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Análise das Ações de 1 x 1 em Jogos de Futsal

Conference Paper · July 2011

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Alessandro Fidelis
Universidad de León
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ANÁLISE DAS SITUAÇÕES DE 1X1 EM JOGOS DE FUTSAL

Alessandro Júnior Mendes Fidelis¹, Fabricio da Mata Fernandes2, Frederico Falconi Costa2,
Ricardo Valério Leão2, Bruno da Mata Fernandes3, Wilton Carlos de Santana2

1- Facultad de Ciencias de la Actividad Física y del Deporte. Universidad de León (España)


2 - Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, Brasil
3 - Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH, Brasil

juninhomendes@uol.com.br

RESUMO

Durante uma partida de futsal, as equipes utilizam inúmeras ações técnico-táticas visando
construir condições vantajosas sobre o adversário (Cunha et al., 2009). No futsal, existe
uma necessidade evidente de elevar o nível de efetividade das ações ofensivas, entre elas,
o 1x1, possibilitando desta forma um maior número de oportunidades de gol.

O objetivo desta investigação se centrou em desenvolver e colocar em prática uma proposta


metodológica específica para registrar a frequência efetividade das situações de 1x1 nos
jogos de futsal e analisar e interpretar os comportamentos técnico-táticos ocorridos durante
as mesmas situações.

Se aplicaram princípios de metodologia observacional (Anguera, 1989), desenvolvendo-se


inicialmente uma fase passiva ou exploratória em que foram identificadas as variáveis de
estudo, diferenciando os macroniveis de resposta condutual [a) Setores de 1 x 1, e avaliativa
[a) Resultado da ação, [b) Eficácia alcançada.

A fase ativa do estudo se iniciou introduzindo no software VA-Sports: Futsal os diferentes


níveis de resposta definidos, com suas correspondentes categorias, materializando-se assim
um instrumento ad hoc para o registro e coleta de informação específica para o estudo das
ações de 1 x 1. Foi criada também, uma planilha de anotação, adaptada dos estudos de
Fidelis et al (2006) e, Fernandes e Fidelis (2008). Em seguida, se realizaram as tarefas de
análise da qualidade de dados que permitem verificar a fiabilidade e validez interna da
metodologia proposta (Castellano el al., 2000; Perea et al., 2005). Realizaram-se diversas
atividades de treinamento dos observadores, delimitação de pautas observáveis e critérios
de consenso.

Aplicando esta proposta e utilizando tecnología de vídeo-análise (software VA-Sports:


Futsal), foram analisadas, 539 situações de 1x1, em 12 jogos correspondentes ao Liga
Brasileira Adulta de Futsal do ano de 2007.

Observou-se que destas 539 situações de 1x1, 95 (17,6%) resultaram em finalizações


contra a meta adversária, sendo que destas 95 finalizações, 8 (1,5%) se resultaram em gols,
tendo como efetividade de finalização (8,4%). Observou-se também, que as situações de
1x1 tiveram como resultado final, predominantemente uma ação positiva (52%), e que o
setor em que ocorreu o maior percentual de 1x1 foi o setor intermediário ofensivo (47,3%).
Desta forma, conclui-se através do presente estudo que as situações de 1x1, em sua
maioria, são bem sucedidas, ocorrem na meia-quadra ofensiva, e tem como resultado final,
a finalização.

Palavras-chaves: Futsal, 1x1, análise de jogo.


INTRODUÇÃO

O futsal pode ser definido como um jogo de atividades complexas e dinâmicas, no qual há o
confronto de duas equipes e suas ações se desenvolvem em um espaço comum com
participação simultânea de ambas, em relação à posse da bola ou não, tendo como objetivo
final o gol (Oliveira, 1999; Souza, 2002; Fidelis et al., 2006). Durante uma partida de futsal,
assim como no futebol, as equipes utilizam inúmeras ações técnico-táticas visando construir
condições vantajosas sobre o adversário. Enquanto a defesa procura neutralizar as ações
de ataque, através das manobras defensivas, o ataque procura, através das manobras
ofensivas, criar um desequilíbrio na defesa, construindo assim, uma situação favorável para
finalizar contra a meta adversária Assim, existe uma necessidade evidente de elevar o nível
de efetividade das ações ofensivas, possibilitando desta forma um maior número de
oportunidades de gol (Garganta, 1997). Neste contexto, o 1x1 é umas das ações táticas
mais importantes e utilizadas no futsal, pois através dela uma equipe pode criar um
desequilíbrio defensivo no seu oponente, ao criar uma superioridade numérica momentânea,
e desta forma alcançar de forma eficaz à meta adversária.

