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Realizando o dimensionamento elétrico

residencial – passo a passo!


Fazer uma instalação elétrica residencial não é algo simples, sabemos que as ligações não podem
ser feitas de qualquer maneira, usando qualquer bitola de condutores, não realizar a distribuição
dos circuitos corretamente ou não fazer o dimensionamento dos disjuntores. O bom
dimensionamento da instalação elétrica interfere diretamente em sua eficiência e segurança,
portanto iremos ensinar como fazer o dimensionamento dos disjuntores e realizar dimensionamento
dos cabos em uma instalação, de acordo com a norma NBR 5410 e o auxílio de tabelas. Vamos lá
pessoal!

Temos como objetivo realizar o dimensionamento dos condutores e os disjuntores de uma


instalação elétrica residencial, porém é necessário fazer o levantamento de alguns dados e realizar
cálculos para o correto dimensionamento, mas fique tranquilo, pois apesar de usar alguns cálculos
eles são simples, basta saber somar, multiplicar e dividir! Todos os cálculos serão feitos passo a
passo para facilitar o entendimento.

Dimensionamento do disjuntor geral:


Antes de iniciar este passo a passo, é importante destacar que as tabelas que serão utilizadas para
dimensionar disjuntores possuem muitas variações, que são de acordo com cada região, ou seja,
dependem da concessionária responsável. Desta forma para facilitar, iremos basear o
dimensionamento deste disjuntor de acordo com as tabelas da nossa concessionária local, que é a
CEMIG.

O dimensionamento deste disjuntor é para uma instalação 220V, mas este passo a passo pode ser
usad para dimensionar disjuntores de outros valores, para isso basta substituir a tabela para a tensão
desejada.

O primeiro passo para realizar o dimensionamento tanto do disjuntor quanto dos cabos é fazer o
levantamento da potência total de todos os circuitos da instalação. Para te ajudar a compreender
melhor iremos usar como exemplo uma residência que possua seis circuitos, sendo eles:

 Circuito 1 de Iluminação de 900W;


 Circuito 2 para tomadas de TUG de 1.100W;
 Circuito 3 outro circuito de Tomadas TUG de 1.100W;
 Circuito 4 para chuveiro TUE de 7.500W;
 Circuito 5 destinado a máquina de lavar TUE de 1.200W;
 Circuito 6 para micro-ondas TUE de 1.100W.

Então os circuitos acima são separados em circuitos de iluminação, tomadas de uso geral (TUG), e
circuitos especiais que são as tomadas de uso especial (TUE), os circuitos são separados para que
seja possível aplicar o fator de demanda.
É importante entender que os fatores de demanda são aplicados sobre o valor da potência, sendo
assim devemos aplicar o fator para circuitos de iluminação e circuitos TUG. Para que isso seja
possível iremos somar as potências destes circuitos que são:

900W de potência da iluminação ativa do circuito 1, mais 1.100W de potência das tomadas TUG
do circuito 2 e mais 1.100W de potência das tomadas TUG do circuito 3, dessa forma obtemos
como resultado 3.100W

Após obtermos o valor total da potência podemos consultar a tabela de fator de demanda abaixo,
que é usada para iluminação e tomadas TUG, ela define o fator de demanda de acordo com as
faixas de potência instaladas. Lembre-se que essas tabelas variam de acordo com a sua região,
portanto são disponibilizadas nos sites das concessionárias.
Tabela fator de demanda para iluminação e pontos de tomadas (TUG).

No exemplo anterior a potência total era de 3.100W, ou seja, esta faixa de potência está entre
3.001W e até 4.000W. Para esta faixa de potência o fator de demanda a ser aplicado é 0,59. Após
ter identificado, basta multiplicar 3.100W pelo fator de 0,59 e obtemos a potência já ajustada que é
de 1.829W.

O próximo passo é aplicar o fator de demanda para os circuitos de uso especial que são:
7.500W do chuveiro, mais 1.200W da máquina de lavar e para finalizar os 1100W do micro-ondas,
totalizando 9.800W.

Esta tabela que está aparecendo abaixo, define o fator de demanda de acordo com a quantidade dos
circuitos de uso especial.

Tabela utilizada para definira fator de demanda para circuitos de tomada (TUE).

