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Fabiano. Mas se fosse? Precisava mostrar que podia ser da dele, podem machucá-lo, se em Festa os familiares
Fabiano." percebem sua situação inferior e desajeitada e sentem-se
Em seguida: "E precisava crescer ficar tão grande como ridículos, agora chegam à conclusão de que pessoas com
Fabiano, matar cabras à mão de pilão, trazer uma faca de dinheiro também podem aproveitar-se deles. São duas as
ponta na cintura. Ia crescer espichar-se numa cama de reações de Fabiano ao notar-se roubado pelo patrão:
varas, fumar cigarros de palha, calçar sapatos de couro primeiro revolta, depois descrença e resignação. Vale a
cru." E finalmente: "Ao regressar, apear-se-ia num pulo e pena ressaltar nesse capítulo que é sinhá Vitória quem
andaria no pátio assim, torto, de perneiras, gibão, percebe que as contas do patrão estão erradas. Ela é
guarda-peito e chapéu de couro com barbicocho. O caracterizada como a mais arguta e perspicaz dos seis
menino mais velho e Baleia ficariam admirados." viventes da família.
Capítulo 6 - O Menino Mais Velho: "Tinha um Capítulo 11 - O Soldado Amarelo: Temos uma
vocabulário quase tão minguado coma o da papagaio que descrição mais profunda desta personagem. Observa-se
morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações que, fisicamente, é menos forte que Fabiano; moralmente
e de gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a língua, é uma pessoa corrupta, enquanto Fabiano é honesto;
com movimentos fáceis de entender Todos o contudo é por ele respeitado e temido, por ocupar o lugar
abandonavam, a cadelinha era o único vivente que lhe de representante do governo.
mostrava simpatia." O nível das aspirações dos
componentes da família decresce cada vez mais. O ideal Capítulo 12 - O Mundo Coberto de Penas: A seca está
do menino mais velho é o de ter um amigo. A amizade de para chegar outra vez, prenunciando mais miséria e
Baleia já lhe servia: "O menino continuava a abraçá-la. E sofrimento. Fabiano faz um resumo de todas as desgraças
Baleia encolhia-separa não magoá-lo, sofria a carícia que têm marcado sua vida. Há muito não sonha mais.
excessiva." Seus problemas agora são livrar-se de certo sentimento
de culpa por ter matado Baleia e fugir de novo.
Capítulo 7 – Inverno: Temos a descrição de uma noite
chuvosa e os temores e devaneios que desperta na família Capítulo 13 – Fuga: Continua a análise de Fabiano a
de Fabiano. A chuva inundava tudo, quase inundava a respeito de sua vida. A esposa junta-se a ele e refletem
casa deles também, mas eles sabiam que dentro em juntos pela primeira vez. Vitória é mais otimista e
pouco a seca tomaria conta de suas vidas outra vez. consegue transmitir-lhe um pouco de paz e esperança por
algum tempo. E numa mistura de sonhos, descrenças e
Capítulo 8 – Festa: Apresenta primeiramente os frustrações termina o livro. Graciliano Ramos transmite
preparativos da família, em casa, para ir à festa de Natal uma visão amarga da vida dos retirantes
na cidade e, em seguida, dirigindo-se à festa. É, senão o
mais, um dos mais melancólicos capítulos do livro —
quando as personagens centrais da história, em contato
com outras pessoas, sentem-se mais humilhadas,
II. PRIMEIRAS ESTÓRIAS DE GUIMARÃES ROSA – (3ª
mesquinhas e ate mesmo ridículas. Percebem a distância
em que se encontram dos demais seres e isso é novo GERAÇÃO MODERNISTA)
motivo de humilhação para eles. Resta a sinhá Vitória a
solução do devaneio: "Sinhá Vitória enxergava, através PRIMEIRAS ESTÓRIAS – Guimarães Rosa (Resumo)
das barracas, a cama de seu Tomás da bolandeira. unia Obra publicada em 1962, reúne 21 contos.
cama de verdade." Para Fabiano, não há esperanças:
"Fabiano roncava de papo para cima... Sonhava Trata-se do primeiro conjunto de histórias compactas a
agoniado... Fabiano se agitava. soprando. Muitos soldados seguir a linha do conto tradicional, daí o "Primeiras" do
amarelos tinham aparecido, pisavam-lhe os pés com título. O escritos acrescenta, logo após, o termo estória,
enormes retinas e ameaçavam-no com facões terríveis." tomando-o emprestado do inglês, em oposição ao termo
História , designando algo mais próximo da invenção,
Capítulo 9 – Baleia: Conta a morte da cachorra. Caíra- ficção. No volume, aborda as diferentes faces do gênero:
lhe o pêlo, estava pele e ossos, o corpo enchera-se de a psicológica, a fantástica, a autobiográfica, a anedótica, a
chagas. Fabiano resolve matá-la para aliviar os satírica, vazadas em diferentes tons: o cômico, o trágico,
sofrimentos dela. Os filhos percebem a situação, o patético, o lírico, o sarcástico, o erudito, o popular. As
magoados e feridos por perderem um “irmão”: "Ela era estórias captam episódios aparentemente banais. As
como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, ocorrências farejadas através dos protagonistas
para bem dizer não se diferenciavam..." Já ferida, com os transformam-se de uma espécie de milagre que surge do
demais membros da família chorando e rezando por ela, nada, do que não se vê, como diz o próprio Guimarães
Baleia espera a morte sonhando com outro tipo de vida: Rosa; "Quando nada acontece, há um milagre que
"Baleia queria dormir Acordaria feliz, num mundo cheio de não estamos vendo". Este milagre pode ser então,
preás. E lamberia as mãos de Fabiano. um Fabiano responsável pela poesia extraída dos fatos mais
enorme. As crianças se esposariam com ela, rolariam com corriqueiros, pela beleza de pensar no cotidiano e não
ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo apenas vivê-lo, pelo amor que se pode ter pelas coisas da
ficaria todo cheio de preás gordos, enormes." Percebe-se, terra, pelo homem simples, pelo mistério da vida. Dos
aliás, que dos seis componentes da família, Baleia é "causos " narrados brotam encanto e magia frutos da
quem, ao lado de Vitória, com maior clareza, consegue sensibilidade de um poeta deslumbrado com a paisagem
elaborar seus devaneios. natural e/ou recriada de Minas Gerais.
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ENREDOS VII - "Pirlimpsiquice".
I - "As margens da alegria".
Um grupo de colegiais ensaia um drama para apresentá-lo
Um menino descobre a vida, em ciclos alternados de na festa do colégio. No dia da apresentação, há um
alegria (viagem de avião, deslumbramento pela flora, e imprevisto, e um dos atores se vê obrigado a faltar. Como
fauna) e tristeza (morte do peru e derrubada de uma não havia mais possibilidade de se adiar a apresentação,
árvore). os adolescentes improvisam uma comédia, que é
entusiasticamente bem recebida pela plateia.
II - "Famigerado".
VIII - "Nenhum, nenhuma".
