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Cinética Química

Disciplina: Química geral


MEng Abelardo G. Banze Curso: Licenciatura em ensino
de Geologia
Ano Lectivo: 2018
A CINÉTICA QUÍMICA

 Cinética química (cinética vem do grego


kinetiké, significa “movimento”).
 Esse ramo da ciência se preocupa em
estudar a rapidez das reacções químicas e
os factores que a influenciam.
A CINÉTICA QUÍMICA
• Cinética  Movimento ou Mudança

• Energia cinética é a energia associada ao


movimento de um objecto

• Em Química - A palavra cinética refere-se à


variação de concentração de um reagente
ou de um produto com o tempo (e.g. M/s)
Seja Bem-Vindo a
Nacala

Velocidade Média

Hora da saída: 10:45 d 189km


Vm    94.5 km h
t 2h
Distância : 189 km

Seja Bem-Vindo a
Nampula

Hora da chegada: 12:45


A CINÉTICA QUÍMICA

O conhecimento e o estudo da velocidade das


reações, além de ser muito importante em
termos industriais, também está relacionado ao
nosso dia-a-dia, por exemplo, quando guardamos
alimentos na geleira para retardar sua
decomposição ou usamos panela de pressão para
aumentar a velocidade de cozimento dos
alimentos. As reações químicas ocorrem com
velocidades diferentes e estas podem ser
alteradas.
 Toda reação química necessita de um
certo tempo para se completar.

 Reação de neutralização.(reação muito


rápida).
 H2SO4 + NaOH→ Na2SO4 + H2O

 Formação da H2O ( pode ficar anos sem


ocorrer, mas uma faísca desencadeará uma reação
explosiva).
 H2 + ½ O2 → H2O

 Transformação de gases tóxicos em


não-tóxicos. (Condições ambiente lenta, mas em
condições adequada pode ser usada para diminuir a
poluição emitida pelos automóveis).
 2 CO + 2 NO →2 CO2 + N2
Velocidade das reações químicas.

2 NaN3(s) 2 Na(s) + 3 N2(g)

Gás que infla o airbag

2 Fe(s) + 3/2 O2(g) Fe2O3(s)

Ferrugem
Velocidade das reações químicas.

A cabeça de palito de fósforo contém uma substância chamada trissulfeto de


tetrafósforo. Esse composto inflama na presença de oxigênio, ocorrendo, à
pressão ambiente, a libertação de uma grande quantidade de calor.

P4S3(s) + 8 O2(g) P4O10(s) + 3 SO2(g)


Velocidade de consumo/formação de uma substância

A velocidade de consumo/formação de uma


substância que participa de uma reacção, é
calculada através da variação da quantidade(nº
de mole, massa ou concentração molar) pelo
tempo com que a variação ocorreu.

 
Vm 
t
2 N2O5(g)  4 NO2(g) + 1 O2(g)

Representação Gráfica O2
Tempo N2O5 NO2 (mol/L
(min) (mol/L) (mol/L) )
0,2
0,19 0 0,112 0 0

0,18 5 0,08 0,064 0,016


0,17 10 0,056 0,112 0,028
0,16
20 0,028 0,168 0,042
0,15
0,14 30 0,014 0,196 0,049
0,13
Concentração (mol/L)

0,12
0,11 N2O5 (mol/L)
0,1 NO2(mol/L)
0,09 O2(mol/L)
0,08
0,07
0,06 Note que a inclinação da
0,05 curva NO2 é maior que a
0,04
0,03 curva O2, fato relacionado
0,02 com os coeficientes
0,01
0
estequiométricos
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (min)
2 N2O5(g)  4 NO2(g) + 1 O2(g)
O2 O2
Tempo N2O5 NO2 (mol/L Tempo N2O5 NO2 (mol/L
(min) (mol/L) (mol/L) ) (min) (mol/L) (mol/L) )

0 0,112 0 0 0 0,112 0 0

5 0,08 0,064 0,016 5 0,08 0,064 0,016

10 0,056 0,112 0,028 10 0,056 0,112 0,028

20 0,028 0,168 0,042 20 0,028 0,168 0,042

30 0,014 0,196 0,049 30 0,014 0,196 0,049

a) Velocidade média de consumo do N2O5 entre t = 0 e b) Velocidade média de consumo do N2O5 entre t = 5 e
t = 5 min: t = 10 min:
| 0,08 mol L  0,112 mol L | | 0,056 mol L  0,08 mol L |
Vm ( 05)    0,0064 mol L. min Vm (510)    0,0048 mol L. min
5 min  0 min 10 min  5 min

mol/L)
N2O5(g)

t(min)
2 N2O5(g)  4 NO2(g) + 1 O2(g)

