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Fonseca Neto OCL, Perez MI, Lopes VGP. Lesões iatrogênicas das vias biliares: diagnóstico e manejo / Iatrogenic biliary injuries:
diagnosis and management. Rev Med (São Paulo). 2023 mar.-abr.;102(2):e-196909.
RESUMO: A lesão iatrogênica das vias biliares (LIVB) se ABSTRACT: Iatrogenic bile duct injury is a serious complication
configura em uma grave complicação relacionada a abordagens of surgical intervention in the gastrointestinal tract. Even in
cirúrgicas do trato gastrointestinal e mesmo em centros de referral centers, the incidence of such injuries may vary from
referência taxas de 0,2% a 1,5% ainda são registradas. A taxa 0.2% to 1.5%. The incidence varies according to the choice
de LIVB varia se a cirurgia inicial foi realizada por meio de of open surgery or videolaparoscopy and the severity of these
técnica aberta ou videolaparoscópica, e a sua gravidade se dá injuries derives from the wide range of complications that can
pelo grande espectro de complicações que podem ser causadas e be caused, with a strong negative impact on the quality of life
que apresentam forte impacto negativo na qualidade de vida do of the patient. Iatrogenic bile duct injuries were first classified
paciente. A primeira classificação de LIVB se deu em 1982 com in 1982 by Bismuth, and, with the advent of videolaparoscopy,
Bismuth e, com o advento da videolaparoscopia, várias outras various other classification systems were produced, that of
foram feitas, sendo a de Strasberg uma das mais utilizadas até Strasberg being one of the most widely used today. Diagnosis
hoje. A suspeição diagnóstica pode ser feita com auxílio de exames can be carried out with the aid of laboratory examinations and,
laboratoriais e principalmente com exames de imagem, como a principally, imaging technology, such as magnetic resonance
colangiorressonância. O tratamento se constitui em um verdadeiro cholangiopancreatography. Treatment presents a serious challenge
desafio para a equipe cirúrgica e pode ser realizado por meio de for the surgeons and can be carried out using percutaneous
técnicas percutâneas endoscópicas e também cirúrgicas, sendo endoscopic techniques and also surgery, the most common
mais comumente realizada por meio de hepaticojejunostomia em procedure being a Roux-en-Y hepaticojejunostomy. In patients
Y de Roux. No paciente com doença hepática em estágio terminal with end-stage liver disease caused by secondary biliary cirrhosis,
por cirrose biliar secundária, pode ser realizado o transplante liver transplantation may be necessary. Whenever possible, the
hepático. O paciente sempre que possível deve ser acompanhado patient should be accompanied by a multidisciplinary team, and
por uma equipe multidisciplinar e é de suma importância que seja it is of paramount importance that such patients should be rapidly
rapidamente encaminhado para um centro especializado. referred to a specialist center.
Palavras-chave: Ductos biliares; Colecistectomia; Cirurgia geral. Keywords: Bile ducts; Cholecystectomy; General surgery.
1. Cirurgião assistente do serviço de cirurgia geral e transplante de fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz – Recife, Pernambuco. 0000-0002-
2383-8610. E-mail: olivallucena@gmail.com
2. Estudante de medicina da Universidade de Pernambuco-UPE – Recife – PE. 0000-0001-7069-6515. E-mail: mateus.iperez@gmail.com
3. Estudante de medicina da Universidade de Pernambuco-UPE – Recife – PE. 0000-0003-3740-4482. E-mail: vladmirgoldstein@gmail.com
Endereço para correspondência: Mateus Interaminense Perez. Rua Clóvis Bevilaqua, 50. Apt.901. Madalena, Recife, PE. CEP 50710-330. E-mail:
mateus.iperez@gmail.com
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Legenda: DHC: Ducto hepático comum; DHE: Ducto hepático esquerdo; DHD: Ducto hepático direito; DHDa: Ducto hepático direito acessório
Figura 2: Classificação de Strasberg (Adaptado de Strasberg SM, Hertl M, Soper NJ. An analysis of the problem of biliary injury during
laparoscopic cholecystectomy. J Am Coll Surg 1995; 180:105)
Outra classificação mais detalhada é a de Stewart- o nível da lesão3,9.