O jagunço Damázio Siqueira atormenta-se com um Uma criança, não se sabe se em sonho ou realidade,
problema vocabular: ouviu a palavra "famigerado" de um passa férias numa fazenda, em companhia de um casal de
moço do governo e vai procurar o farmacêutico, pessoa noivos, de um homem triste e de uma velha velhíssima,
letrada do lugar, para saber se tal termo era um insulto de quem a noiva cuidava.
contra ele, jagunço. O casal interrompe o noivado, e o menino, que conhecera
o Amor observando-os, volta para a casa paterna. Lá
III - "Sorôco, sua mãe, sua filha". chegando, explode sua fúria diante dos pais ao notar que
eles se suportavam, pois tinham transformado seu
Um trem aguarda a chegada da mãe e da filha de Sorôco, casamento num desastre confortável.
para conduzi - las ao manicômio de Barbacena. Durante o IX - "Fatalidade".
trajeto até a estação, levadas por Sorôco, elas começam Zé Centeralfe procura o delegado de uma cidadezinha,
surpreendentemente a cantar. queixando-se de que Herculinão Socó vivia cantando sua
esposa. A situação tornara-se tão insuportável que o casal
Quando o trem parte, Sorôco volta para casa cantando a mudara de arraial. Não adiantou: o Herculinão foi atrás.
mesma canção, e os amigos da cidadezinha , O delegado, misto de filósofo, justiceiro e poeta, depois
solidariamente, cantam junto. de ouvir pacientemente a queixa, procura o conquistador
e, sem a mínima hesitação, mata-o, justificando o fato
como necessário, em nome da paz e do bem-estar do
IV - "A menina e lá". universo.
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XVIII - "Darandina".
Notando que o empregado ficava cada vez maisressabiado
e curioso, o italiano resolve então abrir a sua casa para Um sujeito bem- vestido rouba uma caneta, é
Reivalino e para o delegado: dentro havia um cavalo surpreendido e, para escapar dos que o perseguem,
branco empalhado. escala uma palmeira. Uma multidão acompanha
atentamente os esforços das autoridades, que procuram
Passado um tempo, outra surpresa: Giovânio leva convencer o rapaz a descer.
Reivalino até a sala, onde o corpo de seu irmão Josepe, Resistindo, ele diz frases desconexas e tira toda a roupa,
desfigurado pela guerra, jazia no chão. Reivalino é revelando notável equilíbrio físico. A sessão de nudismo
incumbido de enterrá-lo, conforme a tradição cristã. Com leva um médico a nova tentativa de diálogo. Ao se
isso, afeiçoa-se cada vez mais ao patrão, a ponto de ser aproximar, o médico percebe que o sujeito voltara à
nomeado seu herdeiro quando o italiano morre. normalidade e que, envergonhado, pedia socorro.
A multidão, sentindo-se ludibriada, não aceita essa
XIV - "Um moço muito branco". sanidade repentina e se dispõe a linchá-lo. Sentindo o
risco, o sujeito berra um grito de louvor à liberdade,
Os habitantes de Serro Frio, numa noite de novembro de motivo bastante para a multidão ovacioná-lo e carregá-lo
1872, têm a impressão de que um disco voador nos ombros.
atravessou o espaço, depois de um terremoto. Após esses
eventos, aparece na fazenda de Hilário Cordeiro um moço XIX - "Substância".
muito branco, portando roupas maltrapilhas.
Com seu ar angelical, impõe-se como um ser superior, O fazendeiro Sionésio apaixona-se por sua empregada
capaz de prodígios: os negócios de Hilário Cordeiro, o Maria Exita , que fora abandonada pela família e criada
fazendeiro que o acolheu, têm uma guinada pela peneireira Nhatiaga . Na fazenda, o ofício de Maria
espantosamente positiva. Depois de fatos igualmente Exita era o de quebrar polvilho, trabalho duro mas que a
miraculosos, o moço desaparece do mesmo modo que moça realizava com prazer e competência.
chegara. Embora preocupado com a ascendência da moça, Sionésio
sente que a paixão é maior que o preconceito e pede-a
em casamento.
XV - "Luas-de-mel".
XX - "Tarantão, meu patrão".
Joaquim Norberto e Sa- Maria Andreza recebem em sua O fazendeiro João - de - Barros - Dinis - Robertes tem
fazenda um casal fugitivo, versão sertaneja de Romeu e uma surpreendente explosão de vitalidade em sua velhice
Julieta. Certos de que os capangas do pai da moça virão caduca. Como se fora um Quixote, determina-se a matar
resgatá-la, todos se preparam para um enfrentamento: a seu médico: o Magrinho, seu sobrinho - neto. Ao longo da
casa da fazenda transforma-se num castelo fortificado. viagem rumo à cidade, recruta um bando de
É nesse clima de tensão que se celebra o casamento dos desocupados, ciganos e jagunços, que acatam sua
jovens, a que se segue a lua-de-mel, que acontece em liderança, pelo carisma natural do velho.
dose dupla: dos noivos e do velho casal de anfitriões, cujo Chegando à "frente de batalha", Tarantão percebe que era
amor fora reavivado com o fato. Na manhã seguinte, a dia de festa: uma das filhas de Magrinho fazia aniversário.
expectativa se esvazia com a chegada do irmão da O susto inicial, provocado pela invasão do "exército",
donzela, que propõe solução satisfatória para o caso transforma-se em alívio quando o velho discursa, dizendo
de seu apreço pela família e pelos novos amigos,
XVI - "Partida do audaz navegante". colecionados ao longo da última cavalgada.
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estória no livro. Assim, dez delas têm o foco relato de poemas dramáticos, para "serem lidos em voz alta" e
centrado na terceira pessoa: os dedicou a Rubem Braga e Fernando Sabino, "que
tiveram a ideia deste repertório". Morte Vida Severina tem
I-" As margens da alegria"; II-" Famigerado" ;III- como subtítulo Auto de Natal pernambucano e tem
"Sorôco, sua mãe, sua filha"; IV-"A menina de lá"; inspiração nos autos pastoris medievais ibéricos, além de
V-" Os irmãos Dagobé"; VIII-" Nenhum , nenhuma"; espelhar-se na cultura popular nordestina. É por esse
X-"Seqüência "; XIV-"Um moço muito branco"; XIX- motivo que, no poema, João Cabral usa preferencialmente
" Substância" e XXI-"Os cismos". o verso heptassilábico, a chamada "medida velha", ou
redondilha maior, verso sonoroso e facilmente obtido.
