenérgicos aumenta o
identificados por clonagem molecular em roedores e parecem AMP-cíclico e fosforila canais de cálcio, aumentando o influxo
estar envolvidos na termogénese. destes íons na célula. Ocorre também a ativação de endonucea
Todos esses receptores estão acoplados à proteína G. No ses, proteases e outras enzimas e proteínas envolvidas no pro
neocórtex no tálamo o estímulo em oa-1 facilita a despolariza cesso de apoptose.
ção por diminuir o efluxode íons potássio. Também ativa a O uso de anfetaminas aumentao transporte de serotonina
fosfolipase C, aumentando a síntese de neuromediadores IP3 em regiões límbicas doencéfalo. Por conta deste mecanismo de
(1,4,5 trifosfato de inositol) e DAG (1,2 diacilglicerol). Recep ação, indivíduos sob o efeito de anfetamina comumente apre
tores -2 são inibitórios e possuem mecanismos heteroge sentam emoções bastante intensificadas, sendo este um d0s
neos. Inibem a enzima adenilatociclase, seguindo o aumento
do efluxo de ions potássio ou a redução do influxo de íons motivos que contribuipara o quadro de dependncia.
cálcio. Todos os 3 subtipos de B-adren0-receptores aumen Estudos realizados com a metanfetamina demonstram
tam a atividade da adenilatociclase, pacidade de alteração na barreira hematoencefálica. As células
incrementando a
de AMP-cíclico. O receptor ß-1 facilita o disparo de síntese do endotélio dos capilares sanguíneos no sistema nerve
nios estimulados por vias excitatórias, neuro apresentam entre si as juncões de oclusão - no ingles tig
reduzindo a hiperpo
larização (diminui oefluxo de íons potássio) induzida por junctions, que conectam anatomicamente células adjace
despolarizações repetidas. atuando na redução da passagem de agentes quimicos po
Aadministração de junção. Ametanfetamina pode alterar a estrutura de Pro
em animais de anfetamínicos em longo e curto prazo nas presentes nessas junções, de modo a aumentar a perie
experimentação produz
centrações de NE, DA e seus metabólitos.modificação nas con bilidade da barreira hematoencefálica, Em ratos. tem sido u
Há referências, tam monstrado que a metantetamina induz o transportadorestá
bém, àdiminuição de serotonina cerebral e de odesta
seu
após a administraçãometabólito,
o ácido glicose no sistema nervoso ea alteração da captação
5-hidroxindolacético,
relativamente altas, durante 10 dias. de doses relacionado com a diminuição da integridade da barre
hematoencefálica.
30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 439
pependência e tolerância
crônicos chegam a utilizar doses
anfetamínicos, em particular a anfetamina e a metanfeta- metanfetamina que atingem Ig porrepetidas de anfetamina ou
Os
mina,apresentam alto potencial de abuso e, consequentemen- dia. A DL da episódio ou 5 g a 15 g por
propiciam desenvolvimento de farmacodependência.
anfetamina gira em torno de 20 a 25 mg/kg e
estudos com animais
te.
Assim como
ocorre Com a cocaína, os mecanismos envolvi- causar a morte, sendo asugerem que doses de 5
menor dose letal relatadamg/kg podem
propricdades de reforço dos anfetamínicos parecem se Os derivados de 1,5 mg/kg.
