Você está na página 1de 421

03.

Resposta: D
Decreto 94.406/87,
Art. 11. O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio, atribuídas à equipe
de enfermagem, cabendo-lhe:
I - preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;
II - observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;
III - executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de
enfermagem, tais como:
a) ministrar medicamentos por via oral e parenteral;
b) realizar controle hídrico;
c) fazer curativos;
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;
e) executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas;
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;
g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de diagnóstico;
h) colher material para exames laboratoriais;
i) prestar cuidados de enfermagem pré e pós-operatórios;
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
l) executar atividades de desinfecção e esterilização;
IV - prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança, inclusive:
a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependências de unidades de saúde;
V - integrar a equipe de saúde;
VI - participar de atividades de educação em saúde, inclusive:
a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumprimento das prescrições de enfermagem e
médicas;
b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na execução dos programas de educação para a
saúde;
VII - executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pacientes;
VIII - participar dos procedimentos pós-morte.

04. Resposta: B.
Art. 10, II - executar atividades de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas do enfermeiro
e as referidas no art. 9º deste Decreto;

05. Resposta: C
A atribuição descrita na alternativa “C” é do Enfermeiro.
Art. 8º, I, h) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos
científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas;

4. Enfermagem no centro cirúrgico. 4.1. Recuperação da anestesia. 4.2. Central


de material e esterilização. 4.3. Atuação nos períodos pré‐operatório, trans‐
operatório e pós‐operatório. 4.4. Atuação durante os procedimentos cirúrgico‐
anestésicos. 4.5. Materiais e equipamentos básicos que compõem as salas de
cirurgia e recuperação anestésica. 4.6. Rotinas de limpeza da sala de cirurgia.
4.7. Uso de material estéril. 4.8. Manuseio de equipamentos: autoclaves;
seladora térmica e lavadora automática ultrassônica

ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Unidade Cirúrgica

Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou deformidade externa e/ou interna com o
objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um problema físico. É realizada na sala de cirurgia do hospital e em
ambulatório ou consultório, quando o procedimento for considerado simples.
Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emergência, urgência, programada ou
opcional. Como por exemplo:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


25
- Nos casos de hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência pois deve ser realizada sem
demora;
- No abdome agudo, o tratamento cirúrgico é de urgência, por requerer pronta atenção, podendo-se,
entretanto, aguardar algumas horas para melhor avaliação do cliente;
- As cirurgias programadas ou eletivas, como no caso de varizes de membros inferiores, são realizadas
com data pré-fixada, enquanto que a maioria das cirurgias plásticas são optativas por serem de
preferência pessoal do cliente.

A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade:


- Diagnóstica ou exploratória: quando utilizada para se visualizar as partes internas e/ou realizar
biópsias (laparotomia exploradora);
- Curativa: quando se corrige alterações orgânicas (retirada da amígdala inflamada);
- Reparadora: quando da reparação de múltiplos ferimentos (enxerto de pele);
- Reconstrutora ou cosmética: quando se processa uma reconstituição (plástica para modelar o
nariz, por exemplo); e
- Paliativa: quando se necessita corrigir algum problema, aliviando os sintomas da enfermidade, não
havendo cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes sem ressecção do tumor intestinal, por
exemplo).

As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais no organismo do cliente, que precisará de


algum tempo para se adaptar às mesmas. É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qualidade
de vida da pessoa, mas é importante compreendermos que o tratamento cirúrgico sempre traz um impacto
(positivo ou negativo) tanto no aspecto físico como nos aspectos psicoemocionais e sociais.
Com esta compreensão, temos maior chance de realizar uma comunicação interpessoal mais
individualizada e prestar ao cliente orientações mais adequadas.
As reações emocionais guardam relação direta com o “significado” que o cliente e familiares atribuem
à cirurgia, sendo a ansiedade pré-operatória a mais frequente. Por isso, a cirurgia e os procedimentos
diagnósticos podem representar uma invasão física, emocional e psicológica - e em algumas cirurgias
(amputação da perna) uma invasão social, obrigando mudanças no estilo de vida.
A aceitação ao tratamento cirúrgico, apesar do medo da anestesia, da dor, da morte, do desconhecido
e da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à confiança que o cliente deposita na
equipe profissional e na estrutura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de relação
interpessoal que especificamente temos com este cliente.
O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto de setores interligados, como o pronto-
socorro, ambulatório, enfermaria clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-
anestésica (RPA). Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcionar uma experiência
menos traumática possível e promover uma recuperação rápida e segura ao cliente.
O ambulatório ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame físico, a prescrição do tratamento clínico
ou cirúrgico e os exames diagnósticos. A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o
tratamento clínico não surtiu o efeito desejado.
O cliente pode ser internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, dependendo do tipo
de preparo que a mesma requer. O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro
cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de emergência do ato cirúrgico.

Cirurgia Segura
Relaciona-se com as medidas tomadas para que sejam reduzidos os riscos de eventos alheios aos
que possam ocorrer antes, durante e depois das cirurgias. São incidentes que acarretam danos aos
pacientes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) firmou um programa que garanta a segurança em cirurgias,
voltado na verificação de itens referentes ao procedimento cirúrgico. Tem como objetivo garantir que a
cirurgia seja realizada conforme o planejado, atendendo a alguns requisitos básicos: paciente,
procedimento, lateralidade (lado a ser operado), posicionamento e equipamentos.

Classificação da Cirurgia por Potencial de Contaminação


O número de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de
contaminação da ferida cirúrgica. De acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da
Saúde, as cirurgias são classificadas em:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


26
- Limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo
infeccioso local, sem penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de
sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;
- Potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de
supuração local, com penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação
significativa. Exemplo: redução de fratura exposta;
- Contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil
descontaminação, com processo inflamatório mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;
- Infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas.
Exemplo: cirurgia do reto e ânus com pus.

Estrutura do Centro Cirúrgico (CC)


A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica, sendo
considerada área crítica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e que
possui clientes com sistema de defesa deficiente e maior risco de infecção.
A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador
cirúrgico, enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o
instrumentador cirúrgico e o auxiliar administrativo.
Para prevenir a infecção e propiciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúrgica, a planta física
e a dinâmica de funcionamento possuem características especiais. Assim, o CC deve estar localizado em
área livre de trânsito de pessoas e de materiais.

Devido ao seu risco, esta unidade é dividida em áreas:


- Não restrita: as áreas de circulação livre são consideradas áreas não restritas e compreendem os
vestiários, corredor de entrada para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O
vestiário, localizado na entrada do CC, é a área onde todos devem colocar o uniforme privativo: calça
comprida, túnica, gorro, máscara e propés.
- Semi-Restritas: nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem,
contudo, provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos
temos as salas de guarda de material, administrativa, de estar para os funcionários, copa e expurgo. A
área de expurgo pode ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a receber e lavar os
materiais utilizados na cirurgia.
- Restrita: o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são
consideradas áreas restritas dentro do CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de
pessoal, equipamentos e materiais.

A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as paredes, o
piso e as portas devem ser laváveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material
condutivo, ou seja, de proteção contra descarga de eletricidade estática; as tomadas devem possuir
sistema de aterramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do piso.
As portas devem ter visor e tamanho que permita a passagem de macas, camas e equipamentos
cirúrgicos. As janelas devem ser de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema de ar
condicionado. A iluminação do campo operatório ocorre através do foco central ou fixo e, quando
necessário, também pelo foco móvel auxiliar.
O lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a degermação4
das mãos e antebraços com o uso de substâncias degermantes antissépticas, com a ação mecânica da
escovação.
As torneiras do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou através do uso de pedais, para evitar
o contato das mãos já degermadas. Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo a solução
degermante e um outro, contendo escova esterilizada.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de RPA (Recuperação Pós-Anestésica)
a qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte do cliente sob efeito anestésico da SO para
a RPA, e desta para a SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibilitar, ainda, o fácil
acesso dos componentes da equipe que operou o cliente.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condições para pronto uso bem como evitar a
circulação desnecessária de pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomenda-se a

4
Ato de redução ou remoção parcial dos microrganismos da pele, ou outros tecidos por métodos quimio-mecânicos. É o que se faz quando é realizada a
higienização das mãos usando água, sabão e escova.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


27
existência de salas específicas para a guarda de medicamentos, materiais descartáveis, esterilizados, de
anestesia e de limpeza, aparelhos e equipamentos e roupa privativa.
Dependendo do tamanho do CC, é também recomendável que haja uma sala administrativa, sala de
espera para familiares e/ou acompanhantes, sala de estar para funcionários e copa.

Montagem da Sala Cirúrgica


O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circulante da sala cirúrgica, que também pode ser
exercida pelo técnico em enfermagem, quando necessário.
Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações
especiais à cirurgia. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica, é importante manter a sala em
boas condições de limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos. Portanto, antes
de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou outro desinfetante
recomendado, deixando-os prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica.
Para evitar problemas durante o ato operatório, o circulante deve testar o funcionamento dos aparelhos
sob sua responsabilidade, verificando suas perfeitas condições de uso, bem como revisar o material
esterilizado e providenciar os materiais específicos em quantidade suficiente para a cirurgia, dispondo-os
de forma a facilitar o uso.
Com o anestesista, checar a necessidade de material para o carrinho de anestesia.
Deve-se também preparar a infusão endovenosa e a bandeja de antissepsia, e dispor os pacotes de
aventais, campos, luvas e a caixa de instrumentais em local limpo e acessível.
Quanto ao processo de abertura do pacote, tomar o cuidado de manusear somente a parte externa do
campo, evitando contaminar sua parte interna. Se o pacote for grande, deve ser aberto sobre uma
superfície; se pequeno, pode ser aberto afastado do corpo e seu conteúdo oferecido ao profissional que
dele fará uso.

Tipos de Anestesia
A anestesia é um estado de relaxamento, perda da sensibilidade e dos reflexos, de forma parcial ou
total, provocada pela ação de drogas anestésicas. Seu objetivo é evitar a dor e facilitar o ato operatório
pela equipe cirúrgica. Na anestesia geral ocorre, também, um estado de inconsciência.
O anestesista é o médico responsável por avaliar o cliente no pré-operatório, prescrever a medicação
pré-anestésica, administrar a anestesia, controlar as condições do cliente durante a cirurgia e assistir o
cliente na sala de recuperação pós-anestésica.
As drogas anestésicas podem produzir anestesia em todo o corpo (anestesia geral) ou em partes dele
(anestesias local, raquiana e peridural).
Na anestesia geral, administra-se o anestésico por via inalatória, endovenosa - ou combinado
(inalatória e endovenosa), com o objetivo de promover um estado reversível de ausência de sensibilidade,
relaxamento muscular, perda de reflexos e inconsciência devido à ação de uma ou mais drogas no
sistema nervoso.
A raquianestesia é indicada para as cirurgias na região abdominal e membros inferiores, porque o
anestésico é depositado no espaço subaracnoide da região lombar, produzindo insensibilidade aos
estímulos dolorosos por bloqueio da condução nervosa.
Na anestesia peridural, o anestésico é depositado no espaço peridural, ou seja, o anestesista não
perfura a dura-máter. O anestésico se difunde nesse espaço, fixa-se no tecido nervoso e bloqueia as
raízes nervosas.
Na anestesia local, infiltra-se o anestésico nos tecidos próximos ao local da incisão cirúrgica. Utilizam-
-se anestésicos associados com a adrenalina, com o objetivo de aumentar a ação do bloqueio por
vasoconstrição e prevenir sua rápida absorção pela corrente circulatória.
A anestesia tópica está indicada para alívio da dor da pele lesada por feridas, úlceras e traumatismos,
ou de mucosas das vias aéreas e sistema geniturinário.

O ato anestésico requer atenção do circulante de sala, especialmente no momento de posicionamento


do cliente, transmitindo-lhe conforto e segurança, bem como facilitando o procedimento para a equipe
cirúrgica. O posicionamento do cliente está relacionado com o tipo de anestesia a ser aplicada:
- Durante a anestesia peridural ou raquianestesia, o circulante auxilia na colocação e manutenção do
cliente em posição especial, com o objetivo de facilitar a punção com a abertura máxima dos espaços
intervertebrais. Uma dessas posições é o decúbito lateral fetal, com os joelhos próximos do abdome e o
queixo encostado no tórax. O circulante da sala mantém o cliente nessa posição, colocando uma das
mãos na região cervical e a outra na dobra posterior do joelho. Durante a punção, outra posição é o cliente
sentado com as pernas pendendo lateralmente para fora da mesa cirúrgica e o queixo apoiado no tórax.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


28
Para mantê-lo assim imobilizado, o circulante de sala deve se colocar à frente, com as mãos na nuca do
cliente.
- Durante a anestesia geral, o cliente deve ser posto em decúbito dorsal: deitado de costas, pernas
estendidas ou ligeiramente flexionadas, um dos braços estendido ao longo do corpo e o outro apoiado no
suporte de braço. Para facilitar a visualização das vias aéreas no momento da intubação, é necessário
hiperestender o seu pescoço.
Atualmente, muitas instituições possuem o Serviço de Apoio Técnico à Anestesiologia, com pessoal
treinado e com conhecimento de preparo e montagem de aparelhos utilizados em anestesia. Também é
função desse serviço promover a limpeza e esterilização dos componentes dos monitores, bem como
repor os materiais de consumo, encaminhar para reparo os aparelhos danificados e fazer a manutenção
preventiva dos mesmos.

Fluxo do Cliente no Centro Cirúrgico


Na recepção, é importante atender o cliente com cordialidade, transmitindo-lhe tranquilidade e
confiança, bem como proporcionar-lhe privacidade física e conforto. Sendo fundamental:
- Identificá-lo, chamando-o pelo nome, checando a pulseira de identificação ou conferindo seus dados
com quem o transportou;
- Verificar se o prontuário está completo, se os cuidados pré-operatórios foram realizados, se há
anotações sobre problemas alérgicos e condições físicas e emocionais - estes cuidados são
absolutamente necessários para evitar erros, ou realização de cirurgias em clientes inadequadamente
preparados;
- Fazer a tricotomia, se esta for a rotina do hospital, e encaminhar o cliente para a sala de operação.

Através do corredor interno do CC, o cliente é transportado em maca - sempre as grades levantadas
para evitar quedas acidentais - até a sala de cirurgia.
Na sala de operação, o circulante deve receber o cliente tentando diminuir a ansiedade deste,
procurando transmitir-lhe confiança, segurança e tranquilidade. Para evitar erros, repete os mesmos
cuidados de conferência de dados prévios à entrada no CC.
Após conferir os dados do prontuário, o cliente deve ser transferido da maca para a mesa cirúrgica,
tendo-se o cuidado de posicionar corretamente os frascos de solução, drenos e sondas, caso existam.
Ao posicionar o suporte de braço (para a infusão endovenosa) sob o colchonete da mesa cirúrgica,
deve-se ter o cuidado de colocar o braço do cliente num ângulo inferior a 90o em relação ao corpo, para
evitar dores musculares e articulares no pós-operatório.
Em razão da probabilidade de ocorrer hipotensão arterial provocada pela anestesia e/ou perdas
sanguíneas durante o ato operatório, é necessário controlar a pressão arterial pelo monitor ou aparelho
de pressão arterial.
O cliente pode apresentar hipotermia devido à baixa temperatura da SO, administração de líquidos
gelados, feridas ou cavidades abertas e diminuição da atividade muscular. Para corrigir essa
intercorrência, administrar soluções mornas e trocar os campos molhados por outros secos, já que os
tecidos molhados promovem a perda de calor.
Como o cliente está anestesiado e, portanto, incapacitado para se defender de qualquer tipo de
agressão física, é dever da equipe médica e de enfermagem assegurar-lhe um ato operatório seguro,
prestando alguns cuidados específicos, entre outros: anestésico administrado na dosagem certa para
evitar a dor; manter os olhos do cliente ocluídos, para evitar úlceras de córnea; atentar para o
posicionamento do cliente, de modo a evitar escaras e dor no pós-operatório; evitar extravasamento de
solução para fora da veia.
O circulante, além de auxiliar o anestesista no posicionamento do cliente, também auxilia - quando
necessário - no suprimento de material - e durante a cirurgia comunica e registra as alterações do que
observou.
Compete ao cirurgião - ou assistente - posicionar corretamente o cliente para o ato cirúrgico, cabendo
ao circulante da sala auxiliá-los no procedimento ou realizá-lo sob orientação médica. O cliente deve estar
posicionado de forma anatômica, possibilitando boas condições de respiração e evitando distensões
musculares, compressão de vasos, nervos e saliências ósseas.
Também é atribuição do circulante ajudar os integrantes da equipe cirúrgica a se paramentarem. Para
tanto, no momento de vestir o avental, o circulante deve se posicionar de frente para as costas do membro
da equipe que está se paramentando, introduzir as mãos nas mangas do avental - pela parte interna - e
puxar até que os punhos cheguem aos pulsos; amarrar as tiras ou amarilhos do decote do avental, receber
os cintos pela ponta e amarrar; posteriormente, apresentar as luvas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


29
Após auxiliar a equipe a se paramentar, deve abrir o pacote com o impermeável sobre a mesa do
instrumentador e a caixa de instrumentais sobre a mesa auxiliar, fornecer ao instrumentador os materiais
esterilizados (gaze, compressas, fios, cúpulas, etc.) e oferecer ao cirurgião a bandeja de material para
antissepsia. Auxiliar o anestesista a ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de cada lado da mesa
cirúrgica, fixar as pontas dos campos esterilizados - recebidos do assistente - no arco e suportes,
formando uma tenda de separação entre o campo operatório e o anestesista.
Posteriormente, aproximar da equipe cirúrgica o hamper coberto com campo esterilizado e o balde de
lixo; conectar a extremidade de borracha recebida do assistente ou instrumentador ao aspirador, e ligá-
lo.
Se for utilizado o bisturi elétrico, faz-se necessário aplicar gel condutor na placa neutra, para neutralizar
a carga elétrica durante o contato da placa com o corpo do cliente, conforme orientação do fabricante. A
seguir, colocá-la sob a panturrilha ou outra região de grande massa muscular, evitando áreas que
dificultem o seu contato com o corpo do cliente, como saliências ósseas, pele escarificada, áreas de
grande pilosidade, pele úmida.
Ao movimentar o cliente, observar se ocorre deslocamento da placa, reposicionando-a se necessário.
Qualquer que seja a posição escolhida para colocar a placa, ela deve permitir o funcionamento correto
dos eletrodos dos aparelhos, equipos de solução e de sangue, drenos, sondas e cateteres.
Jamais se deve deixar qualquer parte do corpo do cliente em contato com a superfície metálica da
mesa cirúrgica, pois isto, além de desconfortável, pode ocasionar queimaduras, devido ao uso do bisturi
elétrico.
Quando não for mais utilizado material estéril dos pacotes, os mesmos devem estar sempre cobertos
para possibilitar o seu eventual uso durante a cirurgia, com segurança.

Cuidados Necessários no Transcorrer da Cirurgia


- Ajustar o foco de luz sempre que solicitado, de forma a proporcionar iluminação adequada no campo
cirúrgico, sem projeção de sombras e reflexos;
- Observar o gotejamento dos soros e sangue, líquidos drenados e sinais de intercorrências;
- Controlar a quantidade e peso das compressas cirúrgicas e gazes, para evitar esquecimento acidental
desses materiais no campo operatório;
- Avaliar a perda sanguínea e de líquidos pelas sondas e do sangue aspirado no frasco do aspirador.

Quando for necessário mudar a posição do cliente durante a cirurgia, deve-se evitar movimentos
rápidos e bruscos, porque a mudança repentina de posição pode ocasionar hipotensão arterial.
Os registros são feitos em impresso próprio, anotando-se os medicamentos, soluções, sangue,
equipamentos usados, intercorrências com o cliente, nome da operação e da equipe cirúrgica, bem como
início e término da cirurgia. Ao final desta, desliga-se o foco e aparelhos, afastam-se os equipamentos e
aparelhos da mesa cirúrgica, removem-se os campos, pinças e outros materiais que estiverem sobre o
cliente. Até que este seja transportado para a recuperação pós-anestésica ou unidade cirúrgica, não pode
ser deixado sozinho, devido ao risco de quedas acidentais ou intercorrências pós-cirúrgicas.
Durante a transferência da SO para a RPA, UTI ou unidade de internação, deve-se ser cuidadoso com
a mudança do cliente da mesa cirúrgica para a maca, observando a necessidade de agasalhá-lo, a
manutenção do gotejamento das infusões venosas, as condições do curativo e o funcionamento de
sondas e drenos.
O encaminhamento do cliente à RPA, normalmente, é feito pelo circulante da sala, junto com o
anestesista.
Antes de providenciar a limpeza da sala cirúrgica, o circulante deve separar a roupa usada na cirurgia
e encaminhá-la ao expurgo, após verificar se não há instrumentais misturados. Os materiais de vidro,
borracha, cortantes, instrumentais e outros devem ser separados e encaminhados para limpeza e
esterilização, ou jogados no saco de lixo, encaminhando-os, lacrados, para o devido setor, sempre
respeitando as medidas de prevenção de acidentes com perfuro-cortantes.
Com relação a impressos, ampolas ou frascos vazios de medicamentos controlados, os mesmos
devem ser encaminhados para os setores determinados.
Ao final da cirurgia, normalmente, o cirurgião ou outro profissional que tenha participado de sua
realização informa os familiares sobre o ato cirúrgico e o estado geral do cliente.

Materiais e Equipamentos da Sala de Operação (SO)


Para que o processo cirúrgico transcorra sem intercorrências e de forma planejada, as salas cirúrgicas
são equipadas com foco central, negatoscópio, sistema de canalização de ar e gases, prateleiras (podem
estar ou não presentes), mesa cirúrgica manual ou automática com colchonete de espuma, perneiras

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


30
metálicas, suporte de ombros e braços, arco para narcose, coxins e talas para auxiliar no posicionamento
do cliente.
Para controlar os dados fisiológicos do cliente e evitar complicações anestésicas, a sala de cirurgia
deve ser equipada com esfigmomanômetro, monitor de eletrocardiograma, material para entubação
traqueal, equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de secreções, oxímetro de pulso e outros
aparelhos especializados.
Os equipamentos auxiliares são aqueles que podem ser movimentados pela sala, de acordo com a
necessidade: suporte de hamper e bacia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar, banco giratório,
escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas ou rodízios, carros ou prateleiras para materiais estéreis,
de consumo e soluções antissépticas.
Também são necessários diversos pacotes esterilizados contendo aventais, “opa” (avental com
abertura para a frente), luvas de diferentes tamanhos, campos duplos, campos simples, compressas
grandes e pequenas, gazes, impermeável (para forrar a mesa do instrumentador), cúpulas grandes e
pequenas, cuba rim, bacia, sondas e drenos diversos, cabo com borracha para aspirador e cabo de bisturi
elétrico (pode vir acondicionado em caixas).
Outros materiais esterilizados são as caixas de instrumentais, o estojo de material cortante (pode estar
acondicionado dentro da caixa de instrumentais), bandeja de material para anestesia e fios de sutura de
diferentes números e tipos.
Como materiais complementares: a balança para pesar compressas e gazes, as soluções
antissépticas, esparadrapo, ataduras, pomada anestésica, medicamentos anestésicos e de emergência,
soluções endovenosas do tipo glicosada, fisiológica, bicarbonato de sódio, solução de álcool hexa-hídrico
(Manitol®), de Ringer® e de Ringer Lactato®.
Como no CC existem materiais inflamáveis e explosivos, a equipe do CC deve tomar todas as
precauções contra acidentes que possam gerar explosões e incêndio. Para preveni-los, recomenda-se
evitar que alguns agentes anestésicos (óxido nitroso) e soluções como éter e/ou benzina entrem em
contato com descargas elétricas; dar preferência ao uso de tecidos de algodão ao invés de sintéticos, que
acumulam carga elétrica; e testar diariamente todos os equipamentos elétricos, bem como conferir a
aterragem dos aparelhos elétricos através de fio-terra.

Material Cirúrgico, Procedimento Cirúrgico e Instrumentação (Tempos Cirúrgicos)


Material cirúrgico é todo o conjunto de objetos, instrumentos e equipamentos que entram em contato
direto ou indireto com a região operatória, utilizados para a execução de determinado procedimento
cirúrgico. Sua classificação é de acordo com a sua função ou uso principal, visto que muitos equipamentos
têm mais de uma utilidade.
Porém basicamente, um procedimento cirúrgico segue 4 etapas principais ou tempos básicos e
fundamentais: diérese, hemostasia, exérese e síntese. Inicia-se pela diérese, que significa dividir,
separar ou cortar os tecidos através do bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser; em seguida, faz-se
a hemostasia, através de compressão direta com os dedos, uso de pinças, bisturi elétrico (termo cautério)
ou sutura para prevenir, deter ou impedir o sangramento. Ao se atingir a área comprometida, faz-se a
exérese, que é a cirurgia propriamente dita. A etapa final é a síntese cirúrgica, com a aproximação das
bordas da ferida operatória através de sutura, adesivos e/ou ataduras.

A classificação do material cirúrgico segue, portanto esse mesmo caminho: diérese, preensão,
hemostasia, exposição, especial e síntese.
CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL CIRÚRGICO
TIPO FUNÇÃO EXEMPLOS
Diérese Corte, divulsão Bisturi, tesoura
Preensão Apanhar estruturas Pinça anatômica e dentes de rato
Hemostasia Pinçamento de vasos Pinças hemostáticas (Halsted, Kelly Tc)
Exposição Afastamento de tecidos Afastadores (Farabeuf, Gosset etc.)
Pinça de Abadie - cirurgia gástrica
Especial Própria
Pinça de Potts - cirurgia vascular
Síntese União de tecidos Porta-agulhas, agulhas

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


31
Diérese: os principais instrumentos agrupados na diérese são o bisturi e as tesouras em seus vários
tamanhos e modalidades:
- Bisturi: instrumental de corte, que existe em vários tamanhos e formas de lâminas diferentes. Os
cabos são classificados em nº3 e nº4 sendo o primeiro receptor de lâminas em geral menores e
destinados a atos cirúrgicos delicados. O segundo apresentam um encaixe maior para lâmina e destina-
se a ato cirúrgico gerais. Cada cabo ainda apresenta variedade no seu tamanho (3L e 4L), destinada a
operar na profundidade. As lâminas para bisturi, podem ser classificadas quanto seu formato e
aplicabilidade.
Deve-se segurar o bisturi como se segura um lápis, ao escrever. A incisão deve ser feita inicialmente
em um ângulo de 90o e, então, pode-se baixar mais a lâmina. A lâmina do bisturi pode ainda ser usada
desacoplada ao cabo, como em um procedimento cuja profundidade ou largura são predeterminadas, em
que pode-se fazer uma montagem com a lâmina e uma pinça hemostática, servido essa com a limitante
da secção.
- Tesoura: usada para cortar tecidos orgânicos e materiais cirúrgicos, além de promover a dissecção
e divulsão dos tecidos. A tesoura de ponta curva é a mais usada pelo cirurgião, pois dá maior visibilidade
em regiões profundas. A tesoura reta é muito usada na superfície, para corte de fios. É empunhada pelos
dedos polegar e anular (falanges distais) introduzidos em seus anéis. Pode-se ainda "guardá-la" na palma
da mão, entre períodos de uso frequente, liberando 3 dedos para executar outras funções.

Preensão: agrupam-se todos aqueles destinados a prender e segurar vísceras ou órgãos, como as
pinças “Babcock”, “Allis”, “Collin”, “Duval”, etc.
- Pinças de dissecção: são instrumentos destinados a agarrar tecidos. Ferramentas auxiliares que
geralmente são usadas pela mão esquerda, empunhadas como se fossem um lápis. O modelo "dentes
de rato" é usado para procedimentos na pele ou para agarrar materiais como campo e borrachas. O outro
modelo, anatômico, possui estrias transversais nas faces internas das pontas, e é usado em
procedimentos diversos.
As pinças de coprostase são pinças longas, de haste maleável usadas para contenção dos fluídos
intestinais.
As pinças de “Foerster” e “Cheron” são longas, usadas como transportadoras de gases para curativos
em profundidade. O “Cheron” é muito usada na antissepsia da pele do doente.

Pinça Cheron Cheron Reta

As pinças de “Foerster” são úteis para a etapa de antissepsia do paciente.

Reta Curva

As pinças como “Abadie” utilizado nas gastrectomias, pinças de “Randall” para extração de cálculos
das vias biliares, etc.

Pinça Abadie Pinça de Randall

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


32
Hemostasia: os instrumentos de hemostasia são as pinças hemostáticas, destinadas ao pinçamento
de pequenos vasos sangrantes de ligadura e também para pinçar fios de sutura e tecidos orgânicos como
aponeurose etc. São empunhados da mesma maneira que as tesouras e fecham-se em vários graus de
pressão. Têm algumas variações, no tamanho do cabo e da ponta, na forma da ponta (curva/reta) etc.
As pinças hemostáticas não devem realizar trações em estruturas duras para se evitar que estas
sofram deformações. O aço pode trincar e se deformar quando aquecidas a altas temperaturas, logo,
deve-se evitar a utilização destas pinças para outros fins a não ser para o pinçamento de tecidos de pouca
consistência.
As pinças do tipo “Kelly” e “Halsted”, sendo estas curvas por proporcionar maior facilidade de
manuseio. “Halsteds” delicados e menores (9,5cm) são chamadas de “pinças mosquito”, são usadas em
cirurgias infantil. Quando o pinçamento envolve estruturas mais grosseiras, a “Rochester”, essa em geral
indicada por ser uma pinça mais robusta. A “Kocher” reta, inicialmente descrita como hemostática, é hoje
mais usada como pegadora e suspensora de aponeuroses, aproveitando a segurança que lhe confere
seus “dentes-de-rato”.
Em ocasiões que são necessárias hemostasias profundas usam-se a “Mixter”, a “Moynihan” e a
“Crafoord”. As duas primeiras são usadas como pinça para trabalhar pedículos como o hepático, o renal
e o pulmonar.

Exposição: compõem-se de instrumentos afastadores, elementos mecânicos para afastar os


tecidos seccionados ou separados. Facilita, portanto, a operação. Compreendem dois tipos principais:
dinâmicos e auto estáticos. O afastador de “Gosset” é usado para manter aberta a cavidade abdominal,
e o “Finochietto” para a cavidade torácica. Para facilitar o ato operatório o auxiliar deverá utilizar também
os afastadores dinâmicos com o “Farabeuf” que é usado durante a abertura e fechamento da parede
abdominal. O afastador de “Doyen” (estático) é usado durante as manobras intra-abdominais, afastando
o baço, por exemplo.
- Espátulas: que também são chamadas de “sapatas” são lâminas rígidas ou maleáveis também
usadas como afastadores.
- Separação: no grupo dos instrumentos de separação encontram-se todos os tipos de afastadores
como “Gosset”, “Finochietto”, “Farabeuf”, etc.
- Ruginas: são usadas para separar a musculatura intercostal das costelas, muito utilizada em
cirurgias torácicas.
- Costótomo: muito utilizado em cirurgias torácicas e tem a função de seccionar as costelas.

Afastador Gosset Afastador Finochietto Afastador de Farabeuf

Síntese: são os instrumentos destinados a fazer a reunião dos tecidos. São compostos basicamente
de porta-agulhas e agulhas. O primeiro apresenta uma ponta destinada à apreensão da agulha e um cabo
que gradua o fechamento do instrumento. Pode ter ponta reta, curva ou angulada. A agulha cirúrgica é

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


33
uma pequena e fina haste de aço polido, aguçada numa das extremidades e com um orifício por onde se
enfia ou se fixa o fio de sutura.

CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS AGULHAS


Cilíndrica
Secção geométrica
Prismática
Normal
Resistência Forte
Delicada
Traumática
Olho
Atraumática
Reta
Forma e comprimento Curva 3 a 75mm
Mista

A agulha de corpo circular e ponta cônica é chamada comumente de agulha cilíndrica - usada e
aplicada em quase todos os tecidos. Quando a agulha tem que atravessar estruturas endurecidas, usa-
se então a agulha de corpo cilíndrico e ponta triangular. A agulha de corpo de secção triangular é chamada
de agulha cortante e geralmente associada também uma ponta prismática triangular. Penetra facilmente
nos tecidos, sendo mais traumática que a cilíndrica. Olho da agulha é o furo transversal da agulha para
passagem do fio. As agulhas que possuem olho são chamadas de traumáticas; as que não o possuem
são as atraumáticas. Podem ser retas e curvas. O seu tamanho é ditado pela dimensão do campo
operatório e pelo tipo de tecido que vai ser suturado.
Os porta-agulha são utilizados para manusear agulhas e fios na síntese dos tecidos. Os dois tipos
básicos são o “Hegar” e o “Mathieu”. As pinças de campo como “Backhaus”.

Fios Cirúrgicos

Os fios cirúrgicos se apresentam com ou sem agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-
0 (doze-zero). São classificados em absorvíveis e não absorvíveis.
- Fios absorvíveis: como o próprio nome indica, são absorvidos pelo organismo após determinado
período. O catgut é de origem animal (do intestino delgado dos bovinos), podendo ser simples ou
cromado. O catgut simples é indicado para os tecidos de rápida cicatrização, com absorção total em 2 a
3 semanas; o catgut cromado devido à impregnação com sais de ácido crômico, é totalmente absorvido
em 6 meses.
- Fios não absorvíveis: permanecem encapsulados (envolvidos por tecido fibroso) nas estruturas
internas e nas suturas de pele; devendo ser removidos entre o 7° e o 10° dia pós-operatório. Podem ser
de origem animal, como a seda; de origem vegetal, como o algodão e linho; de origem sintética, como o
nylon, perlon, poliéster; ou de origem mineral, como o fio de aço.
Para suturar as estruturas internas (tecidos internos e órgãos), utilizam-se os fios absorvíveis, sendo
que o algodão está indicado para ligar vasos sanguíneos e aponeurose, o fio de aço para suturar ossos
e os de origem sintética para a sutura de pele. A seda é geralmente utilizada nas pessoas que,
provavelmente, terão dificuldade no processo de cicatrização (obesos, desnutridos, diabéticos ou aqueles
com abdome volumoso), casos em que a sutura é realizada com pontos subtotais.
O sangramento de capilares pode ser estancado pela aplicação de substância hemostática no local.
Podemos citar, como exemplo, a cera para osso - utilizada para estancar o sangramento ósseo nas
cirurgias ortopédicas e neurocirurgias.
Outro recurso é o bisturi elétrico, que pode ser utilizado com a função de coagulação e secção (corte)
dos tecidos, através da aplicação local de descargas elétricas.

Organização da Mesa

A montagem da mesa cirúrgica tem o objetivo de facilitar e organizar o trabalho do cirurgião. É uma
forma de racionalizar o ato cirúrgico tornando-o mais eficiente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


34
A capacitação do trabalho do instrumentador é de grande importância para que ele possa atender às
necessidades do cirurgião e de seus ou seus auxiliares.
Para a montagem da mesa, o auxiliar e a instrumentadora, já paramentados, deverão escolher o local
da sala menos movimentado iniciando sistematicamente a organização da mesa cirúrgica.
As mesas auxiliares devem ser protegidas com uma folha de borracha que, ao mesmo tempo em que
amortece o choque dos instrumentos com o tampo metálico, impermeabilizando a cobertura da mesa que,
se molhada inadvertidamente por soro ou secreções, perderia seu poder de barreira antibacteriana, com
possibilidade de contaminação dos objetos sobre ela colocados.
Sobre folhas de borracha são colocados campos protetores esterilizados, após o que o circulante
deverá aproximar a caixa dos instrumentos sobre uma outra mesinha menor.
Dependendo da posição do cirurgião perante o paciente, a mesa será montada.
A mesa, caso o cirurgião esteja do lado esquerdo do paciente, deverá ser posicionada do lado direito
do paciente, ou seja, em cirurgias realizadas no andar inframesocólico em que o cirurgião deve se
posicionar ao lado esquerdo do paciente, a mesa deve ser arrumada da direita para a esquerda conforme
será descrito posteriormente.
Da mesma forma, caso a intervenção cirúrgica seja realizada no andar supramesocólico, o cirurgião
irá ocupar o lado direito do paciente, a mesa do lado esquerdo e sua organização é feita da esquerda
para a direita.
Uma posição comum encontrada em alguns centros cirúrgicos é a mesa do instrumentador sob o
paciente, eliminando-se assim a figura da instrumentadora (descrita adiante). A mesa poderá também
estar posicionada em 90º à mesa cirúrgica ou na extremidade inferior desta, ou então do lado do cirurgião
também eliminando o instrumentador.

Organização da mesa da direita para esquerda dividindo-se a mesa cirúrgica em doze partes ou
áreas:

Na área 1, coloca-se o bisturi com a lâmina para baixo a esquerda. Certas operações requerem tipos
especiais de bisturis.
Na área 2, são colocadas as tesouras curvas delicadas (“Metzenbaum”) e forte (“Mayo”) com as
pontas viradas para a instrumentadora e curvatura para baixo, contra a mesa.

Tesoura Metzenbaum Tesoura Mayo Stille Curva

Na área 3, são colocadas as pinças hemostáticas tipo “Kelly” do mesmo modo que as tesouras. De
preferência curavas e no mínimo de seis a oito. Como o sentido de tomada é da direita para a esquerda
por questão de economia de espaço acham-se sobrepostas, estando a da direita superiormente colocada
em relação às outras e assim sucessivamente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


35
Pinça Kelly Reta Pinça Kelly Curva

A área 4, também denominada de área de uso versátil; colocam-se instrumentos do tipo “Mixter” (2
a 4), “Moynihan” (2 a 4), e outros do tipo hemostático, de acordo com a cirurgia.

Pinça Mixter Moynihan Reta Moynihan Curva

Na área 5 será colocada a “Kocher” reta (4).

Na área 6 serão colocadas pinças com e sem dentes.


Na área 7 são dispostos os porta-agulhas (2), sendo a única exceção na mesa da instrumentadora,
que se coloca com os anéis para baixo. No caso, já segurando agulhas montadas. Note-se que a ponta
da agulha aponta para cima a fim de não furar o plano da mesa e não se contaminar.

Na área 8, colocam-se pinças de preensão de tipo “Babcock” (4), “Allis” (4) e “Duval” (2 a 4), ou outros
instrumentos complementares do mesmo tipo, ditados pelas necessidades da intervenção cirúrgica em
causa.

Pinça Babcock Pinça Allis Pinça Duval

Na área 9 coloca-se as pinças de campo “Backhaus”, no mínimo 4.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


36
Na área 10 colocam-se pinças, tesouras e porta-agulhas, longos.
Na área 11 serão colocadas compressas dobradas, que seguram fios pré-cortados como seda ou
algodão, e sobre ela ou outros tipos de fios e agulhas.
A área 12 é de uso versátil, neste caso apresentando agrafes.
Uma Segunda mesa que também poderá ser montada é a mesa do assistente. Esta é dividida em seis
partes sendo montada da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda dependendo da posição
do cirurgião no campo cirúrgico. Nesta mesa os cabos dos instrumentos são voltados para o auxiliar, pois
estes instrumentos são para uso próprio.

Instrumentador Cirúrgico5

O instrumentador é elemento fundamental na equipe cirúrgica.


Tem-se verificado que a mulher se adapta psicologicamente melhor do que o homem a esse tipo de
função. Por esse motivo, será ela o elemento central e mais enfatizado neste trabalho, o que não significa,
que isto não se aplica aos cirurgiões, auxiliares, entre outros.
Sua função primordial é fornecer o instrumental cirúrgico ao cirurgião e ao auxiliar, sendo possível
realizar as funções de segundo auxiliar quando o primeiro estiver ocupado.
A instrumentadora capacitada e bem treinada é peça fundamental no bom transcorrer do ato
operatório.
Deve ser agradável, gentil e amável e acatar as ordens do cirurgião e de seu auxiliar. Em ordem, ela
irá atender primeiramente ao cirurgião e posteriormente ao auxiliar.
É obrigação da instrumentadora e de todos os componentes da equipe cirúrgica denunciar qualquer
contaminação que possa ocorrer transgredindo as leis de assepsia.
Deverá conhecer a técnica empregada no ato operatório a fim de antecipar às ordens do cirurgião
quando solicitar um instrumento cirúrgico. Antes da cirurgia, juntamente com o auxiliar, deve certificar-se
que tudo está em ordem, desde os fios e agulhas, até os instrumentos especiais.
Não deve se distrair em nenhum momento do transcorrer da cirurgia, pois a antecipação às requisições
do cirurgião depende disso.

Em resumo, as atribuições principais de uma boa instrumentador são:


- Conhecer os instrumentos por seus nomes e colocá-los sobre as mesas auxiliares;
- Ser responsável pela assepsia, limpeza e acomodação ordenada e metódica dos instrumentos,
mantendo a mesa organizada mesmo no transcorrer da cirurgia;
- Entregar o instrumento com presteza ao sinal ou pedido verbal do cirurgião, colocando-o em sua mão
de forma precisa e exata para uso imediato;
- Intervir eventualmente, no campo operatório, como segundo auxiliar;
- Requerer às circulantes da sala o material necessário;
- Sincronizar tempos e ações manuais.

Como qualquer dos outros elementos da equipe, a instrumentadora deverá reger-se por normas de
conduta pertinente à sua posição, bem como guardar sigilo profissional.

Instrumentação6
O bloco cirúrgico é composto pelo cirurgião, anestesista, enfermeiro e, finalmente, pelo instrumentador.
É uma área de pouco trânsito no hospital, longe da área de contaminação e é onde todo o trabalho
cirúrgico do hospital deve concentrar-se. Ë importante criar uma rotina de trabalho nesse local, o que
minimiza o risco de erro. No bloco, deve haver um local com o material previamente solicitado pelo
cirurgião, separado pela enfermeira de sala. A estrutura do bloco é direcionada para o indivíduo destro.
Há a enfermeira circulante, encarregada de buscar materiais e exercer tarefas por todo o bloco
cirúrgico. Pode então deslocar-se por toda a sala. O 1o auxiliar tem a função de expor o campo
cirúrgico/operatório ao cirurgião, ficando do lado oposto a ele. Pode ainda realizar algum ato cirúrgico.
Cirurgias maiores necessitam de maior número de auxiliares. O anestesista deve ficar na cabeceira da
mesa de operação, monitorando o paciente anestesiado.
A mesa, antes de receber os instrumentos cirúrgicos, deve ser forrada por uma camada de borracha
e um campo duplo sobre essa lâmina. A colocação dos instrumentos na mesa de instrumentação dos
mesmos: diérese, preensão, hemostasia, exposição, especial e síntese.
5
http://www.acervosaber.com.br
6
MAGALHÃES, H. P. Técnica cirúrgica e cirurgia experimental. São Paulo: Ed. Sarvier, 1993.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


37
Muitas vezes, como em cirurgias grandes, coloca-se uma mesa auxiliar, que irá conter os instrumentos
de uso mais frequente. Uma mesa auxiliar muito usada é a mesa de Mayo.
Os instrumentos cirúrgicos vêm acondicionados em uma caixa metálica, de tamanho variado. A caixa
é aberta pela enfermeira circulante para que o instrumentador possa retirar o material.

SÍNTESE ESPECIAL EXPOSIÇÃO


DIÉRESE PREENSÃO HEMOSTASIA

Equipe Cirúrgica: As pessoas separadamente ao entrar na sala de cirurgia caso algumas deixa a sala
condição estéril será perdida, para que volte a sala deverá usar capote, vestir e calçar as luvas;
Circulante: é profissional de enfermagem que deverá ficar de apoio na cirurgia, porém ficara uma
distância segura dos campos estéreis;
Colocação do Campo: devem ser presos a superfície coberta e cobrir ambos os lados:
- Os campos esterilizados são mantidos na posição com o uso de pinças ou de material aderente, e
não devem ser movimentados durante a cirurgia;
- Material estéril, os pacotes devem serem abertos com facilidade, os braços de circulantes não devem
esbarrar em campos esterilizados;
- Soluções devem ficar na altura que não encostem nas luvas do cirurgião.
Posicionamento na mesa Cirúrgica: dependerá do procedimento a ser feito, bem como do estado
físico do paciente:
- Permanecer em uma posição confortável;
- A área cirúrgica deverá ficar exposta;
- Não deverá haver pressão sobre os vasos;
- Os suportes dos ombros devem ser acolchoados para evitarem a lesão do nervo, especialmente na
posição de Trendelemburg;
- Precauções de segurança devem ser observadas em pacientes: idosos, obesos ou magros;
- O paciente necessita de contenção gentil antes da indução e em caso de agitação também.

Posições Cirúrgicas:
1. Decúbito Dorsal: Braço ao lado da mesa com a palma da mão voltada para baixo, o outro é
cuidadosamente posicionado sobre um suporte para infusão venosa;
2. Posição de Trendelemburg: A posição é geralmente utilizada para cirurgias do abdômen inferior e
da pelve, pois promove a boa exposição da área deslocando os intestinos para o abdômen superior.
Nesta posição a cabeça e o corpo são rebaixados e os joelhos fletidos.
3. Posição de Litotomia: Deitado de costas e colchas flexionados em ângulo reto a posição é mantida
os pés nos estribos;
4. Cirurgias Renais: O paciente é colocado sobre o lado não operatório, na posição de Sims, com o
travesseiro de ar de 12,5 a 15cm.

Terminologias Cirúrgicas
Os principais objetivos da terminologia cirúrgica são:
- Fornecer, por meio da forma verbal ou escrita uma definição do termo cirúrgico;
- Descrever os tipos de cirurgia;
- Preparar os instrumentais e equipamentos cirúrgicos de forma apropriada para cada tipo de cirurgia.

Na terminologia cirúrgica, os termos são formados por um prefixo, que designa a parte do corpo
relacionada com a cirurgia, e por um sufixo, que indica o ato cirúrgico realizado, deste modo seguem
algumas raízes:

Prefixos + Sufixos
Oto - ouvido
Oftalmo - olho
Rino - nariz
Bléfaro - pálpebra
Adeno - glândula
Traqueo - traqueia

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


38
Cárdia - esfíncter esofagogástrico
Gastro - estômago
Êntero - intestino delgado
Cólon - intestino grosso
Hepato - fígado
Cole - vias biliares
Procto - reto e ânus
Espleno - baço
Laparo - parede abdominal
Nefro - rim
Pielo - pelve renal
Cisto - bexiga
Hístero - útero
Salpingo - tuba uterina
Colpo - vagina
Oóforo - ovário
Orquio - testículo
Ósteo - osso
Angio - vasos sanguíneos
Flebo - veia
Otomia - Abertura de um órgão com ou sem dreno.
Stomia - Fazer cirurgicamente uma nova boca.
Ectomia - Remover um órgão.
Ráfia - Suturar ou reparar.
Pexia - Fixação de um órgão.
Scopia - Olhar o interior.
Litíase - Cálculo.

Tipos de Cirurgias Terminadas em ECTOMIA


Apendicectomia - Retirada cirúrgica do apêndice vermiforme.
Cistectomia - Retirada da bexiga.
Colecistectomia - Remoção cirúrgica da vesícula biliar.
Craniectomia - Operação para retirar parte do crânio.
Esplenectomia - Retirada do baço.
Fistulectomia - Retirada da fístula.
Gastrectomia - Retirada total ou parcial do estômago.
Hemorroidectomia - Remoção das hemorroidas.
Histerectomia - Extirpação do útero.
Laringectomia - Extirpação da laringe.
Mastectomia - Retirada da mama.
Orquidectomia - Retirada dos testículos.
Pneumectomia - Remoção dos pulmões.
Prostatectomia - Remoção da próstata.
Retossigmoidectomia - Remoção do intestino reto e sigmoide.
Simpatectomia - Remoção cirúrgica de uma parte ou de um ramo do sistema nervoso simpático.
Tireoidectomia - Remoção da tireoide.

Tipos de Cirurgias Terminadas em RAFIA


Colporrafia - Sutura da vagina.
Gastrorrafia - Sutura do estômago.
Herniorrafia - Sutura da hérnia.
Palatorrafia ou estafilorrafia - Sutura da fenda palatina.
Osteorrafia - Sutura do osso ou colocação de fio metálico em osso.
Perineorrafia - Sutura do períneo.
Tenorrafia - Sutura do tendão.

Tipos de Cirurgias Terminadas em PEXIA


Hisperopexia - Fixação do útero na parede abdominal ou na vagina.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


39
Nefropexia - Fixação do rim na parede abdominal posterior.
Orquidopexia - Fixação do testículo no escroto.

Tipos de Cirurgias Terminadas em SCOPIA


Broncoscopia - Exame com visão direta dos brônquios.
Cistoscopia - Exame com visão direta da bexiga.
Colposcopia - Exame com visão direta da vagina.
Esofagoscopia - Exame com visão direta do esôfago.
Gastroscopia - Exame com visão direta do estômago.
Laringoscopia - Exame com visão direta da laringe.
Laparoscopia - Exame com visão direta dos órgãos abdominais.
Uretoscopia - Exame com visão direta da uretra.
Sigmoidoscopia - Exame com visão direta do sigmoide.

Tipos de Cirurgias Terminadas em OTOMIA


Artrotomia - Abertura cirúrgica de articulação.
Cardotomia - Operação de cortar a cárdia, em casos de estenose do esôfago.
Coledocotomia - Exploração e drenagem do ducto biliar.
Coledocolitotomia - Incisão do colédoco para retirar cálculo.
Hepatotomia - Incisão cirúrgica no fígado.
Flebotomia - Abertura da veia para colocação de Intracath.
Laparotomia - Abertura da cavidade abdominal.
Litotomia - Incisão de um órgão para retirar cálculo.
Osteotomia - Secção cirúrgica parcial, superficial ou profunda de osso, com objetivo terapêutico.
Pielotomia - Incisão do bacinete renal.
Toracotomia - Abertura do tórax.

Tipos de Cirurgias Terminadas em OSTOMIA


Cistostomia - Abertura da bexiga para drenagem de urina.
Colecistostomia - Incisão da vesícula biliar para drenagem.
Colostomia - Operação para formar abertura artificial no cólon.
Gastrostomia - Formação cirúrgica de fístula gástrica na parede abdominal para introduzir alimentos.
Ileostomia - Formação de abertura artificial no íleo.
Jejunostomia - Formação de abertura artificial no jejuno.

Tipos de Cirurgias Terminadas em PLASTIA


Artroplastia - Reconstrução da articulação com a finalidade de restaurar o movimento e a função da
mesma.
Queiloplastia - Repara os defeitos dos lábios.
Rinoplastia - Cirurgia plástica do nariz.
Toracoplastia - Cirurgia plástica do tórax.
Salpingolplastia - Operação plástica na trompa de falópio.

Terminologias Diversas
Enxerto - Transplante de órgãos ou tecidos.
Amputação - Operação para eliminar membro ou segmento de corpo necrosado.
Anastomose - Formação de comunicação entre órgãos ou entre vasos.
Artrodese - Fixação cirúrgica de articulação para fundir as superfícies.

O instrumentador cirúrgico deve saber a terminologia cirúrgica, pois o desempenho do seu trabalho
diário depende do conhecimento desta terminologia. A troca de um prefixo ou um sufixo poderá acarretar
erros graves no preparo do material.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


40
Centro Obstétrico7

A equipe deverá contar com um médico obstetra, enfermeira obstetra, médico anestesista,
neonatologista e técnica de enfermagem. Cada especialista possui um papel específico no Centro
Obstétrico:
Médico obstetra: responsável pela coordenação da equipe que atenderá a paciente. Avalia o
processo, orienta a gestante sobre o que deve ser feito realiza o parto normal e cesárea e presta
assistência nos dias seguintes ao parto.
Médico anestesista: é responsável por realizar a analgesia e/ou anestesia e assistir a paciente
durante todo o período do parto e pós-parto.
Médico neonatologista/pediatra: é quem recepciona o bebê no momento do nascimento. Ele é
responsável pelos primeiros cuidados e acompanha a evolução do recém-nascido durante os dias de
internação.
Enfermeira obstetra: responsável por receber a paciente no momento de sua internação, seja
cesárea ou parto normal. Ela avalia a gestante e entra em contato com o médico responsável, para
informá-lo sobre as condições clínicas e obstétricas e receber orientações. A enfermeira obstetra, junto
com o neonatologista, recepciona o bebê após o parto e participa dos primeiros cuidados. Também auxilia
na amamentação na primeira hora de vida, ainda no Centro Obstétrico.
Técnica de enfermagem: seu papel é o de acolher a gestante na sua chegada e realizar cuidados
prescritos pela equipe médica e pela enfermeira obstetra. No Centro Obstétrico é responsável pelo
preparo e organização dos materiais necessários para a realização do parto.

Questões

01. (Pref. Angra dos Reis/RJ - Auxiliar de Enfermagem - FEC/UFF) Os instrumentos cirúrgicos são
classificados de acordo com sua função. Assim, a pinça Kocher, o afastador Farabeuf, o trépano e a
agulha de sutura são chamados respectivamente de instrumentais:
(A) de dissecção, de exérese, de diérese e de sutura.
(B) de apoio, especiais, de síntese cirúrgica e de diérese.
(C) hemostáticos, auxiliares, de diérese e de síntese cirúrgica.
(D) especiais, auxiliares, de síntese cirúrgica e de bainha.
(E) de sutura, de dissecção, anatômicos e de exérese.

02. (ISGH/HRN - Enfermeiro - INSTITUTO CIDADES) A pinça Halstead pertence ao grupo de


instrumental:
(A) Hemostático.
(B) Diérese.
(C) Síntese.
(D) Exérese.

03. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - IBFC) Assinale a alternativa que contemple o nome do instrumental
representado na figura abaixo.

(A) Pinça de Balfour.


(B) Pinça de Backhaus.
(C) Pinça de Weitlaner.
(D) Pinça de Foerster.

04. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - IBFC) Para que os profissionais de saúde possam comunicar-se
entre si, de maneira mais fácil, foi criada uma terminologia específica. Assinale a alternativa que
contemple o significado correto do primeiro elemento da composição das palavras: adeno; blefaro;
colecisto; ooforo.

7
https://bitty.ch/nm478

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


41
(A) Adenóide; Baço; Cólon; Osso.
(B) Glândula; Pálpebra; Vesícula; Ovário.
(C) Vaso; Artérias; Útero; Ouvido.
(D) Rim; Meninges; Reto; Trompa.

05. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - IBFC) Considerando os tempos cirúrgicos, a fase que constitui a
secção tecidual e propicia o campo operatório ou libera estruturas anatômicas é a:
(A) Diérese.
(B) Síntese.
(C) Exérese.
(D) Hemostasia.

Gabarito

01.C / 02.A / 03.D / 04.B / 05.A

Comentários

01. Resposta: C
Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua função:
- Diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesouras, trépano;
- Hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;
- Síntese cirúrgica - geralmente utilizado para fechamento de cavidades e incisões, sendo o mais
comum a agulha de sutura presa no porta-agulha;
- Apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso de outros grupos de instrumentais, destacando-
se o afastador Farabeuf - afasta os tecidos e permite uma melhor visualização do campo operatório - e a
pinça anatômica, que auxilia na dissecção do tecido;
- Especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia, como, por exemplo, a pinça gêmea de
Abadie, utilizada nas cirurgias do trato digestivo.

02. Resposta: A
Nos hemostáticos agrupam-se todos aqueles destinados ao pinçamento de vasos sangrentos, como o
“Halsted”, “Kelly”, “Rochester”, “Moynihan” e outros.

03. D. As pinças de “Foerster” são úteis para a etapa de antissepsia do paciente.

Reta Curva

04. Resposta: B
PREFIXOS E SUFIXOS: Adeno - glândula, Oóforo - ovário, Bléfaro - pálpebra

05. Resposta: A
Tempo cirúrgico abrange, de modo geral, a sequência dos quatro procedimentos realizados pelo
cirurgião durante o ato operatório. Inicia-se pela diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos
através do bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


42
CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO (CME)

Definição89101112

A Central de Esterilização deve ser uma unidade de produção autônoma e independente do Centro
Cirúrgico, considerando-se uma atividade intermediária, pois possui vários clientes e fornecedores.

As principais finalidades da Central de Material Esterilizado (CME) são:


- Centralizar o material, esterilizado ou não, tornando mais fácil seu processamento, conservação,
manutenção e distribuição para as unidades de serviço;
- Executar técnicas de limpeza, preparo, empacotamento e esterilização, assegurando economia de
pessoal, material e tempo;
- Treinar pessoal para as atividades específicas do setor, conferindo-lhe maior produtividade;
- Facilitar o controle do consumo, qualidade do material e das técnicas de esterilização, aumentando
a segurança do uso;
- Oferecer subsídios para o ensino e o desenvolvimento de pesquisas;
- Manter reserva de material para o pronto atendimento das necessidades das unidades de serviço.

Na Central de Material Esterilizado (CME) é realizado o preparo de todo o material estéril a ser utilizado
no hospital. Para tanto, é composta pelas áreas de recepção, limpeza, preparo, esterilização, guarda e
distribuição dos materiais esterilizados utilizados pela equipe de saúde no atendimento ao cliente,
apresentando a vantagem de padronização das técnicas de processamento de material estéril,
contribuindo para a qualidade, favorecendo a economia de pessoal, material e tempo.
Na estrutura do estabelecimento de saúde, a CME é uma unidade importante porque oferece à equipe
de saúde materiais estéreis em condições adequadas ao seu desempenho técnico, bem como
proporciona ao cliente um atendimento com segurança e contribui para que a instituição proporcione uma
assistência com efetiva qualidade.
Alguns estabelecimentos de saúde preparam e acondicionam os materiais que cada unidade utiliza de
forma descentralizada; outros, centralizam todo o seu material para preparo na Central de Material que,
geralmente, constitui-se no método mais comumente encontrado, uma outra tendência é a terceirização
da esterilização de materiais, sendo utilizado principalmente o óxido de etileno, haja vista a necessidade
de condições de segurança especiais para sua instalação e manuseio.
Idealmente, a CME deve ter sua estrutura física projetada de forma a permitir o fluxo de materiais da
área de recepção à de distribuição, evitando o cruzamento de material limpo com o contaminado. Esses
cuidados na estrutura e fluxo proporcionam condições adequadas de trabalho à equipe de saúde,
diminuindo o risco de preparo inadequado do material, com presença de sujidade ou campos com cabelo,
linhas, agulhas de sutura e outras falhas.
Também em relação ao ambiente é importante que as paredes e o piso sejam de cor clara e fácil
limpeza e as janelas amplas, de forma a proporcionar uma iluminação que possibilite o bom trabalho na
unidade.
Quanto à localização, este serviço deve estar situado o mais próximo possível das unidades que mais
utilizam os seus materiais como o centro cirúrgico e obstétrico, o pronto-socorro e a terapia intensiva, o
que facilita a circulação dos mesmos. A distribuição do material estéril para o centro cirúrgico pode ser
realizada por monta-cargas ou carrinhos que propiciem a proteção do material estéril.
A adoção deste cuidado diminui, sobremaneira, a possibilidade de contaminação durante o trajeto
como os riscos de infecção que, além de outras complicações, acarretam sofrimento ao cliente, assim
como um tempo maior de internação.
Atualmente, em decorrência do avanço tecnológico, grande parte dos materiais hospitalares estão
sendo substituídos por materiais descartáveis, que apresentam as vantagens de estarem prontos para
uso, diminuindo a incidência de infecção hospitalar, com baixo custo para a instituição, e proporcionando
segurança e conforto tanto ao cliente como aos profissionais de saúde.

8
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAf7hsAL/enfermagem-centro-cirurgico-enfermagem-cc04
9
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABhUwAE/manuseio-material-esteril
10
MANGANARO, M. M. et al. Enfermagem na Saúde do Adulto. In: MURTA, G. F.. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 3. ed rev. E
amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2007.
11
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad3.pdf
12
https://bitty.ch/31zjp

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


43
Áreas

A Central de Material Esterilizado (CME) compreende as seguintes áreas: Expurgo, Preparo de


materiais, Esterilização, Armazenamento e distribuição.

Expurgo
Área onde é feita a recepção, limpeza e desinfecção de todo o material contaminado e sujo da Unidade
de Saúde, logo após o seu recebimento e nos horários preconizados na rotina do serviço de saúde.
A padronização de horários no recebimento do material é importante para organizar a dinâmica do
trabalho e favorecer o funcionário no desenvolvimento das rotinas técnicas. É fundamental o uso de
Equipamento de Proteção Individual (EPI) durante todas as etapas do preparo dos artigos para o processo
de esterilização.

Preparo de Materiais
Área onde é feita a revisão, seleção, preparo e acondicionamento do material utilizado em toda
Unidade de Saúde. As rotinas devem ser realizadas utilizando EPI.
Deve possuir amplitude suficiente para abrigar a quantidade e a diversidade dos materiais da Unidade
de Saúde. A iluminação deve ser adequada para permitir a perfeita triagem, revisão e seleção do material,
combinando luz natural com luz artificial, evitando sombras e reflexos.
A escolha da embalagem deve ser realizada de acordo com o tamanho, forma e utilização do material,
sempre levando em conta o padronizado pela Comissão de Controle de Infecção-CCI-SMS. O conteúdo
das embalagens é padronizado por tipo de procedimento.
É imprescindível fazer o levantamento do uso diário de material pelas unidades de serviço, e elaborar
o controle interno de material a ser esterilizado. Serão encaminhados à área de esterilização os pacotes
necessários à reposição do estoque da área de distribuição, evitando-se o acúmulo de materiais
esterilizados nesta área.
Cada pacote a ser esterilizado deve ser identificado durante o preparo com nome do funcionário, tipo
de artigo e data do preparo.

Esterilização
Área onde estão localizados os equipamentos de esterilização, principalmente autoclaves e estufas,
as quais deverão ser em número suficiente para atender a demanda dos materiais necessários à Unidade
de Saúde e em condições adequadas de limpeza interna e externa.
Deve ter espaço suficiente para instalação dos equipamentos e para a colocação e retirada de carga
de material. Devido ao risco de queimaduras pelo contato com o equipamento e materiais quentes,
recomenda-se o uso de luvas antitérmicas de cano longo para proteção de mãos e braços.

Armazenamento e Distribuição
Área que centraliza todo o material processado e esterilizado, para posterior distribuição às unidades
consumidoras. Para o material conservar sua condição estéril, o ambiente deve oferecer condições
adequadas de armazenamento que evitem riscos de recontaminação. Área restrita aos funcionários que
aí trabalham, diminuindo a circulação de pessoas e consequentemente a contaminação do ambiente.
Sendo importante estabelecer uma rotina de entrega ou distribuição dos artigos processados.

Fluxo do Processamento de Material Esterilizado

Os materiais das diferentes unidades chegam ao CME através da área de recepção. De acordo com
a rotina da instituição, os materiais recebidos são anotados em um caderno ou ficha de controle pertinente
a cada unidade. Os que estiverem limpos são encaminhados para a área de acondicionamento, onde
serão preparados; os sujos, ficam no expurgo, para lavagem.
No expurgo ocorre o processo de lavagem do material sujo encaminhado ao CME. A atuação do
expurgo é muito importante, pois se o material não for lavado de forma correta, a esterilização não se
processa adequadamente; consequentemente, permanecerá contaminado, oferecendo riscos ao cliente.
Os materiais sujos de matéria orgânica (sangue, pus e outras secreções corpóreas) devem ficar
imersos em detergentes enzimáticos por cerca de 3 a 5 minutos (ver recomendação do fabricante), tempo
necessário para desagregar a matéria orgânica. Devem ser colocados abertos ou desconectados em
recipiente não-metálico, tendo-se o cuidado de evitar que materiais diferentes (borracha, instrumentais,
vidros) sejam postos no mesmo recipiente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


44
Após esta etapa, a limpeza do material pode ser feita com água, sabão e escova de cerdas, ou através
de máquinas de limpeza, já que os abrasivos como esponja de aço ou saponáceo danificam o material.
Para cada tipo de material existe uma técnica de lavagem que assegurará que o mesmo chegue à área
de preparo em perfeitas condições de limpeza.
Durante a lavagem, devem-se escovar as ranhuras, articulações e dentes de cada pinça, bem como
injetar as soluções no interior das cânulas e sondas.
Após o enxague, em que todo o sabão deve ser retirado, os materiais devem ser secos com pano,
máquina secadora ou ar-comprimido e, posteriormente, encaminhados para a área de preparo.
Nesta área, é indispensável o uso de equipamento de proteção individual (EPI) constituído por luvas
grossas de cano longo, óculos de proteção, máscara e avental impermeável longo; além disso, deve-se
proteger o calçado com algum tipo de capa, ou utilizar botas de borracha, o que favorece a proteção dos
pés.
Esses cuidados são absolutamente necessários pelo fato de que o material a ser lavado é considerado
contaminado; assim, devem-se tomar todas as precauções para evitar a contaminação do funcionário.
Os funcionários da área de preparo de material são responsáveis pela inspeção da limpeza, condições
de conservação dos materiais e funcionalidade dos instrumentais, bem como o acondicionamento e
identificação dos pacotes, caixas e bandejas. Entre suas atividades, cabe separar os materiais
danificados, para posterior substituição.
Durante o desempenho de suas funções, é recomendável que os mesmos utilizem gorro ou touca
descartável, para evitar a queda de fios de cabelo nos materiais; além disso, devem sempre manipular o
material com as mãos limpas.
Na área de preparo os materiais são, preferencialmente, agrupados por tipo de material: vidros, tecido
(roupas e campos), instrumental e borrachas.
Os aventais ou capotes, bem como os campos cirúrgicos e fenestrados, são recebidos da lavanderia
e encaminhados diretamente ao setor de preparo para serem inspecionados, dobrados e acondicionados.
Na inspeção, devem ser observadas sujidades, rasgos e ausência de cadarços ou amarrilhos.
Os campos cirúrgicos e fenestrados são dobrados ao meio, no comprimento; depois, transversalmente
(de cima para baixo). O processo deve ser finalizado dobrando-se a ponta superior externa duas vezes
na diagonal - as aberturas devem estar voltadas para o lado oposto ao do executante, e as dobras para
cima.
Os aventais são dobrados de forma que as mangas fiquem ao longo do corpo do avental; a abertura
das costas, para o lado externo e a ponta da gola, com os amarrilhos, para cima.
Os campos de algodão devem ser duplos e, quando novos, lavados para a retirada do amido (goma).
Os invólucros de papel não devem ser reaproveitados devido ao perigo de se rasgarem.
O pacote deve ser feito de forma a envolver todo o material - evitando-se deixá-lo frouxo - para que
este, quando esterilizado, não se contamine ao entrar em contato com o meio ambiente. O peso do pacote
deve se situar em torno de 5 quilos e seu tamanho não deve exceder as medidas de 50x30x30cm.
Os instrumentais cirúrgicos, após verificação de sua limpeza, conservação e funcionamento, serão
acondicionados em caixa metálica perfurada ou bandeja de aço inoxidável, empacotada em campo de
algodão.
Para evitar perfurações durante o manuseio destes materiais, bem como conservar a sua integridade,
as tesouras e pinças mais delicadas devem ser protegidas com gaze ou compressa pequena e postas na
parte superior da caixa ou bandeja. Por sua vez, as agulhas, porta-agulhas, pinças de campo e pinças
para antissepsia devem ser organizadas de acordo com o tipo de cirurgia.
As agulhas metálicas, utilizadas em alguns procedimentos especializados, são acondicionadas em
tubo de ensaio com uma bola de algodão no fundo - para proteger suas pontas - e outra na boca do tubo
- para fechá-lo.
Os materiais de borracha e cânulas siliconizadas de baixa pressão são acondicionados,
individualmente, em envelope de poliamida ou papel grau cirúrgico. As extensões de borracha devem
estar enroladas e presas com uma tira de gaze e acondicionadas em campo de algodão ou em envelope
de poliamida ou papel grau cirúrgico.
Em algumas instituições, os materiais de corte e as agulhas são acondicionados, separadamente, em
bandeja ou caixa.

Ao empacotar os materiais, o invólucro utilizado deve possibilitar tanto a penetração do agente


esterilizante como mantê-los protegidos até o momento do uso; portanto, faz-se necessário verificar a
adequação do tipo de invólucro com o processo de esterilização:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


45
- Na autoclave - são utilizados campos de tecido de algodão, papéis (grau cirúrgico e kraft), filme
poliamida transparente e caixa metálica perfurada embalada em campo, para permitir a livre circulação
do vapor;
- Na estufa - são utilizadas lâminas de alumínio, recipiente de vidro refratário e caixa metálica fechada;
- No esterilizador de óxido de etileno - são utilizados filme poliamida transparente e papel grau
cirúrgico.

O fechamento do pacote, bandeja ou caixa depende do invólucro e do processo de esterilização a que


será submetido. Nos pacotes embalados com filme poliamida e papel grau cirúrgico o fechamento é feito
por seladora; nos demais, com fita crepe simples, evitando-se deixar aberturas - esta mesma fita é
utilizada para identificar o pacote e colocar a assinatura do responsável pelo fechamento.
Existe uma outra fita crepe especial que deve ser colocada no pacote - a qual apresenta listras que,
quando submetidas à ação do calor, ficam escuras, identificando que o material foi submetido a processo
de esterilização.
A área de esterilização, como o próprio nome diz, é o local destinado à esterilização dos materiais,
pois nela se encontram instalados os equipamentos necessários a este processo. Aos funcionários que
trabalham nesta área é recomendado o uso de roupa privativa ao setor, bem como luva de amianto para
manuseio do equipamento e material - quando os mesmos estiverem quentes, para evitar queimaduras.

Meios de Esterilização

Físico: calor seco (Estufa, Flambagem e Fulguração); Calor úmido (Fervura e Autoclave); Radiações
(Raios alfa, Raios gama e Raios x).
Químico: desinfetantes - Para conseguir-se a esterilização, há vários fatores importantes: Das
características dos microrganismos, o grau de resistência das formas vegetativas; a resistência das
bactérias produtoras de esporos e o número de microrganismos e da característica do agente empregado
para a esterilização.
Esterilização pelo calor: a susceptibilidade dos organismos ao calor é muito variável e dependem de
alguns fatores, e dentre eles citamos:
- Variação individual de resistência;
- Capacidade de formação de esporos;
- Quantidade de água do meio;
- ph do meio;
- Composição do meio.

As principais formas de esterilização são:


- Por vapor saturado sob pressão: o aparelho utilizado para este processo é a autoclave, composta
por uma câmara - na qual se acondiciona o material, por uma válvula na porta - que mantém a pressão
interna mediante instrumentos que medem a pressão e a temperatura. Seu funcionamento combina a
ação do calor, pressão e umidade na destruição de microrganismos, por agirem na estrutura genética da
célula.
A autoclave funciona sob pressão de 1 a 18 atmosferas, dependendo do equipamento. O tempo de
exposição do material ao vapor varia de acordo com o seu tipo, temperatura e pressão atmosférica.
De forma geral, para o material de superfície, o tempo necessário é de 30 minutos em temperatura de
121ºC ou 15 minutos em temperatura de 134ºC; para o material de densidade, 30 minutos em temperatura
de 121ºC ou 25 minutos em temperatura de 134ºC.
Este tipo de esterilização está indicado para todo material resistente ao calor úmido, como tecidos
(aventais, campos cirúrgicos, campos fenestrados), materiais de borracha e de metal. É contraindicada
para materiais termossensíveis, como cateteres e materiais de terapia respiratória.
Após o material ser colocado na autoclave, inicia-se a drenagem do ar dentro da câmara e do ar
residual dentro dos pacotes, para que o vapor possa entrar em contato com os materiais neles contidos.

Para assegurar a correta esterilização dos materiais, faz-se necessária a adoção de alguns cuidados
que facilitam a circulação e penetração do vapor no material, tais como:
- Utilizar somente 80% da capacidade de armazenamento da câmara, com materiais que requeiram o
mesmo tempo de esterilização;
- Evitar que os pacotes encostem nas paredes do aparelho e entre eles;
- Colocar os pacotes maiores na parte inferior e os menores na parte superior do aparelho, dispondo
os jarros, bacias e frascos com a boca para baixo, para facilitar a remoção do ar e do vapor.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


46
Para se verificar se a esterilização dos materiais está realmente ocorrendo, deve-se observar se a
pressão e a temperatura estão nos níveis programados, durante todo o ciclo. Caso isto não ocorra, o
processo deve ser interrompido e a manutenção do aparelho deve ser solicitada.
Ao término do ciclo deve-se entreabrir a porta do aparelho por um período de 5 a 10 minutos, para a
completa secagem dos pacotes e materiais pelo calor das paredes da câmara.
Finalmente, os pacotes devem ser retirados e só colocados em superfícies frias após perderem
completamente o calor, para evitar a formação de umidade ao contato. Complementando o processo, os
pacotes devem ser datados e encaminhados para a sala de armazenamento.

Importante:
- Observar a disposição dos pacotes dentro da câmara, de modo que o vapor possa circular entre
todos eles;
- Respeitar espaçamento de 2 cm entre os pacotes e destes para as paredes da câmara;
- A carga não deve ultrapassar 80% da capacidade total da câmara da autoclave;
- Não retirar da câmara os pacotes molhados;
- Os pacotes quentes não devem ser tocados ou colocados em superfícies frias;
- Método mais recomendado.

- Por calor seco: este processo é realizado através de um aparelho denominado estufa, no qual o
calor seco é irradiado das paredes laterais e de sua base para destruir os microrganismos.
A estufa possui uma câmara, para acondicionamento do material, e equipamentos para medirem a
temperatura e controlarem o tempo. Seu uso é limitado, porque o calor seco não é tão penetrante como
o calor úmido e a sua distribuição dentro da câmara não se realiza de modo uniforme.
Como existem várias controvérsias em relação ao tempo necessário e a eficácia deste método, o seu
uso é recomendado apenas para pós, óleos e graxas (vaselina líquida ou gaze vaselinada).
Na impossibilidade de proceder à esterilização pelo método de vapor saturado sob pressão, o uso do
calor seco (estufa) pode ser uma possibilidade - atentando para os cuidados específicos. A temperatura
pode variar de 120oC a 200°C, dependendo do material a ser esterilizado e tempo de exposição.

Para garantir a eficácia da esterilização e integridade dos materiais, recomenda-se:


- Colocar pequena quantidade de instrumental nas caixas e utilizar apenas 80% da capacidade da
estufa, com materiais que requeiram o mesmo tempo de exposição;
- As caixas maiores devem ser colocadas sobre as menores, o que melhora a condução do calor.
Jamais se deve encostar as caixas nas paredes da estufa ou dispor os materiais no centro da mesma -
por ser um local de concentração de pontos frios -, bem como abrir a estufa durante o processo de
esterilização.

Decorrido o tempo programado para a esterilização, o aparelho deve ser desligado e o material esfriado
com a estufa fechada. Após, deve ser retirado e as bordas das caixas e vidros vedadas com fita adesiva.
Finda a última esterilização do dia, limpar com pano úmido a câmara interna da autoclave e estufa e
enxugar, repetindo o mesmo procedimento na superfície externa.

Importante:
- Requer longos períodos de exposição e temperatura mais elevada;
- As caixas metálicas devem conter poucos artigos e devem estar dispostas lado a lado sem encostar
umas nas outras;
- Não se recomenda utilizar o centro da estufa porque a distribuição do calor é lento, não é uniforme e
não alcança os pontos frios;
- A capacidade total não deve ultrapassar a 2/3 da câmara;
- Utilizar termômetro de bulbo com ponta localizada centralmente na câmara (ponto frio), para
monitorar o alcance da temperatura indicada no termostato;
- Método de esterilização não recomendado.

- Esterilização por óxido de etileno: os materiais indicados para este tipo de esterilização são os
termossensíveis, como os marca-passos, próteses, instrumentais de hemodinâmica, acessórios de
respiradores, materiais com fibras óticas, cânulas siliconizadas de baixa pressão e materiais de borracha.
O ciclo de esterilização compreende o vácuo inicial, a pré-umidificação, a entrada do gás na câmara,
o tempo de exposição, a exaustão do gás e a aeração mecânica, que tem por objetivo remover os resíduos
de gás através da circulação de ar filtrado por todo o material esterilizado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


47
Os materiais a serem esterilizados devem estar totalmente secos e dispostos de forma que mantenham
um espaço entre si. Após fechar o aparelho, aguarda-se até que o mesmo atinja os valores adequados
de concentração do gás, temperatura e umidade; somente então se inicia a contagem do tempo de
exposição. Complementando o processo, ajusta-se o tempo de aeração de acordo com as orientações
do fabricante.
Como o óxido de etileno é um gás tóxico e carcinogênico, o operador responsável pela remoção do
material da câmara deve, obrigatoriamente, fazer uso de avental, gorro, máscara e luvas de proteção - o
que o protegerá do contato com o gás.

- Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio: geralmente, o plasma de peróxido de


hidrogênio é utilizado em clínicas de pequeno porte, em vista de sua fácil instalação, ter um tempo de
esterilização de 1 hora e ocupar menor área física.
O aparelho realiza a esterilização em 5 fases consecutivas: vácuo, injeção, difusão, plasma e exaustão.
O cassete de peróxido de hidrogênio é introduzido no aparelho e, após o término do processo, é
automaticamente descartado em recipiente próprio.
Os materiais esterilizados por este processo são os metais, vidros, acrílicos, borrachas e plásticos,
que devem estar acondicionados em embalagem isenta de compostos de celulose.

- Esterilização por agentes químicos líquidos: esta esterilização é recomendada apenas na


impossibilidade de uso dos demais métodos, pois estes produtos exigem um tempo de exposição muito
longo, enxague em solução estéril (água destila estéril), secagem em campos estéreis e uso imediato.
Durante o processo, a manipulação exige técnica asséptica.
O material precisa estar limpo e seco para evitar alteração na concentração da solução, a qual deve
ser renovada sempre que houver alteração da coloração, presença de depósito ou vencimento da
validade da diluição do produto, conforme as especificações do fabricante.
Recomenda-se, também, evitar colocar no mesmo recipiente materiais de composição diferente, em
vista da possibilidade de corrosão.
Este método de esterilização requer alguns cuidados simples, que mesmo assim, muitas vezes, não
são seguidos. É importante que seja selecionado um recipiente de vidro ou plástico com tampa e de
tamanho adequado à quantidade de material; em seguida, após a colocação do material para
esterilização, o recipiente deve ser tampado e iniciada a contagem do tempo de exposição, conforme as
especificações do fabricante.
Ao término do processo, retirar os materiais da solução com técnica asséptica e enxaguá-los
abundantemente, inclusive o interior dos tubos e cateteres; complementando o processo, enxugar com
compressas esterilizadas, acondicionar os materiais em invólucros estéreis e encaminhá-los para uso
imediato.
Ao término de todos os processos de esterilização, com exceção do efetuado por agentes químicos
líquidos, os materiais vão para a sala de armazenagem e distribuição. Dependendo da estrutura da
instituição, ficam estocados na CME, sendo distribuídos de acordo com a solicitação, ou nas próprias
unidades de internação.
A sala de armazenagem e distribuição se destina, obviamente, apenas para o armazenamento e
distribuição de material esterilizado; portanto, deve-se ter o cuidado de, em nenhum momento, receber
material contaminado nesta área.
É importante que a mesma esteja equipada com armários fechados para guardarem os materiais de
maior permanência, e suportes com cestos ou prateleiras para os de distribuição diária. Os que possuem
prazo de validade mais próximo do vencimento devem ficar colocados na parte de cima ou na frente, a
fim de que se promova a rotatividade dos pacotes, evitando-se a armazenagem de material com prazo
de validade vencido.
Quando a esterilização é realizada por autoclave e estufa, o prazo de validade dos materiais
esterilizados é de 7 dias; por óxido de etileno, de 1 ano. Estes prazos variam conforme as condições de
guarda do material, observando-se alterações da integridade do invólucro (rasgo, não presença da fita de
identificação de esterilização, presença de umidade, violação do lacre). Nestas condições e/ou vencido o
prazo de validade, os materiais são retirados da embalagem e novamente acondicionados e esterilizados.

Qualificação do Processo de Esterilização

O processo de esterilização, qualquer que seja o método empregado, é de importância fundamental


para a qualidade da assistência oferecida. Embora as técnicas empregadas sejam de fácil aprendizado e
execução, a responsabilidade da equipe técnica de saúde sobre o processo em todas as suas fases é

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


48
inequívoca. A liberação de um artigo para o uso deve estar aliada à certeza da segurança para o usuário
(pacientes e profissionais da área de saúde).

A qualificação utiliza:
- Indicadores mecânicos: tratam-se dos manômetros, manovacuômetros e termômetros instalados
no painel do equipamento;
- Indicadores químicos: indicadores da exposição do artigo ao processo de esterilização.
O Teste Bowie & Dick (folha impregnada com tinta termoquímica) é utilizada para autoclave pré-vácuo;
a fita termossensível (fita zebrada) muda de cor quando exposta à temperatura elevada, sendo utilizada
em todos os pacotes com tamanho mínimo de 5cm.
- Indicadores biológicos: únicos que asseguram a qualidade efetiva da esterilização (Ex.: Attest);
realizado semanalmente.
Os equipamentos devem ser qualificados para cada novo ciclo e novo tipo de carga a ser esterilizado.

Limpeza, Descontaminação, Desinfecção e Esterilização de Artigos Hospitalares

Limpeza13
É o processo mecânico de remoção de sujidade, mediante o uso de água, sabão e detergente neutro
ou detergente enzimático para manter em estado de asseio os artigos e superfícies.
A limpeza constitui, ainda, o primeiro passo nos procedimentos técnicos de desinfecção e esterilização,
considerando que a presença de matéria orgânica protege os microrganismos do contato com agentes
desinfetantes e esterilizantes.

Descontaminação
É o processo de eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos e superfícies, tornando-os
aptos para o manuseio seguro.

Desinfecção
É o processo físico ou químico de destruição de microrganismos, exceto os esporulados. É realizada
por meio físico - através da água quente (60 a 90ºC) ou em ebulição - e pelo meio químico, com produtos
denominados desinfetantes.

Esterilização
É o processo de destruição de todos os microrganismos, inclusive esporulados, a tal ponto que não
seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão.
A probabilidade de sobrevida do microrganismo no item submetido ao processo de esterilização é
menor que uma em um milhão (10/6).
A esterilização é realizada pelo calor, germicidas químicos, óxido de etileno, radiação e outros.

Artigos
São os instrumentos, objetos de natureza diversa, utensílios (talheres, louças, comadres, papagaios e
outros), acessórios de equipamentos e outros.

Superfícies
Os mobiliários, pisos, paredes, portas, tetos, janelas, equipamentos e demais instalações.

Limpeza de Superfícies14

Para que haja um controle e diminuição da infecção hospitalar, higiene é a primeira maneira de tratar
os micro-organismos, impedindo, dessa forma, a sua proliferação.

Objetivos:
- Promover a remoção de sujidade;
- Reduzir a população microbiana;
- Diminuir o risco de contaminação no ambiente hospitalar.

13
Conteúdo extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação Geral das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de
Janeiro. Orientações gerais para Central de Esterilização. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
14
Conteúdo extraído de ZORZE, Cleide Maria Ferreira da Silva; Karagulian, Patrícia Partamian. Biossegurança em Enfermagem. In: MURTA, Genilda Ferreira.
Saberes e Práticas: Guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 3. ed. rev. e amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão, 2007. v. 1.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


49
Classificação
- Limpeza Concorrente: realizada diariamente com água e sabão para remover poeira e sujidades
acumuladas ao longo do dia em superfícies horizontais do mobiliário e em materiais;
- Limpeza Terminal: realizada com desinfetante quando o leito é desocupado em razão de alta, óbito
ou transferência do paciente, ou no caso de internação prolongada.

Classificação e Processamento de Artigos

Os artigos hospitalares são definidos de acordo com o grau de risco de aquisição de infecções nas
seguintes categorias: críticos, semicríticos e não críticos. Esta classificação norteará a escolha do
processo de desinfecção ou esterilização a ser utilizado.

Artigos Críticos: possuem alto risco de infecção se estiverem contaminados com quaisquer
microrganismos ou esporos (forma de resistência). São artigos que entram em contato direto com tecidos
ou tratos estéreis (penetram nos tecidos subepiteliais, no sistema vascular e em outros órgãos isentos de
flora microbiana própria, bem como aqueles diretamente conectados com eles): agulhas; roupas;
instrumentos cirúrgicos; soluções injetáveis. Devem ser submetidos ao processo de esterilização.

Artigos Semicríticos: entram em contato com a pele não íntegra e membranas mucosas:
equipamentos de anestesia gasosa; endoscópios. Devem ser submetidos, no mínimo, à desinfecção. Em
algumas circunstâncias, a esterilização é desejável devido ao risco do artigo tornar-se crítico, como em
lesões acidentais de mucosas. Dificuldades técnicas e riscos inerentes ao processo de desinfecção
química também concorrem para a indicação da esterilização.

Artigos não críticos: Aqueles que entram em contato com pele íntegra: termômetro clínico;
incubadoras; artigos de higiene. Requerem apenas limpeza com água e sabão (por limpeza entende-se
a completa remoção da sujidade presente nos artigos, utilizando água, detergente e ação mecânica -
utilizando água morna e detergente enzimático potencializa-se a efetividade da limpeza) complementada
opcionalmente com desinfecção de baixo nível (elimina a maioria das bactérias, alguns vírus e fungos,
mas não elimina microbactérias). Ex.: desinfetante de nível intermediário: álcool a 70%
Esta medida tem por objetivo bloquear a transmissão de microrganismos.

Observações: considerar todo artigo como contaminado e manusear com equipamentos de proteção
individual (EPI).

Tabela 1. Exemplos de Artigos com a Respectiva Classificação:

CRÍTICOS SEMICRÍTICOS NÃO CRÍTICOS


Inaladores, máscaras de
Metais sem/fio de corte;
nebulização, extensores
Metais sem/motor; Termômetro.
plásticos, ambu, cânula de
Instrumental cirúrgico.
Guedel, acronebulização.
Válvulas de ambu com
Tecido para procedimento Esfigmomanômetro coberto por
componentes metálicos,
cirúrgico (ex.: enxerto vascular) plástico.
máscara de ambu.
Circuitos de respiradores, Esfigmomanômetro coberto por
PVC, nylon, plástico
máscaras de ambu. brim.
Lâmina de Laringoscópio (sem
Tubos de látex, Acrílico,
lâmpada), Lâmpada do Cabo de Laringoscópio.
Silicone, teflon.
Laringoscópio.
Vidraria e borracha para Espéculos vaginais, nasais,
Comadres e patinhos.
aspiração. otológicos (metálicos).
Endoscópios do trato digestivo e
Peças de mão dos motores. Bacias, cubas, jarros e baldes.
respiratório.
Mamadeira, bicos de
Fibra óptica: endoscópios, Recipientes para guardar
mamadeira, utensílios plásticos
artroscópios, laparoscópios, mamadeiras e bicos já
para preparo das mamadeiras,
aparelho de citoscopia. processados e embalados.
copos e talheres.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


50
Processamento de Artigos Hospitalares

Todo processo de desinfecção ou esterilização deve ser precedido pela limpeza e secagem rigorosas
dos artigos, devendo todo artigo sujo com sangue ou secreções ser considerado contaminado.
A imersão de artigos sujos em soluções germicidas possui limitações; o nível de proteção oferecido
por este processo é desconhecido, uma vez que todas estas soluções sofrem redução de atividade, em
maior ou menor grau, em presença de matéria orgânica.
Além desta, outras desvantagens podem ser citadas, como: o alto custo envolvido, a impregnação da
matéria orgânica nos artigos, a toxicidade dos produtos e o aporte de grandes volumes de desinfetantes
na rede de esgoto, acarretando possíveis danos ambientais.
Falhas na limpeza dos artigos impedem a esterilização, pois sujeira e gordura atuam como fatores de
proteção para os microrganismos, agindo como barreira para contato com agentes esterilizantes
químicos, físicos ou físico-químicos.
A limpeza de artigos deve ser feita, preferencialmente, por equipamentos que utilizem processos
físicos, como lavadoras termodesinfectadoras, pois promovem limpeza e descontaminação simultâneas,
reduzindo a manipulação do material contaminado.
Detergentes enzimáticos facilitam a ação mecânica, reduzindo, potencialmente, os riscos
ocupacionais. Agem removendo a matéria orgânica, são atóxicos e biodegradáveis.
Na ausência do detergente enzimático, os instrumentais deverão sofrer exposição à água morna e
corrente. Estes artigos deverão estar, preferencialmente, em cestos aramados para minimizar a
manipulação do material contaminado e reduzir a produção excessiva de aerossóis.
Além das lavadoras que utilizam jatos de água quente, existem lavadoras ultrassônicas, nas quais a
ação desincrustante do detergente enzimático é potencializado pelo ultrassom.
Na impossibilidade de tais processos, efetuar lavagem manual por fricção, auxiliada por escova ou
esponja. Este método deve ser utilizado após a imersão do artigo em desincrustante, preferencialmente,
enzimáticos.
O enxágue deverá ser feito em água corrente.
A água que abastece as Centrais de Esterilização deve ter qualidade diferenciada. Para este setor,
não basta obedecer aos padrões de potabilidade, pois, muitas vezes, a água em uso é potável, porém
está impregnada de metais pesados e cloro, o que acelera a corrosão dos metais.

Produtos Utilizados para Limpeza

Detergente enzimático: são detergentes compostos por enzimas, geralmente proteases, lipases e
amilases, que promovem, simultaneamente, a dispersão, solubilização e emulsificação, removendo
substâncias orgânicas das superfícies dos artigos. São biodegradáveis, neutros concentrados, não
oxidantes, com ação bacteriostática e, portanto, não promovem desinfecção.

Detergente não enzimático (Desincrustante): detergente de baixa alcalinidade à base de


tensoativos aniônico ou em associação de tensoativos aniônicos e não iônicos (nonilfenóis), cuja
formulação coadjuvante é à base de polifosfato, agente alcalinizante e agentes antioxidantes.

Descontaminação
- Baseada na natureza do artigo e na disponibilidade de recursos;
- Fricção com esponja, pano ou escova embebida em solução desinfetante;
- Imersão em solução desinfetante;
- Pressão de jatos d’água quente (temperatura entre 60 a 90ºC por 15 minutos).

Enxágue
- Água potável e corrente.

Secagem
- Pano limpo e seco;
- Estufa (regulada para este fim);
- Ar-comprimido;
- Secadora de ar quente/frio.

Armazenagem
- Armário limpo, seco e fechado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


51
Desinfecção

Meio Físico
Água em ebulição (desinfecção de alto nível)
- Tempo: 30 minutos;
- Artigos termo resistentes;
- Ferver a água durante 10 minutos sem a presença do artigo;
- Imergir o artigo quando a água estiver em ebulição;
- Usar pinças desinfetadas para retirar os artigos;
- Usar luvas de amianto de cano longo.

Meio Químico
- Imergir o artigo em solução desinfetante (fricção, se não puder emergir);
- Usar EPI;
- Preencher o interior dos tubos e reentrâncias;
- Observar tempo de exposição, de acordo com o fabricante;
- Manter os recipientes tampados;
- Observar a validade do produto;
- Enxaguar com água potável (múltiplos enxágues);
- Secar e acondicionar.

Níveis e Tipos de Desinfecção

Conforme Spaulding, os desinfetantes são classificados em 3 (três) níveis de ação: alto, médio e baixo,
baseado na susceptibilidade dos microrganismos.

Desinfecção de Alto Nível


Procedimento eficaz contra todas as formas vegetativas, destruindo também uma parte dos esporos,
quando utilizamos entre 10 e 30 minutos.
Os desinfetantes de alto nível, em um tempo relativamente longo - 6 a 10 horas - são capazes de
realizar esterilização.
Destrói todas as bactérias vegetativas - mas não, necessariamente, todos os esporos bacterianos, as
microbactérias, os fungos e os vírus.

Produtos utilizados:
- Glutaraldeído;
- Solução de Peróxido de Hidrogênio;
- Hipoclorito de sódio (1000ppm);
- Cloro e compostos clorados;
- Ácido peracético;
- Orthophtalaldeído;
- Água superoxidada;
- Pasteurização 75o C a 30 minutos.

Obs.: tempo de exposição > ou = 20 minutos

Desinfecção de Nível Intermediário (Médio)


Procedimento que destrói os microrganismos na forma vegetativa, incluindo o Mycobacterium
tuberculosis, todos os fungos e a maioria dos vírus.
Além dos microrganismos destruídos na desinfecção de baixo nível, são atingidos o Mycobacterium
tuberculosis, a maioria dos vírus (inclusive o HBV) e a maioria dos fungos. Ainda sobrevivem os
Mycobacterium intracelular, os esporos bacterianos e os vírus lentos.

Produtos utilizados:
- Álcool etílico e isopropílico (70 a 90%);
- Fenólicos;
- Iodóforos;
- Hipoclorito de Sódio (100ppm);
- Pasteurização 75o C a 30 minutos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


52
Obs.: depende da concentração e/ou período de exposição.

Desinfecção de Baixo Nível


Procedimento que destrói a maioria das bactérias na forma vegetativa, exceto Mycobacterium
tuberculosis, alguns fungos e alguns vírus.
São destruídas as bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e alguns fungos. O Mycobacterium
tuberculosis, os esporos bacterianos, o vírus da Hepatite B (HBV) e os vírus lentos sobrevivem.

Produtos utilizados:
- Álcool etílico e isopropílico;
- Hipoclorito de Sódio (100ppm);
- Fenólicos;
- Iodóforos;
- Quaternário de amônia.

Obs.: tempo de exposição ≤ a 10 minutos

Não definido: o nível de desinfecção dependerá das variáveis como temperatura e/ou concentração
de germicidas adicionados no processo.
- Calor seco (passar a ferro);
- Fervura em água por 30min;
- Pastilhas de formaldeído;
- Termodesinfectadoras;
- Sanitizadoras.

Classificação de Superfícies Segundo o Risco Potencial de Transmissão de Infecções

Áreas Críticas
São aquelas com risco aumentado de transmissão de infecção e presença de pacientes com
depressão da resistência anti-infecciosa, além da presença de matéria orgânica (sangue, pus e outras):
salas de cirurgia, de curativo, de expurgo, laboratório e outros.

Áreas Semicríticas
São todas as áreas ocupadas por pacientes de:
- Doenças não infecciosas;
- Doenças infecciosas de baixa transmissibilidade.
Exemplos: consultórios médicos e de enfermagem.

Áreas não Críticas


São todas as áreas das Unidades de Saúde não ocupadas por pacientes, ou cujo acesso lhes seja
vedado: copa, secretaria, etc.

Observações: as áreas críticas e semicríticas requerem limpeza e desinfecção diárias, e as áreas não
críticas apenas limpeza.

Transmissão de Infecções
- Fatores inerentes ao próprio paciente;
- Agressões diagnóstico-terapêuticas;
- Ambiente e superfícies fixas (pisos, paredes, tetos, portas, janelas) não apresentam riscos
significativos.

Passos do Processamento de Superfície

Desinfecção em local com respingos ou deposição de matéria orgânica (sangue, secreções,


excretas e exsudato)
Passos:
- Utilizar luvas de autoproteção (látex);
- Retirar o excesso da matéria orgânica em papel absorvente;
- Desprezar o papel em saco de lixo;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


53
- Aplicar o desinfetante e deixar o tempo necessário - 10min;
- Remover o desinfetante com pano molhado;
- Proceder à limpeza com água e sabão.

Descontaminação
Passos:
- Utilizar luvas de autoproteção (látex);
- Aplicar o produto sobre a matéria orgânica;
- Aguardar o tempo de ação - 10min;
- Remover o conteúdo descontaminado com papel absorvente;
- Desprezar o lixo;
- Proceder à limpeza usual com água e sabão.

No final de cada processo: lavar luvas, avental plástico, pano de chão, escovas e baldes.

Produtos Químicos

- Desinfetante de alto-nível
Glutaraldeído a 2% por 30min.

- Desinfetante de nível intermediário


Álcool etílico a 70% - 03 aplicações consecutivas com fricção rigorosa e secagem natural. Indicado
para desinfecção em metais, vidros e mármores;
Hipoclorito de Sódio a 1% - imersão por 30 min em vasilhame opaco, com tampa e posterior enxágue
em água potável ou corrente (troca da solução a cada 12 horas). Indicado para desinfecção em plásticos,
borrachas e acrílicos.

- Solução descontaminante
Detergente enzimático - Ação sobre matéria orgânica, especialmente sobre as grandes estruturas,
decompondo-as; ação instantânea: 2 a 3 minutos para desprender a matéria orgânica; alta penetração;
atóxico, não corrosivo, pH neutro, não iônico; remoção com enxágue rigoroso.

Soluções Cloradas

Dentre os produtos clorados, os hipocloritos são os mais utilizados para desinfecção e podem ser
líquidos (hipoclorito de sódio) ou sólidos (hipoclorito de cálcio). Classificado como de nível intermediário,
porém há controvérsias, pois preenche todos os requisitos para ser considerado como de alto nível.
Possui ação bactericida, virucida, fungicida, microbactericida e esporicida para algumas espécies.

Mecanismo de Ação
Ocorre pela combinação de diversos fatores: oxidação de enzimas e aminoácidos, perda de
componentes celulares, inibição da síntese proteica, quebra do DNA e diminuição na absorção de
nutrientes e de oxigênio.

Indicação
- Desinfecção de artigos de Lactário e cozinha: 200ppm por 60 minutos;
- Artigos de Inaloterapia e Oxigenoterapia: 1.000ppm (0,1%) por 30 minutos ou 200ppm por 60 minutos.

Considerações
- Corrosivo para metais, incompatível com detergentes, ação descolorante, odor forte e irritante para
mucosas do trato respiratório;
- Baixo custo, ação rápida, baixa toxidade e ampla atividade microbicida;
- Após diluição, o hipoclorito deve ser utilizado em, no máximo, 24 horas;
Dependendo do uso, pode ser necessário troca mais frequente em decorrência de saturação por
matéria orgânica ou hiperdiluição;
- Não se recomenda uso de água sanitária de uso doméstico para instituições de saúde.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


54
Lavadoras Ultrassônica

A limpeza automatizada passou a ser uma exigência para o processamento de alguns materiais
médicos, e especifica a lavadora ultrassônica como obrigatória para a limpeza de produtos para a saúde
com conformações complexas.
A limpeza através da lavadora ultrassônica, traz, além do benefício de padronizar os ciclos, e garantir
a ação mecânica em espaços de difícil acesso, dá condição de parametrizar o processo, garantir e
documentar a efetividade da limpeza.
As Lavadoras Ultrassônicas altamente eficazes e automatizadas que atendem a RDC15/2012, para
facilitar o processamento dos materiais, otimizar e registrar todo o processo limpeza.
O processo de limpeza por ultrassom é superior ao processo manual por se tratar de um processo de
limpeza refinado. A ação mecânica ocorre por meio da formação de bolhas geradas por oscilação de
natureza acústica (som).
A implosão dessas bolhas gera minúsculas áreas de vácuo que provocam o deslocamento da sujidade
das superfícies internas e externas dos materiais. Esse fenômeno é conhecido como cavitação, que
associada à ação do calor e do detergente enzimático, facilita a remoção da sujidade, inclusive em de
locais de difícil acesso, garantindo a uniformidade das ações para obtenção da limpeza com efetividade.
O sistema de enxágue por spray diminui o volume de água utilizado para retirar os resíduos dos
materiais e injeta água diretamente nos lumens de forma controlada.

Rotinas de Limpeza da Sala Cirúrgica

Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações


especiais à cirurgia. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica, é importante manter a sala em
boas condições de limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos. Portanto, antes
de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou outro desinfetante
recomendado, deixando-os prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica.

Mesa Cirúrgica
Utilizar a Técnica de Limpeza e/ou Desinfecção:
- Retirar excesso de secreções com papel toalha ou pano velho;
- Acondicionar no lixo conforme Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços-PGRSS;
- Realizar a limpeza com água e sabão ou detergente;
- Enxaguar e secar;
- Friccionar parte metálica e o colchão com álcool a 70% ou utilizar outro desinfetante definido pelo
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar-SCIH.

Uso de Material Estéril

O grande número de pacientes que contem infecções durante sua permanência hospitalar é
extremamente preocupante para os profissionais da saúde. Segundo o Ministério da Saúde, assepsia é
o processo de eliminação dos microrganismos patogênicos de determinados locais ou objetos. Para
diminuir o risco de uma infecção é fundamental a aplicação das técnicas de assepsia médica e cirúrgica
por todos que atuam no ambiente hospitalar.

Assepsia cirúrgica
Consiste no processo e no manuseio do material de modo de evitar o contato do paciente com qualquer
organismo vivo. Na assepsia cirúrgica o material deverá ser esterilizado. O material cirúrgico é estéril,
isento de microrganismos, devemos tomar os seguintes cuidados em seu manuseio:

Seguintes Cuidados:
1.Lavar as mãos antes de pega-lo;
2.Não falar, tossir ou espirrar próximo a ele;
3.Examinar com cuidado se o pacote apresenta buracos, manchas ou umidade: Se houver qualquer
dúvida quanto a integridade do material, despreze-o;
4.Verificar a data da esterilização e a data da validade;
5.Guardar os pacotes em armários próprios, limpos longe de poeira e insetos;
6.Abrir os pacotes usando a técnica correta;
8.Trabalhar sempre na frente para o campo esterilizado;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


55
9.Manter o material sempre acima do nível da cintura ou nível da mesa;
10.Não atravessar nada por cima do campo esterilizado, nem fazer movimentos bruscos ao redor dele;
11.Nunca tocar em um material ou campo esterilizado com objetos que não estão.

Assepsia Médica
Consiste na utilização de técnicas que visam à redução de microrganismos patogênicos e à diminuição
do risco de transmissão de pessoa a pessoa. É utilizada em qualquer atividade que envolva o paciente e
o meio ambiente, por meio de procedimentos como: Lavar as mãos frequentemente. Limpar as superfícies
com desinfetantes, para reduzir o número de microrganismos.

Técnica para Abrir um Pacote Estéril


1- Lavar as mãos;
2- Colocar o pacote sobre a superfície limpa e seca;
3- Posicionar o pacote de modo que a dobra de cima do invólucro fique de frente para você. Retire a
fita adesiva para autoclave termo sensível;
4 - Puxar a dobra de cima do pacote, abrindo de modo que a ponta se abra. Mantenha seu braço fora
das bordas externas do pacote aberto;
5- Abrir as dobras laterais uma de cada vez;
6- Abrir a dobra mais próxima de você por último;
7- O interior do invólucro é considerado estéril, podendo ser usado com base de campo esterilizado.

Técnica para Abertura de Material


1-Lavar as mãos;
2-Segurar o pacote afastado do campo, solte as pontas fixadas com adesivo;
3-Afastar as pontas do invólucro, próximo ao conteúdo do pacote;
4-Abrir as duas faces das pontas com as duas mãos, tendo o cuidado de não contaminar a face interna
do invólucro.

Precauções Universal ou Precauções Padrão


Pela natureza de suas funções, o profissional de saúde corre mais riscos de contrair doenças
infecciosas, chamado risco profissional. As doenças mais graves são as transmitidas pelo sangue e por
fluidos orgânicos. São elas: hepatite B, hepatite C e infecção por HIV.
Para reduzir os riscos profissionais, é necessário o uso de precauções ou medidas que proporcionam
maior segurança no manuseio de sangue e de outros fluidos orgânicos.
As precauções universais determinadas pelo Ministério da saúde são:
- Lavagem das mãos, antes e após qualquer contato com secreções do doente e após a remoção das
luvas;
- Uso de luvas para contatos com líquido corporais, mucosas, pele não integra e para venopunção;
- Uso de aventais, mascaras e óculos de proteção para procedimentos em que sangue ou líquido
corporais possam ser espirrados;
- Agulhas e instrumentos cortantes devem ser colocados em recipientes sólidos e resistentes;
- Não reencapar, dobrar ou quebrar as agulhas utilizadas;
- Não remover as agulhas das seringas;
- Evitar deixar o material contaminado exposto no meio no meio ambiente;
- Amostras para laboratório devem ser enviadas dentro de sacos plásticos transparentes. Sangue e
fluidos derramados no ambiente devem ser limpos com hipoclorito de sódio a 1%;
- Se a higiene do paciente for precária ou se houver possibilidade de contaminação do ambiente com
sangue ou secreção deve-se colocá-lo em quarto privativo;
- Os equipamentos reutilizáveis não devem ser usados em outros pacientes antes de serem limpos,
desinfetados e esterilizados.

Como descartar o material perfurante:


- Nunca reencapar a agulha após o uso;
- Nunca separar a agulha da seringa;
- Nunca jogar seringas no lixo comum;
- Matérias cortantes (agulhas, escalpes, laminas) devem ser descartados em recipientes adequado,
rígido, resistente e impermeável;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


56
- Uma das técnicas fundamentais para evitar a propagação de microrganismos patogênicos de um
indivíduo para outro é a técnica de lavagem das mãos, atividade que deve tornar-se um habito para o
profissional de enfermagem.

Recursos Humanos em Enfermagem

O serviço de Enfermagem em Central de Material acredita na segurança da Esterilização como


garantia de bom atendimento aos pacientes.
O enfermeiro possui papel fundamental no gerenciamento do setor e coordenação das atividades, pois
é o profissional que detém o conhecimento de todas as técnicas e princípios de Enfermagem, atuando na
conscientização da equipe no desenvolvimento das normas e rotinas, e alertando quanto à importância
na execução das técnicas corretas em todas as atividades, à assistência prestada ao cliente.
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta uma assistência indireta ao paciente, tão
importante quanto à assistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que atende ao
paciente.
O quadro de pessoal de uma CME deve ser composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem,
auxiliares de enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão descritas nas práticas
recomendadas da SOBECC, cujas funções estão descritas abaixo:

Enfermeiro supervisor
É responsável por atuar na coordenação do setor, suas atribuições são:
- Prever os materiais necessários para prover as unidades consumidoras;
- Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quanto de produtividade;
- Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com antecedência de 04 a 6 meses;
- Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e procedimentos do CME, que deve estar
disponível para a consulta dos colaboradores;
- Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribuam para o crescimento e as boas práticas
de Enfermagem, participando de tais projetos e colaborando com seu andamento;
- Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e científicas relacionadas com o controle de
infecção hospitalar e com o uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem artigos
processados pelo CME;
- Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâmica de trabalho do CME.

Técnico administrativo
Gerenciar o serviço de Enfermagem da unidade:
- Planejar, coordenar e desenvolver rotinas para o controle dos processos de limpeza, preparo,
esterilização, armazenagem e distribuição dos artigos;
- Desenvolve processo de avaliação dos serviços prestados ao cliente interno e/ou esterno;
Estabelecer rotinas para a manutenção preventiva dos equipamentos existentes no CME;
- Realizar os testes necessários e emitir pareceres técnicos antes da aquisição de novos artigos e
equipamentos;
- Verificar os relatórios de manutenção de artigos e equipamentos e aprova-los mediantes as
evidências do serviço prestado;
- Controlar o recebimento, o uso e a devolução dos artigos consignados;
- Fazer relatório diário com informações dobre as atividades desenvolvidas e pendentes e outros fatos
importantes ocorridos durante a jornada de trabalho;
- Tomar parte da passagem de plantão;
- Manter atualizado o inventário do instrumental cirúrgico dos artigos e dos equipamentos do CME;
- Participar ativamente dos processos de aquisição de materiais, instrumental cirúrgico e
equipamentos.

Técnico de enfermagem
- Fazer a leitura dos indicadores biológicos, de acordo com as rotinas da instituição;
- Receber, conferir e preparar os artigos consignados;
- Realizar a limpeza, o preparo, a esterilização, a guarda e a distribuição de artigos, de acordo com
solicitação;
- Preparar os carros para cirurgias;
- Preparar as caixas cirúrgicas;
- Realizar cuidados com artigos endoscópicos em geral;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


57
- Monitorar afetiva e continuamente cada lote ou carga nos processos de esterilização;
- Revisar a listagem de caixas cirúrgicas, bem como proceder à sua reposição;
- Fazer listagem e encaminhamento de artigos e instrumental cirúrgico para conserto.

Auxiliar de enfermagem
- Receber e limpar os artigos;
- Receber e preparar roupas limpas;
- Preparar e esterilizar os artigos e instrumentais cirúrgicos;
- Guardar e distribuir todos os artigos esterilizados.

Questões

01. (UFU-MG - Técnico de Laboratório/2017) Qual dos seguintes processos é necessariamente um


esporicida?
(A) Esterilização
(B) Desinfecção
(C) Antissepsia
(D) Saneamento

02. (TRE-SP - Enfermagem - FCC/2017) O profissional de enfermagem deve saber que o produto
para saúde semicrítico utilizado na assistência de inaloterapia, antes da utilização em outro paciente,
deve ser submetido à
(A) limpeza e, no mínimo, à desinfecção de nível intermediário, com produtos saneantes, ou por
termodesinfecção.
(B) pré-limpeza e limpeza, sendo optativo o processo de desinfecção e esterilização.
(C) esterilização em autoclave gravitacional.
(D) desinfecção por métodos de imersão química líquida com a utilização de saneantes a base de
aldeídos.
(E) desinfecção de alto nível em estufa.

03. (TRF-2ª REGIÃO - Enfermagem - CONSULPLAN/2017) Sabendo que os artigos utilizados nos
serviços de saúde recebem uma classificação quanto ao risco de transmitir infecções para os pacientes,
para o processamento dos artigos de assistência ventilatória, anestesia e os utilizados na inaloterapia,
que são classificados como semicríticos, após a limpeza, devem ser submetidos no mínimo ao processo
de:
(A) Esterilização.
(B) Desinfecção de alto nível.
(C) Desinfecção de baixo nível.
(D) Desinfecção de nível intermediário.

04. (SES-PR - Inspetor de Saneamento - IBFC) Sobre os diferentes processos existentes que tem
como objetivo destruir, inibir ou eliminar microrganismos presentes em objetos e superfícies, o
procedimento que se caracteriza como o processo físico ou químico pelo qual são destruídas todas as
formas microbianas, inclusive os esporos bacterianos, denomina-se:
(A) Limpeza.
(B) Esterilização.
(C) Desinfecção.
(D) Detoxificação.

05. (TRT-20ª REGIÃO(SE) - Enfermagem - FCC) No centro de material e esterilização − CME o


profissional de enfermagem está sujeito a temperaturas extremas e fontes de calor provenientes de
autoclaves. De acordo com a Norma Regulamentadora 9, do Ministério do Trabalho e Emprego,
temperatura extrema é considerada um risco ambiental classificada como agente
(A) químico.
(B) físico.
(C) biológico.
(D) ergonômico.
(E) epidemiológico.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


58
06. (EBSERH - Enfermeiro - IBFC) Sobre Centro de Material e Esterilização (CME), analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.
( ) É um conjunto de áreas destinadas à recepção, limpeza, secagem, preparo, desinfecção ou
esterilização, guarda e distribuição do material para as unidades do estabelecimento de saúde.
( ) Independentemente do seu tamanho, o CME deve estar separado em duas partes: a “suja” e a
“limpa”.
( ) A sala de depósito de material de limpeza pode ser comum às áreas “sujas” e “limpas”, se o acesso
a ele for interno.
( ) Em todas as áreas do CME devem estar disponíveis, além de pias para lavagem das mãos,
dispensadores de solução alcoólica em gel a 70%.

(A) F,V,F,V
(B) V,V,V,V
(C) V,F,V,F
(D) V,V,F,V
(E) F,V,V,V

07. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - Centro Cirúrgico - IBFC) Os produtos para a saúde utilizados em
procedimentos invasivos com penetração de pele e mucosas adjacentes, tecidos subepteliais, e sistema
vascular, incluindo também todos os produtos para saúde que estejam diretamente conectados com
esses sistemas, recebem o nome de produtos ________. Assinale a alternativa que completa
corretamente a lacuna.
(A) Não críticos.
(B) Semicríticos.
(C) Críticos.
(D) Passíveis de processamento.

08. (Pref. Rio Grande da Serra/SP - Enfermeiro - CAIPIMES) O método de esterilização compatível
com as embalagens de tecido de algodão é:
(A) calor seco.
(B) óxido de etileno.
(C) raios gama.
(D) vapor sob pressão.

09. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem - CAIPIMES) Existem falhas no processo de esterilização que
podem acontecer em razão de erros humanos ou mecânicos. A partir disso, leia as frases abaixo e a
seguir assinale a alternativa que corresponde à resposta correta.
I- Os erros podem acontecer devido à utilização de embalagens incompatíveis com o processo de
esterilização a vapor.
II- Os erros podem acontecer devido à guarda de pacotes demasiadamente frios nas prateleiras, pois
o contato do pacote frio com a superfície fria da prateleira dos armários pode permitir a condensação de
vapor, favorecendo a sua contaminação pelo meio externo.
III- Os erros podem acontecer devido à má qualidade da água gerando vapor com resíduos de
componentes químicos.
IV- Os erros podem acontecer devido às tubulações de vapor estarem desobstruídas.

(A) Apenas as frases I e III estão corretas.


(B) Todas as frases estão corretas.
(C) Apenas as frases III e IV estão corretas.
(D) Apenas as frases I, II e III estão corretas.

10. (UNIRIO - Auxiliar de Enfermagem - COSEA/UNIRIO) A limpeza da unidade do paciente garante


conforto e diminui o risco de infecção. Na alta hospitalar, deve-se proceder à limpeza
(A) concomitante.
(B) terminal.
(C) diária.
(D) concorrente.
(E) esterilizante.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


59
11. (AHM - Técnico em Saúde - Enfermagem - CAIPIMES) Os artigos hospitalares são definidos de
acordo com o grau de risco de aquisição de infecção, nas seguintes categorias:
(A) Auto critico, semicrítico, não critico.
(B) Críticos, semicríticos, não críticos.
(C) Bem critico, semicrítico, critico.
(D) Não critico, moderadamente critico, critico.

12. (Pref. Botucatu/SP - Auxiliar de Enfermagem - CAIPIMES) Em relação aos cuidados com os
materiais necessários aos diversos procedimentos de enfermagem, leia as assertivas abaixo, assinale
(V) para as verdadeiras ou (F) para as falsas, e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
das respostas.
( ) Todo material de inalação utilizado num paciente deve sofrer limpeza com água e sabão e ser
emerso em uma solução desinfetante para ser novamente utilizado em outro paciente. A esse tipo de
reprocessamento damos o nome de assepsia.
( ) A assepsia cirúrgica se relaciona com a ausência total de microrganismos através da esterilização
e manuseio rigoroso do material estéril.
( ) Não falar ao manipular o material esterilizado é uma medida correta para evitar contaminação.
( ) Na realização de um cateterismo de alívio o cateter utilizado é a sonda de Foley com balão de 5 ml.

(A) V, V, V, F.
(B) V, V, F, F.
(C) F, V, F, F.
(D) F, V, V, F.

13. (UFU - Auxiliar em Enfermagem - UFU) Os artigos e as áreas hospitalares são classificados de
acordo com o risco de infecção que possam oferecer aos pacientes. Associe o tipo de artigo ou área
hospitalar da coluna da esquerda com sua definição ou exemplo da coluna da direita.
I. Artigos críticos
II. Artigos semicríticos
III. Área semicrítica
IV. Área não crítica

( ) São áreas ocupadas por pacientes que não necessitam de cuidados intensivos ou de isolamento.
( ) Materiais com elevado potencial de risco de provocar infecção, porque são introduzidos diretamente
em tecidos normalmente estéreis.
( ) Áreas administrativas; almoxarifado.
( ) Equipamentos de anestesia e endoscópios.

Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna, de cima para baixo.
(A) III - II - I - IV.
(B) III - I - IV - II.
(C) IV - I - III - II.
(D) II - IV - III - I.

14. (ISGH/HRN - Enfermeiro - INSTITUTO CIDADES) A autoclave é o aparelho que esteriliza:


(A) À seco.
(B) Por umidade.
(C) Por radiação.
(D) Com desinfetante.

15. (ISGH/HRN - Enfermeiro - INSTITUTO CIDADES) Material estéril é considerado:


(A) Desinfetado.
(B) Desinfestado.
(C) Asséptico.
(D) Antisséptico.

Gabarito

01. A/02. A/03. D/04. B/05. B/06. D/07. C/08. D/09. A/10. B/11. B/12. D/13. B/14. B/15. C

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


60
Comentários

01.Resposta: A
Esporocida ou esporicida é um agente capaz de matar os esporos, sendo assim esterilizantes.

02. Resposta: A
Entram em contato com a pele não íntegra e membranas mucosas: equipamentos de anestesia
gasosa; endoscópios. Devem ser submetidos, no mínimo, à desinfecção.

03. Resposta: D
Produtos para saúde semicríticos utilizados na assistência ventilatória, anestesia e inaloterapia
devem ser submetidos à limpeza e, no mínimo, à desinfecção de nível intermediário, antes da utilização
em outro paciente.

04. Resposta: B
Esterilização é processo de destruição de todos os microrganismos, inclusive esporulados, a tal ponto
que não seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão. A esterilização é
realizada pelo calor, germicidas químicos, óxido de etileno, radiação e outros.

05. Resposta: B
Temperaturas extremas é considerada como risco físico.

06. Resposta: D
O DML (Depósito de Material de Limpeza) pode ser comum para as áreas "suja e limpa", desde que
seu acesso seja externo a essas. NÃO INTERNO.

07. Resposta: C
São artigos que entram em contato direto com tecidos ou tratos estéreis (penetram nos tecidos
subepiteliais, no sistema vascular e em outros órgãos isentos de flora microbiana própria, bem como
aqueles diretamente conectados com eles): agulhas; roupas; instrumentos cirúrgicos; soluções injetáveis.
Devem ser submetidos ao processo de esterilização.

08. D
O tecido de algodão é uma embalagem compatível com o método de esterilização de vapor sob
pressão.

09. A
Verdadeiro: Os erros podem acontecer devido à utilização de embalagens incompatíveis com o
processo de esterilização a vapor.
Falso: Os erros podem acontecer devido à guarda de pacotes demasiadamente frios nas prateleiras,
pois o contato do pacote quente com a superfície fria da prateleira dos armários pode permitir a
condensação de vapor, favorecendo a sua contaminação pelo meio externo.
Verdadeira: Os erros podem acontecer devido à má qualidade da água gerando vapor com resíduos
de componentes químicos.

10. B
Limpeza Terminal: realizada com desinfetante quando o leito é desocupado em razão de alta, óbito
ou transferência do paciente, ou no caso de internação prolongada.

11. B/
Os artigos hospitalares são definidos de acordo com o grau de risco de aquisição de infecções nas
seguintes categorias: críticos, semicríticos e não críticos. Esta classificação norteará a escolha do
processo de desinfecção ou esterilização a ser utilizado.

12. D
Falso: Todo material de inalação utilizado num paciente deve sofrer limpeza com água e sabão e ser
emerso em uma solução desinfetante para ser novamente utilizado em outro paciente. A esse tipo de
reprocessamento damos o nome de assepsia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


61
Correta: A assepsia cirúrgica se relaciona com a ausência total de microrganismos através da
esterilização e manuseio rigoroso do material estéril.
Correta: Não falar ao manipular o material esterilizado é uma medida correta para evitar contaminação.
Falso: Na realização de um cateterismo de alívio o cateter utilizado é a sonda uretral. A sonda Foley é
indicada para demora, quando há a necessidade de permanência da mesmo.

13. B
Área Semicrítica: São áreas ocupadas por pacientes que não necessitam de cuidados intensivos
ou de isolamento.
Artigo Crítico: Materiais com elevado potencial de risco de provocar infecção, porque são
introduzidos diretamente em tecidos normalmente estéreis.
Área não crítica: São todas as áreas das Unidades de Saúde não ocupadas por pacientes, ou cujo
acesso lhes seja vedado: Áreas administrativas; almoxarifado.
Artigos semicríticos: Equipamentos de anestesia e endoscópios. Entram em contato com a pele não
íntegra e membranas mucosas.

14. B
Na autoclave - são utilizados campos de tecido de algodão, papéis (grau cirúrgico e kraft), filme
poliamida transparente e caixa metálica perfurada embalada em campo, para permitir a livre circulação
do vapor.

15. C
Na assepsia cirúrgica o material deverá ser esterilizado. O material cirúrgico é estéril, isento de
microrganismos.

PRÉ PERIO E PÓS CIRÚRGICO

Assistência de Enfermagem no Perioperatório1516

O período perioperatório corresponde exatamente ao período próximo ao ato cirúrgico, ou seja, 24


horas antes e 48 horas após a cirurgia. Trata-se do período de tempo que envolve uma enorme variedade
de assistência cirúrgica prestada ao cliente pela equipe de Enfermagem.
Perioperatório é um termo abrangente que incorpora três fases da experiência cirúrgica, facilitando
uma assistência eficiente ao cliente cirúrgico. Este recebe assistência da enfermagem nos períodos pré,
trans e pós-operatório.
O período pré-operatório abrange desde o momento da decisão cirúrgica até a transferência do cliente
para a mesa cirúrgica; a partir daí, inicia-se o trans e intra-operatório, que termina com a saída do cliente
do centro cirúrgico; o pós-operatório vai desde o momento da recepção do cliente que retornou da cirurgia
até a alta médica.

Cuidadas da Enfermagem no Pré-Operatório

Pré-operatório: período que antecede as 24 horas da cirurgia até o momento em que o paciente é
levado para o centro cirúrgico. Nesse período, é desenvolvido um preparo que se inicia na internação do
cliente, ou em sua decisão pela intervenção cirúrgica; o término ocorre no momento de sua transferência
para a mesa cirúrgica.

O período pré-operatório divide-se em mediato e imediato


- No pré-operatório mediato: do momento da marcação até 24 horas antes da cirurgia. Neste período
é desenvolvido o preparo físico, psíquico-espiritual e de integração do cliente e seus familiares; o cliente
é submetido a exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico e que auxiliarão o planejamento
cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sintomas e as precauções necessárias para evitar
complicações pós-operatórias, ou seja, abrange o período desde a indicação para a cirurgia até o dia
anterior à mesma;

15
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad5.pdf
16
MANGANARO, M. M. et al. Enfermagem na Saúde do Adulto. In: MURTA, G. F.. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 3. ed
rev. E amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2007.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


62
Finalidades:
- Proporcionar recuperação pós-operatória mais rápida, com redução das complicações cirúrgicas,
facilitando uma integração do cliente com seu meio social.
- Diminuir risco de infecções cirúrgicas, pois permanece menos tempo internado, como a unidade “dia”
o cliente fica em observação pós-operatório no máximo 24 horas.
- Proporcionar ao cliente apoio emocional, espiritual e psíquico, diminuindo, assim, suas ansiedades e
preocupações com a cirurgia, desenvolvendo seu entrosamento com o ambiente hospitalar e equipe de
Enfermagem.
- Oferecer ao cliente um conhecimento - como um todo - do processo cirúrgico; o mesmo é feito na
entrevista pré-operatória realizada pelo enfermeiro. Também de grande importância é o preenchimento
do impresso pré-anestésico, que facilita determinar possíveis complicações cirúrgicas. É importante que
os familiares participem da entrevista pré-anestésica.
- Orientar o cliente para que não ocorra uma cirurgia indesejada, pois isto poderia ocasionar ação
judicial do cliente contra o hospital e a equipe multiprofissional.
- Realizar exames pré-operatórios como: laboratoriais, fator Rh/ABO tipagem para possível transfusão
sanguínea e encaminhar ao banco de sangue com 12 horas de antecedência, radiografia, tomografia,
ressonância, auxiliam no diagnóstico médico e evidenciam a região cirúrgica, ECG e avaliação clínica
com o propósito de diagnosticar complicações no ato cirúrgico.
- Efetuar preparos na véspera da cirurgia, exceto tricotomia. Verificar e manter o cliente em jejum,
avaliar estado geral do cliente, remover esmalte, maquiagem, prótese e outros adornos, passagem de
cateter ou sondagem, quando solicitado. Vale ressaltar que, em alguns serviços, a sondagem vesical é
feita no centro cirúrgico. Confirmar no aviso de cirurgia o nome, número do leito, tipo de cirurgia proposta,
cirurgião, horário e material cirúrgico e higienização corporal (estes dados, em alguns hospitais, são
confirmados pelo pessoal de centro cirúrgico).
- Realizar atendimento dos familiares, explicando a cirurgia, o retorno do cliente do centro cirúrgico e
a importância do apoio familiar nesse período.
- Providenciar a assistência religiosa - quando solicitada -, podendo, também, transmitir ao cliente a
sensação de calma e confiança, estabelecida pelo diálogo e ouvindo com atenção seus problemas e
temores.
- Realizar SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem) seguida da anotação de Enfermagem,
a fim de obter dados relevantes para a elaboração dos diagnósticos e intervenções de Enfermagem, com
objetivo de prevenir complicações posteriores.
- Realizar exame físico atentando para condições que podem atuar negativamente: idade, outras
doenças de base e infecções.

- O período imediato: corresponde às 24 horas antecedentes à cirurgia e tem por objetivo preparar
o cliente para o ato cirúrgico mediante os seguintes procedimentos: jejum, limpeza intestinal,
esvaziamento vesical, preparo da pele e aplicação de medicação pré-anestésica.
O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instrumentos de observação e avaliação das
necessidades individuais, objetiva identificar tanto as alterações físicas (hipertensão arterial, presença de
feridas infectadas, etc.) como as emocionais (ansiedade, expectativa da cirurgia, condições afetadas com
a internação etc.) do cliente, pois elas interferem nas condições para o ato cirúrgico, podendo
comprometer o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar sua suspensão.
Os fatores físicos que aumentam o risco operatório são tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária
elevada, hipertensão arterial e outras doenças concomitantes. Assim, durante a cirurgia, o cirurgião terá
maior dificuldade em conter o sangramento, após a diérese, de um cliente hipertenso; assim como o
cliente tabagista terá maior acúmulo de secreção pulmonar, com provável desenvolvimento de
broncopneumonia no pós-operatório.

Finalidades:
- Promover higiene ou pedir que o cliente a faça.
- Confirmar se os cuidados mediatos foram realizados.
- Manter prontuário em ordem, com todos os exames, radiografia e ficha pré-anestésica.
- Confirmar com centro cirúrgico: sala cirúrgica, cirurgia proposta, material cirúrgico, horário, equipe
cirúrgica, anestesia e cuidados específicos com o cliente.
- Realizar - uma hora antes - a administração de pré-anestésico, reduzindo a ansiedade do cliente e
facilitando o efeito do anestésico, conforme prescrição médica.
- Realizar ou confirmar se foram realizados procedimentos como: passagem de sonda nasogástrica e
vesical de demora (solicitada em caso de cirurgia para diagnóstico), lavagem intestinal (enteroclisma) ou

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


63
até mesmo punção venosa com cateter periférico, todavia deverá ser feita conforme a rotina da instituição
de saúde. Sabe-se que, em alguns hospitais, é solicitado pela equipe cirúrgica que todo o procedimento
invasivo seja feito no centro cirúrgico, até mesmo a tricotomia (retirada de pelos) da região a ser operada.
- Realizar controle rigoroso de sinais vitais (pressão arterial, pulso, temperatura e respiração), em
alguns casos chega a ser de uma em uma hora.
- Realizar SAE seguida de anotações de enfermagem, a fim de obter dados relevantes para a
elaboração dos diagnósticos e intervenções de Enfermagem, com objetivo de prevenir complicações.
- Orientar sobre a necessidade de promover boa ventilação pulmonar com respiração profunda e tosse,
e sobre movimentação ativa e mudança de decúbito para reduzir dor.
- Remover grampos, joias, maquiagem, prótese dentária, óculos, relógio, identificá-los e guardá-los,
conforme rotina preestabelecida ou entregar à família (preferencialmente).

Portanto, sob o ponto de vista ético e técnico, todas as condutas de enfermagem devem proporcionar
conforto, segurança e o menor risco de infecção ao cliente, devendo o mesmo ser esclarecido sobre o
que está sendo realizado, porque o simples fato de não saber o que vai ser feito pode torná-lo inseguro,
inquieto e não cooperativo.
Quando o cliente tiver experiência cirúrgica anterior negativa, a enfermagem deve respeitar este fato,
estimulando-o a identificar aspectos que favoreçam a nova intervenção.
Mesmo após todas as orientações e apoio oferecidos pela enfermagem, o cliente pode se apresentar
receoso, recusar-se a fazer a cirurgia, indispor-se contra a equipe de saúde, familiares e outros clientes.
É importante que a equipe entenda este comportamento como, provavelmente, ocasionado pela
ansiedade pré-cirúrgica, e não como afronta à equipe.
Tanto o cliente quanto a família têm direitos à orientação clara e precisa sobre o diagnóstico clínico,
cirurgia proposta e possível prognóstico. Somente após o esclarecimento e o entendimento desses dados
o cliente ou responsável terá reais condições para assinar o termo de consentimento para a cirurgia (termo
de responsabilidade).

Humanizando o preparo do cliente para a cirurgia


Como o estado emocional pode interferir diretamente na evolução pós-operatória, é importante que o
cliente receba orientações sobre os exames, a cirurgia, como retornará da mesma e os procedimentos
do pós-operatório, bem como esclarecimentos sobre a importância de sua cooperação.
Para transmitir uma sensação de calma e confiança, a equipe de enfermagem deve manter uma
relação de empatia, ou seja, colocar-se na posição do outro, sem críticas ou julgamentos - o que, muitas
vezes, ajuda o cliente a compreender seus medos e inseguranças, possibilitando uma relação
interpessoal de respeito e não de autoridade.
Além disso, gera tranquilidade, favorecendo o entrosamento do cliente e família com o ambiente
hospitalar, o que interfere beneficamente nas suas condições para a cirurgia.
Com relação ao cliente, é importante lembrar que a comunicação não verbal (o olhar, a voz, a postura
do cliente) também comunica suas necessidades; portanto, ao buscarmos entender estes sinais, teremos
maiores condições de compreender o cliente.
Ao prestar orientações pré-operatórias, a equipe de enfermagem deve estar atenta ao fato de que as
necessidades de um cliente são diferentes das de outro. O momento mais adequado para o cliente e
família receberem as orientações e participarem do processo de aprendizagem é quando demonstram
interesse pelas informações, revelado, muitas vezes, através de perguntas ou busca da atenção da
equipe de enfermagem.
Quanto ao aspecto de fé, a equipe de enfermagem pode providenciar assistência religiosa, desde que
solicitada pelo cliente e/ou família.
Além disso, é possível conceder ao cliente a permissão para uso de figuras religiosas, por exemplo,
presas ao lençol da maca, sem que isso prejudique os cuidados durante o intra ou pós-operatório.

Atuando na prevenção de complicações no pré-operatório


O preparo físico do cliente é importante para o bom andamento do ato cirúrgico, bem como para evitar
complicações posteriores ao mesmo. Evitar estas complicações requer alguns cuidados de enfermagem
específicos relacionados com o preparo intestinal, vesical e da pele, além de uma avaliação da equipe,
do ambiente e do cliente, para prevenir a ocorrência de infecções.
O estresse cirúrgico provoca alterações neuroquímicas e o organismo responde a esse estresse
mobilizando suas defesas para manter homeostasia. Essa resposta é determinada pela idade, condição
física e duração do estresse (quanto maior o estresse, menor a capacidade de resposta).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


64
Resposta ao Estresse Cirúrgico:
- Vasoconstricção periférica com aumento da coagulabilidade.
- Taquicardia com aumento do débito cardíaco, pressão arterial e dilatação da coronária.
- Retenção de Sódio (Na) e Água (H2O), consequente aumento do hormônio antidiurético - HAD e
aldosterona.
- Aumento da acidez gástrica e diminuição do peristaltismo.
- Dilatação brônquica.
- Catabolismo proteico.
- Proliferação de tecidos de granulação e conjuntivo.
- Aumento da glicemia e mobilização das reservas de gorduras.
- Ansiedade - medo da morte, do ato cirúrgico, anestesia, gastos familiares, preocupações
profissionais.
- Comportamento - desnorteado, tendências ao exagero, aborrecido, confuso, melancólico, falha ao
executar ordens simples.

a) Esvaziamento Intestinal
O esvaziamento intestinal no pré-operatório diminui o risco de liberação do conteúdo intestinal durante
a cirurgia, provocado pelo efeito de medicamento relaxante muscular. Existem controvérsias quanto à
importância desse procedimento pré-operatório. Dependendo do cliente, da cirurgia e da equipe que o
assiste, o preparo intestinal pode ser realizado mediante a utilização de laxativos, lavagem intestinal ou
ambos. Geralmente, este preparo ocorre entre 8 e 12 horas antes do ato cirúrgico.
A solução pode vir pronta para uso individual (enemas) ou ser preparada pela enfermagem de acordo
com a prescrição médica, mas antes de ser aplicada no cliente deve ser aquecida, para ficar morna.
As soluções mais prescritas são a solução fisiológica ou água acrescida ou não de glicerina ou
vaselina, cloreto de potássio (para não ocorrer hipopotassemia nas lavagens frequentes) e neomicina. A
solução preparada pela enfermagem é colocada em um recipiente chamado irrigador.

- Realizando a lavagem intestinal


A numeração das sondas retais deve ser selecionada de acordo com a idade e sexo do cliente, sendo
de 14 a 20 para crianças e adolescentes, de 22 a 24 para as mulheres e 24 a 26 para os homens.
Caso a sonda apresente diâmetro maior do que o do ânus do cliente e/ou seja introduzida sem
lubrificante, poderá provocar dor e lesões durante a sua passagem. Os frascos com solução pronta para
uso dispensam a utilização da sonda retal, dependendo das orientações do fabricante.
O procedimento pode ser realizado no próprio quarto do cliente ou em sala apropriada, desde que
equipe de enfermagem mantenha a privacidade do cliente.
Antes de iniciar o procedimento, a cama deve ser forrada com impermeável e lençol móvel. Para
facilitar a entrada e o trajeto a ser percorrido pelo líquido do enteroclisma, ele deverá ser introduzido
seguindo os contornos anatômicos do intestino.
Por esse motivo, o cliente é deitado em decúbito lateral esquerdo, com o corpo ligeiramente inclinado
para a frente e apoiado sobre o tórax, tendo sua perna direita flexionada e apoiada ligeiramente na
esquerda (posição de SIMS).
Antes da introdução da sonda, o cliente deve ser orientado para relaxar a musculatura anal, inspirando
e prendendo a respiração.
Caso haja dificuldade para a introdução da sonda, deve-se verificar as prováveis causas: contração
retal involuntária perante a introdução de um corpo estranho, medo da dor, dobra da sonda e outras
intercorrências. Para que a lavagem intestinal tenha melhor efeito, recomenda-se que o cliente tente reter
o líquido da lavagem por cerca de 15 minutos.

b) Esvaziamento da Bexiga
Recomenda-se seu esvaziamento espontâneo antes do pré-anestésico. Nas cirurgias em que a bexiga
necessite ser mantida vazia, ou naquelas de longa duração, faz-se necessário passar a sonda vesical de
demora, o que é feito, geralmente, no centro cirúrgico.

c) Preparo da Pele
O banho e a rigorosa limpeza da região na qual será feita a incisão cirúrgica devem ser realizados para
diminuir a possibilidade de contaminação.
De acordo com o tipo de cirurgia, pode ser que o cliente necessite ser encaminhado à cirurgia sem
pelos na região operatória, sendo então necessária uma tricotomia da região.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


65
Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou diminui o potencial de infecção da ferida operatória.
Por esse motivo, recomenda-se que sua realização ocorra o mais próximo possível do momento da
cirurgia (no máximo 2 horas antes) ou no próprio centro cirúrgico, em menor área possível e com método
o menos agressivo.
Também há controvérsia em relação às áreas da tricotomia, que variam conforme as técnicas e
tecnologias usadas no processo cirúrgico. Entretanto, existem cirurgias nas quais a tricotomia é
absolutamente necessária, como as cranianas.

Para exemplificar, listamos as áreas de tricotomia segundo a região da cirurgia:


- Cirurgia craniana: raspa-se o couro cabeludo total ou parcialmente, e o pescoço. Nas cirurgias de
pescoço, deve-se incluir o colo e as axilas;
- Cirurgia torácica: raspam-se os pelos do tórax anterior e posterior até a cicatriz umbilical, podendo-
se estender tal processo até a axila e região inguinal;
- Cirurgia cardíaca: as áreas a serem raspadas são o tórax, metade do dorso, punhos, dobras dos
cotovelos e região inguinal, acrescentando-se a face interna das coxas quando das cirurgias de
revascularização do miocárdio;
- Cirurgia abdominal: recomenda-se a tricotomia da região mamária até a região pubiana anterior
(posterior no caso das cirurgias renais); nas cesáreas e cirurgia abdominal via baixa, raspa-se a região
pubiana;
- Cirurgia dos membros: raspa-se o membro a ser operado, acrescentando-se ou não as regiões
axilar e pubiana.

Realizando a Tricotomia
Antes de iniciar a tricotomia em áreas de grande pilosidade, recomenda-se cortar o excesso de pelo
com uma tesoura.
Quando realizada com barbeador, deve-se esticar a pele e realizar a raspagem dos pelos no sentido
do crescimento dos mesmos, tendo-se o cuidado de não provocar arranhaduras na pele.
O uso de depilatórios tem sido utilizado em algumas instituições, mas apresenta a desvantagem de,
em algumas pessoas, provocar reações alérgicas e deixar a pele avermelhada. A forma de utilização
varia de acordo com as orientações do fabricante.
Existem, ainda, aparelhos que, ao invés de rasparem os pelos, cortam-nos rente à pele, evitando
escoriações e diminuindo o risco de infecção.

- Prevenindo infecção
Em vista da maior incidência de infecções hospitalares nos clientes cirúrgicos, o pessoal de
enfermagem pode contribuir para a prevenção utilizando uniformes limpos e unhas curtas e limpas,
lavando as mãos antes e após cada procedimento, respeitando as técnicas assépticas na execução dos
cuidados, oferecendo ambiente limpo e observando os sinais iniciais de infecção.
A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório depende de vários fatores, mas, principalmente, da
quantidade e virulência dos microrganismos e da capacidade de defesa do cliente.
O uso de esteroides, desnutrição, neoplasias com alterações imunológicas e clientes idosos ou
crianças pequenas são fatores de risco de infecção no pós-operatório devido à redução na capacidade
imunológica.
Outros fatores são o diabetes mellitus, que dificulta o processo de cicatrização; a obesidade, em vista
da menor irrigação sanguínea do tecido gorduroso; o período pré-operatório prolongado, que faz com que
o cliente entre em contato maior com a flora hospitalar; e infecções no local ou fora da região cirúrgica,
que podem causar contaminação da ferida operatória.
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído quando se tratam ou compensam as doenças e os
agravos que favorecem a infecção, tais como a obesidade, focos infecciosos, presença de febre e outros.
Também no pré-operatório imediato alguns cuidados são implementados, tais como o banho com
antissépticos específicos (clorexidina ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e no dia da cirurgia,
tricotomia, lavagem intestinal, retirada de objetos pessoais, próteses e outros.

- Prevenindo complicações anestésicas


A manutenção do jejum de 6 a 12 horas antes da cirurgia tem por objetivo evitar vômitos e aspiração
de resíduos alimentares por ocasião da anestesia. É importante que, tanto o cliente como seus familiares,
tenham conhecimento deste cuidado, para que possam entender o motivo e efetivamente cumpri-lo.
O medicamento pré-anestésico (MPA) é prescrito pelo anestesista com o intuito de reduzir a
ansiedade do cliente, facilitar a indução anestésica e a manutenção da anestesia, bem como diminuir

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


66
tanto a dose dos agentes anestésicos como as secreções do trato respiratório, sempre lembrando a
necessidade de verificação da existência de alergia.
Na noite que antecede a cirurgia, visando evitar a insônia do cliente, pode ser administrado um
medicamento tranquilizante.
Administra-se o MPA cerca de 45 a 60 minutos antes do início da anestesia. Todos os cuidados pré-
operatórios devem ser realizados antes da administração do MPA, porque após o cliente permanecerá
na maca de transporte, devido ao estado de sonolência.

Os MPA mais comuns são os:


- Opiáceos - que provocam analgesia e sonolência, sendo normalmente prescritos para clientes que
apresentam dor antes da cirurgia. O principal medicamento é a meperidina (Dolantina, Demerol);
- Benzodiazepínicos - apresentam ação ansiolítica e tranquilizante, bem como efeitos sedativo,
miorelaxante e anticonvulsivante. Os principais medicamentos são o diazepam (Dienpax, Valium) e o
midazolan (Dormonid). O diazepam injetável não pode ser administrado com outros medicamentos em
vista da possibilidade de ocorrer precipitação;
- Hipnóticos - provocam sono ou sedação, porém sem ação analgésica, sendo os principais o
fenobarbital (Luminal, Gardenal) e o midazolan (Dormonid);
- Neurolépticos - diminuem a ansiedade, a agitação e a agressividade. Os principais medicamentos
são a clorpromazina (Amplictil) e a prometazina (Fenergan).
Os medicamentos hipnóticos, neurolépticos, benzodiazepínicos e opiáceos, utilizados como pré-
anestésicos, são de uso controlado, daí a necessidade de se guardar as ampolas vazias, para posterior
reposição pela farmácia.

Encaminhando o Cliente ao Centro Cirúrgico (CC)


No momento de encaminhar o cliente ao CC, deve-se observar e comunicar quaisquer anormalidades
em relação aos preparos prescritos no dia anterior, tais como manutenção do jejum, realização da higiene
oral e corporal e administração de medicação pré-anestésica. E, ainda, verificar e anotar os sinais vitais,
vestir-lhe a roupa hospitalar (avental, touca e propés), certificar-se da remoção de próteses dentárias
(visando evitar seu deslizamento para as vias aéreas inferiores durante a anestesia) e oculares (visando
evitar lesões na córnea), joias e adornos. Após essa sequência de preparos, o cliente deve ser deitado
na maca e encaminhado ao CC com a documentação completa: exames e prontuário.
O transporte do cliente é executado pelo pessoal da unidade de internação ou do CC, a critério de
cada instituição. O transporte pode ser realizado em maca ou cadeira de rodas, mas para prevenir
acidentes, como quedas, recomenda-se que para o cliente sonolento devido à ação de MPA e/ou após a
cirurgia não seja feito em cadeira de rodas.
O centro cirúrgico deve dispor de elevador privativo, o que diminui os riscos de contaminação e
infecção cirúrgica, agiliza o transporte e propicia conforto, segurança e privacidade ao cliente.

- Transportando o cliente
A maca ou cadeira de rodas deve estar forrada com lençol e situada próxima à cama, para facilitar a
transferência do cliente e evitar acidentes. Após deixá-lo confortável, deve ser coberto com lençol e
cobertor (nos dias frios).
Os responsáveis pelo transporte do cliente para o CC devem empurrar a maca ou cadeira de rodas
com cuidado, e estarem atentos para observar alguma anormalidade com o cliente (palidez, sudorese,
dificuldade respiratória, etc.), além disso, verificar se o soro, sondas, drenos e outros equipamentos que
se fizerem necessários estão livres de tração. É recomendável que o cliente seja transportado de modo
a visualizar o trajeto de frente, para evitar desconforto.
É importante observar o alinhamento correto das partes do corpo durante o transporte e, nos casos de
clientes com venóclise ou transfusão sanguínea, deve-se adaptar à maca ou à cadeira de rodas o suporte
apropriado, posicionando corretamente o frasco de solução venosa, cateteres, drenos e equipamentos.
Durante o trajeto, conversar e encorajar o cliente, ou respeitar o seu silêncio.

O Cuidado de Enfermagem no Transoperatório

O período transoperatório compreende o momento de recepção do cliente no CC e o intra-operatório


realizado na SO.
Nesse período, as ações de enfermagem devem assegurar a integridade física do cliente, tanto pelas
agressões do ato cirúrgico como pelos riscos que o ambiente do CC oferece ao mesmo, já submetido a

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


67
um estresse físico e exposição dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a importância do uso de técnicas
assépticas rigorosas.

O Cuidado de Enfermagem no Pós-Operatório (PO)

Após a cirurgia, o paciente geralmente é transferido para recuperação pós-anestésica (RPA) com
hipotermia leve, com instabilidade dos sinais vitais, atividade motora e reflexos protetores diminuídos e
com alteração do nível de consciência, permanecendo nesta unidade até o retorno destas funções, o que
lhe garante a prevenção de possíveis complicações pós-operatórias.
Diversas complicações podem decorrer da hipotermia que persiste ao procedimento anestésico
cirúrgico em RPA como as metabólicas, respiratórias e cardiovasculares, principalmente quando
associada a fatores de risco e aos tremores compensatórios.
O pós-operatório se inicia a partir da saída do cliente da sala de operação e perdura até sua total
recuperação. Subdivide-se em pós-operatório imediato (POI) - até as 24 horas posteriores à cirurgia;
mediato - após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio - após 7 dias do recebimento da alta.
Nesta fase, os objetivos do atendimento ao cliente são identificar, prevenir e tratar os problemas
comuns aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos - tais como dor, laringite pós-intubação traqueal,
náuseas, vômitos, retenção urinária, flebite pós-venóclise, e outros - com a finalidade de restabelecer o
seu equilíbrio.
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser encaminhados da SO para a recuperação
pós-anestésica - RPA - e sua transferência para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer quando o
anestesista considerar sua condição clínica satisfatória.
A RPA é a área destinada à permanência preferencial do cliente imediatamente após o término do ato
cirúrgico e anestésico, na qual ficará por um período de uma a seis horas para prevenção ou tratamento
de possíveis complicações. Neste local, aliviará a dor pós-operatória e será assistido até a volta dos seus
reflexos, normalização dos sinais vitais e recuperação da consciência.
Considerando tais circunstâncias, este setor deve possuir equipamentos, medicamentos e materiais
que atendam a qualquer situação de emergência, tais como:
- Equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de segurança e encaixes para suporte de
solução, suporte de solução fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, aspirador a
vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmomanômetro,
ventiladores mecânicos, carrinho com material e medicamentos de emergência;
- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, sondas de aspiração, luvas esterilizadas, luvas
de procedimentos, medicamentos, frascos de solução, equipos de solução e de transfusão sanguínea,
equipos de PVC (pressão venosa central), material para sondagem vesical, pacote de curativo, bolsas
coletoras, termômetro, material de coleta para exames e outros porventura necessários.
A hipotermia não intencional é frequente em RPA, e geralmente não é uma situação impeditiva de alta
quando os parâmetros clínicos avaliados pelo Índice de Aldrete e Kroulik apontam para a transferência
do paciente para a unidade de origem, isto é, quando atingem o total de 8 a 10 pontos.
O Índice de Aldrete e Kroulik foi criado e validado em 1970. Em 1995 foi submetido a uma revisão
pelos próprios autores. É utilizado, desde sua criação, na avaliação e evolução dos pacientes no período
pós-anestésico pela análise da atividade muscular, da respiração, da circulação, da consciência e da
saturação de oxigênio. A pontuação varia de 0 a 2 pontos para cada parâmetro, na qual o zero (0) indica
condições de maior gravidade, a pontuação um (1) corresponde a um nível intermediário e, a dois (2)
representa as funções restabelecidas.

ÍNDICE DE ALDRETE E KROULIK

Movimenta os quatro membros 2


Atividade Muscular Movimenta dois membros 1
É incapaz de mover os membros voluntariamente ou sob comando 0
É capaz de respirar profundamente ou de tossir livremente 2
Respiração Apresenta dispneia ou limitação da respiração 1
Tem apneia 0
PA em 20% do nível pré-anestésico 2
PA em 20-49% do nível anestésico 1
Circulação
PA em 50% do nível pré-anestésico 0

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


68
Está lúcido e orientado no tempo e espaço 2
Consciência Desperta, se solicitado 1
Não responde 0
É capaz de manter saturação de O2 maio que 92% respirando em ar
2
ambiente
Saturação de O2 Necessita de O2 para manter saturação maior que 90% 1
Apresenta saturação de O2 menor que 90%, mesmo com suplementação
0
de oxigênio
Índice de Aldrete e Kroulik. Fonte: SOBECC, 2007

Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório Imediato (POI)

Este período é considerado crítico, considerando-se que o cliente estará, inicialmente, sob efeito da
anestesia geral, raquianestesia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta-se bastante vulnerável
às complicações.
Assim, é fundamental que a equipe de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe as funções vitais,
aliviar-lhe a dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos e distensão abdominal), manter-lhe
a integridade da pele e prevenir a ocorrência de infecções.
Ao receber o cliente na RPA, UTI ou enfermaria, a equipe deve tranquilizá-lo, informá-lo de onde se
encontra e perguntar-lhe se sente alguma anormalidade e/ou desconforto. Se o cliente estiver sonolento
ou aparentemente inconsciente, não devem ser feitos comentários indevidos, pois sua audição pode estar
presente.
Deve-se ler atentamente o seu prontuário, o qual deverá conter informações sobre o tipo de anestesia,
anestésico recebido, cirurgia realizada, intercorrências e recomendações especiais.
Os frascos de solução, sangue e derivados devem ser postos no suporte e realizado o controle de
gotejamento e dos líquidos infundidos e eliminados pelas sondas, drenos e cateteres - os quais deverão
estar conectados às extensões e fixados no leito ou outro local adequado.
Para os clientes submetidos à anestesia geral, recomenda-se o decúbito dorsal horizontal sem
travesseiro, com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito (caso ocorra). Para os clientes
com sonda nasogástrica (SNG), indica-se a posição semi-fowler, para prevenir a ocorrência de esofagite
de refluxo. Visando evitar a queda dos clientes sonolentos, confusos e/ou agitados devido à ação dos
anestésicos, as grades da cama devem ser mantidas elevadas.
Normalmente, o cliente se apresenta hipotérmico ao retornar da SO em vista da ação depressora do
sistema nervoso - provocada pelo anestésico. A primeira conduta é aquecê-lo com cobertores, fechar as
janelas, ligar o aquecedor de ambiente e controlar sua temperatura com maior frequência. É
absolutamente contraindicada a aplicação de bolsa de água quente, pelo risco de surgirem queimaduras
causadas pela diminuição da sensibilidade dolorosa.
Na RPA, na primeira hora, o controle dos sinais vitais é realizado de 15 em 15 minutos; se estiver
regular, de 30 em 30 minutos. Mantida a regularidade do quadro, o tempo de verificação do controle deve
ser espaçado para 1/1h, 2/2h, e assim por diante.
Nos cuidados com o curativo, observar se o mesmo está apertado demais ou provocando edema no
local; se está frouxo demais ou se desprendendo da pele; ou se se apresenta sujo de sangue - o que
indica sangramento ou hemorragia. Nestas situações, a equipe de enfermagem solicita avaliação médica
ou refaz o curativo, mantendo uma maior vigilância sobre o cliente que apresenta sangramento.
Quando o cliente está com os reflexos presentes, sinais vitais estabilizados, drenos e sondas
funcionando, recebe alta médica da RPA e é encaminhado para a unidade de internação.
No tocante à ansiedade e agitação apresentadas por alguns clientes, a equipe de enfermagem pode
diminuir seus receios dizendo-lhes onde se encontram, perguntando-lhes o que os está incomodando ou
tranquilizando-os mediante aplicação de analgésicos ou tranquilizantes.
Com relação aos clientes agitados, a contenção ou restrição mecânica dos mesmos ao leito só deve
ocorrer após terem sido realizadas várias tentativas para acalmá-los (orientação, mudança de
posicionamento, oferecer óculos e/ou aparelho de audição, dentre outras estratégias).
Durante o ato da contenção, alguns cuidados de enfermagem devem ser realizados visando evitar a
ocorrência de complicações circulatória e respiratória: evitar o garroteamento e proteger a área com
algodão em rama (ortopédico), camadas de algodão ou compressa; manter vigilância da área restrita;
massagear o local e refazer a restrição duas vezes ao dia e sempre que houver cianose e edema; além
disso, verificar queixas de dor ou formigamento.
A decisão pela restrição mecânica deve se basear na real necessidade do cliente, e não por ser a
medida que diminuirá o trabalho da equipe de enfermagem. Após a sua adoção, não se deve esquecer

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


69
que o cliente sob restrição permanece sendo um ser humano que necessita ser confortado, tranquilizado
e receber os adequados cuidados de enfermagem, incluindo avaliação constante da necessidade de
manutenção da restrição.
Após os cuidados recebidos, devem ser registrados, pela enfermagem, dados como o tipo de
anestesia, a cirurgia realizada, o horário de chegada, as condições gerais do cliente, a presença de
drenos, soluções venosas, sondas, cateteres e a assistência prestada.

Anormalidades e Complicações do Pós-Operatório


A ocorrência de complicações no pós-operatório implica piora do quadro clínico do cliente, aumento
do período de recuperação cirúrgica e, em alguns casos, até mesmo o óbito. Por isso, é vital que a
prevenção, identificação e imediata intervenção sejam realizadas o mais precocemente possível.

Geralmente, as complicações mais comuns são:

- Alteração dos sinais vitais (TPR-PA): é importante que a temperatura corporal seja controlada com
maior frequência, bem como atentar para a instalação de quadro convulsivo, principalmente em crianças.
Como as alterações térmicas levam a alterações nos sistemas cardiovascular e respiratório, recomenda-
-se que os sinais vitais também recebam idêntica frequência de controle - o qual possibilita a identificação
precoce do choque, que é a intercorrência mais grave, muitas vezes fatal. Assim, estes controles devem
ser realizados até que o cliente estabilize suas condições físicas.
No tocante à respiração, esta pode estar alterada por efeito do anestésico - que deprime o sistema
nervoso - ou por obstrução das vias aéreas devido à aspiração de vômitos ou secreções.
A cirurgia provoca no cliente um período de instabilidade orgânica que pode se manifestar pela
alteração de temperatura (hipertermia ou hipotermia). Na hipertermia, a equipe de enfermagem pode
retirar os cobertores, resfriar o ambiente, aplicar compressas frias nas regiões da fronte, axilar e inguinal
e medicar antitérmico, de acordo com a prescrição; na hipotermia, o cliente deve ser agasalhado e sua
temperatura monitorada.
A diminuição da pressão arterial e pulso é ocasionada pela perda de sangue durante a cirurgia, efeito
do anestésico ou, mesmo, mudança brusca de posição. A hipotensão arterial é a complicação precoce
mais frequentemente encontrada nas pessoas submetidas à raquianestesia, devendo ser corrigida com
hidratação rigorosa pela via EV, mantendo-se o cliente na posição de Trendelemburg - para melhorar o
retorno venoso - e administrando-lhe oxigênio. A administração de medicamentos vasopressores está
indicada apenas quando outras medidas não conseguiram normalizaram a pressão arterial.

- Alterações neurológicas:
a) Dor
O estado neurológico do cliente pode ser afetado pela ação do anestésico, do ato cirúrgico ou de um
posicionamento inadequado na mesa cirúrgica. Por isso, a equipe de enfermagem deve observar o nível
de consciência e as funções motora e sensitiva.
Quando o cliente apresentar quadro de confusão mental ou agitação, pesquisar se isto não está sendo
provocado pela dor que surge à medida que a ação do anestésico vai sendo eliminada pelo organismo.
Confirmando-se a dor, medicá-lo conforme prescrição médica.
A dor mais comum é a que ocorre na região alvo da cirurgia, que diminui gradativamente com o passar
do tempo. Por ser a dor uma experiência subjetiva e pessoal, ou seja, só o cliente sabe identificá-la e
avaliar sua intensidade, não devemos menosprezá-la, mas, sim, providenciar o medicamento prescrito
para a analgesia de forma a não permitir que se torne mais intensa.
Muitas vezes, na prescrição médica há analgésicos que devem ser administrados a intervalos
regulares e sempre que necessário. Mesmo que o cliente não relate dor intensa, a administração da
medicação é importante para prevenir a sensação dolorosa mais intensa e contínua.
A dor pode variar quanto à localização, intensidade, duração e tipo (em pontadas, compressiva,
constante, intermitente) - características que podem ser obtidas pelas informações dadas pelo cliente.
Outras manobras/estratégias podem auxiliar no alívio da dor, tais como, respeitadas as devidas
contraindicações: afrouxar e/ou trocar os curativos, aliviar a retenção de urina e fezes, fazer a mudança
de decúbito, apoiar segmentos do corpo em coxins e aplicar compressas frias ou quentes, escurecer o
ambiente e diminuir os barulhos, estimulando o cliente a repousar e/ou proporcionar-lhe algo que o
distraia, por exemplo, televisão, música, revistas, etc.
As ações a serem implementadas devem considerar a necessidade e o tipo de cliente, bem como os
recursos disponíveis na unidade.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


70
Realizadas estas medidas, se a dor ainda persistir, deve-se verificar junto ao enfermeiro e/ou médico
a possibilidade de administrar outros medicamentos.
A equipe de enfermagem deve acompanhar a evolução da dor, pois só assim saberá se o medicamento
está fazendo efeito, comunicando à enfermeira ou médico a sua persistência, para reavaliação da causa
e/ou seu tratamento.
É importante lembrar que a analgesia precoce ajuda o cliente a se movimentar sem grandes restrições,
o que auxilia e agiliza sua efetiva recuperação.
Outra dor bastante comum é a cefaleia pós-raquianestesia, causada pela saída de líquor durante a
punção lombar realizada para a introdução do anestésico.
O cliente, ao elevar a cabeça, pode apresentar cefaleia intensa - o que também pode ocorrer mais
tardiamente, entre o 2° e 7° dias após a punção. Nessas circunstâncias, recomenda-se colocá-lo em
decúbito baixo, em posição supina, e dar-lhe hidratação adequada por VO e/ou EV, bem como os
analgésicos prescritos.

b) Sonolência
A sonolência é uma característica muito frequente no cliente cirúrgico. Assim, a certificação do seu
nível de consciência deve ser sempre verificada mediante alguns estímulos (perguntas, estímulo tátil) e
as alterações comunicadas o mais rapidamente possível, pois podem indicar complicações graves -
como, por exemplo, hemorragia interna.

c) Soluço
Os soluços são espasmos intermitentes do diafragma, provocados pela irritação do nervo frênico. No
pós-operatório, suas causas mais comuns são a distensão abdominal e a hipotermia.
Na maioria das vezes, os soluços terminam espontaneamente ou por condutas simples. Uma delas é
eliminar as causas pela aspiração ou lavagem gástrica (na distensão abdominal), deambulação,
aquecimento do cliente hipotérmico e mudança de decúbito.
Outras, orientar o cliente para inspirar e expirar em um saco de papel, porque o dióxido de carbono
diminui a irritação nervosa; ou administrar-lhe metoclopramida (Plasil®) de acordo com a prescrição
médica.

- Complicações pulmonares: são as complicações mais sérias e frequentes no pós-operatório,


principalmente nos clientes obesos, fumantes, idosos e naqueles com outros agravos clínicos.
As ações da equipe de enfermagem priorizam a prevenção das complicações pulmonares pelo
reconhecimento precoce dos sinais e sintomas (cianose, dispneia, tiragem intercostal, batimentos de asa
de nariz, agitação), movimentação e deambulação precoce, lateralização da cabeça do cliente com vômito
e não infusão de soluções endovenosas pelos membros inferiores - para evitar a formação de trombos e
embolia pulmonar.
Normalmente, a causa dessas complicações é o acúmulo de secreções brônquicas, cuja remoção
pode ser favorecida pela fluidificação.
A expectoração é o meio natural de expeli-las, o que ocorre pela tosse.
Assim, o cliente deve ser estimulado a hidratar-se, realizar os exercícios respiratórios e não inibir a
tosse. Ao tossir, o cliente pode referir medo e dor. Para minimizar esta sensação, deve ser orientado a
colocar as mãos, com os dedos entrelaçados, sobre a incisão cirúrgica; ou utilizar-se de um travesseiro,
abraçando-o e expectorando no lenço de papel.
A broncopneumonia (BCP) é a principal complicação e acontece devido à aspiração de vômitos ou
alimentos, estase pulmonar, infecção e irritação por produtos químicos. Além dessa, podem ocorrer a
atelectasia, que é o colabamento dos alvéolos pulmonares pela obstrução dos brônquios por tampão
mucoso, e a embolia pulmonar, que consiste na obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos por
êmbolos.
O cliente pode apresentar, ainda, hipertermia, alterações na frequência e profundidade da respiração,
dispneia e dor torácica.
Como algumas complicações instalam-se bruscamente, faz-se necessário que a equipe de
enfermagem mantenha material de oxigenação pronto para o uso emergencial: material de aspiração de
secreção, nebulizadores, cateter de oxigênio, balão auto inflável tipo ambu com intermediários, máscaras
de diversos tamanhos e material de intubação (laringoscópio, sondas endotraqueais de diversos calibres,
mandril).

- Complicações urinárias: as mais frequentes são a infecção urinária e a retenção urinária


(bexigoma). A infecção urinária é geralmente causada por falhas na técnica de sondagem vesical e refluxo

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


71
da urina. Como sintomatologia, o cliente apresenta hipertermia, disúria e alterações nas características
da urina.
Visando minimizar a ocorrência de infecção urinária, deve-se manter a higiene íntima adequada do
cliente, bem como obedecer à técnica asséptica durante a passagem da sonda e sempre utilizar
extensões, conectores e coletores esterilizados com sistema fechado de drenagem.
No caso de retenção urinária, a equipe de enfermagem deve eliminar suas prováveis causas:
medicando o cliente contra a dor, promovendo sua privacidade, mudando-lhe de posição (se não houver
contraindicação) e avaliando a presença de dobraduras e grumos nas extensões das sondas e drenos
nas proximidades da bexiga.
Se essas medidas não surtirem efeito, realizar higiene íntima com água morna, aquecer e relaxar o
abdome pela aplicação de calor local e realizar estimulação pelo ruído de uma torneira aberta próxima ao
leito. Caso o cliente não consiga urinar após tentados estes métodos, deve-se comunicar tal fato à
enfermeira e/ou médico, e discutir a possibilidade da passagem de uma sonda de alívio.

- Complicações gastrintestinais:
a) Náuseas e vômito
Os efeitos colaterais dos anestésicos e a diminuição do peristaltismo ocasionam distensão abdominal,
acúmulo de líquidos e restos alimentares no trato digestório; em consequência, o cliente pode apresentar
náuseas e vômito.
Na presença de náuseas, os clientes sem sonda nasogástrica devem ser colocados em decúbito lateral
ou com a cabeça lateralizada para facilitar a drenagem do vômito pela boca. Nos clientes com sonda
nasogástrica, abrir a sonda e, mantendo-a aberta, proceder à aspiração para esvaziar a cavidade gástrica.
Para proporcionar conforto ao cliente, o vômito deve ser aparado em uma cuba-rim ou lençol/toalha; a
seguir, trocar as roupas de cama e proceder à higiene oral o mais rápido possível.
Geralmente, faz-se necessário medicá-lo com antieméticos, passar a sonda nasogástrica (mantendo-
a aberta) e aspirar mais frequentemente o conteúdo gástrico, de acordo com as orientações da enfermeira
e/ou médico. Posteriormente, anotar a intercorrência e as providências adotadas.
A dieta é introduzida de forma gradativa nos clientes, desde que não apresentem náuseas, vômitos ou
distensão abdominal, ou de acordo com as condições de aceitação. A equipe de enfermagem deve estar
atenta quanto à ingestão de líquidos, por ser esta uma das formas de reposição das perdas líquidas
ocorridas na cirurgia devido, principalmente, ao sangramento.

b) Constipação intestinal
A constipação intestinal ocorre quando há diminuição do peristaltismo provocada pelo efeito colateral
do anestésico, imobilidade prolongada no leito, quadro inflamatório, exposição e manipulação do intestino
durante as cirurgias abdominais e o medo da dor. Como resultado, ocorre retenção de fezes
acompanhada ou não de dor, desconforto abdominal e flatulência.
O objetivo principal do cuidado é facilitar a saída dos gases e fezes retidos, o que pode ser obtido
mediante movimentação no leito, deambulação precoce, ingestão de líquidos e aceitação de alimentos
ricos em celulose.
A nutricionista deve ser notificada para que possa rever a dieta. A aplicação de calor na região
abdominal e a orientação, ao cliente, para que degluta menos ar ao beber ou ingerir alimentos pode ajudar
no retorno do movimento peristáltico e diminuir o acúmulo de gases. Deve-se, preferencialmente,
promover sua privacidade para que possa eliminar os gases.
Nos casos em que o cliente não consegue evacuar de forma satisfatória, o médico pode prescrever
laxante no período noturno e/ou lavagem intestinal.

c) Sede
Provocada pela ação inibidora da atropina, perdas sanguíneas e de líquidos pela cavidade exposta
durante o ato operatório, sudorese e hipertermia.
A equipe de enfermagem deve observar a presença de sinais de desidratação (alteração no turgor da
pele e da PA e diminuição da diurese), manter a hidratação por via oral e, nos clientes impossibilitados
de hidratar-se por via oral, umidificar os lábios e a boca, realizar higiene oral e manter hidratação
endovenosa.

- Complicações vasculares: a permanência prolongada no leito, associada à imobilidade após a


cirurgia, provoca estase venosa, predispondo o aparecimento de trombose, tromboflebite e embolia.
Quando o cliente muda de decúbito, estimula sua circulação e a respiração mais profunda, aliviando-
-lhe também as áreas de pressão. Portanto, para melhorar a circulação dos membros inferiores (MMII) o

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


72
cliente deve, sozinho ou com ajuda, deitar-se em decúbito dorsal, dobrar o joelho e levantar o pé; um
outro bom exercício é movimentar as articulações.
A mudança de decúbito a cada 2 ou 4 horas, com ou sem auxílio da equipe de enfermagem, bem como
a movimentação, realização de exercícios ativos no leito e início da deambulação o mais precocemente
possível são os cuidados recomendados para evitar a ocorrência de complicações vasculares.
Não havendo contraindicação, a partir do primeiro PO inicia-se a deambulação precoce. Para prevenir
a hipotensão postural, deve-se orientar o cliente para que não se levante bruscamente do leito.
Caso seja este seu desejo, deve, primeiramente, sentar-se com as pernas para baixo e, em seguida,
ficar em pé, sempre com o auxílio de outra pessoa. Deve, ainda, ser orientado para solicitar medicação
analgésica caso a dor lhe dificulte a movimentação, desestimulando-o a levantar-se do leito.

- Complicações na ferida operatória:


a) Hemorragia
A hemorragia pode ser externa, quando o sangramento é visível, ou interna, quando o sangramento
não é visível - circunstância mais difícil de imediata identificação. Acontece, frequentemente, nas
primeiras 24 horas após a cirurgia.
Dependendo da intensidade, o cliente apresentará sensação de desconforto, palidez intensa, mucosa
descorada, taquicardia, dispneia e choque hipovolêmico. No caso de hemorragia interna, pode também
referir dor.
As ações de enfermagem consistem em observar a presença de sangramento no curativo e/ou roupas
de cama. Qualquer sinal de aumento no sangramento deve ser comunicado com urgência à enfermeira
ou médico, para que sejam tomadas as devidas providências, pois, conforme o caso, o cliente deverá ser
preparado para uma possível revisão cirúrgica.
Na ocorrência de sangramento aumentado, a verificação dos sinais vitais é importante, pois pode
indicar possível choque hemorrágico.

b) Infecção da ferida cirúrgica


A infecção da ferida operatória se caracteriza pela presença de secreção purulenta que varia de clara
inodora a pus espesso com odor fétido, com a presença ou não de necrose nas bordas da ferida.
Quando ocorre um processo inflamatório, normalmente os sintomas se manifestam entre 36 e 48 horas
após a cirurgia, mas podem passar despercebidos devido à antibioticoterapia.
A equipe de enfermagem pode prevenir a infecção através de um preparo pré-operatório adequado,
utilização de técnicas assépticas, observação dos princípios da técnica de curativo e alerta aos sinais que
caracterizam a infecção.
Os clientes devem ser orientados quanto aos cuidados, durante o banho, com o curativo fechado. Nas
instituições que têm por rotina trocar o curativo somente após o 2o dia pós-operatório (DPO), o mesmo
deve ser coberto com plástico, como proteção à água do chuveiro - caso se molhe acidentalmente, isto
deve ser notificado. Nas instituições em que os curativos são trocados diariamente, estes podem ser
retirados antes do banho, para que o cliente possa lavar o local com água e sabão, sendo refeitos logo
após.

c) Deiscência
A deiscência é a abertura total ou parcial da incisão cirúrgica provocada por infecção, rompimento da
sutura, distensão abdominal, ascite e estado nutricional precário do cliente.
O tratamento da deiscência se realiza mediante lavagem ou irrigação do local com solução fisiológica,
podendo haver a necessidade de o cliente revisar os pontos cirúrgicos.
A troca do curativo pode ou não ser atribuição da equipe de enfermagem e o tempo de permanência
dos curativos fechados depende da rotina da instituição ou da equipe médica. Todos os curativos com
saída de secreções (purulenta, sanguinolenta) devem ser do tipo fechado; nos casos de sangramento,
indica-se o curativo compressivo.

- Choque: no quadro de choque ocorre suprimento inadequado de sangue para os tecidos, provocando
alterações nos órgãos essenciais.
Por ser uma ocorrência grave, o prognóstico dependerá da rapidez no atendimento.
No PO imediato o choque hipovolêmico é o mais comum, provocado pela perda sanguínea excessiva
ou reposição hídrica ou sanguínea inadequada durante ou após a cirurgia.
Outro tipo frequente é o choque séptico decorrente de cirurgias infectadas, infecções crônicas ou
adquiridas durante ou após o ato cirúrgico.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


73
Os sinais e sintomas mais frequentes são pulso taquicardíaco e filiforme, hipotensão arterial, dispneia,
palidez, sudorese fria, hipotermia, cianose de extremidades, agitação, oligúria ou anúria, valores de PVC
abaixo do normal.
Como o choque se instala rapidamente, é fundamental detectar e notificar precocemente seus sinais
indicativos e a variação no nível de consciência, bem como controlar frequentemente a pressão venosa
central, temperatura, pressão arterial e frequência respiratória, principalmente o pulso e a pressão arterial,
e observar focos hemorrágicos fazendo, se necessário, curativo compressivo.
Considerando os sinais e sintomas e a possibilidade de o cliente entrar em choque, recomenda-se a
punção de uma veia o mais precocemente possível, haja vista que, após a instalação do choque, haverá
dificuldade para a visualização da mesma. A venóclise deve ser mantida enquanto se aguarda a conduta
médica.
O material de emergência deve estar pronto para uso: tábua de massagem cardíaca, aspirador, sondas
de aspiração de diversos calibres, luvas esterilizadas, balão auto inflável tipo ambu com intermediário,
máscaras de diversos tamanhos, material de intubação (laringoscópio, sondas endotraqueais de diversos
calibres e mandril), cateter de oxigênio, nebulizador, cânulas de Guedel, medicamentos utilizados na
parada cardíaca e soluções diversas.