No exemplo que utilizamos são três circuitos de uso especial, e nesse caso, o fator de demanda é de
0,84. Agora basta multiplicar a potência de 9.800W pelo fator 0,84 que iremos obtemos a potência
já ajustada de 8.232W.
Após termos ajustados as potências dos circuitos, agora vamos achar a potência total da instalação
ajustada de acordo com a demanda. Para isso basta somar a potência de iluminação e tomadas TUG
mais a potência de tomadas TUE, totalizando 10.061W

Tabela para escolher o disjuntor correto.

Enfim, podemos dimensionar o disjuntor do medidor e para isso vamos consultar uma tabela
simples da concessionária. Neste caso é da Cemig, onde a tensão de fase e linha é 127/220V. A
potência calculada está na faixa entre 10,1 e 15KW e para esta instalação o disjuntor do medidor
deve ser um disjuntor de 60A bipolar, pois a ligação disponibilizada é de 3 fios, no caso duas fases
e neutro.

Dimensionamento do disjuntor do QDC:


Para realizar o dimensionamento do disjuntor para o QDC vamos usar a lei de Ohm e dividir a
potência pela tensão. Então, dividimos a potência de 10.061W por 220V logo, teremos como
resultado uma corrente de 45,73A. Está é a corrente para considerar o disjuntor geral do QDC.
É importante destacar que no caso da CEMIG existe a possibilidade de termos as duas tensões
tanto 220V quanto 127V e como na tabela a potência define um disjuntor bipolar, temos que usar a
tensão de linha que é a tensão entre as fases que é 220V.

Tabela para escolher o modelo exato do disjuntor e sua respectiva curva.

Após ter encontrado a corrente total do circuito e consultando uma tabela de disjuntores,
encontramos o disjuntor de 50A para a corrente mais próxima de 45,73A. As curvas de disjuntores
são definidas de acordo com a utilização, sendo o disjuntor geral sempre com a curva maior entre
os disjuntores! No caso do nosso exemplo, como há disjuntores curvas B e C, o disjuntor de maior
curva deve ser usado, e a maior curva é a C.
Podemos observar que no caso da CEMIG, houve uma diferença entre o disjuntor do medidor que é
de 60A bipolar, para disjuntor do QDC de 50A bipolar, mas esta diferença não é problema, porque
foi calculado e garante a seletividade dos circuitos. Portanto, alertamos para que você efetue os
cálculos necessários e não dimensione o seu disjuntor do QDC com base no disjuntor geral, pois
não é o correto, como acabamos de ver.

Dimensionamento de condutores elétricos:


Assim como os disjuntores, também é necessário fazer o levantamento das cargas de cada circuito,
para dessa forma realizar o devido dimensionamento dos cabos. Como já havíamos feito
anteriormente a separação dos circuitos de acordo com a sua potência, iremos dimensionar o
condutor que saída do disjuntor geral e vai direto para o QDC, considerando que tenha uma
distância entre eles de 15 metros. E um disjuntor de 220V.

Tabela para dimensionamento de condutores elétricos de 220V.

Como esta instalação é 127/220V usaremos a tabela abaixo, dessa forma fica mais fácil de
identificar o cabo correto, basta cruzar as informações. Nesta situação escolhemos o disjuntor de
75A e consideramos uma distância de 20m, porque não possui na tabela um valor de 60A para o
disjuntor e nem 15m para a distância. Não use os valores abaixo dos que foram calculados, pois os
condutores podem ocorrer uma queda de tensão e o aquecimento dos condutores.

Caso queira aprender como dimensionar a bitola de um cabo para uma ligação monofásica de 127V
ou 220V temos artigos que ensinam passo a passo.
Destacamos de acordo com a norma NBR-5410 existem seções mínimas para os condutores de
acordo com cada circuito da instalação, sendo que para circuitos de iluminação exige um condutor
de no mínimo 1,5mm, circuito de cargas com condutor de no mínimo 2,5mm e circuitos de
sinalização e controle de no mínimo 0,5mm. É importante destacar que estes valores são exigências
mínimas, ou seja, sobre determinada circunstâncias não podem ser utilizados cabos com bitolas
inferiores estas.

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