dos nas com oaumento extracelular de dopamina no núcleo
relacionar anfetamínicos
programas de redução
orais que såo
de peso têm eficácia curtaprescritos nos
acUmbens (área límbica) e núcleo caudado (área subcortical em função do
motora). Oexato mecanisnmo pelo qual ocorre, entretanto, ain-
desenvolvimento de tolerancia. Apenas uma
quena dos pacientes expostos a esses porcentagem pe
elucidado. Infere-se que não sejam exatamente os senvolve mais tarde um aumento supressores de apetite de
danåo está
portamento de busca da droga progressivo
nesmos que os da cocaína e, ainda, que não sejam dependentes da dose ou com
com vários médicos. Esses
quantidades de DA liberadas, pois, além de inibidora da pacientes podem preencher os critérios para os
jas
recaptação de DA, a anfetamina étambém potente liberadora abuso ou dependència. diagnósticos de
do neurotransmissor, o que acarreta seu acúmulo nas termina-
cöes dopaminérgicas. Com efeito, a literatura cita que a libera-
Observa-se que pouca pesquisa formal tem sido conduzi
da para avaliar a eficácia de qualquer regime
o de DA induzida pela anfetamina no núcleo acCumbens é pêutico a ser utilizado na síndrome de abstinnciafarmacotera
de anfeta
aumentada cerca de 10 vezes, enquanto, para a cocaína, o au mínicos. Muitas das condutas provèm da prática e da
mento éda ordem de 3,5 vezes após a utilização de doses rela observação clínica de pacientes que se apresentam em salas
cionáveis com reforço, a saber: 1mg/kg para anfetamina e de emergência ou ambulatórios de dependència quimica com
5 mg/kgpara a cocaína. quadro de fadiga, humor depressivo e pensamentos negativos
Embora seja comprovada a capacidade geradora de depen ou pessimistas. Na grande maioria dos casos, os sintomas såo
dència dos anfetamínicos, há controvérsias quanto ao desen resolvidos em curto período de tempo, sendo necessárias ape
volvimento ou não de neuroadaptação. nas medidas de suporte, como um ambiente calmo, alimenta
Após períodos prolongados de consumo desses psicoesti ção, hidratação e descanso.
mulantes, oS usuários apresentam períodos de exaustão muito Com relação ao metilfenidato, vale ressaltar que as áreas
semelhantes aos da depressão. Nos quadros de abstinência pro cerebrais envolvidas nos efeitos clínicos desse fármaco são as
vOcados pelas anfetaminas, os sintomas mais comuns são fadi mesmas nas quais outras substâncias geram os diferentes me
ga, fissura intensa, cefaleia, ansiedade, agitação, pesadelos, canismos de dependência química. O aumento nos níveis de
anedonia, humor depressivo e hiperfagia. Quadros mais inten dopamina em áreas do sistema límbico é semelhante aos obti
Sos de abstinência são observados em usuários de metanfeta dos em efeitos reforçadores gerados por outras substâncias de
minas por via injetável, como paranoia e prejuíz0 cognitivo. abuso. Portanto, énecessário cautela na utilizaçãode fármacos
que atuam nessas áreas cerebrais.
Asíndrome de abstinência de metanfetaminas pode ser di
vidida em 2 fases: Não existem tratamentos especificos para a sindrome de
abstinência por anfetaminicos, pois em geral os sintomas såo
» Fase aguda: dura cerca de 7a 10dias, após 24 horas da últi autolimitados e normalmente não necessitam de internação.
ma dose de anfetamina; apresenta sintomas graves, como au
mento do sono e do apetite, sintomas semelhantes aos da de O uso de antipsicóticos é reservado para os quadros de
pressão, porém menos intensos, além de ansiedade e fissura. psicose, agitação ou delirio, onde o haloperidol é comumente
D Fase subaguda: a sintomatologia inicial descrita anterior utilizado. A tioridazina é outro antipsicótico que pode ser útil
em casOs de agitação e ansiedade, na dose média de 300 a
mente diminui até atingir níveis estáveis que caracterizam
uma fase subaguda, com duração de pelo menos 2 semanas. 600 mg/dia, fracionada de 2 a 4 vezes. Pacientes com proble
Oclinico deve estar atento ao surgimento de quadros de mas hepáticos, renais e com baixO peso devem receber doses
diárias menores.
depressão clínica nessa fase.
Essa síndrome pode durar de 30 a 90 dias e inclui sentimen Aolanzapina em comprimidos orodispersíveis ou na forma
injetável via intramuscular, em doses habituais, é suficiente
0s de depressão e letargia, chamada de síndrome de abstinência para estabilizaro quadro. Utiliza-se em torno de l0 mg intra
Protraída. Nessa fase, o usuário pode vir a cometer suicidio. muscular, repetindo a dose em l ou2 horas. Na forma orodis
Atolerância aos efeitos subjetivos e anorexígenos dos ante persivel, existem comprimidos de 5 mg e 10 mg.
ainicos dá-se profunda e rapidamente, sendo considerada a Os benzodiazepínicos de meia-vida curta podem ser utili
ocorrência de taquifilaxia. Atolerância se desenvolve rapida zados para diminuir a sintomatologia durante a
sindrome de
Iiente para os efeitos simpaticomiméticos periféricos e anore abstinência. O lorazepam ouo diazepam podem ser adminis
Agenicos, mas mais lentamente para os outros efeitos (estimu trados para agitaçâoe ansiedade.
