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BIOGRAFIA DO MESTRE BIMBA

Machado, conhecido como Mestre Bimba, foi o criador da capoeira


regional, também chamada de luta regional baiana, no final da
década de 1920.

A partir de seus conhecimentos sobre a capoeira primitiva –


capoeira Angola – e sobre a luta denominada batuque, ele foi o
primeiro capoeirista de sua época a desenvolver um sistema de
ensino e, também, o primeiro a dar aulas em ambiente fechado.

Conquistou reconhecimento e respeito da sociedade, numa época


em que a perseguição a manifestações da cultura negra era intensa.

“O Bimba foi, talvez, uma das últimas figuras do ciclo heróico dos
negros na Bahia. Era um negro enorme, muito forte, analfabeto.
Com consciência, com uma erudição no que diz respeito a Bahia e
com uma cultura sobre a gente negra inédita”, afirmou Muniz Sodré,
ex-aluno e autor do livro Mestre Bimba: corpo de mandinga, em
entrevista a Ancelmo Gois, no programa De lá pra cá, da TV Brasil,
em 2010.

A vida de Mestre Bimba e o início na capoeira

Mestre Bimba deixou como herança o respeito da sociedade pela


capoeira (Foto: Capoeira Regional: a escola de Mestre Bimba,
EDUFBA, 2009)
Manoel dos Reis Machado nasceu no Engenho Velho de Brotas, em
Salvador, no dia 23 de novembro de 1899.
BIOGRAFIA DO MESTRE BESOURO

Besouro Mangangá era filho de Maria José e João Matos Pereira, nascido
em 1895, e foi assassinado no arraial de Maracangalha, local que foi
imortalizado pelas letras de Dorival Caymmi, na Santa Casa de Misericórdia
de Santo Amaro onde faleceu em 1924. [2]Era natural do recôncavo baiano
e viveu naquela região, em um período nas florescências dos canaviais em
Santo Amaro, tinham importante papel no cenário produtivo, através dos
saveiros pelo rio subaé levavam as mercadorias que iam e chegavam até o
cais de Salvador.[3]

Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu os segredos da capoeira com


o Mestre Alípio no Trapiche de Baixo, foi batizado como Besouro
Mangangá por causa da crença de muitos que diziam que quando ele
entrava em alguma embrulhada e o número de inimigos era grande
demais, sendo impossível vencê-los, então ele se transformava em besouro
e saía voando.[4][5] Várias lendas surgiram em torno de Besouro para
justificar de seus feitos, a principal atribui-lhe o “corpo fechado” e que balas
e punhais não podiam feri-lo. Devido aos seus supostos poderes Besouro
Mangangá tornou-se um personagem mitológico para os praticantes da
capoeira, tendo sua identidade relacionada aos valentões, capadócios,
bambas e malandros.

Especula-se que não gostava da polícia e que teria praticado de vários


confrontos com as força policiais, às vezes levando vantagem nos embates,
porém, segundo Antonio Liberac Cardoso Simões Pires[6]: “Suas práticas
não podem ser associadas ao banditismo, pois Besouro sempre se
caracterizou como um trabalhador por toda sua vida, nunca sendo preso
por roubo, furto ou atividade criminal comum. Suas prisões foram
relacionadas às ações contra a polícia, principalmente no período em que
esteve no exército”. Algumas documentações históricas registram os
confrontos entre Besouro Mangangá e a polícia, como o ocorrido em 1918,
no qual Besouro teria se dirigido a uma delegacia policial no bairro de São
Caetano, em Salvador, para recuperar um berimbau que pertencia ao seu
grupo. Com a recusa do agente em devolver o objeto apreendido, Besouro
partiu para o ataque com ajuda de alguns companheiros. Eles não
conseguiram recuperar o berimbau desejado, pois foram vencidos pelos
policiais, os quais receberam ajuda de um grupo de moradores locais[7]:
Biografia do Mestre Samuel
(Querido de Deus)

