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Folclore brasileiro: jogo da memória

O tema do folclore brasileiro está inserido em assombrar pessoas que incendeiam as matas e elas
diferentes componentes disciplinares da Base são mortas, ou ficam cegas e enlouquecidas.
Nacional Comum Curricular (BNCC) e contemplado Quando ataca só se vê um facho cintilante passando
na Competência Geral 3 que estabelece: "Valorizar rapidamente. Em uma variante, o boitatá rasteja
e fruir as diversas manifestações artísticas e durante a noite pela floresta porque é uma alma
culturais, das locais às mundiais, e também penada que deve pagar pelos seus pecados, neste
participar de práticas diversificadas da produção corpo, protegendo a floresta.
artístico-cultural."
2. Boi Vaquim
Daí entender que é fundamental que os alunos Ser fabuloso do Rio Grande do Sul. É um boi com
conheçam, compreendam e reconheçam a asas e chifres de ouro que amedronta os campeiros
importância das mais diversas manifestações porque chispa fogo pelas pontas do chifre e tem
artísticas e culturais. Pode-se trabalhar o folclore no olhos de diamantes. É preciso muita coragem para
Ensino Infantil e Fundamental em História, Língua laçá-lo, braço forte, cavalo bom de pata e de rédeas.
Portuguesa, Artes e Educação Física.
3. Boiúna
Jogo de memória A boiúna (de mboi, cobra, e una, preta) é o mito
Para esse jogo de memória, selecionamos 13 figuras mais difundido na Amazônia. É a cobra-grande ou
do folclore brasileiro. São elas: Boitatá, Boi Vaquim, senhora-das-águas, uma gigantesca serpente preta
Boiúna, Boto Encantado, Curupira, Caipora, Cuca, de olhos de fogo capaz de virar as embarcações e de
Corpo-seco, Lobisomem, Mula-sem-cabeça, atrair as vítimas para o fundo do rio e devorá-las.
Mapinguari, Matinta Pereira e Saci-Pererê. Boiúna foi parte de um ciclo mítico cosmogônico do
qual participa o mito da origem da noite. Não
O jogo é composto de 13 cartas ilustradas e recebia dos índios nenhuma espécie de rito ou
identificadas. Imprima cópias na quantidade oferendas, mas apenas o pavor pela sua capacidade
necessária para distribuir aos grupos da classe. de fazer o mal, de se disfarçar nas mais diversas
formas e figuras (canoas, árvore etc.) e de engolir as
A última página, ilustrada com uma floresta, é para pessoas.
colar no verso das páginas das cartas. Isso dará mais
resisténcia ao manuseio das cartas 4. Boto Encantado
É o uauiará dos índios do Pará e do Amazonas, a
As imagens que ilustram as cartas são do artista figura que seduz as moças ribeirinhas e depois se
Rodval Matias e foram feitas especialmente para o transforma em boto. Conta-se que, logo após
site Ensinar História. anoitecer, o uauiará se transforma num rapaz
bonito, alto, forte, bom dançador e bebedor que
Instruções do jogo aparece nos bailes, seduz as moças. Usa um chapéu
O jogo de memória requer pares de cartas iguais. As que nunca tira da cabeça para esconder o orifício
cartas são embaralhadas e depois postas sobre a respiratório que conserva do boto. Antes da
mesas com as figuras voltadas para baixo, para que madrugada, ele pula na água e volta à sua forma de
não possam ser vistas. boto. No Pará, é comum chamar a criança sem pai,
de “filho do boto”.
Cada participante deve, na sua vez, virar duas peças
e deixar que todos as vejam. Esse mito é tradicional do Norte e Centro-Oeste,
onde há grandes fluxos de rios. Provavelmente sua
Caso as figuras sejam iguais, o participante deve origem está na colonização, como justificativa para
recolher consigo esse par e jogar novamente. o nascimento de crianças de pele clara entre índios
(que seriam fruto de relações com brancos
Se forem peças diferentes, estas devem ser viradas europeus).
novamente, e o jogo recomeça com outro
participante. Ganha o jogo quem tiver mais pares no 5. Curupira
final do jogo. Um dos mais populares seres fantásticos das matas
brasileiras. De curu (corumi), menino, e pira, corpo.
1. Boitatá ou Mboitatá Representado como um índio pequeno, de cabelos
O boitatá ou mboitatá (de mboi, cobra, e tatá, fogo) vermelhos, pés voltados para trás e calcanhares
é um mito indígena tupi-guarani que recebeu, entre para frente, e com enorme força física. Ele é o deus
os colonizadores diversos nomes: baitatá, bitatá, que protege as florestas e os animais.
biatatá, batatão entre outros. É a cobra de fogo que
reside dentro de rios e lagoas e que sai apenas para
Folclore brasileiro: jogo da memória