- Drenos: cuidados necessários


Algumas cirurgias exigem a necessidade da colocação de drenos para facilitar o esvaziamento do ar
e líquidos (sangue, secreções) acumulados na cavidade. Assim, para que exerça corretamente sua
função, o profissional deve ter a compreensão do que vem a ser dreno, bem como suas formas e
localizações.
Dreno pode ser definido como um objeto de forma variada, produzido em materiais diversos, cuja
finalidade é manter a saída de líquido de uma cavidade para o exterior.
De maneira geral, os cuidados de enfermagem são: manter a permeabilidade, visando garantir uma
drenagem eficiente; realizar o adequado posicionamento do dreno, evitando que ocorra tração e posterior
deslocamento; realizar o curativo conforme a necessidade e com o material determinado para a
prevenção de infecções; controlar a drenagem, atentando para a quantidade e aspecto da secreção
drenada, e registrar corretamente todos estes dados.
Para melhor entendimento, apresentaremos a seguir alguns tipos de drenos, seu posicionamento,
cuidados específicos e em que tipos de cirurgia podem ser utilizados.
O sistema para drenagem fechada de feridas realiza a drenagem com o auxílio de uma leve sucção
(vácuo), sendo composto por uma extensão em que uma extremidade fica instalada na cavidade e a outra
em uma bolsa com o aspecto de sanfona.
Seu manejo consiste em manter essa sanfona com a pressão necessária para que a drenagem ocorra
com mais facilidade. Este sistema é utilizado, principalmente, para a drenagem de secreção
sanguinolenta, sendo amplamente utilizado nas cirurgias de osteossíntese e drenagem de hematoma
craniano.
Outra forma de drenagem fechada são os drenos com reservatório de Jackson-Pratt (JP), que
funcionam com pressão negativa e diferenciam-se do anterior por possuir a forma de pera - sendo
comumente utilizados para cirurgias abdominais.
O principal cuidado com esse tipo de dreno é a correta manutenção do vácuo, obtida com a
compressão do reservatório. Caso contrário, a drenagem não será eficaz, podendo ocorrer acúmulo de
secreção - o que provocaria no cliente dor, desconforto e alterações dos seus sinais vitais, entre outras
intercorrências.
Existem também os sistemas de drenagem aberta, nos quais o dreno mais utilizado é o de Penrose,
constituído por um tubo macio de borracha, de largura variada, utilizado, principalmente, em cirurgias em
que haja presença de abcesso na cavidade, particularmente nas cirurgias abdominais - nas quais ele se
posiciona dentro da cavidade, sendo exteriorizado por um orifício próximo à incisão cirúrgica.
Com relação aos cuidados de enfermagem, por se tratar de um sistema aberto - que deverá estar
sempre protegido por um reservatório (bolsa) - a manipulação deve ser feita de maneira asséptica, pois
existe a comunicação do meio ambiente com a cavidade, o que possibilita a ocorrência de infecção - e o
profissional deve estar atento para a possibilidade de exteriorização, o que não é incomum.
Além dessas, existe uma outra forma de drenagem que pode ser realizada tanto no momento da
realização do ato cirúrgico como na presença de algum colapso: a drenagem de tórax - a qual, em vista
de suas particularidades, será detalhada a seguir.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


74
- Dreno de tórax
Sabemos que os pulmões estão envolvidos por um saco seroso, completamente fechado, chamado
pleura - que possui um espaço (cavidade pleural) com pequena quantidade de líquido. Nesta cavidade a
pressão é menor que a do ar atmosférico, o que possibilita a entrada de ar. Sempre que o pulmão perde
essa pressão negativa, seja por abertura do tórax devido à cirurgia, trauma ou por presença de ar, pus,
ou sangue no tórax, ocorrerá o colapso pulmonar.
Na presença desse colapso faz-se necessária a realização de drenagem torácica para a reexpansão
pulmonar através da restauração da pressão negativa. Para tal procedimento, faz-se necessária a
utilização de máscara, aventais e luvas estéreis, solução para a assepsia do local de punção, sistema de
drenagem montado, anestésico local e material para curativo.
Durante o procedimento, a equipe de enfermagem deve auxiliar a circulação dos materiais e promover
conforto e segurança ao cliente.
Em relação à manutenção do sistema fechado, a equipe de enfermagem deve observar e realizar
algumas ações específicas para impedir a entrada de ar no sistema, pois, caso isto ocorra, o ar pode
entrar nas pleuras (colabamento pulmonar) e comprimir os pulmões, provocando dispneia e desconforto
respiratório para o cliente.
Como precaução a esta eventualidade, o dreno deve estar corretamente fixado ao tórax do paciente
com fita adesiva - o que impede seu deslocamento.
Visando evitar o colabamento pulmonar, a equipe deve adotar os seguintes cuidados: certificar-se de
que as tampas e os intermediários do dreno estejam corretamente ajustados e sem presença de escape
de ar, o que prejudicaria a drenagem; manter o frasco coletor sempre abaixo do nível do tórax do cliente
- o qual, durante a deambulação, poderá utilizar uma sacola como suporte para o frasco coletor.
O cliente deve ser orientado para manter o frasco coletor sempre abaixo do nível de seu tórax, e atentar
para que não quebre - caso isto ocorra, deve imediatamente pinçar com os dedos a extensão entre o
dreno e o frasco, o que evitará a penetração de ar na cavidade pleural.
O dreno originário do tórax deve ser mantido mergulhado em solução estéril contida no frasco coletor
(selo de água) - no qual deve ser colocada uma fita adesiva em seu exterior, para marcar o volume de
solução depositada, possibilitando, assim, o efetivo controle da drenagem.
A intervalos regulares, o auxiliar de enfermagem deve checar o nível do líquido drenado, comunicando
à enfermeira e/ou médico as alterações (volume drenado, viscosidade e coloração).
Observar a oscilação da coluna de líquido no interior do frasco coletor - que deve estar de acordo com
os movimentos respiratórios do cliente. Caso haja a necessidade de seu transporte, o profissional deverá
pinçar a extensão apenas no momento da transferência da cama para a maca.
Nessa circunstância, o cliente deve ser orientado para não se deitar ou se sentar sobre a extensão, e
a equipe deve observar se não existem dobras, formação de alças e/ou obstrução da extensão, visando
evitar o aumento da pressão intrapleural, que pode provocar parada cardiorrespiratória.
A cada 24 horas, realizar a troca do frasco de drenagem, de maneira asséptica, cujo pinçamento de
sua extensão deve durar apenas alguns segundos (o momento da troca), observando-se e anotando-se,
nesse processo, a quantidade e aspecto da secreção desprezada.
Com relação aos clientes em posição pleural e com drenos, o controle da dor é de extrema importância,
pois lhes diminui a ansiedade e desconforto, além de evitar a infecção pulmonar - como sabemos, a
pessoa com dor não realiza corretamente a fisioterapia respiratória, o que aumenta o acúmulo de
secreção e, consequentemente, a possibilidade de infecção pulmonar.

Os Familiares, o Cliente e a Alta Hospitalar

A alta é um momento importante para o cliente e seus familiares, pois significa sua volta ao contexto
social. É uma fase de transição que causa muita ansiedade e preocupação para todos os envolvidos.
Para minimizar esses sentimentos, faz-se importante a correta orientação quanto aos cuidados a serem
tomados e as formas de adaptá-los no domicílio; bem como alertar o cliente sobre seu retorno ao serviço
de saúde, para avaliação da evolução.
Para que os familiares, efetivamente, compreendam a complexidade dos cuidados (técnicas
assépticas, manuseio dos curativos, grau de dependência, uso de medicações, etc.), as informações
devem ser passadas paulatinamente. Esta estratégia evita que o momento da saída seja conturbado por
conta de um acúmulo de informações para a continuidade do bem-estar do cliente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


75
Questões

01. (EBSERH/ HC-UFMG - Técnico em Enfermagem - AOCP) São atribuições do técnico de


enfermagem no Centro Cirúrgico, EXCETO
(A) colher material para exame de laboratório de acordo com a solicitação médica em impresso próprio
e conforme regulamentação do exercício profissional da enfermagem.
(B) auxiliar o cirurgião e realizar a sutura da pele ao final da cirurgia, se solicitado pelo enfermeiro.
(C) dispor os instrumentos cirúrgicos sobre a mesa apropriada, com técnica asséptica.
(D) administrar a medicação prescrita, fazer curativos simples e controlar os sinais vitais de acordo
com os protocolos da unidade.
(E) exercer as atribuições de circulante de sala.

02. (Pref. Botucatu/SP - Auxiliar de Enfermagem - CAIPIMES) Em relação aos cuidados com a
criança com afecções cirúrgicas, a manutenção do jejum antes do ato operatório tem alguns objetivos.
Leia as sentenças abaixo e assinale a seguir a alternativa que apresenta a resposta correta para a
exigência do jejum.
I- Evitar vômitos e prevenir a aspiração de resíduos alimentares.
II- Aumentar o efeito das medicações pré-anestésicas e diminuir o risco de reações anafiláticas.
III- Acelerar a recuperação no período pós-anestésico.
IV- Facilitar o acesso em cirurgias abdominais.

(A) Somente a alternativa I é verdadeira.


(B) Somente as alternativas I, II, e III são verdadeiras.
(C) Somente as alternativas III e IV são verdadeiras.
(D) Somente as alternativas II e III são verdadeiras.

03. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - Centro Cirúrgico - IBFC) Assinale a alternativa que contemple a
pontuação correta do índice de Aldrete e Kroulik para um paciente que apresenta movimentação nos
quatro membros; é capaz de respirar profundamente ou sob comando; sua pressão arterial apresenta
variação de 20 a 49% do nível pré-anestésico; desperta, se solicitado; e é capaz de manter saturação de
O2 maior do que 92%, respirando em ar ambiente.
(A) 7.
(B) 9.
(C) 10.
(D) 8.

Gabarito
01.B / 02.A / 03.D

Comentários
01. Resposta: B.
A coleta de material para exame de laboratório deverá ser realizada na fase pré-operatória com o
propósito de diagnosticar complicações no ato cirúrgico.

02. Resposta: A.
A manutenção do jejum de 6 a 12 horas antes da cirurgia tem por objetivo evitar vômitos e aspiração
de resíduos alimentares por ocasião da anestesia. É importante que, tanto o cliente como seus familiares,
tenham conhecimento deste cuidado, para que possam entender o motivo e efetivamente cumpri-lo.

03. Resposta: D.
A hipotermia não intencional é frequente em RPA, e geralmente não é uma situação impeditiva de alta
quando os parâmetros clínicos avaliados pelo Índice de Aldrete e Kroulik apontam para a transferência
do paciente para a unidade de origem, isto é, quando atingem o total de 8 a 10 pontos. O Índice de Aldrete
e Kroulik foi criado e validado em 1970. Em 1995 foi submetido a uma revisão pelos próprios autores. É
utilizado, desde sua criação, na avaliação e evolução dos pacientes no período pós-anestésico pela
análise da atividade muscular, da respiração, da circulação, da consciência e da saturação de oxigênio.
A pontuação varia de 0 a 2 pontos para cada parâmetro, na qual o zero (0) indica condições de maior
gravidade, a pontuação um (1) corresponde a um nível intermediário e, a dois (2) representa as funções
restabelecidas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


76
5. Noções de controle de infecção hospitalar

INFECÇÃO HOSPITALAR

Qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após a sua alta
quando essa infecção estiver diretamente relacionada com a internação ou procedimento hospitalar,
como, por exemplo, uma cirurgia.

O diagnóstico de infecção hospitalar envolve o uso de alguns critérios técnicos, previamente


estabelecidos:
- Observação direta do paciente ou análise de seu prontuário;
- Resultados de exames de laboratório;
- Quando não houver evidência clínica ou laboratorial de infecção no momento da internação no
hospital, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar
após 72 horas da admissão no hospital;
- Também são convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da
internação, quando associadas a procedimentos médicos realizados durante esse período;
- Os pacientes transferidos de outro hospital são considerados portadores de infecção hospitalar do
seu hospital de origem;
- As infecções de recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas pela placenta ou
das associadas a bolsa rota superior a 24 horas.

Qualquer pessoa que é obrigada a internar-se em ambiente hospitalar para tratamento médico está
sujeita a contrair uma infecção hospitalar, que está diretamente relacionada ao tempo de internação e
procedimento a ser realizado.
Em procedimentos cirúrgicos sempre existem mais riscos de contrair infecção do que em uma
internação sem procedimentos já que Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) ou Centros Cirúrgicos
são locais onde há muito mais chances de contrair infecção.

Sintomatologia

Os sintomas são relacionados ao local do procedimento ou envolvem algum sistema, como respiratório
ou urinário. Pacientes graves podem ter comprometimento de todo o organismo.

Tratamento

Após o diagnóstico de infecção hospitalar, o tratamento é feito sempre com antibióticos injetáveis e por
período de 14 a 30 dias.

Prevenção

A prevenção de infecções hospitalares por todo o mundo depende muito mais da instituição hospitalar
e de seus trabalhadores do que dos pacientes, já que ninguém se interna com intenção de contrair
doenças dentro do hospital.

Os cuidados para não ocorrer elevado número de infecções e sua prevenção e controle envolvem:
- Medidas de qualificação da assistência hospitalar;
- De vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do município e estado.

Assepsia é o processo pelo qual são afastados os micro-organismos patogênicos de um local ou


objeto. Em um hospital, a assepsia é essencial para evitar as infecções. São exemplos de assepsia:
- O ato de lavar as mãos (impede a transferência de micro-organismos presentes na mão do agente
de saúde para o paciente);
- A esterilização dos materiais;
- Não tossir, espirrar, e nem mesmo falar sobre material esterilizado;
- Uso de papel toalha para as mãos;
Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32
77
- Não sentar nas camas dos pacientes;
- Não colocar materiais no chão (comadre, bacia);
- Remoção das bactérias da pele (banho, limpeza).

Fica claro, portanto, que as medidas para a prevenção das infecções hospitalares são de
responsabilidade do hospital e de seus funcionários. A padronização das técnicas de assepsia é o meio
mais eficaz de evitar as infecções hospitalares.

Os hospitais devem contar com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para:
- Fazer o diagnóstico de casos de infecção hospitalar;
- Padronizar as técnicas de assepsia;
- Promover o treinamento de funcionários;
- Ajudar no planejamento do espaço físico do hospital;
- Controlar a utilização de antibióticos no trato das infecções (para impedir o uso abusivo), entre outras
atribuições.

Fonte de Infecção Relacionada ao Ambiente

O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma
instituição de saúde. Particularmente no hospital, o ambiente pode tornar-se foco de infecção hospitalar,
embora estudos tenham demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão.

Os cuidados com o ambiente estão centrados principalmente nas ações de limpeza realizadas pelo
Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle de
Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbências:
- Padronizar produtos a serem utilizados na limpeza;
- Normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as demais, quando
necessário;
- Participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza;
- Participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto.

Fonte de Infecção Relacionada à Equipe de Saúde

A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar.
As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de microrganismos que habitam
o ambiente hospitalar e diminuir os riscos de o paciente vir a adquirir uma infecção.
Por outro lado, tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção
implantadas na instituição também se direcionam para proteger o próprio trabalhador que ali desempenha
sua função, quer seja prestando assistência direta ao paciente, como no caso do auxiliar de enfermagem
ou do enfermeiro, quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da
nutrição e dietética.
Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar,
devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ou
coletivo (EPC), quando necessário.
Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de disponibilizar os recursos necessários à
efetivação desses cuidados. A prevenção e o controle da infecção fundamentam-se nos princípios de
assepsia, mediante a utilização de medidas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação)
em local onde não estejam presentes.
As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os
procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A assepsia médica,
refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; e a
assepsia cirúrgica, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril.
As medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos são
denominadas antissepsia.

A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda dependem da


conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização de
atos simples e de fácil execução, tais como:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


78
- Lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes meios
para prevenir a infecção cruzada;
- Manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira
e microrganismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional;
- Manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e
microrganismos;
- Evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem constituir-se
em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem microrganismos em seus sulcos e
reentrâncias, bem como na pele subjacente;
- Não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de
pacientes, pois isto favorece a disseminação de microrganismos.

Infecção

É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou presença de micro-organismos em tecidos


orgânicos.

Infecção Comunitária

É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior.

São também comunitárias:


- A infecção que está associada à complicação ou extensão da infecção já presente na admissão
hospitalar, a menos que haja troca de micro-organismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos
da aquisição de nova infecção;
- A infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é reconhecida ou foi
comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirose, sífilis, Aids);
- As infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas (vinte e quatro horas).

Princípios
- Evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
- Resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de
antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados;
- Evidências de estudos com métodos de imagem;
- Endoscopia;
- Biópsia e outros.

Critérios gerais
- Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe
diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado
infecção hospitalar;
- Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e
ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como infecção hospitalar
toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a
admissão;
- São também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e
duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos,
realizados durante esse período;
- As infecções do recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota durante esse período;
- Pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores
de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e
ou hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele
hospital.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


79
Classificação das Cirurgias por Potencial de Contaminação da Incisão Cirúrgica

As infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida


cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;
A classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as
seguintes indicações:

Cirurgias limpas
São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de
processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização
de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos
digestório ou urinário.
- Artroplastia de quadril;
- Cirurgias cardíacas;
- Herniorrafia;
- Neurocirurgia;
- Cirurgias ortopédicas eletivas;
- Anastomose porto cava;
- Anastomose esplenectomia;
- Mastectomia;
- Enxertos cutâneos;
- Vagotomia supra seletiva sem drenagem;
- Cirurgias vasculares;
- Cirurgias torácicas;
- Cirurgias sobre o trato respiratório intratorácico ou baixo.
- Cirurgias de peritônio: baço, fígado, pâncreas, músculos, ossos, articulações, ovários, trompas, pele,
tecido celular subcutâneo, próstata sem acesso uretral, bexiga sem acesso uretral, ureter, bacinetes.

Nota: o índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 2%, porém, segundo
o Colégio Americano de Cirurgiões, pode atingir até 5%.

Cirurgias potencialmente contaminadas


São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos
de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas
discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nessa categoria. Ocorre
penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.
- Histerectomia abdominal;
- Cirurgia eletiva de intestino delgado;
- Cirurgia de vias biliares;
- Cirurgia esofágica, gástrica, duodenal e de íleo;
- Feridas traumáticas limpas;
- Cirurgias de ouvido externo;
- Cirurgia de uretra;
- Cirurgia de útero cujo acesso não seja o vaginal;
- Quebra menor da técnica asséptica;
- Drenagem mecânica.

Nota: o índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 10%.

Cirurgias contaminadas
São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação
seja difícil ou impossível, bem como aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras e na
ausência de supuração local.
- Apendicectomia sem supuração;
- Cirurgia de cólon, reto e ânus;
- Cirurgia de vulva e vagina;
- Cirurgia de vias biliares em presença de bile contaminada;
- Cirurgia intranasal;
- Cirurgia oral e dental;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


80
- Cirurgia de orofaringe;
- Fraturas expostas;
- Fraturas traumáticas recentes;
- Cirurgias com quebra da técnica asséptica (por exemplo: massagem cardíaca a céu aberto).

Nota: estes procedimentos apresentam um índice de infecção esperando elevado, entretanto não
superior a 15-20%.

Cirurgias infectadas
São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de
processo infeccioso (supuração local) e ou tecido necrótico.
- Cirurgia de reto e ânus com pus;
- Cirurgia abdominal em presença de conteúdo de cólon e pus;
- Nefrectomia com infecção;
- Feridas traumáticas abertas tardias (depois de 10 horas);
- Parto normal ou cesariana com bolsa rota há mais de 6 horas.

O índice de infecção esperando para estes procedimentos varia de 28 a 40%

Tipos de Infecções

Infecções preveníveis
São aquelas passíveis de serem controladas e reduzidas a níveis aceitáveis. Ex.: pacientes em uso de
cateteres vesicais, venosos etc.

Infecções não-preveníveis
São aquelas que dependem basicamente do hospedeiro (paciente) e sua imunidade e não tanto dos
fatores externos. Ex.: infecção em RN prematuros, pacientes terminais, idosos, imunodeprimidos etc.

Infecção cruzada
É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de profissionais de
saúde e que também é considerada infecção hospitalar.

Colonização
É o aumento de um ou mais tipo de microrganismo sem causar uma reação patogênica.

Isolamento

Define-se como isolamento o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça a
disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e ou para o meio
ambiente.
Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de
transmissibilidade das doenças. Portanto, essa recomendação sobre isolamento deve se completar com
o período de incubação e de transmissão das doenças.
Chama-se de isolamento, toda vez que for necessário quarto individual; nas precauções, o quarto será
individual apenas quando possível.

Normas gerais de isolamento


Para todo paciente que necessite de qualquer tipo de isolamento, deve-se:
- Orientar todos os familiares antes da admissão do paciente na área de isolamento quanto ao provável
tempo de internamento nessa área, cuidados e medidas de biossegurança;
- Proibir visitas aos pacientes isolados, principalmente de crianças;
- Os prontuários e papeletas não deverão ser levados para dentro da área de isolamento. As anotações
poderão ser em papel à parte e logo repassadas para o prontuário;
- A mobília do local de isolamento deverá ser mínima e os utensílios alimentares, descartáveis;
- O material para curativos deverá ser unitário e calculado de acordo com o número de curativos a
serem realizados;
- A roupa de cama e a do paciente deverão ser delicadamente trocadas e encaminhadas à lavanderia
em sacos duplos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


81
- Objetos de uso pessoal deverão ser desinfetados.

Doenças que requerem isolamento total


São as doenças altamente contagiosas e com grande virulência, que podem ser transmitidas pelo ar
e pelo contato direto e ou indireto. Tais doenças requerem quarto privativo, ficando o paciente/doente
sozinho ou junto com outras pessoas com a mesma doença. A porta do quarto deverá estar sempre
fechada.

É obrigatório para se entrar no quarto de paciente em Isolamento Total o uso de:


- Precaução Universal ou Padrão (avental, máscara, luvas - ao manipular o paciente/doente -, óculos);
- A lavagem das mãos antes e após manuseio do paciente e ou procedimentos;
- Os aventais deverão ser individuais. E, antes de deixar o quarto, o profissional de saúde deve
dispensá-los em local apropriado. Deve-se calcular a quantidade de aventais para cada período de 24
horas de acordo com o número de funcionários que irão utilizá-los;
- Máscaras e luvas deverão ser de uso pessoal, utilizadas uma única vez, devendo ser colocadas em
área limpa e dispensadas em área contaminada. Nunca se deve deixar a máscara pendurada no pescoço,
e, ao utilizá-la deve cobrir a boca e o nariz.

IMPORTANTE:
A limpeza e desinfecção da área deverão ser feitas diariamente, e após alta ou óbito, conforme
normatização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Deverão ser normatizadas tanto as técnicas quanto os materiais de limpeza, os equipamentos de
proteção individual e as soluções a serem usadas (detergente neutro, desinfetantes).
Todo pessoal que trabalhe no setor quer administrativo, quer técnico, deverá ser sistematicamente
treinado e ou avaliado clinicamente e imunologicamente.

Doenças a Serem Isoladas

Isolamento respiratório
- Caxumba;
- Coqueluche;
- Estreptococo beta-hemolítico (amigdalite, escarlatina);
- Herpes zoster (contato com imunodeprimidos);
- Meningite por Haemophilus;
- Meningite meningocócica;
- Pneumonia estafilocócica;
- Rubéola;
- Sarampo;
- TB (escarro positivo);

Isolamento protetor
- Agranulocitose;
- Dermatite bolhosa, vesicular ou eczematosa extensa;
- Imunodeprimido grave;
- Queimadura extensa.

Medidas para a Prevenção e o Controle de Infecções17

Controle de infecção em serviços de saúde


O Programa de Controle de Infecção em Serviços de Saúde é sinônimo de controle de qualidade. Por
isso, essa atividade está sendo desenvolvida pela Anvisa com muito engajamento, em parceria com
Vigilâncias Sanitárias estaduais, municipais, hospitais públicos e privados, instituições de ensino e
profissionais de saúde.
A meta maior é divulgar ações que possam prevenir as infecções adquiridas nas unidades de saúde -
hospitais, clínicas e ambulatórios.

17
http://www.anvisa.gov.br

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


82
Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 199818

O Ministro de Estado da Saúde, Interino, no uso das suas atribuições que lhe confere o art. 87, inciso
II da Constituição, e
Considerando as infecções hospitalares constituem risco significativo à saúde dos usuários dos
hospitais, e sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de
vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital, atinentes ao
seu funcionamento;
Considerando que o Capítulo I art. 5º e inciso III da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, estabelece
como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), “a assistência às pessoas por intermédio
de ações de promoção, proteção e recuperação da Saúde com a realização integrada das ações
assistenciais e das atividades preventivas”,
Considerando que no exercício da atividade fiscalizadora os órgãos estaduais de saúde deverão
observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de meios
de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes, pacientes e dos
circunstantes (Decreto nº 77.052, de 19 de janeiro de 1976, art. 2º, inciso IV);
Considerando os avanços técnico-científicos, os resultados do Estudo Brasileiro da Magnitude das
Infecções hospitalares. Avaliação da Qualidade das Ações de Controle de Infecção Hospitalar, o
reconhecimento mundial destas ações como as que implementam a melhoria da qualidade da assistência
à Saúde, reduzem esforços, problemas, complicações e recursos;
Considerando a necessidade de informações e instrução oficialmente constituída para respaldar a
formação técnico-profissional, resolve:

Art. 1º Expedir, na forma dos anexos I, II, III, IV, e V, diretrizes e normas para a prevenção e o controle
das infecções hospitalares.

Art. 2º As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com


vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, compõem o
Programa de Controle de infecções Hospitalares.

Art. 3º A secretaria de Política de Saúde, do Ministério da Saúde, prestará cooperação técnica às


Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de orientá-las sobre o exato cumprimento e
interpretação das normas aprovadas por esta Portaria.

Art. 4º As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde poderão adequar as normas conforme prevê
a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Art. 5º A inobservância ou o descumprimento das normas aprovadas por esta Portaria sujeitará o
infrator ao processo e às penalidades previstas na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, ou outra que a
substitua, com encaminhamento dos casos ou ocorrências ao Ministério Público e órgãos de defesa do
consumidor para aplicação da legislação pertinente (Lei nº 8.078/90 ou outra que a substitua).

Art. 6º Este regulamento deve ser adotado em todo território nacional, pelas pessoas jurídicas e físicas,
de direito público e privado envolvidas nas atividades hospitalares de assistência à saúde.

Art. 7º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º Fica revogada a Portaria nº 930, de 27 de agosto de 1992.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO I
ORGANIZAÇÃO

1. O Programa de Controle de Infecção Hospitalares (PCIH) é um conjunto de ações desenvolvidas


deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das
infecções hospitalares.

18
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html - Acesso em 05/11/2019.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


83
2. Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das
ações de controle de infecção hospitalar.
2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados.
2.2 Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
2.2.1 O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
2.3 Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços:
2.3.1 serviço médico;
2.3.2 serviço de enfermagem;
2.3.3 serviço de farmácia;
2.3.4 laboratório de microbiologia;
2.3.5 administração.
2.4 Os hospitais com número de leitos igual ou inferior a 70 (setenta) atendem os números 2.3.1 e
2.3.2.
2.5 Os membros executores da CCIH representam o Serviço de Controle de Infecção hospitalar e,
portanto, são encarregados da execução programada de controle de infecção hospitalar;
2.5.1. Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.
2.5.1.1. - Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.
2.5.1.2. - A carga horária diária, dos membros executores, deverá ser calculada na base da
proporcionalidade de leitos indicado no número 2.5.1.
2.5.1.3. - Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de
outros profissionais de nível superior da área de saúde. Os membros executores terão acrescidas 2 (duas)
horas semanais de trabalho para cada 10 (dez) leitos ou fração.
2.5.1.3.1. Para fins desta Portaria, consideram-se pacientes críticos:
2.5.1.3.1.1. pacientes de terapia intensiva (adulto, pediátrico e neonatal);
2.5.1.3.1.2. pacientes de berçário de alto risco;
2.5.1.3.1.3. pacientes queimados;
2.5.1.3.1.4. pacientes submetidos a transplantes de órgãos;
2.5.1.3.1.5. pacientes hemato-oncológicos;
2.5.1.3.1.6. pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
2.5.1.4 - Admite-se, no caso do número 2.5.1.3., o aumento do número de profissionais executores na
CCIH, ou a relativa adequação de carga horária de trabalho da equipe original expressa no número 2.5.1;
2.5.1.5 - Em hospitais com regime exclusivo de internação tipo paciente-dia, deve-se atender aos
números 2.1, 2.2 e 2.3, e com relação ao número 2.5.1., a carga de trabalho dos profissionais será de 2
(duas) horas diárias para o enfermeiro e 1 (uma) hora para os demais profissionais, independente do
número de leitos da instituição.
2.5.1.6 - Os hospitais poderão consorciar-se no sentido da utilização recíproca de recursos técnicos,
materiais e humanos, com vistas à implantação e manutenção do Programa de Controle da infecção
Hospitalar.
2.5.1.7 - Os hospitais consorciados deverão constituir CCIH própria, conforme os números 2 e 2.1,
com relação aos membros consultores, e prover todos os recursos necessários à sua atuação.
2.5.1.8 - O consórcio deve ser formalizado entre os hospitais componentes. Os membros executores,
no consórcio, devem atender aos números 2.5.1, 2.5.1.1, 2.5.1.2, 2.5.1.3 e 2.5.1.4.

COMPETÊNCIAS

3. A CCIH do hospital deverá:


3.1 elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controle de infecção hospitalar, adequado às
características e necessidades da instituição, contemplando no mínimo, ações relativas a:
3.1.1 implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hos-pitalares, de acordo
com o Anexo III;
3.1.2 adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando a
prevenção e controle das infecções hospitalares;
3.1.3 capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito à
prevenção e controle das infecções hospitalares;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


84
3.1.4 uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares;
3.2 avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância
Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros
executores de CCIH;
3.3 realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas
imediatas de controle;
3.4 elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima de
instituição e às chefias de todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções hospitalares,
promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar;
3.5 elaborar, implantar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando
limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas
de precaução e de isolamento;
3.6 adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais,
visando à prevenção e ao tratamento das infecções hospitalares;
3.7 definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de
antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição;
3.8 cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter
capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das
infecções hospitalares;
3.9 elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar;
3.10 cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as
informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes;
3.11 notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do SUS, os casos
diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica (notificação compulsória),
atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços
de saúde coletiva;
3.12 notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os
casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou produtos
industrializados.

4. Caberá à autoridade máxima da instituição:


4.1 constituir formalmente a CCIH;
4.2 nomear os componentes da CCIH por meio de ato próprio;
4.3 propiciar a infraestrutura necessária à correta operacionalização da CCIH;
4.4 aprovar e fazer respeitar o regimento interno da CCIH;
4.5 garantir a participação do Presidente da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos e formuladores
de política da instituição, como, por exemplo, os conselhos técnicos, independente da natureza da
entidade mantenedora da instituição de saúde;
4.6 garantir o cumprimento das recomendações formuladas pela Coordenação Municipal,
Estadual/Distrital de Controle de Infecção Hospitalar;
4.7 Informar o órgão oficial municipal ou estadual quanto à composição da CCIH e às alterações que
venham a ocorrer;
4.8 fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal hospitalar.

5. À Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde, compete:


5.1 definir diretrizes de ações de controle de infecção hospitalar;
5.2 apoiar a descentralização das ações de prevenção e controle de infecção hospitalar;
5.3 coordenar as ações nacionais de prevenção e controle de infecção hospitalar;
5.4 estabelecer normas gerais para a prevenção e controle das infecções hospitalares;
5.5 estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar;
5.6 promover a articulação com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimento
do controle de infecção hospitalar;
5.7 cooperar com a capacitação dos profissionais de saúde para o controle de infecção hospitalar;
5.8 identificar serviços municipais, estaduais e hospitalares para o estabelecimento de padrões
técnicos de referência nacional;
5.9 prestar cooperação técnica, política e financeira aos Estados e aos Municípios, para
aperfeiçoamento da sua atuação em prevenção e controle de infecção hospitalar;
5.10 acompanhar e avaliar as ações implementadas, respeitadas as competências estaduais/distrital
e municipais de atuação, na prevenção e controle das infecções hospitalares;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


85
5.11 estabelecer sistema nacional de informações sobre infecção hospitalar na área de vigilância
epidemiológica;
5.12 estabelecer sistema de avaliação e divulgação nacional dos indicadores da magnitude e
gravidade das infecções hospitalares e da qualidade das ações de seu controle;
5.13 planejar ações estratégicas em cooperação técnica com os Estados, Distrito Federal e os
Municípios;
5.14 acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar.

6. Às Coordenações Estaduais e Distrital de Controle de Infecção Hospitalar, compete:


6.1 definir diretrizes de ação estadual/distrital, baseadas na política nacional de controle de infecção
hospitalar;
6.2 estabelecer normas, em caráter suplementar, para a prevenção e controle de infecção hospitalar;
6.3 descentralizar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar dos Municípios;
6.4 prestar apoio técnico, financeiro e político aos municípios, executando, supletivamente, ações e
serviços de saúde, caso necessário;
6.5 coordenar, acompanhar, controlar e avaliar as ações de prevenção e controle de infecção
hospitalar do Estado e Distrito Federal;
6.6 acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar;
6.7 informar, sistematicamente, à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da
Saúde, a partir da rede distrital, municipal e hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar
estabelecidos.

7. Às Coordenações Municipais de Controle de Infecção Hospitalar, compete:


7.1 coordenar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na rede hospitalar do Município;
7.2 participar do planejamento, da programação e da organização da rede regionalizada e
hierarquizada do SUS, em articulação com a Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar;
7.3 colaborar e acompanhar os hospitais na execução das ações de controle de infecção hospitalar;
7.4 prestar apoio técnico às CCIH dos hospitais;
7.5 informar, sistematicamente, à Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar do seu
Estado, a partir da rede hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO II

CONCEITOS E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DAS INFECÇÕES HOSPITALARES

1. Conceitos básicos.
1.1. Infecção comunitária (IC):
1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.
1.1.2 São também comunitárias:
1.1.2.1 a infecção que está associada com complicação ou extensão da infecção já presente na
admissão, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da
aquisição de nova infecção;
1.1.2.2 a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi
comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS);
1.1.2.3 As infecções de recém-nascidos associadas com bolsa superior e 24 (vinte e quatro) horas.
1.2. Infecção hospitalar (IH):
1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou
após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

2. Critérios para diagnóstico de infecção hospitalar, previamente estabelecidos e descritos.


2.1 Princípios:
2.1.1 o diagnóstico das infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de:
2.1.1.1 evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
2.1.1.2 resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa
de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


86
2.1.1.3 evidências de estudos com métodos de imagem;
2.1.1.4 endoscopia;
2.1.1.5 biópsia e outros.
2.2 Critérios gerais:
2.2.1 quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, foi isolado um
germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser
considerado como infecção hospitalar;
2.2.2 quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica
e/ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se infecção hospitalar toda
manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão;
2.2.3 são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta
e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos,
realizados durante este período;
2.2.4 as infecções recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro) horas;
2.2.5 os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados
portadores de infecção hospitalar do hospital de origem infecção hospitalar. Nestes casos, a Coordenação
Estadual/Distrital/Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio
como infecção hospitalar naquele hospital.

3. Classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão cirúrgica


3.1 as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida
cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;
3.2 a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com
as seguintes indicações;
3.2.1 Cirurgias Limpas - são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação,
na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas
com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetração
nos tratos digestivos, respiratório ou urinário;
3.2.2 Cirurgias Potencialmente Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos colonizados por
flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo
infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no trans-operatório. Cirurgias com drenagem
aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivos, respiratório ou urinário
sem contaminação significativa.
3.2.3 Cirurgias Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos recentemente traumatizados e
abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem
como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local.
Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, ou grande
contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria.
3.2.4 Cirurgias Infectadas - são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou
órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e/ou tecido necrótico.

ANEXO III
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES

1. Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares é a observação ativa, sistemática e contínua


de sua ocorrência e de sua distribuição entre pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições
que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle.

2. A CCIH deverá escolher o método de Vigilância Epidemiológica mais adequado às características


do hospital, à estrutura de pessoal e à natureza do risco da assistência, com base em critérios de
magnitude, gravidade, redutibilidade das taxas ou custo;
2.1 São indicados os métodos prospectivos, retrospectivos e transversais, visando determinar taxas
de incidência ou prevalência.

3. São recomendados os métodos de busca ativos de coleta de dados para Vigilância Epidemiológica
das infecções hospitalares.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


87
4. Todas as alterações de comportamento epidemiológico deverão ser objeto de in-vestigação
epidemiológica específica.

5. Os indicadores mais importantes a serem obtidos e analisados periodicamente no hospital e,


especialmente, nos serviços de Berçário de Alto Risco, UTI (adulto/pediátrica/neonatal) Queimados, são;
5.1. Taxa de Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de episódios de
infecção hospitalar no período considerado e como denominados o total de saídas (altas, óbitos e
transferências) ou entradas no mesmo período;
5.2. Taxa de Pacientes com Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de
doentes que apresentam infecção hospitalar no período considerado, e como denominador o total de
saídas (altas, óbitos e transferências) ou entradas no período;
5.3. Distribuição Percentual das Infecções Hospitalares por localização topográfica no paciente,
calculada tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar em cada topografia, no
período considerado e como denominador o número total de episódios de infecção hospitalar ocorridos
no período;
5.4. Taxa de Infecções Hospitalares por Procedimento, calculada tendo como numerador o número de
pacientes submetidos a um procedimento de risco que desenvolveram infecção hospitalar e como
denominador o total de pacientes submetidos a este tipo de procedimento.
Exemplos:
Taxa de infecção do sitio cirúrgico, de acordo com o potencial de contaminação.
Taxa de infecção urinária após cateterismo vesical.
Taxa de pneumonia após uso de respirador.
5.5 Recomenda-se que os indicadores epidemiológicos dos números 5.1 e 5.2 sejam calculados
utilizando-se no denominador o total de pacientes/dia, no período.
5.5.1. O número de pacientes/dia é obtido somando-se os dias totais de permanência de todos os
pacientes no período considerado.
5.6 Recomenda-se que o indicador do inúmero 5.4 pode ser calculado utilizando-se como denominador
o número total de procedimentos dia.
5.6.1. O número de pacientes/dia é obtido somando-se o total de dias de permanência do procedimento
realizado no período considerado.
5.7. Outros procedimentos de risco poderão ser avaliados, sempre que a ocorrência respectiva o
indicar, da mesma forma que é de utilidade o levantamento das taxas de infecção do sitio cirúrgico, por
cirurgião e por especialidade.
5.8. Frequência das Infecções Hospitalares por Microrganismos ou por etiologia, calculada tendo como
numerador o número de episódios de infecção hospitalar por microrganismo e como denominador o
número de episódios de infecções hospitalares que ocorreram no período considerado.
5.9. Coeficiente de Sensibilidade aos Antimicrobianos, calculado tendo como numerador o número de
cepas bacterianas de um determinado microrganismo sensível e determinado antimicrobiano e como
denominador o número total de cepas testadas do mesmo agente com antibiograma realizado a partir das
espécimes encontradas.
5.10. Indicadores de uso de antimicrobianos.
5.10.1 Percentual de pacientes que usaram antimicrobianos (uso profilático ou terapêutico) no período
considerado. Pode ser especificado por clínica de internação. É calculado tendo como numerador o total
de pacientes em uso de antimicrobiano e como denominador o número total de pacientes no período.
5.10.2 Frequência com que cada antimicrobiano é empregado em relação aos demais, É calculada
tendo como numerador o total de tratamentos iniciados com determinado antimicrobiano no período, e
como denominador o total de tratamentos com antimicrobianos iniciados no mesmo período.
5.11 Taxa de letalidade associada a infecção hospitalar, é calculada tendo como numerador o número
de óbitos ocorridos de pacientes com infecção hospitalar no período considerado, e como denominador
o número de pacientes que desenvolveram infecção hospitalar no período.
5.12 Consideram-se obrigatórias as informações relativas aos indicadores epidemiológicos 5.1, 5.2,
5.3 e 5.11, no mínimo com relação aos serviços de Berçário de alto risco, UTI (adulto/ pediátrica/neonatal)
e queimados.

6. Relatórios e Notificações
6.1 A CCIH deverá elaborar periodicamente um relatório com os indicadores epidemiológicos
interpretados e analisados. Esse relatório deverá ser divulgado a todos os serviços e à direção,
promovendo-se seu debate na comunidade hospitalar.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


88
6.2 O relatório deverá conter informações sobre o nível endêmico das infecções hospitalares sob
vigilância e as alterações de comportamento epidemiológico detectadas, bem como as medidas de
controle adotadas e os resultados obtidos.
6.3 É desejável que cada cirurgião receba, anualmente, relatório com as taxas de infecção em cirurgias
limpas referentes às suas atividades, e a taxa média de infecção de cirurgias limpas entre pacientes de
outros cirurgiões de mesma especialidade ou equivalente.
6.4 O relatório de vigilância epidemiológica e os relatórios de investigações epidemiológicas deverão
ser enviados às Coordenações Estaduais/ Distrital/Municipais e à Coordenação de Controle de Infecção
Hospitalar do Ministério da Saúde, conforme as normas específicas das referidas Coordenações.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO IV
LAVAGEM DAS MÃOS

1. Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando-
se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em água corrente.

2. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das
infecções hospitalares.

3. O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que envolvam mucosas,
sangue ou outros fluidos corpóreos, secreções ou excreções.

4. A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto necessária, durante a assistência a
um único paciente, sempre que envolver contato com diversos sítios corporais, entre cada uma das
atividades.
4.1 A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre antes dos procedimentos
cirúrgicos.

5. A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico deve considerar o tipo de contato, o
grau de contaminação, as condições do paciente e o procedimento a ser realizado.
5.1 A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em;
- realização de procedimentos invasivos;
- prestação de cuidados a pacientes críticos;
- contato direto com feridas e/ou dispositivos, tais como cateteres e drenos.

6. Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo de incorporar a prática da lavagem das
mãos em todos os níveis de assistência hospitalar.
6.1 A distribuição e a localização de unidades ou pias para lavagem das mãos, de forma a atender à
necessidade nas diversas áreas hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a
obrigatoriedade da prática.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO V
RECOMENDAÇÕES GERAIS.

1 A utilização dos antissépticos, desinfetantes e esterilizantes seguirá as determinações da Portaria nº


15, de 23 de agosto de 1988, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS)/ do Ministério da Saúde e o
Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde/MS, 2ª edição, 1994, ou outras
que as complementem ou substituam.
1.1 Não são recomendadas, para a finalidade de antissepsia, as formulações contendo mercuriais
orgânicos, acetona, quaternário de amônio, líquido de Dakin, éter e clorofórmio.

2. As normas de limpeza, desinfecção e esterilização são aquelas definidas pela publicação do


Ministério da Saúde, Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde, 2ª edição,
1994 - princípios ativos liberados conforme os definidos pela Portaria nº 15, SVS, de 23 de agosto de
1988, ou outras que a complementem ou substituam.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


89
3. As normas de procedimentos na área de Microbiologia são aquelas definidas pela publicação do
Ministério da Saúde - Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de
Infecção Hospitalar, 1ª edição, 1991, ou outras que as complementem ou substituam.

4. As normas para lavanderia são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde - Manual
de Lavanderia Hospitalar, 1ª edição, 1986, ou outras que as complementem ou substituam.

5. A Farmácia Hospitalar seguirá as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Guia


Básico para a Farmácia Hospitalar, 1ª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam. (Of.
nº 31/98)

2. Repercussões da Portaria MS 2.616 / 98 para o controle de infecções

A Portaria 2.616/98 representou a adequação da antiga regulamentação ministerial às novas


determinações da Lei Federal 9.431 de 06 de janeiro de 1997. A partir de um projeto de lei que
aperfeiçoava a Portaria MS 930/ 92, esta lei, aprovada pelo Congresso, foi vetada em vários de seus
artigos, causando um profundo impacto negativo, principalmente diante dos profissionais, que de alguma
forma atuavam no controle efetivo das infecções hospitalares. Apesar da controvérsia instalada, a referida
lei teve como aspecto positivo a destacar ter tornado obrigatória a existência de uma Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH),
definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, tendo como objetivo
a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções nosocomiais.
Como as portarias anteriores, a 2.616/98 é composta por cinco anexos com as diretrizes e normas
para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. O anexo I trata da organização e competências
do programa e da comissão de controle de infecção. No anexo II temos conceito e critérios diagnósticos
das infecções hospitalares; no anexo III temos orientações sobre a vigilância epidemiológica das
infecções hospitalares e seus indicadores; nos anexos IV e V observamos recomendações sobre a
lavagem das mãos e outros temas como uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia, dando
ênfase à observância de publicações anteriores do Ministério da Saúde.
O anexo I mantém as definições da CCIH e PCIH da Lei Federal. Há uma melhor especificação da
composição da CCIH, que deverá ter seus membros formalmente designados pela direção do hospital,
incluindo seu presidente, que fará obrigatoriamente parte do conselho diretivo da instituição. Os membros
são divididos em consultores e executores, sendo estes últimos encarregados da execução do PCIH,
representando o ex- Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). Uma importante novidade é que
a sua composição deve ser informada ao órgão oficial municipal ou estadual.
Na composição deste serviço observamos uma importante alteração, ao recomendar preferentemente
um enfermeiro e que o segundo profissional de nível superior não seja necessariamente um médico. À
carga horária recomendada anteriormente (6 horas diárias para o enfermeiro e 4 horas diárias para o
outro profissional, para cada 200 leitos) foram acrescidas duas horas adicionais de trabalho diário para
cada 10 leitos destinados aos pacientes críticos (terapia intensiva, berçário de alto risco, queimados,
transplante de órgãos, pacientes hemato-oncológicos ou com AIDS). Isto parte do princípio que a
vigilância e as medidas de controle nestas unidades requerem atenção diferenciada. Entretanto, esta
composição deve acompanhar a política de recursos humanos do hospital como um todo, particularmente
nas instituições com deficiências de pessoal em outras áreas essenciais do atendimento.
A competência da CCIH na Portaria 2616/98 é uma somatória do que foi atribuído à CCIH e ao SCIH
na recomendação anterior, acrescidas de novas e importantes determinações, de acordo com as
características e necessidades da instituição. Dentre estas se destacam: o uso racional de
antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares. Além disso, em conjunto com a Comissão
de Farmácia e Terapêutica, deve definir uma política de utilização de antimicrobianos e na ausência de
um núcleo de epidemiologia deve informar às autoridades sanitárias, os casos diagnosticados ou
suspeitos de doenças de notificação compulsória, relatar as informações epidemiológicas solicitadas e os
casos suspeitos de estarem relacionados à utilização de insumos ou produtos industrializados. Estas
novas recomendações objetivam tornar mais atuante as ações de controle de infecção, integrando-as na
estrutura administrativa da instituição, substituindo seu papel eminentemente consultivo para participar
com maior profundidade dos processos decisórios. Além disso, aprimora a integração do controle de
infecção com as autoridades sanitárias.
Outro aspecto importante introduzido por esta nova portaria é a atribuição de competências específicas
ao Estado, seja a nível federal, estadual ou municipal. Para a Coordenação de Controle de Infecção
Hospitalar do Ministério da Saúde ficou a definição das diretrizes e sua coordenação geral, apoiando a

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


90
descentralização das ações, estabelecendo as normas, critérios, parâmetros e métodos para o controle
de infecções. É deste nível a responsabilidade para promover a articulação com órgãos formadores, para
a difusão do conhecimento do controle de infecções, cooperando com a capacitação dos profissionais de
saúde, identificando serviços de referência. Destacamos que muitas destas atividades, mesmo sem estar
formalmente estabelecidas, já foram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, mas depois foram
inexplicavelmente abandonadas.
Além disto, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Política de Saúde e da Coordenação de
Controle de Infecção Hospitalar, deve cooperar técnica, política e financeiramente com as ações
desenvolvidas pelos Estados e Municípios, acompanhando e avaliando-as, procurando estabelecer um
sistema nacional sobre infecção hospitalar, divulgando indicadores da sua magnitude, gravidade e
qualidade das ações de controle. Assim os dados seriam coletados regionalmente e encaminhados ao
Ministério da Saúde para uma consolidação de caráter nacional. Logo, compete às coordenações
Estaduais e Municipais definir as normas locais, descentralizando efetivamente as ações, prestando apoio
técnico, financeiro e político aos municípios, acompanhando, avaliando e divulgando os indicadores
epidemiológicos de infecção hospitalar, além de informá-los periodicamente ao Ministério da Saúde. Para
os municípios cabe adicionalmente acompanhar os hospitais nas ações de controle de infecção,
prestando apoio técnico à sua execução.
De acordo com o que foi noticiado pela imprensa leiga, existe uma tendência a se tornar as infecções
hospitalares uma doença de notificação compulsória. Apesar da importância inquestionável de termos
dados nacionais a respeito deste problema de saúde pública, esta medida deve ser repensada, tendo em
vista o questionável valor prático de sua implantação nestes moldes e principalmente das possíveis
repercussões no atendimento à saúde, particularmente para os que são assistidos pela iniciativa privada,
onde muitas vezes as patologias de notificação compulsória não são cobertas pela preestabelecida
abrangência contratual de assistência. Assim tememos as sérias consequências para cada um destes
pacientes, que ficariam a mercê de seus próprios recursos, de eventuais demandas jurídicas contra os
hospitais ou seus convênios, ou estariam sobrecarregando o sistema público de atendimento, como já
acontece com a maioria das doenças que atualmente são de notificação compulsória. A nosso ver, seria
preferível que as instituições fossem efetivamente obrigadas a notificar periodicamente seus indicadores
epidemiológicos de infecção hospitalar e estes dados seriam consolidados em um sistema de vigilância
epidemiológica, como aliás está recomendado atualmente.
Os critérios diagnósticos de infecção hospitalar, discutidos no anexo II, sofreram uma importante
alteração no que refere à classificação das infecções em recém-nascidos. Assim, passaram a ser
consideradas comunitárias, além das transmitidas de forma transplacentária, aquelas associadas à bolsa
rota por período superior a 24 horas. Outro ponto enfatizado é a necessidade de se informar os casos de
IH adquiridas em outro hospital à Coordenação Estadual/Distrital/Municipal ou à instituição de origem.
Este mesmo anexo apresenta uma classificação das cirurgias por potencial de contaminação, que, de
acordo com sua recomendação, deverá ser feita pelo cirurgião, ao final do ato operatório. Basicamente,
o princípio que norteia estes critérios, coincide com o exposto no decorrer deste livro, ou seja, o
intraoperatório determina a classificação e não mais aquelas “famosas” listas de procedimentos, que o
classificavam arbitrária e previamente. Assim, as cirurgias limpas são as realizadas sem intercorrências
em tecidos estéreis. As operações potencialmente contaminadas ocorrem em tecidos colonizados com
flora pouco numerosa e em tecidos estéreis, mas com falhas técnicas discretas ou drenagem. Os
procedimentos contaminados são executados nos casos de tecidos recentemente traumatizados ou
abertos, falhas técnicas grosseiras, inflamação aguda, cicatrização em segundo intenção, ou em locais
com flora bacteriana abundante. Finalmente, as cirurgias infectadas são aquelas realizadas em presença
de supuração ou necrose.
No anexo III, o conceito de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares determina a
observação ativa, sistemática e contínua da sua distribuição e dos eventos e condições que afetam sua
ocorrência. Inclui também a possibilidade de avaliar pacientes não hospitalizados, nos métodos de
vigilância pós alta e principalmente que as atividades devem ser realizadas “com vistas à execução
oportuna das ações de prevenção e controle”, ou seja, a consolidação e interpretação dos dados deve
ser ágil, indicando rapidamente as prioridades das ações de controle, possibilitando resultados práticos
desta atividade. Permanece a recomendação pelos métodos ativos de vigilância, que deverão ser
adequados às características do hospital. Foi introduzida também a possibilidade de realizar o método
apenas em determinados setores do hospital, de acordo com as opções desenvolvidas pelos
componentes da metodologia NNIS.
É obrigatório pelo menos o cálculo da taxa de infecção hospitalar; taxa de pacientes com infecção
hospitalar; distribuição percentual dos episódios de IH; e a taxa de letalidade associada a infecção
hospitalar. Os dois primeiros podem ser obtidos em relação ao total de diárias (pacientes-dia) e não

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


91
apenas em relação às saídas, calculando-se assim a taxa de densidade, que melhor reflete a exposição
dos doentes a estes episódios. É recomendado que a frequência das infecções por microrganismos seja
calculada a partir do número de episódios de infecção hospitalar e não pelo total de agentes isolados,
caso em que obtemos a sua distribuição. É sugerido que o dimensionamento do consumo de antibióticos
seja feito através do cálculo do percentual de pacientes que utilizaram estas drogas e pela frequência
relativa do emprego de cada princípio ativo. Ressaltamos que o cálculo da Dose Diária Definida,
recomendada pelo Manual de Farmácia Hospitalar editado pelo próprio Ministério da Saúde, é um melhor
indicador da utilização destas drogas.
O anexo IV é dedicado especificamente à lavagem das mãos, identificada como a mais importante
ação para o controle das infecções hospitalares, devendo ser realizada após contatos que envolvam
mucosas, secreções, excretas e sangue ou outros fluídos corpóreos. Mesmo na assistência a um único
paciente ela deve ser realizada sempre que envolver a manipulação de outro sítio corporal.
Adicionalmente é recomendada a lavagem com antissépticos na realização de procedimentos invasivos,
prestação de cuidados a doentes críticos e no contato direto com feridas ou dispositivos invasivos como
cateteres e drenos. Por sua vez, o anexo V trás recomendações gerais sobre o uso de germicidas
(mantendo a proibição do emprego de vários antissépticos tradicionais), normas para limpeza,
desinfecção e esterilização, além de orientações para os procedimentos na área de microbiologia,
lavanderia e farmácia, sempre recomendando o seguimento das orientações definidas em portarias e
normas previamente elaboradas pelo Ministério da Saúde.

Questões

01.(Pref. Patos/PB - Enfermeiro - CPCON/2017) Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar


deverá ser composta por
(A) qualquer profissional que trabalhe na instituição, desde que seja CLT.
(B) profissionais de diversas áreas não necessitando de formação superior.
(C) profissionais de diferentes formações podendo também ser técnicos administrativos que conheçam
os problemas hospitalares.
(D) apenas pessoal da enfermagem.
(E) profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados.

02. (EBSERH - Enfermeiro - IBFC) Para a adequada execução do Programa de Controle de Infecções
Hospitalares (PCIH), os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção
hospitalar. Considerando a composição dos membros da CCIH, analise as afirmativas abaixo, dê valores
Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para
baixo.
( ) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
( ) O presidente ou coordenador da CCIH será sempre um médico, indicado pela direção do hospital.
( ) Um dos membros executores deve ser, obrigatoriamente, um enfermeiro.
( ) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

(A) V,V,V,F;
(B) V,F,F,V;
(C) F,V,V,V;
(D) V,F,V,V;
(E) V,F,F,F.

03. (TRT 9ª Região - Técnico Judiciário - FCC) Na prevenção e controle de infecção hospitalar, o
técnico de enfermagem utiliza
(A) luvas de procedimento quando existir o risco de contato com sangue, durante o banho no leito.
(B) máscara na assistência de enfermagem ao paciente portador de erisipela.
(C) óculos ao assistir o paciente com tuberculose.
(D) máscara e luvas durante o transporte de todos os pacientes ao centro cirúrgico.
(E) avental de manga longa quando na presença de suor.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


92
04. (DEPEN - Enfermagem - CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção
hospitalar.
A infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente no hospital, manifestando-se
apenas durante a internação.
( ) Certo ( ) Errado

05. (CAISM PHILIPPE PINEL - Técnico de Enfermagem - CETRO) Quanto à realização correta do
procedimento da técnica de lavagem de mãos em ambiente hospitalar, é correto afirmar que é
(A) o método mais utilizado para o controle de infecção, apesar de não ser o mais eficaz.
(B) pouco relevante se o ambiente hospitalar for constantemente desinfetado.
(C) relevante em ambientes hospitalares com alto risco de infecção, mas pouco necessário em
atendimento ambulatorial.
(D) o método mais simples e mais indicado para o controle de infecções.

06. (DEPEN - Enfermagem - CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção
hospitalar.
A infecção comunitária é aquela constatada ou encubada no ato da admissão, desde que não esteja
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.E / 02.B / 03.A / 04.Errado / 05.D / 06.Certa

Comentários

01.Resposta: E
2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados.

02.Resposta: B
De acordo com a Portaria MS 2.616 / 98, que regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar
no país.
(V) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de 2 tipos: consultores e executores.
(F) O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
(F) Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.
(V) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

03.Resposta: A
Deve-se usar luvas de procedimentos para qualquer tipo de procedimento para segurança do
profissional e do paciente.

04. Resposta: Errado


1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou
após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

05. Resposta: D
Lavagem das mãos é essencial para medida de segurança para o profissional, quanto para o
paciente. Deve ser realizada no início e término de cada procedimento.

06. Resposta: Certa


1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


93
6. Procedimentos de enfermagem

PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM

Prontuário do Paciente

O prontuário do paciente contém todas as informações sobre o cliente, relatadas ao serviço médico,
de enfermagem, de nutrição, laboratório, etc. Em geral, os prontuários são constituídos por:
- Folha de identificação e relatório médico;
- Prescrição médica e Sistematização da Assistência de Enfermagem;
- Relatórios de enfermagem;
- Evolução Clínica (Médica e Enfermeiro);
- Exames complementares.

As informações sobre o paciente devem se exatas, claras objetivas e legíveis (o costume de anotar
usando letra de forma facilita a leitura dos relatórios). Nunca usar borracha ou rabiscar. Em caso de erro,
colocar a parte errada entre parênteses e escrever “sem efeito” logo em seguida. As palavras devem ser
escritas por extenso, evitando interpretações erradas de palavras abreviadas.
Os cabeçalhos devem ser completos. Quando terminar uma folha, colocar outra preenchendo todos
os itens do cabeçalho outra vez. Toas as anotações devem ser assinadas e datadas.

Finalidades:
- Auxilia no diagnóstico e tratamento;
- Constitui valioso material para ensino;
- Oferece dados e informações para pesquisa e estatísticas;
- É documento legal para fins legais;
- Eficiência do atendimento médico e de enfermagem.

Admissão

O paciente deve ser recebido no hospital com toda cordialidade e atenção. A primeira impressão que
o paciente tem e sempre de grande importância para inspirar-lhe confiança no hospital e no tratamento
que ali vai receber. Este bom acolhimento influirá também nos familiares ou pessoas que o acompanham.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Preencher todos os dados da ficha de identificação do paciente;
- Fazer a lista dos valores do paciente sob suas vistas ou alguém de sua família. Entregá-los ao
responsável para guarda-los no cofre do hospital ou conforme rotina da instituição;
- Levar o paciente até seu quarto e orientá-lo quanto as instalações sanitárias e demais dependências
da enfermaria;
- Deixar a campainha ao seu alcance;
- Providenciar para que o paciente conheça a equipe que lhe dará assistência. Mostrar-lhe o
regulamento do hospital quanto a visita, horas de repouso, de refeição, etc.;
- Encaminhar o paciente para o banho oferecendo o material;
- Arrumar a cama conforme técnica de arrumação de cama aberta;
- Acomodar o paciente e verificar os sinais vitais, fazer o exame físico conforme a técnica, lavando as
mãos antes e após os procedimentos;
- Anotar na folha de evolução de enfermagem o horário da admissão, sinais vitais, exame físico
completo, e se o paciente veio sozinho acompanhado, deambulando, em cadeira de rodas ou de maca;
- Comunicar o serviço de nutrição a dieta do paciente;
- Encaminhar pedidos de exames;
- Iniciar o tratamento propriamente dito.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


94
Alta Hospitalar

Técnica
- Verificar se a folha de alta está assinada e carimbada pelo médico;
- Reunir e entregar os pertences ao paciente;
- Verificar se existem valores do paciente guardados pelo hospital tais como: dinheiro, joias,
documentos etc;
- Se houver necessidade ajudar o paciente a vestir-se;
- Anotar no prontuário o horário e as condições em que o paciente está saindo, e as orientações feitas
no momento da alta;
- Esperar os familiares ou responsável;
- Acompanhar o paciente a portaria.

Obs.: em caso de alta por óbito, anotar no prontuário a hora, e o médico que constatou e atestou o
óbito.

Observação e anotação do estado do paciente sob ponto de vista anatômico, fisiológico e psicológico.
-Aspecto Geral: Quando ao estado geral do paciente, vamos observar se está magro, gordo, cianótico,
avermelhado, ictérico (amarelado), pálido, fraco, apático (indiferente), nervoso, cansado, grave, agitado.
Observamos todos esses aspectos. Na observação do aspecto geral deve-se anotar qualquer
anormalidade que ocorra com o paciente, como peles, olhos, nariz, ouvidos e etc.
-Estado Mental, observaremos o seguinte: O paciente está consciente, delirante, inconsciente, lúcido,
acuidade auditiva diminuída, deprimido, exaltado, ansioso, alegre, excitado, etc.
-Tipo de Tosse: Um dos sinais importantes para a observação de enfermagem. Observa-se o seguinte:
E frequente, mais comum a noite, ocasional, constante, estertorosa, rouca, seca, com ou sem
expectoração.
-Excreção e Eliminação - observaremos nas fezes: Cor, odor, qualidade, consistência. Quanto a
consistência: Liquidas, semilíquidas, pastosas. Se há detritos de alimentos, presença de muco, pus,
cálculos, sangue escuro (melena), etc.
- Expectoração, observa-se quantidade, cor, odor. A expectoração com raios de sangue vermelho vivo,
chama-se hemoptise.
-Urina- cor, odor, quantidade. Observa-se também se há incontinência, dor ao urinar, se há retenção,
ou presença de pus, sangue (hematúria), etc.
-Vômitos- cor, odor quantidade. Observa-se se há presença de restos alimentares. Quando há
presença de sangue, cor "borra de café", denomina-se de hematêmese.
-Extremidades- devemos dar grande importância a observação das extremidades cor e temperatura.
Observa-se se estão frias, cianóticas, avermelhadas, edema, presença de pulso pedial, etc.
-Dor- devemos observar atentamente o tipo de dor referida pelo paciente: Intensa, latejante, agudas,
espasmódicas, súbitas, perfurante, continua, irregular, curta ou longa duração. Não esquecer o lado ou
órgão em que o paciente sente a dor e se é intensificada pelo movimento, pela respiração, pela tosse,
pela ingestão de alimentos, etc.
-Pulso- ao verificarmos o pulso do paciente, observamos: Forte, fraco, lento, palpável, impalpável. No
que se refere ao ritmo, sentimos:
-Ritmo: Intermitente, regular, irregular, alternante, agitado, normal, lento, rápido, dicrotico (que
apresenta 2 vibrações na pulsação). Se apresentar digeminado (com 2 batimentos seguidos de uma
pausa), trigeminado (3 batimentos seguidos e uma pausa), em martelo d'agua ou pulso de Corrigan
(batimento violento, seguido de colapso súbito). A tensão, se está elevada, baixa, moderada, artérias
duras ou espessas, elásticas. A velocidade está normal, diminuídas (bradisfigmia), acelerada
(taquisfigmia).
-Respiração Nesta, se os movimentos são normais (eupneia), se são abdominais ou profundos, se há
parada respiratória (apneia), lentos, rápidos, do tipo Cheyne-Stokes (ciclo de movimentos cada vez mais
profundos e mais difíceis, seguidos de um período de apneia).

Nota: a observação de enfermagem não se resume somente nos itens citados acima, mas estes são
os principais sinais e sintomas verificados pela equipe de enfermagem na rotina hospitalar.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


95
Transferência

A transferência se processa como a alta. A unidade para onde o paciente vai deve ser avisada com
antecedência, para que esteja preparada para recebe-lo.
O prontuário deve ser entregue à chefe da outra unidade.
O paciente será transportado de acordo com seu estado geral.

Higienização das Mãos


Reconhecidamente, a prática da higienização19 das mãos reduz significativamente a transmissão de
microrganismos e consequentemente, diminui a incidência das infecções preveníveis, reduzindo a
morbimortalidade em serviços de saúde.
O procedimento da técnica de higienização das mãos se torna inadequado na prática diária, pelo
esquecimento de algumas etapas (passo a passo) deste procedimento havendo preocupação, por parte
dos profissionais de saúde, com a quantidade e não com a qualidade deste ato.
As principais falhas na técnica ocorrem, principalmente, pela não utilização de sabonete e não
observação das superfícies das mãos a serem friccionadas, dentre outros.
Devem higienizar as mãos todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde, que mantém
contato direto ou indireto com os pacientes, que atuam na manipulação de medicamentos, alimentos e
material estéril ou contaminado. Ainda, recomenda-se que familiares, acompanhantes e visitantes
higienizem as mãos antes e após contato com o paciente, nos serviços de saúde.
As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas utilizando-se:
água e sabonete, preparação alcoólica e antisséptico degermante.

Indicação do Uso de Água e Sabonete

• Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos
corporais;
• Ao iniciar e terminar o turno de trabalho;
• Antes e após ir ao banheiro;
• Antes e depois das refeições;
• Antes de preparo de alimentos;
• Antes de preparo e manipulação de medicamentos;
• Antes e após contato com paciente colonizado ou infectado por C. difficile;
• Após várias aplicações consecutivas de produto alcoólico;
• Nas situações indicadas para o uso de preparações alcoólicas.

Indicação do Uso de Preparações Alcoólicas

• Antes de contato com o paciente;


• Após contato com o paciente;
• Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos;
• Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico;
• Após risco de exposição a fluidos corporais;
• Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao paciente;
• Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente;
• Antes e após remoção de luvas.

Indicação do Uso de Agentes Antissépticos

Estes produtos associam detergentes com antissépticos e se destinam à higienização antisséptica das
mãos e degermação da pele das mãos, descritas a seguir:

Higienização antisséptica das mãos


Os agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana
imediata e efeito residual ou persistente.

19
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


96
• Nos casos de precaução de contato recomendados para pacientes portadores de microrganismos
multirresistentes;
• Nos casos de surtos.

Degermação da pele das mãos


Sabonete contendo um agente antisséptico em usa formulação; se destina à degermação da pele das
mãos (e.g., clorexidina degermante a 4%; PVPI a 10%).
• No pré-operatório, antes de qualquer procedimento cirúrgico (indicado para toda equipe cirúrgica);
• Antes da realização de procedimentos invasivos (e.g., inserção de cateter intravascular central,
punções, drenagens de cavidades, instalação de diálise, pequenas suturas, endoscopias e outros).

Técnica de Lavagem das Mãos

- Finalidades promover a remoção dos microrganismos da flora transitória e algumas vezes da flora
permanente;
- Remover células descamativas, pelos, suor, sujidades e oleosidades;
- Prevenir infecção hospitalar;
- Material;
- Sabão líquido;
- Papel toalha.

Técnica
- Abrir a torneira e deixar a água fluir;
- Molhar as mãos;
- Aplicar 3ml de sabão líquido (bactericida) na palma de uma das mãos;
- Fazer movimentos de fricção com a palma das mãos e após entrelaçar os dedos mantendo a fricção;
- Friccione a região da palma das mãos com as pontas dos dedos da mão oposta, fazendo o mesmo
com a ponta do polegar;
- Repetir o movimento com a outra mão;
- Friccione com a palma de uma das mãos, o dorso da mão oposta e a seguir entrelaçar os dedos
mantendo a fricção;
- Repetir o procedimento na mão oposta;
- Segurar o polegar de uma das mãos e fazer movimentos de fricção rotatória;
- Repetir o movimento anterior com o polegar da mão oposta;
- Friccionar com a palma de uma das mãos, o punho da mão oposta;
- Repetir o procedimento no punho oposto;
- Enxaguar completamente, da mão para o punho, com água corrente;
- Secar as mãos com papel toalha;
- Fechar a torneira com o próprio papel utilizado para secar as mãos, ou utilizar o cotovelo para fechar
caso haver dispositivo.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


97
Limpeza de Unidade

É a limpeza realizada na Unidade do Paciente, pode ser: Limpeza concorrente e Limpeza Terminal.

Limpeza Concorrente
É feita diariamente após o banho do paciente e arrumação do seu leito. Consiste na limpeza de parte
do mobiliário da unidade do paciente.

Limpeza Terminal
É a limpeza completa da unidade do paciente, após: Alta, óbito ou transferência.

Normas
- A limpeza terminal da unidade do paciente deve ser realizada pelo funcionário da enfermagem após
alta, transferência ou óbito;
- A limpeza concorrente da unidade do paciente deve ser realizada pelo funcionário da enfermagem
uma vez a cada plantão;
- O produto utilizado para a limpeza terminal da unidade deverá ser fenol sintético. No caso da limpeza
concorrente, usar álcool a 70%;
- A limpeza do carrinho de banho, carrinho de parada, carrinhos de medicação e de curativo, deverá
ser feita uma vez por plantão pela enfermagem, com fenol sintético;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


98
- Os panos de limpeza utilizados na limpeza terminal ou concorrente, deverão ser enxaguados quantas
vezes forem necessárias na bacia utilizada para este fim;
- Ao realizar a limpeza concorrente, limpar a unidade com agua e sabão, caso estiver suja de sangue
ou secreção;
- Utilizar movimentos simples e amplos em um só sentido;
- Observar a sequência da limpeza (do mais limpo para o mais contaminado, evitando sujar as áreas
limpas);
- Evitar molhar o chão.

Limpeza Terminal

Material:
- Solução desinfetante (fenol),
- 01 par de luvas de procedimento,
- Panos de limpeza,
- Hamper e sanito (saco plástico),
- Bacia.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Reunir o material;
- Colocar o material sobre a mesa de cabeceira;
- Calcar luvas;
- Desprender a roupa de cama e despreza-la no hamper, evitando movimentos bruscos;
- Recolher materiais e equipamentos (ambu, umidificador, aspirador, comadre, papagaio) e
encaminha-los ao expurgo;
- Afastar a cama da parede, deixando espaço suficiente para realização da limpeza;
- Iniciar a limpeza do leito pela parte superior do colchão, da cabeceira para o centro, inclusive as
laterais do colchão, sempre do mais distante para o mais próximo;
- Continuar a limpeza do colchão, do centro para os pés, inclusive as laterais do colchão, sempre do
mais distante para o mais próximo;
- Dobrar o colchão ao meio e limpar o estrado iniciando da cabeceira para o centro. Elevar o estrado
e limpar a parte inferior do mesmo, inclusive espaldar e pés;
- Limpar a parte posterior do colchão, da cabeceira para o centro, retorna-lo em cima do estrado;
- Dobrar o colchão para o lado contrário e limpar a outra metade do estrado, do centro para os pés
segundo a técnica, não se esquecendo da parte inferior do estrado;
- Realizar a limpeza da parte posterior do colchão iniciando do centro para os pés;
- Passar para o lado mais distante e limpar a lateral do leito, grade e pés do leito;
- Passar para o lado mais próximo e limpar a lateral do leito, grade e pés do leito;
- Limpar com a solução de fenol a mesa de cabeceira iniciando pela parte interna da mesma;
- Limpar com a solução de fenol a parte externa da mesa de cabeceira;
- Limpar com pano embebido na solução de fenol o suporte de soro (retirando fitas adesivas e
esparadrapos que porventura estiverem colados);
- Retirar as luvas;
- Arrumar o leito conforme técnica descrita anteriormente;
- Encaminhar material utilizado ao expurgo;
- Montar o painel de gases;
- Lavar a mãos.

Limpeza Concorrente

Material:
- Álcool a 70%,
- Agua e sabão se necessário,
- Panos de limpeza,
- Luvas de procedimento.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


99
Técnica:
- Lavar as mãos;
- Preparar o material;
- Encaminhar ao quarto do paciente;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Calcar luvas;
- Avaliar as condições de limpeza do leito do paciente;
- Embeber o pano de limpeza com álcool a 70%;
- Limpar as laterais do leito com pano sempre no sentido da cabeceira para os pés e do lado mais
distante para o mais próximo;
- Limpar a cabeceira e os pés do leito por último;
- Trocar o pano embebido em álcool e limpar a mesa de cabeceira iniciando pela parte interna e a
seguir a parte externa;
- Deixar a mesa de cabeceira em ordem;
- Desprezar os panos de limpeza no hamper;
- Desprezar as luvas;
- Lavar as mãos;
- Revisar o painel de gases se necessário;

Arrumação do Leito

Definição:
Cama aberta - quando está ocupada por paciente,
Cama fechada - quando o leito está vago,
Cama de operado - quando está aguardando o retorno do paciente do centro cirúrgico.

Normas
- O leito dever ser trocado quantas vezes forem necessárias durante o plantão;
- O leito dever ser preparado de acordo com a sua finalidade;
- Abrir portas e janelas antes de iniciar o trabalho;
- Utilizar lençóis limpos, secos e sem pregas;
- Caso os lençóis sejam reutilizados, não deixar migalhas, fios de cabelos;
- Observar o estado de conservação dos colchoes e travesseiros;
- Não sacudir as roupas de cama;
- Não arrastar as roupas de cama no chão.

Preparo do Leito sem o Paciente (cama fechada)

Material:
- Luvas de procedimento,
- 02 Lençóis,
- 01 Travesseiro,
- 01 Fronha,
- 01 Forro,
- 01 Cobertor, se necessário,
- Hamper.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Preparar o material;
- Colocar o material no carrinho de banho ou mesa de cabeceira;
- Retirar a roupa de cama suja e coloca-los no hamper próximo do leito;
- Desprezar as luvas;
- Estender o lençol sobre o leito, amarrando as pontas do lençol na cabeceira e nos pés;
- Estender o forro sobre o leito prendendo-o sob o lençol na parte mais próxima;
- Estender o viril e fazer uma meia dobra na cabeceira;
- Fazer o canto do viril nos pés da cama;
- Passar para o lado mais distante e proceder a arrumação do forro e virol;
- Colocar a fronha no travesseiro;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


100
- Colocar o travesseiro na cama;
- Recompor a unidade;
- Lavar as mãos.

Preparo do Leito com o Paciente (Cama Aberta)

Material:
- 01 travesseiro,
- 02 lençóis,
- 01 cobertor (se necessário),
- 01 fronha,
- 01 lençol para fralda,
- 01 rolo para costas (se necessário),
- Camisola ou pijama,
- 01 forro.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Colocar a roupa na mesa de cabeceira;
- Explicar o que se vai fazer ao paciente;
- Colocar o hamper próximo a cama;
- Desprender a roupa do leito, do lado do paciente e depois vir e ir soltando do outro lado;
- Colocar o travesseiro sem fronha na mesa de cabeceira;
- Colocar o paciente em decúbito dorsal protegido com o lençol de cima;
- Enrolar o forro e lençol de baixo separadamente, até o meio da cama e sob o corpo do paciente;
- Substituir o lençol de baixo, e o forro, pela roupa limpa;
- Virar o paciente para o lado pronto, nunca o expondo;
- Passar para o lado oposto;
- Retirar a roupa usada, retirar as luvas, e esticar os lençóis limpos, prendendo-os e fazendo os cantos;
- Colocar a fronha no travesseiro, acomodando o paciente;

Obs.: se o paciente for totalmente dependente, a troca de cama dever ser feita por duas pessoas.

Preparo do Leito de Operado

O leito do operado e igual ao leito fechado, mas com lençol dobrado em pregas, na cabeceira do leito
próximo ao lençol móvel. Esse leito terá as roupas soltas nos pés, exceto o lençol de baixo. O lençol de
cima, cobertor, e colcha deverão ser dobrados na parte da cabeceira e dos pés, deixando-os enrolados
lateralmente.
Após deitar o paciente operado cobri-lo e prender as peças da cama que estavam soltas fazendo os
cantos.

Higiene do Paciente

Normas
- A higiene do paciente fica a cargo da Equipe de Enfermagem;
- Explicar sempre ao paciente o que vai ser feito;
- Preferencialmente realizar a higiene oral do paciente, antes do banho e após as refeições, com
solução de Bicarbonato de Sódio, e quando se fizer necessário;
- Ao lidar com o paciente, de maneira direta, e imprescindível o uso de luvas para procedimentos;
- Cuidar durante o banho, para não expor, desnecessariamente, o paciente. A privacidade contribui
muito para o conforto mental do paciente;
- Secar bem toda a superfície do corpo do paciente, principalmente as dobras;
- As portas do banheiro não devem ser trancadas, durante o banho;
- Deve-se testar a temperatura da água, antes do banho do paciente. Geralmente se usa água morna.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


101
Higiene Oral

Definição
Consiste na limpeza dos dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios. Condições patológicas que
predispõem a irritação e a lesão da mucosa oral: (estado de coma, hipertermia).

Finalidades
- Promover conforto ao paciente,
- Evitar halitose,
- Prevenir carie dentaria,
- Conservar a boca livre de resíduos alimentares.

Higiene Oral (em pacientes impossibilitados de cuidar de si)

Material:
- Solução antissépticas - solução bicarbonatada (para cada 1 colher de chá, 500 ml de agua);
- Espátula envoltas em gazes;
- Lubrificante (vaselina liquida);
- Toalha;
- Copo para colocar solução antissépticas;
- Luvas;
- Cuba rim.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que ser feito;
- Calcar luvas;
- Reunir o material na mesa de cabeceira;
- Colocar o paciente em posição confortável, com a cabeceira elevada. Em pacientes inconscientes,
coloca-los em decúbito lateral;
- Colocar a toalha na parte superior do tórax e pescoço do paciente, com forro plástico, se necessário;
- Proceder a limpeza de toda a boca do paciente usando as espátula envoltas em gazes, embebidas
em solução antissépticas diluído em agua;
- Utilizar cuba rim para o paciente "bochechar";
- Limpar a língua, para evitar que fique seborreica;
- Enxugar os lábios com a toalha;
- Lubrificar os lábios com vaselina liquida, para evitar rachaduras;
- Retirar luvas;
- Lavar as mãos;
- Recompor a unidade;
- Anotar no prontuário o que foi feito e anormalidades detectadas.

Obs.: em pacientes neurológicos com lesão cervical, usar a espátula com gaze, para retirar o excesso
de liquido da solução antissépticas, sem mobilizar a cabeça.

- Em pacientes conscientes, ele próprio deve escovar os dentes.

Higiene Oral (em paciente entubado)

Material:
- Solução antissépticas - solução bicarbonatada,
- Espátula envoltas em gazes,
- Lubrificante (vaselina liquida),
- Copo para colocar solução antissépticas,
- Seringa de 20 ml,
- Aspirador montado,
- Cânula de guedel (estéril), se necessário,
- Toalha,
- Luvas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


102
Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que ser feito;
- Calcar luvas;
- Reunir o material na mesa de cabeceira;
- Colocar o paciente em posição confortável, com a cabeceira elevada ou em decúbito lateral se estiver
inconsciente. Caso o paciente esteja com sonda nasogástrica, abri-la, para evitar náuseas e refluxo do
conteúdo gástrico para a boca;
- Colocar a toalha na parte superior do tórax e pescoço do paciente, com forro plástico, se necessário;
- Verificar se o cuff da cânula endotraqueal esta insuflado, para evitar que a solução antissépticas ou
salivação penetre na traqueia, durante a higienização;
- Instilar agua com auxílio da seringa, pelo orifício da cânula de guedel, e fazer aspiração ao mesmo
tempo;
- Retirar a cânula de guedel e lava-la em agua corrente na pia do quarto e recoloca-la, ou proceder a
sua troca por outra estéril, caso, seja necessário ou que conforme rotina, já tenha dado 24 horas após a
sua colocação;
- Proceder a limpeza de toda a boca do paciente, usando as espátula envoltas em gazes embebidas
em solução antisséptica. Limpar o palato superior e toda a arcada dentaria;
- Limpar a também a língua;
- Enxugar os lábios com a toalha e lubrifica-los com vaselina;
- Retirar luvas;
- Lavar as mãos;
- Recompor a unidade;
- Anotar no prontuário o que foi feito e anormalidades detectadas.

Obs.: a troca do cadarço da cânula endotraqueal, deve ser feita pelo Técnico/Auxiliar a cada 12 horas,
ou quando se fizer necessário, acompanhada do reposicionamento da cânula endotraqueal, que dever
ser feito pela Enfermeira da unidade.

- A higiene oral do paciente entubado dever ser feita 01 vez a cada plantão.

Higiene das Próteses Dentarias

Material:
- Copo com solução antissépticas bucal,
- Escova de dentes,
- Pasta dental ou sabão liquido,
- Cuba rim,
- 01 par de luvas,
- Toalhas de papel,
- Toalhas de Banho,
- Biombos.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai fazer;
- Reunir o material na bandeja e colocar sobre a mesa de cabeceira do paciente;
- Proteger o leito com biombo;
- Colocar toalha sobre o tórax do paciente;
- Colocar o paciente em Fowler ou sentado quando for permitido;
- Calcar as luvas;
- Pedir ao paciente que remova a prótese com o uso da toalha de papel. Se o paciente não puder
remover as próteses sozinho, a enfermagem dever faze-lo em seu lugar, lenta e cuidadosamente;
- Colocar as próteses na cuba rim, forrada com toalha de papel. Levar ao banheiro;
- Colocar a pasta dental ou sabão líquido sobre a escova;
- Segurar as próteses na palma da mão e escova-la com movimentos firmes da base dos dentes para
as pontas;
- Escovar a área de acrílico em toda sua extensão;
- Lava-la sob jato de agua fria;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


103
- Desprezar o papel toalha da cuba rim e colocar outro;
- Colocar a prótese limpa na cuba rim;
- Lavar a escova com agua corrente e coloca-los na cuba rim;
- Lavar as mãos enluvadas;
- Oferecer copo com solução antissépticas bucal, para que o paciente enxague a boca;
- Entregar a prótese ao paciente ou coloque-a por ele, no caso de impossibilidade do mesmo;
- Colocar o paciente em posição confortável;
- Desprezar as luvas;
- Limpar e guardar todo o material;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: quando o paciente retirar a prótese ou recoloca-la, a Enfermagem dever observar se há alguma
anormalidade em cavidade bucal. Se houver, relata-la no prontuário.

Banho no Leito (Paciente com dependência total)

Normas
- Trocar a agua do banho sempre que necessário;
- Quando houver colostomia e/ou drenos, esvaziar as bolsas coletoras antes do banho ou troca-la,
depois trocar as luvas e iniciar o banho;
- Quando o banho for dado em apenas uma pessoa, levando-se em consideração que o paciente ajuda,
seguir a mesma técnica, porém, sem esquecer de lavar as mãos enluvadas, antes de manipular a roupa
limpa;
- O uso de máscara para banho e opcional como rotina. Levar em consideração os pacientes altamente
infectados.

Material:
- Carro de banho ou mesa de cabeceira,
- Luva de banho,
- Toalha de banho (lençol protetor),
- Material para higiene oral,
- Material para higiene intima,
- Pente,
- Sabonete individualizado,
- Comadre e/ou papagaio do próprio paciente,
- Roupa para o paciente (pijama ou camisola),
- Roupa de cama (02 lençóis, 01 cobertor S/N, 01 toalha de banho, 01 para fralda S/N, 01 forro S/N).
- Luvas de procedimento,
- Luvas de banho,
- Hamper,
- 01 bacia,
- 01 balde,
- Fita adesiva,
- Biombos.

Técnica
- Lavar as mãos e calcar as luvas de procedimentos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Trazer o carro de banho e o hamper próximo ao leito;
- Fechar as portas e janelas;
- Proteger a unidade do paciente com biombos;
- Oferecer comadre ou papagaio ao paciente e procurar saber se tem clister prescrito. Se houver, faze-
lo em primeiro lugar;
- Desprender a roupa de cama, iniciando do lado oposto onde permanecer;
- Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabeça, se necessário;
- Trocar a agua do banho, obrigatoriamente, após a lavagem da cabeça;
- Lavar os olhos, limpando o canto interno para o externo, usando gaze;
- Lavar, enxaguar e enxugar o rosto, orelhas e pescoço;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


104
- Remover a camisola ou camisa do pijama, mantendo o tórax protegido com o lençol, descansando
os braços sobre o mesmo;
- Lavar e enxugar os braços e mãos do lado oposto ao que se está trabalhando, depois o mais próximo,
com movimentos longos e firmes, do punho a axila;
- Trocar a agua;
- Lavar e enxugar o tórax e abdome, com movimentos circulares, ativando a circulação, observando
as condições da pele e mamas;
- Cobrir o tórax com lençol limpo, abaixando o lençol em uso, até a região genital;
- Lavar, enxaguar e enxugar as pernas e coxas, do tornozelo até a raiz da coxa, do lado oposto ao que
se está trabalhando, depois o mais próximo;
- Colocar bacia sob os pés e lava-la, principalmente nos interdígitos, observando as condições dos
mesmos e enxugar bem;
- Trocar a agua da bacia e a luva de pano, obrigatoriamente;
- Encaixar a comadre no paciente;
- Fazer higiene intima do paciente, de acordo com a técnica;
- Trocar, obrigatoriamente, a agua da bacia e a luva de banho, retirando a comadre, deixando-a ao
lado do leito;
- Virar o paciente em decúbito lateral, colocando a toalha sob as costas e nádegas, mantendo esta
posição com o auxílio de outra pessoa;
- Lavar e enxugar as costas, massageando-as, incluindo nádegas e cóccix do paciente;
- Deixar o paciente em decúbito lateral, empurrando a roupa úmida para o meio do leito, enxugando o
colchão;
- Trocar de luvas ou lavar as mãos enluvadas, para não contaminar a roupa limpa;
- Proceder a arrumação do leito, com o paciente em decúbito lateral;
- Virar o paciente sobre o lado pronto do leito;
- Retirar a roupa suja e despreza-la no hamper;
- Calcar outras luvas ou lavar as mãos enluvadas e terminar a arrumação do leito;
- Fazer os cantos da cama: cabeceira e pés;
- Vestir o paciente;
- Pentear os cabelos do paciente;
- Trocar a fronha;
- Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no decúbito mais adequado;
- Limpar balde, bacia, comadre com agua e sabão;
- Recompor a unidade do paciente, colocando tudo no lugar;
- Retirar as luvas e lavar as mãos;
- Anotar no prontuário o que foi feito e as anormalidades detectadas, se houver.

Banho de Aspersão (chuveiro)

Material:
- Roupa pessoal (pijama, camisola, shorts - fornecidos pelo Hospital),
- Toalha de banho,
- Sabonete (individual),
- Pente,
- Luva de banho (opcional).

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Reunir o material e levar ao banheiro;
- Encaminhar o paciente ao banheiro (portas e janelas fechadas);
- Abrir o chuveiro e regular a temperatura da agua e orientar o paciente sobre o manuseio da torneira;
- Ajudar o paciente a se despir, caso não consiga fazer sozinho;
- Iniciar o banho se a situação permitir, deixando o paciente sozinho;
- Enxugar ou ajudar o paciente a fazê-lo, observando as condições da pele e a reação do banho;
- Vestir e pentear o paciente caso não consiga faze-lo sozinho; cadeira;
- Arrumar o leito e deixar a unidade em ordem;
- Colocar tudo no lugar e chamar o pessoal da limpeza para proceder a limpeza do banheiro;
- Lavar as mãos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


105
- Anotar no prontuário.

Obs.: sentar na cadeira embaixo do chuveiro e muito mais seguro para os pacientes idosos ou para
os pacientes que ainda estão muito fracos, facilitando para que lavem as pernas e pés, com menor
probabilidade de escorregarem.

- Durante o banho deve-se assegurar a privacidade ao paciente, mas pedir-lhe para não trancar a porta
e chamar se precisar de assistência. Manter-se perto do local.

Higiene Intima Feminina

Material:
- 01 balde,
- 01 jarra,
- Pacote de gazes,
- Comadre,
- Toalha de banho,
- Sabão líquido o P.V.P.I. degermante,
- Luvas para procedimento,
- Hamper,
- Pinça auxiliar (Cheron),
- Biombo,
- Forro e saco plástico.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Reunir o material e coloca-los sobre a mesa de cabeceira;
- Calcar as luvas;
- Trazer o hamper próximo ao leito;
- Proteger a unidade com biombos;
- Colocar o paciente em posição ginecológica, procurando expô-la o mínimo possível;
- Colocar o forro sobre o saco plástico, colocando-os sobre a região glútea;
- Colocar a comadre sob a região glútea da paciente, com ajuda da mesma;
- Irrigar monte pubiano e vulva com agua, despejando-a suavemente com o auxílio da jarra;
- Despejar pequena porção de sabão liquido ou P.V.P.I. degermante sobre o monte pubiano;
- Ensaboar a região pubiana com a pinça montada em gaze, de cima para baixo sem atingir o anus,
desprezando a gaze, após cada movimento vulva - anus;
- Afastar os grandes lábios e lava-la no sentido anteroposterior, primeiro de um lado, desprezando a
gaze e depois do outro lado;
- Lavar por último a região anal;
- Despejar a agua da jarra, sobre as regiões ensaboadas;
- Retirar a comadre;
- Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou com o forro que está sob a região glútea do
paciente;
- Colocar a paciente em posição de conforto;
- Desprezar as roupas (toalha, forro) no hamper;
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o balde e jarra e guarda-los;
- Retirar a luva;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: se houver presença de secreção uretral e/ou vaginal, utilizar gazes montadas na pinça auxiliar
para retirar o excesso, antes de iniciar a limpeza com agua e sabão liquido ou P.V.P.I. degermante.

Higiene Intima Masculina

Material:
- 01 balde,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


106
- 01 jarra,
- Pacote de gazes,
- Comadre,
- Toalha de banho,
- Sabão líquido o P.V.P.I. degermante,
- Luvas para procedimento,
- Hamper,
- Pinça auxiliar (Cheron),
- Biombo,
- Forro e saco plástico.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Reunir o material e leva-lo a unidade do paciente;
- Proteger a unidade com biombos;
- Trazer o hamper próximo ao leito;
- Calcar as luvas de procedimentos;
- Posicionar o paciente expondo somente a área genital;
- Colocar o forro com plástico sob a região glútea do paciente;
- Colocar a comadre sob a região glútea em cima do forro com a ajuda do paciente;
- Irrigar com a jarra com agua, a região genital;
- Dobrar e pinçar gaze com a pinça auxiliar;
- Despejar pequena porção de sabão líquido ou P.V.P.I. degermante, sobre os genitais;
- Ensaboar os genitais com a pinça montada em gaze, desprezando a gaze, a cada etapa;
- Tracionar o prepúcio para trás, lavando-o em seguida, com movimentos únicos e circulares;
- Iniciar a higiene intima pelo meato urinário, prepúcio, glande, corpo do pênis, depois região escrotal
e por último a região anal;
- Despejar o conteúdo da jarra sobre a região pubiana, pregas inguinais, pênis e bolsa escrotal;
- Tracionar o escroto, enxaguando a face inferior no sentido escroto perineal;
- Retirar todo o sabão líquido ou P.V.P.I. degermante;
- Retirar a comadre;
- Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou com o forro que está sob a região glútea do
paciente;
- Posicionar o prepúcio;
- Colocar a paciente em posição de conforto;
- Desprezar as roupas no hamper (toalha, forro);
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o balde e jarra e guarda-los;
- Retirar a luva;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: se houver presença de secreção purulenta na região uretral, limpa-la com gaze, antes de
proceder a limpeza com agua e sabão.

Lavagem dos Cabelos

Material:
- Shampoo,
- Balde,
- Bacia,
- Toalha de banho,
- Luvas para procedimento,
- Forro e saco plástico,
- Pente,
- Algodão em bola (02 unidades).

Técnica
- Explicar ao paciente o que ser feito;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


107
- Reunir o material no carro de banho e leva-lo próximo a cama do paciente;
- Lavar as mãos;
- Fechar portas e janelas;
- Abaixar a cabeceira do leito do paciente;
- Retirar o travesseiro;
- Colocar toalha de banho na cabeceira da cama, sob o forro com o plástico;
- Colocar sobre o forro com plástico, a bacia com agua morna;
- Colocar o paciente em posição diagonal, com a cabeça próxima ao funcionário;
- Proteger os ouvidos do paciente com algodão;
- Colocar outra toalha ao redor do pescoço do paciente, afrouxando a camisola, no caso de mulher, ou
retirando a camisa no caso de homem, cobrindo-o com o lençol;
- Sustentar a cabeça do paciente com uma das mãos, sobre a bacia com agua;
- Pentear os cabelos, inspecionando o couro cabeludo, cabelos e observando condições de
anormalidade;
- Umedecer os cabelos com um pouco de agua, aplicando o shampoo evitando que o liquido escorra
nos olhos;
- Massagear o couro cabeludo com as pontas dos dedos;
- Lavar os cabelos;
- Enxaguar os cabelos do paciente até sair toda espuma, com o auxílio de uma jarra;
- Despejar a agua da bacia, quantas vezes forem necessário;
- Elevar a cabeça do paciente e espremer os cabelos com cuidado, fazendo escorrer agua;
- Retirar a bacia que está sob a cabeça do paciente;
- Descansar e envolver a cabeça do paciente na toalha;
- Secar os cabelos com toalha de banho ou forro;
- Pentear os cabelos do paciente;
- Recolocar o travesseiro e voltar o paciente a posição inicial;
- Retirar a toalha, recompor o material no carro de banho, deixando paciente em posição confortável;
- Lavar as mãos;
- Anotar na prescrição do paciente.

Tratamento de Pediculose e Remoção de Lêndeas

Material:
- Solução indicada para pediculose,
- Luvas para procedimento,
- Atadura de crepe,
- Esparadrapo,
- Forro e saco plástico,
- Pente fino,
- Biombo,
- Vaselina Liquida.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Trazer a bandeja com o material e coloca-los na mesa de cabeceira ou carro de banho;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Colocar biombo;
- Colocar o forro protegido com plástico sobre o travesseiro;
- Aplicar vaselina nas bordas do couro cabeludo, para evitar que a solução queime o rosto;
- Dividir os cabelos em partes, aplicando a solução com gaze, fazendo fricção no couro cabeludo e no
final embeber os cabelos;
- Prender o cabelo e colocar a faixa de crepe ao redor da cabeça, formando um gorro e fixando com
esparadrapo no final;
- Conservar o travesseiro com forro;
- Retirar as luvas;
- Lavar as mãos;
- Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem;
- Levar a bandeja com o material para o local de origem;
- Fazer anotações no prontuário do paciente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


108
Obs.: deixar a solução no cabelo por 03 a 06 horas pela manhã e lava-la a tarde, passando vinagre
apos e penteando.

- Repetir o procedimento durante 03 dias ou mais, se necessário.

Uso de Comadre e Papagaio

Indicado em pacientes acamados, ou quando houver necessidade de recolher material para exames
ou controle de diurese. Geralmente o paciente encontra dificuldade no seu uso, cabendo à enfermagem
atende-lo com compreensão e tato.
A privacidade é fundamental para evitar constrangimento. A colocação da comadre ou papagaio deve
ser feita com à exposição mínima do paciente, e de preferência por pessoal da enfermagem do mesmo
sexo.

Material:
- Comadre ou Papagaio (previamente aquecido e seco)
- Papel higiênico,
- Biombos,
- Bacia com agua morna
- Toalha de banho,
- Sabonete.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Identificar o paciente;
- Cercar a cama com biombos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Reunir o material necessário junto a unidade;
- Colocar as luvas de procedimento;
- Aquecer a comadre (fazendo movimentos de fricção em sua superfície, com a extremidade sobre o
lençol ou colocando-a em contato com agua quente);
- Pedir ao paciente para levantar os quadris e se ele estiver impossibilitado, levantar por ele, com a
ajuda de outro funcionário da Enfermagem;
- Colocar a comadre sob os quadris;
- Se for papagaio, deve ser colocado entre os membros inferiores e o pênis dentro do recipiente. Pode
ser colocado em decúbito lateral, observando o conforto do paciente.
- Deixar o paciente sozinho, sempre que possível;
- Ficar por perto e voltar tão logo ele o chame; necessário, faca por ele;
- Pedir novamente ao paciente que levante o quadril ou, se necessário, levante por ele;
- Retirar a comadre ou papagaio;
- Fornecer bacia com agua para que o paciente lave as mãos;
- Fornecer toalha para que ele enxugue as mãos;
- Lavar o material;
- Colocar o material restante no lugar;
- Deixar o paciente em posição confortável;
- Desprezar as luvas e lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: não deixar um paciente esperando pela comadre, por se tratar de um ato fisiológico e a espera
pode levar a angustia física e emocional, podendo ocorrer diminuição do tônus dos esfíncteres.

- Por se tratar de um momento íntimo, muitos pacientes tem que ficar sozinhos, pois sentem-se
inibidos, não conseguindo evacuar perto de outras pessoas.

Movimentação do Paciente

Normas
- E de responsabilidade da equipe de enfermagem a movimentação do paciente que não se movimenta
sozinho;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


109
- O paciente dever ser mudado de decúbito a cada duas horas e sempre que solicitado pelo mesmo;
- A movimentação e posição deve ser de acordo com o quadro do paciente;
- E de responsabilidade da enfermagem o transporte do paciente dentro da área hospitalar;

Técnica de Movimentar o Paciente para um dos Lados da Cama

Utilizando 02 pessoas:
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente que ser feito;
- Ficar em pé ao lado da cama, de frente para o paciente, uma pessoa de cada lado da cama;
- A primeira pessoa segura o short ou fralda do paciente do lado esquerdo;
- A segunda pessoa segura o short ou fralda do paciente do lado direito;
- Trazer o paciente em movimento ritmados para o lado direito ou esquerdo;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário horário e posição o em que foi colocado o paciente;

Obs.: as pessoas que vão movimentar o paciente devem permanecer com uma das pernas frente a
outra, com os joelhos e quadris fletidos, trazendo o braço ao nível da cama;

- Pode utilizar o forro para fazer a mobilização do paciente.

Técnica de Movimentar o Paciente em Decúbito Lateral E/D

- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente que ser feito;
- Posicionar-se ao lado do qual se quer virar o paciente;
- Aproximar o paciente para a beira oposta da cama;
- Vira-lo para o lado D ou E com movimentos firmes e suaves;
- Apoiar o dorso com travesseiros ou rolo de cobertor;
- Colocar o travesseiro sob a cabeça e o pescoço;
- Flexionar o membro inferior que está por cima e apoia-lo sobre o travesseiro;
- Manter fletido o membro superior que está em contato com o colchão;
- Recompor a unidade;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Técnica de Movimentar o Paciente Incapacitado mais para Cima na Cama

Utilizando 02 pessoas
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente que ser feito;
- Deixar o paciente em posição horizontal;
- A primeira pessoa solta um dos lados do lençol móvel, a segunda pessoa solta o outro lado do lençol
móvel;
- As duas pessoas, uma de cada lado do leito, num movimento ritmado, movimentam o paciente para
a cabeceira;

Restrição do Paciente

Finalidade
- Nos casos de pacientes agitados, pós-operatórios, principalmente cirurgias de crânio;
- Em traumas e cirurgias em região ocular, quando o paciente não colaborar;
- Em doentes mentais, quando constituem um perigo para si e para os demais;
- Pacientes com infecção na pele, para evitar que se cocem;
- No caso de pacientes que não colaboram, para manutenção de sondas, cateteres e soros.

Meios Utilizados para Restrição Lençóis, faixas elásticas, coletes, cama com grade, saquinhos de
areia, atadura de crepe, traço;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


110
Normas
- Importante conversar sempre com o paciente durante o tratamento, para diminuir o desconforto da
restrição e a inquietude, explicando-lhe a finalidade da restrição;
- Retirar a restrição logo que terminar o tratamento ou o paciente se acalmar;
- Ha necessidade de uma boa observação devido a possibilidade de deficiência de circulação;
- Sempre anotar as causas das restrições no prontuário;
- Verificar com frequência o local da restrição; se o paciente ficar sob restrição durante muito tempo,
retira-la duas vezes ao dia, lavar o local com agua morna e sabonete ou sabão liquido, massageando o
local;
- Ter cuidado para não apertar demasiadamente; deve-se passar pelo menos 1 dedo entre a argola e
o local restrito;
- Não deixar de restringir os membros sem restringir também o abdome quando o paciente estiver
agitado;
- Quando colocar restrição sobre o abdome, evitar ajustar o lençol sobre a região epigástrica;
- Evitar fazer pressão sobre as artérias, fraturas, queimaduras e ferimentos;
- Deve-se usar a restrição, somente quando se tornar absolutamente necessária;

Restrição por Meio de Lençóis

Restrição dos Ombros

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Dobrar um lençol em diagonal, até formar uma faixa de 25 cm de largura;
- Colocar a faixa sob as costas do paciente, passando pelas axilas, cruzando sob o travesseiro e
amarrando na cabeceira da cama;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Restrição do Abdome

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Dobrar 02 lençóis de forma longitudinal (ao comprido) ou diagonal cada um, até formar uma faixa de
25 cm de largura;
- Colocar uma faixa sobre o abdome do paciente e a outra sob a região lombar;
05 - Torcer juntas as pontas do lado direito dos dois lençóis, amarrando-as no estrado do leito;
- Repetir o mesmo procedimento para o lado esquerdo;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Restrição dos Joelhos

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Dobrar 01 lençol em diagonal;
- Colocar sob os joelhos do paciente;
- Passar a ponta do lado direito do lençol sobre o joelho direito e por baixo do esquerdo;
- Passar a ponta do lado esquerdo do lençol sobre o joelho esquerdo e por baixo do joelho direito,
amarrando as extremidades livres no estrado do leito;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


111
Restrição com Ataduras de Crepe

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Colocar o membro do paciente em posição anatômica;
- Adaptar a atadura de crepe no membro deixando sobrar uma ponta;
- Realizar o enfaixamento do membro, que terá duas finalidades:

a) Proteção do membro;

b) Restrição do membro;
- Amarrar as pontas das ataduras após o enfaixamento;
- Amarrar a ponta da atadura no estrado da cama;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Como Sentar o Paciente em Poltrona ou Cadeira de Rodas

Semi Independente
- Material
- Cadeira,
- Lençóis e Cobertores,
- Travesseio.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Orientar o paciente quanto a necessidade de locomoção, local onde ir e como ser feito o transporte;
- Forrar a cadeira com lençol;
- Colocar a cadeira ao lado da cama, com as costas virada para o pé da cama (se for cadeira de rodas,
não se esquecer de trava-la);
05 - Virar o paciente de lado, colocando um dos braços sob os ombros do paciente e outro, na região
da escápula. O braço mais distante do paciente se apoia no ombro do funcionário, que com um impulso,
senta-o no leito; Observar as áreas do paciente;
- Calcar os chinelos;
- Fazer o paciente levantar, apoiando-se nos ombros do funcionário que o segura pela cintura;
- Virar e sentar o paciente na cadeira;
- Envolver o paciente com lençol ou cobertor (se necessário);
- Colocar travesseiro nas costas para apoio (se necessário);
- Passar uma faixa (lençol dobrado no sentido longitudinal) em volta da região abdominal do paciente,
amarrando as extremidades na parte de trás da cadeira (se necessário);
- Certificar-se do conforto e segurança do paciente;
- Anotar no prontuário: horário da saída e o destino, intercorrências durante o transporte.

Obs.: quando tratar-se de paciente totalmente incapacitado, colocar a cadeira paralela ao leito, com
as costas voltada para a cabeceira do leito;

- Proceder a passagem do leito para a cadeira sempre em 2 ou 3 pessoas: a primeira pessoa pega o
paciente passando os braços pela axila e a segunda e/ou terceira pega o paciente pelos quadris e pé,
colocando-o diretamente na cadeira.

Como Passar o Paciente do Leito Para a Maca com Auxílio de Lençol


Técnica:
- Lavar as mãos;
- Orientar o paciente quanto a necessidade de locomoção, local onde ir e como ser feito o transporte;
- Forrar a maca com lençol;
- Soltar o lençol de baixo;
- Colocar a maca paralela ao leito e trava-la;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


112
- Providenciar para que 2 pessoas permaneçam junto a maca com os pés afastados, do lado em que
o paciente ser locomovido, na seguinte ordem:
a) A primeira pessoa apoia a cabeça do paciente e segura na parte superior do lençol móvel. A segunda
pessoa segura a parte inferior do lençol, apoiando todo o tronco do paciente e as pernas;
b) A terceira e a quarta pessoa permanecem ao lado oposto a maca, ao lado da cama seguindo a
técnica anterior, para afirmar a cama e ajudar na locomoção do paciente;
c) Num movimento único, simultâneo e coordenado as pessoas passam o paciente para a maca;
- Envolver o paciente com um lençol;
- Levantar as grades da maca;
- Observar se o paciente está confortável.

Obs.: se necessário utilizar 4 ou 6 pessoas, conforme o tamanho do paciente.

Passagem do Paciente da Cama Para a Maca em Bloco


Finalidade
Usada em especial para pacientes politraumatizados. Utilizando 06 pessoas

Material:
- Lençol,
- Maca.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Preparar o material;
- Orientar o paciente quanto a necessidade do transporte;
- Forrar a maca com lençol;
- Colocar a maca ao lado da cama;
- Travar as rodas da maca;
- 03 Elementos devem se posicionar ao lado da cama e os outros 03 elementos do outro lado da maca,
posicionando da seguinte forma:
a) A primeira pessoa coloca um braço sob o pescoço e ombros e o outro sob as costas;
b) A segunda pessoa coloca um braço sob a cintura, e o outro sob os quadris;
c) A terceira pessoa que fica aos pés do paciente coloca um braço sob os quadris e o outro sob as
pernas;
d) Os outros 03 elementos ficam do lado oposto e seguram o paciente da mesma forma (um elemento
se firma no braço do outro);
- Ao dizer 3 (trás) o paciente levantado e colocado na maca;
- Cobrir o paciente com lençol;
- Certificar se o paciente está confortável;
- Levantar as grades da maca.

Técnica de Calçar Luva Estéreis

O procedimento de calçar um par de luvas estéril requer técnica correta, para evitar a contaminação
da luva, fato este que pode ocorrer com facilidade, por isso requer muita atenção.
As luvas estéreis devem ser utilizadas sempre que ocorrer a necessidade de manipulação de áreas
estéreis. Existem vários procedimentos que exigem a utilização de luvas estéreis, entre eles os
procedimentos cirúrgicos, aspiração endotraqueal, curativos extensos, que se tornam difíceis realizar
somente com o material de curativo.
Resumindo, em qualquer ocasião que for necessário o auxílio manual em locais estéreis ou em lesões,
usa-se as luvas esterilizadas.
Podem ser encontradas nos tamanhos P, M ou G, ou até mesmo em tamanhos numerados como 6.0,
6.5, 7.0 até 9.0. E pode variar de acordo com o fabricante.
Após realizar a lavagem correta das mãos, abra o pacote de luvas sobre uma superfície limpa, à altura
confortável para sua manipulação.
Observe que existem abas nas dobras internas da embalagem das luvas.
Elas existem para facilitar a abertura do papel, sem que ocorra o risco de tocar nas luvas e contaminá-
las. Então, segure nas abas abra os dois lados que revestem as luvas,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


113
As luvas estão dispostas corretamente a sua frente, onde: a luva da mão direita está a sua direita, e a
luva da mão esquerda, está a sua esquerda. Isso na maioria dos fabricantes. A maioria das luvas não
tem lado anatômico, mas ficam dispostas nesse sentido, devido a dobra existente do polegar.
- Agora, prepare-se para calçar a luva na mão dominante. Com sua mão não dominante, segure a luva
pela face interna da luva (que vem dobrada propositalmente).
- Lembre-se: enquanto você estiver sem luvas, segure apenas pela face onde a luva irá entrar em
contato com sua pele, ou seja, face interna.
- Agora, introduza os dedos da mão dominante, calmamente, procurando ajustar os dedos
internamente. Realize esta etapa da melhor maneira possível, mas não se preocupe se os dedos ficarem
mal posicionados dentro da luva. Continue o procedimento mesmo com os dedos posicionados de forma
errada (é muito arriscado tentar arrumar a posição dos dedos, você pode contaminá-la).
- Após esta etapa, introduza até que sua mão entre completamente na luva, sempre a segurando pela
face interna.
- Agora que você colocou a primeira luva estéril (na mão dominante), vamos colocar a luva na mão
esquerda (não-dominante). Lembre-se, que agora estamos com uma luva estéril na mão dominante, não
podemos tocar em lugares que não sejam estéreis, sejam eles a nossa pele, superfícies ou objetos ao
nosso redor. Com a mão dominante (enluvada), segure a outra luva pela face externa (ou seja, por dentro
da dobra existente). Esta dobra existente no punho da luva servirá de apoio para segurar a luva, sem que
ocorra o risco de contaminar a luva, mesmo que imperceptivelmente.
- Sempre segurando pela dobra do punho da luva, introduza calmamente sua mão esquerda (não-
dominante) na luva, semelhante ao realizado na primeira, mas agora, com a cautela de não tocar com a
luva na pele da mão esquerda ou em locais não-estéreis.
- Siga esta etapa, até introduzir toda a mão esquerda na luva.
- Agora, havendo a necessidade de posicionar os dedos corretamente, ou até mesmo melhorar o
calçamento da luva, faça com ambas as luvas, porém evite manipular a luva na região dos punhos, caso
esta não possua mais as dobras de segurança.

1- Quando se calça primeiro a luva direita, pega-se o punho pelo lado de dentro com a mão esquerda.
2- Introduz-se mão direita no interior da luva, a qual é então puxada para sua posição com a mão
esquerda (deixando a dobra da luva virada). Solta-se a luva.
3- Depois disso pode-se pegar a luva esquerda com a mão direito já enluvada, introduzindo os dedos
sob a dobra do punho (o lado externo é esterilizado).
4- Introduz-se a mão esquerda, e a luva é levada para a sua posição. Desdobra-se, então, o punho.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


114
Tricotomia

É a retirada dos pelos de uma determinada área com a finalidade do preparo da área para cirurgia ou
exames.

Material:
- Cuba rim;
- Sabão;
- Cuba redonda com água;
- Aparelho com gilete nova;
- Papel higiênico;
- Gazes;
- Luvas.

Técnica:
- Preparo orientação ao paciente;
- Preparo do ambiente e material;
- Descobrir a área indicada;
- Com auxílio de uma gaze, aplicar a solução de sabão na área a ser manuseada;
- Esticar a pele com a mão e com movimentos amplos e suaves, raspar os pelos na direção de
crescimento;
- Sempre que houver excesso de pelos no aparelho, retirar com auxílio do papel higiênico;
- Retirar o excesso de sabão com auxílio de gaze verificando se o campo está bem feito;
- Enviar o paciente ao banheiro;
- Anotar o que foi feito, limpar e colocar em ordem o material.

Lavagem Otológica

O tampão de cerume é uma causa comum de hipoacusia e certamente a de mais fácil resolução.
Quando se diagnostica o tampão de cerume, deve-se indicar ao indivíduo o uso prévio de um
ceruminolítico por 5 a 7 dias.
Devem ser pingadas 5 gotas na orelha afetada, 3 vezes ao dia, mantendo por 5 minutos o decúbito
lateral, com a orelha afetada para cima. No Brasil, a única opção comercial de ceruminolítico é o
Cerumin® (borato de 8-hidroxiquinolina 0,4mg + trolamina 140mg/mL).
O uso do ceruminolítico previamente à lavagem parece aumentar a sua taxa de sucesso. Quando a
lavagem não é bem-sucedida, pode ocorrer otalgia, causada pela distensão do conduto auditivo devido à
absorção de água pelo tampão ainda impactado.
Material a ser usado: seringa de 20mL, ou mais, sonda urinária de alívio, tesoura, cuba-rim, toalha ou
lençol e solução fisiológica (SF). Deve-se aquecer SF a uma temperatura próxima à corporal, pois isso
evita a ocorrência de nistagmo, náuseas e vertigem.
A sonda, já cortada para ficar com 2 ou 3cm de comprimento, deve ser conectada à seringa que vai
ser usada para irrigar o conduto auditivo com o jato direcionado para cima. Isso irá criar um efeito de
turbilhonamento que deslocará a rolha de cerume. Não se deve temer imprimir pressão ao jato por meio
do rápido movimento para fechamento do êmbolo da seringa. A cuba-rim, colocada junto ao pescoço,
logo abaixo da linha mandibular, servirá para coletar a água e o tampão que saem do conduto auditivo.

Questões

01. (Prefeitura de Macapá/AP - Técnico em Enfermagem - FCC/2018) De acordo com a Agência


Nacional de Vigilância Sanitária, os agentes antissépticos utilizados para a higienização das mãos dos
profissionais de saúde
(A) devem ter efeito plasmático degermante.
(B) não devem ter efeito residual.
(C) devem conter componente alergogênico para a pele.
(D) devem ter ação esterilizante.
(E) devem ter ação antimicrobiana imediata.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


115
02.(UNIRIO - Auxiliar de Enfermagem - UNIRIO) A limpeza da unidade do paciente garante conforto
e diminui o risco de infecção. Na alta hospitalar, deve-se proceder à limpeza
(A) concomitante.
(B) terminal.
(C) diária.
(D) concorrente.
(E) esterilizante.

03.(Prefeitura de Parnarama/MA - Enfermeiro - NUCEPE) O banho no leito além de proporcionar


conforto e bem estar ao paciente, ele é indicado para:
(A) Estimular a circulação
(B) Combater as úlceras
(C) Regular a respiração
(D) Regular a digestão
(E) Aumentar o apetite.
Gabarito

01.E / 02.B / 03.A

Comentários

01. Resposta: E
Os agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana
imediata e efeito residual ou persistente.

02.Resposta: B
Limpeza Terminal
É a limpeza completa da unidade do paciente, após: Alta, óbito ou transferência.

03. Resposta: A
O banho no leito do paciente é indicado para a ativação da circulação devido os movimentos circulares.

6.1. Verificação de sinais vitais, oxigenoterapia, aerossolterapia e curativos

VERIFICAÇÃO DE SINAIS VITAIS20

A medição de sinais vitais fornece dados para determinar o estado de saúde normal de um paciente,
por meio de dados de referência. Diversos fatores como a temperatura do ambiente, o esforço físico do
paciente e os efeitos da doença causam alterações dos sinais vitais.
A avaliação dos sinais vitais fornece dados para identificar diagnósticos em enfermagem, uma
alteração nos sinais vitais sinaliza uma mudança na função fisiológica e a necessidade de intervenção
médica ou de enfermagem.
Os sinais vitais (SSVV) refere-se a: temperatura (T), pulso ou batimentos cardíacos (P ou BC),
respiração (R) e pressão ou tensão arterial (PA ou TA), veremos a seguir cada um dos sinais vitais
detalhadamente e seus procedimentos de verificação.

Materiais
- Termômetro adequado;
- Estetoscópio;
- Relógio de pulso com visor digital;
- Esfingmomanômetro;
- Manguito de pressão;
- Tecidos moles ou algodão;

20
POTTER, P. A; STOCKERT, P. A; PERRY, A. G.; HAAL, A. M. Fundamentos de Enfermagem. 9ª Ed. Elsevier.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


116
- Algodão embebido com álcool;
- Lubrificante;
- Caneta, folha de fluxo de sinal vital ou registro ou prontuário eletrônico do paciente;
- Luvas de procedimentos.

Temperatura

A temperatura do corpo é a diferença entre a quantidade de calor produzido por processos corporais
e a quantidade perdida para o ambiente externo.
Os tecidos e células do corpo funcionam eficientemente dentro de um intervalo estreito de 36°C a
38°C, mas não há uma temperatura única que seja normal para todas as pessoas.
O local de medição de temperatura pode ser: oral, retal, membrana timpânica, artéria temporal,
esofágico, artéria pulmonar, axilar ou até mesmo bexiga.
Os mecanismos fisiológicos e comportamentais regulam o equilíbrio entre a perda de calor e o calor
produzido ou termo regulação. Para a temperatura do corpo ficar constante e dentro de uma faixa
aceitável, vários mecanismos mantêm a relação entre a produção e a perda de calor.

Terminologia Básica:
- Variação média de temperatura: 36 a 38°C
- Axilar: 36,5°C
Hipotermia
- Leve: 34 a 36°C
- Moderada: 30 a 34°C
- Severa: <30°C

Padrões de Febre
- Sustentada: uma temperatura corporal constante continuamente acima de 38°C.
- Intermitente: picos de febre intercalados com níveis de temperatura habituais.
- Remitente: picos e quedas de febre sem um retorno a níveis de temperatura aceitáveis.
- Reincidentes: períodos de episódios febris e períodos com valores de temperatura aceitáveis.

Procedimentos para verificação da Temperatura com Termômetro Eletrônico

Temperatura Axilar
- Feche a cortina em volta da cama ou feche a porta do quarto;
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
- Verifique se o termômetro a ser utilizado possui capa de sonda descartável, caso contrário realize a
desinfecção do termômetro com o algodão embebido em álcool a 70%;
- Ajude o paciente a ficar em uma posição supina ou sentado. Movimente a roupa ou camisola para
longe do ombro e braço;
- Levante o braço do paciente para longe do torso. Verifique se há lesões de pele e transpiração
excessiva. Insira a sonda do termômetro no centro da axila. Abaixe o braço sobre a sonda e coloque o
braço sobre o peito do paciente;
- Uma vez posicionada, mantenha a sonda do termômetro no lugar até que o sinal sonoro indique a
conclusão e a temperatura do paciente apareça no visor digital. Remova a haste do termômetro da axila;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Pressione o botão de ejeção na haste do termômetro para descartar a capa da sonda de plástico no
lugar apropriado, se o termômetro não possuir a capa da sonda descartável realizar a desinfecção do
termômetro em algodão embebido em álcool a 70%;
- Higienizar as mãos.

Temperatura Oral
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


117
- Calce as luvas de procedimentos quando houver secreções respiratórias ou drenagem de ferida facial
ou bucal;
- Peça ao paciente para abrir a boca, coloque gentilmente a sonda do termômetro debaixo da língua,
na bolsa sublingual posterior lateral, ao centro da mandíbula;
- Peça ao paciente para segurar a sonda do termômetro com os lábios fechados;
- Deixe a sonda do termômetro em posição até que o sinal sonoro indique a conclusão, e a leitura da
temperatura apareça no visor digital, remova a sonda do termômetro que está sob a língua do paciente;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Pressione o botão de ejeção na haste do termômetro para descartar a capa da sonda de plástico no
lugar apropriado, se o termômetro não possuir a capa da sonda descartável realizar a desinfecção do
termômetro em algodão embebido em álcool a 70%. O termômetro deve ser individual;
- Higienizar as mãos.

Temperatura Retal
- Feche a cortina em volta da cama ou feche a porta do quarto;
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
- Verifique se o termômetro a ser utilizado possui capa de sonda descartável, caso contrário realize a
desinfecção do termômetro com o algodão embebido em álcool a 70%;
- Ajude o paciente a ficar na posição de Sims com a perna de cima flexionada. Movimente o lençol da
cama para o lado a fim de expor apenas a área anal. Mantenha a parte superior do corpo do paciente e
as extremidades inferiores cobertas com lençol ou cobertor;
- Calce as luvas de procedimentos. Limpe a região anal quando estiverem presentes fezes e/ou
secreções. Remova as luvas sujas e calce outro par de luvas de procedimentos;
- Esprema uma porção generosa de lubrificante sobre o tecido. Mergulhe a extremidade do termômetro
no lubrificante, cobrindo 2,5 a 3,5cm para adultos;
- Com a mão não dominante separe as nádegas do paciente para expor o ânus. Peça ao paciente para
respirar lentamente e relaxar;
- Insira com cuidado a sonda do termômetro no ânus na direção do umbigo 2,5 a 3,5cm para adultos.
Não force o termômetro;
- Uma vez posicionado, mantenha a sonda do termômetro no lugar até que o sinal sonoro indique a
conclusão e a temperatura do paciente apareça no visor digital, remova a sonda do termômetro do ânus;
- Pressione o botão de ejeção na haste do termômetro para descartar a capa da sonda de plástico no
lugar apropriado, se o termômetro não possuir a capa da sonda descartável realizar a desinfecção do
termômetro em algodão embebido em álcool a 70%;
- Limpe a área anal do paciente com tecido macio para remover o lubrificante ou fezes e descarte o
tecido. Ajude o paciente a assumir uma posição confortável;
- Retire e descarte as luvas no local apropriado;
- Higienizar as mãos;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;

Atenção: de acordo com a ANVISA está proibida a fabricação, importação e comercialização dos
termômetros e medidores de pressão que utilizam coluna de mercúrio para diagnóstico em saúde.

Pulso

O pulso é o limite palpável do fluxo sanguíneo em uma artéria periférica. O sangue flui através do corpo
num circuito contínuo. O pulso é um indicador indireto do estado circulatório.
O volume de sangue bombeado pelo coração durante um minuto é o débito cardíaco, o produto de
frequência cardíaca (FC) e o volume sistólico do ventrículo (VS). Em um adulto, o coração normalmente
bombeia 5.000ml de sangue por minuto.
Os fatores mecânicos, neurais e químicos regulam a força de contração ventricular e seu VS, porém,
quando esses fatores são incapazes de alterar o VS, uma variação em FC provoca uma alteração no
débito cardíaco, o que afeta a pressão arterial (PA).
Conforme a FC aumenta, há menos tempo para as câmaras ventriculares do coração encherem. E
conforme a FC aumenta sem uma mudança no VS, a PA diminui. Conforme a FC fica mais lenta, o tempo

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


118
de enchimento é aumentado e a PA aumenta. A incapacidade da PA para responder a aumentos ou
diminuições em FC indica um possível problema de saúde.
Pode-se avaliar qualquer artéria para a frequência de pulso, mas normalmente se usa a artéria radial,
por que ela é fácil de palpar.

Técnica de Verificação
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Feche a cortina em torno da cama e/ou feche a porta;
- Pulso radial;
- Ajude o paciente a ficar em uma posição supina ou sentado;
- Se na posição supina, coloque o antebraço do paciente em linha reta ao lado do corpo ou na parte
inferior do tórax ou na parte superior do abdômen com punho estendido reto. Se sentado, incline o
cotovelo do paciente a 90° e apoie o braço inferior na cadeira ou no seu braço;
- Coloque as pontas dos primeiros dois ou três dedos médios da mão sobre o sulco ao longo do lado
radial ou polegar do pulso interno do paciente. Estenda ligeiramente ou flexione o punho com a palma
para baixo até que você observe o pulso mais forte;
- Comprima levemente o pulso contra o rádio, perdendo o pulso inicialmente, e depois relaxe a pressão
de modo que o pulso se torne facilmente palpável;
- Determine a intensidade do pulso. Observe se a pressão do vaso contra a ponta dos dedos é
latejante, cheia/forte, normal ou esperada, diminuída ou muito pouco palpável ou ausente;
- Depois de sentir um pulso regular, olhe para um relógio e comece a contar a frequência a partir da
primeira batida, então conte um, dois e assim por diante;
- Se o pulso for regular, conte a taxa por 30 segundos e multiplicar o total por 2;
- Se o pulso for irregular, conte a frequência por 1 minuto. Avalie frequência e padrão de irregularidade.
Compare os pulsos radiais bilateralmente;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Higienizar as mãos.

Avalição do Ritmo
- Regular ou Rítmico: Batimentos uniformes;
- Irregular ou Arrítmico: Não são uniformes (ex. Dicrótico: sensação de ser dividida em dois.)

Tensão ou Volume
- Pulso Amplo e cheio: contrações cardíacas fortes;
- Pulso Filiforme: contrações cardíacas fracas – fino.

Valores de Referência
- 60 a 100 batimentos/minuto, forte e regular;
- Lactante: 120 a 160bpm;
- Criança em idade escolar: 75 a 100bpm;
- Adolescente: 60 a 90bpm;
- Adulto: 60 a 100bpm.

Terminologias Básicas
- Bradicardia: quando a FC estiver inferior a 60bpm;
- Taquicardia: quando a FC estiver superior a 100bpm;
- Taquisfigmia: aumento da frequência do pulso;
- Bradisfigmia: diminuição da frequência do pulso.

Respiração

A sobrevivência humana depende da capacidade do oxigênio (O2) alcançar as células do corpo e do


dióxido de carbono (CO2) ser removido das células. A respiração é o mecanismo que o organismo utiliza
para a troca de gases entre a atmosfera e o sangue, e entre o sangue e as células.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


119
A respiração envolve a ventilação (o movimento de gases para dentro e para fora dos pulmões), a
difusão (o movimento de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e os eritrócitos) e a perfusão (a
distribuição de eritrócitos para e a partir dos capilares pulmonares).
Analisar a eficiência respiratória requer a integração de dados de avaliação de todos os três processos.
A avaliação da ventilação determina a frequência respiratória, a profundidade, o ritmo e o valor final da
expiração de dióxido de carbono.
A respiração é um processo passivo, o trabalho muscular está envolvido no movimento dos pulmões
e da parede torácica. A inspiração é um processo ativo.

Técnica de Verificação
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Feche a cortina em torno da cama e/ou feche a porta;
- Certifique-se de que o paciente está em posição confortável, de preferência sentado ou deitado com
a cabeça da cama elevada de 45 a 60°. Certifique-se de que o peito do paciente esteja visível. Se
necessário, movimente a roupa de cama ou a roupa do paciente;
- Coloque o braço do paciente em posição relaxada sobre o abdômen ou parte inferior do tórax ou
coloque a mão diretamente sobre a parte superior do abdômen do paciente;
- Observe o ciclo respiratório completo (uma inspiração e uma expiração);
- Depois de observar um ciclo, olhe para segunda mão do relógio e comece a contar a frequência,
quando a mão de contagem tocar o número no visor, comece a estrutura de tempo, contando um com o
primeiro ciclo respiratório completo;
- Se o ritmo for regular, conte o número de respirações em 30 segundos e multiplique por 2. Se o ritmo
for irregular, menos que 12 ou maior que 20, conte durante 1 minuto inteiro;
- Observe a profundidade de respirações subjetivamente com dados coletados pela observação do
grau de movimento da parede torácica durante a contagem de frequência. Também pode ser avaliada a
profundidade objetivamente pela palpação da excursão da parede torácica ou auscultando a parte
posterior do tórax após a frequência ter sido contada. Descreva a profundidade como superficial, normal
ou profunda;
- Observe o ritmo do ciclo ventilatório. A respiração normal é regular e ininterrupta. Não confundir o
suspiro com ritmo anormal;
- Observe qualquer aumento do esforço para inspirar e expirar. Peça ao paciente para descrever a
experiência subjetiva da respiração em comparação com o padrão de respiração normal.
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado.
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Higienizar as mãos.

Observações: não permitir que o paciente fale e não contar a respiração logo após esforços do
paciente.

Valores de Referência
- 12 a 20 respirações/minuto, profundas e regulares;
- Recém-nascido: 30 a 60 irpm;
- Lactante: 30 a 50 irpm;
- Criança: 20 a 30 irpm;
- Adolescente: 16 a 20 irpm;
- Adulto: 12 a 20 irpm.

Terminologia Básica
- Eupneia: frequência respiratória dentro da normalidade;
- Taquipneia ou polipneia: frequência respiratória acima da normalidade;
- Bradipneia: frequência respiratória abaixo da normalidade;
- Apneia: parada da respiração. Pode ser instantânea ou transitória, prolongada, intermitente ou
definitiva, podendo levar à uma parada respiratória;
- Ortopneia: respiração facilitada em posição vertical;
- Respiração ruidosa, estertorosa: respiração com ruídos semelhantes a "cachoeira";
- Respiração laboriosa: respiração difícil, envolve músculos acessórios;
- Respiração sibilante: com sons que se assemelham a assovios;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


120
- Respiração de Cheyne-Stokes: respiração em ciclos, que aumenta e diminui, com período de apneia;
- Respiração de Kussmaul: inspiração profunda, seguida de apneia e expiração suspirante.
Característica de acidose metabólica (diabética) e coma;
- Dispneia: dor ou dificuldade ao respirar (falta de ar).

Pressão Arterial

A pressão arterial (PA) é a força exercida sobre as paredes de uma artéria pelo sangue pulsando sob
pressão a partir do coração.
O sangue flui através do sistema circulatório por causa das alterações de pressão. Ele movimenta-se
a partir de uma área de alta pressão para uma de baixa pressão.
A contração do coração força o sangue sob alta pressão para a aorta. O pico de pressão máxima
quando a ejeção ocorre é a pressão sistólica. Quando os ventrículos relaxam, o sangue restante nas
artérias exerce uma pressão mínima ou pressão diastólica. A pressão diastólica é a pressão mínima
exercida contra as paredes arteriais em todos os movimentos.
A unidade-padrão para medir a PA é milímetros de mercúrio (mmHg). A medição indica a altura que a
PA sobe em uma coluna de mercúrio. Registre a PA com a leitura sistólica antes da leitura diastólica
(exemplo: 120/80). A diferença entre a pressão sistólica e diastólica é a pressão de pulso (exemplo: PA
120/80 a pressão de pulso é 40).

Técnica para Verificação


- Higienizar as mãos,
- Higienizar as olivas auriculares e o diafragma do estetoscópio com algodão embebido em álcool;
- Posicione o paciente;
- Braço: posicione o paciente sentado ou deitado, posicione o seu antebraço na altura do coração. Vire
a palma para cima. Se sentado instrua o paciente para manter os pés no chão, sem cruzar as pernas;
- Coxa: posicione o paciente deitado com a coxa reta. Deixar o joelho levemente flexionado;
- Exponha a extremidade (braço ou perna) totalmente removendo roupas apertadas. O manguito pode
ser colocado sobre a manga da camisa contanto que o estetoscópio descanse sobre a pele do espaço
ante cubital;
- Palpe a artéria braquial (braço) ou artéria poplítea (perna). Com o manguito totalmente esvaziado,
coloque a bexiga do manguito acima da artéria centralizando as setas marcadas no manguito sobre a
artéria. Se não houver setas centrais no manguito, estime o centro da bexiga e coloque-os sobre a artéria.
Posicione o manguito 2,5cm acima do local da pulsação. Enrole o manguito uniforme e confortavelmente
em torno de extremidade;
- Posicione o manômetro na vertical ao nível dos olhos e não mais que a 1m de distância;
- Meça a P.A.;
- Coloque as olivas auriculares do estetoscópio nos ouvidos e tenha certeza de que os sons são claros,
não abafados;
- Localize novamente a artéria braquial ou poplítea e coloque a campânula ou peça torácica do
diafragma do estetoscópio sobre ela. Não permita que a peça torácica toque o manguito ou as roupas;
- Feche a válvula de bulbo de pressão no sentido horário até ficar firme;
- Infle rapidamente o manguito a 30mmHg além da pressão sistólica normal do paciente;
- Solte lentamente a válvula do bulbo de pressão e permita que a agulha do manômetro caia a uma
velocidade de 2 a 3mmHg/s;
- Observe o ponto no manômetro quando você ouvir o primeiro som claro. O som aumenta lentamente
em intensidade;
- Continue a desinflar o manguito, observando o ponto no qual aparecem sons abafados ou
amortecidos;
- Enquanto se esvazia gradualmente o manguito, observe o ponto em que o som desaparece em
adultos. Ouça por 10 a 20mmHg após o último som e permita que o ar restante escape rapidamente;
- Remova o manguito de extremidade a menos que você precise repetir a medição. Se esta for a
primeira avaliação do paciente, repita a avaliação de PA na outra extremidade;
- Ajude o paciente a retornar à posição confortável e cubra a parte superior do braço se vestido
anteriormente;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado.
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Higienizar as olivas auriculares e o diafragma do estetoscópio com algodão embebido em álcool;
- Higienizar as mãos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


121
Valores Normais
- Sistólica: < 120mmHg;
- Diastólica: < 80mmHg;
- Pressão de pulso: 30 a 50mmHg;
- Recém-nascido (3000g): 40mmHg;
- 1 mês: 85/54mmHg;
- 1 ano: 95/65mmHg;
- 6 anos: 105/65mm Hg;
- 10 a 13 anos: 110/65mmHg;
- 14 a 17 anos: 119/75mmHg;
- A partir de 18 anos: < 120/<80mmHg.

Terminologia Básica
- Pré-Hipertensão: 120 a 139/80 a 89mmHg;
- Hipertensão Estágio 1: > 140/> 90mmHg;
- Hipertensão Estágio 2: > 160/> 90mmHg.

Questões

01. (Correios - Auxiliar de Enfermagem - IADES/2017) Ao aferir os sinais vitais de uma senhora de
70 anos de idade, o técnico em enfermagem constatou que a senhora apresentava-se normotensa.
Assinale a alternativa que confirma essa conclusão.
(A) PA 90 mmHg x 60 mmHg.
(B) PA 155 mmHg x 110 mmHg.
(C) PA 70 mmHg x 40 mmHg.
(D) PA 230 mmHg x 150 mmHg.
(E) PA 120 mmHg x 80 mmHg.

02. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017) Para poder determinar em nível de primeiro
socorro, como leigo, o funcionamento satisfatório dos controles centrais dos mecanismos da vida, é
necessário compreender os sinais indicadores chamados de sinais vitais. (Manual Primeiros Socorros –
Fiocruz 2003) São sinais vitais que devem ser compreendidos e conhecidos para verificação do estado
geral da pessoa, EXCETO:
(A) Temperatura.
(B) Cor.
(C) Pulso.
(D) Respiração.

03. (Prefeitura de Anápolis/GO - Técnico em Enfermagem - FUNCAB) A medida dos sinais vitais
fornece dados para determinar o estado usual da saúde do paciente, sendo importante o técnico de
enfermagem conhecer os valores aceitáveis para os indivíduos de diferentes faixas etárias. Com relação
à frequência cardíaca é correto afirmar que em:
(A) lactente a variação de valores aceitáveis é de: 80 a 110 bpm.
(B) adultos, a variação de valores aceitáveis é de: 80 a 110 bpm
(C) criança em idade escolar a variação de valores aceitáveis é de: 75 a 100 bpm.
(D) adolescentes a variação de valores aceitáveis é de: 120 a 160 bpm.
(E) pré-escolar a variação de valores aceitáveis é de: 90 a 140 bpm.

Gabarito

01.E / 02.B / 03.C

Comentários

01. Resposta: A
Valores Normais: Sistólica < 120 mmHg e Diastólica < 80 mmHg são valores normotensos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


122
02. Resposta: B
Os sinais vitais (SSVV) refere-se a: temperatura (T), pulso ou batimentos cardíacos (P ou BC),
respiração (R) e pressão ou tensão arterial (PA ou TA).

03. Resposta: C
O valor de referência da frequência cardíaca em criança em idade escolar: 75 a 100 bpm.

OXIGENOTERAPIA

Consiste na administração de oxigênio numa concentração de pressão superior à encontrada na


atmosfera ambiental para corrigir e atenuar deficiência de oxigênio ou hipóxia.
- O oxigênio é um gás inodoro, insípido, transparente e ligeiramente mais pesado do que o ar;
- O oxigênio alimenta a combustão;
- O oxigênio necessita de um fluxômetro e um regulador de pressão para ser liberado;
- A determinação de gases arteriais é o melhor método para averiguar a necessidade e a eficácia da
oxigenoterapia;
- Podem ou não existir outros sinais de hipóxia como a cianose.

Avaliação Clínica do Paciente

Sinais de hipóxia são:


- Sinais respiratórios: taquipneia, respiração laboriosa (retração intercostal, batimento de asa do nariz),
cianose progressiva;
- Sinais cardíacos: taquicardia (precoce), bradicardia, hipotensão e parada cardíaca (subsequentes ao
1°);
- Sinais neurológicos: inquietação, confusão, prostração, convulsão e coma;
- Outros: palidez.

Métodos de Administração de Oxigênio

Cânula Nasal - é empregado quando o paciente requer uma concentração média ou baixa de O2. É
relativamente simples e permite que o paciente converse, alimente, sem interrupção de O2.

Vantagens
- Conforto maior que no uso do cateter;
- Economia, não necessita ser removida;
- Convivência - pode comer, falar, sem obstáculos;
- Facilidade de manter em posição.

Desvantagens
- Não pode ser usada por pacientes com problemas nos condutos nasais;
- Concentração de O2 inspirada desconhecida;
- De pouca aceitação por crianças pequenas;
- Não permite nebulização.

Cateter Nasal - visa administrar concentrações baixas a moderadas de O2. É de fácil aplicação, mas
nem sempre é bem tolerada principalmente por crianças.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


123
Vantagens
- Método econômico e que utiliza dispositivos simples;
- Facilidade de aplicação.

Desvantagens
- Nem sempre é bem tolerado em função do desconforto produzido;
- A respiração bucal diminui a fração inspirada de O2;
- Irritabilidade tecidual da nasofaringe;
- Facilidade no deslocamento do cateter;
- Não permite nebulização;
- Necessidade de revezamento das narinas a cada 8 horas.

Máscara de Venturi - constitui o método mais seguro e exato para liberar a concentração necessária
de oxigênio, sem considerar a profundidade ou frequência da respiração.

Máscara de Aerossol, Tendas Faciais - são utilizadas com dispositivo de aerossol, que podem ser
ajustadas para concentrações que variam de 27% a 100%.

Máscara de Aerosol Tenda Facial

Efeitos Tóxicos e Colaterais na Administração de O2

- Em pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC, a administração de altas


concentrações de O2 eliminará o estímulo respiratório - apneia;
- Resseca a mucosa do sistema respiratório;
- Altas concentrações de O2 (acima de 50%) por tempo prolongado ocasionam alterações pulmonares
(atelectasias, hemorragia e outros);
- Altas concentrações de O2 (acima de 100%) há ação tóxica sobre os vasos da retina, determinando
a fibroplasia retrolenticular.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


124
Cuidados com o O2 e com sua administração
- Não o administras sem o redutor de pressão e o fluxômetro;
- Colocar umidificador com água destilada ou esterilizada até o nível indicado;
- Colocar aviso de "Não Fumar" na porta do quarto do paciente;
- Controlar a quantidade de litros por minutos;
- Observar se a máscara ou cateter estão bem adaptados e em bom funcionamento;
- Dar apoio psicológico ao paciente;
- Trocar diariamente a cânula, os umidificadores, o tubo e outros equipamentos expostos à umidade;
- Avaliar o funcionamento do aparelho constantemente observando o volume de água do umidificador
e a quantidade de litros por minuto;
- Explicar as condutas e as necessidades da oxigenoterapia ao paciente e acompanhantes e pedir
para não fumar;
- Observar e palpar o epigástrio para constatar o aparecimento de distensão;
- Fazer revezamento das narinas a cada 8 horas (cateter);
- Avaliar com frequência as condições do paciente, sinais de hipóxia e anotar e dar assistência
adequada;
- Manter vias aéreas desobstruídas;
- Manter os torpedos de O2 na vertical, longe de aparelhos elétricos e de fontes de calor;
- Controlar sinais vitais.

O oxigênio é responsável direto pela nutrição dos tecidos, o que traduz uma função importantíssima
paro todo o organismo. A utilização da oxigenoterapia deve ser feita de modo criterioso, considerando
seus efeitos fisiológicos e deletérios, assim como suas indicações e contraindicações. O principal objetivo
da oxigenoterapia é obter uma saturação de oxigênio (Sat02) superior a 90% de forma que a PaO2 esteja
acima de 60mmHg, afim de favorecer o metabolismo aeróbico.

Indicações da Oxigenoterapia

Tem como objetivo manter a pressão parcial de oxigênio no sangue arterial em valores normais ou
próximos ao normal. É importante lembrar que a indicação da oxigenoterapia deve ter metas, logo devem
ser definidos: o sistema de administração do O2, o tempo da aplicação da técnica e a porcentagem do
fluxo (O2) ofertado. A indicação da oxigenoterapia deve ser feita, primariamente, quando existir:
hipoxemia-PaO2 menor que 60mmHg e/ou SatO2 menor que 88-90% em ar ambiente (FiO2 21%).

Indicações
- Correção da Hipoxemia e melhorar a oferta de O2 aos tecidos;
- Melhorar a oxigenação tissular, no caso de deficiência do transporte de O2;
- Reduzir a sobrecarga cardíaca;
- Insuficiência respiratória (aguda ou crônica);
- Apneia obstrutiva do sono.

Pacientes retentores crônicos de CO2 podem apresentar hipercapnia durante a aplicação de O2 porque
o estímulo da respiração, no SNC, depende, basicamente, da hipoxemia e como ela é corrigida com a
aplicação da oxigenoterapia a tendência será reter mais CO2, podendo gerar desorientação, sudorese,
cefaleia, taquicardia.

Efeitos fisiológicos do O2
- Melhora da troca gasoso pulmonar- Vasodilatação arterial pulmonar;
- Diminuição da resistência arterial pulmonar;
- Diminuição da pressão arterial pulmonar;
- Melhora do débito cardíaco;
- Diminuição do trabalho da musculatura cardíaca;
- Vasoconstrição sistêmica.

Efeitos tóxicos do O2: o tempo e as concentrações de O2 dependendo da forma administrada, podem


levar a disfunções pulmonares devido a alterações no SNC, cardiovascular, pela liberação de radicais
livres e até mesmo por efeitos citotóxicos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


125
Efeitos deletérios
- Depressão do sistema respiratório e aumento da PCO2;
- Atelectasia por absorção;
- Diminuição da capacidade vital, pela redução ao estímulo respiratório;
- Aumento do efeito shunt;
- Alteração da relação V/Q;
- Redução do surfactante;
- Desidratação das mucosas.

Toxidade do O2 em relação ao tempo de exposição (FiO2 100%) - Lesões agudas:


- 12 - 24 horas: traqueobronquite, tosse seca, redução da CV, dor subesternal, diminuição da atividade
mucociliar.
- 24 - 36 horas: parestesias, náuseas, vômitos, diminuição acentuada da CV, alteração da síntese
proteica nas células endoteliais.
- 36 - 48 horas: diminuição da complacência pulmonar, capacidade de difusão e aumento de diferença
artéria alveolar de O2
- 48 - 60 horas: inativação do surfactante, edema alveolar por aumento da permeabilidade
- Acima de 60 horas: sara e morte.

Formas de Administração de Oxigenoterapia

- Sistema de baixo fluxo: fornecem oxigênio por meio de um fluxo inferior à demanda do paciente.
Desta forma, ocorre diluição do O2 fornecido com o gás inspirado.

O sistema de baixo fluxo compreendem:


- O cateter nasal;
- Máscara facial simples e transtraqueal.

- Sistema do alto fluxo: suplantam a demanda inspiratória do paciente, podendo regular a FiO2 de
acordo com as necessidades terapêuticas. É importante que neste sistema, não é possível manter valor
fixo da FiO2 que vai variar em função do Volume minuto do paciente.

E é composto por:
- Máscara com sistema reservatório;
- Máscara com sistema de Venturi;
- Tenda facial (máscara de Hudson ou macronebulização);
- Máscara/colar para traqueostomia;
- Peça T (tubo T).

Oxigenoterapia no DPOC

Vantagens e Desvantagens
A desvantagem é que o paciente pode desenvolver um quadro de hipercapnia grave com necessidade
de ventilação mecânica.
A grande vantagem, porém, é que o benefício da correção da hipoxemia é maior que o risco de
desenvolvimento de hipercapnia. A hipoxemia acentuada leva o paciente a um risco imediato de vida. Se
ficarmos atentos à administração do oxigênio em baixos fluxos, ou seja, 2 a 3l/minuto, o que geralmente
é suficiente para corrigir a hipoxemia existente no paciente com DPOC agudizada, trazendo a saturação
de oxigênio para níveis entre 90 e 93% e a PaO2 para 60 a 70mmHg, minimizaremos em muito a
possibilidade do aparecimento de hipercapnia.
É muito difundida no meio médico a ideia de que se dermos oxigênio para um paciente respiratório
crônico, no qual a hipoxemia colabora para a manutenção da ventilação, estaremos suprimindo o estímulo
hipoxêmico do centro respiratório e levando o paciente à hipoventilação, com aparecimento de
hipercapnia ou acentuação de quadro preexistente.
Embora possa haver participação variável desse mecanismo acredita-se que a hipercapnia se
desenvolva principalmente em função de alterações da relação ventilação-perfusão, por redução do
estímulo vasoconstritor hipoxêmico levando a redução dessa relação que, quando intensa, é
funcionalmente equivalente a um aumento do espaço morto.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


126
Na realidade não ocorre redução significativa do comando respiratório nestes pacientes. Alguns
pacientes respondem ao aumento do espaço morto e do conteúdo de CO2 com aumento do volume
minuto. Outros, porém não são capazes de responder a este aumento da demanda respiratória e
desenvolvem um quadro de fadiga respiratória e de hipercapnia.
A maioria dos pacientes com DPOC agudizada que recebem oxigenoterapia em baixos fluxos não
desenvolve hipercapnia. Dentre os pacientes que evoluem com hipercapnia podemos observar dois
padrões evolutivos.
Um primeiro grupo de pacientes fica sonolento, após o uso do oxigênio, mas é facilmente acordado e
coopera com o tratamento. Nestes pacientes a PaCO2 geralmente sobe lentamente e no máximo 20
mmHg em relação ao nível pré-oxigênio, se estabilizando após 12 horas. A conduta é conservadora,
podendo ser usada a ventilação não-invasiva quando disponível.
Um segundo grupo, após a administração de oxigênio, fica rapidamente inconsciente, sem capacidade
de tossir e a PaCO2 sobe a uma taxa igual ou superior a 30mmHg por hora. Neste grupo está indicada a
intubação traqueal e início de ventilação mecânica. Nos dois grupos não está indicada a suspensão da
oxigenoterapia para evitar a hipercapnia.
Como uma orientação geral, clínica, podemos recomendar que o desenvolvimento de sonolência
acentuada após o início da oxigenoterapia é sinal de hipercapnia importante, que deve ser documentada
com gasometria arterial.

Atendimento Necessidade de Oxigenação

Respiração: troca de oxigênio e dióxido de carbono entre a atmosfera e as células do organismo. O


ar passa através das fossas nasais, faringe, laringe, traqueia brônquios, bronquíolos e alvéolos
pulmonares. Envolve os sistemas pulmonar e cardiovascular.

Fisiologia da Respiração

Ventilação: provisão de oxigênio da atmosfera; Mecanismos que regulam o processo respiratório -


centro respiratório, localizado no bulbo raquidiano;
Difusão: passagem do ar da atmosfera para os alvéolos pulmonares e dos alvéolos para a atmosfera
- ventilação; Difusão de oxigênio e de dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue e entre o sangue
e as células dos tecidos do organismo;
Perfusão: transporte de oxigênio para as células e o de dióxido de carbono para fora delas pela
corrente circulatória.

Fatores que Afetam o Funcionamento Respiratório

- Anemia;
- Inalante tóxico;
- Obstrução das vias aéreas;
- Altitude elevada;
- Febre;
- Diminuição do movimento da parede torácica;
- Hipovolemia;
- Aumento da taxa metabólica;
- Gestação;
- Obesidade;
- Anormalidades musculoesqueléticas;
- Alterações no Sistema Nervoso Central - SNC.

Fatores comportamentais: nutrição; exercício; tabagismo; ansiedade; abuso de substâncias.

Relacionados com a ventilação


- Obstrução;
- Atelectasia;
- Problemas físicos (tórax e pulmões);
- Relacionados com a difusão dos gases entre alvéolos e sangue;
- Hipoxemia;
- Hipercapnia;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


127
- Consolidação pulmonar (pneumonia, tumor, edema agudo de pulmão - EAP);
- Níveis elevados de O2 (hiperóxia);
- Relacionados com o transporte de gases;
- Relacionados com o sangue;
- Problemas cardíacos (bombeamento insuficiente);
- Problemas vasculares (coronariopatias, Acidente Vascular Cerebral - AVC);
- Relacionados com a regulação do suprimento O2;
- Problemas que comprometam o funcionamento do bulbo;
- Problemas de condução nervosa do coração.

Avaliação de Enfermagem

Subjetiva
- Queixas: dispneia, fadiga, tosse, espirro, sibilo, soluço, suspiro, desmaio, tontura, dor torácica;
- História familiar;
- Natureza e extensão do desconforto respiratório;
- Fatores desencadeantes e fatores que aliviam o desconforto;
- Uso de medicações;
- Estilo de vida: fumo;
- Ocupação: atividades no trabalho;
- Patologias associadas aos sistemas respiratório e cardiovascular.

Objetiva
- Padrão respiratório do paciente;
- Cor da pele e mucosas;
- Comportamento;
- Presença de dor, tosse, expectoração, sibilo ou ronco;
- Estado físico geral;
- Frequência, ritmo e profundidade da respiração.

Pesquisar
- Uso de músculos acessórios, dilatação das narinas, distensão das veias cervicais;
- Cianose de lábios, lóbulo das orelhas, parte inferior da língua, leito ungueal;
- Hemoptise: expectoração oral sanguinolenta;
- Inquietação, fadiga E ansiedade;
- Gráfico de sinais vitais: Tensão Arterial - TA e respiração;
- Comprometimento da função cerebral: falta de discernimento, confusão mental, desorientação,
vertigem, síncope e torpor.

Provas Diagnósticas e Exames


- Exame físico;
- Exames de bioimagem: RX, cintilografia;
- Exames laboratório: escarro e secreções;
- Toracocentese: aspiração de líquidos da cavidade pleural.

Problemas Comuns
- Dispneia: causada por:
- Obstrução das vias aéreas;
- Ventilação inadequada dos pulmões;
- Insuficiente teor de oxigênio na atmosfera;
- Eficiência circulatória alterada;
- Aumento das exigências de oxigênio no organismo;
- Pressão ou trauma do centro respiratório bulbar;
- Ansiedade - fortes emoções.
- Tosse: mecanismo pelo qual o organismo liberta o trato respiratório das irritações e obstrução das
vias respiratórias mediante expiração explosiva;
- Espirro: mecanismo similar, confinado ao nariz;
- Sibilo: indica que o ar nas vias aéreas passa através de luz estreita;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


128
- Soluço: contração espasmódica do diafragma, causada por irritação do sistema respiratório ou
digestivo;
- Suspiro: inspiração ou expiração demoradas;
- Bocejo: profunda e longa inspiração, causada pelo cansaço físico ou mental. Mecanismo pelo qual o
organismo tenta aumentar a quantidade de oxigênio captado pelos pulmões;
- Expectoração: produzida pela maior quantidade de secreções nos pulmões;
- Fadiga e fraqueza muscular: devidas à inadequada oxigenação do tecido muscular;
- Vertigem, desmaio, ou distúrbios dos processos mentais por causa da adequada oxigenação
cerebral;
- Dor torácica: causada por inflamação, compressão por tumores, excessiva atividade muscular na
respiração ou traumatismos.

Intervenção de Enfermagem

Manter vias aéreas desobstruídas


- Aspiração de secreções;
- Respiração artificial: intubação (cânula - faringe - traqueia). Introdução de cânula na garganta do
paciente para manter a língua para a frente, mantendo as vias aéreas abertas.

Aumentar a eficiência ventilatória


- Posicionamento adequado: posição supina, sem travesseiro e com a mandíbula projetada para frente
e para cima (evita a queda de língua e drenar líquidos da boca);
- Estimular respiração profunda;
- Alivio da dor ou desconforto associados à respiração;
- Administrar antitussígenos, conforme prescrição médica;
- Estimular movimentação ativa ou fazer passiva;
- Prevenir distensão abdominal: alimentação apropriada (leve e fracionada);
- Assegurar um adequado suprimento de oxigênio;
- Drenagem postural;
- Oxigenoterapia;
- Nebulização.

Reduzir as demandas de oxigênio do organismo


- Manter repouso relativo;
- Evitar esforços desnecessários;
- Minimizar a ansiedade do paciente.

Finalidades: reduzir o esforço ventilatório. Nas situações como a atelectasia que prejudica a difusão,
ou quando os volumes pulmonares estão diminuídos devido a hipoventilação alveolar, este procedimento
aumenta os níveis de oxigênio nos alvéolos. Alcançar o volume elevado de trabalho do miocárdio
conforme o coração tenta a compensação para a hipoxemia. Nas situações de infarto do miocárdio ou em
uma arritmia cardíaca, a administração de oxigênio é necessária para um paciente cujo miocárdio já está
comprometido.

Técnica: Administração de Oxigênio por Cateter

Materiais
- Fonte de oxigênio (unidade fixa na parede ou cilindro);
- Fluxômetro;
- Umidificador;
- Cateter nasal;
- Gaze;
- Éter ou tintura de benjoin;
- Esparadrapo;
- Extensão de oxigênio;
- Água destilada estéril ou SF a 0.9% (100ml).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


129
Técnica
- Avaliar o paciente observando a existência de sinais e sintomas de hipóxia ou presença de secreções
nas vias aéreas (1);
- Verificar a prescrição médica identificando o percentual de oxigênio a ser administrado (2);
- Reunir os materiais e equipamentos necessários, citados a cima (3);
- Explicar ao paciente e aos familiares o procedimento e a sua necessidade (4);
- Lavar as mãos (5);
- Instalar o fluxômetro na fonte de oxigênio e o frasco umidificador ao fluxômetro (6);
- Administrar soro fisiológico no umidificador de acordo com o nível indicado no frasco (7);
- Testar o funcionamento do sistema;
- Posicionar o cliente em posição de semi-fowler;
- Retirar a oleosidade da pele com gaze úmida com éter ou benjoim para fixação do cateter;
- Conectar o cateter nasal a extensão de oxigênio e a fonte de oxigênio umidificada;
- Mensurar a distância para introdução do cateter entre a ponta do nariz e o lóbulo inferior da orelha e
marcar com esparadrapo;
- Usar gaze para manipular o cateter;
- Introduzir o cateter em uma das narinas;
- Observar as reações do paciente;
- Regular o fluxômetro conforme o volume de oxigênio prescrito;
- Fixar o cateter na face lateralmente atentando para não lesar a narina do cliente;
- Registrar a data e o horário do procedimento;
- Verificar o cateter a cada 8 horas;
- Lavar as mãos;
- Inspecionar o paciente para verificar se os sintomas de hipóxia desapareceram;
- Manter o recipiente do umidificador sempre com água destilada ou SF - 0,9%;
- Observar as narinas quanto a laceração da pele;
- Registrar no prontuário: o método de administração de oxigênio, taxa do fluxo, permeabilidade do
cateter, reação do paciente e avaliação respiratória.

Observações: em clientes traqueostomizados usar materiais estéreis e técnica asséptica. O oxigênio


sobre a membrana mucosa do trato respiratório tem efeito irritante tornando-a seca se não umidificado.
O ar ambiente fornece 21% do oxigênio ao nível do mar, e o oxigênio canalizado distribuído pela
oxigenoterapia fornece 4% por litro de oxigênio.

Administração de Oxigênio por Máscara

Materiais
- Fonte de oxigênio (unidade fixa na parede ou cilindro);
- Fluxômetro;
- Umidificador ou adaptador de saída de oxigênio;
- Cateter nasal;
- Gaze;
- Extensão de oxigênio se necessário;
- Hidratante para os lábios.

Técnica
- Repetir as intervenções dos itens 1 ao 7 da técnica de administração de oxigênio por cateter;
- Testar o funcionamento do sistema;
- Conectar a extensão de oxigênio da máscara ao umidificador ou adaptador;
- Colocar a máscara na face do paciente ajustando a fita elástica na fronte até que a máscara esteja
perfeitamente adaptada e confortável;
- Observar as reações do paciente;
- Regular o fluxômetro conforme o volume de oxigênio prescrito;
- Registrar a data e o horário do procedimento;
- Verificar a máscara facial a cada 8 horas;
- Lavar as mãos;
- Inspecionar o paciente para verificar se os sintomas de hipóxia desapareceram;
- Observar a superfície superior de ambas cavidades auditivas quanto a laceração da pele e o
ressecamento da mucosa e lábios na cavidade oral;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


130
- Hidratar os lábios do paciente com chumaço de água com algodão ou hidratante para os lábios a
cada 4 horas;
- Registrar no prontuário: o método de administração de oxigênio, taxa do fluxo, reação do paciente e
avaliação respiratória.

Observações: a máscara de Venturi é utilizada quando há uma demanda de oxigênio elevada. Usa-
se o diluidor de acordo com o adaptador de código de cores ou o conector universal. O oxigênio é seco
na necessidade de máscara reinalatória, na situação de oferta de 100% de oxigênio.

Nebulização

Finalidades
- Ajudar na higiene brônquica através da restauração e manutenção da continuidade da cobertura
mucosa;
- Hidratar as secreções secas e retidas;
- Umidificar o oxigênio inspirado e possibilitando a administração de medicações.

Nebulização Contínua

Materiais
- Fluxômetro;
- Nebulizador;
- Extensão (traqueia);
- Soro fisiológico a 0,9% e / ou medicamentos prescritos.

Técnica
- Verificar a prescrição da nebulização no prontuário;
- Lavar as mãos;
- Organizar o material;
- Explicar o procedimento ao cliente;
- Instalar o fluxômetro na fonte de oxigênio;
- Preencher o copo do nebulizador com soro fisiológico ou outra medicação conforme prescrita médica;
- Conectar a extensão do nebulizador no fluxômetro;
- Testar o fluxômetro se borbulhar, está funcionando;
- Adaptar a máscara na face do cliente;
- Regular o fluxo e o tempo de nebulização segundo prescrição médica;
- Manter a unidade em ordem;
- Manter a unidade arrumada;
- Registrar o procedimento de enfermagem.

Nebulização de Horário

Materiais
- Fluxômetro;
- Rede de oxigênio ou ar comprimido;
- Micronebulizador estéril;
- Água destilada;
- Soro fisiológico 0,9% e /ou medicamento conforme prescrição médica.

Técnica
- Verificar a prescrição da nebulização no prontuário;
- Lavar as mãos;
- Organizar o material;
- Explicar o procedimento ao cliente;
- Instalar o fluxômetro na fonte de oxigênio;
- Preencher o copo do nebulizador com soro fisiológico ou outra medicação conforme prescrita médica;
- Conectar a extensão do nebulizador no fluxômetro;
- Conectar o micronebulizador na máscara;
- Testar o fluxômetro se houver névoa, o fluxômetro está funcionando;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


131
- Regular o fluxômetro em litros / minutos conforme prescrição médica;
- Colocar a máscara na face do cliente;
- Regular o fluxo e o tempo de nebulização segundo prescrição médica;
- Manter a unidade em ordem;
- Manter a unidade arrumada;
- Registrar o procedimento de enfermagem.

Aerossolterapia

A aerossolterapia consiste na administração de partículas de água nas vias respiratórias. Essas


partículas de água podem conter algum tipo de medicação ou não. Este processo ocorre através da
nebulização e por isso também é conhecido por esse nome. É muitas vezes usado em pessoas com
problemas respiratórios, como por exemplo, bronquite.
Este procedimento serve para hidratar as vias respiratórias ou para auxiliar na eliminação de excreções
viscosas ou em casos de inflamações.
No tratamento de aerossolterapia, podem ser aplicados medicamentos como: antibióticos (para
combater infeções), mucolíticos (para dissolver secreções), anti-inflamatórios e broncodilatadores
(ajudam a abrir os brônquios, facilitando a captação de oxigênio nos pulmões).

Aspiração de Secreções

Finalidades: a finalidade de empregar a técnica de aspiração consiste em eliminar as secreções do


paciente sempre que não conseguir eliminar as secreções das vias aéreas através da tosse.

Tipos
Existem três técnicas de aspiração de secreção quanto à localização da aspiração:
- Aspiração orofaríngea e nasofaríngea;
- Aspiração orotraqueal e nasotraqueal;
- Aspiração do tubo endotraqueal.

A ordem de aspiração
- Primeiro o tubo endotraqueal;
- Segundo a cavidade nasal;
- Terceiro a cavidade oral, quando se trata de utilizar a mesma sonda de aspiração.

Aspiração de orofaríngea e nasofaríngea


A aspiração da nasofaringe ou orofaringe é indicada no paciente que consegue tossir normalmente,
mas que não consegue eliminar as secreções por deglutição ou expectoração. A aspiração é realizada
após tosse do paciente.

Aspiração de orofaringe e nasofaringe


Aspiração de orofaringe e nasofaríngea é indicada no paciente que apresenta secreções pulmonares,
capacidade de tossir diminuída e ausência do tubo endotraqueal. A sonda é introduzida até a traqueia
pela cavidade oral ou, através da narina preferencialmente. Este procedimento não deve ultrapassar 15
segundos, pois os pulmões não recebem Oxigênio em quantidade adequada durante a aspiração.

Tubo Respiratório

O tubo respiratório pode ser oral ou traqueal. É indicado nos casos de diminuição do estado de
consciência, obstrução das vias aéreas, ventilação mecânica e remoção das secreções acumuladas na
traqueia.
O tubo oral (Cânula de Guedel) é o tipo de via aérea artificial mais simples. Indicado no paciente
inconsciente para impedir o deslocamento da língua para a orofaringe possibilite a obstrução das vias
aéreas. Bastante usado no pós-operatório de anestesia geral. Facilita a aspiração orotraqueal do paciente
inconsciente, tornando mais fácil o acesso da sonda á traqueia.
O tubo traqueal pode ser endotraqueal, nasotraqueal ou traqueal. Estes tubos permitem o acesso à
traqueia do paciente para a aspiração traqueal profunda. A retirada das secreções da traqueia precisa
ser asséptica, atraumática e eficaz. A secreção deve ser aspirada durante a saída da sonda de aspiração.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


132
Materiais
- Aspirador portátil ou de parede;
- Frasco grande para acondicionar secreções aspiradas;
- Duas extensões de aspiração de dois metros estéreis;
- Fluxômetro (com frasco menor adaptado);
- Sonda de aspiração estéril;
- Recipiente com água;
- Luva de procedimento estéril (para aspiração traqueal);
- Luva de procedimento não estéril;
- Toalha de papel;
- Sonda nasal ou oral (Cânula de Guedel), conforme a indicação;
- Xilocaína a 2% sem vasoconstrictor.

Técnica
- Observar a presença de sinais e sintomas demonstradores de secreção nas vias aéreas superiores,
respiração ruidosa, salivação, agitação;
- Explicar ao paciente que a aspiração de secreção o ajudará a desobstruir as vias aéreas;
- Explicar que é normal tossir, espirrar e sentir o reflexo do vômito durante a manobra;
- Preparar o equipamento e os materiais apropriados, citados acima;
- Adaptar as extensões no aparelho de aspiração portátil ou na parede ao fluxômetro. A extensão que
sai do fluxômetro deve ser colocada ao frasco maior e deste sai outra extensão para o acoplamento da
sonda de aspiração;
- Testar o aparelho, verificando que a pressão é de 110 a 150mmHg no adulto e na criança 95 a 110
a mmHg.

Posicionar o paciente adequadamente


- Para o paciente consciente com o reflexo de tosse presente deverá ser aspirado em posição de semi-
Fowler, com cabeça voltada para o lado;
- Para o paciente inconsciente, colocá-lo em decúbito lateral;
- Colocar um papel toalha sob um travesseiro e abaixo do queixo;
- Lavar as mãos;
- Colocar água no recipiente para após técnica aspirar a sonda;
- Calçar a mão dominante com luvas estéril;
- Ligar a conexão ao aspirador;
- Avaliar a distância entre o lóbulo da orelha do paciente e a ponta de seu nariz, colocar o polegar e
indicador da mão enluvada neste ponto;
- Umedecer 6 a 8cm da ponta da sonda com SF 0,9% ou com xilocaína;
- Ao aspirar a orofaringe, penetrar a sonda delicadamente no ângulo da cavidade oral e deslizá-la até
a orofaringe;
- Ao aspirar a nasofaringe introduzir a sonda delicadamente em uma das narinas. Penetrar a sonda
junto à linha mediana e próxima ao assoalho da cavidade nasal. Não forçar a sonda e uma das narinas
não estiver permeável, tentar a outra. Não se deve aspirar durante a penetração da sonda;
- Aspirar intermitentemente, fechando o orifício com o polegar. Ao retirar girar a sonda
cuidadosamente. A duração desta manobra não deve ultrapassar 15 segundos;
- Escovar a sonda com água;
- Desprezar a sonda enrolando-a sobre a mão calçada com a luva e puxar a luva sobre a sonda. Não
esquecer de proteger a extremidade da extensão de aspiração com outra sonda;
- Permitir o descanso do paciente entre aspirações por 20 a 30 segundos no mínimo;
- Se possível solicitar para o paciente tossir e respirar profundamente entre as aspirações;
- Aspirar as secreções acumuladas na cavidade oral depois de aspirar a orofaringe ou a nasofaringe;
- Lavar as mãos;
- Atentar se o paciente está livre das secreções das vias aéreas, se está agitado ou se aparecem
secreções na cavidade oral;
- Registrar o aspecto da secreção quanto a quantidade, odor, cor e consistência, além das reações do
paciente, a presença de tosse, o estado funcional do seu aparelho respiratório antes e após a aspiração.

Observações: é necessário que o frasco de aspiração seja trocado com todas as técnicas de
desinfecção de 24 em 24h ou sempre que estiver cheio. Todo o sistema de aspiração deve ser

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


133
esterilizado. Dispõe-se no mercado de sistemas de aspiração de secreção descartável, o que possibilita
um melhor controle de infecções. Aplicando o Processo de Enfermagem na Prática.

Inalação

Inalação (também conhecida como inspiração) é o movimento do ar do ambiente externo, através das
vias respiratórias para dentro dos alvéolos pulmonares durante a respiração. Inalação inicia na contração
do diafragma, que resulta na expansão do espaço intrapleural e um aumento na pressão negativa de
acordo com a Lei de Boyle.
Esta pressão negativa provoca um fluxo de ar devido a diferença de pressão entre a atmosfera e os
alvéolos. O ar entra no organismo, inflando os pulmões, passando através do nariz e da boca, seguindo
pela faringe e traquéia e em fim entrando nos alvéolos.

Inaloterapia: é uma modalidade de tratamento na qual há a administração de medicações ou soluções


por via inalatória, isto é diretamente nas vias aéreas.

Material
- Fluxômetro; micronebulizador, com máscara e extensão; 10ml de SF ou água destilada esterilizada;
medicamento; etiqueta; gaze esterilizada; folha de anotações.

Procedimento
- Instalar o fluxômetro na rede de Oxigênio ou ar comprimido e testá-lo;
- Abrir a embalagem do micronebulizador e reservá-lo;
- Colocar o SF ou AD no copinho, acrescentar o medicamento, fechar e conectar ao fluxômetro;
- Conectar a máscara ao micronebulizador;
- Regular o fluxo de gás (produzir névoa 5L/min);
- Aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la, entre o nariz e a boca, solicitando que respire
com os lábios entreabertos;
- Manter o micronebulizador junto ao rosto do paciente, por 5 minutos, ou até terminar a solução
(quando possível orientá-lo a fazê-lo sozinho);
- Identificar com etiqueta (data, horário de instalação);
- Fechar o fluxômetro e retirar o micronebulizador;
- Secar com gaze, recolocá-lo na embalagem e mantê-lo na cabeceira do paciente.
- Trocar o nebulizador a cada 48 horas.

Descrição do Processo
É de responsabilidade do profissional da sala de inalação:
1. Organizar a sala;
2. Realizar limpeza concorrente (com água e sabão nas superfícies e após realizar desinfecção com
álcool a 70%) no início de cada plantão;
3. Solicitar ao zelador que realize diariamente limpeza concorrente e semanalmente limpeza terminal;
4. Checar o funcionamento do compressor, chamando a manutenção se necessário e comunicando o
enfermeiro; proceder a sangria do sistema ao final de cada dia;
5. Preparar material necessário para o plantão, trocar o soro fisiológico utilizado no procedimento a
cada 24 horas;
6. Executar os procedimentos conforme prescrição médica e/ ou do enfermeiro, anotando no verso na
própria receita com letra legível a data, horário, nome e COREN, preenchendo boletim de produção;
7. Lavar criteriosamente os inaladores logo após o uso com água e sabão os materiais, retirando os
resíduos, em seguida enxaguá-los em água corrente e colocá-los sobre um campo limpo;
8. Secar o material com pano limpo;
9. Observar durante a lavagem e secagem as condições de uso dos materiais e comunicar ao
enfermeiro necessidade de reposição;
10. Colocar o material seco em imersão no hipoclorito à 1% - em caixa fechada - por 30 minutos,
registrando em formulário o horário de início do processo;
11. Enxaguar o material em água corrente, secar e armazenar em local fechado e limpo;
12. Manter a sala limpa, organizada e abastecida, verificando diariamente a validade dos
medicamentos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


134
13. Ao final do expediente retirar os extensores e proceder a limpeza e desinfecção conforme rotina
das máscaras de inalação, desprezar o hipoclorito de sódio e lavar a caixa;
14. Anotar a validade do hipoclorito.

Questões

01.(EBSERH - Técnico em Enfermagem HUGG-UNIRIO - IBFC/2017) Considerando as intervenções


de enfermagem com oxigenoterapia, analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso
(F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
( ) Oferecer oxigênio umedecido em volumes superiores a 3 L/minuto.
( ) Selecionar preferencialmente a máscara facial simples para a oferta de oxigênio em volumes
inferiores a 5 L/minuto.
( ) Trocar os dispositivos de oxigenação e todo o seu sistema (conexões, extensores, copo
umidificador) a cada 24 horas ou de acordo com protocolo institucional.
( ) Monitorar o nível de consciência, sinais vitais e coloração e integridade da pele e da mucosa.

(A) V,V,F,F
(B) V,V,V,V
(C) F,F,V,V
(D) V,F,V,V
(E) F,V,V,F

02. (Pref. Tanguá/RJ - Técnico de Enfermagem - CONCURSOS/2017) Em relação à oxigenoterapia,


são cuidados da equipe de enfermagem:
I - Observar sinais de complicações (distensão gástrica, obstrução nasal, lesão de septo).
II - Verificar sinais vitais antes e depois a oxigenoterapia.
III - Acomodar o paciente em posição Fowler.

Está(ão)correta(s):
(A) Apenas I.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e III.
(D) I, II e III.

03. (UEM - Técnico de Enfermagem/2017) Em relação aos cuidados de enfermagem em pacientes


com oxigenioterapia, assinale a alternativa correta.
(A) No uso da Máscara de Venturi 50%, não é necessário umidificar, pois a concentração de oxigênio
é muito alta.
(B) Não é necessário fluxômetro no uso de cateter nasal de oxigênio.
(C) Reanimador manual com reservatório (AMBU) não mantém 100% de oxigênio.
(D) Não é necessário frasco de umidificador aquecido nos respiradores mecânicos com filtro trocador
de calor e umidade (HMEF) acoplado no tubo orotraqueal.
(E) Usar somente soro fisiológico nos frascos umidificadores.

