Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vidas Secas é considerada, como dito, uma das principais obras produzidas por
Graciliano, mas também uma das principais do Romance da década de 1930. Ainda que
o autor tenha mencionado em cartas à sua mulher uma “não preocupação” com enredo
da narrativa, como se percebe a seguir: “[...] não me parece que o enredo seja coisa
demasiado importante. Não me preocupo com enredo: o que me interessa é o jogo dos
fatos interiores, paixões, manias, etc.” (ibid.: 158); é possível definir um enredo no
qual se narra a relação entre o homem, a natureza e a sociedade, pois, fica evidente a
luta pela sobrevivência do casal Fabiano e Sinhá Vitória, de seus filhos (o menino mais
novo e o menino mais velho), de seus animais (o papagaio e a cachorra Baleia)
ambientados em um lugar completamente inóspito, que impossibilita a existência de
indivíduo ou qualquer ser. Dividido em treze capítulos independentes, o livro é
considerado “desmontável”, ou seja, será possível a leitura dos demais capítulos sem a
necessidade de que se respeite sua cronologia/organização. Algo importante a ser
considerado é que a publicação do livro se deu pelo desenvolvimento de “extensões”
construídas sobre o até então conto já publicado: Baleia. Com isto, o autor constrói um
romance ‘sem ordem’, com capítulos avulsos e que não apresentam entre si relações
formais/cronológicas, mas sim, temáticas. Relação esta que justificará as características
delegadas aos personagens, aos diálogos – e não diálogos presentes no romance.
MARCHEZAN, Luiz (2011). Vidas secas: o romance móvel de Graciliano Ramos: UNESP – Brasil.