Você está na página 1de 5

2º e 3º geração do modernismo

1. (EU-Maringá) "A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando até ficar no
outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra,
Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de
novo a arma ao rosto..."

O excerto acima apresenta uma cena da obra:

a. Angústia

b. Vidas Secas

c. Doidinho

d. Dom Casmurro

e. Menino do Engenho

2. (PUCCAMP) O isolamento social e cultura de uma família de retirantes nordestinos e a tragédia do ciúme,
provocada por um incontrolável sentimento de posse, são os temas centrais de dois grandes romances de
Graciliano Ramos, respectivamente:

a. Vidas Secas e São Bernardo

b. São Bernardo e Vidas Secas

c. Caetés e Angústia

d. Angústia e Caetés

e. São Bernardo e Angústia

3. "Descendente de senhores de engenho, o romancista soube fundir, numa linguagem de forte e poética
oralidade, as recordações da infância e da adolescência com o registro intenso da vida nordestina colhida por
dentro, através dos processos mentais de homens e mulheres que representam a gama étnica e social da
região".

O trecho acima refere-se ao autor de

a. Vidas Secas

b. Fogo Morto

c. Grande Sertão: veredas

d. A Hora da Estrela

e. Tempo e o Vento

4. (ENEM/2014) Leia o texto e responda: Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem
definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a
prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo
pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra
inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se
negar nominalmente a própria existência. ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2001 (fragmento). Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das
funções da linguagem, identificada como

(A) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria
língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.
(B) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor
ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.

(C) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o
emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.

(D) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o
emprego de “hipotrélico”.

(E) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de
dúvida “talvez”

5. (FUVEST) (...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em

cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o

que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite

pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e

esperamos preás. (...)

Carta de Graciliano Ramos a sua esposa

(...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana

deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por

baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.

(...)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano

enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O

mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o excerto do romance permitem afirmar que a personagem

Baleia, em Vidas secas, representa


A. O conformismo dos sertanejos.
B. Os anseios comunitários de justiça social.
C. Os desejos incompatíveis com os de Fabiano.
D. A crença em uma vida sobrenatural
E. O desdém por um mundo melhor.
6.

(A) caráter racial, assim como sucede em A cidade e as serras.


(B) grupos linguísticos rivais, de modo semelhante ao que ocorre em Viagens na minha terra.
(C) fundo religioso e doutrinário, como o que agita o enredo de Til.
(D) classes sociais, tal como ocorre em Capitães da areia.
(E) interesses entre agregados e proprietários, como o que tenciona as Memórias póstumas de Brás Cubas.

7. (ENEM 2011) Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de
rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risoinho e habilidoso. Pergunto: - Zé-Zim, por
que é que você não cria galinhas-d'angola, como todo mundo faz? - Quero criar nada não... - me deu resposta: -
Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou
proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...]
Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram
junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai
no São Francisco, o senhor sabe.

Fonte: ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).

Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas
rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e
fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador

a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados,
uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da
terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e,
ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.
O meu nome é Severino,

não tenho outro de pia.

Como há muitos Severinos,

que é santo de romaria,

deram então de me chamar

Severino de Maria;

como há muitos Severinos

com mães chamadas Maria,

fiquei sendo o da Maria

do finado Zacarias,

mas isso ainda diz pouco:

há muitos na freguesia,

por causa de um coronel

que se chamou Zacarias

e que foi o mais antigo

senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem fala

ora a Vossas Senhorias?

Fonte: MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).

TEXTO II

João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe,
também segue no caminho do Recife. A auto apresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra
um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre
partilhados por outros homens.

Fonte: SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).

8. Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a
relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social
expresso literariamente pela pergunta "Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?". A resposta à
pergunta expressa no poema é dada por meio da
a) descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.
b) construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação.
c) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilhem sua condição.
d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias

9. Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: — E se me desculpe,
senhorinha, posso convidar a passear? — Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele
mudasse de idéia. — E, se me permite, qual é mesmo a sua graça? — Macabéa. — Maca — o quê? — Bea, foi
ela obrigada a completar. — Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. Eu também acho esquisito
mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu
não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ue
nin uém tem mas arece ue deu certo — arou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada
e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é... — Também no sertão da Paraíba promessa é
questão de grande divida de honra. Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam
diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes
e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: — Eu
gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor? Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha
que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa
parecia lágrimas escorrendo. (Clarice Lispector, A hora da estrela) Neste excerto, as falas de Olímpico e
Macabéa:
a) aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição cultural entre a mulher nordestina e
o homem do sul do País.
b) demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagens, reflexo da privação econômica de que
são vítimas.
c) beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido de humor e sátira social.
d) registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios antagônicos do Bem e do Mal.
e) suprimem, por seu caráter ridículo, a percepção do desamparo social e existencial das personagens.

10. Relacione a declaração a seguir, feita por Rodrigo S.M., com a maneira pela qual foi realizada a construção
da narrativa: "Os fatos são sonoros mas entre os fatos há um sussurro. É o sussurro que me impressiona."

Você também pode gostar