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FABIANO:

ORA HOMEM, ORA BICHO


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Baiano - Campus Guanambi

PROPOSTA Análise do personagem "Fabiano", da obra "Vidas Secas", de


Graciliano Ramos.

Docente: Tatiane Malheiros.

Discentes: Alessa Araújo Alves Mota; Guilherme Cotrim Domingues; Maria


Alice de Oliveira Pereira; Maria Eduarda Santos Magalhães, Maria Isabel Dos
Santos Cruz e Sérgio Emanoel .

Componente Curricular: Língua Portuguesa e Literatura III


INTRODUÇÃO
Vidas Secas é um romance de Graciliano
Ramos, publicado em 1938, que narra a história
de uma família pobre da região seca do
Nordeste e sua luta diária por trabalho e comida
03para sobreviver e superar as dificuldades do
ambiente árido em que vive.
Caracterização Física de Fabiano
Fabiano homem queimado Apesar do seu cabelo ruivo Com o tempo se tornou vaqueiro
Pelo sol foi castigado Seus olhos azuis e turvos E deixou de ser andarelheiro
Andava com sua perdeneira Era feio e desengonçado Ali apareceu como um bicho
E com a cuia na correia Nem em pé ficava levantado Mas o tempo lhe fez um capricho
Sempre foi bixo do mato Seu corpo vivia derreado Em meio a seca se tornou forte
Só com animais tinha contato Pelo seu trabalho fatigado E conseguiu até plantar por sorte

Cabra sombrio e cambaio Seu vocábulario era encurtado


A tiracolo levava o aió Mas sabia alguns palavreados
E dele tirava um pedaço de fumo Que por visto aprenderá
O que não faltava para seu consumo Com seu Tomás da Bolandeira
A sua sina era correr mundo Tinha poucos pensamentos
Com os seus pés sujos e imundos E se atrapalhava até com o vento
Caracterização Física de Fabiano
Significado de algumas expressões

Cuia (1): vaso feito do fruto maduro da cuieira, depois de esvaziado do


miolo. Uma espécie de concha utilizada para diversas aplicações, desde uso 2
para medidas de produtos a uso como prato ou utensíllho para acondicionar
produto.
Tiracolo (2): correia atravessada de um lado do pescoço para o lado oposto 1
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do corpo e passando por baixo do braço.
Aió (3): bolsa de caça trançada com fibras de caroá.
Derreado: que não se pode endireitar por fadiga, efeito de pancadas ou peso
demasiado.
Homem ou bicho?
Oscilação a respeito da sua própria identidade - figura do
humano e do bicho;
Figura do homem animalizada. Fabiano instala-se se na
realidade e percebe que é um bicho;
Metáfora animalesca- recurso utilizado por Graciliano
Ramos. "— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.”
(RAMOS, 2017, p. 18)
“Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho.
Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara
naquela situação medonha -e ali estava, forte, até gordo,
fumando o seu cigarro de palha. Um bicho, Fabiano.” (RAMOS,
2017, p. 18)
Condição animalesca de Fabiano:
"Você é um bicho Fabiano"
Aspectos que influenciam:

- O espaço: Sertão nordestino;


- O meio social: há falta de recursos básicos e há violência da
exploração por parte daqueles que têm poderes;
- Incapacidade linguística de comunicação.
Condição animalesca de Fabiano:
"Você é um bicho Fabiano"
Fabiano é retratado de maneira bruta e áspera;
Há uma zoomorfização de Fabiano e uma antropomorfização de Baleia;
Fabiano se julga como um bicho:
“Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.” e logo depois,
como se tivesse medo de que alguém tivesse ouvido, “ – Você é um
bicho, Fabiano.” e em seguida reafirma “ – Um bicho, Fabiano”
(RAMOS, 1992, p. 18).
Condição animalesca de Fabiano:
"Você é um bicho Fabiano"
Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros
quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se
com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica
e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia
para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas
relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos –
exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras
compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão,
mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. (RAMOS, 1992, p. 20)
A OUTRA FACE DE FABIANO: UM HOMEM
Algumas expressões do romance deixaram claro que Fabiano é, antes de tudo, um
homem.

Fabiano desiste de entrar para o cangaço, pois teria de abandonar sua família.

Desejou matar ou abandonar seu filho, mas desistiu pois teve piedade.