04. (Hemominas/MG - Técnico de Enfermagem - IBFC) Em relação à oxigenoterapia, assinale a


alternativa correta:
(A) Para administração de oxigênio utilizam-se os sistemas de baixo fluxo e de alto fluxo. As cânulas
nasais e os cateteres nasofaríngeos são considerados sistemas de alto fluxo e a máscara de Venturi é
considerada um sistema de baixo fluxo.
(B) A oxigenoterapia corrige a hipóxia, aumenta o trabalho respiratório e do miocárdio, podendo causar
taquipneia e palpitação.
(C) A inalação é um procedimento que deve ser realizado exclusivamente com oxigênio, não
necessitando de prescrição médica.
(D) A oxigenoterapia consiste na administração de oxigênio a uma concentração de pressão superior
à encontrada na atmosfera, ou seja, a fração de oxigênio inspirado superior a 21%.

Gabarito

01.D / 02.D / 03.D / 04.D

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


135
Comentários

01. Resposta: D
De acordo com o artigo Oxigenoterapia e Ventilação Não Invasiva.
a) Correto.
b) Errado: A variação de entrada de ar de uma máscara simples é de 5 a 12 l/min para se obter uma
oxigenação satisfatória. Com fluxos inferiores a 5l/min, o volume da máscara atua como espaço morto e
provoca a reinalação do CO2.
c) Correto.
d) Correto.

02. Resposta: D
Todas as alternativas estão corretas para os cuidados de enfermagem em oxigenoterapia.
I - Observar sinais de complicações (distensão gástrica, obstrução nasal, lesão de septo).
Consequentemente, pode ocorrer complicações na administração de oxigênio, que as vezes não
esperamos.
II - Verificar sinais vitais antes e depois a oxigenoterapia, para verificar se houve melhora nos padrões
vitais.
III - Acomodar o paciente em posição Fowler, para melhor posição de respiração.

03. Resposta: D
a) Errada. No uso da Máscara de Venturi 50%, é necessário umidificar, pois a concentração de
oxigênio é muito alta. Quando o oxigênio é empregado em altas velocidades de fluxo, ele deve ser
umedecido ao fazê-lo atravessar um sistema de umidificação, para evitar que ele resseque as mucosas
do trato respiratório.
b) Errada. É necessário fluxômetro no uso de cateter nasal de oxigênio. O oxigênio é distribuído a
partir de um cilindro ou de um sistema de linha de parede. Um redutor de calibre é necessário para diminuir
a pressão até um nível de trabalho, e um fluxômetro regula o fluxo de oxigênio em l/min.
c) Errada. O North American Neonatal Resuscitation Program afirma que o RM pode fornecer ar
ambiente, quando nenhuma fonte de gás está conectada. Quando ligado à fonte de O2 a 100%,
recomenda-se que se utilize fluxo de 5 a 10L/min na entrada da bolsa. O RM fornece FiO2 de 80 a 100%
quando o reservatório está conectado e cerca de 40% de oxigênio, sem reservatório.
e) Errada. Nos frascos umificadores pode ser utilizado também água.

04. Resposta: D
A oxigenoterapia consiste na administração de oxigênio a uma concentração de pressão superior à
encontrada na atmosfera, ou seja, a fração de oxigênio inspirado superior a 21%. Na atmosfera
encontramos: 21% de Oxigênio, 78% de Nitrogênio e 1% outros gases.

FERIDAS E CURATIVOS21

A pele é o maior órgão do corpo humano, funciona como uma barreira protetora contra organismos
causadores de doenças, apresenta funções sensoriais para dor, temperatura e toque, e ainda sintetiza a
vitamina D em nosso organismo.
A pele tem duas camadas, a epiderme e a derme, que são unidas por uma membrana chamada de
junção dérmico-epidérmica. A epiderme, ou camada superior, tem várias camadas com diversas funções
como: descamação, proteção da desidratação devido a presença de queratina, combate a entrada de
certos agentes químicos, evaporação da água pela pele, absorção de certos medicamentos de uso tópico
entre outros.
A derme ou camada interna da pele, proporciona resistência à tração, suporte mecânico, e proteção
para os músculos, ossos e órgãos subjacentes. Nessa camada encontra-se o colágeno, os vasos
sanguíneos e os nervos.
Quando a pele é ferida a epiderme exerce a função de proteger a ferida e restaurar a barreira contra
organismos invasores e a derme responde para restaurar a integridade estrutural do tecido, junto as
propriedades físicas da pele.

21
POTTER, Patrícia A; STOCKERT, Patrícia A; PERRY, Anne Griffin; HAAL, Amy M. Fundamentos de Enfermagem. 9ª Ed. Elsevier, 2017.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


136
Uma ferida, pode ser reconhecida, como o rompimento da integridade e função dos tecidos do corpo.
E neste sentido, se faz necessário avaliar o tipo e aspecto (cor) do tecido na base da ferida, utilizando as
informações coletadas para planejar as intervenções necessárias.
O tecido de granulação, de aspecto vermelho e úmido, composto por novos vasos sanguíneos indica
o progresso rumo à cicatrização. O tecido de aspecto mole, amarelo ou branco de característica
esfarelada (substância fibrosa ligada ao leito da ferida) indica atenção para um acompanhamento. E o
tecido de aspecto preto, marrom, bege ou necrótico é reconhecido como escara, devendo ser removido
para uma cicatrização apropriada.
O acompanhamento do tamanho da ferida fornece informações a respeito das mudanças em relação
a sua dimensão, servindo como um indicador do processo de cicatrização. Por isso, se faz necessário
medir o comprimento, largura e profundidade do ferimento, para a devida observação de seu progresso.
Também é necessário observar o exsudato da ferida, por meio do acompanhamento da quantidade,
cor, consistência e odor da substância. Lembrando que exsudato em excesso indica a presença de uma
infecção.
Posto isso, veremos a seguir algumas considerações a respeito da classificação das feridas, processo
de cicatrização e curativos.

Classificação da Ferida

A classificação da ferida possibilita a compreensão dos riscos associados a ela e as implicações para
sua cicatrização.
Os sistemas de classificação descrevem: o status de integridade cutânea, a causa da ferida, a
gravidade ou extensão da lesão, ou dano tecidual, a limpeza da ferida e as descrições do tecido da ferida,
como a cor.
Há diversas maneiras de se classificar as feridas, que podem ser de forma:

Aguda
- Descrição: ferida que procede por meio de um processo reparador ordenado e oportuno que resulta
na restauração sustentada da integridade anatômica e funcional. As bordas da ferida são limpas e
intactas.
- Causas: trauma, incisão cirúrgica.

Crônica
- Descrição: ferida que não consegue prosseguir por meio de um processo ordenado e oportuno para
produzir a integridade anatômica e funcional. A exposição continuada ao insulto impede a cicatrização da
ferida.
- Causas: comprometimento vascular, inflamação crônica ou insultos repetitivos ao tecido.

Primeira Intenção
- Descrição: ferida que está fechada. A cicatrização ocorre por epitelização, cicatriza rapidamente com
formação mínima de cicatrizes.
- Causas: incisão cirúrgica, ferida que está suturada ou grampeada.

Segunda Intenção
- Descrição: as bordas não são aproximadas. A ferida cicatriza pela formação de tecido de granulação,
contração da ferida e epitelização.

Intenção Terciária
- Descrição: a ferida é deixada aberta por vários dias, em seguida, as bordas da ferida são
aproximadas. O fechamento da ferida é adiado até o risco de a infecção ser resolvida.
- Causas: feridas que estão contaminadas e exigem observação em busca de sinais de inflamação.

Processo de Cicatrização da Ferida

A cicatrização da ferida envolve processos fisiológicos integrados, as camadas de tecido envolvidas e


sua capacidade de regeneração determinam o processo de reparo da ferida.
As feridas de espessura parcial são superficiais, envolvendo a perda da epiderme e a possível perda
da derme. Esses tipos de feridas cicatrizam por regeneração, pois a epiderme regenera-se.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


137
As feridas de espessura total estendem-se até a derme e cicatrizam pela formação de cicatriz por que
as estruturas mais profundas não se regeneram.

Três componentes estão envolvidos no processo de cicatrização de uma ferida de espessura parcial:
- Resposta inflamatória;
- Proliferação epitelial e migração;
- Restabelecimento das camadas epidérmicas.

As quatro fases envolvidas no processo de cicatrização de uma ferida de espessura total são:
- Hemostasia;
- Inflamatória;
- Proliferativa;
- Maturação.

Complicações da Cicatrização de Feridas

Hemorragia
Hemorragia ou sangramento do local da ferida é normal durante e imediatamente após o trauma inicial,
podendo ser externa ou interna.
A hemorragia interna detectada pela distensão ou inchaço da parte do corpo afetada, uma mudança
no tipo e na quantidade de drenagem de um dreno cirúrgico, ou sinais de choque hipovolêmico.
A hemorragia externa é óbvia e pode ser observada através de curativos cobrindo uma ferida para a
drenagem de sangue. Se o sangramento for externso, o curativo logo se tornará saturado e
frequentemente drenará o sangue debaixo do curativo acumulando sob o paciente.

Atenção: um hematoma é uma coleção localizada de sangue sob os tecidos. Aparece como um
inchaco, mudança de cor, sensação ou calor que muitas vezes leva a uma descoloração azulada.

Infecção
Todas as ferida possui algum nível de carga bacteriana, poucas são infectadas. A infecção da ferida
está presente quando os microrganismos invadem os tecidos da ferida. O sinais clínicos locias de infeção
da ferida podem incluir eritema, aumento da quantidade de drenagem da ferida, mudança na aparência
da drenagem da ferida (espessa, mudança de cor, presença de odor), e calor, ou edema periférico.
Um paciente pode ter febre e aumento na contagem de leucócitos. As infecções bacterianas inibem a
cicatrização.

Deiscência
Quando uma incisão não cicatriza corretamente, as camadas da pele e do tecido se separam. A
deiscência é uma separação parcial ou total das camadas da ferida. Um paciente que está em risco de
má cicatrização de feridas corre risco de deiscência.

Evisceração
Com a separação total das camadas de ferida, a evisceração ocorre. A condição é considerada uma
emergência que requer intervenção cirúrgica. Quando a evisceração ocorre deverá colocar gaze estéril
embebida em soro fisiológico sobre os tecidos exsudados para reduzir as chances de invasão bacteriana
e secagem dos tecidos, observe os sinais e sintomas de choque e prepare o paciente para a cirurgia de
emergência.

Prevenção de lesões por pressão

Sempre que estiver em contato direto com um paciente observe a pele em relação a presença de
rachaduras ou integridade cutânea comprometida. A integridade cutânea comprometida ocorre a partir da
pressão prolongada, incontinência fecal ou urinária, e/ou imobilidade, levando assim ao desenvolvimento
de lesões por pressão.
Uma lesão por pressão é uma lesão localizada na pele e/ou no tecido subjacente. Inúmeros fatores
contribuem para o aparecimento da lesão por pressão.
A prevenção de lesões por pressão é uma prioridade no cuidado de pacientes e não está limitado
aqueles que apresentam restrições de mobilidade. A integridade cutânea comprometida geralmente não

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


138
é um problema em indivíduos saudáveis e imobilizados, mas é um problema grave e potencialmente
devastador em pacientes doentes e/ou debilitados.
A integridade cutânea comprometida resulta em lesão por pressão é principalmente o resultado da
pressão. Portanto, fatores adicionais incluído força de cisalhamento, atrito, umidade, nutrição, perfusão
tecidual, infecção e idade aumentam o risco do paciente para o desenvolvimento de lesão por pressão e
de ferida mal cicatrizada.
A prevenção é o tópico mais importante no cuidado às Úlceras de Pressão - UP e visa principalmente
a reduzir ou eliminar os principais fatores que contribuem para o seu desenvolvimento.
Todos os indivíduos em risco devem ter uma inspeção sistemática da pele pelo menos 1 vez/dia,
prestando-se atenção particular às regiões de proeminências ósseas. O aumento da vascularização e da
nutrição dos tecidos é conseguido por meio de massagens, as quais devem ser realizadas regularmente,
evitando-se massagear as proeminências ósseas.
A mudança de decúbito tem como objetivo alternar os locais de apoio e deve ser efetuada a cada 2
horas, utilizando todos os decúbitos de acordo com o estado geral e a patologia do paciente. O decúbito
lateral a 30° distribui a pressão, não apoiando o peso corpóreo diretamente sobre o trocanter.
Existem colchões de espuma, ar, gel ou água e camas especiais que ajudam a prevenir as UP.
Pacientes de alto risco podem necessitar de suportes que ofereçam elevada redução da pressão, como
a cama de baixa perda de ar e a de ar fluidizado, que também apresentam efeitos benéficos na
cicatrização das UP, porém têm custo elevado.
Os pacientes que permanecem em cadeira devem ser orientados a reposicionar-se a cada 15 ou 20
min e utilizar almofadas especiais capazes de diminuir a pressão e de proporcionar estabilidade e
conforto. As almofadas em forma de anel devem ser evitadas, pois elas podem causar isquemia ao redor
da úlcera, intensificando-a. Medidas preventivas de fricção e cisalhamento incluem: manter a cabeceira
da cama elevada, no máximo, 30° para evitar que o paciente escorregue.
A desnutrição é um importante causador da UP, por isso é essencial que o estado nutricional do
paciente seja avaliado com o auxílio de um nutricionista. Medidas antropométricas e dados laboratoriais,
como nível de albumina sérica e contagem total de linfócitos, devem ser obtidos. Os pacientes necessitam
de uma dieta prescrita rica em proteínas e calorias, se não houver contraindicação. Se as necessidades
nutricionais do paciente não puderem ser atingidas por suplementação oral, métodos alternativos devem
ser considerados, como as dietas enterais ou parenterais.
A umidade excessiva da pele, causada por incontinência, sudorese e drenagem de feridas, predispõe
a sua maceração. A prevenção deve ser instituída por meio de higiene adequada, uso de cremes e
protetores de pele. No controle da incontinência urinária, utilizar coletor externo de urina, fraldas e
absorventes.
O envolvimento familiar e o apoio psicológico são fundamentais para o sucesso do tratamento e para
a prevenção de recidiva.

As medidas preventivas são:


• manter a pele sempre limpa;
• hidratar a pele com cremes ou óleos;
• evitar massagear as proeminências ósseas;
• acompanhar ingesta nutricional;
• mudar decúbito a cada 2 horas;
• colocar coxins entre os joelhos;
• colocar travesseiros em panturrilhas, elevando os calcanhares, eliminando a pressão local;
• utilizar decúbito lateral de 30°;
• utilizar colchões de espumas piramidais;
• utilizar almofadas em cadeiras para alívio da pressão no paciente sentado;
• não utilizar almofadas em forma de anel;
• orientar e envolver a equipe, familiares e o próprio paciente sobre a etiologia, os fatores de risco e a
prevenção das UP.

Histórico de Enfermagem
- Identificar o risco do paciente para o desenvolvimento de integridade cutânea comprometida ou
cicatrização ruim;
- Identificar os sinais e sintomas associados à integridade cutânea comprometida ou cicatrização ruim;
- Examinar a pele do paciente quanto ao comprometimento real na integridade cutânea.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


139
Durante o processo de histórico de enfermagem, faça uma avaliação cuidadosa de cada paciente e
analise criticamente os achados para garantir que será tomada decisões clínicas centradas no paciente,
necessárias para os cuidados de enfermagem seguros.
Concentra-se em elementos específicos com o nível de sensação, movimento e estado de continência
de um paciente, pois ajuda a orientar a avaliação da pele.

Tratamento das Lesões por Pressão


O tratamento de pacientes com lesões por pressão tem a necessidade da experiência de uma equipe
multidisciplinar. Além do enfermeiro, estão envolvidos o médico, enfermeiro especialista em cuidados de
feridas, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista e farmacêutico.
O tratamento da lesão por pressão inclui o cuidado local da ferida e as medidas de suporte, como
nutrientes adequados e redistribuição de pressão.
A manutenção do ambiente fisiológico de uma ferida local é o objetivo do tratamento eficaz da ferida.
Para manter o ambiente de uma ferida saudável é preciso prevenir e tratar a infecção, limpar a ferida,
remover o tecido não viável, manter a ferida em um ambiente úmido, eliminar o espaço morto, controlar
o odor, eliminar ou minimizar a dor e proteger a ferida e a pele periferida.
Uma ferida não passa pelas fases de cicatrização se estiver infectada, por isso é necessário prevenir
a infecção da ferida que inclui limpar e remover o tecido não viável. Limpe as lesões por pressão apenas
com produtos de limpeza de feridas não citotóxicos, como soro fisiológico ou produtos de limpeza de
feridas comerciais.
A irrigação é um método comum de fornecer uma solução de limpeza para a ferida, e possui a intenção
de debridar o tecido necrótico com pressão que pode remover detritos do leito da ferida, sem afetar os
tecidos saudáveis.

Observação: de acordo com estudos não existe comprovação do tipo ideal de curativo para úlceras
de pressão.

Debridamento
É a remoção de tecido não viável e necrótico sendo necessária para livrar a ferida de uma fonte de
infecção, permitir a visualização do leito da ferida e fornece uma base limpa para a cicatrização.
O método de debridamento depende do que é mais apropriado para a condição do paciente. Planeje
administrar um analgésico solicitado 30 minutos antes do procedimento.

Os métodos de debridamento incluem: mecânico, autolítico, químico e afiado/cirúrgico.


- Debridamento autolítico: é a remoção do tecido morto por meio de lise de tecido necrótico por
leucócitos e enzimas naturais do corpo, para isso é necessário utilizar curativos que suportam a umidade
na superfície da ferida. Se a base da ferida estiver seca, use um curativo que permita adicionar umidade,
se houver exsudato excessivo use um curativo que absorva a umidade excessiva.
- Debridamento químico: é o uso de uma preparação enzimática tópica, solução de Dakin ou larvas
estéreis. As enzimas tópicas induzem alterações no substrato, assim resultando na ruptura do tecido
necrótico. Essas preparações exigem a solicitação de um médico. A solução de Dakin rompe e solta o
tecido morto da ferida é preciso embebedar a gaze com a solução e aplicar na ferida. Já as larvas estéreis
são usadas na ferida, pois acredita-se que elas ingerem o tecido morto.
- Debridamento cirúrgico: é a remoção de tecido desvitalizado com um bisturi, tesoura ou outro
instrumento. Médico e em algumas localidades enfermeiros treinados na prática avançada realizam o
procedimento. É o método mais rápido de debridamento sendo indicado quando o paciente tem sinais de
celulite ou sepse.
- Debridamento mecânico: são irrigação da ferida (irrigação de alta pressão e lavagem de alta pressão
pulsátil) e tratamentos de hidromassagem.

Curativos

Quanto mais extensa for uma ferida maior será a limpeza necessária. O tipo de curativo varia de acordo
com a avaliação da ferida e a fase de cicatrização.
Um curativo tem a finalidade de proteger uma ferida contra contaminação de microrganismos, de
auxiliar na hemostasia, de promover a cura absorvendo a drenagem e debridando uma ferida, de apoio
ou suporte do local de uma ferida, de promover isolamento térmico da superfície de uma ferida e de
fornecer um ambiente úmido.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


140
Em relação aos curativos de pressão é preciso ter a certeza de que não estão interferindo na circulação
em uma parte do corpo, por isso avalie a cor da pele, os pulsos nos membros distais, o conforto do
paciente e as alterações na sensação.
A principal função de um curativo em uma ferida em cicatrização é absorver a drenagem. A maioria
dos curativos de gaze cirúrgica tem três camadas: uma camada de contato ou primária, uma camada
absorvente e uma camada externa protetora ou secundária. Se um curativo de gaze grudar em uma
incisão cirúrgica, umedeça-a levemente com soro fisiológico com isso o curativo ficará saturado e soltará
da área incisional, assim evitando o trauma durante o processo de remoção.
A técnica do curativo possui variação, pois depende do objetivo do plano de tratamento para a ferida
em questão.

Tipos de Curativos
Os curativos variam de acordo com o tipo de material e o modo de aplicação (úmida ou seca). Precisam
ser fáceis de aplicar, confortáveis e feitos de materiais que promovam a cicatrização.
Esponjas de gaze são o tipo de curativo mais antigo e mais comum, são absorventes e especialmente
úteis em feridas para eliminar o exsudato. A gaze está disponível em diferentes texturas, comprimentos
e tamanhos. A gaze pode ser saturada com soluções e usado para limpar e cobrir uma ferida. Ao utilizar
uma gaze para cobrir uma ferida deverá saturar com uma solução geralmente o soro fisiológico torcer
logo em seguida deixando a gaze somente úmida, desdobrada e levemente cobrindo a ferida.

Outro tipo de curativo é um filme autoadesivo transparente que retém a umidade sobre a ferida,
assim proporcionando um ambiente úmido, esse curativo é ideal para pequenas feridas superficiais e
possui diversas vantagens como:
- Aderência à pele intacta;
- Serve como uma barreira para líquidos externos e bactérias, porém permite que a superfície da ferida
respire, pois o oxigênio atravessa ocrurativo transparente;
- Promoção de um ambiente úmido que acelera o crescimento de células epiteliais;
- Pode ser removido sem danificar os tecido subjacentes;
- Permite a visualização de uma ferida;
- Não exige um curativo secundário.

Curativos de hidrocoloide são curativos com formulações complexas de coloides e componentes


adesivos. A camada de contato da ferida desse curativo forma um gel à medida que o exsudato da ferida
é absorvido e mantém um ambiente cicatrizante úmido. Os hidrocoloides apoiam a cicatrização em feridas
granulantes limpas e debridam autoliticamente as feridas necróticas, possui disponibilidade de tamanhos
e formatos variados.

Esse tipois de curativos possuem as seguintes funções:


- Absorver a drenagem por meio do uso de absorventes de exsudato no curativo;
- Manter a ferida úmida;
- Liquefazer lentamente os detritos necróticos;
- É impermeável a bactérias e outros contaminantes;
- É autoadesivo e molda-se bem;
- Atua como um curativo preventivo para áreas de alto risco de atrito;
- Pode ser deixado no lugar durante 3 a 5 dias minimizando o trauma da pele e a interrupção da
cicatrização.

Os curativos de hidrogel são gaze ou curativos reutilizáveis impregnados com água ou gel amorfo à
base de glicerina. Esses curativos hidratam as feridas e absorve pequenas quantidades de exsudato. São
indicados para feridas de espessura parcial e de espessura total, feridas profundas com algum exsudato,
feridas necróticas, queimaduras e pele danificada pela radiação.
Podem ser úteis em feridas dolorosas, pois são muito calmantes para um paciente e não aderem ao
leito da ferida provocando assim pouco trauma durante a remoção. Possui uma desvantagem já que
alguns hidrogéis exigem um curativo secundário. Os hidrogéis estão disponíveis em um curativo em folha
ou em um tubo permitindo assim a capacidade de esquichar o gel diretamente dentro da base da ferida.

O hidrogel possui algumas vantangens:


- É calmante e pode reduzir a dor da ferida;
- Fornece um ambiente úmido;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


141
- Debrida o tecido necrótico;
- Não adere à base da ferida e é fácil sua remoção.

Existem outros tipos de curativos disponíveis. Os curativos de espuma e alginato são para feridas
com grande quantidade de exsudato. Os curativos de espuma são usados em torno dos tubos de
drenagem para absorvê-la. Os curativos de alginato de cálcio são confeccionados a partir de algas
marinhas e estão disponíveis em forma de folha e corda. O alginato forma um gel macio quando em
contato com o fluído da ferida, são altamente aborventes para feridas com uma quantidade excessiva de
drenagem e não causam trauma quando removidos da ferida. Não se deve utilizar esse tipo de curativo
em feridas secas, pois elas exigem um curativo secundário.

Procedimento para Substituição de Curativos


- Remova o esparadrapo afastando suavemente a pele do esparadrapo enquanto puxa o adesivo da
pele;
- Com a mão enluvada remova cuidadosamente os curativos de gaze, uma camada de cada vez, tome
o cuidado para não deslocar drenos ou sondas;
- Se o curativo grudar no curativo seco, umedeça com soro fisiológico em seguida remova-o;
- Observe a cor, edema, drenos e exsudados da ferida, assim como, a quantidade de drenagem no
curativo;
- Dobre os curativos com drenagem e remova as luvas de dentro para fora sobre o curativo. Descarte
as luvas e os curativos sujos. Higienize as mãos;
- Abra a bandeja de curativos estéreis ou os materiais estéreis embrulhados individualmente. Calce as
luvas limpas;
- Limpe a ferida com a solução. Usando uma gaze ou um esfregaço antisséptico, limpe a área menos
contaminada que é a incisão ou o centro da ferida, para a área mais contaminada, que é fora da incisão
e a pele circundante. Seque a área. Remova e descarte as luvas e higienize as mãos;
- Se a ferida tiver que ser irrigada: despeje a solução ordenada em um recipiente estéril de irrigação,
calce luvas limpas, óculos de proteção, máscara e vestimenta cirúrgica se necessário. Usando a seringa
permita que a solução flua sobre a ferida. Continue até que a irrigação crie um fluxo claro da solução.
Seque a pele circundante com gaze.
- Meça a ferida e em seguida remova e descarte as luvas. Higienize as mãos;
- Aplique o curativo;
- Curativo seco: calce as luvas de procedimento ou estéreis, inspecione a ferida quanto ao aspecto,
drenos, drenagem e integridade. Aplique um curativo de gaze de tecido frouxa e seca, cobrindo a ferida.
Aplique uma gaze adicional se necessário;
- Ou aplique o curativo de esponja se indicado;
- Curativo úmido e seco: calce as luvas de procedimento estéreis, avalie o aspecto da pele circundante
e procure por maceração. Umedeça a gaze com a solução prescrita, esprema delicadamente o excesso
da solução. Desdobre. Aplique a gaze como uma única camada diretamente sobre a superfície da ferida.
Se a ferida é profunda cubra suavemente sua base com o curativo usando a mão até que todas as
superfícies dela estejam em contato com a gaze. Se houver encapsulação use um aplicador com ponta
de algodão para colocar a gaze na área encapsular. Verifique se a gaze não está tocando na pele
circundante. Cubra com gaze seca estéril e curativo de esponja.
- Fixe o curativo. Aplique o esparadrapo não alérgico;
- Correias de Montgomery: abra expondo a superfície adesiva do esparadrapo na extremidade de cada
correia. Coloque as correias em lados opostos do curativo. Coloque o adesivo diretamente sobre a pele
ou aplique uma barreira cutânea sólida e fixe a extremidade do esparadrapo na barreira cutânea. Fixe o
curativo amarrando as correias através dele;
- Remova as luvas e descarte-as em local apropriado. Remova máscara, óculos ou vestimenta;
- Escrever à tinta a data e a hora que o curativo foi aplicado no esparadrapo que fixa o curativo;
- Descarte os materiais e higienize as mãos.

Cuidados com Suturas


Suturas são fios ou metais usados para costurar os tecidos do corpo, isso ocorre quando um cirurgião
fecha uma ferida ao unir as bordas dela o mais próximo possível para reduzir a formação de cicatriz. O
fechamento adequado da ferida envolve o mínimo de trauma e tensão aos tecidos com controle de
hemorragia.
As suturas estão disponíveis em uma variedade de materiais, como seda, aço, algodão, linho, arame,
nylon e Dacron. Elas vêm com ou sem agulhas cirúrgicas afixadas. Grampos de aço são um tipo comum

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


142
de fechamento da pele exterior que traumatiza o tecido menos que as suturas enquanto fornece força
extra.
As políticas nas instituições costumam variar referente a aptidão na remoção das suturas. Se for
pertinente ao enfermeiro a remoção será necessária uma prescrição médica. Uma tesoura especial com
pontas de corte curvadas ou removedores de grampos especiais desliza sob os fechamentos da pele
para a remoção da sutura.
O médico normalmente especifica o número de suturas ou grampos necessários para a remoção. Se
a linha de sutura parecer estar cicatrizando melhor em certos locais que em outros alguns profissionais
resolvem pela remoção apenas de algumas suturas.
Para remover os grampos introduza as pontas do removedor de grampos sob cada grampo de arame,
enquanto fecha lentamente as extremidades do removedor de grampos, aperte o centro do grampo com
as pontas liberando-o da pele.
Antes de remover as suturas limpe a linha de sutura com soro fisiológico, aperte os materiais de sutura
o mais próximo possível da borda da pele de um lado e puxe a sutura do outro lado.

Bandagens e Ataduras
Um curativo de gaze simples muitas vezes não é suficiente para imobilizar ou dar apoio a uma ferida.
Ataduras e bandagens aplicados sobre ou em torno de curativos fornecem proteção extra e benefícios
terapêuticos.
As bandagens estão disponíveis em rolos de diferentes larguras e materiais, incluindo gaze, malha
elástica, tira elástica, flanela e musselina. As bandagens de gaze são leves e baratas, moldam facilmente
ao redor de contornos do corpo e permitem a circulação de ar para evitar a maceração da pele. As
bandagens elásticas adaptam-se bem às diversas partes do corpo, porém exercem pressão.
As ataduras são bandagens que são feitas de grandes pedaços de material para ajustar-se a uma
parte específica do corpo. A maioria é feita de elástico ou algodão.

Questões

01. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) Acerca do uso de curativos na enfermagem, julgue o item
a seguir.
As coberturas de alginatos são um tipo de curativo indicado para feridas com pouca exsudação; por
isso, seu uso pode prolongar-se por até sete dias.
( ) Certo
( ) Errado

02. (FUNASG - Enfermeiro - FUNCAB) O hidrocoloide é uma cobertura muito utilizada em feridas e
pode se apresentar na forma de placa ou pasta. Sobre essa cobertura é correto afirmar:
(A) Em contato com exsudato, forma um gel hidrofílico que mantém um meio úmido.
(B) Requer troca a cada 12 h ou diária e curativo secundário.
(C) Promove uma temperatura abaixo da corporal e é indicada para queimaduras de 3° grau.
(D) É indicada para tratamento de feridas abertas infectadas.
(E) Retarda a angiogênese e é indicada para a prevenção de úlceras de pressão.

03. (TRT 23ª Região/MT - Enfermeiro - FCC) A grande variedade dos tipos de coberturas para
curativos possibilita melhor adequação e manejo das condições das feridas e a escolha do produto
depende, dentre vários aspectos, de
(A) avaliação pragmática.
(B) estudo eletrofisiológico.
(C) evolução do processo cicatricial.
(D) aplicação da escala de Hansen.
(E) abordagem única.

04. (UNIOESTE - Técnico em Enfermagem – UNIOESTE) As úlceras por pressão ocorrem quando a
pressão contínua aplicada à pele é maior que a pressão de fechamento capilar, aproximadamente 32
mmHg. Assinale os fatores de risco para o desenvolvimento de úlcera por pressão.
(A) Normotermia e eupneia.
(B) Imobilidade e atrito/fricção.
(C) Deambulação e normocardia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


143
(D) Lúcidez e comunicação.
(E) Hidratação e higidez.

Gabarito

01.Errado / 02.A / 03.B / 04.B

Comentários

01. Resposta: Errado


Os curativos de espuma e alginato são para feridas com grande quantidade de exsudato. Os curativos
de espuma são usados em torno dos tubos de drenagem para absorvê-la. Os curativos de alginato de
cálcio são confeccionados a partir de algas marinhas e estão disponíveis em forma de folha e corda.

02. Resposta: A
Curativos de hidrocoloide são curativos com formulações complexas de coloides e componentes
adesivos. A camada de contato da ferida desse curativo forma um gel à medida que o exsudato da ferida
é absorvido e mantém um ambiente cicatrizante úmido.

03. Resposta: B
A cicatrização da ferida envolve processo fisiológicos integrados, as camadas de tecido envolvidas e
sua capacidade de regeneração determinam o processo de reparo da ferida.
As feridas de espessura parcial são superficiais, envolvendo a perda da epiderme e a possível perda
da derme. Esses tipos de feridas cicatrizam por regeneração, pois a epiderme regenera-se.

04. Resposta: B
Fatores adicionais incluído força de cisalhamento, atrito, umidade, nutrição, perfusão tecidual, infecção
e idade aumentam o risco do paciente para o desenvolvimento de lesão por pressão e de ferida mal
cicatrizada. A prevenção de lesões por pressão é uma prioridade no cuidado de pacientes e não está
limitado aqueles que apresentam restrições de mobilidade.

6.2. Administração de medicamentos

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

O medicamento é uma substância empregada no diagnóstico, tratamento, cura, alívio ou prevenção


das alterações da saúde.
O enfermeiro deve avaliar o efeito que os medicamentos têm na restauração ou manutenção da saúde,
e fornecer a educação contínua para o cliente, família ou pessoal de cuidado de saúde domiciliar sobre a
finalidade e os efeitos colaterais dos medicamentos.
A administração de medicamentos22,23,24 é um processo que envolve uma sequência de ações a serem
desenvolvidas pelo profissional de enfermagem, a fim de obter os melhores resultados junto ao paciente,
sem desperdício de recursos. Durante a fase de preparo o profissional de enfermagem deve ter muita
atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que o paciente receba a medicação corretamente.

Formas de Apresentação do Medicamento

Cápsula: forma de dosagem sólida para uso oral; medicamento na forma de pó, líquido ou óleo, e
envolto por concha gelatinosa; a cápsula é colorida, a fim de auxiliar na identificação do produto.
Comprimido: forma de dosagem em pó comprimido em discos ou cilindros endurecidos; além do
medicamento primário, contém ligantes (adesivos, para possibilitar que o pó permaneça junto),
desintegrantes (para promover a dissolução do comprimido), lubrificantes (para facilitar a fabricação) e
expansores (para o tamanho conveniente do comprimido).
22
EBISUI, C.T.N. Procedimentos de Enfermagem. Reedição revisada e ampliada. São Paulo: Copidart, 2002.
23
https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos
24
http://ba.corens.portalcofen.gov.br/parecer-coren-ba-0212013_8112.html

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


144
Comprimido com proteção entérica: comprimido para uso oral revestido com materiais que não se
dissolvem no estômago; os revestimentos dissolvem-se no intestino, onde o medicamento é absorvido.
Disco intraocular: pequeno disco oval flexível que contém duas camadas externas macias e uma
camada média que contém o medicamento; quando umedecido pelo líquido ocular, libera o medicamento
por até uma semana.
Drágea: forma de dosagem sólida para uso oral; formato semelhante à cápsula e revestido, para
facilitar a deglutição.
Elixir: líquido claro que contém água e/ou álcool; destinado a uso oral; geralmente possui adoçante
adicionado.
Extrato: forma de medicamento concentrada, feita pela separação da porção ativa do medicamento
de seus outros componentes (por exemplo, o extrato líquido é o medicamento feito em solução de fonte
vegetal).
Glicerite: solução de medicamento, combinado à glicerina para uso externo, que contém pelo menos
50% de glicerina.
Linimento: preparação que comumente contém álcool, óleo ou emoliente saponáceo, aplicada à pele.
Loção: medicamento em suspensão líquida aplicado externamente, para proteger a pele.
Pasta: preparação semissólida, mais espessa e mais rígida que a pomada; é absorvida através da
pele com maior lentidão que a pomada.
Pastilha: forma de dosagem arredondada e achatada que contém medicamento, flavorizante, açúcar
e mucilagem; dissolve-se na boca, para liberar o medicamento.
Pílula: forma de dosagem sólida que contém um ou mais medicamentos, modelada em forma de
glóbulo, ovoides ou alongada; as pílulas verdadeiras raramente são utilizadas, porque foram substituídas
pelos comprimidos.
Placa ou disco transdérmico: medicamento contido dentro de placa ou disco com membrana
semipermeável, a qual permite que os medicamentos sejam absorvidos através da pele de forma lenta
durante um intervalo de tempo prolongado.
Pomada (unguento): preparação semissólida, aplicada externamente, que contém, em geral, um ou
mais medicamentos.
Solução: preparação líquida que pode ser utilizada por via oral, parenteral ou externa; também pode
ser instilada em órgão ou cavidade corporal (por exemplo, irrigações vesicais); contém água com um ou
mais compostos dissolvidos; deve ser estéril para uso parenteral.
Supositório: forma de dosagem sólida misturada com gelatina e moldada na forma de projétil para a
inserção em cavidade corporal (reto ou vagina); dissolve-se, quando alcança a temperatura corporal,
liberando o medicamento para a absorção.
Suspensão: partículas de medicamento finamente divididas dispersas em meio líquido; quando a
suspensão permanece parada, as partículas depositam-se no fundo do frasco; comumente, um
medicamento oral e não é administrada por via intravenosa.
Tintura: solução de medicamento em álcool ou água-álcool.
Xarope: medicamento dissolvido em solução concentrada de açúcar; pode conter flavorizantes, para
tornar o sabor do medicamento mais agradável.

Tipos de Ação de Medicamento

Os medicamentos variam consideravelmente no modo pelo qual atuam em seus tipos de ação. Os
fatores diferentes das características do medicamento também influenciam as ações dele.
Um cliente pode não responder da mesma maneira a cada dose sucessiva de um medicamento. Da
mesma forma, idêntica dosagem do medicamento pode provocar respostas muito diferentes em clientes
diversos.
Depois que um enfermeiro administra um medicamento, ele sofre absorção, distribuição, metabolismo
e excreção. Exceto quando administrados por via intravenosa, os medicamentos levam tempo para
penetrar na corrente sanguínea. A quantidade e a distribuição de um medicamento em diferentes
compartimentos corporais alteram-se constantemente.
Quando é prescrito um medicamento, o objetivo consiste em obter um nível sanguíneo constante
dentro de uma faixa terapêutica segura. As doses repetidas são necessárias para alcançar uma
concentração terapêutica constante de um medicamento, porque uma parcela do medicamento sempre
está sendo excretada.
A concentração sérica máxima (a concentração de pico) do medicamento geralmente ocorre
exatamente antes que o final do medicamento seja absorvido. Depois de atingir o máximo, a concentração

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


145
sérica do medicamento cai progressivamente. Com as infusões intravenosas, a concentração máxima
ocorre rapidamente, mas o nível sérico também começa a cair imediatamente.
Todos os medicamentos possuem meia-vida sérica, o tempo que demoram para que os processos de
excreção diminuam a concentração sérica do medicamento pela metade. Para manter um platô
terapêutico, o cliente deve receber doses fixas regulares. Por exemplo, demonstrou-se que os
medicamentos para a dor são mais efetivos, quando fornecidos durante todo o dia, em vez de serem
administrados quando o cliente se queixa de maneira intermitente de dor. Desta maneira, um nível quase
constante do medicamento analgésico é mantido. Depois de uma dose inicial de medicamento, o cliente
recebe cada dose sucessiva, quando a dose anterior alcança sua meia-vida.
O cliente e o enfermeiro devem seguir a programação regular de dosagem bem como aderir às doses
e intervalos de doses prescritos. Os esquemas de sondagem são estabelecidos pela instituição em que
o enfermeiro está empregado. Quando informa os clientes a respeito dos esquemas de dosagem, o
enfermeiro deve utilizar linguagem familiar ao cliente. Por exemplo, ao orientar um cliente sobre um
medicamento que tem duas doses ao dia, o enfermeiro deve instruí-lo a tomar um medicamento pela
manhã e novamente à noite. O conhecimento dos intervalos de tempo da ação do medicamento também
ajuda o enfermeiro a prever o efeito de um medicamento. Com este conhecimento, ele pode instruir o
cliente sobre quando esperar uma resposta.

Efeitos Medicamentosos

É essencial que o enfermeiro compreenda todos os efeitos que os medicamentos podem ter, quando
são tomados ou administrados aos clientes:
Efeitos Terapêuticos: é a resposta fisiológica esperada ou previsível gerada por um medicamento.
Cada medicamento possui um efeito terapêutico desejado para o qual é prescrito. Por exemplo, a
nitroglicerina é utilizada para reduzir a carga de trabalho cardíaca e aumentar o aporte miocárdico de
oxigênio. Um único medicamento pode ter muitos efeitos terapêuticos. Por exemplo, a aspirina é
analgésica, antitérmica e anti-inflamatória, reduzindo a agregação plaquetária (agrupamento). É
importante que o enfermeiro conheça para qual efeito terapêutico um medicamento é prescrito, o que lhe
permite informar corretamente o cliente sobre o efeito pretendido do medicamento.
Efeitos Colaterais: são os efeitos secundários e não-pretendidos que um medicamento causa de
maneira previsível. Tais efeitos podem ser inócuos ou lesivos. Quando suficientemente graves para negar
os efeitos benéficos da ação terapêutica de um medicamento, o médico pode interromper o medicamento.
Com frequência, os clientes, param de tomar medicamentos por causa dos efeitos colaterais.
Efeitos Adversos: são geralmente considerados respostas graves ao medicamento. Por exemplo, um
cliente pode ficar comatoso, quando um medicamento é ingerido. Se ocorrem as respostas adversas ao
medicamento, o médico pode interromper o medicamento. Alguns efeitos adversos são efeitos
inesperados que não foram descobertos durante a experimentação do medicamento. Quando acontece
esta situação, os profissionais de saúde são obrigados a reportar o efeito adverso ao FDA.
Efeitos Tóxicos: podem-se desenvolver depois da ingesta prolongada de um medicamento ou quando
um medicamento se acumula no sangue por causa do metabolismo ou excreção comprometidos. As
quantidades excessivas de um medicamento dentro do corpo podem ter efeitos letais, dependendo da
ação do medicamento. Por exemplo, os níveis tóxicos de morfina podem provocar depressão respiratória
grave e morte. Os antídotos estão disponíveis para tratar tipos específicos de intoxicação medicamentosa.
Por exemplo, o Narcan é utilizado para reverter os efeitos da intoxicação por opióides.
Reações Idiossincrásicas: os medicamentos podem provocar efeitos imprevisíveis, como uma
reação idiossincrásica, na qual um cliente reage em excesso ou de forma deficiente a um medicamento
ou apresenta reação diferente do normal. Por exemplo, uma criança que recebe um anti-histamínico pode
ficar extremamente agitada ou excitada, em vez de sonolenta. É impossível avaliar os clientes para as
respostas idiossincrásicas.
Reações Alérgicas: constituem outra resposta imprevisível a um medicamento; elas constituem 5%
a 10% das reações medicamentosas. Um cliente pode tornar-se imunologicamente sensibilizado à dose
inicial de um medicamento. Com a administração repetida, o cliente desenvolve uma resposta alérgica ao
medicamento, a seus conservantes químicos ou a um metabólito. O medicamento, ou substância química,
atua como um antígeno, deflagrando a liberação de anticorpos. A alergia medicamentosa de um cliente
pode ser branda ou grave. Os sintomas alérgicos variam, dependendo do indivíduo e do medicamento.
Entre as diferentes classes de medicamentos, os antibióticos provocam uma alta incidência de reações
alérgicas. As reações brandas podem ser:
- Urticárias: erupções cutâneas elevadas, com formato irregular, com tamanhos e formas variados;
as erupções apresentam margens avermelhadas e centros pálidos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


146
- Exantema: vesículas pequenas e elevadas, geralmente avermelhadas; frequentemente, distribuídas
sobre todo o corpo.
- Prurido: coceira na pele; acompanha a maioria dos exantemas.
- Rinite: inflamação das mucosas que revestem o nariz; provoca edema e secreção aquosa clara.

As reações anafiláticas ou graves caracterizam-se pela constrição súbita dos músculos bronquiolares,
edema da faringe e laringe, bem como sibilância e falta de ar graves. Os anti-histamínicos, epinefrina e
broncodilatadores podem ser usados para tratar as reações anafiláticas.
O cliente também pode tornar-se gravemente hipotenso, necessitando de medidas de reanimação de
emergência. Um cliente com história conhecida de alergia a medicamento deve evitar a reexposição e
usar um bracelete ou medalha de identificação, o que alerta os enfermeiros e os médicos para a alergia,
caso o cliente esteja inconsciente, quando receber o cuidado médico.

Interações Medicamentosas

Quando um medicamento modifica a ação de outro medicamento, ocorre uma interação


medicamentosa. As interações medicamentosas são comuns em indivíduos que tomam vários
medicamentos. Um medicamento pode potencializar ou diminuir a ação de outros medicamentos, e alterar
a maneira pela qual outro medicamento é absorvido, metabolizado ou eliminado do corpo.
Quando dois medicamentos possuem efeito sinérgico, ou agem de maneira sinérgica, o efeito dos dois
medicamentos combinados é maior que o dos medicamentos, se fornecidos em separado. Por exemplo,
o álcool é um depressor do sistema nervoso central que possui um efeito sinérgico com anti-histamínicos,
antidepressivos, barbitúricos e analgésicos narcóticos.
Uma interação medicamentosa nem sempre é indesejável. Com frequência, um médico combina
medicamentos, para criar uma interação que tenha efeito benéfico sobre a condição do cliente. Por
exemplo, um cliente com hipertensão (pressão arterial alta) que não pode ser controlada com
medicamento, recebe tipicamente vários medicamentos, como diuréticos e vasodilatadores, que atuam
em conjunto para controlar a pressão arterial.

Os “9 certos” para uma Administração Medicamentosa Segura

1. Paciente Certo: Certifica-se de que a medicação corresponde com o prontuário do paciente, e ao


administrar, certifica-se se realmente é o paciente. Ex. “Como é o nome do Sr (a)” Nunca podemos dizer:
“Seu Fulano olha seu remédio...” Sempre devemos perguntar o nome completo mesmo que conhecemos
o paciente. Erros podem acontecer.
2. Medicamento Certo: Certifica-se se o medicamento que foi dispensado da farmácia realmente
corresponde com a prescrição médica.
3. Dose Certa: Observar atentamente na prescrição médica a dose correta da medicação, e a forma
que veio apresentada da farmácia. Ex. Prescrição Médica: Benzetacil 800.000UI IM; E a apresentação da
medicação da Farmácia é Benzetacil 1.200.000UI IM.
4. Via Certa: Toda atenção é pouca. Observar e ler atentamente qual a via a ser administrada. Ex.:
(Via Oral-VO, Sublingual-SL, Intramuscular-IM, Endovenosa/Intravenosa-EV/IV).
5. Hora Certa: Atentar-se quanto ao horário correto para administração da medicação, evitando
atrasos e antecipações.
6. Tempo Certo: Na aplicação da medicação, respeitar o tempo previsto na prescrição, por exemplo,
se for em 30 minutos, ou em quatro horas, controlar adequadamente o gotejamento ou programar
corretamente as bombas de infusão contínua ou bombas de seringa, controlando, dessa forma, a infusão
conforme prescrição.
7. Validade Certa: Antes de preparar a medicação sempre conferir a data de validade, NUNCA aplicar
medicação vencida. Estabelecer uma rotina de verificação e controle de validade nos setores, em
parceria com a farmácia.
8. Abordagem Certa: Antes de administrar o medicamento deve-se esclarecer ao paciente qualquer
dúvida existente referente ao mesmo e deve-se levar em consideração o direito de recusa do
medicamento, pelo cliente. O primeiro passo sempre é dizer ao paciente qual medicação será
administrada, qual é a via, principal ação do medicamento e como será feita a administração,
sobretudo, medicações que hajam colaboração e ação do cliente como as sublinguais a explicação deve
ser dada.
9. Registro Certo: Após aplicar a medicação registrar no prontuário checando com rubrica e ainda
anotando queixas, suspensão ou não aceitação de medicação.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


147
Só para lembrar:

https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos

Recomendações Gerais
- Todo medicamento a ser administrado no cliente deve ser prescrito pelo médico ou odontólogo;
- A prescrição deve ser escrita, assinada e carimbada. Somente em caso de emergência, a
Enfermagem pode atender prescrição verbal, que deve ser transcrita pelo médico logo que possível;
- Toda prescrição de medicamento deve conter: data, nome do cliente, registro, enfermaria, leito, idade,
nome do medicamento, dosagem, via de administração, frequência, assinatura e carimbo do médico;
- A prescrição do cliente ou cartão de medicamento deve ser mantido à vista do executante;
- Lavar as mãos antes de preparar e administrar o medicamento e, logo após o procedimento;
- Fazer a desinfecção concorrente da bandeja antes do preparo e depois da administração do
medicamento;
- Manter o local de preparo de medicação sempre em ordem e limpo, utilizando álcool a 70% para
desinfetar a bancada;
- Preparar o medicamento em ambiente com boa iluminação;
- Concentrar a atenção no trabalho, evitando atividades paralelas, distrações e interrupções, que
podem aumentar a chance de cometer erros;
- Ler e conferir o rótulo da medicação três vezes – quando pegar o medicamento, antes de colocar o
medicamento no recipiente próprio para administração, e ao colocar o recipiente na prateleira ou
desprezar o invólucro;
- Nunca administrar medicamento sem rótulo;
- Fazer desinfecção das ampolas e/ou dos frascos antes de quebrar e/ou aspirar a medicação;
- Preparar somente quando tiver certeza do medicamento prescrito, dosagem e via de administração;
- Proteger a seringa ou frasco com medicamento para evitar contaminação, podendo ser usado o
próprio invólucro se não contaminado;
- Observar o aspecto e as características da medicação antes de prepará-la; e antes de administrá-la
(sinais de decomposição, turvação, deterioração, precipitação, etc.);
- Devolver no final do plantão os medicamentos não utilizados e em hipótese alguma acumular
“sobras”;
- Manter a bandeja sempre a vista durante a administração, nunca deixando-a sozinha junto ao
paciente;
- Antes de administrar o medicamento, conferir cuidadosamente a identidade do paciente;
- Permanecer junto ao paciente até que tome o medicamento;
- A administração do medicamento deve ser feita pelo profissional que o preparou;
- Não se deve nunca esquecer de registrar o medicamento que o paciente tenha recebido (checar a
medicação);
- Anotar qualquer anormalidade após a administração do medicamento (vômito, diarreia, erupções,
urticária, etc.);
- Após a administração do medicamento, checar a prescrição imediatamente, evitando administração
dobrada;
Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32
148
- Em caso de recusa do medicamento, o profissional de enfermagem deve relatar imediatamente o fato
ao(a) enfermeiro(a) e/ou médico e anotá-la no prontuário. Convencionalmente em nosso meio, quando o
medicamento não foi administrado por algum motivo, o horário correspondente é circundado, “bolado” à
caneta e a justificativa anotada no prontuário do paciente;
- Utilizar luvas de procedimentos para medicações via sonda gástrica ou nasogástrica, via retal e
parenteral;
- Utilizar técnica asséptica ao manusear material esterilizado;
- Nunca reencapar agulhas ou concitá-las da seringa para desprezar;
- As luvas de procedimentos e o algodão devem ser desprezados na lixeira com saco branco leitoso,
para lixo infectante, dentro da enfermaria do paciente, conforme Programa de Gerenciamento de
Resíduos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH);
- Em caso de dúvida, nunca administrar o medicamento até que ela seja esclarecida.

Vias de Administração de Medicamentos

Vias oral, sublingual, gástrica e retal: administração de medicamento por via digestiva.
Os medicamentos via oral são fornecidos pela boca e deglutidos com líquidos, apresentam um início
de ação mais lento e um efeito mais prolongado que os medicamentos parenterais. Em geral, os clientes
preferem a via oral.
Via parenteral: administração de um agente terapêutico por outra via que não seja a do trato alimentar
(aparelho digestório).
Via vaginal: introdução e absorção de medicamentos no canal vaginal. O medicamento pode ser
introduzido sob a forma de: supositório, comprimido, óvulo, lavagem, irrigação, creme ou gel.
Via tópica ou cutânea: aplicação de medicamentos na pele. Sua ação pode ser local ou geral.
Exemplos: pomada, antisséptico, etc.
Via nasal: consiste em levar à mucosa nasal um medicamento líquido.
Via Respiratória: as passagens mais profundas do trato respiratório proporcionam grande área de
superfície para a absorção do medicamento. Os medicamentos podem ser administrados através das
vias nasais, via oral ou tubos colocados dentro da boca do cliente até a traqueia. Os medicamentos
administrados pela via de inalação são prontamente absorvidos e atuam rapidamente por causa da rica
rede vascular alveolocapilar presente no tecido pulmonar. Os medicamentos inalados podem ter efeitos
locais ou sistêmicos.
Via ocular: aplicação de colírio ou pomada na conjuntiva ocular (saco conjuntival inferior).
Há, também, o fornecimento intraocular de medicamento que envolve a inserção de medicamento
semelhante a uma lente de contato dentro do olho do cliente. O disco do medicamento ocular possui duas
camadas mais externas que contêm o medicamento. O disco é inserido dentro do olho do cliente de forma
muito parecida com uma lente de contato, podendo permanecer no olho dele por até uma semana. A
pilocarpina, um medicamento usado para tratar o glaucoma, é o disco de medicamento mais comum.
Via Auricular (otológica): introdução de medicamento no canal auditivo. Colocar o paciente em
posição que você consiga administrar, manter a cabeça do paciente ereta e pingar a solução puxando o
pavilhão auditivo para baixo e para frente.
Instilações na garganta: a garganta pode ser pulverizada ou embrocada pela aplicação de um
antisséptico ou anestésico.
Hipodermóclise ou Hidratação Subcutânea: administração de soluções de reidratação parenteral
na camada subcutânea.

Procedimentos de Administração

Via Oral
Material:
- 01 bandeja;
- 01 copinho;
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Conferir a prescrição médica e medicação a ser administrada;
- Identificar os copinhos com o nome do paciente, nome da medicação, horário e número do leito;
- Lavar as mãos;
- Diluir o medicamento se necessário;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


149
- Conferir novamente a medicação e prescrição médica verificando data, paciente, hora, via de
administração e dose;
- Levar a bandeja de medicação junto ao leito do paciente;
- Perguntar o nome do paciente sem sugestionar;
- Oferecer o medicamento;
- Observar se o paciente ingeriu a medicação;
- Lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica;

Cuidados importantes:
- Agitar o frasco de medicamento líquido antes de entorná-lo pelo lado oposto ao do rótulo, evitando
assim, que o líquido escorra sobre ele, tornando difícil a leitura;
- Os frascos multidoses deverão ser diluídos quando abertos;
- Frascos multidoses que ficam “estocados” no posto, verificar sempre a data de validade e condições
de armazenamento antes de administrá-lo ao paciente. Se necessário trocar o frasco na farmácia;
- Segurar o recipiente graduado (copinho) e vidro ao nível dos olhos para despejar o líquido até a altura
correspondente à dose, facilitando desse modo a colocação precisa do medicamento;
- Colocar comprimidos, drágeas ou cápsulas no recipiente sem tocá-las diretamente com a mão;
- Se houver dificuldade na identificação do medicamento, não administrá-lo. Devolva-o à farmácia e
solicite outro medicamento com identificação legível;
- Se um paciente recebe vários medicamentos simultaneamente, a prática mais segura é a de usar
recipientes separados, possibilitando a identificação segura dos medicamentos que efetivamente o
paciente recebeu. Em casos de aceitação parcial ou perdas acidentais de uma parte deles, será possível
registrar adequadamente o ocorrido e/ou repor a medicação perdida;
- Observar se o paciente não está com indicação de jejum, controle hídrico, além de fatores que
influenciam a administração, como sonda nasogástrica, condições relativas à deglutição, náuseas,
vômitos, entre outros;
- No caso de administração de medicação sublingual, observar a colocação do medicamento sob a
língua do paciente e orientá-lo para que deixe ali, sem mastigá-lo ou engoli-lo, até ser totalmente
dissolvido, não se devem oferecer líquidos com a medicação sublingual;
- No uso de medicação via Sonda Nasoenteral-SNE ou Sonda Nasogástrica-SNG: lavar (10 a 20ml
de água pela seringa sob pressão) logo após a administração da medicação, a fim de evitar obstrução da
mesma.

Importante: na ausência do copo graduado ou seringa utilizar as medidas abaixo como referência de
administração medicamentosa líquida.

Colher de café = 2,5ml


Colher de chá = 5ml
Colher de sobremesa = 10ml
Colher de sopa = 15ml

Via Retal
As formulações destinadas para uso retal podem ser sólidas ou líquidas.
Formulações sólidas: denominada supositório – possuem formato e consistência que facilita sua
aplicação, não devendo ser partido. Dissolve-se em contato com a temperatura corporal e é indicado
principalmente para a estimulação da peristalse para facilitar a defecação. Quando efetivo, os resultados
manifestam-se dentro de 15 a 30 minutos, mas podem tardar até uma hora.
Formulação líquida: pode ser em grande quantidade, denominada lavagem intestinal (de 1000 a
2000ml) ou em pequena quantidade, chamada de clister (150 a 500ml). Geralmente são usadas na
lavagem intestinal para a remoção das fezes em caso de “fecaloma” (fezes endurecidas), preparo para
procedimentos cirúrgicos ou exames (ex.: colonoscopia);

Material:
- 01 Frasco de Clister ou Fleet Enema (conforme prescrição médica);
- Papel higiênico;
- 01 comadre;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


150
- 01 par de luvas de procedimento;
- 01 sonda retal.

Procedimento:
- Explicar ao paciente o procedimento;
- Preparar o material;
- Mornar quando for solução glicerinada ou soro fisiológico;
- Lavar as mãos, calçar luvas de procedimentos;
- Colocar biombo, para não expor o paciente;
- Colocar o paciente em posição de Sims, (decúbito lateral esquerdo e perna direita fletida);
- Afastar a prega interglútea e instilar o líquido;
- Introduzir a sonda retal lubrificada (ex.: xilocaína gel ou óleo mineral) no ânus do paciente;
- Colocar o paciente na comadre, deixando o papel higiênico à mão, nos casos de pacientes
dependentes ou encaminhá-lo ao banheiro;
- Fazer a higiene íntima;
- Retirar o material usado;
- Limpar e organizar o material;
- Retirar as luvas de procedimentos;
- Lavar as mãos;
- Fazer anotação de enfermagem no prontuário;
Observação: No caso de irrigação gota a gota acrescentar um equipo ao material, procedendo a
mesma forma de instalação, deixando o sistema instalado até o final da solução.

Via Parenteral
Preparo da Medicação:
- Observar o prazo de validade, o aspecto da solução, bem como a integridade do frasco;
- Certificar que todo o medicamento está contido no corpo da ampola, pois o estreitamento do gargalo
faz com que uma parte do medicamento muitas vezes, fique na sua parte superior;
- O mesmo cuidado deve ser observado com o pó liofilizado no frasco da ampola;
- Lavar as mãos com água e sabão;
- Observar a integridade dos invólucros que protegem a seringa e a agulha;
- Monte a seringa com a agulha respeitando a técnica asséptica;
- Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool a 70% destacando o gargalo, no caso do
frasco ampola, levantar a tampa metálica e desinfetar a borracha;
- Proteger o gargalo da ampola com algodão na hora de quebrá-lo;
- Aspirar ao diluente (no caso de frasco ampola) introduzi-lo dentro do frasco e deixe que a força da
pressão interna do frasco, desloque o ar para o interior da seringa;
- Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado sem sacudir;
- Introduzir o ar da seringa para o interior do frasco. Este procedimento visa aumentar a pressão dentro
do frasco, facilitando a retirada do medicamento, visto que os líquidos movem-se de uma área de maior
pressão para a de menor pressão;
- Manter o frasco invertido para baixo, enquanto aspira ao medicamento;
- Proteger a agulha com o protetor e o êmbolo da seringa com o próprio invólucro;
- Identificar o material com fita adesiva com o nome do paciente, número do leito, medicamento,
horário, dose e via de administração;

Via Intradérmica
É a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento, porém incide na
disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,5 ml.
Locais de aplicação: Face interna ou ventral do antebraço; Região escapular (parte superior das
costas); Parte inferior do deltoide direito (exclusivamente para a vacina BCG).

Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 3ml ou 5ml;
- 01 agulha para injeção 03X07;
- 01 bola de algodão;
- 05ml de álcool;
- Luvas de procedimentos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


151
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Posicionar a agulha em ângulo de 15º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com o bisel para cima para formar uma pápula;
- Checar na prescrição médica;

Observação: não fazer a antissepsia da região, o que causaria o desenvolvimento de reações falso-
positivas em testes de hipersensibilidade e a redução da atividade das vacinas administradas.

Via Subcutânea
É a introdução do medicamento na região subcutânea. Utilizada para drogas que não necessitem de
absorção imediata e sim quando se deseja uma absorção continua. Podem ocorrer lesões inflamatórias
locais, sendo de grande importância o rodízio da aplicação como um método profilático. Volume máximo
administrável – 2 ml.

Locais de aplicação: Parte superior externa dos braços; Face lateral externa e frontal das coxas;
Regiões glúteas, direita e esquerda; Região abdominal – hipocôndrios direito e esquerdo, exceto a região
periumbilical; Regiões supraescapular e infraescapular; Faces externas, anterior e posterior dos braços;
Região intermediária lateral das costas (próxima ao quadril direito e esquerdo).

Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 1ml;
- 01 agulha 13X25;
- Luvas de procedimentos;
- 02 Bolas de algodão;
- 05ml do álcool a 70%;
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com bisel para baixo;
- Não friccionar o local após a aplicação;
- Retirar luvas e lavar mãos;
- Checar na prescrição medica.

Via Intramuscular
É aplicada no tecido muscular através da pele, tendo a desvantagem de ser dolorosa pela introdução
da agulha e absorção do medicamento. Sua ação sistêmica é relativamente rápida. O desconforto da
aplicação desse medicamento pode ser minimizado com os seguintes cuidados:
- Manter a técnica asséptica durante todo o procedimento;
- Ao escolher o local de aplicação, observe a condição do músculo;
- Assegure a privacidade do paciente, sem expô-lo desnecessariamente;
- Não hesitar em aplicar a injeção;
- Injetar lentamente as soluções;
- Fazer uma pressão no local administrado com a extremidade dos dedos, para auxiliar na absorção
da droga;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


152
- Checar na prescrição médica.

Volume máximo administrável – 5 ml.


Algumas bibliografias informam volume máximo de 4ml outras 5ml.

Locais para aplicação: Regiões deltoideanas; Região dorsoglútea; Região ventroglútea; Região
anterolateral da coxa (músculo vastolateral).
Quando há́ necessidade de administrar de 3 a 4 mL de medicamento, a região dorsoglútea é a mais
adequada, porém, em razão da presença do nervo isquiático, fundamental para a motricidade dos
membros inferiores, a região de inserção da agulha deve ser bem delimitada. É recomendado dividir a
região dorsoglútea em quatro quadrantes, delimitando o quadrante superior externo com um triângulo ou
subdividindo-a em quadrantes para possibilitar um adequado distanciamento do nervo isquiático.

Recomendações importantes:
- Não administrar medicamentos por via intramuscular na região dorsoglútea em crianças de 0 a 2
anos, adultos excessivamente magros ou com mais de 60 anos;
- Priorizar a região vastolateral da coxa em crianças menores de 1 ano;
- Não administrar diclofenaco de sódio e penicilina benzatina na região deltoide, em qualquer idade.
Nessas medicações só usar agulhas 30x8;
- Rodiziar o local de aplicação.

Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 3ml ou 5ml;
- 01 agulha 30X06, 30X07 ou 30X08;
- 02 bolas de algodão;
- 05ml do álcool a 70%;
- Luvas de procedimentos;
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Escolher a seringa de acordo com o volume a ser injetado;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com bisel para baixo;
- Aspirar antes de injetar o medicamento, verificando se algum vaso foi atingido;
- Injetar lentamente o líquido;
- Fazer uma leve compressão no local após a administração;
- Retirar luvas e lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica;

Via Endovenosa
A via endovenosa é usada quando se deseja uma ação rápida do medicamento ou porque outras vias
não são propícias. Sua administração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que a
medicação entra direto na corrente sanguínea, podendo ocasionar sérias complicações ao paciente, caso
as recomendações preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por essa via
devem ser cristalinas, não oleosas e sem flocos em suspensão.
Alguns acidentes podem acorrer na administração de medicamentos endovenosos:
- Esclerose da veia: aplicação sucessiva no mesmo local;
- Abscessos: administração de medicamentos fora da veia, antissepsia inadequada no local da
punção e material contaminado;
- Hematoma: extravasamento de sangue da veia no espaço intersticial por transfixação da veia;
- Flebite: longa permanência de dispositivos endovenosos ou drogas irritantes;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


153
- Êmbolos: deslocamento de resíduos de medicamentos mal diluídos ou coágulos de sangue podem
agir como êmbolos;
- Infiltração: passagem do líquido para o tecido subcutâneo. Ocorre por deslocamento da agulha ou
pela sua penetração na parede do vaso.
- Choque: quando se aplica determinado medicamento, pode ocorrer o estado de choque,
vasodilatação geral, palidez, vertigem, agitação, cianose, ansiedade, tremores. Pode se tratar do choque
pirogênico que ocorre quando existe pirogênio no medicamento, ou seja, substância produzida por
bactéria, produzindo reações como febre e alergias; choque anafilático devido à hipersensibilidade do
paciente ao medicamento.

Locais de aplicação:
- Região cefálica (crianças);
- Região temporossuperficial e regiões epicranianas;
-Região dos membros superiores: braço (cefálica e basílica), antebraço (intermediária cefálica,
intermediária basílica, mediana e radial);
- Ulnar;
- Mão: rede do dorso da mão;.
- Região dos membros inferiores: perna (face posterior do joelho), safena magna e tibial anterior; pé
(rede do dorso do pé). Nesta região somente em casos extremos.

Observação: observar orientações adicionais na Rotina de Prevenção de Infecção de Corrente


Sanguínea da CCIH.

Material:
- Mesmo da injeção intramuscular;
- Acrescentando em caso de grande volume de medicação:
- 01 bandeja;
- 01 Equipo;
- 01 cateter intravenoso (abocath ou jelco);
- 01 pacote de gaze;
- 30 cm de esparadrapo ou micropore;
- Medicamento;
- Luvas de Procedimentos.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Posicionar o paciente deitado ou sentado;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Inspecionar as condições da veia e selecionar a mais apropriada;
- Garrotear o braço aproximadamente 10 cm acima da veia escolhida. Para facilitar a visualização da
veia na mão e braço, convém o paciente cerrar o punho durante a inspeção e a punção venosa;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Fixar a veia e fazer a punção;
- Inserir o cateter ou agulha em um ângulo de 15º a 30º graus mantendo a pele esticada com o bisel
voltado para cima, facilitando a introdução;
- Retirar o garrote;
- Administrar lentamente o medicamento, evitando assim reações adversas, já que muitos
medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis de imediato. Nesses casos, interrompa a aplicação e
comunique o fato o(a) enfermeiro(a) ou médico;
- Retirar o cateter ou agulha e comprimir o local;
- Retirar luvas e lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica.

Recomendações importantes:
- Seguir Rotina de Controle de Infecção para acesso vascular para a manutenção da punção;
- Evitar punção venosa de membros inferiores em pacientes adultos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


154
- O local escolhido deve ser seguro, de fácil acesso, confortável ao paciente;
- O seguimento escolhido deve ser mais longo que a agulha;
- Evitar “tapinha” sobre o local a ser puncionado, pois permitem o rompimento da veia no momento da
punção;
- Não puncionar membros com fístula arteriovenosa para hemodiálise, paresia, paralisia ou membro
do mesmo lado em que foi feita uma mastectomia.

Venóclise
Administração endovenosa de regular quantidade de líquido através de gotejamento controlado, para
ser infundido num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmente para repor perdas de
líquidos do organismo e administrar medicamentos. As soluções mais utilizadas são a glicosada 5%,
fisiológica 0,9% e ringer simples.

Recomendações importantes:
- Atentar para a identificação, registrando no rótulo: o nome do paciente, a solução a ser injetada, os
medicamentos e seus complementos do soro, caso houver, tempo em que a solução deverá ser infundida,
número de gotas por minuto, início e término, data e assinatura;
- Estabelecer a punção venosa em local longe de articulações e de fácil acesso, para facilitar
manutenção da via e oferecer conforto ao paciente;
- Não puncionar veias esclerosadas (são veias com paredes espessas e endurecidas), devido a
deficiência circulatória;
- Realizar a punção com técnica asséptica, mantendo todo o conjunto de punção limpo, inclusive sua
fixação, prevenindo infecção;
- Manter as conexões do sistema bem adaptadas evitando extravasamento de solução, contaminação,
refluxo sanguíneo e entrada de ar;
- Manter a observação constante no local, a fim de detectar precocemente a infiltração nos tecidos
adjacentes;
- Retirar o dispositivo da punção e providenciar outra via de acesso venoso, na presença de sinais de
flebite (edema e hiperemia local). Comunicar o caso o(a) enfermeiro(a);
- Garantir a infusão do volume e dosagem dentro do tempo estabelecido. Para isto, deve-se controlar
constantemente o gotejamento, que não deve ser alterado em casos de atraso, para evitar a sobrecarga
cardíaca;
- Orientar aos pacientes que deambulam manterem o frasco elevado para promover gotejamento
contínuo, evitando refluxo, coagulação sanguínea e obstrução do cateter;
- Orientar o paciente não abrir ou fechar o gotejamento;
- Registrar no local da punção data, hora e assinatura do profissional responsável;
- Administração de medicações de horário pela “borrachinha” do equipo: fazer desinfecção do local
antes da introdução da agulha;
- Não injetar medicamentos perfurando o frasco de soro ou deixar agulhar tipo “suspiro” para evitar
contaminação do sistema;
- Evitar excesso de polifix ou tree-wall.

Outras Vias Parenterais


- Epidural;
- Intratecal;
- Intraóssea;
- Intraperitoneal;
- Intrapleural;
- Intra-arterial.

Cálculos para Gotejamento


Ex.: SG 5%, 500ml em 8horas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


155
Papel do Enfermeiro na Prescrição de Medicamentos na Atenção Primária à Saúde25

● Prescrever apenas medicamentos que estejam previamente definidos por protocolos;


● Avaliar, na consulta de enfermagem, se o paciente entendeu a receita prescrita pelo médico ou pelo
enfermeiro, esclarecendo possíveis dúvidas;
● Reforçar com o paciente, em uma linguagem simples, como tomar, quanto tomar e horários mais
adequados, armazenamento, manuseio e descarte das medicações;
● Sempre que perceber alguma dificuldade por parte do paciente, discutir o caso com os demais
membros da equipe para a adequação do tratamento;
● Utilizar as oportunidades de contato com o paciente para o trabalho de educação em saúde;
● Fomentar grupos de discussão e troca de experiência entre usuários de medicamentos contínuos.

Questões

01. (IF/PA – Técnico em Enfermagem – FUNRIO) O técnico de enfermagem precisa conhecer as


vias de administração de medicamentos para realizar uma técnica segura para evitar a ocorrência de
danos ao paciente. Assinale a opção correta no que se refere a administração de medicamentos.
(A) O volume máximo admitido na via intradérmica é de 0,5ml.
(B) Para administração de drogas por via intramuscular deve-se utilizar a agulha de calibre 13x4,5.
(C) A região vastolateral não é recomendada em adultos por possuir nervos importantes e muitos vasos
sanguíneos.
(D) A região dorsoglútea é escolha para administração de substâncias na via IM em bebês.
(E) Apesar da via subcutânea admitir pequenos volumes, é a via de escolha quando se necessita da
absorção rápida de medicamentos.

02. (UFRJ/RJ – Enfermeiro – UFRJ) O protocolo de segurança na prescrição, no uso e na


administração de medicamentos do Programa Nacional de Segurança do Paciente propõe a
implementação de práticas seguras quanto ao uso de medicamentos nos estabelecimentos de saúde. No
Brasil, muitos estudos demonstram a alta frequência de eventos adversos a medicamentos, sendo os
mais comuns relacionados a intoxicações, interações medicamentosas, falhas terapêuticas e erros de
medicação. A etapa de administração é a última barreira para se evitar um erro de medicação derivado
dos processos de prescrição e dispensação. Assinale a única alternativa que NÃO se refere ao preparo
e à administração segura de medicamentos.
(A) A retirada de estoques de bloqueadores neuromusculares e eletrólitos concentrados das unidades
de internação e a implementação da dupla checagem independente são recomendações para o manejo
seguro de medicamentos potencialmente perigosos.
(B) O enfermeiro deve utilizar, no mínimo, dois identificadores antes da realização do procedimento e
conferir se as informações contidas na pulseira do paciente correspondem à prescrição e à rotulagem do
medicamento.
(C) A administração de medicamento por ordem verbal deve ocorrer em caso de emergência; nesse
caso, utiliza-se o método de dupla checagem independente para administração e registra-se por escrito
a ordem verbal.
(D) As sobras de medicamentos não administrados devem ser mantidas na enfermaria para a
reposição do estoque de medicamentos e a utilização imediata nos casos de emergência, garantindo a
administração no horário correto.
(E) O enfermeiro deve informar ao paciente e à família sobre eventuais incidentes relacionados à
terapia medicamentosa, registrando-os em prontuário e notificando o ocorrido à gerência de riscos ou ao
núcleo de segurança do paciente.

03. (UFAL – Auxiliar de Enfermagem – UFAL) A administração de medicamentos é uma das


atribuições mais comuns de competência da equipe de enfermagem que requer conhecimento técnico e
científico. São consideradas vias de administração parenteral:
(A) retal, inalatória e tópica.
(B) intranasal, ocular e sublingual.
(C) oral, intradérmica e subcutânea.
(D) oral, intramuscular e intravenosa.
(E) intramuscular, intradérmica e endovenosa.

25
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Artmed, 2019.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


156
04. (UFMT – Técnico em Enfermagem – UFMT) Cada via de administração parenteral de
medicamentos se relaciona a um tipo de tecido no qual o medicamento será aplicado. Sobre as vias de
administração, é correto afirmar:
(A) A via subcutânea é ricamente suprida com sangue, sendo de absorção rápida.
(B) A via intramuscular fornece uma absorção mais rápida do medicamento que a subcutânea.
(C) Os locais de aplicação via intramuscular são as regiões vastolateral, ventroglútea, dorsoglútea e
escapular.
(D) A intradérmica é utilizada para testes cutâneos pela característica de a absorção ocorrer de forma
rápida.

05. (IF/PE – Técnico em Enfermagem – IF PE) Quanto às vias injetáveis de administração de


medicação, é CORRETO afirmar que
(A) a região abdominal é contraindicada para administração de medicação por via subcutânea.
(B) a via subcutânea é de absorção lenta, sendo utilizada para testes de sensibilidade e vacina.
(C) são locais para administrar por via intramuscular: vasto lateral da coxa, músculo glúteo e face
interna do antebraço.
(D) a veia basílica é indicada para punção venosa de longa duração e soluções oleosas.
(E) a aplicação intramuscular glútea é feita sempre no quadrante superior externo do glúteo.

06. (IF/BA – Técnico em Enfermagem – FUNRIO) Para administrarmos 1.000 ml de solução


fisiológica 0,9% em 12h, deve-se ajustar o gotejamento para quantas gotas por minuto?
(A) 7
(B) 14
(C) 28
(D) 16
(E) 21

Gabarito

01.A / 02.D / 03.E / 04.B / 05.E / 06.C

Comentários

01. Resposta: A
Via Intradérmica: é a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento,
porém incide na disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,5 ml.

02. Resposta: D
Faz parte das recomendações na segurança da administração de medicamentos devolver no final do
plantão os medicamentos não utilizados e em hipótese alguma acumular “sobras”;

03. Alternativa: E
Os medicamentos em via Parenterais são aqueles que o fármaco não passa pelo trato gastrointestinal.

04. Resposta: B
A via intramuscular possui ação sistêmica relativamente rápida já a via subcutânea é utilizada para
drogas que não necessitem de absorção imediata e sim quando se deseja uma absorção continua, por
isso a comparação está correta.

05. Resposta: E
Na via intramuscular quando há necessidade de administrar de 3 a 4 mL de medicamento, a região
dorsoglútea é a mais adequada, porém, em razão da presença do nervo isquiático, fundamental para a
motricidade dos membros inferiores, a região de inserção da agulha deve ser bem delimitada. É
recomendado dividir a região dorsoglútea em quatro quadrantes, delimitando o quadrante superior
externo com um triângulo ou subdividindo-a em quadrantes para possibilitar um adequado distanciamento
do nervo isquiático.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


157
06. Resposta: C
Volume: 1.000
Tempo: 12 horas
1.000 = 1.000 = 27,77
12 x3 36

6.3. Coleta de materiais para exames

COLETA DE MATERIAIS PARA EXAME DE LABORATÓRIO

Amostras Biológicas

São consideradas amostras biológicas de material humano para exames laboratoriais: sangue urina,
fezes, suor, lágrima, linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e lesão cutânea), escarro, esperma,
secreção vaginal, raspado de lesão epidérmico (esfregaço) mucoso oral, raspado de orofaringe, secreção
de mucosa nasal (esfregaço), conjuntiva tarsal superior (esfregaço), secreção mamilar (esfregaço),
secreção uretral (esfregaço), swab anal, raspados de bubão inguinal e anal/perianal, coleta por
escarificação de lesão seca/swab em lesão úmida e de pelos e de qualquer outro material humano
necessário para exame diagnóstico.
Atualmente a maioria dos procedimentos de coleta são realizados nas próprias Unidades Assistenciais
de Saúde da Rede Pública Municipal.

Laboratórios de Análises

São estabelecimentos destinados à coleta e ao processamento de material humano visando a


realização de exames e testes laboratoriais, que podem funcionar em sedes próprias independentes ou,
ainda, no interior ou anexadas a estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas
específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individualizados do ponto de vista físico e
funcional.

Procedimentos Técnicos Especiais


- A execução de procedimentos de coleta de material humano que exijam a prévia administração, por
via oral, de quaisquer substâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, "in loco", por
profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recursos humanos dos estabelecimentos;
- Os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de longa duração e que exijam
monitoramento durante os processos de execução, deverão ser supervisionados, "in loco", por
profissionais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos estabelecimentos;
- O Setor de Coleta deverá ter acesso aos equipamentos de emergência visando propiciar o
atendimento de eventuais intercorrências clínicas;
- O emprego de técnicas de sondagem é permitido, mediante indicação médica, e somente para casos
em que seja realmente necessária, a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amostras de
material dos usuários.

Coleta nas Unidades de Saúde: os procedimentos de coleta dos exames laboratoriais nos
ambulatórios são executados por profissionais médicos, assim como por profissionais de saúde
componentes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação clínica e epidemiológica, de
diagnose ou apoio diagnóstico, de avaliação pré-operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico.

Recursos Humanos:
O Setor de Coleta obrigatoriamente contará com pelo menos 01 (um) dos seguintes profissionais de
nível universitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou biólogo que tenha capacitação para
execução das atividades de coleta. Os profissionais de nível universitário do Posto de Coleta deverão
estar presentes, diariamente, no interior de suas dependências durante o período de funcionamento da
coleta destes estabelecimentos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


158
Os procedimentos de coleta de material humano poderão ser executados pelos seguintes profissionais
legalmente habilitados:
- De nível universitário: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, biólogos e químicos que
no curso de graduação, e/ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram
capacitação para execução das atividades de coleta;
- De nível técnico: técnicos de enfermagem, assim como técnicos de laboratório, técnicos em
patologia clínica e demais profissional legalmente habilitados que concluíram curso em nível de ensino
médio que no curso de graduação, e /ou em caráter extracurricular frequentaram disciplinas que lhes
conferiram capacitação para execução das atividades de coleta;
- De nível intermediário: auxiliares de enfermagem, assim como profissionais legalmente habilitados
que concluíram curso em nível de ensino de fundamental que no curso de graduação, e /ou em caráter
extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para a execução das atividades
de coleta.

Espaço Físico
Sala para coleta de material biológico: de uma forma geral, os estabelecimentos que são dotados
de um único ambiente de coleta deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de coleta para
esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros quadrados, ter pia para lavagem das mãos, mesa,
bancada, etc. para apoiar o material para coleta e o material coletado. O ambiente deve ter janelas, ser
arejado, com local para deitar ou sentar o usuário, as superfícies devem ser laváveis.

De acordo com a RDC 50/2002 ANVISA/MS, as dimensões físicas e capacidade instalada são as
seguintes:
- Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente de coleta, este deve ser do tipo sala,
com 3,6 metros quadrados;
- Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões para tal;
- Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de Coleta, obrigatoriamente, possuirão no
mínimo, 01 (um) lavatório localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta;
- Área para registro dos usuários;
- Sanitários para usuários;
- Número necessário de braçadeiras para realização de coletas = 1 para 15 coletas/hora;
- Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica em geral, deve-se utilizar material de fácil
lavagem, manutenção e sem frestas;
- Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quantidade suficiente e de forma organizada.

Biossegurança: entende-se como incorporação do princípio da biossegurança, a adoção de um


conjunto de medidas voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às
atividades de prestação de serviços, produção, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que
possam comprometer a saúde do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos.
Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamento de Proteção Coletiva – EPC, destinam-
se a proteger os profissionais durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco de contato
com sangue e fluidos corpóreos.
São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeáveis e sapatos fechados.
São EPC: caixas para material perfuro cortante, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc..
Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e outros EPI que devem ser removidos e
quando passiveis de esterilização, guardados em local apropriado antes de deixar a área de trabalho.
Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao trabalho em todas as atividades que possam
resultar em contato acidental direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas as luvas devem
ser descartadas.

Atenção:
- Observar a integridade do material; quando alterada solicitar substituição;
- Manter cabelos presos e unhas curtas;
- Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...);
- Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos.

Quando houver um acidente com material biológico envolvendo face, olhos e mucosas deve-se lavar
imediatamente todas as partes atingidas com água corrente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


159
Fases que Envolvem a Realização dos Exames

Unidades de saúde
Fase pré-analítica do exame na unidade de saúde:
- Requisição do exame;
- Orientação e preparo para a coleta;
- Coleta;
- Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência dos seus dados): nome, idade, sexo);
- Preparação da amostra;
- Acondicionamento;
- Transporte.

Laboratório
Fase pré-analítica do exame no laboratório:
- Recepção;
- Triagem;
- Preparação da Amostra.

Fase analítica do exame no laboratório:


- Análise da Amostra.

Fase pós-analítica do exame no laboratório:


- Conferência;
- Emissão e Remessa de Laudo.

Unidades de Saúde
Fase pós-analítica do exame na unidade de saúde:
- Recepção dos Resultados;
- Conferência;
- Arquivamento dos Laudos.

Orientações ao Usuário Quanto ao Preparo e Realização do Exame: é importante esclarecer com


instruções simples e definidas, as recomendações gerais para o preparo dos usuários para a coleta de
exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramento de resultados laboratoriais.

Importante informar e fornecer:


- Dias e horário de coleta da unidade;
- Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: jejum, dieta, abstinência sexual, atividade
física, medicamentos;
- Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá fornecer os frascos com identificação do
material a ser colhido;
- Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e anexá-la ao pedido de exame.

Fatores que Podem Influenciar nos Resultados

Jejum
- Para a maioria dos exames um determinado tempo de jejum é necessário e pode variar de acordo
com o exame solicitado devendo - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados nas unidades de
saúde sms”;
- Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que 12 horas para o adulto), pode levar às
alterações nos exames, além de ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com moderação. O
excesso interfere nos exames de urina.

Dieta: alguns exames requerem a uma dieta especial antes da coleta de amostra (ex.: pesquisa de
sangue oculto), caso contrário os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os resultados possam
refletir o estado do paciente no dia-a-dia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


160
Atividades Físicas: não se deve praticar exercícios antes dos exames, exceto quando prescrito. Eles
alteram os resultados de muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas e bioquímicas.
Por isso, recomenda-se repouso e o paciente deve ficar 15 minutos descansando antes da coleta.

Medicamentos: a Associação Americana de Química Clínica, além de alguns outros pesquisadores


brasileiros, mantém publicações completas em relação às interferências de medicamentos sobre os
exames. Por outro lado, alguns pacientes, não podem suspender as medicações devido a patologias
específicas.
O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, de suspensão temporária do medicamento. O
usuário nunca poderá interromper voluntariamente o uso de medicamentos. Informar sempre na
solicitação do exame ao laboratório todos os medicamentos que o usuário fez uso nos 10 dias que
antecederam a coleta.

Fumo: orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O tabagismo crônico altera vários exames
como: leucócitos no sangue, lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, vitaminas,
marcadores tumorais e metais pesados.

Bebida Alcoólica: recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas durante pelo menos 3 (três) dias antes
dos exames. O álcool, entre outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas, testes de
coagulação, lipídios e outros.

Data da menstruação ou tempo de gestação: devem ser informados na solicitação de exames ao


laboratório, pois, dependendo da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem variações fisiológicas
que alteram a concentração de várias substâncias no organismo, como os hormônios e algumas proteínas
séricas. Para a coleta de urina o ideal é realizá-la fora do período menstrual, mas se for urgente, a urina
poderá ser colhida, adotando-se dois cuidados: assepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal
para o sangue menstrual não se misturar à urina.

Relações Sexuais: para alguns exames como, por exemplo, espermograma e PSA, há necessidade
de determinados dias de abstinência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, recomenda-se 24
horas de abstinência sexual.

Ansiedade e Stress: o paciente deverá relaxar antes da realização do exame. O stress afeta não só
a secreção de hormônio adrenal como de outros componentes do nosso organismo. A ansiedade conduz
à distúrbios no equilíbrio acidobásico, aumenta o lactato sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres,
entre outras substâncias.

Observações Importantes:
- Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e 9 horas da manhã, pois a concentração
plasmática de várias substâncias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, os valores de
intervalos de referência, são normalmente obtidos entre estes horários. O ritmo biológico também pode
ser influenciado pelo ritmo individual, no que diz respeito à alimentação, exercícios e horas de sono;
- No monitoramento dos medicamentos considerar o pico antes a administração do medicamento e o
estágio da fase constante depois da próxima dose;
- Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento.

Nota: a coleta da amostra feita no momento errado é pior do que a não coleta!

Rotina do Setor de Coleta de Exames Laboratoriais

É importante a padronização de uma rotina para a coleta dos exames laboratoriais, devendo todos os
profissionais envolvidos no processo estar cientes da rotina estabelecida. Basicamente os funcionários
da coleta devem estar orientados para:
- Atender os usuários com cortesia;
- Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em ordem;
- Manter todos os materiais necessários para o atendimento de forma organizada;
- Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e usar sapato), atendendo às normas de
biossegurança;
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


161
Requisição de Exame

Existem impressos próprios (anexá-los) que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O
impresso deverá estar totalmente preenchido com letra legível:
- Nome da unidade solicitante;
- Nome do usuário;
- Nº prontuário;
- Idade: muitos valores de referência variam conforme a idade;
- Sexo: muitos valores de referência variam conforme o sexo;
- Indicação clínica;
- Medicamentos em uso;
- Data da última menstruação (DUM), quando for o caso;
- Assinatura e carimbo do solicitante;
- Nome do responsável pela coleta;

A informação é fundamental para garantir a qualidade do resultado laboratorial. Devem ser utilizadas
para fins de análise de consistência do resultado laboratorial, e, portanto, necessitam ser repassadas aos
responsáveis pelas fases analítica e pós-analítica.

Procedimento de Coleta

- Conferir o nome do usuário com a requisição do exame;


- Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta e medicação);
- Separar o material para a coleta conforme solicitação, quanto ao tipo de tubo e volume necessário;
- Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de forma organizada, em cada Box, no
momento da coleta;
- Preencher as etiquetas de identificação do material com nome, nº do registro. Com os tubos todos
identificados, proceder à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel ou anticoagulantes,
devem ser homogeneizados por inversão de 5 a 8 vezes). Sempre verificar a recomendação do fabricante
dos tubos;
- Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido e colocar a data da coleta.

Conferência das amostras colhidas: reservar os 15 minutos finais do período da coleta para verificar
se as amostras estão bem tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os pedidos com os
frascos. Realizar este procedimento sempre paramentado.

Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminhamento) em duas vias: relacionar na


planilha os nomes de todos os usuários atendidos, o nº do registro e os exames solicitados. Não esquecer
de preencher a data da coleta e o nome da unidade. Uma via é encaminhada ao laboratório
acompanhando o material, os pedidos e a outra via fica na unidade para controle do retorno dos resultados
e relatório estatístico.

Acondicionamento do Material nas Caixas de Transporte


- A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas para transporte para facilitar a higienização e
trocas;
- Um jogo de caixa de transporte = 1 cx. para transportar sangue e 1 cx. para transportar
fezes/urina/escarro;
- Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta e organizar as requisições também seguindo
o mesmo critério, para facilitar a conferência;
- Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com a tampa de rosca bem fechada;
- Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos potes de urina/fezes/escarro;
- Certificar-se de que o material não tombará durante o transporte (colocar calço ou fixar com fita
adesiva);
- Todas as solicitações de exames devem ser devidamente acondicionadas em envelope plástico com
a identificação da unidade e fixadas na parte externa da caixa;
- Realizar os procedimentos acima sempre paramentados.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


162
Acondicionamento e Transporte de Material Biológico
Garantir o acondicionamento, conservação e transporte do material até a recepção pelo laboratório
executor dos exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas em recipientes rígidos,
constituídos de materiais apropriados para tal finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e
impermeáveis para fechamento sob pressão.
O acondicionamento do material coletado deverá ser tecnicamente apropriado, segundo a natureza de
cada material a ser transportado, de forma a impedir a exposição dos profissionais da saúde, assim como
dos profissionais da frota que transportam o material.

- Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados para acondicionar tubos e frascos coletores
contendo amostras biológicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que permitam a fixação
em posição vertical, com a extremidade de fechamento (tampa) voltada para cima e que impeçam o
tombamento do material.
- Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondicionamento de lâminas dotadas internamente
de dispositivo de separação (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento (tampa ou fecho).
- Caixas Térmicas são recipientes de segurança para transporte, destinados à acomodação das
estantes e grades com tubos, frascos e tubetes contendo as amostras biológicas.

Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, resistentes e impermeáveis, revestidas
internamente com material lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções desinfetantes
devendo ainda ser, dotadas externamente de dispositivos de fechamento externo.
Como medida de segurança na parte externa das Caixas Térmicas para transporte, deverá ser fixado
o símbolo de material infectante e inscrito, com destaque, o título de identificação: Material Infectante. Na
parte externa da Caixa Térmica, também deverá ser inscrito o desenho de seta indicativa vertical
apontada para cima, de maneira a caracterizar a disposição vertical, com as extremidades de fechamento
voltadas para cima.
Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título de identificação e da frase de alerta, deverão
ser empregadas tecnologias ou recursos que possibilitem a higienização da parte externa destes
recipientes e garantam a legibilidade permanente das inscrições. É vedado, em qualquer hipótese,
transportar amostras de material humano, bem como recipientes contendo resíduos infectantes, no
compartimento dianteiro dos veículos automotores.

- É importante a perfeita sintonia entre remetente, transportadora e laboratório de destino, a fim de


garantir o transporte seguro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em boas condições;
- Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser comunicados ao remetente, a fim de que
providências possam ser tomadas, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos diferentes
contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formulário ao material biológico;
- Também não poderão ser transportados dentro da caixa térmica, devendo ser colocados em sacos,
pastas ou envelopes e fixados na parte superior externa da caixa;
- Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam os materiais, devem verificar se os frascos
coletores, tubos, demais recipientes, estão firmemente fechados.

Laudos Técnicos

Os resultados dos exames e testes realizados, obrigatoriamente, serão emitidos em impressos


próprios para Laudos Técnicos que deverão conter os seguintes registros:
- Identificação clara, precisa e completa dos usuários e estabelecimentos responsáveis pelas análises
clínico-laboratoriais;
- Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da emissão dos Laudos Técnicos e o nome
dos profissionais que os assinam e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos Regionais de
Exercício Profissional do Estado de São Paulo ou do Estado pertinente;
- Nomes do material biológico analisado, do exame realizado e do método utilizado;
- Valores de referência normais e respectivas unidades.

Intervalo/Valores de Referência
Define 95% dos valores limites obtidos de uma população definida.
- Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais e respectivas unidades;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


163
- Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsáveis Técnicos e/ou por profissionais
legalmente habilitados, de nível superior, pertencente aos quadros de recursos humanos destes
estabelecimentos;
- Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus representantes legais, se for o caso, e,
ainda, indiretamente, através dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso de Postos de
Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se equipamento de fax-modem e meios de comunicação
on line, quando autorizada por escrito pelos próprios usuários e/ou requerida pelos médicos ou cirurgiões-
dentistas solicitantes. No entanto, isto não eximirá os Responsáveis Técnicos pelos estabelecimentos de
garantir a guarda dos Laudos Técnicos originais;
- Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos deverão garantir a privacidade dos cidadãos,
através da implantação de medidas eficazes que confiram caráter confidencial a quaisquer resultados de
exames e testes laboratoriais.

Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autônomos e Unidades de Laboratórios


Clínicos que executem exames e testes microbiológicos e sorológicos informarão os resultados de
exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de notificação compulsória e de agravos à saúde,
em conformidade com as orientações específicas das autoridades sanitárias responsáveis pelo Sistema
de Vigilância.

Exames Laboratoriais

Coleta de Sangue em Crianças Maiores e Adultos


Posicionamento do braço: o braço do paciente deve ser posicionado em uma linha reta do ombro ao
punho, de maneira que as veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possível. O
cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada para cima.

Garroteamento: o garrote é utilizado durante a coleta de sangue para facilitar a localização das veias,
tornando-as proeminentes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao local da punção
(4 a 5 dedos ou 10cm acima do local de punção), sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido.
Para tal, basta verificar a pulsação do paciente.
Mesmo garroteado, o pulso deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço do
paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar o garrote logo após a venopunção, pois o
garroteamento prolongado pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio).

Seleção da região de punção: a regra básica para uma punção bem-sucedida é examinar
cuidadosamente o braço do paciente. As características individuais de cada um poderão ser reconhecidas
através de exame visual e/ou apalpação das veias.
Deve-se sempre que for realizar uma venopunção, escolher as veias do braço para a mão, pois neste
sentido encontram-se as veias de maior calibre e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos
nos quais o sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulatório, que é o coração.
As veias podem ser classificadas em: veias de grande, médio e pequeno calibre, e vênulas.
De acordo com a sua localização, as veias podem ser superficiais ou profundas.
As veias superficiais são subcutâneas e com frequência visível por transparência da pele, sendo mais
calibrosas nos membros. Devido à sua situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, são
nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue.

As veias mais usuais para a coleta de sangue são:


- Veia Cefálica;
- Veia mediana cubital;
- Veia mediana cefálica;
- Veia longitudinal (ou antebraquial);
- Veia mediana basílica;
- Veia do dorso da mão;
- Veia marginal da mão;
- Veia basílica.

Escolher uma região de punção envolve algumas considerações:


- Selecionar uma veia que é facilmente palpável;
- Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastectomia;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


164
- Não selecionar um local no braço onde o paciente foi submetido a uma infusão intravenosa;
- Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão;
- Não selecionar um local com múltiplas punções.

Tente isto, se tiver dificuldade em localizar uma veia:


- Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou menos cinco minutos sobre o local da
punção e em seguida garrotear;
- Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com o braço acomodado ao lado do corpo
e garrotear com o esfigmomanômetro (em P.A. média) por um minuto;
- Nunca aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principalmente em idosos, pois se forem portadores
de ateroma poderá haver deslocamentos das placas acarretando sérias consequências.

Técnica para Coleta de Sangue a Vácuo

Antes de iniciar uma venopunção, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso:
- Tubos necessários à coleta;
- Etiqueta para identificação do paciente;
- Luvas;
- Swabs ou mecha de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
- Gaze seca e estéril;
- Agulhas múltiplas;
- Adaptador para coleta a vácuo;
- Garrote;
- Bandagem, esparadrapo;
- Descartador de agulhas.

Após o material estar preparado, iniciar a venopunção:


- Verificar quais os exames a serem realizados;
- Lavar e secar as mãos;
- Calçar luvas;
- Fazer antissepsia do local da punção com movimento circular do centro para fora;
- Nunca toque o local da punção após antissepsia, exceto com luvas estéreis;
- Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja firme para assegurar que não solte
durante o uso. Remover a capa superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima;
- Colocar o garrote;
- O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da mão e seguro firmemente entre o
indicador e o polegar;
- No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das mãos esticar a pele do paciente firmando
a veia escolhida e com o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com precisão e rapidez
(movimento único);
- O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de coleta de 15º em relação ao braço do
paciente;
- Segurando firmemente o sistema agulha adaptador com uma das mãos, com a outra pegar o tubo de
coleta a ser utilizado e conectá-lo ao adaptador. Sempre que possível, a mão que estiver puncionando
deverá controlar o sistema, pois durante a coleta, a mudança de mão poderá provocar alteração indevida
na posição da agulha;
- Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com o polegar, até que a tampa tenha sido
penetrada. Sempre manter o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchimento;
- Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote deve ser retirado. Porém, se a veia for
muito fina o garrote poderá ser mantido;
- Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remova-o do adaptador trocando-o pelo
seguinte;
- Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um dos exames solicitados, sempre
seguindo a sequência correta de coleta;
- À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los gentilmente por inversão (5 a 8 vezes);

Nota: agitar vigorosamente pode causar espuma ou hemólise; não homogeneizar ou homogeneizar
insuficientemente os tubos de Sorologia pode resultar em uma demora na coagulação; Nos tubos com

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


165
anticoagulante, homogeneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou micro
coágulos.

- Tão logo termine a coleta do último tubo retirar à agulha;


- Com uma mecha de algodão exercer pressão sobre o local da punção, sem dobrar o braço, até parar
de sangrar;
- Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem;
- A agulha deve ser descartada em recipiente próprio para materiais infecto contaminantes.

Coleta de Sangue Infantil

Sala de espera: a sala de espera é um local próprio para que o paciente repouse, mantendo sua
fisiologia estável, enquanto aguarda ser chamado para o procedimento de coleta. Por essa razão, é
conveniente que a criança tenha um ambiente próprio de espera, ou seja, sala de espera infantil. Um
ambiente agradável com algum tipo de entretenimento (televisão, revistas, brinquedos) pode ser
providenciado, quando possível, de forma que a criança desvie a atenção da situação que a levou até lá.

Coleta em criança
A coleta de sangue em criança e neonato é frequentemente problemática e difícil, para o coletador,
acompanhante e criança.
No momento em que a criança é convocada para o procedimento de coleta, deve-se orientar o
acompanhante das situações que podem ocorrer:
- A criança pode se debater e ter que ser contida;
- A maioria das crianças choram muito;
- Em casos de crianças rebeldes e/ou de veias difíceis, há probabilidade de se ter que fazer mais de
uma punção;
- Probabilidade do retorno para uma segunda coleta por necessidade técnica ou diagnóstica.

A criança deve ser preparada psicologicamente para a coleta, cabendo ao coletador conseguir a
confiança da criança. Isto pode ser obtido observando o comportamento da criança na sala de espera,
verificando se ela traz algum brinquedo ou livro de estórias, e qual o nível de relacionamento com o
acompanhante. Caso a criança traga algum brinquedo, este deve ser mantido com ela sempre que
possível, mas sem que haja comprometimento da coleta. Sempre que possível evitar que a criança assista
à punção.

O posicionamento de coleta para crianças maiores do que um ano dependerá muito do nível de
entendimento que elas possam ter. Como regra básica sugere-se:
- Neonatos e bebês devem ser colocados deitados em maca própria, solicitando a ajuda de outro
profissional para garantir que a coleta aconteça sem dificuldades. Não é aconselhável que o
acompanhante participe da coleta, pois o mesmo está envolvido psicologicamente com a criança. O
auxiliar deve posicionar-se na cabeceira da maca no mesmo lado que o coletador, ficando um de frente
para o outro. Com uma das mãos conter o braço da criança segurando-a próximo ao pulso e com a outro
próximo ao garrote, apoiando o antebraço no peito ou ombro da criança. O coletador de frente para o
auxiliar faz a venopunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção em adultos;
- Crianças maiores, de forma geral, colaboram para que possa fazer uma venopunção sentada.
Existem duas maneiras confortáveis de se posicionar uma criança:

Uma delas é colocar a criança de lado, no colo do acompanhante, ficando de lado para o coletador.
Um dos braços da criança ficará abraçando o acompanhante e o outro posicionado para o coletador.
Dessa forma, o acompanhante desviará a atenção da criança para si segurando o rosto da mesma com
uma das mãos.
O auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das mãos segurará o braço da criança
próximo ao garrote e com a outra mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a
venopunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção em adultos;
A outra, é colocar a criança no colo do acompanhante, de frente para ele com as pernas abertas e
entrelaçadas a seu corpo, na altura da cintura. O acompanhante estará abraçado a criança e de costas
ou de lado para o coletador.
O braço da criança ficará estendido na direção do coletador sob o braço do acompanhante. O auxiliar
ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das mãos segurará o braço da criança próximo ao

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


166
garrote e com a outra mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a venopunção
seguindo os mesmos passos utilizados para a punção em adulto

Cuidados Básicos com o Paciente após a Coleta

- Pacientes idosos ou em uso de anticoagulantes, devem manter pressão sobre o local de punção por
cerca de 3 minutos ou até parar o sangramento;
- Orientar para não carregar peso imediatamente após a coleta;
- Observar se não está usando relógio, pulseira ou mesmo vestimenta que possa estar garroteando o
braço puncionado;
- Orientar para não massagear o local da punção enquanto pressiona o local;
- A compressão do local de punção é de responsabilidade do coletor. Se não puder executá-lo, deverá
estar atento à maneira do paciente fazê-lo.

Dificuldades na Coleta
Algumas dificuldades podem surgir pela inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo a mais
frequente a falta de fluxo sanguíneo para dentro do tubo.

Possíveis causas:
- A punção foi muito profunda e transfixou a veia. Solução: retrair a agulha;
- A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso. Solução: apalpar a veia, localizar
sua trajetória e corrigir o posicionamento da agulha, aprofundando-a;
- Aderência do bisel na parede interna da veia. Solução: desconectar o tubo, girar suavemente o
adaptador, liberando o bisel e reiniciar a coleta;
- Colabamento da veia. Solução: diminuir a pressão do garrote.

Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, dificultando-a:


- Agulha de calibre incompatível com a veia;
- Estase venosa devido a garroteamento prolongado;
- Bisel voltado para baixo.

Microcoleta de Sangue Capilar e Venoso para Neonatos e Bebês

A microcoleta é um processo de escolha para obtenção de sangue venoso ou periférico, especialmente


em pacientes pediátricos, quando o volume a ser coletado é menor que o obtido através de tubos a vácuo
convencionais. O sangue obtido de punção capilar é composto por uma mistura de sangue de arteríola e
vênulas além de fluidos intercelular e intersticial.
O sangue capilar pode ser assim obtido: punção digital - através de perfuração com lanceta na face
palmar interna da falange distal do dedo médio.
Punção de calcanhar - através de perfuração com lanceta na face lateral plantar do calcanhar. Há uma
relação linear entre o volume de sangue coletado e a profundidade da perfuração no local da punção.
Portanto, a lanceta, deverá ser selecionada de acordo com o local a ser puncionado e a quantidade de
sangue necessária.
Em neonatos e bebês, a profundidade da incisão é crítica, não devendo ultrapassar 2.4 mm. Caso
contrário, haverá a possibilidade de causar sérias lesões no osso calcâneo e falange. Isto pode ser evitado
usando lancetas de aproximadamente 2 - 2.25mm. de profundidade, com disparo semiautomático com
dispositivo de segurança;

Utilização do Método Microcoleta


A coleta de sangue em bebês e neonatos é frequentemente problemática e difícil, necessitando um
profissional experiente e capacitado. O sistema de microcoleta facilita muito o trabalho, contribuindo para
que a coleta possa ser mais fácil, segura e eficiente. Dessa forma é possível coletar sangue capilar e
venoso. Desde que o método tradicional para a coleta de sangue a vácuo não seja possível em neonatos
e bebês deve-se recorrer ao sistema de microcoleta.

A microcoleta pode ser realizada de várias formas:


- Amostra capilar com microtubos e funil;
- Amostra capilar com microtubos e tubo capilar;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


167
- Amostra venosa com escalpe (butterfly);
- Amostra venosa com cânula-Luer.

A Técnica para Microcoleta de Sangue Capilar


Antes de iniciar uma microcoleta, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso:
- Microtubos necessários à coleta;
- Etiquetas para identificação do paciente;
- Luvas;
- Swabs de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
- Gaze seca e estéril;
- Lancetas;
- Bandagem, esparadrapo;
- Descartador de material perfuro cortante.

Antes de iniciar a punção:


- Acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte;
- Manter o microtubo conectado ao tubo carregador numa estante de sustentação;
- Introduzir o funil ou tubo capilar através da tampa de borracha.

Após o material estar preparado, iniciar a punção:


- Verificar quais os exames a serem realizados;
- Aquecer a falange distal ou o calcanhar a ser puncionado usando uma bolsa de água-quente ou
friccionando o local da punção para estimular a vascularização;
- Lavar e secar as mãos;
- Calçar luvas;
- Fazer antissepsia do local com algodão embebido em álcool etílico a 70%;
- Secar o local da punção com uma gaze estéril;
- Selecionar a lanceta;
- Segurar firmemente o neonato ou bebê, para evitar movimentos imprevistos.

Punção digital: posicionar o dedo e introduzir a lanceta de forma perpendicular na face lateral interna
da falange.

Punção no calcanhar: posicionar o calcanhar entre o polegar e o indicador e introduzir a lanceta de


forma perpendicular na face lateral interna ou externa do calcanhar, evitando a região central. A punção
deve ser feita perpendicularmente à superfície da pele e não de outra forma, pois poderá causar
inflamações.

- Desprezar a primeira gota, por conter maior quantidade de fluidos celulares do que sangue. Colher a
amostra a partir da segunda gota. Nem sempre os neonatos sangram imediatamente; se a gota de sangue
não fluir livremente, efetuar uma massagem leve para se obter uma gota bem redonda (esta massagem
no local da punção não deve ser firme e nem causar pressão, pois pode ocorrer contaminação);
- As gotas de sangue são captadas pelo funil ou tubo-capilar;
- Quando o microtubo estiver com o seu volume completo, troque-o pelo subsequente, na sequência
correta de coleta. Atenção: ao coletar amostras com capilar, o tubo de EDTA sempre deve ser o primeiro
e em seguida o de sorologia (Esta sequência é oposta ao da coleta tradicional para sangue venoso, mas
minimiza o efeito de influência da coagulação nos resultados de análise);
- Após a coleta do último microtubo, o funil ou tubo-capilar deve ser removido e descartado. Agora o
microtubo pode ser gentilmente homogeneizado. Nota: Agitar vigorosamente pode causar espuma e
hemólise. Nos microtubos com anticoagulante, homogeneização inadequada pode resultar em agregação
plaquetária e/ou micro coágulos;
- Após a coleta, pressionar o local da punção com gaze seca estéril até parar o sangramento;
- Descartar todo o material utilizado na coleta nos descartadores apropriados.

Técnica para Microcoleta de Sangue Venoso


Os locais de punção em bebês e neonatos, geralmente são as veias na cabeça, dorso das mãos e dos
pés, e do braço. A área escolhida para ser puncionada deve ser mantida imobilizada onde a visualização
da veia pode ser melhorada aplicando um garroteamento por poucos segundos e/ou aquecendo ou
friccionando a área.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


168
- Antes de iniciar a punção: acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte. Introduzir o funil
através da tampa de borracha;
- Puncionar a veia utilizando um butterfly ou cânula luer;
- Deixar que o sangue goteje para dentro do microtubo até completar o volume;
- Remova a cânula ou butterfly, retire o funil e descarte todo o material utilizado na coleta no
descartador apropriado;
- Inverter os microtubos de 4-6 vezes, para uma homogeneização perfeita.

Como Coletar Urina (amostra ocasional)

Procedimento Básico:
Utilizar o kit fornecido pelo laboratório gratuitamente com instruções específicas.
- Fazer uma higiene íntima rigorosa em sua casa, usando sabonete e água; enxaguar bem com água
abundante e secar bem com uma toalha limpa;
- Coletar a primeira urina da manhã ou 2 horas após a última micção;
- Desprezar o primeiro jato da urina no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, mais
ou menos (até a metade do copo) desprezando o restante da micção no vaso sanitário;
- Imediatamente, passar a urina do copo para o tubo, até preencher totalmente, fechar e muito bem e
identificar com seu nome completo e ou etiquetar com etiqueta própria do laboratório.

Cuidados para realizar a coleta de Urina: jejum não é necessário. Retenção Urinária: pode ser a
primeira da manhã ou o tempo mínimo de 2 horas de retenção. Evite a ingestão excessiva de líquidos.
Para crianças muito pequenas: usar coletor infantil fornecido pelo laboratório coleta realizada de acordo
com o laboratório.

Tipos de exames de Urina: exame de Urina tipo I de material enviado (o procedimento básico de
urina deverá ser realizado no laboratório de acordo com a solicitação médica). Realizar o procedimento
básico de coleta em sua própria residência. Encaminhar ao laboratório até 2 horas após a coleta. Exame
de Urina tipo I com assepsia- Cultura de Urina. O procedimento básico de coleta de Urina deverá ser
realizado no laboratório, de acordo com a solicitação médica.

Crianças muito pequenas: a coleta pode ser realizada no laboratório, onde haverá troca de coletores
e assepsia a cada 30 minutos, realizada pela Equipe. Ou pode trazer a Urina colhida em casa, em
coletores fornecidos pelos laboratórios. Mas deve-se fazer uma higiene intima rigorosa na criança, antes
de colocar o coletor.

Como Coletar Fezes

Procedimento básico:
- Utilizar o kit fornecido pelo laboratório com instruções específicas;
- Colher fezes em recipiente limpo de boca larga, tomando cuidado de não contaminar as fezes com a
urina ou água do vaso sanitário. Usando uma pazinha, colher uma porção de fezes do tamanho de uma
noz e colocar no frasco coletor. Se for observado presença de muco ou sangue, colher também está
porção "feia" das fezes, sendo muito importante para análise. Tampar bem o frasco e identificar com seu
nome completo e encaminhar ao laboratório.

Tipos de Exames de Fezes


Exame parasitológico simples: pode ser colhida em qualquer horário do dia. Enviar ao laboratório
em até 2 horas após a coleta, se em temperatura ambiente, caso não seja possível, conservá-la em
geladeira no máximo 14 horas até a entrega ao laboratório.

Exame parasitológico com conservante: paciente irá receber um kit contendo 3 frascos coletores (2
com líquido conservante e 1 sem conservante ou 3 com líquido conservante). Seguir o procedimento
básico de coleta de fezes, porém a coleta deverá ser realizada em dias alternados, pelo menos 1 dia de
intervalo entre as coletas. Coletar uma amostra em cada frasco, fechar e agitar para dissolver as fezes
no líquido. Conservar em geladeira a medida em que forem sendo coletadas. A última amostra deve ser
colocada no frasco sem conservante. Tampar bem, identificar com nome completo e encaminhar ao
laboratório. Encaminhar ao laboratório em até 2 horas após a última coleta, se em temperatura ambiente,
ou no máximo 14 horas se refrigerada.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


169
Exame parasitológico seriado: você vai receber 3 frascos coletores sem conservante. Seguir o
procedimento básico de coleta de fezes. Colher as fezes em dias alternados. A cada coleta encaminhar
a amostra ao laboratório em até 2 horas em temperatura ambiente ou no máximo 14 horas se refrigerada.

Cultura de Fezes: seguir o procedimento básico de coleta de fezes. Após a coleta, encaminhar ao
laboratório em até 3 horas, se em temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada. Caso esteja
usando antibióticos, esperar 7 dias após o término do medicamento para colher as fezes. Caso seja
necessário o uso de laxantes, são permitidos apenas os à base de sulfato de magnésio. Consulte seu
médico.

Crianças muito pequenas: não utilizar as fezes da fralda quando estiverem diarreicas ou líquidas,
solicitar coletores infantis fornecidos. No caso de fezes consistentes, encaminhar condicionalmente para
o responsável do setor analisar se a quantidade é suficiente. Encaminhar ao laboratório em até 3 horas
se em temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada.

Coleta para pesquisa de sangue oculto:


Fazer dieta prévia de 3 dias e no dia da coleta do material;
Dieta deve ser com exclusão de: Carne (vermelha e branca); Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor,
brócolis e beterraba); Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico e milho); Azeitona,
amendoim, nozes, avelã e castanha;
Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (Aspirina, anti-inflamatórios, corticoides...). Se
utilizar, informar ao Laboratório no momento da entrega do material; evitar sangramento gengival (com
escova de dente, palito...). Se ocorrer, informar ao Laboratório no momento da entrega do material. Manter
refrigerado por no máximo 14 horas.
Os exames complementares fornecem informações necessárias para a realização do diagnóstico de
uma determinada alteração ou doença. Vale ressaltar que a realização ou solicitação de um exame
complementar devem ser direcionar levando-se em consideração os dados obtidos através da anamnese
e exame físico, sabendo exatamente o que pretende-se obter e conhecendo corretamente o valor e
limitações do exame solicitado.

Instruções Para Coleta de Escarro

A amostra de escarro deve ser coletada, sempre que possível, antes do início do tratamento
(principalmente antibióticos).
O escarro ideal é obtido após tosse profunda, é aquele que vem do “fundo do peito”.
A amostra colhida pela manhã, ao acordar, é a mais concentrada e, portanto, a adequada para o
exame.
Deve-se ingerir bastante líquidos desde a noite anterior. A boa hidratação facilita a coleta.
Inalar vapor úmido, antes da coleta, pode ser útil (por ex., inalando o vapor do banho).
Caso não esteja eliminando escarro no dia da coleta, é preferível não efetuar a coleta. Não colha saliva
em lugar ou junto do escarro. Evite, também, colher secreção do nariz.
Caso o médico tenha solicitado mais de uma amostra, é preferível colher cada uma em um dia diferente

Passo A Passo Para A Coleta Do Escarro:


Antes de colher, escove os dentes e enxágue a boca com bastante água, para reduzir a contaminação
com a flora bucal. Não use pasta de dentes, nem enxágues com flúor (tipo listerine).
O escarro deve ser colhido em frasco estéril, fornecido pelo Laboratório. Abra o frasco, tirando a tampa
e colocando-a virada para cima.
Tussa profundamente e colete o escarro diretamente dentro do frasco. Não toque o frasco ou a tampa
por dentro. Procure não contaminar o lado de fora do recipiente com escarro.
Tampe bem o frasco, imediatamente após a coleta. Identifique o frasco, pelo lado de fora, com o seu
nome e data e hora da coleta.
Encaminhe o material coletado o mais rapidamente possível ao Laboratório.

Exames Laboratoriais

Exames Hematológicos
A maioria das doenças hematológicas determina o aparecimento de significativas manifestações
bucais. Muitas vezes estas são as primeiras manifestações clínicas da doença fazendo com que, em

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


170
muitas ocasiões, o dentista seja o primeiro profissional a suspeitar ou mesmo diagnosticar graves doenças
sistêmicas de natureza hematológica.
Na anamnese, o dentista deve interrogar sobre a ocorrência de hemorragias, analisando fatores
importantes como: local, duração e a gravidade da perda de sangue, causa aparente de hemorragia,
aparecimento de hematoma e os antecedentes familiares de hemorragia. Ao suspeitar de condição
hemorrágica, o profissional deverá solicitar os exames adequados. Caso os exames revelem alterações
de normalidade, o paciente deve ser encaminhado ao hematologista para que o tratamento seja efetuado.
A nível odontológico, a verificação do tempo de coagulação (TC), tempo de sangramento (TS) e
realização do teste de fragilidade capilar (FC), são exames simples, realizáveis no próprio consultório, de
fácil interpretação e suficientes para verificar a presença de alterações significativas na hemostasia.
O hemograma é uma bateria de exames complementares. Consiste na contagem de glóbulos
vermelhos e brancos, dosagem de hemoglobina, determinação do valor globular médio, contagem
específica de leucócitos e, eventualmente, na contagem de plaquetas.
O hemograma está indicado nos processos infecciosos agudos, nos infecciosos supurativos ou não,
nos alérgicos específicos, nas moléstias leucopênicas e nas moléstias próprias do aparelho
hematopoiético. A interferência na série vermelha é pequena nestes processos. Entretanto, o hemograma
fornece informações precisas nos estados anêmicos, evidenciando o número, forma, tamanho e
coloração das hemácias, proporcionando melhor identificação das anemias.

Exame de Urina
A urina é o resultado da filtração de plasma pelo glomérulo e dos processos de reabsorção e excreção
exercidos pelos túbulos renais. O exame de urina é outro componente laboratorial valioso na rotina do
complexo pré-operatório. É um dos demonstradores das numerosas manifestações de doenças
sistêmicas. Os elementos de maior importância no exame de urina e que devem ser analisados são:
densidade, volume, cor, aspecto, pH, glicosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile.

Outros Exames
O dentista pode ainda solicitar outros tipos de exames laboratoriais como: reação do Machado-
Guerreiro, na doença de Chagas; reação de Montenegro, que é uma prova intradérmica, para diagnóstico
de Leishmaniose brasiliense; reação de Sabin e Feldman, na toxoplasmose; reação de Mantoux, na
tuberculose; reação de Mitsuda na hanseníase (lepra).
Além dos anteriormente mencionados, podem ter aplicação na clínica odontológica a taxa de glicemia
e exames sorológicos para lues. São bem conhecidos os problemas que podem aparecer no tratamento
odontológico de um paciente diabético. O dentista deve estar sempre atento, a fim de detectar sinais e
sintomas que possam sugerir a presença de tal afecção.
A dificuldade de cicatrização, hálito cetônico, xerostomia, história de poliúria e sede excessiva são
dados que indicam a requisição da determinação da taxa de glicemia. Se esta apresentar alta dosagem,
estará confirmada a hipótese clínica de diabetes e o paciente deve ser encaminhado ao médico para
tratamento.
A presença de úlceras e placas na mucosa bucal, o clínico deve pensar na possibilidade de etiologia
luética e requisitar, quando julgar necessário, os exames complementares específicos que irão ou não
confirmar tal suspeita.

Citologia Esfoliativa
É um método laboratorial que consiste basicamente na análise de células que descamam
fisiologicamente da superfície. Não é um método recente e sua utilização é anterior à metade do século
XIX. Deve-se a Papanicolau & Traut, em 1943, com a apresentação e valorização dos achados citológicos
em colpocitologia, a aceitação universal do método no diagnóstico do câncer da genitália feminina. Em
1951, Muller e col. utilizaram a citologia na mucosa bucal. Folson e col., em 1972, justificaram bem a
razão do método útil e válido:
- Sob condições normais, existe uma forte aderência entre as camadas mais profundas do epitélio, o
que dificulta a sua remoção;
- Nas lesões malignas e em alguns processos benignos, essa aderência ou coesão celular é bastante
frágil, o que permite facilmente sua remoção;
- Nos processos malignos, as células apresentam alterações características especiais que as
diferenciam das células normais, tais como: núcleos irregulares e grandes, bordas nucleares irregulares
e proeminentes, hipercromatismo celular, perda da relação núcleo- citoplasma, nucléolos proeminentes
e múltiplos, discrepância de maturação em conjunto de células, mitoses anormais e pleomorfismo celular;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


171
- Cerca de 90% dos tumores malignos de boca são de origem epitelial, o que vem favorecer o uso de
citologia esfoliativa.

A fidelidade da citologia esfoliativa na detecção do câncer bucal foi demonstrada em diversos


trabalhos. Entre eles, ressalta o resultado de um estudo citológico e histopatológico realizado com
118.194 indivíduos no programa “Oral Exfoliative Cytology Veteranis Administration Cooperative Study,
Washington, D.C.” publicados por Sandler em 1963. Em 592 lesões encontradas na amostra, os
resultados citológicos e histopatológicos foram semelhantes em 577 casos, o que conferiu à citologia uma
fidelidade de 97%.
Valor de citologia esfoliativa no diagnóstico de lesões benignas de boca, é revelado por sua aplicação
na confirmação de diagnóstico de outras entidades como pênfigos, herpes, paracoccidioidomicose,
candidose, lesões císticas por aspiração do conteúdo líquido e esfregaço do material obtido.

Vantagens
- Método simples e praticado sem anestesia;
- Rápida execução;
- Não leva paciente ao estado de ansiedade provocado, às vezes pela biópsia;
- Barato.

Limitações
- Evidencia apenas lesões superficiais;
- O diagnóstico geralmente não é fundamentado num resultado positivo para malignidade, pois neste
caso a biópsia será indispensável para confirmação definitiva;
- Em caso de malignidade sempre indica a necessidade de uma biópsia, e em caso de resultado
negativo pode permanecer a dúvida.

Indicações
- Infecções fúngicas (candidose, paracoccidioidomicose);
- Doenças autoimunes (pênfigo);
- Infecções virais (herpes primário, herpes recorrente).

Contraindicações
- Lesões profundas cobertas por mucosa normal;
- Lesões com necrose superficial;
- Lesões ceratóticas.

Procedimento
O exame fundamenta-se na raspagem das células superficiais de uma determinada lesão, confecção
do esfregaço sobre a lâmina de vidro, fixação, coloração e exame microscópico. O resultado da citologia
esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classificação de esfregaço apresentado por Papanicolau
& Traut e modificado por Folson e col.
Classe 0 - material inadequado ou insuficiente para exame.
Classe I - células normais.
Classe II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade.
Classe III - células sugestivas, mas não conclusivas de malignidade.
Classe IV - células fortemente sugestivas de malignidade.
Classe V - células indicando malignidade.

Sempre que o resultado estiver enquadrado nas classes III, IV e V se faz necessária a biópsia para
confirmar resultado. Atualmente os patologistas preferem descrever a alteração, isto é, presença ou
ausência de células malignas.
A citologia esfoliativa da mucosa bucal não teve um desenvolvimento acentuado, talvez em
decorrência do número de resultados falsos negativos que podem ocorrer, principalmente pela
deficiência, na coleta do material e de citopatologistas experientes.
Considera-se que a citologia esfoliativa não é um método que propicie o diagnóstico definitivo de uma
lesão, mas, é de grande valia para orientação diagnóstica, o que equivale a afirmar que deve ser feita,
mas nunca em detrimento da análise histopatológica.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


172
Biópsia
É um procedimento cirúrgico simples, rápido e seguro, em que parte da lesão ou toda a lesão de tecido
mole ou ósseo é removida, para estudo de suas características microscópicas. A biópsia permite fazer
uma correlação entre os achados clínicos e histopatológicos determinando, na grande maioria dos casos,
o diagnóstico definitivo.

Indicações
- Toda lesão cuja história e características clínicas não permitam elaboração do diagnóstico e que não
apresente evidência de cura dentro de um período não superior a duas semanas;
- Em tecidos retirados cirurgicamente, quando ainda não se tem um diagnóstico prévio;
- Lesões intraósseas que não possam ser positivamente identificadas através de exames de imagem.

Contraindicações
- Tumores encapsulados (para não provocar difusão para tecidos vizinhos). Ex.: Adenoma pleomórfico
em glândula parótida;
- Em lesões angiomatosas (Ex. hemangioma), a indicação de biópsia deve ser criteriosa e quando
realizada deve seguir normas de segurança evitando complicações, principalmente hemorragia.
A realização de biópsia em lesões pigmentadas da mucosa oral não necessita de margem de
segurança. Atualmente sabe-se que uma lesão pigmentada que foi biopsiada e diagnosticada como
melanoma não tem seu prognóstico alterado por ter sido biopsiada previamente à cirurgia.
Não biopsiar áreas de necrose porque não há detalhes celulares.

Tipos de Biópsia
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada em caso de lesões extensas ou de
localização de difícil acesso.
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em lesões pequenas e de fácil acesso.
A amostra deve ser enviada ao laboratório para exame histopatológico sempre acompanhada de um
relatório onde são discriminados os seguintes dados: data da biópsia, nome, idade e sexo do paciente,
nome do operador, local da biópsia, descrição breve dos aspectos clínicos da lesão e hipóteses
diagnósticas. Em caso de biópsia óssea enviar radiografia.

Sequência de biópsia:
- Infiltração da solução anestésica na periferia da lesão ou usar-se de anestesia regional;
- Incisão do tecido a ser biopsiado (bisturi ou punch);
- Preensão da peça com pinça “dente de rato”;
- Corte ou remoção da peça com tesoura ou mesmo bisturi;
- Colocação do tecido removido em vidro com formol 10%;
- Sutura da região quando necessário;
- Relatório do espécime e envio ao laboratório.

Principais causas de erros e falhas das biópsias:


- Falta de representatividade do material colhido;
- Manipulação inadequada da peça;
- Fixação inadequada;
- Introdução de anestésico sobre a lesão;
- Uso de substâncias antissépticas corantes;
- Informações deficientes;
- Troca de material pelo clínico ou pelo laboratório.

Biópsia Aspirativa com Agulha Fina


É um método utilizado para análise citológica de material obtido através da aspiração por agulha fina.
Exige preparação para a realização do procedimento e principalmente para a interpretação do material
colhido. A coleta do material é realizada a nível ambulatorial dispensando a internação do paciente, com
o mínimo de desconforto e sem a necessidade de anestesia em lesões superficiais.
Em lesões profundas pode ser realizada anestesia somente na área onde a agulha será introduzida.
A principal indicação é para diferenciar tumores benignos de malignos. No entanto, em várias situações
o diagnóstico final pode ser estabelecido.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


173
De acordo com estudos estatísticos, a punção é concordante com o diagnóstico final em 85 a 100%
das histologias, sendo utilizada em alguns casos como único recurso diagnóstico para planejamento do
tratamento.
A punção pode ser utilizada em praticamente todas as regiões do corpo. Entretanto, tem maior
indicação em locais de difícil acesso, onde a biópsia convencional provocaria maior dificuldade para
realização. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que mais são investigados pela técnica da
punção aspirativa, pois frequentemente apresentam tumorações com aumento de volume. Na região de
cabeça e pescoço, além da tireoide, é utilizada principalmente em massas cervicais e glândulas salivares
maiores.
Em algumas situações, lesões pequenas não palpáveis, são observadas apenas através de exames
de imagem como ultrassonografia, mamografia e tomografia computadorizada. Nestes casos, a biópsia
aspirativa dirigida por ultrassom ou tomografia é muito importante. Nos órgãos internos como pulmão,
fígado e próstata, a punção também pode ser guiada por exames de imagem, principalmente a
ultrassonografia e tomografia computadorizada.
Para a realização do exame utiliza-se o cito-aspirador, que é um aparelho onde acopla- se uma seringa
de l0ml com uma agulha de 2,0cm, calibre 24. Após a fixação do nódulo a agulha é introduzida e
movimentada rapidamente com pressão negativa. O material aspirado é colocado em laminas de vidro
que posteriormente serão examinadas.
O exame praticamente não provoca nenhum dano tecidual importante e as complicações são raras,
limitando-se a pequenos hematomas e discreta dor local que cessa em geral em algumas horas. Nos
casos de biópsia de lesões profundas em órgãos como fígado, pâncreas, pulmões, onde se utiliza agulha
mais longa e mais calibrosa, torna-se necessária observação médica e repouso.

Questões

01. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que mais são investigados pela técnica da
punção aspirativa.
( ) Certo ( ) Errado

02. Em relação aos tipos de biópsias, analise a afirmativa.


Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada em lesões pequenas e de fácil
acesso.
( ) Certo ( ) Errado

03. Citologia Esfoliativa: É realizado durante o ato cirúrgico quando houver a necessidade de se
definir a natureza da lesão (benigna ou maligna) ou para avaliar se as margens de ressecção cirúrgica
estão livres ou comprometidas pela neoplasia.

04. Caso não esteja eliminando escarro no dia da coleta, é preferível colher saliva no lugar
( ) Certo ( ) Errado

05. Em relação à coleta de urina para amostra ocasional, é correto afirmar que:
“Coletar a primeira urina da manhã ou 2 horas após a última micção.- Desprezar o primeiro jato da
urina no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, mais ou menos ( até a metade do
copo) desprezando o restante da micção no vaso sanitário”.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.Certo / 02.Errado / 03.Errado / 04.Errado / 05.Certo

Comentários

01. Resposta: Certo


Pois frequentemente apresentam tumorações com aumento de volume. Na região de cabeça e
pescoço, além da tireoide, é utilizada principalmente em massas cervicais e glândulas salivares maiores.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


174
02. Resposta: Errado
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada em caso de lesões extensas ou de
localização de difícil acesso.
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em lesões pequenas e de fácil acesso.

03. Resposta: Errado


Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial que consiste basicamente na análise de células que
descamam fisiologicamente da superfície.

04. Resposta: Errado


Caso não esteja eliminando escarro no dia da coleta, é preferível não efetuar a coleta. Não colha saliva
em lugar ou junto do escarro.

05. Resposta: Certo


As orientações estão corretas em relação a coleta de urina ocasional sempre coletar a primeira urina
da manhã ou 2 horas após a última micção, desprezar o primeiro jato da urina no vaso sanitário, coletar
no copo descartável o jato do meio, mais ou menos (até a metade do copo) desprezando o restante da
micção no vaso sanitário.

7. Enfermagem nas situações de urgência e emergência. 7.1 Conceitos de


emergência e urgência. 7.2. Estrutura e organização do pronto socorro. 7.3.
Atuação do técnico de enfermagem em situações de choque, parada
cardiorrespiratória, politrauma, afogamento, queimadura, intoxicação,
envenenamento e picada de animais peçonhentos

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

Com o objetivo26 de definir critérios e diretrizes para estruturação e funcionamento de sistemas


locorregionais de atenção às urgências, regulação médica, Atendimento Pré-Hospitalar (APH) fixo, APH
Móvel E Atendimento Hospitalar, o Ministério da Saúde implantou o Regulamento Técnico dos Sistemas
Estaduais de Urgência e Emergência, por meio da Portaria n. 2.048/2002.
Face à realidade, é fundamental que os envolvidos na atenção em urgência e emergência conheçam
as políticas públicas relacionadas ao tema e se articulem na proposição das mudanças necessárias,
considerando, obviamente, as diversidades locorregionais do panorama brasileiro.
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n. 1.451/95, entende-se por urgência
a condição “imprevista de agravo da saúde com ou sem risco potencial de vida”, com necessidade de
assistência de saúde imediata ou em até 24h, e emergência como a condição imprevista de agravo da
saúde, com “risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico
imediato”.
O perfil do profissional e da equipe multiprofissional que atuam na atenção às urgências está
relacionado à característica de cada unidade. No entanto, são requisitos gerais indispensáveis: liderança,
agilidade, observação, competência, embasamento científico e habilidade técnica, além do
comprometimento com o trabalho e a equipe.
As ações com elevado grau de responsabilidade para realizar as atividades com atenção, senso de
planejamento e organização têm como objetivo comum somar os esforços para maximizar as chances de
prevenção de danos, recuperação da saúde e sobrevida do paciente.
A estrutura para atendimento em situações de urgência e emergência, fundamentada em políticas de
saúde e linhas estratégicas interligadas, também se relaciona à (re) organização das redes assistenciais,
humanização no atendimento e operacionalização da central de regulação médica de urgências.
Envolve, ainda, a formação continuada dos profissionais, a fim de contribuir para o acompanhamento
do desempenho, aprimoramento das competências, fortalecimento da tomada de decisão e habilidade
para trabalhar em equipe, na assistência segura amparada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 36/2013 e pelo Ministério da Saúde, por
meio do Programa Nacional de Segurança do Paciente.

26
TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Guanabara Koogan, 2017.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


175
Na Rede de Atenção às Urgências, o componente hospitalar é constituído pelas Portas Hospitalares
de Urgência, pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados intensivos, pelos serviços de
diagnóstico por imagem, laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias.
Quanto à estrutura e ao funcionamento, o serviço de emergência do pronto-socorro deve respeitar os
critérios e normas estabelecidas pela legislação em vigor e estar permanentemente preparado para
receber e atender adequadamente o cliente, em razão da demanda espontânea, sem agendamento
prévio. Geralmente, está localizado no andar térreo do prédio, em área de fácil acesso para pessoas e
veículos.
O dimensionamento da área física, com ambientes amplos, bem ventilados e iluminados, com portas
largas, pisos e revestimentos claros e laváveis, segue a legislação vigente, de acordo com o tamanho,
complexidade e perfil assistencial da unidade.
No ambiente hospitalar, o cliente em situação de urgência pode ser encaminhado à sala de triagem e
classificação de risco no pronto-socorro; ou, quando necessário, diretamente à Sala de Emergência ou
ao Centro Obstétrico.
Segundo o Ministério da Saúde, o sistema de classificação de prioridade é uma estratégia que contribui
para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade da assistência.
No contexto da Política Nacional de Humanização, o termo triagem foi substituído por classificação de
risco, realizada por meio de instrumentos e escalas de seleção - como a canadense, a australiana, a
americana e o sistema de classificação de Manchester - para destinar a cada cliente os recursos e tempo
necessários ao atendimento, de acordo com cada grau de gravidade.
Ainda que a classificação de risco, por si só, não garanta a efetividade do serviço de urgência, a
ausência de critérios para o atendimento pode implicar prejuízos e piora do paciente.
No Sistema Manchester, a classificação é estabelecida segundo a prioridade, identificada por número,
nome, cor e tempo para atendimento.

Prioridade Cor Tempo (min.)


1: emergente Vermelho 0
2: muito urgente Laranja 10
3: urgente Amarelo 60
4: pouco urgente Verde 120
5: não urgente Azul 240

Com o sistema de cores, o Protocolo Manchester facilita o encaminhamento do paciente para a área
mais adequada às suas necessidades. Permite ao enfermeiro ou médico, em 1 a 3 min, identificar o grau
de urgência e ordenar o atendimento imediato das alterações, priorizando desde as que colocam a vida
em risco iminente até os casos menos graves, que podem aguardar um pouco mais pelo atendimento.
Esse método pode ser aplicado no cotidiano das unidades de emergência e em eventos com múltiplas
vítimas.

Atenção: o método não visa estabelecer diagnóstico médico. Segundo a Resolução Cofen n.
423/2012, em relação à equipe de enfermagem, a classificação de risco é atribuição do enfermeiro.

A assistência dentro dos princípios éticos e humanos na área da saúde e principalmente no


atendimento de emergência remete a reflexões importantes, como ser flexível, porque convivemos com
pessoas muito diferentes umas das outras. Portanto, faz-se necessário aprender a conviver e a trabalhar
em grupo, porque a diversidade de especialidades e a atuação das equipes multiprofissionais exigem
uma atuação conjunta.
O planejamento e a organização do trabalho coletivo são essenciais para um atendimento de
qualidade, ao cliente e à família. Para tanto, requer equipe multiprofissional permanentemente capacitada
para o desenvolvimento de suas competências, respeitando as atribuições de cada membro, no âmbito
da gestão de serviços e recursos, melhoria dos processos e métodos de trabalho e provisão de condições
e tecnologia - inclusive da informação.
Envolve também as habilidades de relacionamento interpessoal e comunicacional, uma vez que,
durante o atendimento, as informações essenciais comunicadas sobre a natureza da ocorrência ou
situação do paciente permitem que o profissional desenvolva raciocínio clínico assertivo e construa as
possíveis condições e os agravos relacionados, associando os recursos necessários para a assistência
qualificada.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


176
Previamente ao início da assistência, é necessário priorizar a segurança, ao avaliar a:
• Segurança da cena: verificar o ambiente e os fatores de riscos no local, relacionados à contaminação,
acidentes, queda e lesão corporal. No ambiente:
- Extra-hospitalar: fluxo de veículos em via pública, colisão, atropelamento, proximidade de fios
elétricos, desabamento, explosão e presença de animais;
- Hospitalar: piso escorregadio, mobiliário mal posicionado, iluminação e ventilação inadequada,
manutenção precária de equipamentos e heteroagressão.
• Segurança do profissional: certificar-se de que o local é seguro para o profissional e a equipe, para
não se tornar outra vítima, ao iniciar a assistência. Respeitar as normas de legislação, biossegurança e
de precauções padrão, mantendo a atenção ao realizar os procedimentos;
• Segurança do paciente: certificar-se da ausência de risco para o indivíduo, inclusive das pessoas que
estão próximas. Se estiver em situação perigosa, deverá ser colocado em segurança antes do início dos
primeiros atendimentos. Os princípios da prática e assistência segura ao paciente devem nortear as ações
da equipe multiprofissional.

Confirmada a segurança em todos os aspectos, na abordagem direta, é realizado o exame inicial para
estabelecer as prioridades no atendimento, a partir das avaliações primária e secundária.

Abordagem Primária Completa - ABCDE

Existe um método sequencial para avaliar a vítima, o ABCDE, em que são definidas as medidas
específicas de avaliação e as intervenções correspondentes a serem adotadas.

Técnica A, B, C, D, E:
A - Abrir vias aéreas: com proteção da coluna cervical;
B - Respiração: ver, ouvir, sentir;
C - Circulação: verificar pulso carotídeo por dez segundos e controlar hemorragias externas;
D - Avaliar estado neurológico: nível de consciência;
E - Exposição da vítima: retirar vestimentas, sempre que possível cortar na costura; controlar o
ambiente, evitando a hipotermia e utilizar manta aluminizada.

Durante toda a abordagem da vítima o controle cervical deve ser mantido, pois sempre se deve
suspeitar em toda vítima de trauma de lesão de coluna cervical. Somente deve passar para o próximo
item se completar o passo anterior, ou seja, só́ passar para o passo "B" após terminar o passo "A" e assim
por diante.

A - Abertura das vias aéreas


Se a vítima se comunica verbalmente é porque as vias aéreas estão permeáveis e a respiração
presente. Se a vítima não responde, o socorrista deve avaliar sinais de obstrução das vias aéreas como
corpos estranhos. Existem duas técnicas para abertura das vias aéreas:
- Jaw trust: consiste na anteriorização da mandíbula. Deve ser empregada em vítimas de trauma, pois
mantém a estabilidade da coluna cervical;
- Schint lift: hiperextensão do pescoço e elevação do mento. Deve ser empregada em vítimas de
emergências clínicas em que não há suspeita de lesão cervical.

B - Respiração
Após a abertura das vias aéreas, o socorrista deve verificar se a respiração da vítima está presente.
Deve soltar cintas e expor o abdômen da vítima, levantando ou abrindo a vestimenta, facilitando a
visualização da expansão abdominal; isso é o VER.
Para OUVIR o ruído da saída de ar o socorrista deve aproximar sua cabeça da face da vítima. Para
SENTIR se há́ saída de ar pela boca ou nariz, o socorrista deve colocar seu dedo indicador próximo à
narina da vítima, sentindo a saída do ar exalado.
Caso a vítima apresente respiração, deve-se verificar a frequência respiratória por intermédio do ritmo,
profundidade e som, refletindo o estado metabólico do corpo, a condição do diafragma e dos músculos
do tórax, fornecendo O2 ao trato respiratório e alvéolos.

O padrão de frequência respiratória em adultos é de 12 a 20 mov./min. Os tipos de respiração são os


seguintes:
- Apneia: é a ausência da respiração, quadro da parada cardiorrespiratória;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


177
- Dispneia: falta de ar, dificuldade em respirar.

Para verificar a respiração, basta contar o número de vezes que ocorre a expansão do abdômen em
um minuto.
Como a respiração, em certo grau, está sujeita ao controle involuntário, ela deve ser contada sem que
o paciente perceba. Coloque os dedos no pulso como se estivesse verificando o pulso e observe a
respiração. O socorrista deve certificar-se de que os passos "A" e "B" não sejam interrompidos e passar
para o passo "C".

C - Circulação
Após verificar a respiração, o socorrista deve verificar a presença de circulação por meio da pulsação
e perfusão distal. A presença de grandes hemorragias deve ser controlada nesta fase, realizando
compressão direta do ferimento.
Verificação do pulso: pulso é o nome que se dá́ à dilatação pequena e sensível das artérias, produzida
pela corrente circulatória. Toda vez que o sangue é lançado do ventrículo esquerdo do coração para a
artéria aorta, a pressão e o volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial,
evidenciadas quando se comprime moderadamente a artéria contra uma estrutura dura (os dedos).
Pode-se verificar o pulso sobre a artéria radial (pulso do braço). Num quadro de emergência o pulso
radial apresenta-se muito fino, tornando-se mais fácil a verificação em artérias mais calibrosas como a
carótida (pescoço) e femoral (virilha). Outras artérias, como a braquial, poplítea e a do dorso do pé́ (artéria
pediosa), podem também ser utilizadas para a verificação.
A frequência do pulso em adultos é de 60 a 100, em crianças de 75 a 100 e em recém-nascidos de
120 a 160. A regularidade do pulso pode ser rítmica, bate com regularidade, e arrítmica, bate sem
regularidade.
Para verificar o pulso basta pressionar de leve os dedos indicador e médio sobre o pulso e contar por
um minuto. Não deve ser utilizado o dedo polegar na verificação, pois pode confundir a sua pulsação com
a do paciente. Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir de sentir o batimento do
pulso.
Em vítimas conscientes verifica-se o pulso radial; em vítimas inconscientes deve ser sempre verificado
o pulso carotídeo (no pescoço) por dez segundos. Caso o pulso esteja ausente, deve-se iniciar as
manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP).

Verificação da perfusão distal ou preenchimento capilar: a perfusão distal é avaliada pela técnica do
preenchimento capilar. É realizada fazendo uma pressão na base da unha de modo que a coloração
passe de rosada para pálida. Retirando-se a pressão a coloração rosada deve retomar num tempo inferior
a dois segundos. Se o tempo ultrapassar dois segundos, é sinal de que a perfusão distal está
comprometida, portanto, é necessário oxigenar a vítima por meio do cilindro de oxigênio medicinal.

D - Nível de consciência
Após a verificação dos passos ABC, o socorrista deve verificar o nível de consciência da vítima. As
vítimas que não apresentem alterações do nível de consciência inicial, mas depois passam a apresentar,
indicam uma situação grave comparada a outras vítimas que apresentavam alterações do nível de
consciência, porém permanecem estáveis. O nível de consciência deve ser medido junto com a avaliação
neurológica rápida e o exame das pupilas.

Avaliação neurológica rápida (AVPI)


A: vítima está alerta, olhos abertos;
V: vítima está adormecida e responde somente ao estímulo verbal;
P: vítima permanece com olhos fechados e só́ abre quando recebe estímulo doloroso;
I: vítima não tem nenhuma resposta a nenhum estímulo.

O estímulo doloroso pode ser feito com pressão dos dedos nas maçãs do rosto da vítima ou
friccionando o osso esterno ou apertando o músculo trapézio. Caso a vítima tenha trauma, deve ser
aplicada a avaliação do nível de consciência pela escala de Glasgow.

Exame das pupilas


Devem ser verificadas as pupilas com auxílio de uma lanterna pequena. As pupilas desiguais são
geralmente encontradas nas vítimas com lesões de crânio ou acidente vascular cerebral. Na morte, as
pupilas estão totalmente dilatadas e não respondem à luz.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


178
Deve-se observar a reatividade, igualdade e tamanho das pupilas como:
- Reação das pupilas à luz pode ser: reagente, ou seja, quando a luz é colocada sobre a pupila, ela
diminui de tamanho, ou não reagente, a qual não tem reação de contração ao estímulo da luz.
- Simetria entre as pupilas pode ser: isocórica, quando as duas pupilas são iguais (normal), ou
anisocórica, quando uma pupila está com tamanho diferente da outra (uma grande, outra pequena)
indicando lesão cerebral.
- Tamanho das pupilas pode ser: midriática (midríase), quando ambas as pupilas estão dilatadas
ocupando toda a íris dos olhos, sinal que indica danos cerebrais e é comum em vítimas de parada
cardiorrespiratória, ou miótica (miose), quando ambas as pupilas estão muito pequenas, do tamanho de
uma cabeça de alfinete, indicando principalmente o uso de substâncias como drogas, intoxicação.

As pupilas normais devem se apresentar isocóricas e reagentes.

E - Exposição da vítima
Após verificado o nível de consciência, deve-se expor a vítima para realizar a abordagem secundária.
Deve-se cortar as vestimentas com tesoura ponta romba. Não utilize tesoura de ponta fina, pois pode ferir
a vítima. Lembre-se de não expor desnecessariamente a vítima.

Abordagem Secundária - Exame Físico da Vítima

Deve-se iniciar o exame secundário após o término da abordagem primária completa. Na abordagem
secundária a finalidade e a estabilização das funções vitais.

O primeiro passo é colher a história clínica da vítima. Para isso emprega-se o método AMPLA:
A: perguntar à vítima sobre possíveis alergias;
M: perguntar sobre medicações que utiliza;
P: perguntar sobre doenças preexistentes como diabetes, hipertensão;
L: perguntar sobre alimentos e bebidas que ingeriu;
A: perguntar sobre o acidente, como ocorreu, observando o ambiente.

Após colher a história clínica deve-se iniciar o exame físico detalhado da cabeça aos pés. O socorrista
não pode esquecer-se de reavaliar o ABCD durante o exame secundário, principalmente em vítimas
inconscientes.

A avaliação da vítima deve obedecer sempre a uma ordem:


1. Cabeça: palpar o crânio com os polegares fixos na região frontal (testa) sem movimentar a cabeça.
Observar perda de líquor ou sangue pelas narinas (rinorragia) e pela orelha (otorragia). Observar
equimose periorbitária (olhos de guaxinim) que indica lesão cerebral de base do crânio. Retirar próteses
móveis;
2. Pescoço: observar o alinhamento da traqueia se desviada e sinal de trauma torácico. Palpar a coluna
cervical, verificando alinhamento ou rigidez muscular. Após o exame do pescoço colocar o colar cervical;
3. Tórax: observar presença de ferimentos e simetria anatômica, pois em traumas torácicos um lado
do peito fica mais alto em relação ao outro. Palpar as costelas e os ossos da clavícula, observando
crepitação que indica fratura das costelas;
4. Abdômen: inspecionar sinais de distensão e rigidez (abdômen em tábua) que indica hemorragia
interna (rompimento de baco);
5. Quadril: abrir e fechar as pernas devagar, avaliando mobilidade e queixa de dor. A movimentação
anormal indica fratura de quadril;
6. Membros inferiores: palpar com ambas as mãos da raiz das coxas até́ os pés, observando ferimento,
deformidade que indiquem fraturas. Retirar botinas e meias cortando-as. Testar sensibilidade passando
a ponta da caneta na sola dos pés e verificar a perfusão distal ou preenchimento capilar (ver item "C" da
abordagem primária);
7. Membros superiores: palpar com as mãos do ombro até́ as mãos, observando feri- mentos,
deformidades que indiquem fraturas, verificar preenchimento capilar;
8. Dorso ou costas: realizar a manobra de rolamento a 90° para examinar as costas. Observar
alinhamento da coluna vertebral e ferimentos. Após o exame rolar a vítima sobre a prancha e iniciar os
curativos dos ferimentos encontrados e imobilização das fraturas encontradas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


179
Manobras de Reanimação Cardiopulmonar27

Para a restauração das funções cardíacas e respiratórias, é realizada a Reanimação Cardiopulmonar


(RCP), definida como um conjunto de ações aplicadas ao indivíduo em PCR para manter artificialmente
a circulação de sangue no encéfalo e em outros órgãos vitais, até o retorno da circulação espontânea
(RCE).

Essas manobras são baseadas na cadeia de sobrevivência da AHA, a fim de agilizar e sistematizar o
atendimento:
- Verifique a segurança do local;
- Verifique se a vítima responde avaliando a responsividade;
- Se estiver sozinho, sem acesso a um telefone celular, deixe a vítima e acione o serviço médico de
emergência;
- Avalie a respiração e o pulso simultaneamente por 10 segundos;
- Com as mãos sobre a metade inferior do esterno (região hipotenar), sem flexionar os cotovelos inicie
as compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min;
- Comprimir a uma profundidade de pelo menos 2 polegadas (5cm a 6cm);
- Permitir o retorno total do tórax após cada compressão;
- Minimizar as interrupções nas compressões;
- Ventilar adequadamente (2 respirações após 30 compressões, cada respiração administrada em 1
segundo, provocando a elevação do tórax).

Abordagem Geral para o Atendimento do Trauma

1.Iniciar a abordagem posicionando-se na frente da pessoa, quando possível;


2.Promover a estabilização manual da cabeça, mantida alinhada em posição neutra;
3.Realizar a avaliação primária na sequência A, B, C, D, E, e avaliação secundária;
4.Selecionar e fixar o colar cervical adequado, mantendo a estabilização manual da cabeça;
5.Movimentar o indivíduo em bloco ou abordá-lo em pé e posicionar a prancha rígida;
6.Imobilizar a cabeça com protetores laterais, alinhada em posição neutra;
7.Fixar o tronco, braços e pernas na prancha rígida, imobilizando na altura do tórax, quadril e abaixo
dos joelhos;
8.Transportar a prancha de maneira segura; em quatro pessoas, se possível;
9.Manter reavaliação contínua.

Engasgo

O engasgo28 é uma manifestação do organismo para expelir alimento ou objeto que toma um “caminho
errado”, durante a deglutição (ato de engolir).
Na parte superior da laringe localiza-se a epiglote, uma estrutura composta de tecido cartilaginoso,
localizada atrás da língua. Funciona como uma válvula que permanece aberta para permitir a chegada
do ar aos pulmões e se fecha quando engolimos algo, isso para bloquear a passagem do alimento para
os pulmões e encaminhá-lo ao estômago.
O engasgo é considerado uma emergência, e em casos graves, pode levar a pessoa à morte por
asfixia ou deixá-la inconsciente por um tempo. Sendo assim, agir rapidamente evita complicações.

Como Agir em Caso de Engasgo por Corpo Estranho

Manobra de Heimlich
Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdome (se for uma criança, ajoelhe-
se primeiro), caso ela esteja consciente. Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do
estômago” (região epigástrica).
A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro
e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro
e para cima (como uma letra "J"), até que a vítima elimine o corpo estranho.

27
TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Guanabara Koogan, 2017
28
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2513-engasgo

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


180
Como Agir em Caso de Engasgo em Bebês

- Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no
meio das costas).
- Vire o bebê de barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o esterno
(osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos.
- Tente visualizar o corpo estranho e retirá-lo da boca delicadamente. Se não conseguir, repita as
compressões até a chegada a um serviço de emergência (pronto socorro ou hospital). Esses
procedimentos são válidos somente se a criança ou o adulto engasgado estiverem conscientes. Vítimas
inconscientes precisam de atendimento hospitalar rapidamente. Os primeiros socorros para asfixia ou
engasgo devem ser tomados até que seja possível o atendimento especializado.

Assistência em Hemorragias29

- Verificar a Frequência Cardíaca (FC) e o pulso. A FC pode ser o primeiro sinal alterado no caso de
choque inicial. Os demais sinais, como Pressão Arterial (PA), serão secundários;
- Identificar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue perdido inicialmente, no caso de
sangramentos externos, dará uma ideia quanto à gravidade da situação e será uma informação importante
e útil para o intra-hospitalar;
- Identificar o local exato da hemorragia. Devido ao sangue se espalhar, é possível que o atendimento
esteja sendo feito no local errado, por essa razão, é extremamente importante identificar o local e já
proceder com as ações de estancamento da hemorragia de forma adequada (hemorragia externa) ou
realizar o alinhamento anatômico de membro fraturado (possibilidade de sangramento interno) quando
possível;
- Pressionar com firmeza (curativo compressivo) o local do sangramento, tendo o cuidado de não
pressionar demais e, com isso, parar a circulação;
- Levantar o membro, se o sangramento for no braço ou na perna. No entanto, isto não deve ser feito
se houver suspeita de fraturas (deformidades);
- Não retirar o primeiro curativo compressivo, mesmo que o sangue continue saindo. Nesse caso, deve-
se colocar outro em cima, de modo a continuar a pressionar o local;
- Realizar avaliações do D (nível de consciência) várias vezes no atendimento, pois o rebaixamento do
sensório ou a agitação podem ser indicativos de perda sanguínea significativa;
- Avaliar a temperatura corporal e manter o calor são procedimentos importantes. O paciente deve ser
mantido aquecido para evitar hipotermia.

Queimaduras

- Retirar a roupa que cobre a área queimada. Se a roupa estiver grudada na área queimada, deve-se
lavar a região até que o tecido possa ser retirado delicadamente sem aumentar a lesão. Se continuar
aderido à pele, o tecido deve ser cortado ao redor do ferimento;
- Remover anéis, pulseiras e colares, pois o edema se desenvolve rapidamente;
- Colocar a área queimada debaixo da água fria (e não gelada) ou utilizar compressas limpas e frias
sobre a queimadura até que a dor desapareça. O resfriamento das lesões com água fria é o melhor
tratamento de urgência da queimadura. A água alivia a dor, limpa a lesão, impede o aprofundamento das
queimaduras e diminui o edema (inchação) subsequente;
- Não utilizar compressas úmidas por longo tempo em queimaduras extensas, pois podem ocasionar
hipotermia (a temperatura do corpo da vítima fica abaixo do normal);
- Envolver a vítima com lençol limpo e agasalhos e encaminhá-lo ao atendimento médico;
- Dar um analgésico para alívio da dor;
- Nas vítimas conscientes e colaborativas com pequenas áreas queimadas, a hidratação oral com água
e sucos de frutas pode ser iniciada;
- Nas queimaduras extensas, a perda de líquidos é muito grande e a reposição de líquidos e eletrólitos
por via venosa, o mais rápido possível, é fundamental para a sobrevivência do paciente;
- Não usar gelo nas queimaduras;
- Não furar as bolhas causadas pela queimadura30;

29
ZAVAGLIA, G. O. et al. Cuidados de Enfermagem em Emergência e Traumas. Sagah, 2019.
30
Segundo a National Association of Emergency Medical Technicians (2011), a retirada de bolhas deve ser feita por especialistas em ambiente hospitalar devido
ao risco de infecção.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


181
- Não passar nada na queimadura. Não devem ser usados pomadas ou produtos caseiros, tais como
clara de ovo, pó de café, banha de galinha, pasta de dente, pimenta, entre outros, pois, além de não trazer
benefícios, podem favorecer complicações infecciosas;
- Não oferecer bebida alcoólica ao paciente.

Intoxicação Exógena

- Realizar monitorização dos sinais vitais;


- Avaliar o nível de consciência por intermédio da Escala de Coma de Glasgow;
- Avaliar as pupilas (diâmetro e reatividade à luz);
- Identificar temperatura e umidade da pele;
- Instalar oximetria de pulso;
- Realizar medida de glicose capilar;
- Obter Eletrocardiograma (ECG) e manter monitorização eletrocardiográfica, se necessário;
- Obter acesso venoso calibroso (nesse momento, podem ser coletadas amostras para exames
toxicológicos);
- Procurar sinais de trauma, infecção, marcas de agulha ou edema nas extremidades;
- Administrar medicamentos de acordo com a prescrição médica;
- Buscar informações para uma anamnese mais completa acerca do histórico de doenças, uso de
medicações, tentativas de suicídio prévias, acesso à substância e uso de substâncias ilícitas;
- Obter informações com os familiares em relação à substância utilizada, se for o caso, a quantidade
e o tempo transcorrido entre a ingestão e a chegada ao hospital. Orientar que alguém busque as
embalagens no domicílio pode ajudar muito na sequência do tratamento de desintoxicação. O tempo de
exposição também auxilia na correta terapêutica;
- Questionar familiares sobre comportamentos que levariam à suspeita de tentativa de suicídio, como
cartas de despedida, eventos traumáticos recentes ou tentativas prévias;
- Observar, nos casos de indicação de lavagem gástrica, a drenagem do fluido para que a
administração máxima seja de 300ml de volume pela sonda. Se for necessário, repetir a operação até
que toda a substância tóxica seja eliminada.

Asfixia31

- Fazer uma rápida análise do que causou a asfixia;


- Se não conseguir retirar o que causou a asfixia, colocar a vítima em uma posição inclinada para
abaixo do peito e tentar retirar o objeto com os dedos;
- Não havendo sucesso, fazer a manobra de Heimlich;
- Verificar o estado da vítima após a expulsão do objeto que causou a asfixia. Ela pode desmaiar e
apresentar parada respiratória. Se isso ocorrer, fazer a respiração artificial;
- Procurar socorro médico.

Corpo Estranho

- Tentar descobrir que tipo de objeto foi introduzido e em que local;


- Inspecionar o local. Se o objeto puder ser retirado manualmente, fazê-ló com cuidado;
- Não tentar retirar o objeto introduzido com outros objetos pontiagudos, pois a situação pode se
complicar;
- Em caso de corpo estranho nos olhos, lavá-lós com água em abundância;
- Procurar orientação e socorro médico.

Mordedura de Cão

- Afastar o animal do local;


- Lavar a região do ferimento com água e sabão para remover a saliva;
- Avaliar o ferimento.;
- Procurar orientação médica, mesmo no caso de o ferimento ser leve;
- Observar o cão e seu comportamento por 10 dias, pois, nesse período, pode desenvolver a raiva.

31
SANTOS, N. C. M. Enfermagem em Pronto Atendimento Urgência e Emergência. Érica, 2014.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


182
Hipertensão Arterial (HAS)

Quando a pressão exercida sobre as artérias é maior do que a esperada, dá-se a hipertensão arterial.
A pressão considerada normal é variável entre 120 × 90mmHg e 120 × 80mmHg.
Sinais e sintomas: Cefaleia, sudorese fria, dor em região da “nuca” (mas sem rigidez), mal-estar geral
e ansiedade.
- Verificar e anotar os sinais vitais com atenção especial à PA;
- Verificar PA a cada 2 horas e anotar em impresso próprio;
- Manter o paciente em local tranquilo, evitando visitas que possam ser desagradáveis e interfiram no
controle da pressão;
- Verificar se a dieta está de acordo, ou seja, hipossódica, atentando-se ao que se consome entre uma
refeição e outra, muitas vezes por conta própria ou trazido por familiares;
- Orientar quanto ao repouso relativo no leito;
- Administrar medicamentos nos horários corretos, evitando atraso no seu ciclo de ação;
- Seguir o plano de cuidados elaborado pela (o) enfermeira (o) durante o período da hospitalização.

Ação medicamentosa sobre a HAS


- Nifedipina: via de administração - sublingual. Ação - age de forma rápida, causando hipofluxo
cerebral;
- Captopril: via de administração - sublingual ou oral. Ação - diminuir a pressão arterial gradativamente
sem causar danos cerebrais ao paciente;
- Hidralazina: via de administração - endovenosa ou oral. Ação - age na musculatura do vaso,
provocando vasodilatação de efeito imediato;
- Furosemida: via de administração - oral ou endovenosa. Ação - diurético de alta potência que auxilia
na diminuição da pressão;
- Ansiolíticos: via de administração - oral, intramuscular ou endovenosa. Ação - relaxante, diminuindo
a ansiedade quando a hipertensão está associada ao estresse.

Coma

- Colher as informações de quem socorreu primeiro a vítima e fazer uma rápida avaliação do caso.
Quando não se tratar de trauma, a dificuldade do socorrista em identificar a causa é maior;
- Verificar os sinais vitais;
- Observar o hálito da vítima - álcool, drogas, cetoacidose diabética. Qualquer um desses fatores possui
características próprias, que podem ser detectadas por qualquer um dos socorristas;
- Se houver trauma, verificar suas causas e seus aspectos;
- Fazer um rápido exame físico, observando sinais do trauma, pulso, pupilas, nível de respiração e
outros aspectos importantes para que a conduta tomada seja eficiente;
- Manter as vias aéreas livres;
- Procurar socorro médico o mais rápido possível.

Sincope ou Desmaio32

- Remova a vítima, se possível, para um ambiente arejado;


- Mantenha sempre as vias aéreas da vítima livres;
- Libere, desaperte e afrouxe as roupas da vítima, deixando-a confortável;
- Afaste os curiosos;
- Coloque a vítima deitada no chão com as costas para baixo, elevando suas pernas, para que elas
fiquem mais altas em comparação ao restante do corpo;
- Lateralize a cabeça da vítima para evitar o sufocamento se houver vômitos;
- Chame por socorro médico se o desmaio durar mais de dois minutos;
- Verifique se houve alguma lesão causada pela queda;
- Não ofereça nenhum tipo de bebida ou alimento, nem nada para cheirar;
- Não dê tapas, nem jogue água sobre a vítima;
- Mantenha a vítima deitada por mais cinco minutos assim que ela recuperar a consciência e não tenha
pressa em coloca-la de pé;
- Sente a vítima devagar, aos poucos, ajudando-a a ficar de pé, sempre amparando-a.

32
HAUBERT, M. Primeiros Socorros. Sagah, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


183
Crise Convulsiva

- Lembre-se de que crises generalizadas podem ser precedidas pelas parciais, por isso, se o paciente
estiver em pé ou sentado, o ideal é deitá-lo para evitar quedas e traumatismos decorrentes dela;
- Retire os óculos do rosto da vítima, se ela estiver usando-os;
- Procure afastar curiosos e pessoas que não poderão ajudar;
- Não dê tapas no rosto da vítima, nem mesmo jogue água para fazê-la retornar da crise mais rápido;
- Afaste objetos que possam servir de obstáculos que machucarão a vítima;
- Não tente imobilizar os membros se o paciente apresentar uma crise tônico-clônica e deixe que ele
se debata, buscando apenas proteger sua cabeça com uma almofada ou outro objeto macio, como um
casaco dobrado;
- Afrouxe as roupas da vítima e deixe-a se debater livremente;
- Nunca, de maneira alguma, coloque os dedos dentro da boca do paciente na tentativa de ajudá-lo,
se ele se sufocar com a própria língua. Os indivíduos em crise contraem a mandíbula com tanta força que
podem amputar seus dedos com uma mordida. Faça apenas a simples lateralização da cabeça para
qualquer lado, assim, a língua cairá sozinha, e ele terá as vias aéreas desobstruídas;
- Nunca coloque objetos, como colher, dentro da boca do paciente para segurar sua língua, essa
tentativa coloca sua integridade em risco, além de facilitar que ele machuque a boca ou quebre os dentes;
- Faça a lateralização da cabeça, pois ela impedirá que o paciente se afogue com a própria saliva;
- Chame ajuda médica se a crise durar mais do que cinco minutos;
- Deite o paciente confortavelmente de lado e deixe-o descansar ao terminar a crise, pois ele pode
permanecer desacordado por algum tempo;
- Nunca ofereça nada de beber ou de comer logo após a crise, pois o paciente pode não conseguir
engolir direito, ficando mais propenso ao risco de aspiração de alimentos ou de líquidos para o pulmão;
- Evite comentários sobre o atendimento de uma convulsão, tanto durante como após o socorro, pois
a pessoa já se encontra desconfortável o suficiente com a ocorrência da crise;
- Permaneça junto à vítima até que ela se recupere totalmente. Apresente-se a ela, demonstrando
atenção e cuidado com o caso, e informe-a de onde está e com quem, proporcionando segurança e
tranquilidade. Pode ser muito útil saber se a pessoa é portadora de epilepsia e se está em dia com suas
medicações;
- Faça uma inspeção geral no estado da vítima após a crise, a fim de verificar se ela está ferida ou
sangrando. Se apresentar alguma lesão, encaminhe para o atendimento médico.

Choque

- Deite a vítima em posição horizontal, preferencialmente de costas, e com as pernas a um nível cerca
de 25 a 30cm mais elevadas do que a cabeça;
- Eleve os membros inferiores em relação ao corpo, colocando-os sobre uma almofada, um cobertor
dobrado ou qualquer outro objeto. Esse procedimento deve ser feito apenas se não houver fraturas
desses membros e serve para melhorar o retorno sanguíneo e levar o máximo de oxigênio ao cérebro -
não os erguer a mais de 30cm do solo. No caso de ferimentos no tórax que dificultem a respiração ou na
cabeça, os membros inferiores não devem ser elevados;
- Afrouxe as roupas da vítima no pescoço, no peito e na cintura e, em seguida, verificar se há presença
de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e os retirar;
- Deite a vítima na posição lateral de segurança para evitar asfixia, no caso de estar inconsciente, ou
se estiver consciente, mas sangrando pela boca ou pelo nariz;
- Verifique quase que simultaneamente se a vítima está respirando e esteja preparado para iniciar
manobras de ressuscitação cardiopulmonar se ela não estiver;
- Observe o pulso da vítima enquanto as providências já indicadas são executadas - no choque, ele
apresenta-se rápido e fraco;
- Cubra a vítima com uma manta, para evitar a perda de calor e o consequente arrefecimento corporal,
sem, porém, aquecê-la excessivamente;
- Não dê comida ou qualquer bebida à vítima caso ela esteja obnubilada, porque pode provocar a
passagem de alimentos para as vias respiratórias;
- Tranquilize a vítima, mantendo-a calma sem demonstrar apreensão quanto ao seu estado, se o
socorro médico estiver demorando. Permaneça junto a ela para dar-lhe segurança e monitorar alterações
em seu estado físico e de consciência.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


184
Afogamento

- Reconheça se a pessoa está se afogando, pois nem sempre ela se apresenta agitada e grita por
socorro. Tenha, ainda, muita atenção, porque um afogamento pode passar despercebido, e alguns
indivíduos parecem estar brincando na água. Na maioria dos casos, o banhista estará em posição vertical,
sem se deslocar;
- Chame imediatamente por socorro ao identificar um afogamento e, em seguida, tente ajudar, desde
que a ação de resgate não ofereça risco para sua integridade física;
- Use material flutuante, pois é de extrema importância para interromper o afogamento;
- Faça a remoção do afogado da água se for seguro para você. O ideal é tentar ajudar mantendo-se
fora da água;
- Entre na água somente se tiver absoluta segurança de não correr risco de ser um segundo afogado.
Se você decidiu fazer isso, leve consigo, sempre que possível, algum material de flutuação;
- Retire roupas e sapatos que possam pesar na água e dificultar seu deslocamento. É válida a tentativa
de transformar as calças em um flutuador;
- Sempre entre na água mantendo a visão na vítima;
- Pare a dois metros antes do afogado, lhe entregue o material de flutuação e sempre o mantenha
entre você e a vítima;
- Deixe que a vítima se acalme, antes de chegar muito perto;
- Peça ao afogado que flutue e, então, acene pedindo ajuda se você não estiver confiante em sua
natação. Não tente rebocá-lo para fora da água, pois poderá gastar suas últimas energias;
- Mantenha-se calmo durante o socorro e, acima de tudo, não se exponha a riscos desnecessários;
- Coloque o afogado com a cabeça e o tronco em linha horizontal assim que retirá-lo da água e, em
seguida, pergunte “você está me ouvindo, ” para confirmar se ele está consciente;
- Coloque a vítima em posição lateral de segurança e aguarde o socorro chegar se houver resposta
(fala, movimento ou qualquer outra resposta) ou se você verificar que ela está viva (respirando e com
coração batendo);
- Inicie imediatamente a abertura das vias aéreas se não identificar resposta da vítima ou sinais de
vida, levante o queixo dela com a mão direita, coloque a esquerda na testa e estenda o pescoço para
abrir as vias aéreas;
- Faça a respiração boca a boca se não houver sinais de vida, inclinando a cabeça para trás a fim de
que a língua não bloqueie o fluxo de ar e, em seguida, sopre na boca obstruindo o nariz com a mão. Faça
em torno de cinco insuflações com intervalo entre cada uma para permitir que o tórax se eleve;
- Utilize a barreira de proteção (máscara) se possível, mas a sua ausência não é um impedimento, pois
o risco, quando não há sangue na boca, torna-se desprezível para o socorrista;
- Encare que o coração está parado se não houver resposta da vítima por meio de movimentos ou
reação à ventilação;
- Inicie, então, as manobras de RPC, retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo abdome,
localizando o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos, retire a mão da testa e coloque-a
no tórax, com a outra mão sobre a primeira, e inicie 30 compressões cardíacas externa. Cada compressão
deve garantir o afundamento de no mínimo cinco centímetros do tórax, garantindo seu retorno completo
antes de se iniciar uma nova compressão. Já sua velocidade deve ser de, no mínimo, 100 movimentos
em 60 segundos;
- Utilize apenas uma mão para a realização das compressões se a vítima for criança;
- Mantenha alternando duas ventilações e 30 compressões e não pare até que haja resposta e a
respiração e os batimentos cardíacos retornem. Depois, coloque a vítima de lado e aguarde o socorro
médico solicitado;
- Entregue o afogado a uma equipe médica, ou até você ficar exausto;
- Reavalie a ventilação e os sinais de circulação após os primeiros quatro ciclos completos de
compressão e ventilação. Se for ausente, prossiga com a RCP e interrompa-a para uma nova reavaliação
a cada dois minutos ou quatro ciclos;
- Fique atento e verifique periodicamente se o afogado está ou não respondendo durante a RCP, o
que será importante na decisão de parar ou prosseguir nas manobras;
- Realize a RCP com outro socorrista sempre que possível, alternado quem realiza as compressões
torácicas a cada dois minutos;
- Realize a RCP de preferência no local do afogamento, pois é onde a vítima terá maior chance de
sucesso. Nos casos de retorno das funções cardíaca e respiratória, acompanhe o afogado com muita
atenção, durante os primeiros 30 minutos, até a chegada da equipe médica, porque ele ainda não está
fora de risco de uma nova PCR;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


185
- Refaça a hiperextensão do pescoço e tente novamente nos casos em que não houver efetividade da
manobra de ventilação boca a boca;
- Retire as próteses dentárias somente se estiverem dificultando a ventilação boca a boca;
- Lembre-se que o ar atmosférico é uma mistura gasosa que apresenta cerca de 21% de oxigênio em
sua composição e, em cada movimento respiratório, gasta-se em torno de 4% desse total, restando 17%
de oxigênio no ar expirado pelo socorrista. Essa quantidade é suficiente para a ventilação boca a boca
ser considerada o método mais eficiente em ventilação artificial de emergência.

Acidentes com Animais Peçonhentos

Picadas de insetos
- Mantenha a calma;
- Observe os sinais e as funções vitais da vítima;
- Leve o acidentado rapidamente ao hospital, no caso de múltiplas picadas de abelhas;
- Leve, se possível, o animal para identificação;
- Utilize a técnica de raspagem do local, com uma lâmina limpa, para retirar ferrões de abelhas. Não
use pinça, pois provoca a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação da
substância ainda existente no ferrão;
- Lave o local com água e sabão, após a remoção, para prevenir a ocorrência de infecção secundária;
- Aplique uma bolsa de gelo para controlar a dor;
- Lave a região atingida com água fria, aplique compressas frias, eleve o membro acometido e
encaminhe ao atendimento médico os indivíduos que apresentam ardor intenso, em acidentes com
lagartas;
- Não dê bebidas alcoólicas à vítima;
- Encaminhe a vítima ao atendimento especializado nos casos de dores intensas;
- Remova a vítima com maior urgência para o atendimento especializado, em caso de reação de
hipersensibilidade.
Picadas de cobras
- Acalme e conforte a vítima que, quase sempre, estará agitada;
- Mantenha a vítima em decúbito dorsal, em repouso, evitando deambular ou correr, caso contrário, a
absorção do veneno pode disseminar-se mais rápido;
- Lave o local da picada apenas com água ou água e sabão, fazendo a antissepsia, se possível;
- Mantenha o membro afetado elevado;
- Mantenha a vítima hidratada;
- Controle os sinais vitais e o volume urinário do acidentado;
- Transporte a vítima com urgência para o atendimento especializado de emergência;
- Não envolva com gelo, em nenhuma circunstância, a extremidade;
- Não faça qualquer medida local de primeiros socorros se já passaram mais de 30 minutos desde o
momento da picada. Mantenha os cuidados gerais de repouso e apoio psicológico: verificação dos sinais
vitais, prevenção de estado de choque e transporte da vítima, o mais rápido possível, ao serviço de
emergência médica;
- Localize, sempre que for possível, a cobra que picou a vítima e leve-a com segurança para o
reconhecimento, a fim de que seja ministrado o soro específico, mais eficiente do que o soro universal;
- Capture a cobra viva, levantando-a do chão com uma haste qualquer pelo meio do corpo, sem se
arriscar e, em seguida, coloque-a em uma caixa bem fechada, assim ela não consegue reagir, nem dar o
bote. Se não for possível levá-la viva, não hesite em matá-la e recolher o exemplar.

