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Fundamentos da

Sistemática Filogenética

Micheline Carvalho Silva


Sistema Filogenético

Filogenias – Expressam a história evolutiva de grupos de


organismos e sua relação com outros organismos.

Cladogramas – Representam as filogenias


FILOGENIA, O QUE É ?

Reconstrução da história evolutiva do organismo

Tanto dados morfológicos quanto moleculares


podem ser usados para inferir relações filogenéticas
Motivação da Filogenia
• Entender a linhagem de diferentes espécies;

• Organizar princípios para classificar uma espécie em


um grupo taxonômico;

• Entender como várias funções se desenvolveram;

• Entender forças e pressões na evolução;

•Predizer a função do gene.


CONCEITOS IMPORTANTES
qCaracteres:
apomórficos (gr. apo=que se afasta; morphos=forma) –
Caráter “novo”, inexistente em outros grupos. estado
derivado ou novidade evolutiva

◦ sinapomórficos (gr. syn ou sym=juntamente) = apomorfia


compartilhada. É informativo, pois une táxons.
CONCEITOS IMPORTANTES
qCaracteres:
plesiomórficos (gr. plesios=antigo; morphos=forma) –
Caráter “antigo”, provavelmente existente em vários grupos
proximamente relacionados.

◦ simplesiomórficos = plesiomorfia compartilhada

autoapomórficos = apomorfia existente em só um grupo


(geralmente terminal), que não é compartilhada. Estado de
caráter exclusivo a um terminal. Não é informativo para elucidar as relações entre
os táxons.
Os conceitos de apomorfia e plesiomorfia são relativos.
Dependem do grupo que se está analisando dentro de uma
determinada árvore filogenética.

O caráter 4 é uma
A B C D autapomorfia para D

2 3
O caráter 2 é uma
sinapomorfia para A, B

O caráter 1 é uma
sinapomorfia para (A, B), (C,
1
D), mas é uma
simplesiomorfia para C, D
Grupo interno
Táxons de interesse, aqueles que queremos analisar quanto
suas relações de parentesco.
Grupo externo
Táxons que se situam fora do grupo de interesse, em geral, são
usados para polarizar os estados de caráter.

ingroup
outgroup

Z A B C
Filogenia – formação dos grupos

Grupo Monofilético

vGrupo formado por todos os


descendentes de um ancestral
comum. Esse grupo é caracterizado
por sinapomorfias. (agrupa só táxons
“naturais”)

v sinapomórficos = apomorfia compartilhada


Filogenia – formação dos grupos

Grupo Parafilético

q O grupo não inclui todos os


descendentes de um ancestral.
Esse grupo é caracterizado por
simplesiomorfias. (Artificial)
Grupos monofiléticos n Grupos parafiléticos
Inclui o táxon ancestral e todos Um ou mais descendentes
os seus descendentes. de um ancestral são
excluídos do grupo.

A B C D E F A B C D E F
Filogenia – formação dos grupos

Grupo Polifilético

q Um grupo que agrupa táxons


filogeneticamente distantes com
base em homoplasias (características
que evoluíram independentemente
por reversão ou paralelismo)
Determinando Árvores Evolutivas
qA árvore filogenética descreve a
sequência de eventos de
especiação que levaram a
formação do grupo de espécies
presentes

qÁrvores nos informam sobre


como caracteres individuais podem
ter evoluído
Terminologia comum em uma árvore
filogenética
qUTO (Unidade Taxonômica Operacional) ou táxon terminal –
espécie atual
qNó – ancestral comum hipotético mais recente
qComprimento do ramo - “tempo” de uma especiação a outra
q Clado: um grupo que contém um ancestral comum
e todos seus descendentes
q Raiz: O ancestral comum de todos os táxons na
árvore
q Topologia: O padrão de ramificação geral da árvore
As árvores podem ser enraizadas

q A raiz representa um ancestral


comum a partir do qual um único
caminho leva a qualquer um dos
nós
q Árvore enraizada não muda o
comprimento da árvore, apenas
implica em um caminho evolutivo
...ou não enraizadas
qEstabelece apenas o parentesco entre os táxons e não
hipóteses sobre evolução e/ou sobre a direção da evolução

qPode ser enraizada em qualquer um dos ramos.


qMas as implicações evolutivas seriam bastante diferentes
para cada posicionamento da raiz
FILOGENIA, COMO FUNCIONA ?

• Uso de dados Morfológicos;


• Uso de dados genéticos;

• Produção de matriz de dados.


• Produção de um CLADOGRAMA.
MATRIZ DE DADOS:
CLADOGRAMA:
Cladogramas
Análise de dados para gerar cladograma

•Parsimônia
•Likelihood – Verossimilhança
•Análise Bayesiana
•Distância
•Uso de dados Moleculares
2 Etapas

I) Laboratório

• Extração do DNA
• Amplificação do gene (PCR, Cloning)
• Sequenciamento
II) Análise dos dados

• Uso de softwares para:

a) Buscar dados no GENBANK


b) Gerar alinhamentos
c) Gerar cladogramas
d) Verificar suporte
e) Reconstrução de caracteres
Confiabilidade