ça0 locomotora, euforia e comportamento estereotipado). em espe
Na década de 1970, os antidepressivos triciclicos, base
Doses de anfetamina normalmente utilizadas, nas prescriçoes desipramina, toram utilizados com
cas Ou na autoadministração, encontram-se entre 20 mg e cial a imipraminaea a anergia e psi
naobservação clínica. Os eteitos positivos sobre
U Mg, viaoral, diariamente, e é frequenteo aumento e oses Coastenia são observados nas primeiras
semanas.
Valores situados entre 50 mg e 150 mg por essa vla. podem necessitar de in
Casos com sintOmas mais graveS ideação
No intuito de obter ou prolongar a chamada fase rush, que evoluem com
Ome dado às sensações referidas como extremamente praze ternação, principalmente pacientes pensamentos relacionados
OSas obtidas após a injeção de fármacos de abuso, usuários suicida. Em funç£o dos frequentes
SOCIALE MEDICAMENTOS
440 Parte 4 TOXICOLOGIA
do
homicidas peloindivíduo. Talvez, em função
ao suicídio em indivíduos que apresentam
nência, evitar esse ato
torna-se ameta mais
síndrome de absti
inmportante nessa
conside
cimento de tolerância, as fatalidades
Ocorrem,cm geral, com usuários
não são muito
novatos.
rápidcomuns
o apare.e
comportamento suicida tem sido
fase. A presença do indicador de risco, inferior ape Com o uso de grandes doses de anfetamina
rada em alguns estudos conmo psiquiátricos, por exemplo, po portamento estereotipado. Em roedores, OCorreCOm
nas na presença de transtornos na literatura que revele qual
rém ainda nåo há um
consenso
que apresente maior risco.
Tem sido
observam-se acoes
repetitivas, como lamber, roer, levantar as patas traseiras
vimentos repetidos da cabeça e dos membros. Estas se mo-
seria o perfil doindivíduo
descrito que usuários de
nmetanfetamina tiveram um risco até
que aqueles que não fa
são geralmente impróprias para oambiente, e com
mentadas de anfetamina elas prejudicam mais e mais atidosvideasdeau-s
s0% maior de tentativa de suicídio do portamento do animal. Estes efeitos comportamentais s£o evj
ziam uSo. dentemente produzidos pela liberação de
catecolaminas
Efeitos tóxicos decorrentes do
uso abusivo

A toxicidade da anfetamina ocorre


principalmente nos siste
cérebro, pois o pré-tratamento com
6-hidroxidopamina,efeto
depleta o cérebro de noradrenalina e dopamina, abole o
da anfetamina.
citado, os
mas cardiovasculare neuropsíquico. Conforme já dopa Alguns estudos demonstram que usuários crònicos de me.
anfetamínicos aumentam seletivamente a liberação de tanfetamina podem apresentar uma redução neuronal
cateco
minae norepinefrina e bloqueiam a recaptação destas transportadores de dopamina, gerando um acúmulo deste
laminas nas sinapses, resultando em hiperestimulação dos re
neurônio pré-sináptico, podendo causar falhas
ceptores dopaminérgicos e adrenérgicos. Como consequência motoras, aumentando a possibilidade, inclusive, do cognitivas
e
fisiopatológica, tem-se, respectivamente, uma intensa estimu
lação central e da atividade fisica. to de sintomas parkinsonianos em idades mais avançadas. surgimen-
A intoxicação aguda produzida pelos anfetamínicos pro Usuários crônicos de metanfetamina apresentam altern.
duz sintomatologia clínica similar àquela decorrente do uso de ções metabólicas cerebrais tanto em regiões associadas àtran.