Por diversas vezes Garrincha subia a ladeira da boca da mata só para ficar observando seu
mestre falar sobre certos capoeiristas que desnortearam a cidade de São Salvador, entre
os séculos XIX e XX. Quando chegava à hora da roda, ligeiramente, gravava o nome de
muitos deles que na verdade era através das letras cantadas que ele mantinha uma
familiaridade. A música da capoeira ajuda muito os novos praticantes a conhecerem ou
saberem dos mitos que ficaram sobre forma de um ostracismo escondidos no fundo da
cabaça ou dentro do toque do atabaque. Porém, não deixavam de existir dentro do corpo
das músicas executadas nas rodas e nos CDs dos grupos, que hoje, são vários espalhados
pelo mundo.
Quando ele percebeu que era de uma mera importância para a sua vida como homem e
cidadão de uma arte que a cada dia vinha lhe dando conceito no mundo, começou a fazer
pesquisas sobre esses baluartes e descobriu coisas fantásticas. Certo dia, lendo um artigo
que fora publicado no Jornal Correio da Bahia (Quarta-Feira, 18 de Abril de 2001, numa
leitura bastante direta em que dizia o seguinte: Velhos mestres, velhas histórias. A
importância do mestre na capoeira ainda hoje é uma das principais características da arte-
luta brasileira. Apesar das inúmeras mudanças pelas quais a manifestação vem passando
nas últimas décadas, muito do que se sabe dos grandes mestres da capoeira da Bahia
sobrevive disperso na memória popular, nos ditos e ladainhas cantados em inúmeras
rodas espalhadas pelo mundo.
Como principal particularidade, a dificuldade em observar os limites entre lenda e verdade,
entre folclore e fato. Fatores que apenas legitimam a grandeza e a força da arte
fundamentalmente enraizada na cultura brasileira. Para muitos teóricos da capoeiragem, a
maleabilidade entre invenção, mito e realidade presente no universo da capoeira é reflexo
do mais puro jogo capoeirístico. Verdade/mentira,real/irreal, vencedor/vencido pertencem
a uma lógica por demais cartesiana, contrária à da capoeira que prima não pelas verdades
essenciais, mas pelo aqui e o agora do jogo. A lista de grandes personagens é imensa, nela
se encontrando nomes que traduzem um forte acento poético: Samuel Querido de Deus,
Algemiro Olho de Pombo, Feliciano Bigode de Seda, Pedro Porreta, Inimigo sem Tripa, Sete
Mortes, Chico Três Pedaços, Pedro Mineiro e muitos outros. À sombra dos populares
mestres Pastinha e Bimba, gerações inteiras de capoeiristas "vadiaram" em homenagem à
África perdida, nos becos e vielas da velha Salvador. Entre os mais cantados está, com
certeza, Besouro Mangangá, que tinha a peculiar qualidade de escapar "voando" das
emboscadas inimigas.
Isso lhe rendeu uma infinita educação cultural que jamais saberia se um dia iria
desenvolver se não fossem os meios de comunicação que se integram a falar dessa arte e
os livros dos estudiosos. Foi ai que percebeu o quanto a capoeira e seus jogadores são
ricos e cheios de causos que ficaram escondidos na curva da memória do seu próprio
povo. Os grandes capoeiristas daquela época tinham em si uma legitimidade que
desencadeava as suas próprias vidas. Embora saibamos que herdamos de recordações, o
fito da memória histórica dos seus movimentos acrobáticos e que servem para alimentar
os olhos dos turistas e o bolso dos capitalistas e exploradores.
Com tudo isso, Garrincha continuava errante. Navegava no
relato e se vislumbrava com os nomes dos capoeiristas, que
lembram mais nomes fictícios de filmes de comedia. Saiu pra
luta do corpo a corpo com a busca do desafio e se deparou
com o primeiro personagem chamado Samuel Querido de
Deus, um pescador que saia mar adentro jogando sua rede
pra tentar pescar o sustento da família, e que ficava dias e
dias sobre as águas do misterioso e profundo mar de todos
os encantos. Viu que era de grande importância o assunto e
que com certeza iria aprender mais uma lição.
Então, lendo o livro de Jorge Amado, Bahia de Todos os
Santos, (páginas: 261 - 262 42ª ed.) percebeu que o escritor
traçou o seu perfil em que dizia o seguinte: "Já começaram os
fios de cabelo branco na carapinha de Samuel Querido de
Deus. Sua cor é indefinida. Mulato, com certeza. Mas mulato
claro ou mulato escuro, bronzeado pelo sangue indígena ou
com traços de italiano no rosto anguloso? Quem sabe? Os
ventos do mar nas pescarias deram ao rosto do Querido de
Deus essa cor que não é igual a nenhuma cor conhecida, nova
para todos os pintores. Ele parte com seu barco para os
mares do sul do estado onde é farto o peixe. Quantos anos
terá? É impossível saber nesse cais da Bahia, pois de há
muitos anos que o saveiro de Samuel atravessa o quebra-mar
para voltar, dias depois, com peixe para a banca do mercado