As onze estórias restantes são relatadas em Morte e Vida Severina estruralmente está dividida
primeira pessoa: em 18 partes; no entanto, outra divisão muito nítida pode
VI-"A terceira margem do rio"; VII- ser feita quanto à temática: da parte 1 a 9, compreende-
"Pirlimpsiquice"; IX-" Fatalidade "; XI-"O espelho"; se o périplo de Severino até o Recife, seguindo sempre o
XII- "Nada e a nossa condição"; XIII-"O cavalo que rio Capibaribe, ou o "fio da vida" que ele se dispõe a
bebia cerveja"; XV-" Luas de mel"; XVI-" Partida do seguir, mesmo quando o rio lhe falta e dele só encontra a
audaz navegante"; XVII-"A benfazeja"; XVIII-" leve marca no chão crestado pelo sol. Da parte 10 a 18, o
Darandina " e XX-"Tarantão, meu patrão". retirante está no Recife ou em seus arredores e
sofridamente sabe que para ele não há nenhuma saída, a
Dessas onze estórias, apenas duas apresentam o não ser aquela que presenciou no percurso: a morte.
narrador como protagonista: "O espelho" e Sua linha narrativa segue dois movimentos que
"Pirlimpsiquice"; nas outras, o relato é feito por um aparecem no título: "morte" e "vida". No primeiro, temos
espectador privilegiado, que presencia a ação e registra o trajeto de Severino, personagem-protagonista, para
suas impressões a respeito do que assiste. Recife, em face da opressão econômico-social, Severino
O narrador pode ser também um personagem secundário tem a força coletiva de uma personagem típica:
da estória, com laços de parentesco ou e amizade com o representa o retirante nordestino. No segundo
protagonista. movimento, o da "vida", o autor não coloca a euforia da
Quanto ao emprego dos tempos verbais, nota-se que, na ressurreição da vida dos autos tradicionais, ao contrário, o
maior parte das estórias, o relato se faz através de uma otimismo que aí ocorre é de confiança no homem, em sua
mistura do pretérito perfeito com o pretérito imperfeito do capacidade de resolver os problemas sociais.
indicativo. O auto de natal Morte e Vida Severina possui
estrutura dramática: é uma peça de teatro. Severino,
II - ESPAÇO personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se à
A maioria das estórias se passa em ambiente rural não vida severina, à condição severina, à miséria. O retirante
especificado, em sítios e fazendas; algumas têm como vem do sertão para o litoral, seguindo a trilha do rio
cenário pequenos lugarejos, arraiais ou vilas. Capibaribe. Quando atinge o Recife, depois de encontrar
Os ambientes são apresentados com poucos mas precisos muitas mortes pelo caminho, desengana-se com o sonho
toques: moldura de altos morros, vastos horizontes, da cidade grande e do mar. Resolve então "saltar fora da
grandes rios, pastos extensos, escassas lavouras. ponte e da vida", atirando-se no Capibaribe. Enquanto se
Duas estórias, no entanto - "O espelho" e "Darandina" -, prepara para morrer e conversa com seu José, uma
transcorrem em cidades, pressupostas até como grandes mulher anuncia que o filho deste "saltou para dentro da
centros urbanos, pelo fato de mencionarem a existência vida" (nasceu). Severino assiste ao auto de natal
de secretarias de governo, hospício, corpo de bombeiros, (encenação comemorativa do nascimento). Seu José,
jornalistas, parques de diversões, prédios de repartições mestre carpina, tenta demover Severino da resolução de
públicas e outros serviços tipicamente urbanos. "saltar fora da ponte e da vida".
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que saíam da Paraíba pra fugir da velhice que mata os velho sobrado, as vagas de um quarto muito modesto,
jovens aos trinta anos, da seca e da fome. Este Severino com mais quatro moças [todas Marias e todas balconistas
parte das terras à beira da serra e segue o caminho para das Lojas Americanas]. Macabea trabalha como
o Recife, no caminho encontra-se com dois homens que datilógrafa numa firma de representantes de roldanas,
levam um defunto. que fica na Rua do Lavradio. Quando viera para o Rio,
Esse havia morrido de “morte matada” em uma ainda vivia com a tia beata, pessoa que a criara desde a
emboscada por uma bala que estava perdida no vento. morte dos pais, aos dois anos de idade, no sertão de
Tinha uma pequena terra onde plantava. Severino então Alagoas, onde a moça nascera. Mais tarde, foram morar
ajuda a levar o defunto ao cemitério que cruzava seu em Maceió e, depois, não se sabe por quê, mudaram-se
caminho e assim seguiu ele com um dos homens e o para o Rio. Só após a morte da tia é que Macabea vai
falecido. Quem guiava o caminho de Severino era o Rio viver no quarto da Rua do Acre. Os fatos propriamente
Capibaribe, mas ele havia sido cortado pelo verão. Ele ditos começam a ser narrados quando a nordestina recebe
encontra em uma cidade um homem sendo velado. de seu chefe, Raimundo Silveira, [por quem ela estava
Mais tarde resolve parar no local onde está e secretamente apaixonada] o aviso de que será despedida
interromper sua jornada e tenta ali encontrar um por incompetência. Como Macabea aceita o fato com
trabalho, mas na cidade o que ele sabe fazer, plantar e enorme humildade, o chefe se compadece e resolve não
pastorear, não tem serventia, pois o único negócio da despedi-la imediatamente. Logo depois disso, num final
cidade é a morte. Severino segue na sua emigração e de tarde chuvoso, dia 7 de maio, a moça encontra, por
chega à Zona da Mata, uma terra macia diferente da que acaso, um rapaz também nordestino [Olímpico de Jesus],
ele conhecia. Ali ele acredita que a vida não é vivida junto com quem inicia uma espécie de namoro. Esse namoro,
com a morte e que nessa terra o cemitério praticamente porém, dura pouco, pois Olímpico, um operário ambicioso
não funciona. Ele acaba por ouvir a conversa de amigos e de maus antecedentes, acaba trocando Macabea por
de um morto recém enterrado e resolve seguir mais Glória, sua colega, com quem ele acha que terá mais
rápido para chegar logo ao Recife. Ele não esperava chances de 'subir na vida', já que ela era mais bonita e
muita coisa do destino, apenas seguia para escapar da muito mais esperta do que Macabea. Glória, com certo
velhice que chegava mais cedo na sua terra. sentimento de culpa por ter roubado o namorado da
Não tinha grandes ambições. Finalmente colega, sugere a Macabea que vá a uma cartomante, sua
Severino chega ao Recife, quando para pra descansar ao conhecida. Para isso, empresta-lhe dinheiro e diz-lhe que
lado de um muro ouve a conversa de dois coveiros. Cada a mulher [Madame Carlota] era tão boa, que poderia até
um fala sobre a área do cemitério em que trabalha e indicar-lhe o jeito de arranjar outro namorado. Macabea
como ali há muitos mortos e assim, muito serviço, e como vai, então, à cartomante, que, primeiro, lhe faz
nas outras áreas há menos enterros e ainda se ganha confidências sobre seu passado de prostituta; depois,
gorjeta. Os dois ainda falam sobre as pessoas que migram após constatar que a nordestina era muito infeliz, prediz-
do sertão e que só tendo o mar pela frente se instalam, lhe um futuro maravilhoso, já que ela deveria casar-se
vivem na lama e comem siri; e depois que morrem são com um belo homem loiro e rico - Hans - que lhe daria
enterrados no seco. muito luxo e amor. Macabea sai da casa de Madame
Antes fossem jogados nos rios, seria mais barato Carlota 'grávida de futuro', encantada com a felicidade
e acabaria no mar sem mais problemas. Severino se que a cartomante lhe garantira e que ela já começava a
surpreende, vê que migrara seguindo o seu enterro, mas sentir. Então, logo ao descer a calçada para atravessar a
já que não viajou esperando grandes coisas segue o rio rua, é atropelada por um luxuoso Mercedes amarelo. E a
que, segundo os coveiros, faria um enterro melhor. Anda morte vem lentamente, enquanto o narrador vai fazendo
e se encontra com um morador da beira do rio. Ficam ali divagações e reflexões filosóficas, às vezes fóricas sobre
falando sobre o rio, sobre a fome e sobre a vida. Até que Macabea, sua vida, seu destino e sobre o próprio ato de
José, o morador, é chamado, seu filho nascera. Severino narrar e a [in]capacidade dele, narrador, de evitar a
fica de fora sem tomar parte em nada, os vizinhos morte da personagem. Enfim, tendo se acomodado fetal,
chegam, cumprimentam os pais, dão presentes que sua Macabea morre. Assim, ao que tudo indica, é através da
pobreza permite, falam sobre o menino e ainda duas morte que essa pobre criaturinha, de 'corpo cariado' e
ciganas falam sobre o futuro dele. Por fim, o recém-pai 'útero murcho', mas que queria ser 'artista de cinema', vai
fala a Severino que a pergunta dele sobre a vida ele não encontrar a sua hora de estrela. E, morrendo Macabea,
sabe responder mais que apenas deve-se viver a vida. morre o próprio narrador, Rodrigo S.M. Ao longo de toda
a narrativa, a identificação e o envolvimento de Rodrigo
com sua personagem é realmente tão grande, [tornando-
IV. A HORA DA ESTRELA DE CLARICE LISPECTOR – se ele a própria consciência que Macabea não possuía]
(3ª GERAÇÃO MODERNISTA) que se entende por que ele diz morrer junto com ela.