Emergência de Temperatura33

Intermação
- Estabeleça as vias aéreas e, quando possível, remova a vítima da fonte de calor;
- Remova o máximo possível de vestimentas da vítima, deixando apenas sua roupa íntima; em seguida,
utilize uma combinação dos seguintes métodos para resfriar a vítima até que seu estado mental retorne
ao normal:
● Despeje ou borrife água fria sobre o corpo da vítima, abane a vítima vigorosamente;
● Se a vítima começar a ter calafrios, diminua o método de resfriamento (os tremores de frio produzem
calor);

33
KARREN, K. J. et al. Primeiros Socorros para estudantes. Manole, 2013.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


186
● Nunca use álcool isopropílico para esfriar a pele; a pele absorve o álcool, o que pode ser tóxico.
- Nunca dê estimulantes ou bebidas quentes para a vítima;
- À medida que o corpo esfria, podem ocorrer crises convulsivas ou vômito. Posicione a vítima para
facilitar a drenagem;
- Monitore a temperatura da vítima enquanto espera a chegada da equipe de resgate. Se a temperatura
começar a subir, retome os procedimentos de resfriamento. (A temperatura deve cair para menos de
37,7°C e permanecer baixa até que o perigo tenha passado.)

Exaustão por Calor


- Leve a vítima para um local fresco, retire o máximo de roupas possível, aplique compressas frias
molhadas em sua pele e a abane de leve. Certifique-se de que a vítima não sente frio;
- Coloque a vítima deitada, levante seus pés de 20 a 30cm;
- Se a vítima estiver totalmente consciente, dê a ela água fria ou bebida esportiva para beber em um
ritmo de meio copo a cada 10 minutos durante 1 hora. Nunca dê sal para a vítima. Se a vítima vomitar,
pare de dar líquidos e acione imediatamente o Serviço de Regaste Médico (SRM);
- Se a vítima estiver inconsciente, ela pode estar progredindo para uma intermação; acione
imediatamente o SRM e cuide das vias aéreas e da ventilação;
- Meça a temperatura da vítima a cada 10 ou 15 minutos. Se estiver acima de 38°C ou subindo, ou se
a vítima estiver incapaz de ingerir líquidos ou vomitar após ingeri-los, ou se ela não melhorar em 30
minutos, acione o SRM.

Hipotermia
- Verifique os sinais vitais da vítima. Meça por 1 minuto completo, porque os sinais vitais diminuem em
casos de hipotermia (a vítima com hipotermia pode, por minuto, respirar apenas de três a quatro vezes e
ter pulso de apenas 5 a 10 batimentos). Se não houver pulso, desobstrua as vias aéreas e inicie a
Reanimação Cardiopulmonar (RCP). Se um desfibrilador estiver disponível, dê somente um choque. Se
o procedimento não corrigir o ritmo, continue a RCP e não dê novos choques;
- Manipule a vítima com muito cuidado. Não deixe a vítima caminhar ou se mover excessivamente por
conta própria;
- Mantenha a vítima em decúbito dorsal para evitar o choque e aumentar o fluxo sanguíneo no cérebro.
Não levante as pernas; ao fazê-lo, o sangue frio flui para o coração;
- Previna perda adicional de calor:
● Transfira a vítima para um local protegido e quente;
● Isole a cabeça e o corpo, principalmente a parte central;
● Não deixe a pele da vítima exposta a vento, ar frio ou respingos de água;
● Remova roupas molhadas, depois coloque roupas secas e cobertores sobre a vítima;
● Se a vítima estiver usando um casaco, coloque os braços dela próximos do corpo, e não dentro das
mangas;
● Isole a vítima do chão com cobertores, lençóis plásticos, jornais, plástico-bolha, material de
embalagem ou saco de dormir.
- Nunca esfregue ou manipule braços ou pernas; você pode forçar o sangue frio das veias para o
coração, causando ritmo cardíaco anormal ou parada cardíaca;
- Nunca dê tabaco, café ou álcool para a vítima. Dê líquidos apenas após a cessação dos calafrios e
quando a vítima estiver completamente consciente (a vítima deve ser capaz de engolir e tossir).

Ferimentos34

Nas hipóteses de ferimentos é necessário:


- Retirar os pelos em torno do ferimento com exceção das sobrancelhas;
- Limpar em torno da ferida com a solução indicada, pois limpando dentro a solução poderá ser nociva
caso haja exposição de tecidos;
- Ajudar o médico a limpar e desbridar o ferimento;
- Auxiliar o médico na sutura;
- Aplicar um curativo não aderente para proteger a ferida;
- Administrar tratamento bacteriano de ataque prescrito;
- Ministrar profilaxia contra tétano para proteger o paciente;

34
https://www.docsity.com/pt/enfermagem-em-urgencia-e-emergencia/4715045/

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


187
- Orientar o paciente a contatar com o médico e procurar o serviço de saúde no caso de dor súbita
persistente, febre, hemorragia ou sinais de mau cheiro, secreção ou vermelhidão em torno da ferida.

Feridas Abdominais Penetrantes

Nas hipóteses de feridas abdominais penetrantes é necessário:


- Inspecionar o local para verificação de lesões penetrantes;
- Auscultar verificando ausência ou presença de traumatismo;
- Avaliar progressão da distensão abdominal, defesa reflexa, dor, rigidez muscular e hiperestesia de
rebote, hiperestesia, e diminuição do peristaltismo intestinal;
- Registrar todos os sinais físicos à medida que o paciente for examinado.

Cuidados Emergenciais

Nas hipóteses de cuidados emergenciais é necessário:


- Restaurar as vias aéreas;
- Manter o paciente na maca, já que o movimento pode causar fragmentação de um coágulo em um
grande vaso e produzir hemorragia maciça;
- Caso o paciente esteja comatoso, imobilizar o pescoço;
- Retirar a roupa de cima do ferimento;
- Contar o n° de ferimentos;
- Localizar a entrada e saída dos ferimentos;
- Avaliar a presença de hemorragias;
- Cobrir as vísceras exteriorizadas com curativos estéreis de soro fisiológico para prevenir o
ressecamento das vísceras;
- Controlar a hemorragia até que recupere e possa ser feita a cirurgia;
- Aspirar conteúdos gástricos pois previne complicações pulmonares;
- Introduzir cateter uretral para avaliar débito urinário e presença de hematúria;
- Suspender ingestão de líquidos pela boca, prevenindo o aumento da peristalse e vômitos, no caso
de ferimentos produzido por arma branca preparar para sinografia para detectar penetração peritoneal;
- Administrar profilaxia contra tétano;
- Administrar antibiótico de largo espectro prescrito;
- Preparar o paciente para procedimento cirúrgico caso ocorra, hemorragia, ar sobre o diafragma,
evisceração ou hematúria.

Limpeza de Ferimentos Superficiais

1. Lavar bem as mãos com água e sabão;


2. Lavar abundantemente a ferida com água limpa e sabão. Se possível lavar com água morna;
3. Se preciso realizar tricotomia (corte dos cabelos e pelos);
4. Cuidado ao retirar sujeira. Não esfregar os ferimentos para não piorar a solução de continuidade da
pele, e não remover possíveis coágulos existentes;
5. Cobrir com gaze estéril para secar, limpando a ferida no sentido de dentro para fora, para não levar
microrganismos para dentro;
6. Colocar compressas de gaze sobre a ferida. Não usar algodão, que se desmancha e prejudica a
cicatrização;
7. Não tentar retirar corpos estranhos, tais como: farpas ou pedaços de vidro ou metal, a não ser que
saiam facilmente;
8. Fazer uma atadura ou bandagem sobre o ferimento com curativo.

Contusão Abdominal

Em caso de contusão abdominal é necessário:


- Iniciar método de ressuscitação;
- Efetuar avaliação física constante;
- Observar a presença de presença de hiperestesia, rigidez, espasmos, observe o aumento da
distensão abdominal; ausculte ruídos peritoneais; monitorize frequente sinais vitais;
- Avaliar complicações imediatas: como hemorragias, choques e lesões associadas;
- Encaminhar solicitação de exames laboratoriais;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


188
- Encaminhar para exames radiográficos;
- Colocar sonda nasogástrica para prevenir vômitos e consequentes aspirações de secreção;

Esmagamentos

Em caso de esmagamentos o controle do choque sistêmico constitui prioridade de tratamento;


devendo-se:
- Controlar o choque;
- Observar a presença de comprometimento renal;
- Imobilizar os grandes esmagamentos de parte mole;
- Elevar as extremidades para aliviar a pressão dos líquidos extravasados;
- Administrar medicações para dor e ansiedade prescritas,
- Encaminhar a cirurgia, observar presença de choques;
- Monitorar os sinais vitais do paciente;
- Administrar plasma e sangue prescritos;

Traumatismos Múltiplos

Em caso de traumatismos múltiplos, deve-se:


- Efetuar um exame físico simplificado, para determinar sangramento, parada respiratória, ou choque;
- Iniciar ressuscitação;
- Observar aspecto e assimetria da movimentação da parede torácica e padrão da respiração;
- Ventilar o paciente prevenindo a hipóxia;
- Introduzir cânula evitando orofaríngea evitando oclusão pela língua;
- Avaliar a função cardíaca;
- Puncionar veia calibrosa e iniciar administração de sangue, derivados e eletrólitos;
- Controlar a hemorragia;
- Prevenir e tratar o choque hipovolêmico;
- Introduzir cateter uretral de demora, e monitorizar débito cardíaco;
- Avaliar presença de traumatismo de pescoço;
- Avaliar a presença de traumatismo de crânio;
- Imobilizar fraturas evitando traumatismo maior de partes moles;
- Preparar para laparotomia caso o paciente mostre sinais contínuos de hemorragias e piora;
- Mobilizar a cada hora o débito urinário;
- Administrar tratamento contra tétano.

Fraturas

Em caso de fraturas, deve-se:


- Dar imediata atenção ao estado geral do paciente;
- Avaliar presença de dificuldades respiratórias;
- Preparar para traqueostomia, caso necessário;
- Administrar sangue e hemoderivados e eletrólitos, prescrito;
- Manter controle de sinais vitais constantes;
- Avaliar déficits neurológicos;
- Administrar oxigenação prescrita;
- Aplicar curativo estéril em fratura exposta;
- Imobilizar antes de movimentar o paciente;
- Avaliar sinais de choque e hemorragias;
- Manusear a parte afetada o mínimo possível;
- Transportar o paciente com segurança;
- Administrar analgésicos prescritos.

Reação Anafilática

Se for na presença de edema glótico, deve-se:


- Fazer incisão na membrana cricotireoidea para liberar via aérea;
- Proceder respiração cardiorrespiratória;
- Administrar epinefrina prescrita;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


189
- Iniciar infusão e medicamento para reversão de efeito;
- Avaliar e monitorar sinais vitais;
- Administrar oxigênio;
- Caso o paciente esteja com convulsões administre medicamento anticonvulsivante.

Envenenamento

O que fazer neste caso:


- Controlar vias áreas;
- Avaliar a função cardiovascular;
- Administrar oxigenoterapia;
- Monitorar débito cardíaco;
- Procurar determinar qual o veneno para estabelecer antídoto;
- Monitorar estado neurológico;
- Obter amostra de sangue para dosar a concentração do veneno;
- Puncionar veia calibrosa;
- Administrar tratamento de suporte;
- Monitorizar equilíbrio hidroeletrolítico;
- Realizar uma lavagem gástrica para paciente obnubilado;
- Monitorar e tratar complicações.

Telefones públicos de emergência: prontos-socorros, polícias militar e civil, corpo de


bombeiros.

Listamos os principais números úteis e de emergência nacionais. Fique atento a finalidade de cada um
para não errar durante a ligação:

SAMU: 192
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU (pronto-socorro). O SAMU é o serviço médico
brasileiro utilizado em caso de emergências médicas. Para utilizá-lo, basta ligar para 192 e explicar o tipo
de emergência para acionar o serviço.

Policia Militar: 190


O 190 é um serviço de emergência da Polícia Militar que atende aos cidadãos em casos de riscos,
ameaças contra a vida, denúncias de roubos, atentados e proteção pública. Pode ser acionado de
telefones fixos e celulares.

Polícia Civil: 197


Para denúncias de porte de arma, drogas, tráfico, roubos, assaltos, assassinatos, sequestros, etc.

Corpo de Bombeiros: 193


As consequências da maioria dos acidentes domésticos ou na rua podem ser amenizadas com o
socorro imediato do Corpo de Bombeiros. O Disque Bombeiros atende a incêndios, acidentes com
animais, vazamentos de gás, produtos químico e causas naturais como alagamento e queimadas. Confira
aqui um caso de atuação do Corpo de Bombeiros em vistoria por Brasília.

Postos de Saúde e Hospitais:


O 192 é um serviço de atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência. Você pode acionar o
serviço através de telefones sem utilizar fichas ou cartão.

O que você deve saber antes de ligar para o 192:


1 - O que aconteceu com o paciente;
2 - Endereço - rua, avenida, número, bairro e referência do local da ocorrência;
3 - Dados do paciente, como nome, idade e sexo;
4 - O número do telefone de onde você está ligando.

O 192 atende apenas situações de emergências médicas. Não dê trote! Você poderá retardar e
prejudicar seriamente outra pessoa que esteja em risco de vida.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


190
ATENÇÃO!
Chame o socorro pelo número 192.
Caso o paciente seja socorrido por outros meios, ligue cancelando o pedido.

Questões

01. (Prefeitura de Salvador/BA - Agente de Salvamento Aquático - FGV/2019) Para o socorro a


uma vítima de afogamento dentro da água, um procedimento adequado do socorrista é
(A) agarrar a vítima para nela colocar o colete salva vidas e, em seguida, transportá-la até a costa.
(B) entregar o material de flutuação à vítima, mantendo-a à distância, para evitar que ela o agarre.
(C) colocar a nadadeira na vítima, para que ela possa se conduzir até um local mais seguro.
(D) estar sempre em contato direto com a vítima, para conduzi-la em direção à prancha de salvamento
ou flutuador.
(E) tentar trazer a vítima ao máximo para a superfície, caso ela agarre o socorrista.

02. (Prefeitura de Natal/RN - Técnico em Enfermagem do Trabalho - COMPERVE/2018) Um


trabalhador de 42 anos de idade apresenta obstrução total de vias aéreas por corpo estranho, encontra-
se consciente, mas com sinais de asfixia, pois agarra o pescoço e demonstra estar incapaz de falar ou
tossir, apresentando cianose e esforço respiratório acentuado. A intervenção indicada no atendimento a
esse trabalhador é executar a manobra de
(A) Heimlich.
(B) Osler.
(C) Valsava.
(D) Epley.

03. (UFAM - Técnico de Enfermagem - COMVEST UFAM/2018) Uma das situações no atendimento
de urgência e emergência são as hemorragias, tendo como causa a perda maciça de sangue consequente
ao rompimento de vasos sanguíneos. O método mais eficaz de controlar as hemorragias é:
(A) avisar ao plantonista médico.
(B) a transfusão sanguínea como primeira ação.
(C) assegurar acesso venoso, mas só em casos graves.
(D) aferir os sinais vitais.
(E) a compressão direta do ponto onde está ocorrendo a hemorragia, por cerca de 6 a 8 minutos.

04. (SAS/SP - Técnico de Enfermagem - MS CONCURSOS/2018) Quando há uma situação que não
pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até mesmo
de morte; na enfermagem, esse é o conceito de:
(A) Trauma
(B) Emergência
(C) Urgência
(D) Síncope
(E) PCR

05. (SAS/SP - Técnico de Enfermagem - MS CONCURSOS/2018) Quando há uma situação que não
pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até mesmo
de morte; na enfermagem, esse é o conceito de:
(A) Trauma
(B) Emergência
(C) Urgência
(D) Síncope
(E) PCR

06. (EBSERH - Técnico de Enfermagem - CESPE/2018) Mariana, com setenta e seis anos de idade,
apresenta, em atendimento hospitalar de emergência, forte dor precordial, em aperto, contínua, com
irradiação para o pescoço, e leve tontura - segundo a paciente, há cerca de 30 min. Ela tem história de
hipertensão arterial crônica e vem sendo acompanhada regularmente por seu cardiologista. No exame,
Mariana encontra-se dispneica, agitada, com PA de 190 mmHg × 130 mmHg e oximetria de pulso em
92%.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


191
Acerca desse caso clínico, julgue o item a seguir.
O quadro apresentado por Mariana pode ser corretamente classificado como uma urgência
hipertensiva.
( ) Certo
( ) Errado

07. (TRE/SP - Técnico Judiciário - Enfermagem - FCC/2017) Considerando as manobras de


Reanimação Cardiopulmonar – RCP, as Diretrizes da American Heart Association – AHA 2015
recomenda
(A) manter a relação compressão-ventilação com via aérea avançada de 30:2 com uso de ventilador
pulmonar.
(B) avaliar a respiração e o pulso simultaneamente em até 30 segundos.
(C) aplicar compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min.
(D) apoiar-se sobre o tórax do paciente entre as compressões.
(E) permitir o retorno parcial da parede do tórax após cada compressão.

08. (SES/SC - Técnico em Enfermagem - FEPESE/2017) Sabe-se que os engasgos são


intercorrências comuns que acontecem com recém-nascidos.
São ações corretas a serem realizadas diante de um engasgo em recém-nascido:
(A) O recém-nascido deve ser colocado deitado e feitas compressões torácicas.
(B) O recém-nascido deve ser levantado imediatamente e soprado seu rosto para ajudá-lo a respirar.
(C) O recém-nascido deve ser posicionado de cabeça para baixo, apoiando-o na coxa e devendo-se
bater com a parte mais saliente da mão aberta entre as escápulas.
(D) O recém-nascido deve ser posicionado com a cabeça para cima, devendo-se bater com a parte
mais saliente da mão aberta entre as escápulas.
(E) O recém-nascido deve ser levantado imediatamente e o adulto, com os dedos indicadores e médio,
deverá tentar retirar o corpo estranho, se for o caso.

09. (TRF-2ª Região - Analista Judiciário - Enfermagem - CONSUPLAN/2017) O Sistema de


Classificação de Pacientes é uma das ferramentas utilizadas pelo enfermeiro subsidiando-o nas suas
ações administrativas. O Sistema de Classificação de Pacientes pode ser melhor definido como:
(A) Método utilizado para determinar, monitorar e validar as necessidades de cuidado individualizado
do paciente.
(B) Sistema estabelecido pelo COFEN que determina horas de assistência de enfermagem por unidade
de internação.
(C) Método de classificar as queixas dos usuários que demandam os serviços de urgência/emergência,
visando identificar os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato.
(D) Sistema estabelecido pelo Ministério da Saúde baseado no caráter público ou privado da instituição
de saúde para o repasse de recursos para aperfeiçoamento profissional.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.E / 04.C / 05.B / 06.Certo / 07.C / 08.C / 09.A

Comentários

01. Resposta: B
- Chame imediatamente por socorro ao identificar um afogamento e, em seguida, tente ajudar, desde
que a ação de resgate não ofereça risco para sua integridade física;
- Use material flutuante, pois é de extrema importância para interromper o afogamento;
- Faça a remoção do afogado da água se for seguro para você. O ideal é tentar ajudar mantendo-se
fora da água;
- Entre na água somente se tiver absoluta segurança de não correr risco de ser um segundo afogado.
Se você decidiu fazer isso, leve consigo, sempre que possível, algum material de flutuação.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


192
02. Resposta: A
Como Agir em Caso de Engasgo por Corpo Estranho
Manobra de Heimlich
Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdome (se for uma criança, ajoelhe-
se primeiro), caso ela esteja consciente. Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do
estômago” (região epigástrica).
A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro
e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro
e para cima (como uma letra "J"), até que a vítima elimine o corpo estranho.

03. Resposta: E
- Identificar o local exato da hemorragia. Devido ao sangue se espalhar, é possível que o atendimento
esteja sendo feito no local errado, por essa razão, é extremamente importante identificar o local e já
proceder com as ações de estancamento da hemorragia de forma adequada (hemorragia externa) ou
realizar o alinhamento anatômico de membro fraturado (possibilidade de sangramento interno) quando
possível;
- Pressionar com firmeza (curativo compressivo) o local do sangramento, tendo o cuidado de não
pressionar demais e, com isso, parar a circulação.

04. Resposta: C
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n. 1.451/95, entende-se por urgência
a condição “imprevista de agravo da saúde com ou sem risco potencial de vida”, com necessidade de
assistência de saúde imediata ou em até 24h.

05. Resposta: B
Emergência como a condição imprevista de agravo da saúde, com “risco iminente de vida ou
sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato”.

06. Resposta: Certo


Quando a pressão exercida sobre as artérias é maior do que a esperada, dá-se a hipertensão arterial.
A pressão considerada normal é variável entre 120 ×90mmHg e 120 × 80mmHg.
Sinais e sintomas: Cefaleia, sudorese fria, dor em região da “nuca” (mas sem rigidez), mal-estar geral
e ansiedade.

07. Resposta: C
Com as mãos sobre a metade inferior do esterno (região hipotenar), sem flexionar os cotovelos inicie
as compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min;

08. Resposta: C
Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no
meio das costas).

09. Resposta: A
Segundo o Ministério da Saúde, o sistema de classificação de prioridade é uma estratégia que contribui
para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade da assistência.
No contexto da Política Nacional de Humanização, o termo triagem foi substituído por classificação de
risco, realizada por meio de instrumentos e escalas de seleção - como a canadense, a australiana, a
americana e o sistema de classificação de Manchester - para destinar a cada cliente os recursos e tempo
necessários ao atendimento, de acordo com cada grau de gravidade.

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA UNIDADE DE ENFERMAGEM EM CENÁRIOS


ASSISTENCIAIS DE SAÚDE35

A organização é de fundamental importância para que as unidades de enfermagem possam alcançar


seus objetivos, ou seja, a prestação integral da assistência de enfermagem aos pacientes.

35
http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2011_30.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


193
O serviço de enfermagem de um hospital é constituído pelas unidades de internação geral que
englobam:
- Clínica médica;
- Clínica cirúrgica;
- Unidade de obstetrícia;
- Unidade de berçário;
- Unidade de pediatria;
- Unidade de ortopedia;
- Emergência (Pronto Socorro);
- Centro de material e esterilização;
- Unidade de terapia intensiva;
- Unidade de ambulatório.

Se o serviço dispõe de todas essas especialidades, o hospital é de grande ou médio porte. O hospital
de pequeno porte tem suas unidades reduzidas e agrupadas.
As unidades de emergência são locais apropriados para o atendimento de pacientes com afecções
agudas específicas onde existe um trabalho de equipe especializado e podendo ser divididas em pronto
atendimento, pronto socorro e emergência.
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n° 1451/1995, os estabelecimentos de
pronto socorros, públicos e privados, devem ser estruturados para prestar atendimento a situações de
urgência-emergência, devendo garantir todas as manobras de sustentação da vida e com condições de
dar continuidade à assistência no local ou em outro nível de atendimento referenciado.
De acordo com a definição do Ministério da Saúde, pronto-socorro é o estabelecimento de saúde
destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem risco de vida, cujo agravos à saúde necessitam
de atendimento imediato, sendo que seu funcionamento deve permanecer ininterrupto durante as 24
horas do dia e dispõe de leitos de observação.

Recursos Humanos

A equipe de enfermagem é constituída por enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de


enfermagem. Para atender ás necessidades das unidades torna-se necessário identificar as funções e
responsabilidades de cada membro da equipe.

Recursos Materiais, Equipamentos, Medicações e Roupas

As unidades de enfermagem devem estar equipadas com todos os materiais necessários para seu
eficiente funcionamento. Os avanços tecnológicos que vêm surgindo têm propiciado o surgimento de
novos produtos hospitalares que podem colaborar na melhora da assistência de enfermagem ao paciente.

Unidade de Emergência

É o conjunto de elementos para atendimento, diagnóstico e tratamento de pacientes acidentados ou


acometidos de mal súbito com ou sem risco de morte.
Localização: deve se localizar de modo a permitir facilidade de acesso ao público, entrada
independente.

Características Físicas
- Recepção e espera;
- Sanitário para o público;
- Sala de registros;
- Sala para primeiro atendimento;
- Sala de serviço social;
- Sala de hidratação;
- Sala de inalação;
- Sala para exames;
- Sala de gesso;
- Sala para pequena cirurgia;
- Sala de aplicação de medicação;
- Raio X;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


194
- Posto de enfermagem;
- Copa;
- Expurgo;
- Rouparia;
- Sala de observação de pacientes;
- Sala de isolamento;
- Sala para posto policial;

Observação: o posto de enfermagem deve ser próximo as salas de hidratação e de observação dos
pacientes.

Questões

01. Pode-se afirmar que o conjunto de elementos para atendimento, diagnóstico e tratamento de
pacientes acidentados é a unidade ambulatorial.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01. Errado

Comentários

01. Resposta: Errado


É a Unidade de emergência

Materiais e Equipamentos para Sala de Emergência

As salas de emergência dispõem de materiais e equipamentos básicos podendo variar com alguns
centros de especialidades, dentre os materiais básicos estão:
- Monitor cardíaco;
- Eletrocardiógrafo;
- Respirador mecânico;
- Bomba de infusão
- Cama fowler
- Carro de emergência;
- Material para intubação endotraqueal: Adulto/ infantil/ neonatal;
- Oxímetro de pulso;
- Conjunto de nebulização em máscara;

Conjunto padronizado de beira de leito:


- Termômetro;
- Esfigmomanômetro;
- Estetoscópio;
- Ambu com máscara.

Cilindros de oxigênio (transporte)


- Ventilador para transporte;
- Aspirador de secreções;
- Negatoscópio;
- Otoscópio;
- Máscara Venturi com diferentes concentrações de gases;

Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvulas reguladoras de pressão e pontos de vácuo
para cada leito.
- Capacete para oxigenoterapia (pediátrico e neonatal);
- Incubadora para transporte Fototerapia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


195
Bandejas para Procedimentos:
- Intracath;
- Drenagem de tórax;
- Pequena cirurgia;
- Curativos;
- Flebotomia;
- Punção lombar;
- Cateterismo vesical;
- Intubação endotraqueal: Adulto / infantil/ neonatal.

Carrinho de Emergência

Medicamentos:
- Adrenalina 1mg/ml;
- Amiodarona;
- Aminofilina;
- Atropina 0,5mg/ml;
- Bicarbonato de sódio 8,4%;
- Cedilanide;
- Dopamina 50mg;
- Glicose 50% (20ml);
- Glicose 25% (20ml);
- Gluconato de cálcio 10%;
- Furosemida 10mg/ml;
- Noradrenalina 1mg/ml;
- Solucortef 100 mg e 500 mg;
- Água destilada 10ml;
- Xylocaína 2% s/a;
- Solução fisiológica 0,9%;
- Solução glicosada 5%;
- Solução glicosada 10%.

Atropina36 - Ampola de 1ml com 0,5mg.


Ação: Parassimpaticolítico: aumenta a frequência cardíaca; Broncodilatação; Midríase; Redução de
salivação; Antídoto na intoxicação por organofosforados.
Dose máxima em adultos: 2mg/dose.
Administração intravenosa: Pode ser feita sem diluir e em bólus rápido.
Administração endotraqueal: diluir para 3 a 5ml em soro fisiológico.

Bicarbonato de sódio - Ampola de 10ml a 8,4%.


Indicação: Acidose metabólica; Hipercalemia; Hipermagnesemia; Intoxicações por antidepressivos
tricíclicos, cocaína ou bloqueadores dos canais de cálcio.
Na emergência: Diluir a ampola a 1:1 com ABD e administrar a dose em, no mínimo, 2 minutos, direto
na veia.
Fora das emergências: Correr em 1-2 horas em bomba de infusão.
Lavar o acesso venoso com 3 a 5ml de SF imediatamente antes e imediatamente depois da
administração em bólus.
Acesso venoso exclusivo.

Dopamina / Revivan - Ampola de 10ml com 50mg (5mg/ml).


Catecolamina endógena;
Ação: Inotrópica; vasoconstritora sistêmica (pressora em doses altas);
Vasodilatadora renal (em doses baixas).
Geralmente usada diluindo-se uma ampola de 10ml com 5mg/ml em 240ml de SGI.
Paciente de 60 kg: infusão de 60 gotas/minuto = 180 ml/hora.

36
https://souenfermagem.com.br/estudos/emergencia/quais-medicamentos-colocamos-no-carro-de-emergencia/

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


196
Pode ser misturada na mesma solução com dobutamina, adrenalina, noradrenalina, lidocaína,
vecurônio ou atracúrio.
Não infundir junto com bicarbonato.

Epinefrina / Adrenalina - Ampola 1mg/1ml.


Ação: Inotrópico (aumenta a contratilidade miocárdica); Cronotrópico (aumenta a freqüência cardíaca);
aumenta a resistência vascular periférica; aumenta a PA (melhorando a perfusão coronariana). EV: 1
ampola por dose a cada 3 minutos.
Preferencialmente em veia central em acesso exclusivo;
Não associar com bicarbonato na mesma via.

Amiodarona / Ancoron - Ampola de 3ml com 150mg (50mg/ml).


Ação: Antiarrítmico.
EV: preferir fazer em bólus direto, lento (5 minutos), e evitar correr em equipo (devido a liberação de
substância tóxica em contato com plásticos).
Não misturar ou infundir no mesmo acesso:
Aminofilina, Bicarbonato de sódio, cefazolina, cloreto de sódio e heparina.

Furosemida / Lasix - Ampola de 2ml com 20mg (10mg/ml).


Diurético de alça.
Indicações: ICC; Hipertensão; Hipervolemia; Edema por insuficiência renal.
EV sem diluir ou diluída a 1mg/ml.
Não misturar com cálcio, cefalosporinas, dopamina, dobutamina, hidrocortisona, gentamicina,
midazolan, morfina.

Cedilanide / Lanatosídeo C - Ampola de 2ml (0,2mg/ml).


Digitálico de ação curta; Uso EV.

Gluconato de cálcio - Frasco-ampola com 10ml a 10% (100mg/ml).


Na parada cardiorrespiratória tem importância secundária e deve ser usado só nos casos com
hipocalcemia.
Uso EV por bólus: deve ser lenta no máximo de 0,5ml/min;
Não deve ser infundido ou diluído com bicarbonato, pois precipita. Lavar com soro fisiológico a via
antes e depois de se infundir;
Se infiltrar provoca esclerose da veia e necrose tecidual.

Glicose hipertônica - Ampola de 20ml a 50%.


A glicose é importante na reanimação e nas emergências como choque, parada cardíaca, coma e
insuficiência respiratória grave e durante convulsões;
É preferencial que seja realizada uma glicemia capilar antes de se administrar a glicose.
Uso EV por bólus: diluir a glicose em igual volume de ABD;
O uso de soluções acima de 25% em bólus ou de 12,5% em infusão contínua por tempo prolongado
pode levar a esclerose e trombose de veias.

Cloridrato de lidocaína / Xylocaína - Anestésico local.


Antiarrítmico.

Materiais:
- Seringas de 5ml,10ml e 20ml;
- Jelco números: 18,20,22 e 24;
- Equipos macrogotas e microgotas;
- Equipo polifix;
- Luvas de procedimentos;
- Luvas cirúrgicas;
- Micropore e esparadrapo;
- Scalp 19 e 21;
- Gazes;
- Tábua para massagem cardíaca;
- Laringoscópio e lâminas curvas e retas;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


197
- Pilhas novas;
- Xylocaína gel;
- Cateter de aspiração;
- Sondas endotraqueais 7,5; 8,0 ;8,5 e 9,0;
- Sondas endotraqueais infantis;
- Cadarço;
- Cânulas de guedel adultos e infantil;
- Ambu adulto e infantil;
- Eletrodos;
- Agulhas 40x12;
- Agulhas 25x7;
- Agulhas 25x8;
- Agulhas 13x4,5.

Observações:
É muito importante a conferência do carrinho de emergência em cada plantão.
Reponha imediatamente os materiais ou medicamentos que estiverem faltando.
Somente utilize esses materiais em casos de emergência.
Cada hospital deve se adequar conforme suas necessidades, essa é uma lista de materiais,
equipamentos e medicamentos básicos, podendo ser modificado seguindo as necessidades de cada
local.

Questões

01. (IF/PA - Técnico em Enfermagem - FUNRIO) Assinale a opção correta sobre a administração de
drogas utilizadas em uma emergência cardiorrespiratória:
(A) A adrenalina é um hipotensor deve ser administrada a cada 1 minuto na dose de 2mg.
(B) Atropina é um digitálico, deve ser administrada a cada 2 minutos na dose de 1mg até a dose
máxima de 3mg.
(C) Amiodarona indicada nas taquiarritmias associadas ou não à angina do peito.
(D) Sulfato de Magnésio tem ação vasodilatadora direta.
(E) Bicarbonato de Sódio indicada como vasodilatador que atua na musculatura lisa das arteríolas
periféricas.

Gabarito

01.C

Comentários

01. Resposta: C
Amiodarona / Ancoron - Ampola de 3ml com 150mg (50mg/ml).
Ação: Antiarrítmico.
EV: preferir fazer em bólus direto, lento (5 minutos), e evitar correr em equipo (devido a liberação de
substância tóxica em contato com plásticos).

8. Enfermagem em saúde pública. 8.1. Política Nacional de Imunização

CONCEITO E ABRANGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA3738

A saúde pública é a disciplina que trata da proteção da saúde a nível populacional. Neste sentido,
procura melhorar as condições de saúde das comunidades através da promoção de estilos de vida
saudáveis, das campanhas de sensibilização, da educação e da investigação. Para tal, conta com a

37
http://www.microbioticos.com/saude-publica
38
https://www.infoescola.com/saude/saude-publica/

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


198
participação de especialistas em medicina, biologia, enfermagem, sociologia, estatística, veterinária e
outras ciências e áreas.
O desenvolvimento da saúde pública depende dos governos, que elaboram diversos programas de
saúde para obedecer aos respectivos objetivos. Das várias funções da saúde pública, destacam-se a
prevenção epidemio-patológica (com vacinações massivas e gratuitas), a proteção sanitária (controlo do
meio ambiente e da contaminação), a promoção sanitária (através da educação) e a restauração sanitária
(para recuperar a saúde).
Os organismos de saúde pública devem avaliar as necessidades de saúde da população, investigar o
surgimento de riscos para a saúde e analisar os determinantes de tais riscos. De acordo com o que for
detectado, devem estabelecer as prioridades e desenvolver programas e planos que permitam responder
a essas necessidades.
A saúde pública também deve gerir os recursos para assegurar que os seus serviços cheguem à maior
quantidade de pessoas possível. A saúde pública não pode oferecer serviços de vanguarda para
determinadas pessoas e descuidar das condições de saúde das restantes, já que parte de um princípio
comunitário e não pessoal. Ao depender do Estado, a saúde pública não deve fazer quaisquer
descriminações entre os habitantes de uma mesma região.
O conceito clássico de Saúde Pública define o termo como a arte e a ciência de prevenir doenças,
prolongar a vida, possibilitar a saúde e a eficiência física e mental através do esforço organizado da
comunidade. Isto envolve uma série de medidas adequadas para o desenvolvimento de uma estrutura
social capaz de proporcionar a todos os indivíduos de uma sociedade a condição de saúde necessária.
Esta definição é utilizada também pela Organização Mundial de Saúde, o principal órgão internacional
que visa a manutenção do bem-estar físico, psíquico e social.
A ação do Estado é central na promoção da Saúde Pública. É ele que a organiza de acordo com suas
questões sociais e políticas fazendo aplicar os serviços médicos na organização do sistema de saúde. A
Saúde Pública visa combater os fatores condicionantes da propagação de doenças, ou seja, tenta manter
um controle das incidências nas populações por meio de ações de vigilância e de investigações
governamentais.
A Saúde Pública no Brasil passa por personagens importantes como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas,
mas também por instituições de destaque como o Instituto Vital Brasil, Butantã ou Adolfo Lutz. Estas
entidades de pesquisa e aprimoramento do combate às doenças são referenciais no que se refere à
saúde no país.
São, por outro lado, exemplos isolados de atividade competente e meritória da Saúde Pública
brasileira. Já a grande máquina de atendimento populacional no combate e controle de doenças é
chamada de SUS, Sistema Único de Saúde, e é alvo de várias críticas em função da precariedade dos
serviços prestados, da escassez de mão-de-obra qualificada para atender a grande demanda
populacional e da demora na solução de problemas por causa de uma grande sobrecarga burocrática.

PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES (PIN)

A primeira campanha de vacinação3940414243 em massa no Brasil, idealizada por Osvaldo Cruz, ocorreu
há mais de 100 anos, com o objetivo de erradicar a varíola, cujo último caso nacional foi notificado em
1971.
Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de Imunizações (PNI), por determinação do Ministério da
Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela
descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura.
A proposta básica para o Programa, constante de documento elaborado por técnicos do Departamento
Nacional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da Saúde) e da Central de Medicamentos (CEME
- Presidência da República), foi aprovada em reunião realizada em Brasília, em 18 de setembro de 1973,
presidida pelo próprio Ministro Mário Machado Lemos e contou com a participação de renomados
sanitaristas e infectologistas, bem como de representantes de diversas instituições.
Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somatório de fatores, de âmbito nacional e
internacional, que convergiam para estimular e expandir a utilização de agentes imunizantes, buscando
a integridade das ações de imunizações realizadas no país.

39
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/vacine-se
40
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf
41
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Artmed, 2019.
42
http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/imunizacao/doc/2016_norma_imunizacao.pdf
43
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/22/Instrucao-Normativa-Calendario-Vacinacao-Site.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


199
O PNI passou a coordenar, assim, as atividades de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede
de serviços e, para tanto, traçou diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços de Saúde
Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de saúde através de sua rede própria.
A legislação específica sobre imunizações e vigilância epidemiológica (Lei 6.259 de 30-10-1975 e
Decreto 78.231 de 30-12-76) deu ênfase às atividades permanentes de vacinação e contribuiu para
fortalecer institucionalmente o Programa.
Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em 1980 a 1ª Campanha Nacional De Vacinação
Contra A Poliomielite, com a meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos em um só dia. O
último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em março de 1989.
Em setembro de 1994 o Brasil junto com os demais países da região das Américas, recebeu da
Comissão Internacional para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem
nas Américas, o Certificado que a doença e o vírus foram eliminados de nosso continente.
De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de Saúde. A partir de 2003, passou a integrar
o DEVEP/SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na Coordenação Geral do Programa
Nacional de Imunizações (CGPNI). Ao longo do tempo, a atuação do PNI alcançou consideráveis avanços
ao consolidar a estratégia de vacinação nacional.
Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem como missão organizar a Política Nacional de
Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreveníveis.
Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma
compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
As metas mais recentes contemplam a eliminação do sarampo e do tétano neonatal. A essas, se soma
o controle de outras doenças imunopreveníveis como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite
B, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba em alguns Estados,
bem como, a manutenção da erradicação da Poliomielite.
O PNI adquire, distribui e normatiza também o uso dos imunobiológicos especiais, indicados para
situações e grupos populacionais específicos que serão atendidos nos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIE). É também de responsabilidade desta coordenação a implantação do
Sistema de Informação e a consolidação dos dados de cobertura vacinal em todo o país.
Destacamos que o objetivo principal do Programa é de oferecer todas as vacinas com qualidade a
todas as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas vacinais de
100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os bairros.
O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização Mundial da Saúde, com o apoio técnico,
operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do Rotary Internacional e do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O Programa Nacional de Imunizações tem avançado ano a ano para proporcionar melhor qualidade
de vida à população com a prevenção de doenças. Tal como ocorre nos países desenvolvidos, o
Calendário Nacional de Vacinação do Brasil contempla não só as crianças, mas também adolescentes,
adultos, idosos, as gestantes e povos indígenas. Ao todo, são disponibilizadas na rotina de imunização
19 vacinas, cuja proteção inicia nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida.
As vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico a proteger a pessoa contra doenças
transmissíveis. Quando adotada como estratégia de saúde pública, elas são consideradas um dos
melhores investimentos em saúde, considerando o custo-benefício.
O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) é alimentado pelas
vacinadoras do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem o objetivo de possibilitar uma avaliação dinâmica,
pelos gestores do programa, da ocorrência de surtos ou epidemias a partir do registro dos imunobiológicos
aplicados e do número de pessoas vacinadas, agregadas por faixas etárias em determinado período de
tempo e por áreas geográficas.
O SI-PNI também permite controle de estoque das vacinas para organizações logísticas de aquisição
e distribuição.
A administração de imunobiológicos constitui uma importante medida na prevenção primária de
doenças. O conhecimento das características e potencialidades a seu respeito, assim como sua oferta
devem fazer parte da rotina das unidades de saúde e dos profissionais que nelas atuam, como preconiza
a abordagem centrada na pessoa e o enfoque comunitário.
Dado o constante fluxo de informações epidemiológicas integradas entre os países e coordenadas
pela OMS, assim como as mudanças evolutivas de ordem técnica resultantes da experiência do uso de
imunobiológicos, faz-se necessária uma atualização constante de todos os envolvidos com o tema,
principalmente dos profissionais atuantes na atenção primária à saúde.
Portanto abordaremos a seguir as bases imunológicas, assim como os procedimentos envolvidos na
aplicação da imunização (vacinação).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


200
Bases Imunológicas da Vacinação

A imunologia é o estudo da imunidade, ou seja, dos eventos moleculares e celulares que ocorrem
quando o organismo entra em contato com micro-organismos ou macromoléculas estranhas presentes
no ambiente.

Os seres humanos estão constantemente expostos a agentes infecciosos, como parasitas, bactérias,
vírus e fungos. Então, para se defender desses agentes, o sistema imune atua de duas maneiras:
1) Ele reage rapidamente (de minutos a horas) aos agentes infecciosos, como, por exemplo, a
fagocitose e outros mecanismos que já estão presentes no organismo antes da infecção. Essa é a
resposta natural, inata ou inespecífica.
2) Ele desenvolve mais lentamente (ao longo de dias ou semanas) uma resposta imune específica,
como, por exemplo, a produção de anticorpos específicos para o sarampo. Essa é a resposta adquirida,
adaptativa ou específica.

As células da resposta imunológica são produzidas na medula óssea. Os linfócitos T e os linfócitos B


são encontrados na medula óssea, no timo, nos gânglios linfáticos, no baço e nas placas de Peyer, no
intestino.

Imunidade Inespecífica (Natural ou Inata)

É constituída de mecanismos de defesa bioquímicos e celulares que já estão presentes no organismo


antes mesmo de se iniciar o processo infeccioso, respondendo, prontamente, à infecção.

Seus principais componentes são:


- Barreiras físicas: a pele e as mucosas;
- Barreiras fisiológicas: secreções das glândulas sudoríparas e sebáceas, das mucosas, atividades
ciliares do epitélio das vias respiratórias, saliva, acidez gástrica e urinária, ação mucolítica da bile,
peristaltismo intestinal, ação da lisozima (enzima que destrói a camada protetora de várias bactérias),
presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais;
- Fatores séricos e teciduais: complemento, interferon;
- Fagocitose.

A imunidade inespecífica não necessita de estímulos prévios e não tem período de latência. Esse tipo
de imunidade se opõe à colonização, à penetração, à multiplicação e à persistência do agente infeccioso
no organismo.
A imunidade inespecífica é a linha de frente da defesa do nosso organismo, capaz de impedir que a
doença se instale.

A grande maioria dos microrganismos é destruída em poucos minutos ou horas pela imunidade inata.

Os principais mecanismos são:


- Fagocitose: realizada por meio de leucócitos polimorfonucleares, monócitos e macrófagos teciduais.
Na fagocitose, a membrana plasmática envolve o material ou o micro-organismo a ser fagocitado,
formando-se grandes vesículas chamadas fagossomos. Estes se fundem com os lisossomos, que têm
enzimas digestivas, formando-se fagolisossomos. O objetivo é destruir os micro-organismos invasores
por digestão intracelular.
- Complemento: é um sistema composto de várias proteínas muito importantes na defesa contra
vários agentes infecciosos, entre eles o meningococo. Na ausência do complemento, que auxilia a
fagocitose e a lise dessa bactéria, as pessoas infectadas poderão desenvolver meningite e/ou doença
meningocócica. Por isso, para as pessoas com deficiência de complemento, a vacina conjugada
meningocócica C está indicada.
- Interferon: é uma substância de natureza proteica produzida pelas células de defesa do organismo
após uma infecção viral, com o objetivo de reduzir a replicação do vírus que desencadeou a infecção e
também para evitar a infecção por outros vírus. O interferon atua de modo inespecífico.
Por isso, as vacinas virais atenuadas (como a tríplice viral, tetra viral, as vacinas febre amarela e
varicela) não devem ser administradas simultaneamente. Recomenda-se aguardar um intervalo de 30
dias, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


201
Na maioria das vezes, a resposta inata é suficiente para defender o organismo. No entanto, quando
isso não ocorre, entram em cena os componentes da imunidade específica.

Imunidade Específica (Adquirida ou Adaptativa)

A imunidade adquirida específica corresponde à proteção contra cada agente infeccioso ou antígeno.
A resposta específica inicia-se quando os agentes infecciosos são reconhecidos nos órgãos linfoides
pelos linfócitos T e B. Os linfócitos B iniciam a produção de anticorpos específicos (imunidade humoral)
contra o antígeno. Já os linfócitos T viabilizam a produção de células de memória (imunidade celular).

Respostas Primária e Secundária

Quando os mecanismos da resposta inespecífica não são suficientes para deter a infecção, a resposta
específica será desencadeada. Inicialmente, haverá um período indutivo, fase que corresponde à
procura do linfócito específico. Durante o período indutivo, não haverá a produção de anticorpos
específicos.
Após o reconhecimento do linfócito B específico, inicia-se a produção de anticorpos. A primeira classe
de imunoglobulina a ser produzida é a IgM e, posteriormente, a IgG (resposta primária).
A IgG ficará presente, na maioria das vezes, para o resto da vida. As imunoglobulinas específicas
contra esse antígeno serão produzidas todas as vezes em que o organismo entrar em contato com esse
agente etiológico (resposta secundária). Tal resposta é mais rápida, uma vez que não há período indutivo,
pois na resposta primária ocorreu a estimulação dos linfócitos T de memória.
Algumas vacinas necessitam da aplicação de mais de uma dose, para uma adequada proteção.
É importante respeitar o intervalo mínimo entre as doses, pois isso corresponde ao período da queda
de anticorpos produzidos pela dose anterior. As doses administradas no período inferior ao intervalo
mínimo deverão ser repetidas, com exceção da vacina rotavírus humano.
Nas situações em que o antígeno não estimula as células de memória (antígeno T-independente), a
persistência dos anticorpos poderá ser limitada. A vacina polissacarídica meningocócica A e C não
estimula as células de memória. Por isso, a duração da resposta imunológica é limitada a apenas 3 a 5
anos.
As primeiras vacinas contra o Haemophilus influenzae b (Hib) e a vacina pneumocócica 23-valente
não estimulam as células de memória. As vacinas constituídas apenas de polissacarídeo têm uma boa
proteção; no entanto, com duração limitada.
As vacinas virais e bacterianas, atenuadas ou inativadas, são eficazes e estimulam a produção de
células de memória (antígenos T-dependente). As vacinas que estimulam as células de memória têm uma
grande vantagem, pois - em situações de atraso no cumprimento do calendário vacinal - não haverá
necessidade de recomeçar o esquema vacinal.
No entanto, é importante salientar que, durante o período em que as pessoas não estiverem com o
esquema vacinal completo, elas não estarão protegidas.
É importante que o antígeno vacinal seja aplicado o mais precocemente possível, antes que a pessoa
entre em contato com o agente infeccioso. A vacina aplicada irá estimular a produção de anticorpos
específicos e a produção de células de memória (resposta primária).
Tais células permitirão a rápida produção de anticorpos específicos no momento da exposição ao
agente causador da doença (resposta secundária). Assim, na reexposição, a resposta será mais rápida
e mais potente, prevenindo a doença. A resposta imune que se deseja por intermédio da vacinação é
semelhante à resposta que ocorre quando há o contato com micro-organismo selvagem.

Imunidade Ativa e Passiva

A imunidade específica pode ser adquirida de modo ativo ou passivo.

- Imunidade Ativa:
A proteção adquirida de modo ativo é aquela obtida pela estimulação da resposta imunológica com a
produção de anticorpos específicos.
A infecção natural (com ou sem sintomas) confere imunidade ativa, natural e é duradoura, pois há
estimulação das células de memória. Após uma infecção por sarampo, rubéola ou varicela, por exemplo,
o indivíduo ficará protegido, não havendo mais o risco de adquirir a mesma doença novamente.
A imunidade ativa, adquirida de modo artificial, é obtida pela administração de vacinas, que estimulam
a resposta imunológica, para que esta produza anticorpos específicos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


202
- Imunidade Passiva:
A imunidade adquirida passivamente é imediata, mas transitória. É conferida a um indivíduo mediante
a:
- Passagem de anticorpos maternos por via transplacentária, por intermédio da amamentação pelo
colostro e pelo leite materno (imunidade passiva natural);
- Administração parenteral de soro heterólogo/homólogo ou de imunoglobulina de origem humana
(imunidade passiva artificial) ou de anticorpos monoclonais. Exemplo: soro antitetânico, antidiftérico,
antibotrópico e as imunoglobulinas específicas contra a varicela, hepatite B e tétano, palivizumabe.

Neste tipo de imunidade, administram-se anticorpos prontos, que conferem a imunidade imediata.
Não há o reconhecimento do antígeno e, portanto, não ocorre a ativação de célula de memória.
Algumas semanas depois, o nível de anticorpos começa a diminuir, o que dá a esse tipo de imunidade
um caráter temporário. Utiliza-se a imunidade passiva quando há necessidade de uma resposta imediata
e não se pode aguardar o tempo para a produção de anticorpos em quantidade adequada.

Conceitos

Vacinação
Aplicação de um ou mais agentes (bactérias, vírus ou toxinas) para a estimulação do sistema imune.

Imunização
Estimulação da resposta imune do organismo por meio da administração de antígenos ou anticorpos.
Ela pode ser ativa ou passiva. A imunidade ativa necessita de estímulo prévio para se desenvolver,
podendo resultar da administração de antígenos (vacinas), que o organismo reconhece como substâncias
estranhas, procurando neutralizá-las ou eliminá-las.
Geralmente, proporciona uma proteção duradoura. Na imunidade passiva, o indivíduo recebe
anticorpos contidos nas Igs heterólogas (soros) e nas Igs humanas, administradas profilática ou
terapeuticamente, resultando em uma proteção temporária.

Agentes imunizantes
Natureza
A vacina é produto farmacêutico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina monovalente
ou combinada) em diversas formas biológicas, quais sejam: bactérias ou vírus vivos atenuados; vírus
inativados e bactérias mortas; componentes purificados e/ou modificados dos agentes causadores das
doenças contra as quais a vacina é dirigida.

Composição
O produto final elaborado pode conter, além do agente imunizante, proteínas ou outros componentes
originados dos meios de cultura ou da cultura de células utilizados no processo de produção da vacina,
bem como outros componentes, como liquido de suspensão, conservantes, antibióticos e outras
substâncias.

Líquido de suspensão
É constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica.

Conservantes e antibióticos
Representados por pequenas quantidades de substâncias necessárias para evitar o crescimento de
contaminantes (bactérias, fungos), como mercuriais (timerosal) e antibióticos (neomicina). São mais
utilizados em frascos de multidoses.

Estabilizantes
São substâncias que auxiliam a proteger as vacinas de condições adversas, como congelamento,
calor, alterações do pH (tampões) e para obtenção de isotonicidade (Cloreto de Sódio - NaCl).
Também são utilizados para formar volume, quando a vacina contém quantidades mínimas de
imunógenos como, por exemplo, a vacina Haemophilus influenzae b (conjugada), que contém apenas 10
microgramas do antígeno polissacáride purificado poliribosil-ribitol-fosfato - PRP.
Os estabilizantes mais utilizados são açúcares (sacarose e lactose), proteínas derivadas de animais
(gelatina porcina ou bovina) ou de humanos (soroalbumina humana), tampões (fosfato) e sais (NaCl). As

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


203
proteínas de alto peso molecular, como gelatina parcialmente hidrolisada, apresentam maior risco de
desencadear reações de hipersensibilidade.

Adjuvantes
São substâncias que aumentam a resposta imune de vacinas que contêm microrganismos inativados
ou seus componentes (como, por exemplo, os toxoides tetânico e diftérico). Não são utilizados em vacinas
que contêm microrganismos vivos.
Os sais de alumínio são os adjuvantes mais utilizados para vacinas destinadas a uso humano e podem
ser utilizados de forma isolada (hidróxido de alumínio, fosfato de alumínio, sulfato potássico de alumínio)
ou mista. Os adjuvantes podem causar eventos adversos locais, como formação de granuloma.

Tipos de Vacinas

Vacina atenuada
Vírus ou bactérias vivas que, após cultivados em meios adversos, perderam sua virulência, mantendo
sua capacidade imunogênica. Exemplos: vacina oral da poliomielite (VOP), sarampo, rubéola, caxumba,
febre amarela (FA), rotavírus, varicela (VZ) e bacilo Calmette-Guérin (BCG).

Vacinas inativadas
Administração de micro-organismos mortos para induzir a resposta imunológica. Não conferem
imunidade duradoura, necessitando ser repetidas periodicamente durante toda a vida. Exemplos: vacina
inativada da poliomielite (VIP), hepatite A (HA), raiva e o componente pertussis (contra coqueluche) da
vacina tríplice bacteriana.

Vacinas conjugadas
Fabricadas com fração de micro-organismos purificados (sacarídeos) ligados a proteínas, com
capacidade de induzir memória imunológica. Exemplos: vacina contra Haemophilus influenzae tipo B
(Hib), conjugada, e Neisseria meningitidis tipo C, conjugada.

Vacina recombinante
Produzida com micro-organismos geneticamente modificados, pela inserção do fragmento de DNA do
antígeno em determinado micro-organismo para a produção de proteína imunogênica. Exemplo: vacina
da hepatite B (HB).

Vacina combinada
Resulta da agregação de diferentes antígenos para proteção contra diferentes doenças que são
administradas em uma mesma preparação. Exemplo: vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola
[SCR]). Uma nova classificação possível diferencia vacinas com intenção de bloqueio populacional das
vacinas, cujo objetivo é a proteção individual ou de os estudos ainda distantes de demonstrar bloqueio
populacional.
A vacina contra o sarampo, por exemplo, tem um claro objetivo de bloqueio populacional (além de
proteção individual), ao passo que a do papilomavírus humano (HPV) não tem esse benefício, e os
estudos sequer pretenderam testar.
Essa distinção é importante porque pode ser determinante tanto para o livre arbítrio quanto para as
eventuais penalidades: quando a vacina não tem o objetivo de bloqueio populacional, uma eventual
decisão pela não vacinação não prejudicaria outra pessoa. O histórico da vacina da gripe também
funciona no sentido de bloqueio apenas individual.

Vias de Administração

Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante custo-efetivos em saúde pública. Sua
eficácia e segurança, entretanto, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua administração.
Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica para a sua administração, a fim de se
manter a sua eficácia plena.

Via oral
A via oral é utilizada para a administração de substâncias que são absorvidas no trato gastrintestinal
com mais facilidade. O volume e a dose dessas soluções são introduzidos pela boca e apresentados,
geralmente, em gotas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


204
Via parenteral
A maior parte dos imunobiológicos ofertados pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de
administração parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imunobiológico será
administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmica, subcutânea, intramuscular e endovenosa. Esta
última é exclusiva para a administração de determinados tipos de soros.

Via intradérmica (ID)


Na utilização da via intradérmica, a vacina é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele.
Esta via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O volume máximo a ser administrado
por esta via é 0,5mL.
A vacina BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por exemplo, são
administradas pela via intradérmica.
Para facilitar a identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vacina BCG seja
administrada na inserção inferior do músculo deltoide direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide
direito para tal procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide esquerdo.

Via subcutânea (SC)


Na utilização da via subcutânea, a vacina é introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea
da pele. O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,0mL.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, caxumba e rubéola e vacina
febre amarela (atenuada).
Alguns locais são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do deltoide no terço
proximal (a face superior externa do braço, a face anterior e externa da coxa ou a face anterior do
antebraço).

Via intramuscular (IM)


Na utilização da via intramuscular, o imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo
apropriado para a administração o volume máximo até 5mL.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis,
Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepatite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano
adulto; vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina pneumocócica 10 valente
(conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada).
As regiões anatômicas selecionadas para a injeção intramuscular devem estar distantes dos grandes
nervos e de vasos sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo deltoide são as
áreas mais utilizadas.

Via endovenosa (EV)


Na utilização da via endovenosa, o imunobiológico é introduzido diretamente na corrente sanguínea.
É uma via que permite a administração de grandes volumes de líquidos e, também, de soluções que,
por serem irritantes ou por sofrerem a ação dos sucos digestivos, são contraindicadas pelas demais vias
parenterais e pela via oral, respectivamente. São administrados por essa via imunobiológicos como os
soros antidiftérico, antibotulínico e os soros antiveneno.
Os locais mais utilizados para a administração de injeções endovenosas são as veias periféricas
superficiais.

Vacinas do Calendário Básico do Ministério da Saúde

Vacina da tuberculose (atenuada)


A vacina da tuberculose (TB) é uma vacina obtida por atenuação do Mycobacterium bovis e conhecida
como BCG. É indicada para prevenir as formas graves (miliar e meníngea) de TB em crianças menores
de 5 anos (principalmente no 1° ano, incluindo as indígenas).
Idade de aplicação: de preferência, nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade,
ou na primeira visita à unidade de saúde, de preferência no 1° mês de vida. A vacina é disponibilizada
rotineiramente para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias ainda não vacinadas.
Crianças filhas de mãe com vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivo podem receber a vacina
o mais precocemente possível até os 18 meses de idade, se assintomáticas e sem sinais de
imunodeficiência. Crianças com idade entre 18 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias, não vacinadas,
podem receber a vacina BCG somente se sorologia negativa para HIV.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


205
Devem ser vacinados os contatos intradomiciliares de portadores de hanseníase. A vacina é
contraindicada a partir dos 5 anos de idade e em indivíduos portadores de HIV, mesmo que
assintomáticos e sem sinais de imunodeficiência.
Recomenda-se adiar a vacinação em crianças com peso inferior a 2.000 gramas ou com afecções
dermatológicas extensas. A via de administração é a ID, na inserção inferior do músculo deltoide,
preferencialmente no braço direito.
Evolução da reação vacinal (6-10 semanas): nódulo local, pústula, crosta, úlcera (com ou sem
secreção) e pequena cicatriz. Criança sem cicatriz vacinal não precisa revacinar contra tuberculose,
portanto mesmo que não apresentam cicatriz vacinal após 6 meses não haverá revacinação sendo assim
a vacinação apenas uma vez.

Nota: criança sem cicatriz vacinal não precisa revacinar contra tuberculose.

Vacina da hepatite B (recombinante)


A vacina para HB induz a produção de anticorpos anti-HBs, considerados protetores com níveis séricos
superiores a 10mUI/mL.
Devido à excelente imunogenicidade da vacina, não está indicado teste sorológico após a vacinação,
exceto para os grupos de risco, tais como: profissionais da saúde, pessoas em diálise e recém-nascidos
(RNs) de mães portadoras do antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg). Nesses casos, a dosagem
de anticorpos anti-HBs deve ser realizada 1 a 2 meses depois de completado o esquema vacinal.
A vacina deve ser aplicada por via IM profunda: no vasto lateral da coxa nas crianças de até 2 anos
de idade e, nos maiores, no deltoide. A primeira dose da vacina deve ser aplicada de preferência nas
primeiras 12 horas após o nascimento (para evitar transmissão vertical) ou, quando não realizado, o mais
precocemente possível.
A vacina da HB pode ser aplicada em qualquer idade e simultaneamente com outras vacinas. Está
disponível para toda a população, independentemente da idade e da condição de vulnerabilidade. A
primeira dose é aplicada ao nascer, e o esquema subsequente se dá com a vacina pentavalente (HB
combinada com outros quatro antígenos) aos 2, 4 e 6 meses de idade.
Para crianças que iniciam esquema vacinal a partir de 1 mês de idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias:
administrar três doses da vacina pentavalente com intervalo de 60 dias entre elas. Nas demais faixas
etárias, são realizadas três doses de vacina da HB isolada com intervalo de 0, 30 e 180 dias. Os eventos
adversos mais comuns são dor no local da injeção e febre baixa; cefaleia e fadiga.
Caso o esquema vacinal esteja incompleto não deverá ser reiniciado, apenas completá-lo conforme
situação encontrada.

Vacina adsorvida da difteria, tétano, pertússis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus


influenzae tipo b (conjugada) - Pentavalente
Com o intuito de diminuir o número de injeções em um mesmo momento, foram desenvolvidas as
vacinas combinadas. São compostas por toxoides de difteria e tétano, suspensão celular inativada de
Bordetella pertussis (bactéria responsável pela coqueluche), HBsAg e oligossacarídeos conjugados de
Hib (bactéria causadora de doença invasiva, como meningite, pneumonia, epiglotite, celulite, artrite
séptica, osteomielite, pericardite e sepse em crianças na faixa etária menor de 5 anos).
A vacina pentavalente é indicada para crianças menores de 5 anos de idade como esquema básico. A
vacinação consiste na aplicação de três doses, administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo
de 60 dias entre as doses. São necessárias duas doses de reforço com a vacina adsorvida difteria, tétano
e pertússis (DTP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
A vacina é de aplicação IM e profunda no vasto lateral da coxa em menores de 2 anos e, nos maiores,
na região deltoide. A vacina não poderá ser administrada quando a criança apresentar quadro neurológico
em atividade ou quando, após dose anterior de vacina, ela registrar uma destas manifestações após a
sua administração: convulsão nas primeiras 72 horas, episódio hipotônico-hiporresponsivo (hipotonia,
sudorese fria e diminuição de resposta a estímulos) nas primeiras 48 horas, encefalopatia aguda grave
depois de 7 dias, história de choque anafilático posterior à aplicação anterior da vacina e púrpura
trombocitopênica pós-vacinal.
A vacina também é contraindicada a partir de 7 anos de idade. Nas situações de eventos adversos
graves devido a convulsões ou a colapso circulatório, solicitar DTPa. Nos casos de encefalopatia, está
contraindicada qualquer dose subsequente com componente pertússis (seja de tríplice bacteriana de
células inteiras, seja acelular) e, neste caso, continuar o esquema com a vacina dupla infantil (DT).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


206
A partir de 7 anos, é indicada a vacina dupla tipo adulto (dT), indicada para pessoas que têm passado
vacinal desconhecido ou que necessitam completar o esquema: três doses com 2 meses de intervalo (0,
2 e 4 meses) e reforços de 10 em 10 anos por toda a vida.
A diferença entre as vacinas DT (infantil) e dT (adulto) é a menor quantidade de toxoide diftérico na
última. Nos imunodeprimidos, deve-se realizar uma dose de reforço da vacina Hib dos 12 aos 15 meses
de idade, e crianças não imunizadas, com mais de 1 ano e menores de 19 anos, devem realizar duas
doses, com intervalo de 4 a 8 semanas, se imunodeprimidos, ou dose única, se imunocompetentes.

Vacina inativada da poliomielite


A VIP está indicada para a imunização ativa contra a poliomielite causada pelos três sorotipos (1, 2,
3). A via de administração é IM (em lactentes, é o músculo vasto-lateral da coxa direita), entretanto, a via
SC também pode ser usada, mas em situações especiais (p. ex., casos de discrasias sanguíneas).
A VIP deverá ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade. Os reforços deverão ser realizados aos
15 meses e 4 anos de idade com a VOP, que contém dois tipos de poliovírus atenuados - cada dose é
composta por duas gotas. A preferência para a administração da VIP no esquema inicial tem a finalidade
de evitar o risco, raríssimo, de EAPV com a VOP (p. ex., paralisias flácidas).
A VIP induz imunidade de mucosa intestinal, porém em grau menor do que a VOP. Os seguintes casos
deverão receber reforço com a VIP: crianças imunodeprimidas (deficiência imunológica congênita ou
adquirida); crianças que estejam em contato domiciliar com imunodeficiente suscetível; pessoas
submetidas a transplante de órgãos sólidos ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); criança
filha de mãe HIV-positiva, mesmo antes da definição diagnóstica; lactentes e crianças internados em
unidade de terapia intensiva; crianças com história de paralisia flácida associada à vacina, após dose
anterior de VOP.
Indivíduos gravemente doentes na ocasião da vacinação devem, normalmente, esperar até se
recuperarem antes da vacinação.
O potencial risco de apneia e a necessidade de monitoramento da respiração de 24 a 72 horas devem
ser considerados após a administração da vacina VIP para imunização primária de bebês prematuros
(nascidos com menos de 28 semanas) e principalmente para aqueles com história de imaturidade
respiratória. Como os benefícios da vacina para esse grupo são muitos, a vacinação não deve ser adiada
e nem evitada.
Eventos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré (SGB), não tiveram sua incidência
populacional aumentada devido a EAPVs. A contraindicação da VIP é reação alérgica grave ou anafilática
a qualquer componente da vacina (lembrar-se de que ela contém vestígios de estreptomicina, neomicina
e polimixina B).

Vacina oral do rotavírus humano (atenuada)


A vacina oral do rotavírus humano (VORH) é a vacina de vírus isolados de humanos e atenuados.
Esquema de vacinação em duas doses, seguindo rigorosamente os limites de faixa etária: a 1a dose aos
2 meses (de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 15 dias), e a 2a dose aos 4 meses (3 meses e 15 dias a 7
meses e 29 dias); o intervalo ideal entre as doses é de 60 dias, com um mínimo de 30 dias.
A vacina não deve, de forma alguma, ser oferecida fora desses prazos, e nenhuma criança poderá
receber a segunda dose sem ter recebido a primeira. Não repetir a dose se a criança regurgitar, cuspir ou
vomitar após a vacinação.
Contraindicações: quadro agudo febril moderado a grave; crianças com imunodeficiência primária ou
secundária; crianças que fazem uso de fármacos imunossupressores e quimioterápicos; crianças com
história de doença gastrintestinal crônica ou malformação congênita do TGI ou história prévia de
invaginação intestinal.
A vacina deve ser adiada em crianças com quadro de gastrenterite com necessidade de hospitalização.
Não são contraindicações: quadro febril leve, diarreia leve sem desidratação, contactantes de portadores
de imunodeficiência; crianças filhas de mãe HIV-positivas podem ser vacinadas desde que não haja sinais
clínicos ou laboratoriais de imunodepressão.

Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada)


A vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) (PnC10) é constituída por 10 sorotipos de
Streptococcus pneumoniae. É indicada para imunização ativa de crianças de 2 meses a menores de 4
anos de idade contra doença invasiva (pneumonia, meningite, artrite e sepse) e otite média aguda (OMA)
causados pelo pneumococo.
Deve ser administrada por via IM no vasto lateral da coxa em menores de 2 anos e após no músculo
deltoide.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


207
O esquema de administração da vacina é determinado pela idade da criança no início da vacinação.
No primeiro semestre de vida: administrar duas doses, aos 2 e 4 meses de idade; o intervalo entre as
doses é de 60 dias (mínimo de 30 dias). Fazer um reforço entre 12 e 15 meses de idade,
preferencialmente com 12 meses, considerando o intervalo de 6 meses após a 2a dose. Crianças entre
12 meses a 4 anos não vacinadas devem receber dose única.
As reações adversas mais comuns foram sonolência, perda de apetite, irritabilidade, febre e dor, rubor
e edema no local da injeção. Pode ser administrada simultaneamente (ou com qualquer intervalo) com
outras vacinas do calendário nacional de vacinação.

Observação: a partir de 2 anos de idade, a vacina pneumocócica 23-valente (Pn23) é disponibilizada


pelos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) para portadores de doenças
crônicas ou com imunodepressão e para pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições
fechadas (casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso). A vacina 23-valente é administrada por
via IM em dose única, com uma revacinação após 5 anos.

Vacina meningocócica C (conjugada)


A Neisseria meningitidis (meningococo) é responsável por infecções invasivas graves, como a
meningite e a meningococcemia. O Brasil começou a disponibilizar a vacina contra o meningococo C para
crianças menores de 2 anos de idade em 2010. A vacina é constituída por polissacarídeos capsulares
purificados da Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
A via de administração é IM e, de preferência, no vasto lateral da coxa direita da criança. Esquema
vacinal: primeira dose aos 3 meses, e segunda dose aos 5 meses de idade, com reforço único entre 12
e 15 meses. Em crianças entre 12 e 23 meses de idade sem comprovação vacinal ou com esquema
incompleto, administrar uma única dose.
No ano de 2018, a vacina meningocócica C começou a ser disponibilizada para a faixa etária de 11 e
14 anos de ambos os sexos, considerando um reforço ou dose única conforme a situação vacinal. Até
2020, a faixa etária será ampliada gradativamente a partir de 9 anos de idade.
Observou-se a ausência de títulos de anticorpos protetores poucos anos após a vacinação de lactentes
e crianças mais novas; nos adolescentes, as vacinas meningocócicas demonstram associar-se a uma
boa resposta imune, com persistência de títulos de anticorpos protetores por um período prolongado,
além de alcançar o efeito protetor de imunidade de rebanho, que estende a proteção a indivíduos não
vacinados.
Nas seguintes situações, crianças acima de 12 meses ou adultos devem receber duas doses com
intervalo de 8 a 12 semanas e revacinar após 5 anos: asplenia anatômica ou funcional e doenças
relacionadas; imunodeficiências congênitas e adquiridas; deficiência de complemento e frações; pessoas
com HIV/Aids.
Microbiologista rotineiramente exposto ao isolamento de Neisseria meningitidis deve receber dose
única e reforço em 5 anos. A vacina contra o meningococo C (MnCc) pode ser administrada
simultaneamente com qualquer outra vacina do calendário básico.
Deve ser adiada na vigência de quadro febril agudo grave. São eventos adversos da vacina: dor, rubor,
edema, endurecimento e hipersensibilidade locais, além de febre, choro, irritabilidade, sonolência ou
comprometimento do sono, anorexia, diarreia e vômitos.

Vacina da febre amarela (atenuada)


Ultimamente, a FA silvestre se apresenta com um padrão epizoótico-epidêmico, manifestando-se como
uma doença reemergente em novas áreas do território brasileiro, fora da área considerada endêmica
(região amazônica e centro-oeste e Estado do Maranhão).
A vacina da FA é constituída por vírus vivos atenuados cultivados em ovos embrionados de galinha. É
administrada por via SC em dose única, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
A dose de reforço não é mais recomendada, pois a imunidade protetora desenvolve-se em 30 dias
para 99% das pessoas que receberam uma dose da vacina. Não se recomenda a administração
simultânea da vacina da FA e da vacina tríplice ou tetraviral em crianças até 1 ano, 9 meses e 29 dias,
em virtude da redução da taxa de soroconversão em crianças vacinadas com intervalo inferior a 30 dias
entre as doses, portanto, esse tempo deverá ser o intervalo mínimo entre as aplicações. Essa
recomendação não se aplica às crianças com mais de 2 anos de idade.
A vacina é recomendada de rotina para todas as crianças com 9 meses de idade. Também deve ser
aplicada dos 9 meses aos 59 anos de idade somente para os residentes da área com recomendação de

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


208
vacina (ACRV) e em viajantes que se deslocam para essas áreas ou países que exijam o Certificado
Internacional de Vacinação ou Profilaxia.
A vacinação de rotina para FA é ofertada nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí,
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além das áreas
com recomendação, neste momento, também está sendo vacinada a população do Espírito Santo.
Os residentes nas áreas sem recomendação para vacinação (ASRV), que irão se deslocar para as
áreas com recomendação para vacinação (ACRV), ou para outros países endêmicos. Ressalta-se que a
pessoa deverá receber a vacina, pelo menos, dez dias antes da viagem. Esse prazo não se aplica no
caso da revacinação.
A vacina pode causar eventos adversos graves se não forem avaliadas as suas precauções e
contraindicações.
Não deverão ser vacinadas: pessoas com imunossupressão por doença ou terapias
imunossupressoras; transplantados; paciente com história pregressa de doença do timo, lúpus, doença
de Addison, artrite reumatoide (AR); pacientes com doença hematológica com imunodeficiência (aplasia
de medula, anemia aplástica); adultos e adolescentes que vivem com HIV-aids com contagem de CD4+
< 200 células/mm3; pessoas com reação alérgica grave ao ovo; pessoas acima de 60 anos de idade com
uma das comorbidades citadas.
Um dos eventos adversos graves é a doença viscerotrópica aguda, podem também ocorrer eventos
neurológicos pós-vacinais, como encefalite, meningite, doenças do sistema autoimune com envolvimento
do sistema nervoso central (SNC) ou periférico (SNP).
Deve-se suspeitar desses eventos adversos graves quando os sintomas iniciarem até 30 dias da
administração da vacina da FA. Estão em andamento estudos de utilização de dose fracionada da vacina
da FA (com um quinto da dose padrão) com potencial identificado de proteção com duração de ao menos
8 anos. Essa modalidade de vacina pode ser útil para cobertura populacional de amplo espectro em áreas
de surto.

Em situações de evidência de circulação do vírus amarílico, como: casos humanos, epizootia


ou vetores infectados (área afetada)
Nestas situações a dose da vacina deve ser administrada em crianças, aos 9 (nove) meses de vida,
conforme o Calendário Nacional de Imunizações. Reforça-se que essa dose NÃO deve ser antecipada
para crianças de 6 a 8 meses de vida.
Pessoas a partir de 60 anos e mais, nunca vacinadas ou sem comprovante de vacinação: O serviço
de saúde deverá avaliar, caso a caso, se há contraindicação para vacinação, levando em consideração
o risco da doença e possíveis eventos adversos pós-vacinação.
Gestantes, independentemente da idade gestacional, não vacinadas ou sem comprovante de
vacinação: Embora a vacinação esteja contraindicada, deve-se considerar o risco de adquirir a doença
nestas situações. Dessa forma, o serviço de saúde deverá avaliar, caso a caso, o risco/benefício da
vacinação.
Mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 (seis) meses de vida, não vacinadas ou sem
comprovante de vacinação: Embora a vacinação esteja contraindicada, deve-se considerar o risco de
adquirir a doença nestas situações. Dessa forma, o serviço de saúde deverá avaliar, caso a caso, o
risco/benefício da vacinação.
Caso seja indicada a vacinação, o aleitamento materno deverá ser suspenso por 10 dias após a
vacinação. Deve-se orientar a lactante a procurar um serviço de saúde para orientação e
acompanhamento, a fim de manter a produção do leite materno e garantir o retorno da lactação.

Vacina do sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral); vacina do sarampo, caxumba, rubéola e
varicela (tetraviral) (atenuadas) e vacina varicela (atenuada)
A vacina combinada dos vírus atenuados é administrada por via SC. O PNI prevê uma dose da vacina
do sarampo, caxumba e rubéola (SCR), tríplice viral, aos 12 meses, e uma dose da vacina do sarampo,
caxumba, rubéola e varicela (SCRV), tetraviral, aos 15 meses; caso a vacina da tríplice viral esteja em
atraso, deve-se administrar a tríplice viral e a tetraviral com intervalo de 30 dias entre as doses.
Em 2017, o Brasil passou a disponibilizar a segunda dose de reforço da vacina tríplice viral até os 29
anos ou uma dose dos 30 aos 49 anos de idade. Houve também ampliação da faixa etária para a vacina
tetraviral, que passa a ser disponibilizada em uma dose até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Em 2018, o Ministério da Saúde (MS) passou a disponibilizar a segunda dose da vacina varicela
(atenuada) para crianças de 4 até 6 anos de idade.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


209
Eventos adversos: exantema semelhante à varicela pode surgir entre 5 e 26 dias após aplicação da
vacina, febre e exantema semelhante ao sarampo por poucos dias (entre o 5° e 12° dia após a aplicação).
Há relatos de meningite, herpes-zóster grave, encefalite, ataxia, eritema multiforme, síndrome de
Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia, convulsões e SGB.
Contraindicações: gravidez; reação anafilática sistêmica imediata após ingestão de ovo ou com dose
prévia da vacina; crianças com imunidade alterada: tumores sólidos ou neoplasias hematológicas,
tratamento imunossupressor prolongado e infecção sintomática pelo HIV.
Precauções: doenças agudas febris moderadas ou graves (adiar até a resolução do quadro); pessoas
que receberam gamaglobulina, sangue total ou plasma devem aguardar 3 meses para receber a vacina
por possível prejuízo na resposta imunológica.

Nota: o Ministério da Saúde informa como medida de intensificar a vacinação contra o sarampo, nesse
público-alvo da doença, que é mais suscetível a casos graves e óbitos, a partir desta data (22/08/2019),
todas as crianças de seis meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas contra o sarampo em todo o
país.

Vacina da hepatite A (inativada)


A vacina da hepatite A (HA) é recomendada em dose única para crianças dos 12 meses aos 4 anos
de idade. Aplicada em volume de 0,5mL (25U do antígeno) por via IM.
Hoje, é prevista no calendário vacinal aos 15 meses de idade. Pode ser aplicada junto com qualquer
outra vacina. É altamente eficaz e de baixa reatogenicidade, com taxas de soroconversão de 95% no
período de até 4 semanas da vacinação após uma dose. A experiência mostrou que a aplicação de
apenas uma dose no primeiro ano de vida foi de controle da incidência de HA, principalmente em creches
e instituições assemelhadas, mas com imunidade de rebanho para a população geral.

Vacina da influenza (fragmentada e inativada)


Existem três tipos de ortomixovírus responsáveis pelos quadros de influenza: A, B, C. Os vírus A e B
possuem maior importância clínica e sofrem frequentes mutações, sendo responsáveis pelas epidemias
sazonais, hospitalizações e morte por pneumonia naqueles com condições e fatores de risco.
O vírus C raramente causa doença grave. A OMS faz recomendações anuais da composição da vacina
com base em informações mundiais das cepas circulantes de influenza no ano anterior. A vacina usada
no Brasil é de vírus fracionados inativados e trivalente, obtida de ovos embrionados de galinha.
A vacina da influenza é aplicada anualmente, de preferência no outono, por via IM (vasto lateral da
coxa, deltoide ou ventroglútea) ou SC, a partir dos 6 meses de idade, seguindo o seguinte esquema de
acordo com a faixa etária: 6 meses a 2 anos - duas doses de 0,25mL com intervalo de 30 dias; 3 a 8 anos
incompletos - duas doses de 0,5mL com intervalo de 30 dias; 9 anos a adultos - uma dose de 0,5mL.
As doses pediátricas podem mudar conforme o laboratório produtor da vacina. As campanhas anuais
da vacina da influenza contemplam as populações mais vulneráveis (pode mudar conforme a situação
epidemiológica): trabalhadores de saúde, gestantes, puérperas, crianças de 6 meses a menores de 9
anos, povos indígenas, idosos a partir de 60 anos, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas
socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, professores das
escolas públicas e privadas, além de pessoas com condições clínicas especiais (diabetes,
imunossupressão, obesidade grau III, transplantados e portadores de trissomias) e doenças crônicas
(doença respiratória, cardíaca, renal, hepática e neurológica) mediante prescrição médica.
A vacina pode ser realizada junto com as demais do calendário vacinal. Os candidatos a doadores de
sangue que tiverem sido vacinados contra a influenza devem ser considerados inaptos temporariamente
por um período de 48 horas.
Em adultos saudáveis, a detecção de anticorpos protetores ocorre 2 a 3 semanas após a vacinação;
em crianças, a soroconversão após uma única dose varia de 30 a 90%, sendo diretamente proporcional
à idade, motivo pelo qual é recomendada duas doses da vacina influenza nos primovacinados e uma
dose nos anos subsequentes.
Eventos adversos de febre, mal-estar, mialgia, dor, eritema e enduração locais podem ocorrer nas
primeiras 48 horas. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação alérgica grave prévia
relacionada ao ovo de galinha ou à vacina.
Precauções: adiar a vacina em quadro febril agudo moderado a grave e realizar avaliação criteriosa
de risco-benefício de pessoas com história pregressa de SGB (evento raro que pode acontecer até 6
semanas após a vacinação).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


210
Vacina do papilomavírus humano
A vacina para o HPV está disponível para a população feminina de 9 a 14 anos e para meninos de 11
a 14 anos de idade. Até 2020, a faixa etária masculina será ampliada gradativamente para incorporar os
meninos a partir de 9 anos de idade.
A vacina quadrivalente protege contra o HPV tipos 6, 11, 16 e 18 - sorotipos 16 e 18 causam
aproximadamente 70% dos cânceres cervicais de todo o mundo, assim como em torno de 90% dos
cânceres anais e uma proporção significativa de câncer orofaríngeo, vulvar, vaginal e de pênis.
Os sorotipos de HPV 6 e 11 causam quase 90% das verrugas anogenitais. A vacina é mais eficaz
quando aplicada antes do início da atividade sexual.
O esquema é de duas doses, sendo a segunda dose 6 meses após a primeira. É aplicada via IM na
região deltoide ou na região anterolateral superior da coxa. Em adolescentes e adultos jovens, observou-
se a ocorrência de síncopes atribuídas à síndrome vasovagal ou reação vasopressora, geralmente dentro
de 15 minutos da aplicação da vacina; portanto, para evitar acidentes, esse é o tempo que a pessoa
vacinada deverá permanecer sentada e sob observação.

Precauções e Contraindicações

A decisão de adiar a administração de uma vacina para uma pessoa doente deve-se levar em
consideração a gravidade dos sintomas e a etiologia da doença. A segurança e a eficácia de vacinar
indivíduos com doença leve já está comprovada.
Não são contraindicações: reações locais leves após aplicação de vacina anterior, terapia
antimicrobiana atual, estar em fase de convalescença de doença aguda, diarreia, infecções da via aérea
superior, desnutrição, uso de corticoides por período inferior a 2 semanas e em doses não
imunodepressoras.
Deve-se postergar a vacinação em casos de doenças febris moderadas a graves. Pacientes
imunodeprimidos não devem realizar vacinas vivas.
Crianças em uso de corticoides com dose ≥ 2mg/kg/dia de prednisona ou equivalente, ou doses
maiores de 20mg/dia em crianças acima de 10kg e adultos, por mais de 2 semanas, não devem receber
vacinas com agentes vivos antes de 1 mês após o término da corticoterapia.
Em casos de imunodepressão secundária ao tratamento de câncer com quimioterapia e radioterapia,
o paciente só pode realizar vacinas vivas atenuadas após 3 meses da cessação da imunossupressão e
dependendo da sua situação clínica.
A contraindicação absoluta para a administração de uma vacina é ter uma história de reação alérgica
grave (urticária generalizada, dificuldade respiratória, edema de glote, hipotensão ou choque) a um de
seus componentes.

Evento Adverso Pós-Vacinação

Evento adverso pós-vacinação (EAPV) é qualquer ocorrência indesejada (sintoma, doença, alteração
laboratorial) com relação temporal após administração de imunobiológicos, sem necessariamente
apresentar relação causal com ele. Podem-se esperar desde achados comuns, como febre, dor e edema
local, até eventos mais graves, como convulsão febril, episódio hipotônico-hiporresponsivo e anafilaxia.
Podem ocorrer eventos inesperados, como aqueles não identificados antes, como, por exemplo, os
relatos de intussuscepção intestinal com as primeiras vacinas do rotavírus, até problemas com qualidade
do produto e contaminação de lotes.
Qualquer unidade de saúde pública ou privada que administra imunobiológicos deve notificar a
ocorrência de um EAPV prontamente com o preenchimento de formulário próprio a ser encaminhado à
Vigilância Epidemiológica ou à Coordenação de Imunizações local ou municipal. Nos locais com acesso
à internet, a notificação deve ser realizada no Sistema de Informação (SI-EAPV) online.

Conservação dos Imunobiológicos

A Rede de Frio é o sistema utilizado pelo PNI, que tem o objetivo de assegurar que os imunobiológicos
disponibilizados no serviço de vacinação sejam mantidos em condições adequadas de transporte,
armazenamento e distribuição, permitindo que eles permaneçam com suas características iniciais até o
momento da sua administração.
Alterações de temperatura (excesso de frio ou calor) podem comprometer a potência imunogênica, o
que pode acarretar a redução ou a falta do efeito esperado. Os imunobiológicos, enquanto produtos

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


211
termolábeis e/ou fotossensíveis, necessitam de armazenamento adequado para que suas características
imunogênicas sejam mantidas.

Rede de frio
• A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa (normatização, planejamento, avaliação
e financiamento) direcionada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua vez,
representa o processo logístico (recebimento, armazenamento, distribuição e transporte) da Rede de Frio.
A sala de vacinação é a instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacinação
propriamente ditos são executados mediante ações de rotina, campanhas e outras estratégias.
• Na sala de vacinação, todas as vacinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal
+5ºC.

Cuidados com Imunobiológicos que Apresentam Desvio de Qualidade

Quando houver suspeita ou constatação de que um determinado imunobiológico foi submetido a


condições que provoquem desvio na sua qualidade (por exemplo: acondicionado ou mantido fora dos
padrões de temperatura preconizados), o trabalhador da sala de vacinação deve comunicar a ocorrência
ao responsável técnico pelo serviço de vacinação e, em seguida, identificar, separar e armazenar o
produto em condições adequadas da Cadeia de Frio.
Posteriormente, deve preencher o formulário de alterações diversas (Desvio de Qualidade), disponível
no Manual de Rede de Frio (2013), e encaminhá-lo à Coordenação Municipal de Imunizações. O
formulário deverá ser submetido à CGPNI por intermédio da Coordenação Estadual de Imunizações.

Calendários Nacional de Vacinação

Criança e Adolescente

Idade Vacina Dose Doenças Evitadas


Previne as formas
graves de
BCG (Bacilo Calmette-
Ao nascer Dose Única tuberculose,
Guerin)
principalmente miliar
e meníngea
Ao nascer Hepatite B Dose Única
Previne difteria,
tétano, coqueluche,
2 meses Pentavalente 1ª Dose hepatite B e
meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite
2 meses 1ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
Pneumocócica 10
2 meses 1ª Dose outras doenças
Valente
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
2 meses Rotavírus 1ª Dose
rotavírus
Previne a doença
3 meses Meningocócica C 1ª Dose
meningocócica C
Previne difteria,
tétano, coqueluche,
hepatite B e
4 meses Pentavalente 2ª Dose
meningite e infecções
por Haemóphilus
influenzae tipo B
Vacina Inativada Previne a poliomielite
4 meses 2ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


212
Previne pneumonia,
otite, meningite e
Pneumocócica 10
4 meses 2ª Dose outras doenças
Valente
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
4 meses Rotavírus 2ª Dose
rotavírus
Previne doença
5 meses Meningocócica C 2ª Dose
meningocócica C
Previne difteria,
tétano, coqueluche,
6 meses Pentavalente 3ª Dose hepatite B e
meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite
6 meses 3ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil)
Previne a febre
9 meses Febre Amarela Dose Única
amarela
Previne sarampo,
12 meses Tríplice viral 1ª Dose
caxumba e rubéola
Previne pneumonia,
otite, meningite e
Pneumocócica 10
12 meses Reforço outras doenças
Valente
causadas pelo
Pneumococo
Previne doença
12 meses Meningocócica C Reforço
meningocócica C
Difteria, tétano e
15 meses DTP 1° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite
15 meses 1° Reforço
(VOP) ou paralisia infantil
15 meses Hepatite A Dose Única
Previne sarampo,
Tetra viral ou tríplice viral
15 meses Uma dose rubéola, caxumba e
+ varicela
varicela/catapora
Difteria, tétano e
4 anos DTP 2° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite
4 anos 2° Reforço
(VOP) ou paralisia infantil
Previne
4 anos Varicela atenuada
varicela/catapora)
Previne o papiloma,
2 doses com seis vírus humano que
9 a 14 anos meninas HPV
meses de intervalo causa cânceres e
verrugas genitais
Previne o papiloma,
2 doses com seis vírus humano que
11 e 14 anos meninos HPV
meses de intervalo causa cânceres e
verrugas genitais
Doença invasiva
causada por
11 e 14 anos Meningocócica C Dose única ou reforço
Neisseria meningitidis
do sorogrupo C
3 doses, de acordo
10 a 19 anos Hepatite B
com a situação vacinal
1 dose se nunca tiver
10 a 19 anos Febre Amarela
sido vacinado

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


213
Previne difteria e
10 a 19 anos Dupla Adulto Reforço a cada 10 anos
tétano
2 doses, a depender da
Previne sarampo,
10 a 19 anos Tríplice viral situação vacinal
caxumba e rubéola
anterior
1 dose a depender da Previne pneumonia,
situação vacinal - A otite, meningite e
Pneumocócica 23
10 a 19 anos vacina Pneumocócica outras doenças
Valente
23V está indicada para causadas pelo
grupos-alvo específico Pneumococo
Previne difteria e
10 a 19 anos Dupla Adulto Reforço a cada 10 anos
tétano
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Adulto ao Idoso

Idade Vacina Dose Doenças


Evitadas
3 doses, de acordo Previne hepatite B
20 a 59 anos Hepatite B
com a situação vacinal
Previne febre
20 a 59 anos Febre Amarela dose única
amarela
2 doses, (20 a 29 Previne sarampo,
20 a 59 anos Tríplice viral anos) e 1 dose (30 a 49 caxumba e rubéola
anos)
Reforço a cada 10 Previne difteria e
20 a 59 anos Dupla Adulto
anos tétano
Previne
pneumonia, otite,
Pneumocócica 23 1 dose a depender
20 a 59 anos meningite e outras
Valente da situação vacinal
doenças causadas
pelo Pneumococo
3 doses, de acordo Previne hepatite B
60 anos ou mais Hepatite B
com a situação vacinal
dose única, verificar Previne febre
60 anos ou mais Febre Amarela
situação vacinal amarela
Reforço a cada 10 Previne difteria e
60 anos ou mais Dupla Adulto
anos tétano
A vacina está Previne
indicada para grupos- pneumonia, otite,
alvo específicos, como meningite e outras
Pneumocócica 23 pessoas com 60 anos e doenças causadas
60 anos ou mais
valente mais não vacinados que pelo Pneumococo) -
vivem acamados e/ou reforço a depender da
em instituições situação vacinal
fechadas
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Gestante

Vacinas Dose Doenças Evitadas


Hepatite B 3 doses
Dupla Adulto (DT) 3 doses Previne difteria e tétano
Uma dose a cada gestação a
dTpa (Tríplice bacteriana partir da 20ª semana de Previne difteria, tétano e
acelular do tipo adulto) gestação ou no puerpério (até coqueluche
45 dias após o parto)
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


214
Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas

Criança

Idade Vacina Dose Doenças Evitadas


Previne as formas
graves de
BCG (Bacilo Calmette-
Ao nascer Dose Única tuberculose,
Guerin)
principalmente miliar
e meníngea
Ao nascer Hepatite B Dose Única
Previne difteria,
tétano, coqueluche,
2 meses Pentavalente 1ª Dose hepatite B e
meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite
2 meses 1ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
Pneumocócica 10
2 meses 1ª Dose outras doenças
Valente
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
2 meses Rotavírus 1ª Dose
rotavírus
Previne a doença
3 meses Meningocócica C 1ª Dose
meningocócica C
Previne difteria,
tétano, coqueluche,
hepatite B e
4 meses Pentavalente 2ª Dose
meningite e infecções
por Haemóphilus
influenzae tipo B
Vacina Inativada Previne a poliomielite
4 meses 2ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
Pneumocócica 10
4 meses 2ª Dose outras doenças
Valente
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
4 meses Rotavírus 2ª Dose
rotavírus
Previne doença
5 meses Meningocócica C 2ª Dose
meningocócica C
Previne difteria,
tétano, coqueluche,
6 meses Pentavalente 3ª Dose hepatite B e
meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite
6 meses 3ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil)
Previne a febre
9 meses Febre Amarela Dose Única
amarela
Previne sarampo,
12 meses Tríplice viral 1ª Dose
caxumba e rubéola
Previne pneumonia,
Pneumocócica 10
12 meses Reforço otite, meningite e
Valente
outras doenças

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


215
causadas pelo
Pneumococo
Previne doença
12 meses Meningocócica C Reforço
meningocócica C
Difteria, tétano e
15 meses DTP 1° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite
15 meses 1° Reforço
(VOP) ou paralisia infantil
15 meses Hepatite A Dose Única
Previne sarampo,
Tetra viral ou tríplice viral
15 meses Uma dose rubéola, caxumba e
+ varicela
varicela/catapora
Difteria, tétano e
4 anos DTP 2° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite
4 anos 2° Reforço
(VOP) ou paralisia infantil
Previne
4 anos Varicela atenuada
varicela/catapora)
A vacina está
indicada para grupos-
alvo específicos,
5 anos Pneumocócica 23 v uma dose como a população
indígena a partir dos
5 (cinco) anos de
idade
Previne o Papiloma
2 doses (meninas de 9
vírus humano que
9 anos HPV a 14 anos e meninos
causa cânceres e
de 11 a 14 anos)
verrugas genitais
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Adolescente

Idade Vacina Dose Doenças


Evitadas
Doença invasiva
1 reforço ou dose causada por Neisseria
10 e 19 anos Meningocócica C
única de 12 a 13 anos meningitidis do
sorogrupo C
10 e 19 anos Febre Amarela dose única
2 doses, a depender Previne sarampo,
10 e 19 anos Tríplice viral da situação vacinal caxumba e rubéola
anterior
Papiloma vírus
2 doses (meninas de
humano que causa
10 e 19 anos HPV 9 a 14 anos e meninos
cânceres e verrugas
de 11 a 14 anos)
genitais
1 dose a depender Previne
da situação vacinal - A pneumonia, otite,
Pneumocócica 23
10 a 19 anos vacina Pneumocócica meningite e outras
Valente
23V está indicada para doenças causadas
grupos-alvo específico pelo Pneumococo
Reforço a cada 10 previne difteria e
10 a 19 anos Dupla Adulto
anos tétano
3 doses, de acordo Previne hepatite B
10 a 19 anos Hepatite B
com a situação vacinal
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


216
Adulto ao Idoso

Idade Vacina Dose Doenças


Evitadas
3 doses, de acordo Previne hepatite B
20 a 59 anos Hepatite B
com a situação vacinal
Previne febre
20 a 59 anos Febre Amarela dose única
amarela
2 doses, (20 a 29 Previne sarampo,
20 a 59 anos Tríplice viral anos) e 1 dose (30 a 49 caxumba e rubéola
anos)
Previne
pneumonia, otite,
Pneumocócica 23 1 dose a depender
20 a 59 anos meningite e outras
Valente da situação vacinal
doenças causadas
pelo Pneumococo
Reforço a cada 10 Previne difteria e
20 a 59 anos Dupla Adulto
anos tétano
3 doses, de acordo Previne hepatite B
60 anos ou mais Hepatite B
com a situação vacinal
dose única, verificar Previne febre
60 anos ou mais Febre Amarela
situação vacinal amarela
A vacina está Previne
indicada para grupos- pneumonia, otite,
alvo específicos, como meningite e outras
Pneumocócica 23 pessoas com 60 anos e doenças causadas
60 anos ou mais
valente mais não vacinados que pelo Pneumococo) -
vivem acamados e/ou reforço a depender da
em instituições situação vacinal
fechadas
Reforço a cada 10 Previne difteria e
60 anos ou mais Dupla Adulto
anos tétano
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Gestante

Vacinas Dose Doenças Evitadas


Hepatite B 3 doses Previne hepatite B
Dupla Adulto (DT) 3 doses Previne difteria e tétano
dTpa (Tríplice bacteriana Uma dose a cada gestação a Previne difteria, tétano e
acelular do tipo adulto) partir da 20ª semana coqueluche
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Questões

01. (IF/ES - Enfermeiro - IF/ES/2019) O Programa Nacional de Imunizações (PNI) vem contribuindo
para a redução da morbimortalidade causada pelas doenças imunopreveníveis. Quanto às Normas e
Procedimentos para Vacinação, marque a resposta CORRETA:
(A) A Vacina DTP protege contra a hepatite B, tétano e coqueluche.
(B) Vacina meningocócica C é administrada via subcutânea.
(C) A vacina BCG é administrada por via intramuscular.
(D) A vacina tríplice viral protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.
(E) A vacina tríplice viral deve ser administrada a 1ª dose aos 2 meses de vida.

02. (Prefeitura de Apodi/RN - Enfermeiro - FUNCERN/2019) Vacinas são preparações que, ao serem
introduzidas no organismo, desencadeiam uma reação do sistema imunológico estimulando a formação
de anticorpos e tornando o organismo imune a esse agente e às doenças por ele provocadas. Segundo
o atual calendário Nacional de Vacinação 2018/2019, para um lactante de 3 meses, o esquema vacinal
correto é:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


217
(A) primeira dose da vacina Pneumocócica 10 Valente.
(B) dose única da vacina contra a Febre Amarela.
(C) primeira dose da vacina Tríplice Viral.
(D) primeira dose da vacina Meningocócica C.

03. (Prefeitura de Gramado/RS - Técnico em Enfermagem - FUNDATEC/2019) Além da vacina


contra a gripe, que por sua vez é administrada nas campanhas anuais de vacinação, o Calendário
Nacional de Vacinação do idoso indica 4 vacinas acima de 60 anos. Quais são elas?
(A) Hepatite A, hepatite B, tríplice viral e dupla adulto.
(B) Dupla adulto, hepatite B, febre amarela e pneumocócica.
(C) Meningocócica C, febre amarela, HPV e hepatite A.
(D) Hepatite A, dupla adulto, meningocócica e pneumocócica.
(E) Hepatite B, febre amarela, HPV e tríplice viral.

04. (TJ/SP - Enfermeiro Judiciário - VUNESP/2019) Em 31.01.2019, M.T., 30 anos, compareceu ao


ambulatório de saúde ocupacional a fim de realizar o exame admissional para ocupar o cargo de
assistente judiciário. Ao solicitar a carteira de vacinação, o enfermeiro observou os seguintes registros:

Diante dessa situação, de acordo com o calendário nacional de vacinação vigente, o enfermeiro deve
(A) aplicar a terceira dose da vacina hepatite B, uma dose de reforço da vacina dupla adulto e a
segunda dose da vacina tríplice viral.
(B) aplicar a terceira dose da vacina hepatite B.
(C) aplicar a terceira dose da vacina hepatite B, a segunda dose da vacina febre amarela e a vacina
HPV, em dose única.
(D) reiniciar o esquema da vacinas dupla adulto e hepatite B, considerando inválidas as doses
aplicadas devido ao espaçamento entre elas.
(E) considerar que, para o momento, o esquema vacinal de M.T. está completo e correto.

05. (IF/TO - Técnico em Enfermagem - IF/TO/2019) As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de
saúde são definidas nos calendários de vacinação, nos quais são estabelecidos: os tipos de vacina, o
número de doses do esquema básico e dos reforços, entre outros aspectos. Considerando o risco, a
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o Programa Nacional de Imunização define calendários de
vacinação com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e
indígenas. No que se refere ao calendário vacinal das crianças, é correto afirmar que:
(A) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina oral poliomielite (VOP), pneumocócica 10 valente, rotavírus.
(B) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a segunda dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina inativada poliomielite (VIP), pneumocócica 10 valente, rotavírus.
(C) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina inativada poliomielite (VIP), pneumocócica 10 valente, rotavírus.
(D) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina oral poliomielite (VOP), pneumocócica 10 valente, meningocócica C.
(E) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina oral poliomielite (VOP), pneumocócica 10 valente, hepatite B.

06. (UERJ - Técnico em Enfermagem - CEPUERJ/2019) Diante do cenário preocupante de queda


da imunização no Brasil, cabe ao técnico de enfermagem, como profissional de saúde, orientar a
população sobre qual doença determinada vacina pode prevenir. Sobre as vacinas contidas no Calendário
Nacional de Vacinação, é correto afirmar que:
(A) VOP Poliomielite previne paralisia infantil, estando recomendada 1ª dose com 2 meses
(B) BCG ID previne formas graves de tuberculose, estando recomendada dose única ao nascer

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


218
(C) Rotavírus Humano previne diarreia por Rotavírus, estando recomendada 1ª dose aos 6 meses
(D) SRC Tríplice Viral previne sarampo, rubéola e varicela, estando recomendada dose única aos 12
meses

07. (Câmara de Macapá/AP - Enfermeiro - FCC/2018) Uma mãe leva seu filho de 9 meses, com
esquema de vacinação correto para a idade, para receber a vacina indicada para esta faixa etária. De
acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a referida criança deverá receber, nesse dia, a dose
única da vacina
(A) contra Febre Amarela.
(B) BCG.
(C) contra Hepatite A.
(D) Tetra Viral.
(E) contra Hepatite B.

08. (Prefeitura de João Pessoa/PB - Enfermeiro - AOCP/2018) Um recém-nascido, sexo masculino,


estatura 48 cm, peso 3.800 kg, segundo calendário nacional de vacinas do ministério da saúde, deve ser
imunizado com a(s) seguinte(s) vacina(s):
(A) BCG.
(B) Hepatite B.
(C) BCG e hepatite B.
(D) BCG, Penta/DTP e pneumocócica 10V.

09. (UFPR - Técnico em Enfermagem - UFPR/2018) A Rede de Frio visa assegurar adequado
transporte, armazenamento e distribuição de imunobiológicos. Com o objetivo de manter a potência
imunogênica, as vacinas devem ser mantidas em temperatura adequada. Nesse contexto, o limiar de
temperatura e a temperatura ideal são, respectivamente, de:
(A) -1 °C a +6 °C e +2 °C.
(B) +1 °C a +5 °C e +3 °C.
(C) +1 °C a +8 °C e +6 °C.
(D) +2 °C a +10 °C e +4 °C.
(E) +2 °C a +8 °C e +5 °C.

10. (Prefeitura de Juiz de Fora/MG - Enfermeiro - AOCP/2018) O Programa Nacional de Imunizações


(PNI) organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como missão
(A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até 2020.
(B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis.
(C) vacinar crianças e adultos vulneráveis.
(D) o controle de doenças imunossupressoras.
(E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco controlável.

Gabarito

01. D / 02.D / 03.B / 04.B / 05.C / 06.B / 07.A / 08.C / 09.E / 10.B

Comentários

01. Resposta: D
A vacina combinada dos vírus atenuados é administrada por via SC. O PNI prevê uma dose da vacina
do sarampo, caxumba e rubéola (SCR), tríplice viral, aos 12 meses, e uma dose da vacina do sarampo,
caxumba, rubéola e varicela (SCRV), tetraviral, aos 15 meses; caso a vacina da tríplice viral esteja em
atraso, deve-se administrar a tríplice viral e a tetraviral com intervalo de 30 dias entre as doses.

02. Resposta: D
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação de Crianças aos três meses contempla a primeira
dose da vacina Meningocócica C.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


219
03. Resposta: B
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação do idoso, quatro vacinas são indicadas acima de
60 anos, são elas: Hepatite B, Febre Amarela, pneumocócica 23 valente e Dupla Adulto, além da vacina
da gripe.

04. Resposta: B
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação vigente, o adulto M.T. de 30 anos deverá receber
a terceira dose da vacina hepatite B, pois o esquema vacinal está incompleto e não deverá ser reiniciado,
apenas completá-lo conforme situação encontrada. O reforço da dupla adulto é a cada 10 anos, a tríplice
viral é de 1 dose a partir dos 30 anos, a febre amarela é dose única.

05. Resposta: C
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação de Crianças aos dois meses contempla as
seguinte vacinas: Pentavalente, Vacina Inativada Poliomielite (VIP), Pneumocócica 10 Valente e
Rotavírus.

06. Resposta: B
A vacina da tuberculose (TB) é uma vacina obtida por atenuação do Mycobacterium bovis e conhecida
como BCG. É indicada para prevenir as formas graves (miliar e meníngea) de TB em crianças menores
de 5 anos (principalmente no 1° ano, incluindo as indígenas).
Idade de aplicação: de preferência, nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade,
ou na primeira visita à unidade de saúde, de preferência no 1° mês de vida. A vacina é disponibilizada
rotineiramente para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias ainda não vacinadas. A BCG é dose única.

07. Resposta: A
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a criança aos nove anos de idade, deverá receber
uma dose da vacina contra febre amarela.

08. Resposta: C
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação ao nascer as seguintes vacinas deverão ser
administradas: BCG (Bacilo Calmette-Guerin) e Hepatite B.

09. Resposta: E
Na sala de vacinação, todas as vacinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC.

10. Resposta: B
Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem como missão organizar a Política Nacional de
Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreveníveis.
Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma
compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

8.2. Controle de doenças transmissíveis, não transmissíveis e sexualmente


transmissíveis. 8.3. Atendimento aos pacientes com hipertensão arterial,
diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, doença renal crônica,
hanseníase, tuberculose, dengue e doenças de notificações compulsórias

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

De acordo44 com a organização Pan-americana de saúde doença transmissível é: “qualquer doença


causada por um agente infeccioso específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela
transmissão deste agente ou de seus produtos, de uma pessoa ou animal infectado ou de um reservatório
a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza
vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado”.
A expressão doença transmissível pode ser sintetizada como doença cujo agente etiológico é vivo e é
transmissível. Doenças transmissíveis são aquelas em que o organismo parasitante pode migrar do
parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase intermediária de desenvolvimento no ambiente.

44
http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/doencas_transmissiveis.htm

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


220
A maioria das doenças infecciosas está associada à pobreza e ao subdesenvolvimento, posto isso
abordaremos a seguir as principais considerações sobre o assunto.

Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP)45

São doenças causadas por seres vivos ou seus produtos. Quando o ser vivo que causa a doença vive
às custas de outro ser vivo que o abriga este são chamados respectivamente de parasita e hospedeiro.

Os germes46 ou parasitos patogênicos para o homem são capazes de causar doenças infecciosas e
parasitárias pelos seguintes mecanismos gerais:
• Invasão e destruição dos tecidos por ação mecânica, por reação inflamatória ou por ação de
substancias líticas (lisinas);
• Ação de toxinas específicas produzidas pelos germes infectantes e parasitos, capazes de causar
danos locais e a distância nas células do hospedeiro;
• Indução de reação de hipersensibilidade no hospedeiro como resposta imune, sendo capaz de
produzir lesões em suas próprias células e tecidos.

Muitas vezes as DIP2 são confundidas com as doenças contagiosas, mas nem todas as DIPs são
contagiosas (p.ex. o tétano não é contagioso). A especialidade DIP, no Brasil, se originou da tradicional
Medicina Tropical que trata das grandes doenças que assolam e assolaram o Brasil e o Mundo durante
séculos (como a malária). Essa especialidade procura (mas nem sempre consegue) se concentrar em
questões urbanas como as infecções hospitalares, a síndrome da imunodeficiência adquirida
(SIDA/AIDS), as endocardites infecciosas, as infecções transfusionais, etc.
Uma doença infecciosa é qualquer doença causada pelo crescimento de patogênicos como bactérias,
fungos, vírus, protozoários que pode ser transmissível.

Algumas Doenças Transmitidas por Bactérias47

Tétano: doença infecciosa aguda, cujo bacilo desenvolve-se no local do ferimento e produz uma
neurotoxina que, ao atingir o SNC, provoca os sinais e sintomas da doença. Agente Etiológico: Clostridium
Tetanii. Modo de Transmissão: Objetos contaminados que penetram em feridas, ferimentos
insignificantes, queimaduras, coto umbilical, etc. Sinais e Sintomas: Trismo, rigidez da nuca, contraturas
e espasmos musculares, mialgia intensa; posição de opistótomo; riso sardônico, febre e sudorese intensa.
Diagnóstico: Exame clínico e físico. Tratamento: Debridamento da ferida; antibióticos; soro antitetânico
(SAT); vacinas; miorrelaxantes; sedativos; ambiente isento de barulhos e iluminação excessiva.

Febre Tifoide: doença infecciosa causada pelo bacilo de Eberth. Agente Etiológico: Bacilo de Eberth
ou Salmonella Typhi. Modo de Transmissão: Por contato direto (com fezes ou urina do portador) ou
indireto (com água e alimentos contaminados). Sinais e Sintomas: Hipertermia progressiva, astenia,
anorexia, náuseas, vômitos, esplenomegalia, leucopenia, constipação alternada com crises de diarreia
(fezes líquidas esverdeadas e fétidas). Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento:
Antibioticoterapia e profilaxia com saneamento básico, fiscalização sanitária e vigilância epidemiológica.

Difteria: doença aguda, caracterizada por quadro tóxico-infeccioso, com duração variável podendo
apresentar desde sintomatologia leve até fatal. Agente Etiológico: Bacilo de Klebs loeffler ou bacilo
Corynebacterium diphtheriae. Modo de Transmissão: Por contato físico direto; por gotículas de secreção
dispersas no ar ou por meio de objetos contaminados. Sinais e Sintomas: Placas com abundante
exsudação na faringe, provocando sintomas de asfixia, agitação, batimentos da asa do nariz, cianose,
contrações dos músculos intercostais devido à dificuldade respiratória. Pode ocorrer parada respiratória.
Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Manter o paciente em isolamento
respiratório; antibioticoterapia; soro antidiftérico (SAD); cirúrgico. Fazer profilaxia com vacinação.

Cólera: doença infecciosa aguda e grave, transmitida principalmente pela contaminação fecal da água,
alimentos e ouros produtos que vão a boca. Agente Etiológico: Víbrio Cholerae (vibrião colérico). Modo
de Transmissão: Água, alimentos ou fômites contaminados pelas fezes e vômitos dos indivíduos
infectados, sintomáticos ou não. Sinais e Sintomas: Diarreia líquida súbita e intensa com aspecto de água

45
http://www.hse.rj.saude.gov.br/cidadao/clin/dip/dip1faq.asp
46
COURA, José Rodrigues. Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias. 2ª Ed. Guanabara Koogan.
47
https://pt.slideshare.net/ClebsonReinaldo/assistncia-de-enfermagem-aos-paciente-portadores-de-doenas-infecciosas-aula-quarta-dia-06-de-janeiro-de-2016

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


221
de arroz; desidratação; cãibras; hipotensão; choque hipovolêmico. Diagnóstico: Exame clínico, físico e
laboratorial. Tratamento: Antibioticoterapia; hidratação; Isolamento.

Coqueluche: doença bacteriana que afeta a traqueia, os brônquios e os bronquíolos. Agente


Etiológico: Bordetella pertussis. Modo de Transmissão: Contato direto (por meio de gotículas de muco e
saliva eliminados pelo indivíduo contaminado) ou indireto (pelo contato com objetos recentemente
contaminados). Sinais e Sintomas: Período catarral: coriza, espirros, lacrimejamento. Período paroxístico:
crise de tosse, expectoração, cianose. Período de convalescença: os sintomas vão desaparecendo
gradativamente. Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Antibioticoterapia,
Isolamento respiratório, antitussígenos.

Algumas Doenças Transmitidas por Vírus

Caxumba: doença infecciosa aguda de início súbito, caracterizado pela tumefação das glândulas
salivares, geralmente das parótidas e, às vezes das sublinguais. Agente Etiológico: Vírus parotidite. Modo
de Transmissão: Contato direto (por meio de gotículas de muco e saliva eliminados pelo indivíduo
contaminado) ou indireto (pelo contato com objetos recentemente contaminados). Sinais e Sintomas:
Febre, calafrios discretos, dores pelo corpo, principalmente na região da tumefação, orquite, ooforite.
Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Analgésicos e antitérmicos; corticosteróides
e repouso no leito. A profilaxia é a vacina da tríplice viral (MMR).

Rubéola: doença exantemática em geral benigna, que ocorre predominantemente na infância e


adolescência. Agente Etiológico: vírus do grupo togavírus L. rubellus. Modo de Transmissão: Contato
direto (por meio das secreções nasofaríngeas). Sinais e Sintomas: Período Podrômico: febre, calafrios
discretos, dores no corpo. Período Exantemático: surge exantemas na face, couro cabeludo. Período de
descamação: pele ressecada com prurido intenso. Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial.
Tratamento: Analgésicos e antitérmicos; banhos com antisséptico. Vacinação: A mulher deve evitar
gravidez durante 3 meses após a vacinação.

Sarampo: doença infecciosa aguda, extremamente contagiosa, caracterizada por febre e exantema
máculo-papular. Agente Etiológico: Vírus do grupo paramixovírus. Modo de Transmissão: Contato direto
(por meio das secreções nasais e da garganta do doente) ou indireto (por meio de objetos contaminados).
Sinais e Sintomas: Febre alta, exantemas máculo-papular, tosse, coriza e conjuntivite. Diagnóstico:
Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Sintomático, conforme as manifestações de cada caso.

Varicela ou Catapora: doença infecciosa amplamente disseminada que ocorre particularmente em


crianças. Agente Etiológico: Vírus da varicela; herpes-vírus ou vírus varicela-zoster. Modo de
Transmissão: Contato direto (por meio de secreções nasais e da garganta do doente ou contato com as
lesões cutâneas) ou indireto (por meio de objetos contaminados). Sinais e Sintomas: Febre alta, calafrios,
mialgia e adenomegalias, erupções cutâneas inicialmente máculas que evoluem para pápulas e por fim,
vesículas; estas evoluem e secam formando crostas. Diagnóstico: exame clínico, físico e laboratorial.
Tratamento: Sintomático: repouso, analgésico, banhos com antissépticos.

Poliomielite: doença viral aguda, cuja expressão clínica varia desde uma infecção inaparente até
paralisias. Agente Etiológico: poliovírus. Modo de Transmissão: secreções orofaríngeas e nas fezes.
Sinais e Sintomas: as manifestações clínicas da infecção pelo poliovírus são muito variáveis, desde
infecção inaparente até quadros de paralisia grave, levando a morte. Diagnóstico: exame clínico e físico.
Tratamento: Sintomático: o principal meio de prevenção e erradicação é a vacina Sabin/Anti-poliomielite.

Raiva ou Hidrofobia: doença infecciosa aguda de prognóstico fatal em todos os casos, causada por
vírus que se propaga pelo SNC. Agente Etiológico: vírus da raiva Rhabdovirus. Modo de Transmissão:
Mordedura de animais que contenham o agente na saliva. Sinais e Sintomas: mal-estar, anorexia,
náuseas, insônia, distúrbios psíquicos e respiratórios, dor e parestesia no local do ferimento, espasmos,
delírios, convulsões e morte por paralisias dos músculos respiratórios. Diagnóstico: exame clínico e físico.
Tratamento: Não existe tratamento específico. O cliente necessita de cuidados especiais em UTI,
sedativos, antitérmicos e medidas de controle das complicações.

Agora abordaremos duas doenças infecciosa de grande importância para a saúde pública, a
tuberculose e a hanseníase.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


222
Tuberculose48

A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microrganismo denominado


Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar,
por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao
tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando estas gotículas são inaladas por pessoas sadias, provocam
a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença.
A propagação da tuberculose está intimamente ligada às condições de vida da população. Prolifera,
como todas as doenças infecciosas, em áreas de grande concentração humana, com precários serviços
de infraestrutura urbana, como saneamento e habitação, onde coexistem a fome e a miséria. Por isto, a
sua incidência é maior nas periferias das grandes cidades, podendo, porém, acometer qualquer pessoa
mesmo em áreas rurais.

A infecção pelo bacilo da tuberculose pode ocorrer em qualquer idade, mas no Brasil geralmente
acontece na infância. Nem todas as pessoas expostas ao bacilo da tuberculose se tornam infectadas. A
probabilidade que a TB seja transmitida depende de alguns fatores:
- Da contagiosidade do caso índice (doente bacilífero fonte da infecção);
- Do tipo de ambiente em que a exposição ocorreu;
- Da duração da exposição.

Quando uma pessoa inala as gotículas contendo os bacilos de Koch, muitas delas ficam no trato
respiratório superior (garganta e nariz), onde a infecção é improvável de acontecer. Contudo, quando os
bacilos atingem os alvéolos a infecção pode se iniciar.
Em primeiro lugar, os bacilos multiplicam-se nos alvéolos e um pequeno número entra na circulação
sanguínea disseminando-se por todo o corpo.
Dentro de 2 a 10 semanas, no entanto, o sistema imune usualmente intervém, impedindo que os
bacilos continuem a se multiplicar, prevenindo disseminação posterior.
A infecção tuberculosa, sem doença, significa que os bacilos estão no corpo da pessoa, mas o sistema
imune os está mantendo sob controle. O sistema imune faz isto produzindo células chamadas macrófagos
que fagocitam os bacilos e formam uma barreira, o granuloma, que mantém os bacilos sob controle.
A infecção tuberculosa é detectada apenas pela prova tuberculínica. As pessoas infectadas e que não
estão doentes não transmite o bacilo.
Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose doença em qualquer fase da vida. Isto
acontece quando o sistema imune não pode mais manter os bacilos sob controle e eles se multiplicam
rapidamente.
Todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuberculose, porém, ocorre mais
frequentemente nos pulmões, gânglios, pleura, rins, cérebro e ossos.
Denomina-se “caso de tuberculose” todo indivíduo com diagnóstico confirmado por baciloscopia ou
cultura e aquele em que o médico, com base nos dados clínico-epidemiológicos e no resultado de exames
complementares, firma o diagnóstico de tuberculose.
“Caso novo” é o doente com tuberculose que nunca se submeteu à quimioterapia antituberculosa, fez
uso de tuberculostáticos por menos de 30 dias, ou submeteu-se ao tratamento para tuberculose há cinco
anos ou mais.

As ações para a procura de casos devem estar voltadas para os grupos com maior probabilidade de
apresentar tuberculose. Deve-se realizar a busca ativa de casos entre:
- Os sintomáticos respiratórios: a equipe de saúde deve estar preparada para realizar a busca
sistemática de sintomáticos respiratórios, ou seja, das pessoas maiores de 15 anos que procuram os
serviços de saúde por qualquer motivo e apresentam queixas de tosse e expectoração por três semanas
ou mais. Entre esses, deve-se procurar o doente com tuberculose pulmonar bacilífera, fonte de infecção”
para outros indivíduos;
- Contatos de casos de tuberculose: toda pessoa, parente ou não, que coabita com um doente de
tuberculose;
Atenção especial deve ser dada às populações de maior risco de adoecimento como os residentes em
comunidades fechadas como presídios, manicômios, abrigos e asilos e os indivíduos etilistas, usuários
de drogas, mendigos, imunodeprimidos por uso de medicamentos ou por doenças imunossupressoras

48
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_controle_tuberculose.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


223
(aids, diabetes) e ainda os trabalhadores em situações especiais que mantêm contato próximo com
doente com TB pulmonar bacilífera.
A procura de casos deve ser feita ainda entre os suspeitos radiológicos (pacientes com imagens
suspeitas de TB que chegam ao serviço de saúde).
As equipes do PSF, os agentes comunitários de saúde e os profissionais de saúde responsáveis pela
vigilância epidemiológica no município devem mobilizar a comunidade para identificar os tossidores
crônicos, nas famílias, clubes, igrejas, e comunidades fechadas referidas acima, com o objetivo de
encaminhá-los para fazer exame de escarro.
Essas unidades devem contar com o apoio de uma unidade de referência, de média complexidade.
Porém do ponto de vista de sua atuação no Programa de Controle da Tuberculose, as UBS devem manter
a sua autonomia na descoberta e no tratamento de casos de tuberculose.

Prevenção49
A prevenção é feita através da vacina BCG, recomendada para aplicação no primeiro mês de vida da
criança. A vacina diminui as chances de desenvolver formas graves da doença, como a meningite
tuberculosa, mas não é eficaz contra a tuberculose pulmonar.
Outra forma é através da prevenção secundária com isoniazida. A proteção é recomendada para as
pessoas que convivem com a pessoa doente, seja na casa ou no trabalho. Essa proteção só é
recomendada após a avaliação do teste PPD e do raio-X de tórax de todos os contatos próximos.
Objetivamente, a forma mais eficaz é a descoberta das pessoas doentes e o início rápido do tratamento.

Tratamento
O tratamento é feito com quatro drogas que estão todas no mesmo comprimido – rifampicina,
isoniazida, pirazinamida e etambutol. Nos primeiros dois meses - fase intensiva do tratamento -, a pessoa
usa essas quatro drogas. Na fase de manutenção, que dura quatro meses, a pessoa usará apenas duas
drogas - a rifampicina e a isoniazida.
Quando esse tratamento de seis meses é bem feito, a maioria das pessoas ficam curadas da infecção.
É importante que se divulgue que o tratamento pode e deve ser realizado nas unidades de saúde do
bairro. Apenas alguns casos mais complexos e graves exigirão internação hospitalar.

Hanseníase50

A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que é um parasita


intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos, que se
instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação do bacilo é
lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias.
Conforme traz a Portaria Conjunta nº 125, de 26 de março de 2009 que define ações de controle da
hanseníase, o Programa Nacional de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde desenvolve um
conjunto de ações que visam orientar a prática em serviço em todas as instâncias e diferentes
complexidades, de acordo com os princípios do SUS, fortalecendo as ações de vigilância epidemiológica
da hanseníase, promoção da saúde com base na educação permanente e assistência integral aos
portadores deste agravo.
A atenção à pessoa com hanseníase, suas complicações e sequelas, deve ser oferecida em toda a
rede do Sistema Único de Saúde, de acordo com a necessidade de cada caso.

Considera-se um caso de hanseníase, a pessoa que apresenta um ou mais dos seguintes sinais
cardinais e que necessita de tratamento poliquimioterápico:
a) Lesão (ões) e/ou área (s) da pele com diminuição ou alteração de sensibilidade;
b) Acometimento de nervo (s) periférico (s) com ou sem espessamento associado a alterações
sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; e
c) Baciloscopia positiva de esfregaço intradérmico.

O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio


da análise da história e condições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico para identificar
lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos
(sensitivo, motor e/ou autonômico).

49
https://portal.fiocruz.br/noticia/tuberculose-medica-explica-os-sintomas-o-diagnostico-e-como-se-prevenir
50
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


224
O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, dando-lhe um
grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades.
Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da
capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também,
pelo estigma e preconceito contra a doença.
Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável, e quanto mais precocemente
diagnostica e tratada mais rapidamente se cura o paciente.
O M. leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no entanto
só poucas adoecem.
O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora tenham sido identificados
animais naturalmente infectados.
O contágio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que o
elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis.
A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase, e a mais provável porta
de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores, o trato respiratório. No
entanto, para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente
não tratada.
O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes manifestações clínicas,
dependem dentre outros fatores, da relação parasita/hospedeiro e pode ocorrer após um longo período
de incubação, de 2 a 7 anos.
Além das condições individuais, outros fatores relacionados aos níveis de endemia e às condições
socioeconômicas desfavoráveis, assim como condições precárias de vida e de saúde e o elevado número
de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, influem no risco de adoecer.
Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo, constituindo os casos
Paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente para infectar
outras pessoas. Os casos Paucibacilares, portanto, não são considerados importantes fontes de
transmissão da doença devido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até curar-se
espontaneamente.
Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao bacilo, que se multiplica no seu organismo
passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo infectar outras pessoas. Estas pessoas
constituem os casos Multibacilares (MB), que são a fonte de infecção e manutenção da cadeia
epidemiológica da doença.
Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea, (suspeita de hanseníase
neural pura) e aqueles que apresentam área (s) com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem
lesão cutânea evidente, deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para
confirmação diagnóstica. Recomenda-se que nessas unidades os mesmos sejam submetidos novamente
ao exame dermatoneurológico criterioso, à coleta de material (baciloscopia ou histopatologia cutânea ou
de nervo periférico sensitivo), a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos para identificar
comprometimento cutâneo ou neural discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias
periféricas.
Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige exame criterioso, diante da dificuldade de aplicação
e interpretação dos testes de sensibilidade.
O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis,
se vier a causar impacto psicológico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pessoas de sua
rede social, esta situação requererá uma abordagem apropriada pela equipe de saúde que permita a
aceitação do problema, superação das dificuldades e maior adesão aos tratamentos.
A classificação operacional do caso de hanseníase, visando o tratamento com poliquimioterapia é
baseada no número de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:

PAUCIBACILAR (PB) - Casos Com Até Cinco Lesões de Pele


Formas Clínicas:
- Indeterminada (HI): áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas hipocrômicas e/ou
eritemohipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e rarefação de pelos.
- Tuberculóide (HT): placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, até 5 lesões de pele bem
delimitadas, hipo ou anestésicas, podendo ocorrer comprometimento de nervos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


225
MULTIBACILAR (MB) - Casos com mais de Cinco Lesões de Pele
Formas Clínicas:
- Dimorfa (HD): lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o centro claro). Lesões foveolares
(eritematopigmentares de tonalidade ferruginosa ou pardacenta), apresentando alterações de
sensibilidade.
- Virchowiana (HV): eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de pele, infiltradas e de bordas
mal definidas, tubérculos e nódulos, madarose, lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade.

A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico), quando disponível, deve ser utilizada como exame
complementar para a classificação dos casos em PB ou MB.
A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do número de lesões.

Atenção: o resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase.

Tratamento da Hanseníase

Apresentação: Duração: 12 meses

FAIXA CARTELA PB CARTELA MB


Rifampicina (RFM): cápsula de
Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg (2)
300mg (2)
Dapsona (DDS): comprimido de Dapsona (DDS): comprimido de 100mg
Adulto
100mg (28) (28)
Clofazimina (CFZ): cápsula de 100mg (3) e
-
cápsula de 50mg (27)
Rifampicina (RFM): cápsula de Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg (1) e
150mg (1) e cápsula de 300mg (1) cápsula de 300mg (1)
Criança Dapsona (DDS): comprimido de
Dapsona (DDS): comprimido de 50mg (28)
50mg (28)
Clofazimina (CFZ): cápsula de 50mg (16)
Nota: A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT.

Esquemas Terapêuticos
Os esquemas terapêuticos deverão ser utilizados de acordo com a classificação operacional:

I - PAUCIBACILAR: 6 cartelas

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com


administração supervisionada.
ADULTO
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e dose diária de 100mg
auto administrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de
300mg) com administração supervisionada.
CRIANÇA
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e dose diária de 50mg auto
administrada.
Duração: 6 doses. Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada. Critério
de alta: o tratamento estará concluído com seis (6) doses supervisionadas em até 9 meses. Na 6ª
dose, os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica
simplificada e do grau de incapacidade física e receber alta por cura.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


226
II - MULTIBACILAR: 12 cartelas

Duração: 24 doses.

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração


supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária de 100mg
ADULTO
auto administrada.
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg) com administração
supervisionada e uma dose diária de 50mg auto administrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300
mg) com administração supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e uma dose diária de 50mg
CRIANÇA
auto administrada.
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (3 cápsulas de 50mg) com administração
supervisionada e uma dose de 50mg auto administrada em dias alternados.
Duração: 12 doses. Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada. Critério
de alta: o tratamento estará concluído com doze (12) doses supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª
dose, os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica
simplificada e do grau de incapacidade física e receber alta por cura. Os pacientes MB que não
apresentarem melhora clínica ao final do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas) deverão ser
encaminhados para avaliação nas unidades de maior complexidade para verificar a necessidade de um
segundo ciclo de tratamento com 12 doses.

A principal forma de prevenir a instalação de deficiências e incapacidades físicas é o diagnóstico


precoce.

A prevenção das incapacidades físicas é realizada através de técnicas simples e de orientação ao


paciente para a prática regular de autocuidado. Técnicas simples são procedimentos a serem aplicados
e ensinados ao (à) paciente nas unidades básicas de saúde durante o acompanhamento do caso e após
a alta, com o propósito de prevenir incapacidades e deformidades físicas decorrentes da hanseníase.

A descoberta de caso é feita por meio da detecção:


- Ativa (investigação epidemiológica de contatos, e exame de coletividade como inquéritos e
campanhas);
- Passiva (demanda espontânea e encaminhamento).

A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo território nacional e de investigação


obrigatória. Cada caso diagnosticado deve ser notificado na semana epidemiológica de ocorrência do
diagnóstico, utilizando-se a ficha de notificação e investigação do Sistema de Informação de Notificação
de Agravos (SINAN).
A notificação deve ser enviada em meio físico, magnético ou virtual ao órgão de vigilância
epidemiológica hierarquicamente superior, permanecendo uma cópia no prontuário. As fichas de
notificação dos casos devem ser preenchidas por profissionais das unidades de saúde onde o (a) paciente
foi diagnosticado (a).
A notificação de casos de recidiva deverá ser realizada pelo serviço de referência que procedeu a
confirmação diagnóstica. Após avaliação, os casos confirmados e sem complicação, deverão ser contra
referenciados para tratamento e acompanhamento na unidade básica.
A investigação epidemiológica tem por finalidade a descoberta de casos entre aqueles que convivem
ou conviveram com o doente e suas possíveis fontes de infecção. Para fins operacionais considera-se
contato intradomiciliar toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente de hanseníase
nos últimos 5 (cinco) anos.

Atenção: todo contato de hanseníase deve receber orientação de que a BCG não é uma vacina
específica para este agravo e neste grupo, é destinada, prioritariamente, aos contatos intradomiciliares.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


227
É de responsabilidade da unidade básica de saúde dispor do tratamento completo para cada caso,
conforme faixa etária e classificação operacional, na forma de esquema de Poliquimioterapia (PQT/OMS).
A programação deverá ser de acordo o número de casos PB e MB.
O Ministério da Saúde é responsável pela programação, aquisição e distribuição nacional dos
medicamentos, com a participação das Secretarias Estaduais de Saúde. Cabe às Secretarias Estaduais
e Municipais de Saúde a gestão da distribuição às unidades de saúde aonde são dispensados, zelando
para que não haja descontinuidade na oferta desse insumo.

A comunicação e educação em saúde é um dos componentes estruturantes do Programa Nacional de


Controle da Hanseníase compreende três eixos:
- Ações de comunicação em saúde;
- Educação permanente;
- Mobilização social.

Estas ações devem ser conduzidas sempre em consonância com as políticas vigentes. Nesse
processo deve-se promover a participação de diferentes atores sociais no planejamento, execução e
avaliação, favorecendo a democratização e a descentralização dessas ações.
As ações de comunicação são fundamentais à divulgação das informações sobre hanseníase dirigidas
à população em geral, e em particular, aos profissionais de saúde e pessoas atingidas pela doença e de
sua convivência. Essas ações devem ser realizadas de forma integrada à mobilização social.
As práticas de educação em saúde para controle da hanseníase devem basear-se na política de
educação permanente e na política nacional de promoção da saúde. Essas atividades devem
compreender, pelo menos, atenção integral, estímulo à investigação e ao autoexame dos contatos
intradomiciliares, autocuidado, prevenção e tratamento de incapacidades físicas e suporte psicológico
durante e após o tratamento.
A educação permanente em saúde, ao proporcionar a formação dos profissionais de saúde, gestores
e usuários, é uma estratégia essencial à atenção integral humanizada e de qualidade, ao fortalecimento
do SUS e à garantia de direitos e da cidadania. Para tanto, faz-se necessário estabelecer ações
intersetoriais envolvendo a educação e a saúde, de acordo com as diretrizes para implementação da
política nacional de educação permanente em saúde.
Recomenda-se que a educação permanente em saúde contemple - na hanseníase - a reorientação
das práticas de formação, atenção, gestão, formulação de políticas e controle social e seja realizada de
forma intersetorial com outras áreas governamentais, sociedades científicas, conselhos reguladores e
órgãos formadores de profissionais da saúde e entidades não governamentais.
De acordo com as recomendações do Pacto pela Saúde caberá às três esferas de governo trabalhar
em parceria com as demais instituições e entidades da sociedade civil para a divulgação de informações
atualizadas sobre a hanseníase e atenção integral ao portador de hanseníase ou de suas sequelas.

Importante: quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser transmissora
da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos, torna-os incapazes de infectar outras
pessoas.

Prevenção51
O ambiente domiciliar é apontado como importante espaço de transmissão da doença, sendo a
investigação epidemiológica nesse espaço fundamental na descoberta de casos entre aqueles que
convivem ou conviveram com o doente como estratégia para a redução da carga da doença.

Para fins operacionais, define-se como:


- Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido
com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco anos anteriores ao diagnóstico da
doença, podendo ser familiar ou não. Atenção especial deve ser dada aos familiares do caso notificado,
por apresentarem maior risco de adoecimento, mesmo não residindo no domicílio do caso. Devem ser
incluídas, também, as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo sem vínculo familiar,
sobretudo, aqueles que frequentem o domicílio do doente ou tenham seus domicílios frequentados por
ele.
- Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais (familiares
ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado. Os contatos sociais, que incluem vizinhos,

51
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/hanseniase/medidas-de-prevencao-e-controle

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


228
colegas de trabalho e de escola, entre outros, devem ser investigados de acordo com o grau e tipo de
convivência, ou seja, aqueles que tiveram contato muito próximo e prolongado com o paciente não
tratado.

Questões

01. (TER/SP - Técnico Judiciário - Enfermagem - FCC/2017) A Secretaria de Estado da Saúde de


São Paulo recomenda o isolamento social em caso suspeito de doença viral altamente transmissível como
(A) a dermatite de contato.
(B) a aids.
(C) o sarampo.
(D) a estomatite.
(E) a pediculose.

02. (EBSERH - Técnico em Enfermagem - IBFC) A ________________ é uma doença infecto


contagiosa causada por uma bactéria chamada Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente os
pulmões, mas também pode ocorrer nos ossos, rins e meninges. Assinale a alternativa que completa
corretamente a lacuna.
(A) Hanseníase
(B) Estreptococose
(C) Criptococose
(D) Tuberculose
(E) Virose

03. (EMSERH - Enfermeiro - FUNCAB) A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica, de grande
importância para a saúde pública devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante. Com relação à
hanseníase marque a opção que apresenta a classificação do agente etiológico responsável pela doença
e sua forma de transmissão, respectivamente.
(A) Vírus; via respiratória superior
(B) Fungo; ingestão de alimento contaminado
(C) Vírus; por relação sexual
(D) Bactéria; via respiratória superior
(E) Bactéria; contato com as manchas e pápulas características da doença

04. (EBSERH - Enfermeiro - IBFC) Segundo a classificação operacional de casos de Hanseníase,


assinale a alternativa correta.
(A) A baciloscopia positiva classifica o caso como multibacilar, independente do número de lesões
(B) Hanseníase Paucibacilar (PB) são casos com mais de cinco lesões de pele
(C) Hanseníase Multibacilar (MB) são casos com até cinco lesões de pele
(D) A baciloscopia de pele (esfregaço dérmico) não pode ser utilizada como exame complementar para
a classificação dos casos em Paucibacilar ou Multibacilar
(E) O resultado negativo da baciloscopia exclui o diagnóstico de hanseníase

05. (SES/PR - Técnico de Enfermagem - IBFC) A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de


evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermato-neurológicos:
lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. A tuberculose é uma
doença infecciosa e transmissível, que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros
órgãos e sistemas. A hanseníase e a tuberculose são doenças distintas, mas que possuem algumas
características em comum. Assinale a alternativa que elenca corretamente tais características.
(A) Ambas são causadas por bactérias do gênero Mycobacterium, e são transmitidas por via aérea.
(B) Ambas possuem reservatórios em animais domésticos.
(C) Ambas são causadas por bactérias gram negativas e são transmitidas por via aérea e contato
direto.
(D) Ambas possuem período de incubação de 6 meses.

Gabarito

01.C / 02.D / 03.D / 04.A / 05.A

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


229
Comentários

01. Resposta: C
Sarampo por se tratar de uma doença infecciosa aguda, extremamente contagiosa, caracterizada por
febre e exantema máculo-papular. Agente Etiológico: Vírus do grupo paramixovírus. Modo de
Transmissão: Contato direto (por meio das secreções nasais e da garganta do doente) ou indireto (por
meio de objetos contaminados).

02. Resposta: D
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microrganismo denominado
Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar,
por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao
tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando estas gotículas são inaladas por pessoas sadias, provocam
a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença.

03. Resposta: D
A hanseníase é uma enfermidade infecciosa crônica de transmissibilidade moderada caracterizada por
lesões cutâneas anestésicas. Agente Etiológico: Bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae. Modo de
Transmissão: Por contato direto pelo contato com pele, mucosas, lesões cutâneas ou secreções nasais
do doente. O bacilo de Hansen é considerado uma actinobactéria.

04. Resposta: A
A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do número de lesões.

05. Resposta: A
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microrganismo denominado
Mycobacterium tuberculosis, que se propaga através do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos
expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando
estas gotículas são inaladas por pessoas sadias, provocam a infecção tuberculosa e o risco de
desenvolver a doença
A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen. Modo de Transmissão: Por
contato direto pelo contato com pele, mucosas, lesões cutâneas ou secreções nasais do doente.

DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)52

Doenças Crônicas são aquelas doenças que possuem evolução lenta e de longa duração, ou seja, não
se resolve em um curto espaço de tempo.
As DCNT são consideradas multifatoriais, já que possuem diversos fatores determinantes, dentre as
principais temos, as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias crônicas, o diabetes mellitus e
as neoplasias, todas possuem quatro fatores de risco em comum: o tabaco, a alimentação não saudável,
a inatividade física e o consumo nocivo de álcool. Abordaremos a seguir as principais DCNT.

Doenças Cardiovasculares53

Acidente Vascular Cerebral


O acidente vascular encefálico (AVE) é o principal distúrbio vascular encefálico, pois se refere a uma
anormalidade funcional do sistema nervoso central (SNC), quando ocorre há interrupção da irrigação
sanguínea para o encéfalo. O AVE pode ser classificado em duas categorias principais: isquêmico e
hemorrágico.

Acidente Vascular Encefálico Isquêmico


No acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico ocorre uma interrupção do fluxo sanguíneo cerebral,
dada a obstrução de um vaso sanguíneo. Essa interrupção do fluxo sanguíneo desencadeia uma
complexa série de eventos metabólicos celulares, conhecidos como cascata isquêmica.

52
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf
53
CHEEVER, Kerry H; BRUNNER, Lillian Sholtis; SUDDARTH, Doris Smith. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


230
Manifestações Clínicas
Um AVE isquêmico pode causar ampla variedade de déficits neurológicos, dependendo da localização
da lesão (quais os vasos sanguíneos que estão obstruídos), do tamanho da área de perfusão inadequada
e da quantidade fluxo sanguíneo colateral (secundário ou acessório).

O cliente pode apresentar qualquer um dos seguintes sinais e sintomas:


• Dormência ou fraqueza da face, do braço ou da perna, particularmente em um lado do corpo;
• Confusão ou alteração do estado mental;
• Dificuldade de falar ou de compreender a fala;
• Distúrbios visuais;
• Dificuldade de caminhar, tontura ou perda do equilíbrio ou da coordenação;
• Cefaleia intensa e súbita.

Prevenção
A prevenção primária do AVE isquêmico continua sendo um estilo de vida saudável, incluindo não
fumar, manter um peso saudável, seguir uma dieta saudável (inclusive consumo modesto de bebidas
alcoólicas) e exercícios regulares. A idade, o gênero e a raça constituem fatores de risco não modificáveis
bem conhecidos para o AVE. Os grupos de alto risco incluem pessoas com mais de 55 anos de idade.
Outro grupo de alto risco é o dos afrodescendentes a incidência do primeiro AVE nesses indivíduos é
quase duas vezes maior que a de pessoas de raça branca. São muitos os fatores de risco para o AVE
isquêmico, para pessoas que correm alto risco, intervenções que alterem os fatores modificáveis, como
tratamento da hipertensão arterial e da hiperglicemia e suspensão do tabagismo, reduzem o risco de AVE.

Tratamento
São utilizados agentes trombolíticos para tratar o AVE isquêmico por meio de dissolução do coágulo
sanguíneo que está bloqueando o fluxo sanguíneo para o encéfalo.
Embora o tempo disponível para iniciar o tratamento tenha sido estendido em alguns centros, é
necessária urgência por parte do público e dos profissionais de saúde para o rápido transporte do cliente
a um hospital para avaliação e administração do medicamento e o tempo recomendado é de 3 horas.

Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico


Os AVE hemorrágicos são causados principalmente por hemorragia intracraniana ou subaracnóidea,
tendo como origem um sangramento dentro do tecido cerebral, nos ventrículos ou no espaço
subaracnóideo.
A hemorragia intracerebral primária em consequência de uma ruptura espontânea de pequenos vasos,
e é motivada principalmente pela hipertensão não controlada. A hemorragia subaracnóidea resulta da
ruptura de um aneurisma intracraniano.
Outra causa comum de hemorragia intracerebral no indivíduo idoso é a angiopatia amiloide cerebral,
que envolve uma lesão causada pelo depósito de proteína beta-amiloide nos vasos sanguíneos de
pequeno e de médio calibre do encéfalo.
A hemorragia intracerebral secundária está associada a malformações arteriovenosas (MAV),
aneurismas intracranianos, neoplasias intracranianas ou determinados medicamentos.

Manifestações Clínicas
O cliente com AVE hemorrágico pode apresentar ampla variedade de déficits neurológicos, quando
consciente consegue relatar a ocorrência de cefaleia intensa. Outros sintomas que podem ser observados
com mais frequência em clientes com hemorragia intracerebral aguda (em comparação com o AVE
isquêmico) consistem em vômitos, alteração precoce e súbita do nível de consciência e, possivelmente,
convulsões focais, dado o comprometimento frequente do tronco encefálico.
Além dos déficits neurológicos (semelhantes aos observados no AVE isquêmico), o cliente com
aneurisma intracraniano ou MAV pode apresentar algumas manifestações clínicas singulares. A ruptura
de aneurisma ou MAV produz habitualmente cefaleia súbita e extremamente intensa e, com frequência,
perda da consciência por um período variável.
Podem estar presentes dor e rigidez da parte posterior do pescoço (rigidez de nuca) e da coluna
vertebral, em decorrência de irritação meníngea. Ocorrem distúrbios visuais (perda visual, diplopia, ptose)
se o aneurisma for adjacente ao nervo oculomotor. Além disso, pode haver zumbidos, tontura e
hemiparesia.
A hemorragia subaracnóidea em consequência de aneurisma é um evento catastrófico, com morbidade
e mortalidade significativas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


231
Prevenção
A prevenção primária do AVE hemorrágico é o melhor método e consiste no manejo da hipertensão e
na melhora de outros fatores de risco significativos. O controle da hipertensão pode reduzir o risco de
AVE hemorrágico, outros fatores de risco incluem idade avançada, gênero masculino e consumo
excessivo de bebidas alcoólicas.
As triagens para risco de AVE proporcionam uma oportunidade ideal para reduzir o risco de AVE
hemorrágico ao identificar pessoas ou grupos de alto risco e ao fornecer orientação aos clientes e à
comunidade sobre seu reconhecimento e prevenção.

Infarto Agudo do Miocárdio ou Síndromes Coronarianas Agudas (SCA)54


Trata-se de um processo de morte do tecido (necrose) de parte do músculo cardíaco por falta de
oxigênio, devido à obstrução da artéria coronária, geralmente ocorre pela formação de um coágulo sobre
uma área previamente comprometida por aterosclerose (placa de gordura), causando estreitamentos dos
vasos sanguíneos do coração.

Fatores de Risco
Os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são classificados como não-
modificáveis (idade, hereditariedade, sexo e raça), modificáveis (tabagismo, dislipidemia, hipertensão
arterial, sedentarismo, obesidade e dibetes mellitus) e contribuintes (estresse, hormonal, uso de pílulas
anticoncepcionais, etilismo e homocisteína).

Manifestações Clínicas
A descrição clássica da dor torácica na SCA é um desconforto, uma queimação ou uma sensação
opressiva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro ou braço
esquerdo, braço direito, pescoço ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas,
vômitos ou dispneia.
A dor pode durar alguns minutos (geralmente entre 10 e 20 min) e ceder, como nos casos de angina
instável, ou mais de 30 min, como nos casos de infarto agudo do miocárdio. O paciente também pode
apresentar queixas atípicas como mal-estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese sem dor.

Tratamento
Tratamento farmacológico: o objetivo do tratamento inicial é agir sobre os processos fisiopatológicos
que ocorrem na SCA e suas consequências, visando, portanto, à contenção ou ao controle da isquemia
miocárdica, à recanalização coronariana e ao controle do processo aterotrombótico.
Tratamento cirúrgico: quando as demais terapêuticas falham ou não são indicadas, é necessária a
realização do tratamento cirúrgico para a revascularização pelo implante de enxertos. Os condutos mais
utilizados são a artéria torácica interna (mamária) e a veia safena magna.

Hipertensão Arterial555657
A hipertensão ocorre quando a pressão exercida pelo sangue na parede das artérias (são vasos que
saem do coração e levam o sangue oxigenado e com nutrientes para todas as células do organismo) é
elevada ficando acima dos valores normais (> 140/> 90 mmHg).
A pressão sanguínea aumenta em razão da ampliação do volume sanguíneo, da aceleração da
frequência cardíaca ou do aumento do volume ejetado ou da vasoconstrição arteriolar. A hipertensão
também pode ser causada por supressão ou resposta inadequada dos mecanismos reguladores
intrínsecos.
O estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para
impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica
as artérias.
A crise hipertensiva caracteriza-se por elevação grave da pressão arterial causada por algum distúrbio
envolvendo um ou mais mecanismos reguladores. Se não for tratada, a crise hipertensiva pode causar
complicações renais, cardíacas ou cerebrais, ou pode levar à morte.

Fatores de Risco
- Idade;

54
BARBOSA, Dulce Aparecida; VIANNA, Lucila Amaral Carneiro. Enfermagem Ambulatorial e Hospitalar. Manole, 2010.
55
http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf
56
RAMOS, Salvador; MANENTI, Euler; FRIEDRICH, Maurício André Gheller; SAADI, Eduardo Keller. Entendo as Doenças Cardiovasculares. Artmed. 2014.
57
http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/2268-26-4-dia-nacional-de-prevencao-e-combate-a-hipertensao-arterial

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


232
- Sexo e etnia;
- Excesso de peso e obesidade;
- Ingestão de sal;
- Ingestão de álcool;
- Sedentarismo;
- Genéticos;
- Fatores Socioeconômicos.

Causas da Hipertensão
Geralmente a causa é desconhecida ou não está́ bem definida, ou seja, o paciente tem a tendência
genética (hipertensão primária). Entre as causas conhecidas, e nesse caso chamado de hipertensão
secundária, estão as doenças dos rins, de glândulas endócrinas como a suprarrenal, do sistema nervoso,
o abuso de certos medicamentos ou bebidas alcoólicas e a gravidez.

Prevenção
A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá
determinar o melhor método para cada paciente, mas além dos medicamentos disponíveis atualmente, é
imprescindível adotar um estilo de vida saudável:
- Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;
- Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos;
- Praticar atividade física regular;
- Aproveitar momentos de lazer;
- Abandonar o fumo;
- Moderar o consumo de álcool;
- Evitar alimentos gordurosos;
- Controlar o diabetes.

Câncer58
Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que tem em comum o crescimento desordenado de
células de determinado tecido ou órgão. Essas células se dividem rapidamente, tendendo a ser muito
agressivas e proporcionando a formação de uma massa celular, chamada de tumor. Os tumores podem
ser tanto benignos quanto malignos.
Os tumores benignos geralmente podem ser tratados por meio de um procedimento cirúrgico, sendo
retirados, na maioria dos casos, sem nenhum dano ao organismo e raramente colocam em risco a vida
dos pacientes. Os tumores malignos são considerados câncer.

Causas
As causas de câncer são várias, ocorrendo uma interação entre fatores genéticos (internos) e
ambientais (externos). As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos próprios do
meio social e cultural da comunidade na qual o indivíduo vive.
As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente determinadas e estão ligadas à
capacidade que o organismo tem de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem
interagir de diversas formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células
normais.

Prevenção
A prevenção primária em câncer se constitui em evitar a ocorrência da doença por alteração de fatores
de risco modificáveis, independente dos fatores genéticos, como o tabagismo, que é a maior causa
evitável de câncer no mundo. O baixo consumo de álcool, a prática regular de exercício físico e manter o
peso ideal, ou seja, evitar a obesidade, são medidas que podem ser adotadas em nossas vidas.
Ter uma dieta balanceada, com baixa ingestão de carne vermelha e gordura saturada, rica em frutas
e vegetais é um fator protetor. A obesidade é um risco para alguns tumores, e os componentes hormonais
podem também contribuir para o aumento do risco de alguns tipos de câncer.
Alguns tipos de câncer também estão associados a agentes infecciosos, assim, a prevenção primária
dessas neoplasias malignas está associada à vacinação e ao tratamento das infecções subjacentes. A
radiação ionizante UVA está fortemente relacionada com os vários tipos de câncer de pele, principalmente
ao melanoma maligno, e a sua prevenção primária é a redução da exposição solar.

58
OPPERMANN, Christina Pimentel. Entendendo o Câncer. Artmed, 2014.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


233
A prevenção secundária em câncer permite identificar as lesões em uma fase pré-clínica ou inicial,
quando os pacientes ainda estão assintomáticos e a doença é curável. Assim, tornam-se muito
importantes as avaliações médicas periódicas, bem como a indicação de exames de rastreamento na
população em geral.
O diagnóstico precoce possibilita maior chance de cura das neoplasias malignas, portanto é
fundamental a existência de um ambulatório de prevenção em câncer, onde cada paciente é avaliado
individualmente, e são analisados os fatores de risco presentes, além da história familiar, a fim de realizar
os exames de rastreamento indicados.

Diabetes59
Diabetes mellitus é um distúrbio metabólico causado pela falta ou má absorção de insulina (hormônio
produzido pelo pâncreas). Tal hormônio têm a função de quebrar as moléculas de glicose para transforma
em energia, e quando esse processo não ocorre adequadamente causa a elevação dos níveis de açúcar
no sangue (glicose).

Tipos de Diabetes

Tipo 1
Caracteriza-se pela destruição das células beta do pâncreas, devido a fatores genéticos, imunológicos
e, possivelmente, ambientais (virais), nesse caso são necessárias injeções de insulina para controlar os
níveis de glicemia. O diabetes tipo 1 tem início súbito, geralmente antes dos 30 anos de idade.
Tipo 2
Resulta da diminuição da sensibilidade à insulina (resistência à insulina) ou da diminuição na
quantidade de insulina secretada. O diabetes tipo 2 é inicialmente tratado com dieta e exercícios físicos
e, em seguida, com agentes antidiabéticos orais, quando necessário, tem início lento e progressivo e
ocorre mais frequentemente em clientes com mais de 30 anos de idade e naqueles com obesidade.
Diabetes gestacional
O diabetes gestacional caracteriza-se por qualquer grau de intolerância à glicose, com início durante
a gravidez (segundo ou terceiro trimestre). Os riscos para o diabetes gestacional incluem obesidade
acentuada, história pessoal de diabetes gestacional ou teste de tolerância à glicose oral (TTGO) anormal,
glicosúria (glicose excretada na urina) ou forte história familiar de diabetes.
Outros fatores de risco incluem idade do cliente acima de 25 anos, gestação prévia com recém-nascido
com peso acima de 4kg e natimorto prévio inexplicável.

Prevenção
Para clientes obesos (particularmente aqueles com diabetes tipo 2), a perda de peso e o exercício
físico de intensidade moderada são essenciais para o tratamento, e constituem o principal fator preventivo
para o desenvolvimento do diabetes.

Manejo de Enfermagem
O manejo de enfermagem para clientes com diabetes melito pode envolver o tratamento de uma ampla
variedade de distúrbios fisiológicos, dependendo do estado de saúde do cliente, e de ele estar com
diagnóstico recente ou procurando assistência médica devido a algum problema de saúde não
relacionado.
Como todos os clientes com diabetes precisam dominar os conceitos e as habilidades necessários
para um tratamento a longo prazo e evitar as complicações potenciais do diabetes, um foco contínuo do
manejo de enfermagem consiste em uma sólida base educacional, que é necessária para o autocuidado
competente.
A enfermagem desempenha um papel vital na identificação de clientes com diabetes melito, na
avaliação das habilidades de autocuidado, no fornecimento da orientação básica, no reforço da orientação
por um especialista e no encaminhamento dos clientes para cuidados de acompanhamento após a alta
hospitalar.

Doenças Respiratórias Crônicas


Doenças respiratórias crônicas (DRC) são doenças crônicas das vias aéreas superiores e inferiores.
A DRC mais comuns são: a asma, a rinite alérgica e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC),
veremos a seguir as características das DRC.

59
BRUNNER, Lilian Sholtis; SUDDARTH, Doris Smith. Manual de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 13ª Ed. Guanabara Koogan, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


234
Asma
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, que provoca hiper-reatividade,
edema da mucosa (excesso de líquido acumulado) e produção de muco. Essa inflamação acaba
resultando em episódios recorrentes de sinais/sintomas de asma: tosse, sensação de constrição no tórax,
sibilos e dispneia.
Os clientes com asma podem apresentar períodos assintomáticos alternando com exacerbações
agudas de poucos minutos a várias horas ou dias de duração. Seus fatores de risco incluem história
familiar, alergia (o fator mais forte) e exposição crônica a irritantes das vias respiratórias ou alérgenos. Os
deflagradores comuns dos sinais/sintomas e das exacerbações da asma consistem em irritantes das vias
respiratórias, alimentos, exercícios físicos, estresse, fatores hormonais, medicamentos, infecções virais
das vias respiratórias e refluxo gastresofágico.

Prevenção
A avaliação do comprometimento e a realização de testes para identificar possíveis causas, incluindo
exposições no local de trabalho, constituem os métodos essenciais para assegurar o controle em clientes
com asma recorrente.
O tratamento imediato visa remover ou diminuir a exposição no ambiente do cliente, e este tem
acompanhamento contínuo. São prescritos medicamentos padrão para asma a fim de minimizar a
broncoconstrição e a inflamação das vias respiratórias.

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)


A DPOC caracteriza-se por limitação do fluxo de ar, que não é totalmente reversível, geralmente
progressiva e associada à resposta inflamatória do pulmão a partículas ou gases nocivos. A limitação ao
fluxo de ar resulta em estreitamento das vias respiratórias, hipersecreção de muco e alterações na
vascularização pulmonar.
Outras doenças, tais como fibrose cística, bronquiectasia (dilatação irreversível de porções dos ductos
respiratórios) e asma, que eram classificadas como tipos de DPOC, são atualmente classificadas como
distúrbios pulmonares crônicos, embora possa haver sobreposição dos sintomas com aqueles
observados na DPOC.
O tabagismo, a poluição do ar ambiente e a exposição ocupacional constituem fatores de risco
importantes que contribuem para o desenvolvimento da DPOC, que pode se estender por um período de
20 a 30 anos. As complicações da DPOC variam, mas incluem insuficiência e falência respiratórias
(principais complicações) e pneumonia, atelectasia (colapso do tecido pulmonar com perda de volume) e
pneumotórax (presença de ar entre as duas camadas da pleura).
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é passível de prevenção e tratamento, com alguns
efeitos extrapulmonares significativos.

Fatores de Risco
- Fatores de risco ambientais (tabagismo ativo e passivo) e exposição prolongada e intensa a poeiras
e substâncias químicas ocupacionais e poluição do ar em ambientes fechados e do ar ambiente.

Prevenção
A prevenção é parar definitivamente com o cigarro é a medida mais eficaz, pessoas saudáveis que
não desejam ter a doença e para aqueles que já foram diagnosticados e querem reduzir os sintomas.
A maioria das pessoas afetadas pela DPOC não sabem que têm a doença, somente quando são
diagnosticadas e muitas vezes tardiamente afetando assim as medidas de prevenção.

Rinite60
Rinite é uma reação inflamatória que ocorre na mucosa nasal consequente a fatores alérgicos ou não.
Clinicamente, é definida como a somatória dos sintomas: rinorreia (corrimento excessivo de muco nasal),
obstrução nasal, prurido e/ou espirros.
Pode-se classificar como alérgica ou não alérgica e desta infecciosa ou não infecciosa. Sendo que a
não infecciosa pode ser viral, bacteriana ou fúngica. A rinite não alérgica é um diagnóstico de exclusão,
e os quadros principais são: rinite eosinofílica não alérgica (rena), idiopática, ocupacional, do idoso,
gestacional, do esporte, gustativa, medicamentosa e por fármacos.

60
MARTINS, Milton de Arruda; CARRILHO, Flair José; ALVES, Venâncio Avancini Ferreira; CASTILHO, Euclid. Clínica Médica. Manole, 2016.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


235
Prevenção
A renite representa uma das afecções mais frequentes na espécie humana, e pode apresentar grande
impacto na qualidade de vida, portanto o controle do ambiente de convívio do paciente é essencial e,
muitas vezes, suficiente para o controle dos sintomas de rinite alérgica. Entre os alérgenos de ambiente
fechado mais comuns no Brasil, encontra-se o ácaro como principal fator causal. Por isso, evitar objetos
que acumulem poeira e ambientes muito úmidos são de grande valia.

Metas Nacionais Propostas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis
(DCNT) 61

- Reduzir a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por DCNT em 2% ao ano;


- Reduzir a prevalência de obesidade em crianças;
- Reduzir a prevalência de obesidade em adolescentes;
- Deter o crescimento da obesidade em adultos;
- Reduzir a prevalência de consumo nocivo de álcool;
- Aumentar a prevalência de atividade física no lazer;
- Aumentar o consumo de frutas e hortaliças;
- Reduzir o consumo médio de sal;
- Reduzir a prevalência de tabagismo;
- Implantar o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia nos serviços que realizam esse tipo de
exame;
- Implantar o Programa de Gestão da Qualidade de Citopatologia nos laboratórios que realizam esse
tipo de exame;
- Ampliar e/ou manter a cobertura de exame citopatológico do câncer do colo do útero em mulheres de
25 a 64 anos, em todas as regiões do país;
- Ampliar a cobertura de mamografia em mulheres de 50 a 69 anos;
- Garantir tratamento de mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer do colo do útero.

Obesidade

A obesidade é um distúrbio nutricional relacionado com o excesso de ingestão de calorias. Ela está
associada a outras doenças, como as doenças coronarianas, hipertensão, diabetes mellitus,
dislipidemias, doenças da vesícula biliar, osteoporose e alguns tipos de câncer, aumentando a morbidade
e a mortalidade.
Este distúrbio, muito comum em países desenvolvidos, visto que a sua maior causa é o excesso de
ingestão de alimentos, tem atingido, também, nos países em desenvolvimento. Com a crescente
globalização, têm-se assistido a um aumento dramático na prevalência de obesidade nos países em
desenvolvimento. Isto se deve a mudança de hábitos alimentares e estilo de vida em toda a América
Latina. Estes países estão incorporando hábitos alimentares dos países mais industrializados. De fato,
esta tendência, chamada de "ocidentalização da Nutrição" (nutritional westernization), vem se
caracterizando pelo aumento do consumo de fast-food e por uma tendência à diminuição da atividade
física.
A incorporação dessa mudança de hábitos alimentares nas regiões da América Latina tem propiciado
o aumento das taxas de doenças crônicas degenerativas em contraposição à das doenças
infectocontagiosas, as maiores responsáveis pela mortalidade no passado. Existem estudos que
permitem a comparação da prevalência da obesidade em muitos países da América Latina. O indicador
de obesidade escolhido na pesquisa foi o Índice de Massa Corporal acima de 25kg/m².
Verificou-se uma alta prevalência de obesidade, principalmente com relação ao sexo feminino, em
todos os países estudados.
No Brasil, a prevalência de obesidade é maior no sexo feminino, enquanto no Uruguai encontramos
uma prevalência de obesidade semelhante em homens e mulheres. Tais resultados demonstram que são
necessárias medidas urgentes para que a população se conscientize dos males de uma dieta rica em
gorduras e proteínas.
Cabe aos especialistas em Nutrição alertar para a importância de uma alimentação adequada,
balanceada e variada. Na próxima seção apresentamos a importância do diagnóstico nutricional na
prevenção e no tratamento das doenças crônicas degenerativas que apresentam relação com a
alimentação.

61
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


236
O Diagnóstico Nutricional
O cuidado nutricional individual é muito importante na prevenção e no tratamento das doenças
relacionadas com a alimentação, como é o caso das doenças crônicas degenerativas. O estabelecimento
de uma conduta dietética adequada depende do diagnóstico nutricional para avaliar a existência de
fatores de risco nutricional. O risco nutricional é o potencial prejuízo que uma alimentação inadequada,
associada a fatores hereditários ou não, pode ocasionar a um indivíduo. A determinação do diagnóstico
nutricional é efetuada durante uma consulta com especialistas. A consulta em Nutrição consta de quatro
etapas:
- Coleta de informações;
- Análise das informações obtidas;
- Estabelecimento do plano de ação;
- Determinação da conduta dietoterápica.

A finalidade do diagnóstico nutricional é verificar a influência da alimentação na saúde do indivíduo.


Isto é obtido através da avaliação do estado nutricional. As finalidades da avaliação nutricional são
identificar distúrbios nutricionais, estabelecer valores básicos para avaliar a eficácia de planos alimentares
e reconhecer, precocemente, potenciais riscos à saúde devido a fatores nutricionais.
Através de uma consulta, o especialista em Nutrição coleta informações pertinentes ao estado
nutricional do indivíduo. Os instrumentos necessários para a obtenção do diagnóstico nutricional são
história dietética, dados antropométricos, bioquímicos, antecedentes médicos, antecedentes familiares,
histórico alimentar e fatores psicossociais.
- O histórico do consumo alimentar feito através de anamnese alimentar indica a presença de hábitos
alimentares errôneos que podem interferir no estado nutricional do indivíduo;
- Dados antropométricos obtidos através das medidas de altura, peso e/ou dobras cutâneas. Fornecem
informações sobre a massa e a distribuição de gordura corpórea;
- Os exames bioquímicos indicam o estado nutricional através do estado metabólico do indivíduo, entre
eles: glicemia, colesterol sérico, hemograma etc.;
- Os antecedentes médicos indicam patologias que podem estar associadas à alimentação, como por
exemplo, diabetes, obesidade, hipertensão, anemia ferropriva etc.;
- Os antecedentes familiares indicam se os parentes próximos apresentam doenças que podem ser
transmitidas por hereditariedade, como por exemplo, as acima citadas;
- A determinação de fatores psicossociais, como ansiedade, depressão, condição socioeconômica que
podem interferir na alimentação.

A análise conjunta desses dados conduz ao diagnóstico nutricional e à determinação de uma conduta
dietética específica. A prescrição dietética é definida como uma intervenção que implica na melhoria da
saúde do indivíduo através de uma dieta. O plano alimentar envolve a prescrição de uma dieta adequada
e balanceada e a sugestão de cardápios. Esta dieta deve levar em consideração a composição de
nutrientes dos alimentos, equilíbrio entre quantidade e qualidade dos nutrientes, ingestão de alimentos e
refeições do dia, respeitando a adequação e as preferências individuais.

Indicadores de Riscos para a Saúde

O índice de massa corpórea (IMC) e a relação cintura quadril


Muitos profissionais da saúde, incluindo médicos e nutricionistas, buscam relacionar os níveis de
obesidade ao risco para a saúde. O peso como um parâmetro isolado, embora seja frequentemente obtido
como parte da rotina de consultórios, não constitui uma boa informação sobre esta relação.
Quando o peso é relacionado a outros parâmetros, como o IMC e a circunferência abdominal, pode-
se obter uma estimativa da sua associação com o risco à saúde. Estas informações são muito importantes
no acompanhamento do controle da obesidade e devem ser coletadas rotineiramente.
A utilização de indicadores de risco nutricional está cada vez mais sendo preconizada em estudos
populacionais. O Índice de Massa Corpórea e a Relação cintura/quadril constituem os indicadores de
risco nutricional mais utilizados devido à sua fácil obtenção e a precisão nos resultados
A utilização do Índice de Massa Corpórea (IMC) na avaliação do risco à saúde é o instrumento mais
prático para orientar o tratamento da obesidade e é considerada a melhor estimativa da relação entre
obesidade e o risco nutricional. Constitui uma ferramenta importante e fácil de ser obtida para o
diagnóstico nutricional. Ele é calculado da seguinte forma:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


237
𝑝𝑒𝑠𝑜
(𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎)2

Onde:
Peso = peso atual em kg;
Altura = em metros, elevada ao quadrado.

A definição de faixas de IMC saudáveis (IMC=19 a 25) é aceita pela Organização Mundial da Saúde e
está baseada na avaliação do risco da obesidade (Meisler) em ocasionar doenças crônicas
degenerativas. O IMC pode classificar o indivíduo em:
- Desnutrição: <18,5
- Eutrofia: 18,5 – 24,9
- Sobrepeso: 25 – 30
- Obesidade moderada: 30 – 40
- Obesidade mórbida: > 40

A relação cintura/quadril é o índice mais utilizado para averiguar a distribuição local de tecido adiposo
regional. A circunferência da cintura é determinada na área mais estreita, acima do umbigo e a do quadril,
sobre a área máxima dos glúteos. Os valores de circunferência da cintura acima de 100cm são
considerados potencialmente aterogênicos, ou seja, podem indicar maior deposição de colesterol nas
artérias. Os valores limiares sugeridos como adequados para a relação da circunferência cintura/quadril
são:
- 0,8 para mulheres de meia idade ou idosas
- 0,9 para homens

Valores superiores são considerados fatores de risco de doença cardiovascular, apresentando


correlação positiva com a mortalidade cardiovascular em homens e mulheres.
Embora a relação cintura quadril tenha sido bastante empregada para estimar a distribuição de gordura
corpórea, a literatura recente sugere que a circunferência abdominal pode indicar uma melhor correlação
com doenças crônicas e degenerativas e a ocorrência de adiposidade na região central do corpo.
Fortes correlações foram observadas com o risco para diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares,
hipertensão e dislipidemias. Quanto maior for a medida da circunferência abdominal, maior é o risco de
se adquirir doenças crônicas e degenerativas.
A distribuição regional da gordura corporal é um indicador de risco nutricional muito importante.
Estudos revelam que existe uma íntima relação com o tipo de distribuição regional de gordura corporal e
a ocorrência de doenças cardiovasculares.
Os tipos de distribuição de gordura corporal dividem-se em: abdominal, conhecida como androide, e
no quadril, denominada ginecoide. O tipo de distribuição de gordura corporal que apresenta maior relação
com o aparecimento de doenças cardiovasculares é o androide.
Conhecendo-se o grau de risco nutricional ao qual o indivíduo está submetido, o passo seguinte é o
estabelecimento da conduta dietética, que consiste na prescrição de uma dieta individualizada e
adequada nutricionalmente, na orientação da dieta prescrita e no acompanhamento evolutivo do paciente.

Já há algum tempo, a magnitude das doenças cardiovasculares como causa de óbito e morbidade tem
suscitado estudos que relacionam certos fatores (tabagismo, alcoolismo, hipercolesterolemia, obesidade,
"stress", diabetes melittus, hipertensão arterial e outros), ao aparecimento dessas doenças. No intuito de
tentar evitar a morte precoce e a morbidade por essas citadas doenças, em sua maior parte
incapacitantes, tem-se formulado duas estratégias básicas: a do "enfoque de risco" e a do "enfoque
populacional".
O primeiro propõe o controle de exposição a fatores de risco em indivíduos com alto risco para doenças
cardiovasculares (DCV), em trabalho realizado indivíduo a indivíduo. Já o "enfoque populacional"
pretende alcançar a redução dos fatores de risco na população, realizando-se a abordagem ao nível do
coletivo. Ambas as estratégias têm como pressuposto que a supressão de um ou mais fatores de risco
acarretaria diminuição da mortalidade e morbidade por DCV.
O Ministério da Saúde, pela sua Divisão Nacional de Doenças Crônico-Degenerativas, lançou as
"Bases Estratégicas e Operacionais" para o controle das DCV, em documento onde faz uma breve
avaliação do trabalho realizado naquele ano e expõe sua proposta de atuação. O documento prevê que
a abordagem do problema seja feita através dos dois enfoques, o de risco e o populacional.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


238
O trabalho de prevenção pela "estratégia populacional" seria realizado por meio de campanhas
antifumo, a favor dos exercícios físicos e da dieta mais equilibrada. Já o trabalho de prevenção pela
"estratégia de alto risco" seria realizado pela assistência médica prestada aos indivíduos de alto risco,
especialmente hipertensos, com a detecção e controle dos principais fatores de risco, tais como fumo,
obesidade, hipercolesterolemia, entre outros.

A avaliação do processo de trabalho, busca compreender as relações que se estabelecem, no


processo de trabalho em saúde, entre os elementos que o constituem: objeto do trabalho, meios de
trabalho (onde se incluem, além dos instrumentos materiais, o conhecimento clínico e o conhecimento
epidemiológico), e agentes do trabalho; estes são determinados, em última instância, pela necessidade
social de obtenção dos produtos desse processo de trabalho.
Nesses termos, a avaliação deve reconhecer quais são essas necessidades (ou, pelo menos, qual é
sua expressão hegemônica), e verificar se o processo efetivamente realizado é adequado à satisfação
dessas necessidades sociais. É evidente que a satisfação efetiva dessa necessidade só pode ser
apreendida pelo próprio conjunto social que, ao fazê-lo, reitera, modifica ou substitui aquele processo por
outro.
Deste modo, três enfoques aparecem como pertinentes para a avaliação do processo de trabalho
relativo a ações programáticas dirigidas ao controle de DCV: avaliação da cobertura, avaliação do uso do
serviço, e avaliação do conteúdo das ações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que as doenças crônicas de declaração não
obrigatória, como as doenças cardiovasculares, a diabetes, a obesidade, o cancro e as doenças
respiratórias, representam cerca de 59% do total de 57 milhões de mortes por ano e 46 por cento do total
de doenças. Afetam países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento. A expansão das
doenças crônicas reflete os processos de industrialização, urbanismo, desenvolvimento econômico e
globalização alimentar, que acarretam:
- Alteração das dietas alimentares;
- Aumento dos hábitos sedentários;
- Crescimento do consumo de tabaco.

