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VESTIBULAR

TUTORIAL 02
CÓDIGO:31202

PROPOSTA DE REDAÇÃO

Por que o Brasil ainda recicla tão pouco (e produz tanto lixo)?
Legislação que prevê metas para descarte correto de resíduos completa 10 anos, mas na prática pouco mudou. O
país recicla apenas 3% de suas 79 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano

Em agosto de 2020, a Política Nacional de Resíduos Sólidos completa 10 anos. Mas a legislação que
estabelece estratégias para a prevenção e a redução da geração de lixo, além de criar metas para enfrentar
problemas ambientais, sociais e econômicos que decorrem do manejo inadequado dos descartes está longe de
ter alcançado seu objetivo — especialmente quando o assunto é reciclagem.
O Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo por ano, um aumento de quase 1% em relação
ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018, elaborado pela Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Deste total, a estimativa é de que somente 3%
sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%. “Não mudou muito a visão de que basta ter lixeiras
e o sistema de coleta já está resolvido. Não está”, diz Ana Maria Luz, presidente do Instituto GEA — Ética e Meio
Ambiente, organização que tem como finalidade desenvolver a educação ambiental.
Os dados são alarmantes. O Brasil é hoje o quarto maior produtor de lixo plástico, segundo um estudo
da World Wildlife Fund (WWF): são 11,3 toneladas por ano, das quais somente 1,28% são recicladas. O número
está bem abaixo da média mundial, de 9%. E, embora quase três quartos dos municípios façam algum tipo de
coleta seletiva, a maioria se concentra no Sul e Sudeste. No Centro Oeste, menos da metade das cidades tem
coleta seletiva.
Para piorar, em muitas localidades o serviço não abrange todos os bairros. Na prática, apenas 17% da
população do país é atendida pela coleta seletiva, de acordo com um relatório de 2018 da ONG Compromisso
Empresarial de Reciclagem (Cempre). A cidade de São Paulo, por exemplo, tem desde 2014 duas grandes
centrais mecanizadas de triagem com capacidade diária para até 250 toneladas cada, mas recebem somente
metade desse volume, segundo João Gianesi Netto, presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e
Limpeza Pública (ABLP). Se somadas à rede de cooperativas de catadores manuais, a capacidade chega a pouco
mais de 700 toneladas, embora o número processado nunca chegue a isso. “Onde está a falha?”, questiona Netto.
No conjunto todo, de acordo com o próprio especialista.
O problema é que a maioria dos brasileiros ainda desconhece o funcionamento da reciclagem. Uma
pesquisa do Ibope de 2018 mostra que 66% da população sabe pouco ou nada sobre coleta seletiva, e 39% não
separam o lixo. Outro levantamento, este de 2019 feito pelo instituto Ipsos, revelou que 54% dos brasileiros não
entendem como funciona a reciclagem em sua região — no restante do mundo, esse índice é de 47%, em média.
“O sistema todo funciona mal porque não investimos em educação, se [o cidadão] não sabe nem o dia da coleta
seletiva, ele não vai separar o lixo”, comenta Luz.
Falta informação também sobre o que é reciclável ou não. Embalagens de salgadinho e balas, por
exemplo, são feitas de um plástico muito mole, que tem pouco valor comercial para ser reciclado, então
raramente o são. Já embalagens sujas perdem a capacidade de reaproveitamento (sim, é preciso lavar o pote de
iogurte antes de jogá-lo na lixeira). E, se o rótulo é impresso diretamente na embalagem (como nos potes de
margarina), a tinta do material impede a reciclagem.
Na outra ponta, porém, existe um desinteresse político e industrial no tema pela falta de vantagens
econômicas da reciclagem. Enquanto algumas embalagens têm logística de reaproveitamento consagrada, como
produtos de aço, alumínio e papelão, outras são descartadas pela falta de retorno econômico, como o plástico.
“Se o valor pago por elas é baixo, não há motivação para que catadores separem o produto”, diz Gianesi.

Disponível em: https://www.saneamentobasico.com.br/brasil-recicla-pouco-lixo/

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TUT 2

Comércio eletrônico e delivery aumentam consumo de embalagens


Setores de papelão e de reciclagem tiveram aumento nas vendas

As mudanças dos hábitos de consumo durante a pandemia do novo coronavírus, com as pessoas em casa
e comprando mais produtos pela internet aumentou a demanda por embalagens. Os impactos dessas mudanças
e das restrições provocadas pelas quarentenas para reduzir a disseminação do vírus estão sendo sentidos em
várias partes da cadeia de produção.
O setor de papelão chegou a registrar uma queda de 3,2% no segundo trimestre do ano em comparação
com o mesmo período de 2019, depois de uma alta de 7,5% nos primeiros três meses de 2020. No entanto,
segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), de junho a setembro o setor se recuperou e as
vendas de chapas de papelão ondulado aumentaram 15,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
O aumento das vendas pressionou a capacidade dos fabricantes. De acordo com a ABPO, os prazos de
entrega, que ficavam entre 7 e 30 dias, agora, se estendem por mais de um mês. Junto com o aumento do
consumo de embalagens, houve, segundo a associação, uma redução da coleta seletiva em diversas partes do
país, o que também elevou os preços do material.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-10/comercio-eletronico-e-delivery-aumentam-consumo-de-embalagens

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TUT 2
Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
Obstáculos que dificultam a reciclagem e a responsabilidade ambiental no Brasil
Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções

- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
- A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
- A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas
desconsiderado para efeito de correção.

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