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sobre a moça porque 'numa rua do Rio de Janeiro peguei representada, no centro ou no final de um mistério ou
no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de moralidade, para relaxar a atmosfera ou cativar um pouco
uma moça nordestina'. mais os espectadores.
Pouco a pouco se tornou um texto autônomo e se
2.2. Macabea - a moça nordestina [alagoana] de 19 constituiu num gênero dramático independente. A farsa
anos, que vivia sem família, pobre, desleixada e pertence ao teatro popular, às “camadas inferiores” da
subempregada no Rio de Janeiro. Era tão alienada e população, e é representada onde o público vive e onde
inconsciente, que não sabia num mesmo que era infeliz. predomina uma atmosfera de festa. Na Idade Média, a
farsa era a adaptação de fábulas ou de contos da
2.3. Olímpico de Jesus - o primeiro e único namorado literatura oral. Este procedimento é igualmente utilizado
de Macabea. Nordestino da Paraíba, já havia cometido um por Suassuna: ele se inspira nas histórias populares do
crime e estava no Rio trabalhando com siderúrgico. nordeste para a criação de sua obra.
Ambicioso e sem escrúpulos de honestidade e decência,
pretendia ser deputado. Adorava ouvir discursos e sabia 1. A peça
desenhar caricaturas. Farsa da Boa Preguiça (1960) é considerada por
muitos críticos literários como obra-prima de Ariano
2.4. Glória - colega de trabalho de Macabea. Loira Suassuna. É escrita em três atos (I-O peru do cão coxo;
oxigenada, embora não fosse bonita, era bem alimentada II-A cabra do cão caolho; III-O rico avarento) e
e 'amaneirada no bamboleio do caminhar por causa do apresenta-se toda em versos livres, com trechos musicais
sangue africano escondido'. Isso e o fato de ser filha de cantados. Contém citações de folhetos, de Camões, da
açougueiro constituíram atrações para o ambicioso Bíblia e de orações. Cada ato guarda certa independência
Olímpico, que deixa Macabea por ela. em relação ao conjunto, visto que tem subtítulo, prólogo e
conclusão próprios.
2.5. Madame Carlota - a cartomante. Ex-prostituta e Nessa peça, Ariano Suassuna busca inspiração na
ex-cafetina, era 'fã de Jesus' e gostava muito de comer arte do mamulengo, teatro de bonecos do Nordeste, que
bombons. Prevê dinheiro grande e marido estrangeiro apresenta trama bem simples, cujas temáticas abordam
para Macabea. assuntos como: a história do diabo que quer levar um
homem e uma mulher para o inferno; a exploração do
3. Comentário da obra homem pelo homem; a falta de caridade; a preguiça; a
privação imposta à mulher; a vitória; seres celestiais
3.1. Mais um romance do 'eu' disfarçados de pedintes e seres infernais oferecendo o
O grande crítico Massaud Moisés diz, a respeito da obra pecado, que nos remetem à simplicidade medieval de
de Clarice Lispector, que 'a personagem única, ou tempos remotos.
predominante, da ficção da autora é ela própria.
Romances do 'eu', contos do 'eu', eis o que são as suas
obras: fictício, ou construído, suposto ou imaginário,
'verdadeiro' ou 'real', não importa, é o 'eu' da ficcionista - 2. Trama
que pode não ser o da Clarice Lispector/pessoa física, mas A peça é introduzida por Manuel carpinteiro, Miguel
é difícil supô-lo - a personagem central [heroína/anti- Arcanjo e Simão Pedro. Eles representam os personagens
heroína?] de suas narrativas.' [...] Tudo se passa como se celestes da peça. Já Andreza, Fedegoso e Quebrapedra
a escritora somente tivesse o 'eu' da sua fantasia. Só por são os demônios e os demais personagens estão à mercê
isso o se caso se torna incomparável em nosso meio dos primeiros.
literário'. Aderaldo, o rico avarento casado com Clarabela,
'É que o 'eu' da autora constitui para si próprio um quer seduzir Nevinha. Para isso, ele conta com a ajuda de
enigma. E para desvendá-lo/desvendar-se, põe-se a Andreza que tenta convencer a pobre moça. Nevinha e
[re]escrever os textos em que se manifesta, como se Simão são casados e se amam, mas Nevinha sofre com a
outro destino não tivesse. Em dado momento de A preguiça de Simão, o poeta. Repetidas vezes ela tenta
descoberta do mundo, diz ela que seus romances não são fazer com que Joaquim Simão trabalhe. Mas, o poeta
autobiográficos nem de longe, 'mas fico depois sabendo preguiçoso, escapa a cada tentativa da mulher. Lançando
por quem os lê que eu me delatei.' mão de um jogo de idéias e palavras, convence sua
Por tudo isso, em A hora da estrela, podemos ver Clarice mulher com a possibilidade de vir a sofrer algum mal,
transfigurada em Rodrigo S.M. e também, de certa caso venha a sair da casa para trabalhar. Ela acaba
maneira, na nordestina Macabea, com quem o narrador se acreditando e se conforma.
identifica por várias razões, como, por exemplo, pelo fato Clarabela chega ao sertão e apresenta um falso
de ele [=Clarice], quando menino[a], ter vivido no “encantamento” pela rudeza de sua paisagem e de seus
Nordeste. habitantes, especialmente Simão. Ela tenta conquistá-lo,
mas seus esforços são em vão e ela torna-se amante de
V. A FARSA DA BOA PREGUIÇA DE ARIANO Fedegoso e Quebrapedra. Simão mostra seu trabalho para
SUASSUNA – (PROSA CONTEMPORÂNEA) Clarabela, mas ela considera seus versos de mau gosto.
