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Philia

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Enquanto eros abarca desejo, a philia denota não somente amizade, mas a
lealdade à família, à comunidade, ao trabalho, etc. Aristóteles (in: Ética a
Nicômaco, Livro VIII) explica que é a ação que o agente pratica visando o
bem de outro, ao invés de a si próprio; o filósofo exemplifica (in: Retórica, II 4)
que "as coisas que fazem a amizade ser o que é: fazer gentilezas, fazê-las
sem ser convidado, e não proclamar o fato de tê-las feito".[nota 7][18]
Aristóteles relaciona coisas que a amizade não comporta, como as brigas,
fofocas, personalidade agressiva ou injusta, etc. Assim,a pessoa que melhor
será capaz de produzir uma amizade, e portanto o amor, é aquela de caráter
bom e digno; o homem racional é o mais feliz e, portanto, é capaz de produzir
a melhor forma de amizade que, contudo, é muito rara pois supõe uma
amizade entre duas pessoas boas, "iguais em virtude". O pensamento
aristotélico reflete as amizades baseadas no prazer ou em algum negócio -
ao cabo dos quais a amizade se dissolve, sendo portanto de uma menor
qualidade; a forma mais elevada de amor, para este pensador, principia no
amor a si mesmo pois, sem uma base egoísta, a pessoa não será capaz de
estender simpatia e carinho aos demais. Não é algo voltado ao auto-prazer
ou imediatista, mas sim fruto da busca pelo nobre e virtuoso; ele vai além,
dizendo que um homem virtuoso merece ser amado pelos que lhe estão
abaixo, mas não está obrigado a devolver um amor igual - criando assim um
conceito elitista ou perfeccionista; a despeito disto, mister haja uma
reciprocidade na amizade e no amor, não necessariamente igual (a exceção
seria o amor dos pais, que podem envolver um carinho unilateral).[18]
Ágape
Ver artigo principal: Ágape
Ágape define o amor de Deus para com os homens, e dos homens para com
Deus - sendo extensivo também para o amor fraternal a toda a humanidade;
envolve elementos de eros e da philia, na medida em que procura por uma
perfeição, uma paixão sem reciprocidade. Este conceito foi ampliado na
percepção religiosa judaico-cristã, tal como está prescrito
em Deuteronômio (6:5): "Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, e
de toda a tua alma e com todas as tuas forças".[18]
Agostinho de Hipona é um elo entre as ideias platônicas de eros e o ágape,
pois como nele tal amor envolve paixão, admiração e desejos, que estão
além dos cuidados e obstáculos terrenos. Tomás de Aquino, por sua vez,
prende-se a tradição aristotélica da amizade, definindo Deus como o ser mais
racional e, por conseguinte, o mais merecedor de amor, respeito e
consideração.[18]
Embora o amor universalista de ágape confronte o parcialismo de Aristóteles,
Aquino coloca que há sim parcialismo quando devemos ser tolerantes com
tudo; Kierkegaard, porém, não admite parcialidade no conceito de ágape. O
próprio filósofo grego, em sua concepção, disse que "Não se pode ser um
amigo de muitas pessoas, no sentido de ter amizade do tipo perfeito com
eles, assim como não se pode ser no amor com muitas pessoas ao mesmo
tempo (porque o amor é uma espécie de excesso de sentimento, e é da
natureza disto que apenas pode ser sentida em direção a uma pessoa) ." [18]

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