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CENTRO EDUCACIONAL SIGMA ::

9ºano
LÍNGUA PORTUGUESA
4º período :: matutino 19 de novembro de 2007
INSTRUÇÕES, OBSERVAÇÕES & INFORMAÇÕES
1. Todas as respostas, argumentações, justificativas e desenvolvimentos têm de ser escritos a tinta (azul ou preta).
2. Use letra legível, evitando rasuras. Em caso de erro, anule com um risco e refaça.
3. Não use líquidos corretivos (liquid paper ou similares). O uso de tais corretivos será considerado rasura e implicará anulação da resposta.
4. Cuide da apresentação da prova; numere e separe as questões, destacando as respostas e o rascunho.
5. Não empreste nem solicite emprestado material de prova (caneta, lápis, borracha, régua, etc.)
6. A interpretação faz parte da avaliação.
7. Questões objetivas que forem rasuradas não serão corrigidas.
Com base na leitura da obra Vidas Secas e nos estudos de figuras de linguagem, de estrutura e formação de palavras, de regência e
de crase feitos no período, responda às questões de 1 a 10.

1. Dos itens abaixo, apenas um está incorreto quanto à regência verbal, segundo a norma culta. Indique o item incorreto e reescreva-o
corrigindo o erro apresentado. A rasura anula a questão. (1,0)

a.( ) Mas todos obedeciam a ele.


b.( ) Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás.
c.( ) Não poderia nunca pagar aquela dívida exagerada.
d.( ) Fabiano retirou-se, lembrando do jogo que tivera em casa de seu Inácio.
e.( ) Iria pisar os pés dos trabalhadores e dar pancada neles? Não iria.
f.( ) Chegaram à igreja, entraram.

Correção: _________________________________________________________________________________________________

2. Indique os processos de formação das seguintes palavras destacadas. (1,0)

a) "Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano virou o copo de um trago..."

b) "Ficou ali estatelado, quietinho, um zunzum nos ouvidos..."

c) "Indispensável os meninos entrarem no bom caminho..."

d) "Ao regressar, apear-se-ia num pulo e andaria no pátio assim torto, de perneiras, gibão, guarda-peito e chapéu de couro com
barbicacho."

e) "Fabiano curou no rasto a bicheira da novilha raposa."

3. Marque a alternativa que completa corretamente as lacunas do trecho a seguir. A rasura anula a questão. (1,0)
Fabiano tinha ido __________ feira da cidade comprar mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras. Sinha Vitória pedira
além disso uma garrafa de querosene e um corte de chita vermelha. Mas o querosene de seu Inácio estava misturado com água, e __________
chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu __________ lojas, escolhendo o pano, regateando um tostão em côvado, receoso de ser enganado. Andava
irresoluto, uma longa desconfiança dava-lhe gestos oblíquos. __________ tarde puxou o dinheiro, meio tentado, e logo se arrependeu, certo

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de que todos os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira, dirigiu-se __________
bodega de seu Inácio, onde guardara os picuás.
a.( ) à - a - as - À - a c.( ) a - a - as - A - a e.( ) à - a - às - À - à
b.( ) à - a - as - À - à d.( ) a - à - às - A - à

Releia o fragmento abaixo, extraído de Vidas Secas, para responder às questões de 4 a 7.


Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no
fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha
escura, pareciam ratos — e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez
um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era
homem; era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos;
mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
Chegara naquela situação medonha e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
— Um bicho, Fabiano.
Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a
trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os
cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes,
estava plantado. Olhou os quipás, os mandacarus e os xiquexiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele,
sinha Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados na terra.
Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços
moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa,
como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que se demorava
demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.
(Graciliano Ramos. Vidas Secas. Rio de janeiro: Record, 98ª ed., 2005, p. 18-9.)

4. No primeiro período do segundo parágrafo, há um verbo cuja regência está empregada em desacordo com a variedade padrão.
Identifique esse verbo e reescreva o período adequando-o à variedade padrão. (1,0)

5. Observe o segundo e terceiro parágrafos do fragmento. Fabiano, depois de preparar um cigarro de palha, exclama satisfeito:
"– Fabiano, você é um homem". Considerando o histórico da personagem, o que é sentir-se um homem para Fabiano? Marque as
alternativas corretas. A rasura anula o item. (1,0)

a.( ) É criar raízes nos lugares em que morava. d.( ) É ter um emprego e uma casa para morar.
b.( ) É saber lidar com os animais. e.( ) É sentir-se útil e ligado a um lugar que lhe
pertencesse.
c.( ) É contentar-se com acomodações primitivas.