Cerca de metade das mortes causadas por doenças crônicas está diretamente associada às doenças
cardiovasculares. Os ataques cardíacos e os enfartes do miocárdio matam cerca de 12 milhões de
pessoas por ano. A hipertensão e outras doenças cardíacas matam, por sua vez, 3,9 milhões de pessoas.
Cerca de 75% das doenças cardiovasculares são atribuíveis a:
- Colesterol elevado;
- Tensão arterial elevada;
- Dieta pobre em frutas e vegetais;
- Sedentarismo;
- Tabagismo.

Calcula-se que, em todo o mundo, existam 177 milhões de pessoas a sofrer de diabetes, sobretudo de
tipo 2. Dois terços do total vivem nos países em vias de desenvolvimento. Mais de mil milhões de adultos
sofrem de excesso de peso. Destes, pelo menos 300 milhões são clinicamente obesos. Apesar de muito
diferentes entre si, as doenças crônicas apresentam fatores de risco comuns. São poucos e podem ser
prevenidos:
- Colesterol elevado;
- Tensão arterial elevada;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Consumo de álcool.

Através da alteração do seu estilo de vida poderá, em pouco tempo, reduzir o risco de desenvolver
uma doença crônica. Alterando a dieta alimentar – privilegiar frutas, vegetais, frutos secos e cereais
integrais; substituir as gorduras animais saturadas por gorduras vegetais insaturadas; reduzir as doses
de alimentos salgados e doces; iniciando a prática de exercício físico diário; Mantendo um peso normal –
Índice de Massa Corporal entre 18,5 e 24,9. Eliminando o consumo de tabaco.
Já está comprovado que as intervenções comportamentais sustentadas são eficazes na redução dos
fatores de risco para a população. Mais de 80% dos casos de ocorrência de doenças cardíacas
coronárias, 90% dos casos de diabetes de tipo 2 e de um terço das ocorrências de cancro podem ser

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


239
evitados através da alteração dos hábitos alimentares, do aumento de atividade física e do abandono do
tabagismo.

Doença Crônica Renal62

As Doenças Renais Crônicas (DRC) são um termo geral para alterações heterogêneas que afetam
tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco. Trata-se de
uma doença de curso prolongado, que pode parecer benigno, mas que muitas vezes torna-se grave e
que na maior parte do tempo tem evolução assintomática.
Na maior parte do tempo, a evolução da doença renal crônica é assintomática, fazendo com que o
diagnóstico seja feito tardiamente. Nesses casos, o principal tratamento imediato é o procedimento de
hemodiálise.

Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são:


- Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2);
- Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90mmHg em duas
medidas com um intervalo de 1 a 2 semanas;
- Idosos;
- Portadores de obesidade (IMC > 30Kg/m²);
- Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença
vascular periférica, insuficiência cardíaca);
- Histórico de Doença Renal Crônica na família;
- Tabagismo;
- Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de ajustes em pacientes
com alteração da função renal.

Diagnóstico
Existem diversas formas de aferir as funções renais, incluindo um exame de urina e exames detalhados
dos rins, conforme cada caso. No entanto, do ponto de vista clínico a função excretora é aquela que tem
maior correlação com os desfechos clínicos. Todas as funções renais costumam declinar de forma
paralela com a sua função excretora.

Na prática clínica, a função excretora renal pode ser medida por meio da Taxa de Filtração Glomerular
(TFG). Para o diagnóstico das doenças renais crônicas são utilizados os seguintes parâmetros:
- TFG alterada;
- TFG normal ou próxima do normal, mas com evidência de dano renal ou alteração no exame de
imagem;
- É portador de doença renal crônica qualquer indivíduo que, independente da causa, apresente por
pelo menos três meses consecutivos uma TFG<60ml/min/1,73m².

Tratamento
Para melhor estruturação do tratamento dos pacientes com doenças renais crônicas é necessário que,
após o diagnóstico, todos os pacientes sejam classificados da seguinte maneira:
- Estágio 1: TFG ³ 90mL/min/1,73m² na presença de proteinúria e/ou hematúria ou alteração no exame
de imagem;
- Estágio 2: TFG ³ 60 a 89 mL/min./1,73m²;
- Estágio 3a: TFG ³ 45 a 59 mL/min./1,73m²;
- Estágio 3b: TFG ³ 30 a 44 mL/min./1,73m²;
- Estágio 4: TFG ³ 15 a 29 mL/min./1,73m²;
- Estágio 5 - Não Dialítico: TFG < 15 mL/min./1,73m²;
- Estágio 5 - Dialítico: TFG < 15 mL/min./1,73m².

A classificação deve ser aplicada para tomada de decisão no que diz respeito ao encaminhamento
para os serviços de referências e para o especialista, conforme cada caso. Para fins de organização do
atendimento integral ao paciente com doença renal crônica (DRC), o tratamento deve ser classificado em
conservador, quando nos estágios de 1 a 3, pré-diálise quando 4 e 5-ND (não dialítico) e Terapia Renal
Substitutiva (TRS) quando 5-D (dialítico).

62
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doencas-renais

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


240
O tratamento conservador consiste em controlar os fatores de risco para a progressão da DRC, bem
como para os eventos cardiovasculares e mortalidade, com o objetivo de conservar a TFG pelo maior
tempo de evolução possível.
A pré-diálise consiste na manutenção do tratamento conservador, bem como no preparo adequado
para o início da Terapia Renal Substitutiva em paciente com DRC em estágios mais avançados.

A Terapia Renal Substitutiva é uma das modalidades de substituição da função renal por meio dos
seguintes procedimentos:
- Hemodiálise;
- Diálise peritoneal;
- Transplante renal.

Para os pacientes com Doença Crônica Renal, o SUS oferta duas modalidades de Terapia Renal
Substitutiva (TRS), tratamentos que substituem a função dos rins: a hemodiálise, que bombeia o sangue
através de uma máquina e um dialisador, para remover as toxinas do organismo. O tratamento acontece
em clínica especializada três vezes por semana.
A diálise peritoneal feita diariamente na casa do paciente e a diálise peritoneal, que é feita por meio
da inserção de um cateter flexível no abdome do paciente, é feita diariamente na casa do paciente,
normalmente no período noturno.

Questões

01. (UFAL - Enfermeiro - COPEVE/UFAL/2018) As Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT


constituem um grupo de doenças de maior magnitude no país, atingindo, especialmente, as populações
mais vulneráveis, como as de baixa renda e escolaridade. O Plano para Ações Estratégicas para o
Enfrentamento das DCNT visa preparar o Brasil para enfrentar e deter essas doenças até 2022 e inclui:
I. contenção da obesidade em adultos; II. redução da mamografia nos 2 últimos anos para 50%; III.
diminuição da mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT em 2% ao ano; IV. aumento da prevalência
de tabagismo.
Dos itens, verifica-se que estão corretos apenas
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) II e IV.

02. (Câmara Legislativa do Distrito Federal - Enfermeiro - FCC/2018) O Plano de Ações


Estratégicas para o enfrentamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil aborda, os
quatro principais grupos de DCNT, seus fatores de risco em comum modificáveis, além de definir as
diretrizes e ações em três eixos. Um dos principais grupos de DCNT e um dos fatores de risco em comum
modificável são, respectivamente,
(A) doenças respiratórias crônicas e fatores genéticos.
(B) doenças circulatórias e idade.
(C) câncer e tabagismo.
(D) diabetes e etnia.
(E) tuberculose e dieta rica em proteínas.

03. (IF/CE - Técnico em Enfermagem - IF/CE/2017) Em relação às DCNT (Doenças Crônicas Não
Transmissíveis), analise as afirmativas.
I. As quatro DCNT de maior impacto mundial são doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e
doenças respiratórias crônicas.
II. O tabagismo, a alimentação saudável, a atividade física e o uso nocivo de álcool são fatores de risco
em comum para as DCNT.
III. A genética é considerada um fator de risco modificável para as DCNT.

Está(ão) correto(s):
(A) somente I e III.
(B) I, II e III.
(C) somente I e II.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


241
(D) somente II e III.
(E) somente I.

Gabarito

01.B / 02.C / 03.E

Comentários

01. Resposta: B
Fazem parte das metas nacionais propostas para o enfrentamento das Doenças Crônicas não
Transmissíveis (DCNT): reduzir a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por DCNT em 2% ao ano,
deter o crescimento da obesidade em adultos, reduzir a prevalência de tabagismo e implantar o Programa
Nacional de Qualidade em Mamografia nos serviços que realizam esse tipo de exame.

02. Resposta: C
As DCNT são consideradas multifatoriais, já que possuem diversos fatores determinantes, dentre as
principais temos, as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias crônicas, o diabetes mellitus e
as neoplasias, todas possuem quatro fatores de risco em comum: o tabaco, a alimentação não saudável,
a inatividade física e o consumo nocivo de álcool. Fatores modificáveis: tabagismo, dislipidemia,
hipertensão arterial, sedentarismo, obesidade e dibetes mellitus.

03. Resposta: E
As principais DCNT são as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias crônicas, o diabetes
mellitus e as neoplasias (câncer), todas possuem quatro fatores de risco em comum: o tabaco, a
alimentação não saudável, a inatividade física e o consumo nocivo de álcool. Fatores modificáveis:
tabagismo, dislipidemia, hipertensão arterial, sedentarismo, obesidade e dibetes mellitus.

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS63

A doença sexualmente transmissível, ou infecção sexualmente transmissível (IST) é um termo para


descrever doenças adquiridas por meio de contato sexual com uma pessoa infectada. As ISTs têm graves
consequências para a saúde e podem evoluir sem sintomas, porém qualquer retardo no diagnóstico e no
tratamento é potencialmente prejudicial, visto que o risco de complicações para o indivíduo infectado (e
o risco de transmissão para outras pessoas) aumenta com o decorrer do tempo.
As portas de entrada dos microrganismos que causam IST e os locais de infecção incluem a pele e o
revestimento mucoso da: uretra, colo do útero, vagina, reto e orofaringe, mas as ISTs podem ser
adquiridas in utero, a partir da mãe infectada.
A orientação sobre prevenção das ISTs inclui a discussão dos fatores de risco e dos comportamentos
que podem levar à infecção. As estratégias de orientação mais recomendadas envolvem uma linguagem
direta e grupos de orientação em saúde para públicos-alvo em diferentes cenários. Destacando, que tem
sido amplamente divulgado, o uso de preservativos como forma de barreira protetora contra
microrganismos relacionados às ISTs.
Posto isso, abordaremos a seguir as principais ISTs e suas características.

Sífilis

A sífilis é uma doença infecciosa aguda e crônica causada pela espiroqueta Treponema pallidum. Os
estágios primário, secundário e terciário refletem o intervalo de tempo entre a infecção e as manifestações
clínicas observadas nesse período; esses estágios constituem a base para as decisões de tratamento.
• A sífilis primária ocorre em 2 a 3 semanas após a inoculação inicial. Surge uma lesão indolor no local
de infecção, denominada cancro, que habitualmente desaparece em 3 a 12 semanas;
• A sífilis secundária ocorre quando a disseminação hematogênica dos microrganismos a partir do
cancro original leva a uma infecção generalizada. O exantema (erupção cutânea) da sífilis secundária
surge cerca de 2 a 8 semanas após o cancro e acomete o tronco e os membros, incluindo as palmas das
mãos e as plantas dos pés. Os sinais generalizados de infecção podem incluir linfadenopatia (qualquer

63
BRUNNER, Lilian Sholtis; SUDDARTH, Doris Smith. Manual de Enfermagem. Guanabara Koogan, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


242
alteração no tamanho e na consistência dos linfonodos), artrite, meningite, queda dos cabelos, febre, mal-
estar e perda de peso;
• A sífilis terciária é o estágio final da história natural da doença; entre 20 e 40% dos indivíduos
acometidos não apresentam sintomas. A sífilis terciária manifesta-se na forma de uma doença
inflamatória lentamente progressiva, com potencial de acometer múltiplos órgãos. As manifestações mais
comuns nesse nível consistem em aortite (inflamação da aorta) e neurossífilis, conforme evidenciado pela
ocorrência de demência, psicose, paresia, acidente vascular encefálico ou meningite.

Avaliação e Achados Diagnósticos


• História clínica e exame físico;
• Avaliações laboratoriais: são importantes, uma vez que a sífilis pode simular outras doenças;
• Identificação direta da espiroqueta obtido de um cancro;
• Testes sorológicos, como testes não treponêmicos ou de reagina (Venereal Disease Research
Laboratory [VDRL] ou o teste em cartão da reagina plasmática rápida [RPR-CT]); testes treponêmicos,
como o teste do anticorpo anti treponêmico fluorescente (FTA-ABS) e o teste de microhemaglutinação
(MHA-TP).

Tratamento
O tratamento clínico inclui tratar com antibióticos tanto o cliente quanto os contatos sexuais do cliente.
Como a sífilis é uma doença contagiosa notificável, é necessário comunicar os clientes com diagnóstico
de sífilis ao serviço de saúde pública estadual ou municipal para garantir acompanhamento na
comunidade.

Terapia Farmacológica
• São utilizados antibióticos para o tratamento de todos os estágios da sífilis;
• A penicilina G benzatina por via intramuscular em dose única constitui o medicamento de escolha
para sífilis inicial ou sífilis latente inicial com menos de 1 ano de duração; pode ser substituída pela
doxiciclina se o cliente for alérgico à penicilina;
• A sífilis latente tardia ou a sífilis latente de duração desconhecida deve ser tratada com três injeções
de antibiótico, a intervalos de 1 semana.

Infecção por Chlamydia e Gonorreia

Clientes infectados por N. gonorrhoeae frequentemente tornam-se infectados por C. trachomatis,


sendo a infecção por Chlamydia mais comumente observada em indivíduos jovens e sexualmente ativos
com mais de um parceiro e é transmitida por relação sexual.
Maior risco de infecção por C. trachomatis é observado em mulheres jovens entre 15 e 19 anos de
idade e pode resultar em graves complicações, incluindo infecção pélvica, risco aumentado de gravidez
ectópica e infertilidade. A gonorreia também constitui importante causa de doença inflamatória pélvica
(DIP), infertilidade tubária, gravidez ectópica e dor pélvica crônica.

Manifestações Clínicas
• O cliente pode ser assintomático;
• Os sintomas mais frequentes de infecção por Chlamydia em mulheres incluem cervicite
mucopurulenta com exsudatos (fluido proveniente de uma ferida) no canal endocervical; além disso,
podem apresentar dispareunia (é a dor sentida ao se tentar a relação sexual ou outra atividade sexual
que envolva penetração ou a dor sentida durante essas atividades), disúria, sangramento ou sintomas de
infecção urinária ou vaginite;
• Quando acomete nos homens, os sintomas podem consistir em secreção peniana e sensação de
ardência durante a micção; o cliente também pode relatar testículos dolorosos e edemaciados na
ocorrência de infecção por N. gonorrhoeae.

Complicações
• Nas mulheres, podem ocorrer DIP, gravidez ectópica, endometrite e infertilidade; o colo do útero
inflamado por Chlamydia pode tornar a mulher mais vulnerável à transmissão do HIV por um parceiro
infectado. Outras complicações incluem conjuntivite e peri-hepatite. Se uma mulher grávida for infectada
por Chlamydia, podem ocorrer natimorto, morte neonatal e trabalho de parto prematuro;
• Nos homens, a epididimite, uma doença dolorosa que pode levar à infertilidade, pode resultar de
infecção por qualquer uma dessas bactérias;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


243
• Em indivíduos de ambos os sexos, a artrite e a infecção da corrente sanguínea podem ser causadas
por N. gonorrhoeae.

Avaliação e Achados Diagnósticos


Avaliar o cliente quanto à ocorrência de febre, secreção (uretral, vaginal ou retal) e sinais de artrite.
• Para N. gonorrhoeae: coloração pelo gram (apenas apropriada para amostras de uretra masculina),
cultura e testes de amplificação de ácido nucleico (NAT);
• Para C. trachomatis: são obtidas amostras do canal anal e faringe de ambos os sexos, amostras
endocervicais nas mulheres e amostras uretrais nos homens; coloração de gram, teste do anticorpo
fluorescente direto e NAT;
• Recomendação do Centers for Diseases Control and Prevention (CDC): teste anual para Chlamydia
em todas as mulheres grávidas, sexualmente ativas com menos de 25 anos de idade e mulheres de mais
idade com novo parceiro sexual ou com múltiplos parceiros.

Manejo Clínico
Como os clientes frequentemente estão coinfectados por N. gonorrhoeae e C. trachomatis, o CDC
recomenda terapia dupla, mesmo se apenas a gonorreia foi comprovada nos exames laboratoriais. As
diretrizes do CDC devem ser usadas para determinar uma terapia alternativa para a cliente grávida,
clientes com alergia ou que apresentam infecção complicada por Chlamydia.
O CDC atualiza, regularmente, as recomendações para tratamento das IST, em razão dos problemas
crescentes de padrões de resistência bacteriana aos antibióticos e escassez de medicamentos. Os testes
sorológicos para sífilis e HIV devem ser oferecidos a clientes com gonorreia e infecção por Chlamydia,
visto que qualquer IST aumenta o risco de outras IST.

Herpes Simples64

As infecções da pele e mucosas pelo herpes-vírus simples (HSV) são comuns existem dois tipos de
HSV que infectam os seres humanos: tipo 1 e tipo 2. O HSV-1 geralmente está associado às infecções
da orofaringe, e o microrganismo é transmitido por gotículas respiratórias ou pelo contato direto com a
saliva infectada. O HSV-1 também pode ser transmitido para outras partes do corpo pelo contato com a
pele na prática de esportes, como atletismo, e durante a prática odontológica e clínica.
O herpes genital geralmente é causado pelo HSV-2. As infecções genitais causadas pelo HSV-1 e as
infecções orais causadas pelo HSV-2 estão se tornando mais comuns. A infecção pelo HSV-1 pode
manifestar-se como uma infecção primária ou recorrente. Os principais sintomas incluem febre; dor de
garganta; vesículas dolorosas; e úlceras na língua, palato, gengiva, mucosa bucal e lábios.
A infecção primária resulta na produção de anticorpos para o vírus de modo que infecções recorrentes
são mais localizadas e menos graves. Depois de uma infecção inicial, o vírus do herpes persiste nos
gânglios trigeminais e em outras raízes dorsais no estado latente, sendo reativado periodicamente nas
infecções recorrentes. A reativação de uma infecção por herpes pode ocorrer tanto no gânglio da raiz
dorsal quanto localmente (o vírus já foi encontrado na epiderme e em outros órgãos).
Os sintomas de uma infecção primária por HSV-1 mais frequentemente ocorrem em crianças pequenas
(1 a 5 anos de idade). É provável que muitos adultos tenham sido expostos ao HSV-1 durante a infância
e, portanto, apresentem anticorpos para o vírus. As lesões recorrentes do HSV-1 geralmente começam
com uma sensação de queimação ou formigamento. Seguem-se vesículas umbilicadas e eritema, que
progridem para pústulas, úlceras e crostas antes de cicatrizar.
As lesões são mais comuns nos lábios, face, boca, septo nasal e nariz. Quando uma lesão está ativa,
libera o HSV-1, e há o risco de transmissão do vírus a outras pessoas. A dor é comum, e a cura ocorre
dentro de 10 a 14 dias. Fatores precipitantes podem ser o estresse, a menstruação ou ferimentos. Em
particular, a exposição ao UVB parece ser um gatilho comum para a recorrência.
Não há cura para o herpes orofaríngeo. A maior parte das medidas de tratamento é paliativa. O
penciclovir em creme ou docosanol em creme, agentes antivirais tópicos aplicados ao primeiro sintoma
e, em seguida, várias vezes ao dia, reduzem a duração de uma crise. A aplicação de preparações tópicas
de venda livre contendo agentes anti-histamínicos, antipruriginosos e anestésicos juntamente com ácido
acetilsalicílico ou paracetamol pode ser utilizada para aliviar a dor.
O aciclovir oral, um fármaco antiviral que inibe a replicação do vírus do herpes, pode ser utilizado
profilaticamente para evitar recidivas. Os fármacos antivirais valaciclovir e fanciclovir também podem ser
utilizados para a profilaxia.

64
GROSSMAN, Sheila C; PORTH, Carol Matton. Fisiopatologia. Guanabara Koogan, 2016.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


244
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – Infecção pelo HIV

A infecção pelo vírus da Imunodeficiência humana (HIV) é uma infecção viral e pode provocar a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), o HIV pertence a um grupo de vírus conhecidos como
retrovírus. Esses vírus transportam seu material genético na forma de ácido ribonucleico (RNA), em lugar
do ácido desoxirribonucleico.
Ocorre infecção pelo HIV quando o vírus entra na célula (T) CD4 do hospedeiro e induz a célula a
replicar o RNA e proteínas virais, que, por sua vez, invadem outras células CD4.
O estágio da doença pelo HIV baseia-se na história clínica, no exame físico, nas evidências
laboratoriais de disfunção imune, nos sinais e sintomas e em infecções e neoplasias malignas. A definição
de caso padrão da AIDS pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) categoriza a infecção
pelo HIV e a AIDS em adultos e adolescentes com base nas condições clínicas associadas à infecção
pelo HIV e contagens de células T CD4+. Foram reconhecidos três estágios de estados infectados.
• Estágio 1 ou infecção primária: infecção aguda/recente pelo HIV, síndrome do HIV aguda: acentuada
queda das contagens de linfócitos T CD4+ para > 500;
• Estágio 2: HIV sintomático: 200 a 499 linfócitos T CD4+/mm3;
• Estágio 3: AIDS: menos de 200 linfócitos T CD4+/mm3.

Transmissão do HIV
O HIV é transmitido nos líquidos corporais por meio de comportamentos de alto risco, como relação
sexual com um parceiro infectado pelo HIV e uso de substâncias IV ou injetáveis.
As pessoas que receberam transfusões de sangue ou de hemoderivados contaminados com o vírus
HIV, as crianças nascidas de mães com infecção pelo HIV que não fizeram tratamento pré-natal, os
lactentes amamentados por mães infectadas pelo HIV e os profissionais de saúde expostos à lesão
perfuro cortante associada ao cliente infectado também correm risco.

Manifestações Clínicas
Os sintomas são disseminados e podem acometer qualquer sistema de órgãos. As manifestações
incluem desde anormalidades leves na resposta imune, sem sinais e sintomas francos, até
imunossupressão profunda, infecção potencialmente fatal, neoplasia maligna e o efeito direto do HIV
sobre os tecidos corporais.

Manifestações Respiratórias
• Falta de ar, dispneia, tosse, dor torácica e febre estão associadas a infecções oportunistas, como
aquelas causadas por Pneumocystis jiroveci (pneumonia por Pnemocystis [PPC], a infecção mais
comum), Mycobacterium avium-intracellulare, citomegalovírus (CMV) e espécies de Legionella;
• Tuberculose associada ao HIV ocorre precocemente na evolução da infecção pelo HIV, precedendo
com frequência o diagnóstico de AIDS.

Manifestações Gastrintestinais (GI)


• Perda de apetite;
• Náuseas e vômitos;
• Candidíase oral e esofágica (placas esbranquiçadas, deglutição dolorosa, dor retroesternal e,
possivelmente, lesões orais);
• Diarreia crônica, possivelmente com efeitos devastadores (p. ex., perda de peso profunda,
desequilíbrios hidroeletrolíticos, escoriação da pele perianal, fraqueza e incapacidade de realizar as
atividades da vida diária).

Síndrome Consumptiva (Caquexia)


• Desnutrição energético-proteica multifatorial;
• Perda de peso involuntária e pronunciada, de mais de 10% do peso corporal basal;
• Diarreia crônica (de mais de 30 dias de duração) ou fraqueza crônica e febre intermitente ou constante
documentada, na ausência de qualquer doença concomitante;
• Anorexia, diarreia, má absorção gastrintestinal (GI), falta de nutrição e, em alguns clientes, estado
hipermetabólico.

Manifestações Oncológicas
Determinados tipos de câncer ocorrem frequentemente em pessoas com AIDS e são considerados
condições que definem a AIDS.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


245
• O sarcoma de Kaposi (SK) é a neoplasia maligna mais comum relacionada com HIV, que acomete a
camada endotelial dos vasos sanguíneos e linfáticos (exibindo uma evolução variável e agressiva,
incluindo desde lesões cutâneas localizadas até doença disseminada acometendo múltiplos sistemas
orgânicos);
• Os linfomas de células B constituem a segunda neoplasia maligna mais comum, tendem a se
desenvolver fora dos linfonodos, mais comumente no cérebro, na medula óssea e no trato GI. Geralmente
esses tipos de linfoma são de grau mais alto, indicando um crescimento agressivo e resistência ao
tratamento;
• Pode ocorrer câncer cervical invasivo.

Avaliação e Achados Diagnósticos


A confirmação da existência de anticorpos anti-HIV é obtida utilizando-se o imunoensaio enzimático
(anteriormente ensaio imunoabsorvente ligado à enzima), o ensaio Western blot e testes de carga viral
como métodos de amplificação de alvos. Além desse ensaio para anticorpos HIV-1, dispõe-se,
atualmente, de duas técnicas adicionais: o teste da saliva OraSure e o teste para anticorpo HIV-1
OraQuick Rapid.

Diagnósticos de Enfermagem
• Integridade da pele prejudicada relacionada com as manifestações cutâneas da infecção pelo HIV,
escoriações e diarreia;
• Diarreia relacionada com patógenos entéricos ou infecção pelo HIV;
• Risco de infecção relacionado com imunodeficiência;
• Intolerância à atividade relacionada com fraqueza, fadiga, desnutrição, comprometimento do
equilíbrio hidroeletrolítico e hipóxia caracterizada por infecções pulmonares;
• Confusão mental relacionada com redução do tempo de atenção, comprometimento da memória e
desorientação associada à encefalopatia pelo HIV;
• Troca de gases prejudicada relacionada com infecção, aumento das secreções brônquicas e
capacidade diminuída de tossir em consequência de fraqueza e fadiga;
• Dor aguda e crônica relacionada com o comprometimento da integridade da pele perianal em
consequência de diarreia, SK e neuropatia periférica;
• Nutrição desequilibrada: aporte menor do que as necessidades corporais, relacionada com a
diminuição do aporte oral;
• Interação social prejudicada relacionada com o estigma da doença, esquiva dos sistemas de apoio,
procedimentos de isolamento e medo de infectar outras pessoas;
• Conhecimento deficiente relacionado com a infecção pelo HIV, meios de evitar a transmissão do HIV
e autocuidado.

Manejo Clínico
Tratamento das infecções oportunistas.
As diretrizes para o tratamento das infecções oportunistas devem ser consultadas para as
recomendações mais atuais. A função imune deve melhorar com o início da terapia antirretroviral
altamente ativa, levando a uma resolução mais rápida da infecção oportunista.

Papilomavírus humana (HPV)65

O HPV é um vírus que infecta pele ou mucosas causando verruga genital, ou popularmente chamado
crista de galo, são conhecidos vinte tipos de papilomavírus que podem infectar o trato genital, o período
de incubação da doença varia entre 4 e 6 semanas, mas pode levar anos.

Transmissão
É uma doença de transmissão frequentemente sexual (vaginal, anal e oral), entretanto, o contato com
superfícies contaminadas é capaz de transmitir a doença, e, eventualmente, uma criança pode ser
infectada pela mãe doente, durante o parto.

Sinais e Sintomas
Algumas infecções são assintomáticas, entretanto podem manifestar-se como lesões exofíticas (que
se desenvolve ou está do lado externo de um órgão) ou assumir uma forma subclínica. Dependendo do

65
BRETAS, Ana Cristina Passarella; GAMBA, Mônica Antar. Enfermagem e Saúde do Adulto. Manole, 2006.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


246
tamanho e da localização das lesões, os condilomas podem ser dolorosos e pruriginosos. As lesões
podem ser únicas ou múltiplas, localizadas ou difusas, e de tamanho variável, podendo estar presentes
no colo uterino, vagina, uretra e ânus.

Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo
do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.
Lesões clínicas: podem ser diagnosticadas, por meio do exame clínico urológico (pênis), ginecológico
(vulva/vagina/colo uterino) e dermatológico (pele).
Lesões subclínicas: podem ser diagnosticadas por exames laboratoriais, como: o exame preventivo
Papanicolaou (citopatologia), colposcopia, peniscopia e anuscopia, e também por meio de biopsias e
histopatologia para distinguir as lesões benignas das malignas.

Questões

01. (AL/RR - Enfermeiro - FUNRIO/2018) A sífilis é uma doença infectocontagiosa, sexualmente


transmissível, causada por
(A) Trichomonas vaginalis.
(B) Haemophilus ducreyi.
(C) Treponema pallidum.
(D) Gardnerella vaginalis.

02. (IF/PE - Técnico em Enfermagem - IF/PE) A jovem M.A.S., 21 anos, solteira, procurou a Unidade
de Saúde da Família do seu município, queixando-se de lesões múltiplas, difusas, localizadas no períneo
e região perianal. A paciente, relatou vida sexual ativa com vários parceiros. A técnica de enfermagem do
serviço realizou as orientações de prevenção às DSTs e encaminhou a jovem à ginecologista.
Considerando o quadro clínico da paciente, trata-se de
(A) clamídia.
(B) papilomavírus humano.
(C) cancro mole.
(D) candidíase.
(E) herpes.

Gabarito

01.C / 02.B

Comentários

01. Resposta: C
A sífilis é uma doença infecciosa aguda e crônica causada pela espiroqueta Treponema pallidum.

02. Resposta B
O HPV é um vírus que infecta pele ou mucosas causando verruga genital, ou popularmente chamado
crista de galo, são conhecidos vinte tipos de papilomavírus que podem infectar o trato genital, o período
de incubação da doença varia entre 4 e 6 semanas, mas pode levar anos.

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA DENGUE

Programa Nacional

Com as dificuldades enfrentadas nas diversas tentativas de erradicação da doença, a ideia é garantir
uma forte campanha de mobilização social, em 2002 o objetivo passa a ser a redução do dano causado
pela doença. A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente, em
mais de 100 países, de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de
hospitalização e 20 mil morrem em consequência da dengue.
Em nosso país, as condições socioambientais favoráveis à expansão do Aedes aegypti possibilitaram
a dispersão do vetor desde sua reintrodução em 1976 e o avanço da doença. Essa reintrodução não

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


247
conseguiu ser controlada com os métodos tradicionalmente empregados no combate às doenças
transmitidas por vetores. Programas com baixíssima ou mesmo nenhuma participação da comunidade,
sem integração Inter setorial e com pequena utilização do instrumental epidemiológico mostraram-se
incapazes de conter um vetor com altíssima capacidade de adaptação ao novo ambiente criado pela
urbanização acelerada e pelos novos hábitos.
Em 1996, o Ministério da Saúde decidiu rever sua estratégia e propôs o Programa de Erradicação do
Aedes aegypti (PEAa). Ao longo do processo de implantação desse programa observou-se a inviabilidade
técnico de erradicação do mosquito a curto e médios prazos. O PEAa, mesmo não atingindo seus
objetivos, teve méritos ao propor a necessidade de atuação multissetorial e prever um modelo
descentralizado de combate à doença, com a participação das três esferas de governo: Federal, Estadual
e Municipal.
A implantação do PEAa resultou em um fortalecimento das ações de combate ao vetor, com um
significativo aumento dos recursos utilizados para essas atividades, mas ainda com as ações de
prevenção centradas quase que exclusivamente nas atividades de campo de combate ao Aedes aegypti.
Essa estratégia, comum aos programas de controle de doenças transmitidas por vetor em todo o
mundo, mostrou-se absolutamente incapaz de responder à complexidade epidemiológica da dengue. Os
resultados obtidos no Brasil e o próprio panorama internacional, onde inexistem evidências da viabilidade
de uma política de erradicação do vetor, em curto prazo, levaram o Ministério da Saúde a fazer uma nova
avaliação dos avanços e das limitações, com o objetivo de estabelecer um novo programa que
incorporasse elementos como a mobilização social e a participação comunitária, indispensáveis para
responder de forma adequada a um vetor altamente domiciliado.
Diante da tendência de aumento da incidência verificada no final da década de 90 e da introdução de
um novo sorotipo (Dengue 3) que prenunciava um elevado risco de epidemias de dengue e de aumento
nos casos de Febre Hemorrágica de Dengue (FHD), o Ministério da Saúde, com a parceria da
Organização Pan-Americana de Saúde, realizou um Seminário Internacional, em junho de 2001, para
avaliar as diversas experiências bem sucedidas no controle da doença e elaborar um Plano de
Intensificação das Ações de Controle da Dengue (PIACD).
A introdução do sorotipo 3 e sua rápida disseminação para oito estados, em apenas três meses,
evidenciou a facilidade para a circulação de novos sorotipos ou cepas do vírus com as multidões que se
deslocam diariamente. Estes eventos ressaltaram a possibilidade de ocorrência de novas epidemias de
dengue e de FHD. Neste cenário epidemiológico, tornou-se imperioso que o conjunto de ações que
vinham sendo realizadas e outras a serem implantadas fossem intensificadas, permitindo um melhor
enfrentamento do problema e a redução do impacto da dengue no Brasil. Com esse objetivo, o Ministério
da Saúde implantou em 2002 o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD).
Muito embora outras causas tenham influenciado, considera-se que as ações do PNCD, desenvolvidas
em parceria com Estados e Municípios, tenham contribuído na redução de 73,3% dos casos da doença
no primeiro semestre de 2004 em relação ao mesmo período do ano anterior. Dados da Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde mostram que, nos primeiros seis meses de 2004,
84.535 pessoas tiveram dengue, enquanto que, em 2003, as notificações chegaram a 299.764.

Fundamentação
O PNCD procura incorporar as lições das experiências nacionais e internacionais de controle da
dengue, enfatizando a necessidade de mudança nos modelos anteriores, fundamentalmente em alguns
aspectos essenciais:
1) a elaboração de programas permanentes, uma vez que não existe qualquer evidência técnica de
que erradicação do mosquito seja possível, em curto prazo;
2) o desenvolvimento de campanhas de informação e de mobilização das pessoas, de maneira a se
criar uma maior responsabilização de cada família na manutenção de seu ambiente doméstico livre de
potenciais criadouros do vetor;
3) o fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica para ampliar a capacidade de predição
e de detecção precoce de surtos da doença;
4) a melhoria da qualidade do trabalho de campo de combate ao vetor;
5) a integração das ações de controle da dengue na atenção básica, com a mobilização do Programa
de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF);
6) a utilização de instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público na eliminação de
criadouros em imóveis comerciais, casas abandonadas, etc.;
7) a atuação multissetorial por meio do fomento à destinação adequada de resíduos sólidos e a
utilização de recipientes seguros para armazenagem de água; e.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


248
8) o desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervisão das ações
desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, estados e municípios.

Verifica-se que quase 70% dos casos notificados da dengue no país se concentram em municípios
com mais de 50.000 habitantes que, em sua grande maioria, fazem parte de regiões metropolitanas ou
polos de desenvolvimento econômico.
Os grandes centros urbanos, na maioria das vezes, são responsáveis pela dispersão do vetor e da
doença para os municípios menores. Nesse cenário, o PNCD propõe-se a implantar a estratégia de
controle em todos os municípios brasileiros, com ênfase em alguns considerados prioritários, assim
definidos:
1- Capital de estado e sua região metropolitana;
2- Município com população igual ou superior a 50.000 habitantes;
3- Municípios receptivos à introdução de novos sorotipos de dengue (fronteiras, portuários, núcleos de
turismo, etc.).

Objetivos
Os objetivos do PNCD são:
- Reduzir a infestação pelo Aedes aegypti;
- Reduzir a incidência da dengue;
- Reduzir a letalidade por febre hemorrágica de dengue.

Metas
- Reduzir a menos de 1% a infestação predial em todos os municípios;
- Reduzir em 50% o número de casos de 2003 em relação a 2002 e, nos anos seguintes, 25% a cada
ano;
- Reduzir a letalidade por febre hemorrágica de dengue a menos de 1%.

Componentes
O Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) será implantado por intermédio de 10
componentes. Em cada unidade federada deverão ser realizadas adequações condizentes com as
especificidades locais, inclusive com a possibilidade da elaboração de planos sub-regionais, em sintonia
com os objetivos, metas e componentes do PNCD apresentados a seguir.

Vigilância epidemiológica
O objetivo da vigilância epidemiológica da dengue é reduzir o número de casos e a ocorrência de
epidemias, sendo de fundamental importância que a implementação das atividades de controle ocorra em
momento oportuno. Nesse caso, oportunidade é entendida como detecção precoce da circulação viral e
adoção de medidas de bloqueio adequadas para interromper a transmissão.
A vigilância da dengue já conta com recursos necessários, como sistemas de informação (Sistema
Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) e o de Febre Amarela e Dengue - FAD) e profissionais
treinados na utilização dessas ferramentas. Uma análise do sistema de vigilância indicou que a detecção
precoce dos casos, um dos mais importantes aspectos para o controle da doença, não estava sendo
alcançada.
No ano de 2001, foram realizadas cinco oficinas de treinamento para aprimoramento em análise de
dados de vigilância com o objetivo de otimizar o uso das informações produzidas pelos sistemas. Nessas
oficinas foram apresentados os indicadores prioritários que devem ser produzidos pelo menos a cada 15
dias para acompanhamento da situação epidemiológica, permitindo uma sinalização precoce da mudança
do padrão de ocorrência dos casos.
As atividades de vigilância não substituem as demais atividades de controle da doença, devendo, sim,
ser desenvolvidas de forma concomitante e integradas às demais ações. A vigilância epidemiológica da
dengue no PNCD está baseada em quatro subcomponentes:

Vigilância de casos
O objetivo desse subcomponente é a detecção em momento oportuno dos casos e orientar as medidas
de controle apropriadas.

Ações
- Manter o Sinan como único sistema de informações de notificação de casos. Nos períodos de
epidemia, poderá ser adotado sistema de notificação simplificado para o envio de informações. O uso

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


249
desta alternativa, quando necessário será autorizado pela FUNASA e não substitui a obrigatoriedade de
notificação posterior pelo Sinan;
- Produzir quinzenalmente os indicadores prioritários de acompanhamento da situação epidemiológica;
- Capacitar técnicos das secretarias de saúde de estado e dos municípios prioritários na análise dos
dados coletados;
- Elaborar mapas municipais para monitoramento das situações epidemiológicas e entomológicas.

Vigilância laboratorial
O objetivo desse subcomponente é o aprimoramento da capacidade de diagnóstico laboratorial dos
casos para detecção precoce da circulação viral, e monitoramento dos sorotipos circulantes. A vigilância
laboratorial será empregada para atender às demandas inerentes da vigilância epidemiológica, não sendo
o seu propósito o diagnóstico de todos os casos suspeitos, em situações de epidemia.

Ações
- Descentralizar, sob a coordenação dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), o
diagnóstico laboratorial (sorologia) para laboratórios públicos de saúde, localizados nas capitais e cidades
polos;
- Implantar novo kit diagnóstico (kit ELISA) para sorologia da dengue nos Laboratórios Centrais de
Saúde Pública, laboratórios de capitais e de municípios polos, que possibilitará a realização do exame
laboratorial em até quatro horas;
- Divulgar, para os médicos e para a rede assistencial, as indicações das diversas técnicas laboratoriais
na vigilância e no diagnóstico da dengue, em parceria com as sociedades de especialistas e conselhos
regionais e federal de Medicina;
- Ampliar a rede de diagnóstico para isolamento viral para todos os Lacen;
- Implantar unidades sentinelas de coleta de amostras de sangue para isolamento viral em municípios
estratégicos;
- Implantar, em cinco laboratórios de referência regional, a detecção viral por técnica de biologia
molecular (PCR).

Vigilância em áreas de fronteiras


O objetivo é a detecção precoce da introdução de novos vírus/cepas nas regiões de fronteiras. A
circulação do sorotipo 4 e de diferentes cepas dos demais sorotipos do vírus da dengue tem sido
identificada em alguns países que fazem fronteira com o Brasil: Guiana, Suriname, Bolívia, Venezuela,
Colômbia, Peru e Paraguai. Os municípios brasileiros que fazem fronteira com esses países são,
consequentemente, potenciais portas de entrada dessas cepas/sorotipos no país.
A adoção de barreiras sanitárias não é uma estratégia factível de ser implantada, tornando necessário
um permanente monitoramento da circulação viral. O intercâmbio oportuno e regular de informações
epidemiológicas com os países de fronteira será realizado com o apoio da Organização Pan-Americana
de Saúde (Opas).

Ações
- Implantar unidades sentinelas de vigilância para monitoramento da circulação viral e possível
introdução de novos sorotipos/cepas em municípios de fronteira selecionados;
- Implantar o monitoramento virológico, em articulação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
em portos, aeroportos e municípios de fronteira.

Vigilância entomológica
Este subcomponente tem como objetivo principal o monitoramento dos índices de infestação por Aedes
aegypti para subsidiar a execução das ações apropriadas de eliminação dos criadouros de mosquitos.

Ações
- Realizar a alimentação diária do FAD e proceder à análise dos dados de vigilância e controle de
vetores em todos os municípios;
- Manter o sistema FAD como única fonte de informações vetoriais para a vigilância da dengue. A
utilização de outros sistemas já existentes só será aceita após validação pela FUNASA, uma vez
comprovada a sua compatibilidade com o FAD;
- Realizar a consolidação e análise dos indicadores de acompanhamento da situação entomológica,
em todos os estados, para a identificação de municípios de maior risco;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


250
- Implantar nova metodologia para realizar levantamento rápido de índices de infestação, a ser
implementado pela FUNASA nos municípios de maior risco.

Combate ao Vetor
As operações de combate ao vetor têm como objetivo a manutenção de índices de infestação inferiores
a 1%.

Ações
- Estruturar as secretarias estaduais e municipais de Saúde com equipamentos necessários para as
ações de combate ao vetor, incluindo a disponibilização de veículos e computadores para as SES e SMS
de municípios prioritários;
- Implantar o FAD em todos os municípios;
- Realizar a atualização do número de imóveis em todos os municípios;
- Manter reserva nacional estratégica de equipamentos para ações contingenciais de combate ao vetor;
- Reduzir os índices de pendência a menos de 10% em todos os municípios;
- Promover a unificação da base geográfica de trabalho entre as vigilâncias epidemiológica,
entomológica, operações de campo e PACS/PSF (nas áreas cobertas pelos programas);
- Supervisionar, por intermédio da FUNASA e das SES, a correta utilização dos equipamentos
disponibilizados para as ações de combate ao vetor;
- Monitorar junto às SES e aos municípios o quantitativo de pessoal envolvido na execução das ações
de combate ao vetor;
- Avaliar periodicamente a efetividade dos larvicidas e adulticidas utilizados no combate ao vetor;
- Assegurar que os equipamentos utilizados nas ações de combate ao vetor obedeçam aos padrões
técnicos definidos para sua operação;
- Implantar o combate ao vetor, em articulação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em
portos, aeroportos e fronteiras;
- Promover ações conjuntas de combate ao vetor em municípios de fronteira estadual, com a
coordenação da FUNASA;
- Promover ações conjuntas de controle vetorial em municípios de fronteira internacional, em
articulação com a Opas.

Assistência aos Pacientes


Este componente tem como objetivo garantir a assistência adequada aos pacientes e,
consequentemente, reduzir a letalidade das formas graves da doença. Compreendem as ações de
organização do serviço, a melhoria na qualidade da assistência e a elaboração de planos de contingência
nos estados e municípios para fazer frente ao risco da ocorrência de epidemias de Febre Hemorrágica
da Dengue (FHD).

Organização dos Serviços Sociais

Ações
- Organizar a rede assistencial, identificando unidades de saúde de referência e o fluxo de atendimento
aos pacientes;
- Implantar, em municípios prioritários, o Sistema de Regulação de Leitos (SIS-REG), para orientação
do fluxo de pacientes;
- Elaborar nas três esferas de governo, planos de contingência para situações de epidemia
(planejamento de necessidades de leitos e instalações de UTI, insumos, veículos, equipamentos e
pessoal).

Qualidade da Assistência

Ações
- Divulgar, para 310.000 médicos, protocolo padronizado de assistência ao paciente com dengue;
- Capacitar profissionais de saúde dos diferentes níveis de complexidade (equipes de PSF, unidades
básicas de saúde, pronto atendimento) com enfoques específicos às suas esferas de atuação;
- Implantar, em municípios prioritários, um sistema de registro - o cartão de acompanhamento -
contendo as informações necessárias para assistência adequada;
- Assegurar, por intermédio da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o atendimento dos casos de
dengue, pelos planos de saúde, para seus segurados;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


251
- Viabilizar a realização de exames laboratoriais, hematócrito e contagem de plaquetas, para o
monitoramento dos casos de dengue.

Integração com a Atenção Básica


Esse componente tem como objetivo principal consolidar a inserção do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família nas ações de prevenção e controle da
dengue, visando, principalmente, promover mudanças de hábito da comunidade que contribuam para
manter o ambiente doméstico livre do Aedes aegypti.
Além dessa ação educativa, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) contribuirão para aumentar a
sensibilidade do sistema de vigilância por meio da notificação imediata da ocorrência de casos, bem como
as equipes de saúde da família atuarão para realizar o diagnóstico oportuno e o tratamento adequado
das formas graves e hemorrágicas, resultando na redução da letalidade.
Para a maior efetividade dessas ações é importante que se estabeleça, em cada município, a
unificação das áreas geográficas de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e dos Agentes
de Controle de Endemias (ACE), possibilitando uma ação mais oportuna quando ocorrer à detecção de
focos do mosquito e/ou de casos de dengue.

As atribuições dos ACS, de acordo com a Portaria MS n°. 44, de 3/1/2002, são as seguintes:
a) atuar junto aos domicílios informando os seus moradores sobre a doença - seus sintomas e riscos
- e o agente transmissor;
b) informar o morador sobre a importância da verificação da existência de larvas ou mosquitos
transmissores da dengue na casa ou redondezas;
c) vistoriar os cômodos da casa, acompanhado pelo morador, para identificar locais de existência de
larvas ou mosquito transmissor da dengue;
d) orientar a população sobre a forma de evitar e eliminar locais que possam oferecer risco para a
formação de criadouros do Aedes aegypti;
e) promover reuniões com a comunidade para mobilizá-la para as ações de prevenção e controle da
dengue;
f) comunicar ao instrutor supervisor do PACS/PSF a existência de criadouros de larvas e ou mosquitos
transmissores da dengue, que dependam de tratamento químico, da interveniência da vigilância sanitária
ou de outras intervenções do poder público;
g) encaminhar os casos suspeitos de dengue à unidade de saúde mais próxima, de acordo com as
orientações da Secretaria Municipal de Saúde.

O Ministério da Saúde repassará aos municípios um recurso adicional, no valor de R$ 240,00 anuais,
por todos os ACS, para estimular essa integração nas ações de prevenção e controle de doenças,
particularmente a malária e a dengue.

Ações
- Capacitar os agentes comunitários de saúde nas ações de prevenção e controle da dengue;
- Capacitar às equipes de saúde da família nas ações assistenciais adequadas para diagnóstico e
tratamento das formas graves e hemorrágicas de dengue.

Ações de saneamento ambiental


O objetivo deste componente é fomentar ações de saneamento ambiental para um efetivo controle do
Aedes aegypti, buscando garantir fornecimento contínuo de água, a coleta e a destinação adequada dos
resíduos sólidos e a correta armazenagem de água no domicílio, onde isso for imprescindível. Na atual
situação do país, onde é elevado o número de municípios infestados por Aedes aegypti, torna-se
imprescindível a implementação de mecanismos para a intensificação das políticas de saúde,
saneamento e meio ambiente, que venham contribuir para a redução do número de potenciais criadouros
do mosquito.

Ações
- Realizar ações de melhorias sanitárias domiciliares, principalmente para a substituição de depósitos
e recipientes para água existentes no ambiente doméstico e a vedação de depósitos de água.
- Fomentar a limpeza urbana e a coleta regular de lixo realizadas de forma sistemática pelos
municípios, buscando atingir coberturas adequadas, principalmente em área de risco.
- Desenvolver modelos de reservatórios para armazenamento de água potável em domicílios,
protegidos da infestação pelo Aedes aegypti, para áreas sem abastecimento contínuo;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


252
- Apoiar a implantação de tecnologias de aproveitamento de pneus como matéria-prima para a
construção de moradias, disponibilizando para os municípios com mais de 100.000 imóveis trituradores
para o processo industrial de picagem dos pneus.
- Estimular tecnologias industriais que absorvam os pneus descartados, tais como parcerias com
refinarias e siderurgias para a queima de pneus e/ou utilização como combustível;
- Propor à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) alterações nas normas para a fabricação
de caixas de água adaptando-as contra a infestação pelo Aedes aegypti.

Ações integradas de educação em saúde, comunicação e mobilização social


O principal objetivo desse componente é fomentar o desenvolvimento de ações educativas para a
mudança de comportamento e a adoção de práticas para a manutenção de o ambiente domiciliar
preservado da infestação por Aedes aegypti, observadas a sazonalidade da doença e as realidades locais
quanto aos principais criadouros.
A comunicação social terá como objetivo divulgar e informar sobre ações de educação em saúde e
mobilização social para mudança de comportamento e de hábitos da população, buscando evitar a
presença e a reprodução do Aedes aegypti nos domicílios, por meio da utilização dos recursos disponíveis
na mídia.

a) Ações de Educação e Mobilização Social


- Elaborar, em todos os municípios, um programa de educação em saúde e mobilização social,
contemplando estratégias para: Promover a remoção de recipientes nos domicílios que possam se
transformar em criadouros de mosquitos; Divulgar a necessidade de vedação dos reservatórios e caixas
de água; Divulgar a necessidade de desobstrução de calhas, lajes e ralos;
- Implementar medidas preventivas para evitar proliferação de Aedes aegypti em imóveis
desocupados;
- Promover orientações dirigidas a imóveis especiais (escolas, unidades básicas de saúde, hospitais,
creches, igrejas, comércio, indústrias, etc.);
- Organizar o Dia Nacional de Mobilização contra a dengue, em novembro;
- Implantar ações educativas contra a dengue na rede de ensino básico e fundamental;
- Divulgar informações aos prefeitos sobre as ações municipais que devem ser desenvolvidas e as
estratégias a serem adotadas;
- Incentivar a participação da população na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue
executadas pelo Poder Público;
- Constituir Comitês Nacional e Estaduais de Mobilização com participação dos diversos segmentos
da sociedade.

b) Ações de Comunicação Social


- Veicular campanha publicitária durante todo o ano, com ênfase nos meses que antecedem o período
das chuvas;
- Promover entrevistas coletivas com gestores da área de saúde para divulgar o PNCD;
- Inserir conteúdos de educação em saúde, prevenção e controle da dengue nos programas de grande
audiência, formadores de opinião pública;
- Adotar mecanismos de divulgação (imprensa, "Voz do Brasil", cartas aos órgãos legislativos e
conselhos estaduais e municipais de saúde) do PNCD;
- Manter a mídia permanentemente informada, por meio de comunicados ou notas técnicas, quanto à
situação da implantação do PNCD.

c) Capacitação de Recursos Humanos


O objetivo principal deste componente é capacitar profissionais das três esferas de governo, para maior
efetividade das ações nas áreas de vigilância epidemiológica, entomológica, assistência ao doente e
operações de campo.

Ações
Realizar capacitação de:
- 6.360 supervisores de campo para aperfeiçoamento das operações de combate ao vetor;
- 18.100 supervisores do PACS/PSF para a inserção das ações de prevenção e controle da dengue
na atenção básica;
- 150 técnicos/multiplicadores para aperfeiçoamento das atividades de vigilância epidemiológica;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


253
- 700 médicos/multiplicadores para a melhoria da assistência aos pacientes com dengue grave e febre
hemorrágica da dengue;
- 166.487 agentes comunitários de saúde nas ações de prevenção e controle da dengue;
- 54 profissionais/multiplicadores para ações de saneamento ambiental;
- 54 profissionais/multiplicadores para ações de comunicação e mobilização social;
- 26.000 agentes de controle de endemias, cedidos pela FUNASA aos estados e municípios, por meio
do Programa de Formação de Agentes Locais em Vigilância em Saúde (Proformar).

Legislação
O objetivo desse componente é fornecer suporte para que as ações de prevenção e controle da dengue
sejam implementadas com a cobertura e intensidade necessárias para a redução da infestação por Aedes
aegypti a índices inferiores a 1%.

Ações
- Elaborar instrumento normativo padrão para orientar a ação do Poder Público municipal e/ou estadual
na solução dos problemas de ordem legal encontrados na execução das atividades de prevenção e
controle da dengue, tais como casas fechadas, abandonadas e aquelas onde o proprietário não permite
o acesso dos agentes, bem como os estabelecimentos comerciais e industriais com repetidas infestações
por Aedes aegypti.
- Acompanhar a efetiva aplicação da Resolução Conama nº 258/1999, que dispõe sobre a destinação
de pneus inservíveis e estabelece o recolhimento de pneus produzidos nas seguintes proporções: 2002 -
25%, 2003 - 50%, 2004 - 100% e a partir de 2005 - 125%;
- Desenvolver ações visando à aprovação de leis que estabeleçam normas para destinação final de
garrafas plástica do tipo PET.

Sustentação Político-Social
Este componente tem como objetivo sensibilizar e mobilizar os setores políticos, com vistas a
assegurar o aporte financeiro e a articulação Inter setorial necessários à implantação e execução do
Programa.

Ações
- Realizar reunião com governadores dos estados para apresentação do PNCD e obtenção da
prioridade política;
- Realizar reuniões regionais com todos os secretários estaduais de saúde, secretários municipais de
saúde das capitais e de municípios com população superior a 100.000 habitantes para discutir a
implantação e manutenção do PNCD.

Acompanhamento e avaliação do PNCD


O objetivo desse componente é promover o permanente acompanhamento da implantação do PNCD,
da execução das ações, da avaliação dos resultados obtidos e eventual redirecionamento ou adequação
das estratégias adotadas.
Esse é um dos componentes fundamentais do PNCD, à medida que em recentes avaliações
promovidas pela FUNASA quanto ao processo de descentralização das ações de epidemiologia e controle
de doenças, com a participação dos gestores estaduais e municipais, constatou-se uma necessidade de
melhorar a capacidade para a detecção e correção oportuna de problemas que interferem diretamente na
efetividade das ações de prevenção e controle da dengue.

Ações
- Constituir comitê nacional de acompanhamento e avaliação dos indicadores do PNCD, com
representantes da FUNASA, universidades, instituições de pesquisa, sociedades de especialistas,
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (Conasems) e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas);
- Constituir comitês estaduais de acompanhamento e avaliação dos indicadores do PNCD, com
representantes da FUNASA, Secretaria Estadual de Saúde, e Conselho de Secretários Municipais de
Saúde (Cosems), universidades e instituições de pesquisa, entre outros;
- Realizar o acompanhamento e a avaliação do Programa nos estados, nos municípios prioritários de
cada unidade federada, pela FUNASA, em conjunto com as SES, com base nos indicadores estabelecidos
para os diversos componentes;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


254
- Realizar o acompanhamento de todos os municípios a partir dos relatórios gerados na análise
quinzenal dos indicadores prioritários, pelas SES;
- Promover reuniões regionais bimestrais de avaliação, com a participação dos gerentes do Programa
de Controle da Dengue e coordenadores da Atenção Básica das SES, Coordenação Regional da
FUNASA e representantes do comitê nacional de acompanhamento e avaliação;
- Suspender o repasse do Teto Financeiro de Epidemiologia e Controle de Doenças dos estados e/ou
municípios que não cumprirem as metas pactuadas na Programação Pactuada Integrada/Epidemiologia
e Controle de Doenças (PPI/ECD) e comunicar formalmente ao Conselho Municipal de Saúde, Câmara
de Vereadores, Ministério Público e Tribunal de Contas;
- Elaborar relatório periódico de avaliação da implantação do PNCD e enviar ao Conselho Nacional de
Saúde, a Comissão Intergestores Tripartite, bem como disponibilizar na página da FUNASA na Internet;
- Manter grupo tarefa de 30 técnicos de nível superior para assessorar as SES na implantação do
PNCD;
- Constituir grupo executivo do Ministério da Saúde para acompanhamento e avaliação das atividades
com representantes da FUNASA, Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) e Secretaria de Políticas de
Saúde (SPS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS).

Dengue66

É uma doença febril aguda caracterizada, em sua forma clássica, por dores musculares e articulares
intensas. Tem como agente um arbovírus do gênero Flavivírus da família Flaviviridae, do qual existem
quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
A infecção por um deles confere proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e
temporária contra os outros três. Trata-se, caracteristicamente, de enfermidade de áreas tropicais e
subtropicais, onde as condições do ambiente favorecem o desenvolvimento dos vetores.
Várias espécies de mosquitos do gênero Aedes podem servir como transmissores do vírus do dengue.
No Brasil, duas delas estão hoje instaladas: Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Sinais e Sintomas

Não há tratamento específico para Dengue.

Os cuidados são:
-Tratar os sintomas;
- Fazer repouso;
- Ingerir muito líquido

66
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/man_dengue.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


255
Vacina
Em Julho de 2016 começou a ser comercializada a primeira vacina contra Dengue no Brasil, a
DENGVAXIA na qual foi desenvolvida pela empresa francesa Sanofi Pasteur.
Ela é feita com vírus atenuados e é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos de dengue
existentes, ela pode ser adquirida nas clínicas e hospitais particulares e está disponível para faixa etária
de 9 a 45 anos.
Dosagem: são 3 doses com intervalos de 6 meses a cada dose, essa vacina não promete imunização
total contra o vírus e sim de 66 % o que não é considerável alta, já que as vacinas consideradas de
imunização alta são de 90%, porém possui a capacidade de reduzir os casos graves como a Dengue
hemorrágica.

Obs.: não possui ação contra Zika e Chikungunya.

A vacinação contra a dengue ainda não é recomendada para grávidas, lactantes e pessoas com
doenças imunológicas.
Quando aparecer os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo, fazer repouso
e ingerir bastante líquido e NUNCA TOMAR REMÉDIO POR CONTA, PODE AGRAVAR O CASO.

Prevenção
Além das campanhas massivas de prevenção, realizadas nos diversos níveis de governança, é preciso
buscar novas ferramentas para combater o mosquito. O Ministério da Saúde alerta que o combate ao
mosquito faça parte da nossa rotina, parece clichê mas depende de nós.
O cuidado deve ser redobrado com a limpeza de caixas d’água, piscinas, calhas de telhados, pratos
de vasos de plantas, não amontoar lixo com sacos plásticos, garrafas, pneus ou qualquer outro objeto
que possa acumular água, o alerta do Ministério da Saúde vai também para as pessoas que vão viajar e
deixarão as suas casas fechadas nesse período já que qualquer recipiente com água, mesmo que em
pequena quantidade, pode virar um criadouro do mosquito transmissor da dengue, Zika e chikungunya
num curto período de tempo.

Transmissão
A transmissão ocorre quando a fêmea da espécie vetora se contamina ao picar um indivíduo infectado
que se encontra na fase virêmica da doença, tornando-se, após um período de 10 a 14 dias, capaz de
transmitir o vírus por toda sua vida através de suas picadas. As infeções pelo vírus do dengue causam
desde a forma clássica (sintomática ou assintomática) à febre hemorrágica do dengue (FHD).
Na forma clássica é doença de baixa letalidade, mesmo sem tratamento específico. No entanto,
incapacita temporariamente as pessoas para o trabalho. Na febre hemorrágica do dengue a febre é alta,
com manifestações hemorrágicas, hepatomegalia e insuficiência circulatória.
A letalidade é significativamente maior do que na forma clássica, dependendo da capacidade de
atendimento médico-hospitalar da localidade. Os primeiros relatos históricos sobre dengue no mundo
mencionam a Ilha de Java, em 1779. Nas Américas, a doença é relatada há mais de 200 anos, com
epidemias no Caribe e nos Estados Unidos.
No Brasil, há referências de epidemias por dengue desde 1923, em Niterói/RJ, sem confirmação
laboratorial. A primeira epidemia com confirmação laboratorial foi em 1982, em Boa Vista (RR), sendo
isolados os vírus DEN-1 e DEN-4. A partir de 1986, em vários Estados da Federação, epidemias de
dengue clássico têm ocorrido, com isolamento de vírus DEN-1 e DEN-2.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


256
Biologia dos vetores
O Aedes aegypti (Linnaeus,1762) e também o Aedes albopictus (Skuse, 1894) pertencem ao RAMO
Arthropoda (pés articulados), CLASSE Hexapoda (três pares de patas), ORDEM Diptera (um par de asas
anterior funcional e um par posterior transformado em halteres), FAMÍLIA Culicidae, GÊNERO Aedes.
O Aedes aegypti é uma espécie tropical e subtropical, encontrada em todo mundo, entre as latitudes
35ºN e 35ºS. Embora a espécie tenha sido identificada até a latitude 45ºN, estes têm sido achados
esporádicos apenas durante a estação quente, não sobrevivendo ao inverno.
A distribuição do Aedes aegypti também é limitada pela altitude. Embora não seja usualmente
encontrado acima dos 1.000 metros, já foi referida sua presença a 2.200 metros acima do nível do mar,
na Índia e na Colômbia (OPS/OMS).
Por sua estreita associação com o homem, o Aedes aegypti é, essencialmente, mosquito urbano,
encontrado em maior abundância em cidades, vilas e povoados. Entretanto, no Brasil, México e Colômbia,
já foi localizado em zonas rurais, provavelmente transportado de áreas urbanas em vasos domésticos,
onde se encontravam ovos e larvas (OPAS/ OMS). Os mosquitos se desenvolvem através de
metamorfose completa, e o ciclo de vida do Aedes aegypti compreende quatro fases: ovo, larva (quatro
estágios larvários), pupa e adulto.

Ovo
Os ovos do Aedes aegypti medem, aproximadamente, 1mm de comprimento e contorno alongado e
fusiforme (Forattini, 1962). São depositados pela fêmea, individualmente, nas paredes internas dos
depósitos que servem como criadouros, próximos à superfície da água.
No momento da postura os ovos são brancos, mas, rapidamente, adquirem a cor negra brilhante.
A fecundação se dá durante a postura e o desenvolvimento do embrião se completa em 48 horas, em
condições favoráveis de umidade e temperatura.
Uma vez completado o desenvolvimento embrionário, os ovos são capazes de resistir a longos
períodos de dessecação, que podem prolongar-se por mais de um ano. Foi já observada a eclosão de
ovos com até 450 dias, quando colocados em contato com a água. A capacidade de resistência dos ovos
de Aedes aegypti à dessecação é um sério obstáculo para sua erradicação. Esta condição permite que
os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos, tornando-se assim o principal
meio de dispersão do inseto (dispersão passiva).

Larva
Como o Aedes aegypti é um inseto holometabólico, a fase larvária é o período de alimentação e
crescimento. As larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se principalmente de material
orgânico acumulado nas paredes e fundo dos depósitos
As larvas possuem quatro estágios evolutivos. A duração da fase larvária depende da temperatura,
disponibilidade de alimento e densidade das larvas no criadouro. Em condições ótimas, o período entre
a eclosão e a pupação pode não exceder a cinco dias. Contudo, em baixa temperatura e escassez de
alimento, o 4º estágio larvário pode prolongar-se por várias semanas, antes de sua transformação em
pupa.
A larva do Aedes aegypti é composta de cabeça, tórax e abdômen. O abdômen é dividido em oito
segmentos. O segmento posterior e anal do abdômen tem quatro brânquias lobuladas para regulação
osmótica e um sifão ou tubo de ar para a respiração na superfície da água.
O sifão é curto, grosso e mais escuro que o corpo. Para respirar, a larva vem à superfície, onde fica
em posição quase vertical. Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um S em seu deslocamento. É
sensível a movimentos bruscos na água e, sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio
no fundo do recipiente (fotofobia).
Na pesquisa, é preciso que se destampe com cuidado o depósito e, ao incidir o jato de luz, percorrer,
rapidamente, o nível de água junto à parede do depósito. Com a luz, as larvas se deslocam para o fundo.
Tendo em vista a maior vulnerabilidade nesta fase, as ações do PEAa devem, preferencialmente, atuar
na fase larvária.

Pupa
As pupas não se alimentam. É nesta fase que ocorre a metamorfose do estágio larval para o adulto.
Quando inativas se mantêm na superfície da água, flutuando, o que facilita a emergência do inseto adulto.
O estado pupal dura, geralmente, de dois a três dias. A pupa é dividida em cefalotórax e abdômen. A
cabeça e o tórax são unidos, constituindo a porção chamada cefalotórax, o que dá à pupa, vista de lado,
a aparência de uma vírgula. A pupa tem um par de tubos respiratórios ou trompetas, que atravessam a
água e permitem a respiração.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


257
O adulto de Aedes aegypti representa a fase reprodutora do inseto. Como ocorre com grande parte
dos insetos alados, o adulto representa importante fase de dispersão. Entretanto, com o Aedes aegypti é
provável que haja mais transporte passivo de ovos e larvas em recipientes do que dispersão ativa pelo
inseto adulto.
O Aedes aegypti é escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e um desenho em
forma de lira no mesonoto. Nos espécimes mais velhos, o desenho da lira pode desaparecer, mas dois
tufos de escamas branco-prateadas no clípeo, escamas claras nos tarsos e palpos permitem a
identificação da espécie.
O macho se distingue essencialmente da fêmea por possuir antenas plumosas e palpos mais longos.
Logo após emergir do estágio pupal, o inseto adulto procura pousar sobre as paredes do recipiente, assim
permanecendo durante várias horas, o que permite o endurecimento do exoesqueleto, das asas e, no
caso dos machos, a rotação da genitália em 180º. Dentro de 24 horas após, emergirem, podem acasalar,
o que vale para ambos os sexos.
O acasalamento geralmente se dá durante o voo, mas, ocasionalmente, pode se dar sobre uma
superfície, vertical ou horizontal. Uma única inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a
fêmea venha a produzir durante sua vida. As fêmeas se alimentam mais frequentemente de sangue,
servindo como fonte de repasto a maior parte dos animais vertebrados, mas mostram marcada predileção
pelo homem (antropofilia).
O repasto sanguíneo das fêmeas fornece proteínas para o desenvolvimento dos ovos. Ocorre quase
sempre durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. O macho alimenta-se de carboidratos
extraídos dos vegetais. As fêmeas também se alimentam da seiva das plantas. Em geral, a fêmea faz
uma postura após cada repasto sanguíneo.
O intervalo entre a alimentação sanguínea e a postura é, em regra, de três dias, em condições de
temperatura satisfatórias. Com frequência, a fêmea se alimenta mais de uma vez, entre duas sucessivas
posturas, em especial quando perturbada antes de totalmente ingurgitada (cheia de sangue). Este fato
resulta na variação de hospedeiros, com disseminação do vírus a vários deles.
A oviposição se dá mais frequentemente no fim da tarde. A fêmea grávida é atraída por recipientes
escuros ou sombreados, com superfície áspera, nas quais deposita os ovos. Prefere água limpa e
cristalina ao invés de água suja ou poluída por matéria orgânica.
A fêmea distribui cada postura em vários recipientes. É pequena a capacidade de dispersão do Aedes
aegypti pelo voo, quando comparada com a de outras espécies. Não é raro que a fêmea passe toda sua
vida nas proximidades do local de onde eclodiu, desde que haja hospedeiros. Poucas vezes a dispersão
pelo voo excede os 100 metros.
Entretanto, já foi demonstrado que uma fêmea grávida pode voar até 3Km em busca de local adequado
para a oviposição, quando não há recipientes apropriados nas proximidades. A dispersão do Aedes
aegypti a grandes distâncias se dá, geralmente, como resultado do transporte dos ovos e larvas em
recipientes.
Quando não estão em acasalamento, procurando fontes de alimentação ou em dispersão, os
mosquitos buscam locais escuros e quietos para repousar. A domesticidade do Aedes aegypti é
ressaltada pelo fato de que ambos os sexos são encontrados em proporções semelhantes dentro das
casas (endofilia).
O Aedes aegypti quando em repouso é encontrado nas habitações, nos quartos de dormir, nos
banheiros e na cozinha e, só ocasionalmente, no peridomicílio. As superfícies preferidas para o repouso
são as paredes, mobília, peças de roupas penduradas e mosquiteiros.
Quando o Aedes aegypti está infectado pelo vírus do dengue ou da febre amarela, pode haver
transmissão transovariana destes, de maneira que, em variável percentual, as fêmeas filhas de um
espécime portador nascem já infectadas (OPAS/OMS).
Os adultos de Aedes aegypti podem permanecer vivos em laboratório durante meses, mas, na
natureza, vivem em média de 30 a 35 dias. Com uma mortalidade diária de 10%, a metade dos mosquitos
morre durante a primeira semana de vida e 95% durante o primeiro mês.

Transmissores Silvestres
Os mosquitos que transmitem a febre amarela silvestre pertencem aos gêneros Haemagogus
(Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus, Haemagogus capricornii, Haemagogus
spegazzinii) e Sabethes (Sabethes cloropterus).
Alguns Aedes silvestres (Aedes scapularis, Aedes fluviatilis, e outros) que, em laboratório, têm
demonstrado capacidade de transmissão, não foram, contudo, encontrados naturalmente infectados. Os
Haemagogus são mosquitos com hábitos selváticos. Seus focos são encontrados quase sempre em
cavidades de árvores no ambiente silvestre.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


258
Aedes albopictus
Em fins de maio de 1986, ocorreu o primeiro achado de Aedes albopictus (Skuse, 1894) no Brasil, em
foco localizado na Universidade Rural do Rio de Janeiro, no Município de Itaguaí. Logo a seguir novos
focos foram reportados, na Universidade de Viçosa, em, Minas Gerais, e nas proximidades das cidades
de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo.
O Aedes albopictus é um espécie que se adapta ao domicílio e tem como criadouros recipientes de
uso doméstico como jarros, tambores, pneus e tanques. Além disso, está presente no meio rural, em ocos
de árvores, na imbricação das folhas e em orifícios de bambus.
Essa amplitude de distribuição e capacidade de adaptação a diferentes ambientes e situações
determina dificuldades para a erradicação através da mesma metodologia seguida para o Aedes aegypti.
Além de sua maior valência ecológica, tem como fonte alimentar tanto o sangue humano como de outros
mamíferos e até aves. Ademais disso, é mais resistente ao frio que o Aedes aegypti.
É necessário que se promovam levantamentos regulares para a detecção de sua presença e o
aprofundamento de estudos sobre hábitats naturais e artificiais. Recomenda-se ainda o desenvolvimento
de estudos para avaliação da capacidade de dispersão da espécie, incluindo a competitividade com
outros vetores, propagação passiva, capacidade vetorial e de sua participação na transmissão.

Outras Espécies
Aedes scapularis
Colorido geral escuro. É característica a existência de mancha creme na cabeça e dorso. Não tem
anéis brancos nas patas.
Pica de preferência à tarde, pessoas que estão próximas às habitações, como nas varandas.
Raramente é encontrado em repouso dentro de casa, uma vez que, logo após a alimentação, volta a seus
esconderijos habituais no meio da vegetação. Faz posturas em poças e alagados ou em outro local onde
haja vegetação e água acumulada de chuvas recentes.

Aedes taeniorhynchus
Colorido escuro. Caracteriza-se por anel branco na probóscida e por anéis também brancos nas patas.
É o mosquito que, no interior da habitação, mais se parece com os Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Seus hábitos alimentares se assemelham aos do Aedes scapularis, invadindo as casas com mais
frequência. Faz postura em águas salobras e seu voo pode ultrapassar 50 km.

Aedes fluviatilis
Colorido pardo escuro. Caracteriza-se por mancha dourada clara na parte superior da cabeça. Patas
com anéis brancos. É raramente encontrado dentro das casas. Os locais preferenciais para desova são
as cavidades das pedras e as margens dos rios, mas, recentemente, tem sido encontrado ovipondo na
parte externa das casas nos mesmos depósitos em que se encontra Aedes aegypti (caixas d’água,
tanques, barris, tonéis, pneus).

Mansonia sp
De coloração escura, é caracterizado pelas asas aveludadas e escuras; patas com anéis claros e anel
na tromba. Sua picada é dolorosa e o voo é longo. Quase nunca é encontrado em repouso nas casas. Os
criadouros de Mansonia são lagos, lagoas e alagados, onde existam algumas plantas aquáticas em
particular, como goivo, bodocó ou baronesa (aguapés). As larvas do Mansonia respiram utilizando o tecido
poroso das raízes da planta.

Limatus durhamii
Mosquito pequeno, frágil, de aparência multicolorida, tromba comprida e muito fina, patas escuras,
sem anéis. Nunca invade as casas. Tem como criadouros preferenciais árvores e plantas (gravatás,
bambus) e ainda cacos de vidro e latas, existentes no ambiente extradomiciliar. Suas larvas se parecem
com as do Aedes aegypti quando vistas a olho nu.

Culex quinquefasciatus
É o mosquito doméstico mais comumente encontrado. É de cor parda, quase uniforme, não
apresentando qualquer característica importante de relevo. Pica ao escurecer e sua atividade se prolonga
por toda a noite. A fêmea faz a postura de uma só vez (ovos formando jangada). Desova de preferência
em criadouros com água parada e poluída com matéria orgânica (fossas, valas e outros), podendo
desovar eventualmente em depósitos de água limpa. É transmissor da filariose bancroftiana.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


259
Anopheles sp
Também chamado mosquito prego porque pousa perpendicularmente na parede. As asas têm
manchas características. Todas as espécies do subgênero Nyssorhynchus têm anéis brancos nas patas.
As espécies do subgênero Cellia, ao qual pertence o Anopheles gambiae, vistas a olho nu, têm coloração
uniforme nas patas. Desova preferencialmente em criadouros naturais com água limpa e sombreada
(lagoas, brejos, córregos, remanso de rios e igarapés). Os mosquitos do gênero Anopheles são
transmissores da malária.

Histórico da presença do aedes aegypti e aedes albopictus no Brasil


O Aedes aegypti, transmissor de dengue e febre amarela urbana é, provavelmente, originário da África
Tropical, tendo sido introduzido nas Américas durante a colonização. Atualmente encontra-se
amplamente disseminado nas Américas, Austrália, Ásia e África.

Conhecido no Brasil desde o século XVII, sua trajetória é descrita a seguir com referência aos marcos
históricos mais relevantes:
1685 - Primeira epidemia de febre amarela no Brasil, em Recife.
1686 - Presença de Aedes aegypti na Bahia, causando epidemia de febre amarela (25.000 doentes e
900 óbitos).
1691 - Primeira campanha sanitária posta em prática, oficialmente no Brasil, Recife (PE).
1849 - A febre amarela reaparece em Salvador, causando 2.800 mortes. Neste mesmo ano, o Aedes
aegypti, instala-se no Rio de Janeiro, provocando a primeira epidemia da doença naquele Estado, que
acomete mais de 9.600 pessoas e com o registro de 4.160 óbitos.
1850 a 1899 - O Aedes aegypti propaga-se pelo país, seguindo os caminhos da navegação marítima,
o que leva à ocorrência de epidemias da doença em quase todas as províncias do Império, desde o
Amazonas até o Rio Grande do Sul.
1881 - Comprovação pelo médico cubano Carlos Finlay, que o Stegomyia fasciata ou Aedes aegypti é
o transmissor da febre amarela.
1898 - Adolpho Lutz observa casos de febre amarela silvestre no interior do Estado de São Paulo na
ausência de larvas ou adultos de Stegomyia (fato na ocasião não convenientemente considerado).
1899 - Emílio Ribas informa sobre epidemia no interior de São Paulo, em plena mata virgem, quando
da abertura do Núcleo Colonial Campos Sales, sem a presença do Stegomyia (também não foi dada
importância a esse acontecimento).
1901 - Com base na teoria de Finlay, Emílio Ribas inicia, na cidade de Sorocaba SP, a primeira
campanha contra a febre amarela, adotando medidas específicas contra o Aedes aegypti.
1903 - Oswaldo Cruz é nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública e inicia a luta contra a doença, que
considerava uma vergonha nacional, criando o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela.
1909 - Eliminada a febre amarela da capital federal (Rio de Janeiro).
1919 - Surtos de febre amarela em seis Estados do Nordeste. Instala-se o serviço antiamarílico no
Recife.
1920 - Diagnosticado o primeiro caso de febre amarela silvestre no Brasil, no Sítio Mulungu, Município
de Bom Conselho do Papa-Caça em Pernambuco. A febre amarela deixa de ser considerada doença de
cidade.
1928 a 1929 - Nova epidemia de febre amarela, no Rio de Janeiro, com a confirmação de 738 casos,
leva o Professor Clementino Fraga a organizar nova campanha contra a febre amarela, cuja base era o
combate ao mosquito na sua fase aquática.
1931 - O governo brasileiro assina convênio com a Fundação Rockefeller. O Serviço de Febre Amarela
é estendido a todo o território brasileiro. O convênio é renovado sucessivamente até 1939. Técnica
adotada: combate às larvas do Aedes aegypti mediante a utilização de petróleo.
1932 - Primeira epidemia de febre amarela silvestre conhecida foi no Vale do Canaã, no Espírito Santo.
1938 -É demonstrado que os mosquitos silvestres Haemagogus capricornii e Haemagogus
leucocelaenus podem ser transmissores naturais da Febre Amarela. Mais tarde, comprova-se que
Haemagogus spegazzinii, Aedes scapularis, o Aedes fluviatilis e Sabethes cloropterus são também
transmissores silvestres.
1940 -É proposta a erradicação do Aedes aegypti, como resultado do sucesso alcançado pelo Brasil
na erradicação do Anopheles gambiae, transmissor da malária que, vindo da África, havia infestado
grande parte do Nordeste do país.
1947 - Adotado o emprego de dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) no combate ao Aedes aegypti;
1955 - Eliminado o último foco de 1955 Aedes aegypti no Brasil.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


260
1958 - A XV Conferência Sanitária Panamericana, realizada em Porto Rico, declara erradicado do
território brasileiro o Aedes aegypti. 1967 - Reintrodução do Aedes 1967 aegypti na cidade de Belém,
capital do Pará e em outros 23 Municípios do Estado.
1969 - Detectada a presença de Aedes aegypti em São Luís e São José do Ribamar, no Maranhão.
1973 - Eliminado o último foco de Aedes aegypti em Belém do Pará. O vetor é mais uma vez
considerado erradicado do território brasileiro.
1976 - Nova reintrodução do vetor no Brasil, na cidade de Salvador, capital da Bahia.
1978 a 1984 - Registrada a presença do vetor em quase todos os Estados brasileiros, com exceção
da região amazônica e extremo-sul do país.
1986 - Em julho, é encontrado, pela primeira vez no Brasil, o Aedes albopictus, em terreno da
Universidade Rural do Estado do Rio de Janeiro (Município de Itaguaí).
1994 - Dos 27 Estados brasileiros, 18 estão infestados pelo Aedes aegypti e, seis pelo Aedes
albopictus.
1995 - Em 25 dos 27 Estados, foi detectado o Aedes aegypti e, somente nos Estados do Amazonas e
Amapá, não se encontrou o vetor.
1998 - Foi detectada a presença do Aedes aegypti em todos Estados do Brasil, com 2.942 Municípios
infestados, com transmissão em 22 Estados, Aedes albopictus presente em 12 Estados.
1999 - Dos 5.507 Municípios brasileiros existentes, 3.535 estavam infestados. – Destes Municípios em
23 Estados e o Distrito Federal apresentaram transmissão do dengue.

Organização das Operações de Campo


As atividades operacionais de campo serão desenvolvidas em uma área de abrangência restrita,
denominada zona (área de zoneamento), que corresponderá à área zona de atuação e responsabilidade
de um agente de saúde.
Cada zona deverá ter de 800 a 1.000 imóveis. Assim, deverá existir maior vínculo e identificação do
agente de saúde pública com a comunidade, onde ele desenvolve o seu trabalho.
A descentralização das operações de campo deve implicar a incorporação de novas atividades e
serviços aos Estados e Municípios, o que, por sua vez, deve determinar o desenvolvimento de novos
modelos de organização adequados a cada caso particular, preservando as diretrizes gerais do SUS.

Atribuições

Agente de saúde
Na organização das atividades de campo o agente é o responsável por uma zona fixa de 800 a 1.000
imóveis, visitados em ciclos bimensais nos municípios infestados por Aedes aegypti. Ele tem como
obrigação básica: descobrir focos, destruir e evitar a formação de criadouros, impedir a reprodução de
focos e orientar a comunidade com ações educativas.

Suas atribuições no combate aos vetores são:


- Realizar a pesquisa larvária em imóveis para levantamento de índice e descobrimento de focos nos
municípios infestados e em armadilhas e pontos estratégicos nos municípios não infestados;
- Realizar a eliminação de criadouros tendo como método de primeira escolha o controle mecânico
(remoção, destruição, vedação, etc.);
- Executar o tratamento focal e perifocal como medida complementar ao controle mecânico, aplicando
larvicidas autorizados conforme orientação técnica;
- Orientar a população com relação aos meios de evitar a proliferação dos vetores;
- Utilizar corretamente os equipamentos de proteção individual indicados para cada situação;
- Repassar ao supervisor da área os problemas de maior grau de complexidade não solucionados;
- Manter atualizado o cadastro de imóveis e pontos estratégicos da sua zona;
- Registrar as informações referentes às atividades executadas nos formulários específicos;
- Deixar seu itinerário diário de trabalho no posto de abastecimento (PA);
- Encaminhar aos serviços de saúde os casos suspeitos de dengue.

Supervisor
É o responsável pelo trabalho realizado pelos agentes de saúde, sob sua orientação. É também o
elemento de ligação entre os seus agentes, o supervisor geral e a coordenação dos trabalhos de campo.
Tem como principais atribuições:
- Acompanhamento das programações, quanto a sua execução, tendo em vista não só a produção
mas também a qualidade do trabalho;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


261
- Organização e distribuição dos agentes dentro da área de trabalho, acompanhamento do
cumprimento de itinerários, verificação do estado dos equipamentos, assim como da disponibilidade de
insumos;
-Capacitação do pessoal sob sua responsabilidade, de acordo com estas instruções, principalmente
no que se refere a: - conhecimento manejo e manutenção dos equipamentos de aspersão; - noções sobre
inseticidas, sua correta manipulação e dosagem; - técnica de pesquisa larvária e tratamento (focal e
perifocal); - orientação sobre o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).
- Controle e supervisão periódica dos agentes de saúde;
- Acompanhamento do registro de dados e fluxo de formulários;
- Controle de frequência e distribuição de materiais e insumos;
- Trabalhar em parceria com as associações de bairros, escolas, unidades de saúde, igrejas, centros
comunitários, lideranças sociais, clubes de serviços, etc. que estejam localizados em sua área de
trabalho;
- Avaliação periódica, junto com os agentes, das ações realizadas;
- Avaliação, juntamente com o supervisor-geral, do desenvolvimento das áreas com relação ao
cumprimento de metas e qualidade das ações empregadas.

Recomenda-se que cada supervisor tenha dez agentes de saúde sob a sua responsabilidade, o que
permitiria, a princípio, destinar um tempo equitativo de supervisão aos agentes de saúde no campo.
As recomendações eventualmente feitas devem ser registradas em caderneta de anotações que cada
agente de saúde deverá dispor para isso. É ainda função do supervisor a solução de possíveis recusas,
em auxílio aos agentes de saúde, objetivando reduzir pendências, cabendo-lhe manter atualizados os
mapas, croquis e o reconhecimento geográfico de sua área. Tal como os agentes de saúde, também o
supervisor deve deixar no posto de abastecimento (PA) o itinerário a ser cumprido no dia.

Supervisor geral
O supervisor-geral é o servidor de campo ao qual se atribui maior responsabilidade na execução das
atividades. É o responsável pelo planejamento, acompanhamento, supervisão e avaliação das atividades
operacionais de campo.
As suas atividades exigem não só o integral conhecimento de todos os recursos técnicos empregados
no combate ao Aedes aegypti mas, ainda, capacidade de discernimento na solução de situações não
previstas e muitas vezes emergenciais. Ele é responsável por uma equipe de cinco supervisores

São funções do supervisor-geral:


- Participar da elaboração do planejamento das atividades para o combate ao vetor;
- Elaborar, juntamente com os supervisores de área, a programação de supervisão das localidades
sob sua responsabilidade;
- Supervisionar e acompanhar as atividades desenvolvidas nas áreas;
- Elaborar relatórios mensais sobre os trabalhos de supervisão realizados e encaminhá-los ao
coordenador municipal do programa;
- Dar suporte necessário para suprir as necessidades de insumos, equipamentos e instrumentais de
campo;
- Participar da organização e execução de treinamentos e reciclagens do pessoal de campo;
- Avaliar, juntamente com os supervisores de área, o desenvolvimento das atividades nas suas áreas,
com relação ao cumprimento de metas e qualidade das ações empregadas;
- Participar das avaliações de resultados de programas no município;
- Trabalhar em parceria com entidades que possam contribuir com as atividades de campo nas suas
áreas de trabalho;
- Implementar e coordenar ações que possam solucionar situações não previstas ou consideradas de
emergência.

Identificação do pessoal de campo


Para efeito de identificação do pessoal de campo, os agentes recebem um código (número), que
obedece a um cadastramento que permita localizá-lo dentro da equipe, área (subdistrito, distrito) e que o
vincula a determinado supervisor e supervisor-geral.
Como exemplo: O agente n.º 3268/1 - corresponderá ao agente 1 da equipe 8, do subdistrito 6 (6º
Supervisor), da segunda frente de trabalho (2º Supervisor Geral), do distrito 3.
Outros tipos de identificação como matrícula SIAPE, RG, etc. podem ser utilizados, desde que estejam
devidamente cadastrados de forma organizada.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


262
Material de Campo
De acordo com suas funções e quando o exercício delas o exigir, o Agente de Saúde e Supervisor
devem trazer consigo seguinte material:
- álcool 70% para remessa de larvas ao laboratório (ou tubitos previamente dosados com álcool a
70%);
- acetato de etila;
- algodão;
- bastão agitador;*
- bacia plástica pequena;
- bolsa de lona;
- bomba aspersora;*
- bandeira e flâmula;
- caixa com etiqueta para os alados capturados;*
- croquis e mapas das áreas a serem trabalhadas no dia;
- caderneta de anotações; • carteira de identidade;
- capturador de alados;
- cola plástica;
- duas pesca-larvas de nylon de cores diferentes, sendo um para coletar amostras de focos em água
potável e outro para água suja;
- escova pequena;
- espelho pequeno, para examinar depósitos pela reflexão da luz do sol;
- flanela;
- fita ou escala métrica;
- formulários para registro de dados, em quantidade suficiente para um dia de trabalho.
- inseticida, em quantidade suficiente, para o trabalho de um dia;
- lâmpada (foquito) sobressalente;
-lápis de cera, azul ou preto;
- lápis grafite com borracha;
- lanterna de três elementos em boas condições;
- lixa para madeira;
- manual de instruções;
- medidas para uso do temephós (abate), colher das de sopa 20g e colher das de café 5g;
- pasta de percalina para guarda de papéis;
- prancheta;
- picadeira;
- pipeta tipo conta-gotas;
- plástico preto;
- sacos plásticos com capacidade para 1kg para guardar o pesca-larvas;
- tabela para emprego de temephós (abate);
- tubitos e etiqueta para focos;
- três pilhas.

Estes materiais e equipamentos não são utilizados no trabalho de rotina do agente de LI e tratamento
focal. Devem ser previstos para as atividades de tratamento perifocal, captura de alados e por equipes
especiais de serviço complementares.
Os uniformes para o trabalho, tanto na cidade como em área rural, obedecerão a modelos previamente
aprovados. Os agentes devem portar um relógio de sua propriedade, para registrar no formulário horário
das visitas domiciliares.
Para facilitar seu encontro nos locais de trabalho, o servidor de campo deve dispor de bandeiras e
flâmulas apropriadas, cujas cores e combinações variam de acordo com a atribuição do servidor. Devem
ser colocadas em prédios e embarcações sob inspeção ou tratamento, enquanto os servidores neles
permanecerem.
Bandeira: é colocada pelos agentes de saúde e supervisores na porta, janela, portão ou grade, à
esquerda da sua entrada, de modo que fique perpendicular à fachada da casa, para que os supervisores
gerais possam localizá-la mais facilmente.
Flâmula: é colocada em navios, edifícios de apartamentos, hotéis e vilas, ou outros aglomerados de
prédios onde há um certo número de residências ou locais com porta de acesso em comum para a rua.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


263
Reconhecimento geográfico (RG)
O reconhecimento geográfico é atividade prévia e condição essencial para a programação das
operações de campo, de pesquisa entomológica e tratamento químico.
Instruções com mais riqueza de detalhes estão disponíveis no Manual de Reconhecimento Geográfico.
Aqui se faz referência apenas a marcação de quarteirões e informações sucintas sobre numeração de
imóveis.
Nos centros urbanos, onde exista numeração oficial dos imóveis, essa identificação será respeitada,
devendo-se apenas numerar os quarteirões existentes.
Nas localidades onde não exista numeração de imóveis, esta será feita provisoriamente pelo agente.
Não obstante a numeração oficial, os agentes de saúde se deparam com um mesmo número, servindo
para dois ou mais imóveis na mesma rua.

Quando isto ocorrer e não se obtiver a numeração real dos mesmos através de informação com o
morador, adotar-se- á o seguinte:
a) Imóveis com os mesmos números na mesma rua. Exemplo: 40,40, 40. Observando o sentido de
deslocamento do agente e a numeração básica do imóvel anterior, se terá: 40-2, 40-1 e 40;
b) De acordo com a orientação da visita, tomar-se-á como número base o último imóvel que recebeu
numeração; Exemplo: 40, (35-2), (35-1), 35, 30.
c) Terrenos baldios: de acordo com a nova orientação para o sistema informatizado, eles serão
numerados. Exemplo: 40, 36-1, 36, 28-1, 28, 21. Exemplo: Observação: 28-1 e 36-1 são terrenos baldios
numerados.
d) As aglomerações que surgem rapidamente próximo às zonas urbanas, serão numeradas de um a
infinito, tomando como número base do último imóvel do quarteirão mais próximo destas habitações. Ex.:
40, 40-1, 40-2, ..., 40-28, 40- 29, etc.
Nessa nova orientação, inicialmente os mapas ou croquis fornecidos pelas Prefeituras ou órgãos
oficiais locais receberão análise de equipe capacitada para numerar os quarteirões existentes neles.
Posteriormente, após essa numeração ter sido realizada, serão feitas as alterações necessárias, quando
da numeração em campo dos quarteirões e nas atualizações sucessivas.
Os quarteirões receberão numeração crescente, do número um ao infinito. Em casos excepcionais,
são facultadas mudanças na sequência numérica, como seria o caso de cidades divididas em bairros ou
setores. Neste caso, a numeração se inicia e termina em cada bairro ou setor.
Quando as faces dos quarteirões (quadras) são muito extensas ou quando a escassez de imóveis
torna difícil ou demorada a procura do número de identificação, a numeração nas faces poderá ser
repetida tantas vezes quanto necessário. Mas, em cada esquina, só haverá um número para o quarteirão.
Em caso de substituição de número, o anterior deve ser apagado com lixa para madeira a fim de que
não haja dupla numeração.
Uma vez que a área seja composta de quarteirões (quadras) completos e que possuam sinais
indicativos do caminho a ser seguido pelo agente, seu itinerário fica reduzido a uma simples relação de
números mesmos na ordem em que devem ser trabalhados.
Além do itinerário que lhe compete, com os quarteirões numerados, o pessoal de operação deve dispor
da indicação das tarefas de cada dia e de croquis com o desenho da posição de todos os quarteirões
(quadras) da área.
O agente de saúde ou o responsável pelo trabalho de supervisão deve contar com mapa dessa área
e com a relação do número de imóveis existentes em cada um deles. Assim, ter-se-ão tantos croquis
quantas forem as zonas de trabalho do agente de saúde.
Esses croquis deverão ser permanentemente atualizados, fazendo-se no desenho as alterações
encontradas no traçado viário de ruas e quarteirões.
Quarteirão, deve ser entendido como o espaço determinado por um agrupamento de imóveis limitados
por ruas, avenidas, caminhos, rios, córregos, estradas, linhas férreas, outros. Podem ser regulares ou
irregulares.
O regular é aquele que se pode circundar totalmente; o irregular, pelo contrário, é aquele que não é
possível circundá-lo em função de algum tipo de impedimento físico, topográfico ou outro. Para marcação
e orientação durante o trabalho nos quarteirões, são usados números e sinais nas esquinas. Os números
e sinais devem ter cinco centímetros de altura. A marcação se fará com lápis-cera azul ou preto no cateto
esquerdo de cada ângulo do quarteirão. A altura para marcação do número do quarteirão ou imóvel será
a do reconhecedor com o braço estendido.
Estes sinais contêm a seguinte informação.
Como exemplo:
← 3 indica o início do quarteirão nº 3 3

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


264
← 13 indica a continuação do quarteirão nº 13 13
← 14 indica o final do quarteirão nº 14 (este sinal se usará unicamente em 14 quarteirões irregulares)
← 5 sinal de quarteirão constituído por um só imóvel. 5 O círculo cheio ao lado direito da base do
triângulo, indica o imóvel do início do quarteirão.
O triângulo indica a direção em que o servidor deve seguir para fazer a volta ao quarteirão.
Evidentemente, a mudança na posição destes sinais, como no exemplo acima, indicará diferente posição
no quarteirão.

A Visita domiciliar
Concedida a licença para a visita, o servidor iniciará a inspeção começando pela parte externa (pátio,
quintal ou jardim), seguindo sempre pela direita.
Prosseguirá a inspeção do imóvel pela visita interna, devendo ser iniciada pela parte dos fundos,
passando de um cômodo a outro até aquele situado mais à frente. Em cada um deles, a inspeção deve
ser feita a partir da direita.
Concluída a inspeção, será preenchida a ficha de visita com registro da data, hora de conclusão, a
atividade realizada e a identificação do agente de saúde. A Ficha de Visita será colocada no lado interno
da porta do banheiro ou da cozinha.
Nas visitas ao interior das habitações, o servidor sempre pedirá a uma das pessoas do imóvel para
acompanhá-lo, principalmente aos dormitórios. Nestes aposentos, nos banheiros e sanitários, sempre
baterá à porta. Em cada visita ou inspeção ao imóvel, o agente de saúde deve cumprir sua atividade em
companhia de moradores do imóvel visitado, de tal forma que possa transmitir informações sobre o
trabalho realizado e cuidados com a habitação.

Criadouros
Tipos e definição de depósitos
- Caixa d’água:
É qualquer depósito de água colocado em nível elevado, permitindo a distribuição do líquido pela
gravidade. As caixas d’água podem ser divididas em duas categorias: as acessíveis e as de difícil acesso,
que requerem providências ou operações especiais.
Caixas d’água acessíveis são as que podem ser facilmente examinadas por estarem a pequena
altura ou porque há condições locais que permitem o acesso a elas. As caixas dágua que estiverem
vedadas, à prova de mosquito, não serão abertas para a inspeção, mas serão assinaladas no boletim
como inspecionadas.
-Tanque: é depósito geralmente usado como reservatório de água, colocado ao nível do solo.
Depósitos como banheiras ou caldeiras velhas por exemplo, usados como tanques serão classificados
como tal.
- Depósitos de barro: são os potes, moringas, talhas e outros.
- Depósitos de madeira: barris, tonéis e tinas.
- Pneus: os pneus são, muitas vezes, responsáveis por reinfestações à distância, de áreas livres do
Aedes aegypti. Todos os pneus inservíveis, quando possível, deverão ser removidos para eliminação. Os
utilizáveis, depois de inspecionados e secos devem ser mantidos em ambiente coberto, protegidos da
chuva.
- Recipientes naturais: incluem-se aí coleções de água encontradas em cavidades de árvores e no
embrincamento de folhas.
- Caçambas, poços e cisternas: são escavações feitas no solo, usados para captar guarnição de água
(com paredes ou não).
- Outros: depósitos de tipos variados. Compreendem caixas de descarga
- Outros: Aparelhos sanitários, pilões, cuias, alguidares, pias, lavatórios, regadores, protetores de
plantas, guarda-comida, vasilhas de uso caseiro, bacias, baldes e registros de água, jarras de flores, pias
de água, depósitos de geladeira, diques de garagem, pisos de porões e de calçamentos, esgotos de
águas limpas, coberturas de zinco e flandres, folhas de metal, cascas de ovos, sapatos abandonados,
bebedouros de aves e de outros animais, ferragens diversas, vasos, cacos de vidro, telhas e outros.
Depósito inspecionado É todo o depósito com água examinado pelo agente de saúde com auxílio de
fonte de luz ou do pesca-larva.
Depósito tratado É aquele onde foi aplicado inseticida (larvicida ou adulticida).
Depósito eliminado É aquele que foi destruído ou inutilizado como criadouro.
Focos e técnica de pesquisa Todos os depósitos que contenham água devem ser inspecionados,
utilizando-se o pesca-larva com ou sem a ajuda de fonte luminosa (lanterna e/ou espelho).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


265
A técnica de coleta segue a mesma orientação da visita domiciliar. Ao destampar os depósitos para
inspeção deve-se ter cuidado no sentido de evitar que larvas e pupas se refugiem no fundo dos depósitos.
A inspeção com o pesca-larvas é a técnica preferencialmente utilizada no caso da coleta em pneus.
O uso de concha de alumínio pode ser mais eficaz nessa situação. No caso de uso do pesca-larvas,
deve-se de início percorrer, rapidamente, a superfície da água com o instrumento, visando surpreender
as larvas e pupas que aí estejam. Em seguida, percorre-se com o pesca-larva todo o volume de água,
fazendo movimento em forma de um , descendo até o fundo do depósito. Recolhe-se então o material
retido no pesca-larva, transferindo-o para pequena bacia, já contendo água limpa. Aí o material é
examinado. Com o uso da pipeta sugam-se as larvas e/ou pupas que forem encontradas, transferindo-as
para a palma da mão a fim de se retirar o excesso de água.
A seguir passasse o material para os tubitos com álcool dosado até um número máximo de dez tubitos.
Deve-se repetir a passagem do pesca-larvas no depósito até que se tenha segurança de que já não há
nenhuma larva ou pupa ou que já se tenha coletado o máximo de dez exemplares
No caso de inspeção em depósito com muita matéria orgânica, o material coletado com o pesca-larva
deve ser colocado em bacia plástica com água limpa, repetindo-se essa operação sucessivamente
(repassando o material da bacia para o pesca-larvas) até que o material fique limpo e possa ser observado
a olho nu, permitindo assim a captura das larvas e/ou pupas com a pipeta.
Todo cuidado deve ser tomado nestas sucessivas passagens para que as larvas/ pupas não fiquem
aderidas ao material retido no pesca-larvas.
Em depósitos de pequenas dimensões o conteúdo pode ser passado diretamente para o pesca-larvas
(água de vasos de planta, de garrafas, pratos de plantas, bacias, baldes, outros) ou as larvas e/ou pupas
coletadas diretamente com o uso de pipeta, passando para a palma da mão e a seguir, para os tubitos.
Todos os tubitos devem ser acompanhados de etiqueta de identificação, em que constarão: equipe,
nome, número do agente, número da amostra e o tipo de depósito onde foi coletada a amostra. Deve ser
colocada no interior do tubito, ou colada a ele. Os focos encontrados devem ser exibidos aos moradores
da casa.
Nessa ocasião devem ser orientados a respeito da necessidade de proteção ou de destinação mais
adequada para os depósitos.
Nos municípios negativos para Aedes aegypti, sob vigilância entomológica, quando a pesquisa larvária
for negativa mas forem encontradas exúvias, essas devem ser coletadas para posterior exame
laboratorial.
Acondicionamento e transporte de larvas Os exemplares coletados nos focos não devem, salvo
expressa recomendação, ser transportados vivos da casa ou local de inspeção. Com isso, ficam reduzidas
ao mínimo as possibilidades de dispersão por transporte do material coletado. Para isso, cada agente
deve dispor de tubitos com álcool a 70% nos quais serão colocadas, no máximo, dez larvas por tipo de
depósito.
Cada agente adotará uma numeração crescente para os focos larvários encontrados, a partir do
número um, seguindo sequencialmente até o número 999, quando então a numeração é retomada a partir
do um Captura de alados

A captura de alados objetiva:


• Levantamento de índice;
• Vigilância em localidades não infestadas.

Inspeção em navios e aviões. Para a captura de alados poderão ser utilizados o puçá de filó ou algum
capturador de sucção. Os mosquitos deverão ser mortos com acetato de etila e transferidos para caixas
preparadas com naftalina, usadas para acondicionamento e remessa. Os espécimes poderão ser
convenientemente dispostos com ajuda de pinça de ponta fina (relojoeiro). Recomenda-se cuidado
especial nessa operação para evitar danificação do material coletado, o que pode comprometer a
classificação taxônomica a ser rotineiramente feita em laboratório.
Como medida de segurança, pode-se gotejar o acetato de etila na parte interna da tampa, garantindo-
se com isso a imobilidade do mosquito. Todos os exemplares de Aedes aegypti e Aedes albopictus
coletados em um mesmo imóvel devem ser acondicionados num mesmo recipiente.
Estratificação entomoepidemiológica dos municípios.
A estratificação dos municípios para efeito operacional do PEAa far-se-á segundo o enfoque de risco
com base em dados entomo-epidemiológicos.
- Estrato I: áreas com transmissão de dengue clássico pelo menos por dois anos consecutivos ou não,
com circulação simultânea ou sucedânea de mais de um sorotipo, com risco de ocorrência da febre
hemorrágica por dengue, e/ou ocorrência de casos de FHD;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


266
- Estrato II: áreas com transmissão de dengue clássico;
- Estrato III: áreas infestadas pelo Aedes aegypti;
- Estrato IV: áreas não infestadas (sem o vetor).

Desenho de Operação para os Estratos


Municípios infestados (estratos I, II e III):
- Levantamento de índice amostral e tratamento focal em ciclos bimensais;
- Pesquisa entomológica nos pontos estratégicos em ciclos quinzenais, com tratamento químico
mensal, ou quando necessário;
- Atividades de informação, educação e comunicação em saúde (IEC), buscando a conscientização e
participação comunitária na promoção do saneamento domiciliar;
- Arrastão de limpeza em municípios ou bairros visando à eliminação ou remoção dos depósitos
predominantes;
- Regularização da coleta pública de lixo;
- Bloqueio da transmissão de dengue (quando necessário).

Município não infestado (estrato IV):


- Levantamento de índice amostral em ciclos quadrimensais;
- Pesquisa entomológica nos pontos estratégicos em ciclos quinzenais;
- Pesquisa entomológica com ovitrampas ou larvitrampas em ciclos semanais;
-Atividades de IEC, buscando a conscientização e participação comunitária na promoção do
saneamento domiciliar;
- Regularização da coleta pública de lixo;
-Serviço marítimo ou fluvial e serviço portuário nas cidades portuárias que mantenham intercâmbio
com áreas infestadas, por meio de embarcações;
- Delimitação de foco (quando necessário).

Em todos os municípios, independentemente do estrato, recomenda-se que sejam sempre priorizadas


no programa as intervenções de busca e eliminação de focos do vetor, e educação em saúde, que são
as medidas de maior impacto na redução das populações dos mosquitos.

Bloqueio de Transmissão
Nas localidades infestadas far-se-á o bloqueio da transmissão de dengue, após investigação
epidemiológica conclusiva acerca do sorotipo viral circulante.

Neste caso, será feita a aplicação de inseticida em UBV, sempre concomitante com as medidas de
controle larvário, nas seguintes situações:
- Em áreas onde a transmissão de dengue (casos autóctones) já tenha sido confirmada por isolamento
de vírus ou sorologia;
- Quando da notificação de caso suspeito procedente de região ou país onde esteja ocorrendo a
transmissão por um sorotipo não circulante naquele município;
- Quando da confirmação de caso importado em município do estrato III. Nestas situações deverá ser
realizado o controle larvário com eliminação e tratamento de focos, concomitante com a utilização de
equipamentos de UBV portáteis para nebulização domiciliar nas áreas de transmissão focais delimitadas
(no mínimo nove quarteirões em torno do caso) em apenas um ciclo. Se necessário complementar o
bloqueio da transmissão com UBV pesado na área delimitada em ciclos semanais.

Delimitação de Foco
Nas localidades não infestadas, far-se-á a delimitação de foco quando a vigilância entomológica
detectar a presença do vetor. É, portanto, uma atividade exclusiva de municípios não infestados (estrato
IV) Na delimitação de foco, a pesquisa larvária e o tratamento focal devem ser feitos em 100% dos imóveis
incluídos em um raio de até 300 metros a partir do foco inicial, detectado em um ponto estratégico ou
armadilha, bem como a partir de um levantamento de índice ou pesquisa vetorial espacial positiva.

Fases do PEAa
Fase Preparatória
Na fase preparatória, serão feitos o recrutamento e capacitação dos recursos humanos, e
planejamento das estratégias e metodologias a serem adotadas, a estimativa para aquisição de materiais,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


267
inseticidas e equipamentos, o levantamento de índice para definir a distribuição espacial do vetor e o
reconhecimento geográfico da área a ser trabalhada.

Fase de Ataque
Os trabalhos de combate ao vetor começam nesta fase. As atividades definidas deverão ser
executadas obedecendo os itinerários elaborados por zonas de trabalho. Serão inspecionados 100% dos
imóveis, pontos estratégicos (PE) e terrenos baldios das zonas nas localidades infestadas localidades
infestadas pelo vetor.
Os depósitos positivos para formas imaturas de mosquitos localidades infestadas, que não possam
ser eliminados ou removidos, serão tratados. O monitoramento dos índices de infestação e distribuição
do Aedes aegypti, bem como o tipo de recipiente preferencialmente usados pelo vetor como criadouros
são fundamentais para dirigir as ações.
A estratégia central do combate ao vetor deverá ser realizada através das seguintes atividades: manejo
ambiental (saneamento domiciliar); educação em saúde; eliminação física de criadouros e tratamento de
criadouros com larvicidas ou adulticidas, quando indicados.

Fase de Consolidação
Esta fase tem como objetivo consolidar a erradicação do Aedes aegypti. Nela serão desenvolvidas as
atividades da fase de ataque, exceto o tratamento, procurando garantir a eliminação dos resíduos da
infestação, tendo em vista a possibilidade da permanência de ovos em condições de eclodir tardiamente.

Fase de Manutenção (Vigilância)


A vigilância entomológica é a metodologia que será utilizada nesta fase, em todas as localidades
negativas localidades negativas e naquelas inicialmente positivas, onde o vetor foi erradicado em
localidades negativas Nesta fase, serão usadas as armadilhas de oviposição (ovitrampas e larvitrampas)
e inspeções em pontos estratégicos.
Naquelas localidades portuárias que mantenham intercâmbio com áreas infestadas por meio de
embarcações, serão implantados, além de armadilhas e pontos estratégicos, também o serviço marítimo
ou fluvial e o serviço portuário. O trabalho de vigilância tem por objetivo evitar reinfestações das
localidades. Nesse sentido, o trabalho tem que ser permanente.

Considerações Ferais
Localidade É determinada área com um ou mais imóvel com denominação própria e limites naturais
ou artificiais bem definidos, com acesso comum. Exemplo: cidade, vila, povoado, fazenda, sitio e outros.
Sublocalidade: é a área parcial de uma localidade que se deseja particularizar para que seja melhor
operacionalizada ou estudada. Exemplo: bairro, quadra, favela, etc.
Município infestado: é aquele no qual o levantamento de índice detectou a presença do Aedes
aegypti domiciliado.
Município não infestado: é aquele no qual o levantamento de índice não detecta a presença do vetor.
O município infestado passa a ser considerado não infestado quando permanecer pelo menos 12 meses
consecutivos sem a presença do vetor, conforme levantamentos de índice bimensais. A detecção de
Aedes aegypti exclusivamente em pontos estratégicos e armadilhas não caracteriza o município como
infestado.

Serviços Complementares
Nas grandes metrópoles infestadas pelo Aedes aegypti, existem situações peculiares que dificultam
ou impossibilitam a inspeção de 100% dos depósitos pelos agentes da rotina na fase de ataque (LI e
tratamento). É o caso dos depósitos suspensos de difícil acesso (calhas, caixas d’água, bromélias e outros
vegetais que acumulam água), edifícios em construção, grandes ferros-velhos, terrenos baldios, etc.
Considerando que numa campanha de erradicação não pode haver pendência de imóveis nem de
depósitos, o trabalho nestes casos deve ser feito por equipes especiais, de preferência motorizadas, e
equipadas com escadas, cordas, facões, luvas, botas de cano longo, além do material de rotina do agente.
Os itinerários das equipes de serviços complementares serão feitos pelos supervisores das zonas.
Estas equipes só devem atuar quando realmente o trabalho não poder ser feito pelos agentes da rotina.

Tratamento
O combate ao Aedes aegypti pode ser feito também pela aplicação de produtos químicos ou biológicos,
através do tratamento focal, tratamento perifocal e da aspersão aeroespacial de inseticidas em ultrabaixo-
volume (UBV).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


268
Tratamento Focal
Consiste na aplicação de um produto larvicida nos depósitos positivos depósitos positivos para formas
depósitos positivos imaturas de mosquitos, que não possam ser eliminados mecanicamente. No imóvel
com um ou mais depósitos com formas imaturas, todos os depósitos com água que não puderem ser
eliminados serão tratados.
Em áreas infestadas bem delimitadas, desprovidas de fonte de abastecimento coletivo de água, o
tratamento focal deve atingir todos os depósitos de água de consumo vulneráveis à oviposição do vetor.
Os larvicidas utilizado na rotina do PEAa são: PEAa Temephós emephós granulado a 1% (Abate,
Larvin, Larvel e outros), que possui baixa toxicidade (empregado em dose inócua para o homem, mas
letal para as larvas). Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI) que é um inseticida biológico que poderá ser
(BTI) utilizado de maneira rotativa com o temephós, evitando o surgimento de resistência das larvas a
estes produtos.
Metoprene, substância análoga ao hormônio juvenil dos insetos, que atua nas formas imaturas (larvas
e pupas), impedindo o desenvolvimento dos mosquitos para a fase adulta. Eventualmente, o cloreto de
Sódio ou sal de cozinha, em solução a 3%, também poderá ser utilizado como larvicida tanto o temephós
quanto o BTI e o BTI metoprene, são agentes de controle de mosquitos, aprovados pela Organização
Mundial da Saúde para uso em água de consumo humano, por suas caraterísticas de inocuidade para os
mamíferos em geral e o homem.
As regras para o tratamento focal, quanto ao deslocamento e sequência a ser seguida pelo servidor
nos imóveis, são as mesmas mencionadas para a inspeção predial. Inicialmente, tratam-se os depósitos
situados no peridomicílio (frente, lados e fundo do terreno) e, a seguir, os depósitos que se encontram no
interior do imóvel, com a inspeção cômodo a cômodo, a partir do último, sempre da direita para esquerda.

Não serão tratados:


- Latas, plástico, e outros depósitos descartáveis que possam ser eliminados;
- Garrafas, que devem ser viradas e colocadas ao abrigo da chuva;
- Utensílios de cozinha que sirvam para acondicionar e cozer alimentos;
- Depósitos vazios (sem água);
- Aquários ou tanques que contenham peixes;
- Vasos sanitários, caixas de descarga e ralos de banheiros, exceto quando a casa estiver desabitada.

• Bebedouros de animais;
Os bebedouros de animais onde forem encontradas larvas ou pupas devem ser escovados e a água
trocada no máximo a cada cinco dias. Os depósitos com peixes não serão tratados com temephós. Nestes
casos, serão recomendadas aos moradores formas alternativas para o controle de focos, podendo-se
utilizar o BTI e o metoprene.
Os pequenos depósitos como latas vazias, vidros, plásticos, cascas de ovo, de coco, e outros, que
constituem o lixo doméstico, devem ser de preferência acondicionados adequadamente pelos moradores,
para serem coletados pelo serviço de limpeza pública. Caso isso, por algum motivo, não ocorra, devem
ser eliminados pelo agente.
Para evitar que o larvicida se perca nos depósitos que são lavados pelos moradores ou onde a água
está sujeita a constante renovação, como as caixas d’água, cisternas e calhas mal colocadas, ele deve
ser colocado nesses depósitos, envolvido e amarrado em um pano. Este artifício conhecido como boneca
de larvicida vem sendo utilizado em alguns Estados desde a Campanha de Erradicação do Aedes aegypti,
no Pará, em 1967.
Métodos simples para cálculo do volume de depósitos Para que o tratamento focal com larvicida tenha
eficácia assegurada, é necessário que o pessoal de operação saiba determinar com precisão a
quantidade de inseticida a ser aplicada em relação ao volume de água, a fim de se obter a concentração
correta.
No caso do temephós, a concentração é de uma parte por milhão, equivalente a um grama de
ingrediente ativo em um milhão de mililitros de água (1.000 litros). O tratamento com o temephós é feito
de acordo com a capacidade do depósito e não com a quantidade de água existente nele, à exceção de
cisternas ou poços tipo amazônicos (cacimba), cujo tratamento será feito conforme a quantidade de água
existente.
Método n.º 1 - Para calcular o volume de depósitos retangulares V= volume V C= comprimento C L=
largura L H = altura H Exemplo: Supondo que um tanque tenha 120 centímetros de comprimento, 100
Exemplo centímetros de largura e 100 centímetros de altura, fazendo o emprego da fórmula tem-se: V =
120 x 100 x 100 = 1.200.000 centímetros cúbicos (1.200 litros) Desde que se sabe que um litro de água

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


269
ocupa o volume de um decímetro cúbico, devem-se tomar as medidas nessa unidade, facilitando com
isso o cálculo. Ou seja, V = 12 dm x 10 dm x 10 dm = 1.200 decímetros cúbicos ou 1.200 litros.
Método n.º 2 - Para calcular o volume de depósitos cilíndricos Tomam-se as medidas também em
decímetros.
V= volume V K= 0,8 (valor constante) K D²= diâmetro ao quadrado D² H= altura
Exemplo: Supondo que uma cisterna tenha 15 decímetros de diâmetro e 20 Exemplo decímetros de
altura, empregando a fórmula, temos: V= k x (D x D) x H = 0,8 x 15 x 15 x 20 = 3.600 litros.
Método n.º 3 - Para calcular o volume de depósitos triangulares.
V= volume V B= base B L= largura L H= altura H 2= constante.

Este tipo de depósito é encontrado frequentemente em cantos internos de dependências residenciais


ou não, como opção de aproveitamento do espaço formado pela interseção de duas paredes. Exemplo:
Supondo que um depósito de forma triangular tenha 20 decímetros de Exemplo base, 8 decímetros de
largura e 12 decímetros de altura, aplicando-se a fórmula tem-se: V = (20 x 8 x 12)/2 = (160 x 12)/2 = (80
x 12) = 960 decímetros cúbicos (960 litros) Para determinar a altura de uma cisterna, caixa d’água, ou
depósito semelhante, utiliza-se uma vara ou, na falta dela, uma corda ou cordão que atinja o fundo do
depósito. Com um objeto amarrado à ponta, leva-se a corda bem esticada até tocar o fundo e marca-se
o nível da água.

A medida encontrada corresponderá à altura procurada. No caso de cisternas ou poços amazônicos,


a quantidade de temephós é calculada em função do volume de água existente. O diâmetro do depósito
será medido internamente.

Tratamento Perifocal
Consiste na aplicação de uma camada de inseticida de ação residual nas paredes externas dos
depósitos situados em pontos estratégicos, por meio de aspersor manual, com o objetivo de atingir o
mosquito adulto que aí pousar na ocasião do repouso ou da desova.
O tratamento perifocal, em princípio, está indicado para localidades recém-infestadas como medida
complementar ao tratamento focal. É adotado em localidades infestadas apenas em pontos estratégicos
onde é difícil fazer o tratamento focal, como os grandes depósitos de sucata, depósitos de pneus e ferros-
velhos, onde tenham sido detectados focos.

Preparação da carga
Os inseticida atualmente empregados no tratamento perifocal são do grupo dos Piretróides, na
formulação pó molhável e na concentração final de 0,3 % de princípio ativo.

Piretróides
No caso da Cypermetrina, essa concentração será obtida pela adição de uma carga (78 gramas) do
pó molhável a 40 %, em 10 litros d’água. A mistura de inseticida com água deve ser feita diretamente no
equipamento, parceladamente, com o auxílio de bastão agitador.
A sequência da borrifação é a mesma que se segue no tratamento focal, já descrita.

Técnica de Aplicação
Durante o tratamento perifocal são exigidos cuidados no sentido de que o operador esteja protegido e
o inseticida não seja posto em contato com pessoas, pássaros, outros animais domésticos e alimentos.
Não deve ser aplicado na parte interna de depósitos cuja finalidade é armazenar água destinada ao
consumo humano.
São utilizado para o tratamento perifocal os equipamento de aspersão e compressão com capacidade
para dez litros, e bico apropriado (8002).
O equipamento deve ser colocado no ombro esquerdo e o agente coloca-se à frente do depósito a ser
tratado, segurando o sistema de descarga com a mão direita, de maneira que, ao esticar o braço, o bico
fique a uma distância de 45cm da superfície a ser borrifada, com uma velocidade de aplicação que permita
cobrir 22cm de superfície em cada segundo.
De início, deve ser feita a aplicação na parede externa do depósito, de cima para baixo, que continua
em faixas verticais com superposição de 5cm.
É necessário girar o depósito quando seu tamanho o permita ou rodeá-lo da direita para a esquerda
quando for fixo ou demasiadamente grande. Na superfície próxima ao depósito tratado aplica-se o
inseticida até um metro de distância em volta dele.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


270
Depósitos não borrifáveis
Não se borrifarão, em sua face interna, os recipientes que armazenam água para o consumo humano,
como caixas d’água, tonéis, tanques e outros, os quais devem ser mantidos hermeticamente fechados
durante o tratamento. Depósitos expostos a chuvas também não receberão o tratamento perifocal.

Tratamento a Ultrabaixo Volume - UBV


Consiste na aplicação espacial de inseticidas a baixíssimo volume. Nesse método as partículas são
muito pequenas, geralmente se situando abaixo de 30 micras de diâmetro, sendo de 10 a 15 micras de
diâmetro médio, o ideal para o combate ao Aedes aegypti, quando o equipamento for do tipo UBV pesado.
O uso deve ser restrito a epidemias, como forma complementar para promover a rápida interrupção da
transmissão de dengue ou de febre amarela, de preferência associado a mutirão de limpeza e eliminação
de depósitos.
Devido ao reduzido tamanho das partículas, este método de aplicação atinge a superfície do corpo do
mosquito mais extensamente do que através de qualquer outro tipo de pulverização.

Vantagens deste método:


- Redução rápida da população adulta de Aedes;
- Alto rendimento com maior área tratada por unidade de tempo;
- Melhor adesividade das partículas ao corpo do mosquito adulto;
- Por serem as partículas muito pequenas e leves, são carregadas pelo ar, podendo ser lançadas a
distâncias compatíveis com a largura dos quarteirões.

Desvantagens:
- Exige mão-de-obra especializada;
- Sofre influência do vento, chuva e temperatura.
- Pouca ou nenhuma ação sobre as formas imaturas do vetor;
- Ação corrosiva sobre pintura de automóveis, quando o tamanho médio das partículas do inseticida
for superior a 40 micras;
- Necessidade de assistência técnica especializada;
- Elimina outros insetos quando usado de forma indiscriminada;
- Não elimina mais que 80 % dos mosquitos;
- Nenhum poder residual.

O método não deverá ser empregado quando a velocidade do vento for superior a 6 km/hora para que
as partículas aspergidas não sejam transportadas para fora da área objeto de tratamento. Quando a
máquina pulverizadora for do tipo montada sobre veículo, a velocidade deste nunca deve ultrapassar 16
km/hora durante o processo de aplicação. Neste caso, a boquilha do pulverizador deve ser direcionada
para as casas, obedecendo a um ângulo de inclinação de aproximadamente 45 graus, com vazão
regulada de acordo com o inseticida utilizado e velocidade do veículo.
Durante a aplicação o agente evitará o contato do inseticida com os olhos e demais partes do corpo;
não tratará o interior de fábricas, depósitos ou armazéns que contenham alimentos; não fará aplicação
em áreas com plantações de verduras, cereais, frutas.
Deverá ter cuidado especial para que as máquinas estejam bem reguladas de modo que produzam
partículas que não manchem pinturas de carro, mármores e outras. Deverá cuidar ainda para que o local
de limpeza das máquinas seja sempre em áreas distantes de rios, córregos ou locais que tenham animais,
evitando-se, assim, envenenamento ou a poluição do ambiente.
O tratamento pelo método UBV deve ser feito em ciclos semanais para que sejam atingidos os adultos
provenientes de ovos e larvas remanescentes. Recomenda-se que o tratamento seja feito em uma
cobertura completa na área selecionada, no menor espaço de tempo possível, repetindo-se o tratamento
na semana seguinte.
A UBV portátil vem sendo utilizada como forma complementar a UBV pesada, principalmente nas áreas
de difícil acesso, como favelas, e são utilizados os seguintes equipamentos na aplicação de inseticidas
por UBV portátil.

Nebulizador
- Portátil;
- Motorizado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


271
Recomendações

Quanto ao manuseio de inseticidas e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)


O combate ao Aedes aegypti e Aedes albopictus envolve algumas vezes o controle químico mediante
o uso de produtos inseticidas que pertencem ao grupo dos organofosforados e dos piretróides.
Evidentemente, o manuseio desses inseticidas implica cuidados que visam à prevenção de acidentes,
bem como à manutenção da saúde do trabalhador que, por necessidade de manipulação, mantém contato
direto com tais produtos.

A manipulação dos inseticidas requer:


- Em relação ao uso de temephós, é recomendado que seja evitado o contato prolongado direto do
inseticida com a pele;
- O inseticida deve ser transportado sempre em sacos plásticos, até o momento da aplicação; • em
relação ao uso de piretróides e organofosforados, PM ou GT-UBV, os aplicadores devem evitar o contato
direto do produto com a pele, na formulação original ou diluída;
- No caso do inseticida em pó molhável, ele deve ser transportado sempre em sacos plásticos, até o
momento da diluição;
- Na pesagem para preparação da carga, deve ser evitado o contato direto com a pele e olhos,
utilizando-se, para isso, equipamentos de segurança, a serem fornecidos pela instituição responsável
pela operação: uniforme com mangas longas, máscara com filtro, óculos, capacete, luvas e botas;
- Como medida de segurança, recomenda-se que mulheres gestantes evitem trabalhar com inseticidas,
devendo, nesse período, serem aproveitadas em outras atividades.

Em relação ao trabalho com inseticidas ultrabaixo-volume, são recomendados os seguintes cuidados:


- Não fumar ou comer (qualquer alimento) durante a aplicação;
- Usar equipamento de segurança individual (EPI, conforme descrito);
- Evitar qualquer contato com o inseticida e, se isto acontecer acidentalmente, lavar o local
imediatamente com água e sabão, trocar o uniforme e tomar banho após cada etapa do trabalho (no fim
do expediente da manhã e da tarde);
- Usar uniforme limpo, bem como os acessórios de segurança já referidos. O uniforme deverá ser
lavado diariamente com água e sabão.

A Colinesterase é a enzima responsável pela hidrólise (destruição) da acetilcolina.


Esta encontra-se presente nas sinapses (terminações nervosas), servindo como mediadora química
da transmissão de impulsos nervosos através de fibras pré-ganglionares parassimpáticas e pós-
ganglionares simpáticas.
A acetilcolina, quando em excesso, é prejudicial. Para evitar isso, a colinesterase sanguínea quebra a
acetilcolina quase instantaneamente, inativando-a, à medida que ela vai sendo elaborada. Essa reação
química dá origem à colina e ao ácido acético, ambos inofensivos para o organismo.
Existem dois tipos de colinesterases: acetilcolinesterase ou colinesterase verdadeira (eritrocitária)
existente nas hemácias, no tecido nervoso e nos músculos estriados, sendo essa a de maior importância
na destruição da acetilcolina; e a pseudocolinesterase ou inespecífica, presente em quase todos os
tecidos, principalmente no fígado, no plasma, pâncreas e no intestino delgado e em menor concentração
no sistema nervoso central e periférico.
A pseudocolinesterase encontrada no soro diminui antes daquela encontrada nas hemácias, sendo
portanto, indicador biológico da exposição a inseticidas organofosforados.
Os inseticidas organofosforados e carbamatos são poderosos inibidores da colinesterase, sendo os
organofosforados muito utilizados atualmente em saúde pública, em especial pelo PEAa.
Com objetivo de garantir a proteção da saúde dos manipuladores desses inseticidas, os convênios do
PEAa que estão sendo celebrados atualmente com Estados e Municípios contêm cláusula em que se
comprometem a garantir aos manipuladores desses produtos exames periódicos e uso de equipamento
de proteção individual (EPI).
A colinesterase pode sofrer alterações com diminuição da sua concentração basal em pessoas que
são expostas constantemente a esses inseticidas.
Os valores da colinesterase podem sofrer diminuição também em pacientes portadores de alguma
doença hepáticas (hepatite viral, doença amebiana, cirrose, carcinomas, congestão hepática por
insuficiência cardíaca), desnutrição, infecções agudas, anemias, infarto do miocárdio e dermatomiosite e
alcoolismo.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


272
Considerando que os níveis basais da colinesterase sofrem variações de uma pessoa para outra, é
importante realizar o teste basal (pré-exposição) antecipadamente nas pessoas que irão ter contato com
organofosforados e carbamatos.
A dosagem periódica da colinesterase sanguínea em manipuladores desses inseticidas é obrigatória,
devendo ser realizada no mínimo a cada seis meses, podendo reduzir-se este período a critério do médico
coordenador ou do médico agente da inspeção de trabalho ou, ainda, mediante negociação coletiva de
trabalho.
A FUNASA/MS, através do seu serviço médico, definiu que a periodicidade dos exames deverá ser
quinzenal, e, para cada resultado encontrado, haverá um procedimento que vai desde o afastamento
temporário até o definitivo afastamento das atividades com inseticidas. A avaliação dos resultados
depende do kit em uso.
Atualmente, existem dois testes de campo: um que determina a atividade colinesterásica e o outro a
sua inibição e kits espectrofotométricos. Tais resultados devem ser correlacionados com os antecedentes
patológicos do paciente.
Finalmente, o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e o apropriado manuseio desses
inseticidas constituem medidas de suma importância na prevenção da saúde do trabalhador. Nesse
sentido, constituirão objeto de permanente preocupação por parte dos responsáveis pela programação e
execução do combate ao Aedes aegypti as normas regulamentadoras de prevenção e controle da saúde
dos grupos ocupacionais incumbidos das atividades descritas.

Controle biológico e manejo ambiental


O controle de vetores em uma concepção atualizada procura contemplar ideias de integração de
métodos e estratégias. Entende-se dentro desse princípio que se devem trabalhar racionalmente diversos
métodos dentro de um enfoque ecológico.
No combate ao Aedes aegypti, o PEAa procura trabalhar essa abordagem juntamente com a
concepção da descentralização. Nesse contexto, são abordadas de maneira sucinta algumas formas de
manejo, principalmente de manejo ambiental e biológico.

Controle biológico
O controle biológico existe na natureza, reduzindo naturalmente a população de mosquitos através da
predação, do parasitismo, da competição e de agentes patógenos que produzem enfermidades e toxinas.
Atualmente, existem pesquisas no sentido de utilizar o controle biológico, que teria a grande vantagem
de minimizar os danos ambientais que os inseticidas comuns podem causar. Algumas pesquisas estão
sendo feitas com base no uso de algumas espécies predadoras (peixes larvófagos, copépodos), parasitas
(nematóides) e patógenos (protozoários microsporídios, Bacillus produtores de toxinas, fungos e vírus).
Estes últimos, agem como inseticidas de natureza biológica, padrão que foge ao mecanismo clássico
da regulação biológica. Nessa concepção de larvicidas biológicos, temos hoje produtos comerciais à base
de Bacillus thuringiensis sub.sp. israelensis (Bti), com boa atividade contra larvas de Bti Aedes e o Bacillus
sphaericus, para larvas de Anopheles e Culex.
Ambos apresentam boa atividade contra larvas de várias espécies de culicíneos. Apesar dos avanços
nessa área de controle, ainda há muitos impedimentos quanto ao uso desses métodos em grande escala
na prática operacional de rotina, considerando os custos, o baixo efeito residual, e a intolerância à
exposição direta da luz solar.
O uso de peixes larvófagos tem sido difundido em várias partes do mundo no controle de doenças
como a malária e o dengue, além de outras doenças ou incômodos também causados por mosquitos.
Espécies apropriadas de peixes apresentam usualmente as seguintes características:
- Preferência por larvas de mosquitos maior do que outros tipos de alimentos localizados na superfície
da agua;
- Tamanho reduzido para permitir o acesso superficial na água e penetração entre a vegetação;
- Tolerância à poluição, salinidade, temperatura variáveis e transporte. Para esse fim, devem ser
utilizados peixes originários da região onde o controle é realizado. São exemplos: Peixes do gênero
Poeciliidae e Cyprinodontidae. Algumas dessas espécies têm sido usadas com sucesso em vários países
(Gambusia affinis) e o Guppy (Poecilia reticulata). O Gambusia é muito eficiente em água limpa enquanto
o Poecilia (lebiste) tolera altas temperaturas e pode ser usado com sucesso em águas poluídas
organicamente.

Manejo Ambiental
Um componente importante mas frequentemente pouco valorizado no combate aos vetores é o manejo
do ambiente, não apenas através daquelas ações integradas à pesquisa de focos e tratamento químico,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


273
tal como a eliminação e remoção de criadouros no ambiente domiciliar, mas, também, pela coleta do lixo
urbano regular ou através de mutirões de limpeza, o que, na prática, tem sido feito apenas na vigência de
epidemias.
O armazenamento, coleta e disposição final dos resíduos sólidos, visando ao êxito no combate vetorial,
compreende três aspectos: a redução dos resíduos, acompanhada pela sua reciclagem ou reutilização,
a coleta dos resíduos e a sua correta disposição final. O trabalho educativo com vistas a difundir junto à
população noções acerca do saneamento domiciliar e do uso correto dos recipientes de armazenamento
de água, é também de fundamental importância.
Recipientes como caixas d’água, tonéis e tanques, devem ser mantidos hermeticamente fechados, à
prova de mosquitos. Caso isso não seja possível naquele momento, o agente deverá escovar as paredes
internas do reservatório, com vistas a remoção de ovos por ventura aí existentes.
Outros recipientes ou objetos existentes nos domicílios, peridomicílios e pontos estratégicos, devem
merecer atenção dos agentes de saúde e dos moradores, pois podem servir de criadouros importantes
para o Aedes aegypti.

Por exemplo:
- As calhas devem ser desobstruídas periodicamente e mantidas com inclinação adequada para o
escoamento da água;
- Cavidades em muros, pedras, arvores, etc., devem ser tampadas com barro ou cimento, de modo a
evitar que coletem água;
- Fragmentos de vidros (gargalos e fundos de garrafas) fixados em cima de muros, devem ser
preenchidos com barro ou areia grossa;
- As bromélias e outros vegetais que acumulam água entre as folhas devem ser eliminados;
-As floreiras existentes nos cemitérios (ponto estratégico), devem ser furadas por baixo, ou
preenchidas com areia grossa.

Questões

01. (Prefeitura Mun de Quixadá/CE - Agente de Combate de Endemias- SERCTRAN) Atua por
contato com o inseto e consiste na aplicação de grandes partículas do inseticida que ofereça estabilidade
química. O objetivo é atingir o mosquito adulto que pousar na área tratada. O texto se refere a que tipo
de tratamento de vetores da dengue?
(A) Habitual.
(B) Espacial.
(C) Focal.
(D) Local.
(E) Residual.

02. (Prefeitura de Parnarama/MA - Agente de Endemias- NUCEPE) Quanto aos criadouros de


insetos envolvidos em doenças endêmicas, o Aedes aegypti deposita seus ovos preferencialmente em
(A) recipientes com água limpa.
(B) caixas d’água fechadas.
(C) água limpa contendo hipoclorito de sódio.
(D) recipientes com simetria volumétrica.
(E) Reservatórios poluídos, com dejetos e muita matéria orgânica.

03. (Prefeitura de Fronteira/MG - Agente de Combate a Endemias- Máxima) O combate do Aedes


aegypti constitui um grave problema de saúde pública. Sobre as fases da evolução do mosquito, é
CORRETO afirmar:
(A) Na fase "pupa" ocorre alimentação e o crescimento e acontece nos recipientes com água que se
transformam em criadouros.
(B) A larva é composta de cabeça, tórax e abdome e possui um sifão para a sua respiração,
necessitando vir à superfície da água para respirar.
(C) Os ovos não são capazes de resistir à dessecação, por isso se recomenda colocar terra no pratinho
dos vasos de plantas.
(D) Na fase "larva" o Aedes permanece na superfície da água e esta fase dura cerca de 3 dias.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


274
Gabarito

01.E / 02.A / 03.B

Comentários

01. Resposta: E
O tratamento perifocal consiste na aplicação de uma camada de inseticida de ação residual nas
paredes externas dos depósitos situados em pontos estratégicos, por meio de aspersor manual, com o
objetivo de atingir o mosquito adulto que aí pousar na ocasião do repouso ou da desova.

02. Resposta: A
A oviposição se dá mais frequentemente no fim da tarde. A fêmea grávida é atraída por recipientes
escuros ou sombreados, com superfície áspera, nas quais deposita os ovos. Prefere água limpa e
cristalina ao invés de água suja ou poluída por matéria orgânica.

03. Resposta: B
A larva do Aedes aegypti é composta de cabeça, tórax e abdômen. O abdômen é dividido em oito
segmentos. O segmento posterior e anal do abdômen tem quatro brânquias lobuladas para regulação
osmótica e um sifão ou tubo de ar para a respiração na superfície da água. O sifão é curto, grosso e mais
escuro que o corpo. Para respirar, a larva vem à superfície, onde fica em posição quase vertical.
Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um S em seu deslocamento. É sensível a movimentos
bruscos na água e, sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do recipiente
(fotofobia).

DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA676869

A vigilância epidemiológica tem como finalidade fornecer subsídios para execução de ações de
controle de doenças e agravos (informação para a ação) e, devido a isso, necessita de informações
atualizadas sobre a ocorrência dos mesmos. A principal fonte destas informações é a notificação de
agravos e doenças pelos profissionais de saúde.
A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis
pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente. Ela será realizada
diante da suspeita ou confirmação de doença ou agravo (dano) em paciente.
A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória à autoridade
de saúde competente também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou
privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e
instituições de pesquisa. Ela também pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que
deles tenha conhecimento.
A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo
serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas
desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
A notificação compulsória semanal será feita à Secretaria de Saúde do Município do local de
atendimento do paciente com suspeita ou confirmação de doença ou agravo de notificação compulsória.

Conceitos

Agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias
nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões
decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus tratos, e lesão autoprovocada.
Autoridades de saúde: o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal
e Municípios, responsáveis pela vigilância em saúde em cada esfera de gestão do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Doença: enfermidade ou estado clínico, independente de origem ou fonte, que represente ou possa
representar um dano significativo para os seres humanos.

67
http://www.saude.curitiba.pr.gov.br/vigilancia/epidemiologica/notificacao-de-doencas-e-agravos.html
68
http://www.saude.df.gov.br/notificacao-compulsoria/
69
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0004_03_10_2017.html

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


275
Epizootia: doença ou morte de animal ou de grupo de animais que possa apresentar riscos à saúde
pública.
Evento de saúde pública (ESP): situação que pode constituir potencial ameaça à saúde pública,
como a ocorrência de surto ou epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no padrão
clínico epidemiológico das doenças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, a magnitude,
a gravidade, a severidade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como epizootias ou agravos
decorrentes de desastres ou acidentes.
Notificação compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos,
profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, sobre a
ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, podendo ser
imediata ou semanal.
Notificação compulsória imediata (NCI): notificação compulsória realizada em até 24 (vinte e quatro)
horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença, agravo ou evento de saúde pública, pelo meio
de comunicação mais rápido disponível.
Notificação compulsória semanal (NCS): notificação compulsória realizada em até 7 (sete) dias, a
partir do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo.
Notificação compulsória negativa: comunicação semanal realizada pelo responsável pelo
estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, informando que na semana epidemiológica não foi
identificado nenhuma doença, agravo ou evento de saúde pública constante da Lista de Notificação
Compulsória.
Vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada a partir de estabelecimento de saúde estratégico
para a vigilância de morbidade, mortalidade ou agentes etiológicos de interesse para a saúde pública,
com participação.

Lista Nacional de Notificação Compulsória

Periodicidade de notificação
DOENÇA OU AGRAVO Imediata (até 24

(Ordem alfabética) horas) para* Semanal*
MS SES SMS
a. Acidente de trabalho com exposição a material biológico X
1 b. Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e
X
adolescentes
2 Acidente por animal peçonhento X
3 Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva X
4 Botulismo X X X
5 Cólera X X X
6 Coqueluche X X
a. Dengue - Casos X
7
b. Dengue - Óbitos X X X
8 Difteria X X
9 Doença de Chagas Aguda X X
10 Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) X
a. Doença Invasiva por "Haemophilus Influenza" X X
11
b. Doença Meningocócica e outras meningites X X
Doenças com suspeita de disseminação intencional:
a. Antraz pneumônico
12 X X X
b. Tularemia
c. Varíola
Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes:
a. Arenavírus
b. Ebola
13 X X X
c. Marburg
d. Lassa
e. Febre purpúrica brasileira
a. Doença aguda pelo vírus Zika X
14 b. Doença aguda pelo vírus Zika em gestante X X
c. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika X X X

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


276
15 Esquistossomose X
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à
16 X X X
saúde pública (ver definição no art. 2º desta portaria)
17 Eventos adversos graves ou óbitos pós-vacinação X X X
18 Febre Amarela X X X
a. Febre de Chikungunya X
19 b. Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão X X X
c. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya X X X
20 Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância
X X X
em saúde pública
21 Febre Maculosa e outras Riquetisioses X X X
22 Febre Tifoide X X
23 Hanseníase X
24 Hantavirose X X X
25 Hepatites virais X
HIV/AIDS - Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana
26 X
ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e
27 X
Criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV
28 Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) X
29 Influenza humana produzida por novo subtipo viral X X X
Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo
30 X
agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados)
31 Leishmaniose Tegumentar Americana X
32 Leishmaniose Visceral X
33 Leptospirose X
a. Malária na região amazônica X
34
b. Malária na região extra Amazônica X X X
Óbito:
35 a. Infantil X
b. Materno
36 Poliomielite por poliovírus selvagem X X X
37 Peste X X X
38 Raiva humana X X X
39 Síndrome da Rubéola Congênita X X X
Doenças Exantemáticas:
40 a. Sarampo X X X
b. Rubéola
Sífilis:
a. Adquirida
41 X
b. Congênita
c. Em gestante
42 Síndrome da Paralisia Flácida Aguda X X X
Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a
Coronavírus
43 X X X
a. SARS-CoV
b. MERS- CoV
Tétano:
44 a. Acidental X
b. Neonatal
45 Toxoplasmose gestacional e congênita X
46 Tuberculose X
47 Varicela - caso grave internado ou óbito X X
a. Violência doméstica e/ou outras violências X
48
b. Violência sexual e tentativa de suicídio X
* Informação adicional:
Notificação imediata ou semanal seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS;
Legenda: MS (Ministério da Saúde), SES (Secretaria Estadual de Saúde) ou SMS (Secretaria Municipal de Saúde);
A notificação imediata no Distrito Federal é equivalente à SMS.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


277
Questões

01. (IPRED/SP - Assistente Social - Délasus Concursos/2018) Em relação às doenças de


notificação compulsória, assinale a opção correta:
(A) As Secretarias Estaduais de Saúde estabelecem a Lista Nacional de Notificação Compulsória de
doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o
território nacional.
(B) A ocorrência de suspeita ou confirmação de eventos de saúde pública, doenças e agravos listados
na Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, são de comunicação opcional à autoridade de saúde.
(C) O botulismo é uma doença de notificação compulsória.
(D) A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável
pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 72 (setenta e duas)
horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
(E) Não é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua
região.

02. (Prefeitura de Juiz de Fora/MG - Enfermeiro - AOCP/2018) O enfermeiro deve estar atento a
algumas doenças que são de notificação compulsória, a fim de que se possa ter um controle e
rastreamento adequado dessas doenças. Referente ao exposto, são doenças de notificação compulsória:
(A) Hanseníase e Giardíase.
(B) Tuberculose e Lúpus.
(C) Hantavirose e Hanseníase.
(D) Hepatite A e Giardíase.
(E) Sífilis e Herpes labial.

03. (UFAL - Enfermeiro – COPEVE/UFAL/2018) O Ministério da Saúde, por meio da Vigilância


Epidemiológica, publica regularmente boletins de acesso público para os casos de monitoramento e
investigação de doenças específicas sazonais. Os profissionais de saúde devem conhecer e identificar
as doenças de notificação compulsória pelos agravos e eventos consequente à saúde pública. São
doenças de notificação compulsória:
I. dengue; II. esquistossomose; III. doença aguda pelo vírus Zika; IV. febre amarela.
Dos itens, verifica-se que está(ão) correto(s)

(A) I, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

04. (COPASA - Técnico Enfermeiro Trabalho - FUMARC/2018) A Vigilância Epidemiológica


desencadeia suas atividades a partir da ocorrência de um evento sanitário de caso suspeito ou confirmado
de doença sob vigilância. São fontes de dados para a suspeição de casos de Doenças de Notificação
Compulsória, EXCETO:
(A) Apenas hospitais e ambulatórios públicos.
(B) Declarações de óbitos e resultados de exames laboratoriais.
(C) Estudos epidemiológicos especiais.
(D) Investigações epidemiológicas.

05. (UFG - Enfermeiro - CS/UFG/2018) A notificação às autoridades de saúde dos itens presentes na
Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública,
(A) é privativa do médico responsável pelo atendimento, a fim de evitar a quebra de sigilo profissional.
(B) é realizada semanalmente, pois se trata de um dado destinado ao controle estatístico de longo
prazo.
(C) deve ser realizada para os casos confirmados com o intuito de não gerar dados falsos que
dificultem a análise de cada situação.
(D) é obrigatória para estabelecimentos de saúde pública e privada, inclusive instituições educacionais,
de cuidado coletivo, serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de pesquisa.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


278
Gabarito

01.C / 02.C / 03.E / 04.A / 05.D

Comentários

01. Resposta: C
O botulismo é uma doença de notificação compulsória conforme consta na Lista Nacional de
Notificação Compulsória, sendo sua notificação imediata até 24 horas para o MS (Ministério da Saúde),
SES (Secretaria Estadual de Saúde) ou SMS (Secretaria Municipal de Saúde).

02. Resposta: C
A hanseníase e a hantavirose, ambas fazem parte das doenças de notificação compulsória conforme
consta na “Lista Nacional de Notificação Compulsória”. A hantavirose possui notificação imediata até 24
horas para o MS (Ministério da Saúde), SES (Secretaria Estadual de Saúde) ou SMS (Secretaria
Municipal de Saúde), e a hanseníase a notificação é semanal.

03. Resposta: E
Conforme consta na Lista Nacional de Notificação Compulsória as doenças :dengue;
esquistossomose; doença aguda pelo vírus Zika e febre amarela.

04. Resposta: A
A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis
pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente. Ela será realizada
diante da suspeita ou confirmação de doença ou agravo (dano) em paciente.
A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória à autoridade
de saúde competente também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou
privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e
instituições de pesquisa. Ela também pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que
deles tenha conhecimento.

05. Resposta: D
A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória à autoridade
de saúde competente também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou
privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e
instituições de pesquisa. Ela também pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que
deles tenha conhecimento.

8.4. Programa de assistência integrada a saúde da criança, mulher, homem,


adolescente e idoso

Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC)70

Este programa objetiva criar condições para o atendimento à saúde da criança de zero a cinco anos.
A ênfase do programa é dada à atenção àquelas crianças consideradas como grupo de risco de adoecer
e morrer, visando a reduzir essas condições através da melhoria da qualidade da assistência, tentando
aumentar o número de crianças atendidas nos serviços de saúde pertencentes ao Sistema Único de
Saúde.
O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Materno Infantil e em conjunto com outros órgãos
nacionais e internacionais, tem avaliado periodicamente o cumprimento das Metas da Cúpula Mundial em
Favor da Infância. Dentre essas metas, para o ano de 2000, foi estabelecida a redução da mortalidade
infantil, principalmente dos menores de cinco anos, por doenças diarreicas e pelas infecções respiratórias
agudas.
Conforme dados da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (1996), algumas ações têm
contribuído para a redução das taxas de mortalidade, como o aumento do número de domicílios

70
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad8.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


279
abastecidos com água, o Programa de Saúde Materno-Infantil, cuja atenção está voltada para o pré-natal,
parto e puerpério e as campanhas de vacinação.
Entretanto, constata-se que a redução se deu em partes das áreas urbanas. A área rural e outras
também carentes de serviços de atenção primária (saúde, educação e saneamento) permanecem em
condições ainda muito precárias. Nessas áreas a mortalidade infantil ainda é muito alta (207 para 1000
nascidos vivos), devido à falta de acompanhamento às mães no pré-natal e durante o parto.
As condições nutricionais infantis também são precárias. A desnutrição provocada pela falta de
proteínas e calorias acomete um grande número de crianças, principalmente na região Nordeste, onde
em 1996 existia o maior contingente de desnutridos do país.
Também a anemia ferropriva, as doenças provocadas pela falta de iodo (bócio) e a carência de
vitamina A (cegueira noturna, retardo do crescimento, esmalte dentário defeituoso, pele grossa) são
problemas que afetam a saúde de nossas crianças.
Ainda podemos citar a existência de projetos em parceria com a sociedade civil, por exemplo, o
Programa Comunidade Solidária. Esses projetos objetivam intensificar os programas já instituídos pelo
governo federal.
A luta contra a mortalidade infantil é uma das metas principais, a ênfase é dada às áreas mais pobres,
por intermédio da articulação com outros setores como educação, agricultura, saneamento, segurança
alimentar e meio ambiente.
O Programa dos Agentes Comunitários de Saúde e a Pastoral da Criança têm contribuído para a
divulgação da terapia de reidratação oral, utilizada com eficácia no combate à desidratação ocasionada
por diarreias, o que mata muitas de nossas crianças.
É necessário destacar o trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança em prol da qualidade de vida
da criança brasileira. Esse serviço tem incentivado a alimentação enriquecida, fazendo com que mães e
outras pessoas da comunidade aprendam como aproveitar alimentos que, em geral, são desperdiçados.
São preparadas e servidas às crianças diagnosticadas como desnutridas, receitas variadas feitas com
folhas de diversos tipos, sementes de casca de alimentos, casca de ovos e outras disponíveis na própria
comunidade.
Essa alimentação é conhecida como multimistura e tem recuperado, com sucesso, crianças em estado
de extrema desnutrição, por fornecer uma gama de orientações que auxiliam na redução dos índices de
morbimortalidade infantil.
Paralelamente à erradicação da poliomielite no ano de 1994, observa-se um aumento do número de
casos de crianças acometidas por sarampo, tuberculose e outras doenças preveníveis por vacina.
Isso demonstra que os governos instituídos têm muito ainda a realizar em prol da população, com a
ajuda da sociedade civil.
As ações já colocadas em prática precisam ser intensificadas, mas, principalmente, é necessário e
urgente melhorar as condições de vida da população brasileira, com oferta de emprego, distribuição de
terra, saúde e educação, para que, desse modo, as famílias possam prover seu sustento e exercer sua
cidadania.

Rede Amamenta Brasil71


É uma estratégia de promoção, proteção e apoio à prática do aleitamento materno na Atenção Básica,
por meio de revisão e supervisão do processo de trabalho interdisciplinar nas unidades básicas de saúde,
apoiada nos princípios da educação permanente em saúde, respeitando a visão de mundo dos
profissionais e considerando as especificidades locais e regionais.

Direitos da Criança e do Adolescente


Os direitos das crianças e dos adolescentes estão assegurados mundialmente pela convenção dos
direitos humanos e pelos protocolos facultativos reafirmados pelo Brasil na constituição federal (1988) e
no Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (Lei nº 8.069/1990), bem como em políticas setoriais do
governo referentes à área de saúde.
Esses direitos estão ameaçados em virtude da violência que é difundida em todo o tecido social,
causando grande impacto na saúde da população, além de altos custos econômicos e sociais para o
estado e para as famílias, com anos potenciais de vida perdidos.

71
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_materiais_infomativos.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


280
SAÚDE DA CRIANÇA

A criança72 é um ser humano em pleno desenvolvimento. As experiências vividas nos primeiros anos
de vida são fundamentais para a formação do adulto que ela será no futuro. Por isso, é muito importante
que a criança cresça em um ambiente saudável, cercada de afeto e com liberdade para brincar.
A criança deve ter seu crescimento e desenvolvimento acompanhados regularmente pela equipe da
Unidade Básica de Saúde mais próxima de onde mora.
Para cuidar da criança, educar e promover sua saúde e seu desenvolvimento integral, é importante a
parceria entre os pais, a comunidade e os profissionais de saúde, de assistência social e de educação.
É importante estimular desde cedo o desenvolvimento da criança para que ela adquira autoconfiança,
autoestima e desenvolva capacidade de relacionar-se bem com outras crianças, com a família e com a
comunidade. Desse modo, terá maior possibilidade de tornar-se um adulto bem adaptado socialmente.
Vigiar o desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida é de fundamental importância, pois é
nesta etapa da vida extrauterina que o tecido nervoso mais cresce e amadurece, estando, portanto, mais
sujeito aos agravos. Devido a sua grande plasticidade, é também nesta época que a criança melhor
responde aos estímulos que recebe do meio ambiente e às intervenções, quando necessárias.
A primeira infância é o período que vai desde a concepção do bebê até os 6 anos de idade. Pesquisas
têm demonstrado que essa fase é extremamente sensível para o desenvolvimento do ser humano, pois
é quando ele forma toda a sua estrutura emocional e afetiva e desenvolve áreas fundamentais do cérebro
relacionadas à personalidade, ao caráter e à capacidade de aprendizado.
A ciência tem comprovado que as experiências vividas na Primeira Infância, desde o período de
gestação, influenciam diretamente na formação do adulto que a criança será no futuro. Essa fase é uma
janela de oportunidades para que o indivíduo desenvolva todo o seu potencial. Nos primeiros anos de
vida, a arquitetura do cérebro começa a se formar.
Esse processo continua ao longo do tempo, moldado pelas experiências positivas ou negativas vividas
e compartilhadas, principalmente, com seus pais, parentes e cuidadores em geral. Por isso, a proteção é
essencial: problemas graves logo no início da vida, como violência familiar, negligência e desnutrição,
podem interferir no desenvolvimento saudável do cérebro.
Por outro lado, o estímulo adequado gera benefícios, que vão desde o aumento da aptidão intelectual,
que favorece o acompanhamento escolar e diminui os índices de repetência e evasão, até a formação de
adultos preparados para aprender a lidar com os desafios do cotidiano.
A primeira infância, de zero a 6 anos, é um período muito importante para o desenvolvimento mental
e emocional e de socialização da criança.
É fundamental estimular bem a criança nessa fase, para que ela tenha uma vida saudável e possa
desenvolver-se bem na infância, na adolescência e na vida adulta. Acompanhe o desenvolvimento da
criança com o profissional de saúde. Se achar que algo não vai bem, não deixe de alertá-lo para que
possa examiná-la melhor.

Toda criança tem direito a:


- Ser registrada gratuitamente;
- Realizar o teste do pezinho entre o 3º e o 5º dia de vida;
- Ter acesso a serviços de saúde de qualidade;
- Ter acesso à escola pública e gratuita perto do lugar onde mora;
- Receber gratuitamente as vacinas indicadas no calendário básico de vacinação;
- Ter direito de viver intensamente a infância;
- Ter acesso à água potável e alimentação adequada;
- Ser acompanhada em seu crescimento e desenvolvimento;
- Ser acompanhada pelos pais durante a internação em hospitais;
- Viver em um lugar limpo, ensolarado e arejado;
- Ter oportunidade de brincar e aprender;
- Viver em ambiente afetuoso e sem violência.

Do nascimento até 2 meses de idade


- Para que o bebê se desenvolva bem, é necessário, antes de tudo, que seja amado e desejado pela
sua família e que esta tente compreender seus sentimentos e satisfazer suas necessidades. A ligação
entre a mãe e o bebê é muito importante neste início de vida; por isso, deve ser fortalecida;

72
http://saude.gov.br/saude-de-a-z/crianca

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


281
- Converse com o bebê, buscando contato visual (olhos nos olhos). Não tenha vergonha de falar com
ele de forma carinhosa, aparentemente infantil. É desse modo que se iniciam as primeiras conversas.
Lembre-se de que o bebê reconhece e se acalma com a voz da mãe. Nessa fase, o bebê se assusta
quando ouve sons ou ruídos inesperados e altos;
- Preste atenção no choro do bebê. Ele chora de jeito diferente dependendo do que está sentindo:
fome, frio/calor, dor, necessidade de aconchego;
- Estimule o bebê mostrando-lhe objetos coloridos a uma distância de mais ou menos 30cm;
- Para fortalecer os músculos do pescoço do bebê, deite-o com a barriga para baixo e chame sua
atenção com brinquedos ou chamando por ele, estimulando-o a levantar a cabeça. Isto o ajudará a
sustentá-la.

2 a 4 meses
- Brinque com o bebê conversando e olhando para ele;
- Ofereça objetos para ele pegar, tocar com as mãos;
- Coloque o bebê de bruços, apoiado nos seus braços, e brinque com ele, conversando ou mostrando-
lhe brinquedos à sua frente;
- Observe que o bebê brinca com a voz e tenta “conversar”, falando “aaa, qqq, rrr”.

4 a 6 meses
- Ao oferecer algo para o bebê (comida, brinquedo etc.), espere um pouco para ver sua reação. Com
isso, ele aprenderá a expressar aceitação, prazer e desconforto;
- Acostume o bebê a dormir mais à noite;
- Ofereça brinquedos a pequenas distâncias, dando a ele a chance de alcançá-los;
- Proporcione estímulos sonoros ao bebê, fora do seu alcance visual, para que ele tente localizar de
onde vem o som, virando a cabeça;
- Estimule-o a rolar, mudando de posição (de barriga para baixo para barriga para cima). Use objetos
e outros recursos (brinquedos, palmas etc.).

6 a 9 meses
- Dê atenção à criança demonstrando que está atento aos seus pedidos. Nesta idade, ela busca
chamar a atenção das pessoas, procurando agradá-las e obter a sua aprovação;
- Dê à criança brinquedos fáceis de segurar, para que ela treine passar de uma mão para a outra;
- Converse bastante com a criança, cante, use palavras que ela possa repetir (dadá, papá etc.). Ela
também pode localizar de onde vem o som;
- Coloque a criança no chão (esteira, colchonete) estimulando-a a se sentar, se arrastar e engatinhar.

9 meses a 1 ano
- Brinque com a criança com músicas, fazendo gestos (bater palmas, dar tchau etc.), solicitando sua
resposta;
- Coloque ao alcance da criança, sempre na presença de um adulto, objetos pequenos como tampinhas
ou bolinha de papel pequena, para que ela possa apanhá-los, usando o movimento de pinça (dois
dedinhos). Muito cuidado para que ela não coloque esses objetos na boca, no nariz ou nos ouvidos;
- Converse com a criança e use livros com figuras. Ela pode falar algumas palavras como (mamã,
papá, dá) e entende ordens simples como “dar tchau”;
- Deixe a criança no chão para que ela possa levantar-se e andar se apoiando.

1 ano a 1 ano e 3 meses


- Seja firme e claro com a criança, mostrando-lhe o que pode e o que não pode fazer;
- Afaste-se da criança por períodos curtos, para que ela não tenha medo da sua ausência;
- Estimule o uso das palavras em vez de gestos, usando rimas, músicas e sons comumente falados;
- Ofereça à criança objetos de diversos tamanhos, para que ela aprenda a encaixar e retirar um objeto
do outro;
- Crie oportunidades para ela se locomover com segurança, para aprender a andar sozinha.

1 ano e 3 meses a 1 ano e 6 meses


- Continue sendo claro e firme com a criança, para que ela aprenda a ter limites;
- Conte pequenas histórias, ouça música com a criança e dance com ela;
- Dê ordens simples, como “dá um beijo na mamãe”, bate palminha;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


282
- Dê à criança papel e giz de cera (tipo estaca, grosso) para que ela inicie os seus rabiscos. Isto
estimula a sua criatividade;
- Crie oportunidades para a criança andar não só para frente como também para trás (puxando carrinho
etc.).

1 ano e 6 meses a 2 anos


- Estimule a criança a colocar e tirar suas roupas, inicialmente com ajuda;
- Ofereça brinquedos de encaixe, que possam ser empilhados, e mostre como fazer;
- Mostre figuras nos livros e revistas falando seus nomes;
- Brinque de chutar bola (fazer gol);
- Observe que a criança começa a juntar palavras e a falar frases simples como “gato cadê?” ou “leite
não”;
- Entenda que nesta idade a criança demonstra ter vontade própria, testa limites e fala muito a palavra
não.

2 anos a 2 anos e 6 meses


- Continue estimulando a criança para que ela se torne independente em atividades de autocuidado
diário, como, por exemplo, na alimentação (iniciativa para se alimentar), no momento do banho e de se
vestir;
- Comece a estimular a criança a controlar a eliminação de fezes e urina, em clima de brincadeira, sem
exercer pressão ou repreender. Gradativamente, estimule o uso do sanitário;
- Estimule a criança a brincar com outras crianças.

2 anos e 6 meses a 3 anos


- Converse bastante com a criança, peça para ela comentar sobre suas brincadeiras e nomes de
amigos, estimulando a linguagem e a inteligência;
- Dê oportunidade para ela ter contato com livros infantis, revistas, papel, lápis, giz de cera. Leia, conte
historinhas, brinque de desenhar, recortar figuras, colagem;
- Mostre para ela figuras de animais, peças do vestuário, objetos domésticos e estimule a criança a
falar sobre eles: o que fazem, para que servem (ex.: quem mia?);
- Faça brincadeiras utilizando bola e peça para a criança jogar a bola em sua direção, iniciando, assim,
brincadeira envolvendo duas ou mais pessoas. Percebendo alterações no desenvolvimento;
- É importante observar como a criança reage ao contato com as pessoas e com o ambiente: se
responde ao olhar, à conversa e ao toque dos pais/cuidadores quando amamentada/alimentada, colocada
no colo, acariciada. Na criança maior, é importante observar se ela habitualmente se isola, recusa-se a
brincar com outras crianças, tem dificuldade na linguagem ou apresenta gestos/movimentos repetitivos;
- É importante também observar se há atraso no desenvolvimento de atividades motoras (como
sustentar a cabeça, virar de bruços, engatinhar e andar), na linguagem e comunicação, em memorizar,
em realizar alguma tarefa até o fim, na aprendizagem e na solução de problemas práticos relacionados
aos hábitos da vida diária. Se a criança não age como você espera e seu desenvolvimento causa dúvidas
ou ansiedade na família, converse com o profissional de saúde sobre isso. Quanto mais cedo um
problema for identificado e tratado, melhor o resultado. Qualquer atraso ou transtorno de desenvolvimento
pode ser minimizado se a criança receber atenção e estimulação adequadas, com a participação da
família e de profissionais;
- O diagnóstico de uma deficiência na criança pode gerar momentos difíceis e sentimentos como medo,
dúvidas, angústias e dificuldades de aceitação. Todos esses sentimentos são normais diante de um fato
novo e não esperado;
- No caso de crianças com deficiência, informações sobre os cuidados com a saúde e o conhecimento
sobre os seus direitos são muito importantes para o fortalecimento da família e para o desenvolvimento
de habilidades e capacidades que facilitem a independência e a participação social dessas crianças.

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)73

Com o objetivo de promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, o Ministério da


Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC).

73
http://www.saude.gov.br/noticias/823-assuntos/saude-para-voce/40755-saude-da-crianca

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


283
A política abrange os cuidados com a criança da gestação aos 9 anos de idade, com especial atenção
à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da morbimortalidade e
um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.

A PNAISC se estrutura em 7 (sete) eixos estratégicos, com a finalidade de orientar e qualificar as


ações e serviços de saúde da criança no território nacional, considerando os determinantes sociais e
condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam o
nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma saudável e harmoniosa, bem como a
redução das vulnerabilidades e riscos para o adoecimento e outros agravos, a prevenção das doenças
crônicas na vida adulta e da morte prematura de crianças, a seguir relacionados:
I - atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido: consiste
na melhoria do acesso, cobertura, qualidade e humanização da atenção obstétrica e neonatal, integrando
as ações do pré-natal e acompanhamento da criança na atenção básica com aquelas desenvolvidas nas
maternidades, conformando-se uma rede articulada de atenção;
II - aleitamento materno e alimentação complementar saudável: estratégia ancorada na promoção,
proteção e apoio ao aleitamento materno, iniciando na gestação, considerando-se as vantagens da
amamentação para a criança, a mãe, a família e a sociedade, bem como a importância de
estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis;
III - promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral: consiste na vigilância
e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da criança, em especial do "Desenvolvimento na
Primeira Infância (DPI)", pela atenção básica à saúde, conforme as orientações da "Caderneta de Saúde
da Criança", incluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares;
IV - atenção integral a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas: consiste
em estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do manejo de doenças prevalentes na infância
e ações de prevenção de doenças crônicas e de cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da
atenção e internação domiciliar sempre que possível;
V - atenção integral à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura
de paz: consiste em articular um conjunto de ações e estratégias da rede de saúde para a prevenção de
violências, acidentes e promoção da cultura de paz, além de organizar metodologias de apoio aos
serviços especializados e processos formativos para a qualificação da atenção à criança em situação de
violência de natureza sexual, física e psicológica, negligência e/ou abandono, visando à implementação
de linhas de cuidado na Rede de Atenção à Saúde e na rede de proteção social no território;
VI - atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade:
consiste na articulação de um conjunto de estratégias intersetoriais e intersetoriais, para inclusão dessas
crianças nas redes temáticas de atenção à saúde, mediante a identificação de situação de vulnerabilidade
e risco de agravos e adoecimento, reconhecendo as especificidades deste público para uma atenção
resolutiva;
VII - vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno: consiste na contribuição para o
monitoramento e investigação da mortalidade infantil e fetal e possibilita a avaliação das medidas
necessárias para a prevenção de óbitos evitáveis.

Assistência de Enfermagem nos Cuidados Imediatos e Mediatos ao RN74

Entende-se por assistência imediata aquela prestada ao RN logo após ao nascimento, ou seja, nas
duas primeiras horas após o parto utilizando procedimentos universais e obrigatórios. Segundo a OMS,
os cuidados prestados ao RN devem ser desenvolvidos conforme a ética profissional, a filosofia da
instituição e os princípios de humanização do nascimento.

A assistência deve ser ancorada nos seguintes objetivos:


- Observar e avaliar suas condições vitais, físicas e comportamentais;
- Atender todas as necessidades básicas e específicas do recém-nascido;
- Proteger a criança dos riscos do meio ambiente;
- Identificar, precocemente, quaisquer anormalidades;
- Intervir profissionalmente nos problemas que ocorrerem;
- Conhecer o recém-nascido e interagir com ele, buscando a participação da família.

74
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4557378/mod_resource/content/0/Cuidados%20imediatos%20e%20mediatos.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


284
A recepção do RN deve ter normas estabelecidas com as diferentes atribuições constituídas para a
equipe profissional, com o objetivo de prestar uma assistência de qualidade.

Desobstrução das Vias Aéreas


• Envolver o RN com lençol ou campo esterilizado para iniciar a secagem das secreções e
aquecimento;
• Manter a criança em Trendelemburg - facilita desobstrução das vias aéreas;
• Remover mucosidades e sangue com gaze esterilizada da boca, nariz e olhos;
• Realizar aspiração de mucosidades da oro e nasofaringe e verificar se não há atresia de coanas.

Secar e aquecer o bebê


• Completar a secagem;
• Manter o RN em berço aquecido e retirar o excesso de líquido amniótico com compressa macia,
minimizando o choque térmico e restringindo as perdas de calor;
• A transição do ambiente aquoso aquecido do útero para a sala de parto representa um estresse
térmico para o bebê;
• Ele responde ao frio com vasoconstrição, tentando reduzir o calor perdido com a metabolização de
gorduras e consumindo assim, três vezes mais oxigênio e glicose;
• Estabelecer um ambiente adequado minimiza as perdas.

Avaliação da Vitalidade do RN - APGAR


• O índice de Apgar é realizado para avaliar o RN no 1º e 5º minuto;
• 1º min - fornece informações indicativas da adaptação inicial do RN à vida extrauterina;
• 5º min - avaliação mais clara do estado geral do sistema nervoso central (SNC) do RN;

Índice de Apgar

Sinal 0 1 2
Frequência Ausente < 100bpm > 100bpm
cardíaca
Esforço Ausente Choro fraco, hipoventilação Bom, chorando
respiratório
Tônus muscular Flácido Alguma flexão Ativo, movimentos
espontâneos
Irritabilidade Sem resposta Algum movimento Tosse ou espirro
reflexa
Cor Cianótico, Corpo rosado/extremidades cianóticas Completamente rosado
pálido (acrocianose)
Fonte: adaptado de Kattwinkel et al., 2011.

Verificar Sinais Vitais


• Monitorar a coloração do RN e temperatura;
• Monitorar a qualidade da respiração e a frequência respiratória do RN - durante 1 minuto completo;
• Verificar frequência cardíaca durante 1 minuto completo, observando irregularidades do ritmo e
quaisquer sopros (Pulso apical);
• Avaliar os sinais vitais a cada hora nas primeiras 4 horas.

Identificação do RN
• Impressão plantar do RN e digital da mãe permite estabelecer a identidade absoluta do bebê (ver
caderneta da criança).
• Identificar o RN com uma braçadeira, com o nome da mãe, o sexo da criança, a data e hora do parto,
o número do quarto ou número do registro no antebraço e tornozelo;
• Em partos múltiplos, a ordem de nascimento deverá ser especificada nas pulseiras através de
números (1, 2, 3, 4, etc.), após o nome da mãe.

Clampeamento do cordão umbilical


• A criança deverá permanecer em nível inferior ao da mãe, até o cordão umbilical ser pinçado
(clampeado e cortado logo após parar de pulsar);
• Clampear o cordão a uma distância de 2cm do anel umbilical, usando álcool etílico a 70%.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


285
• Verificar sinais de hemorragia;
• Inspecionar os vasos umbilicais - presença de duas artérias e uma veia.

Administrar nitrato de prata nos olhos de RN


• Confere as ações bactericida e bacteriostática para prevenir conjuntivite por Neisseria gonorrhoeae
e Chlamydia trachomatis (conjuntivite gonocócica);
• Após administração do medicamento (Nitrato de prata 1% ou Argirol - 1 gota em cada olho) realizar
boa limpeza ocular e observar sinais de infecção.

Administrar Vitamina K
• A vitamina K é administrada em dose única por via intramuscular (1mg = 0,1ml), até 2 horas após o
nascimento.

Contato mãe-bebê
• É fundamental iniciar o contato do bebê com a mãe o mais precocemente possível - incentiva o
aleitamento materno, aumenta o vínculo afetivo, fornece proteção;
• Desde o momento do nascimento, o RN normal não deve ser afastado da mãe e o aleitamento precisa
ser iniciado o mais precocemente possível;
• Após as duas primeiras horas de vida, aproximadamente, o RN deverá receber a primeira higiene
corporal e deverá ser submetido ao primeiro exame físico completo, além de ter seus reflexos avaliados.

O exame do RN deve ser minucioso, feito em local e condições satisfatórias, incluindo todos os órgãos
e sistemas passíveis de serem avaliados clinicamente.

O que observar:
• Tônus muscular, atividade espontânea, postura, fácies, tiragens, estridores, gemidos, características
de choro, vômitos, regurgitações, sangramentos, convulsões, eliminação de mecônio e urina, distensão
abdominal, salivação e sopros cardíacos.

São cuidados mediatos:


1.Higiene corporal;
2.Exame físico completo;
3.Avaliação das capacidades de alimentação;
4.Vínculo mãe-bebê;
5.Avaliação da perda ponderal.

Alojamento Conjunto75

O Alojamento Conjunto é o local em que a mulher e o recém-nascido sadio, logo após o nascimento,
permanecem juntos, em tempo integral, até a alta da maternidade. Deixar mãe e bebê juntos é uma
prioridade para o Ministério da Saúde e tem várias vantagens:
I - Favorece e fortalece o estabelecimento do vínculo afetivo entre pai, mãe e filho;
II - Propicia a interação de outros membros da família com o recém-nascido;
III - Favorece o estabelecimento efetivo do aleitamento materno com o apoio, promoção e proteção,
de acordo com as necessidades da mulher e do recém-nascido, respeitando as características individuais;
IV - Propicia aos pais e acompanhantes a observação e cuidados constantes ao recém-nascido,
possibilitando a comunicação imediata de qualquer anormalidade;
V - Fortalece o autocuidado e os cuidados com o recém-nascido, a partir de atividades de educação
em saúde desenvolvidas pela equipe multiprofissional;
VI - Diminui o risco de infecção relacionada à assistência em serviços de saúde;
VII - Propicia o contato dos pais e familiares com a equipe multiprofissional por ocasião da avaliação
da mulher e do recém-nascido, e durante a realização de outros cuidados.

Exame Físico do Recém-Nascido76

O exame físico tem como objetivo identificar presença de anormalidades e registrar evidências de
estresse ou trauma, fornecendo dados para posterior evolução e prescrição de enfermagem. Ele deve ser
75
http://saude.gov.br/saude-de-a-z/crianca
76
LARA, S. R. G.; CESAR, M. B. N. Enfermagem em Obstetrícia e Ginecologia. Manole, 2017.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


286
iniciado após o nascimento, o que é chamado de exame físico imediato, e é realizado na sala de parto,
para observar malformações congênitas e possíveis anormalidades; é seguido do exame físico minucioso,
que é realizado nas primeiras 24 horas de vida.