Disfarçados duplamente, Fedegoso (cão coxo)
finge-se de frade e Quebrapedra (cão colho) finge-se de
A obra de Ariano Suassuna intitulada Farsa da
calunga de caminhão e roubam todo o dinheiro de
boa preguiça, escrita em 1960 é considerada pela crítica
Aderaldo Catacão. Mas através de muito esforço, Aderaldo
como uma de suas obras primas. Ela tem como tema o
enriquece novamente, no entanto devido a uma aposta
elogio à preguiça, ou como melhor define seu autor o
em que coloca a dignidade de Nevinha à prova, ele perde
elogio ao “ócio criador do poeta”.
toda sua fortuna para Simão.
A farsa, segundo André Tissier “é o único gênero
dramático que sobreviveu a Idade Média” (Tissier, 1999:
82). Em sua origem ela era uma pequena peça
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Simão enriquece, mas isso dura pouco, ele age Seu pai mandou me chamar,
mal, deixa-se levar pela luxúria, engana a mulher e é Mas a lonjura que tem
punido pelos personagens do céu e volta à pobreza. Daqui pra lá, minha velha,
Aderaldo volta a ser rico, porém, agora ele não Também tem de lá pra cá,
trabalha mais e torna-se um avarento. Simão, na miséria, Já „tou com as costas raladas,
pede emprego a Catacão e torna-se o mordomo (mestre- Eu não posso me levantar. (bis)
sala) da casa. Sua função principal é despachar os _Levanta, meu bom marido,
mendigos que sondam a casa do patrão. Os personagens Meus filhos já „stão com fome...
do céu disfarçam-se de mendigos e pedem esmola ao _É verdade, minha velha,
rico, que a todos nega e humilha. Nossos filhos já „stão com fome,
Os personagens do inferno revelam-se aos Mas não tenho jeito a dar...
humanos como demônios que são. Concedem sete horas Já „tou com as costas raladas,
de vida a Aderaldo e Clarabela, antes de levá-los para o Eu não posso me levantar. (bis)
inferno, para que eles consigam que alguém reze um pai- (Lima, 1977, pp. 422-423)
nosso e uma ave-maria pela salvação deles. Faltando dois Em casa eu ajeito um cortiço,
minutos, Nevinha e Simão voltam e rezam, mas o melhor E, quando chegar agosto
que eles conseguem é a ida dos dois pecadores para o Que é o melhor mês para isso,
purgatório. Os demônios tentam levar Joaquim Simão Estando tudo tratado,
para o inferno, Simão Pedro intercede e, quando os dois Tira-se o algodão branquinho,
estão sendo vencidos, aparece Miguel Arcanjo com uma O feijão castanho, o mel dourado!
lança e salva os dois. Simão:
Ao final, Manuel Carpinteiro (versão de Jesus), Mulher, deixa de loucura,
Simão Pedro (São Pedro) e Miguel Arcanjo (um anjo) Que eu sei isso como é:
explicam a moralidade: A gente limpando mato,
“Há uma Preguiça com asas”, Vem a cobra e morde o pé!
Outra com chifres e rabo. O sol acaba a lavoura:
Há uma preguiça de Deus Nem preá, nem mundé!
“E outra do diabo”. Trabalho sustenta a gente
Mas é só pra serventia,
Dessa forma, a perfeita integração dos elementos É a obrigação no mundo
populares e sua recriação na Farsa da Boa Preguiça No suor de cada dia!
devem ser evidenciadas por meio de uma análise linear da E eu trabalho: penso, escrevo
peça: Invento, na poesia
Crio história para os outros
Primeiro ato - O Peru do Cão Coxo: Espalho alguma alegria
Que em meu sangue se alumia
Este ato remonta a tradicional história de Dou beleza ao crime e ao choro...
mamulengo divulgada pelo mamulengueiro Benedito, É pouco, mas tem valia!
conhecida como O Preguiçoso. A figura do preguiçoso é (Suassuna, 2003, pp. 165-166)
bastante explorada em contos populares de lugares
diversos. Ao se comparar uma das versões do texto de O Segundo ato – A cabra do cão caolho:
Preguiçoso coletada em Aracaju (1970) com o texto da Este, por sua vez, fundamenta-se na história tradicional
farsa de Ariano, percebe-se que o núcleo de permanência de um macaco que perde tudo o que havia ganhado após
da fábula está na figura do preguiçoso, reforçada por várias trocas e ainda no folheto de Francisco Sales Arêda
Suassuna com o bordão: Ô mulher, traz meu lençol, que (1958) O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna. São
estou no banco deitado! (Suassuna, 1974ª, p.21). Outro apresentadas duas versões do primeiro conto popular,
dado importante, que reforça a presença de uma força uma de Luís da Câmara Cascudo (1986) e outra de Sílvio
invariante, está no próprio título da farsa, onde o escritor Romero (1977), nas quais o núcleo de permanência se
escolhe ressaltar a preguiça criadora do poeta. localiza nas repetidas trocas que indicam o personagem
O Preguiçoso (Versão de dona Perolina, de Aquidabã SE) para sua caminhada rumo à fortuna, apesar de ficar nítida
_Levanta meu bom marido, para o espectador a visão oposta: o personagem perde ao
Vamos fazer uma rocinha... invés de ganhar em cada troca.
_É verdade, minha velha, Já o folheto de Arêda utiliza duplamente essa estrutura
Uma roça é coisa boa, acumulativa de repetições, alia o tema do preguiçoso ao
Farsa da Boa Preguiça (Ariano Suassuna) das sucessivas trocas. Há indicações que as origens deste
Nevinha: folheto remontam um conto intitulado Meu marido sempre
Mas, também tome coragem: tem razão, em que a submissão da mulher é a idéia
Vamos botar um roçado! dominante. O texto de Arêda, por sua vez, é retrabalhado
Planta-se milho, algodão, por Suassuna no nível da palavra mediante pequenas
Arroz, batata, feijão, alterações, deixando evidente o respeito pela escritura e a
Mas precisa o homem se dispor, vontade de preservá-la ao máximo.
Roçar, plantar, limpar...
_É verdade, minha velha, Arêda
Já „tou com as costas raladas, _Trabalhar pra que mulher
Eu não posso me levantar. (bis) Pois trabalho não convém
_Levanta, meu bom marido, Se trabalho fosse futuro
Meu pai mandou lhe chamar... Jumento vivia bem
_É verdade, minha velha, O que tiver de ser meu
8
Às minhas mãos inda vem
Vejo tantos que trabalham
Ajuntando o que é seu
Quando morrem deixam tudo
Ô trabalho não valeu
Os outros pelo que vejo VI. A HISTÓRIA DE BERNARDA SOLEDADE DE
Estão pior do que eu. RAIMUNDO CARRERO - (PROSA
É mesmo, dizia ela CONTEMPORÂNEA)
Meu velho é que tem razão
Porém vamos se mudar
Para outra região Uma leitura de “A história de Bernarda Soledade – a
Que pode até a fortuna
Nos dar sua proteção. tigre do sertão” de Raimundo Carrero.