O2 O2
Tempo N2O5 NO2 (mol/L Tempo N2O5 NO2 (mol/L
(min) (mol/L) (mol/L) ) (min) (mol/L) (mol/L) )

0 0,112 0 0 0 0,112 0 0

5 0,08 0,064 0,016 5 0,08 0,064 0,016

10 0,056 0,112 0,028 10 0,056 0,112 0,028

20 0,028 0,168 0,042 20 0,028 0,168 0,042

30 0,014 0,196 0,049 30 0,014 0,196 0,049

a) Velocidade média de produção do NO2 entre t = 0 e b) Velocidade média de produção do NO2 entre t = 5 e
t = 5 min: t = 10 min:
| 0,064 mol L  0 mol L | | 0,112 mol L  0,064 mol L |
Vm ( 05)   0,0128mol L. min Vm (510)   0,0096mol L. min
5 min  0 min 10 min  5 min

mol/L)
[NO2]

[O2]

t(min)
Velocidade média da reação (Vm)

Considere uma reação genérica:


aA + bB  cC + dD
Em que as letras minúsculas são os
coeficientes (nº de mol) e as maiúsculas
são as substâncias participantes da
reação.

VA VB VC VD
Vm     
a b c d
Exercício
Considere a equação abaixo:
N2 (g) + 3 H2 (g)  2 NH3 (g)
Sabendo que:[H2] inicial = 6 mol/L; [H2] final = 2
mol/L;
t = 20 min.
Responda:
a) Qual a velocidade média da reação?
Resposta: Como os dados referem-se ao H2 devemos
calcular primeiramente sua velocidade:

[H2 ]  VH2= 2 - 6  VH2= - 4


VH2  20 20
t
VH2= - 0,2 mol/L min
Agora vamos calcular a velocidade média da reação.
VB VH2 0, 2
Vm   Vm   Vm 
b 3 3

Vm  0,07 mol/L min


b) qual a velocidade de formação do NH3?
VNH3 VNH3
Vm   0,07 
2 2
VNH3 = 0,14

VNH3= 0,14 mol/L min


CONDIÇÕES PARA
OCORRÊNCIA DE REACÇÕES

Vários factores são responsáveis pela


ocorrência de uma reacção química. Entre
os reagentes deve existir uma tendência à
reacção (afinidade química) e, além disso,
eles devem estar em contacto, o que
permitirá a colisão entre suas moléculas,
acarretando quebra de ligações e formação
de novas ligações.
Teoria das Colisões
Em todas as reacções, os átomos dos
reagentes se rearranjam, originando os
produtos. No entanto, nem todos os choques
entre as partículas que compõem os reagentes
dão origem a produtos (choques não-
eficazes). Os choques que resultam em quebra
e formação de novas ligações são
denominados eficazes ou efectivos.
Teoria das Colisões
N2 + O2  2 NO
Colisão não efectiva em função da energia das moléculas

N +
O N O
N O N O

NO
NO
Teoria das Colisões
N2 + O2  2 NO
Colisão não efectiva em função da orientação das moléculas

N N + O O N N O O

N N O O
Teoria das Colisões
N2 + O2  2 NO
Colisão efectiva = reação química!

N +
O N O
N O N O

N O
N O
Complexo ativado!
Teoria das Colisões
No momento em que ocorre o choque em
uma posição favorável, forma-se uma
estrutura intermediária entre os reagentes e
os produtos denominada complexo activado.

Complexo activado é o estado


intermediário (estado de transição)
formado entre reagentes e produtos, em
cuja estrutura existem ligações enfraquecidas
(presentes nos reagentes) e formação de
novas ligações (presentes nos produtos).
Teoria das Colisões

Para que ocorra a formação do complexo activado, as


moléculas dos reagentes devem apresentar energia
suficiente, além da colisão em geometria favorável.
Essa energia denominamos energia de activação
(Ea).
Teoria das Colisões