O futsal é um esporte no qual poucos conseguem observar e entender o jogo de forma


imparcial. Este fato adquire grande importância para estudiosos e técnicos, na medida em
que ambos estão interessados em identificar ações que se relacionam com a eficiência e
eficácia das equipes, com o intuito de aumentar seus conhecimentos sobre o conteúdo do
jogo e a sua lógica ou com o objetivo de modelar as situações de treino na busca da
otimização da performance (Garganta, 1997). Desta forma, muitos treinadores e
especialistas estão recorrendo à análise de jogo para obter um conhecimento da
modalidade e a importância de cada elemento para o resultado da competição, a fim de
identificar, determinar, quantificar e qualificar variáveis valiosas para um aperfeiçoamento
técnico-tático das equipes (Garganta, 1998 citado por Prudente et al, 2004).

Uma das alternativas de otimização do desempenho dos jogadores é o levantamento de


seus comportamentos técnico-táticos durante o jogo, que de acordo com Oliveira (2002),
constitui um forte argumento para organização e avaliação dos processos de ensino e treino
dos jogos desportivos coletivos. Estudos de observação e análise de jogo têm se revelado
como uma ferramenta de grande utilidade para a compreensão das exigências específicas
impostas pela competição, permitindo desta forma, identificar e hierarquizar
comportamentos que eventualmente estarão associados à eficiência e eficácia dos
jogadores e das equipes (Garganta, 1997; Pessoa, 2004). Baseado nesta linha de
pensamento torna-se evidente a necessidade de elaboração e desenvolvimento de métodos
de avaliação e diagnóstico que permitam discriminar o nível de rendimento e as condições
técnico-táticas dos jogadores e das equipes durante as situações de 1x1 no futsal, a fim de
oportunizar uma fundamentação científica do trabalho desenvolvido por professores e
técnicos, além de proporcionar à base de dados da modalidade, carente de pesquisas
relacionadas à área de observação e análise de jogo.

A presente pesquisa fundamenta-se na coleta e análise das ações técnico-táticas utilizadas


durante as situações 1x1 no jogo de futsal, tendo como base os jogos da Liga Nacional de
Futsal, através de uma planilha de observação (Scout), coletando-se os dados através de
imagens filmadas.

MATERIAL E MÉTODOS

Mostra
A mostra esta composta por treze equipes, que participaram da Liga Brasileira de Futsal de
2007, na categoria de adultos, Foram observados um total de doze partidas de diversas
equipes do país, onde se produziu um total de 539 ações de um contra um.

Instrumentos e Procedimientos
Inicialmente, foi realizada a fase passiva ou exploratória desta pesquisa, em que foram
identificadas as variáveis de estudo, diferenciando os macroniveis de resposta condutual [a)
Setores de 1 x 1, e avaliativa [a) Resultado da ação, [b) Eficácia alcançada.

Para os fins deste trabalho, caracterizou-se situação de 1x1 como situação que corresponde
uma relação de oposição entre o portador da bola e seu adversário correspondente
(confronto direto) em um determinado instante, sendo que esta ação tenha como objetivo
superar o adversário, progredir pela quadra de jogo (drible/condução) em direção à meta
adversária e criar um contexto favorável para o ataque. Entende-se por superar o adversário
posicionar o corpo e a bola na mesma linha ou a frente do adversário, sendo esta linha a
continuação do posicionamento do defensor até as linhas laterais.