§Bootstrap
§Jacknife
§Decay
§CI, RI
§Probablilidades Posteriores
Dados MORFOLÓGICOS
VANTAGENS:

qCaracteres são obtidos de forma relativamente simples


e barata
DESVANTAGENS:

qSão muito influenciados pelo ambiente

qPlasticidade morfológica de muitos táxons

qAinda pouco conhecida para muitos grupos


Dados MOLECULARES
VANTAGENS:
qInformações obtidas diretamente ou indiretamente do
genótipo, sofrendo uma menor influência do ambiente
qNúmero grande de genes com funções essenciais é
encontrado em todos os organismos, podendo ser
sequenciados, alinhados e comparados
qMaior número de dados para comparação
Dados MOLECULARES
VANTAGENS:

q Identificação e delimitação das espécies, acrescenta dados


importantes para a sua conservação, tais como, a
variabilidade genética em determinada população e o
número de indivíduos necessários para a sua manutenção
q Possibilidade de comparação entre organismos de qualquer
grupo e em qualquer nível hierárquico

qAs sequências ficam disponíveis em bancos eletrônicos


(genebank), disponíveis a qualquer interessado
Plantas apresentam 3 genomas
q DNA nuclear
q8.8 x 103 - 6.9 x 108 kpb

q DNA mitocondrial
q 80 000 pares de bases

q DNA cloroplasto
q 120.000 pares de bases
O DNA do Cloroplasto
Vantagem:
qQuase todos os seus genes são de cópia simples
qFácil amplificação (grande número de cloroplastos)
Desvantagens:
1. Evolutivamente conservado: Geralmente evolui muito devagar
mas, algumas partes evoluíram em taxas um pouco mais rápidas;
2. Potencial para a transferência de cloroplasto: O movimento do
cloroplasto de uma espécies para a outra via introgressão é
comum
3. Herança materna
O DNA Nuclear
Vantagem:
1. Grande variação nos níveis específicos e populacionais
2. Variação geralmente é na forma de mutações pontuais
Desvantagens:
1. Maior parte dos genes estão presentes em múltiplas cópias
(“famílias de genes”)
2. Difícil amplificação
3. Geralmente envolve um passo a mais: Clonagem
4. Pode ser variável demais (alinhamento pode ser difícil)
Pteridófitas
Angiospermas
Gimnospermas

Briófitas
Monilophyta
Lycophyta

Anthocerotophyta
Bryophyta
Marchantiophyta Folhas
verdadeiras
Charophyta Vasculares

Chlorophyta

Terrestres
Viridiplantae (plantas verdes)

Embriófitas

Traqueófitas

Euphyllophyta

Espermatófitas
Licofitas
Hepáticas Musgos Monilofitas
Antoceros
Algas
Gimnospermas Angiospermas
verdes

Flores e frutos

Sementes
Megáfilo

Vasos condutores de seiva

Embrião retido no gametângio feminino


Gametângios revestidos por células estéreis
www.mobot.org
Spermatophytas - plantas com sementes

840 espécies
300.000
espécies
GIMNOSPERMAS
Termo arcaico que abrange vários filos:
◦ Coniferophyta
◦ Gynkgophyta
◦ Cycadophyta
◦ Gnetophyta

Apresentam características comuns


Somam c. de 15 famílias e 820 espécies
Sistema reprodutivo das
Gimnospermas
Monóicas ou dióicas
Orgãos reprodutivos
chamados estróbilos
◦ masculinos - eixo +
microesporófilos
◦ femininos - eixo +
megaesporófilos
Pinaceae
11 Gêneros e ca 200 espécies
Nativas da Europa e Américas do Norte e Central
Folhas simples, em geral aciculares ou lineares
Monóicas, presença de microstróbilos e megastróblios
Pinus elliottii
Aracuariaceae
v3 Gêneros e ca. 40 espécies
vAmérica do Sul, Austrália e Sudeste Asiático
vFolhas simples, em geral aciculares ou lineares
vMonoicas, presença de microstróbilos e megastróblios

• 1 Espécie Nativa
• Semente comestível
Araucaria angustifolia
Evidências moleculares indicam quatro
classes de Angiospermas
paleoervas magnolídeas eudicotiledôneas monocotiledôneas

~ 97% das
angiospermas

ancestral
Eumagnoliideae

Monocotiledoneae

Eudicotiledoneae
Dicotiledôneas
Eumagnoliideae (angiospermas Basais)
compreendem ca. de 3% das angiospermas

Amborelaceae, Nymphaeaceae, Magnoliaceae, Lauraceae,


etc. Annonaceae, etc.
Angiospermas Basais
Abertura simples no grão de pólen- Monoporadas
Os carpelos livres ou formam um tubo com as bordas seladas por
secreções
Estigma abaixo ou ao lado do carpelo (não é restrito ao ápice)
Muitos grupos faltam vasos (ou têm traquéideos como vasos)
Flores grandes, robustas e bissexuais, com muitas peças florais
livres e arranjadas em espiral ao longo de um eixo floral
Apresentam células oleíferas, com óleos voláteis
◦ Também ocorre em algumas nonocotiledôneas
Monocotiledoneae
vs.
Eudicotiledoneae
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
Nervação Paralela Nervação reticulada
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
Flores 3-Meras Flores 4, 5-meras (raro 3 ou +)
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
Corpos protéicos triangulares q Corpos protéicos não
nos plastídeos dos elementos de
triangulares nos plastídeos
tubo crivado (floema);
dos elementos de tubo
ausência de câmbio e de crivado (floema);
crescimento secundário entre o
floema e xilema q Presença de câmbio e de
crescimento secundário
entre o floema e xilema
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
1 Cotilédone 2 Cotilédone
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
Monocolpadas Tricolpadas
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
Feixes Vasculares
Sistema vascular Sistema vascular
atactostélico eustélico
Monocotiledoneae vs. Eudicotiledoneae
Raiz
Fasciculada Pivotante

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