6. Nesse fragmento de Vidas Secas, é possível extrair algumas informações a respeito da personagem Fabiano e de sua família, do
tema da obra e da linguagem utilizada. Julgue os itens abaixo, marcando V para os itens verdadeiros e F para os itens falsos. A rasura
anula o item. (1,2)

a.( ) Considerando o tema da obra Vidas Secas e as descrições de Fabiano e da paisagem, a região brasileira retratada na obra é o
Norte.
b.( ) A predominância da variedade padrão não impede que o narrador empregue alguns termos regionalistas, o que confere certa
informalidade à linguagem.

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c.( ) As palavras "quipá", "mandacaru", "xiquexique", "mucunã" são típicas do português brasileiro e servem para designar
elementos da paisagem nacional.
d.( ) A obra enfoca alguns problemas sociais: a seca, a miséria, a migração, a falta de oportunidades sociais etc.
e.( ) Fabiano é comparado aos animais.
f.( ) Graciliano Ramos retrata, em sua obra, o homem de inteligência limitada, vítima das condições do meio natural e social, sem
iniciativa, sem consciência de classe, passivo ante os poderosos.

7. Uma das características do romance Vidas Secas é o emprego de técnicas narrativas, principalmente as que sustentam a
introspecção e a análise psicológica de personagens. É o caso, por exemplo, do discurso indireto livre, que funde a fala do narrador à
fala ou ao pensamento da personagem. Retire do primeiro parágrafo o trecho que corresponde ao pensamento de Fabiano. (0,3)

8. As figuras de linguagem mais significativas nascem da intenção ou da necessidade que temos de expor as idéias de maneira nova,
diferente e criativa. O que pretendemos, quando as utilizamos, é, principalmente, surpreender ou impressionar nosso interlocutor e
torná-lo atento e sensível ao que falamos ou escrevemos. Assim, releia os trechos retirados da obra e classifique a figura de linguagem
presente em cada termo destacado. (1,0)

a) "Sinha Vitória acomodou os filhos, que arriaram como trouxas, cobriu-os com molambos."

b) "A areia fofa cansava-o, mas ali, na lama seca, as alpercatas dele faziam chape-chape..."

c) "Você é um bicho, Fabiano."

d) "Baleia voou de novo entre as macambiras, inutilmente."

e) "Talvez já tivesse dado o couro às varas, que pessoa como ele não podia agüentar verão puxado."

Leia o cartum e os textos I, II e III abaixo para responder às questões 9 e 10.


Cartum

JÁ PRENDI O
AUTOR MATERIAL DO
CRIME! AGORA FALTA
O AUTOR INTELECTUAL,
UM TAL DE
SALÁRIO
MÍNIMO ...

Texto I
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados
e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas.
Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano
sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais
velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
— Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
(Graciliano Ramos. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 98ª ed., 2005, p. 9.)

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Texto II
O meu guri
1 Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
4 E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
7 E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí
10 Olha aí
Olha aí, o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
13 E ele chega

Chega suado e veloz do batente


E traz sempre um presente pra me encabular
16 Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
19 Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
22 Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

(...)
25 Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legendas e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
28 Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
31 Desde o começo, eu não disse,seu moço
Ele disse que chegava lá
Olha aí, olha aí
34 Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri.
Chico Buarque. O meu guri.
Texto III
"A criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade"
(Declaração Universal dos Direitos da Criança (Assembléia geral das Nações Unidas, 20 nov./ 1959).)

9. Considerando as afinidades entre os textos, responda ao que se pede.


a) Cite um elemento do plano visual do Cartum que caracteriza a hierarquia ou relação de poder entre as personagens em cena. (0,5)

b) Retire o verso da música de Chico Buarque em que essa relação é estabelecida. (0,5)

c) Quanto à identificação das crianças referidas nos textos, marque a alternativa que explicita, nos versos de Chico Buarque, o
problema da miséria com o da nomeação. A rasura anula a questão. (0,5)
a.( ) "Já foi nascendo com cara de fome d.( ) "Quando, seu moço, nasceu meu rebento
E eu não tinha nem nome pra lhe dar" Já foi nascendo com cara de fome"
b.( ) "Já foi nascendo com cara de fome e.( ) "Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Como fui levando, não sei lhe explicar" E eu não tinha nem nome pra lhe dar"
c.( ) "E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar"

10. O possível "culpado" pela desestruturação da ordem é atribuído, no Cartum, ao "autor intelectual", porém esse "autor" não pode
responder por aquilo que cometeu. Quem são esses possíveis "autores intelectuais" no texto I e no II? (1,0)

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