TABELA 1 – Situações positivas e negativas de 1x1


Foram consideradas como Situações Positivas Foram consideradas como Situações Negativas
• 1x1 seguido de passe (1x1P); • Perda da posse da bola e contra-ataque sem
• 1x1 seguido de finalização (1x1F); gol (PB-CA);
• 1x1 seguido de gol por assistência (1x1 GA); • Perda da posse da bola e jogo organizado
• 1x1 seguido de gol por finalização (1x1 GF); (PB-JO);
• 1x1 seguido de falta (1x1 F); • Perda da posse da bola e gol sofrido (PB-
• 1x1 seguido de 1x1 (-1x1); GS);
• Sem perda da posse da bola (SPB).
A fase ativa do estudo se iniciou introduzindo no software VA-Sports: Futsal os diferentes
níveis de resposta definidos, com suas correspondentes categorias, materializando-se assim
um instrumento ad hoc para o registro e coleta de informação específica para o estudo das
ações de 1 x 1. Como instrumento de recolhimento de dados de maneira eficiente e
sistemática, se utilizou uma planilha de anotação adaptada de Fidelis et al. (2006) e,
Fernandes e Fidelis (2008), tendo em vista a uma maior fidelidade da análise das ações de
um contra um. Foi utilizada também uma planilha de observação (Campograma) com o
intuito de se dividir a quadra em setores. A técnica de observação utilizada foi a análise
centrada no jogo, que, segundo Garganta (1997), é o tipo de análise em que se busca
estudar padrões de jogo, a partir de regularidades comportamentais evidenciadas pelos
jogadores, no quadro das ações ofensivas. Os jogos, gravados em DVD, foram observados
pelos próprios orientandos sem interferência de terceiros com a possibilidade de se voltar a
imagem inúmeras vezes. Devido a dificuldade em se avaliar os comportamentos na
situações de 1x1, as análises foram realizadas pelos observadores de forma conjunta.
Cabe-se ressaltar que os observadores foram previamente treinados em sessões de
observação nas quais foram delimitadas as pautas observáveis e os critérios de consenso.
Durante as análises, toda situação de 1x1 encontrada durante a partida, foi identificada na
planilha de observação, demarcando o local da quadra, o comportamento técnico-tático
subseqüente ao 1x1, e desta forma, qualificando esta situação de forma positiva (superar o
adversário, mantendo a posse da bola) ou negativa (perda da posse da bola).
Simultaneamente ao registro dos resultados das ações de 1x1, registrou-se também os
marcadores das partidas no exato momento da ação, para que ao final do estudo pudesse
relacionar o placar da partida com a eficácia das situações 1x1 das mesmas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Serão abaixo apresentados e discutidos os dados coletados nesta pesquisa, referentes aos
comportamentos técnico-táticos nas situações de 1x1. Inicialmente, será realizada uma
descrição geral dos dados, abordando aspectos como: número total de 1x1, número total de
1x1 positivos, número total de 1x1 negativos, média de 1x1 por jogo, finalizações e gols
resultantes das situações de 1x1.

TABELA 2– Descrição geral dos dados do estudo


Dados gerais
Número total de 1x1 539
Número total de 1x1 positivos 282
Número total de 1x1 negativos 257
Média de 1x1 por jogo 44,9
Número total de finalizações nas situações de 1x1 95
Número total de gols nas situações de 1x1 8

Durante a análise dos comportamentos técnico-táticos nos 12 jogos observados, foram


verificadas 539 situações de 1x1, representando uma média de 44,9 por jogo. Destes 539,
95 resultaram em finalizações. E destas mesmas 95 situações, 8 tiveram como resultado
final o gol, ou seja, 1,4% das situações, o que indica o nível de efetividade do 1x1. Um
estudo realizado por Bonatto e Bueno (2007), que procurou verificar a incidência de dribles e
suas ocorrências posteriores, também encontrou baixa efetividade, sendo que dos 281
dribles somente 80 foram finalizados e 11 resultaram em gols (efetividade de 3,9%). Para
calcular a efetividade do 1x1, utilizou-se a fórmula: número de gols multiplicado por 100,
dividido pelo número de 1x1 (Greco, 2000). Foi possível também, calcular a efetividade de
finalização originadas pelo 1x1, 8 finalizações das 95 realizadas se transformaram em gols,
ou seja, 8,4%, o que indica o seu nível de efetividade. Além disso, destas 539 situações de
1x1, 282 tiveram como resultado final uma ação positiva, enquanto 257 tiveram como
resultado final uma ação negativa.

TABELA 3 – Descrição das situações de 1x1 por jogo


Positivo Negativo Total
Jogo 1 (J1) 32 18 50
Jogo 2 (J2) 30 32 52
Jogo 3 (J3) 24 37 61
Jogo 4 (J4) 27 32 59
Jogo 5 (J5) 23 33 56
Jogo 6 (J6) 32 23 55
Jogo 7 (J7) 19 11 30
Jogo 8 (J8) 23 15 38
Jogo 9 (J9) 17 12 29
Jogo 10 (J10) 16 10 26
Jogo 11 (J11) 9 14 23
Jogo 12 (J12) 30 20 50
Total 282 257 539
Média 23,5 21,4 44,9

Na tabela 2, estão descritos as incidências de 1x1 positivos (1x1 seguido de passe, 1x1
seguido de finalização, 1x1 seguido de gol por assistência, 1x1 seguido de gol por
finalização, 1x1 seguido por falta e 1x1 seguido de 1x1) e negativos (perda da posse da bola
e contra-ataque sem gol, perda da posse da bola e jogo organizado, perda da posse da bola
e gol sofrido e sem perda da posse da bola) por jogo. As situações positivas apresentaram
uma média de 23,5 enquanto a média das situações negativas foi de 21,4 durante os 12
jogos analisados, mostrando uma vantagem para quem ataca em relação a quem defende
durante o 1x1.