Sequência do exame físico


1. Estatura: o comprimento cabeça-calcanhar é medido. Deve-se estender a per- na completamente
para a mensuração da estatura corpórea, que é de 48 a 53cm normalmente;
2. Peso corpóreo: deve ser pesado logo após o nascimento pela perda de peso que ocorre em torno
de 3 a 4 dias (10%), por causa da perda de líquido extracelular e mecônio. O peso varia de 2.700g a
4.000g, com média de 3.400g;
3. Pele: os recém-nascidos (RN) de cor branca têm coloração rosada e os de cor preta tendem para o
avermelhado. É preciso observar textura, lanugem, verniz caseoso, lesões, manchas ou marcas, turgor,
temperatura, equimoses, petéquias, eritemas, edemas, palidez, icterícia;
• Milium sebáceo: consiste em pequenos pontos branco-amarelados localizados principalmente em
asas de nariz, bochecha e queixo;
• Hemangioma capilar: são frequentes na fronte, na nuca e nas pálpebras superiores e desaparecem
em alguns meses;
• Miliária ou sudâminas (brotoeja): glândulas sudoríparas (écrino) que aparecem como pequenas
vesículas, especialmente na face;
• Descamação fisiológica: em pós-maturos (pés e mãos) e escamas endurecidas na ictiose congênita;
• Nevos pigmentosos (mancha mongólica): assemelha-se à pequena equimose. Mais comum na região
sacral. Desaparece na segunda infância;
• Linfomas císticos: presentes em qualquer parte do corpo;
• Escleredema: edema endurecido, mais frequentemente visto em infecções neonatais graves e
cardiopatias com débito cardíaco diminuído. Não depressível;
• Petéquias e púrpuras: não desaparecem na digitopressão. Têm etiologia mecânica
(tocotraumatismo), fragilidade capilar (infecção) e plaquetopenia. Quando a localização é no nível do
pescoço e da cabeça, elas não têm maiores repercussões; em tronco e membros, requerem investigação;
• Icterícia: a cor amarela da pele e das mucosas pode ser considerada anormal e a sua causa deve
ser esclarecida, de acordo com os seguintes fatores: início - antes das 24 horas ou depois de 7 dias;
duração - maior que 1 semana em RN a termo e 2 semanas no RN prematuro.
4. Postura normal: posição fetal, movimentos espontâneos e simétricos. Anormal: tremores, sem
movimentos, irregulares;
5. Força e tônus muscular normais: tônus e força iguais e fortes, preensão palmar forte e igual.
Anormais: força muscular fraca, flácidos, hipotonia muscular, ausência de reflexos primitivos.
6. Cabeça: pode apresentar deformidades dependendo da apresentação cefálica e do próprio parto.
O crânio deve ser palpado em busca de todas as suturas e fontanelas, observando-se tamanho, forma e
moldagem:
• Bossa serossanguínea: massa mole mal limitada, edemaciada e equimótica, que se localiza no nível
da apresentação;
• Céfalo-hematoma: hematoma subperióstico que se distingue da bossa pelo seu rebordo periférico
palpável. Ocorre regressão espontânea por calcificação em algumas semanas. Pode ser bilateral ou
volumoso;
• Fontanelas anterior e posterior devem ser planas, macias e firmes e ficam abertas até́ 1 ano e 6
meses;
• Suturas: após o parto, o afastamento das suturas pode estar diminuído pelo cavalgamento dos ossos
do crânio.
7. Olhos: deve-se observar o alinhamento dos olhos em relação à implantação dos ouvidos, a distância
entre eles, o edema palpebral, as pupilas reagentes à luz e a simetria, a presença de oftalmia neonatal
(conjuntivite gonocócica e secreções purulentas), o formato, a cor da esclera, as pálpebras e a habilidade
de abrir e fechar;
8. Nariz: formato, secreção nasal, obstrução nasal, espirros;
9. Orelhas: pavilhão auricular flexível, cartilagem presente. Uma anomalia do pavilhão pode estar
associada a alterações cromossômicas;
10. Boca e garganta: observar a presença de fenda palatina, fissura labial (lábio leporino), salivação
normal, ausente ou excessiva, reflexo de sucção, reflexo de busca, choro vigoroso, freio da língua;
11. Língua: observar o tamanho e a posição dentro da cavidade oral e o desenvolvimento papilar;
12. Pescoço: pesquisar massas, fístulas, mobilidade, excesso de pele:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


287
• Torcicolo congênito: contratura do músculo esternocleidomastóideo na 2a semana de vida. Resolução
espontânea na maioria dos casos, podendo evoluir para assimetria facial e posição viciosa da cabeça;
• Teratoma cervical: grande tumoração cervical na parte mediana do pescoço. Possibilidade de
malignização. Pode causar obstrução respiratória;
• Higroma cístico: tumoração cística de tamanho variado. Crescimento rápido. Invade o assoalho da
boca, o mediastino e as axilas. Pode causar obstrução respiratória;
• Bócio congênito: de causa idiopática ou filho de mãe que recebeu iodo na gestação. Apresenta
consistência elástica em forma de colar cervical, é pouco móvel e pode causar obstrução respiratória.
13. Tórax normal: leve retração externa evidente durante as inspirações, processo xifoide evidente.
Anormal: tórax “em funil”, tórax “de pombo”, secreção leitosa das mamas (leite de bruxa) e retração do
tórax e dos espaços intercostais na expiração;
14. Clavículas: ausência de clavículas, disostose cleidocraniana ou fraturas (a maioria é do tipo
“galho-verde”, que pode causar pseudoparalisia do plexo braquial). A conduta é conservadora (não requer
imobilização, atadura), a não ser nos casos de fratura completa com diminuição ou ausência de
movimentação do braço no lado afetado;
15. Pulmões: a respiração é abdominal e, quando predominantemente torácica e com retração, indica
dificuldade respiratória. A frequência respiratória é de 40 incursões por minuto para o RN a termo e de
até́ 60 no prematuro;
16. Coração: o ponto de maior intensidade na ausculta encontra-se no quarto espaço intercostal. A
frequência cardíaca varia entre 100 e 160bpm. É preciso observar ritmo (regular ou arrítmico), som dos
batimentos (forte ou fraco) nas artérias femorais, pediais, braquiais e radiais, além de checar simetria,
força e amplitude;
17. Abdome: forma cilíndrica, fígado palpável 2 a 3cm abaixo da borda costal direita, rins palpáveis 1
a 2cm acima do umbigo. Observar distensão abdominal, ascite, resíduo gástrico bilioso, presença de
fezes, hérnia umbilical;
18. Cordão umbilical: branco azulado ao nascimento com duas artérias e uma veia;
19. Genitália feminina: lábios e clitóris edemaciados, verniz caseoso entre os lábios, micção em 24
horas. Observar: pseudomenstruação, mecônio na abertura vaginal, ausência de micção dentro de 24
horas;
20. Genitália masculina: observar abertura uretral (fimose) na extremidade do pênis, testículos
palpáveis em cada lado da bolsa escrotal, hidrocele (líquido na bolsa escrotal):
• Hipospádia: abertura do meato uretral na superfície ventral do pênis;
• Epispádias: abertura do meato uretral na superfície dorsal do pênis.
21. Ânus e reto: investigar orifício anal e observar eliminação de mecônio e atresia de reto;
22. Região sacrococcígea: depressão da extremidade (fosseta sacrococcígea) indica mal
desenvolvimento do ligamento caudal;
23. Coluna vertebral: observar defeitos de linha média;
24. Membros: palpar pulsos, ver perfusão, edema e pé́ torto e pesquisar luxação congênita de quadril;
25. Reflexo de sucção: o lactente inicia fortes movimentos de sucção da área perioral em resposta à
estimulação;
26. Reflexo de apreensão: tocar a região palmar ou plantar próximo à base dos dedos provoca a
flexão das mãos e dos pés;
27. Reflexo de Babinski: ao tocar ou acariciar do calcanhar e pelo arco do pé́ , os dedos sofrem
hiperextensão e dorsiflexão do dedão do pé́ , o que desaparece depois de 1 ano de idade;
28. Reflexo de Moro: a mudança súbita no equilíbrio provoca a repentina extensão e a abdução dos
membros e a abertura dos dedos em leque com o polegar e o indicador formando um C, seguido por
flexão e abdução dos membros; as pernas podem flexionar-se levemente;
29. Reflexo de marcha: o bebê fica seguro, ereto e vai reagindo andando para a frente; este
movimento envolve só́ as pernas, está presente nas seis primeiras semanas e desaparece, voltando ao
redor do 5o mês. Aperfeiçoar a força torna-se fundamental para a caminhada precoce voluntária;
30. Reflexo de engatinhar: observa-se que, quando o bebê é colocado em posição inclinada e aplica-
se pressão na sola de um dos seus pés, ele usa tanto membros superiores quanto inferiores. O reflexo
de engatinhar está́ , geralmente, presente no nascimento e desaparece por volta de 3 a 4 meses. Existe
um intervalo entre o ato de engatinhar reflexivo e o ato voluntário, que aparece por volta do 7° mês.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


288
Exames de Triagem Neonatal77

Todo bebê que nasce no Brasil tem direito a realizar gratuitamente quatro exames muito importantes
para a sua saúde. São os chamados exames da triagem neonatal:
- Teste do Pezinho;
- Teste do Olhinho;
- Teste da Orelhinha;
- Teste do Coraçãozinho.

Teste do pezinho
O teste do pezinho é uma das principais formas de diagnosticar seis doenças que, quanto mais cedo
forem identificadas, melhores são as chances de tratamento. São elas fenilcetonúria, hipotireoidismo
congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e
hiperplasia adrenal congênita.

Importante: para realizar o teste do pezinho, a família deve levar o recém-nascido a uma unidade
básica de saúde entre o 3° e o 5° dia de vida. É fundamental ter atenção a esse prazo.

O teste é feito no pezinho por ser uma região bastante irrigada do corpo, o que facilita o acesso ao
sangue para a coleta da amostra. Apesar de muitos bebês chorarem durante o exame, a picadinha no
calcanhar é muito importante para dar as melhores condições de desenvolvimento para as crianças
brasileiras.
Esse não é um exame que traz riscos ao bebê. Muito pelo contrário, é rápido, pouco invasivo e até
bem menos incômodo do que a coleta com seringa em uma veia no bracinho.

Teste do olhinho
É um exame simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho, que
aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas
fotografias.
O “Teste do Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como
catarata, glaucoma congênito e outros problemas - cuja identificação precoce pode possibilitar o
tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão.
O exame é realizado nas maternidades públicas até a alta do recém-nascido. A recomendação é que
o Teste do Olhinho seja feito pelo pediatra logo que o bebê nasce. Se isto não ocorrer, o exame deve ser
feito logo na primeira consulta de acompanhamento.
Depois disto, continua sendo importante, nas consultas regulares de avaliação da criança, com a
periodicidade definida pelo médico. Se o pediatra encontrar algum problema, vai encaminhar a criança
para avaliação do oftalmologista.

Teste da orelhinha
Entre os procedimentos realizados ainda na maternidade, logo após o nascimento do bebê, está a
triagem neonatal auditiva ou o teste da orelhinha.
O exame é feito, geralmente, no segundo ou terceiro dia de vida do bebê e identifica problemas
auditivos no recém-nascido. Desde 2010 é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade
sem ter feito o teste, que é gratuito. As crianças nascidas fora do ambiente hospitalar devem fazê-lo antes
de completarem 3 meses de vida.
O Teste da Orelhinha é realizado com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor e não machuca,
não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos.

Teste do coraçãozinho
Todo bebê tem direito de realizar o teste de coraçãozinho ainda na maternidade, entre 24h a 48h após
o nascimento. O teste é simples, gratuito e indolor.
Consiste em medir a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido com o auxílio
de um oxímetro - espécie de pulseirinha - no pulso e no pé do bebê. Caso algum problema seja detectado,
o bebê é encaminhado para fazer um ecocardiograma. Se alterado, é encaminhado para um centro de
referência em cardiopatia para tratamento.

77
http://saude.gov.br/saude-de-a-z/crianca

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


289
Problemas no coração são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos. Por isso, quanto mais
cedo for diagnosticado, melhores são as chances do tratamento.

Método Canguru

Caso o bebê nasça prematuro e/ou com baixo peso (menor que 2.500gr), e precise ficar internado, o
SUS disponibiliza uma atenção humanizada não só ao recém-nascido, mas a toda sua família, para que
possam participar dos cuidados com a criança e passar por esse período de forma mais tranquila e
confiante.
O Método Canguru - Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso - é uma estratégia que
busca reverter esta realidade.
A iniciativa, que integra a Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso, busca melhorar a
qualidade da atenção prestada à gestante, ao recém-nascido e sua família, promovendo, a partir de uma
abordagem humanizada e segura, o contato pele a pele (posição canguru) precoce entre a mãe/pai e o
bebê, de forma gradual e progressiva, favorecendo vínculo afetivo, estabilidade térmica, estímulo à
amamentação e o desenvolvimento do bebê.
O Método Canguru é, portanto, uma tecnologia de saúde que vem mudando o paradigma da
assistência neonatal no Brasil, pois amplia os cuidados prestados ao bebê para além de suas
necessidades biológicas na perspectiva da clínica ampliada.
Essa abrangência deriva da compreensão de que o sucesso do tratamento de um recém-nascido
internado em UTI Neonatal não é determinado apenas pela sua sobrevivência e alta hospitalar, mas que
para cada bebê deve ser construído um projeto de cuidado singular envolvendo pais, irmãos, avós e redes
de apoio familiar e social.

Benefícios do método canguru


- Menor tempo de internação do bebê;
- Oxigenação adequada;
- Aumento da temperatura do corpo e estabilidade;
- Menos episódios de apneia - paradas respiratórias durante o sono;
- Diminuição do choro;
- Aumento do aleitamento materno;
- Aumento do vínculo pai-mãe-bebê-família;
- Diminuição do tempo de separação pai-mãe-bebê-família;
- Melhor relacionamento família/equipe;
- Estimulação sensorial positiva;
- Diminuição de infecção hospitalar;
- Controle e alívio da dor;
- Acolhimento ao bebê e sua família;
- Respeito às individualidades;
- Promoção do contato pele a pele precoce.

Caderneta da Criança

Toda criança nascida em maternidades pública ou privada no Brasil tem direito a receber gratuitamente
a Caderneta de Saúde da Criança que deve ser devidamente preenchida e orientada pelo profissional por
ocasião da alta hospitalar. A Caderneta é um documento importante para acompanhar a saúde,
crescimento e desenvolvimento da criança do nascimento até os 9 anos de idade.
A primeira parte da caderneta é mais direcionada a família/quem cuida da criança. Contém
informações e orientações sobre saúde, direitos da criança e dos pais, registro de nascimento,
amamentação e alimentação saudável, vacinação, crescimento e desenvolvimento, sinais de perigo de
doenças graves, prevenção de violências e acidentes, entre outros.
A segunda parte da Caderneta é destinada aos profissionais de saúde, com espaço para registro de
informações importantes relacionadas à saúde da criança. Contém, também, os gráficos de crescimento,
instrumentos de vigilância do desenvolvimento e tabelas para registro de vacinas aplicadas.
As Cadernetas de Saúde da Criança são distribuídas pelo Ministério da Saúde diretamente para as
Secretaria de Saúde Estaduais, de capitais e do Distrito Federal, que distribui para as maternidades
públicas ou privadas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


290
Reanimação Neonatal78

A reanimação neonatal consiste em um conjunto de medidas cujo objetivo é estabelecer e manter a


ventilação/oxigenação e circulação quando o recém-nascido nasce apneico e/ou bradicárdico. Podem
ocorrer outras complicações, desencadeadas no processo de nascimento e que podem demandar
reanimação neonatal na sala de parto. Entre estas, destacam-se:
- Interrupção da circulação (prolapso do cordão umbilical ou compressão do cordão pela cabeça do
feto durante a passagem pelo canal vaginal);
- Iatrogenia (pressão excessiva do reanimador de pressão positiva, ocasionando pneumotórax com
comprometimento pulmonar e cardíaco);
- Estimulação vagal, provocando apneia e bradicardia (durante aspiração nas vias respiratórias
superiores);
- Dificuldade no processo de intubação endotraqueal (levando a hipoxemia).

Critérios de reanimação
Cada hospital deve desenvolver um protocolo com seu comitê de ética para determinar os critérios de
reanimação, ou não, na sala de parto em casos específicos, de acordo com a região e a disponibilidade
de recursos. Os critérios estabelecidos propostos no Manual de Reanimação Neonatal, de 2016, são os
seguintes:
• Não reanimar nos seguintes casos:
- Idade gestacional < 23 semanas e peso < 400g;
- Anencefalia;
- Anormalidades cromossômicas incompatíveis com a vida, como trissomias do 13 e 18;
• Suspender a reanimação se o recém-nascido não apresentar frequência cardíaca e esforço
respiratório após 10 minutos de reanimação contínua e adequada.

Ventilação com pressão positiva


É importante escolher um reanimador ou balão de ventilação que seja de material durável, que
promova ventilação adequada e que seja fácil de utilizar e esterilizar.
Em geral, utiliza-se balão autoinflável, que não requer fonte de gás para funcionar. Atua com pressão
máxima de 30 a 40cmH2O, e oferece concentração de oxigênio a 21% quando não conectado à fonte de
O2, podendo chegar à concentração de 90 a 100% quando conectado à fonte de O2.
O balão anestésico deve ser utilizado por profissionais treinados em seu manuseio. Funciona apenas
se for conectado a uma fonte de gás. É dotado de manômetro de pressão, e a pressão deve ser
monitorada de perto para evitar picos de pressão inspiratória e Pressão Positiva no Final da Expiração
(PEEP) elevados.
Sempre que for utilizado o oxigênio, este deve estar conectado ao blender ou misturador (fonte de
oxigênio e ar comprimido), que permite que se regule a concentração de oxigênio a ser administrada.
O ventilador mecânico em T, também conhecido como Neopuff®, tem sido utilizado com bastante
frequência. Esse meio de ventilação é indicado para uso em prematuros, pois permite a administração de
pressão inspiratória e PEEP constantes e ajustáveis de acordo com a resposta do paciente.
Deve estar conectado à fonte de O2 e ar comprimido anexada ao blender (que pode ser utilizado tanto
com a máscara facial como com o paciente intubado).
A pressão necessária para inflar os pulmões depende do tamanho do recém-nascido e das condições
dos pulmões. Recomenda-se, para a primeira ventilação, pressão de 30 a 40cmH2O; nas ventilações
subsequentes, usar 15 a 20cmH2O. Em casos de doenças pulmonares, em decorrência de diminuição da
complacência pulmonar, necessita-se de pressão maior para se chegar a uma ventilação adequada, de
20 a 40cmH2O.
A escolha da máscara facial, no que diz respeito ao tamanho e à textura, é fundamental; deve ser
constituída de material macio e maleável, com borda acolchoada, com um espaço morto inferior a 5mℓ e
disponível em diversos tamanhos de neonatos.
A máscara deve cobrir a ponta do queixo, a boca e o nariz, não permitindo que o ar escape
lateralmente. Somente a observação da coloração da pele não é mais uma indicação para se iniciar a
administração de oxigênio ao recém-nascido na sala de parto. Apenas a cianose central deve ser o sinal
de baixos níveis de oxigênio, e requer intervenção.
Em todos os partos, o oxímetro de pulso deve ser utilizado para orientar se há ou não necessidade de
se iniciar a administração de oxigênio.

78
TAMEZ, R. N. Enfermagem na UTI Neonatal. Guanabara Koogan, 2017.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


291
Se o tórax não se expandir durante a ventilação com o reanimador manual, verifique:
- O selamento da máscara. Se não for adequado, reaplique-a;
- As vias respiratórias. Se houver secreções, aspire;
- O posicionamento da cabeça. Reposicione-a e reaplique a máscara, se necessário;
- A ventilação do recém-nascido com a boca levemente aberta.

Intubação endotraqueal
A decisão de proceder à intubação endotraqueal depende do neonatologista ou pediatra encarregado
da reanimação.
Alguns profissionais procedem à intubação endotraqueal em todos os pacientes com < 1.000g, < 28
semanas de gestação, e nos apneicos que não respondam às primeiras manobras de reanimação. O
colorímetro ou analisador de CO2 devem ser utilizados para confirmação da intubação. Inicie com pressão
de 20cmH2O.

Massagem cardíaca externa


Tem como finalidade promover artificialmente a circulação do sangue, levando oxigênio para as células
e os tecidos.
O ponto de compressão cardíaca externa recomendado é o terço médio inferior do esterno, tomando-
se os mamilos como referência. Podem ser utilizados 1 ou 2 dedos para fazer a compressão, dependendo
do tamanho do paciente. A posição com os polegares paralelos ou sobrepostos é a mais recomendada
em prematuros extremos, pois oferece suporte para as costas durante a compressão.
A profundidade a ser usada nas compressões deve ser cerca de um terço do diâmetro anteroposterior
do tórax, tanto pela técnica dos polegares como pela utilização dos dedos indicador e médio, ou apenas
um dedo nos recém-nascidos extremamente prematuros e de baixo peso.
Deve-se sempre coordenar a frequência das compressões com a ventilação. A proporção a ser
seguida entre ventilação e compressão cardíaca é de uma ventilação para três compressões (1:3), tendo-
se como resultado final frequência respiratória de aproximadamente 30rpm e frequência cardíaca de
90bpm.
Após cerca de 30 segundos de compressão e ventilação, deve-se interromper brevemente a
compressão para avaliar a frequência cardíaca com o estetoscópio.

Índice de Apgar
O índice de Apgar é um parâmetro utilizado para avaliação do recém-nascido na sala de parto e não
deve ser utilizado como meio de avaliar a necessidade de reanimação. Sua aplicação permite que se
avalie a resposta do paciente às manobras realizadas e a eficácia das manobras. Quando necessária, a
reanimação deve ser iniciada imediatamente, mesmo antes de ter sido completado o primeiro minuto do
índice de Apgar.
A observação é feita no 1°, 5° e 10° minutos após o nascimento. Seguindo os critérios estabelecidos
por esse índice, atribuem-se escores de 0 a 2, de acordo com a observação feita do recém-nascido. Se
o escore for < 7 no 5° minuto, recomenda-se realizar o escore a cada 5 min até se completarem os 20
minutos de vida.

Incubadora especializada
Uma incubadora especial (Giraffe®) já é utilizada em alguns países e tem o potencial de ser
transformada em berço de calor radiante e incubadora de parede dupla.
O shuttle apresenta uma torre com um sistema portátil de bateria que se acopla à incubadora, bem
como um local para serem conectados o monitor cardíaco, o oxímetro de pulso e o ventilador manual.
Tem saída de oxigênio e ar comprimido conectados ao blender e local para armazenagem dos cilindros
de oxigênio e ar comprimido. Esse sistema permite o funcionamento de todo o equipamento necessário
para atendimento na sala de parto e transporte para a UTI neonatal.
A incubadora, que tem balança embutida, é colocada com todo o material necessário para o
atendimento (p. ex., a botinha, o colchão quimicamente aquecido e o plástico de polietileno transparente)
na sala de parto.
Ao nascer, o prematuro < 32 semanas de gestação é recebido nessa incubadora, pesado, reanimado
e, se necessário, intubado. Com essa incubadora, reduz-se a manipulação do prematuro, promovendo a
ele estabilidade fisiológica, redução do estresse e manutenção da temperatura.
Quando o prematuro chega à UTI neonatal, são realizados os procedimentos iniciais, como colocação
de cateteres umbilicais, coleta de sangue, radiografia, avaliação inicial e abaixamento do topo do berço,
que é então transformado em incubadora, na qual o prematuro permanecerá nos primeiros 7 dias de vida.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


292
Com a utilização desse berço-incubadora, tem-se notado uma redução das hemorragias
intraventriculares comuns em prematuros extremos (< 25 semanas de gestação).

Atendimento de parada cardiorrespiratória no período neonatal


A parada cardiorrespiratória pode ser definida como a cessação dos movimentos respiratórios e a
falência cardíaca, ocorrendo um bloqueio de sangue oxigenado para os tecidos e os órgãos vitais. Nos
recém-nascidos, a insuficiência respiratória é uma das principais causas de parada cardíaca, levando a
diminuição da oferta de oxigênio aos tecidos e, como consequência, acidose metabólica que compromete
a função cardíaca, ocasionando, finalmente, assistolia.

Etiologia
Conhecer os fatores que podem levar a parada cardiorrespiratória no recém-nascido facilita a
antecipação de sua ocorrência. Entre esses fatores, destacam-se:
- Respiratórios: pneumonia, aspiração, hipertensão pulmonar, apneia persistente, hemorragia
pulmonar, síndrome de angústia respiratória, pneumotórax;
- Sistema nervoso central: convulsões, hidrocefalia, hemorragias intracranianas, meningite;
- Cardiovasculares: choque cardiogênico, insuficiência cardíaca congestiva, cardiopatias congênitas,
arritmias cardíacas graves, choque hipovolêmico, desidratação;
- Metabólicos: distúrbios hidreletrolíticos e metabólicos;
- Iatrogenia: administração intravenosa rápida de soluções de cálcio ou potássio;
- Choque séptico.

Diagnóstico
É importante saber avaliar os sinais precoces de falência cardiocirculatória e respiratória, intervindo
mesmo antes que evolua para uma parada cardiorrespiratória. A parada cardiorrespiratória pode ser
diagnosticada clinicamente por meio dos seguintes sinais:
- Ausência de pulso nas grandes artérias;
- Ausência de movimentos respiratórios (apneia) e/ou respiração periódica;
- Cianose e/ou palidez periférica;
- Dilatação das pupilas (normalmente após 45 segundos da cessação do fluxo sanguíneo cerebral,
com midríase completa após 1 minuto e 45 segundos);
- Diminuição da perfusão periférica;
- No paciente com monitoramento cardíaco, podem ser observadas assistolia, bradicardia ou arritmias
como fibrilação ventricular.

Material
O material necessário para o atendimento de parada cardiorrespiratória deve estar sempre em ordem,
completo e testado para ser utilizado na UTI neonatal. A utilização de um carro de emergência que
centralize todo o material para o procedimento agiliza o atendimento, tornando-o mais eficiente.

Procedimentos
Os procedimentos recomendados para o atendimento de parada cardiorrespiratória visam promover e
manter a oxigenação e a circulação do sangue. O atendimento cardiorrespiratório inclui identificação da
parada cardiorrespiratória, oxigenação, circulação (cardiovascular) e medicamentos utilizados. Após
estabilização dos parâmetros cardiorrespiratórios, o monitoramento cardiorrespiratório contínuo do
paciente é importante e deve incluir:
- Manutenção do neonato em berço ou incubadora aquecidos (ambiente térmico neutro) para prevenir
instabilidade térmica;
- Monitoramento contínuo dos sinais vitais e saturação de oxigenação;
- Equilíbrio hidroeletrolítico;
- Controle da diurese (monitoramento das funções renais);
- Avaliação neurológica (atividades, níveis de consciência, tônus musculares, convulsões);
- Manutenção de aporte calórico e de glicose (controle da glicemia);
- Monitoramento dos sinais de insuficiência cardíaca congestiva, bem como arritmias cardíacas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


293
Aleitamento Materno79

O aleitamento materno é uma das prioridades do Governo Federal. O Ministério da Saúde recomenda
a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e que nos primeiros 6 meses o bebê receba somente
leite materno (aleitamento materno exclusivo), ou seja, sem necessidade de sucos, chás, água e outros
alimentos.
Quanto mais tempo o bebê mamar no peito da mãe, melhor para ele e para a mãe. Depois dos 6
meses, a amamentação deve ser complementada com outros alimentos saudáveis e de hábitos da família,
mas não deve parar.

Importante: amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação
profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se
defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional.

Com alguns cuidados, a amamentação não machuca o peito. A melhor posição para amamentar é
aquela em que a mãe e o bebê sintam-se confortáveis.
A amamentação deve ser prazerosa tanto para a mãe como para o bebê. O bebê deve estar virado
para a mãe, bem junto de seu corpo, bem apoiado e com os braços livres. A cabeça do bebê deve ficar
de frente para o peito e o nariz bem na frente do mamilo. Só coloque o bebê para sugar quando ele abrir
bem a boca.
Quando o bebê pega bem o peito, o queixo encosta na mama, os lábios ficam virados para fora, o
nariz fica livre e aparece mais aréola (parte escura em volta do mamilo) na parte de cima da boca do que
na de baixo. Cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, o que deve ser respeitado.
Caso a mulher ou família tenha dificuldades na amamentação é importante procurar ajuda de um
profissional de saúde e/ou Unidade de Saúde do SUS mais próxima.
Os bebês não têm horário para mamar. Eles costumam mamar muitas vezes, de dia e de noite,
principalmente nos primeiros meses. Nem todo choro do bebê é fome. Ele pode chorar porque está com
frio ou calor, sentindo algum desconforto, fraldas sujas ou precisando de aconchego.
É comum o bebê engolir ar enquanto mama. Por isso, quando ele terminar de mamar, é importante
segurá-lo junto ao colo, em posição vertical, para que ele não tenha desconforto.
O leite materno tem o sabor e o cheiro dos alimentos que a mãe come. Por isto, a criança que mama
no peito aceita melhor os alimentos que serão introduzidos após os 6 meses.
É muito importante que o bebê esvazie bem a mama, porque o leite do fim da mamada tem mais
gordura e, por isso, mata a fome do bebê e faz com que ele ganhe mais peso.
A cor do leite pode variar, mas ele nunca é fraco. O leite materno é sempre adequado para o
desenvolvimento do bebê. Nos primeiros dias, a produção de leite é pequena e este leite chamado de
colostro tem alto valor nutritivo e é suficiente para atender às necessidades do bebê.

Dez passos para o sucesso do aleitamento materno


Passo 1 - ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda
equipe de cuidados de saúde;
Passo 2 - capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar
esta política;
Passo 3 - informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno;
Passo 4 - ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento;
conforme nova interpretação: colocar os bebês em contato pele a pele com suas mães, imediatamente
após o parto, por pelo menos uma hora e orientar a mãe a identificar se o bebê mostra sinais de que está
querendo ser amamentado, oferecendo ajuda se necessário;
Passo 5 - mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser
separadas dos filhos;
Passo 6 - não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser
que haja indicação médica e/ou de nutricionista;
Passo 7 - praticar o alojamento conjunto - permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos -
24 horas por dia;
Passo 8 - incentivar o aleitamento materno sob livre demanda;
Passo 9 - não oferecer bicos artificiais ou chupetas a recém-nascidos e lactentes;

79
http://saude.gov.br/saude-de-a-z/crianca

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


294
Passo 10 - promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses
grupos na alta da maternidade; conforme nova interpretação: encaminhar as mães a grupos ou outros
serviços de apoio à amamentação, após a alta, e estimular a formação e a colaboração com esses grupos
ou serviços.

Benefícios da amamentação ou aleitamento materno


O leite materno é um alimento completo. Isso significa que, até os 6 meses, o bebê não precisa de
nenhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite). Ele é de mais fácil digestão do que qualquer outro
leite e funciona como uma vacina80, pois é rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças
como diarreia, infecções respiratórias, alergias, além de diminuir o risco de hipertensão, colesterol alto,
diabetes e obesidade. É limpo, está sempre pronto e quentinho.
A amamentação favorece um contato mais íntimo entre a mãe e o bebê. Sugar o peito é um excelente
exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala e a
ter uma boa respiração.
O leite materno protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias. Diminui o risco de
hipertensão, colesterol alto e diabetes, além de reduzir a chance de desenvolver obesidade. Crianças
amamentadas no peito são mais inteligentes, há evidências de que o aleitamento materno contribui para
o desenvolvimento cognitivo.

Número e duração das mamadas


Recomenda-se que a criança seja amamentada na hora que quiser e quantas vezes quiser. É o que
se chama de amamentação em livre demanda. Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com
frequência e sem horários regulares.
Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Muitas mães,
principalmente as que estão inseguras e as com baixa autoestima, costumam interpretar esse
comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na
introdução precoce e desnecessária de complementos.
A mãe deve deixar o bebê mamar até que fique satisfeito, esperando ele esvaziar a mama para então
oferecer a outra, se ele quiser.
O leite do início da mamada tem mais água e mata a sede e o do fim da mamada tem mais gordura e
por isso mata a fome do bebê e faz com que ele ganhe mais peso.
No início da mamada o bebê suga com mais força porque está com mais fome e assim esvazia melhor
a primeira mama oferecida. Por isso, é bom que a mãe comece cada mamada pelo peito em que o bebê
mamou por último na mamada anterior. Assim o bebê tem a oportunidade de esvaziar bem as duas
mamas, o que é importante para a mãe ter bastante leite.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama.

Situações em que há restrições ao aleitamento materno


São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do
leite materno. Nas seguintes situações o aleitamento materno não deve ser recomendado:
- Mães infectadas pelo HIV;
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus da leucemia humana T-cell);
- Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como
contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como por exemplo os antineoplásicos e
radiofármacos, usados no tratamento contra o câncer.
- Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou
qualquer outro que contenha lactose.

Processo do desmame81
O homem é o único mamífero em que o desmame (aqui definido como a cessação do aleitamento
materno) não é determinado somente por fatores genéticos e pelo instinto. A amamentação na espécie
humana é fortemente influenciada por múltiplos fatores de ordem social, cultural, econômica, étnica e
comportamental.

80
O aleitamento materno não exclui a necessidade de cumprimento do calendário de vacinação da criança.
81
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


295
Hoje, ao contrário do que ocorreu ao longo da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não)
pela amamentação e decide por quanto tempo vai (ou pode) amamentar. Muitas vezes, as preferências
culturais (não-amamentação, amamentação de curta duração) entram em conflito com a expectativa da
espécie (em média, dois a três anos de amamentação).
O desmame não é um evento, e sim um processo que faz parte da evolução da mulher como mãe e
do desenvolvimento da criança. Nessa lógica, o desmame deveria ocorrer naturalmente, na medida em
que a criança vai amadurecendo.
No desmame natural, a criança se auto desmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média
entre dois e quatro anos e raramente antes de um ano. Costuma ser gradual, mas às vezes pode ser
súbito, como, por exemplo, em uma nova gravidez da mãe (a criança pode estranhar o gosto do leite, que
se altera, e o volume, que diminui). A mãe participa ativamente no processo, sugerindo passos quando a
criança estiver pronta para aceitá-los e impondo limites adequados à idade.

Entre os sinais indicativos de que a criança está madura para o desmame, constam:
• Idade maior que um ano;
• Menos interesse nas mamadas;
• Aceita variedade de outros alimentos;
• É segura na sua relação com a mãe;
• Aceita outras formas de consolo;
• Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais;
• Às vezes dorme sem mamar no peito;
• Mostra pouca ansiedade quando encorajada a não amamentar;
• Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe em vez de mamar.

O desmame natural proporciona transição mais tranquila, menos estressante para a mãe e a criança,
preenche as necessidades da criança (fisiológicas, imunológicas e psicológicas) até ela estar madura
para tal e, teoricamente, fortalece a relação mãe-filho.
O desmame abrupto deve ser desencorajado, pois, se a criança não está pronta, ela pode se sentir
rejeitada pela mãe, gerando insegurança e, muitas vezes, rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode
precipitar ingurgitamento mamário, estase do leite e mastite, além de tristeza ou depressão, e luto pela
perda da amamentação ou por mudanças hormonais.
É importante que a mãe não confunda auto desmame natural com a chamada “greve de amamentação”
do bebê. Essa ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a
criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do
volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não
dura mais que 2-4 dias.
A mulher, com frequência, sente-se pressionada a desmamar, muitas vezes contra a sua vontade e
sem ela e o bebê estarem prontos para tal. Existem vários mitos relacionados à amamentação dita
“prolongada”, tais como as crenças de que aleitamento materno além do primeiro ano é danoso para a
criança sob o ponto de vista psicológico; que uma criança jamais desmama por si própria; que a
amamentação prolongada é um sinal de problema sexual ou necessidade materna e não da criança; e
que a criança que mama fica muito dependente.
Algumas mães, de fato, desmamam para promover a independência da criança. No entanto, é
importante lembrar que o desmame provavelmente não vai mudar a personalidade da criança. Além disso,
o desmame forçado pode gerar insegurança na criança, o que dificulta o processo de independização.
Muitas vezes a amamentação é interrompida apesar do desejo da mãe em mantê-la. As razões mais
frequentes alegadas para a interrupção precoce são: leite insuficiente, rejeição do seio pela criança,
trabalho da mãe fora do lar, “leite fraco”, hospitalização da criança e problemas nas mamas. Muitos
desses problemas podem ser evitados ou manejados.
Quando o profissional de saúde se depara com a situação de a mulher querer ou ter que desmamar
antes de a criança estar pronta, é importante, em primeiro lugar, que ele respeite o desejo da mãe e a
apoie nesse processo.

Entre os fatores que facilitam o processo do desmame, encontram-se os seguintes:


• Mãe estar segura de que quer (ou deve) desmamar;
• Entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia, tanto maior quanto
menos pronta estiver a criança;
• Flexibilidade, pois o curso do processo é imprevisível;
• Paciência (dar tempo à criança) e compreensão;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


296
• Suporte e atenção adicionais à criança - mãe deve evitar afastar-se nesse período;
• Ausência de outras mudanças, por exemplo, controle dos esfíncteres, separações, mudanças de
residência, entre outras;
• Sempre que possível, fazer o desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1-2 semanas.

A técnica utilizada para fazer a criança desmamar varia de acordo com a idade. Se a criança for maior,
o desmame pode ser planejado com ela. Pode-se propor uma data, oferecer uma recompensa e até
mesmo uma festa. A mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando. Pode
também encurtar as mamadas e adiá-las.
Mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos,
entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai no processo, sempre que
possível, é importante. A mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar,
como não sentar na poltrona em que costuma amamentar.
Algumas vezes, o desmame forçado gera tanta ansiedade na mãe e no bebê que é preferível adiar um
pouco mais o processo, se possível. A mãe pode, também, optar por restringir as mamadas a certos
horários e locais.
As mulheres devem estar preparadas para as mudanças físicas e emocionais que o desmame pode
desencadear, tais como: mudança de tamanho das mamas, mudança de peso e sentimentos diversos
como alívio, paz, tristeza, depressão, culpa e luto pela perda da amamentação ou por mudanças
hormonais.
Concluindo, cabe a cada dupla mãe/bebê e sua família a decisão de manter a amamentação, até que
a criança a abandone espontaneamente, ou interrompê-la em um determinado momento.
Muitos são os fatores envolvidos nessa decisão: circunstanciais, sociais, econômicos e culturais. Cabe
ao profissional de saúde ouvir a mãe e ajudá-la a tomar uma decisão, pesando os prós e os contras. A
decisão da mãe deve ser respeitada e apoiada.

Dez Passos para uma Alimentação Saudável

Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são
fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2: “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o
leite materno até os dois anos de idade ou mais”.
Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador
como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar
seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.
Passo 3: “Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas,
frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver
desmamada”.
Dica ao profissional e à equipe: Sugerir receitas de papas, tentando dar a ideia de proporcionalidade,
de forma prática e com linguagem simples.
Passo 4: “A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da
família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança”.
Dica ao profissional e à equipe: Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para
aumentar o vínculo e orientar toda a família sobre alimentação saudável.
Passo 5: “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher;
começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar
à alimentação da família”.
Dica ao profissional e à equipe: Organizar, em parceria com a comunidade, oficinas de preparação de
alimentos seguros e/ou cozinhas comunitárias. Convidar famílias com crianças sob risco nutricional.
Passo 6: “Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação
colorida”.
Dica ao profissional e à equipe: Conversar sobre a estimulação dos sentidos, enfocando que a
alimentação deve ser um momento de troca afetuosa entre a criança e sua família.
Passo 7: “Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições”.
Dica ao profissional e à equipe: Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois,
aumentar essa lista acrescentando outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e
típicos da estação.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


297
Passo 8: “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas
nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação”.
Dica ao profissional e à equipe: Articular com a comunidade e outros setores uma campanha sobre
alimentação saudável.
Passo 9: “Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e
conservação adequados”.
Dica ao profissional e à equipe: Realizar grupo com pais, avós e/ou crianças sobre cuidados de higiene
geral, alimentar e bucal.
Passo 10: “Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação
habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação”.
Dica ao profissional e à equipe: Avaliar em equipe como está a acessibilidade da criança doente ao
serviço de saúde.

Observação importante: para evitar o consumo de açúcar de cana por seus bebês, muitas mães
acabam optando por escolhas tidas como mais saudáveis para adoçar os sucos ou chás. O mel, que
muitas vezes é utilizado por suas propriedades expectorantes, torna-se para as mães uma alternativa
mais saudável. Porém, o mel é altamente contraindicado para crianças até 12 meses de vida. O mel é
uma fonte potencial de transmissão do botulismo, que é causado por uma bactéria chamada Clostridium
botulinum, risco que existe principalmente devido à deficiência de fiscalização nas propriedades
produtoras do mel in natura. Por isso, oriente os pais e responsáveis a não oferecer o mel de abelha para
crianças até 1 ano de idade.

Principais Doenças Pediátricas8283

Na maioria das vezes, os casos estão ligados às doenças respiratórias causadas por vírus. No entanto,
vários outros problemas típicos da infância lotam os consultórios e ambulatórios pediátricos.

Amigdalite
É a infecção das amígdalas causada por bactérias ou vírus. Formadas por tecido esponjoso, estas
estruturas estão localizadas nos dois lados da garganta. Seu papel é produzir anticorpos para impedir
que infecções da garganta, boca e seios da face se espalhem para o corpo.
Sintomas: dor, febre, inchaço ao lado do pescoço e da mandíbula, dificuldade para engolir, calafrios,
dor de cabeça e muscular, mau hálito.
Tratamento: o problema causado por bactérias é tratado com antibióticos. Se for vírus, os remédios
indicados irão apenas controlar os sintomas.
Prevenção: evitar aglomerações e contato com pessoas doentes.

Otite
Infecção do ouvido provocada por bactérias ou vírus, geralmente precedida pela gripe. É mais comum
entre os 6 e 11 meses.
Sintomas: febre, irritabilidade, choro intenso e contínuo, secreção nasal e falta de apetite. Pode haver
diarreia e vômitos.
Tratamento: o médico prescreve analgésicos e antitérmicos. Em alguns casos, antibióticos e até
lavagem interna do ouvido também.
Prevenção: manter a amamentação exclusiva até os seis meses, pois os casos aumentam em
crianças desmamadas precocemente. Evite também alimentar a criança deitada. Em vez de descer pelo
esôfago, o leite pode ficar parado na garganta e chegar ao ouvido médio. Como a anatomia do ouvido do
bebê ainda é imatura, isso pode levar a crises repetidas.

Laringite
É a inflamação da laringe, onde ficam as cordas vocais. Mas também sinalizar bronquite, pneumonia
e outras infecções respiratórias. Se não for tratada corretamente, pode evoluir para infecções sérias ou
causar problemas de voz.
Sintomas: normalmente não causa dor intensa, mas a criança pode ter dificuldade para engolir
alimentos, febre, tosse seca e rouquidão, sendo que a voz muitas vezes some completamente.
Tratamento: geralmente, são prescritos alguns tipos de corticoides.

82
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/doencasinfantis.htm
83
https://www.portalsaofrancisco.com.br/saude

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


298
Prevenção: não compartilhar copos e talheres, evitar bebidas muito geladas, não tomar banhos frios,
não gritar e usar umidificadores de ar em épocas muito secas.

Catapora ou Varicela
A catapora (ou varicela) é uma doença muito contagiosa causada por um vírus chamado Varicela
Zoster. Essa doença é uma das mais comuns na infância, principalmente porque só se pega catapora
uma vez.
A principal característica desta doença é deixar o corpo coberto de pintinhas vermelhas, essas
pintinhas começam no tronco da criança, espalhando-se rapidamente para o rosto, braços e pernas
podendo se espalhar para dentro da boca, do nariz, das orelhas e de outros orifícios do corpo da criança.
Depois de um tempo as pintinhas vermelhas se transformam em pequenas bolhas de água que,
quando começam a cicatrizar de 4 a 5 dias, formam ‘casquinhas’ e caem. Quando estas pequenas feridas
são coçadas infeccionam e deixam na pele cicatrizes permanentes, isto é, não somem jamais. Além disso,
a criança tem febre alta, bastante coceira na pele, cansaço, cefaleia e perda de apetite.
Uma criança pode pegar catapora se estiver no mesmo local que outra criança infectada. Isso é porque
o vírus está presente na saliva. Quando a criança infectada tosse e espirra joga no ar minúsculas bolhas
de saliva da nossa boca.
Quando uma criança saudável inspira, o ar vem contaminado para dentro do corpo e, então, se contrai
a doença. Pode-se contrair a doença através do contato direto com a criança infectada, geralmente
através da secreção das bolhas. Uma criança com catapora pode espalhar a doença para outras 1 a 2
dias antes do surgimento da erupção, ou até que todas as bolhas tenham secado, possivelmente depois
de 10 dias.
Não existe um remédio específico para tratar a catapora. O que se deve fazer é repousar, ingerir
bastante líquido e principalmente, evitar coçar as feridas para não infeccionar.
A recuperação dura de 7 a 10 dias. A catapora pode ser prevenida com a vacina ‘Varicela’.

Caxumba
A caxumba também chamada de papeira ou parotidite é uma infecção viral (Vírus da família
Paramyxoviridae, gênero paramyxovirus) das glândulas salivares (geralmente a parótida), sublinguais ou
submandibulares, todas próximas aos ouvidos.
Os sintomas costumam surgir de 12 a 25 dias após o contágio. As glândulas ficam inchadas, podendo-
se perceber pelo pescoço logo abaixo da orelha, e doloridas. Também causa dor de cabeça, dores
musculares, fraqueza, febre, calafrios e dor ao mastigar ou engolir.
Nos casos masculinos pode ocorrer orquite, isto é inflamação do testículo e em casos femininos, a
ooforite, isto é, inflamação dos ovários. Em alguns casos podem ocorrer meningite, as sequelas podem
ser diminuição da capacidade auditiva e esterilidade.
A caxumba é transmitida através do contato direto com secreções (saliva ou espirro) da pessoa
infectada.
O indivíduo infectado não deve exercer atividades escolares e nem trabalhar pelo período de 09 dias
após o início da doença. Ocorre usualmente sob a forma de surtos, que acometem mais as crianças
sendo mais severa nos adultos, é uma doença que ocorre mais no período do inverno e primavera.
A caxumba não tem tratamento, o próprio organismo se encarrega de resolver a infecção. O tratamento
é para aliviar os sintomas com o uso de analgésicos e repouso.
A prevenção para não pegar caxumba é a vacina ‘tríplice viral’, que deve ser administrada aos 15
meses de idade.

Coqueluche
A coqueluche é uma doença infectocontagiosa que ataca o aparelho respiratório. É uma doença
bacteriana causada pela bactéria Bordetella pertussis.
A doença inicia-se com leves sintomas que surgem de 07 a 14 dias após o contágio. Estes sintomas
podem confundir-se com uma gripe são: febre baixa, coriza, mal-estar e uma tosse seca. Com o passar
do tempo a tosse vai ficando mais intensa e repetitiva seguida de período de calma.
Quando a tosse está muito intensa o doente chega a sentir falta de ar, ficando com o rosto vermelho
e até mesmo azulado. A tosse é seguida por um som de guincho específico e vômitos. Isto dura cerca de
duas semanas até ir diminuindo gradativamente.
A doença é transmitida por contato direto com secreção de indivíduo doente como gotas de saliva
lançadas ao ar ou por objetos contaminados.
É uma doença que tem risco para criança abaixo de 06 meses de vida pois podem apresentar
complicações tais como: convulsões, alterações neurológicas, desidratação e etc.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


299
A doença dura aproximadamente 30 dias.
A prevenção contra a coqueluche é através da vacina Tríplice que deverá ser administrada em crianças
de dois meses até quatro anos e onze meses.

Meningite
A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem e protegem o sistema nervoso central
localizado no cérebro que recebem o nome de ‘meninges’.
A meningite é uma doença que tanto pode ser causada tanto por vírus quanto por bactéria, sendo esta
a mais comum. A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis ou Neisseria
intracellularis. O meningococo é uma bactéria do tipo diplococo que só causa a doença no ser humano e
felizmente não sobrevive muito na atmosfera.
O período de incubação da meningite é de 2 a 10 dias e evolui em 3 etapas tais como: nasofaríngea,
septicêmica e meningítica. A criança com meningite tem febre, rigidez na nuca, fortes dores de cabeça,
vômito, mal-estar, calafrios, dores musculares, confusão mental e etc. Estes sintomas variam de acordo
com a fase da doença.
A transmissão é feita pelo contato direto com a criança infectada através das secreções expelidas no
ar ou de pequenas gotas de saliva lançadas no ato de falar, tossir ou espirrar.
A meningite dura cerca de vinte dias e pode deixar sequelas.
A forma de prevenção da meningite é através da vacina ‘anti HIB’ e evitar estar com crianças pequenas
em lugares que tenham aglomerações de pessoas e ambientes abafados, evitar fazer visitas a hospitais.

Rubéola
A rubéola, sarampo alemão ou sarampo de três dias é uma doença causada por vírus (gênero
Rubivirus da família Togaviridae).
É transmitida através do contato direto através de minúsculas gotas de saliva liberadas no ar ao tossir,
espirrar ou falar, ou através da mãe para o feto através da circulação comum. Apresenta este nome pelo
aspecto avermelhado ou rubro do paciente. É uma das poucas infecções virais que podem causar
anormalidade fetais, no caso de a gestante ter contato com a doença.
O paciente deve ficar isolado durante uns 10 dias após o aparecimento da erupção, visto que é uma
doença contagiosa.
O período de incubação é de 14 a 21 dias e logo após começam os sintomas tais como: febre alta,
cefaleia, mal-estar, dor de garganta, aumento das glândulas perto do pescoço e ouvidos e pintinhas
vermelhas na pele. A rubéola dura cerca de uma semana.
Existe a chamada rubéola congênita, ou seja, transmitida da mãe para o feto pela circulação
sanguínea, é a forma mais grave da doença porque pode provocar malformações congênitas como surdez
e problemas visuais na criança. Também pode levar a parto de natimortos.
Para a rubéola não tem tratamento. O médico pode apenas aliviar alguns sintomas como a febre e a
cefaleia com medicamentos específicos. E, também é aconselhado que o paciente faça repouso.
A rubéola é prevenida com a vacina Tríplice viral sendo eficiente em quase 100% dos casos e deve
ser administrada em crianças aos 15 meses de vida. Mulheres que não tiveram a doença devem ser
vacinadas antes de engravidar.

Sarampo
O sarampo é uma Infecção viral (gênero Morbilivírus, família Paramyxoviridae) facilmente transmitida
de pessoa para pessoa, e, também é extremamente contagioso sendo muito comum na infância.
É uma doença parecida com a catapora, pois também faz surgir bolinhas vermelhas pelo corpo e
coceira. No início a criança tem febre, tosse, olhos inchados e irritados em lugares muito iluminados,
podendo surgir pequenas ínguas no pescoço.
Com o passar das 24 horas os sintomas vão piorando com o desânimo e surgem diversas pintinhas
vermelhas pela pele da cabeça para os pés. Estas pintinhas ficam por um período de cinco a seis dias
onde a criança passa para a fase de convalescença onde as manchas tornam-se escuras e começam a
descamar.
Esta doença deve ser tratada com muito cuidado e com acompanhamento médico, pois podem surgir
complicações tais como: pneumonias, encefalites, otites, diarreias e etc.
A principal medida de prevenção do sarampo é a Vacinação. Deve ser aplicada uma dose da vacina
anti-sarampo a partir dos nove meses, dose adicional a partir dos 12 meses, juntamente com o reforço
da tríplice bacteriana (DTP) e da Sabin ou com a tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba - MMR).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


300
O único tratamento para esta doença é repouso absoluto, e medicação prescrita pelo médico para
alívio dos sintomas. O sarampo pode facilitar infecções bacterianas deverão ser tratadas com antibióticos
adequados para o tipo da infecção ocorrida.
O sarampo é uma doença que dura até duas semanas.

Diarreia e Desidratação/Terapia de Reidratação Oral (TRO)84

A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas
últimas 24 horas. A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos parâmetros mais
considerados. Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e
eletrólitos e é um quadro autolimitado.

De acordo com a OMS, a doença diarreica pode ser classificada em três categorias:
1. Diarreia aguda aquosa: diarreia que pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume
de fluidos e pode causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos. A
desnutrição eventualmente pode ocorrer se a alimentação não é fornecida de forma adequada e se
episódios sucessivos acontecem;
2. Diarreia aguda com sangue (disenteria): é caracterizada pela presença de sangue nas fezes.
Representa lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações,
incluindo desidratação. Bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras de disenteria;
3. Diarreia persistente: quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode provocar
desnutrição e desidratação. Pacientes que evoluem para diarreia persistente constituem um grupo com
alto risco de complicações e elevada letalidade.

Os seguintes agentes infecciosos são os que causam a maior parte dos quadros da diarreia aguda:
- Vírus: rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus (em especial o norovírus) e astrovírus;
- Bactérias: E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigenica, E. coli enterohemorrágica, E.
coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella,
Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia;
- Parasitos: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isosopora;
- Fungos: Candida albicans.

Princípios da avaliação clínica


De acordo com a OMS, a anamnese da criança com doença diarreica deve contemplar os seguintes
dados: duração da diarreia, número diário de evacuações, presença de sangue nas fezes, número de
episódios de vômitos, presença de febre ou outra manifestação clínica, práticas alimentares prévias e
vigentes, outros casos de diarreia em casa ou na escola.
Deve ser avaliado, também, a oferta e o consumo de líquidos, além do uso de medicamentos e o
histórico de imunizações. É importante, também, obter informação sobre a diurese e peso recente, se
conhecido.
Ao exame físico é importante avaliar o estado de hidratação, o estado nutricional, o estado de alerta
(ativo, irritável, letárgico), a capacidade de beber e a diurese. O percentual de perda de peso é
considerado o melhor indicador da desidratação. Mesmo quando o peso anterior recente não é disponível,
é fundamental que seja mensurado o peso exato na avaliação inicial do paciente.
A avaliação nutricional é muito importante na abordagem da criança com doença diarreica. O peso é
fundamental no acompanhamento tanto em regime de internação hospitalar como no ambulatório.

84
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Guia-Pratico-Diarreia-Aguda.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


301
Avaliação do estado de hidratação para crianças com doença diarreia

1 – Para avaliar o enchimento capilar, a mão da criança deve ser mantida fechada e comprimida por 15 segundos. Abrir a mão da criança e observar o tempo
no qual a coloração da palma da mão volta ao normal. A avaliação da perfusão periférica é muito importante, principalmente em desnutridos nos quais a avaliação
dos outros sinais de desidratação é muito difícil.
* Ou KCl 19,1% - 1mL para cada 100mL.

Tratamento
Após ser estabelecido o diagnóstico, conforme as definições apresentadas acima, e realizado exame
físico completo com definição do estado de hidratação, deve ser seguido o esquema clássico de
tratamento, distribuído em três categorias segundo a presença ou não de desidratação.
Se o paciente está com diarreia e está hidratado deverá ser tratado com o Plano A. Se está com
diarreia e tem algum grau de desidratação, deve ser tratado com o Plano B. Se tem diarreia e está com
desidratação grave, deve ser tratado com o Plano C. É fundamental para o tratamento adequado a
reavaliação pediátrica contínua.

1. Plano A: tratamento no domicílio. É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de


reidratação oral (reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação com alimentos
que não agravem a diarreia.
Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente. Além do soro de hidratação oral,
são considerados líquidos adequados: sopa de frango com hortaliças e verduras, água de coco, água.
São inadequados: refrigerantes, líquidos açucarados, chás, sucos comercializados, café.
Ainda no Plano A, deve-se iniciar a suplementação de zinco e manter a alimentação habitual. Os sinais
de alarme devem ser enfatizados nesta fase, para serem identificados prontamente na evolução se
ocorrerem (aumento da frequência das dejeções líquidas, vômitos frequentes, sangue nas fezes, recusa
para ingestão de líquidos, febre, diminuição da atividade, presença de sinais de desidratação, piora do
estado geral).

Explique ao paciente ou acompanhante para fazer no domicílio:


1) Oferecer ou ingerir mais líquido que o habitual para prevenir a desidratação:
• O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou solução
de reidratação oral (SRO) após cada evacuação diarreica;
• Não utilizar refrigerantes e não adoçar o chá ou suco.
2) Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


302
• Continuar o aleitamento materno;
• Manter a alimentação habitual para as crianças e os adultos.
3) Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar qualquer um dos sinais abaixo levá-lo
imediatamente ao serviço de saúde:
• Sinais de Perigo: piora na diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa de alimentos, sangue nas
fezes e diminuição de diurese.
4) Orientar o paciente ou acompanhante para:
• Reconhecer os sinais de desidratação;
• Preparar e administrar a solução de reidratação oral;
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água
e higienização dos alimentos).
5) Administrar zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias:
• Até seis meses de idade: 10mg/dia;
• Maiores de seis meses de idade: 20mg/dia.

2. Plano B: administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das perdas
vinculadas à desidratação). Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas
durante o período da terapia de reparação por via oral). Após o término desta fase, retomar os
procedimentos do Plano A.
De acordo com a OMS é importante que a alimentação seja reiniciada no serviço de saúde para que
as mães sejam orientadas quanto à importância da manutenção da alimentação.
A primeira regra nesta fase é administrar a solução de terapia de reidratação oral (SRO), entre 50 a
100mL/Kg, durante 2 a 4 horas. A SRO deve ser oferecida de forma frequente, em quantidades pequenas
com colher ou copo, após cada evacuação. A mamadeira não deve ser utilizada.

Plano B - Para evitar a desidratação por via oral na unidade de saúde


1) Administrar solução de reidratação oral (SRO):
• A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente;
• A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de desidratação;
• Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100mL/kg para ser administrado
no período de 4-6 horas.
2) Durante a reidratação reavaliar o paciente seguindo os sinais indicados no quadro 1 (avaliação do
estado de hidratação):
• Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A;
• Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica (gastróclise);
• Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C.
3) Durante a permanência do paciente ou acompanhante no serviço de saúde, orientar a:
• Reconhecer os sinais de desidratação;
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral;
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água
e higienização dos alimentos).

O plano B deve ser realizado na unidade de saúde. Os pacientes deverão permanecer na unidade de
saúde até a reidratação completa e reinício da alimentação.

3. Plano C: corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral (reparação ou
expansão). Em geral, o paciente deve ser mantido no serviço de saúde, em hidratação parenteral de
manutenção, até que tenha condições de se alimentar e receber líquidos por via oral na quantidade
adequada. As indicações para reidratação venosa são: desidratação grave, contraindicação de hidratação
oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de consciência ou convulsões), choque
hipovolêmico.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


303
Idealmente deve-se conseguir a punção de veia calibrosa. Quando necessário, sobretudo em casos
de choque hipovolêmico, podem ser necessários dois acessos venosos. Caso não seja possível infusão
venosa, considerar infusão intraóssea.
Podem ser utilizados os seguintes critérios para internação hospitalar: choque hipovolêmico,
desidratação grave (perda de peso maior ou igual a 10%), manifestações neurológicas (por exemplo,
letargia e convulsões), vômitos biliosos ou de difícil controle, falha na terapia de reidratação oral, suspeita
de doença cirúrgica associada ou falta de condições satisfatórias para tratamento domiciliar ou
acompanhamento ambulatorial.

Plano C - Para tratar a desidratação grave na unidade hospitalar

O plano C contempla duas fases para todas as faixas etárias: a fase rápida e a fase de manutenção e
reposição.

Avaliar o paciente continuamente

Avaliar o paciente continuamente. Se não houver melhora da desidratação, aumentar a velocidade de


infusão:
• Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, iniciar
a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação venosa;
• Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em
quantidade suficiente para se manter hidratado. A quantidade de SRO necessária varia de um paciente
para outro, dependendo do volume das evacuações;
• Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingerida deve ser maior nas primeiras 24 horas de
tratamento;
• Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas.

Terapia de reidratação - Terapia de reidratação oral


A TRO é considerada uma das modalidades terapêuticas que mais salvou vidas a partir do século XX.
O princípio fisiológico da eficácia vincula-se ao fato de que a via de transporte ativo, acoplada de sódio-
glicose-água pelo enterócito está preservada na diarreia aguda, independentemente da etiologia. Vale
lembrar que são outras vias que explicam o aumento da secreção e diminuição da absorção de água e
eletrólitos na diarreia aguda.
A desidratação pode ocorrer tanto na diarreia aguda como na diarreia persistente.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


304
A partir das décadas de 1970/1980, optou-se no Brasil, pelo emprego da solução recomendada pela
OMS com 90mmol de sódio por litro. A partir de 2002, com a justificativa de reduzir as perdas diarreicas,
a OMS modificou a composição dos sais de reidratação oral com redução das concentrações de sódio e
glicose.
Esta nova solução recebeu a denominação de soro oral com baixa osmolaridade. O Brasil não
estabeleceu, de acordo com a OMS, política para a difusão do uso da solução com baixa osmolaridade
no país.
Por sua vez, o soro caseiro não contém citrato (para gerar bicarbonato) e potássio. A glicose é
substituída por sacarose (dissacarídeo constituído por glicose e frutose). Assim, o soro caseiro é uma
mistura de sal de cozinha, açúcar e água.
Existem problemas na composição final das soluções preparadas no domicílio. Os problemas são
menos frequentes quando se utiliza a colher medida com dupla-concha, específica para o preparo do soro
caseiro.

A utilização dos soros de reidratação oral pode ser feita com dois objetivos:
a) Reposição de perdas para prevenir a desidratação no paciente com diarreia (Plano A);
b) Reversão da desidratação, ou fase de reparação, para o paciente com desidratação por diarreia
(Plano B).

Na prevenção da desidratação, deve-se optar por soros com menor concentração de sódio. Caso
sejam utilizados os sais de reidratação oral distribuídos pela rede pública de saúde do Brasil, com 90mmol
de sódio por litro, o paciente deve receber fluídos que não contenham sódio, para evitar a ocorrência de
ingestão excessiva de sódio. Nesta situação, devem ser oferecidos outros tipos de líquidos, inclusive
água. Não devem ser administrados refrigerantes ou sucos de frutas que apresentem elevada
osmolaridade.
Tradicionalmente, afirma-se que o lactente com menos de 12 meses deve receber 50mL da solução
para cada evacuação e os maiores de 1 ano, 100mL após cada evacuação. Na prática, deve ser oferecida
a quantidade de líquidos que a criança aceitar (Plano A). O tratamento deve ser realizado no domicílio. A
família deve ser orientada para retornar ao serviço de saúde caso apareçam manifestações clínicas
compatíveis com desidratação.
Para a reversão da desidratação com o emprego da TRO, deve ser utilizada a solução de reidratação
oral com 75 a 90mmol de sódio por litro. Exceto para os lactentes em aleitamento materno, o soro deve
ser oferecido sem outros alimentos. O volume de 50 a 100mL/kg de peso, dependendo da gravidade,
deve ser administrado em 4 a 6 horas. O paciente deve ser pesado antes de iniciar a TRO e, depois, a
cada 2 horas (Plano B).
Se o paciente apresentar reversão da desidratação, caracterizada pelo desaparecimento dos sinais
clínicos e ocorrência de diurese abundante, o paciente deverá ser realimentado e voltar ao Plano A.

Questões

01. (Prefeitura de Natal/RN - Técnico em Enfermagem - COMPERVE/2018) A diarreia aguda, uma


das principais causas de doenças em crianças com idade inferior a 5 anos, é definida como aumento
súbito na frequência de evacuações e alteração na consistência das fezes frequentemente causados por
um agente infeccioso no trato gastrointestinal. Em relação a essa doença, analise as afirmativas abaixo.
I Um dos sinais utilizados para avaliar o estado de hidratação da criança com diarreia é a prega
cutânea. A criança estará hidratada quando a pele volta ao estado anterior entre 2 a 3 segundos, ou seja,
rapidamente.
II A criança, no plano A, deverá ser tratada em casa, uma vez que não apresenta sinais de
desidratação. Se a criança se alimenta exclusivamente de leite materno, pode-se dar soro, além do leite
materno, para prevenir a desidratação.
III No plano B, é usado soro de reidratação oral para tratar crianças desidratadas. Em um período de
4 horas, deve-se administrar, no serviço de saúde, a quantidade recomendada de soro e, após esse
período, reavaliar a criança e classificá-la quanto à desidratação.
IV Uma criança com desidratação grave tem como primeira indicação a terapia de reidratação oral por
sonda nasogástrica. No caso de uso da sonda, se a criança apresentar vômitos repetidos ou distensão
abdominal, a terapia deverá ser suspensa por 30 minutos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


305
Em relação ao exposto, estão corretas as afirmativas
(A) I e IV.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) III e IV.

02. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) A respeito da assistência à criança sadia, julgue o item
que segue.
A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde recomendam que o aleitamento materno
seja exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê e complementado até os dois anos de vida ou
mais.
( ) Certo
( ) Errado

03. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) A respeito da assistência à criança sadia, julgue o item
que segue.
A proteção do leite materno contra infecção respiratória, assim como ocorre contra a diarreia, é maior
quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses de vida.
( ) Certo
( ) Errado

04. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Enfermeiro - Prefeitura de Fortaleza/CE/2018) O


acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção básica objetiva sua promoção e proteção e
a detecção precoce de alterações passíveis de modificação que possam repercutir em sua vida futura.
Dentro do cuidado ao recém-nascido, têm-se o acompanhamento do desenvolvimento e a avaliação dos
reflexos primitivos. Fisiologicamente, qual dos reflexos abaixo ainda estará presente em uma criança de
11 meses?
(A) Galant.
(B) Olho de boneca.
(C) Babinski.
(D) Marcha.

05. (Câmara Legislativa do Distrito Federal - Técnico de Enfermagem - FCC/2018) Toda criança
nascida no Brasil tem direito a receber gratuitamente, ainda na maternidade, a Caderneta de Saúde da
Criança. Ela é um documento único para cada criança, importante para acompanhar sua saúde,
crescimento e desenvolvimento, do nascimento até os
(A) 5 anos de idade.
(B) 9 anos de idade.
(C) 7 anos de idade.
(D) 12 anos de idade.
(E) 10 anos de idade.

06. (UNIFESP - Enfermagem Geral - UNIFESP/2018) O leite humano apresenta composição variável
para se adaptar as necessidades do lactente. Em relação aos tipos de leite humano, leia as afirmativas
abaixo e assinale a alternativa correta:
(A) O colostro é a primeira secreção das glândulas mamárias e ocorre na primeira semana após o
parto.
(B) O leite precoce é produzido no final da primeira semana após parto e é considerado o elo entre o
colostro e o leite de transição.
(C) O leite de transição ocorre a partir da terceira semana após o parto
(D) 12 anos de idade.
(E) 10 anos de idade.

07. (Prefeitura de Divinópolis - Técnico de Enfermagem - IBFC/2018) O Programa Nacional de


Triagem Neonatal (PNTN) é uma forma de rastreamento populacional, tendo como objetivo identificar
distúrbios e doenças no recém-nascido, em tempo oportuno, para intervenção adequada, por meio da
triagem neonatal a partir da matriz biológica, denominada “teste do pezinho”. Considerando o “teste do
pezinho”, leia as frases e a seguir assinale a alternativa correta.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


306
I. São doenças que podem ser detectadas no teste: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito,
hemoglobinopatias e fibrose cística.
II. Recomenda-se que o período ideal de coleta da primeira amostra esteja compreendido entre o 3º e
o 5º dia de vida da criança.
III. A coleta para o exame deve ser realizada a partir do 30º dia de vida da criança para evitar resultados
falsos negativos.
IV. A punção deve ser executada numa das laterais da região plantar do calcanhar, locais com pouca
possibilidade de se atingir o osso.

(A) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.


(B) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas
(C) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas
(D) Apenas a afirmativa III está correta

08. (TJ/SC - Enfermeiro - FGV/2018) Um dos procedimentos necessários após o nascimento é a


clampagem do cordão umbilical, que deve ser realizada:
(A) logo após sua secção;
(B) após a etapa de dequitação;
(C) somente em uma unidade hospitalar;
(D) após a exteriorização da placenta;
(E) assim que cessarem suas pulsações.

09. (UFMT - Técnico em Enfermagem - UFMT/2018) Imediatamente após o nascimento de um recém-


nascido (RN) a termo, com boa vitalidade ao nascer e em condições clinicas favoráveis, alguns cuidados
de rotina devem ser implementados. Nesse contexto, são considerados cuidados de rotina que devem
ser realizados, EXCETO:
(A) aspiração ativa de vias aéreas.
(B) administração de vitamina K para prevenir sangramento, 1 mg por via intramuscular.
(C) realização do método “Credé”, 1 gota de solução de nitrato de prata a 1% em cada olho, na primeira
hora após nascimento, para prevenção da oftalmia gonocócica,
(D) verificação das medidas antropométricas e identificação do RN.

10. (FMS - Enfermeiro - NUCEPE/2017) Sobre a assistência ao recém-nascido imediatamente após


o parto, analise os itens e marque alternativa ERRADA:
(A) O clampeamento do cordão umbilical deve ocorrer entre 1 a 5 minutos de vida ou de forma
fisiológica quando cessar a pulsação, exceto se houver alguma contraindicação em relação ao cordão ou
necessidade de reanimação neonatal.
(B) A vitamina K deve ser administrada por via oral, na dose única de 1 mg, pois este método apresenta
a melhor relação de custo-efetividade.
(C) O tempo de administração da profilaxia da oftalmia neonatal pode ser ampliado em até 4 horas
após o nascimento.
(D) Recomenda-se a utilização da pomada de eritromicina a 0,5% e, como alternativa, tetraciclina a
1% para realização da profilaxia da oftalmia neonatal. A utilização de nitrato de prata a 1% deve ser
reservado apenas em caso de não se dispor de eritromicina ou tetraciclina.
(E) Não se recomenda a aspiração orofaringeana e nem nasofaringeana sistemática do recém-nascido
saudável.
Gabarito

01.C / 02.Certo / 03.Certo / 04.C / 05.B / 06.A / 07.B / 08.E / / 09.A / 10.B

Comentários

01. Resposta: C
1. Plano A: tratamento no domicílio. É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de
reidratação oral (reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação com alimentos
que não agravem a diarreia.
Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente. Além do soro de hidratação oral,
são considerados líquidos adequados: sopa de frango com hortaliças e verduras, água de coco, água.
São inadequados: refrigerantes, líquidos açucarados, chás, sucos comercializados, café.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


307
Ainda no Plano A, deve-se iniciar a suplementação de zinco e manter a alimentação habitual. Os sinais
de alarme devem ser enfatizados nesta fase, para serem identificados prontamente na evolução se
ocorrerem (aumento da frequência das dejeções líquidas, vômitos frequentes, sangue nas fezes, recusa
para ingestão de líquidos, febre, diminuição da atividade, presença de sinais de desidratação, piora do
estado geral).

2. Plano B: administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das perdas
vinculadas à desidratação). Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas
durante o período da terapia de reparação por via oral). Após o término desta fase, retomar os
procedimentos do Plano A.
De acordo com a OMS é importante que a alimentação seja reiniciada no serviço de saúde para que
as mães sejam orientadas quanto à importância da manutenção da alimentação.
A primeira regra nesta fase é administrar a solução de terapia de reidratação oral (SRO), entre 50 a
100mL/Kg, durante 2 a 4 horas. A SRO deve ser oferecida de forma frequente, em quantidades pequenas
com colher ou copo, após cada evacuação. A mamadeira não deve ser utilizada.

02. Resposta: Certo


O aleitamento materno é uma das prioridades do Governo Federal. O Ministério da Saúde recomenda
a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e que nos primeiros 6 meses o bebê receba somente
leite materno (aleitamento materno exclusivo), ou seja, sem necessidade de sucos, chás, água e outros
alimentos.

03. Resposta: Certo


O leite materno é um alimento completo. Isso significa que, até os 6 meses, o bebê não precisa de
nenhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite). Ele é de mais fácil digestão do que qualquer outro
leite e funciona como uma vacina85, pois é rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças
como diarreia, infecções respiratórias, alergias, além de diminuir o risco de hipertensão, colesterol alto,
diabetes e obesidade. É limpo, está sempre pronto e quentinho.

04. Resposta: C
27. Reflexo de Babinski: ao tocar ou acariciar do calcanhar e pelo arco do pé́ , os dedos sofrem
hiperextensão e dorsiflexão do dedão do pé́ , o que desaparece depois de 1 ano de idade.

05. Resposta: B
Toda criança nascida em maternidades pública ou privada no Brasil tem direito a receber gratuitamente
a Caderneta de Saúde da Criança que deve ser devidamente preenchida e orientada pelo profissional por
ocasião da alta hospitalar. A Caderneta é um documento importante para acompanhar a saúde,
crescimento e desenvolvimento da criança do nascimento até os 9 anos de idade.

06. Resposta: A
A cor do leite pode variar, mas ele nunca é fraco. O leite materno é sempre adequado para o
desenvolvimento do bebê. Nos primeiros dias, a produção de leite é pequena e este leite chamado de
colostro tem alto valor nutritivo e é suficiente para atender às necessidades do bebê.

07. Resposta: B
O teste do pezinho é uma das principais formas de diagnosticar seis doenças que, quanto mais cedo
forem identificadas, melhores são as chances de tratamento. São elas fenilcetonúria, hipotireoidismo
congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e
hiperplasia adrenal congênita.
Importante: para realizar o teste do pezinho, a família deve levar o recém-nascido a uma unidade
básica de saúde entre o 3° e o 5° dia de vida. É fundamental ter atenção a esse prazo.
O teste é feito no pezinho por ser uma região bastante irrigada do corpo, o que facilita o acesso ao
sangue para a coleta da amostra. Apesar de muitos bebês chorarem durante o exame, a picadinha no
calcanhar é muito importante para dar as melhores condições de desenvolvimento para as crianças
brasileiras.
Esse não é um exame que traz riscos ao bebê. Muito pelo contrário, é rápido, pouco invasivo e até
bem menos incômodo do que a coleta com seringa em uma veia no bracinho.

85
O aleitamento materno não exclui a necessidade de cumprimento do calendário de vacinação da criança.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


308
08. Resposta: E
Clampeamento do cordão umbilical
• A criança deverá permanecer em nível inferior ao da mãe, até o cordão umbilical ser pinçado
(clampeado e cortado logo após parar de pulsar);
• Clampear o cordão a uma distância de 2cm do anel umbilical, usando álcool etílico a 70%.
• Verificar sinais de hemorragia;
• Inspecionar os vasos umbilicais - presença de duas artérias e uma veia.

09. Resposta: A
Desobstrução das Vias Aéreas
• Envolver o RN com lençol ou campo esterilizado para iniciar a secagem das secreções e
aquecimento;
• Manter a criança em Trendelemburg - facilita desobstrução das vias aéreas;
• Remover mucosidades e sangue com gaze esterilizada da boca, nariz e olhos;
• Realizar aspiração de mucosidades da oro e nasofaringe e verificar se não há atresia de coanas.

10. Resposta: B
• A vitamina K é administrada em dose única por via intramuscular (1mg = 0,1ml), até 2 horas após o
nascimento.

DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER86

O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado para a atenção integral à saúde da
mulher, numa perspectiva que contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da população
feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse grupo e a garantia do direito à saúde.
A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida,
resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais
(mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso,
em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde da mulher deverão nortear-se pela
perspectiva de gênero, de raça e de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as fronteiras da
saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcançar todos os aspectos da saúde da mulher.
A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer uma dinâmica inclusiva, para atender às
demandas emergentes ou demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas em sua dimensão mais ampla,
objetivando a criação e ampliação das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja
no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com outros setores governamentais, com
destaque para a segurança, a justiça, trabalho, previdência social e educação.
A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção,
assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à
alta complexidade).
O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis de atenção à saúde, no contexto da
descentralização, hierarquização e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos três
níveis gestores, de acordo com as competências de cada um, garantir as condições para a execução da
Política de Atenção à Saúde da Mulher.
A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento à mulher a partir de uma percepção
ampliada de seu contexto de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim como
de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito capaz e responsável por suas escolhas.
A atenção integral à saúde da mulher implica, para os prestadores de serviço, no estabelecimento de
relações com pessoas singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais, de diferentes
orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem
discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. Esse enfoque deverá
ser incorporado aos processos de sensibilização e capacitação para humanização das práticas em saúde.
As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da humanização, aqui compreendido como
atitudes e comportamentos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter da atenção à
saúde como direito, que melhorem o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e suas
condições de saúde, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu contexto e momento

86
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


309
de vida; que promovam o acolhimento das demandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que
busquem o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o interesse em resolver
problemas e diminuir o sofrimento associado ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus
familiares.
No processo de elaboração, execução e avaliação das Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá
ser estimulada e apoiada a participação da sociedade civil organizada, em particular do movimento de
mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição técnica e política no campo dos direitos e da saúde
da mulher.
Compreende-se que a participação da sociedade civil na implementação das ações de saúde da
mulher, no âmbito federal, estadual e municipal requer - cabendo, portanto, às instâncias gestoras -
melhorar e qualificar os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas de saúde da mulher e
sobre os instrumentos de gestão e regulação do SUS.
No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactuada entre todos os níveis hierárquicos,
visando a uma atuação mais abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes realidades
regionais.
As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde das mulheres deverão ser executadas
de forma articulada com setores governamentais e não-governamentais; condição básica para a
configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a obtenção dos resultados esperados.

Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

- Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia
de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção,
assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro;
- Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas
evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer
espécie;
- Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde.

Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção


pelo HIV e outras DST:
- Fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher;
- Ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica na rede SUS.

Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para


homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde:
- Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo a assistência à infertilidade;
- Garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população em idade reprodutiva;
- Ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções de métodos anticoncepcionais;
- Estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas ações de planejamento familiar.

Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao


abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes:
- Construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna
e Neonatal;
- Qualificar a assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios;
- Organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal, garantindo atendimento à gestante de
alto risco e em situações de urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e contra
referência;
- Fortalecer o sistema de formação/capacitação de pessoal na área de assistência obstétrica e
neonatal;
- Elaborar e/ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo;
- Qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de abortamento;
- Apoiar a expansão da rede laboratorial;
- Garantir a oferta de ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
- Melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da mortalidade materna.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


310
Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual:
- Organizar redes integradas de atenção às mulheres em situação de violência sexual e doméstica;
- Articular a atenção à mulher em situação de violência com ações de prevenção de DST/aids;
- Promover ações preventivas em relação à violência doméstica e sexual.

Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças


sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids na população feminina:
- Prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
- Ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo com HIV e aids.

Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina:


- Organizar em municípios pólos de microrregiões redes de referência e contra referência para o
diagnóstico e o tratamento de câncer de colo uterino e de mama;
- Garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de reconstrução mamária nas mulheres
que realizaram mastectomia;
- Oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas no Programa Viva Mulher,
especialmente aquelas com diagnóstico de DST, HPV e/ou lesões intraepiteliais de alto grau/câncer
invasor.

Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero:
- Melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de transtornos mentais no SUS;
- Qualificar a atenção à saúde mental das mulheres;
- Incluir o enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais e
promover a integração com setores não-governamentais, fomentando sua participação nas definições da
política de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais.

Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério:


- Ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no climatério na rede SUS.

Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade:


- Incluir a abordagem às especificidades da atenção à saúde da mulher na Política de Atenção à Saúde
do Idoso no SUS;
- Incentivar a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso no SUS.

Promover a atenção à saúde da mulher negra:


- Melhorar o registro e produção de dados;
- Capacitar profissionais de saúde;
- Implantar o Programa de Anemia Falciforme (PAF/MS), dando ênfase às especificidades das
mulheres em idade fértil e no ciclo gravídico-puerperal;
- Incluir e consolidar o recorte racial/étnico nas ações de saúde da mulher, no âmbito do SUS;
- Estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da mulher das SES e SMS com os
movimentos e entidades relacionados à saúde da população negra.

Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade:


- Implementar ações de vigilância e atenção à saúde da trabalhadora da cidade e do campo, do setor
formal e informal;
- Introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a noção de direitos das mulheres
trabalhadoras relacionados à saúde.

Promover a atenção à saúde da mulher indígena:


- Ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher indígena.

Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, incluindo a promoção das
ações de prevenção e controle de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids
nessa população:
- Ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidiárias.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


311
Fortalecer a participação e o controle social na definição e implementação das políticas de
atenção integral à saúde das mulheres:
- Promover a integração com o movimento de mulheres feministas no aperfeiçoamento da política de
atenção integral à saúde da mulher.

SAÚDE DA MULHER

Ginecologia e Obstetrícia

A ginecologia literalmente significa "a ciência da mulher", mas na medicina é a especialidade que trata
de doenças do sistema reprodutor feminino, útero, vagina e ovários. Quase todos ginecologistas atuais
são também obstetras.
A obstetrícia é o ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Investiga a gestação, o parto
e o puerpério nos seus aspectos fisiológicos e patológicos. O obstetra é o médico especialista que cuida
do desenvolvimento do feto, além de prestar assistência à mulher nos períodos da gravidez e pós-parto
(puerpério).
No entanto, existem outros profissionais habilitados no cuidado ao ciclo gravídico puerperal do parto
normal: Enfermeiros Obstetras e Obstetriz.

Gravidez

Com a influência do movimento das mulheres, em 1983, foi formulado pelo Ministério da Saúde o
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que propõe fornecer uma assistência
integral clínico-ginecológica, com controle das doenças transmitidas sexualmente (DST), do câncer
cérvico-uterino (colo do útero) e mamário, a assistência para concepção e contracepção, uma melhor
assistência pré-natal, do parto e do puerpério, abordando os problemas desde a adolescência até a
terceira idade.
Para a Organização Mundial de saúde (OMS), humanizar o parto é adotar um conjunto de condutas e
procedimento que promovem o parto e o nascimento saudáveis, pois respeita o processo natural e evita
condutas desnecessárias ou de risco para mãe e feto.

A gestação normal tem duração aproximada de 280 dias ou 9 meses ou 40 semanas, podendo
variar de 38 a 42 semanas gestacionais, período em que ocorre todo o desenvolvimento
embrionário e fetal - que pode ser subdividido em três trimestres. Cada trimestre, por sua vez,
é formado por 12 a 14 semanas de gestação, durante as quais ocorre a estruturação do novo
ser, fundamental à sua condição humana.

O fenômeno da reprodução humana é um processo de transição biológica, psicológica e social, sendo


diversos os fatores que interferem no desenrolar e no acontecimento da gravidez, que por si só ocasiona
fortes, belas e essenciais modificações na vida da mulher - em seu corpo, mente, coração,
relacionamentos e dinâmica de vida.

Diagnosticando a Gravidez
Faz-se importante sabermos se a mulher tem vida sexual ativa e se há referência de amenorreia
(ausência de menstruação). A partir desses dados e de um exame clínico são identificados os sinais e
sintomas físicos e psicológicos característicos, que também podem ser identificados por exames
laboratoriais que comprovem a presença do hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos
específicos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três categorias que, quando positivas, confirmam o
diagnóstico. É importante lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem também
aparecer em outras circunstâncias.
Visando seu maior conhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacionais mais
comuns e que auxiliam o diagnóstico:

- Sinais de Presunção - são os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da


progesterona:
a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal de alerta para uma possível gestação. É uma
indicação valiosa para a mulher que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser resultado

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


312
de condições como, por exemplo, estresse emocional, mudanças ambientais, doenças crônicas,
menopausa, uso de métodos contraceptivos e outros;
b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais frequente pela manhã, é denominada
“enjoo matinal”, mas pode ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e, normalmente,
não persiste após 16 semanas;
c) Alterações mamárias - caracterizam-se pelo aumento da sensibilidade, sensação de peso,
latejamento e aumento da pigmentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as mamas
começam a aumentar de tamanho;
d) Polaciúria - é o aumento da frequência urinária. Na gravidez, especialmente no primeiro e terceiro
trimestre, dá-se o preenchimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, pressiona a
bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a função de reservatório. A esta alteração anatômica
soma-se a alteração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca um relaxamento da
musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua capacidade de armazenamento;
e) Vibração ou tremor abdominal - são termos usados para descrever o reconhecimento dos
primeiros movimentos do feto, pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. Por serem
delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundidos com gases intestinais.

- Sinais de Probabilidade - são os que indicam que existe uma provável gestação:
a) Aumento uterino - devido ao crescimento do feto, do útero e da placenta;
b) Mudança da coloração da região vulvar - tanto a vulva como o canal vaginal tornam-se bastante
vascularizados, o que altera sua coloração de rosa avermelhado para azul-escuro ou vinhosa;
c) Colo amolecido - devido ao aumento do aporte sanguíneo na região pélvica, o colo uterino torna-
se mais amolecido e embebido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, enrugadas,
amolecidas e embebidas.
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina coriônica é produzido durante a
implantação do ovo no endométrio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hormônio
aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecundação, podendo ser identificado mediante exame
específico;
e) Sinal de rebote - é o movimento do feto contra os dedos do examinador, após ser empurrado para
cima, quando da realização de exame ginecológico (toque) ou abdominal;
f) Contrações de Braxton-Hicks - são contrações uterinas indolores, que começam no início da
gestação, tornando-se mais notáveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um aperto
no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, podendo ser confundidas com as contrações do
parto.

- Sinais de Certeza - são aqueles que efetivamente confirmam a gestação:


a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscópio de Pinard, pode ser ouvido,
frequentemente, por volta da 18ª semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência cardíaca fetal é rápida e oscila de 120
a 160 batimentos por minuto;
b) Contornos fetais - ao examinar a região abdominal, frequentemente após a 20ª semana de
gestação, identificamos algumas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal);
c) Movimentos fetais ativos - durante o exame, a atividade fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª
semana de gestação. A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce desses movimentos;
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia - pode mostrar o produto da concepção
(embrião) com 4 semanas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa mesma época.
Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia apresenta grande precisão diagnóstica.

Durante a evolução da gestação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que indicam
alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos já descritos, frequentemente encontrados no
primeiro trimestre gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialorreia) e sangramentos
gengivais, decorrentes do edema da mucosa gengival, em vista do aumento da vascularização.
Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais intensa; outras, de forma mais leve -
o que pode estar associado às particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
observar as perversões alimentares decorrentes de carência de minerais no organismo (ferro, vitaminas),
tais como o desejo de ingerir barro, gelo ou comidas extravagantes.
Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar a evolução da gestação por meio do
pré-natal, identificando e analisando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repassando

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


313
informações que podem indicar mudanças próprias da gravidez. Nos casos em que esta sintomatologia
se intensificar, indica-se a referência a algumas medidas terapêuticas.

Complicações Durante a Gestação


- Náuseas e Vômitos
Representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para um alto grau de
ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas de hiperemese
gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que 5% do peso
pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca de 1% das
gestações.
Algumas doenças poderão estar associadas à hiperemese, como pré-eclâmpsia, gemelaridade, mola
hidatiforme, diabetes e isoimunização.

- Diagnóstico
Outras causas de náuseas e vômitos intensos devem ser afastadas, como úlcera gástrica, cisto de
ovário torcido, prenhez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais, problemas metabólicos e do
sistema nervoso central.
Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperemese gravídica.
Os vômitos incoercíveis e náuseas acarretam quadro que vai desde a desidratação e oligúria à perda
de peso, alcalose (pela perda maior de cloro, através do suco gástrico - hipocloremia), perda de potássio
nos casos mais prolongados e alterações no metabolismo de gorduras e glicose, podendo, nos casos
mais graves, chegar à insuficiência hepática, renal e neurológica.

- Conduta
O apoio psicológico e educativo desde o início da gestação, assim como o tratamento precoce das
náuseas e vômitos, com reorientação alimentar e antieméticos, são as melhores maneiras de evitar os
casos de hiperemese. Os casos mais graves requerem internação hospitalar e utilização de medicação
endovenosa pelo período que for necessário para a sua resolução.
As recomendações na dieta e na mudança de hábitos, incluem separar sólidos de líquidos, alimentar-
se mais frequentemente com refeições mais leves, evitar alimentos gordurosos e bebidas geladas ou
muito doces. Aconselha-se também evitar alimentos com cheiros fortes, como as comidas muito
temperadas.

- Transtornos do humor
É comum, nos casos de hiperemese gravídica, a presença de distúrbios do humor e pode ser
necessária a utilização de medicação específica para tal, ou seja, inibidores seletivos da recaptação de
serotonina: fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e citalopram em doses usuais.

Instalado o quadro de hiperemese, é necessária a internação, com jejum, reposição das perdas com
soro glicofisiológico, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico, além do uso de antieméticos
injetáveis.
A reintrodução de dieta leve e sua progressiva normalização devem ser feitos na medida da aceitação
da gestante, seu apetite e ausência de náuseas. Nos casos de acentuada perda de peso e dificuldade de
reintrodução da dieta, a alimentação parenteral pode ser necessária, enquanto persistirem os sintomas.

- Anemias
Anemia leve a moderada dosagem de hemoglobina <11g/dl e >8g/dl, solicitar exame parasitológico de
fezes e tratar parasitose se presente. Tratar a anemia com 3 drágeas de sulfato ferroso via oral/dia.
Repetir dosagem de hemoglobina entre 30 e 60 dias se os níveis estiverem subindo manter o tratamento
até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser iniciada a dose de suplementação (1 drágea ao dia),
repetir a dosagem no 3° trimestre, se a hemoglobina permanecer em níveis estacionários ou se baixar,
referir a gestação ao pré-natal de alto risco.

Alterações da Duração da Gestação


- Gestação Prolongada
É a gravidez que se estendeu além de 42 semanas. Está associada a um risco aumentado de
morbidade e mortalidade perinatal. A taxa de mortalidade perinatal (óbitos fetais mais as mortes neonatais
precoces) em gestações de 42 semanas é duas vezes maior que nas gestações de termo (4-7 mortes
contra 2-3 mortes por 1.000 partos) e dobra após 43 semanas.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


314
A insuficiência uteroplacentária, a síndrome de aspiração meconial e a infecção intrauterina contribuem
para as altas taxas de mortalidade perinatal e óbito intrauterino.
Aproximadamente 20% dos fetos após 42 semanas apresentam crescimento intrauterino restrito
devido à insuficiência placentária.
Essas gestações têm maior risco de compressão funicular devido à oligodramnia e síndrome de
aspiração meconial.

Diagnóstico: o diagnóstico de certeza somente pode ser feito com o estabelecimento precoce da
idade gestacional. O exame ultrassonográfico (USG) no início da gestação, idealmente entre 9 e 12
semanas, é o método mais fidedigno para avaliação da idade gestacional, principalmente em gestantes
com dúvidas sobre a data da última menstruação.
O exame realizado no segundo trimestre não é tão preciso, mas tem valia se há uma diferença maior
que 10 dias entre a estimativa dessa USG e a data da última menstruação. Nesse caso deve-se ajustar
a idade gestacional pela USG.

Conduta: se não houver objeção por parte da mulher, deve ser realizado o descolamento das
membranas amnióticas, entre 38 e 41 semanas, para diminuir a probabilidade de indução do parto.
A indução do parto deve ser realizada a partir de 41 semanas de gestação, após concordância da
mulher.
Em gestantes que recusam submeter-se à indução, na conduta deverá ser avaliado o bem-estar fetal.
A frequência de vigilância deve ser duas vezes por semana. O parto deve ser realizado se houver
oligoidrâmnio, presença de mecônio à amnioscopia ou evidências de comprometimento fetal.
A dopplerfluxometria não tem nenhum benefício comprovado na avaliação desses fetos e não é
recomendada para esta indicação.

Síndromes Hipertensivas da Gravidez

- Hipertensão Arterial
Pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo menos duas medidas.

- Proteinúria
É definida como a excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita
em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção. Devido à
discrepância entre a proteinúria de amostra única e a proteinúria de 24 horas na pré-eclâmpsia, o
diagnóstico deve ser baseado em exame de urina de 24 horas.
Outra alternativa é a relação proteína/creatinina urinária em coleta única de urina. Nessa técnica, o
resultado da divisão do valor da proteinúria pela creatinina urinária (em mg/dL) ≥ 0,3 tem uma boa
correlação com a proteinúria na urina de 24 horas ≥ 0,3g.

- Plaquetopenia
Menos de 100.000/mm3, com maior gravidade quando menor que 50.000/mm3.

- Elevação de Enzimas Hepáticas


a) Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) e Alanina
aminotransferase (ALT) ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) >60U/L, e
b) Desidrogenase láctica (DHL) >600U/L.

- Anemia Microangiopática
a) Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e
b) Presença significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo microscópico).

Classificação das Síndromes Hipertensivas da Gravidez


- Hipertensão Crônica
Observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira
vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto.

- Pré-eclâmpsia
Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação (ou antes, em casos de doença trofoblástica
gestacional ou hidropsia fetal) acompanhada de proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas pós-

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


315
parto. Na ausência de proteinúria, a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece
acompanhado por cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas
hepáticas.
Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica ou 15mmHg na diastólica quando os valores absolutos
estejam abaixo de 140/90mmHg não deve ser usado como critério diagnóstico. Na presença de um
aumento de 30mmHg na sistólica ou 15mmHg na diastólica, deve-se fazer medidas de pressão e
consultas mais frequentes, com observação mais amiúde, especialmente se houver proteinúria e
hiperuricemia (ácido úrico maior ou igual a 6mg/dL).
A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou grave, de acordo com o grau de comprometimento.

a) Pré-eclâmpsia Leve: as gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência, devem ser


hospitalizadas para avaliação diagnóstica inicial e mantidas com dieta normossódica e repouso relativo.
Na avaliação das condições maternas deve constar:
- PA de 4/4h durante o dia;
- Pesagem diária;
- Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia:
- Cefaleia frontal ou occipital persistente;
- Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose);
- Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos;
- Hiperreflexia;
- Proteinúria na fita ou proteinúria de 24 horas;
- Hematócrito e plaquetas;
- Provas de função renal e hepática.
Não há necessidade de tratamento medicamentoso.

Avaliação das condições fetais:


- Contagem de movimentos fetais diariamente;
- Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o
teste a cada três semanas;
- Cardiotocografia basal (CTB), se disponível. Se a CTB for reativa, repetir semanalmente;
- A reavaliação materna e fetal deve ser imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições
maternas, redirecionando a conduta.

Nas gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado após a hospitalização se
confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as seguintes recomendações:
- Consultas semanais;
- Repouso relativo (evitar grandes esforços);
- Pesar diariamente pela manhã;
- Proteinúria na fita semanalmente pela manhã;
- Medir a pressão arterial pelo menos uma vez ao dia.

A presença dos seguintes sinais e sintomas demanda retorno imediato ao hospital:


- PA ≥ 150/100mmHg;
- Proteinúria na fita ++ ou mais;
- Aumento exagerado de peso;
- Cefaleia grave e persistente.
- Dor abdominal persistente, principalmente na região epigástrica e hipocôndrio direito;
- Sangramento vaginal;
- Presença de contrações uterinas regulares;
- Presença de distúrbios visuais como diplopia, fotofobia, escotomas etc.;
- Náusea ou vômitos persistentes;
- Diminuição dos movimentos fetais.

b) Pré-eclâmpsia Grave: as gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave deverão ser


internadas, solicitados os exames de rotina e avaliadas as condições maternas e fetais. Avaliar
necessidade de transferência para unidade de referência, após a estabilização materna inicial.
Se a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas de gestação, devem ser preparadas para
interrupção da gestação.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


316
A conduta conservadora pode ser adotada em mulheres com pré-eclâmpsia grave com idade
gestacional entre 24 e 33:6 semanas, através de monitoração materno fetal rigorosa, uso de sulfato de
magnésio e agentes anti-hipertensivos. As gestantes nessas condições devem ser admitidas e
observadas por 24 horas para determinar a elegibilidade para a conduta e nesse período serão manejadas
como se segue:
- Administração de sulfato de magnésio;
- Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada 24 horas, 2 aplicações IM);
- Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (Hidralazina ou Nifedipina);
- Infusão de solução de Ringer lactato a 100-125ml/h;
- Exames laboratoriais: hemograma completo com plaquetas, creatinina sérica, ácido úrico, AST/TGO,
ALT/TGP, desidrogenase lática, proteinúria de 24 horas;
- Dieta suspensa (permitir pequenas ingestões de líquidos claros e medicação oral).

Após o período inicial de observação, confirmando-se a elegibilidade materno fetal para a conduta
expectante, adota-se o seguinte:
- Interrupção do sulfato de magnésio;
- Determinação da PA a cada 4-6 horas;
- Contagem de plaquetas diariamente;
- TGO/ AST, ALT/TGP, creatinina e bilirrubina de 2 em 2 dias;
- Repetir a proteinúria de 24 horas semanalmente;
- Uso de medicação anti-hipertensiva para manter a pressão entre 140/90 e 150/100mmHg
(Alfametildopa até 2g, associada a Nifedipina, ou Betabloqueador, ou Hidralazina);
- Se as condições maternas estão estáveis, realizar CTB diariamente e PBF duas vezes por semana;
- Avaliação do crescimento fetal por ultrassonografia a cada duas semanas;
- Dopplerfluxometria fetal semanalmente.

- Eclâmpsia
A ocorrência de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia. A
conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de
cuidados e controles gerais:
- Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso possível;
- Decúbito elevado a 30º e face lateralizada;
- Cateter nasal com oxigênio (5l/min);
- Punção de veia central ou periférica calibrosa;
- Cateter vesical contínuo.

A conduta obstétrica visa à estabilização do quadro materno, à avaliação das condições de bem-estar
fetal e a antecipação do parto, em qualquer idade gestacional.
Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para interrupção da gestação.

Terapia Anticonvulsivante: é indicada para prevenir convulsões recorrentes em mulheres com


eclâmpsia, assim como o aparecimento de convulsões naquelas com pré-eclâmpsia. O sulfato de
magnésio é a droga de eleição para tal.

Via de Parto
O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, desse modo
evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas.
Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada.

Seguimento Pós-Parto
Mulheres que desenvolvem hipertensão na gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses
imediatamente após o parto e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular.
Qualquer anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da alta deve ser
reavaliado na consulta de puerpério. A expectativa é que a hipertensão e outros sinais e sintomas ou
disfunção orgânica associados à pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto. Se as
anormalidades persistirem, as gestantes deverão ser reexaminadas após seis semanas e, se a patologia
mantiver, provavelmente tornou-se crônica.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


317
Medida da Altura Uterina

A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.
O útero aumenta seu tamanho com a idade gestacional. Foram desenvolvidas curvas de altura uterina
em função da Idade gestacional, nas quais os percentis 10 e 90 marcam os limites da normalidade.

Síndromes Hemorrágicas

Entre 10 a 15% das gestações apresentam hemorragias. Podem representar complicação gestacional
ou agravos ginecológicos concomitantes com o período gravídico.

Classificação
As mais importantes situações hemorrágicas gestacionais são:

a) Primeira Metade da Gestação


- Abortamento;
- Gravidez ectópica;
- Neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme);
- Descolamento cório-amniótico.

b) Segunda Metade da Gestação


- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.

Outras causas menos frequentes de sangramento por via vaginal durante toda a gestação, são:
cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo uterino, trauma vaginal e o sangramento do colo
durante o trabalho de parto na segunda metade da gestação.

Hemorragias da Primeira Metade da Gravidez

Abortamento
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com o produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto. O abortamento pode ser precoce, quando ocorre até a 13ª
semana e tardio, quando entre 13ª e 22ª semanas.
Pode ser classificado de várias formas:
- Abortamento espontâneo: é a perda involuntária da gestação.
- Ameaça de abortamento: é a ocorrência de sangramento uterino com a cérvix fechada sem
eliminação de tecidos ovulares.
- Abortamento completo: quando a totalidade do conteúdo uterino foi eliminada.
- Abortamento incompleto: quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado.
- Abortamento inevitável: quando há sangramento e dilatação cervical, mas ainda não ocorreu
eliminação de conteúdo uterino.
- Abortamento retido: quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece na cavidade
uterina, sem ser eliminado. De uma maneira geral o colo se encontra fechado, podendo ocorrer leve
sangramento.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


318
- Abortamento infectado: é o processo de abortamento acompanhado de infecção genital, tais como
endometrite, parametrite e peritonite.
- Abortamento habitual: perdas espontâneas e sucessivas de três ou mais gestações.

Diagnóstico e Conduta
Toda gestante com sangramento vaginal no 1º trimestre deve ser submetida a exame abdominal,
exame especular e toque.
Quando o colo estiver fechado ou houver dúvida no diagnóstico, está indicada uma ultrassonografia
para avaliação das condições do saco gestacional (com ou sem descolamento) e do embrião (com ou
sem batimentos).

Ameaça de Abortamento
O sangramento genital é de pequena a moderada intensidade, podendo existir dores, tipo cólicas,
geralmente pouco intensas. O colo uterino (orifício interno) encontra-se fechado, o volume uterino é
compatível com o esperado para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. Para este
diagnóstico é necessária uma ultrassonografia, que pode não ter alterações ou identificar área de
descolamento ovular, com vitalidade embrionária.
Não existe indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser orientada para ficar em repouso,
utilizar analgésico se apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea, e retornar ao
atendimento de pré-natal.
Nos casos em que não ocorre regressão das alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou
sangramento com odor fétido, a mulher deve retornar ao serviço de saúde para nova avaliação.

Abortamento Completo
Geralmente, ocorre em gestações com menos de oito semanas. A perda sanguínea e as dores
diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular. O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto
e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. No exame de
ultrassonografia, encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos.
A conduta nesse caso é de observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina.

Abortamento Inevitável/Incompleto
O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de
restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade que na ameaça e o orifício cervical interno
encontra-se aberto. O exame de ultrassonografia confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja
imprescindível.
Em gestações com menos de 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a aspiração manual
intrauterina (AMIU), por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido. Quando não for possível
empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. O tratamento alternativo, na indisponibilidade de
AMIU ou curetagem, estando o colo pérvio, é misoprostol.
Após a expulsão, caso haja suspeita de restos ovulares ou placentários remanescentes, realiza-se a
curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12 semanas, também pode ser
utilizada a AMIU. Também é importante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente necessário, far-
se-á transfusão sanguínea.

Abortamento Retido
Em geral, o abortamento retido cursa com regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo uterino
encontra-se fechado e não há perda sanguínea. O exame de ultrassonografia revela ausência de sinais
de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode ocorrer o
abortamento retido sem os sinais de ameaça.
O tratamento é misoprostol. Após a expulsão, havendo suspeita de restos ovulares ou placentários
remanescentes, realiza-se a curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12
semanas, também pode ser utilizada a AMIU.

Abortamento Infectado
Com muita frequência, está associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas
inadequadas e inseguras de abortamento provocado. Estas infecções são polimicrobianas e provocadas,
geralmente, por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbios. São casos graves e devem ser
tratados, independentemente da vitalidade do feto.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


319
As manifestações clínicas mais frequentes são: elevação da temperatura, sangramento genital com
odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de pus através do colo uterino. Na
manipulação dos órgãos pélvicos, pelo toque vaginal, a mulher pode referir bastante dor, e deve-se
sempre pensar na possibilidade de perfuração uterina.
O esvaziamento uterino, naqueles úteros com tamanho compatível com gestação de até 12 semanas,
deve ser realizado, preferencialmente, por aspiração manual intrauterina (AMIU), por apresentar menores
taxas de complicações, reduzir a necessidade de dilatação cervical e promover a aspiração do material
infectado.
Na realização desse procedimento, atentar para o fato de que a perda do vácuo pode significar
perfuração uterina prévia. Na impossibilidade do uso da AMIU, pode-se empregar a curetagem uterina.
Nos casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar resposta satisfatória, deve-
se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, realizar retirada de órgãos pélvicos. A
persistência de febre após 48 horas dos cuidados iniciais pode traduzir abscessos pélvicos ou
tromboflebite. Convém lembrar que a tromboflebite pélvica séptica é diagnóstico raro e de exclusão (só
pode ser firmado após se afastar outras causas de persistência da febre). Nesse caso, indica-se a
utilização da heparina como teste terapêutico sem, no entanto, se suspender a antibioticoterapia.

Abortamento Habitual
Em gestantes com história de abortamento habitual é necessária uma anamnese detalhada para se
detectar as possíveis causas associadas:
- Malformações uterinas (útero bicorno, útero septado, útero didelfo);
- Miomatose uterina;
- Insuficiência istmo cervical;
- Insuficiência do corpo lúteo;
- Fatores imunológicos;
- Fatores infecciosos;
- Síndrome antifosfolípide;
- Fatores genéticos.

O exame ginecológico associado à ultrassonografia pode ajudar a detectar anomalias uterinas, a


miomatose e a insuficiência istmo cervical.
Os testes laboratoriais que podem ser úteis durante a gravidez são a pesquisa de anticorpos
antifosfolípides (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares. Caso a gravidez
atual termine em aborto, deve-se, sempre que possível, realizar uma análise citogenética dos produtos
da concepção.
Fora da gravidez, a investigação genética do casal (cariótipo), a ultrassonografia e a pesquisa de
anticorpos antifosfolipídeos (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares são os
testes que apresentam evidências suficientes para justificar sua investigação.
Recomenda-se o acompanhamento quinzenal por meio das consultas de pré-natal.
Lembrar que em gestantes onde a etiologia ainda não está esclarecida, o prognóstico da gravidez
pode ser muito bom sem nenhum tratamento, além de um controle atento e dedicado. Nos casos onde a
etiologia é conhecida, o tratamento depende da mesma.
No caso de insuficiência lútea, utiliza-se comprimidos de progesterona natural de 200mg por via vaginal
por dia, ou diidrogesterona de 10mg via oral, um ao dia, até a 14ª semana.
Em gestantes portadoras de síndrome antifosfolípide, a utilização de baixas doses de aspirina
associada à heparina pode melhorar os resultados.
Em gestantes com insuficiência istmo cervical, com história de duas ou mais perdas no 2º trimestre,
sem sangramento, com dilatação cervical e sem dor, recomenda-se a cerclagem eletiva, que deve ser
realizada entre 12-14 semanas da gravidez, após a ultrassonografia mostrar feto vivo e sem anomalias.

Gravidez Ectópica
A gravidez ectópica corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina. O tipo mais frequente é a
tubária.

São fatores de risco para gravidez ectópica:


- História de gravidez ectópica prévia;
- Cirurgia tubária prévia;
- Infecções tubárias anteriores;
- Contracepção com progesterona ou DIU.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


320
Muitas vezes ocorrem em gestante sem nenhum fator de risco.

Diagnóstico: a dor e o sangramento vaginal são os sintomas mais importantes da gravidez ectópica.
Em quase todos os casos a dor está presente. O sangramento pode ser de pequena monta e/ou irregular,
às vezes após pequeno atraso da menstruação.
O exame físico/ginecológico pode evidenciar presença de sangue no canal vaginal, útero menor do
que o esperado para a idade gestacional, amolecimento do colo uterino e dor pélvica, às vezes mais
localizada em uma região anexial onde se pode palpar uma massa dolorosa.
A eliminação de tecido coriônico pelo canal cervical, que pode ser evidenciada quando se dilui o
mesmo em um tubo de ensaio com soro fisiológico, identificando-se as vilosidades, confirma gravidez
intrauterina. Nos casos onde ocorreu rotura, podem estar presentes sinais e sintomas de hemoperitônio
e choque, com dor de forte intensidade, associada a abdome distendido e silencioso, dor no ombro e
abaulamento de fundo de saco vaginal. A punção do fundo de saco vaginal posterior (culdocentese) à
procura de sangue na cavidade abdominal pode ser de grande valia quando se suspeita de rotura.
A dosagem da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) é de fundamental importância
no diagnóstico da gravidez ectópica. Um exame negativo descarta a possibilidade de gravidez e um
exame positivo a confirma, embora não determine a sua localização. A duplicação dos níveis séricos de
βHCG em 48 horas sinaliza uma gravidez com desenvolvimento normal. Caso tal duplicação não ocorra,
trata-se de falha no desenvolvimento da gestação, podendo tratar-se tanto de uma prenhez ectópica como
de um aborto.
A ultrassonografia também pode ser indispensável na investigação dos casos suspeitos de gravidez
ectópica. A presença de gestação intra-útero praticamente afasta a possibilidade de ectópica, com
exceção para os casos de gestações heterotópicas, com incidência de 1/30.000. A visualização do saco
gestacional e embrião com batimento cardíaco fetal (BCF) fora do útero confirma gravidez ectópica.
Tumoração anexial com presença de líquido livre no fundo de saco posterior aumenta substancialmente
a suspeita diagnóstica, devendo ser correlacionado com o exame clínico e o βHCG.

Conduta: expectante, tratamento clínico, laparoscopia e laparotomia. Nas condutas conservadoras, é


importante obter a concordância da gestante e assegurar o seguimento.
A conduta expectante pode ser adotada em algumas gestantes selecionadas obedecendo-se os
seguintes critérios:
- Pouca dor ou sangramento;
- Confiabilidade na gestante para seguimento;
- Nenhuma evidência de rotura tubária;
- Nível de βHCG <1.000mUI/ml e em queda;
- Massa ectópica ou anexial <3cm ou não detectável;
- Ausência de BCF;
- Estabilidade hemodinâmica.
Estes casos podem representar uma gestação de localização desconhecida, podendo tratar-se de um
aborto ou mesmo gestação ectópica em resolução.

Tratamento clínico: com metotrexato (MTX) é uma alternativa à cirurgia em mulheres selecionadas.
O mesmo deverá ser realizado em centro especializado e os critérios de seleção são os seguintes:
- Sinais vitais estáveis e pouca sintomatologia;
- Ausência de contraindicação médica para a terapia (enzimas hepáticas normais, hemograma e
plaquetas normais);
- Gravidez ectópica íntegra;
- Ausência de atividade cardíaca embrionária;
- Massa ectópica medindo 4cm ou menos;
- Níveis séricos de βHCG <5.000mUI/ml.

O esquema de tratamento consiste em dose única de 1mg/kg de peso ou 50mg/m 2 administrada por
via intramuscular. O nível sérico de βHCG deve ser dosado no 4° e no 7° dia após o tratamento e depois
semanalmente até atingir 5mUI/ml. Se isso não ocorrer, pode-se repetir a dose ou indicar tratamento
cirúrgico.

Tratamento cirúrgico: pode ser dividido em conservador e radical. No conservador a trompa é


preservada por intermédio de uma salpingostomia linear, e no radical é realizada salpingectomia. Ambos
podem ser realizados por laparoscopia ou laparotomia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


321
Os critérios para tratamento cirúrgico são:
- Gestante com sinais vitais instáveis ou sinais de hemoperitônio;
- Diagnóstico inconclusivo;
- Gravidez ectópica avançada (βHCG >5.000mUI/ml, massa anexial > 4cm, atividade cardíaca
embrionária);
- Seguimento difícil;
- Contraindicação ao tratamento clínico.

Contraindica-se a via laparoscópica na presença de sinais de hipovolemia.

Mola Hidatiforme (Neoplasia Trofoblástica Gestacional Benigna)


A frequência é de 1 caso para 2.000 gestações.

Diagnóstico Clínico: o atraso menstrual é a primeira manifestação de uma gravidez. Na gravidez


molar pode ocorrer sangramento indolor e de intensidade progressiva, às vezes associado a eliminação
de vesículas com aspecto de “cachos de uva”. Em consequência das perdas sanguíneas pode haver
anemia. A exacerbação dos sintomas de gravidez, às vezes com presença de náuseas e vômitos de difícil
controle (hiperemese gravídica, pré-eclâmpsia, tireotoxicose), também pode sinalizar a suspeita de mola
hidatiforme.
O exame físico pode revelar um tamanho uterino maior do que esperado para a idade gestacional, colo
e útero amolecidos e aumento do volume ovariano devido à presença de cistos tecaluteínicos.

Propedêutica Auxiliar: a dosagem do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) geralmente


demonstra níveis elevados para a idade gestacional correspondente. A ultrassonografia é o método mais
preciso para diferenciar gestação normal da prenhez molar. As imagens são típicas de mola, anecoicas,
no interior do útero, em “flocos de neve”. Em cerca de 40% são visualizados à ultrassonografia cistos
tecaluteínicos.

Conduta: o esvaziamento uterino, preferencialmente por meio de dilatação e aspiração manual


intrauterina (AMIU), é o método mais apropriado para o tratamento inicial da mola hidatiforme. Durante o
esvaziamento uterino recomenda-se o uso de ocitocina 20U em 500ml de soro glicosado a 5% após a
cervicodilatação, para diminuir o sangramento e o risco de perfuração uterina. É importante contar com
provisão de sangue para possível necessidade de reposição.

Controle Pós-Molar: todas as gestantes com mola hidatiforme devem ter acompanhamento clínico e
laboratorial visando à detecção precoce de recorrência, assim como a evolução para formas malignas da
neoplasia trofoblástica gestacional.
As náuseas, vômitos e a mastalgia tendem a desaparecer progressivamente. A involução uterina e a
suspensão do sangramento ocorrem em cerca de cinco semanas.
A dosagem de gonadotrofina coriônica (βHCG) deve ser realizada semanalmente após o esvaziamento
uterino até que seus valores se mostrem declinantes e os resultados sejam negativos por três dosagens
consecutivas.
A ultrassonografia tem por objetivo monitorar a involução uterina e regressão dos cistos tecaluteínicos
ovarianos. O exame radiológico do tórax deve ser realizado mensalmente com a finalidade de detectar
metástases assintomáticas. Os locais mais frequentes de metástase são os pulmões e a vagina.
A anticoncepção deve ser iniciada no máximo quinze dias após o esvaziamento uterino. Recomenda-
se a prescrição de anovulatório hormonal oral de baixa dosagem estrogênica, com menos de 35μg de
etinilestradiol. Deve-se evitar nova gravidez por pelo menos um ano após o esvaziamento uterino.

Descolamento Cório-amniótico
Caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade e é diagnosticado por exame
ecográfico. A evolução é boa, não representando quadro grave de risco materno e/ou ovular.
A conduta é conservadora e, basicamente, consiste no esclarecimento à gestante, com as mesmas
orientações da ameaça de abortamento.

Hemorragias da Segunda Metade da Gestação


As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em
obstetrícia. São uma das principais causas de internação de gestantes no período ante parto, com

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


322
importante aumento da morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios. A
morbimortalidade perinatal está relacionada principalmente aos altos índices de prematuridade.
Várias são as possíveis causas de sangramento. Entre as causas obstétricas, as mais importantes são
o descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos
diagnósticos.
Não podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes
causas obstétricas. Entre as causas não obstétricas, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do
útero durante a dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de
útero e trauma vaginal.
Os prognósticos materno e fetal vão depender do diagnóstico correto da causa do sangramento e
conduta adequada com base nesse diagnóstico.

Placenta Prévia
É definida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero. Ela
pode ser classificada de três maneiras, de acordo com sua posição em relação ao colo do útero:
- Baixa: está localizada próxima ao colo do útero, sem atingi-lo;
- Marginal: atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo;
- Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero.

A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre, porém é um
achado ultrassonográfico frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação. Contudo,
até 90% desses achados normalizarão até o termo, devido à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre
devido à combinação entre o crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem
vascularizado, com a degeneração das vilosidades periféricas que receberão menor suprimento
sanguíneo, conferindo uma implantação placentária adequada.
O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior e as intervenções uterinas
prévias, como a miomectomia e a curetagem, tendo como fatores associados a multiparidade, idade
materna avançada, tabagismo e gemelaridade.
A placenta com implantação anormal tem maior probabilidade de estar aderida anormalmente ao útero,
ou seja, de ser placenta acreta, o que também amplia de forma exponencial o risco de hemorragias graves
e outras complicações associadas, podendo a gestante necessitar uma histerectomia.
A morbidade materna da placenta prévia é decorrente, principalmente, da hemorragia que ela provoca.
A morbidade aumentada também está relacionada às complicações operatórias do parto, complicações
anestésicas, necessidade de transfusão e infecções.
Na suspeita de acretismo placentário, na preparação para o parto deve-se sempre fazer um ecodoppler
obstétrico. Considerar a possibilidade de invasão de estruturas adjacentes (bexiga e intestino) em caso
de placenta percreta, com grande perda sanguínea, que é indicação de histerectomia.

Diagnóstico Clínico: o sangramento na placenta prévia caracteriza-se por ser indolor, no segundo ou
terceiro trimestre. Geralmente ocorre em pequena quantidade e é autolimitado, não levando a uma
espoliação materna significativa. Nas placentas prévias marginais, muitas vezes o sangramento não se
apresenta até o momento do parto. Algumas gestantes, principalmente, as com placenta prévia centro-
totais, podem apresentar um sangramento entre a 26ª e 28ª semana de gestação, chamado de
sangramento sentinela. Nestas, o sangramento é intermitente e abundante, de coloração vermelho vivo,
com necessidade de internações e transfusões frequentes. Na presença de acretismo, é comum não
haver sangramento até o parto. Pode haver contrações uterinas, mas não há aumento dos tônus entre as
contrações.

Exame Físico: deve ser iniciado pela aferição dos sinais vitais da gestante. Em seguida, inicia-se o
exame obstétrico cuidadoso com palpação abdominal (frequente achado de apresentação anômala),
medida de altura uterina, ausculta dos batimentos cardíacos fetais. O exame especular deve ser realizado
de maneira cuidadosa para evidenciar a origem e a quantidade do sangramento. O exame de toque nunca
deve ser realizado na suspeita de inserção baixa de placenta, até que se tenha conhecimento da exata
localização placentária.

Conduta: no pré-natal recomenda-se que a gestante com placenta prévia seja encaminhada a um
centro de referência, dependendo da quantidade do sangramento e condição hemodinâmica materna e
idade gestacional.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


323
Essa gestante deve ser orientada a não ter relações sexuais. O uso de corticoterapia deve ser
considerado para aceleração da maturidade pulmonar. O uso de suplementação de ferro no pré-natal é
indicado para evitar anemia, com constante monitoração dos níveis de hematócrito e hemoglobina.

Descolamento Prematuro de Placenta - DPP


É definido como a separação da placenta da parede uterina antes do parto. Essa separação pode ser
parcial ou total e é classificada em três graus, levando em conta os achados clínicos e laboratoriais, de
acordo com classificação de Sher:
Grau 1: Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. Vitalidade fetal preservada.
Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós-parto com a
identificação do coágulo retroplacentário.
Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e
alterações posturais da pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de
fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porém, com sinais de comprometimento de
vitalidade.
Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito
fetal.
Grau 3A: Sem coagulopatia instalada.
Grau 3B: Com coagulopatia instalada.

Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade hemodinâmica
pode ocorrer mesmo sem a exteriorização do sangramento.
O DPP ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas,
com aumento muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, de
anemias, coagulopatias, hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte materna; podem ocorrer
ainda complicações perinatais, como prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer,
sofrimento fetal e óbito perinatal. O DPP é descrito como a principal causa de óbito perinatal.

Principais fatores de risco para o DPP:


- Hipertensão (hipertensão gestacional, hipertensão preexistente);
- Rotura prematura de membranas ovulares;
- Cesariana prévia;
- Tabagismo;
- Idade materna avançada;
- Uso de drogas (álcool, cocaína e crack);
- Condições que causem sobredistensão uterina (polihidrâmnio, gestação gemelar);
- Trauma (automobilístico, trauma abdominal direto);
- DPP em gestação anterior;
- Amniocentese, cordocentese.

A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos.
Tanto a pré-eclâmpsia quanto a hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para o
DPP.

OBS.: a ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia hipertensiva, já que
a gestante pode estar chocada. Os procedimentos relacionados à estabilização de uma gestante com
distúrbios hipertensivos devem ser considerados (como por exemplo o sulfato de magnésio).

O acidente automobilístico é a maior causa de DPP relacionada ao trauma. O descolamento pode


ocorrer pela desaceleração ou por trauma direto ao abdome. Esse diagnóstico muitas vezes é
subestimado devido ao não uso de monitoração fetal em gestantes vítimas de traumas. A monitoração
fetal rotineira nessas gestantes diminuiria o número de perdas fetais decorrentes de trauma
automobilístico.

Quadro Clínico: dor abdominal associada ou não a sangramento vaginal. A dor varia de leve
desconforto até dor intensa, associada a aumento dos tônus uterino, que pode se manifestar em graus
variados, desde uma taquissistolia até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor é
lombar. Na gestante em trabalho de parto, há persistência da dor entre as contrações.
O sangramento no DPP pode se manifestar das seguintes maneiras:

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


324
- Hemorragia exteriorizada;
- Hemoâmnio;
- Sangramento retroplacentário.

Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo retroplacentário e infiltração
sanguínea intramiometrial. Esse sangramento é responsável pela apoplexia uteroplacentária ou “útero de
Couvelaire” que ocasiona déficit contrátil, sendo importante causa de hemorragia pós-parto.
A coagulopatia pode estar presente no momento do diagnóstico. Esta pode se instalar devido ao
consumo dos fatores de coagulação pelo coágulo retroplacentário e pela coagulação intravascular
disseminada, pela liberação de tromboplastina na circulação materna devido ao descolamento
placentário.
A quantidade do sangramento exteriorizado pode não refletir a exata perda sanguínea. Sangramento
de coloração escurecida pode refletir a presença de formação de coágulo retroplacentário.
O sangramento que se inicia na rotura das membranas deve ser diferenciado da rotura de vasa prévia.
Ao investigar a história, deve-se pesquisar antecedentes de hipertensão, ocorrência de trauma
(incluindo violência física), abuso de drogas ou álcool e a presença de outros fatores de risco associados.

Exame Físico: o primeiro passo deve ser a aferição de sinais vitais com medidas iniciais das manobras
de ressuscitação em suspeita de DPP, como verificar se as vias aéreas estão pérvias, checar respiração
e circulação (dois acessos venosos calibrosos com 1.000ml de solução cristaloide correndo em cada um
deles à velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manutenção de infusão de 250ml/hora).
A gestante apresenta mais tardiamente sinais de instabilidade circulatória, e essa inicialmente se
manifesta com alterações posturais da pressão e/ou taquicardia. Quando estão presentes sinais e
sintomas de choque, isso significa perda de até 30% da volemia.
No exame obstétrico, deve-se realizar a palpação uterina observando a apresentação fetal e se o tônus
uterino está aumentado. Fazer medida de altura uterina e ausculta dos batimentos cardíacos fetais
(monitoração fetal contínua). Na monitoração fetal é frequente o achado de padrão não tranquilizador.
O diagnóstico de DPP é clínico. A ultrassonografia, ao contrário da placenta prévia, tem um papel muito
limitado nessa condição. No DPP agudo, muitas vezes o coágulo retro placentário pode não ser visível.
A ultrassonografia pode ser realizada em casos onde há estabilidade hemodinâmica materna e vitalidade
fetal preservada, e quando há dúvida sobre a localização placentária, e apresentação fetal, assim como
para estimativa de peso do feto.
Os achados ultrassonográficos, se presentes, são: presença de coágulo retro placentário,
espessamento anormal da placenta e bordo placentário sem continuidade (borda “rasgada”).

Exames Laboratoriais: devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de DPP.
- Hemograma com contagem de plaquetas;
- Tipagem sanguínea ABO Rh;
- Coagulograma;
- Exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado.

Conduta:
No grau 1, o diagnóstico geralmente é feito no pós-parto, portanto, não houve repercussões maternas
ou fetais.
No grau 2, o parto vaginal é possível se iminente, desde que a vitalidade fetal esteja preservada e não
haja comprometimento hemodinâmico materno. O trabalho de parto deve estar em franco progresso. A
amniotomia deve ser realizada assim que possível, pois irá diminuir a pressão intrauterina com o
escoamento do líquido amniótico, diminuindo tanto o sangramento do leito placentário quanto a passagem
para a circulação materna de tromboplastina.
Deve ser monitorado o estado hemodinâmico da gestante com manutenção adequada de reposição
volêmica e de sangue e derivados se necessário. O débito urinário deve ser monitorado e mantido em
30ml/hora e o hematócrito acompanhado e mantido acima de 30%. Se a evolução do trabalho de parto
não for rápida e favorável, se houver instabilidade materna ou sofrimento fetal, a cesárea deve ser
realizada imediatamente.
Em caso do feto morto, Grau 3, o parto vaginal é aconselhável. Deve-se adotar os mesmos cuidados
de monitoração materna do ponto de vista hemodinâmico e do estado de coagulação. Apesar da
hipertonia uterina, em alguns casos de DPP maciço o útero pode se tornar hipotônico, sendo necessário
o uso de ocitocina. Essa deve ser usada com critério e constante monitoração.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


325
Antes de realizar a cesárea, onde houver possibilidade, deve ser feita transfusão de concentrado de
glóbulos, reposição de plaquetas e plasma fresco congelado.

Rotura Uterina
É uma complicação muito grave em obstetrícia sendo uma importante causa de morbimortalidade
materna. A rotura uterina é classificada em:
- Completa: há a total rotura da parede uterina. É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida
tanto da mãe quanto do feto.
- Incompleta: o peritônio parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo
permanecer assintomática após um parto vaginal.

A incidência varia muito dependendo do país, podendo variar de 1 a cada 585 partos a 1 a cada 6.673
partos.
O maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o
principal delas. Outras causas possíveis são antecedentes de: curetagem uterina com perfuração,
miomectomia, acretismo placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso
inapropriado de ocitocina.
O tipo de incisão da cesárea prévia também deve ser considerado. A incisão corporal apresenta um
risco maior de rotura em comparação com a segmentar transversa, com piores prognósticos materno e
perinatal. O risco de rotura após uma cesárea com incisão corporal é de 4-9% enquanto após uma com
incisão segmentar transversa é de 0,2-1,5%.
Paradoxalmente, o risco de rotura uterina na gestante com uma cesariana prévia durante o trabalho
de parto é de 1% e quando essa gestante apresenta um parto vaginal anterior à cesariana esse risco é
ainda menor. Por esse motivo, não há evidências que suportem a realização de cesárea eletiva em
gestantes com uma cesárea anterior. Os riscos da segunda cesariana suplantam os riscos da rotura
durante o trabalho de parto.
As gestantes que possuem duas ou mais cesáreas prévias têm um risco de rotura uterina que em
alguns estudos foi semelhante e em outros foram duas vezes maior quando comparadas às mulheres
com uma cesariana prévia. O risco absoluto de rotura ainda é baixo (em torno de 2%).
É importante ressaltar que os riscos cirúrgicos de uma cesárea após duas ou mais cesáreas, como
sangramentos excessivos, aderências, lesões de bexiga ou intestinos e até histerectomias são
significativos e devem ser considerados quando se avaliam riscos e benefícios de se tentar uma prova de
trabalho de parto ou se indica um procedimento de repetição. As chances de sucesso de se conseguir
um parto normal são semelhantes após uma ou mais cesáreas.
O uso de ocitocina para condução do trabalho de parto não aumenta o risco de rotura quando
comparado ao trabalho de parto espontâneo. Porém, vale ressaltar que esse uso deve ser criterioso e
monitorado como em todo trabalho de parto conduzido com ocitócicos. Já o uso de prostaglandinas para
amadurecimento cervical não é recomendado em presença de cesárea anterior, devido ao aumento do
risco de rotura uterina.
A rotura uterina pode cursar também com lesão vesical, o que ocorre em 0,1% dos casos.

Quadro Clínico: a rotura uterina pode ocorrer no pré-parto, intraparto e pós-parto. O trauma abdominal
é uma importante causa de rotura uterina pré-parto, podendo ser um achado intra-operatório de uma
cesárea eletiva.
No intraparto, quando a rotura é mais frequente, o achado mais característico é a perda súbita dos
batimentos cardíacos fetais. A gestante pode ou não apresentar sangramento vaginal, sinais e sintomas
de choque hipovolêmico, com taquicardia importante e hipotensão, e parada das contrações após dor
forte. Na palpação abdominal, as partes fetais são facilmente palpadas no abdome materno e, ao toque
vaginal, há a subida da apresentação.
A rotura uterina é causa de hemorragia pós-parto e deve ser prontamente identificada e tratada
cirurgicamente.

Conduta: em primeiro lugar deve-se conseguir a estabilidade hemodinâmica da gestante iniciando o


ABC da reanimação: vias aéreas pérvias, respiração - fornecer O2 em máscara a 10l/min ou cateter a
5l/min, puncionar dois acessos venosos calibrosos infundindo 1.000ml de solução cristaloide em cada
acesso na velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manter com a velocidade de infusão de
250ml/hora.
Deve ser realizada laparotomia imediatamente com anestesia geral para não agravar ainda mais a
hipotensão. Nos casos mais graves, na abertura da cavidade o feto é encontrado total ou parcialmente

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


326
localizado no abdome materno juntamente com a placenta. Nesses casos o prognóstico fetal é muito ruim,
sendo causa importante de óbito perinatal.
Em casos de acretismo placentário, é frequente a observação do local da rotura junto à implantação
placentária, mostrando uma relação entre o acretismo e a rotura uterina. Nesses casos, o uso da
ultrassonografia endovaginal é útil para a medida da espessura da parede uterina, e a ressonância
magnética poderá confirmar o diagnóstico de acretismo.
Em geral é necessário realizar histerectomia para tratar a rotura uterina, pois ocorrem lesões
vasculares, com dificuldade de conservação do útero.

Vasa Prévia
É definida como sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas
passando pelo orifício interno do colo. Está associada à inserção anormal dos vasos fetais dentro das
membranas. É uma causa rara de hemorragia, ocorrendo geralmente em gestantes com implantação
baixa da placenta e inserção velamentosa de cordão. A perda sanguínea é de origem fetal, fato este que
mostra a urgência do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade fetal são altas, ao redor de 50%.
O sangramento tem início no momento da rotura das membranas. O diagnóstico pré-parto é difícil,
podendo ser percebido por intermédio do toque vaginal e pela amnioscopia (com a visualização dos vasos
sanguíneos atravessando as membranas pelo orifício interno do colo). A USG com Doppler colorido pode
detectar a vasa prévia no ante parto e deve ser considerada em gestantes de alto risco (placenta prévia,
inserção velamentosa de cordão).
Muitas vezes o diagnóstico intraparto também é muito difícil. São descritos testes em que é feita a
detecção de hemácias fetais no sangue exteriorizado (Apt-Test e coloração de Wright) mas, na maioria
das vezes, não há tempo para a realização desses testes pois é frequente a deterioração dos batimentos
cardíacos fetais no momento da rotura. Nesse caso, a cesariana de urgência está indicada.

Óbito Fetal

Definição: a Organização Mundial da Saúde considera como óbito fetal aquele ocorrido em qualquer
momento da gravidez, independentemente de sua localização, incluindo abortos e gestações
extrauterinas, ovo morto ou retido, aborto retido de primeiro ou segundo trimestre e também o feto morto
no terceiro trimestre, até o final da gestação.

Entretanto, na prática médica, o problema mais difícil a ser resolvido é o da morte fetal, que ocorre
após 13 semanas e, mais ainda, a partir das 20-22 semanas de gravidez, para diferenciá-la claramente
da definição do aborto. A morte fetal ocorre aproximadamente em seis casos de cada 1.000 nascidos
vivos. Morte fetal com feto retido é menos frequente e muito variável, entretanto, pode chegar até 1% das
gestações.
Em qualquer uma das causas de morte fetal intra útero, quando a expulsão do feto não ocorre
espontaneamente, está indicada a indução do parto ou aborto, de acordo com a idade gestacional.
Quando houver diagnóstico da morte fetal, confirmado pela ultrassonografia, as mulheres necessitam
de tempo para as decisões a serem tomadas, à exceção das complicações, tais como o descolamento
prematuro de placenta ou a hipertensão arterial grave. As mulheres devem estar cientes quanto às opções
disponíveis, para considerá-las e poder decidir o que querem.

Diagnóstico Clínico
- Parada de movimentação fetal;
- Diminuição do peso corporal materno;
- Interrupção do crescimento uterino;
- Redução da quantidade de líquido amniótico à palpação;
- Ausência de batimentos cardíacos fetais;
- Redução dos sinais e sintomas gravídicos, acompanhada ou não da apojadura.

Diagnóstico Ultrassonográfico
- Ausência de movimentação fetal associada à ausência de batimento cardíaco fetal;
- Na dependência do tempo do óbito, podem ainda estar presentes alterações indicativas de redução
do líquido amniótico e alterações estruturais fetais.

Após a Expulsão
- Exame radiológico de todo o esqueleto do natimorto;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


327
- Necrópsia;
- Histopatológico de placenta;
- Estudo citogenético do natimorto (por meio de fragmento de placenta e/ou de pele);
- Bacterioscopia e cultura de membranas placentárias e orofaringe do natimorto.

Indução do Parto
A indução é um aspecto comum na prática obstétrica e apresenta uma frequência de quase 15%. Nos
casos de óbito fetal intrauterino, a indução do trabalho de parto com colo uterino favorável não é difícil,
mas as dificuldades aumentam quando o colo não é favorável (apresenta um escore de Bishop <6). Maior
possibilidade de falha de indução e maior índice de cesáreas estão associados à indução do trabalho de
parto de gestantes com colo desfavorável.
Com o surgimento das prostaglandinas, este problema diminuiu. As prostaglandinas, principalmente
quando são aplicadas localmente, são mais efetivas que a ocitocina ou a amniotomia para superar os
obstáculos de um colo desfavorável e propiciar o parto vaginal. Portanto, o uso de misoprostol se torna
cada vez mais frequente, pois ao facilitar o início do trabalho de parto, vem reduzindo as taxas de
cesariana.

Misoprostol
O misoprostol é uma prostaglandina indicada em todos os casos de óbito fetal, com feto morto e retido
em qualquer idade gestacional, sempre que não haja contraindicação de parto vaginal ou do uso de
misoprostol.
Apesar de ser indicado em qualquer idade gestacional, é particularmente útil no segundo trimestre de
gestação, quando a estimulação do útero oferece mais problemas, pela baixa sensibilidade do miométrio
à ocitocina, pela dificuldade técnica e pelo alto risco com o uso de métodos cirúrgicos.
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.

Procedimentos para a Indução:


1. Confirmar a morte fetal;
2. Explicar o problema à gestante e à família, valorizando sua decisão;
3. Verificar a contagem de plaquetas e os fatores de coagulação;
4. Avaliar as características do colo uterino.
A forma de aplicação mais recomendada é por via vaginal. Por outro lado, é fundamental recordar que
a sensibilidade uterina ao misoprostol aumenta com a idade gestacional e, portanto, a dose deve ser
menor quanto mais avançada a gestação.

Contraindicações para induzir o parto, em caso de morte fetal com feto retido, estão as
seguintes:
- Obstrução do canal de parto;
- Placenta prévia (central, total ou parcial);
- Carcinoma cérvico-uterino.

Contraindicações ao Misoprostol:
- Cicatriz uterina prévia;
- Cesárea anterior;
- Hepatopatias graves;
- Coagulopatias.
Apesar de alguns autores discordarem, a contraindicação mais importante para o uso dessa
medicação é a cesárea anterior, devido ao risco iminente de rotura uterina que ocorre aproximadamente
em 5% das mulheres com gestação a termo e cicatriz uterina prévia.

Interrupção Médica da Gestação (IMG)

A interrupção médica da gestação é o termo aplicado à situação em que é necessário antecipar o fim
do ciclo gestacional por indicação materna ou fetal. O termo aborto ou abortamento é utilizado de maneira
indiscriminada, mas, por possuir forte estigma sociocultural, deve ser utilizado apenas se esse processo
ocorrer antes da 22ª semana de gestação e com peso menor de 500 gramas. Assim sendo, nas situações
discutidas abaixo, o termo interrupção médica da gestação (IMG) será utilizado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


328
O Código Penal Brasileiro (CPB) prevê no artigo 128 que há excludente de culpabilidade no aborto
quando for praticado nos casos em que “não há outro meio de salvar a vida da gestante” - inciso I e nos
casos em que “a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal” - inciso II.
O inciso I, na redação contida no CPB, restringe a IMG a 22 semanas, dentro da definição médico-
legal de aborto. No entanto, a IMG pode ser realizada em qualquer fase da gestação e não somente antes
de 22 semanas, e então o termo aborto passa a ser inadequado do ponto de vista técnico após este
período. Há que se levar em consideração a viabilidade fetal. Onde há centros de terapia intensiva
neonatal avançada, a viabilidade fetal pode estar próxima de 26 a 28 semanas. Portanto, ao se discutir a
IMG por indicação materna, a sobrevida fetal deve ser discutida com os pais, após discussão com equipe
interdisciplinar.
A obstetrícia moderna, em particular a gestação de alto risco, enfrenta esta situação cotidianamente.
Como exemplos temos a pré-eclâmpsia grave, longe do termo com comprometimento materno e a rotura
prematura pré-termo de membranas antes de 24 semanas. Em ambas as situações há risco de vida: na
primeira situação o risco materno é mais imediato e na segunda situação este risco é potencial, porém
real. Esta balança nem sempre precisa estar entre a segurança materna e a viabilidade fetal, depende de
uma equipe muito bem preparada e da disponibilidade de recursos de materiais adequados. Portanto,
situações extremas devem ser atendidas em centros terciários onde há equipe multidisciplinar e recursos.
A gestação de fetos portadores de anomalias letais pode colocar em risco a segurança materna, risco
este potencial e futuro e de magnitude obviamente variável e individual. Não há sentido, e ainda, há dolo
potencial em se prolongar a gestação de feto anencéfalo, por exemplo, em uma mulher portadora de
cardiopatia grave ou de pré-eclâmpsia grave, ou ainda em se proceder a inibição de trabalho de parto
prematuro nesta situação, ou em se permitir a continuidade da gestação em mulher com acretismo
placentário. O tratamento oncológico durante a gestação pode ser indicação de IMG. Em que pese o
cumprimento da ordem jurídica vigente, a segurança materna deve ser garantida.
Em todas estas situações, a IMG deve seguir os preceitos éticos e jurídicos estabelecidos pelo Código
de Ética Médica e pela Constituição Federal. Assim sendo, decisões relacionadas à IMG em qualquer
situação devem ser discutidas por mais de um médico obstetra assistente, pelo especialista clínico, pelo
anestesista, pelo pediatra e pelo diretor clínico da instituição onde a mulher está sendo assistida. Em
algumas situações, o próprio procedimento pode acarretar risco. A viabilidade ou inviabilidade fetal deve
ser avaliada pelo pediatra ou neonatologista do serviço e este deve fornecer estas informações à mulher.
A depender da situação, o cardiologista, o nefrologista, o intensivista, o hematologista, o cirurgião, o
oncologista ou quaisquer outros especialistas pertinentes devem ser envolvidos na discussão. A
assistência psicológica, se disponível, deve ser oferecida à gestante e seu companheiro, se o tiver,
durante todo o processo de aconselhamento e decisão.
Finalmente, é necessária a elaboração de Termo de Consentimento Informado e Esclarecido, peça
fundamental para qualquer processo de IMG. Este Termo deve conter em linguagem clara, precisa e
informativa a descrição da situação clínica, das inter-relações entre doença materna e gestação, dos
efeitos de determinado tratamento e dos riscos e benefícios da IMG. Deve ser sempre assinado por dois
ou mais médicos obstetras diretamente envolvidos e pelos especialistas necessários para a elucidação
do diagnóstico ou realização do tratamento. A mulher e o marido, ou o responsável legal em casos de
incapazes juridicamente (menores de idade, interditos) devem ler e assinar o Termo de Consentimento.
Este Termo deve ser arquivado no prontuário hospitalar.

Diabetes

O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia.


É responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal
e malformações fetais.

O diabetes mellitus associado à gravidez pode ser classificado como:


- Diabetes gestacional (diagnosticado durante a gravidez);
- Diabetes pré-gestacional (diabetes prévio à gravidez: tipo 1, tipo 2 ou outros).

Diabetes Pré-Gestacional
O diabetes pré-gestacional representa 10% das gestantes com diabetes na gravidez e requer manejo
adequado antes mesmo da mulher engravidar.
No nível da atenção básica, as equipes devem estar atentas para com as mulheres diabéticas que
planejam engravidar, já que estas devem ser referenciadas para centros de atenção secundária ou

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


329
terciária visando: compensação metabólica, preconcepção; avaliação da presença de complicações
crônicas da doença; e orientação especializada para a prevenção de malformações fetais, incluindo o uso
rotineiro de ácido fólico. É importante que essas mulheres engravidem com níveis glicêmicos adequados,
com o objetivo de prevenir as malformações fetais associadas à hiperglicemia periconcepcional e as
demais complicações maternas e fetais associadas à gravidez.
Quanto mais descompensado estiver o controle glicêmico destas mulheres no momento da concepção,
maior o risco de abortamento e de malformações do concepto.
Mulheres com diabetes que engravidaram sem esse planejamento também devem ser encaminhadas
a serviço especializado prontamente.
Diabéticas com nefropatia ou vasculopatia devem ser orientadas a não engravidar.
O diabetes pré-gestacional pode ser do tipo 1 ou 2, sendo que na maioria dos casos na gestação são
do tipo 2, caracterizado por surgir em idades mais tardias, com resistência periférica à insulina, deficiência
relativa de insulina, obesidade e desenvolvimento de complicações vasculares, renais e neuropáticas. O
diabetes tipo 1, anteriormente conhecido como diabetes juvenil, menos comum, caracteriza-se por surgir
em idades mais precoces e por um processo autoimune que destrói as células β do pâncreas, levando à
necessidade de insulinoterapia.

Diabetes Gestacional
O diabetes gestacional é definido como a “intolerância aos carboidratos, de graus variados de
intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto”.
No Brasil, a prevalência do diabetes gestacional em mulheres com mais de 20 anos, atendidas no Sistema
Único de Saúde, é de 7,6% (IC95% 6,9-8,4 - critério da Organização Mundial da Saúde), 94% dos casos
apresentando apenas tolerância diminuída à glicose e seis apresentando hiperglicemia no nível de
diabetes fora da gravidez.
Mulheres que apresentam diabetes gestacional devem ser encaminhadas para centros de atenção
secundária. As gestantes com diagnóstico de diabetes pré-gestacional devem ser manejadas em centros
de assistência terciária por equipe multidisciplinar composta por médico obstetra, endocrinologista,
nutricionista, enfermeira obstetra e outros profissionais, dependendo da necessidade e gravidade do
caso. As gestantes diabéticas em acompanhamento em centros de atenção secundária ou terciária
poderão também ser acompanhadas pelas equipes de atenção básica visando maior controle e aderência
aos tratamentos preconizados nos níveis de maior complexidade.

Rastreamento e Diagnóstico
Embora não exista consenso sobre qual método é o mais eficaz para rastreamento e diagnóstico do
diabetes gestacional, as recomendações a seguir oferecem uma alternativa efetiva para tal. O
rastreamento deve ser iniciado pela anamnese para a identificação dos fatores de risco:
- Idade igual ou superior a 35 anos;
- Índice de massa corporal (IMC) >25kg/m2 (sobrepeso e obesidade);
- Antecedente pessoal de diabetes gestacional;
- Antecedente familiar de diabetes mellitus (parentes de primeiro grau);
- Macrossomia ou polihidrâmnio em gestação anterior;
- Óbito fetal sem causa aparente em gestação anterior;
- Malformação fetal em gestação anterior;
- Uso de drogas hiperglicemiantes (corticoides, diuréticos tiazídicos);
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Hipertensão arterial crônica.

Na gravidez atual, em qualquer momento:


- Ganho excessivo de peso;
- Suspeita clínica ou ultrassonográfica de crescimento fetal excessivo ou polihidrâmnio.

Todas as gestantes, independentemente de apresentarem fator de risco, devem realizar uma dosagem
de glicemia no início da gravidez, antes de 20 semanas, ou tão logo seja possível. O rastreamento é
considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual ou superior a 85mg/dL
e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na ausência de fatores de risco
e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-se repetir a glicemia de jejum
entre a 24ª e 28ª semanas de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


330
As gestantes com rastreamento positivo, ou seja, com glicemia plasmática de jejum maior ou igual a
85mg/dL até 125mg/dL e/ou com qualquer fator de risco devem ser submetidas à confirmação diagnóstica
com teste oral de tolerância à glicose após ingestão de 75g de glicose anidra em 250-300ml de água,
depois de um período de jejum entre 8-14 horas (TOTG 75g 2h). A glicose plasmática é determinada em
jejum, após 1 hora e após 2 horas. Nesta curva, os pontos de corte são >95, 180 e 155, respectivamente,
os achados de dois valores alterados confirmam o diagnóstico. Um único valor alterado indica a repetição
do TOTG 75g 2h na 34ª semana de gestação.
Recomenda-se ainda a dosagem de hemoglobina glicada nos casos de diabetes e gestação, devido à
sua associação, quando aumentada, com malformações.

Controle Obstétrico e Avaliação Fetal


A frequência do controle obstétrico depende do grau de comprometimento materno e/ou fetal. Mulheres
com diagnóstico de diabetes gestacional podem inicialmente ser monitoradas a cada duas semanas.
Naquelas com diabetes pré-gestacional pode-se realizar um controle semanal ou a cada duas semanas
conforme a evolução clínica. A partir das 36 semanas, o controle deve ser ao menos semanal. O aumento
na incidência de alterações hipertensivas na gestação com diabetes deve promover cuidados específicos
para sua identificação e manejo.

Rubéola

O vírus da rubéola apresenta elevada toxicidade para tecidos embrionários, notadamente no início da
embriogênese, causando a viremia materna que pode acarretar aborto, natimortalidade e infecção da
placenta e ocasionando infecção embrionária persistente que pode causar a síndrome da rubéola
congênita (glaucoma, catarata congênita, cardiopatia congênita, surdez central ou coclear, cegueira,
microftalmia e retardo mental). Entretanto, existe a possibilidade tanto de acometimento isolado de órgãos
(não configurando a síndrome completa) como de síndrome de rubéola congênita ampliada (entre outras
alterações, miocardite, hepatite, púrpura, alterações ósseas, retardo de crescimento intrauterino e óbito).

Laboratorial
A dosagem da IgM antivírus da rubéola, aferida pelo método Elisa, confirma o diagnóstico da fase
aguda da rubéola. Caso a coleta do sangue tenha ocorrido até 4 dias após o início do exantema com
resultado laboratorial não reagente para o anticorpo IgM, uma segunda coleta deve ser realizada entre
20 a 30 dias após a data da primeira coleta. A IgM passa a ser detectável por tempo variável no soro
materno, mas seu pico é em torno da 2ª semana após o exantema.
Na segunda coleta de sangue os títulos de IgG servirão para encerrar adequadamente o caso. Para a
confirmação do caso de rubéola, os títulos de IgG deverão ser avaliados e apenas quando ocorrer a soro
conversão do mesmo, em amostras pareadas, é que a rubéola será confirmada.

Conduta
Caso existam dúvidas em relação à imunidade da rubéola na gestante e a mesma não apresente
caderneta de vacinação confirmando o recebimento da vacina (tríplice viral ou dupla viral) ou exames
sorológicos anteriores com a informação da presença de IgG para rubéola, solicitar nova dosagem de
IgG, avaliando o resultado como segue:
Gestante IgG (+): a gestante com IgG antivírus da rubéola positivo significa contato prévio com esse
vírus. Nessa situação, o risco de transmissão vertical é mínimo.
Gestante IgG (-): a gestante com IgG antivírus da rubéola não reagente ou negativo indica que ela é
suscetível, ou seja, não entrou em contato com o vírus da rubéola. Portanto a mesma deverá ser vacinada
contra a rubéola (tríplice ou dupla viral) logo após o parto, preferencialmente ainda na maternidade.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


331
Calendário de Vacinação - Gestante87
Disponibilização
das Vacinas
Vacinas Esquemas e recomendações Comentários Clínicas
Gratuitas
privadas de
nas UBS*
vacinação
Recomendadas
Histórico vacinal Conduta na • A dTpa está
gestação recomendada em todas
Previamente Uma dose de dTpa a as gestações, pois além
vacinada, com pelo partir da 20ª semana de proteger a gestante e
menos três doses de gestação, evitar que
de vacina contendo o o mais ela transmita a
componente tetânico. precocemente Bordetella pertussis ao
possível. recém-nascido, permite
Em gestantes com Uma dose de dT e a transferência de
vacinação incompleta uma dose de dTpa, anticorpos ao feto
tendo recebido uma sendo que a dTpa protegendo-o nos
dose de vacina deve ser aplicada a primeiros meses de vida
contendo partir da 20ª semana até́ que possa ser
Tríplice bacteriana o componente de gestação, o mais imunizado.
acelular do tipo adulto tetânico. precocemente • Mulheres não
(Difteria, tétano e possível. Respeitar vacinadas na gestação
Coqueluche) - dTpa ou intervalo mínimo de devem ser vacinadas no SIM, SIM, dTpa e
dTpa-VIP um mês entre elas puerpério, o mais dT e dTpa dTpa-VIP
Em gestantes com Uma dose de dTpa a precocemente possível.
Dupla adulto (difteria vacinação incompleta partir da 20ª semana • Na falta de dTpa, pode
e tétano) - dT tendo recebido duas de gestação, ser substituída por dTpa-
doses de vacina o mais VIP, ficando a critério
contendo precocemente médico o uso off label
o componente possível. em gestantes.
tetânico.
Em gestantes não Duas doses de dT e
vacinadas e/ouuma dose de dTpa,
histórico vacinal sendo que a dTpa
desconhecido. deve ser aplicada a
partir da 20ª semana
de gestação.
Respeitar intervalo
mínimo de um mês
entre elas.
Três doses, no esquema 0 - 1 - 6 meses. A vacina hepatite B é
Hepatite B recomendada para todas SIM SIM
as gestantes suscetíveis
Dose única anual A gestante é grupo de
risco para as
complicações da
infecção pelo vírus
influenza. A vacina está
recomendada nos
meses da sazonalidade
do vírus, mesmo no
primeiro trimestre de
SIM, SIM,
Influenza (gripe) gestação.
3V 3V e 4V
Desde que disponível, a
vacina influenza 4V é
preferível à vacina
influenza 3V, por conferir
maior cobertura das
cepas circulantes. Na
impossibilidade de uso
da vacina 4V, utilizar a
vacina 3V
Recomendadas em Situações Especiais
Duas doses, no esquema 0 - 6 meses. É vacina inativada,
portanto sem
contraindicação. Já que
no Brasil as situações de
Hepatite A NÃO SIM
risco de exposição
ao VHA são frequentes,
a vacinação deve ser
considerada.
Para menores de 16 anos: duas doses, aos 0 A vacina combinada é
- 6 meses. A partir de 16 anos: três doses, aos uma opção e pode
Hepatite A e B 0 - 1 - 6 meses substituir a vacinação NÃO SIM
isolada das hepatites A e
B.

87
https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


332
Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 • VPC13 e VPP23 são
pode ser feito em gestantes de risco para vacinas inativadas,
Pneumocócicas doença pneumocócica portanto sem riscos NÃO SIM
invasiva (DPI) (consulte os Calendários de teóricos para a gestante
vacinação SBIm pacientes especiais). e o feto.
Uma dose. Considerar seu uso avaliando a • As vacinas
situação epidemiológica e/ou a presença de meningocócicas
comorbidades consideradas conjugadas são
de risco para a doença meningocócica inativadas, portanto sem
(consulte os Calendários de vacinação SBIm risco teórico para a
Meningocócicas pacientes especiais) gestante e o feto.
NÃO SIM
conjugadas • Na indisponibilidade da
vacina meningocócica
conjugada ACWY,
substituir pela vacina
meningocócica
C conjugada.
Duas doses com intervalo de um a dois A vacina meningocócica
meses. Considerar seu uso avaliando a B é inativada, portanto
situação epidemiológica sem risco teórico para a
Meningocócica B e/ou a presença de comorbidades gestante e o feto. NÃO SIM
consideradas de risco para a doença
meningocócica (consulte os Calendários
de vacinação SBIm pacientes especiais)
Normalmente contraindicada em gestantes. • Gestantes que viajam
Porém, em situações em que o risco da para países que exigem
infecção supera os riscos potenciais da o Certificado
vacinação, pode ser feita durante a gravidez. Internacional de
Não há consenso sobre a duração da Vacinação e Profilaxia
proteção conferida pela vacina. De acordo (CIVP) devem ser
com o risco epidemiológico, isentadas da vacinação
uma segunda dose pode ser considerada pela pelo médico assistente,
Febre amarela possibilidade de falha vacinal se não houver risco de SIM SIM
contrair a infecção.
• É contraindicada em
nutrizes até que o bebê
complete 6 meses; se a
vacinação não puder ser
evitada,
suspender o aleitamento
materno por dez dias.
Contraindicadas
• Pode ser aplicada no SIM, para SIM,
Tríplice viral (sarampo,
Não vacinar na gestação. puerpério e durante a puérperas de para
caxumba e rubéola)
amamentação. até́ 49 anos puérperas
Não vacinar na gestação. Se a mulher tiver • Pode ser aplicada no SIM,
HPV iniciado esquema antes da gestação, puerpério e durante a NÃO para
suspendê-lo até puerpério. amamentação puérperas
Não vacinar na gestação. • Pode ser aplicada no SIM,
Varicela (catapora) puerpério e durante a NÃO para
amamentação puérperas
Não vacinar na gestação. • A vacina é
contraindicada em
mulheres soronegativas;
Dengue NÃO NÃO
que estejam
amamentando e
imunodeprimidas.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na Gestação

Considerando a existência de normas específicas do Ministério da Saúde, serão abordadas apenas as


mais relevantes na gravidez. Para mais informações sobre outras, como a infecção gonocócica, infecção
por clamídia, tricomoníase, candidíase e hepatite C, poderá ser consultado o Manual de Controle das
Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST, PN-DST/AIDS - 4ª edição, 2006.

Sífilis
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica e causada pelo Treponema pallidum,
que pode produzir, as formas adquirida e congênita da doença.
A sífilis é o exemplo de uma DST que pode ser controlada com sucesso por meio de ações e medidas
de programas de saúde pública em virtude da existência de testes diagnósticos sensíveis, tratamento
efetivo e de baixo custo. No entanto, continua sendo sério problema de saúde pública no Brasil.
O quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da sífilis na gestação não diferem do período não
gestacional.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


333
O risco de acometimento fetal varia de 70 a 100%, dependendo da fase de infecção na gestante e do
trimestre da gestação. Essas considerações justificam a necessidade de testagem duas vezes na
gestação (primeira consulta e 3º trimestre) e no momento da internação hospitalar (seja para o parto ou
para a curetagem uterina por aborto). A realização do teste para sífilis (VDRL, RPR) no início do 3º
trimestre (28ª - 30ª semanas) permite o tratamento materno até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo
necessário para que o recém-nascido seja considerado tratado intra-útero.
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina (evento raro no caso da penicilina
benzatina) devem ser tratadas com eritromicina na forma de estearato, 500mg. V.O. de 6/6 horas, por 15
dias para a sífilis recente e por 30 dias para a sífilis tardia. O uso dessa droga exige estreita vigilância
não apenas pela menor eficácia, mas, também, porque o feto não deve ser considerado tratado.

Manifestações Clínicas

Sífilis Primária: caracteriza-se por ser uma lesão erosada ou ulcerada, conhecida como cancro duro
geralmente única, indolor, com bordos endurecidos, fundo liso e brilhante, com aparecimento entre 10 e
90 dias (média de 21) após o contato sexual infectante. Na mulher, geralmente aparece nos pequenos
lábios vaginais, paredes vaginais, colo uterino e anus, porém pode passar despercebida.

Sífilis Secundária: em geral manifesta-se entre seis e oito semanas após o desaparecimento
espontâneo do cancro duro. As manifestações mais comuns do secundarismo são: roséolas (exantema),
sifílides papulosas (pápulas cutâneas com localização nas superfícies palmo-plantares sugerem
fortemente o diagnóstico do secundarismo da sífilis), alopecia e condiloma plano (lesões pápulo-
hipertróficas nas regiões de dobras ou de atrito).

Sífilis Latente (Recente e Tardia): fase de duração variável em que não se observam sinais e/ou
sintomas. O diagnóstico é realizado exclusivamente por meio de testes sorológicos.

Sífilis Tardia: os sinais e sintomas surgem em um período variável após 3 a 12 anos, ou mais, do
contágio. As manifestações mais comuns são: tubérculos ou gomas (lesões cutaneomucosas),
comprometimento articular, aneurisma aórtico, tabes dorsalis e demência.

Diagnóstico
Os testes sorológicos podem ser não treponêmicos, como o VDRL e RPR, que são quantitativos
(expressos em títulos 1:2, 1:4 etc.) e utilizados para triagem e monitoramento da infecção. Os testes
treponêmicos são aglutinação passiva (TPHA ou MHA-TP), teste de imunofluorescência indireta (FTA-
Abs) e ensaio imunoenzimático (Elisa ou EIE). Estes testes são mais específicos e utilizados para
confirmar a infecção treponêmica.
No indivíduo infectado pelo T. pallidum, os anticorpos específicos podem permanecer detectáveis
indefinidamente pelos métodos treponêmicos, podendo significar uma infecção tratada anteriormente,
diferentemente dos métodos não treponêmicos, que tendem à negativação após o tratamento e por isso
são utilizados no seguimento.

Infecção pelo HIV


No Brasil, estima-se que 0,4% das gestantes sejam soropositivas para o HIV, o que se traduz em
aproximadamente 12.635 gestantes/parturientes portadoras do HIV/crianças expostas ao ano.
A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o trabalho de
parto e no parto propriamente dito, e os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas
semanas de gestação, havendo ainda o risco adicional de transmissão pós-parto por meio do aleitamento
materno apresentando riscos adicionais de transmissão, que se renovam a cada exposição da criança ao
peito, e situa-se entre 7% e 22%.

A Patogênese da Transmissão Vertical do HIV está Relacionada a Múltiplos Fatores


Destacam-se:
a) Fatores virais, tais como a carga viral, o genótipo e o fenótipo viral;
b) Fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções,
estado nutricional e tempo de uso de antirretrovirais na gestação;
c) Fatores comportamentais, como uso de drogas e prática sexual desprotegida;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


334
d) Fatores obstétricos, tais como a duração da rotura das membranas amnióticas, a via de parto e a
presença de hemorragia intraparto;
e) Fatores inerentes ao recém-nascido, como prematuridade e baixo peso ao nascer;
f) Fatores relacionados ao aleitamento materno.

A carga viral elevada e a rotura prolongada das membranas amnióticas são reconhecidas como os
principais fatores associados à transmissão vertical do HIV. A carga viral nas secreções cérvico-vaginais
e no leite materno tem-se mostrado um importante determinante de risco de transmissão intraparto e
através da amamentação.
A taxa de transmissão vertical do HIV, sem qualquer intervenção, situa-se em torno de 25,5%. No
entanto, diversos estudos publicados na literatura médica demonstram a redução da transmissão vertical
do HIV para níveis entre 1 e 2%, por meio de intervenções preventivas, tais como: o uso de antirretrovirais
combinados (promovendo a queda da carga viral materna para menos que 1.000 cópias/ml ao final da
gestação); o parto por cirurgia cesariana eletiva; o uso de quimioprofilaxia com o AZT na parturiente e no
recém-nascido; e a não amamentação.

Diagnóstico

Triagem Sorológica e Aconselhamento


É recomendada a realização do teste anti-HIV, com aconselhamento pré e pós teste e com
consentimento, para todas as gestantes na primeira consulta pré-natal, e a repetição da sorologia para
HIV no início do 3° trimestre, utilizando testes rápidos se necessário.
Para a realização do diagnóstico da infecção pelo HIV, os laboratórios públicos, privados e
conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS) devem seguir a Portaria SVS/MS nº 151, de 14 Outubro
de 2009, adotando obrigatoriamente os procedimentos sequenciados do Fluxograma Mínimo para
Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em indivíduos com Idade Acima de 18 Meses.
A realização do diagnóstico da infecção pelo HIV no parto, com o uso de testes rápidos, possibilita a
adoção de medidas de profilaxia da transmissão vertical do HIV durante o trabalho de parto e parto, uma
vez que o resultado é obtido em menos de 30 minutos.
De acordo com a Portaria nº 151/SVS/MS, de 14 de outubro de 2009, para definição do diagnóstico da
infecção pelo HIV utilizando teste rápido, devem ser realizados dois testes rápidos de forma sequencial.
Caso o teste rápido 1 seja não reagente, a amostra será considerada “Amostra Não Reagente para
HIV”. Se o teste rápido 1 for reagente, realizar imediatamente o teste rápido 2 para a definição do
diagnóstico positivo para HIV. Na ocorrência de resultado reagente do teste rápido 1 e não reagente no
teste rápido 2, ou seja, resultados discordantes, uma nova amostra deverá ser colhida por punção venosa
e submetida ao diagnóstico laboratorial.
O diagnóstico da infecção pelo HIV deve ser definido e informado à puérpera antes da alta hospitalar.

Suspensão da Amamentação e Inibição da Lactação


A amamentação está associada a um risco adicional de transmissão do HIV de 7 a 22%, podendo
chegar a 29% nos casos de infecção aguda materna.
Portanto, toda mãe soropositiva para o HIV deverá ser orientada a não amamentar.
Ao mesmo tempo, ela deverá estar ciente de que, no Brasil, terá direito a receber fórmula láctea infantil,
pelo menos até o seu filho completar 6 meses de idade.
São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra
nutriz), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com pasteurização
domiciliar. Em situações especiais, pode ser utilizado leite humano pasteurizado, proveniente de Banco
de Leite credenciado pelo Ministério da Saúde, como é o caso de recém-nascidos pré-termo ou de baixo
peso.
Para informações sobre alternativas ao uso de fórmula infantil e a introdução de outros alimentos,
deve-se consultar o “Guia prático de preparo de alimentos para crianças menores de 12 meses que não
podem ser amamentadas” e o “Manual normativo para profissionais de saúde de maternidades -
referência para mulheres que não podem amamentar”, do Ministério da Saúde, disponíveis na página
web www.aids.gov.br

Cuidados com o Recém-Nascido Exposto


A sequência de atividades recomendadas abaixo dependerá das condições de nascimento do recém-
nascido: Limpar, com compressas macias, todo sangue e secreções visíveis na superfície corporal do

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


335
RN, logo após o nascimento, e encaminhá-lo imediatamente para banho em água corrente. Está
contraindicado o primeiro banho em banheiras pediátricas.
Quando for necessária a realização de aspiração de vias aéreas do recém-nascido, deve-se proceder
delicadamente, evitando traumatismo em mucosas.
Iniciar a primeira dose do AZT solução oral, preferencialmente, ainda na sala de parto, logo após os
cuidados imediatos, ou nas primeiras 2 horas após o nascimento.
Dada a possibilidade de ocorrência de anemia no recém-nascido em uso de AZT, recomenda-se a
realização de hemograma completo, possibilitando avaliação prévia ao início da profilaxia e o
monitoramento após 6 e 16 semanas. É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com
intuito de aprimorar o vínculo mãe-filho.
A criança deve ter alta da maternidade com consulta agendada em serviço especializado para
seguimento de crianças expostas ao HIV. A data da primeira consulta não deve ultrapassar 30 dias após
o nascimento. Devem-se anotar no resumo de alta do recém-nascido as informações do pré-natal, as
condições do parto, o tempo de uso do AZT injetável na mãe, tempo de início de AZT xarope para o RN
com dose e periodicidade, além das mensurações antropométricas, o tipo de alimento fornecido à criança
e outras informações importantes relativas às condições do nascimento. Essas informações deverão ser
anotadas em papel timbrado da maternidade e encaminhadas ao serviço de assistência especializado
(SAE), juntamente com o resumo de alta.
Deve-se preencher, na ficha de notificação da Gestante HIV+ e Criança Exposta, os dados inerentes
ao nascimento da criança, e enviá-la ao núcleo de vigilância epidemiológica da maternidade (quando
houver) ou do município.

Aloimunização Materno-Fetal - Eritroblastose Fetal - Doença Hemolítica


Apesar das recomendações existentes em relação à profilaxia com imunoglobulina anti-D serem
divulgadas e conhecidas, a aloimunização materno fetal ainda afeta cerca de cinco a cada 1.000
gestações. Embora a principal causa seja falha na administração da imunoglobulina, alguns casos
ocorrem por dosagem inadequada, uso de drogas endovenosas e transfusões de sangue. Ao redor de
98% dos casos são devidos a antígeno D do fator Rh e 2% a antígenos atípicos como Kell, E ou C.
A aloimunização Rh pode levar à hidropsia e ao óbito fetal ou neonatal, e costuma ser mais grave com
os antígenos D e Kell.
Toda gestante com história de hidropsia fetal ou neonatal deve ter solicitado o teste de Coombs
Indireto, independentemente da tipagem Rh (positivo ou negativo).
Na avaliação da gestante com aloimunização é importante a caracterização da história obstétrica
(antecedente de óbito fetal ou neonatal por hidropsia, exsanguineo transfusão neonatal, idade gestacional
dos eventos), pois a conduta depende do antecedente de acometimento fetal ou neonatal.

Diagnóstico
- Teste de Coombs indireto (pesquisa de anticorpos irregulares) positivo com título >1/16 para anti-D
e qualquer título para outros antígenos, especialmente Kell.
- Dopplervelocimetria da artéria cerebral média com medida do pico de velocidade sistólica em
cm/seg., com correção do ângulo de insonação. Este valor correlaciona-se com anemia fetal moderada e
grave, com sensibilidade próxima de 100% e taxa de falso-positivo de 12% e tem sido recomendado nos
centros de Medicina Fetal como padrão para seguimento de fetos de risco de anemia.

Conduta
A profilaxia é dever de todos os médicos para que esta doença seja erradicada.
Na eventualidade do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser encaminhada para centros de
referência para o acompanhamento da gravidez.
Todo feto anêmico deve ser transfundido para prevenir a hidropsia, que aumenta o risco de óbito e
sequelas neurológicas. Para tanto é necessária cordocentese e bolsa de sangue específica para esse
procedimento, que deve ser realizado em centro de Medicina Fetal.

A prevenção da sensibilização pelo fator Rh deve ser realizada pela administração de


imunoglobulina anti-D nas seguintes situações em mães Rh negativo:
- Após procedimentos invasivos: amniocentese, cordocentese, biópsia de vilo corial;
- Após aborto, gravidez ectópica ou mola hidatiforme;
- Após o parto de mães com Coombs indireto negativo e recém-nascidos Rh positivo;
- Entre a 28ª e a 34ª semana de gestação de todas as mulheres com Coombs indireto negativo e com
parceiros Rh positivos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


336
- Após sangramento obstétrico (placenta prévia, por exemplo) com risco de hemorragia feto-materna
significativa.

Idealmente, a imunoglobulina deverá ser administrada até 72 horas após o parto ou evento obstétrico,
mas há evidências de proteção contra sensibilização se administrada até 13 dias e há recomendações
para que seja administrada em até 28 dias;
Gestantes Rh negativo submetidas à laqueadura tubária também deverão receber imunoglobulina anti-
D. A dose poderá ser maior que a habitual (300μg) se o risco de hemorragia feto-materna volumosa for
significativo.

Antecipação Eletiva do Parto


A conduta inicial adequada na assistência à gestante que apresenta algum tipo de problema deve ser
a realização de diagnóstico precoce e tratamento do distúrbio identificado com vistas a manter a gestação
até o seu término. Na prática clínica, no entanto, apesar das medidas tomadas, permanece uma
proporção de casos com algum grau de disfunção que implica risco elevado para a gestante e/ou feto em
que não é possível ou não existem tratamentos que possam manter a gravidez. Em certas situações, o
risco materno é inaceitável. Em outras, o risco fetal torna-se maior que o risco neonatal. Nesses casos, a
antecipação eletiva do parto é medida preventiva conveniente e insubstituível. Porém, o que às vezes
representa uma decisão óbvia e simples, constitui-se, outras vezes, numa medida que exige
conhecimentos, experiência e equipamentos sofisticados.
O risco materno: é avaliado a partir das probabilidades de repercussões irreversíveis que o organismo
da mulher possa ter em consequência das condições identificadas.
O risco fetal: é avaliado a partir das condições maternas e da pesquisa de vitalidade e crescimento
fetal.
O risco neonatal: depende do peso e da maturidade no momento do parto, das condições fetais e dos
recursos disponíveis para a atenção ao recém-nascido.
Esse momento de decisão é, com certeza, o mais difícil vivido pelo obstetra. Manter a gestação pode
significar a morte da mãe ou do feto; se antecipar o parto, o óbito pode se dar no período neonatal a
despeito dos recursos existentes de assistência. Decidir só pelos conhecimentos técnicos é tornar-se juiz
da vida humana, situação de onipotência injustificada. É fundamental ouvir a gestante, seu companheiro
e família, e somente a eles cabe a decisão.
Na maioria das situações, o parto pode ser antecipado por meio de técnicas de indução. Em outras
situações, quando há contraindicações à indução, a cesariana deve ser o método de escolha. Em que
pese o fato de alguns casos necessitarem decisão individualizada, a maioria delas pode ser enquadrada
conforme as recomendações apresentadas a seguir, com a utilização de técnicas e equipamentos
disponíveis.

Indução do Parto
Indução implica na utilização de métodos que desencadeiem contrações uterinas objetivando o início
do trabalho de parto para assegurar o nascimento da criança em um tempo apropriado, quando se avalia
que a mesma estará mais segura fora do útero que dentro dele ou para melhorar o prognóstico materno.

Recomendações
A mulher, seu acompanhante e familiares devem receber orientações detalhadas sobre o processo de
indução, suas indicações e potenciais riscos associados. Tal concordância deve estar documentada no
prontuário.

Avaliar e Documentar no Prontuário antes de Iniciar a Indução:


- Indicação da indução e ausência de contraindicação;
- Confirmação da idade gestacional;
- Confirmação da apresentação cefálica, se feto vivo;
- Adequação pélvica;
- Condições cervicais pelo escore de Bishop;
- Estado das membranas;
- Atividade uterina;
- Batimentos cardiofetais e cardiotocografia basal, onde disponível;
- Potenciais riscos da indução.
- Aumento da incidência de parto vaginal operatório e cesariana;
- Alterações da contratilidade uterina;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


337
- Anormalidades da frequência cardíaca fetal (FCF);
- Síndrome de hiperestimulação;
- Rotura uterina;
- Prematuridade devido à estimativa inadequada da idade gestacional;
- Possível prolapso ou compressão de cordão quando se usa a rotura artificial de membranas.

Quando a Indução for Indicada, assegurar que Condições Adequadas de Assistência Estejam
Presentes:
- Disponibilidade de pessoal médico ou de enfermagem para monitorar a frequência cardíaca fetal e
contrações uterinas a cada 15-30 minutos durante todo o processo de indução;
- De preferência, a disponibilidade de bomba de infusão para uso de ocitocina;
- Um agente tocolítico disponível para uso nas alterações de contratilidade uterina.