Assombrador das matas, causador dos barulhos e Catarina, São Paulo e Minas Gerais e, segundo
sons sem explicação, ele engana os caçadores e Câmara Cascudo, também no Nordeste.
viajantes fazendo-os perder o rumo certo,
desviando-os para o interior da floresta com A tradição é europeia. O corpo-seco é a alma
assobios, gritos e chamadas que imitam a voz penada e amaldiçoada de um homem ou mulher
humana e sinais falsos. Mas aceita negociar com os que passou a vida semeando o mal e cometendo
homens em troca de alimento desde que não tenha tantos pecados que, ao morrer, nem Deus nem o
pimenta nem alho. Diabo a quiseram, até a terra repeliu o corpo e se
recusou a decompor sua carne. Nenhum bicho, nem
6. Caipora ou Caapora os corvos, nem as vespas e as formigas atacavam o
O caipora ou caapora (de caá, mato e pora, cadáver que foi definhando e secando
habitante), é semelhante ao curupira, mas tendo transformando-se em uma múmia seca e
pés normais. Os índios o temiam e, se precisassem assustadora.
sair à noite, defendiam-se da criatura levando um
tição acesso. Defensor das árvores e da caça, 9. Lobisomem
protege aqueles que respeitam a natureza É um mito de tradição europeia, possivelmente de
utilizando-a apenas para sua sobrevivência. Mas origem grega o licantropo – o homem que se
aqueles que derrubam a mata sem necessidade e os transformava em lobo nas noites de lua cheia, só
que caçam indiscriminadamente têm em Curupira voltando à forma humana ao amanhecer. Também
um terrível inimigo. existe entre os eslavos, saxões, alemães e russos. Na
Idade Moderna, além da perseguição às bruxas,
Ele é descrito de diferentes formas. No Maranhão é numerosos homens, especialmente pastores, foram
um indígena baixo, escuro, nu ou usando uma levados à justiça e executados sob acusação de
tanga, fumando cachimbo, que gosta de cachaça e serem lobisomens. Há um mito semelhante
é muito ágil. No Ceará tem os cabelos eriçados, também na África de homens-hienas.
olhos de brasa, cavalgando um caititu (porco do
mato) e agitando um galho de japecanga. Em outras O mito foi trazido ao Brasil pelos portugueses e
versões, é um homem coberto de pelos pretos por difundiu-se por toda colônia. O Lobisomem ou
todo o corpo inclusive no rosto. lubisome, é o filho que nasceu depois de uma série
de sete filhas. Sua transformação em lobo ou
7. Cuca cachorro selvagem acontece quando chega aos 13
A Cuca ou Coca é o mais difundido entre os muitos anos de idade, numa terça ou sexta-feira de lua
entes amedrontadores das crianças que rouba e cheia: corpo peludo, presas enormes, olhos de fogo
devora. É o bicho-papão. A origem desta lenda está e patas com garras afiadas.
num dragão, a “coca” das lendas portuguesas e foi
levada para o Brasil na época da colonização e se Daí por diante, todas as terças e sextas-feiras, entre
difundiu por quase todo país. meia-noite e duas da manhã, o Lobisomem percorre
cemitérios, vilas, encruzilhadas devorando galinhas,
A cuca não tem características definidas. No Brasil cachorros e até pessoas. Por onde passa, apaga
ganhou a forma de um jacaré com longos cabelos todas as luzes e corre como uma flecha. Seu lugar
loiros que aterroriza e planeja transformar as predileto são as encruzilhadas. Para desencanta-lo
crianças da região em pedras. A figura assustadora basta o menor ferimento que cause sangue, mas
é mencionada pelas mães e babás que, ao sem tocar em seu sangue pois herdará o mesmo
anoitecer, indicam na rua uma velha qualquer, destino.
desde que magra e feia, como sendo a cuca a rondar
a casa para pegar criança chorona e desobediente 10. Mula-sem-cabeça
que não quer dormir. Possivelmente de origem medieval portuguesa, a
mula-sem-cabeça é a mulher amaldiçoada por ter
A cuca está na cantiga de ninar: Nana neném / que tido relações sexuais incestuosas ou com o padre.
a cuca vem pegar / papai foi pra roça / mamãe já Daí também ser conhecida como burra-de-padre.
volta já.
Na noite de quinta para sexta-feira, ela se
8. Corpo-seco transforma numa mula raivosa que lança fogo pelo
Chamado no Paraná de bradador, é a assombração pescoço. Em outra versão, o fogo é lançado pelas
que sai todas as sextas-feiras, depois da meia-noite narinas e pela boca com tamanha intensidade que
emitindo berros altos ou gargalhadas, intermitentes não se vê sua cabeça. A violência do galope e a
e horríveis. Mito muito difundido no Paraná, Santa estridência do relincho são ouvidas ao longe.
Folclore brasileiro: jogo da memória