Way que engloba o mecanismo de lesão do ducto biliar e Devido à complexidade das LIVB, foram
sua anatomia. Elas são divididas em 4 classes: Classe I, desenvolvidas com o tempo uma série de outras
que corresponde a 6% dos casos, representa uma incisão classificações além das supracitadas, como a de McMahon,
no ducto biliar principal sem a perda do mesmo; Classe Nehaus e Hannover. McMahon avalia o tamanho da lesão
II, com 24% dos casos, consiste na lesão lateral do ducto no ducto biliar, dividindo-as em menores (lacerações que
hepático resultando em fístula ou estenose, normalmente acometem menos de 25% de diâmetro do colédoco ou
ocasionado pelo uso de clipes ou cautério na tentativa de da junção cístico-colédoco) e maiores (transecções ou
parar o sangramento no triângulo de Calot; Classe III, lacerações maiores que 25% do colédoco e estenose do
que é a mais comum, com 60% dos casos, e representa ducto biliar no pós-operatório). Já com a classificação
a transecção ou excisão de um comprimento variável do de Nehaus, é possível discriminar diferentes padrões de
ducto biliar, normalmente incluindo a junção do ducto lesão e ainda avaliar a existência de colangite recorrente
cístico com o ducto biliar; Classe IV corresponde a 10% a longo prazo. A classificação de Hannover apresenta,
dos casos e se apresenta como uma lesão ou até transecção diferentemente de suas antecessoras, a possibilidade de
do ducto hepático direito, estando geralmente associada a discriminar as lesões biliares tangenciais e com transecção,
dano na artéria hepática direita. Vale ressaltar que as classes tanto na bifurcação do ducto hepático como acima da
II e III apresentam ainda uma subdivisão de acordo com mesma, além de pormenorizar outros aspectos da lesão10.
Fi gura 3: Linha do
tempo das classificações
das LIVB. Com o
advento da laparoscopia
e sua evolução, cada vez
se busca classificações
que abordem e
caracterizem com a
maior complexidade
e riqueza de detalhes
possível as LIVB.
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Por outro lado, estudos mais recentes apontaram seja melhor compreendida pela equipe3,19.
que, com a técnica laparoscópica sendo utilizada de É válido salientar que no manejo da LIVB as
maneira mais generalizada ocorreu um aumento da técnicas endoscópicas, de radiologia intervencionista
incidência LIVB, e que atualmente acontecem numa taxa e cirúrgicas são complementares uma das outras e não
que varia de 0,2 a 1,5%7. Isso ocorre devido à curva de escolhas excludentes9. Em alguns casos, o tratamento por
aprendizado para a cirurgia por vídeo ser mais longa, meio de técnicas endoscópicas e acessos percutâneos pode
fazendo com que principalmente médicos residentes e ser útil para o manejo de LIVB como primeira abordagem
cirurgiões inexperientes cometam essas lesões2,4. Porém, ou em casos selecionados, como na recanalização
na tentativa de modificar esse cenário, estão surgindo novas do ducto biliar, que é tecnicamente possível e segura
técnicas que visam evitar as LIVB, entre elas, a utilização por meio de abordagem percutânea e endoscópica
de corantes fluorescentes, como a Indocianina verde, que multidisciplinar1,10,13,20. Nos acessos percutâneos podem
são excretados na bile e aprimoram a visualização das ser utilizadas técnicas com colocação de stents ou
estruturas biliares, mas que ainda precisam de estudos para dilatação com balão. Este apresenta uma eficácia de cerca
analisar quais suas possíveis indicações, a dose, o tempo e de 52% enquanto a colocação de stents varia entre 40-
o método ideal de administração7. 80%. A colangiopancreatografia endoscópica retrógrada
Mas também, uma técnica videolaparoscópica também pode ser utilizada, com taxa de sucesso de
que está sendo amplamente estudada na tentativa de aproximadamente 72%, sendo bastante eficaz em casos
ser implementada na prática é a cirurgia assistida por de extravasamento de bile após colecistectomia1,13. Esses
robô. Porém num estudo em que os pacientes que foram procedimentos não são isentos de complicações, sendo
submetidos a essa técnica, apresentou proporcionalmente descritas na literatura a ocorrência de sepse, colangite
mais complicações, entre elas mais conversões para o e hemobilia nos procedimentos percutâneos 1,10,13. No
procedimento aberto, mais readmissões e mais lesões caso da colangiopancreatografia endoscópica retrógrada
do ducto biliar, nesse último critério, o grupo que foi podem ocorrer colangite, pancreatite, sepse entre outras1,14.
submetido à cirurgia assistida por robô teve uma taxa Entretanto, é importante destacar que em se tratando de
de incidência de 1,3%, em comparação ao 0,4% da casos de lesão do tipo E4 ou E5 de Strasberg, o tratamento
laparoscopia tradicional17. cirúrgico se torna imprescindível9.