48%
Situações Positivas
Situações Negativas
52%

GRÁFICO 1 – Incidência das situações positivas e negativas de 1x1

Conforme o gráfico 1, observou-se que 52% das situações de 1x1 tiveram como resultado
final uma ação positiva, ou seja, foram bem sucedidos, enquanto 48% tiveram como
resultado final um ação negativa, ou seja foram mal sucedidos, confirmando a vantagem do
ataque sobre a defesa durante o 1x1 apresentada na tabela 2.

18,6
20,0 17,6
16,1 15,6
15,0 12,2
9,8
% 10,0 7,2

5,0
1,1 1,3
0,4
0,0

1x1 seguido de passe 1x1 seguido de finalização


1x1 seguido de gol por assistência 1x1 seguido de gol por finalização
1x1 seguido de falta 1x1 seguido de 1x1
Perda da posse da bola e contra-ataque sem gol Perda da posse da bola e jogo organizado
Perda da posse da bola e gol sofrido Sem perda da posse da bola

GRÁFICO 2 – Resultado geral das situações de 1x1

Através do gráfico 2, foi possível observar que 18,6% de todas as situações de 1x1
apresentaram como resultado final a opção “sem perda da posse da bola”, ou seja, após um
1x1 mal executado, a equipe conseguiu manter a posse da bola. Com 17,6% aparece o
comportamento técnico-tático 1x1 seguido de finalização, e com 16,1% o comportamento
1x1 seguido de passe. Observa-se ainda que 15,6% destas situações apresentaram como
resultado final a perda da posse da bola e jogo organizado, 12,2% resultaram em perda da
posse da bola e contra-ataque sem gols, 9,8% de 1x1 seguido de 1x1, 7,2% de 1x1 seguido
de falta, 1,5% de 1x1 seguido de gol, sendo 1,1% de gol por finalização e 0,4% de gol por
assistência e 1,3% apresentou o comportamento técnico-tático perda da posse da bola e gol
sofrido.

Cabe-se ressaltar, que um dos fatores que podem justificar o percentual de insucesso do
1x1 de 48% (perda de posse de bola e contra-ataque sem gols: 12,2%, perda da posse de
bola e jogo organizado: 15,6%, perda da posse da bola e gol sofrido: 1,3% e sem perda da
posse da bola: 18,6%) durante as situações de 1x1 são: a tomada de decisão errada por
parte dos atacantes (Godoi e Cardoso, 1989; citado por Bonatto e Bueno, 2007), além da
postura de marcação eficiente dos adversários. A partir deste resultado encontrado, sugere-
se, uma maior preocupação com esta ação ofensiva, de forma, a elevar a freqüência de
finalizações, tendo em vista, que o 1x1 é uma ação ofensiva que pode provocar uma
situação de grande perigo à equipe adversária, mas quando mal executado oportuniza ao
adversário a realização de um contra-ataque, representando assim uma situação de grande
perigo para a equipe que estava de posse da bola.

1x1 seguido de passe

19% 1x1 seguido de finalização


31%

1x1 seguido de gol por assistência

14% 1x1 seguido de gol por finalização

2% 1x1 seguido de falta


33%
1%
1x1 seguido de 1x1

GRÁFICO 3 – Resultado das situações positivas de 1x1

No gráfico 3, que diz respeito apenas aos resultados das situações positivas de 1x1, foi
possível observar que 33% destes foram finalizados, 31% tiveram como resultado final o
passe, 18% resultaram em 1x1 seguido de 1x1, 14% tiveram como resultado final a falta, e
apenas 3% destes resultaram em gol a favor da equipe que estava com a posse da bola,
sendo 2% de 1x1 seguido de gol por finalização e 1% de gol por assistência. Pode-se
perceber que praticamente 1/3 das ações positivas de 1x1 tiveram como resultado final a
finalização, oferecendo assim, risco à meta adversária. Além disso, foi possível perceber o
grande número de faltas geradas pelo sucesso do 1x1, contribuindo para que a equipe
possa utilizar a regra do jogo a seu favor, sendo que após a quinta falta coletiva, a equipe
tem o direito de cobrar um tiro livre direto a uma distância de 10 metros do gol. Esses
resultados diferem dos encontrados por Amaral e Garganta (2005), que verificaram que o
drible para remate obteve a menor freqüência dentro dos dribles por eles analisados (drible
progressão, para passe, para proteção e para finalização), sendo justificado pela grande
ocorrência dos dribles distante do gol adversário, o que possibilitou outra decisão por parte
do portador da bola, ao invés da finalização.