A mula-sem-cabeça corre sete freguesias em cada cobrar o combinado. Caso o prometido seja negado,
noite até o terceiro cantar do galo. Se ela encontrar uma desgraça acontece na casa daquele que fez a
alguém em seu caminho mata-o a coices cortando a promessa não cumprida.
vítima com seus cascos afiados como navalhas. A
maldição acabará quando alguém tiver coragem de Dizem que quando está para morrer, a matinta
arrancar-lhe o freio de ferro da cabeça. pergunta: "Quem quer? Quem quer?". Se alguém
desavisado responder "eu quero", pensando em se
11. Mapinguari tratar de um presente, recebe na verdade, o destino
Mito popular da Amazônia, cobrindo os estados do de virar matinta pereira.
Pará, Acre e Amazonas. Difere das demais criaturas
monstruosas por dormir durante a noite e atacar 13. Saci-Pererê
somente durante o dia, na penumbra da floresta. É Mito de influência portuguesa e recente, pois os
um terrível matador. Descrito como um enorme primeiros registros de sua presença no Brasil são do
macaco peludo com pés de burro virados para trás século XIX. Negrinho com uma perna só, com um
e uma enorme boca na barriga. Seu corpo é cachimbo na boca e usando na cabeça um gorrinho
invulnerável à bala, com exceção do umbigo. Para vermelho que lhe dá poderes mágicos. Se alguém
matá-lo, é preciso mirar a bala para seu umbigo. tomar-lhe o gorrinho, tem um desejo atendido.

Quando agarra sua vítima, coloca-a debaixo de seu Aparece como um ser maléfico ou somente
braço e, enquanto caminha pela floresta, vai brincalhão. Trança as crinas dos cavalos depois de
arrancando-lhe pedaços com as mãos metendo-os cansá-los em correrias durante à noite. Anuncia-se
na boca. pelo assobio persistente e assustador. Diverte-se
criando dificuldades domésticas, apagando o fogo,
12. Matinta Pereira ou Matita Perê queimando alimentos, espantando o gado.
Representada como uma coruja ou uma bruxa velha
que se transforma em pássaro feio que pousa sobre A lenda também diz que o Saci se manifesta como
os muros e telhados das casas e se põe a assobiar um redemoinho de vento e folhas secas, e pode ser
de maneira estridente. Só para quando o morador capturado se lançarmos uma peneira ou um rosário
promete a ela algo, geralmente tabaco, café, sobre o redemoinho.
cachaça ou peixe. Então ela voa, mas volta no dia
seguinte, transformada em uma velha ou velho para

Saiba mais / Outros recursos

▪ Figuras do folclore: jogo das metades. Stud História.


https://aqdi.short.gy/7Pk76A

▪ Seres do folclore brasileiro (versão 1). Jogo digital com 13 figuras do folclore brasileiro.
https://aqdi.short.gy/0Nttnw

▪ Seres do folclore brasileiro (versão 2). Jogo digital com 27 figuras do folclore brasileiro.
https://aqdi.short.gy/WCqdTB

▪ Seres do folclore brasileiro. Infográfico.


https://aqdi.short.gy/LlWAr6

▪ Seres fantásticos da cultura popular brasileira.


https://aqdi.short.gy/MHD8hb
BOITATÁ OU MBOITATÁ BOI VAQUIM BOIÚNA

ENSINAR HISTÓRIA
por Joelza Ester Domingues

CURUPIRA CAIPORA OU CAAPORA

CUCA CORPO - SECO LOBISOMEM


BOTO ENCANTADO MULA-SEM-CABEÇA MAPINGUARI

ENSINAR HISTÓRIA
por Joelza Ester Domingues

MATINTA PEREIRA
OU MATITA PERÊ SACI-PERERÊ

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