A Indução é Indicada Quando a Continuação da Gravidez não é mais aconselhável nas


Seguintes Circunstâncias Clínicas:
- Síndromes hipertensivas da gravidez descompensadas;
- Isoimunização Rh;
- Rotura prematura de membranas a partir de 36 semanas completas;
- Intercorrências clínicas maternas descompensadas (ex.: diabetes insulinodependente, doença renal
etc.);
- Gestação acima de 41 semanas;
- Restrição do crescimento intrauterino;
- Insuficiência uteroplacentária;
- Morte fetal (abordada no capítulo Óbito fetal);
- Corioamnionite;
- Fatores logísticos (ex.: história de parto rápido, distância do hospital, condições psicossociais etc.).
Nesses casos, a indução deve ser bem discutida com a mulher e seus acompanhantes, frisando os
possíveis riscos, e realizada somente após estimativa acurada da idade gestacional.

Situações em que se deve ter mais Cuidados na Indução do Parto:


- Grande multiparidade (maior que quatro);
- Apresentação de vértice não encaixada;
- Polihidrâmnio;
- Gestação múltipla;
- Presença de uma cicatriz uterina segmentar ou transversa;
- Hipertensão arterial grave;
- Indução por conveniência do médico ou da gestante.

Contraindicações para Indução do Parto:


- Sofrimento fetal agudo;
- Cicatriz segmentar de repetição (duas ou mais);
- Situações de urgência;
- Apresentações fetais anômalas;
- Desproporção cefalopélvica absoluta;
- Placenta prévia;
- Presença de incisão uterina corporal prévia;
- Carcinoma invasivo do colo;
- Prolapso de cordão;
- Herpes genital ativo;
- Obstrução do canal de parto.

Indução do Parto Propriamente Dita


Quando o colo uterino estiver favorável para a indução (escore de Bishop >6), a ocitocina é o método
de escolha.

Ocitocina
O objetivo da administração de ocitocina é produzir atividade uterina que seja suficiente para produzir
alterações cervicais e ao mesmo tempo evitar hiperestimulação uterina e comprometimento fetal.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


338
- A ocitocina só deve ser utilizada quando o colo apresentar condições favoráveis, ou seja, escore de
Bishop >6.
- A prescrição de ocitocina deve ser realizada e registrada em mU/minuto.
- De preferência, a ocitocina deve ser administrada por meio de bomba de infusão.
- Antes de qualquer aumento na dose, as contrações uterinas devem ser avaliadas por palpação ou
monitoração eletrônica externa. A menor dose efetiva possível deve ser usada para prevenir
hiperestimulação uterina.
- As contrações uterinas devem ser avaliadas de preferência a cada 30 minutos e a FCF a cada 15-30
minutos.
- Os dados vitais maternos (pulso, temperatura e pressão arterial) devem ser avaliados a cada 4 horas.
- A ocitocina pode ser utilizada em gestantes com cesariana prévia seguindo os cuidados preconizados
neste guia.
- Não iniciar ocitocina em intervalo inferior a 6 horas após a última dose de misoprostol nas gestantes
que o estiverem utilizando para maturação cervical.

Cesárea Eletiva
Deve ser o método de eleição nas situações de iteratividade (duas ou mais cicatrizes de cesáreas
anteriores) e nas situações de contraindicação absoluta ao parto por via vaginal.
Excetuando-se os casos de urgência e de sofrimento fetal, as presenças de contrações uterinas são
desejáveis, mesmo quando a cesárea é a via de parto mais indicada.
As contrações são um importante indicador de época oportuna para o parto, ajudam na formação do
segmento inferior do útero, facilitando a cirurgia e diminuindo o sangramento da histerectomia, e auxiliam
na maturidade pulmonar fetal. Deve-se considerar, entretanto, a facilidade de acesso da mulher ao
hospital onde a cesárea será realizada.
Recomenda-se programar a cesárea eletiva para gestantes com idade gestacional de 39 semanas
confirmadas pela DUM ou pela ultrassonografia do primeiro trimestre.

Avaliação Fetal

Métodos Clínicos

Registro Diário da Movimentação Fetal (RDMF)


A diminuição do movimento fetal é prova indireta de insuficiência placentária e tem como interpretação
a adaptação fetal às condições de balanço negativo.
Assim, o registro diário de movimento fetal é o teste clínico mais simples para avaliação das condições
de vitalidade fetal.
O RDMF deve ser realizado em todas as gestantes que apresentarem fatores de risco para resultados
perinatais adversos e deve começar entre 26 e 32 semanas. As gestantes saudáveis, sem fatores de
risco, devem ser orientadas a realizar a contagem dos movimentos fetais se perceberem uma diminuição
subjetiva dos mesmos e após 36 semanas de gestação.

Metodologia

Várias Maneiras são propostas para a Execução do RDMF. Quatro são mais conhecidas:
1) Os registros são tomados em três intervalos de uma hora de duração, distribuídos pelos três
períodos do dia (após o café da manhã, o almoço e o jantar), com a mãe repousando em decúbito lateral.
Os valores obtidos em cada um dos três intervalos são somados, e o resultado multiplicado por quatro
corresponde à atividade motora fetal em 12 horas. Segundo o protocolo do Programa Mãe Curitibana,
2005, a soma diária da contagem deve ser maior ou igual a 15 movimentos fetais.
Diminuição acentuada (de mais de 50% no número de movimentos fetais) e brusca ou cessação da
movimentação fetal, descritas como “sinal de alarme”, associam-se com sofrimento fetal e precedem de
12 a 24 horas o óbito fetal. Nestas situações, a gestante deve ser orientada a procurar a unidade de saúde
ou o hospital de referência para avaliação da vitalidade fetal mais complexa.
2) Contagem da movimentação fetal até complementarem-se 10 movimentos, valor considerado como
limite mínimo diário para fins clínicos.
O registro da movimentação pode ser feito com a gestante em repouso, ou exercendo atividade leve,
em qualquer período do dia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


339
Valores menores que 10 movimentos em 12 horas sugerem a presença de hipóxia fetal. Também neste
caso, diminuição abrupta ou cessação da movimentação são tomadas como sinal de alarme para óbito
fetal iminente.
3) Registro dos movimentos fetais por período de uma hora em posição sentada.
Valores maiores que seis movimentos/hora correspondem a fetos em boas condições.
4) Contagem de movimentos fetais percebidos pela mãe em 2 horas. Os registros dos movimentos
devem ser feitos com a mãe em repouso somando 4 períodos de 30 minutos em 24 horas.
Valor mínimo normal entre 30-40 semanas = 10 movimentos em 24 horas.

Recomendações

Alguns Elementos Devem ser considerados para a Adequada Execução e Interpretação do


Registro Diário da Movimentação Fetal:
- A mãe deve estar em uma posição reclinada (não supina), concentrando-se na contagem dos
movimentos.
- A mãe decide por si mesma o que é movimento fetal, tal como ela esteja habituada a sentir.
- Excluem-se movimentos tipo “soluço”.
- Considerar a variação nictemeral - há maior movimentação fetal nas primeiras horas da noite.
- O uso de medicamentos (sedativos, tranquilizantes) e de cigarro podem diminuir a movimentação
fetal. Notadamente, os corticosteroides podem produzir o mesmo efeito por dois dias. O RDMF não pode
determinar a conduta. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste
mais específico de avaliação da vitalidade fetal, como os que se seguem. Se o teste for normal, não há
necessidade da realização de outros testes.

Prova Simplificada de Aceleração Cardíaca Fetal


Consiste na verificação de aceleração de batimentos cardíacos fetais com sonar ou estetoscópio de
Pinard, frente à movimentação fetal, estímulos mecânicos ou auditivos.

Metodologia
1) Determinar a frequência cardíaca fetal (FCF) basal ou de repouso.
2) Verificar a frequência cardíaca fetal associada à movimentação espontânea fetal. A presença de
elevação da FCF é sinal de boa oxigenação fetal.
3) Na ausência de resposta, faz-se a estimulação sonora (buzina de bicicleta).
Resposta mínima para estímulo sonoro: elevação de 20bpm e intervalo de 3 minutos para retornar à
FCF basal (detectada previamente).
A prova de aceleração cardíaca fetal, por ser método de triagem, também não pode determinar a
conduta definitiva. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste mais
específico de avaliação da vitalidade fetal.

Métodos Biofísicos
Cardiotocografia anteparto de repouso (CTG basal). A análise cardiotocografia possibilita a avaliação
da integridade dos mecanismos do sistema nervoso central envolvidos no controle da frequência cardíaca
e da cinética fetal.
O feto hígido, próximo do termo, apresenta frequência cardíaca estável entre 110 e 160bpm-
batimentos por minuto (bradicardia<110bpm: pós-maturidade, drogas betabloqueadoras - propranolol,
bloqueio A-V, asfixia fetal grave; taquicardia>160bpm: hipoxemia crônica - estímulo simpático,
corioamnionite, hipertermia materna, aumentando 10bpm/cada grau centígrado, drogas uterolíticas,
nicotina, hiperatividade fetal e taquiarritmias) e variabilidade da frequência cardíaca entre 6 e 25bpm.
Além dessas características, ocorrendo movimentação, o feto exibe aceleração transitória de amplitude
igual ou superior a 15bpm e duração superior a 15 segundos.
Algumas situações como a hipóxia fetal, a prematuridade, o sono fetal e o uso de drogas sedativas,
tranquilizantes e anti-hipertensivas, além de situações como febre, hipoglicemia e tabagismo, modificam
o padrão fisiológico acima descrito.
O exame consiste no registro simultâneo da frequência cardíaca e dos movimentos fetais espontâneos,
durante pelo menos 20 minutos. Nesse período inicial, se não se constatarem ao menos duas acelerações
transitórias, ou variabilidade diminuída, ou ainda desacelerações, o exame deve ser prolongado por mais
20 minutos e, se necessário, deve ser realizada estimulação vibro-acústico, com buzina tipo Kobo sobre
o polo cefálico fetal, por 3 a 5 segundos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


340
Outros elementos a serem considerados são o nível da linha de base (bradicárdico ou taquicárdico), a
variabilidade (reduzida, igual ou menor que 5bpm) e a presença de desaceleração tardia. A presença de
desacelerações tardias que tem uma decalagem superior a 20 segundos entre o pico da contração uterina
e o fundo da desaceleração (valor mínimo dos batimentos cardíacos fetais) indica gravidade, assim como
as desacelerações variáveis profundas e prolongadas com retorno abrupto, que são resultantes de
compressão do cordão umbilical.

Recomendações
- Orientar a gestante sobre o exame (indicações, técnica, inocuidade, etc.);
- Iniciar somente após a 28ª semana;
- A validade do exame é de 7 dias. Portanto, repetir, no máximo, dentro desse período;
- Realizar o exame com a mulher:
- Em posição semissentada (semi-Fowler) ou sentada ou decúbito lateral contralateral ao dorso fetal;
- Após período de repouso;
- Sem ter fumado ou tomado medicação que possa interferir no comportamento fetal até uma hora
antes do exame.

Segundo alguns estudos, o uso da cardiotocografia anteparto: não reduz a mortalidade e morbidade
fetal devido a complicações por asfixia; não piora o resultado da gestação pela interpretação errônea de
sofrimento fetal. Mas a cardiotocografia anteparto pode ser usada para dar segurança para a mãe e para
o obstetra que a gravidez pode seguir adiante.

Perfil Biofísico Fetal (PBF)


É prova de vitalidade fetal que se baseia fundamentalmente em parâmetros ultrassonográficos,
associados à cardiotocografia.
Consiste na avaliação integrada dos seguintes parâmetros: FCF (pela cardiotocografia), movimentos
respiratórios fetais, movimentos corporais fetais, tônus fetal e volume do líquido amniótico (avaliado pela
medida do bolsão maior). A cada um desses parâmetros atribui-se a pontuação de 0 (anormal) ou 2
(normal).
A prova é realizada utilizando-se monitoramento eletrônico e ultrassonografia de tempo real.
O PBF deve complementar a cardiotocografia, na presença de um padrão suspeito. O exame não é
recomendado como teste primário de triagem. Para tanto, quando disponível o aparelho de
ultrassonografia, pode ser realizado o PBF simplificado, que consiste na cardiotocografia associada à
determinação do índice de líquido amniótico (ILA) pela ultrassonografia, especialmente em casos de
suspeita de crescimento fetal restrito.
O PBF não deve substituir, contudo, as provas de vitalidade fetal mais simples, nem ser aplicado à
população de gestantes sem triagem prévia.

Avaliação da Maturidade Fetal

Métodos Clínicos

Estabelecimento da Idade Gestacional


Baseia-se na data da última menstruação (DUM), na altura do útero (AU), no início dos movimentos
ativos do feto, na insinuação e na biometria fetal pela ultrassonografia.
É importante ter em mente que a duração da gestação é de 280 dias em média, isto é, 40 semanas
contadas a partir do 1º dia da última menstruação. Assim, calcula-se, pela regra de Naegele, a data
provável do parto, somando-se à DUM 7 dias e diminuindo-se três meses. A seguir, calcula-se quantos
dias faltam para a data do parto. Esse número de dias, dividido por 7, dá o número de semanas que faltam
para o parto. O número de semanas que faltam deve ser subtraído de 40 semanas, total da gestação,
obtendo-se assim a idade da gestação em semanas.

Quando Houver Dúvidas em Relação à Idade Gestacional pela DUM, os Seguintes


Procedimentos podem ser Utilizados para Ajudar a Definir a Idade Gestacional:
- Relacionar a data da última menstruação ao aparecimento dos primeiros sintomas de gestação e
datas marcantes (Natal, carnaval, aniversários, entre outras);
- Pesquisar batimentos cardiofetais pelo sonar Doppler, durante o terceiro mês, anotando as datas e
resultados.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


341
Seja por ausência de informação, incerteza quanto à data da última menstruação ou ainda incoerência
entre os achados clínicos e a informação obtida, a gestante deverá ser submetida a uma ultrassonografia
para determinação da idade gestacional.
Quanto aos movimentos fetais, se bem que existam precocemente, só são percebidos pela grávida do
4º mês em diante. Nas duas últimas semanas de gestação, pode ocorrer, nas primíparas, a queda do
ventre, pela insinuação do polo cefálico (com o alívio respiratório para a gestante).
A ultrassonografia oferece a oportunidade de calcular a idade da gestação pela biometria fetal. No
início da gestação, o cálculo é feito pelo tamanho do saco gestacional sendo, entretanto, pouco preciso.
Da 8ª a 14ª semana, mede-se a distância cabeça-nádegas do feto, que é o parâmetro mais preciso.
Quando houver uma diferença de 5 dias ou mais entre a data da última menstruação e a USG realizada
nesta época, deve-se corrigir a idade gestacional pela ultrassonografia. Na 2ª metade da gestação, o
cálculo da idade gestacional é feito pela medida do diâmetro biparietal, da circunferência abdominal, e do
comprimento do fêmur, bem como da presença e do tamanho dos pontos de ossificação secundária do
fêmur. Devido à maior margem de erro do USG realizado nessa época (mais ou menos duas semanas),
o mesmo deve servir de parâmetro apenas se houver uma diferença maior que 10 dias em relação à data
da última menstruação.

Exame do Líquido Amniótico


Amnioscopia
É uma endoscopia cervical, com o objetivo de visualizar o polo inferior do ovo, isto é, as membranas,
o líquido amniótico e a apresentação. O amnioscópio é constituído por um tubo oco metálico ou mesmo
compacto de acrílico que é introduzido através do orifício cervical. Além do tubo, deve haver uma fonte
luminosa. É necessária uma cervicodilatação de 1,5cm ou mais.
A amnioscopia tem como desvantagem a necessidade de colo permeável.
Apresenta riscos, apesar de pouco frequentes, como ruptura das membranas ovulares, pequenas
hemorragias, traumas e infecção.

Avaliam-se a Cor e a Transparência do Líquido Amniótico e a Eventual Presença de Grumos.


Assim, o Líquido pode ser:
- Claro: boa vitalidade;
- Meconial: possível hipoxemia fetal. A presença de mecônio também pode ser indicativo de eliminação
fisiológica do mesmo por contrações intestinais em fetos maduros;
- Vermelho: hemoâmnio (possível descolamento prematuro de placenta e/ou óbito fetal);
- Amarelo: presença de bilirrubina (isoimunização Rh ou prematuridade extrema);
- Achocolatado: óbito fetal.

O resultado é confiável em 90% dos casos, havendo falso-positivos e falso negativos em 10%.
São contraindicados para mulheres com placenta prévia (diagnosticada ou suspeita) e processos
infecciosos cérvico-vaginais.

Amniocentese
É a coleta do líquido amniótico por via abdominal, hoje orientada pela ultrassonografia.
Há dois tipos fundamentais de amniocentese: precoce, realizada na 1ª metade da gravidez (a partir da
15ª semana), e tardia, realizada na 2ª metade da gravidez (de preferência após a 28ª semana).
Pode ser feita em ambulatório, com orientação ultrassonográfica. A agulha usada é, preferencialmente,
a de número 12 por 20 ou 22 gauge. Retirar 10 a 20ml de líquido.

Indicações da Amniocentese Precoce:


- Cariótipo fetal, principalmente para afastar a trissomia 21 (Síndrome de Down);
- Erros inatos de metabolismo;
- Dosagem de alfa feto proteína (AFP);
- Determinação do sexo fetal;
- Pesquisa de infecções congênitas.

Indicações da Amniocentese Tardia:


- Estudo da maturidade fetal;
- Esvaziamento, nos casos de polihidrâmnio agudo;
- Introdução de medicamentos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


342
Riscos da Amniocentese: infecção, abortamento, lesão fetal anexial, trabalho de parto prematuro e
amniorrexe.

Métodos Laboratoriais

Exame do Líquido Amniótico


O exame do líquido obtido por amniocentese ou colhido após a rotura da bolsa pode ser macroscópico
e microscópico.

Macroscopia: deve-se fazer uma descrição do líquido, que é colocado em tubo de ensaio e examinado
contra um fundo branco, atendendo às seguintes características:
Cor e transparência: O líquido normalmente é claro e transparente (água de rocha) e, após 36
semanas, pode se ver a presença de grumos (vérnix caseoso) que, em grande quantidade, tornam o
líquido opalescente. Entende-se que se o líquido apresentar outros aspectos, é patológico: verde
(mecônio), amarelo (presença de bilirrubina), vermelho (hemoâmnio) e achocolatado (óbito fetal). Esses
dados avaliam, a grosso modo, a vitalidade e a maturidade fetal.

Microscopia: há provas que são realizadas para verificar a maturidade fetal por meio de:
Surfactantes: nos pulmões existem substâncias surfactantes destinadas a proporcionar estabilidade
ao alvéolo, evitando atelectasia. Produzidas no pneumócito tipo II, são lipoproteínas complexas com
estrutura do glicerol. Entre os surfactantes, destacam-se: fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidilglicerol,
inositol, serina, etanolamina e esfingomielina. A lecitina é o mais importante dos surfactantes e aumenta
com o evoluir da gravidez (agente tensoativo). A esfingomielina, de menor importância, decresce no final
da gravidez.

Relação Lecitina/Esfingomielina (L/E):


- Relação L/E inferior a 1,5 significa imaturidade fetal;
- Relação L/E entre 1,5 e 1,9 significa imaturidade duvidosa;
- Relação L/E superior a 2,0 significa maturidade fetal.

Observação: os recém-nascidos de mães diabéticas podem apresentar síndrome da angústia


respiratória mesmo tendo relação L/E superior a 2,0. Nesses casos, a pesquisa de fosfatidilglicerol
confirma a maturidade fetal. A determinação da relação L/E, e a pesquisa de fosfatidilglicerol são exames
laboratoriais disponíveis em poucos locais.

Teste de Clements (modificado): pesquisa a maturidade através da tensão superficial do líquido


amniótico, avaliada pela estabilidade das bolhas (espuma), após agitação vigorosa do mesmo em diluição
a 1/2. A maturidade está sempre presente nos resultados positivos (halo completo de bolhas), porém o
teste apresenta significativa proporção de resultados falso-negativos (geralmente devido à realização do
exame com técnica inadequada).

Afecções Ginecológicas

Vulvovaginites
Consideram-se como vulvovaginites todas as manifestações inflamatórias e/ou infecciosas, de caráter
agudo ou crônico que podem acometer a vulva, vagina ou o colo uterino, podendo atingir também a
bexiga, ureter, ânus e face interna das coxas.
As vulvovaginites manifestam-se por meio de leucorréias de aspectos e consistências distintas,
segundo as características do agente infeccioso, do grau de infestação e das condições clínicas do
hospedeiro (mulher).
O corrimento pode se apresentar associado a um ou mais dos seguintes sintomas: prurido contínuo
no canal vaginal e vulva, dor ou ardor local e/ou ao urinar e sensação de desconforto pélvico; os pequenos
lábios, o clitóris e o introito vaginal podem apresentar edema e hiperemia, como também escoriações
devido ao prurido.
É imprescindível o tratamento do parceiro nas vulvovaginites recidivantes. O tratamento, depois de
iniciado, não deverá ser interrompido mesmo durante a menstruação. É importante o uso de preservativos
durante a relação sexual, enquanto permanecer o tratamento.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


343
Dentre as Vulvovaginites Mais Comuns, Temos:
- Vaginoses bacterianas - caracterizadas por um desequilíbrio da flora vaginal normal, devido a um
aumento exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias (Gardnerella vaginalis), adquiridas através
da relação sexual ou hábitos precários de higiene (limpeza inadequada da genitália, não lavagem das
mãos antes e após as eliminações, não troca frequente da roupa íntima, uso de roupa íntima de outra
pessoa). O diagnóstico é feito através da anamnese, que identifica a queixa de prurido vulvar
acompanhado de corrimento amarelado e odor fétido. A confirmação do diagnóstico ocorre através da
leitura de uma lâmina de esfregaço vaginal. O tratamento deverá ser do casal na forma sistêmica e poderá
estar associado a um bactericida tópico.
- Candidíase vulvovaginal - infecção da vulva e canal vaginal causada por um fungo que habita a
mucosa vaginal, a Candida albicans. A relação sexual é considerada a principal forma de transmissão;
outros fatores, como gravidez, diabetes melittus, obesidade, antibióticos, corticoides, uso de
anticoncepcional hormonal também são fatores predisponentes da candidíase vulvovaginal. A
sintomatologia dependerá do grau de infecção e da localização do tecido inflamado, podendo apresentar-
se como prurido vulvovaginal, ardor ou dor à micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto
caseoso (leite coalhado), hiperemia, edema, fissuras e maceração da vulva, dispareunia (dor à relação
sexual). O diagnóstico é confirmado pelo exame laboratorial do conteúdo vaginal em que se visualiza a
presença do fungo. O tratamento é tópico, com o uso de creme antimicóticos, podendo também ser
prescrito terapêutica sistêmica nos casos de recidivas.
- Tricomoníase genital - é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
principais são: corrimento abundante amarelo ou amarelo esverdeado, com presença de bolhas e odor
fétido semelhante a “peixe podre”, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica, disúria, polaciúria e hiperemia
da mucosa vaginal com placas avermelhadas. O tratamento sempre é sistêmico, podendo ser associada
terapêutica tópica vaginal.

- Aconselhamento
É tido como um instrumento importante para a quebra da cadeia de transmissão das DST. Auxilia o
cliente a compreender a relação existente entre o seu comportamento e o problema de saúde que está
apresentando, a reconhecer os recursos que tem para evitar novas infecções.
A enfermagem poderá, através de ações educativas, orientar a clientela a partir da sua entrada na
unidade de saúde quanto às formas de transmissão das DST, assim como os mecanismos de prevenção
das doenças ginecológicas. Essas ações podem ser realizadas através da distribuição de folhetos
informativos, pôsteres afixados nos murais de passagem da clientela, grupos de orientação nas salas de
espera e utilização de vídeos educativos. Também podem ser dadas orientações individuais na pré-
consulta ou na pós-consulta ginecológica.

Bartholinite
A bartholinite é uma infecção estritamente vulvar da glândula de Bartholin. Sua infecção é às vezes
crônica e sob a forma de cisto, sendo mais frequente a forma aguda, que caracteriza-se pela presença
de rubor, calor, dor e com edema significativo, por vezes deformando a vulva.

Leiomiomatose Uterina
Leiomiomatose uterina, também conhecida por miomatose uterina, é um tumor benigno sólido que com
frequência acomete as mulheres e se aloja preferencialmente no corpo do útero.
A causa da formação do mioma é desconhecida. É ligeiramente mais comum em mulheres nuligestas
e nas de raça negra. Está relacionado com a produção hormonal, não apresentando crescimento com a
menopausa.
Em mulheres não grávidas, os miomas podem ou não trazer problemas.
Cerca de 25%, entretanto, causam sangramento uterino anormal.
Algumas mulheres queixam-se de plenitude ou sensação de peso pélvico. Podem ainda causar
dismenorreia, leucorreia, hipermenorreia ou menorragia. Pode ocorrer um quadro de anemia e ou de
infecção. O tratamento inicial sempre é conservador, com o uso de terapêutica hormonal, mas na
ausência de resposta e tratamento poderá tornar-se cirúrgico.
Em mulheres grávidas, os miomas podem causar os seguintes riscos adicionais: aborto, falta de
encaixamento, trabalho de parto prematuro, dor, distocia, trabalho de parto prolongado e hemorragia pós-
parto.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


344
Questões

01. (Prefeitura de Natal - Enfermeiro - COMPERVE/2018) - As síndromes hipertensivas na gravidez


são as maiores causas de morbidade e mortalidade materna e fetal (BRASIL, 2012). Dentre essas
síndromes, destaca-se a hipertensão crônica na gestação que corresponde à hipertensão de qualquer
etiologia quando o nível da pressão arterial for
(A) igual a 130/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 24ª semana da gestação ou além
de doze semanas após o parto.
(B) maior ou igual a 140/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 24ª semana da
gestação ou além de oito semanas após o parto.
(C) maior ou igual a 140/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 20ª semana da
gestação ou além de doze semanas após o parto.
(D) igual a 150/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 20ª semana da gestação ou
além de oito semanas após o parto.

02. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) - Acerca de assuntos relacionados a anatomia e


fisiologia da gestação, julgue o próximo item.
Microcefalia fetal pode ser resultado de diabetes gestacional não controlada.
( )Certo ( )Errado

03. (Câmara de Belo Horizonte - Técnico de Enfermagem - CONSUPLAN/2018) - No início do


pré-natal, o médico solicita vários exames de sangue de rotina, e um deles é o de tipagem sanguínea,
para descobrir o grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e o fator Rh positivo ou negativo. Diante do exposto,
analise as afirmativas a seguir.
I. O fator Rh só é importante na gravidez se a mãe for Rh negativo e o bebê for Rh positivo. Para que
isto possa acontecer, o pai do bebê tem que ser Rh positivo.
II. Caso o sangue do bebê entre em contato com o da mãe durante o parto, o sistema imune da
grávida produzirá anticorpos que atuarão numa segunda gravidez.
III. Na segunda gravidez, quando o bebê tem Rh positivo, os anticorpos do sistema imunológico da
mãe podem atravessar a placenta e atacar as células do sangue do bebê, provocando uma doença
chamada eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal tornando a gestante estéril.
IV. Quando a grávida tem sangue Rh negativo, mas o bebê tem Rh positivo, é necessário fazer uma
injeção de imunoglobulina anti-D para eliminar os anticorpos criados no organismo da gestante e evitar
complicações na gestação.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)


(A) I
(B) III
(C) I, II e IV
(D) II, III e IV

04. (UFSC - Enfermeiro - COPERVE/2018) - Uma mulher de 26 anos apresenta-se à unidade


primária de saúde porque perdeu o último período menstrual e acha que pode estar grávida. Ela relata
cansaço, sensibilidade nas mamas, aumento da frequência urinária, náuseas e vômitos pela manhã.
O(A) enfermeiro(a) interpretará esses achados com qual resultado de gravidez?
(A) Positivo.
(B) Provável.
(C) Possível.
(D) Presuntivo.
(E) Negativo.

05. (TRE/SP - Técnico Judiciário - Enfermagem - FCC/2017) - O Ministério da Saúde lançou


recentemente a Campanha de Combate à Sífilis Congênita. Durante a orientação a um grupo de gestante
é fundamental que o técnico de enfermagem, enquanto integrante da equipe de saúde, ressalte que o
teste de sífilis.
(A) é contraindicado no primeiro trimestre de gestação.
(B) não pode ser realizado em gestantes com mais de 40 anos.
(C) é contraindicado em gestantes portadoras do vírus HIV.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


345
(D) precisa ser realizado tanto pela gestante como pelo parceiro sexual.
(E) em gestantes adolescentes, necessita da autorização dos pais ou responsáveis.

06. (Instituto AOCP - Enfermeiro - EBSERH/2017) - Mulher de 36 anos, casada, compareceu à


Unidade Básica de Saúde para coleta de exame citopatológico. Durante a coleta, a enfermeira observa
corrimento vaginal amarelo-esverdeado, bolhoso e fétido e edema de vulva. O pH vaginal da paciente
estava > 4,5, dessa forma, seguindo abordagem sindrômica, a enfermeira optou pelo tratamento de
(A) gonorreia.
(B) tricomoníase.
(C) clamídia.
(D) herpes vaginal.
(E) candidíase vulvovaginal.

07. (IBFC - Enfermeiro - EBSERH/2017) - Sobre a técnica para medida da altura uterina, analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.
( ) Posicione a gestante em decúbito lateral esquerdo, com o abdome descoberto.
( ) Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino.
( ) Por meio da palpação, procure corrigir a comum dextroversão uterina.

(A) V,V,V
(B) V,F,V
(C) F,V,F
(D) F,V,V
(E) V,V,F

08. (UFRN - Auxiliar de Enfermagem - UFRN - COMPERVE) - Sobre as intercorrências clínicas mais
frequentes durante a gestação, é correto afirmar:
(A) A hiperemese caracteriza-se por vômitos contínuos e intensos que impedem a alimentação da
gestante, ocasionando desde a desidratação e oligúria até a perda de peso e transtornos metabólicos,
com alcalose.
(B) O abortamento é a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto
pesa menos de 500 g. É precoce quando ocorre até a 8ª semana de gestação e tardio quando ocorre até
a 22ª semana.
(C) A placenta prévia corresponde a um processo patológico da segunda metade da gravidez, em que
a implantação da placenta, inteira ou parcialmente, ocorre no segmento superior do útero.
(D) O descolamento cório-amniótico caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade.
É diagnosticado por exame ultrassonográfico e representa um grave quadro de risco materno e/ou ovular.

09. (CEP 28 - Técnico de - Enfermagem - IBFC) - Assinale a alternativa que completa corretamente
a lacuna.
Durante a gravidez a ___________ , se caracteriza pela presença de edema, hipertensão arterial,
cefaleia occipital, tonteiras, perturbações visuais e nervosas, crise convulsiva.
(A) Hemossalpingite.
(B) Eclampsia.
(C) Hiperemese gravídica.
(D) Polidramnia.

10. (UFPEL - Auxiliar de - Enfermagem - UFPeL-CES) - Ao verificar os sinais vitais de uma gestante
com IG=30 semanas, o auxiliar de enfermagem observa que ela apresenta aumento de peso significativo,
edema de membros inferiores, cefaleia, distúrbios visuais e níveis elevados de pressão arterial, mesmo
em repouso. Em relação ao quadro de sinais e sintomas, pode tratar-se de:
(A) diabete gravídica.
(B) óbito fetal.
(C) hemorragia da gestação.
(D) eclâmpsia grave.
(E) pré-eclâmpsia.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


346
11. (Prefeitura de São Paulo - SP - Analista de Saúde - Obstetriz - IBFC) - O abortamento
farmacológico é a utilização de fármacos para indução do abortamento ou abreviação do abortamento em
curso. Para esvaziamento uterino no 1º, 2º ou 3º trimestre gestacional, é indicado o uso de:
(A) Misoprostol.
(B) Ergometrina.
(C) Metilergometrina.
(D) Meperidina.
(E) Metroclopramida.

12. (EBSERH - Enfermeiro - Saúde da Mulher - HUAP - UFF - IBFC) - O abortamento é uma das
condições clínicas mais frequentes que se apresentam com hemorragias do primeiro trimestre de
gestação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o abortamento se caracteriza como perda
do concepto de _______, _____ de peso ou _______ de comprimento. Preencha as lacunas e a seguir
assinale a alternativa correta.
(A) Até 12 semanas completas; 300 gramas; 12,5 centímetros.
(B) Até 22 semanas completas; 500 gramas; 16,5 centímetros.
(C) Até 16 semanas incompletas; 400 gramas; 14,5 centímetros.
(D) 12 a 20 semanas completas; 300 a 500 gramas; 12,0 a 16,0 centímetros.
(E) Até 24 semanas completas; 1000 gramas; 30,0 centímetros.

13. (Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ - Enfermeiro - Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ) - Dentre as
intercorrências clínicas e obstétricas mais frequentes identificadas no pré-natal, constitui uma das mais
importantes situações hemorrágicas, na segunda metade da gestação:
(A) abortamento.
(B) gravidez ectópica.
(C) descolamento prematuro de placenta.
(D) mola hidatiforme.

14. (UERN - Técnico de Laboratório - Enfermagem - IDECAN) - Analise as afirmativas a seguir sobre
diabetes gestacional.
I. O rastreamento do diabetes gestacional deve ser feito nas gestantes que apresentam resultado de
glicose plasmática de jejum ≥ 110 mg/dl e/ou presença de qualquer fator de risco para o diabetes
gestacional.
II. Toda gestante com rastreamento positivo e/ou qualquer fator de risco deve ser submetida à
confirmação diagnóstica com teste oral de tolerância à glicose após a ingestão de 75 g de glicose.
III. História de óbito fetal, sem causa aparente em gestação anterior, é considerado um fator de risco
para o diabetes gestacional.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)


(A) I, II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.

Gabarito

01.C / 02.Certo / 03.C / 04.D / 05.D / 06.B / 07.D / 08.A / 09.B / 10.E / 11.A / 12.B / 13.C / 14.D

Comentários

01. Resposta: C
Hipertensão Arterial: pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo
menos duas medidas. Hipertensão Crônica: observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de
gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após
o parto.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


347
02. Resposta: Certo
O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia, sendo
responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal e
malformações fetais.

03. Resposta: C
A primeira afirmativa é verdadeira, pois quando a mãe que tem sangue do tipo Rh negativo, o bebê
nasce com Rh positivo isso apenas pode acontecer quando o sangue do pai é Rh positivo.
A segunda afirmativa é verdadeira, pois caso ocorra o contato do sangue do bebê com o da mãe
durante a primeira gravidez, a mãe produzirá anticorpos que durante a segunda gestação começam a
combater as células vermelhas do sangue do novo bebê.
A terceira afirmativa é falsa, pois em relação as consequências da eritrobalstose fetal o bebê pode
nascer com anemia grave, inchaços, aumento do fígado, aborto espontâneo, surdez, hidropsia fetal e
morte do feto.
A quarta afirmativa é verdadeira, pois a aplicação de imunoglobulina anti-Rh irá impedir a mãe produzir
novos anticorpos, deverá ser feita entre 28ª e a 30ª semana de gestação e aplicada por um profissional
de saúde.

04. Resposta: D
São sinais de presunção os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da
progesterona, fazem parte a amenorreia, náuseas com ou sem vômitos sendo mais frequente pela manhã,
alterações mamárias e polaciúria que é o aumento da frequência urinária.

05. Resposta: D
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.

06. Resposta: B
A Tricomoníase genital é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
principais são: corrimento abundante amarelo ou amarelo esverdeado, com presença de bolhas e odor
fétido semelhante a “peixe podre”, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica, disúria, polaciúria e hiperemia
da mucosa vaginal com placas avermelhadas. O tratamento sempre é sistêmico, podendo ser associada
terapêutica tópica vaginal.

07. Resposta: D
A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.

08. Resposta: A
As náuseas e vômitos representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para
um alto grau de ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas
de hiperemese gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que
5% do peso pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca
de 1% das gestações.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


348
09. Resposta: B
A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em
mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença
convulsiva.

10. Resposta: E
Pré-eclâmpsia: a presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos
da doença requerem uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria.

11. Resposta: A
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.

12. Resposta: B
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto.

13. Resposta: C
As Mais Importantes Situações Hemorrágicas Gestacionais São:
Segunda Metade da Gestação
- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.

14. Resposta: D
O rastreamento é considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual
ou superior a 85mg/dL e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na
ausência de fatores de risco e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-
se repetir a glicemia de jejum entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Os cuidados com a mulher8889, durante a gestação, englobam ações de prevenção, promoção e


educação em saúde, com o objetivo de manter a gestação com o menor risco possível para o binômio
mãe-filho.
A gestação envolve diversas mudanças biológicas, psicológicas, sociais e culturais na vida da mulher.
A consulta de Pré́ -Natal (PN) contribui para que a gestante enfrente as mudanças com maior segurança.
O profissional de saúde que realiza o acompanhamento pré́ -natal deve estar capacitado além da
competência técnica, com sensibilidade e habilidade de comunicação, baseada na escuta e na ação
dialógica.
Promover e exercer ações preventivas são algumas das atribuições do enfermeiro como cuidador de
indivíduos, famílias e comunidades. O cuidado envolve funções básicas educativas, administrativas,
assistenciais, de pesquisa, entre outras.
A Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, Lei n. 7.498, de 25 de julho de 1986, regulamentada
pelo Decreto n. 94.406, de 1987, assegura a realização do PN de baixo risco pelo enfermeiro.
O conhecimento da enfermagem, baseado na teoria científica, permeia os aspectos psicológicos,
espiritual, social e físico do indivíduo, da família e da comunidade.
O profissional utiliza e aplica o processo de enfermagem durante a consulta de PN. Ele possibilita o
planejamento de cuidados e intervenções para atender as necessidades de cada gestante, após o
levantamento de dados e diagnósticos de enfermagem.

88
LARA, S. R. G.; CESAR, M. B. N. Enfermagem em Obstetrícia e Ginecologia. Manole, 2017.
89
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


349
A sistematização da assistência de enfermagem no PN tem como um dos objetivos principais identificar
os fatores de risco, que possam impedir o curso normal da gravidez e o tratamento precoce dessas
condições anormais.
O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento foi instituído pelo Ministério da Saúde através
da Portaria/GM n. 569, de 1/6/2000, subsidiado nas análises das necessidades de atenção específica à
gestante, ao recém-nascido e à mãe no período pós-parto.
O objetivo primordial do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) é assegurar a
melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto
e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania.

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento está estruturada nos seguintes princípios:


- Toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação,
parto e puerpério;
- Toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida
no momento do parto;
- Toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma
humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições estabelecidas na prática médica;
- Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura.

Em relação ao adequado acompanhamento pré-natal e assistência à gestante e a puérpera deverão


ser realizadas as seguintes atividades:
1 Realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4. ° mês de gestação;
2 Garantir os seguintes procedimentos:
2.1 Realização de, no mínimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal, sendo,
preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da
gestação.
2.2 Realização de uma consulta no puerpério, até quarenta e dois dias após o nascimento.
2.3 Realização dos seguintes exames laboratoriais:
a) ABO-Rh, na primeira consulta;
b) VDRL, um exame na primeira consulta e outro na trigésima semana da gestação;
c) Urina, um exame na primeira consulta e outro na trigésima semana da gestação;
d) Glicemia de jejum, um exame;
e) HB/Ht, na primeira consulta.
2.4 Oferta de Testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta, naqueles municípios com
população acima de cinquenta mil habitantes.
2.5 Aplicação de vacina antitetânica dose imunizante, segunda, do esquema recomendado ou dose de
reforço em mulheres já imunizadas.
2.6 Realização de atividades educativas.
2.7 Classificação de risco gestacional a ser realizada na primeira consulta e nas consultas
subsequentes.
2.8 Garantir às gestantes classificadas como de risco, atendimento ou acesso à unidade de referência
para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar à gestação de alto risco.

Fatores de Risco que Permitem a Realização do Pré́ -Natal em Serviço de Saúde de Baixa
Complexidade

Relacionados às características individuais e às condições sociodemográficas desfavoráveis


- Idade < 15 e > 35 anos;
- Esforço físico excessivo, carga horária extensa no trabalho, rotatividade de horário, exposição a
agentes físicos, químicos, biológicos e estresse;
- Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, situação conjugal insegura;
- Baixa escolaridade (menos do que 5 anos de estudo regular);
- Condições ambientais desfavoráveis;
- Altura < 1,45m;
- IMC90 que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade.

90
Índice de Massa Corpórea.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


350
Relacionados à história reprodutiva anterior
- Recém-nascido com retração de crescimento, pré́ -termo ou malformado;
- Macrossomia fetal;
- Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas;
- Intervalo interpartal < 2 anos ou > 5 anos;
- Nuliparidade e multiparidade;
- Cirurgia uterina anterior e 3 ou mais cesarianas.

Relacionados à gravidez atual


- Ganho ponderal inadequado;
- Infecção urinária e anemia.

Fatores de Risco que Podem Indicar a Necessidade de Encaminhamento da Gestante ao Pré́ -


Natal de Alto Risco

Relacionados às condições prévias


- Cardiopatias, pneumopatias graves, nefropatias graves;
- Endocrinopatias, doenças hematológicas;
- Hipertensão arterial crônica;
- Doenças neurológicas e psiquiátricas;
- Doenças autoimunes;
- Alterações genéticas maternas;
- História de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar;
- Ginecopatias;
- Doenças infecciosas;
- Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST);
- Hanseníase, tuberculose;
- Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
- Qualquer doença clínica que necessite de acompanhamento especializado.

Relacionados à história reprodutiva anterior


- Óbito fetal, natimorto, neomorto;
- Doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal;
- Abortamento habitual;
- Esterilidade/infertilidade.

Relacionados à gravidez atual


- Restrição do crescimento intrauterino;
- Polidrâmnio ou oligoidrâmnio;
- Gemelaridade;
- Malformações fetais ou arritmia fetal;
- Distúrbios hipertensivos da gestação;
- Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite;
- Anemia grave ou não responsiva ao tratamento com sulfato ferroso;
- Portadoras de hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária e outras;
- DST, rubéola e citomegalovirose;
- Evidência laboratorial de proteinúria e diabetes melito gestacional;
- Desnutrição materna grave, obesidade mórbida ou baixo peso;
- Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau III (NIC III), alta suspeita clínica de câncer de mama;
- Adolescentes com fatores de risco psicossocial.

Além dos fatores de risco descritos, existem os casos que indicam a necessidade de atendimento das
gestantes em serviços de urgência ou emergência obstétrica.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


351
Fatores de Risco que Indicam Encaminhamento à Urgência/Emergência Obstétrica

- Suspeita de pré́ -eclâmpsia, eclâmpsia e crise hipertensiva (PA91 > 160/110);


- Síndromes hemorrágicas independentemente da dilatação cervical e da Idade Gestacional (IG);
- Amniorrexe prematura, trabalho de parto prematuro, isoimunização Rh, óbito fetal;
- Anemia grave (hemoglobina < 8);
- IG a partir de 41 semanas confirmadas;
- Hipertermia, suspeita/diagnóstico de abdome agudo em gestantes e de pielonefrite;
- Infecção ovular e infecções que necessitem de hospitalização;
- Trombose venosa profunda em gestantes;
- Investigação de prurido gestacional/icterícia;
- Vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento, com menos de 20 semanas e vômitos
inexplicáveis no 3° trimestre;
- Restrição de crescimento intrauterino e oligoidrâmnio;
- Casos clínicos que necessitem de avaliação hospitalar: cefaleia intensa e súbita, sinais neurológicos,
crise aguda de asma, etc.

A consulta de pré́ -natal precisa ser iniciada o mais precocemente possível (no 1° trimestre) e deve ser
intercalada com as consultas médicas, totalizando no mínimo 6 atendimentos. O encerramento do PN só́
ocorre após o 42° dia de puerpério, com a consulta de puerpério.

O Ministério da Saúde recomenda agendamento das consultas com os seguintes intervalos:


• Até́ 28a semana - mensalmente;
• Da 28a até́ a 36a semana - quinzenalmente;
• Da 36a até́ a 41a semana - semanalmente.

Roteiro da Primeira Consulta de Pré́ -Natal

Anamnese
- Aspectos socioepidemiológicos;
- Dados socioeconômicos;
- Antecedentes familiares;
- Antecedentes pessoais gerais;
- Antecedentes ginecológicos;
- Antecedentes obstétricos.

Situação da gestação atual


- Data da Última Menstruação (DUM);
- Cálculo da IG;
- Queixas da gestante;
- Sinais e sintomas na gestação em curso;
- Hábitos alimentares;
- Medicamentos utilizados na gestação e internação na gestação.

Exame físico
- Geral;
- Obstétrico;
- Ginecológico;
- Verificação do peso, altura e sinais vitais da gestante;
- Cálculo do IMC e avaliação do ganho de peso gestacional.

Solicitação dos exames de rotina


- Tipagem sanguínea e fator Rh;
- Coombs indireto (se for Rh negativo);
- Urina I, urocultura;
- Parasitológico de fezes;

91
Pressão Arterial.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


352
- Hemograma, eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver ante- cedentes familiares de
anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica);
- Glicemia de jejum;
- Sorologias: para sífilis (VDRL); IgM e IgG de hepatite B (HbsAg), rubéola e toxoplasmose; anti-HIV;
- Ultrassonografia do 1° trimestre;
- Coleta de material cervicovaginal, para citologia oncótica.

Encaminhamentos
- Avaliação odontológica;
- Avaliação nutricional;
- Serviços especializados;
- Sala de vacinas (dupla adulto, dTpa, hepatite B e Influenza). Seguir recomendações do calendário
de vacinação para gestante do Ministério da Saúde (MS).

Orientações individuais e em grupo


- Acompanhamento de pré́ -natal;
- Sequência de consultas e grupos educativos;
- Exames e vacinas;
- Esclarecimento de todas as dúvidas das gestantes a cada contato.

Prescrição
- Suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia).

Realização
- Avaliação dos dados da anamnese, do exame clínico/obstétrico e dos exames laboratoriais e de
imagem.

Agendamentos
- Grupo educativo com as gestantes e próximas consultas.

Procedimentos para Consultas Subsequentes

Anamnese
- Sucinta, com pesquisa das queixas mais comuns na gestação;
- Intercorrências clínicas e obstétricas.

Exame físico
- Geral;
- Obstétrico;
- Ginecológico se necessário;
- Avaliar o bem-estar materno e fetal.

Realizar
- Cálculo e anotação da IG;
- Verificação do peso e cálculo do IMC;
- Monitoramento do ganho de peso gestacional;
- Teste de Estímulo Sonoro Simplificado (TESS), se houver indicação clínica;
- Registro dos movimentos fetais;
- Correlação dos dados, coletados na anamnese e no exame físico, com resultados de exames
complementares;
- Tratamento de alterações encontradas;
- Encaminhamentos necessários;
- Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40 mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico
(5mg/dia), se necessário;
- Acompanhamento das condutas adotadas em serviços especializados;
- Ações e práticas educativas individuais e coletivas;
- Orientação sobre a realização do mobilograma;
- Agendamento da próxima consulta;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


353
Exames 2° e 3° trimestres
- Hemograma;
- Glicemia em jejum;
- Coombs indireto (se for Rh negativo);
- Anti-HIV;
- Sorologia para hepatite B (HbsAg) e toxoplasmose IgM e IgG;
- Urocultura e urina tipo I;
- Exame da secreção vaginal e parasitológico de fezes (se houver indicação clínica);
- Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dL ou se houver fator
de risco (entre a 24a e a 28a semana);
- Ultrassonografia obstétrica (de 16 a 20 semanas de gestação, quando se pode detectar
malformações, e no 3° trimestre);
- Bacterioscopia de secreção vaginal (entre a 35a e a 37a semanas de gestação).

Avaliar
- Risco gestacional;
- Calendário de vacinação;
- Resultado dos exames complementares;
- Movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico;
- Dados da anamnese e do exame clínico/obstétrico.

Orientações e Condutas Diante dos Desconfortos mais Comuns na Gestação

Náuseas, vômitos e tonturas


- Orientar dieta fracionada e evitar frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes;
- Evitar líquidos durante as refeições;
- Ingerir alimentos sólidos antes de se levantar (p.ex., bolacha de água e sal);
- Ingerir alimentos gelados.

Pirose
- Consumir dieta fracionada, evitando frituras, café́ , chá́ preto, mates, doces, álcool e fumo;
- Medicamentos antiácidos a critério médico.

Sialorreia
- Explicar que se trata de um sintoma comum no início da gestação;
- Orientar dieta semelhante à indicada para náusea e vômitos;
- Orientar a gestante a deglutir a saliva e a tomar líquidos em abundância.

Fraquezas e desmaios
- Evitar mudanças bruscas de posição e inatividade;
- Evitar jejum prolongado e grandes intervalos entre as refeições;
- Ensinar à gestante posições como a de sentar com a cabeça abaixada ou deitar em decúbito lateral,
e respirar profunda e pausadamente.

Dor abdominal, cólicas, flatulência e obstipação intestinal


- Avaliar se não são contrações uterinas;
- Sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica) e exercícios apropriados para os casos de flacidez
abdominal;
- Orientar dieta rica em resíduos: frutas cítricas, verduras, mamão, ameixas e cereais integrais;
- Recomendar o aumento da ingestão de líquidos e evitar alimentos de alta fermentação (repolho,
couve, ovo, feijão, leite e açúcar);
- Orientar caminhadas, movimentação e regularização do hábito intestinal;
- Solicitar exame parasitológico de fezes, se necessário.

Estrias
- Podem ser utilizadas as massagens locais, com substâncias oleosas ou cremes, na tentativa de
preveni-las.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


354
Cloasma gravídico
- Evitar a exposição do rosto da gestante diretamente ao sol;
- Fazer uso de protetor solar diariamente.

Hemorroidas
- Ingerir alimentos ricos em fibras, a fim de evitar a obstipação intestinal;
- Supositórios de glicerina, se necessário;
- Evitar o uso de papel higiênico colorido ou áspero;
- Fazer higiene perianal com água e sabão neutro, após a evacuação;
- Fazer uso de compressas mornas no períneo;
- Consultar o médico, no caso de dor ou sangramento anal persistente.

Corrimento vaginal
- Explicar que um aumento de fluxo vaginal é comum na gestação;
- No caso de fluxo de cor amarelada, esverdeada, com odor fétido ou prurido, realizar exame especular
e tratar a gestante.

Queixas urinárias
- Mesmo sendo incômodo o aumento do número de micções, é muito importante incentivar a ingestão
hídrica adequada;
- Agendar consulta médica, caso exista dor ao urinar ou hematúria.

Falta de ar e dificuldades para respirar


- Orientar repouso em decúbito lateral esquerdo;
- Promover escuta terapêutica para aliviar suas angústias, se for o caso;
- Verificar a presença de outros sintomas associados (tosse, chiado e sibilância) e para achados no
exame cardiopulmonar, pois pode se tratar de um caso de doença cardíaca ou respiratória;
- Agendar a consulta médica, caso haja dúvida ou suspeita de problema clínico.

Mastalgia (dor nas mamas)


- Recomendar à gestante o uso constante de sutiã̃ com boa sustentação, após descartar qualquer
intercorrência mamária;
- Orientá-lá sobre o colostro;
- Realizar o diagnóstico diferencial com anormalidades.

Lombalgia (dor lombar)


- Orientar a correção da postura ao se sentar e ao andar;
- Estimular o uso de sapatos com saltos baixos e confortáveis;
- Aplicar calor no local;
- Eventualmente, a critério médico, ministrar analgésico.

Cefaleia (dor de cabeça)


- Afastar as hipóteses de hipertensão arterial e pré́ -eclâmpsia;
- Conversar com a gestante sobre suas tensões, seus conflitos e seus temores;
- Encaminhar a gestante à consulta médica, se o sintoma persistir;
- Orientar a gestante quanto a sinais e sintomas que podem indicar doença grave.

Sangramento nas gengivas


- Recomendar a escovação após as refeições, assim como o uso de escova de dentes macia;
- Orientar a realização de massagem na gengiva;
- Recomendar o uso de fio dental;
- Agendar atendimento odontológico sempre que possível.

Varizes
- Não permanecer muito tempo em pé́ ou sentada;
- Repousar várias vezes ao dia, com as pernas elevada;
- Evitar roupas justas;
- Se possível, utilizar meia-calça elástica para gestante.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


355
Câimbras
- Massagear o músculo contraído e dolorido e aplicar calor no local;
- Orientar sobre e evitar o excesso de exercícios;
- Estimular alongamentos antes e após o início de exercícios ou caminhadas longas, assim como na
ocasião da crise álgica e quando for repousar.

A comunicação dialógica representa um pilar na relação enfermagem-gestante, para favorecer a


compreensão e o empoderamento da mulher desse complexo processo da maternidade.
Os grupos educativos com os casais e de gestantes são importantes para o suporte emocional, o
esclarecimento de dúvidas e as orientações sobre gestação, parto, cuidados com o recém-nascido e
puerpério. No entanto, é preciso evitar informações excessivas e palestras informativas pautadas apenas
na transmissão de conhecimento do profissional de enfermagem.
É importante que se crie uma atmosfera e um espaço para a troca de experiências entre as gestantes,
os casais e o próprio profissional. As discussões em grupo, as dramatizações e outras dinâmicas facilitam
a fala e a troca de experiências entre os componentes do grupo.
Os temas recomendados pelo Ministério da Saúde são: importância do PN e de não faltar nas
consultas, incentivar a participação do companheiro ou dos familiares na gestação, autocuidado, higiene,
repouso, atividade física, alimentação, acompanhamento do ganho de peso gestacional, medicamentos,
maneiras para amenizar os desconfortos durante a gestação, sinais de risco, cuidados com as mamas,
autoexame das mamas, incentivar o aleitamento materno exclusivo até́ os 6 meses, modificações
gravídicas, desenvolvimento e crescimento fetal, sexualidade, benefícios legais da gestante, cuidados
com o recém-nascido, importância da consulta puerperal, cuidados no puerpério e planejamento familiar.

Propedêutica Obstétrica

A propedêutica obstétrica tem como finalidade realizar exame de forma holística na gestante, a fim de
identificar possíveis riscos, fornecer ao profissional conhecimento a respeito da paciente e dar
continuidade no pré́ -natal de forma completa.
Realizam-se anamnese completa, exame físico obstétrico e ginecológico, palpação obstétrica,
mensuração de altura uterina e avaliação dos batimentos cardíaco fetais.

Anamnese
É feita por meio de entrevista informal, possibilitando ao profissional conhecer a paciente, seus
antecedentes pessoais, familiares, obstétricos, ginecológicos, menstruais e sexuais.
A anamnese obstétrica constitui uma entrevista e um exame físico específico da gestante.

Anamnese geral
Realizam-se questionamentos que visam à obtenção de informações como nome, idade, cor,
nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio, primiparidade, comorbidades, queixas e duração do
motivo pelo qual a gestante procurou o serviço de saúde, história pregressa da moléstia atual e sintomas
que não foram citados.
Contudo, o examinador deve manter-se atento aos sinais e aos sintomas que de- notam algo patológico
e fisiológico, diferenciando-os. Para isso, é importante conhecer a história de saúde de familiares e
cônjuge e verificar a existência de estados mórbidos e congênitos.
Registrar aspectos relativos às condições da paciente em sua infância (p.ex., nutrição, doenças
infecciosas), na puberdade (p.ex., menarca, telarca, pubarca), antecedentes menstruais (p.ex., ciclos
menstruais, dismenorreia, medidas anticoncepcionais), antecedentes sexuais (p.ex., coitarca,
dispareunia, problemas íntimos), antecedentes ginecológicos (p.ex., presença de nódulos mamários, dor,
corrimentos vaginais, atentando-se para cor, odor, aspecto, mastite em caso de puérperas, antecedentes
obstétricos, como DUM, e data provável do parto, que deve ser calculada segundo a regra de Naegele,
idade gestacional, medida pela DUM e pela ultrassonografia, sangramento vaginal, movimentos fetais,
queda do ventre, enjoos, cefaleia, vertigens, desmaios, hipersensibilidade das mamas, aversão ou
perversão de apetite, polaciúria, tipo de mamilos).
É preciso, sempre, verificar os sinais vitais (SSVV) da paciente.

Exame físico obstétrico


Deve-se realizar, além da anamnese, o exame físico obstétrico, a fim de avaliar o desenvolvimento
gestacional e identificar anormalidades.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


356
O exame físico deve ser realizado de modo céfalo podálico, como descrito a seguir:
• Cabeça: observa-se presença de cloasma gravídico e sinal de Halban, que se trata da presença de
lanugem em região frontal;
• Pescoço: averiguar hipertrofia da glândula tireoide, que ocorre a partir da 20a a 24a semana
gestacional;
• Mamas: verificar aumento do volume das mamas, tipos de mamilos, podendo ser protuso, semi
protruso, plano ou invertido; sensibilidade das mamas; aparecimento de colostro, que ocorre a partir da
16a semana gestacional; sinal de Hunter, que se trata da aréola secundária e escurecida; rede de Haller,
na qual ocorre o aparecimento de vasos sanguíneos visíveis nas mamas; e presença de tubérculos de
Montgomery, que são evidências das glândulas sebáceas e sudoríparas em região mamilar para
hidratação;
• Abdome: observar se ele apresenta-se globoso ou ovoide; observar presença de linha nigra, estrias
violáceas ou nacaradas; observar tonicidade da musculatura e presença de pêndulo adiposo, sinal de
Cullen, que torna a cicatriz umbilical arroxeada e saliente, tratando-se de embebição gravídica; realizar
mensuração de Altura Uterina (AU) e verificar com sonar ou estetoscópio de Pinard os Batimentos
Cardíacos Fetais (BCF), também chamados de Frequência Cardíaca Fetal (FCF), assim como presença
de Movimentos Fetais (MF);
• Genitália: observar presença de varizes, edema, corrimento vaginal, atentando-se para coloração,
odor e aspecto, sinal de Hartman (hemorragia de implantação, que pode ocorrer de 7 a 8 dias após a
nidação do blastócito na cavidade uterina), sinal de Jacquemier (coloração violácea do vestíbulo vulvar
decorrente da hipervascularização), sinal de Osiander (sensação tátil do pulso da artéria vaginal ao toque
causada pela hipervascularização), sinal de Puzos (identificação de rechaço fetal intrauterino, que ocorre
a partir da 16a semana gestacional), sinal de Hegar (amolecimento do útero decorrente da
hipervascularização), sinal de Piskacek (amolecimento e abaulamento localizado quando há́ implantação)
e atentar-se a perdas vaginais, que podem ser sanguíneas ou liquidas;
• Membros Inferiores (MMII): verificar presença de edema ou varizes.

Palpação Obstétrica
A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da AU. Primordialmente, devem-se delimitar
o fundo uterino e todo seu contorno (Figura 1). O exame permite identificar a situação e a apresentação
fetal (Figuras 2 e 3), localizando os polos cefálico e pélvico e o dorso fetal, comumente identificados a
partir do 3° trimestre de gestação. Para realizar o exame de palpação, é necessário seguir as orientações
descritas a seguir.

Figura 1 - Técnica de palpação obstétrica.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


357
Figura 2 – Situação Fetal.

Figura 3 – Apresentação Fetal.

Técnica para palpação abdominal (manobras de Leopold)


• Delimitar o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconhecer a parte fetal que o
ocupa;
• Deslizar as mãos do fundo uterino até́ o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as
pequenas partes do feto;
• Explorar a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico;
• Determinar a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em direção à
escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se apresenta. As situações que podem ser encontradas são
longitudinal (apresentação cefálica e pélvica), transversa (apresentação córmica) ou oblíquas.

Mensuração da altura uterina


A mensuração da AU na gestante tem como finalidade realizar o acompanhamento do crescimento
fetal, assim detectando precocemente possíveis alterações.
A AU é mensurada em centímetros (cm) e pode ser comparada com a idade gestacional. Antes de
ocorrer a queda do ventre, ou seja, insinuação fetal na pequena bacia obstétrica, a AU dentro de padrão
de normalidade encontra-se entre 38 e 39cm; após a insinuação fetal, a AU dentro do padrão de
normalidade apresenta-se entre 36 e 37cm.
Contudo, após a insinuação fetal, a AU acima de 37cm pode ser indicativa de presença de polidrâmnio
ou macrossomia fetal, assim como AU abaixo de 35cm pode ser indicativa de oligoâmnio ou Restrição de
Crescimento Intrauterino (RCIU), porém sempre é preciso averiguar a IG em relação à AU.

Técnica para realização da mensuração de altura uterina


• Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto;
• Delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino;
• Fixar a extremidade inicial (0cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise
púbica com uma das mãos, passando-a entre os dedos indicador e médio;
• Em seguida, deslizar a fita métrica entre os dedos indicador e médio da outra mão até́ alcançar o
fundo do útero com a margem cubital da mesma mão;
• Proceder à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino;
• Anotar a medida (em centímetros) na ficha e no cartão e marcar o ponto na curva da altura uterina
(Figuras 4 e 5).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


358
Figura 4 - Mensuração da altura uterina.

Figura 5 - Gráfico da altura uterina relacionada à idade gestacional.

Frequência cardíaca fetal


O registro da FCF tem como finalidade avaliar o ritmo, a frequência e a normalidade dos BCF. Deve
ser realizada com sonar, após 12 semanas de gestação, ou com Pinard, após 20 semanas. É considerada
normal a FCF entre 110 e 160 batimentos por minuto.

Técnica para a realização de ausculta fetal


• Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto;
• Identificar o dorso fetal. Além de realizar a palpação, deve-se perguntar à gestante em qual lado ela
sente mais os MF, o que permite concluir que o dorso está no lado oposto;
• Utilizar o sonar Doppler ou estetoscópio de Pinard (Figura 6);
• Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF na região do dorso fetal;
• Controlar o pulso da gestante para certificar-se de que os batimentos ouvidos são os do feto, já que
as frequências são diferentes;
• Contar os BCF por 1 minuto, observando-se sua frequência e seu ritmo;
• Registrar os BCF na ficha perinatal e no cartão da gestante.

Figura 6 - Ausculta da frequência cardíaca fetal com estetoscópio de Pinard.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


359
Questões

01. (Prefeitura de Parnamirim/RN - Técnico de Enfermagem - COMPERVE/2019) Uma gestante de


24 anos de idade iniciou o pré-natal na unidade básica de saúde. Na consulta do pré-natal, relatou
aumento de náuseas e de vômitos. Para amenizar esses sintomas, a equipe deve dar algumas
orientações, entre elas, a de
(A) ingerir os mesmos alimentos por, pelo menos, três dias, para adquirir tolerância e evitar as náuseas.
(B) prolongar o tempo de jejum para diminuir o conteúdo estomacal e prevenir os vômitos.
(C) fazer alimentação fracionada, pelo menos três refeições e dois lanches por dia.
(D) dar preferência aos alimentos líquidos e com maior concentração de açúcar à base de sacarose.

02. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Enfermeiro - Prefeitura de Fortaleza/CE/2019) Entre os cuidados


de Enfermagem no ciclo gravídico-puerperal, tem-se a consulta pré-natal no âmbito da atenção básica.
Sobre o assunto, assinale a assertiva correto.
(A) Na primeira consulta pré-natal, é obrigatória a solicitação dos seguintes exames: hemograma;
tipagem sanguínea e fator Rh; glicemia de jejum; teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR;
teste rápido diagnóstico anti-HIV; toxoplasmose IgM e IgG; sorologia para hepatite B (HbsAg); exame de
urina e urocultura; ultrassonografia morfológica fetal.
(B) As estratégias de controle da vitalidade fetal incluem ausculta dos batimentos cardiofetais,
avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico/registro dos
movimentos fetais e a realização do teste de estímulo sonoro simplificado (TESS), sendo o último
realizado quando houver a indicação clínica.
(C) A captação precoce da mulher consiste na iniciação do pré-natal até a 20ª semana de gestação,
sendo um dos indicadores de qualidade da atenção pré-natal.
(D) As consultas de acompanhamento pré-natal deverão ser mensais até a 28ª semana, quinzenais
entre a 28ª e a 36ª semana e semanais a partir da 37ª semana, tendo alta na 40ª semana.

03. (EBSERH - Técnico de Enfermagem - CESPE/2018) Acerca do controle das doenças


sexualmente transmissíveis (DSTs), cujas incidências têm tornado esse controle uma prioridade para os
órgãos de vigilância epidemiológica brasileiros, julgue o item subsequente.
Na rotina de assistência pré-natal, deve ser pesquisada a infecção pelo HIV na primeira consulta e no
terceiro trimestre de gestação.
( ) Certo
( ) Errado

04. (Prefeitura de João Pessoa/PB - Enfermeiro - AOCP/2018) Durante a consulta de pré-natal,


gestante com 5 semanas de gestação queixa-se de sialorreia. Nesse caso, é correto afirmar que
(A) o(a) enfermeiro(a) deve explicar que é uma queixa incomum no início da gestação, e encaminhar
para consulta médica com urgência.
(B) o(a) enfermeiro(a) deve explicar que é uma queixa comum no início da gestação e que a dieta deve
ser semelhante à indicada para náuseas e vômitos. Orientar também a cuspir a saliva e tomar líquidos
com menor frequência e quantidade.
(C) o(a) enfermeiro(a) deve explicar que é uma queixa comum no início da gestação e que a dieta deve
ser semelhante à indicada para náuseas e vômitos. Orientar a gestante a deglutir a saliva e tomar líquidos
em abundância.
(D) o(a) enfermeiro(a) deve explicar que é uma queixa incomum no início da gestação e orientar a
gestante a cuspir a saliva.

05. (Prefeitura de Natal/RN - Enfermeiro Obstetra - COMPERVE/2018) De acordo com o Ministério


da Saúde (2012), a manobra de Leopold consiste em um método de palpação obstétrica que compreende
4 (quatro) passos realizados antes da medida da altura uterina, os quais contribuem para identificar a
situação e a apresentação fetal. No que se refere à palpação obstétrica, considere as afirmativas abaixo.
I A palpação obstétrica deve iniciar-se pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno
da superfície uterina. II Os polos cefálico e pélvico e o dorso fetal são facilmente identificados a partir do
segundo trimestre. III O feto pode estar em situação longitudinal ou transversa, mas isso não interfere na
relação da palpação obstétrica com a idade gestacional. IV A identificação das apresentações mais
frequentes são a cefálica e a pélvica.
Em relação ao método de palpação conhecido como manobra de Leopold, estão corretas as
afirmativas

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


360
(A) III e IV.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) I e IV.

06. (UFAM - Técnico em Enfermagem - COMVEST UFAM/2018) Qual é o objetivo primordial do


Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN)?
(A) Assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da
assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de
cidadania.
(B) Concentrar esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna, peri e
neonatal registradas no país.
(C) Realizar uma consulta no puerpério até quarenta e dois dias após o nascimento.
(D) Ofertar testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta, naqueles municípios com
população acima de cinquenta mil habitantes;
(E) Cadastrar as gestantes, garantindo a realização do elenco de procedimentos previstos no PHPN.

07. (STJ - Técnico Judiciário - Enfermagem - CESPE/2018) Acerca da assistência de enfermagem


à mulher no ciclo gravídico, julgue o próximo item.
A gestante deverá ser encaminhada ao serviço de urgência/emergência obstétrica ao apresentar
quadro de amniorrexe e pressão arterial acima de 130 mmHg × 90 mmHg associado a edema acentuado
dos membros inferiores.
( ) Certo
( ) Errado

08. (FMS - Enfermeiro - NUCEPE/2017) O pré-natal de baixo risco pode ser realizado pelo enfermeiro,
desde que essa gestante também seja acompanhada pelo médico em algumas consultas. Na primeira
consulta do pré-natal o enfermeiro deve solicitar os seguintes exames, de acordo com o preconizado nos
protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres - Ministério da Saúde, 2016:
(A) hemoglobina, hematócrito, tipo sanguíneo, fator RH, eletroforese de hemoglobina, glicemia em
jejum, urina tipo I, parasitológico de fezes, teste rápido para sífilis ou VDRL, teste rápido para HIV ou
sorologia, sorologia para hepatite B, toxoplasmose IgM e IgG, urocultura e antibiograma.
(B) hemoglobina, hematócrito, tipo sanguíneo, fator RH, glicemia em jejum, urina tipo I, parasitológico
de fezes, teste rápido para sífilis ou VDRL, teste rápido para HIV ou sorologia, sorologia para hepatite B,
toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para citomegalovírus e rubéola.
(C) hemoglobina, hematócrito, tipo sanguíneo, fator RH, eletroforese de hemoglobina, glicemia em
jejum, urina tipo I, teste rápido para sífilis ou VDRL, teste rápido para HIV ou sorologia, sorologia para
hepatite B, toxoplasmose IgM e IgG, teste rápido de proteinúria.
(D) hemoglobina, hematócrito, tipo sanguíneo, fator RH, eletroforese de hemoglobina, glicemia em
jejum, urina tipo I, parasitológico de fezes, teste rápido para sífilis ou VDRL, teste rápido para HIV ou
sorologia, sorologia para hepatite B, toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para citomegalovírus e rubéola.
(E) hemoglobina, hematócrito, tipo sanguíneo, fator RH, eletroforese de hemoglobina, glicemia em
jejum, urina tipo I, teste rápido para sífilis ou VDRL, teste rápido para HIV ou sorologia, sorologia para
hepatite B, toxoplasmose IgM e IgG, urocultura e antibiograma.

Gabarito

01.C / 02.B / 03.Certo / 04.C / 05.D / 06.A / 07.Errado / 08.E

Comentários

01. Resposta: C
Náuseas, vômitos e tonturas
- Orientar dieta fracionada e evitar frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes;
- Evitar líquidos durante as refeições;
- Ingerir alimentos sólidos antes de se levantar (p.ex., bolacha de água e sal);
- Ingerir alimentos gelados.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


361
02. Resposta: B
Realizar
- Cálculo e anotação da IG;
- Verificação do peso e cálculo do IMC;
- Monitoramento do ganho de peso gestacional;
- Teste de Estímulo Sonoro Simplificado (TESS), se houver indicação clínica;
- Registro dos movimentos fetais;
- Correlação dos dados, coletados na anamnese e no exame físico, com resultados de exames
complementares;
- Tratamento de alterações encontradas;
- Encaminhamentos necessários;
- Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40 mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico
(5mg/dia), se necessário;
- Acompanhamento das condutas adotadas em serviços especializados;
- Ações e práticas educativas individuais e coletivas;
- Orientação sobre a realização do mobilograma;
- Agendamento da próxima consulta;

03. Resposta: Certo


Roteiro da Primeira Consulta de Pré́ -Natal
Solicitação dos exames de rotina
- Sorologias: para sífilis (VDRL); IgM e IgG de hepatite B (HbsAg), rubéola e toxoplasmose; anti-HIV;
Exames 2° e 3° trimestres
- Hemograma;
- Glicemia em jejum;
- Coombs indireto (se for Rh negativo);
- Anti-HIV;
- Sorologia para hepatite B (HbsAg) e toxoplasmose IgM e IgG;
- Urocultura e urina tipo I;
- Exame da secreção vaginal e parasitológico de fezes (se houver indicação clínica);
- Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dL ou se houver fator
de risco (entre a 24a e a 28a semana);
- Ultrassonografia obstétrica (de 16 a 20 semanas de gestação, quando se pode detectar
malformações, e no 3° trimestre);
- Bacterioscopia de secreção vaginal (entre a 35a e a 37a semanas de gestação).

04. Resposta: C
Sialorreia
- Explicar que se trata de um sintoma comum no início da gestação;
- Orientar dieta semelhante à indicada para náusea e vômitos;
- Orientar a gestante a deglutir a saliva e a tomar líquidos em abundância.

05. Resposta: D
Técnica para palpação abdominal (manobras de Leopold)
• Delimitar o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconhecer a parte fetal que o
ocupa;
• Deslizar as mãos do fundo uterino até́ o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as
pequenas partes do feto;
• Explorar a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico;
• Determinar a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em direção à
escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se apresenta. As situações que podem ser encontradas são
longitudinal (apresentação cefálica e pélvica), transversa (apresentação córmica) ou oblíquas.

06. Resposta: A
O objetivo primordial do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) é assegurar a
melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto
e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


362
07. Resposta: Errado
Fatores de Risco que Indicam Encaminhamento à Urgência/Emergência Obstétrica
- Suspeita de pré́ -eclâmpsia, eclâmpsia e crise hipertensiva (PA92 > 160/110);
- Síndromes hemorrágicas independentemente da dilatação cervical e da Idade Gestacional (IG);
- Amniorrexe prematura, trabalho de parto prematuro, isoimunização Rh, óbito fetal;
- Anemia grave (hemoglobina < 8);
- IG a partir de 41 semanas confirmadas;
- Hipertermia, suspeita/diagnóstico de abdome agudo em gestantes e de pielonefrite;
- Infecção ovular e infecções que necessitem de hospitalização;
- Trombose venosa profunda em gestantes;
- Investigação de prurido gestacional/icterícia;
- Vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento, com menos de 20 semanas e vômitos
inexplicáveis no 3° trimestre;
- Restrição de crescimento intrauterino e oligoidrâmnio;
- Casos clínicos que necessitem de avaliação hospitalar: cefaleia intensa e súbita, sinais neurológicos,
crise aguda de asma, etc.

08. Resposta: E
Solicitação dos exames de rotina
- Tipagem sanguínea e fator Rh;
- Coombs indireto (se for Rh negativo);
- Urina I, urocultura;
- Parasitológico de fezes;
- Hemograma, eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver ante- cedentes familiares de
anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica);
- Glicemia de jejum;
- Sorologias: para sífilis (VDRL); IgM e IgG de hepatite B (HbsAg), rubéola e toxoplasmose; anti-HIV;
- Ultrassonografia do 1° trimestre;
- Coleta de material cervicovaginal, para citologia oncótica.

PARTURIENTE

Admitindo a Parturiente

O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma maternidade deve ter como preocupação
principal uma recepção acolhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assistência na
maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento: acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao
pré-parto; colher os exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exames, caso não os
tenha realizado durante o pré-natal); promover um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a
evolução do trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.

Momento e Via de Parto


As gestantes com ótimo controle metabólico e sem intercorrências da gravidez podem aguardar a
evolução espontânea para o parto.
O parto pode ser antecipado naquelas gestantes com controle metabólico inadequado, vasculopatia,
nefropatia ou história de natimorto anterior.
Em gestantes com diabetes de difícil controle e/ou comprometimento fetal, recomenda-se utilizar
corticoide para maturação pulmonar fetal.
Em gestantes diabéticas insulinodependentes com vasculopatia o parto será realizado
impreterivelmente até a 38a semana.
A via do parto é uma decisão obstétrica, sendo necessário estimar o peso fetal por avaliação clínica e
ultrassonográfica. Se o peso fetal estimado por ultrassonografia for maior ou igual a 4.500g, pode-se
considerar a realização de cesariana.
Durante o trabalho de parto deve-se estar atento para a evolução no partograma.
A presença de distúrbios de parada ou demora podem ser os primeiros sinais de uma desproporção
feto-pélvica, diminuindo-se o limiar para realização de cesariana para minimizar a ocorrência de distocia
de ombro e outras lesões de parto.

92
Pressão Arterial.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


363
Gestantes em uso de insulina requerem atenção especial durante o trabalho de parto.

Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural


O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto percorre ao nascer, desde o útero à
abertura vulvar. É formado pelo conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a pequena bacia
pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos tecidos moles (parte inferior do útero, colo uterino,
canal vaginal e períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de trajeto mole.
No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do útero; amolecimento do colo para a
dilatação e apagamento; hipervascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando sua
distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o trajeto do parto.
No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilidade nas articulações (sacro- ilíaca,
sacrococcígea, lombo sacral, sínfise púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina.
O feto tem importante participação na evolução do trabalho de parto: realiza os mecanismos de flexão,
extensão e rotação, permitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno facilitado pelo
cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a redução do diâmetro da cabeça e facilitando a
passagem pela pelve materna.

O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação


Nesse período, após o colo atingir 5cm de dilatação, as contrações uterinas progridem e aos poucos
aumentam a intensidade, o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino. Como resultado,
a cabeça do feto vai gradualmente descendo no canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente.
Essa descida, auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão maior da cabeça sobre
o colo uterino, que vai se apagando. Para possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta
de 9,5cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10cm. Este é o período em que a parturiente
experimenta desconfortos e sensações dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como
exaustão, impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar do trabalho de parto, o feto também se
adapta a esse processo: sua cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo entrar
dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna com mais mobilidade.
Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam uns dos outros e podem acavalar,
reduzindo o tamanho do crânio e, assim, facilitar a passagem pela pelve materna.
Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alternativas que possam amenizar lhe o
desconforto. O cuidar envolve presença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente,
estimulando-a a adotar posições alternativas como ficar de cócoras, de joelho sobre a cama ou
deambular. Essas posições, desde que escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero,
tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e facilitam a descida do feto pela ação da
gravidade.
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de chuveiro, bem como estimulada a fazer
uma respiração profunda, realizar massagens na região lombar - o que reduz sua ansiedade e tensão
muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do feto na bacia materna.
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo enfermeiro ou médico, a ausculta dos
batimentos cardiofetais, sempre que contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é contínuo
e importante para a detecção precoce de qualquer alteração. A verificação dos sinais vitais pode ser
realizada de quatro em quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequentemente, se
indicado.
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira, e tem a finalidade de verificar a
dilatação e o apagamento do colo uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a
realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve preparar o material necessário para o exame,
que inclui luvas, gazes com solução antisséptica e comadre.
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o exame.
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite permanecer no leito durante o trabalho
de parto, devido às complicações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição de
decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível (esta posição diminui a compressão do útero sobre a
aorta e a veia cava inferior).

O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão


O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do colo uterino e termina com o nascimento
do bebê.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


364
Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangramento aumenta com a laceração dos
capilares no colo uterino. Náuseas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A parturiente refere
pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão dos músculos perineais e abaulamento do períneo
(solicitação do períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo auxiliar de enfermagem e comunicados à
enfermeira obstétrica e ao obstetra.
O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação total, o auxiliar de enfermagem deve
encaminhar a parturiente à sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando.
Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturiente deve ser orientada para respirar
tranquilamente e não fazer força. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com segurança
e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical, semiverticalizada ou horizontal. Qualquer
procedimento realizado deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável pela condução do parto deve fazer a
escovação das mãos e se paramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antissepsia
vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterilizados sobre a parturiente. Na necessidade
de episiotomia, indica-se a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar de
enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias cinco contrações num período de 10
minutos e com intensidade de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que a
parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as contrações, repousando nos intervalos
para conservar as energias.
Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante assistir ao desprendimento fetal
espontâneo. Caso esse desprendimento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da cabeça e ombros, o corpo desliza
facilmente, acompanhado de um jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido, com
boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o faça, se a posição do parto favorecer esta
prática. Neste momento, o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do recém-
nascido.
O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o recém-nascido estiver respirando. A
laqueadura é feita com material adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importante manter
o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/campo - o que previne a ocorrência de hipotermia.
A mulher deve ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após o parto, o que facilita a
saída da placenta e estimula a involução do útero, diminuindo o sangramento pós-parto.

O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação


Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da placenta e membranas (amniótica e
coriônica). Recebe o nome de delivramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é importante atentar para as perdas
sanguíneas, que não devem ser superiores a 500ml.
As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor quantidade e intensidade. A placenta
deve ser examinada com relação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção do cordão,
bem como verificação do número de vasos sanguíneos deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e
tumorações. Examina-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com vistas à
identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido realizada episiotomia, proceder à sutura do corte
(episiorrafia) e/ou das lacerações.
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde ocorrerão contrações que permitirão
reduzir o volume uterino, mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que irrigavam a
placenta.
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve verificar a tensão arterial da puérpera,
identificando alterações ou não dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro.
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se, utilizando luvas estéreis, realizar
antissepsia da área pubiana, massagear lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um
absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou enfermeiro avalie que a puérpera esteja
em boas condições clínicas, será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o alojamento
conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições e pertences pessoais.

O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg


Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que ocorre a loquiação e se avalia a
involução uterina e recuperação da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido ao

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


365
risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no centro obstétrico, para criterioso
acompanhamento.

Questões

01. (CAISM PHILIPPE PINEL - Técnico de Enfermagem - CETRO) Na assistência humanizada ao


parto natural, deve-se estimular a parturiente a
(A) dar preferência à posição vertical, deambulando durante o trabalho de parto.
(B) permanecer em repouso absoluto.
(C) evitar alimentar-se durante o trabalho de parto.
(D) evitar banhos de imersão.

02. (UFC - Enfermeiro - Assistencial - INSTITUTO AOCP) A assistência de enfermagem é importante


durante todo o período do parto e pós-parto. Com relação ao quarto período, podemos afirmar que
(A) denomina-se quarto período do parto (ou de Greenberg) ao período de pós-parto imediato, após a
dequitação. Não há na literatura consenso sobre sua duração exata, entretanto, inicia-se após a
dequitação da placenta.
(B) é período de menor risco materno, com possibilidade de pequenas hemorragias, principalmente
por atonia uterina.
(C) os sinais vitais, especialmente pressão arterial e pulso, devem ser mensurados a cada quatro
horas. Da mesma forma, deverá ser feito controle praticamente contínuo da retração uterina e do
sangramento.
(D) nesta fase, devem-se considerar as seguintes questões: verificação constante da contração uterina
(a cada quatro horas), revisão do canal de parto sendo desnecessária a reparação das lesões porventura
existentes, por tornar o processo mais traumático.
(E) a remoção da puérpera para a sala de recuperação (quando necessária) e enfermaria de
alojamento conjunto somente deverá ser efetuada durante o quarto período.

03. (IF - RJ - Técnico de Enfermagem) O segundo estágio do trabalho de parto é descrito como
(A) pós-parto imediato.
(B) período do início das contrações até a dilatação completa.
(C) saída da placenta.
(D) período entre a expulsão completa até a expulsão fetal.
(E) período do início das contrações até a saída da placenta.

04. (CISLIPA - Técnico de Enfermagem -CISLIPA) No parto, o período de eliminação da placenta e


membranas denomina-se:
(A) Delivramento
(B) Expulsão.
(C) Dilatação.
(D) Coroamento

Gabarito

01.A / 02.A / 03.D / 04.A

Comentários

01. Resposta: A
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite permanecer no leito durante o trabalho
de parto, devido às complicações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição de
decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível (esta posição diminui a compressão do útero sobre a
aorta e a veia cava inferior).

02. Resposta: A
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que ocorre a loquiação e se avalia a
involução uterina e recuperação da genitália materna.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


366
03. Resposta: D
O segundo período do trabalho de parto é o período de expulsão inicia-se com a completa dilatação
do colo uterino e termina com o nascimento do bebê.

04. Resposta: A
Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da placenta e membranas (amniótica e
coriônica). Recebe o nome de delivramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é importante atentar para as perdas
sanguíneas, que não devem ser superiores a 500 ml.

PUERPÉRIO

Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações gradativas - as mais marcantes
envolvem o órgão reprodutor. O puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fisiologia
materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode perdurar por 6 semanas ou ter duração
variável, principalmente nas mulheres que estiverem amamentando.
O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico e psicológico.
A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras condições desencadeadas pelo nascimento
podem causar complicações - sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser prestada.
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período de transição, ficando vulnerável às
pressões emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansiosa
em vista das responsabilidades com o novo membro da família (“Será que vou conseguir amamentá-lo?
Por que o bebê chora tanto? ”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o bebê? ”), o
companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir a atenção entre ele e o bebê? ”), e a família
(“Como dividir a atenção com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa? ”).
Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional, somada à exaustão física, pode surgir
um quadro de profunda tristeza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e de si mesma
- que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas manifestações podem acontecer sem causa
aparente, com duração temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno requer a intervenção
de profissionais capazes de sua detecção e tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera
e proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando orientações à família acerca da
importância de seu apoio na superação deste quadro.

De Acordo Com as Alterações Físicas, o Puerpério Pode Ser Classificado em Quatro Fases
Distintas:
- Imediato (primeiras 2 horas pós-parto);
- Mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto);
- Tardio (do 11º dia até o 42º dia pós-parto);
- Remoto (do 42º dia em diante).

O puerpério imediato, também conhecido como quarto período do parto, inicia-se com a involução
uterina após a expulsão da placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e infecção.
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes complicações.
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resistência à infecção causada por
microrganismos encontrados no corpo.
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de infecções: o trabalho de parto prolongado
com a bolsa amniótica rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioeconômicas
desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e história de doenças sexualmente transmissível
não tratada.
O parto cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, pois durante seu
procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguíneos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias
existentes na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e consequente diminuição da
resistência favorecem o surgimento de infecções.
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da infecção, porém a hipertermia é
frequente - em torno de 38º C ou mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não-involução uterina
e alteração das características dos lóquios, com eliminação de secreção purulenta e fétida, e diarreia.
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva identificar restos ovulares; nos casos
necessários, deve-se proceder à curetagem.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


367
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da puérpera, bem como orientá-la sobre a
técnica correta de lavagem das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. Além
disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias presentes no reto, a puérpera deve ser
orientada a lavar as regiões da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido da vulva
para o ânus.
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a puérpera a limpar a região com
antisséptico, bem como estimular-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme prescrição,
visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos de curetagem, preparar a sala para o
procedimento.
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a perda sanguínea. Nesse período, é
comum a mulher referir cólicas.
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro e globóide pela contração, formando o
globo de segurança de Pinard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. A total
involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rápida na mulher sadia que teve parto normal e
está em processo de amamentação.
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou pequeno), aspecto (coloração,
presença de coágulos, restos placentários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação e deambulação precoces.

De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados como:


- Sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro - até quatro dias);
- Serossanguinolentos (acastanhado - de 5 a 7 dias);
- Serosos (semelhantes à “salmoura” - uma a três semanas).

A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência de mortalidade materna, tendo como
causas a atonia uterina, lacerações do canal vaginal e retenção de restos placentários.
É importante procurar identificar os sinais de hemorragia - de quinze em quinze minutos - e avaliar
rotineiramente a involução uterina através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo), lóquios em quantidades excessivas
(contendo coágulos e escorrendo num fio constante) e aumento das frequências respiratória e cardíaca,
com hipotensão.
Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem deve avisar imediatamente a equipe,
auxiliando na assistência para reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilidade de
choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso venoso permeável para a administração de
infusão e medicações; bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massageando-o
suavemente para estimular as contrações, colher sangue para exames laboratoriais e prova cruzada,
certificar-se de que no banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o da mulher - em
caso de reposição - e preparar a puérpera para a intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário.
Complementando esta avaliação, também há verificação dos sinais vitais, considerando-se que a
frequência cardíaca diminui para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto, em vista da
redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor
e até ansiedade. A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode estar relacionada à
perda de sangue excessivo e seu aumento é sugestivo de hipertensão. É também importante observar o
nível de consciência da puérpera e a coloração das mucosas.
Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avaliando a integridade, o edema e a
episiorrafia; aplicar compressas de gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo o
edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os membros inferiores (edema e varizes) e
oferecer líquidos e alimentos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um parto normal e mais os cuidados de um
pós-operatório, observando as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/ou
queixas de dor, comunicar tal fato à equipe.
No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento conjunto até a alta hospitalar.
Neste setor, inicia os cuidados com o bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem - o
que lhe possibilita uma assistência e orientação integral.
No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de enfermagem baseia-se em observar
e registrar o estado geral da puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério imediato,
em intervalos mais espaçados. Deve também estimular a deambulação precoce e exercícios ativos no
leito, bem como observar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido (incentivando o
aleitamento materno), a aceitação da dieta e as características das funções fisiológicas, em vista da

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


368
possibilidade de retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da higiene íntima após
cada eliminação e enfatizando a importância da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne
infecções.
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar de enfermagem desenvolver ações
educativas, buscando valorizar as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando
atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa metodologia propicia a detecção de
problemas diversos (emocionais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera e/ou família
para uma tentativa de solução.
O profissional deve abordar assuntos com relação ao relacionamento mãe-filho-família; estímulo à
amamentação, colocando em prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do bebê;
curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimentação e hidratação adequada para a nutriz; uso
de medicamentos nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; importância da
deambulação para a involução uterina e eliminação de flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
A mama é o único órgão que após o parto não evolui, enchendo-se de colostro até trinta horas após o
parto. A apojadura, que consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto.
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos mamilos pelo bebê.

As Mamas Também Podem Apresentar Complicações:

- Ingurgitamento mamário: em torno do 3º ao 7º dia pós-parto, a produção láctea está no auge,


ocasionando o ingurgitamento mamário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguintes
condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição adequada do recém-nascido durante a
mamada; o uso do sutiã firme e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre que as
mamas estiverem cheias;
- Rachaduras e/ou fissuras: podem aparecer nos primeiros dias de amamentação, levando a nutriz
a parar de amamentar.
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem deve orientar a mãe a manter a
amamentação; incentivá-la a não usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas ao sol
por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 horas); e a alternar as mamas em cada
mamada, retirando cuidadosamente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas condutas
adotadas para o ingurgitamento mamário.
- Mastite: é um processo inflamatório que costuma se desenvolver após a alta e no qual os
microrganismos penetram pelas rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é dor,
hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A puérpera deve ser orientada a realizar os
mesmos cuidados adotados nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras.

Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada às orientações sobre o retorno à
atividade sexual, planejamento familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua vínculo
empregatício) e importância da consulta de revisão de pós-natal e puericultura.

A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencialmente, junto com a primeira avaliação da
criança na unidade de saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a assistência pré-
natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao feto com base nos conhecimentos
acumulados nos campos da obstetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessários
os conhecimentos de um outro ramo do saber - a neonatologia.
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente definida como um ramo da medicina
especializado no diagnóstico e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange mais do
que isso - engloba também o conhecimento da fisiologia dos neonatos e de suas características.

Questões

01. (Prefeitura de Natal/RN - Técnico em Enfermagem - COMPERVE/2018) O puerpério


corresponde a um momento importante, quando a mulher passa por mudanças biológicas, subjetivas,
sociais e familiares. Desse modo, os riscos para o aparecimento de sofrimento mental na puérpera
aumentam em face das preocupações, e dos anseios da mulher bem como dos planejamentos realizados
por ela. De acordo com o Ministério da Saúde (2013), existe um tipo de sofrimento mental puerperal que
causa alteração psíquica leve e transitória. O evento inicia-se entre o 3º e o 4º dias do puerpério,
regredindo espontaneamente no período de uma semana a dez dias, e tem como alguns de seus sintomas

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


369
a flutuação de humor, irritabilidade, fadiga, tristeza, insônia, dificuldade de concentração e ansiedade
relacionada ao bebê. Esse tipo de sofrimento mental puerperal é denominado
(A) tristeza puerperal.
(B) depressão pós-parto.
(C) transtorno psicótico puerperal.
(D) síndrome do pânico.

Gabarito

01.A

Comentários

01.Resposta: A
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período de transição, ficando vulnerável às
pressões emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansiosa
em vista das responsabilidades com o novo membro da família. Nesse período, em vista de uma grande
labilidade emocional, somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tristeza, sentimento
de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e de si. Essa tristeza pós-parto é quase fisiológica.
Normalmente as mulheres apresentam certa tristeza e irritabilidade que têm início em geral no terceiro
dia depois do parto, dura uma semana, dez, quinze dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já
a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher
incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia.

ATENÇÃO À MULHER NO CLIMATÉRIO

O climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida e não
um processo patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da
vida da mulher. A menopausa é um marco dessa fase, correspondendo ao último ciclo menstrual, somente
reconhecida depois de passados 12 meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos 48
aos 50 anos de idade.93
O climatério não é uma doença e sim uma fase natural da vida da mulher e muitas passam por ela
sem queixas ou necessidade de medicamentos. Outras têm sintomas que variam na sua diversidade e
intensidade. No entanto, em ambos os casos, é fundamental que haja, nessa fase da vida, um
acompanhamento sistemático visando à promoção da saúde, o diagnóstico precoce, o tratamento
imediato dos agravos e a prevenção de danos.
Os profissionais de saúde que atendem a clientela feminina devem cuidar para que haja a maior
efetividade possível. Os serviços de saúde precisam adotar estratégias que evitem a ocorrência de
oportunidades perdidas de atenção às mulheres no climatério. Isto é, evitar ocasiões em que as mulheres
entram em contato com os serviços e não recebem orientações ou ações de promoção, prevenção e ou
recuperação, de acordo com o perfil epidemiológico deste grupo populacional.
As oportunidades ocorrem durante a anamnese que valoriza a escuta, no exame clínico que inclui
aferição do peso, da altura, da circunferência abdominal e da pressão arterial, no elenco de exames
solicitados. Também no encaminhamento para grupos psico- educativos ou para outros profissionais
(saúde bucal, endocrinologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, etc.), na orientação sobre sexualidade,
alimentação saudável, prevenção do câncer e das DST/aids, na oferta de atividades de promoção da
saúde e outros recursos disponíveis na rede, em outros serviços públicos e na comunidade.
A medicalização do corpo das mulheres, com o uso sistemático de hormônios durante o climatério tem
sido uma prática usual na medicina. As mulheres no climatério não sofrem de uma doença (de carência
hormonal) e o tratamento hormonal deve ser encarado como uma opção terapêutica para os casos em
que existam indicações específicas. É fundamental que os profissionais de saúde estejam informados e
atualizados para procederem a uma abordagem menos agressiva e invasiva possível.
Frequentemente, as queixas das mulheres no período do climatério, não aparecem durante a
anamnese clínica em que os interrogatórios médicos e dos demais profissionais da saúde estão
baseados; podem ser sublimados, aparecendo em conversas informais. Como já mencionado, cada
mulher vivencia seu climatério de acordo com sua singularidade.

93 Texto adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção
à Mulher no Climatério/Menopausa. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


370
É possível que ocorram sintomas neuropsíquicos, que muitas vezes são os primeiros a surgir
(distúrbios vasomotores, cefaleia, ansiedade, depressão, fadiga, insônia, diminuição da libido, entre
outros). Também as alterações hormonais podem trazer algum desconforto para as mulheres ante o
imprevisível, diminuir sua capacidade produtiva, determinar disfunções em seu ritmo de sono-vigília,
predispô-las à fadiga e irritabilidade, expô-las a respostas de ampla labilidade emocional.
Os profissionais de saúde podem apoiar a mulher ajudando-a a encarar essa fase com mais
tranquilidade e a vislumbrar novas possibilidades. É importante que ela compreenda que, no processo de
transformação, na medida em que integre em sua vida as mudanças, seus sintomas irão se modificando,
até que um novo equilíbrio seja encontrado.
Ao longo da vida, a mulher vivencia mudanças de diversas naturezas, como o evento da menarca, da
iniciação sexual, da gravidez e da menopausa. As alterações hormonais que levam ao fim do período
reprodutivo, marcado pela menopausa, exigem adaptações físicas, psicológicas e emocionais. Antigos
conflitos podem emergir e são revividos nesta fase. O metabolismo como um todo sofre algumas
alterações, especialmente relacionadas às funções do sistema endócrino e diminuição da atividade
ovariana. Os órgãos genitais assim como o restante do organismo mostram, gradualmente, sinais de
envelhecimento.
Assim, o evento da menopausa pode ser vivenciado, por algumas mulheres, como a paralisação do
próprio fluxo vital. Se insatisfeitas e desmotivadas, podem colocar em dúvida tudo o que têm feito, com a
sensação de que tudo está errado, sem saber bem o quê. É uma sensação de que tudo se desorganizou,
que a vida é um caos. Muitas se referem a uma “sensação de tragédia eminente”.
O declínio da função hormonal ovariana no climatério determina modificações significativas nos órgãos
genitais internos e externos que podem influenciar a resposta sexual. O maior efeito da deficiência
estrogênica sobre a pelve é a diminuição do fluxo sanguíneo, que pode promover alterações no aparelho
genital. Os pelos pubianos tornam-se escassos, há redução de parte do tecido adiposo dos grandes lábios
e retração dos pequenos lábios e do clitóris. As alterações observadas na vagina devido à diminuição dos
níveis estrogênicos são, frequentemente, mais marcantes do que as da genitália externa.
Os sintomas clássicos relacionados com o processo de hipotrofia genital que podem ocorrer devido ao
hipoestrogenismo são: ressecamento vaginal, prurido, irritação, ardência e sensação de pressão. Esses
sintomas podem influenciar a sexualidade da mulher, especialmente na relação sexual com penetração,
causando dor (dispareunia).
O mito de que o fim da menstruação significa o fim da sexualidade é totalmente falso. Ao contrário, a
visão e a prática da sexualidade podem se tornar mais amplas e livres, entre outros motivos, pela ausência
da possibilidade de uma gravidez indesejada.
A libido é influenciada pela presença de outros hormônios, como os androgênios, que estão presentes
durante toda a vida e nesta fase encontram menor contraposição estrogênica. Manter uma atividade
sexual desejada e prazerosa é saudável e o orgasmo pode melhorar a irrigação pélvica e,
consequentemente, colaborar para manter o trofismo da pélvis e da mucosa vaginal.
O desejo sexual depende muito mais da natureza e da qualidade do relacionamento em si, do que das
circunstâncias da idade.
O hipoestrogenismo pode acarretar alterações do aparelho geniturinário que, se não forem corrigidas,
podem afetar a qualidade de vida da mulher no climatério. A genitália feminina e as vias urinárias têm
origem embriológica comum. Os epitélios vaginal e uretral possuem receptores de estrogênio, de maneira
que ambos são comprometidos com a queda dos níveis estrogênicos e respondem à terapia hormonal
(TH), por via local ou sistêmica.
Quando são empregados esquemas adequados de esteroides sexuais, os sintomas do climatério
podem ser aliviados ou mesmo eliminados, impedindo o aparecimento de disfunções sexuais decorrentes
da deficiência hormonal. Contudo, vários autores ressaltam que algumas mulheres mesmo não fazendo
tratamento hormonal, continuam mantendo atividade sexual sem dificuldade. Esse fato é atribuído à
regularidade da prática sexual, entre outros aspectos.
Um dos sintomas mais incômodos relatados pelas mulheres nessa fase da vida é a fragilidade da
mucosa vaginal, com sensação de ardor e prurido, que também pode ser tratado com outros meios não
hormonais.
A atuação dos profissionais de saúde deve incorporar aspectos como a escuta qualificada, a
integralidade na atenção, a possibilidade de diversas orientações sexuais e o estímulo ao protagonismo
da mulher. Avaliar cuidadosa e individualmente cada caso com objetivo de identificar quais os fatores
relacionados à etiologia das dificuldades referidas, e muitas vezes até omitidas, favorece sensivelmente
o resultado da conduta adotada.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


371
É necessário que os profissionais de saúde busquem informações na literatura recomendada (ver
bibliografia utilizada no final deste manual) sobre a sexualidade humana e entendam as particularidades
dessa faixa etária.
No atendimento a essas mulheres, o profissional precisa entender as diferenças e semelhanças de
cada uma, e antes de qualquer julgamento ou atitude preconceituosa, cumprir seu papel no auxílio da
resolução dos problemas. Ajudar as pessoas a aceitar as mudanças físicas e a buscar sua própria forma
de exercer a sexualidade é fundamental neste processo.

Atitudes positivas por parte dos profissionais devem incluir diversas ações, tais como:

- Estimular o autocuidado, que influencia positivamente na melhora da autoestima e da insegurança


que pode acompanhar esta fase;
- Estimular a aquisição de informações sobre sexualidade (livros, revistas ou por meio de outros
recursos de mídia qualificada - programas direcionados sobre o assunto) que estiverem disponíveis;
- Oferecer tratamento para as queixas relacionadas ao climatério;
- Encaminhar para os serviços de referência para avaliação, nos casos de indicação cirúrgica, doenças
endócrinas, pulmonares, psiquiátricas (depressão), em busca de resolução do fator primário
correlacionado, ou ajuste do tratamento, de modo a abordar a mulher de forma integral, respeitando
sempre seu protagonismo;
- Apoiar iniciativas da mulher na melhoria da qualidade das relações, valorizando a experiência e o
autoconhecimento adquiridos durante a vida;
- Estimular a prática do sexo seguro em todas as relações sexuais. O número de mulheres portadoras
do HIV nesta faixa etária é relevante por diversos motivos já mencionados sobre “DST e HIV/aids no
climatério;
- Esclarecer às mulheres que utilizam a masturbação como forma de satisfação sexual, que essa é
uma prática normal e saudável, independente de faixa etária;
- Estimular o “reaquecimento” da relação ou a reativação da libido por diversas formas, segundo o
desejo e os valores das mulheres.

Os sinais e sintomas clínicos do climatério ainda podem ser divididos em transitórios, representados
pelas alterações do ciclo menstrual e pela sintomatologia mais aguda, e não transitórios, representados
pelos fenômenos atróficos geniturinários, distúrbios no metabolismo lipídico e ósseo.
Existe uma ampla variação na frequência e intensidade com que as mulheres de diferentes grupos
etários, étnicos raciais, níveis socioeconômicos e culturais relatam a ocorrência de sintomas associados
ao climatério.
A maioria dos estudos mostra que há um aumento na perimenopausa, sendo que mais de 50% das
mulheres nos países ocidentais industrializados os apresentam. São representados pelos clássicos
sintomas neurovegetativos ou vasomotores como os fogachos, com ou sem sudorese e uma variedade
de sintomas neuropsíquicos. Podem aparecer de forma isolada, na mulher que ainda menstrua
regularmente ou, como ocorre com mais frequência, quando iniciam as alterações do ciclo menstrual.
Em adição aos sintomas clássicos de hipoestrogenismo, algumas mulheres relatam quadros clínicos
que são sugestivos de concentrações séricas de estrogênios elevadas, tais como distensão abdominal e
mastalgia, principalmente na perimenopausa. Essas manifestações clínicas refletem a intensa flutuação
que os estrogênios apresentam nessa fase, necessitando de uma abordagem clínica e terapêutica
específica e individualizada.
Durante a fase da transição menopausal, os ciclos menstruais apresentam variações na regularidade
e nas características do fluxo. Inicialmente pode ocorrer uma tendência ao encurtamento gradativo da
periodicidade, devido à maturação folicular acelerada e consequente ovulação precoce, o que pode ser
seguido por uma fase lútea com baixa produção de progesterona e instalação de ciclos próprio ou
polimenorréicos, com fluxo diminuído ou aumentado.
Após esta fase inicial comumente passam a ocorrer ciclos anovulatórios, iniciando-se o maior
espaçamento entre as menstruações. Isto ocorre em consequência de uma persistência folicular longa,
com produção irregular de estrogênios podendo levar a ciclos espaniomenorréicos e a períodos de
amenorreia.
Nesta fase o fluxo poderá apresentar aumento da duração e intensidade em consequência das
alterações endometriais expressando as alterações hormonais, o que não deve descartar, sempre que
necessário, a investigação do endométrio.
Os fogachos ou “ondas de calor” constituem o sintoma mais comum nas mulheres ocidentais, podendo
ocorrer em qualquer fase do climatério.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


372
Manifestam-se como sensação transitória súbita e intensa de calor na pele, principalmente do tronco,
pescoço e face que pode apresentar hiperemia, acompanhada na maioria das vezes de sudorese. Além
disso, pode ocorrer palpitação e mais raramente, sensação de desfalecimento, gerando desconforto e
mal-estar.
Sua intensidade varia muito, desde muito leves a intensos, ocorrendo esporadicamente ou várias
vezes ao dia. A duração pode ser de alguns segundos a 30 minutos.
A etiologia das ondas de calor é controversa, sendo atribuída na maioria dos estudos a alterações no
centro termorregulador provocadas pelo hipoestrogenismo, levando a um aumento na noradrenalina e
aumento dos pulsos de GnRH e do LH.
O consumo de bebidas alcoólicas ou líquidos e alimentos quentes, ambientes com alta temperatura,
estresse, emoções intensas, aglomerações de pessoas, ambientes abafados, uso de roupas quentes
estão associadas com o desencadeamento dos fogachos, devendo ser evitadas.
Outros sintomas neurovegetativos encontrados frequentemente são os calafrios, a insônia ou sono
agitado, vertigens, parestesias, diminuição da memória e fadiga, que muitas vezes são relacionados a
etiologias diversas ao climatério.
Os sintomas neuropsíquicos compreendem a labilidade emocional, ansiedade, nervosismo,
irritabilidade, melancolia, baixa de autoestima, dificuldade para tomar decisões, tristeza e depressão.
Esses sintomas podem apresentar-se isoladamente ou em conjunto em algum período do climatério em
intensidade variável. É importante salientar que estas manifestações podem ocorrer em qualquer outra
fase da vida.
Do ponto de vista biológico, os estrogênios podem desempenhar uma ação moduladora sobre os
neurotransmissores cerebrais, especialmente a serotonina, relacionada ao humor.
A diminuição do estrogênio poderia influenciar os níveis de serotonina, podendo relacionar-se a um
aumento dos casos de depressão durante o climatério, em mulheres predispostas. Embora o
aparecimento da depressão no climatério seja mais comum que em outras etapas da vida, torna-se muito
difícil a comprovação de que somente o hipoestrogenismo seja a sua origem, sugerindo uma etiologia
multifatorial (ambiental, sociocultural e individual).

Perimenopausa94

Trata-se do período que se estende desde os primeiros sinais oriundos da menopausa (ondas de calor,
ressecamento vaginal e menstruações irregulares) até depois da cessação completa da menstruação (um
ano depois do último período menstrual).

Alguns fatos sobre a perimenopausa devem ser considerados pela enfermeira ao cuidar ou
ensinar a paciente durante esse período:
- Sexualidade, fertilidade, contracepção e DSTs podem ser preocupantes para as mulheres na
perimenopausa;
- A gestação inesperada é possível quando a contracepção efetiva não é utilizada;
- Os contraceptivos orais podem fornecer alguma proteção às mulheres contra o câncer, câncer de
ovário, anemia, gestação e alterações fibrocísticas da mama, bem como alívio dos sintomas da
perimenopausa. (As mulheres que fumam e que tem 35 anos de idade ou mais não devem tomar
contraceptivos orais devido ao risco aumentado de doença cardiovascular);
- Cerca de 16% dos casos de câncer de mama ocorrem nesse grupo de mulheres, de modo que o
autoexame da mama (AEM), os exames físicos rotineiros e as mamografias são essenciais.

As enfermeiras podem encorajar as mulheres a visualizar a menopausa como uma alteração natural
que resulta em libertar-se das menstruações e dos sinais relacionados às alterações hormonais. Não
existe nenhuma relação entre menopausa e problemas de saúde mental; contudo, as alterações sociais
que geralmente coincidem com a menopausa (p. ex.: filhos adolescentes ou em crescimento, parceiros
doentes e pais dependentes ou doentes) podem produzir estresse.
Devem ser empreendidas medidas para promover a saúde geral. A enfermeira pode explicar à paciente
que a cessação das menstruações é uma função fisiológica, raramente acompanhada por sintomas ou
doença do sistema nervoso. O atual espectro de vida previsto depois da menopausa para a mulher média
é de 30 a 35 anos, o que pode englobar um número igual de anos em relação à fase reprodutora de sua
vida.

94
Texto adaptado de SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. BRUNNER & SUDDARTH: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 9. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000. (volume 3)

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


373
A menopausa não é, no entanto, uma mudança completa da vida. Os desejos sexuais normais
continuam, e as mulheres retêm suas respostas sexuais usuais ao sexo por muito tempo depois do início
da menopausa. Muitas mulheres apreciam melhor a saúde após a menopausa; isso é particularmente
verídico para aquelas que experimentavam dismenorreia. É provável que a avaliação individual de si
própria por parte da mulher e de seu conceito, agora e no futuro, afete sua relação emocional à
menopausa.

Questões

01. (Prefeitura de Juiz de Fora/MG - Enfermeiro - AOCP/2018) O envelhecimento para mulher é um


processo que exige dos profissionais da saúde o cuidado pautado em princípios éticos aliados à educação
para a saúde e a qualidade de vida. Com relação a esse período, assinale a alternativa correta.
(A) O climatério é uma fase biológica da vida da mulher e um período de mudanças psicossociais, de
ordem afetiva, sexual, familiar, ocupacional, que podem afetar a forma como ela vive o climatério e
responde a essas mudanças em sua vida.
(B) A confirmação do climatério e da menopausa é eminentemente laboratorial, sendo necessárias
dosagens hormonais.
(C) A menopausa, marco do período climatérico, é a interrupção provisória da menstruação e o
diagnóstico é feito de forma retroativa, após 12 meses consecutivos de amenorreia.
(D) O climatério corresponde à transição da mulher do ciclo reprodutivo para o não reprodutivo,
ocorrendo habitualmente entre os 30 e 35 anos.
(E) A menopausa pode ocorrer de forma precoce, antes dos 30 anos, a chamada falência ovariana
precoce. Nesses casos, não precisam ser descartadas algumas condições clínicas de manejo na Atenção
Básica.

Gabarito

01.A

Comentários

01.Resposta: A
O climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida e não
um processo patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da
vida da mulher. As alterações hormonais que levam ao fim do período reprodutivo, marcado pela
menopausa, exigem adaptações físicas, psicológicas e emocionais.

Saúde do Homem: Promoção e Prevenção à Saúde Integral do Homem95

A Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH) tem como diretriz promover
ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina
nos seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos, respeitando os diferentes níveis de
desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão de Estados e Municípios.

Para atingir o seu objetivo geral, que é ampliar e melhorar o acesso da população masculina adulta -
20 a 59 anos - do Brasil aos serviços de saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem é desenvolvida
a partir de cinco (05) eixos temáticos:
- Acesso e Acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva,
na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez,
os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados.
- Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: busca sensibilizar gestores (as), profissionais de saúde e a
população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os
envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática.
- Paternidade e Cuidado: objetiva sensibilizar gestores (as), profissionais de saúde e a população
em geral sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e
nas ações de cuidado com seus (uas) filhos (as), destacando como esta participação pode trazer saúde,
bem-estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas (eus) parceiras (os).

95
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-do-homem

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


374
- Doenças prevalentes na população masculina: busca fortalecer a assistência básica no cuidado
à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao
enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.
- Prevenção de Violências e Acidentes: visa propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção
para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência
urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral e os profissionais de saúde sobre o tema.

SAÚDE DO HOMEM

Embora seja alvo da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)96979899,
lançada pelo Ministério da Saúde (MS), em 2009, a saúde masculina continua um tema desafiador para
gestores e profissionais de saúde, que muitas vezes tomam os homens como uma população “rebelde”
e destinam a eles apenas ações pontuais e focadas na próstata.
A Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH) tem como diretriz promover
ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina
nos seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos, respeitando os diferentes níveis de
desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão de Estados e Municípios.

Para atingir o seu objetivo geral, que é ampliar e melhorar o acesso da população masculina adulta -
20 a 59 anos - do Brasil aos serviços de saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem é desenvolvida
a partir de cinco (05) eixos temáticos:
- Acesso e Acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva,
na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez,
os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados.
- Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: busca sensibilizar gestores (as), profissionais de saúde e a
população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os
envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática.
- Paternidade e Cuidado: objetiva sensibilizar gestores (as), profissionais de saúde e a população em
geral sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas
ações de cuidado com seus (uas) filhos (as), destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-
estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas (eus) parceiras (os).
- Doenças prevalentes na população masculina: busca fortalecer a assistência básica no cuidado
à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao
enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.
- Prevenção de Violências e Acidentes: visa propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção
para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência
urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral e os profissionais de saúde sobre o tema.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, portanto, além de evidenciar os principais
fatores de morbimortalidade explicita o reconhecimento de determinantes sociais que resultam na
vulnerabilidade da população masculina, considerando que representações vigentes sobre a
masculinidade podem comprometer o acesso a cuidados, expondo-a a situações de violência e
aumentando sua vulnerabilidade.
Mobilizar a população masculina brasileira pela luta e garantia do direito social à saúde é um dos
desafios da Política, que pretende tornar os homens protagonistas de demandas que consolidem seus
direitos de cidadania.
O acesso aos serviços, na atenção primária à saúde (APS) envolve a percepção de necessidade de
cuidado, a conversão desta em demanda e o comparecimento dos homens ao serviço de saúde. Esse
processo é assistido por profissionais assoberbados pelas diversas demandas, prioridades, urgências,
programas e metas de produção.
A seguir, serão abordadas algumas barreiras de acesso dos homens aos serviços de saúde, dividindo-
as didaticamente em socioculturais e institucionais - mesmo sabendo que essas dimensões se
influenciam mutuamente.

96
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-do-homem
97
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/novembro/07/livroPol--ticas-2018.pdf
98
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/CNSH-DOC-PNAISH---Principios-e-Diretrizes.pdf
99
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Artmed, 2019.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


375
População Masculina em seus Diversos Contextos Socioculturais

Historicamente, o senso comum considera os homens como o sexo forte. Desde pequenos, os
meninos são educados, entre outras coisas, para serem competitivos, corajosos, destemidos, poderosos,
violentos, invulneráveis, provedores e protetores, sendo também treinados para suportar, sem chorar,
suas dores físicas e emocionais (WHO, 2000).
Enfim, qualidades que, na maioria das vezes, ainda são reproduzidas na infância e repassadas de
geração em geração a partir de modelos culturais de gênero cristalizados na sociedade patriarcal, sem
que haja uma visão reflexiva sobre os mandatos compulsórios de vida a serem cumpridos e as
consequências implicadas na replicação acrítica de determinados condicionamentos e comportamentos
para a saúde e o bem-estar de homens, mulheres, crianças e comunidades.
São condicionamentos e qualidades que influenciam e são influenciados por todo um imaginário
simbólico coletivo social, responsável direto por alimentar e sedimentar no núcleo mais íntimo da
formação da identidade destes meninos, e futuros homens, o modo supostamente “correto de se viver e
sobreviver“ entre os seus semelhantes nos mais diversos contextos e ambientes sociais, políticos,
econômicos, laborais, geográficos, etc.
O desafio não é pequeno, haja vista que os valores da cultura masculina envolvem comportamentos
de risco à saúde. A forma como os homens constroem e vivenciam suas masculinidades encontram-se
vinculadas às matrizes dos modos de adoecer e morrer.
No Brasil, a PNAISH reconhece a necessidade de identificar os elementos psicossociais que acarretam
a vulnerabilidade da população masculina, além de evidenciar os principais fatores de morbimortalidade
como uma estratégia de atenção integral à saúde, haja vista que muitos agravos poderiam ser evitados,
caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária (BRASIL, 2009).

A Formulação da PNAISH

A estratégia de elaboração escolhida pela PNAISH foi investigar os principais agravos de saúde que
acometiam os homens, por meio do recorte de sexo, na faixa etária entre 20 a 59 anos, e que, em 2009,
correspondia a 41% da população de homens no Brasil.
A partir das informações coletadas e da definição de um panorama situacional nacional - em que foi
diagnosticado que os homens em geral acessam os serviços de saúde por meio da atenção especializada,
quando o agravo já está muito avançado, com possibilidade de menor resolução, - foram delineadas
estratégias e ações para incentivar medidas de prevenção e promoção à saúde e a melhoria do acesso
com qualidade deste segmento populacional, preferencialmente pela Atenção Básica (AB).

Princípios da PNAISH

No Brasil, desde a promulgação da Constituição de 1988, a saúde passou a ser reconhecida como um
dever do Estado e um direito social básico de todos os cidadãos, incluindo nesta lógica, obviamente, a
saúde do homem que, tal como a saúde de todas as outras populações, deve ser regida em consonância
com os princípios e as diretrizes do SUS.
Neste sentido, a PNAISH afirma princípios consonantes aos do SUS relacionados, por exemplo, à
“humanização, qualidade de vida e promoção da integralidade do cuidado na população masculina
promovendo o reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas
peculiaridades socioculturais” (BRASIL, 2009).

E, para que seja possível cumprir esses princípios, oito elementos foram listados a fim de serem
considerados. Conheça-os a seguir:
1. Acesso da população masculina aos serviços de saúde hierarquizados nos diferentes níveis de
atenção e organizados em rede, possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas;
2. Articular-se com as diversas áreas do governo com o setor privado e a sociedade, compondo redes
de compromisso e corresponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da população masculina;
3. Informações e orientação à população masculina, aos familiares e a comunidade sobre a promoção
de hábitos saudáveis, prevenção e tratamento dos agravos e das enfermidades do homem;
4. Captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primária relativa às
doenças cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes;
5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o atendimento do homem;
6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


376
7. Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação continuada dos serviços e do
desempenho dos profissionais de saúde, com participação dos usuários;
8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores monitorar as ações e serviços.

Objetivos

Promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo
efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos fatores de
risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde.

Objetivos específicos
Organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo território brasileiro, a atenção integral a saúde do
homem, dentro dos princípios que regem o Sistema Único de Saúde:
•Implantar e/ou estimular nos serviços de saúde, públicos e privados, uma rede de atenção à saúde
do homem que garanta linhas de cuidado, na perspectiva da integralidade;
• Fortalecer a assistência básica no cuidado com o homem, facilitando e garantindo o acesso e a
qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à
saúde;
• Formar e qualificar os profissionais da rede básica para o correto atendimento à saúde do homem;
• Promover ações integradas com outras áreas governamentais.

Estimular a implantação e implementação da assistência em saúde sexual e reprodutiva, no âmbito da


atenção integral à saúde:
• Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo masculino, inclusive a assistência à
infertilidade;
• Estimular a participação e inclusão do homem nas ações de planejamento de sua vida sexual e
reprodutiva, enfocando inclusive a paternidade responsável;
• Garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária masculina nos termos da legislação específica;
• Promover na população masculina, conjuntamente com o Programa Nacional de DST/Aids, a
prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV;
• Incentivar o uso de preservativo como medida de dupla proteção da gravidez inoportuna e das
DST/Aids;
• Estimular, implantar, implementar e qualificar pessoal para a atenção às disfunções sexuais
masculinas;
• Garantir o acesso aos serviços especializados de atenção secundária e terciária para os casos
identificados como merecedores destes cuidados;
• Promover a atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas,
gays, bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em situação de
risco, em situação carcerária, entre outros, desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da
equidade para distintos grupos sociais;
• Associar as ações governamentais com as da sociedade civil organizada para efetivar a atenção
integral à saúde do homem com protagonismo social na enunciação das reais condições de saúde da
população masculina.

• Ampliar, através da educação, o acesso dos homens às informações sobre as medidas preventivas
contra os agravos e enfermidades que os atingem:
• Incluir o enfoque de gênero, orientação sexual, identidade de gênero e condição étnico-racial nas
ações educativas;
• Estimular, na população masculina, através da informação, educação e comunicação, o autocuidado
da saúde;
• Promover a parceria com os movimentos sociais e populares, e outras entidades organizadas para
divulgação ampla das medidas;
• Manter interação permanente com as demais áreas governamentais no sentido de efetuar, de
preferência, ações conjuntas, evitando a dispersão desnecessária de recursos.

Diretrizes

• Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de promoção, prevenção, assistência e


recuperação da saúde, executado nos diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a atenção básica,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


377
com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta de entrada do sistema de saúde integral, hierarquizado
e regionalizado;
• Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as
competências de cada um, garantindo condições para a execução da presente Política;
• Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da assistência a ser prestada, princípios
que devem permear todas as ações;
• Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem às demais políticas,
programas, estratégias e ações do Ministério da Saúde;
• Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor Educação, como promotor de
novas formas de pensar e agir;
• Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem
os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde
reconheçam os homens como sujeitos que necessitem de cuidados;
• Integrar as entidades da sociedade organizada na corresponsabilidade das ações governamentais
pela convicção de que a saúde não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa da cidadania;
• Incluir na Educação permanente dos trabalhadores do SUS temas ligados a Atenção Integral à Saúde
do Homem;
• Aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possibilitar um melhor monitoramento que
permita tomadas racionais de decisão;
• Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria das ações da Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Homem.

Neste contexto, a construção das diretrizes da PNAISH, norteadas pela humanização e qualidade da
assistência, foram elaboradas considerando os quatros elementos a seguir:
- Integralidade: a busca por assegurar acesso nos diferentes níveis de saúde, sendo organizado pela
dinâmica de referência e contrarreferência. A compreensão do indivíduo como um todo, nas suas
dimensões biológica, cultural e social;
- Factibilidade: a disponibilização de recursos, tecnologia, insumos e estrutura para que seja possível
a implantação das ações planejadas;
- Coerência: a coerência das diretrizes propostas com as demais políticas de saúde e os princípios do
SUS;
- Viabilidade: a implementação da política está relacionada aos três níveis de gestão, ao controle
social, a quem se condiciona o comprometimento e a possibilidade da execução das diretrizes.

Considerando estes elementos, as diretrizes foram construídas destacando-se um conjunto de ações


com foco em promoção, prevenção, assistência e recuperação, nos diferentes níveis de atenção à saúde,
priorizando a atenção básica e a integração das ações governamentais com as da sociedade civil
organizada (SCHWARZ et al., 2012).

Estratégias de Atuação da Atenção Básica para a Efetivação da PNAISH

A PNAISH é fruto do reconhecimento da gravidade do quadro epidemiológico dos usuários homens no


Brasil, com índices de morbimortalidade alarmantes, especialmente se comparados aos mesmos índices
para mulheres e para crianças, o que evidencia a urgência de ações específicas para este segmento da
população.
A partir deste reconhecimento, a PNAISH buscou traçar um cenário sobre a saúde da população
masculina adulta, chegando à conclusão de que a procura dos homens pelos serviços de saúde é muito
mais reduzida do que entre as mulheres, e que estes apresentam menor índice de adesão às propostas
terapêuticas, à prevenção e à promoção da saúde. Este quadro evidencia que muitos agravos poderiam
ser evitados caso os homens frequentassem com mais regularidade os serviços da AB.

Questões

01. (AL/GO - Técnico em Enfermagem do Trabalho - IADES/2019) Muitos agravos poderiam ser
evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas preventivas da saúde. Nesse
sentido, a resistência masculina aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas
também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e da respectiva família, na luta pela
conservação da saúde e da qualidade de vida. Com relação à Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde do Homem, assinale a alternativa correta.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


378
(A) O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, seja como vítima. Os homens
adolescentes e idosos são os que mais sofrem lesões e traumas em razão de agressões, e as agressões
sofridas são mais graves e demandam maior tempo de internação, em relação às sofridas pelas mulheres.
(B) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem evidencia apenas as situações de risco
e violência da população masculina.
(C) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher não está articulada à Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem.
(D) Grande parte da não adesão às medidas de atenção integral, por parte do homem, decorre das
variáveis culturais. Os homens têm dificuldade em reconhecer as respectivas necessidades, cultivando o
pensamento mágico que rejeita a possibilidade de se adoecer.
(E) Os homens na fase adulta são o principal grupo de risco para mortalidade por homicídio na
população brasileira, com ênfase em afrodescendentes, que residem em bairros pobres ou nas periferias
das metrópoles, com baixa escolaridade e pouca qualificação profissional.

02. (Prefeitura de Sítio Novo/RN - Técnico de Enfermagem - FUNCERN/2018) A Política Nacional


de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), foi instituída pelo Ministério da Saúde com o objetivo
de orientar as ações e os serviços de saúde para a população masculina, com integralidade e equidade.
Essa Política tem como princípio
(A) reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as
competências de cada um, garantindo condições para a execução dessa política.
(B) fundamentar a humanização e a qualidade, que implicam na promoção, reconhecimento e respeito
à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas peculiaridades socioculturais.
(C) aperfeiçoar os sistemas de informação, de maneira a possibilitar um melhor monitoramento que
permita tomadas racionais de decisão.
(D) promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor Educação, como promotor de
novas formas de pensar e agir.

03. (AL/PR - Enfermeiro - FUNRIO/2018) Estas assertivas estão relacionadas às Diretrizes da Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, EXCETO a contemplada na seguinte alternativa:
(A) entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de promoção, prevenção, assistência e
recuperação da saúde, executado no nível primário de atenção.
(B) reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as
competências de cada um, garantindo condições para a execução da presente política.
(C) nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da assistência a ser prestada; princípios
que devem permear todas as ações.
(D) promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor Educação, como promotor de
novas formas de pensar e agir.

04. (UFMT - Técnico em Enfermagem - UFMT/2018) Diante de dados que indicavam altos índices de
morbidade entre os homens, além das altas taxas de mortalidade masculina ao longo da idade, instituiu-
se em 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. São objetivos propostos pela
Política, EXCETO:
(A) Incentivar, orientar e direcionar a outras políticas e abordagens homens gays, travestis, bissexuais,
transexuais, com deficiência, em situação carcerária, ou em outras situações especiais.
(B) Organizar, implantar, qualificar e humanizar a rede de atenção integral à saúde do homem, de
modo a incluir a população masculina nas ações de promoção e prevenção de doenças cardiovasculares
e câncer.
(C) Promover mudança de conceitos da população masculina quanto ao cuidado da própria saúde e
da família, estimular a realização de exames preventivos e a escolha de hábitos de vida saudáveis.
(D) Realizar ações educativas, e incentivar a realização de planejamento da própria vida sexual e
reprodutiva, com garantia de acesso à contracepção cirúrgica voluntária masculina.

05. (UFMT - Técnico em Enfermagem - UFMT/2018) Em relação à Política Nacional de Atenção


Integral à Saúde do Homem (PNAISH), assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) Lançada e publicada em agosto de 2012, tem como principal objetivo facilitar e ampliar o acesso
da população masculina aos serviços de saúde, contribuindo para manutenção das taxas de
morbimortalidade.
(B) Estão entre os determinantes sociais sobre a saúde do homem: principal autor e vítima da violência;
vulnerabilidade ao uso abusivo de álcool, tabaco e outras drogas; preconceitos decorrentes da não

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


379
adequação à masculinidade hegemônica; diferentes condições que perpassam o ciclo de vida:
adolescência, vida adulta e velhice.
(C) Dentre os principais agravos à saúde da população masculina estão: causas externas (acidentes
e agressões); doenças do coração; tumores malignos; distúrbios gastrointestinais e respiratórios.
(D) Dentre as principais diretrizes da PNAISH está: entender a saúde do homem como um conjunto de
ações de promoção e prevenção, assistência e recuperação, executadas com humanização e qualidade,
nos diferentes níveis de atenção.

Gabarito

01.D / 02.B / 03.A / 04.A / 05.A

Comentários

01. Resposta: D
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, portanto, além de evidenciar os principais
fatores de morbimortalidade explicita o reconhecimento de determinantes sociais que resultam na
vulnerabilidade da população masculina, considerando que representações vigentes sobre a
masculinidade podem comprometer o acesso a cuidados, expondo-a a situações de violência e
aumentando sua vulnerabilidade.
Mobilizar a população masculina brasileira pela luta e garantia do direito social à saúde é um dos
desafios da Política, que pretende tornar os homens protagonistas de demandas que consolidem seus
direitos de cidadania.
O desafio não é pequeno, haja vista que os valores da cultura masculina envolvem comportamentos
de risco à saúde. A forma como os homens constroem e vivenciam suas masculinidades encontram-se
vinculadas às matrizes dos modos de adoecer e morrer.

02. Resposta: B
Objetivo: promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo,
de modo efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos
fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à
saúde.
Neste sentido, a PNAISH afirma princípios consonantes aos do SUS relacionados, por exemplo, à
“humanização, qualidade de vida e promoção da integralidade do cuidado na população masculina
promovendo o reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas
peculiaridades socioculturais” (BRASIL, 2009).

03. Resposta: A
• Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as
competências de cada um, garantindo condições para a execução da presente Política;
• Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da assistência a ser prestada, princípios
que devem permear todas as ações;
• Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem às demais políticas,
programas, estratégias e ações do Ministério da Saúde;
• Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor Educação, como promotor de
novas formas de pensar e agir.

04. Resposta: A
Promover a atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays,
bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em situação de risco,
em situação carcerária, entre outros, desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da equidade
para distintos grupos sociais.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


380
05. Resposta: A
Embora seja alvo da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)100101102103,
lançada pelo Ministério da Saúde (MS), em 2009, a saúde masculina continua um tema desafiador para
gestores e profissionais de saúde, que muitas vezes tomam os homens como uma população “rebelde”
e destinam a eles apenas ações pontuais e focadas na próstata.
Objetivo: promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo,
de modo efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos
fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à
saúde.

Agenda Proteger e Cuidar de Adolescente104

A Agenda Proteger e Cuidar de Adolescentes reúne diretrizes do Ministério da Saúde que tem como
objetivo de apoiar as gestões estaduais e municipais na ampliação do acesso e qualificação da atenção
à saúde de adolescentes, a fim de garantir a integralidade da atenção e à garantia de seus direitos.
O aperfeiçoamento das ações de proteção e promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva para
adolescentes e o fortalecimento da resolutividade na atenção básica toma corpo com a estratégia, que
entende a fase como o período mais saudável da vida e o melhor momento para investir em esforços de
proteção e de promoção da saúde.
A estratégia será operacionalizada nos estados e municípios prioritários para o Plano de Ação
Estratégico de Fortalecimento da Atenção à Saúde e da Proteção Social às Pessoas Afetadas pela
Síndrome do vírus Zika e outras Alterações do Sistema Nervoso Central, suas Consequências e Doenças
Correlatas. A implementação da agenda se dará em três etapas: organização dos serviços; crescimento
e desenvolvimento e saúde sexual e saúde reprodutiva.

Organização de Serviços
O objetivo principal é garantir o acesso dessa população às ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, respeitando os princípios organizativos e operacionais do Sistema Único de
Saúde. A atenção integral à saúde de adolescentes nos serviços de saúde parte de um acolhimento com
uma abordagem diferenciada, sem juízo de valor, em espaços humanizados, de responsabilização e de
formação de vínculos.
Essas estratégias são importantes na reestruturação do processo de trabalho dos profissionais de
saúde e imprescindíveis para garantir o acesso e o reconhecimento desse espaço como agentes de
disseminação de informações, com fluxos de atendimento instituídos e reconhecidos para o manejo das
ações em saúde ofertadas para essa população

Crescimento e Desenvolvimento
A adolescência, dentro do desenvolvimento humano, é marcada por um complexo processo de
crescimento e desenvolvimento biopsicossocial. É importante salientar que, tanto na infância quanto na
adolescência, podem ocorrer variações no padrão de velocidade de crescimento, mas que nem sempre
refletem uma condição patológica.
Portanto, é imprescindível que os profissionais de saúde acompanhem e monitorem esse processo,
que pode ser influenciado por fatores ambientais e individuais. Esses fatores podem modificar,
interromper ou reverter os fenômenos que caracterizam a puberdade.

Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva


A saúde sexual é a habilidade de mulheres e homens, no seu ciclo de vida, para desfrutar e expressar
sua sexualidade sem riscos de doenças sexualmente transmissíveis, gestações não planejadas, coerção,
violência e discriminação.
A saúde sexual valoriza a vida, as relações pessoais e a expressão da identidade própria da pessoa.
Ela é enriquecedora, inclui o prazer e estimula a determinação pessoal, a comunicação das relações. Por
sua vez, a saúde reprodutiva é a condição de bem-estar físico, mental e social relacionada com o sistema
reprodutor, promovendo que as pessoas desfrutem de uma vida sexual satisfatória e segura.

100
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-do-homem
101
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/novembro/07/livroPol--ticas-2018.pdf
102
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/CNSH-DOC-PNAISH---Principios-e-Diretrizes.pdf
103
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Artmed, 2019.
104
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-do-adolescente-e-do-jovem/acoes-e-programas/agenda-proteger-e-cuidar-de-adolescente

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


381
A garantia, para os e as adolescentes, dos direitos sexuais e direitos reprodutivos já reconhecidos
como Direitos Humanos em leis nacionais e documentos internacionais, indica a importância da aceitação
da individualidade e da autonomia da população adolescente.
O acesso à informação de qualidade e às oportunidades para o exercício desses direitos individuais,
sem discriminação, coerção ou violência, baseia as decisões livres e responsáveis sobre a vida sexual e
a vida reprodutiva.

As ferramentas a seguir estão disponíveis para os gestores e profissionais de saúde, com objetivo de
apoiar a qualificação das ações.
- Proteger e Cuidar da Saúde de Adolescentes na Atenção Básica;
- Cuidando de Adolescentes: orientações básicas para a Saúde Sexual e a Saúde Reprodutiva;
- Famílias e Adolescentes - cartilhas para serem trabalhadas com os pais e familiares de adolescentes;
- Cartaz adesivo para profissionais de Saúde;
- Cartaz Informativo para Adolescentes.

Além destes materiais e outras estratégias da Agenda Proteger e Cuidar, estão disponíveis no SUS o
teste rápido e aconselhamento sobre sífilis e HIV/aids, como oportunidades de reforçar a prevenção entre
adolescentes em geral e facilitar o atendimento preventivo.
Da mesma forma, o teste de rápido de gravidez é ofertado para todas as usuárias do SUS, incluindo
as adolescentes - saiba mais em Cuidando de Adolescentes: orientações básicas para a Saúde Sexual e
a Saúde Reprodutiva Diante das recentes mudanças paradigmáticas que ocorreram no âmbito da Saúde,
é necessário pôr em prática o objetivo de fortalecer a capacidade de enfrentamento ao preconceito e à
discriminação relacionados à orientação sexual, que experienciam adolescentes LGBT.
Essa preocupação se reflete na publicação Saúde e Sexualidade de Adolescentes: Construindo
equidade no SUS, que tem como objetivo dar visibilidade ao tema e fomentar o seu debate no SUS.

SAÚDE DO ADOLESCENTE

Os adolescentes105 atravessam um processo dinâmico e complexo de maturação. As transformações


corporais, o surgimento de novas habilidades cognitivas e seu novo papel na sociedade são
determinantes do questionamento de valores dos adultos que os cercam.
Por isso, eles se predispõem a novas experiências testando atitudes e situações, que podem ameaçar
sua saúde presente e futura, como por exemplo: acidentes, gravidez não planejada, doenças sexualmente
transmissíveis, uso de drogas e distúrbios alimentares.
Independentemente da razão que faz com que o adolescente/jovem procure o serviço de saúde, cada
visita oferece ao profissional a oportunidade de detectar, refletir e auxiliar na resolução de outras questões
distintas do motivo principal da consulta.
A entrevista é um exercício de comunicação interpessoal, que engloba a comunicação verbal e a não
verbal. Para muito além das palavras, deve-se estar atento às emoções, gestos, tom de voz e expressão
facial do cliente.
Todos os adolescentes e jovens deverão receber esclarecimentos a respeito de seu crescimento físico
e desenvolvimento psicossocial e sexual. Deve ser enfatizada a importância de se tornarem ativamente
participantes nas decisões pertinentes aos cuidados de sua saúde.
Na abordagem da prevenção de acidentes de trânsito, o profissional de saúde deve orientar os jovens
a não dirigir alcoolizados, bem como sob os efeitos de substâncias psicoativas, e que sempre usem cintos
de segurança. Devem aconselhar também que evitem provocações e revides em situações conflituosas
em vias públicas, e que tenham cuidado na travessia de ruas movimentadas ou cruzamentos.
As vantagens da realização de atividade física regular deverão ser reforçadas, incluindo seu papel na
promoção da saúde física e mental e como fator de socialização. No entanto, deve-se alertar quanto à
necessidade do adequado condicionamento físico antes de exercícios ou práticas esportivas.
Os adolescentes deverão receber esclarecimentos sobre cuidados com a saúde oral, hábitos
nutricionais adequados, incluindo os benefícios de uma alimentação saudável e da manutenção do peso
ideal.
As consultas são momentos privilegiados para o aconselhamento de práticas sexuais responsáveis e
seguras. O uso de preservativo deve ser enfatizado como prática indispensável na prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis e de infecção pelo HIV. Esta é também uma oportunidade de esclarecimento

105
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescente_competencias_habilidades.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


382
de dúvidas, de conversar sobre a importância do afeto e do prazer nas relações amorosas e para alertar
sobre situações de risco para abuso e/ou exploração sexual.
De acordo com os protocolos de controle de pressão arterial, todos os adolescentes e jovens deverão
ter sua pressão arterial aferida anualmente. Aqueles com história familiar de hipercolesterolemia deverão
ser investigados com dosagens séricas de colesterol total, bem como os adolescentes que apresentarem
múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular (fumantes, hipertensos, obesos, diabéticos ou os
que consomem uma dieta rica em gorduras saturadas e colesterol).
O consumo de cigarros, álcool/drogas e anabolizantes deve ser investigado nas consultas para a
adoção de medidas preventivas e, se necessário, encaminhamento. Outros assuntos importantes são as
dificuldades escolares e no trabalho. Essa abordagem deverá ser desenvolvida de forma criativa, não se
revestindo de um caráter inquisitivo.
O bom senso determinará a melhor forma de relacionar as inúmeras questões aqui enunciadas, tendo-
se clareza de que não há obrigatoriedade de esgotar todos os tópicos em uma única ocasião.
A utilização de materiais educativos é de grande ajuda no desenvolvimento de ações preventivas.
Cabe ressaltar, entretanto, a importância da prévia adequação destes às realidades locais para que se
alcancem os objetivos propostos.
O acesso ao serviço de saúde é fundamental para que o adolescente busque tratamento em tempo
hábil. Além disso, ele necessita privacidade e confidencialidade na relação com os profissionais de saúde
como expressão de seu processo de individualização.
O importante não é se o profissional deve abrir uma informação oriunda de uma consulta, mas sim se
o adolescente consente com a quebra do sigilo, quer seja para a família ou para representantes da lei. O
sigilo da consulta deve ser assegurado por meio de um debate nos serviços visando a um consenso entre
os profissionais sobre as situações onde deva ser violado.

De acordo com a Associação Médica Americana (1997), as visitas de rotina de adolescentes e jovens
e suas famílias aos serviços de saúde configuram-se como oportunidades para:
1. Reforçar mensagens de promoção de saúde;
2. Identificar adolescentes e jovens que estejam sujeitos a comportamentos de risco ou que se
encontrem em estágios iniciais de distúrbios físicos e/ou emocionais;
3. Promover imunização adequada;
4. Desenvolver vínculos que favoreçam um diálogo aberto sobre questões de saúde.

Abordaremos a seguir as principais situações que os adolescentes enfrentam, ou podem ser


submetidos, e necessitam de um atendimento dos profissionais da área da saúde.

Puberdade

A puberdade, considerada uma etapa inicial ou biológica da adolescência, caracteriza-se pela


ocorrência de dois tipos de mudanças no sistema reprodutivo sexual.
Em primeiro lugar, as características sexuais primárias que nas meninas referem-se às alterações dos
ovários, útero e vagina; e nos meninos, testículos, próstata e glândulas seminais, experimentam
marcantes mudanças estruturais.
Em segundo lugar, acontece o desenvolvimento das características sexuais secundárias: nas meninas,
o aumento das mamas, aparecimento dos pelos pubianos e axilares; nos meninos, o aumento da genitália,
pênis, testículos, bolsa escrotal, além do aparecimento dos pelos pubianos, axilares, faciais e mudança
do timbre da voz.
Paralelamente à maturação sexual são observadas outras mudanças biológicas, como as alterações
no tamanho, na forma, nas dimensões e na composição corporal (quantidade da massa muscular e tecido
adiposo) e na velocidade de crescimento, que é o chamado estirão puberal106.

Principais características da puberdade


1. Crescimento: aceleração da velocidade de crescimento em altura e peso ou o estirão puberal (eixo
GH e IGF-I).
2. Mudanças das características sexuais secundárias e maturação sexual:
Eixo hipotalâmico-gonadotrópico-gonadal.

106
Este processo, marcado por alterações de diversas funções orgânicas, constitui o que se denomina processo de maturação corporal, que ocorre
simultaneamente com as transformações comportamentais e psicossociais, representando a adolescência.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


383
Gonadarca: aumento de mamas, útero e ovários nas meninas; e aumento da genitália, pênis e
testículos nos meninos, devido ao aumento dos esteroides sexuais, estrogênios nas meninas e
androgênios nos meninos.
Adrenarca: surgimento de pelos pubianos, pelos axilares e faciais devido ao aumento dos androgênios
produzidos pelas suprarrenais, e em maior quantidade nos meninos.
Estes fenômenos são interdependentes e mantêm uma associação temporal entre si.
3. Mudanças de composição corporal: aumento da massa gordurosa nas meninas e da massa
muscular nos meninos, e da proporção corporal entre os gêneros.
4. Outras mudanças corporais: voz, pressão arterial, maturação óssea, área cardíaca e respiratória,
várias enzimas relacionadas às atividades osteoblásticas e do crescimento, hematócrito, hemoglobina,
entre outras.

Puberdade feminina
O primeiro sinal da puberdade da menina consiste no aparecimento do broto mamário, este momento
é chamado de telarca podendo iniciar-se de modo unilateral, resultando numa assimetria mamária
temporária.
Geralmente seis meses após a telarca ocorre a pubarca ou adrenarca (surgimento dos pelos
pubianos). A menarca (primeira menstruação), fato marcante da puberdade feminina, ocorre em média
aos 12 anos e seis meses no Brasil, podendo variar de nove a 15 anos. A puberdade feminina envolve
toda uma transformação nos órgãos sexuais.
O útero, por exemplo, também cresce, para aconchegar o feto durante a futura gravidez. A composição
dos tecidos também sofre profunda mudança, especialmente com a deposição de tecido adiposo nos
quadris e no abdome.
Alterações no esqueleto, como o alargamento da bacia, completam o quadro da formação do contorno
feminino característico.

Puberdade masculina
No sexo masculino, o início da puberdade evidencia-se pelo aumento do volume dos testículos, o que
ocorre em média aos 10 anos e 9 meses, mas podendo variar de nove a 14 anos. Em seguida aparecem
os pelos pubianos, em torno dos 11 anos e 9 meses e o aumento do pênis.
Ao mesmo tempo, ou logo após o surgimento dos pelos, o pênis começa a aumentar em tamanho e
em espessura, e a glande se desenvolve. O processo culmina na maturação sexual completa, isto é, na
primeira ejaculação com sêmen (a semenarca), que ocorre por volta dos 14 a 15 anos de idade.
Antes, por volta dos 13 a 14 anos, é comum a polução noturna, ou ejaculação durante o sono. O
aparecimento dos pelos axilares e faciais dá-se mais tarde, em média aos 12,9 e 14,5 anos,
respectivamente.
O volume testicular pode ser avaliado por palpação comparativa com o orquidômetro de Prader
(conjunto-padrão de 12 elipsoides), considerando-se que se o volume encontrado for maior que 3ml ou
comprimento maior que 2,5cm, indica que o indivíduo iniciou sua puberdade, enquanto volumes de 12ml
ou mais são considerados adultos.

Nota: volume testicular = comprimento + largura em cm.

Acne

Acne é uma doença inflamatória crônica da unidade pilossebácea, multifatorial, com grande
polimorfismo lesional, caracterizada por comedões, pápulas, pústulas, menos frequentemente nódulos,
abscessos e cicatrizes.
Noventa por cento das pessoas acometidas são adolescentes. O pico da incidência e severidade
ocorre entre 14-17 anos na mulher e 16-19 anos no homem. A remissão espontânea da acne ocorre em
torno dos 20 anos. Entretanto, numa minoria de pacientes, a doença persiste na idade adulta.

Os fatores principais envolvidos são:


Aumento da produção sebácea: a atividade da glândula sebácea na acne é um processo androgênio
dependente, isto é, depende dos hormônios masculinos de origem adrenal e gonadal. Portanto, a
hipertrofia e a hipersecreção da glândula sebácea surgem na puberdade por ação dos hormônios
androgênicos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


384
Pacientes com acne, homens e mulheres, excretam mais sebo do que os indivíduos normais e há uma
correlação entre a gravidade da acne e a quantidade de sebo produzido. A maioria dos pacientes com
acne não tem qualquer anormalidade hormonal detectável.
Admite-se que a pele acneica tenha maior capacidade de metabolização do que a pele sã, produzindo
metabólitos mais ativos. Existe maior atividade da 5-redutase, que transforma a testosterona em di-
hidrotestosterona.

Queratinização folicular anormal: devido a uma hiperqueratinização, ocorre a obstrução do orifício


folicular, com formação do comedão fechado (cravo branco), que, associado à retenção sebácea, dá
origem ao comedão aberto (cravo preto).

Proliferação bacteriana e inflamação: com a obstrução do orifício folicular e a retenção sebácea, há


uma proliferação do Propionibacterium acnes. Estes, através de sua lipase, hidrolisam os triglicerídeos
do sebo em ácidos graxos livres, que são comedogênicos e causam inflamação.
A bactéria P. acnes também libera substâncias quimiotáticas que atraem neutrófilos para o folículo, os
quais liberam enzimas lisossomais. A parede folicular rompe-se e o conteúdo folicular extravasa na
derme, gerando inflamação aguda e crônica.

Tratamento
O tratamento da acne depende do grau de intensidade do acometimento cutâneo e da presença ou
não de inflamação. No início é importante enfatizar a importância da cooperação do paciente, visto que o
sucesso do tratamento depende do uso regular dos medicamentos por um tempo prolongado, evitando o
aparecimento de cicatrizes inestéticas permanentes. Existe atualmente medicamento que, em formas
graves do tipo III e IV, possibilita a cura da afecção, sem necessidade de esperar a evolução natural.

Fatores que podem piorar a acne:


• Fricção e pressão sobre as lesões causam rotura folicular e aparecimento de pápulas e pústulas;
• Cosméticos como cremes faciais podem levar à formação de comedões e pápulas;
• Exposição solar intensa e o uso de cremes anti actínicos podem provocar pápulas e pústulas, com
ausência ou poucos comedões;
• Uso excessivo de sabonetes pode ter ação comedogênica, pelos ácidos graxos, como também pelo
hexaclorofeno dos sabões medicamentosos;
• Medicamentos tópicos em cremes e pomadas pelos veículos com lanolina ou vaselina ou pelo
medicamento, principalmente corticoides, podem induzir a formação de comedões e pápulas;
• Óleos e graxas minerais diretamente ou impregnando os vestuários levam à oclusão dos óstios
foliculares, com aparecimento de pontos negros e formação de pápulas e nódulos inflamatórios
(elaioconiose);
• Medicamentos sistêmicos mais frequentemente responsáveis por erupções acneiformes são:
corticosteroides, esteroides anabolizantes, vitaminas B1, B6 B12 e D2, anticonvulsivantes, carbonato de
lítio, isoniazida, quinidina, tiouracil, tioureia, ciclosporina A, iodetos e brometos.

Nota: não há evidências de que a dieta tenha influência na acne, portanto, restrições alimentares não
são indicadas.

Obesidade

A obesidade, definida como um estado em que o percentual de gordura corporal no indivíduo se


encontra elevado, deve-se em última instância a um desequilíbrio entre a ingesta e o gasto de energia
nas 24 horas.
A adolescência corresponde a um período da vida no qual ocorrem profundas modificações no
crescimento e desenvolvimento do ser humano. Neste período, é extremamente difícil estabelecer uma
definição precisa para a obesidade e o excesso ponderal.
Durante o processo de crescimento e maturação, as proporções corporais, a massa óssea e a relação
entre tecido gorduroso e muscular sofrem variações de diferentes magnitudes e velocidades. Por
anteceder de imediato a idade adulta, a adolescência deve ser considerada de grande importância para
que se estabeleçam intervenções que evitem riscos futuros.
Filhos de pais obesos têm maior probabilidade de apresentar esta característica, o que sugere a
participação de um fator hereditário na fisiopatologia da obesidade.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


385
A obesidade para os adolescentes representa uma fonte de riscos biológicos e constitui-se em fonte
de sofrimento, uma vez que interfere na sua imagem corporal, relacionamento com amigos e parceiros
sexuais e até mesmo na inserção no mercado de trabalho.
O alimento e o modo de se alimentar representam, antes de mais nada, a cultura de um povo. No caso
de nós brasileiros, as origens portuguesas e africanas delinearam nosso cardápio: pratos ricos em
gorduras saturadas, carboidratos simples e carnes vermelhas salgadas. Acrescente-se a tudo isso a atual
situação econômica que privilegia a aquisição de alimentos rápidos e baratos, igualmente ricos em
gorduras e açúcares.
Dentro deste cenário o adolescente perpetua o que lhe é ensinado e oferecido: aqueles que têm acesso
à alimentação comem mal em quantidade e qualidade.
Não gastar as calorias adquiridas a partir da alimentação consiste num fator relevante na gênese e
manutenção da obesidade. A constituição física dos seres humanos é voltada para a atividade física:
andar, caçar etc. Hoje os avanços tecnológicos tornaram o homem cada vez mais sedentário, resultando
em maior armazenamento de calorias.
Os adolescentes permanecem por longos períodos do dia sem fazer qualquer atividade física, diante
de um aparelho de TV ou similares. Esta inatividade pode ser resultante de falta de oportunidades para
exercer outras atividades (lazer, trabalho, prática de esportes etc.) ou se deve a quadros de apatia e/ou
depressão.

Tratamento
No atendimento de saúde a adolescentes, alguns problemas são reconhecidos como multifacetados e
requerem uma abordagem multidisciplinar. A aplicação desta metodologia ao controle do peso melhora
as chances de um resultado positivo a longo prazo. É necessária a participação da equipe multidisciplinar
porque a obesidade é complexa e multicausal.

A adesão aos princípios que se seguem possibilita a um indivíduo manter o peso tão próximo do normal
quanto suas características fisiológicas permitirem:
• Normalizar (não restringir) o consumo de alimentos;
• Aumentar a movimentação corporal, especialmente os exercícios aeróbicos;
• Melhorar as condições sociais e emocionais.

O tratamento de adolescentes obesos é com frequência frustrante para o próprio adolescente e para
a equipe de saúde, uma vez que a maioria não conseguirá atingir o peso ideal para sua altura e idade.
No entanto, devemos lembrar que a simples interrupção da curva ascendente da obesidade já pode ser
considerada como sucesso terapêutico. Tornando mais lenta a razão de ganho de peso ou mantendo-se
o peso por todo o período da adolescência, o crescimento em estatura tira partido da oportunidade de
intervenção no estabelecimento de um peso mantido.
A focalização na perda de peso como objetivo a curto prazo não é razoável, devido à variação individual
no potencial fisiológico de perda de peso. O objetivo a curto prazo está relacionado, portanto, a uma
eficácia pessoal cada vez maior na adoção de hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis.
O adolescente não deve ficar mais de um mês sem atendimento, uma vez que sua adesão é o principal
fator de sucesso terapêutico.
O atendimento deve ser feito de forma individualizada, respeitando-se as características de cada
adolescente, através de consultas com os vários profissionais que compõem a equipe. Atividades de
grupo devem propiciar ao adolescente falar sobre a obesidade e outras questões que o angustiam, como
sexualidade, crescimento, projetos futuros e relacionamento familiar.
Em resumo, enfatizamos que a obesidade é uma condição prejudicial à saúde, acarretando
consequências maléficas a curto, médio e longo prazo. A magnitude do problema nos adolescentes e os
riscos potenciais à sua saúde, especialmente ao sistema cardiovascular, justificam a atenção
multidisciplinar com uma abordagem realista.
O tratamento deve ser planejado com ênfase na adesão do adolescente objetivando uma redução
gradual do Índice de Massa Corporal (IMC).

Substâncias Psicoativas

O uso de substâncias psicoativas pelos jovens tem aumentado, apesar dos riscos bem propagados e
da implementação de medidas preventivas e educativas abrangentes.
Os profissionais de saúde envolvidos no atendimento primário a crianças e adolescentes devem ser
capazes de identificar os estágios progressivos do abuso de substâncias, bem como as manifestações

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


386
de intoxicação e abstinência das diversas drogas, como estimulantes, depressores e perturbadores do
sistema nervoso central.
O abuso de substâncias está entre os problemas de saúde mais complexos e difíceis de diagnosticar
e abordar. A história cuidadosa, o exame físico completo e habilidoso, um índice elevado de suspeita e
uma relação de confiança com o paciente são fundamentais para a avaliação de um adolescente que
possa estar desenvolvendo os efeitos do abuso de substâncias.
Algumas vezes a confirmação qualitativa das substâncias psicoativas das quais o adolescente pode
estar abusando é obtida pelos ensaios laboratoriais dos líquidos orgânicos.
As indicações desses exames são: monitorar a abstinência em programas de tratamento; casos de
suspeita de intoxicação aguda (ataxia, entorpecimento, sonolência, delírios, agitação, alucinação, coma,
convulsões, dor torácica ou arritmia); e exames antidoping em atividades esportivas.
O adolescente envolvido em acidente automobilístico grave, ou em algum acidente passível de
comprometimento do seu raciocínio, deve ser submetido a uma testagem para verificar a possibilidade
de uso de drogas.
O teste fornece apenas evidência do uso recente de substâncias, mas não indica o padrão de utilização
da droga (via, frequência, dose ou ocasião do último uso), nem o nível de disfunção ou susceptibilidade
à dependência das drogas.
Confirmado o consumo este deve ser caracterizado quanto ao tipo, frequência, via, idade de início,
tratamento anteriores e duração dos períodos de abstinência (caso existam). Deve-se perguntar sobre
consumo de medicamentos psicotrópicos prescrito por médicos na infância e outros transtornos
psiquiátricos e comorbidade.

As drogas psicotrópicas são classificadas em três grupos, de acordo com a atividade que exercem no
cérebro:
• Depressores (álcool, tranquilizantes, ansiolíticos, opiáceos e inalantes);
• Estimulantes (nicotina, cafeína, anfetaminas ou bolinhas e cocaína);
• Perturbadores (tetrahidrocanabinol - THC) ou maconha, cogumelos, lírio ou trombeta, mescalina,
Dietilamina do Ácido Lisérgico (LSD), ecstasy e anticolinérgicos.

A falta de informação é um dos motivos que permitem alguém experimentar drogas. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), cinco fatores propiciam o abuso de drogas:
• Falta de informação sobre o problema;
• Dificuldade de inserção no meio familiar e/ou no trabalho;
• Insatisfação com a qualidade de vida (vida sedentária e/ou carência de opções de lazer);
• Problemas de saúde;
• Facilidade de acesso às drogas.

A pessoa que usa uma droga busca na substância nela contida os possíveis efeitos agradáveis, mas
toda droga tem seus efeitos adversos ou colaterais, advindos da intoxicação ou abstinência.
Quando se fala em uso de drogas é necessário distinguir-se entre uso, abuso e dependência. A
frequência do consumo ajuda a diferenciar o tipo de usuário. A experimentação não envolve repercussões
na saúde física ou psíquica do indivíduo, fato que ocorre na categoria de abuso.
Entre aqueles que abusam de substâncias podemos distinguir níveis segundo a frequência do
consumo: o usuário leve é aquele que já usou drogas, mas no último mês o consumo não foi diário nem
semanal; o moderado é o que faz uso frequente, mas não diário; e o grave ou dependente é aquele que
faz uso diário de droga.
A identificação dos dependentes é feita avaliando-se a quantidade e os efeitos da droga na qualidade
de vida da pessoa.
A presença de pelo menos três dos seguintes aspectos caracteriza o estágio de dependência:
presença de compulsão pelo uso de drogas; consciência desta compulsão; consumo além do que
pretendia; tentativas repetidas de reduzir a quantidade consumida sem sucesso; redução nas horas de
lazer e na freqüência ao trabalho (escola) devido ao tempo gasto tentando obter e consumir drogas;
consumo para atenuar os sintomas de abstinência e a necessidade de doses crescentes para obter o
mesmo efeito (fenômeno de tolerância).

Tratamento
Os usuários de droga não devem ter receio de procurar ajuda de um profissional, porque estão
protegidos pelo sigilo previsto no Código Brasileiro de Deontologia Médica.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


387
Uma vez diagnosticada a dependência de drogas, deve-se incentivar o adolescente a iniciar um
tratamento. É fundamental que o paciente queira se tratar e para isso o primeiro passo é o estímulo que
o profissional de saúde tenta imprimir com vistas à motivação do paciente.
O tipo de tratamento é geralmente ambulatorial e envolve múltiplas abordagens, desde a individual
psicanalítica à terapia familiar, terapia ocupacional, complementada pelos grupos de mútua ajuda. As
internações são indicadas nos casos graves: falência do tratamento ambulatorial, uso injetável, ideações
suicidas, surtos psicóticos.
A eficácia dos diferentes tipos de tratamento ainda é tema controverso na medicina, não existindo
ainda um método 100% eficaz. Mas não há dúvida de que algum tratamento é melhor do que nenhum,
pela redução nas taxas de morbimortalidade relacionada ao consumo de drogas (overdose, suicídios,
acidentes, infecções) e dos índices de desemprego e criminalidade entre os dependentes que aderem
aos programas terapêuticos.
Os tratamentos que recebem maior adesão são aqueles que utilizam maior quantidade de recursos do
programa e/ou quando há envolvimento de algum familiar do paciente (terapia de família ou atendimentos
às mães).
A permanência de um paciente em tratamento possibilita a investigação pormenorizada de sua história,
o estabelecimento de vínculos terapêuticos mais estreitos, a escolha apropriada do esquema de
tratamento dentro do conhecimento disponível à época (matching) e no caso de instituições de pesquisa,
contribui para o avanço do conhecimento.

Depressão

A depressão tem sido registrada desde a antiguidade, a começar pelo rei Saul, personagem bíblico,
ou então, na história de Ajax, encontrada na Ilíada, de Homero; ambos os textos descrevem uma
síndrome depressiva.
A depressão, quando se inicia na adolescência, tem maior probabilidade a reincidências e quando não
tratada adequadamente, tende ao curso crônico e arrastado, com desempenho acadêmico deficiente e
interrupção ou atrasos no desenvolvimento psicossocial. Encontramos nesse estágio o abuso de drogas
e álcool, suicídio e o transtorno da conduta associados ao quadro depressivo.
O aparecimento de um estado depressivo, durante a adolescência, apresenta-se de forma aguda e
nitidamente delineado, quando comparado ao das crianças, que tende a ser insidioso e de difícil precisão.
Tipicamente, mania, hipomania e ciclotimia começam durante ou após a puberdade, mas
provavelmente o início da doença depressiva ocorreu antes da pubescência.
O início do episódio depressivo pode ser difícil de diagnosticar, pois muitas vezes esses jovens são
viciados em drogas e só aparece o quadro de depressão após a desintoxicação, em que os sintomas
psiquiátricos podem ser adequadamente avaliados.
O sentimento de querer sair de casa ou de não ser compreendido e aprovado, a inquietação e a
agressividade são sintomas comuns. O enfado, a relutância em cooperar nas atividades em família e o
retraimento social levam o adolescente a isolar-se no seu quarto.
As dificuldades na escola, como a desatenção ao professor e à matéria dada, alheados ao descuido
com a aparência pessoal e a emotividade aumentada geram uma particular sensibilidade à rejeição.
As alucinações, quando presentes, são compatíveis com o humor depressivo: uma única voz, de
conteúdo depreciativo e mesmo suicida, falando de fora da cabeça do indivíduo. As ilusões depressivas
assumem os temas de culpa, doença física, morte, punição merecida, inadequação pessoal ou
perseguição.
Torna-se evidente que os transtornos de humor se concentram nas mesmas famílias. Quanto mais
parentes de 1.º e de 2.º graus apresentarem transtornos do humor, maior a probabilidade de sua prole
ser afetada e mais precoce será a idade de aparecimento.
O fato de um pai ser deprimido duplica o risco da prole e, quando ambos os pais são depressivos,
quadriplicam as chances de uma criança vir a desenvolver um transtorno do humor, antes dos 18 anos.
As recaídas dos pais afetam diretamente a relação com essa criança jovem que crescerá em um meio
fragilizado, aprendendo a usar esse tipo de resposta e também se afetando com essa relação.

Tratamento
A farmacoterapia conjugada à psicoterapia tem se revelado o tratamento mais eficiente do que o
emprego de um desses em separado. A indicação de antidepressivo deve ser clara e precisa, uma vez
que, ainda não se descobriu a pílula da felicidade, nem o remédio capaz de curar todos os males d’alma.
A hospitalização está indicada nos casos com risco de vida, pois o comportamento suicida requer a
proteção contra os seus próprios impulsos.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


388
Sexualidade na Adolescência

A sexualidade, uma das características mais importantes do ser humano, está presente desde os
primórdios da vida. O ser humano é movido por suas pulsões libidinais direcionadas à busca do prazer e
estas se manifestam muito precocemente.
Manifestações sexuais podem ser visualizadas em imagens ultrassonográficas de fetos do sexo
masculino, como por exemplo a ereção peniana. Já as meninas desde os primeiros dias de vida
apresentam lubrificação vaginal. Estes comportamentos são uma demonstração da potencialidade
biológica para o desenvolvimento da sexualidade.
Sensações sexuais estão presentes durante todo o desenvolvimento da criança, desde a
amamentação até o início pubertário, quando então há uma intensificação destas sensações. É com a
chegada da puberdade, com o desenvolvimento físico, que o ser humano se torna apto a concretizar a
sexualidade plena através do ato sexual propriamente dito, que permite tanto obter prazer erótico como
procriar.
Apesar da sexualidade ser definida como um conjunto de fenômenos que permeia todos os aspectos
de nossa existência ela é vista inicialmente como um fenômeno biológico. Porém, sabe-se que é também
social e psicológico e só pode ser compreendido quando situado no âmbito e nas regras da cultura em
que se vive.
Em cada sociedade são diferentes as proibições e permissividades em relação à atividade sexual. No
processo de adaptação cultural do ser humano, o controle da sexualidade é um dos aspectos centrais.
Praticamente todas as culturas impõem alguma forma de restrição ao comportamento sexual.
Em nossa sociedade sexo ainda é um tabu e os problemas relativos à sexualidade são muito
frequentes. Acompanhar desde cedo o processo de desenvolvimento pode ajudar o adolescente a
prevenir problemas futuros como abuso sexual, gravidez não desejada, promiscuidade ou dificuldades
sexuais propriamente ditas como frigidez, impotência sexual, ejaculação precoce, etc.
O comportamento sexual de um indivíduo depende não só da etapa de desenvolvimento em que se
encontra, como do contexto familiar e social em que vive. Na atualidade, a sociedade tem fornecido
mensagens ambíguas aos jovens, deixando dúvidas em relação à época mais adequada para o início das
relações sexuais.
Ao mesmo tempo em que a atividade sexual na adolescência já é vista como um fato natural,
largamente divulgado pela mídia, que estimula a aceitação social da gravidez fora do casamento, ainda
se veem a condenação moral e religiosa ao sexo antes do matrimônio e atitudes machistas rejeitando as
mulheres não virgens.
Este contexto dificulta o relacionamento entre as moças, de quem são cobradas atitudes castas, e os
rapazes, que têm de provar sua masculinidade precocemente, com o início muitas vezes prematuro da
atividade sexual, por pressão social.
Outro aspecto importante é a defasagem existente entre a maturidade biológica, alcançada mais cedo,
e a maturidade psicológica e social que cada vez mais tarde se torna completa. Perante este quadro os
jovens se encontram perdidos, sem um parâmetro social claro de comportamento sexual e com uma
urgência biológica a ser satisfeita em idade precoce.
Durante a adolescência é comum observarmos uma fase de homossexualidade, em que as meninas
convivem com suas amigas intimamente, trocando confidências e os meninos buscam parceiros para
brincadeiras e vivências.
É uma fase de experimentação sexual, que geralmente não influi na identidade sexual adulta futura. A
identidade sexual adulta se define, e se confirma durante todo o processo evolutivo pela identificação.
Segundo a teoria psicanalítica, na infância existe uma bissexualidade que vai sendo substituída pela
identidade sexual masculina ou feminina à medida que ocorrem as transformações biológicas do corpo e
as condutas psicológicas e sociais são apreendidas. A moda unissex mostra claramente a ambivalência
da definição sexual na adolescência.
Através da roupa e do cabelo pode-se ver como o jovem expressa seus conflitos de identificação
sexual. Portanto é normal que na adolescência apareçam períodos de predomínio de aspectos femininos
no menino e masculinos na menina. A posição heterossexual adulta exige um processo de flutuação e
aprendizagem de ambos os papéis.
As experiências homossexuais ocasionais entre adolescentes não podem ser consideradas
patológicas, pois é um processo de angústia da definição sexual.
Um adolescente pode procurar um serviço de saúde para esclarecer dúvidas em relação a seu corpo
ou ao funcionamento de seus órgãos genitais. Porém ele também pode procurar este serviço com queixas
somáticas ou dificuldades de relacionamento em algum ambiente social que tem como pano de fundo um

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


389
problema de natureza sexual. Portanto, em qualquer atendimento de um adolescente em um serviço de
saúde a questão da sexualidade deve ser abordada.
A orientação a ser dada pelo profissional de saúde não pode ser preconceituosa e nem carregada de
códigos morais ou religiosos.
Devem ser utilizadas de preferência terminologias próprias e não gírias. É necessário orientar o
adolescente e sua família sobre as transformações que ocorrem em seu corpo, sobre as sensações
sexuais, o caráter normal da masturbação, da curiosidade sexual, do tamanho dos órgãos genitais e sobre
o ato sexual propriamente dito e suas consequências.
Enfatizar que o ato sexual envolve duas pessoas, é de caráter íntimo e privado e que ambas têm que
estar de acordo com o que está sendo feito e, portanto, prontas para assumir as responsabilidades
advindas deste.
No caso de adolescentes que já tenham atividade sexual genital, ou estejam prestes a iniciá-la, estes
devem ser orientados quanto à anticoncepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
O profissional de saúde deve estar aberto e disponível a responder perguntas que o adolescente ou
sua família possam ter. É importante também ser continente às angústias por que passam nessa etapa
da vida.

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)107

Estima-se que dois terços de todas as DST/IST ocorram em pessoas com menos de 25 anos de idade.
Por causa de fatores biológicos e comportamentais, os adolescentes correm risco especialmente elevado
de contrair doenças/infecções sexualmente transmissíveis e ter sequelas graves e a longo prazo. Essas
sequelas podem mudar suas vidas, podendo se desenvolver a partir de infecções não diagnosticadas e
não tratadas.
Os fatores de alto risco em adolescentes incluem ter novos ou múltiplos parceiros sexuais e não usar
preservativo por vários motivos. A inexperiência com preservativos também pode levar a mais acidentes
com preservativos, como a ruptura causada pelo armazenamento em local quente, a abertura da
embalagem com os dentes, unhas compridas para colocar preservativos, uso de preservativo de tamanho
errado ou a incapacidade de segurar o preservativo ao retirá-lo.
Além disso, alguns adolescentes não desejam revelar que mantêm atividade sexual. Se surgirem
sinais/sintomas de uma DST/IST, eles podem erroneamente percebê-los como sendo normais,
consequentemente atrasando o tratamento médico.
Fatores biológicos e comportamentais colocam os adolescentes em alto risco. Devido à anatomia
feminina, as adolescentes são mais suscetíveis a doenças/infecções sexualmente transmissíveis do que
os homens.
Durante a adolescência e o início da vida adulta, as células epiteliais colunares das mulheres são
especialmente sensíveis à invasão por microrganismos sexualmente transmissíveis, como Chlamydia e
Neisseria gonorrhoeae. Isso ocorre porque essas células se estendem sobre a superfície vaginal do colo
do útero, onde não têm a proteção do muco cervical. Essas células recuam para um local mais protegido
conforme as mulheres envelhecem.
Do ponto de vista comportamental, adolescentes e jovens adultos tendem a pensar que são invencíveis
e negam os riscos de seu comportamento. Esse comportamento de risco os expõe a DST/IST e infecção
por HIV/AIDS. Os adolescentes frequentemente têm relações sexuais desprotegidas, mantêm
relacionamentos por períodos curtos e enfrentam muitos obstáculos que os impedem de usar o sistema
de saúde.

Conduta de enfermagem
A prevenção das DST/IST na adolescência é essencial. Os profissionais de saúde têm uma
oportunidade única para fornecer aconselhamento e orientação a seus clientes. A enfermagem que
trabalha com adolescentes precisa transmitir a sua vontade de discutir hábitos sexuais. Quaisquer
interações com a cliente precisam ser diretas e imparciais.
É preciso fornecer orientação efetiva e promover a saúde sexual, de modo que as infecções primárias
ou de repetição possam ser evitadas. Os adolescentes suportam encargos desproporcionais quando se
trata de doenças/infecções sexualmente transmissíveis, de modo que são necessárias orientações para
ajudá-los a proteger seu futuro reprodutivo.

107
RICCI, S. C. Enfermagem Materno-Neonatal e Saúde da Mulher. Guanabara Koogan, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


390
Ações específicas a serem tomadas incluem:
• Incentivar a cliente a concluir os antibióticos prescritos;
• Adaptar o estilo e o conteúdo de qualquer mensagem ao nível de desenvolvimento da cliente;
• Identificar os fatores de risco e comportamentos de risco e orientar a cliente a desenvolver ações
individualizadas específicas de prevenção;
• Incentivar a adolescente a adiar o início das relações sexuais pelo maior tempo possível; contudo, se
ela optar por ter relações sexuais, explique a necessidade do uso de métodos de barreira, como o
preservativo masculino ou feminino. Para as adolescentes que já tiveram relações sexuais, o médico pode
incentivar a abstinência neste momento. Se as adolescentes são sexualmente ativas, devem ser
encaminhadas para clínicas de adolescentes e as opções de contracepção devem ser explicadas. Nas
unidades sem ambulatório específico para adolescentes, a enfermeira deve sentir-se confortável
discutindo sexualidade, segurança e contracepção com as adolescentes. Incentive-as a minimizar o
número de parceiros sexuais ao longo da vida, a usar métodos de barreira de modo consistente e correto
e a se conscientizar da conexão entre o uso de substâncias psicoativas e bebidas alcoólicas e o uso
incorreto dos métodos de barreira.

HIV na Adolescência108

A história natural da infecção pelo HIV e suas manifestações clínicas ainda não são completamente
conhecidas na adolescência. Os adolescentes que se infectam por contato sexual ou por drogas injetáveis
parecem seguir um curso clínico mais similar aos adultos do que às crianças.
Por outro lado, adolescentes infectados por transmissão vertical ou por via parenteral na infância têm
um curso clínico próprio, diferente dos outros adolescentes e dos adultos sobreviventes de longo prazo.
Atualmente, a maioria dos adolescentes infectados contraiu a infecção pelo HIV por via sexual e
encontra-se em estágios relativamente precoces da infecção, determinando a inquestionável importância
da prevenção da infecção neste grupo etário.
Encontramos, entretanto, uma minoria significativa de pacientes que atingem a adolescência em
estágios já avançados da doença, sejam oriundos de transmissão vertical, sexual ou parenteral.
Não há padrões definidos para a avaliação de rotina do adolescente com suspeita de HIV. Recomenda-
se uma avaliação ao longo de várias consultas, a qual deve ser a mais completa possível, incluindo
história médica, revisão de sistemas, exame físico e testes laboratoriais de rotina.
Além de avaliação psicossocial e informação sobre os diferentes aspectos e implicações da infecção
pelo HIV, incluindo aconselhamento pré e pós-teste. É fundamental estabelecer se uma relação de
confiança entre o médico e o paciente e, sempre que possível, a família deve estar envolvida neste
processo. É importante uma abordagem multidisciplinar.
Frequentemente encontram-se problemas sociais graves, como ambos os pais soropositivos ou
adolescentes órfãos de um ou ambos os pais. Devido à complexidade dos tratamentos antirretrovirais
hoje disponíveis e o papel fundamental da adesão ao tratamento para o sucesso terapêutico, o papel da
abordagem multidisciplinar não pode ser negligenciado.