26% Perda da posse da bola e contra-ataque sem gol


38%
Perda da posse da bola e jogo organizado

Perda da posse da bola e gol sofrido

Sem perda da posse da bola


3% 33%

GRÁFICO 4 – Resultado das situações negativas de 1x1

No gráfico acima, observa-se que 38% das situações negativas de 1x1 não apresentaram
perda da posse da bola como resultado final, seguido de perda da posse da bola e jogo
organizado com 33%, perda da posse e contra-ataque sem gol com 26% e perda da posse
da bola e gol sofrido com 3%. Com isso, pode-se inferir que uma ação de 1x1 no qual a
defesa se sobressai sobre o ataque nem sempre causa um desequilíbrio defensivo. Por
muitas vezes, a ação do 1x1 não foi bem sucedida, mas a bola não se manteve em jogo,
sendo reiniciado a partir de uma bola parada com a defesa equilibrada, o que pode justificar
o baixo número de gols ocorridos. Já 26% das situações de insucesso tiveram como
resultado a perda da posse com contra-ataque que não foram convertidos em gol e apenas
3% destes contra-ataques foram convertidos. Esse número representa um baixo
aproveitamento dos contra-ataques por parte das equipes, o que corrobora com estudo de
Fernandes y Fidelis (2008) que encontrou uma baixa efetividade dos contra-ataques pelas
equipes de futsal.
TABELA 3 – Relação entre as situações de 1x1 e o resultado das partidas
Equipe A Equipe B
Jogo + _ Saldo + - Saldo Resultado Final
J1 28 10 18 4 8 -4 2x4
J2 13 14 -1 17 18 -1 1x1
J3 12 21 -9 12 16 -4 2x2
J4 11 16 -5 16 16 0 2x3
J5 12 21 -9 11 12 -1 3x3
J6 17 9 8 15 14 1 3x2
J7 7 3 4 12 8 3 3x1
J8 15 8 7 8 7 1 2x1
J9 9 7 2 8 5 3 2x1
J10 7 6 1 9 4 5 1x0
J11 7 10 -3 2 4 -2 0x1
J12 15 9 6 15 11 4 4x1
Total 153 134 --- 129 123 --- ---

A tabela 3 apresenta as situações positivas e negativas de 1x1 das equipes, o saldo entre
estas situações (saldo = positivas – negativas) e o resultado final das partidas. Ao analisar
os jogos que a equipe A saiu como vencedora (J6, J7, J8, J9, J10 e J12) percebe-se que a
mesma obteve um saldo maior entre as situações positivas e negativas do 1x1 que a equipe
B em 4 dos 6 jogos (J6, J7, J8 e J12). Nos demais jogos (J9 e J10), esta situação não veio a
acontecer, sendo que a equipe perdedora (equipe B) obteve um saldo maior que a equipe
vencedora (equipe A). Ao analisar os jogos que a equipe B venceu (J1, J4 e J11), verifica-se
que a equipe vitoriosa foi a mesma que conseguiu o maior saldo entre as situações de 1x1
em 2 dos 3 jogos analisados (J4 e J11). No jogo J1, esta situação novamente não ocorreu
sendo que a equipe perdedora (equipe A) conseguiu uma grande vantagem no saldo das
situações de 1x1 em relação à equipe vencedora (equipe B). Esta grande diferença pode ser
explicada pelo fato da equipe não apostar em uma proposta de jogo baseada no 1x1, com o
intuito de desequilibrar a defesa adversária através de manobras ofensivas. Os demais
jogos (J2, J3 e J5) terminaram empatados, sendo que, no J2 o saldo entre as equipes
também terminou empatado, o que pode refletir o equilíbrio entre as mesmas.
8,2% 21,5% 47,3% 23%

SD SID SIO SO
1 2 3 4

FIGURA 1 – Ocorrência das situações de 1x1 nos diferentes setores da quadra de jogo
SD – Setor Defensivo; SID – Setor Intermediário Defensivo;
SIO – Setor Intermediário Ofensivo; SO – Setor Ofensivo.