“O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou mata-lo. Tinha coração grosso,


queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. {...} Pelo espírito atribulado
do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. {...} Aí
a cólera desapareceu e Fabiano teve pena”. (RAMOS, 2017, p.10)
A OUTRA FACE DE FABIANO: UM HOMEM
Fabiano sabia que muitas de suas atitudes afetavam sua família, e isso o
preocupava. Situações assim aconteceram, por exemplo, em duas ocasiões:
quando foi preso e quando seu patrão não concordou com as contas de
Sinhá Vitória.

“Por mor de uma peste daquela, maltratava um pai de família. Pensou na mulher, nos filhos e
na cachorrinha.”. (RAMOS, 2017, p. 32)

“Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que
era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se
descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.” (RAMOS, 2017, p. 94)
A OUTRA FACE DE FABIANO: UM HOMEM
O personagem também se sentira homem assim que descobriu a fazenda,
mas com receio dos filhos terem escutado diz ser “um bicho”.

Fabiano exercia influência na vida dos meninos. Ele era o referencial para
seus filhos.

"Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração. Metido nos couros de perneiras,
gibão e guarda-peito, era a criatura mais importante do mundo”. (RAMOS, 2017, p. 47)
Homem ou bicho?

Então, por mais que Fabiano tenha essa caracterização animalesca e seja
retratado como bicho, a sua família, faz com que ele seja mais que um
bicho, que ele seja um ser humano, um homem.
Monólogo interior
O autor, avalia sua existência e, coloca-o em papéis diferentes, os quais
são: bicho e o de homem - zoomorfização.

“Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.” e logo depois, como se tivesse medo de
que alguém tivesse ouvido, “ – Você é um bicho, Fabiano.” e em seguida reafirma “ – Um
bicho, Fabiano” (RAMOS, 1992, p. 18)
Monólogo interior
Fabiano, possui uma caricia de boa linguagem, sendo assim, admirava
muito Tomás da bolandeira, por sempre usar palavras de maneira correta.

“Em horas de maluquice Fabiano desejava imitá-lo: dizia palavras difíceis, trucando tudo, o
convencia-se de que melhorava. Tolice. Via-se perfeitamente que um sujeito como ele não
tinha nascido para falar certo.”

“Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer enfim, contanto, etc. É conforme.”
Monólogo interno

Além da indigência verbal, como já dito anteriormente, a "zoomorfização"


se faz presente na obra, quando não destinção entre a vida dos
personagens, principalmete Fabiano, com a de um bicho qualquer.
Cangaceiro (1950)
- Cândido Portinari

A Obra "Cangaceiro", de 1950, o artista


expressa toda a aridez da paisagem típica dos
sertões nordestinos, pintando a
figura estática e solitária do cangaceiro, sob
o sol a pino, onde está fincado firmemente
na terra, preparado para sobreviver.
Cangaceiro (1950)
- Cândido Portinari
Pontos Principais da Tela
1
(1): O Sol no alto do céu e esse sem nuvens mostra a seca que a
região passa.
3 (2): O cabrito mostrado na imagem demonstra duas ideias
principais, a de que o homem é próximo aos animais e que a seca
2 é severa.
(3): A espingarda de pederneira é uma das características que
4 definem Fabiano.
(4): Os pés largos e chatos escaldados pelo Sol.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do trabalho exposto foi possível a absorção do
conhecimento dos integrantes, onde o grupo conseguiu
desenvolver consideravelmente, as teorias apresentadas,
transmitindo aos colegas o que foi estudado. Além de cumprir de
forma dedicada e responsável o que lhes foram proposto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILHO, Gerário do Nascimento Souza. As mutações de Fabiano e o jogo metafórico em Vidas
Secas, de Graciliano Ramos. Disponível em:
https://www.repositorio.ufal.br/handle/123456789/8141. Acesso em: 28 de set. 2022.
SANTOS, Estela. Vidas Secas: a Animalização do Ser Humano e a Humanização do Animal.
Disponível em: https://homoliteratus.com/vidas-secas-a-animalizacao-do-ser-humano-e-a-
humanizacao-do-animal/. Acesso em: 25 set. 2022.
FUKS, Rebeca. Vidas Secas, de Graciliano Ramos: resumo e análise do livro. Disponível em:
https://www.culturagenial.com/livro-vidas-secas-de-graciliano-ramos/. Acesso em: 26 set. 2022.
Agradecemos
a presença
de todos!

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