O tratamento cirúrgico das LIVB exige experiência
por parte da equipe cirúrgica, uma vez que quando
tratadas pelo cirurgião que a ocasionou, a taxa de falha
na correção cirúrgica é maior, com taxas de sucesso entre
17% e 30%10,19,21. Desse modo, é praticamente unânime
na literatura mundial que o procedimento cirúrgico para
correção de LIVB deve ser realizado por cirurgiões
experientes nesta modalidade, sendo importante ressaltar
que existem séries em que a taxa de sucesso cirúrgico
ultrapassa 90%, quando realizado por estes, além de
um menor tempo de internamento hospitalar3,19,21,22.
Alguns pontos importantes para o sucesso cirúrgico
Figura 4: Visão videolaparoscópica no momento da ligadura são: eliminar a infecção e inflamação intra-abdominais,
do ducto cístico.
anastomose em camada única com tecido de ductos biliares
saudáveis, anastomoses livres de tensão e utilizando fios
TRATAMENTO monofilamentares absorvíveis, entre outros3,9.
O princípio básico para a correção cirúrgica
O tratamento das LIVB se constitui em um de LIVB é permitir que a bile passe das vias biliares
verdadeiro desafio para a equipe cirúrgica e uma para o trato digestivo. Para este fim, pode ser lançada
situação crítica para o paciente, uma vez que pode levar mão de diversas técnicas cirúrgicas descritas na
a consequências como cirrose biliar secundária, falência literatura, como anastomose término-terminal de via
hepática e até ao óbito. Os principais fatores que implicam biliar principal, hepaticojejunostomia em Y de Roux,
no prognóstico do doente são a localização da LIVB coledocoduodenostomia e a anastomose de Blumgart
juntamente com a qualidade do ducto proximal à estenose, (Hepp). No entanto, dentre as anteriormente citadas e
a função hepática do paciente e a experiência da equipe outras, a hepaticojejunostomia em Y de Roux é a mais
cirúrgica envolvida18. descrita na literatura e a com maior taxa de sucesso.1,18
Na avaliação pré-operatória, é de suma importância Na reconstrução por hepaticojejunostomia em Y de
a realização de um exame de imagem (preferencialmente Roux é identificado o ducto hepático comum em sua porção
colangiografia ou colangiorressonância), para que a lesão mais viável, e feita a ligadura da porção distal o ducto
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biliar principal. A partir disto, é realizada uma anastomose podemos citar a colocação de um dreno em T para apoiar
término lateral ou término-terminal com o jejuno, suturando o ducto biliar por pelo menos 6 meses23.
em plano único. Dois aspectos negativos que devem ser A ocorrência de lesão vascular associada à lesão
lembrados em relação a essa técnica cirúrgica são o risco iatrogênica de via biliar principal não é bem estabelecida,
de estenose da anastomose e também o percurso não mas pode variar entre 12 e 61% dos casos. Pode-se
fisiológico da bile no trato digestivo. Este último ocorre adotar a conduta expectante para esses pacientes, mas
pela ausência da passagem de bile pelo duodeno e pela parte invariavelmente alguns casos necessitam de correção
inicial do jejuno, o que acarreta uma série de alterações cirúrgica. 25 Nesses casos de pacientes que apresentam
na secreção hormonal, podendo causar má digestão e LIVB bastante complexas, com lesão vascular, pode-
má absorção e até aumentar a chance do surgimento de se ter como opção de tratamento também a realização
uma úlcera duodenal pela liberação de gastrina de forma de hepatectomia, apesar de não ser tão comumente
anômala1,18,23. realizada8,25,26. Dependendo do tempo da colecistectomia a
A coledococoduodenoanastomose, apesar de ser sua indicação pode ser dividida em dois grupos: precoce
também fisiológica e ser de mais fácil execução em relação e tardia. No primeiro, que compreende o período de pós-
às anteriores, é indicada em casos selecionados, como operatório imediato da cirurgia, a hepatectomia pode ser feita
em lesões de colédoco distal. Além de seu maior risco em casos de necrose hepática, abcessos e extravasamento
de estenose, há também a possibilidade de refluxo biliar, de bile, com intuito de controlar a ocorrência de sepse e
ocasionando colangite de repetição e aumentando o risco peritonite. No outro grupo, a hepatectomia é realizada em
de neoplasia1,18. pacientes que apresentam colangite de repetição a despeito
Após o procedimento, é interessante a colocação de tratamentos convencionais já realizados e também em casos
um dreno para garantir um maior sucesso da anastomose, de atrofia lobar sintomática26.