Em relação aos setores da quadra, verificou-se que o setor 3 (SIO) foi o local onde ocorreu
uma grande parte das situações de 1x1 (47,3%), enquanto o setor 1 (SD) foi o local onde o
1x1 ocorreu com a menor valor percentual (8,2%). As zonas 2 (SID) e 4 (SO) apresentaram
valores intermediários, com 21,5% e 23%, respectivamente. Esses resultados corroboram
com o estudo de Bonatto e Bueno (2007), que ao analisarem os dribles em jogos da
Superliga de Futsal 2005 verificaram que o setor 3, foi o local da quadra que apresentou a
maior freqüência de dribles, e que o setor 1, a menor freqüência. O estudo de Amaral e
Garganta (2005) também encontrou resultados semelhantes. As ações de 1x1 analisadas
por estes autores durante os jogos do Campeonato Português da Primeira Divisão de
Futsal, também apresentou uma maior incidência de dribles no setor 3 e uma menor
incidência no setor 1.

CONCLUSÕES

A partir da análise dos jogos observados durante a Liga Nacional de Futsal 2007, coloca-se
em evidência a importância das situações de 1x1, sendo que ocorrem de forma frequente
durante as partidas, e 52% das vezes, atingem seu objetivo primário, que é superar o seu
adversário direto, criando um contexto favorável para o ataque. Foi possível identificar
também o nível de efetividade do 1x1, que foi de 1,4%, e o nível de efetividade de
finalizações oriundas da situação de 1x1, que foi de 8,4%. Constatou-se ainda durante a
pesquisa, que as situações positivas de 1x1 acabaram prevalecendo em relação às
situações negativas durante os jogos analisados, mostrando uma vantagem do ataque em
relação à defesa durante o 1x1.

Conclui-se também, que grande parte das situações de 1x1 ocorrem na meia-quadra de
ataque das equipes, principalmente na região entre a linha divisória do meio da quadra e a
linha do tiro 10 metros, ou seja, a região de elaboração do ataque.

Através das análises realizadas das situações positivas do 1x1, foi possível identificar que a
finalização foi um resultado que obteve o maior percentual (33%), seguido do passe com
31%, demonstrando que uma situação de 1x1 que obtenha sucesso gera uma situação de
superiodade numérica, enquanto ao analisar as situações negativas de 1x1, foi possível
identificar que a perda da posse de bola foi o comportamento técnico-tático que apresentou
o maior percentual após uma ação de 1x1 mal sucedida. Porém, em 33% das situações, um
novo ataque se iniciou a partir do jogo organizado, ou seja, com a defesa adversária
equilibrada, e em 26%, o insucesso possibilitou um contra-ataque. Sugere-se, durante as
sessões de treinamento, uma cobrança por parte dos treinadores, por uma maior eficiência
nas atividades de contra-ataque, após a recuperação da bola através de 1x1, tendo em
vista, que esta situação pode definir as partidas. Sugere-se, também, uma preocupação por
parte dos treinadores, quanto aos aspectos defensivos nessas situações, como defender em
desvantagem numérica e o retorno defensivo, para que assim a defesa tenha condições de
se reequilibrar após um 1x1 que gere um contra-ataque.

Em relação aos resultados dos jogos e o saldo das situações de 1x1, não é possível afirmar
que um saldo positivo levará a vitória, pois existem outros fatores que interferem no
resultado final de uma partida de futsal. Mas um grande número de sucesso nas situações
de 1x1, tanto ofensivamente quanto defensivamente, podem criar situações reais de gol,
pois o 1x1 é uma ação que quando bem sucedida possibilita um contexto favorável para o
ataque, e quando mal sucedida, pode possibilitar à equipe adversária um perigoso contra-
ataque. Amaral e Garganta (2005) sugerem que se deve encorajar os jogadores a assumir o
risco dê se jogar 1x1, afirmando que essa situação é um meio e não um fim para jogar. E
ainda afirmam que não se joga para driblar, dribla-se para jogar melhor. Para finalizar,
espera-se que este estudo possibilite contribuir na elaboração e direcionamento adequado
de um processo de ensino-aprendizagem-treinamento no futsal.

REFERÊNCIAS
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processo ofensivo. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto. Porto, v. 5, n. 3, p. 298 – 310.
Anguera, M.T. (1989). Metodología de la observación en las ciencias humanas. Editorial Cátedra.
Madrid.

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Castellano, J.; Hernández-Mendo, A.; Gómez, P.; Fontetxa, E.; Bueno, I. (2000). Sistema de
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