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Resumo dos capítulos 6, 8, 10 e 12

Capítulo 6
"Todos o abandonavam, a cadelinha era o único vivente que lhe mostrava simpatia."
O menino mais velho, possuindo grande curiosidade pela palavra "inferno", tenta procurar seu sentido com o pai,
que não lhe dá explicação alguma, e logo depois com a mãe, que lhe apresenta uma alusão de espetos quentes e
fogueiras. Sinha Vitória dá um cascudo no filho quando ele pergunta se a mãe tinha visto em sua vida uma dessas
coisas, e esconde-se abraçado com Baleia. Seu maior ideal era ter um amigo.
Em contrapartida com o menino mais novo, seu irmão, o menino mais velho apresenta sinais de uma dolorosa
imitação paterna: não conseguiu saber o que significa "inferno" e, pior ainda, recebeu uma reprimenda da mãe,
reforçando em sua mente a ideia de que a linguagem não tem boa acolhida no contexto dos retirantes.[32] Essa
situação, também presente nas dificuldades linguísticas de Fabiano, conclui que no caso do pai são resultados de
uma inadaptação cultural, e que não possuem origens patológicas. [32]
Por outro lado, no ângulo do narrador, a insistência de saber o que é inferno é somente discreta mas
intensa ironia, a partir do momento em que toda a família estava submetida ao inferno do sol.

Capítulo 8: Festa
"Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior."
Na época de natal, a cidade comemora. As roupas da família ficaram apertadas e os meninos estranham toda a
gente. Depois de festejarem, Fabiano pretende ir às barracas de jogo, mas Sinha Vitória não permite. Fabiano fica
bêbado e, consecutivamente, atrevido; dorme na calçada da cidade, sonhando com vários soldados amarelos que
pisavam em seus pés e que o ameaçavam com facões.
O elemento regionalista da ficção reforça o sentimento de dignidade humana do comportamento sertanejo e,
embora este capítulo represente a sensação de inferioridade da família, também salienta sua força e bravura, que
virá a se manifestar mais cedo ou mais tarde.

Capítulo X: Contas
Mandacaru, árvore nativa do Brasil, disseminada no Semiárido do Nordeste, em foto de 2015. "Mandacaru" vem
do tupi mãdaka'ru ou iamanaka'ru, que significa «espinhos agrupados danosos».
"O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos - aquilo
estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada."
Aquele fazendeiro do Capítulo I acaba se tornando patrão de Fabiano novamente e o rouba nas contas. Ordena
que os animais ― bezerros e cabritos ― de Fabiano, que lhe cabiam como pagamento do trabalho, precisam ser
vendidos ao patrão. Fabiano reclama, já que as contas do patrão não conferem com as contas feitas por Sinha
Vitória. Diante disso, o fazendeiro aconselha Fabiano a procurar emprego noutra fazenda. Fabiano acaba se
desculpando. Depois, recorda a injustiça que sofreu de um fiscal da prefeitura por ter tentado vender um porco.

Capítulo XII: O mundo coberto de pena


A família começa a notar que a seca está voltando através das aves de arribação. Fabiano, admirado pela inteligência
de Sinha Vitória quando esta observa que as aves andam bebendo a água que mantém vivos os outros bichos, atinge
uma grande quantidade delas com sua espingarda, pois, posteriormente, essas aves servirão de alimento para a
família. É explícito, aqui, o caráter da luta pela sobrevivência.
Fabiano não consegue esquecer Baleia. Era preciso sair dali. Novamente as personagens lançam-se na andança
Tempo
Para Affonso Romano de Sant'Anna, a história de Vidas Secas é a-histórica, ou seja, ainda segundo ele, "um tipo
de acronia, uma vez que não se situa em nenhum tempo específico."[48] No entanto, embora não haja delimitação exata
de tempo cronológico na narrativa,[40] que indicasse ser contemporânea ao autor ou mais antiga ou até futurista, alguns
elementos da própria narrativa marcam certos aspectos histórico-sociais: tem sido notado, por exemplo, que o final
de Vidas Secas representa de maneira exemplar a migração nordestina para o Sudeste e o Sul industrializados tal
como ocorria com expressividade na década de 1930 no contexto da história da industrialização no
Brasil.[36] Historiadores, porém, destacam longas estiagens anteriores à seca da década de 1930, na segunda metade
do século 19, com retratos ainda mais duros numa série de registros e documentos.

Espaço
Sertão nordestino do Brasil, com vegetação caatinga e clima semiárido.

Personagens

Estrutura narrativa
O narrador de Vidas Secas é em terceira pessoa, onisciente e onipresente, e com inúmeras passagens com discurso indireto livre.[40] O
romance de Graciliano evita frases enunciativas comuns do tipo "Fabiano pensou que..." ou "Sinha Vitória imaginava que...",
transformando o discurso indireto em discurso indireto livre, como no seguinte exemplo, em que não é o narrador em si quem diz, mas a
própria personagem que conversa consigo mesma:[39]
"Não percebendo o que o filho desejava, repreendeu-o. O menino estava ficando muito curioso, muito enxerido. Se
continuasse assim, metido com o que não era da conta dele, como iria acabar?"[41]
Um outro exemplo do discurso indireto livre em Vidas Secas:
"Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria,
naturalmente."[42]
Omitindo, no caso acima, a oração enunciativa do tipo "Fabiano pensou que, se a seca chegasse, não ficaria planta verde", o
narrador pratica o discurso indireto livre, que é uma técnica eficiente para representar o pensamento da
personagem.[39] Imediatamente após, toma distância novamente, ao expor que o personagem se arrepiou, para, então, uma
vez mais, afirmar indiretamente que Fabiano concluiu que a seca chegaria naturalmente.
O discurso indireto livre permite diversas possibilidades, que são exploradas em Vidas Secas. A crítica moderna tem chamado
de "monólogo interior" (ou fluxo de consciência) a verbalização ou exposição do pensamento da personagem,[39] e a forma
sintática do discurso indireto livre desencadeia muitas vezes esse tipo de elemento literário, conforme o trecho a seguir:
"Foi sentar-se debaixo de outra árvore, avistou a serra coberta de nuvens. Ao escurecer, a serra misturava-se com o céu e as
estrelas andavam em cima dela. Como era possível haver estrelas na terra?[43]
Na última frase acima, que também constitui discurso indireto livre, a interrogação faz parte da própria personagem
flagrada

Modernismo ou pós-modernismo
A prosa graciliana pretende expor os dramas sociais. Pertencente à segunda geração do modernismo brasileiro (cf. o
verbete romance de 30), que, entre diversos esforços, partindo de situações histórico-sociais prementes de seu tempo.
Os anos 1930 foram marcados pelo regionalismo na literatura brasileira, traço da chamada "segunda geração
modernista". Literatura de um reflexo da crise de 1929 que aborda o desemprego, miséria, e manipulação política. A
influência do realismo, a temática cotidiana, realidade social, cultural e econômica são características da segunda
geração modernista presentes no romance.

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