Modelo. Mas o velhos canoeiros poderão informar que mais
de sessenta invernos já se passaram desde que Samuel
nasceu. Pois sua cabeça já não tem fios brancos na carapinha
que parece eternamente molhada de água do mar? Mais de
sessenta anos. Com certeza. Porém ainda assim, não há
melhor jogador de capoeira, pelas festas de Nossa Senhora
da Conceição da Praia, na primeira semana de dezembro, que
o Querido de Deus. Que venha Juvenal, jovem de vinte anos,
que venha o mais ágil, o mais técnico, que venha qualquer
um, e Samuel, o Querido de Deus, mostra que ainda é o rei da
capoeira da Bahia de Todos os Santos. Os demais são seus
discípulos e ainda olham espantados quando ele se atira no
rabo-de-arraia, porque elegância assim nunca se viu... E já sua
carapinha tem cabelos brancos...Existem muitas histórias a
respeito de Samuel Querido de Deus. Muitas histórias que são
contadas no Mercado e no cais. Americanos do norte já
vieram para vê-lo lutar. E pagaram muito caro por uma
exibição do velho lutador. Uma loira de Chicago se apaixonou
por ele, quis levá-lo embora.
Certa vez seu amigo escritor foi procurá-lo. Dois cinematografistas
queriam filmar uma luta de capoeira. Samuel chegara da pescaria, dez
dias no mar e trazia ainda nos olhos um resto de vento sul. Prontificou-
se. Fomos em busca de Juvenal. E, com as máquinas de som e de
filmagem, dirigimo-nos todos para a Feira de Água dos Meninos. A luta
começou e foi soberba. Os cinematografistas rodavam suas máquinas.
Quando tudo terminou, Juvenal estendido na areia, Samuel sorrindo, o
mais velho dos operadores perguntou quanto era. Samuel disse uma
soma absurda na sua língua atrapalhada. Fora quanto os americanos
haviam pago para vê-lo lutar. O escritor explicou então que aqueles
eram cinematografistas brasileiros, gente pobre. Samuel Querido de
Deus abriu os dentes num sorriso compreensivo. Disse que não era
nada e convidou todo mundo para comer sarapatel no botequim em
frente. 'Podeis vê-lo de quando em quando no cais. De volta de uma
pescaria com seu saveiro. Mas com certeza o vereis na festa da
Conceição da Praia, derrotando os capoeiras, pois ele é o maior de
todos. Seu nome é Samuel Querido de Deus. Viveu em Salvador, numa
fase em que havia cessado a repressão ao jogo da Capoeira e sua
prática já não era mais proibida. No ano de 1944, quando o pescador
ainda vivia, sob o título O Capoeira.
Segundo o livro de Camile Adorno, "Os principais estudiosos da cultura
brasileira, no passado recente, imortalizaram o jogo da Capoeira em
páginas magistrais". É este o caso de Eunice Catunda, que concorreu
com suas observações para fixar análise do jogo e das suas tradições,
em artigo intitulado Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar,
publicado em Fundamentos - Revista de Cultura Moderna, no ano de
1952, em São Paulo.
"Todo artista que não acredita no fato de que só o povo é o eterno
criador, que só dele nos pode vir a força e a verdadeira possibilidade de
expressão artística, deveria assistir a uma capoeira baiana. Ali a força
criadora se evidencia, vigorosa, livre dos preconceitos mesquinhos do
academismo, tendo como lei primordial e soberana a própria vida que
se expressa em gestos, em música, em poesia. Ali se exprime a vida
magnífica e bela, em nada prejudicada pela capacidade limitada dos
instrumentos musicais primitivos, aos quais se adapta sem ser por eles
diminuída".
Com certeza, Garrincha aprendeu mais um capítulo da vida de um
capoeira e notou que não basta só joga-la com as pernas, o mais
importante é saber desenvolver a técnica do conhecimento,
aprimorando e enriquecendo o seu conteúdo.
"QUEM NÃO CONHECE SUA PROPRIA HISTÓRIA ESTA FADADO A REPITI-
LA"
CAPOEIRA ANGOLA

Misto de luta, jogo e dança, a Capoeira Angola é


uma expressão das antigas tradições da
capoeiragem que se praticava no passado, em
diferentes regiões do Brasil, mas em especial no
recôncavo baiano e nas ruas e praças de Salvador-
BA. Chamada pelxs antigxs de “jogo de Angola” (em
referência à origem de seus precursores no Brasil,
negros de origem africana), a Capoeira Angola
passa a assim ser chamada a partir da primeira
metade do século XX, marcando sua posição
enquanto expressão cultural de matriz africana.

Inúmeros são os seus ancestrais, antigos mestres


transmissores destes saberes. De Besouro
Mangangá a Cobrinha Verde, Waldemar, Traíra,
Noronha, Totonho de Maré, Pastinha,[A1] são
muitos os grandes mestres que dedicaram sua vida
à prática, preservação e transmissão dos saberes
dos antigos às gerações posteriores, mantendo
viva a Capoeira enquanto expressão da
ancestralidade afro-brasileira e da luta negra por
libertação, igualdade e dignidade de sua cultura.

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