Joaquim Simão respondeu
-o meu juízo está todo Uma filha durona que resolveu saquear e roubar
Eu não me mudo daqui as terras adjacentes à sua fazenda, conhecida como
Nem arrastado de rodo Puchinãnã. Inclusive a do seu tio Anrique. Este volta
Que pedra que muito muda-se liderando um grupo de desalojados, diz que vai trabalhar
Nunca pode criar lodo. com o irmão, coronel Militão Soledade, mas mata-o e
(Lopes, op. Cit.;) planeja seduzir e depois destruir sua filha Bernarda
Soledade, a origem de todo o mal. Este enredo, do
Suassuna romance “A história de Bernarda Soledade – a tigre do
Simão: Trabalhar pra que, mulher? sertão”, o primeiro de Raimundo Carrero, com então 25
Trabalho não me convém! anos, revela que é do mesmo autor da obra “O amor não
O que tiver de ser meu tem bons sentimentos” (Iluminuras, 2007).
Às minhas mãos inda vem. Nada de romance açucarado: Carrero tem é
Se trabalho desse lucro desajuste para mostrar. Suas temáticas são fortes, do
Jumento vivia bem! primeiro ao mais recente trabalho. Quem o conhece como
Eu vejo esse povo que se mata, pessoa, e não sua literatura, surpreende-se como figura
Pensando que ser burro de carga tão doce e afável se transforma tanto quando artista.
É tudo no mundo: Quem conhece os dois Carreros, logo imagina que ser
Quando estouram, deixam tudo humano complexo se esconde por trás da vasta barba
E, ainda por cima, perderam a alma branca…
E caem no fogo profundo! A história se desenrola em dois planos: o do
Nevinha: Sabe que é capaz de você ter razão? tempo presente, das mulheres Gabriela (mãe), Bernarda e
Mas, então vamos, pelo menos Inês (irmãs) e o do passado, contando a história de
nos mudar para outro lugar. Puchinãnã. O primeiro é sinalizado em capítulos por
Talvez, aí, nossa situação numerais romanos, o segundo em ordem alfabética.
Inda venha a melhorar! Todo o tempo presente é dado numa noite e início
Simão: Mulher, se há uma coisa de dia. Nesse período, uma chuva forte, que atiça os
Que eu tenho no mundo é juízo cavalos a relincharem, faz as irmãs e a mãe a temerem
E, graças a meu bom Deus, pelo pior. Falam em volta dos mortos. E aí se explica
O juízo que ele me deu quem morreu e como. Sem quê nem porquê, apenas
Eu ainda guardo aqui quase todo! como se fosse uma fonte louca de desejo por poder,
Se eu estou mais ou menos aqui Bernarda Soledade desejou expandir os domínios de sua
Pra que ir pra outro lugar? fazenda para muito além, conquistando terras alheias e
Pedra que muito rebola caçando animais selvagens na localidade. Mesmo sem o
Nunca pode criar lodo! apoio do pai, ela comandou homens que avançaram sobre
(Suassuna, 2003, PP. 164-165) essas terras, deixando muitos incomodados. Estes
organizam uma reação, capitaneada por Anrique, tio de
Terceiro ato – O Rico Avarento: Bernarda. Anrique se aproxima da fazenda dela, dizendo
Baseia-se num conto popular, o de São Pedro e o queijo, que quer trabalhar lá como adestrador de animais (uma
e também em outra peça de mamulengo chamada O rico função que era exercida pela própria Bernarda). Mas, na
avarento do Professor Tira-e-Dá e em um entremez verdade, planejava matar Militão Soledade, seu irmão,
homônimo de Suassuna (1954). Ao comparar as duas desvirginar Bernarda e acabar com a fazenda Puchinãnã.
versões de Suassuna (o entremez e a farsa) sobre O rico Bernarda é mulher de nascença, mas homem de
avarento conclui-se que, do entremez para a farsa atitude. Nenhum traço de feminilidade nos revela Carrero
aparecem alguns traços que delinearam o caminho da em sua protagonista. Assim ela justifica a tomada das
passagem oral para a escrita. Enquanto O rico avarento é terras e de animais: “- Naquelas matas, vamos caçar
escrito em prosa, com diálogos curtos, a Farsa da Boa muitos cavalos. Em Puchinãnã, falta um homem de
Preguiça se apresenta em versos livres mais elaborados, músculos fortes. Poderia sair do meu ventre. Entretanto,
pois serão defendidos por personagens mais amplos. não passo de uma mulher seca. Nenhum homem quis
Outra mudança em relação à linguagem diz respeito aos pousar sobre o meu corpo alvo. E os cavalos serão a
trocadilhos presentes no entremez, mas ausentes na presença do macho”. Decidida, autossuficiente e sem
farsa. Já as cenas de pancadaria aparecem nos dois, como sentimentos, assim é Bernarda.
também nas peças de mamulengo. Já trabalhando na fazenda, Anrique mata o irmão
enforcado, numa morte, para os outros, misteriosa.
Depois vai planejando tudo até que decide se bandear
9
para o lado da sobrinha, logo depois de possuí-la no Até esta noite , no meio da chuva e desespero, ir
curral. “Anrique, pequeno e feio, próprio para a domação pedir desculpa ao corpo de sua filha.
de animais”, descreve o autor, seria o homem perfeito Inês sai à procura de Bernarda e, quando as duas
para tirar a virgindade de Bernarda. “E era assim mesmo voltam para casa, a mãe tinha saído. Encontram-na
que ela desejava um homem. Um homem que fosse, ao depois no curral, pisada por cavalos. Bernarda diz que não
mesmo tempo, o domador e o animal, para que sentisse vai enterrar sua mãe, mas deixar ela apodrecer dentro de
domada e domadora. [...] “Ele a beijou nos cabelos, na casa. Pouco depois, Inês entra em trabalho de parto
testa, no busto. Foram brutos, mais brutos que as feras.” (embora escondesse da própria família que estava grávida
Após o sexo no curral, Anrique conta que tudo da única vez que fez sexo, com Pedro Lucas – ô homem
fazia parte de uma trama, de revoltosos com a dominação azarado) e tem o filho sozinha. É um homem, informa
de Bernarda sobre a terra dos outros. E que estes a Bernada, que depois vem acudi-la. Ela aproveita e joga o
chamam de tigre. Mas, em vez de dar cabo ao plano e menino num rio. Apenas informa a irmã, sem protestos
destruir Puchinãnã, Anrique propõe destruir os líderes da por parte dela, de que agora não queria nenhum homem
revolta. Para isso, teria que voltar a Santo Antônio do em Puchinãnã.
Salgueiro na mesma noite, junto com guerreiros armados,
e matar os principais líderes – que esperavam Anrique
para fazer a destruição da fazenda. “- Pois é, minha CRÍTICA
gente, não sou mais o chefe dos rebeldes. Não cometo O enredo de sangue não anula as incoerências e
nenhuma traição, porque estou ao lado do meu sangue. estranhezas do romance.