Experimentalmente, temos que reacções diferentes


apresentam energias de activação diferentes, sendo que
as reacções que exigem uma menor energia de
activação ocorrem mais rapidamente, ou seja, ocorrem
com maior velocidade.
Factores que influenciam na velocidade de
uma reacção química
Basicamente a ocorrência de uma reacção
depende de:
Contacto entre as partículas: (átomos, moléculas
ou iões) dos reagentes.
Afinidade química: uma certa tendência natural
para reagir.
Choques eficazes (colisões efectivas): a colisão
entre as partículas dos reagentes deve ocorrer em
uma orientação favorável, para que as ligações
existentes nos reagentes sejam rompidas.
Energia de activação: para que uma reacção
aconteça, é necessário um mínimo de energia, além
daquela que os reagentes já apresentam.
Superfície de contacto
Quanto maior a superfície de contacto entre
os reagentes, ou seja, quanto mais
pulverizado/fragmentado maior o número
de colisões entre as partículas reagentes.
Isso faz com que aumente o número de
colisões eficazes, aumentando a velocidade
da reacção.
Temperatura
Aumentado a temperatura, aumenta a energia
cinética das moléculas reagentes (grau de
agitação das moléculas), o que proporciona um
aumento no número de colisões e aumento do
número de moléculas com energia igual ou
superior à energia de activação, aumentado a
velocidade da reacção.

Exemplo:
Lavar roupas em água fria (demora mais para
retirar manchas)
Lavar roupas em água quente (retira as manchas
mais rapidamente)
Temperatura

 Regra de Van’t Hoff: um aumento de 10 ºC


faz com que a velocidade da reacção dobre.
Catalisador
Catalisador é uma espécie química que promove o
aumento da velocidade de uma reacção através
da diminuição da energia de ativação. O
catalisador participa temporariamente do
processo, formando com os reagentes um
complexo activado menos energético. Porém ao
final da reacção é completamente recuperado,
sem sofrer alteração na sua composição ou
massa.

Ex.:
N2(g) + 3H2(g)  2NH3 ; V1
Fe(s)
N (g) + 3H2(g) 2NH3 ; V2
A V2 é maior que a V1, pois o ferro age como
catalisador na segunda reacção.
Catalisador
Catálise homogênea

Catalisador e reagentes estão no mesmo


estado físico (possui apenas uma fase).

OH  ( aq )
2H2O2 (aq)  
 2H2O (l) + O2 (g)
Catálise heterogênea

Catalisador e reagentes estão no mesmo


estado físico (possui apenas uma fase).

C2H4 (g) + H2 (g) Ni


(s)
 C2H6 (g)
Catálise heterogênea

Catalisador e reagentes se encontram em


estados físicos diferentes (possui duas ou
mais fases).

C2H4 (g) + H2 (g) 


 C2H6 (g)
Ni( s )
Catálise enzimática
Algumas reacções que ocorrem rapidamente dentro do
corpo humano, demorariam muito tempo para ocorrer
fora, isto porque no corpo humano temos enzimas que
são catalisadores.

A acção de uma enzima é altamente específica, ou


seja, geralmente cada enzima catalisa uma única
reacção.

A enzima maltase, por exemplo, catalisa apenas o


processo de transformação da maltose em glicose:

C12H22O11 (aq) + H2O maltase 2 C6H12O6 (aq)

Outra reacção que se não fosse a enzima ptialina


(encontrada na saliva) levaria dias para ocorrer é a
decomposição do amido.
Concentração
Aumentando a concentração (quantidade ou até
mesmo a pressão de um gás) estamos
aumentando o número de choques entre as
partículas reagentes, o que consequentemente
aumenta a velocidade da reacção.
Lei de Guldberg-Waage ou Lei da velocidade
A influência da concentração dos reagentes
sobre a velocidade das reacções foi enunciada
em 1864 pelos cientistas Cato Maximilian
Guldberg e Peter Waage, por meio da lei da
acção das massas.

“A velocidade de uma reacção é diretamente


proporcional ao produto das concentrações
molares dos reagentes, elevadas a expoentes
determinados experimentalmente”.
Lei de Guldberg-Waage ou Lei da velocidade

Considere a reação genérica:


aA + bB  cC + dD

V = k [A]a [B]b
V = velocidade da reacção;
k = constante da reacção;
[A]; [B] = concentrações de A e B em moles/L;
a = coeficiente de A;ordem da reacção em relação a A;
b= coeficiente de B; ordem da reacção em relação a B;
a + b = ordem global da reacção.
Note que:

A lei da velocidade deve ser aplicada para


reacções elementares (reações que ocorrem em
uma única etapa)