podendo ser utilizado dreno em T (Kehr), dreno em Y, entre Alguns estudos ressaltam a importância de um rápido
outros. O dreno atuaria diminuindo a ocorrência de fibrose encaminhamento para um grande centro especializado
e de inflamação. Não há consenso de quanto tempo ele e mostram em sua casuística que dos 300 transplantes
deve permanecer ou mesmo em relação ao seu uso, porém hepáticos realizados, cinco (1,7%) foram devido a LIVB.
alguns estudos apontam seu uso por pelo menos 6 meses O transplante hepático muitas vezes representa a última
como um ponto benéfico ao pós-operatório do paciente1,23. chance para o paciente com doença hepática em estágio
A lesão do tipo E4 de Strasberg se configura em um terminal, mas sua realização também está associada a uma
dos maiores desafios técnicos para o cirurgião, pela perda alta taxa de mortalidade e morbidade, dada a complexidade
da confluência dos ductos hepáticos. Em uma minoria dos do procedimento cirúrgico e da gravidade do estado geral
casos, sua ocorrência é facilitada pelo fato de o paciente do paciente27,28.
apresentar variação anatômica, com a confluência dos Nos casos de transplante hepático, é importante
ductos hepáticos muito baixa. Esse tipo de lesão pode observar que o escore MELD não é uma boa ferramenta,
ocorrer por vários mecanismos, como durante a dissecção pois ele avalia a função hepática e tem sua aplicação bem
ou até pela colocação de drenos por tempo prolongado no estabelecida para pacientes com cirrose hepática. No caso
ducto comum. Seu tratamento exige experiência por parte da cirrose biliar secundária por LIVB, não há ainda uma
do cirurgião e deve ser individualizado para cada paciente, ferramenta que funcione de forma análoga ao MELD para
podendo ser realizadas várias técnicas, como a confecção de avaliar esses pacientes29.
uma portoenterostomia ou preferencialmente a confecção Por fim, é importante salientar que o tratamento
de uma neoconfluência24. sempre que possível deve ser realizado por uma equipe
Um estudo visando modificar as intervenções multidisciplinar, com gastroenterologista, radiologista
realizadas nas lesões de via biliar dos tipos de Strasberg- e cirurgião, e no tempo adequado, garantindo assim um
Bismuth E1–4 apresentou uma técnica de anastomose biliar melhor desfecho para o caso28,30. O cirurgião deve sempre
denominada de reconstrução biliar-biliar término-terminal ter consciência que na colecistectomia, sempre há um risco,
em formato de boca de peixe, que apresenta algumas por menor que seja, de LIVB, sendo desse modo de suma
vantagens em relação a outras técnicas usadas atualmente, importância que o paciente também esteja ciente, pois a
entre elas está o fato de preservar o funcionamento normal LIVB pode reduzir sua qualidade de vida e ter implicações
do esfíncter de Oddi e aproximar-se o máximo possível do irreversíveis. A não realização de todo esse esclarecimento,
trajeto fisiológico. Um outro ponto favorável dessa técnica aumenta ainda mais a chance da ocorrência de uma relação
é o fato de que remodelar as extremidades do ducto biliar conflituosa entre o médico e paciente, além de processos
em formato de boca de peixe, facilitando a anastomose, jurídicos se tornarem mais comuns31,32.
por criar um estoma mais amplo e assim aliviar a estenose
biliar subsequente. Ademais, é importante ressaltar também CONCLUSÃO
o fato de que algumas observações foram feitas como forma
de diminuir a taxa de insucesso da cirurgia, entre elas, A LIVB é uma complicação grave que pode ocorrer
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durante a colecistectomia e o cirurgião deve estar sempre LIVB, deve-se buscar o rápido reconhecimento da lesão,
atento à anatomia da árvore biliar antes de realizar a encaminhamento para centro de referência e seu tratamento
ligadura e cauterização das estruturas, para assim diminuir adequado, pois o atraso pode causar sérias complicações e
o risco de lesão. Uma vez que o paciente é portador de impacto negativo na sua qualidade de vida.
Participação dos autores: Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto: realizou busca bibliográfica, correção, edição final e orientações
do trabalho. Mateus Interaminense Perez: realizou busca bibliográfica, escrita de resumo, abstract, introdução, objetivo, metodologia,
histórico, classificação, apresentação clínica, diagnóstico, laparotomia x videolaparoscopia, tratamento e conclusão. Vladmir Goldstein
de Paula Lopes: realizou busca bibliográfica, escrita de resumo, abstract, introdução, objetivo, metodologia, histórico, classificação,
apresentação clínica, diagnóstico, laparotomia x videolaparoscopia, tratamento e conclusão.
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