Agora, ouçam bem: todos os rebeldes, bem armados, A linguagem é por vezes altamente artificial.
estão na praça do povoado. Aguardam-me para as Diálogos muito rebuscados, coisa mais fácil de imaginar
últimas instruções. Acreditem em mim, confiem em mim. entre juízes do STF do que entre sertanejos na brenha de
Vamos matar, pelo menos, os quatro chefes mais Salgueiro. Inês, por exemplo, ajuda Bernarda no parto de
importantes, os que provocaram e traçaram a rebeldia”, sua filha. Ao ver a agitação da irmã, num parto no meio
prega. do mato, pede para que ela se cale. Isso seria o normal,
A matança se dá na cidade, sendo Pedro Lucas, mas o autor usa: “- Peço-lhe que não fale, Bernarda. Está
filho de Lucas Geremias (um dos maiores rebeldes) um saindo muito sangue”. E logo depois: “- Ajuda-me,
dos poucos a sobreviver por parte dos revoltosos. Anrique Bernarda. Ajuda-me. Faça força”, diz. Isso é o que é
e Bernarda voltam como vitoriosos para Puchinãnã. Mas o dominar colocações pronominais… Algo que simplesmente
desejo de vingança cresce dentro da população de não é da nossa tradição nem da força do momento, em
Salgueiro. pleno trabalho de parto e sem nenhuma ajuda. Outro
Pedro Lucas jura vingar a morte do seu pai e ele exemplo: o que na região se entende por capangas ou
tinha contatos com Puchinãnã. Havia namorado Inês jagunços, o livro refere-se a “guerreiros” ou “rebeldes”,
Soledade e costumava tomar banhos nus com ela à noite. como se falasse de uma guerra medieval. Só faltou
Ainda que, segundo Carrero, não fizesse nada além de mostrar um cavaleiro das cruzadas…
beijar seus cabelos e seios, embora estivessem nus, em Se a vingança de Pedro Lucas e mesmo a traição
alta madrugada, sozinhos… de Anrique, que preferiu continuar em Puchinãnã, são
Pedro Lucas convence Inês Soledade a se formados do ingrediente que constitui o humano (raiva,
vingar de Anrique, tio que virou amante de sua irmã ambição, lealdade de sangue, etc), o mesmo não se pode
e que já havia matado o seu pai. Inês topa e armam dizer do fato de Inês ver sua irmã matar o seu filho e ficar
um plano. Ela iria chamar Anrique para um de seus calada. Ou do pai, coronel Militão Soledade, que só pedia
banhos, em alta madrugada, insinuando que se uma fazenda para ver passarinhos ficar inerte aos
entregaria para o tio, assim como fez Bernarda. O desmandos e desejos de ambição da filha, Bernarda, que
chamado era uma emboscada, pois Pedro Lucas avançou sobre as terras dos demais homens.
estava preparado para matar Anrique e seu belo Tais opções podem ter origem no fato deste
cavalo, Imperador, além de destruir Puchinãnã. Só romance ser enquadrado como armorial, uma mistureba
depois de matar o tio e seu cavalo e deixar outros de idéias inspirada por Ariano Suassuna, mas que não
rebeldes atacarem a casa grande da Fazenda, é que possuem um norte definidor claro. A única certeza é que
ele procura Inês Soledade para um sexo brutal, algo se devem misturar raízes ibéricas com a tradição regional.
próximo de um estupro. A casa grande é derrotada. Regional por regional teríamos um José Lins do Rêgo,
O mundo de dominação de Puchinãnã morre, sem podem dizer alguns. Mas esse tipo de diálogo, presente
Anrique e com os outros funcionários fugindo. em “Bernarda Soledade” é mais artificial do que armorial
Bernarda ainda dá a luz a uma filha, fruto do – ou um é próximo ao outro. Mas esta era uma obra de
relacionamento com o tio, já morto. A filha também um jovem autor, 25 anos, ainda sobre o peso de um
não dura muito tempo viva.No plano do presente, a movimento recém lançado. Mas que mostra que muito do
narrativa inteira se dá numa noite de muita chuva. que exibe o autor consagrado hoje já possuía o estreante.
A mãe, Gabriela Soledade, fica louca após a morte Atualmente, sem o peso de um mestre – a quem ele é
do coronel, e toda hora imagina que o seu noivo muito grato – e a consagração de outros tantos títulos
virá, e fará muitas festas. Enquanto a mãe delira, publicados, dando brilho próprio mais do que merecido.
Bernarda dá ordens, manda rezar, mostra-se uma
mulher seca. Inês faz um bordado. No meio da
madrugada, em más lembranças, Bernarda vai até o
local em que enterrou sua filha, que morreu muito
cedo, e foi sempre rejeitada. Bernarda queria um
homem para cuidar de Puchinãnã e não mais uma
mulher. Inês disse que o destino de Puchinanã era
ser cuidado por mulheres, mas Bernarda rejeitava.
10
Lima Barreto : RJ urbano
- Monteiro Lobato : Jeca-
Euclides da Cunha S Antônio Conselheiro - .
pensam no Brasil TAU
10 Estado de são Paulo)
~reprimido depois
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Engenheiro e cornalista no governo de de muita resis- ·
Depois do parnasianismo
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floriano Peixoto ->
enviado a Canudos
·
Nar foi uma escola literária
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Os Sertões A Terra e descrita tecnicamente ·
Inovação na temática
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erudita o nomeme
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Não havia conhecimento
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vanguardas europeias
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determinismos Pré-Modernismo u
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passa a fazer parte do exército -
critica- >Monteiro Lobato :
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O Brasil
Urupes :
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continuação ...
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↳ arte brasileira ↳ Mário de Andrade
1 geração Destruidora >
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modernismo
cubismo , Brasileira
ai que preguiça"
expressionismo; surrealismo ; cures "nos não sabemos o que
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poesia e prosa manuel Bandeira cecilia clarice lispector , G . ROSG
,
Mário poesia
· e Oswald de Andrade meireles carlos Drummond
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sociale meta-
vinicius de Morais linguística
sogo Cabral
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prosa regionalista
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* NEX de Melo Neto e f Gullar .
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do Rego , Graciliano Ramos , Rodrigues
e Jorge Amado
Primeira fase: iconoclastia com Mário de Andrade e Oswald de Andrade
E
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Quebram com oli-1) Mario de Andrade AfricanOS -TAPIOCA
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Memorias sentimentais de João Miramar -
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prosa abundante S · Nordeste abandonado · posicionamento sobre a 29 guer
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escritores
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Denúncia ·
reflexões sobre a natureza humana
* questões filosófi-
Cas +tradicional/sonetos
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volta para a forma
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questões regio o sem obrigadas de experimentar parnasianismo
-
·
Acolhimento do regionalismo linguistico
3
·
Quebra da linearidade narrativa
Temas seca
cangaço messianismo , coronelismo exclusiv
· :
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·
Herdeira fiel do pré-modernismo
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hismo (fusau das 3 fase
anteriores) ·
prosa de 45 :
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rupturas sintáticas
Guimarães Rosa -criatividade vocabular :
neologismos , arcais
↳ Clarice Lispector -
no-metalinguagem -
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Questoes sociais
Revolucar de 1930
:
·
Manifestos >
cutura brasileira
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-nã copiar o que vem de fora ->
original e polêmico
·
exemplo
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critica au parnasianismo e a
representação do nativo
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Euro de Portugues -
os wald de Andrade ↑ cort .