No mecanismo de reacções (reações que ocorrem


em várias etapas) devemos considerar a etapa
lenta como a propulsora da expressão da lei da
velocidade. Quando uma reacção ocorrer em duas
ou mais etapas, a velocidade da reacção global
será determinada pela etapa lenta, chamada de
etapa determinante da reacção.
Exemplo:

Dado a Reação elementar:

N2 (g) + 3 H2 (g)  2 NH3 (g)

Lei da velocidade:
V= k [N2] [H2]3
Ordem da reação: 1+3= 4 então
4ª ordem
Exemplo:

Dado o mecanismo abaixo:

H2(g) + 2NO(g)  N2O(g) + H2O(l) (lenta)


H2(g) + N2O(g)  N2(g) + H2O(l) (rápida)
2H2(g)+2NO(g)N2(g)+2H2O(l) (equação global)

Então:
V = k [H2] [NO]2
Observações

k é a constante de velocidade e depende


fundamentalmente da temperatura.

Substâncias no estado sólido não


participam da expressão de velocidade.

Exemplo:
Na2O(s) + CO2(g)  Na2CO3(s)
V = k [CO2]
Como Fazemos isto na prática? - Exemplo

[NO] (M) [H2](M) Velocidade inicial


(M/s)

A reacção do monoxido de azoto com o


hidrogénio a 1280ºC

Determinar:
(a)Lei da velocidade,
(b)Constante de velocidade
[NO] (M) [H2](M) Velocidade
inicial (M/s)
1
2
3

a) Lei da velocidade

Como determinar x e y?

Mantendo a concentração de H2 constante e


dobrando concentração de NO vemos que
velocidade da reacção quadruplica
[NO] (M) [H2](M) Velocidade
inicial (M/s)
1
2
3

Mantendo a concentração de NO constante e


dobrando concentração de NO vemos que
velocidade da reacção druplica

A ordem global é dada por (2+1) ou


seja a reacção é de terceira ordem
[NO] (M) [H2](M) Velocidade
inicial (M/s)
1
2
3
b) A constante de velocidade k
EQUAÇÃO DE ARRHENIUS
 Ea
k  Ae RT
Em que:
k- constante de velocidade
A – fator de frequência (medida da probabilidade de
uma colisão eficaz)
Ea – energia de ativação (kJ/ mol)
R – constante dos gases ideais ( em unidades S.I.
8,314 J/K . mol)
T – temperatura absoluta
Quanto menor Ea e maior T , maior k.
Equação da velocidade
A maneira mais usual de se medir a velocidade de uma
reacção química é a relação entre a concentração de um
dos reagentes do meio reacional e o tempo. Logo:

dCa
v
dt
A velocidade de reação
normalmente é representada pela
letra r (do inglês rate), e assim a
forma realmente usual será então
a seguinte:

dCa
 ra  
dt
Utilidade das equações cinéticas
1- Calcular a velocidade de uma reação a
partir do conhecimento da constante de
velocidade e das concentrações de
reagentes;

2- Calcular a concentração de reagentes em


qualquer instante durante o decorrer de uma
reação.
Ordem da reação
O termo “ordem” vem da matemática onde é utilizado na
classificação das equações diferenciais. As
leis de velocidade são equações diferenciais. Em cinética
química, tais equações são classificadas de
acordo com a ordem da reação.

A ordem de uma reação é definida como sendo a soma


das potências dos termos de concentração
que aparecem na equação de velocidade da reação
química. É normalmente, um número inteiro pequeno,
podendo em casos especiais, ser zero ou fracionário.

É importante ressaltar, que a ordem de reação é uma


grandeza que normalmente é obtida a partir
de dados experimentais, em grande parte das vezes sem
o conhecimento real do mecanismo da reação.
Meia Vida

Tempo de meia-vida
(t1/2): é o tempo
necessário para que a
concentração de uma
reagente diminua para
metade do seu valor
inicial.

Tempo de meia vida reação de primeira ordem.


Resumo da cinética de reações de
ordem zero, 1ª ordem e 2ª ordem
Equação Tempo de
Ordem Equação cinética concentração-tempo meia-vida

[A]0
0 Velocidade =k [A] = [A]0 - kt t½ =
2k

ln2
1 Velocidade = k [A] ln[A] = ln[A]0 - kt t½ =
k

1 1 1
2 Velocidade = k [A]2 = + kt t½ =
[A] [A]0 k[A]0

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