cocaína. Primeiramente, ocorre acentuação dos efeitos farma missão dopaminérgica quantonaquelas não associadas. Além
cológicos no SNC e no sistema cardiovascular. Podem surgir dos sistemas jácitados, podem-se observar também alteracoes
hipertermia, edema cerebral, hemorragia intracraniana difusa no sistema serotoninérgico. Várias doses de metanfetamina
ou colapso cardiovascular, sendo esta a principal causa da podem ocasionar uma diminuição da atividade da triptofana
morte. Ocorre sudorese abundante com consequente taquip hidroxilase em nervos serotoninérgicos de cérebro de ratos,
neia e taquicardiae pode advir falência renal como decorrência com consequente diminuição de serotonina.
do colapso circulatório. As principais manifestações clínicas Estudos recentes demonstram a relação entre o uso da me
relacionadas àseveridade da síndrome aguda estão relaciona tanfetamina e a presença de cardiomiopatias em individucs
das no Quadro 30.3.
com idade igual ou inferior a 45 anos. As alterações incluem
hipertenso, taquicardia, vasoespasmo, infarto do miocárdioe
Quadro 30.3 Classificação da severidade da intoxicação por hipertensão pulmonar.
anfetaminas. Alucinações, ideias paranoicas e comportamento bizarro
Manifestação clínica Severidade podem advir do uso crônico. Doses relativamente baixas, como
Agitação, irritabilidade, insônia, tremor, hiper 50 mg por 5 dias, podem desencadear paranoia. A psicos
reflexia, sudorese, midríase, rubor. oriunda dos anfetamínicos se configura, tipicamente, por
Hiperatividade, confusão, hipertensão, taquipneia, comportamento agressivo, hostil, estereotipado, hiperativia
taquicardia, extrassístoles, febre fraca, sudorese. ++ de fisica e ansiedade. Ocorrem alucinacões tácteis e à semt
Delírio, mania, autoescoriações, hipertensão lhança do que se observa com a cocaína, hádesenvolvimento
pronunciada, taquicardia, arritmia. +++ de escoriações dérmicas decorrentes das tentativas de retirada
Delírio, mania, do parasita imaginário.
autoescoriações,
pronunciada, taquicardia, arritmia,hipertensão Os sintomas psicóticos em consumidores crônicos de me-
acidemia, hiperpirexia,
falência renal, convulsão oU coma, tanfetamina são mais comuns durante os períodos de consu
colapso circulatório ou morte. mo, existindo uma surto
Fonte: Desenvolvido pela autoria. probabilidade 5 vezes superior de um:
psicótico ocorrer nos períodos de consumo em relação a05
ríodos de não consumo, Oaumento do desenvolvimentode
Os sintomas psicóticos é fortemnente dependente da dose de me.
induzemanfetamínicos,
àsemelhança dos
melhora da autoestima e do demais estimulantes, tanfetamina consumida.
to das atividades estado de
fisica e mental, e euforia. A vigilia, aumen Oabuso crônico da metanfetamina está associadoa déficit
instaura tolerância e há0 aumento da
a medida que se em testes neuropsicológicos, uma vez que pprovoca deterioração
dade, disforia, confusão mental, dose, sobrevêm ansie dos terminais nervosos da dopamina e serotonina. Estima-s¢
fadiga. O usuário mostra-se agitado,depressão, náuseas, cefaleia e que cerca de 40% dos metanfetamina
confiado ansioso, sendo que alguns setrêmulo, eloquente, des anormalidades em testes consumidores de
e
sivos. Embora a memória, a
jam, em geral,
tornam hostis e
orientação e o discernimentoagres
este ções
Ainda poderão ocorrer
como infarto agudo
neuropsiquiátricos.
do
estados de desnutrição e complica
miocárdio, cegueira corticaltran-
podem resultarpreservados, altas doses ou uso muito
em suicidio ou frequente sitória, cardiopatias irreversíveis, vasoespasmoS Ssistêmicose
desenvolvimento de ideias edema pulmonar agudo.
30 Estimulantes do Sistema Nervoso Central 441

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