"panfletos"
I
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Manifestos
2) PaU-Brasil coswald de Andrade) a
xenitabo
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2) verde-amarelo (Plinio salgado)
1926
3) Antropofágico
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presente de Tarsila
4) AntA
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* - Oswald de Andrade
·
humor , critica e admiracar do Brasil .
·
poemas
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meus's anos ;
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->
Mário de Andrade
·
desejo pela urbanizaçã do país modernizar -
da cidade
· obras ;
-
IA
, De supetão senti um friúme por dentro.
Ipsimbolista
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cinza das hor as
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
>
Manuel Bandeira carnaval -> os sapos
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
·
libertinagem = moder-ritmo dissoluta muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
nismo Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
· tuberculose -
solidão
Pneumotórax Esse homem é brasileiro que nem eu.
Febre, hemoptise, dispnéta e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
o
versos livres e braneos
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico: · "O bicho"
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no.
Manuel Bandeira
->
AbAPOrU
-> Os Operários
prefácio mario
variação I
obs ascenso ferreira
o
catimbó por de Andrade
:
0 caso =
coloquialismo
minha escola
2" fase Poesia (2930-1945)
:
contexto =
29 guerra
↳vida transitória ·
marca da morte (perder muitas pessoas
↳ livismo metafísico o
fugacidade do tempo e
noco de uma vida transitoria
C neussimbolismo ·
redenção pelo espírito - transcendência
↳ sensorialismo · influência da # guerra mundial
↳
explora a natureza expres-
-> mulher ao espelho rima e estrotes padronizadas
:
↳ sensualidade e evo-o
I
tismo -> Soneto da fidelidade
;
soneto da separadas
3 carlos Drummond 3) Carlos Drummond de Andrade
↳
tema social fase garche
:
temas de 22 +
experimentalismo
↳ conciso fase social instrumento
:
fase cetica
-> "maus dadas"
·
linguagem concisa e precisa
1 ?
> cota zero Stop a vida paror
;
or foi o automóvel ?
s
4) Murilo mendes
·
marca surrealista "compreensão física de sua época" Tecnologia
o
reflexões sobre o mundo contemporâne
questionamentos filosóficos, existenciais
:
·
e sociais
o espiritualismo católico
·
penuncia humanista
-
-> ospobres" :
* Gilberto freyre
2
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fase : PrOSA regionalista (NE) + critica social
->
regionalismo de 30
↳
realismo retrata Brasil ideal pela
-
+ o o real o o ,
,
MO ↓ ·
narrador culto +
regionalismo na fala, dos personagens
Tema exelui-o cenas
:
·
forma =
cubismo+cine -
o 0 livro
comeca e termina com uma seca -> as pessoas não conseguem fugir
1898
ma ; quebra linearidade do ciclo -industria da seen
cadeira
↑na ABL filiada ao PCB - se afastor porque queriam palpitar na sua obra
https://youtu.be/bFJgIvtrA0E 2) Rachel de Queiroz vence a todos
=
natureza como
-
problema
↳campos 1930 " Quinze" excluido
:
car
E
-
medida Higienista o
migração das classes dominante e dominada -> campos de refugiados na periferia de
↓
·
manter retivantes longe
de ônibus apé
for+91e2G
↓
da capital fortaleza scome + sede) absurdo humanitário
es
dosmera
"controle
I-cana
>
a ciclos
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*
> cangaço = pedra bonita"+ os canga
1) 3) José wins do Rego inarrador) CONVOS
menino de engenho"= pai de carlos de melo mata seu pai
-
I
acessivel e o me-
inquagem Trilogia
no vairiver no engenho do avê , com a tia "pai") "mãe")
↳ engenho visto da casa-grande ...
mimado
sem ser argel
=Doidinho" =
vida no internato -> sofria castigos fisicus e o avê concorr
dava
"Bangue"= usina (decadêncial
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cunno social
·
autor da emenda que , até hoje , garante liberdade religiosa no país
queimados I
· river exilado no Estado Novo
~cidade dividida
->
"capitões de areia" =
Naciblimig Sirio) .
revolução
↓ be
contexto de 30 seca retirantes , patriarcalismo messianismo e coronelismo
:
...
, ,
↓
↳ economia agrária -> comércio
elite no NE SE
- -
↓
nossa abandonado
"rev Irai .
continuação ...
+Importante
Gilberto
PE ->
freyre 3) Graciliano Ramos -> fez parte do PCB ate a morte
rializada na linguagem) -
narrativa arebradac
-> "São Bernardo" 1a pessoa <brutalidade deslocada PI a linguagem)
-> usaria a 3a pessoa
↳ narrador da classe dominante fosse
↓ Fa na emerdeir
dominada
19 ; 07 a1
de
- por conveniência
esposa de paulo Honóri suportar a brutalidade do mard e
OMadalena,sematapor
nã
-
vidas Secas
~ desumanização pela Pobreza !
e
como a familia
q
->
narrativa arrastada , lenta e
descritiva
* termina andando em uma terra verme -
·
is meninos são mais dos que Baleia
nãs amam , não sonham , när desesam e , quando desam naca conquistan ,
amada
a * soldado amarelo
I
prosaismo ->
socia o
Neoparnasianismo coloquialismo I
o texto teatual -
métrica popular crea. maior)
o social
experimentalismo
Morte e vida severino - morte iminente 2)
0 espelho
· 21 contos
no
portugues inicio menino mae doentes
↑ final :
:
mesmo menino
pero
mente
sofria preconceito
narrador
na ten
manifesto
:
[ I
↳ retoma o verso * retornar subjetividade
*
interact obrax receptor
serveira <
canos 60 / zullar
↓
resgate poesia social
poesia praxis =
contato com O Povo
-
reabilitar o verso e a oralidade
-arte p , transformar vidas
(1964)
poesia marginal -> chacal , cacaso , Paulo leminski e Torquato Neto
↳
>
geração mimeógrafo rak ai
↳ lambe-lamb e
teatro
· funcão de linguagem
:
nu
↳
memórialt alucinação +
realidade palcos partidos ,
como a narrativa
⑪
->
Interiorano/comédia :
02) PrOSC
sa obra : " A Bagaceira" José ,
Américo de
Almeida
.
1 verossimel :
fundo realista ,
retrata
os dilemas locais
2 .
retrata as classes marginalizadas
.
3 Tipificação social
/treina a e
I
4 . Análise Psicológica x
as Graciliano Ramos
↳"extra" linguagem
:
enxuta , rigorosa e
conscientemente trabalhada ;
periodos curtos e
muito expressivos
↳ - -
Chico Bento
* carcara
↳ "Memorial de maria movra"; "João Miguel
c) Jose ins do Rego
d) Jorge amado
↓
interação
cum O publico