Disciplina: Introdução à Filosofia do Direito (DIR03042)
Professor: Guilherme Boff
Aluno: Renan Ziglioli de Sousa
Resenha do livro “Ética a Nicômaco”, de Aristóteles, Livros 8 e 9
Em seu oitavo livro, Aristóteles aborda a temática da amizade, e da relação que
essa guarda com a felicidade, o propósito último dos seres humanos, visto que são seres sociais. Contudo, ao abordar essas questões, destaca a existência de três tipos de amizade. A primeira delas, é chamada amizade por interesse que, como o nome sugere, ocorre quando uma pessoa não tem interesse no outro, mas em alguma coisa que outro poderá lhe proporcionar. Já o segundo tipo de amizade está atrelado ao prazer ou bem estar que o outro proporciona. Nesse tipo de amizade, à semelhança do primeiro tipo, não há uma preocupação fidedigna com o outro. Por fim, o terceiro tipo de amizade se distingue dos dois anteriores justamente por haver uma preocupação, ou seja, pelo real interesse na outra pessoa. Portanto, Aristóteles ao se deparar com esses três tipos de amizade, relata que o terceiro tipo (em que há uma preocupação com o outro e a realização do outro) é o que podemos chamar de amizade verdadeira. Desta maneira, demonstra a imprescindibilidade de o ser humano contar com amigos para ser feliz, ainda que tê-los, não necessariamente garanta a felicidade. O filósofo, portanto, acaba contribuindo com questões pertinentes, inclusive, à nossa geração, em que as pessoas supõem terem muitos amigos (ainda mais na época dos amigos “virtuais”) quando, na verdade, os “amigos verdadeiros” são passíveis de serem contados nos dedos, como diz o ditado.
No que tange ao livro 9 de Ética a Nicômaco, Aristóteles dá sequência ao tema
da amizade, enfocando o aspecto da vivência entre amigos. Segundo ele, quando entre amigos, não costumamos ficar deliberando e discutindo sobre as normas ou regras que servirão de base para a nossa convivência ou amizade, mas sim, estamos preocupados em exercer a boa vontade. Esse conceito, por sua vez, refere-se à boa disposição que costumamos demonstrar por quem estimamos, de maneira que, em seu oitavo livro, a exigência de “justiça” entre amigos não é algo recorrente ou preponderante. Ademais, Aristóteles apresenta o conceito de concórdia (ou seja, uma ação em sinergia, com um só coração), que muito está atrelado ao compartilhar sentimentos no âmbito da amizade. Esse sentimento, por sua vez, se relaciona com o apreço que os amigos têm um pelo outro, o que demanda investimento de tempo para que a amizade alcance essa plenitude. Por isso, reitera Aristóteles que não é possível termos tantos amigos, mas poucos, posto essa demanda de atenção e dispêndio de tempo inerentes às relações humanas de amizade, a fim de valorizá-los. Para nosso contexto, curso de ciências jurídicas, tais capítulos (ou livros) demonstram sua relevância por guardarem relação com a moral, segundo a qual todo ser humano deveria pautar sua vida buscando ser um bom cidadão, um ser virtuoso.