Distúrbios Menstruais na Adolescência

A irregularidade menstrual é comum na adolescência. Cerca de 50% dos ciclos menstruais são
anovulatórios nos primeiros dois anos após a menarca.
Uma das explicações para a presença de ciclos anovulatórios seria uma imaturidade fisiológica do eixo
hipotálamo hipofisário gonadal, representada pela ausência de feedback positivo do estradiol sobre a
secreção de LH, impedindo assim a formação do pico do LH necessário à ovulação.

Merecem avaliação as pacientes que apresentem sangramento vaginal anormal em duração,


frequência ou quantidade. Padrões de sangramento:
- Menstruação normal: fluxo menstrual com duração de três a oito dias, com perda; sanguínea de 30
a 80ml; ciclo com duração média de 26 a 34 dias;
- Menstruação anormal: sangramento que ocorre a intervalos de 21 dias ou menos, com mais de sete
dias de fluxo e/ou volume igual ou maior que 80ml.

A causa mais comum de irregularidade menstrual dois anos após a menarca Síndrome dos Ovários
Policísticos (SOP), que habitualmente cursa com oligomenorreia. Outros padrões de irregularidade

108
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescente_competencias_habilidades.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


391
menstrual também podem ocorrer como hipermenorreia, amenorreia secundária e até amenorreia
primária, nos casos onde há grande hiperandrogenismo.

Métodos Contraceptivos

Anticoncepção não é uma questão simples em nenhuma faixa etária, muito menos na adolescência.
Não existe, até o momento, método anticoncepcional ideal, absolutamente eficaz e desprovido de riscos
ou de efeitos indesejáveis, independentemente de atributos biológicos e/ou psicossociais. Portanto, a
orientação referente à escolha do método deve ser particularizada, em função do perfil de cada
adolescente, de suas condições de saúde, momento de vida e preferências. Para isto, recomenda-se a
realização de consulta com médico ou profissional de saúde habilitado.
Através de anamnese cuidadosa e exame clínico criterioso, ele poderá identificar fatores de risco para
determinados métodos e conhecer a situação de vida da adolescente, seu grau de conhecimento a
respeito de cuidados de saúde, reprodução, métodos anticoncepcionais e, principalmente, seus
pensamentos e sentimentos a respeito de gravidez e da maternidade. É nesse primeiro contato que
começa a se estabelecer o vínculo da adolescente com o serviço de saúde. Esta é a situação desejável.
Entretanto, não é rara a situação em que a adolescente inicia sua atividade sexual antes de obter esse
tipo de assistência. Existem normas e conceitos gerais que devem ser difundidos através de atividades
educativas na escola e na comunidade e que possibilitam a adoção de um cuidado preventivo, mesmo
quando a adolescente não teve acesso à orientação personalizada. A dificuldade de acesso à assistência
médica não deve constituir obstáculo absoluto a esses cuidados.

Ao prescrever ou orientar o uso de qualquer método anticoncepcional, é importante considerar as


seguintes variáveis:
• Eficácia: considerar que a taxa de falha real, verificada com o uso típico (como é normalmente
utilizado), tende a ser maior do que a teórica, associada ao uso perfeito;
• Aceitabilidade: a participação ativa da adolescente na escolha do método é essencial à adesão ao
método e continuidade do uso;
• Disponibilidade: além da prescrição do método, é importante que a adolescente seja orientada sobre
como e onde obtê-lo. Existem diversos programas oficiais de distribuição gratuita de pílulas, camisinhas,
diafragmas e outros métodos. Caso não haja disponibilidade no local de atendimento, a adolescente pode
ser encaminhada a um desses programas;
• Facilidade de uso e manuseio: a orientação referente ao manuseio e aplicação dos métodos pode
ser feita através de atividades educativas de grupo ou de forma individual, durante o atendimento médico;
• Reversibilidade: definida como a capacidade de recuperar a fertilidade após a interrupção do
método. O método escolhido na adolescência deve ser reversível, sempre que possível;
• Inocuidade: fundamental no processo decisório, uma vez que o ato médico não deve causar dano
ao paciente. Cabe ao médico zelar para que a escolha não recaia sobre métodos que possam prejudicar
a saúde da adolescente.

Métodos de Barreira

Os métodos de barreira evitam a gravidez impedindo o acesso dos espermatozoides ao útero, através
de obstáculos mecânicos, químicos ou mistos. Conhecidos há muito tempo, os mais populares são os
preservativos masculinos.
Embora sejam de baixa eficácia anticonceptiva quando comparados aos métodos hormonais, sua
utilização vem sendo altamente recomendada, graças ao efeito protetor contra DST/HIV/aids.

a) Preservativos masculinos - camisinha


Método considerado de baixo custo e acesso relativamente fácil, podendo ser adquirido em farmácias,
supermercados e outros estabelecimentos comerciais, sem prescrição médica. Podem também ser
obtidos gratuitamente nas unidades de saúde.
Os preservativos mais populares são os de látex, mas existem exemplares de poliuretano e de pele de
carneiro. A eficácia do preservativo masculino depende do seu uso correto, da motivação para usá-lo e
da qualidade do produto.

b) Preservativo feminino
Consiste em uma bolsa cilíndrica de poliuretano fino, transparente e macio. Possui anéis leves e
flexíveis em cada extremidade. Um deles, fechado, deve ser inserido dentro da vagina e o outro, aberto,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


392
deve permanecer do lado de fora após a inserção, protegendo os lábios da vagina e a base do pênis
durante o ato sexual.
O produto é pré-lubrificado com silicone e só deve ser utilizado uma vez. Não deve ser usado com
preservativo masculino, devido à possibilidade de aderência entre os dois dispositivos e consequente
deslizamento ou ruptura.

c) Diafragma
Consiste em um dispositivo circular, macio, de borracha (látex) ou silicone, côncavo com borda flexível,
que cobre o colo uterino. Tem várias numerações (tamanhos que correspondem ao diâmetro da borda) e
três tipos diferentes de borda (plana, enrolada e em arco).
Para se saber o tamanho adequado a cada mulher, deve ser realizada uma medição por profissional
de saúde capacitado (para técnica detalhada de colocação, ver manual Assistência em Planejamento
Familiar - MS 2002).
Pode ser colocado imediatamente ou algumas horas antes (menos de seis) da relação sexual, devendo
permanecer na vagina por no mínimo oito horas depois da última relação sexual com penetração.
Se houver mais de uma relação consecutiva, recomenda-se aplicação vaginal de dose adicional de
geleia espermicida com a ajuda de um aplicador, sem mexer no diafragma, que não deve permanecer na
vagina por mais de 24 horas. Não é aconselhável fazer lavagens vaginais, banhos de assento ou de
banheira, antes da retirada do diafragma. A água pode dissolver o espermicida, tornando-o sem efeito.

d) Dispositivo Intrauterino (DIU)


É um dispositivo de plástico mole e flexível, revestido de cobre ou hormônio, inserido no útero da
mulher através da vagina. É um dos métodos mais utilizados em todo o mundo. Trata-se de método
anticoncepcional reversível e de boa eficácia. Os mais utilizados na atualidade são os de cobre.
O mecanismo de ação envolve diversas alterações espermáticas, ovulares, cervicais, endometriais e
tubárias, levando à inibição da fertilização.
A inserção do DIU pode ser feita em qualquer época do ciclo menstrual, preferentemente durante o
período menstrual, quando as condições cervicais são mais propícias e a possibilidade de gravidez,
significativamente menor.
As complicações associadas à inserção do DIU incluem dor, reação vagal, sangramento, laceração do
colo, perfuração e bacteremia transitória. Outras complicações e efeitos colaterais associados ao uso do
DIU são: infecção, expulsão, sangramento anormal e gravidez ectópica.
O DIU é contraindicado nas seguintes condições: suspeita de gravidez, anemia, doença cardíaca
valvular, sangramento fora do período menstrual, dismenorreia, sangramento intenso durante a
menstruação, câncer genital, anomalias da cavidade uterina, mulheres que convivem com o HIV, história
prévia de gravidez ectópica ou infecção pélvica, alergia ao cobre (para os revestidos de cobre).
Em mulheres adolescentes, só se recomenda o uso do DIU para aquelas que já tiveram pelo menos
uma gestação (terminada ou não em parto). A aplicação do DIU em adolescentes nulíparas é controversa,
devido ao possível risco de infecção com comprometimento das trompas e consequente esterilidade e
pelo maior risco de expulsão.
É importante orientar a adolescente a respeito da possibilidade de ocorrência de cólicas e aumento do
fluxo no período menstrual, após a colocação do DIU, assim como alertá-la para sinais e sintomas
indicativos de expulsão.
Torna-se relevante conversar, também, sobre as complicações, tais como: febre sem explicação, dores
na região hipogástrica, dor à relação sexual, sangramento fora da menstruação, corrimentos vaginais,
disúria, atraso menstrual ou sintomas de gravidez.
Em qualquer dessas situações, ou ainda diante de sintomas sugestivos de infecção no parceiro
(corrimento uretral, ardência à micção), a adolescente deve procurar atendimento médico imediatamente.

Grávida Adolescente109

A adolescência vai do início da puberdade à cessação do crescimento físico, aproximadamente dos


11 aos 19 anos de idade. A adolescente oscila entre ser criança e ser adulta. Durante esse período, ela
precisa se ajustar às mudanças fisiológicas que seu corpo está passando e estabelecer uma identidade
sexual. A adolescente procura sua identidade pessoal e tem desejos de liberdade e independência de
pensamento e ação. No entanto, continua tendo uma forte dependência de seus pais.

109
RICCI, S. C. Enfermagem Materno-Neonatal e Saúde da Mulher. Guanabara Koogan, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


393
O impacto da gravidez na adolescência é evidente nas taxas de morbidade e mortalidade materna e
perinatal. No entanto, além da idade envolvida na gestação precoce, esse impacto também reflete as
condições prévias, como desnutrição, doenças infecciosas e inadequação nos cuidados de saúde
prestados às adolescentes grávidas. O impacto mais importante reside na área psicossocial: contribui
para a perda da autoestima, a destruição de projetos de vida e a manutenção do círculo de pobreza.
Os adolescentes constituem um grupo singular, com necessidades especiais relacionadas com o seu
estágio de desenvolvimento. A gravidez na adolescência pode ser uma situação emocionalmente difícil,
carregada de dilemas éticos e decisões. Temas como a abstinência, o sexo seguro, o aborto e a decisão
de ter um filho são questões muito delicadas.
A gravidez na adolescência é uma área na qual as convicções morais da enfermagem podem
influenciar os cuidados que ela presta às clientes. A enfermagem precisa examinar suas próprias crenças
em relação à sexualidade na adolescência para identificar presunções pessoais. Deixar de lado sua
convicção moral pode ser difícil, mas isso é necessário quando se trabalha com adolescentes grávidas.
Para serem efetivos, os profissionais da saúde precisam ser capazes de se comunicar com as
adolescentes de modo que possam compreendê-las e respeitá-las como pessoas.

Uma adolescente precisa realizar determinadas tarefas de desenvolvimento para avançar para o
próximo estágio de maturidade. Essas tarefas de desenvolvimento incluem:
• Buscar estabilidade econômica e social;
• Desenvolver um sistema de valores pessoais;
• Construir relacionamentos significativos com outras pessoas;
• Tornar-se confortáveis com seu corpo, que está passando por mudanças;
• Trabalhar para tornar-se independente de seus pais;
• Aprender a verbalizar conceitos.

As adolescentes têm necessidades especiais enquanto se esforçam para cumprir suas tarefas de
desenvolvimento e fazer uma transição suave para a idade adulta jovem. Uma das maiores áreas de
necessidade é a saúde sexual.
As adolescentes geralmente não têm informações, habilidades nem os serviços necessários para fazer
escolhas informadas em relação à sua saúde sexual e reprodutiva. Do ponto de vista do desenvolvimento,
as adolescentes estão tentando descobrir quem são e como se encaixam na sociedade. Conforme
amadurecem, seus pais se tornam menos influentes e os colegas tornam-se mais relevantes.
Como resultado, ocorre a gravidez não planejada. A dedicação às tarefas de desenvolvimento da
adolescência, especialmente a identidade, pode ser interrompida enquanto a adolescente tenta integrar
as tarefas da gestação, o vínculo e o preparo para cuidar de outro ser com as tarefas para desenvolver a
sua identidade e independência.
A adolescente grávida precisa tentar atender às suas próprias necessidades, juntamente com as de
seu feto. O processo de aprender a separar-se dos pais, enquanto aprende a se vincular e apegar a uma
criança, traz conflito e estresse. A gravidez pode agravar o sentimento da adolescente de perda do
controle e desamparo.
Para as adolescentes, como para todas as mulheres, a gestação pode ser um tempo física, emocional
e socialmente estressante. A gestação muitas vezes é o resultado e a causa de problemas sociais e
estressores que podem ser esmagadores para elas.
A enfermagem precisa apoiar as adolescentes durante a transição da infância para a idade adulta, o
que é complicado pela maternidade. Ajude a adolescente a identificar familiares e amigos que querem se
envolver e dar apoio durante a gestação.
Ajude a adolescente a identificar as opções para essa gestação, como abortar, cuidar sozinha da
criança, contar com famílias de acolhimento temporário para o recém-nascido ou para si mesma ou
disponibilizar a criança para adoção. Explore com a adolescente por que ela ficou grávida.
É necessário saber o motivo pelo qual ela decidiu ter um filho para ajudar no desenvolvimento da
adolescente e de sua capacidade como mãe. Identifique barreiras à busca por cuidados pré-natais, como
a falta de transporte, muitos problemas em casa, preocupações financeiras, a longa espera por uma
consulta e a falta de sensibilidade por parte do sistema de saúde. Incentive a adolescente a definir metas
e trabalhar em direção a elas.
Ajude-a a voltar para a escola e a se graduar. Conforme o caso, faça encaminhamento para um
aconselhamento de carreira ou trabalho.
Informe que o bem-estar físico da adolescente é importante tanto para ela quanto para o feto em
desenvolvimento, que depende dela para suas próprias necessidades de saúde. Auxilie na organização
dos cuidados, incluindo o manejo do estresse e o autocuidado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


394
O fato de ter um recém-nascido saudável facilita um pouco a transição para a maternidade, em vez de
ter que lidar com o estresse de cuidar de um recém-nascido não saudável. Monitore o ganho ponderal,
os padrões de sono e repouso e o estado nutricional para promover desfechos positivos para a mãe e a
criança.
Saliente a importância de participar de aulas de orientação pré-natal. Forneça orientações adequadas
com base no nível de desenvolvimento da adolescente e enfatize a importância dos cuidados pré-natal e
de acompanhamento continuados. Monitore o bem-estar materno e fetal durante a gestação e o trabalho
de parto.

Pré-Natal110

O objetivo do pré-natal é assegurar que a gravidez transcorra sem intercorrências e termine com o
nascimento de um bebê saudável, sem o comprometimento da saúde da adolescente, em todos os seus
aspectos.
A assistência pré-natal deve ser realizada por profissionais qualificados, capazes de estabelecer um
vínculo com a gestante, para que ela entenda a necessidade de realização dos exames, do
comparecimento às consultas e, em última instância, de assumir o compromisso do seu próprio cuidado.
O pré-natal deve começar o mais cedo possível para que as medidas profiláticas tenham eficácia. O
exame físico geral e o especializado podem detectar doenças subclínicas não diagnosticadas
previamente possibilitando tratamento oportuno, prevenindo complicações.
Na gestação as adolescentes costumam estar mais receptivas a orientações de saúde. Muitas vezes
este é primeiro contato com um serviço de saúde. Além disso, este é um momento de assiduidade ao
serviço pelas características próprias da assistência pré-natal.
Deve-se encarar esta situação como uma oportunidade de atenção integral à adolescente; além das
orientações sobre a gravidez, o parto e cuidados com o recém-nascido e aleitamento, é importante buscar
mudanças no comportamento no sentido de que esta adolescente passe a ter uma postura preventiva em
relação a seu bem-estar biológico, social e psicológico.
Na primeira consulta do pré-natal é feita uma avaliação geral, buscando identificar possíveis fatores
de risco maternos e perinatais. O obstetra deve procurar conquistar a confiança da adolescente e
estabelecer um bom vínculo com ela. A anamnese deve incluir dados socioeconômicos, culturais,
emocionais, físicos e familiares.
O exame físico e os complementares possibilitam determinar a idade gestacional, identificar doenças
associadas (anemias, infecções, cardiopatias, nefropatias, diabetes, endocrinopatias e outras) e avaliar
o estado nutricional.
A adolescente deverá ser orientada quanto à atividade física, cuidados com o corpo, alimentação,
atividade sexual, risco do uso de drogas, e sobre como conviver melhor com as chamadas queixas
próprias da gravidez.
Durante a gestação ocorrem modificações fisiológicas de adaptação, podendo causar desconforto e
que não devem ser confundidas com sinais de doenças. As queixas mais frequentes incluem alterações
do apetite, sialorreia, pirose, náuseas, constipação, palpitações, lipotimia, polaciúria, leucorréias, dores
lombares, insônia, cãibras, estrias e parestesias.
Recomenda-se que as consultas subsequentes sejam agendadas de 15 em 15 dias, até a 35a semana,
quando passarão a ser semanais. A avaliação clínica inclui a medida da altura do fundo uterino, a ausculta
dos batimentos fetais, o ganho ponderal, a aferição da pressão arterial e o estado nutricional.
Manifestações clínicas indicativas de complicações obstétricas como toxemia gravídica, rotura
prematura de membranas, infecções do trato urinário, DST, anemias e desnutrição devem ser
rotineiramente pesquisadas: cefaleia, alterações visuais, edema, dormência, dor abdominal, náuseas,
vômitos, leucorreia, disúria, hemorragia, ganho ponderal excessivo e perda de peso.
Em torno da 28a semana, deverá ser feita nova avaliação laboratorial: hemograma completo, sorologia
para sífilis, rastreamento de intolerância à glicose, exame de elementos anormais e sedimento. Exames
complementares, como USG, Cardiotocografia (CTG) basal, dopplerfluxometria, utilizados para avaliação
da idade gestacional, vitalidade e viabilidade fetal serão realizados quando necessário.
O exame vaginal será realizado rotineiramente no final da gestação para avaliar a apresentação fetal,
a pelve e as condições do colo uterino ou sempre que necessário.
A nutrição assume papel de suma importância no acompanhamento pré-natal da adolescente, devendo
a orientação ser ajustada a cada adolescente. Em termos gerais, o ganho ponderal total durante a
gravidez deve se situar em torno de 10 a 12kg. A maior demanda de cálcio, ferro e ácido fólico durante a

110
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescente_competencias_habilidades.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


395
gravidez deve ser considerada, bem como as necessidades próprias da adolescência, na elaboração do
programa nutricional da adolescente gestante.
O preparo para amamentação é fundamental durante o pré-natal. Devemos orientar as adolescentes
em relação à importância do aleitamento materno para sua saúde e do recém-nascido e desmistificar
determinados tabus, como mamas pequenas não têm leite, prejuízo na estética da mama (o que mais
interfere na estética da mama é a hereditariedade, a idade e por último a gravidez).

Questões

01. (Prefeitura de Resende/RJ - Agente Comunitário de Saúde - CONSUPLAM/2019) Atualmente,


existem diversos métodos contraceptivos disponíveis para evitar uma gravidez indesejada e até mesmo
doenças sexualmente transmissíveis (DST). Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um método
contraceptivo de barreira:
(A) Dispositivo Intrauterino (DIU).
(B) Diafragma.
(C) Preservativo masculino.
(D) Anel vaginal.

02. (IF/ES - Enfermeiro - IF/ES/2019) A adolescência é marcada por um complexo processo de


crescimento e desenvolvimento biopsicossocial. Assinale a afirmativa INCORRETA:
(A) A ocorrência da menarca significa que a adolescente atingiu o estágio de função reprodutora
completa, sendo os ciclos iniciais ovulatórios.
(B) A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evolutivas da maturação óssea, que
acompanham a idade cronológica no processo de crescimento, sendo considerada como um indicador
da idade biológica.
(C) Na puberdade, chama atenção a hipertrofia e a hiperplasia de células musculares, mais evidentes
nos meninos. Este fato justifica a maior força muscular no sexo masculino.
(D) A primeira manifestação de puberdade na menina é o surgimento do broto mamário. É seguido do
crescimento dos pelos pubianos e pelo estirão puberal.
(E) Os hormônios foliculoestimulante e luteinizante (FSH e LH) atuam sobre o ovário e iniciam a
produção hormonal de estrógeno e progesterona, responsáveis pelas transformações puberais na
menina.

03. (AL/GO - Técnico em Enfermagem do Trabalho - IADES/2019) A adolescência corresponde a


um período da vida no qual ocorrem profundas modificações no crescimento e desenvolvimento do ser
humano. Nesse período, é extremamente difícil estabelecer uma definição precisa para a obesidade e o
excesso ponderal. Durante o processo de crescimento e maturação, as proporções corporais, a massa
óssea e a relação entre tecido gorduroso e muscular sofrem variações de diferentes magnitudes e
velocidades. Com relação à obesidade na adolescência, assinale a alternativa correta.
(A) Filhos de pais obesos não têm maior probabilidade de apresentar essa característica, contrariando
o que sugere a participação de um fator hereditário na fisiopatologia da obesidade.
(B) A relação cintura-quadril compreende o quociente entre a menor circunferência entre o gradil costal
e a cicatriz umbilical e a maior circunferência da extensão posterior da região glútea. Quanto maior essa
relação, menor a probabilidade de complicações clínicas, ou seja, o predomínio de tecido adiposo na
região abdominal está associado a uma incidência maior de hipertensão arterial, diabetes melito, doença
coronariana e dislipidemias.
(C) O Índice de Massa Corporal (IMC = peso (Kg)/ altura2 (m2 )) costuma ser um bom indicador de
magreza ou excesso ponderal na adolescência e, por isso, é utilizado frequentemente em estudos
epidemiológicos.
(D) A obesidade, para os adolescentes, não representa uma fonte de riscos biológicos, porém constitui-
se em fonte de sofrimento, uma vez que interfere na respectiva imagem corporal, relacionamentos com
amigos e parceiros sexuais e até mesmo na inserção no mercado de trabalho.
(E) A aplicação de metodologia para controle do peso melhora as chances de um resultado positivo a
longo prazo, com restrição do consumo de alimentos e aumento da movimentação corporal,
especialmente por meio de exercícios aeróbicos.

04. (SEDF - Professor de Educação Básica - Enfermagem/2017) No que se refere à consulta de


enfermagem, julgue o item seguinte.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


396
O enfermeiro deve comunicar-se de forma eficaz com o adolescente, estabelecendo um diálogo
respeitoso, que inclui medidas e orientações preventivas como elemento da consulta, a fim de esclarecer
questões de saúde e situações vulneráveis e promover o empoderamento e o protagonismo do
adolescente em decisões pertinentes aos cuidados com sua saúde.
( ) Certo
( ) Errado

05. (EBSERH - Enfermeiro - AOCP). Durante consulta de Enfermagem, um adolescente de 15 anos


revela ao Enfermeiro um fato e pede sigilo sobre ele. Observando que o menor tem capacidade de
discernimento e que o fato não acarretará danos ou riscos a esse adolescente, o Enfermeiro
(A) tem o dever de manter sigilo sobre o fato.
(B) tem o dever de comunicar os pais ou responsáveis, pois se trata de menor de idade.
(C) tem o direito de revelar aos que convivem com o adolescente o fato ocorrido.
(D) tem o dever de revelar o fato somente se solicitado pelo Conselho Tutelar.
(E) tem o direito de revelar o fato, se solicitado por alguma autoridade.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.C / 04.Certo / 05.A

Comentários

01. Resposta: B
Os métodos de barreira evitam a gravidez impedindo o acesso dos espermatozoides ao útero, através
de obstáculos mecânicos, químicos ou mistos. Conhecidos há muito tempo, os mais populares são os
preservativos masculinos, assim como o diafragma e o dispositivo intrauterino (DIU).

02. Resposta: A
A menarca (primeira menstruação), fato marcante da puberdade feminina, ocorre em média aos 12
anos e seis meses no Brasil, podendo variar de nove a 15 anos. A puberdade feminina envolve toda uma
transformação nos órgãos sexuais.

03. Resposta: C
O tratamento deve ser planejado com ênfase na adesão do adolescente objetivando uma redução
gradual do Índice de Massa Corporal (IMC).

04. Resposta: Certo


De acordo com a Associação Médica Americana (1997), as visitas de rotina de adolescentes e jovens
e suas famílias aos serviços de saúde configuram-se como oportunidades para:
1. Reforçar mensagens de promoção de saúde;
2. Identificar adolescentes e jovens que estejam sujeitos a comportamentos de risco ou que se
encontrem em estágios iniciais de distúrbios físicos e/ou emocionais;
3. Promover imunização adequada;
4. Desenvolver vínculos que favoreçam um diálogo aberto sobre questões de saúde.

05. Resposta: A
O importante não é se o profissional deve abrir uma informação oriunda de uma consulta, mas sim se
o adolescente consente com a quebra do sigilo, quer seja para a família ou para representantes da lei. O
sigilo da consulta deve ser assegurado por meio de um debate nos serviços visando a um consenso entre
os profissionais sobre as situações onde deva ser violado.

Saúde da Pessoa Idosa: Prevenção e Promoção à Saúde Integral111

Na legislação brasileira, é considerada idosa a pessoa que tenha 60 anos ou mais de idade. Para
comprovar a idade, basta apresentar um documento oficial com foto, como a carteira de identidade ou a
carteira nacional de habilitação.

111
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-da-pessoa-idosa

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


397
Diretrizes da saúde da pessoa idosa
A Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde é responsável pela implementação
da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, normatizada pela Portaria GM/MS nº 2.528, de 19 de
outubro de 2006). Nesse contexto, a política tem como principais diretrizes:
- Envelhecimento ativo e saudável;
- Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
- Estimulo às ações intersetoriais;
- Fortalecimento do controle social;
- Garantia de orçamento;
- Incentivo a estudos;
- Pesquisas.

Estatuto do Idoso
O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) é uma iniciativa inovadora na garantia de direitos da pessoa
idosa, fruto de forte mobilização da sociedade, e abrange as seguintes dimensões:
- Direito à vida;
- À liberdade;
- Ao respeito;
- À dignidade;
- À alimentação;
- À saúde;
- À convivência familiar e comunitária.

O Estatuto do Idoso destina-se a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.

Como prevenir quedas em pessoas idosas


Quedas são frequentes em pessoas idosas, mas podem ser evitadas com alguns cuidados.
Geralmente, esses tombos provocam fraturas, traumatismo craniano, contusão muscular e,
principalmente, o medo de cair novamente. Para evitar que tais situações aconteçam e coloquem a
qualidade de vida da pessoa idosa em questão, tome as seguintes precauções:
- Evite tapetes soltos;
- As escadas e os corredores devem ter corrimão dos dois lados;
- Use sapatos fechados com solados de borracha;
- Coloque tapete antiderrapante no banheiro;
- Evite andar em áreas com piso úmido;
- Evite encerar a casa;
- Evite móveis e objetos espalhados pela casa;
- Deixe uma luz acesa à noite, caso você se levante;
- Espere que o ônibus pare completamente para você subir ou descer;
- Coloque o telefone em local acessível;
- Utilize sempre a faixa de pedestres;
- Se necessário, use bengalas, muletas ou instrumentos de apoio. O importante é a sua segurança.

Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa


A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um instrumento estratégico de qualificação da atenção à
pessoa idosa, objetiva contribuir para a organização do processo de trabalho das equipes de saúde e
para a otimização de ações que possibilitem uma avaliação integral da saúde da pessoa idosa,
identificando suas principais vulnerabilidades e oferecendo orientações de autocuidado.
É um instrumento proposto para auxiliar no bom manejo da saúde da pessoa idosa, sendo usada tanto
pelas equipes de saúde, quanto pelos idosos, seus familiares e cuidadores. Também é instrumento de
cidadania e de relevância para os indivíduos idosos, pois “empoderam” os sujeitos sobre sua saúde e
direitos.
O plano de cuidados estabelecido a partir da avaliação multidimensional se aplica ao indivíduo, mas
também subsidia a tomada de decisões do ponto de vista coletivo, pois fornece recursos e informações
para estruturar as ações de uma Unidade de Saúde no que se refere à população adscrita. É muito
importante que seu preenchimento ocorra por meio de informações cedidas pela pessoa idosa, seus
familiares e/ou cuidadores, para compor o Plano de Cuidado.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


398
A Caderneta permite o registro e o acompanhamento, pelo período de cinco anos, de informações
sobre dados pessoais, sociofamiliares, condições de saúde, hábitos de vida, identificando suas
vulnerabilidades, além de ofertar orientações para o seu autocuidado. Sendo assim não é necessário que
seja substituída todos os anos.
A Caderneta permite a identificação das necessidades de saúde de cada idoso e do potencial de risco
e graus de fragilidade, o que é fundamental para a elaboração do projeto terapêutico singular e para o
seu acompanhamento com resolutividade na atenção básica. Trata-se de um instrumento que auxilia na
estratificação dos idosos de acordo com sua capacidade funcional.
A Caderneta também conta com uma ficha espelho (resumo da caderneta) contendo dados gerais a
serem preenchidos e anexados ao prontuário da pessoa idosa na atenção básica. Através das
informações registradas na ficha espelho as equipes de saúde podem fazer levantamento do perfil dos
idosos cobertos no território, identificando as situações de maior vulnerabilidade.
Trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada pelas equipes da atenção básica para o
planejamento e monitoramento de suas ações.

Alimentação saudável
1º passo. Faça três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite de mais, faça
outras refeições nos intervalos. Procure fazer as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) em
horários semelhantes todos os dias. Nos intervalos entre essas refeições, prefira realizar pequenas
refeições saudáveis com alimentos frescos. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo,
procurando comer em locais limpos e onde você se sinta confortável, evitando ambientes ruidosos ou
estressantes.
2º passo. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. Inclua nas
principais refeições alimentos como arroz, milho, batata, mandioca/macaxeira/aipim. Esses alimentos são
as mais importantes fontes de energia e, por isso, devem ser os principais componentes das principais
refeições, devendo-se dar preferência às suas formas integrais. As atividades de planejar as compras de
alimentos, organizar a despensa doméstica e definir com antecedência o cardápio da semana podem
contribuir para a sua satisfação com a alimentação. Em supermercados e outros estabelecimentos, utilize
uma lista de compras, para não comprar mais do que o necessário.
3º passo. Inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia. Frutas, legumes e
verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras. Por que razão, eles devem estar presentes diariamente
na sua alimentação. O consumo desses alimentos contribui para diminuir o risco de várias doenças e
ajuda a evitar a constipação (prisão de ventre). Feiras livres, “sacolões” ou “varejões” são boas opções
para a compra de alimentos frescos da safra (época) e com menor custo.
4º passo. Coma feijão com arroz, de preferência no almoço ou no jantar. Esse prato brasileiro é uma
combinação completa e nutritiva e é a base de uma alimentação saudável. Varie os tipos de feijões usados
(preto, manteiga, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e use também outros tipos de
leguminosas (como soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha ou fava). Se você tem habilidades culinárias,
procure desenvolvê-las e partilhá-las com familiares e amigos. Se você não tem tais habilidades, converse
com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a
internet e descubra o prazer de preparar o seu próprio alimento. Para evitar o desperdício, cozinhe
pequenas porções e congele o alimento sempre que isso for possível, para a sua utilização em dias
posteriores.
5º passo. Lembre-se de incluir carnes, aves, peixes, ovos, leite e derivados em pelo menos uma
refeição durante o dia. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação
torna esses alimentos mais saudáveis. Os leites e derivados são ricos em cálcio, que ajuda no
fortalecimento dos ossos. Já as carnes, as aves, os peixes e os ovos são ricos em proteínas e minerais.
Quanto mais variada e colorida for a sua alimentação, mais equilibrada e saborosa ela será.
6º passo. Use pouca quantidade de óleos, gorduras, açúcar e sal no preparo dos alimentos. Esses
ingredientes culinários devem ser usados com moderação para temperar alimentos e para criar
preparações culinárias. Procure evitar o açúcar e o sal em excesso, substituindo-os por temperos naturais
(como cheiro verde, alho, cebola, manjericão, orégano, coentro, alecrim, entre outros) e optando por
receitas que não levem açúcar na sua preparação.
7º passo. Beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos das refeições. A
quantidade de água que precisamos ingerir por dia é muito variável e depende de vários fatores, incluindo
a idade e o peso da pessoa, a atividade física que ela realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde
ela vive. É importante estar atento ao consumo diário de água para evitar casos de desidratação,
principalmente em dias muito quentes. Vale lembrar de que bebidas açucaradas (como refrigerantes e

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


399
sucos industrializados) não devem substituir a água. Uma dica é aromatizar a água com hortelã ou frutas,
como rodelas e cascas de laranja ou limão.
8º passo. Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos e chás industrializados), bolos e biscoitos
recheados, doces e outras guloseimas como regra da alimentação. Produtos ultra processados (como
biscoitos recheados, guloseimas, ‘salgadinhos’, refrigerantes, sucos industrializados, sopa e macarrão
‘instantâneos’, ‘tempero pronto’, embutidos, produtos prontos para aquecer) devem ser evitados ou
consumidos apenas ocasionalmente. Embora convenientes e de sabor pronunciado, esses e outros
produtos ultra processados tendem a ser nutricionalmente desequilibrados e, em sua maioria, contêm
quantidades elevadas de açúcar, gordura e sal.
9º passo. Fique atento (a) às informações nutricionais dos rótulos dos produtos processados e ultra
processados para favorecer a escolha de produtos alimentícios mais saudáveis. Os rótulos dos produtos
processados e ultra processados (como biscoitos, pães de forma, iogurtes, barras de cereais, entre
outros) são uma forma de comunicação entre esses produtos e os consumidores e contêm informações
importantes sobre a sua composição. Mais formas de esclarecimento podem surgir no diálogo com outras
pessoas no local de compra ou por meio do serviço de atendimento ao consumidor (SAC) ou, até mesmo,
em uma consulta com um profissional de saúde. Fique atento (a) para informações, orientações e
mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais, pois geralmente as propagandas
buscam aumentar a venda dos produtos, mas não informar.
10º passo. Sempre que possível, coma acompanhado (a) de alguém. A companhia de familiares,
amigos ou vizinhos na hora das refeições colabora para o comer com regularidade e atenção, proporciona
mais prazer com a alimentação e favorece o apetite. Escolha uma ou mais refeições na semana para
desfrutar da alimentação na companhia de alguém, mantendo o convívio social com as pessoas próximas.

Saúde bucal da pessoa idosa


Manter uma boa saúde bucal é importante para o seu bem-estar, a sua autoestima e a saúde geral do
seu corpo. Além disso, uma boca saudável é também aquela que proporciona uma boa mastigação, o
que é fundamental para uma boa digestão dos alimentos e uma melhor absorção dos nutrientes.
Para que se tenha um sorriso bonito e saudável, é preciso escovar os dentes todos os dias após cada
refeição e também uma última vez antes de dormir.

A higiene dos dentes deve ser feita utilizando-se uma escova de dentes de tamanho adequado, com
cerdas macias e creme dental com flúor:
- Complemente a escovação passando o fio dental entre todos os dentes;
- Escovar a língua também é muito importante, pois ela acumula restos alimentares e bactérias que
provocam o mau hálito. Faça movimentos cuidadosos com a escova, “varrendo” a língua da parte interna
até a ponta. Além de manter uma boa higiene bucal, também é preciso ter uma alimentação saudável e
ir ao dentista regularmente.

Cárie: é uma doença causada por bactérias que vivem na boca e utilizam o açúcar da nossa
alimentação para produzir ácidos que destroem os dentes. A cárie pode avançar e causar dor e
desconforto e até a perda do dente. Para prevenir o seu aparecimento, é importante ter uma boa higiene
bucal.

Doenças da gengiva: ocorrem principalmente pelo acúmulo de placa bacteriana (película viscosa e
incolor formada por bactérias e restos alimentares acumulados na superfície dos dentes e na gengiva).
Começa com a inflamação da gengiva, chamada de gengivite. Inicialmente, nota-se que a gengiva sangra.
Se a gengivite não for tratada, pode avançar e atingir o osso que sustenta o dente (periodontite), causando
a exposição da raiz do dente e mobilidade, podendo ocasionar a perda do dente.

Uso de prótese dental (dentadura/ponte móvel): na ausência dos dentes naturais, as próteses
dentárias são fundamentais para auxiliar a correta mastigação dos alimentos e a fala, além de manter o
equilíbrio das estruturas da face e das articulações. O seu uso exige cuidados especiais:
- Se você utiliza uma prótese parcial removível (ponte móvel), limpe-a fora da boca com sabão ou
pasta de dente pouco abrasiva e escova de dentes macia, separada para essa função. Antes de recolocá-
la na boca, escove os dentes e limpe a gengiva, o céu da boca e a língua;
- Se você utiliza prótese total (dentadura), limpe-a fora da boca com sabão ou pasta de dentes e
escova de dentes separada para essa função. Antes de recolocá-la na boca, limpe a gengiva, o céu da
boca e a língua. Recomenda-se ficar sem a prótese algumas horas durante o dia. O ideal é passar a noite
sem a prótese, mas se isso não for possível, faça o procedimento durante o banho ou em um momento

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


400
em que você esteja sozinho (a) em casa, por exemplo. Deixe-a sempre em um copo com água. Solicite
orientação ao dentista sobre outros produtos para complementar a limpeza das dentaduras. Devido ao
desgaste natural, a ponte móvel ou a dentadura precisará ser ajustada ou trocada após certo período de
tempo. Ela não está mais em perfeitas condições quando começa a ficar solta, quando a mastigação fica
difícil ou quando está irritando ou machucando a gengiva. Faça uma avaliação periódica com a equipe de
saúde bucal para verificar a adaptação de sua prótese e evitar o aparecimento de feridas.

Boca seca: a falta de saliva (boca seca) é uma queixa comum entre as pessoas idosas. Além de ser
uma manifestação comum ao envelhecimento, pode ser causada pelo uso de alguns medicamentos ou
por distúrbios na saúde. A boca seca pode causar maior risco para cárie dentária, incômodo no uso da
prótese, perda do paladar, mau hálito e dificuldades para falar, mastigar e engolir os alimentos. O
profissional de saúde bucal pode recomendar vários métodos para manter sua boca mais úmida, como
tratamentos ou remédios adequados para evitar a boca seca. Tomar água com frequência pode ajudar.

Lesões na boca: observe regularmente se existe alguma alteração nos lábios, nas bochechas, nas
gengivas, no céu da boca, na garganta, na superfície e abaixo da língua. Procure por manchas, caroços,
inchaços, placas esbranquiçadas ou avermelhadas ou feridas. Se você observar alguma alteração nova
em sua boca ou ferida que não cicatrize, mesmo que indolor, procure um dentista ou outro profissional de
saúde para realizar uma avaliação.

Uso e armazenamento de medicamentos


- Mantenha os medicamentos em lugares secos e frescos, seguros e específicos para este fim, fora
do alcance de crianças e animais;
- Evite guardar os medicamentos com produtos de limpeza, perfumaria e alimentos;
- Guarde na geladeira apenas os medicamentos líquidos, conforme orientação de um profissional de
saúde;
- Não guarde medicamentos na porta da geladeira ou próximo do congelador;
- A insulina, por exemplo, perde o efeito se for congelada;
- Se você utilizar porta-comprimidos para guardar os medicamentos, deixe somente a quantidade
suficiente para 24 horas;
- Os recipientes devem ser cuidadosamente mantidos limpos e secos;
- O armazenamento de medicamentos deve ser individualizado para evitar erros e trocas com
medicamentos de outras pessoas;
- Lave as mãos antes de manusear qualquer medicamento;
- Manuseie os medicamentos em lugares claros. Leia sempre os nomes para evitar trocas;
- É importante o uso regular dos medicamentos, observando os horários prescritos;
- Tome os comprimidos e as cápsulas sempre com água ou conforme a orientação de um profissional
de saúde;
- Consulte seu médico ou farmacêutico caso seja necessário partir ou triturar os comprimidos;
- Abra somente um frasco ou embalagem de cada medicamento por vez;
- Mantenha os medicamentos nas embalagens originais para facilitar sua identificação e o controle da
validade;
- Observe frequentemente a data da validade e não tome medicamentos vencidos;
- Consulte seu médico ou farmacêutico caso observe qualquer mudança no medicamento: cor, mancha
ou cheiro estranho;
- Utilize preferencialmente o medidor que acompanha o medicamento. Evite o uso de colheres
caseiras. Lave-o após o uso;
- Não passe o bico do tubo nas feridas ou na pele quando for utilizar pomadas. Você pode contaminar
o medicamento;
- Não encoste no olho ou na pele o bico dos frascos dos colírios e das pomadas para os olhos;
- Sempre leve todas as receitas, os exames e os medicamentos em uso para todos os atendimentos
médicos. Informe ao médico se você toma chás ou faz uso de plantas medicinais;
- Mantenha a receita médica junto com os medicamentos;
- Nunca espere o medicamento acabar para providenciar nova receita, para comprá-lo ou buscá-lo na
unidade de saúde;
- Os medicamentos suspensos ou antigos devem ser guardados em local separado dos medicamentos
em uso.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


401
ASSISTÊNCIA DO ADULTO AO IDOSO

A idade e as diferenças etárias112 estão entre as mais básicas e cruciais categorias que contribuem
para determinar o lugar que os seres humanos ocupam em uma determinada sociedade. Durante a vida,
o indivíduo passa por diversas faixas etárias e, em cada uma delas, adquire e usa diferentes capacidades
biológicas e intelectuais, e sofre influências culturais, assumindo papéis sociais quase sempre esperados
pelos outros membros da sociedade.
Entretanto, existem diferenças significativas nas formas como as vidas dos indivíduos são
periodizadas. Cada sociedade define os períodos que compõem o ciclo da vida dos seres humanos, que
sofrem influências culturais, sociais e históricas.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 196, prevê que “a saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação”.
Com o objetivo de cumprir esse comando constitucional, é sancionada a Lei Orgânica da Saúde (n.
8.080/90) que em seu art. 4° assegura a formação do Sistema Único de Saúde - SUS, constituído pelo
conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público,
permitindo a participação da iniciativa privada de maneira complementar.
O SUS tem por objetivo identificar e divulgar fatores condicionantes e determinantes da saúde, formular
políticas de saúde destinadas à redução de riscos de doenças e de outros agravos, assim como
estabelecer condições para assegurar o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada de atividades curativas e
preventivas.
Ele está ancorado nos princípios doutrinários da universalidade, equidade e integralidade nos serviços
e ações de saúde, e nos princípios operacionais da descentralização dos serviços, regionalização e
hierarquização da rede, e participação social.
Os serviços que destinam atendimento à saúde para o adulto no Brasil ainda estão centrados no
atendimento curativo, baseando-se na resolução de queixas em detrimento do modelo de atenção
focalizado em promoção da saúde e prevenção de doenças.
Portanto, contextualizar o adulto brasileiro com critério epidemiológico é identificar a composição de
doenças no panorama de saúde nacional e analisar as mudanças na composição da população humana
neste século.
Observam-se, nas últimas décadas, uma queda dos óbitos decorrentes de doenças infecciosas e o
aumento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, diabetes e neoplasias.
Tais doenças têm sido denominadas não-infecciosas, crônicas, não transmissíveis ou crônico-
degenerativas, por serem identificadas pela ausência de microrganismos no modelo epidemiológico, pela
não-transmissibilidade ao longo do curso clínico e por sua irreversibilidade.
Posto isso, veremos a seguir os Cuidados de Enfermagem do Adulto ao Idoso, diante das principais
doenças e agravos.

Cuidado de Enfermagem do Adulto ao Idoso

A análise da organização do sistema de atenção à saúde do adulto no Brasil apresenta dados sobre a
frequência de procedimentos realizados na atenção médica de rotina, demonstrando que, nessa faixa
etária, há um número maior de atendimentos ocasionados pelas doenças cerebrovasculares, seguido das
cardiovasculares, infarto agudo do miocárdio, diabete melito, hipertensão arterial e necessidades
especiais.
Destaca-se que o maior desafio para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros dessa faixa etária
é a garantia de melhores condições de vida e de maiores oportunidades de acesso a serviços de saúde
que limitem a dicotomia entre prevenção e tratamento.

Doenças Cerebrovasculares113

Acidente Vascular Cerebral


O Acidente Vascular Cerebral (AVC) popularmente conhecido como derrame, acontece quando um
vaso sanguíneo que está nutrindo uma região do cérebro é obstruído por um coágulo de sangue, chamado
112
BRETAS, A. C. P.; GAMBA, M. A.. Enfermagem e Saúde do Adulto. Manole, 2006.
113
RAMOS, S.; MANENTI, E.; FRIEDRICH, M. A. G.; SAADI, E. K.. Entendo as Doenças Cardiovasculares. Artmed. 2014.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


402
de isquêmico (AVC isquêmico), ou quando esse vaso se rompe, e nesse caso chamado de hemorrágico
(AVC hemorrágico), causando prejuízo aos neurônios e vias neuronais cerebrais, levando a sintomas e
sinais neurológicos conforme a área afetada.
No Brasil, o AVC é a principal causa de morte e incapacidades físicas e intelectuais em adultos. Desse
total, cerca de 80% são de AVC isquêmico, o que mostra a importância de se estar atento aos fatores de
risco para prevenir a sua ocorrência.

Os principais sintomas são:


- Perda súbita de forca de um lado do corpo, ou da forca em um braço, perna ou face isoladamente;
- Perda repentina de sensibilidade em um lado do corpo;
- Perda súbita da visão e/ou visão dupla;
- Dor de cabeça forte sem nenhuma causa aparente;
- Dificuldade súbita para caminhar, falar ou entender a fala;
- Confusão mental repentina.

Diversas doenças aumenta o risco de AVC, especialmente as cardiopatias, como a fibrilação atrial, a
insuficiência cardíaca, a doença ateromatosa (placas de gordura) na artéria aorta, nas carótidas e vasos
intracranianos. Obesos, hipertensos e dislipidêmicos (com colesterol e/ou triglicerídeos aumentados e/ou
HDL baixo) também são mais predispostos.
Outras condições como doenças no sangue (leucemias, purpuras), uso de anticoagulantes,
antiplaquetários, descongestionantes nasais com fenilefrina, portadores de aneurismas e malformações
arteriovenosas cerebrais também aumentam o risco.

O estilo de vida tem grande influência, os mais predispostos são:


- Os fumantes;
- Os que abusam de bebidas alcoólicas, de alimentação rica em carne vermelha, gorduras e sal;
- O uso de drogas ilícitas (como cocaína, heroína e crack);
- Stress crônico;
- Depressão.

O AVC do tipo isquêmico como hemorrágico são hereditários, quando são controlados os fatores de
risco o peso do componente genético é pequeno, e a chance de prevenção se torna muito grande.
O diagnóstico é feito essencialmente através da história clínica e do exame físico. Os sintomas,
geralmente, têm início de forma súbita. No ambiente hospitalar, o paciente com suspeita de AVC deve ter
seu atendimento priorizado.
Exames de sangue e de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética de
crânio, devem ser realizados o mais precocemente possível. O paciente ficará no leito monitorizado com
controle rigoroso dos sinais vitais por pelo menos 24 horas. É importante frisar que após o diagnóstico de
AVC, devemos procurar a sua causa. Para isso, exames cardiológicos, dos vasos extra e intracranianos,
além de outros, devem ser realizados.
Para os casos de AVC isquêmico é recomendado o uso de uma medicação (trombolítico) capaz de
dissolver o coágulo. Esse medicamento pode ser usado, na maioria dos casos, após 4 horas e meia do
início dos sintomas. Caso o paciente chegue depois desse período, ainda existem outras opções para
tentar desobstruir o vaso, como a retirada mecânica do coágulo através de um cateter que se insere no
vaso.
O manejo neurointensivo no AVC hemorrágico e a remoção neurocirúrgica do hematoma em casos
selecionados podem salvar a vida do paciente e reduzir sequelas definitivas. Nas primeiras 24/48 horas,
o paciente é mantido em uma unidade de terapia intensiva para melhor controle dos sinais vitais,
especialmente da pressão arterial.
O AVC pode ser prevenido na maioria dos casos, para isso as pessoas devem conhecer seus números,
da pressão arterial, dos colesteróis e da glicose. Evitar o vício do fumo e do álcool, ter uma alimentação
saudável à base de frutas, vegetais, carnes brancas (especialmente peixes), além da redução do
consumo de sal a menos de 6 g por dia. A redução do peso corporal é fundamental, devendo-se alcançar
valores de índice de massa corporal (IMC) inferiores a 25 kg/m2.
Atividade física no mínimo 30 min/dia, quatro vezes por semana, sempre após liberação médica.
Alguns pacientes necessitam utilizar outros medicamentos para reduzir o colesterol, além de AAS.
Indivíduos com fibrilação atrial podem necessitar usar anticoagulantes orais. O controle da pressão
arterial em casa é fundamental.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


403
O paciente necessita saber se está́ alcançando os alvos de redução propostos pelo seu médico com
dieta, exercício físico e, na maioria dos casos, com medicação associada. Atividades como meditação,
rezar com frequência, psicoterapia e, em casos selecionados, antidepressivos podem reduzir o risco do
fator psicossocial como causa de AVC.

Sistema Cardiovascular114

A cardiopatia é a principal causa de morte em idosos. Alterações relacionadas com a idade reduzem
a eficiência do coração, e contribuem para a diminuição da complacência do músculo cardíaco. Tais
alterações incluem: hipertrofia do miocárdio, que altera força e função ventricular esquerda; fibrose e
estenose das valvas; e diminuição das células marca-passo.
Como resultado, as valvas cardíacas se tornam mais espessas e mais rígidas, e o músculo e as artérias
do coração perdem sua elasticidade, resultando em volume sistólico reduzido. Depósitos de cálcio e
gordura se acumulam nas paredes de artérias e veias, que se tornam cada vez mais rígidas e tortuosas,
aumentando assim a resistência arterial, aumentando a carga de trabalho do coração.
Em circunstâncias normais, o sistema cardiovascular pode se adaptar às alterações normais
relacionadas com a idade, e uma pessoa idosa não apresenta qualquer redução significativa no
desempenho cardiovascular. No entanto, quando exigido, o sistema cardiovascular de uma pessoa idosa
é menos efetivo em condições de estresse e exercício, e quando são necessárias atividades de
manutenção da vida.
A avaliação cuidadosa dos adultos mais velhos é necessária, pois, muitas vezes, eles apresentam
sintomas diferentes daqueles observados em clientes mais jovens. Os adultos mais velhos são mais
propensos a ter dispneia ou sintomas neurológicos associados a cardiopatias, e podem apresentar
alterações do estado mental ou relatar sintomas vagos, tais como fadiga, náuseas e síncope.
Em vez da dor torácica subesternal típica associada à isquemia miocárdica, os adultos mais velhos
podem relatar sensação de queimação, dor ou desconforto agudo em uma área da parte superior do
corpo. Para complicar a avaliação, muitos idosos apresentam mais de uma doença subjacente.
Quando um cliente se queixa de sintomas relacionados com digestão e respiração e dor nos membros
superiores, deve-se suspeitar de cardiopatia. A ausência de dor em um cliente idoso não é um indicador
confiável da ausência de cardiopatia.
A hipotensão é uma preocupação. O cliente que experimenta hipotensão deve ser aconselhado a
levantar-se lentamente (da posição deitada para a sentada ou em pé), evitar fazer força ao defecar e
considerar fazer cinco ou seis pequenas refeições por dia, em vez de três, para minimizar a hipotensão
que pode ocorrer após uma grande refeição. Deve-se evitar temperaturas extremas, incluindo duchas
quentes e banhos em banheiras de hidromassagem.

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)115

Quando uma artéria coronária é obstruída, a parte do coração por ela irrigada sofre isquemia, que é a
privação de energia (glicose e oxigênio) para esse segmento de músculo.
Quando a isquemia se prolonga, as células do coração não conseguem manter sua integridade
funcional, perdendo assim a capacidade de realizar o trabalho de contração, posteriormente tornam-se
estruturas inviáveis e morrem. A morte de um segmento do músculo cardíaco caracteriza o que
conhecemos como infarto agudo do miocárdio (IAM).
O paciente com IAM apresenta os seguintes sintomas: uma angina de peito, em geral, intensa, súbita,
em repouso e sem fatores de alívio, acompanhada por náuseas, vômitos e suor excessivo. Portanto, trata-
se de uma situação grave que exige tratamento imediato em ambiente hospitalar, para que se possa
restabelecer o fluxo na coronária afetada e salvar a maior quantidade possível de miocárdio, bem como
a vida do paciente.
Quando nascemos, a camada interna das nossas artérias é lisa e fornece todas as condições para a
fluidez do sangue. Com o passar dos anos pode ocorrer um depósito de gordura, células e material
inflamatório na parede do vaso sanguíneo, que se denomina placa de ateroma conhecida como
aterosclerose. A aterosclerose é um processo sistêmico que acomete diferentes artérias do organismo,
tais como: aorta, carótidas, coronárias, artérias que irrigam os membros inferiores, entre outras.
Fatores como a hipertensão arterial, tabagismo, diabetes, obesidade, sedentarismo e dislipidemia
contribuem para a aceleração desse processo.

114
CHEEVER, K. H; BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. S.. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
115
RAMOS, S. MANENTI, E.; FRIEDRICH, M. A. G.; SAADI, E. K.. Entendo as Doenças Cardiovasculares. Artmed. 2014.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


404
O paciente com infarto agudo do miocárdio queixa-se de um sintoma vago, não definido como dor
(angina), mas como sensação de peso, opressão, sufocação ou falta de ar. Esse sintoma é chamado de
“equivalente anginoso”.
Alguns pacientes são mais propensos a apresentar infartos sem dor, especialmente os diabéticos de
longa data, principalmente quando já́ apresentam quadros de neuropatia periférica (doença que afeta os
nervos periféricos, responsáveis por levar as informações ao cérebro).

Tratamento
O infarto agudo do miocárdio deve ser tratado da forma mais rápida possível, com a desobstrução da
artéria coronária ocluída, já́ que quanto mais tempo se passa do momento da oclusão (início do infarto),
maior a quantidade de músculos que morrem ou necrosam, piorando o prognóstico do paciente.
Um dos tratamentos existentes é a trombólise química, que são medicações infundidas na veia e que
promovem a dissolução do coágulo da artéria coronária. O outro é a angioplastia coronariana primária
com ou sem implante de stent (pequena prótese inserida no interior de uma artéria), que é a desobstrução
mecânica da artéria coronária através de um cateter que é inserido na coxa ou no punho do paciente e
vai através da circulação até́ a coronária obstruída no coração do paciente infartado.

Diabete Melito (DM)116

O termo diabetes, geralmente se refere à diabetes mellitus, mas existem muitas outras condições raras
que também se chamam diabetes. A mais comum delas é a diabetes insípida (insípida significa “sem
gosto” em Latim) na qual a urina não é doce. Esta diabetes pode ser causada por danos aos rins ou à
glândula pituitária.
A diabetes insípida menos frequente, consiste em uma alteração do hipotálamo caracterizada pela
deficiência do hormônio antidiurético; não existe, portanto, alteração no metabolismo da glicose.
A diabetes mellitus caracteriza-se por um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos de múltiplas
etiologias: ocorre pela presença de hiperglicemia (aumento da glicose) crônica acompanhada de
alterações no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas, consequência tanto de defeito da
secreção de insulina pelo pâncreas como da ação insulínica.
O DM é uma alteração na produção ou ação da insulina, que é o principal hormônio produzido pelo
pâncreas, especificamente pelas células beta pancreáticas. Suas principais funções são a manutenção
da quantidade adequada de glicose no sangue e o armazenamento na forma de glicogênio no fígado e
nos músculos.

Existem tipos diferentes de diabete: tipo 1, tipo 2, tolerância à glicose diminuída e diabete gestacional
(DMG):
• Tipo 1: conhecido como insulinodependente ou infanto-juvenil, sua maior prevalência se dá em
crianças e jovens e é caracterizado pelo baixo nível de insulina. Ocorre em razão da destruição autoimune
das células beta pancreáticas. Os motivos que desencadeiam esse tipo de diabete são incertos. O
tratamento consiste no uso exógeno de insulina e na mudança dos hábitos de vida. Em razão da
característica dessa doença, há uma chance maior de ocorrer um tempo prolongado de exposição a níveis
elevados de glicose, o que potencializa o surgimento de complicações crônicas.
• Tipo 2: classificado anteriormente como diabete do adulto ou não-insulinodependente, é
caracterizado por níveis de insulina normais ou elevados, porém com frequente resistência periférica. É
mais prevalente em adultos com idade superior a 40 anos e obesos, no entanto esse perfil tem se alterado.
O diabete tipo 2 está intimamente relacionado aos hábitos do mundo moderno, como diminuição da
atividade física e alimentação inapropriada com aumento de obesidade. Essas alterações nos hábitos de
vida também são responsáveis por um número crescente de crianças e jovens acometidos pelo diabete
tipo 2.
• Tolerância à glicose diminuída: ocorre em pessoas que, usualmente, possuem glicemia de jejum
entre 100 e 125 mg/dl, porém, quando submetidas ao teste de tolerância à glicose, possuem glicemia
alterada.
• Diabete gestacional (DMG): ocorre durante a gravidez podenda persistir após o parto ou não. Decorre
da combinação do aumento da resistência e diminuição da secreção de insulina, quando comparadas a
outra gestante normal. Como complicações decorrentes do DMG pode haver crescimento excessivo fetal
(macrossomia), retardo da maturação pulmonar causando hipoxemia crônica, prematuridade e
poliidrâmnio.

116
BRETAS, A. C. P.; GAMBA, M. A.. Enfermagem e Saúde do Adulto. Manole, 2006.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


405
Tratamento
O tratamento do diabete exige uma abordagem complexa, e seu sucesso depende de motivação e
ajustes continuados, tanto dos pacientes quanto da família e da equipe. Deve haver mudança nos hábitos
de vida e incorporação de novas rotinas referentes à prática de atividade física, dieta balanceada e
cuidados com o corpo. O uso de medicamentos e da insulina exógena é necessário na maioria dos casos.
O portador de diabete deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional: enfermeiro, médico,
nutricionista, psicólogo, professor de educação física e dentista, entre outros.
Os profissionais atuam no tratamento clínico-medicamentoso e, também, têm a missão de
instrumentalizar, por meio da educação, o portador de diabete quanto ao autocuidado, visando a prevenir
os agravos da doença.
Opta-se pela terapia medicamentosa quando a atividade física e a dieta não são suficientes para
garantir um bom controle glicêmico e para todos os portadores do DM tipo 1. O mercado oferece inúmeras
opções para o tratamento, e cabe ao endocrinologista adequar a terapia ao perfil de cada paciente (tipo
de diabete, patologias associadas, atividade física, dieta, controle glicêmico, entre outros).

Medicamentos Orais:
• Sulfoniluréia - atua no estímulo da produção de insulina pelo pâncreas e no aumento dos receptores
de insulina no músculo e no tecido gorduroso, além de reduzir a produção de glicose pelo fígado. Deve
ser ingerido 30 minutos antes das refeições. Seu efeito depende da capacidade do pâncreas de produzir
insulina. Nomes genéricos: Clorpramida, Glibenclamida, Glicazida e Glimepirida.
• Biguanina - potencializa a ação da insulina por aumentar o número de receptores, diminui a produção
de glicose pelo fígado e sua absorção intestinal e apresenta efeito supressor sobre o apetite, razão pela
qual deve ser uma opção para os obesos. Deve ser ingerido logo após as refeições. Pode ser utilizado
em portadores de diabete tipo 1, pois não depende da ação do pâncreas. Contraindicação: insuficiência
hepática, renal e cardíaca. Nome genérico: Metformina. Nomes comerciais: Glucoformin e Glifage.
• Glitazona - possui a mesma função do anterior, diferenciando-se por não ser supressor do apetite.
Pode ser usado a qualquer hora do dia. Nomes genéricos: Rosiglitazona e Pioglitazona.
• Arcabose (inibidor da alfa-glicosidase) - retarda a absorção da glicose pelo intestino (atua no bloqueio
por competição em receptores de enzimas digestivas, situados na membrana ciliada do intestino delgado,
que hidrolisam em partículas menores o amido e a sacarose em monossacarídeos). Deve ser usado logo
no início da alimentação. Nome genérico: Arcabose.
• Metiglinida - atua na liberação de insulina pelo pâncreas, agindo de forma rápida e curta. Quando
ingerido antes das refeições, proporciona liberação de insulina semelhante a um pâncreas normal.
Indicado para correção de hiperglicemia pós-prandial. Nome genérico: Repaglinida e Nateglinida.
• Inibidor da lipase - impede a absorção de 30% da gordura ingerida, auxiliando na redução do
colesterol, triglicérides e no controle do peso; o que resulta na diminuição da resistência à insulina
auxiliando, indiretamente, no controle glicêmico. Nome genérico: Orlistat.

Outros Medicamentos
A insulina é um hormônio proteico constituído por 51 aminoácidos e tem por função básica a
manutenção da glicemia. A insulina exógena mais utilizada hoje para o tratamento do portador de diabete
é a humana semissintética.
A insulina exógena é essencial para o tratamento do portador de diabete tipo 1 e para gestantes
diabéticas; e uma opção para o tipo 2, quando o controle glicêmico adequado não é atingido com os
hipoglicemiantes orais.

Existem diversos tipos de insulina que variam de acordo com o tempo e pico de ação:
• Insulina ultrarrápida - por causa de seu rápido início de ação, é indicada, principalmente, para reduzir
a glicemia após as refeições. Pode também ser usada quando se constata um pico hiperglicêmico durante
o dia. Por essas características, é usualmente um complemento das insulinas NPH, lenta, ultralenta e a
glargina, que fazem o papel da insulina basal de nosso organismo. É a insulina utilizada na bomba de
insulina. Sua coloração é transparente.
• Insulina regular (R), rápida ou cristalina - possui rápido início de ação, embora não tanto quanto a
anterior; as indicações são as mesmas. Sua coloração é transparente.
• Insulina lenta (L) e NPH (N) - tem como função imitar a produção basal de insulina de que nosso
organismo necessita. Sua coloração é leitosa. Na prática, as duas têm o mesmo tempo de ação, variando
apenas em questões estruturais.
• Insulina ultralenta - como o próprio nome sugere, tem sua ação prolongada em relação aos outros
tipos de insulina. Aspecto leitoso. Usada mais em idosos, em pequenas doses.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


406
• Insulina glargina - não possui pico de ação, por isso este é o tipo que mais se aproxima do mecanismo
natural de produção pelo pâncreas. Tem como função manter a quantidade basal de insulina de que o
organismo necessita. Após as refeições, nosso organismo necessita de um maior aporte de insulina para
que a glicose consumida seja utilizada ou armazenada; por isso, é necessário o suplemento com insulina
rápida ou ultrarrápida. Não pode ser misturada na seringa com outro tipo de insulina. Produz menos
episódios de hipoglicemias noturnas em portadores de diabete tipos 1 e 2.
• Insulina pré-mistura - consiste na união de dois tipos de insulina, uma de ação basal e outra de ação
rápida, no mesmo frasco.

Para que a insulina conserve sua ação, seu armazenamento deve ser feito em temperatura ambiente
por até 6 semanas ou na porta da geladeira (2 a 8°C). Deve haver cuidado, pois a insulina nunca pode
ser congelada.
É recomendado retirar a insulina da geladeira cerca de 30 minutos antes de usá-la para diminuir a dor
no momento da aplicação. Observar sempre a coloração do frasco lembrando que as insulinas regular,
ultrarrápida, aspart e glargina são transparentes; e NPH, lenta e ultralenta, pela presença da protrombina,
têm coloração leitosa.
Considerando que alguns portadores de diabete dependem da aplicação diária de insulina, a técnica
da injeção subcutânea (SC) deve ser dominada por eles; por isso, cabe ao profissional de saúde orientá-
los quanto à técnica correta e à importância do rodízio dos locais de aplicação.
Independentemente do método de escolha para a aplicação de insulina, o rodízio do local é de extrema
importância para evitar a formação de hipertrofia da gordura subcutânea.
Convém o espaçamento de 3 cm do local de aplicação anterior. Os locais indicados são a região
posterior do braço, o abdome (respeitando o limite de cerca de três centímetros do umbigo), a porção
central da parte anterior da coxa e a região superior lateral externa das nádegas.
É importante lembrar que o tempo de absorção muda de acordo com o local de aplicação: abdome,
braço, coxas, nádegas. Outros fatores que podem acelerar a absorção são massagem e água morna no
local de aplicação, e exercício físico.

Automonitorização
O objetivo da automonitorização é observar as variações da glicemia, verificando o sucesso do
tratamento ou subsidiando o ajuste da dose. É indicado realizar pelo menos quatro medições durante o
dia: em jejum, 1 hora e meia a 2 horas das principais refeições, antes de dormir e em intercorrências. O
controle glicêmico é muito importante na prevenção de complicações.
Hoje há aparelhos portáteis e de fácil manuseio que medem a glicemia capilar. Uma única gota de
sangue da polpa dos dedos é suficiente para realizar o exame. Para proporcionar maior conforto ao
paciente, existem no mercado diversos tipos de canetas que, ao serem disparadas, liberam a lanceta que
perfura a pele superficialmente.

Cuidados com os pés


Baseado na definição da Organização Mundial de Saúde - OMS, o pé diabético é caracterizado por
infecção, ulceração ou destruição dos tecidos profundos associadas a anormalidades neurológicas e
vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores.
O cuidado com o pé do portador de diabete é de extrema importância para prevenir ou minimizar
complicações.
Um profissional da saúde capacitado deve realizar o exame específico dos pés, pelo menos uma vez
ao ano, em busca de alterações vasculares, sensibilidade, calos, feridas e micoses.
Cabe a esse profissional, também, orientar sobre os cuidados que o paciente deve ter diariamente:
lavar os pés com água morna e sabão neutro, secar bem entre os dedos, não usar talco (principalmente
na região interdigital) e usar meias de algodão para absorver o suor.
Tais cuidados impedem o ambiente adequado (quente e úmido) para a proliferação de fungos e evitam
as micoses, que são uma porta de entrada para infecções.
Além desses, outros cuidados são necessários: cortar as unhas quadradas para evitar que encravem;
comprar os sapatos no final do dia, pois os pés estão mais edemaciados; nunca cortar calos, mas procurar
os cuidados de um podólogo; e olhar sempre para os próprios pés, por ser esta a melhor forma de prevenir
complicações.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


407
Hipertensão Arterial

Pressão arterial é a força exercida pelo sangue sobre a parede do vaso, com mudanças contínuas
durante todo o tempo, dependendo das atividades, da posição do indivíduo e das situações.
A pressão arterial tem por finalidade promover uma perfusão tissular adequada para permitir as trocas
metabólicas e depende, fundamentalmente, de três componentes: espaço continente, representado pela
rede arterial; conteúdo, o volume de sangue circulante; e bomba propulsora, representada pelo coração.
Esse sistema tem como característica primordial a dispensabilidade da parede arterial, que procura
adaptar-se às variações do volume circulante. Dessa forma, a pressão arterial está intimamente
relacionada à distensão da parede arterial condicionada pelo volume de sangue que contém.
Graças à combinação da descarga intermitente da bomba cardíaca e a alta resistência das arteríolas,
acoplada à elasticidade das artérias, o organismo consegue manter um aporte constante de sangue para
irrigar os tecidos.
O custo desse processo é que as artérias são sempre submetidas a uma elevada pressão pulsátil:
aproximadamente 120 mmHg de pressão máxima ou sistólica, e cerca de 80 mmHg de pressão mínima
ou diastólica.
Como a resistência das arteríolas depende basicamente de seu calibre, sua redução eleva a pressão
arterial, sendo geralmente responsável pela hipertensão.
A hipertensão, portanto, pode ser causada pelo desequilíbrio entre a produção aumentada de fatores
vasoconstritores (como os nervos simpáticos e as catecolaminas, a angiotensina e a endotelina) ou pela
produção deficiente de fatores vasodilatadores (como o óxido nítrico e a bradicinina), com o consequente
aumento do grau de contração da musculatura das arteríolas.
Em síntese, a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, na qual o substrato genético alterado
predispõe o indivíduo à ação de fatores ambientais - como sal e álcool em excesso, estresse -, que
desencadeiam o desequilíbrio dos complexos sistemas (hipertensores e hipotensores) reguladores da
pressão arterial, provocando a hipertensão.

Terminologia Básica
- Pré-Hipertensão: 120 a 139/80 a 89 mmHg;
- Hipertensão Estágio 1: > 140/> 90 mmHg;
- Hipertensão Estágio 2: > 160/> 90 mmHg.

Diagnóstico
A hipertensão é considerada uma doença silenciosa, pois seus sintomas são incomuns até que a
doença esteja bastante avançada, de modo que a maioria das pessoas descobre seu aumento durante
uma pesquisa ou em uma consulta de rotina.
Seu diagnóstico é baseado em anamnese, exame físico, exames complementares que auxiliam na
realização do diagnóstico da doença propriamente dita, etiologia, grau de comprometimento de órgãos-
alvo e identificação dos fatores de risco cardiovascular associados.
A medida da pressão arterial é, comprovadamente, o elemento-chave para estabelecer o diagnóstico
da hipertensão arterial, baseando-se na medida de duas ou mais aferições da pressão arterial, obtidas
em duas ou mais consultas, depois que uma elevação inicial foi verificada.

Tratamento
A eficácia do programa é determinada pelo grau de hipertensão, complicações, custo da assistência e
qualidade de vida percebida e associada com o tratamento.

Assistência de Enfermagem
• Realizar orientações claras, práticas e realistas sobre o tratamento eficaz da pressão sanguínea alta,
incluindo informações sobre a doença e o tratamento devido a cronicidade e suas perigosas
complicações;
• Salientar o fato de poder não haver uma relação entre a pressão arterial elevada e os sintomas;
• Orientar o cliente na compreensão de ser a hipertensão crônica e exigir tratamento persistente e
avaliação periódica. O tratamento eficaz melhora a expectativa de vida, portanto, são indispensáveis as
visitas de acompanhamento;
• Informar ao cliente o significado de diversas atividades diagnósticas e terapêuticas para minimizar a
ansiedade e obter a colaboração;
• Pedir ajuda para a família a fim de fornecer informações relacionadas com o plano de tratamento;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


408
• Avaliar o padrão de alimentação do cliente, estilo de vida, preferências alimentares e influências
étnica, social, cultural e financeira;
• Realizar uma abordagem individual quanto à dieta;
• Orientar o cliente portador de hipertensão a ingerir menos sódio, calorias, colesterol e gorduras
saturadas na dieta;
• Discutir sobre a dieta com a pessoa que vai prepará-la;
• Incentivar e assegurar ao cliente que fica cada vez mais fácil realizar a dieta hipossódica à medida
que o paladar vai se acostumando com a menor quantidade de sal durante um período de semanas ou
meses;
• Envolver a família nos programas educacionais e de aconselhamento para torná-la capaz de oferecer
apoio aos esforços da pessoa em controlar a hipertensão;
• Explicar sobre os medicamentos usados para o controle eficaz da hipertensão e os possíveis efeitos
colaterais;
• Prevenir a pessoa da possibilidade de ocorrer a hipotensão após ingestão de certos medicamentos;
• Instruir o cliente para levantar-se lentamente a fim de afastar a sensação de vertigem;
• Orientar o cliente para deitar-se imediatamente em caso de sentir vertigem;
• Informar a pessoa de ser objetivos do tratamento controlar a pressão arterial, reduzir a possibilidade
de complicações e usar um número mínimo de medicamentos com a menor dose possível.

Hipertensão arterial como fator de risco para doenças cardiovasculares


Dentre os vários fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como
dislipidemias, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, estresse, diabetes melito, hereditariedade,
tabagismo, a hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes.
A hipertensão arterial é uma síndrome caracterizada, basicamente, por aumento dos níveis
pressóricos, tanto sistólico como diastólico. É uma das mais importantes enfermidades do mundo
moderno, pois, além de ser muito frequente, ela é a causa direta ou indireta de elevado número de óbitos,
decorrentes de acidentes vasculares cerebrais, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e infarto do
miocárdio.
Prevenção primária é a identificação e a intervenção nos fatores de risco, por meio de mudanças do
estilo de vida, para prevenir doenças cardiovasculares em pessoas sem doença prévia.
A prevenção secundária consiste em identificação e tratamento de pessoas com doença
aterosclerótica estabelecida e daquelas que apresentam alto risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.
A hipertensão arterial apresenta elevados custos médicos e sociais, principalmente por sua
participação nas complicações cardiovasculares. A hipertensão arterial e suas complicações são também
responsáveis por alta frequência de internações.
Os principais desafios para programas e políticas de controle de hipertensão arterial no país são:
reduzir complicações, internações e mortes relacionadas à hipertensão; reduzir a prevalência da doença
hipertensiva; aumentar o grau de conhecimento da população sobre a importância do controle da
hipertensão arterial; garantir acesso dos hipertensos a serviços básicos de saúde, com resolubilidade;
incentivar políticas e programas comunitários.

Necessidades Especiais

Sistema Nervoso117
É difícil manter a homeostasia com o envelhecimento, mas os idosos apresentam enorme capacidade
de se adaptar e funcionar de modo adequado, mantendo suas capacidades cognitivas e intelectuais na
ausência de alterações patológicas.
As alterações normais do envelhecimento do sistema nervoso podem afetar todas as partes do corpo,
sendo que a estrutura, a química e as funções do sistema nervoso se alteram com o avançar da idade.
As células nervosas do encéfalo diminuem, a quantidade de perda neuronal varia entre as diferentes
partes do encéfalo, mas a diminuição geral contribui para uma perda progressiva na massa do encéfalo.
As alterações químicas incluem diminuição na síntese e metabolismo dos principais
neurotransmissores. Pelo fato de os impulsos nervosos serem conduzidos mais lentamente levam os
idosos responderem e reagirem de forma mais lenta.

117
CHEEVER, K. H; BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. S. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


409
O sistema nervoso autônomo trabalha de modo menos efetivo, e pode ocorrer hipotensão postural. As
alterações neurológicas podem afetar a marcha e o equilíbrio, o que pode interferir na mobilidade e na
segurança.
Os profissionais devem aconselhar os idosos a reservar um tempo maior para responder a um estímulo
e se mover mais deliberadamente. Um tempo de reação mais lento coloca os idosos em risco de quedas
e lesões, bem como leva a erros na condução de veículos.

Sistema Sensorial
As pessoas interagem com o mundo por meio de seus sentidos. As perdas associadas ao
envelhecimento afetam todos os órgãos dos sentidos, e isso pode ser devastador por afetar a capacidade
de ler ou assistir televisão, ouvir uma conversa bem o suficiente para se comunicar, ou discriminar gostos
bem o suficiente para desfrutar da comida.
Quase metade dos homens e 1/3 das mulheres idosas relatam dificuldades para ouvir sem um aparelho
auditivo. Uma boa parte dos adultos tem uma diminuição na acuidade visual que começa a partir dos 50
anos de idade.
Uma perda sensorial descompensada afeta negativamente a capacidade funcional e a qualidade de
vida do idoso; no entanto, dispositivos de assistência (p. ex., óculos e aparelhos auditivos) podem
compensar a perda sensorial.

Audição
As alterações auditivas começam a ser observadas por volta dos 40 anos de idade. Fatores ambientais,
tais como exposição a ruídos, medicamentos e infecções, assim como a genética, podem contribuir para
a perda auditiva, tanto quanto as alterações relacionadas com a idade.
Muitas vezes, os idosos não conseguem acompanhar uma conversa, porque os sons de consoantes
de alta frequência (os sons de f, s, ch, sh, b, t, p) parecem iguais. A perda auditiva pode fazer com que
os idosos respondam de modo inadequado, não compreendam uma conversa e evitem a interação social;
este comportamento pode ser erroneamente interpretado como confusão mental.
O acúmulo de cerume ou outros problemas corrigíveis também podem ser responsáveis pelas
dificuldades de audição. Um aparelho auditivo devidamente prescrito e ajustado pode ser útil na redução
de alguns tipos de déficits auditivos.

Paladar e Olfato
Os sentidos do paladar e olfato são reduzidos nos adultos mais velhos. Dos quatro sabores básicos
(doce, azedo, salgado e amargo), o doce é particularmente embotado nos adultos mais velhos, o que
para a preferência por alimentos salgados e muito condimentados; ervas, cebola, alho e limão podem ser
utilizados como substitutos do sal para dar sabor à comida.
As alterações do olfato estão relacionadas com a perda de células nas vias nasais e no bulbo olfatório
no encéfalo. Fatores ambientais como a exposição prolongada a toxinas (p. ex., poeira, pólen e fumaça)
contribuem para a lesão celular.

Interações Medicamentosas e Efeitos Adverso


Em idosos, é comum a prescrição, uso ou administração de mais medicamentos do que é clinicamente
indicado. O potencial para interações medicamentosas evolui com o uso aumentado de medicamentos e
com as múltiplas doenças coexistentes afetando a absorção, a distribuição, o metabolismo e a eliminação
dos fármacos. Essas interações são responsáveis por inúmeras idas ao pronto-socorro e consultas ao
médico.
Todo medicamento pode modificar o estado nutricional, e a saúde nutricional do idoso já pode estar
comprometida por uma dieta marginal ou doença crônica e seu tratamento. Os medicamentos podem
afetar o apetite, causar náuseas e vômitos, irritar o estômago, causar constipação intestinal ou diarreia,
e diminuir a absorção de nutrientes.
Além disso, esses fármacos podem alterar o equilíbrio eletrolítico, bem como o metabolismo de
carboidratos e gorduras.

Imunização118
A medida eficaz para a prevenção de doenças infecciosas é a vacinação, pois quando o indivíduo não
se vacina coloca a própria saúde em risco, e também de outras pessoas que tem contato. Se vacinar é a

118
BRETAS, A. C. P.; GAMBA, M. A. Enfermagem e Saúde do Adulto. Manole, 2006.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


410
melhor maneira para se proteger de diversas doenças graves, sendo importante manter as vacinas
atualizadas.
Os processos de imunização têm como objetivo proporcionar a proteção específica e duradoura contra
as doenças transmissíveis, antes que o indivíduo se exponha ao patógeno responsável pela infecção
natural; assim evitando a doença infecciosa.
O Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, preconiza na rotina de vacinação
para os adultos os seguintes imunobiológicos: vacina dupla tipo adulto (DT), vacina tríplice viral (SCR),
hepatite B, febre amarela; e, para a população maior de 60 anos de idade, vacinas contra influenza e
antipneumocócica (Pneumo 23-valente). Segue abaixo o esquema vacinal em adultos conforme
preconizado pelo Programa Nacional de Imunização:

Idade Vacina Dose Doenças Evitadas


3 doses, de acordo com Previne hepatite B
20 a 59 anos Hepatite B
a situação vacinal
20 a 59 anos Febre Amarela dose única Previne febre amarela
2 doses, (20 a 29 anos)Previne sarampo,
20 a 59 anos Tríplice viral
e 1 dose (30 a 49 anos)caxumba e rubéola
Previne difteria e
20 a 59 anos Dupla Adulto Reforço a cada 10 anos
tétano
Previne pneumonia,
otite, meningite e
Pneumocócica 23 1 dose a depender da
20 a 59 anos outras doenças
Valente situação vacinal
causadas pelo
Pneumococo
3 doses, de acordo com Previne hepatite B
60 anos ou mais Hepatite B
a situação vacinal
dose única, verificar Previne febre amarela
60 anos ou mais Febre Amarela
situação vacinal
Previne difteria e
60 anos ou mais Dupla Adulto Reforço a cada 10 anos
tétano
A vacina está indicada Previne pneumonia,
para grupos-alvo otite, meningite e
específicos, como outras doenças
Pneumocócica 23 pessoas com 60 anos e causadas pelo
60 anos ou mais
valente mais não vacinados que Pneumococo) -
vivem acamados e/ou reforço a depender da
em instituições situação vacinal
fechadas
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Problemas de Saúde Mental no Cliente Idoso119


As alterações na capacidade cognitiva, o esquecimento excessivo e as alterações de humor não são
parte do envelhecimento normal. Esses sintomas não devem ser descartados como sendo mudanças
relacionadas com a idade, uma avaliação aprofundada pode revelar uma condição física ou mental
reversível e tratável.
As alterações do estado mental podem estar relacionadas com vários fatores, tais como modificações
na dieta e equilíbrio hidroeletrolítico, febre, ou baixos níveis de oxigênio associados a diversas doenças
cardiovasculares e pulmonares.
As alterações cognitivas podem ser reversíveis quando a condição subjacente é identificada e tratada.
No entanto, suscetibilidade para depressão, delirium e incidência de demência aumentam com a idade.
Os idosos têm probabilidade menor que a dos mais jovens de reconhecer ou procurar tratamento para
sintomas de saúde mental. Portanto, os profissionais de saúde devem reconhecer, avaliar, consultar,
colaborar, tratar e apoiar os idosos que apresentam alterações visíveis no intelecto ou afeto.

Depressão
A depressão é o transtorno afetivo ou do humor mais comum da terceira idade. A depressão em idosos
pode acompanhar um importante evento precipitante ou perda e, muitas vezes, está relacionada com

119
CHEEVER, K. H; BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. S. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


411
uma doença crônica ou dor. Também pode ser secundária a uma interação farmacológica ou condição
física não diagnosticada.
Os sinais de depressão incluem sentimento de tristeza, fadiga, diminuição da memória e concentração,
sentimento de culpa ou inutilidade, distúrbios do sono, distúrbios do apetite associados a perda ou ganho
excessivo de peso, agitação, atenção prejudicada e ideação suicida.
A depressão geriátrica pode ser confundida com demência. No entanto, o déficit cognitivo resultante
da depressão é decorrente da apatia, em vez do declínio na função cerebral. Quando há coexistência de
depressão e condições médicas (como muitas vezes acontece), negligenciar a depressão pode dificultar
a recuperação física.
Avaliar o estado mental do cliente, incluindo a depressão, é vital e não deve ser negligenciado. A
depressão responde adequadamente ao tratamento, mas muitas vezes não é reconhecida e, portanto, é
subtratada. O manejo inicial envolve avaliar o esquema terapêutico do cliente e eliminar ou alterar
quaisquer medicamentos que contribuem para a depressão.
Os antidepressivos tricíclicos podem ser úteis para o tratamento da depressão em alguns clientes. A
maioria dos fármacos antidepressivos têm efeitos adversos anticolinérgicos, cardíacos e ortostáticos. Eles
também interagem com outros medicamentos e, portanto, devem ser usados com cautela para evitar a
toxicidade ao medicamento, eventos hipotensivos e quedas.
É necessária uma boa orientação ao cliente para garantir que os idosos entendam que pode demorar
de 4 a 6 semanas para que os sintomas diminuam. Durante este período, os profissionais devem oferecer
apoio, incentivo e estratégias para manter a segurança, como mudar de posição lentamente e manter
uma hidratação adequada.

Delirium
O delirium, muitas vezes chamado estado de confusão mental aguda, começa com confusão mental e
progride para desorientação. Trata-se de uma complicação comum e potencialmente fatal para o idoso
hospitalizado e a complicação mais frequente da internação hospitalar.
Os clientes podem experimentar um nível de consciência alterado. O pensar é desorganizado e o
tempo de atenção é curto. Alucinações, delirium, medo, ansiedade e paranoia também podem ser
evidentes.
O delirium ocorre secundariamente a várias causas, incluindo doenças físicas, medicação ou
toxicidade ao álcool, desidratação, impactação fecal (fezes endurecidas que ficam presas no reto ou cólon
inferior devido à constipação crônica), desnutrição, infecção, traumatismo cranioencefálico (TCE), falta
de estímulos ambientais e privação ou sobrecarga sensorial.
Os adultos mais velhos são muito vulneráveis à confusão mental aguda por causa de sua reserva
biológica diminuída e da grande quantidade de medicamentos que usam.
O profissional deve reconhecer as implicações dos sintomas agudos do delirium e relatá-los
imediatamente. Em decorrência do início súbito e inesperado dos sintomas e da causa subjacente
desconhecida, o delirium é uma emergência clínica; se passar despercebido e sua causa subjacente não
for tratada, pode ocorrer dano cerebral permanente irreversível ou morte.

Demência
As alterações cognitivas, funcionais e comportamentais que caracterizam a demência severamente
destroem a capacidade da pessoa de interagir. Em geral, os sintomas são sutis no início e muitas vezes
progridem lentamente, até que sejam óbvios e devastadores.
Os dois tipos mais comuns de demência são a doença de Alzheimer e a demência vascular ou multi-
infarto. Outras demências incluem a doença de Parkinson, demência relacionada com a síndrome de
imunodeficiência adquirida (AIDS), doença de Pick e outros tipos de demência frontotemporal. É
importante identificar a demência reversível, que ocorre quando condições patológicas se mascaram
como demência.

Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer (DA), a quinta principal causa de morte entre os idosos, é uma doença
neurológica progressiva, irreversível e degenerativa que começa insidiosamente e é caracterizada por
perdas graduais na função cognitiva e transtornos de comportamento e afeto.
A doença de Alzheimer pode ocorrer em pessoas jovens, com 40 anos de idade, mas é rara antes dos
65 anos. Embora a prevalência de doença de Alzheimer aumente dramaticamente com a idade, afetando
até metade daqueles com 85 anos ou mais, é importante notar que esta doença não é uma parte normal
do envelhecimento.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


412
Existem inúmeras teorias sobre a causa do declínio cognitivo relacionado com a idade. Embora o maior
fator de risco para a DA seja o aumento da idade, muitos fatores ambientais, alimentares e inflamatórios
também podem determinar se uma pessoa sofre desta doença cognitiva.
A doença de Alzheimer é um transtorno cerebral complexo, causado por uma combinação de vários
fatores que podem incluir aspectos genéticos, alterações de neurotransmissores, alterações vasculares,
hormônios do estresse, oscilações circadianas, traumatismo cranioencefálico e distúrbios convulsivos.
A doença de Alzheimer pode ser classificada em dois tipos: familiar (ou de início precoce) e esporádica
(ou de início tardio), sendo rara a familiar, e é frequentemente associada a mutações genéticas ocorrendo
em adultos de meia-idade. Se houver pelo menos um parente com DA, então há um componente familiar,
que de maneira inespecífica inclui tanto gatilhos ambientais quanto determinantes genéticos.
Nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, ocorrem esquecimento e perda sutil da memória. Os
clientes podem experimentar pequenas dificuldades nas atividades ocupacionais ou sociais, mas têm
função cognitiva suficiente para compensar a perda e continuar atuando de modo independente. Com a
progressão da doença, os déficits já não podem ser ocultados.
O esquecimento se manifesta em muitas ações diárias, os clientes podem perder a capacidade de
reconhecer rostos, lugares e objetos familiares, e podem se perder em um ambiente familiar. Eles podem
repetir as mesmas histórias, porque se esquecem que já as contaram. Tentar argumentar com as pessoas
com doença de Alzheimer e usar a orientação à realidade só aumenta sua ansiedade, sem melhorar a
função.
A capacidade de formular conceitos e pensar de modo abstrato desaparece. O indivíduo muitas vezes
é incapaz de reconhecer as consequências de suas ações e, portanto, apresenta um comportamento
impulsivo. Apresentam dificuldade com as atividades cotidianas, tais como operar aparelhos simples e
lidar com dinheiro. Em geral, evidenciam-se também alterações de personalidade.
Os clientes podem tornar-se deprimidos, desconfiados, paranoicos, hostis. A progressão da doença
intensifica os sintomas: as habilidades de fala se deterioram até chegar a sílabas sem sentido, a agitação
e a atividade física aumentam e os clientes podem perambular à noite. A fase terminal, em que os clientes
geralmente estão imóveis e necessitam de cuidados totais, pode durar meses ou ano. A morte ocorre em
decorrência de complicações, tais como pneumonia, desnutrição ou desidratação.
O histórico de saúde e o exame físico são essenciais para o diagnóstico de provável DA. Os exames
complementares (incluindo hemograma completo, perfil bioquímico e níveis de vitamina B12 e hormônio
da tireoide), bem como o rastreamento com eletroencefalograma (EEG), tomografia computadorizada
(TC), ressonância magnética (RM) e exame do líquido cerebrospinal, podem apoiar um diagnóstico de
provável DA.
Os profissionais da saúde desempenham função importante em reconhecer a demência,
especialmente em idosos hospitalizados, por meio da avaliação de sinais durante a avaliação de
enfermagem de admissão. As intervenções de enfermagem para a demência visam promover a
capacidade funcional e a independência do cliente pelo maior tempo possível.
Outros objetivos importantes incluem oferecer segurança física do cliente, promover a independência
nas atividades de autocuidado, reduzir a ansiedade e a agitação, melhorar a comunicação, proporcionar
socialização e intimidade, promover nutrição adequada, oferecer equilíbrio entre atividade e repouso e
apoiar e orientar cuidadores familiares. Essas intervenções de enfermagem se aplicam a todos os clientes
com demência, independentemente da causa.

Outros Cuidados

Câncer120
O câncer representa um grupo heterogêneo de doenças diferentes em etiologia, frequência e
manifestações clínicas, mas tendo em comum o crescimento celular desordenado, que pode acometer
diversos órgãos, ocasionando uma variedade de transtornos funcionais e, consequentemente, sinais e
sintomas muito diferentes.
A magnitude do problema do câncer entre uma população está relacionada, principalmente, à
industrialização, ao aumento da expectativa de vida da população, à maior e mais prolongada exposição
aos fatores de risco, à qualidade da assistência prestada e à qualidade da informação disponível.
Para tentar minimizar a incidência desta doença crônico-degenerativa, é necessário investimento em
novos acessos tecnológicos que possibilitem meios mais rápidos e precisos de diagnóstico e tratamento;
planos e programa nas áreas de comunicação social e educação, visando à conscientização da
população sobre os fatores de risco e os de proteção à saúde.

120
BRETAS, A. C. P.; GAMBA, M. A. Enfermagem e Saúde do Adulto. Manole, 2006.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


413
Os fatores de risco estão intimamente relacionados ao estilo de vida, a hábitos inadequados adotados
pela população, à poluição ambiental e à disparidade socioeconômica, que influenciam a distribuição e a
incidência do câncer nas diferentes regiões brasileiras.
A promoção da qualidade da assistência implica a participação do enfermeiro nas ações de prevenção
primária, secundária e terciária, em colaboração com a equipe multidisciplinar; o planejamento,
implementação e avaliação da assistência prestada, e o desenvolvimento de pesquisas que contribuam
para o embasamento científico da prática de enfermagem oncológica, mas que revertam na promoção da
melhoria de qualidade de vida dos pacientes com câncer.

Fisiopatologia do Câncer
Apesar dos mecanismos que regulam o contato e a permanência de uma célula ao lado da outra e do
controle de seu crescimento ainda constituírem uma área pouco conhecida dentro da biologia, nas células
normais o crescimento celular responde às necessidades específicas do corpo e é um processo
cuidadosamente regulado.
Os mecanismos de controle do crescimento celular dependem de fatores estimulantes e inibidores.
Tais estímulos ocorrem quando há exigências especiais, como reparo de uma alteração do tecido, mas,
realizada a reparação, o processo é paralisado.
A carcinogênese refere-se ao estudo do desenvolvimento dos tumores malignos com base em fatores
e mecanismos a ela relacionados. Em síntese, a neoplasia pode iniciar de forma espontânea ou ser
provocada pela ação de agentes carcinógenos.
Os fatores que determinam a carcinogênese são divididos em intrínsecos e extrínsecos. Os fatores
intrínsecos são constituídos pelos componentes genéticos e familiares que predispõem à ocorrência de
lesões o DNA das células, levando a padrões cromossômicos anormais.
A partir daí as células mutantes se desenvolverão de acordo com a exposição aos fatores de risco.
Também os distúrbios hormonais produzidos pelo próprio corpo, tratamentos muito prolongados de
reposição dos níveis estrogênicos e uso de contraceptivos orais podem constituir-se em fatores
intrínsecos para alguns tipos de câncer, como os de mama, próstata e útero.
Os fatores extrínsecos são agentes físicos, químicos ou biológicos considerados de risco para o
desenvolvimento de câncer. Esses fatores de natureza variada são capazes de induzir agressão ao
genoma ou mesmo favorecer o desenvolvimento de mutações iniciadas pelos fatores intrínsecos. Quanto
maior for a exposição aos fatores extrínsecos, maior será a possibilidade de a doença se desenvolver.
As estratégias de prevenção do câncer dependem, em grande parte, da eliminação dos fatores de
risco, e, entre eles, os extrínsecos são os que podem ser mais bem controlados.

Fatores de Risco
A prevenção primária do câncer refere-se às ações voltadas para a redução da exposição da
população aos fatores de risco, com o objetivo de reduzir a ocorrência da doença. As ações se apoiam
na educação, visto que a diminuição da exposição a esses fatores se relaciona com mudanças no estilo,
costumes e hábitos de vida.
O enfermeiro, dentro da equipe multiprofissional, é um agente de educação para a saúde, à medida
que orienta indivíduos, família e comunidade sobre os fatores de risco e as medidas de prevenção que
contribuem para a prevenção da doença ou seu diagnóstico precoce.
Os fatores de risco podem atuar de forma isolada ou combinada, e podem ser externos (ambientais)
ou endógenos (hereditários). A interação entre esses fatores dá início às alterações celulares envolvidos
na carcinogênese. Os carcinógenos externos podem ser divididos em agentes físicos, químicos e
biológicos.
Dentre os agentes químicos de importância para o desenvolvimento do câncer e relacionados a
atividades ocupacionais, destacam- se: fuligem, piche, benzeno, cal, pó de madeira, álcool, cloreto de
polivinil, cádmio, compostos de cromo, minério de níquel e zinco.
Os agentes de natureza física são representados pelas radiações ionizantes ou não-ionizantes. Após
a exposição à radiação ionizante, tem sido documentado o aumento da incidência de neoplasia, causando
aumento de danos ao DNA.
Agentes biológicos, como hormônios, vírus e parasitas, também podem contribuir para o
desenvolvimento do câncer tanto em animais como no homem, pois lesam o DNA ou o RNA.

Questões

01. (AL/GO - Enfermeiro do Trabalho - IADES/2019) Tipo de síndrome demencial que causa
degeneração progressiva dos neurônios do cérebro e comprometimento das respectivas funções

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


414
cognitivas, como memória, atenção, linguagem, orientação, percepção, raciocínio e pensamento, além
de necessitar de cuidados paliativos, pois não tem cura. A definição apresentada refere-se ao (à)
(A) mal de Alzheimer.
(B) síndrome de Guillain-Barré.
(C) síndrome de Cushing.
(D) síndrome de Creutzfeldt-Jakob.
(E) narcolepsia.

02. (UFU/MG - Enfermeiro - UFU/MG/2018) O Diabetes Mellitus (DM) é uma das doenças endócrinas
mais comum. Assinale a alternativa que identifica, atualmente, o DM tipo 2.
(A) Causada por mecanismo autoimune, ocasionando disfunção da célula beta-pancreática e
deficiência absoluta de insulina, acometendo, principalmente pacientes jovens de ambos os sexos.
(B) Causado pela secreção anormal de insulina e pela disfunção do receptor, levando à resistência à
insulina nos tecidos periféricos, encontrada na população de adultos obesos.
(C) É associada a outras endocrinopatias (Cushing, acromegalia e feocromicitoma), a defeitos
genéticos das células beta-pancreáticas, ao abuso de drogas e a infecções
(D) Causada por defeito genético, por resistência à insulina e por alterações no transporte de glicose;
manifesta-se, geralmente, no segundo ou terceiro trimestre de gestação.

03. (Prefeitura de Patos/PB - Enfermeiro - CPCON/2017) Considerando a Saúde do Idoso como foco
para a assistência da enfermagem gerontológica, marque a alternativa CORRETA:
(A) A maioria dos idosos são sozinhos e solitários e por isso é uma prerrogativa fazer a formação de
cuidadores.
(B) As reações adversas de medicamentos são mais comuns em idosos e as medicações podem
alterar a capacidade do idoso de realizar as funções normais, podendo levar a alterações de
comportamento e ser arriscadas para sua vida.
(C) Quando se chega aos 60 anos, os idosos apresentam capacidade cognitiva prejudicada e por isso
as reações adversas às medicações são mais visíveis.
(D) Os idosos são muito semelhantes entre si e não conseguem lidar com os declínios inevitáveis
associados ao envelhecimento.
(E) Os idosos são muito semelhantes entre si, grande parte sofre de depressão, gosta de ficar sozinho,
e são muitos solitários.

04. (UPE - Enfermeiro - UPENET/IAUPE/2017) Sobre Hipertensão Arterial, é CORRETO afirmar que
(A) dos pacientes hipertensos diagnosticados, apenas 20% apresentam hipertensão primária, ou seja,
pressão arterial elevada cuja causa não é identificada.
(B) pacientes classificados com hipertensão arterial estágio apresentam pressão arterial sistólica entre
139 e 140mmHg.
(C) a obesidade é um dos fatores de risco comum para o desenvolvimento de hipertensão arterial. O
aumento da incidência da obesidade infantil é um prenúncio do número crescente de adultos hipertensos.
(D) o valor da diferença entre pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) (Ex:
PAS 170 x PAD 60mmHg. Pressão diferencial igual a 90mmHg), em nenhuma situação, está associado
a alterações cardiovasculares.
(E) toda hipertensão arterial vem acompanhada de sinais e sintomas desde o momento em que a
doença foi instalada.

Gabarito

01.A / 02.B / 03.B / 04.C

Comentários

01. Resposta: A
A doença de Alzheimer é um transtorno cerebral complexo, causado por uma combinação de vários
fatores que podem incluir aspectos genéticos, alterações de neurotransmissores, alterações vasculares,
hormônios do estresse, oscilações circadianas, traumatismo cranioencefálico e distúrbios convulsivos.
Nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, ocorrem esquecimento e perda sutil da memória. O
esquecimento se manifesta em muitas ações diárias, os clientes podem perder a capacidade de
reconhecer rostos, lugares e objetos familiares, e podem se perder em um ambiente familiar.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


415
02. Resposta: B
Tipo 2: classificado anteriormente como diabete do adulto ou não-insulinodependente, é caracterizado
por níveis de insulina normais ou elevados, porém com frequente resistência periférica. É mais prevalente
em adultos com idade superior a 40 anos e obesos, no entanto esse perfil tem se alterado. O diabete tipo
2 está intimamente relacionado aos hábitos do mundo moderno, como diminuição da atividade física e
alimentação inapropriada com aumento de obesidade. Essas alterações nos hábitos de vida também são
responsáveis por um número crescente de crianças e jovens acometidos pelo diabete tipo 2.

03. Resposta: B
Em idosos, é comum a prescrição, uso ou administração de mais medicamentos do que é clinicamente
indicado. O potencial para interações medicamentosas evolui com o uso aumentado de medicamentos e
com as múltiplas doenças coexistentes afetando a absorção, a distribuição, o metabolismo e a eliminação
dos fármacos. Essas interações são responsáveis por inúmeras idas ao pronto-socorro e consultas ao
médico. Além disso, esses fármacos podem alterar o equilíbrio eletrolítico, bem como o metabolismo de
carboidratos e gorduras.

04. Resposta: C
Dentre os vários fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como
dislipidemias, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, estresse, diabetes melito, hereditariedade,
tabagismo, a hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes.

9. Conduta ética dos profissionais da área de saúde

Ética121122123

O profissional de enfermagem atua sob um conjunto de valores pessoais e profissionais quando se


relaciona com um paciente. Cada paciente possui um sistema pessoal de valores. O profissional de
enfermagem não deve permitir que os seus valores entrem em conflito com os do paciente.
A objetividade enriquece a habilidade do profissional em atuar de modo inteligente e disciplinado
quando assiste pacientes com problema de saúde. Ele deve se empenhar em desenvolver uma
autoconsciência para entender atitudes e sentimentos e para controlar o comportamento nas relações
profissionais com os pacientes.
No ambiente de assistência de saúde, os valores do profissional de enfermagem, do paciente e da
sociedade interagem. Inevitavelmente, conflitos de valores surgem, os quais podem causar dilemas
éticos. A ética determina a conduta apropriada e é tão importante quanto os direitos legais. O profissional
precisa constantemente lembrar-se da ética, quando lidar com pacientes e com outros profissionais de
saúde.
Uma vez que o profissional de enfermagem está ciente dos valores que motivam o comportamento
pessoal e profissional, é mais fácil ajudar os pacientes a identificar os valores que influenciam seus
próprios comportamentos e atitudes. A frequência e a intensidade com as quais a pessoa pratica
comportamento de promoção de saúde dependem do valor dado na redução da ameaça da doença e na
promoção da saúde.
Os profissionais de enfermagem ajudam os pacientes a elucidarem seus valores pessoais, ordenam
prioridades de valore, minimizam conflitos, conseguem uma estabilidade entre valores e comportamentos
relacionados à prevenção de doenças e à promoção de saúde e recebem tratamento ético. A competência
de um profissional está na habilidade em ajudar os pacientes a compreenderem a si próprios e ao impacto
de alguns comportamentos no seu bem-estar.

Valores e Ética

A singularidade da profissão de enfermagem está na complexidade e diversidade de papéis e


responsabilidades assumidas por seus membros.

121
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692007000300020&script=sci_arttext&tlng=pt
122
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2014000200002
123
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692008000600019&script=sci_arttext&tlng=pt

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


416
O profissional de enfermagem atua como uma conexão entre o paciente e outros profissionais de
saúde, para assegurar que os direitos do paciente sejam respeitados. Atualmente, o profissional está apto
a se empenhar visando o objetivo de proporcionar um atendimento completo e abrangente para uma
gama maior de pacientes.
A assistência de saúde é realizada numa sociedade pluralística onde existem muitos sistemas de
crenças e fé. Com tanta diversidade moral e cultural, frequentemente é difícil definir valores comuns de
assistência de saúde.
O profissional de enfermagem tem conhecimento de valores e ética e os usa para proporcionar uma
boa assistência para o paciente. Depende do próprio profissional a tentativa de resolver dilemas éticos
que surgem durante sua interação com o paciente. Se ele sabe claramente o que eles valorizam e por
que, estará apto a tomar, e ajudar os pacientes a tomarem, decisões éticas responsáveis.
Uma pessoa que ingressa na profissão de enfermagem possui um conjunto de valores pessoais que
guiarão suas ações. Esses valores são o resultado de uma escolha ou hábitos pessoais. Um jovem adulto
que ingressa na carreira de enfermagem será incapaz, a princípio, de identificar todos os atributos de um
enfermeiro profissional. Mas, após socializar-se com a profissão, ele logo verificará a interação de valores
pessoais e profissionais.
Dois valores primários identificados por Hall (1973) são o valor próprio e equivalência. O valor próprio
é a crença de uma pessoa em se considerar valiosa para as pessoas importantes de sua vida. o valor
próprio está relacionado à confiança, à expressão de emoções e à capacidade de se relacionar com as
outras pessoas.
O valor de equivalência é a crença de que outras pessoas têm valor equivalente a si mesmo. Hall
sugere que estes dois valores primários devem existir conjuntamente. Ter um sentimento positivo pelos
outros requer que uma pessoa primeiro avalie a si própria. Esses dois valores primários são “forças
orientadoras” na vida pessoal e profissional do enfermeiro.
Existem muitos outros valores, como a confiabilidade e a competência, que o enfermeiro adquire
durante a socialização. Se os valores pessoais são similares aos ideais para o trabalho, os profissionais
assumem seu papel com pouca dificuldade; se eles são incompatíveis, o profissional de enfermagem
provavelmente se sentirá frustrado e insatisfeito.

Definição de Valores e Ética

Um valor é uma convicção pessoal sobre a importância sobre uma dada ideia ou comportamento. Dar
valor a um certo comportamento ou ideia é achá-los preferíveis a outros. Os valores que um indivíduo
retém reflete necessidades pessoais, culturais, influências sociais e relacionamento com pessoas de
importância pessoal.
Os valores variam ente as pessoas, desenvolvem-se e mudam com o tempo. Um sistema de valores
bem desenvolvido faz com que a tomada de decisões seja uma tarefa relativamente sem conflitos.
A ética consiste nos princípios ou padrões que determinam a conduta apropriada. O termo origina-se
da palavra grega “ethos”, que significa costume. A ética refere-se ao que é certo e errado, o que é dever
ou obrigação. Sendo uma característica de todas as profissões, a ética protege os direitos dos homens.
Os valores influenciam como um indivíduo percebe os outros e como ele age. Quando os valores
entram em conflito, a ética frequentemente entra em cena e o resultado é o dilema.
Não há situação absolutamente certa ou errada, mas uma pessoa não deve comprometer os valores
de outra quando tentar resolver um dilema ético. Por exemplo, um enfermeiro de uma comunidade,
solicitado por um colega de trabalho para entrar em greve, precisa decidir-se entre a lealdade a seus
colegas e aos pacientes.
As pessoas apegam-se a valores em um contínuo de relativa importância. Valores relacionados
formam sistemas de valores, como aqueles relacionados à religião, saúde, liberdade e auto respeito. Um
sistema objetivo de valores permite a uma pessoa ser flexível ao tomar decisões e facilita uma ótima
interação com terceiros.
Valores éticos, morais e legais não estão necessariamente relacionados. Uma crença moral é uma
forte convicção de que alguma coisa é absolutamente certa ou errada em todas as situações. Desta
maneira, o que é uma questão moral para uns é dilema ético para outros (por exemplo, aborto).
Um direito legal é uma reivindicação justa ou algo que é devido de acordo com as garantias legais e
está frequentemente relacionado aos valores éticos (por exemplo, no caso da remoção de um sistema de
suporte de vida de um paciente em coma), mas não está necessariamente relacionado a todas as
situações (por exemplo, o direito ao tratamento de saúde é uma questão ética e não um direito legal).
Dois tipos específicos de valores são os terminais e instrumentais. Um valor terminal envolve finalidade
ou objetivos desejados, como a felicidade ou o sucesso na profissão. Um valor instrumental envolve

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


417
modelos desejáveis de conduta, como honestidade ou manutenção da saúde de outrem. Valores
instrumentais mudam com a experiência; valores terminais, os objetivos principais da pessoa, são
alcançados através de comportamentos motivados por valores instrumentais.
Valores e ética regem o modo de uma pessoa agir e dão sentido à vida. A prática da enfermagem
exige que o profissional de enfermagem atue dentro das regras legais e éticas e que, ao mesmo tempo,
se mantenha fiel a um sistema de valores pessoais.
Surgem, é claro, conflito de valores e, consequentemente, o profissional precisa estar preparado para
lidar com estes dilemas éticos e resolver os conflitos da melhor maneira possível, para assegurar a
qualidade da assistência e uma solução satisfatória do ponto de vista profissional.

Determinação de Valores dos Profissionais de Enfermagem

O profissional de enfermagem que usa a determinação de valores apresenta um crescimento pessoal


e adquire satisfação profissional. Durante os encontros com pacientes, colegas e profissionais de saúde,
os seus valores são desafiados e testados. Como ele demonstra uma vontade de ser responsável por
atuar profissionalmente? Como suas atitudes em relação a um paciente influenciam o cuidado
providenciado?
O enfermeiro tem dificuldade em assumir o papel de um profissional se seus valores pessoais são mal
concebidos ou pouco claros. A determinação de valores ajuda-o a explorar estes valores e decidir se ele
atua de acordo com suas convicções. Uma visão clara dos valores pessoais permite-lhe dar maior atenção
às necessidades dos pacientes. A determinação de valores também facilita a tomada de decisão e
resolução de problemas.
O processo de determinação de valores pode ser usado numa base continua entre os profissionais de
enfermagem e outros profissionais de saúde que enfrentam conflitos similares diariamente. Nas relações
de trabalho, os profissionais de enfermagem desenvolvem uma confiança nos colegas, em cujas reações
eles podem confiar.
O profissional consciente de seus valores atua rápida e decididamente e pode ajudar seus colegas a
determinar seus valores ao lidar e cuidar de pacientes. Compartilhar valores sobre pacientes, suas
famílias, colegas de trabalho e companheiros ajudam os profissionais a reconhecer seus próprios valores.
Esta partilha ajuda-os a compreender o comportamento dos colegas.
As linhas de comunicação tornam-se mais abertas quando se deparam com um tema controverso. A
qualidade das relações de trabalho é enriquecida à medida que os profissionais de enfermagem adquirem
conhecimentos sobre si mesmos e seus colegas.

Determinação de Valores de Pacientes

A valorização também é um instrumento útil no auxílio aos pacientes e seus familiares para adaptarem-
se ao estresse da doença e outros problemas relacionados à saúde. O profissional de enfermagem ajuda
o paciente a discriminar as emoções para determinar seus significados e sentidos.
A determinação de valores é uma atividade para despertar a consciência, através da qual os pacientes
adquirem consciência das prioridades pessoais, identificam ambiguidades nos valores e resolvem os
conflitos iniciais entre os valores e o comportamento.
O objetivo do profissional é comunicar-se com o paciente para ajudá-los a estabelecer comportamento
de proteção e promoção de saúde. O paciente torna-se mais propenso a expressar problemas e
sentimentos sinceros e, então, ele está apto a estabelecer um plano de assistência individualizado.
O enfermeiro que quer saber e aprende quais são os valores do paciente, está apto a planejar um
programa bem-sucedido de promoção de bem-estar.
Um sistema de estratégias pode ser usado para tornar a avaliação mais criteriosa, prática e significativa
para uma pessoa com valores não muito claros. Essas estratégias são, na verdade, exercícios para ajudar
um indivíduo na determinação de valores, utilizando as três etapas de valorização. Os profissionais de
enfermagem podem usá-las com os pacientes ou para determinar seus próprios valores.
Algumas vezes é difícil para um profissional de enfermagem determinar quando o paciente pode se
beneficiar com a determinação de valores. Nem todos os pacientes acreditam nos valores socialmente
preferidos, tais como o desejo de manter sua saúde, uma vontade de trabalhar pesado ou a importância
de ter uma carreira de sucesso.
Em alguns casos, os comportamentos do paciente sugerem ao profissional de enfermagem que seus
valores não são claros. Esses comportamentos podem interferir nos esforços do profissional de
enfermagem para promoção de uma boa assistência.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


418
Quando os comportamentos dos pacientes refletem uma necessidade de determinação de valores, o
papel do profissional de enfermagem será determinar se o paciente está infeliz, inseguro do seu sistema
de valores, ou se está vivenciando um conflito de valores que pode ser prejudicial à sua saúde. Nesses
casos, a determinação de valores pode ser útil.
Simplesmente encorajar o paciente expressar seus sentimentos pode fornecer informações
inadequadas, se o problema real for um conflito de valores. O profissional que está familiarizado com a
determinação de valores pode ajudá-lo a definir valores, esclarecer objetivos e procurar soluções.
Proporcionar meios de determinação de valores não é uma tentativa de psicanálise. O papel do
profissional de enfermagem é fornecer respostas para as perguntas ou afirmações do paciente, de modo
que estimule a introspecção.
O estímulo verbal do profissional para a determinação é gerado por uma consciência de que o processo
de valorização irá motivar o paciente a examinar seus pensamentos e ações. Esses estímulos podem
ajudá-los a escolher um valor livremente, considerar alternativas, apreciar a escolha, afirmá-la a outros e
incorporar comportamentos que reflitam o valor escolhido.
Quando o profissional de enfermagem incita um estímulo para a determinação, ele deve ser: breve;
sem julgamento; seletivo; que estimule pensamentos, e espontâneo. Isto assegura que o paciente está
sendo tratado como um indivíduo com necessidades reais e não permite que o profissional seja severo
ou moralizante.
A determinação de valores pode ocorrer em qualquer contexto. A valorização tem sempre mais
sucesso quando o profissional tem a oportunidade de um contato repetido com o paciente. É difícil para
ele ajudar significativamente o paciente a superar cada etapa do processo de valorização, se o tempo
dedicado a isto for curto.
No final, o paciente adquire a noção de como a valorização proporciona satisfação pessoal. A
determinação de valores promove a ponderação e tomada de decisões efetivas. O paciente torna-se
consciente de como os valores influenciam suas ações, um componente essencial na resolução de
problemas.
É necessário tempo para que o profissional possa desenvolver a determinação de valores, como um
instrumento para a assistência de paciente. Os profissionais de enfermagem não podem tentar ajudar
seus pacientes a examinarem seus valores, a não ser que eles mesmos tenham conhecimento de seus
próprios valores.
A determinação de valores pode ser um meio valioso dos pacientes identificarem seus sentimentos
verdadeiros e convicções e ter um melhor conhecimento de seus objetivos na vida.

Amparo do Paciente

Os padrões éticos regem o comportamento de profissionais e instituições para com os pacientes. Em


contraste, as leis determinam o licenciamento de profissionais e prescrevem os limites da prática legal.
Geralmente é verdade que as práticas éticas são práticas legais. Entretanto, somente a lei é prontamente
executável.
Como Kohnke destacou, o conceito de amparo transpõe esta lacuna entra a ética e a lei. Em
enfermagem, amparo consiste em informar o paciente e, então, apoiar qualquer que seja a decisão
tomada. Informar apropriadamente um paciente adéqua-se às responsabilidades legais do profissional de
enfermagem e apoiá-lo adéqua-se às necessidades éticas de respeitar o direito de uma pessoa à
autodeterminação.
Amparo é um processo complexo que, primeiro, requer do profissional de enfermagem a aquisição da
compreensão de suas próprias atitudes, valores e crenças e, depois aprender a aproximar-se do paciente
com a mente aberta, reconhecendo valores e crenças diferentes. Amparo não é o mesmo que
determinação de valores; entretanto, para dar amparo, o profissional de enfermagem precisa determinar
quais são os valores.
As duas funções primárias de amparo são informar e apoiar. Para informar um paciente propriamente,
o profissional de enfermagem precisa ter informação exata ou saber onde conseguir.
O profissional que dá amparo precisa também desejar que o paciente receba a informação. Entretanto,
um paciente precisa concordar em receber a informação; ele tem o direito de não saber. Além disso, o
profissional de enfermagem que dá amparo fornece a informação de um modo que tenha significado para
o paciente.
Finalmente, o profissional protetor reconhece que muitas pessoas, como membros de família, médicos,
administradores de assistência de saúde, não querem que o paciente obtenha informações. Esta situação
torna amparo muito difícil. O papel de protetor torna-se um ato de ponderação cuidadosa, entre contar ao
paciente o que ele precisa saber e não prejudicar a relação do paciente com a família ou o médico.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


419
O profissional de enfermagem também dá apoio ao paciente sem assumir uma posição defensiva ou
de salvamento. A responsabilidade da tomada de decisões permanece com o paciente e não com o
protetor.
O enfermeiro protetor não dá conselhos, faz julgamentos ou dá aprovação. O profissional de
enfermagem tem consequência dos riscos que são inevitáveis se o paciente tomar decisão errada sobre
o tratamento de saúde, mas é o paciente quem decide após receber a informação. Se a decisão for errada,
o profissional instrui o paciente como aceitá-la e como fazer uma escolha melhor no futuro.
O estudante de enfermagem principalmente frequentemente encontrará pacientes que pedirão ajuda
para tomar decisões simples, como, por exemplo, tomar banho. Essas questões podem ser importantes
para um paciente doente. Elas oferecem excelentes oportunidades a um enfermeiro para ajudar o
paciente a tomar decisões.
Quando decisões mais importantes tiverem que ser tomadas, ele estará mais apto a tomá-las.
Ajudando o paciente a tomar decisões aparentemente de pouca importância, o profissional de
enfermagem ganha prática no papel de protetor.
Existe um ponto chave a lembrar de quando o profissional de enfermagem exerce este papel. Nem
todos os pacientes precisam de “amparo”. Existem pacientes que são capazes de tomar suas próprias
decisões, sem o auxílio do profissional. Entretanto, é sempre apropriado para ele compartilhar
informações pertinentes e importantes com o paciente.

Normas Técnicas, Ética e Comportamento no Ambiente de Trabalho

A Ética é o ideal para conduta humana, pois a evolução de seus princípios deu-se juntamente com o
processo evolutivo da humanidade, e orienta o ser humano sobre o que é bom e correto e o que deveria
assumir, orientando sua vida em relação a seus semelhantes, visando o bem comum.
A Ética de nossa sociedade e a Ética empresarial são inseparáveis, algumas vezes indistinguíveis.
Nossas preocupações diárias com a eficiência, competitividade e lucratividade não podem prescindir de
um comportamento ético.
A Ética no trabalho orienta não apenas o teor das decisões (o que devo fazer) como também o
processo para a tomada de decisão (como devo fazer).
A adoção de princípios éticos e comportamentais reflete o tipo de organização da qual fazemos parte
e o tipo de pessoa que somos. Nosso respeito pelas diferenças individuais e a preocupação crescente
com a responsabilidade social, onde inserimos as questões de segurança, meio-ambiente e saúde no
cotidiano da nossa gestão empresarial, refletem as relações com seus empregados e para com a
sociedade.
Cada indivíduo tem o seu próprio padrão de valores. Por isso, torna-se imperativo que cada empregado
faça sua reflexão, de modo a compatibilizar seus valores individuais com os valores expressos nos
Princípios Éticos.

Ética no Trabalho

Para que seja ético no trabalho é preciso antes de tudo ser honesto em qualquer situação, nunca fazer
algo que não possa assumir em público, ser humilde, tolerante e flexível. Ser ético significa, muitas vezes,
abrir mão de algumas coisas e perder algo.
É preciso ouvir mais as ideias de seus colegas, pois muitas ideias aparentemente absurdas podem ser
a solução para um problema. Para descobrir isso, é preciso trabalhar em equipe, ouvir as pessoas e
avaliar a situação sem julgamentos precipitados ou baseados em suposições, e principalmente dar crédito
a quem realmente é merecedor.
Muitas vezes recebemos elogios pelo trabalho realizado por outras pessoas, sem sequer repassar os
mesmos ou citar o nome dos colegas que contribuíram para tal, e isso é ser antiético, pois está-se
aceitando um elogio pelo trabalho de outra pessoa e, cedo ou tarde, o mesmo será reconhecido e você
ficará com fama de mau-caráter.
Outra coisa muito importante é a pontualidade, pois se você sempre se atrasar, será considerado
indigno de confiança e pode perder boas oportunidades de carreira. Infelizmente em muitas empresas
julga-se o caráter e a competência de um funcionário pelo cumprimento de horário e não pela sua
produtividade ou habilidades técnicas/gerenciais.
Tente também nunca criticar seus colegas de trabalho ou culpá-los pelas costas, e quando tiver de
corrigir ou repreender alguém, faça-o em particular, não o humilhe perante outros, respeite sua
privacidade e se for o caso ofereça apoio, pois ele poderá estar passando por dificuldades sem você
saber.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


420
Existem outras ponderações que devemos fazer, tais como: maneiras de utilização de telefones, e-
mails, assim como comportamentos em reuniões/palestras e em situações de fofocas de corredor.
“Aja de acordo com seus princípios e assume suas decisões, mesmo que isso implique ficar contra a
maioria”.

Utilização do Telefone
Ao se utilizar o telefone na empresa devemos tomar alguns cuidados, tais como:
- Dar toda a atenção à pessoa que ligou sem ficar distraído com outras atividades em paralelo;
- Evitar intimidades com a pessoa que está do outro lado da linha, pois isso poderá causar
constrangimentos com os colegas que estão ao seu redor;
- Ao falar ao telefone, você é julgado pela dicção, capacidade de articular pensamentos e por tratar os
outros com cortesia ou não. A voz deve ser alegre, clara, calorosa e em bom-tom, nem alta nem baixa
demais;
- Ao atender telefonemas alheios, anote o recado escrevendo o nome da pessoa que ligou, o número
do telefone, o assunto e a hora;
- Não faça ligações pessoais demoradas;
- Não entre em discussões por telefone;
- Retorne as ligações, mesmo que você não conheça quem deixou recado;
- Se estiver ocupado, não tenha medo de interromper a conversa, diga que não pode falar e que ligará
em seguida e não esqueça de retornar à ligação;
- Todos estamos sujeitos a ter de atender a um telefonema com alguém ao lado. Quando for inevitável,
procure fazer com discrição, nada de gestos, caretas ou comentários tapando o bocal do telefone;
- Jamais deixe alguém esperando na linha, melhor dizer que está ocupado e que retornará a ligação
depois;
- Se a linha cair não se preocupe, pois, a responsabilidade de ligar novamente é de quem telefonou.

Utilização de e-mail
A utilização do e-mail é algo extremamente polêmico e atualmente se discute muito sobre o direito de
as empresas monitorarem os e-mails de seus funcionários, violando assim sua privacidade. Então, é
importante que se tenha alguns cuidados ao se utilizar o e-mail fornecido pela empresa:
- Nunca escreva algo que possa constrangê-lo depois, evite intimidades e escreva aquilo que você
falaria pessoalmente para a pessoa;
- Verifique sempre a gramática e a ortografia do texto antes de enviá-lo, pois não existe nada pior do
que um texto cheio de erros que, em muitos casos, pode ofender pessoas que prezam muito uma boa
grafia;
- Seja claro e objetivo, pois hoje em dia ninguém tem tempo para ler textos extensos demais ou ficar
pensando em palavras fora de contexto;
- Um e-mail, apesar de também ser um documento, não deve ser tão formal quanto uma carta;
- Jogue fora todos aqueles e-mails que não servem para nada, como malas diretas, correntes e
piadinhas infames e só responda àqueles que realmente mereçam sua atenção;
- Não mande correntes, piadas - obscenas ou não - e pegadinhas por e-mail para quem não conhece.

Comportamento em Reuniões
É neste momento que seu profissionalismo é posto à prova e onde sua postura profissional estará
sendo julgada, então tome alguns cuidados ao participar de reuniões de trabalho.
- Não chegue atrasado. Além de irritar quem chegou na hora, sua imagem ficará péssima, pois sua
pontualidade foi ineficaz;
- Nunca sente à cabeceira da mesa, pois esse lugar normalmente é reservado à pessoa que conduzirá
a reunião. Assim você dará a entender que conhece seu lugar, demonstrará apoio e deixará claro que
não ameaça a pessoa que está conduzindo a reunião;
- Leia e pesquise sobre o assunto que será colocado em pauta. Dessa maneira você estará preparado
e poderá participar da discussão, sem passar pelo constrangimento de dar um fora;
- Quando participar de uma reunião não entre mudo e saia calado, torne sua participação ativa;
- Exponha todas suas ideias independentemente de boas ou ruins, e quando achar que deve discordar,
discorde, mesmo que seja com quem está conduzindo a reunião. Dessa maneira você tornará a reunião
mais produtiva e não apenas um encontro de amigos;
- A pessoa que está conduzindo a reunião deve ser o primeiro e o último a falar. Ou seja, é ela que
abre e fecha a reunião;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


421
- Se for encarregado de conduzir uma reunião, lembre-se de que um bom condutor é aquele que expõe
suas opiniões de modo que todos entendam, sabe ouvir e mediar conflitos;
- Ao fazer um comentário, apresentar uma ideia ou sugestão, seja claro e objetivo. Resuma ao máximo
o que tem a dizer para não tornar a reunião longa e cansativa demais;
- Olhe para os outros quando estiverem falando para mostrar interesse. Não baixe os olhos para a
mesa;
- Apresente suas ideias como recomendação e não como ordens. Senão você poderá comprometer a
autoridade diante dos demais participantes;
- É importante manter a postura durante uma reunião. Evite ficar gesticulando, rabiscando, mexendo
no celular e principalmente entrar em uma reunião com o celular ligado.

Fofocas de Corredor
Algo inevitável nas empresas são as fofocas de corredor, por isso evite ao máximo fazê-las.
- Afaste-se das fofocas e maledicências. Só o fato de prestar atenção nelas pode lhe dar a fama de
fofoqueiro, e aquele que lhe conta a última novidade pode levar também um comentário péssimo sobre
você e aumentar o conflito interpessoal;
- Evite fazer profecias. As previsões podem não se realizar e as palavras se voltarão contra você;
- Não seja inconveniente, aparecendo em outros setores da empresa sem ligar antes só para fazer
uma fofoca rápida;
- Mantenha a voz baixa, especialmente quando precisar falar de assuntos de caráter confidencial;
- Quando se referir a um colega numa conversa, use o nome completo dele para evitar mal-entendidos;
- Evite falar de sua vida pessoal com quem você não conhece o caráter;
- Não comente com qualquer um os seus resultados positivos, prêmios e novos projetos que lhe foram
confiados;
- Caso trabalhe com alguém de quem não gosta, troque cumprimentos, mantenha distância e não
comente a antipatia que sente. Isso minimiza os atritos e evita que os outros reparem a incompatibilidade
e façam fofocas.

Exercícios do Cargo/Função
Jamais use seu cargo, função, atividade, posição ou influência com o fim de obter qualquer
favorecimento para si ou para outros. Busque o melhor resultado mantendo sempre uma atitude
transparente, de respeito e colaboração com os colegas de trabalho.
- Procure saber como seus superiores trabalham e como gostam que seus colaboradores exerçam
suas atividades, pois dessa maneira você poderá guiar suas atitudes e reações;
- Deixe claro quais são as suas funções, principalmente se elas incluírem obrigações pessoais e
particulares. Sobretudo, no caso de secretárias e assistentes que são encarregados de controlar as
contas do chefe, organizar agenda, comprar presentes para os familiares, etc.;
- Caso tenham afinidades ou amigos em comum, não há mal algum em fazer comentários pessoais,
mas seja discreto e tome cuidado para não parecer inconveniente nem puxa-saco;
- Reconheça os erros, mas não exagere no arrependimento nem na culpa. A fala correta é: “não foi
um erro intencional, isso não vai ocorrer de novo e vou remediar o acontecido”;
- Jamais diga a palavra problema para se referir a uma situação desfavorável. Dá a impressão de que
você não consegue controlar a situação.

Relacionamentos
Entre Colegas, Coordenadores e Gerentes
Saiba respeitar as diferenças individuais, aja de forma cortês, com disponibilidade e atenção a todas
as pessoas com quem se relaciona, independentemente de seu cargo na empresa.
- Reconheça os méritos relativos aos trabalhos desenvolvidos por colegas ou gerentes;
- Não prejudique a reputação de colegas ou gerentes por meio de julgamentos preconceituosos, falso
testemunho, informações não fundamentadas ou qualquer outro subterfúgio;
- Não busque obter troca de favores que aparentem ou possam dar origem a qualquer tipo de
compromisso ou obrigação pessoal;
- Estimule a manifestação de ideias, quando alinhadas com os objetivos das empresas, mesmo que
representem mudança significativa.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


422
Emocionais entre Colegas de Trabalho
Este assunto foi, é e sempre será muito polêmico, pois dependendo da diferença de hierarquias entre
o casal, com certeza surgirão comentários maldosos. Portanto, ao se relacionar com um colega de
trabalho tome os seguintes cuidados:
- Você e um colega se apaixonaram: se a empresa não proíbe namoro entre funcionários e vocês são
desimpedidos, não vale a pena esconder. Os colegas desconfiam, descobrem e fofocam;
- Enquanto estiver na empresa evite os apelidos carinhosos e telefonemas melosos. Nada de “fofo”,
“lindinha”, “bebê” e “neném”;
- Não constranja os colegas nem cause falatório criando situações para ficar a sós com seu amado ou
sua amada.
- Cenas de ciúme e bate-boca são péssimas para sua imagem na empresa;
- Se brigar com ela (ele), deixe a cara fechada e a reconciliação para fora da empresa. Seu romance
não é novela, para ser acompanhado capítulo a capítulo;
- Não policie os horários da (o) sua (seu) parceira (o) e muito menos crie empecilhos para que ela (ele)
almoce com colegas ou superiores sob o argumento “você não liga mais para mim”;
- Você e o chefe se apaixonaram: em muitas empresas, trata-se de amor proibido. Vocês podem tentar
escondê-lo por um tempo, mas correm sérios riscos;
- Do ponto de vista ético, o melhor a fazer é pedir, rapidamente, uma transferência de departamento,
já que o romance pode comprometer o trabalho. Se não for possível uma transferência, a saída mais
correta é um dos dois pedir demissão. Durante o período de impasse, ajam com absoluta discrição, pois
os fofoqueiros de plantão adoram comentar sobre situações como essa;
- Paixão por alguém casado: em casos assim, trata-se de nitroglicerina pura. Se o romance se tornar
público, amor, trabalho e família virarão uma grande confusão e isso é péssimo para a carreira;
- Evite comentar o assunto em voz alta e não transforme seu drama em tema de debate no fumódromo.

Intimidações
- Jamais tolere ameaças ou assédios de qualquer tipo;
- Não se submeta a situações de assédio moral (entendido como o ato de desqualificar repetidamente,
por meio de palavras, gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a imagem do empregado em
função do vínculo hierárquico) e denuncie o assediador;
- Respeite a hierarquia, porém informe imediatamente à gerência superior qualquer comportamento
irregular, desde que devidamente fundamentado;
- Comunique imediatamente aos seus superiores hierárquicos, para que as providências cabíveis,
qualquer aliciamento, ato ou omissão que julgue contrários ao interesse da empresa;
- Não ceda a pressões que visem a obtenção de vantagens indevidas.

Feedback
Feedback: conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado da mensagem; é o
processo de se dizer a uma pessoa como você se sente em função do que ela fez ou disse. Para isso,
fazer perguntas e obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem foi recebida ou não.
Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de feedback é mais uma
maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções.

Habilidades de Feedback
- Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior);
- No caso de feedback negativo, vá direto ao assunto; começar uma discussão com questões
periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá-las;
- Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor;
- Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de informações ou críticas);
- Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode estar contribuindo
para o comportamento do receptor;
- Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para que tanto você como o receptor
estejam deixando a reunião com o mesmo entendimento sobre o que foi decidido.

A Ética é algo que não pode ser definido como certo ou errado. É a forma de como as pessoas
acreditam, é o bom senso, em suma, e como você observa o mundo ao seu redor.
Infelizmente a Ética, postura profissional, relacionamentos no ambiente de trabalho, transformou-se
em chavões onde ninguém sabe explicar o que é certo ou não, ou melhor, pode-se notar que a Ética já
não está sendo respeitada.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


423
O coerente seria que as organizações desenvolvessem códigos de condutas, assim poderiam mostrar
o que é “correto” para aquele ambiente de trabalho. Uma vez tendo isso bem exemplificado e explicado,
não deixaria margem para questões sem o menor pingo de cuidado do uso de termos sem o menor
sentido, que em vez de ajudar acabam por prejudicar e muitas vezes ofender as pessoas.

Ética Profissional

Que responsabilidades estão envolvidas no papel de um profissional? Fromer relacionou as principais


características de um profissional:
- A profissão é exercida em tempo integral e é principal fonte de rendas;
- O profissional vê trabalho como um compromisso a uma solicitação. É mais que um emprego;
- Profissionais estão organizados com seus colegas por razões profissionais, isto é, por razões que
transcendem dinheiro e outros benefícios tangíveis;
- O profissional possui conhecimento e habilidade úteis baseados numa educação de duração e
dificuldade incontestáveis;
- Os profissionais demonstram uma orientação de atendimento que vai além da motivação financeira;
- O profissional procede de acordo com seu próprio julgamento.

Como profissional, o enfermeiro tem um compromisso com pacientes e com a própria profissão, em
fornecer a melhor qualidade de assistência de saúde disponível. A formação educacional do profissional
de enfermagem fornece o conhecimento e habilidades necessárias para ajudá-lo a cumprir o
compromisso profissional.
Experiências clínicas promovem a socialização na profissão, por que o profissional aprende os padrões
e normas usados por outros colegas no exercício da profissão e outras disciplinas de assistência médica.
O processo de tornar-se um profissional somente está completo quando os valores da profissão são
integrados aos valores do indivíduo.
A ética está ligada à verdade e este é o primeiro passo para aproximar-se do comportamento correto.
No campo do trabalho, a ética tem sido cada vez mais exigida, provavelmente porque a humanidade
evoluíra em tecnologia, mas não conseguiu se desenvolver na mesma proporção naquilo que se refere à
elevação de espírito.
A atitude ética determinará como um profissional trata os outros profissionais no ambiente de trabalho,
os consumidores de seus serviços: clientes internos e externos entre outros membros da comunidade em
geral.
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados.
O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a
sua profissão; o agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no
desempenho de sua profissão.

Ética na Enfermagem124

Os dilemas éticos surgem a cada dia, exigindo dos profissionais de enfermagem o aprimoramento
constante de seus conhecimentos.
Face à dinamicidade cultural contemporânea, o profissional de enfermagem se depara com
questionamentos éticos e legais a respeito da sua atuação, exigindo competência ampla diante de tantas
inovações.
O cliente usuário dos serviços de saúde tem o direito de receber informações claras, objetivas e
compreensíveis sobre as medidas diagnósticas e terapêuticas propostas.
Assim, sabe-se que é incontestável o direito do cliente de acessar as informações e orientações a
respeito da assistência de enfermagem que lhe está sendo prestada, bem como o direito de acessar o
seu prontuário, os exames médicos solicitados e os resultados, além de discutir com os profissionais da
área de saúde sobre as possibilidades diagnósticas e terapêuticas pretendidas, consentindo ou não, de
acordo com o livre arbítrio - legalmente resguardado pela capacidade jurídica, ou através de seu
representante legal.
O paciente dos dias de hoje, por ter consciência de seus direitos de consumidor, tem deixado de ser
tão passivo a tudo, o que requer mais atenção, respeito e habilidade por parte do enfermeiro. Alguns
pacientes querem participar de seus cuidados e compreenderem o que está ocorrendo no seu processo
de hospitalização.
124
Texto extraído de FREITAS, Genival Fernandes de; OGUISSO, Taka. Ocorrências éticas na enfermagem. Rev Bras Enferm, Brasília (DF) n. 56, v. 6, p. 637-639,
nov-dez, 2003.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


424
Nesse sentido, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, em seu artigo 16, é muito claro
ao assegurar ao cliente o direito de que lhe seja prestada uma assistência de enfermagem livre de danos
decorrentes de negligência, imperícia ou imprudência.
O Código Civil, em seu artigo 951, dispõe: “... no caso de indenização devida por aquele que, no
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”. Com isso, a responsabilidade
profissional é subjetiva, caso ocorra algum tipo de prejuízo ao cliente, exigindo-se a comprovação de que
o profissional agiu culposamente e deu ensejo ao risco ou ao dano alegado pelo cliente ou responsável
legal.
A responsabilidade é o dever jurídico de responder pelos próprios atos ou de outrem, sempre que estes
atos violarem os direitos de terceiros protegidos por Lei, garantindo o ressarcimento de danos causados
culposamente, seja por imperícia, negligência ou imprudência, por parte do profissional.
A negligência consiste na inação, inércia, passividade ou omissão, entendendo que é negligente quem,
podendo ou devendo agir de determinado modo, por indolência ou preguiça mental, não age ou se
comporta de modo diverso.
A imperícia se reveste da falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para executar
determinada atribuição. Trata-se, portanto, de uma atitude comissiva (de cometer ou agir) por parte do
profissional, expondo o cliente a riscos e com a possibilidade de acometimento danoso à integridade física
ou moral.
Em contrapartida, a imprudência decorre da ação açodada, precipitada e sem a devida precaução. É
imprudente quem expõe o cliente a riscos desnecessários ou que não se esforça para minimizá-los.
A equipe de enfermagem, ao cuidar de um cliente, não se obriga a curá-lo, contudo deve utilizar todos
os recursos humanos e técnicos possíveis e disponíveis para garantir uma assistência de enfermagem
segura e eficaz, isto é, isenta de riscos de ocorrências prejudiciais, tendo como desvelo a conduta inapta,
imprudente ou negligente do profissional de enfermagem.
O trabalho de Enfermagem125 tem se diversificado, indo desde o cuidado, seja do indivíduo, família e
grupo da comunidade, passando pelas ações educativas, pesquisas, administrativas, até a participação
no planejamento em saúde. O enfermeiro tem avançado no controle das suas atividades, previstas tanto
no Regulamento do Exercício Profissional (Lei n. 7498/86) como no Novo Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem (Resolução COFEN 564/17).
Surgem, junto com este avanço, os problemas éticos relativos ao desempenho da profissão de
Enfermagem, sendo necessário que esse profissional tome conhecimento de seus direitos e deveres
éticos e legais, ampliando, assim, a segurança em suas ações e a possibilidade de estar exercendo as
suas atividades dentro daquilo que lhe cabe, evitando possíveis complicações legais posteriores.
A ética profissional é uma parte da ciência moral e tem como função detectar os fatores que, numa
determinada sociedade, são capazes de alienar a atividade profissional; portanto, é tarefa da ética
profissional realizar uma reflexão crítica, e questionadora, que tenha por finalidade salvar e dar segurança
à sociedade no que diz respeito à atividade profissional.
A ética, no contexto da Enfermagem, abrange comportamentos e ações que envolvem conhecimentos,
valores, habilidades e atitudes no sentido de favorecer as potencialidades do ser humano com a finalidade
de manter ou melhorar a condição humana no processo de viver e morrer. Assim, os cuidados de
Enfermagem devem estar relacionados a ações livres de danos decorrentes de imperícia, negligência ou
imprudência.

Modalidades de Culpa, conforme o art. 18, inciso II do Código Penal


- Imprudência: é a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado). É a prática de um fato
perigoso, ou seja, é uma ação descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.
- Negligência: é a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre
sempre antes de começar a ação (exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em
movimento).
- Imperícia: é a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade.

A Ética na Pesquisa em Enfermagem


A enfermagem tem o dever de utilizar a pesquisa para buscar novos meios científicos e métodos
racionais para melhorar a prática assistencial da enfermagem.
Dois documentos básicos têm orientado o desenvolvimento das normas e códigos de ética na
investigação biomédica e em saúde:
125
ROSENSTOCK, Karelline Izaltemberg Vasconcelos et al. Aspectos Éticos no Exercício da Enfermagem; Revisão Integrativa da Literaturas. Cogitare Enferm., v.
16, n. 4, p. 727-33, out/dez, 2011.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


425
- o Código de Nuremberg: teve sua origem na devastadora pesquisa realizada sem nenhum conceito
de participação ou consentimento voluntário, durante a Segunda Guerra Mundial;
- Declaração de Helsinque: desenvolveu uma compreensão crescente das diferenças entre a
investigação terapêutica e a não-terapêutica e ampliou a compreensão dos tipos de informação que
devem receber os sujeitos potenciais da investigação.
São universalmente importantes para todas as práticas de saúde, mas a maneira como eles são
aplicados podem, numa determinada situação, diferir de uma cultura para outra.
São os mesmos aplicáveis na Pesquisa em Enfermagem daqueles utilizados na prática de
Enfermagem. Na pesquisa como na prática o paciente tem direitos e o enfermeiro tem a responsabilidade
de proteger e defender esses direitos. Estes princípios sob o ângulo da pesquisa são: Beneficência, Não-
maleficência, Justiça e Autonomia.
A Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, aprova diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Neles estão inclusos a autonomia, a
não-maleficência, beneficência e justiça.
A pesquisa envolvendo seres humanos requer o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
devidamente assinado.
É o processo pelo qual pesquisadores asseguram que, os sujeitos de pesquisas sejam informados
sobre os riscos potenciais, desconfortos e incômodos, assim como os benefícios de participarem num
estudo, informando-lhes sobre seu direito de não participar e tal informação é apresentada de maneira
livre e sem coerção;

O Consentimento Esclarecido é guiado por três princípios:


1. O ÉTICO;
2. O LEGAL OU JURÍDICO; constitui responsabilidade de cada pesquisador conhecer as normas
legais para obter o consentimento livre e esclarecido; caso não haja na região ou país, utilizar os princípios
éticos conforme a Resolução 196/96 do CNS do Ministério da Saúde.
3. CIENTÍFICO. Guia a obtenção do consentimento esclarecido. O pesquisador deve entender os
benefícios e riscos possíveis para o sujeito. O pesquisador deve ter conhecimento do contexto em que
os cuidados são prestados, para identificar possíveis zonas de coação, como por exemplo, oferta de
recompensas financeiras para participar no estudo.

A obtenção do consentimento deve obedecer duas fases distintas:


1º - Apresentação de um protocolo da pesquisa, ou seja, um documento contendo a descrição da
pesquisa, com os objetivos, metodologia, duração prevista da pesquisa, modelo do instrumento a ser
realizado, informações aos sujeitos, formulário ou termo de consentimento, recursos financeiros,
qualificação do pesquisador, aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
2º - Envolve o convite aos participantes para conhecer o estudo e se há interesse em participar. Se for
favorável a participar o sujeito deve assinar o formulário de consentimento em duas vias. Uma para o
sujeito e a outra para o pesquisador. O sujeito tem o direito de desistir de participar da pesquisa.

Os docentes possuem mais obrigações e possuem o dever desenvolver pesquisar.


Os Professores têm responsabilidade ética para ensinar, orientar e servir de modelo profissional para
os alunos. A orientação constitui a essência do ensino de pós-graduação, mas pode haver riscos de
conflitos.
Mesmo que os resultados da pesquisa não tenham alcançado os objetivos ou seus resultados sejam
inconclusivos, o pesquisador tem o dever moral de divulga-los.

Códigos de Ética

A profissão de enfermagem possui códigos de ética que asseguram ao profissional a atenção por altos
ideais de conduta. Um código de ética profissional é uma declaração coletiva das expectativas do grupo,
um padrão de comportamento.
Um código de ética para os profissionais de enfermagem relaciona as responsabilidades especiais
assumidas por aqueles que cuidam de pessoas doentes. Eles lidam com pessoas, que por causa de
doença ou trauma, são frequentemente vulneráveis ou dependentes das capacidades e conhecimentos
profissionais.
A profissão de enfermagem precisa formular e cumprir altos ideais de conduta para assegurar ao
público e a sociedade que os profissionais individualmente, não tirarão partido de suas posições.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


426
Um código é um conjunto de princípios que são geralmente aceitos por todos os membros de uma
profissão. Estes princípios indicam alguns dos fatores que os profissionais de enfermagem devem
considerar, quando da decisão da conduta apropriada. Códigos de ética também fornecem um alicerce
comum para o currículo de enfermagem profissional.
É muito difícil codificar todos os princípios nos quais uma pessoa deve se basear para resolver dilemas
num campo complexo como o da enfermagem. Os profissionais de enfermagem enfrentam dilemas éticos
que não são claramente regulamentados pelos códigos de ética.
Um código de ética precisa ser curto, no entanto detalhado o suficientemente para que sempre ofereça
uma orientação clara e obtenha aceitação geral. A Associação Americana de Profissionais de
Enfermagem (AAPE) e o Conselho Internacional de Profissionais de Enfermagem (CIPE) estabeleceram
códigos amplamente aceitos, que os profissionais de enfermagem devem tentar seguir. Embora esses
códigos se diferenciem em algum ponto de ênfase específica, eles refletem os mesmos princípios básicos.
Cada profissional de enfermagem assume a responsabilidade de realizar atividades de enfermagem
específicas na assistência de um paciente. Ser responsável também se refere à esfera das funções de
deveres associado ao papel dos enfermeiros.
À medida que assumem mais funções, estas funções tornam-se parte de sua responsabilidade. Sendo
responsável, ele se torna seguro e digno de confiança pelos colegas e paciente. Um profissional
responsável é competente em conhecimento e habilidades. É imperativo que ele também possua
responsabilidade ética em relação ao paciente.
Um profissional de enfermagem cuida de um paciente que é, no mínimo, parcialmente dependente da
escolha de ação feita pelo enfermeiro e que depositou confiança nas capacidades deste profissional. A
responsabilidade de um enfermeiro requer uma disposição de atuação apropriada dentro das diretrizes
de conduta da ética profissional.
A profissão de enfermeiro é caracterizada pela responsabilidade; eles precisam estar aptos a
responder por suas ações (por exemplo, dar uma dosagem errada de um medicamento). Um profissional
de enfermagem responsável denuncia erros e inicia os cuidados para prevenir qualquer prejuízo futuro
ao paciente. Ter responsabilidade pede uma avaliação de efetividade do profissional de enfermagem em
assumir responsabilidades.
Um profissional de enfermagem tem responsabilidade para com ele, com o paciente, a profissão, a
instituição empregatícia e a sociedade. Ele assume a responsabilidade por si própria, por relatar às
autoridades apropriadas qualquer conduta que coloque os pacientes em risco. A prioridade mais alta do
profissional é a segurança e o bem-estar dos pacientes.
Ter responsabilidade para com o paciente significa que o profissional fornece informação precisa a ele
sobre o tratamento. Ele tem a responsabilidade de informar o paciente sobre procedimentos e fornecer
informações que o ajudem a tomar decisões.
Ele mantém responsabilidade para com a profissão e, consequentemente, para com a sociedade,
mantendo altos padrões de ética e encorajando outros profissionais a fazerem o mesmo. Ele relata
qualquer conduta de outro profissional da mesma área ou de um médico que coloque em risco o paciente.
O profissional de enfermagem que falha em apresentar esta conduta é considerado corresponsável.
O profissional de enfermagem tem responsabilidade em relação à instituição. Administradores de
enfermagem e médicos são geralmente as pessoas para as quais os profissionais de enfermagem devem
obediência.
As instituições desenvolvem normas e procedimentos para fornecer diretrizes coerentes para a
realização de atividades de assistência de saúde. Normas e procedimentos previnem confusões e erros
quando é dada a assistência.
A preocupação ética primária de profissionais de enfermagem é ajudar cada paciente a receber
assistência de saúde de alta qualidade. Ele possui o potencial não apenas de ajudar os pacientes, mas
também de causar algum desconforto ou estresse. É frequentemente difícil descriminar as ações
benéficas das desnecessariamente estressantes.
Um profissional de enfermagem pode ser mais responsável por um paciente se os benefícios e as
desvantagens das ações forem cuidadosamente ponderados. Sendo responsável, o profissional de
enfermagem terá, como consequência maior responsabilidade.
Os conflitos surgem em situações de ser responsável e ter responsabilidade. Frequentemente, entre
administradores de enfermagem e médicos, o profissional de enfermagem pode ficar indeciso sobre quem
tem responsabilidade por quem.
Normas e procedimentos dão uniformidades aos padrões básicos de assistência de enfermagem,
deste modo mantém a qualidade de assistência em uma instituição. Se um enfermeiro discorda das
expectativas da instituição, é possível trabalhar dentro do sistema para mudá-las, talvez aperfeiçoando
ou modificando normas e procedimentos ultrapassados.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


427
A sociedade como um todo tem objetivo de propiciar assistência de saúde para todos. Como membro
de um sistema de saúde, o profissional de enfermagem age dentro das regras desse sistema. Barreiras
burocráticas são sempre impostas por este sistema, o que pode criar conflitos envolvendo valores de
ética do profissional.
Enfermeiros podem entrar em conflito, ao tentarem proteger os direitos dos indivíduos vulneráveis e
em condições inferiores. Entretanto, a menos que defendam os direitos de todos os pacientes, não
estarão agindo de acordo com as demandas da sociedade.

A responsabilidade profissional serve quatro propósitos básicos:


- Avaliar as novas normas da prática profissional e reavaliar as existentes.
- Manter os padrões de assistência de saúde.
- Facilitar a reflexão pessoal, o pensamento ético e o crescimento pessoal por parte dos profissionais.
- Fornecer bases para tomadas de decisão éticas.

O desempenho individual de um profissional de enfermagem pode ser medido? Uma tendência recente
na assistência de saúde é o estabelecimento de padrões de assistência.
A Comissão Mista de Credenciamento de Hospitais tem recomendado certos padrões para o exercício
da assistência de enfermagem. Estes padrões fornecem uma estrutura básica para avaliar se assistências
de enfermagem competentes são ministradas.
O desempenho então pode ser medido objetivamente, bem como criticamente. Tucker e associados
produziram um exemplo de um conjunto de padrões a seguir para propiciar bem-estar físico geral a um
paciente, tal como certificar-se de que o paciente está confortável e na posição correta.
Esses padrões não eliminam a necessidade de um plano individual de assistência. Entretanto,
profissionais de enfermagem que incorporam esses padrões em um plano de assistência satisfazem sua
responsabilidade éticas. A responsabilidade é assegurada porque a qualidade de assistência pode ser
medida.

Bioética126

Bioética (ética da vida) é parte da filosofia que se dedica a estudar a moral e as obrigações humanas.
Assim, surge uma nova reflexão para a ética tradicionalista, que vincula as relações humanas com a vida,
saúde e integridade física de todos os seres humanos, sensibilizando o desenvolvimento social. Seu nome
indica uma forma especial de ética em que se conjugam o aspecto biológico e as relações de deveres
profissionais.
Importante saber que a Bioética não trata somente da relação entre médico e paciente, mas também
se preocupa com especialidades vinculadas ao campo da Medicina, tais como a Biotecnologia, a
Engenharia Genética, experiências com seres humanos e animais em geral, saúde dos pacientes
mentais, questões sobre início e fim de vida - como a interrupção da gravidez frente a um diagnóstico de
um feto com múltiplas malformações congênitas, transplantes de órgãos, eutanásia, clonagem humana e
outros temas. Incorpora, também, diversos temas sociais como Saúde Pública, meio ambiente e relações
jurídicas, entre outros.
No século XX, o paciente avançou na conquista de um direito humano tido como fundamental, que é
sua autonomia para tomar decisões em situações relacionadas à própria saúde. Saiu de uma condição
passiva para assumir papel ativo no relacionamento com profissionais de Saúde.
No cenário de dilemas morais, a Bioética chama para si a responsabilidade de refletir sobre questões
e valores que surgem em decorrência do avanço da Biotecnologia sobre a vida humana.
O “fazer” da Enfermagem, por estar ligado diretamente a processos invasivos nos pacientes, desperta
nos profissionais questões como “Que atitude deve ser tomada? ”, “Até onde o profissional de
enfermagem deve ir com o intuito de salvar vidas?” Ou ainda, “Que fazer diante de pacientes que recusam
determinados tratamentos ou medicamentos?”.
A Bioética possui como uma de suas características principais a de ser uma ciência na qual o Homem
é sujeito e não somente objeto.
Tom Beauchamp e James Chidress, em 1978, ambos vinculados ao Kennedy Institute of Ethics,
publicaram o seu livro Principles of Biomedical Ethics, que consagrou o uso dos princípios na abordagem
de dilemas e problemas bioéticos fundada em quatro princípios: autonomia, beneficência, justiça e não
maleficência.
Beneficência: trata-se do critério mais antigo da ética médica. Resume-se em fazer o bem ao paciente.
126
Texto adaptado de KURAMOTO, Jaqueline Bergara. Ética e bioética em enfermagem. In: Saberes e práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem.
MURTA, Genilda Ferreira (org.). 3. ed. rev. amp. São Caetano do Sul: Difusão, 2007. Vol. 2

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


428
Não maleficência: resume-se em não prejudicar o paciente. “Auxilie ou não prejudique o paciente. ”
(Hipócrates)
Autonomia: um dos norteadores da Bioética. Trata-se da capacidade de decisão do paciente. Decidir
em não aceitar determinado tratamento ou mesmo medicação. Também pode decidir o melhor horário
para o seu banho no leito. A autonomia dá ao ser humano a capacidade para agir de acordo com sua
vontade por meio de escolhas que estão ao seu alcance e diante de objetivos por ele estabelecidos.
Justiça: todo ser humano merece atenção e cuidado e deve ser tratado com igualdade e com
imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios perante toda atenção à saúde. Precisa-se de muita
cautela para que não haja injustiça social. Assim, torna-se importante o diálogo multidisciplinar, assim
como com toda a sociedade a fim de decidir sobre alocação de recursos em Saúde Pública.

Questões

01. (EBSERH - Medicina do Trabalho - IBFC/2017) Os princípios fundamentais da Bioética são:


(A) Beneficência, Justiça e Solidariedade
(B) Beneficência, Justiça, Não Maleficência e Autonomia
(C) Beneficência, Humanização, Compaixão e Inclusão
(D) Não Maleficência, Justiça, Inclusão, Humanização e Autonomia
(E) Não Maleficência, Justiça, Inclusão, Humanização e Solidariedade

Gabarito

01.B
Comentários

01. Resposta: B
A Bioética possui como uma de suas características principais a de ser uma ciência na qual o Homem
é sujeito e não somente objeto.
Tom Beauchamp e James Chidress, em 1978, ambos vinculados ao Kennedy Institute of Ethics,
publicaram o seu livro Principles of Biomedical Ethics, que consagrou o uso dos princípios na abordagem
de dilemas e problemas bioéticos fundada em quatro princípios: autonomia, beneficência, justiça e não
maleficência.

10. Princípios gerais de segurança no trabalho. 10.1. Prevenção e causas dos


acidentes do trabalho. 10.2. Princípios de ergonomia no trabalho. 10.3. Códigos
e símbolos específicos de Saúde e Segurança no Trabalho

SEGURANÇA DO TRABALHO

É o conjunto de medidas técnicas, médicas e educacionais, empregadas para prevenir acidentes, quer
eliminando condições inseguras do ambiente de trabalho quer instruindo ou convencionando pessoas na
implantação de práticas preventivas.

Acidente do Trabalho

É o que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional, que cause a morte, ou perda, ou redução permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.

Acidente de Trajeto

Fica caracterizado como acidente de trabalho também aquele que ocorra na ida ou na volta do trabalho,
ou o ocorrido no mesmo trajeto quando o trabalhador efetua as refeições na sua residência. Deixa de
caracterizar-se o acidente quando o trabalhador tenha por vontade própria, interrompido ou alterado o
trajeto normal.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


429
Doença Profissional

É a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade e


constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência
Social. Ex.: Saturnismo (intoxicação provocada pelo chumbo) e Silicose (sílica).

Doença do Trabalho

É a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e


com ele se relacione diretamente (também constante da relação supracitada). Ex.: Disacusia (surdez) em
trabalho realizado em local extremamente ruidoso.

Incidente

No conceito prevencionista é todo acidente sem lesão física, sendo que esta conceituação permite a
análise de todos os acidentes ocorridos, para que possamos descobrir as verdadeiras causas e as
consequentes medidas de prevenção.

Causas do Acidente do Trabalho

Em um passado não muito distante, a responsabilidade do acidente do trabalho era colocada muito
mais nos trabalhadores através dos atos inseguros, essa tendência acabou criando uma "consciência
culposa" nos mesmos, sendo que era tendência a negligência, o descuido, a facilitação e o excesso de
confiança serem apontados como causas dos acidentes.

Atualmente com o avanço e a socialização das técnicas prevencionistas, o que queremos é apurar
quais são as verdadeiras causas e não os culpados pelos acidentes do trabalho, portanto, não é que não
exista o ato inseguro e a condição insegura, o que precisamos é compreendê-los melhor.
- Condição insegura: é a condição do meio ambiente de trabalho, que causou o acidente, ou
contribuiu para a sua ocorrência.
- Fator pessoal de insegurança: é causa relativa ao comportamento humano, que propicia a
ocorrência de acidentes. Ex.: Doença na família, excesso de horas extras, problemas conjugais, etc.

Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)

A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente de trabalho ou doença profissional
deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão.

Tipos de CAT
A. CAT inicial - acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho.
B. CAT reabertura - reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do
trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS.
C. CAT comunicação de óbito - falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do
trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial.

A comunicação em epígrafe deverá ser feita ao INSS, em 24 horas úteis, em seis vias, com a seguinte
destinação:
1. Ao INSS;
2. À empresa;
3. Ao segurado ou dependente;
4. Ao sindicato de classe do trabalhador;
5. Ao Sistema Único de Saúde (SUS);
6. À Delegacia Regional do Trabalho.

Técnicas de Investigação de Acidentes


A quem interessa a prevenção de acidentes?

1. Ao trabalhador:
- Assegura qualidade de vida;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


430
- Evita perda de rendimentos;
- Mantém sua autoestima;
- Trabalho como prazer, alegria, motivação para vida.

2. Ao empregador:
- Ganhos de produtividade;
- Preservação da imagem da empresa perante à comunidade;
- Redução dos custos diretos e indiretos;
- Diminuição de litígios trabalhistas;
- Menor rotatividade da mão-de-obra.

3. A sociedade/governo:
- Menores encargos previdenciários;
- Imagem positiva da nação perante organismos internacionais;
- Valorização do ser humano por meio de políticas públicas;
- Diminuição do "Custo Brasil".

A prevenção de acidentes deve obedecer a um processo dinâmico e constante que se caracterize por
ações efetivamente prevencionistas que devem ser tomadas no sentido de evitar, eliminar, controlar ou
impedir a evolução e consolidação dos riscos no ambiente de trabalho.
A cuidadosa investigação de um acidente oferece elementos valiosos para a análise que deve ser feita,
concluindo-se sobre suas causas e suas consequências.
A análise dos acidentes fornece dados que se acumulam e possibilitam uma visão mais correta sobre
as condições de trabalho nas empresas, com indicações sobre os tipos de acidentes mais comuns, as
causas mais atuantes, a gravidade das consequências e os setores que necessitam de maior atenção do
SESMT e da CIPA.

Passos a Serem Seguidos:


- Levantar os fatos, fazendo pesquisa no local do acidente e entrevistas com as pessoas envolvidas.
- Ordenar os fatos e não fazer prejulgamentos.
- Identificar as causas, sem querer achar um culpado.
- Definir as medidas preventivas que visem eliminar o risco identificado.

A realidade demonstra que a melhor maneira de evitar acidentes é praticar a prevenção, a análise de
acidentes estruturada em fatos reais, com a participação efetiva de todos os envolvidos, proposição de
medidas viáveis e consensuais para evitar a reincidência constituem-se em uma arma valiosa na
prevenção de acidentes quer de ordem pessoal, quer de ordem material.
Investigar um acidente é reconstituir o ocorrido através dos vestígios encontrados no local e através
dos dados coletados nas indagações feitas junto aos elementos diretamente envolvidos com o acidente.
Após as providências imediatas (socorro ao acidentado e marcha normal do processo), iniciar
imediatamente, no próprio local do evento, a investigação do acidente que deve ser feita por todos os
envolvidos na análise e deve necessariamente ser realizada no local do evento.

A investigação deve ser a mais completa possível e não omitir os seguintes aspectos:
- Tarefa no momento do acidente;
- Descrição do acidente;
- Equipamentos envolvidos;
- Ferramentas utilizadas;
- EPI's utilizados;
- Produtos envolvidos;
- Tipo de acidente;
- Fator pessoal.

Importância da Saúde do Trabalhador

A organização, no seu cotidiano, se depara com uma brutal concorrência no mercado, com isso a
natureza do trabalho favorece uma vida sedentária, movimentos repetitivos e posturas incorretas. A busca
inconstante pela produtividade e pela qualidade dos produtos e do serviço vem impondo condições
extremamente insalubres e prejudiciais ao organismo humano (ROCHA, 2004).

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


431
Um dos problemas que mais tem afetado as empresas são os distúrbios na saúde dos trabalhadores,
na maioria das vezes ocasionados devido a uma organização do trabalho que envolve tarefas repetitivas,
pressão constante por produtividade, jornada prolongada, além de tarefas fragmentadas, monótonas, que
reprimem o funcionamento mental do trabalhador.
Esses distúrbios trazem para os empresários, onerosas despesas com assistência médica, alto
absenteísmo, pagamento de seguros e redução da produtividade e, para os trabalhadores, sofrimento,
queixas de dores e, principalmente, falta de motivação no desenvolvimento das tarefas (MORAES, 2007).
A promoção e proteção da saúde do trabalhador proporciona ao empregado uma vida melhor e
provavelmente mais longa, com melhor saúde física e principalmente mais feliz. Este estado de felicidade
não advém única e exclusivamente de um bem-estar físico, mas principalmente de um bem estar interior
decorrente das melhorias das relações pessoais que mantém no trabalho, além de passar a vivenciar o
trabalho não como tortura e fonte de problemas, mas como algo prazeroso e desejável (ASFAHL, 2005).
Porque é tão importante o bem-estar e a saúde no trabalho? A resposta é simples, é só lembrarmos
da quantidade de tempo que passamos em nossas atividades de trabalho, sem exagero podemos dizer
que é a maior parte de nossas vidas, quando estamos acordados, e por meio dele (trabalho), é que
realizamos grande parte das nossas aspirações (COSTA, 2005).
O ambiente de trabalho deve ser visto como um todo, inserido na sociedade com toda a sua
capacidade de agressão ou de proteção. Mudanças profundas, intensas e aceleradas no processo
produtivo, aliadas à adversidade de situações de trabalho, adoção de novas tecnologias, de métodos
gerenciais que deterioram as relações de trabalho, podem causar consequências negativas para a saúde
do trabalhador (FIALHO, 2006).
A vivência depressiva em relação ao trabalho alimenta-se da sensação de adormecimento intelectual,
na verdade, marca de alguma forma o triunfo do condicionamento em relação ao comportamento
produtivo e criativo. As más condições físicas e psicológicas no ambiente laboral influenciam diretamente
na qualidade de vida no trabalho, com reflexo nas relações interpessoais e na execução das funções. A
relação entre o ambiente e o ser humano se configura no bem-estar físico e psicológico no trabalho, a
qual se caracteriza por ser o sustentáculo para a eficácia na execução das tarefas organizacionais. O
trabalhador que se encontra num ambiente laboral que prioriza sua integridade física, emocional e social,
estará disposto, motivado para exercer de forma eficiente suas tarefas. (GRANDJEAN, 2005)

Dentre isso, destacam-se os aspectos indispensáveis para um ambiente de trabalho saudável:


- A promoção e prevenção do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as
ocupações;
- A prevenção da deterioração da saúde do trabalhador causada pelas condições de trabalho;
- A colocação e manutenção do trabalhador em emprego adequado às suas aptidões físicas e
psicológicas.

Esses aspectos envolvem a promoção e preservação da saúde do trabalhador, em que se tornam


necessários desenvolver medidas no ambiente organizacional, conforme o processo de trabalho
desenvolvido, as quais se caracterizam como medidas ergonômicas, ou seja, a análise ergonômica do
ambiente de trabalho (BELLUSCI, 2007).

Prevenção e Causas dos Acidentes do Trabalho

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, no exercício de
suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho. O acidente do trabalho será
caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS, mediante a identificação do nexo entre o
trabalho e o agravo.
Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo técnico
epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade, elencada
na Classificação Internacional de Doenças (CID).
Considera-se agravo para fins de caracterização técnica pela perícia médica do INSS a lesão, doença,
transtorno de saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de
natureza clínica ou subclínica, inclusive morte, independentemente do tempo de latência.
Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o nexo entre o trabalho
e o agravo, serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário tenha direito, caso contrário,
não serão devidas as prestações.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


432
A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e
segurança da saúde do trabalhador, sendo também seu dever prestar informações pormenorizadas sobre
os riscos da operação a executar e do produto a manipular.
Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de
segurança e higiene do trabalho. Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e saúde do
trabalho indicadas para a proteção individual e coletiva, a previdência social proporá ação regressiva
contra os responsáveis.
O pagamento pela Previdência Social das prestações decorrentes do acidente do trabalho não exclui
a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.
A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte
ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável
entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas
reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.
Desta comunicação receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a
que corresponda a sua categoria.
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus
dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública,
não prevalecendo nestes casos o prazo de apenas um dia útil. Nesta hipótese, a empresa permanecerá
responsável pela falta de cumprimento da legislação. Caberá ao setor de benefícios do INSS comunicar
a ocorrência ao setor de fiscalização, para a aplicação e cobrança da multa devida.
Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela
Previdência Social, das multas previstas para o descumprimento desta obrigatoriedade.
Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da
incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o
dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de 12 meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente da percepção de auxílio-acidente. Vamos conferir os artigos 19, 20 e 21 da Lei
8.213/91.

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta
Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar nº
150, de 2015)
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e
segurança da saúde do trabalhador.
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de
segurança e higiene do trabalho.
§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar
e do produto a manipular.
§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades
representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores,
conforme dispuser o Regulamento.

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho
e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo
comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


433
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos
I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona
diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou
produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar
proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus
planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio
de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício
do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de
acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.
Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada a
natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre
o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico
e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças
(CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº
150, de 2015)
§ 1° A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a
inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006)
§ 2° A empresa ou o empregador doméstico poderão requerer a não aplicação do nexo técnico
epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso, com efeito suspensivo, da empresa, do empregador
doméstico ou do segurado ao Conselho de Recursos da Previdência Social. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 150, de 2015)

Princípios de Ergonomia no Trabalho

A palavra ergonomia é de origem grega, em que ERGO significa trabalho e NOMOS significa regras,
normas, leis. Podemos entender que seriam as regras/normas/leis para a execução do trabalho. Se
considerarmos como ciência, poderemos dizer que é a ciência aplicada em facilitar o trabalho executado
pelo homem, sendo que aqui se interpreta a palavra “trabalho” como algo muito abrangente, em todos os
ramos e áreas de atuação.
Sendo, desta forma, uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a fim de
organizar o trabalho, tornando este último compatível com as características físicas e psíquicas do ser
humano. Alguns autores a consideram como ciência, outros como tecnologia. Segundo Montmollin, a
ergonomia é uma ciência interdisciplinar que compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho.
Murrel a define como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho.
Self cita que ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia e das ciências vizinhas
aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos, meios
e ambientes de trabalho.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


434
Wisner explica ergonomia como sendo o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao
homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados
com o máximo de conforto, segurança e eficiência.
Na definição de Couto é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e
produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente buscando adaptar as condições de trabalho
às características do ser humano. Já Leplat nos informa que ergonomia é uma tecnologia, e não uma
ciência, cujo objetivo é a organização dos sistemas homem-máquina.
Segundo a Ergonomics Research Society, “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem
e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia,
fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”.
Segundo a International Ergonomics Association - IEA, a Ergonomia é a disciplina científica
preocupada com o entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema
e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos para projetar, de modo a otimizar, o bem-
estar humano e a performance geral do sistema.
Em 1960 a Organização Internacional do Trabalho - OIT define a ergonomia como sendo a: “Aplicação
das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento
do homem ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar” (MIRANDA, 1980).
Algumas considerações sobre interações entre homem e seus ambientes de trabalho foram
encontradas em alguns documentos da Grécia Antiga, em alguns outros artigos medievais com mais de
cem anos na Alemanha. Falando em relação à história moderna da ergonomia, que surgiu no período
entre 1939 a 1945 com a Segunda Grande Guerra, houve a necessidade de adaptação das armas
utilizadas no combate ao homem, com o principal objetivo de obter vantagens sobre o adversário, além
de preservar a própria sobrevivência.
Para Abrahão e Pinho (2002), a importância da ergonomia nos anos 1940 se deu pela abordagem do
trabalho humano e suas interações nos contextos social e tecnológico, buscando mostrar a complexidade
dessas interações. A ergonomia trouxe a ideia de proteger o trabalhador dos riscos físicos, ambientais e
psicológicos provocados, principalmente, pelo sistema capitalista, que visa sempre o lucro através do
aumento da produção.
Promovendo a intensificação da carga de trabalho e implementação do tempo de trabalho, sem se
preocupar com o conforto do funcionário. Podemos exemplificar com o que aconteceu nos EUA, quando
os norte-americanos construíram o projeto da cápsula espacial, em que o homem tentou adaptar qualquer
tipo de máquina às características humanas.
Mas o desconforto provocado aos astronautas no primeiro protótipo da cápsula espacial fez com que
houvesse a necessidade de replanejar o tempo e os meios para a viagem ao espaço. É importante
citarmos que o conforto do trabalhador é necessário para que tenha uma boa relação com o trabalho.

Dentro das atribuições da ergonomia temos alguns domínios de especialização com competências
mais profundas. São elas:
- Ergonomia Física: versa sobre as características humanas anatômicas, antropométricas,
fisiológicas e biomecânicas que se relacionam com a atividade física. Os tópicos relativos incluem
posturas de trabalho, manipulação de materiais, movimentos repetitivos, lesões musculoesqueléticas
relacionadas com o trabalho, layout do posto de trabalho, segurança e saúde.
- Ergonomia Cognitiva: relata sobre os processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio,
e resposta motora, que afetam as interações entre humanos e outros elementos de um sistema. Os
tópicos relevantes incluem a carga de trabalho mental, tomada de decisão, desempenho especializado,
interação homem-computador, fiabilidade humana, stress do trabalho e formação relacionadas com a
concepção homem-sistema.
- Ergonomia Organizacional: diz respeito à otimização de sistemas sociotécnicos, incluindo as suas
estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes incluem comunicação, gestão de
recursos de equipes, concepção do trabalho, organização do tempo de trabalho, trabalho em equipe,
concepção participativa, “community ergonomics”, trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho,
cultura organizacional, organizações virtuais, tele trabalho e gestão da qualidade.

Segundo HENDRICK (1992), a ergonomia possui quatro componentes identificáveis:


- Tecnologia de interface homem-máquina ou ergonomia de Hardware - é aplicada no projeto de
controles, displays e arranjo das estações de trabalho para otimizar a performance do sistema e diminuir
as probabilidades de erros humanos;
- Tecnologia da interface homem-ambiente ou ergonomia ambiental - que consiste no estudo das
capacidades e limitações humanas em relação às demandas impostas pelas variações do ambiente. É

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


435
utilizada a fim de minimizar o estresse ambiental para a performance humana e também para proporcionar
maior conforto e segurança, além do aumento da produtividade;
- Tecnologia de interface usuário-sistema ou ergonomia de software - estuda como as pessoas
conceitualizam e processam as informações. É frequentemente chamada de ergonomia cognitiva. A maior
aplicação desta tecnologia é no projeto ou modificação de sistemas para aumento da usabilidade;
- Tecnologia da interface homem-organização-máquina ou macro ergonomia - o foco central das
três tecnologias da ergonomia é o operador individual, no time de operadores ou em níveis de
subsistemas. A macro ergonomia tem seu foco na estrutura do sistema de trabalho como um todo, ou
seja, em suas interfaces com os avanços tecnológicos, com o sistema organizacional e com a interface
homem-máquina.

Quando falamos em ergonomia temos que levar em consideração alguns pontos, como:
- Produtividade da empresa;
- Qualidade do produto;
- Condições de trabalho;
- Qualidade de vida dos trabalhadores.

Alguns objetivos devem sempre ser levados em consideração, tais como:


- Melhoria das condições ambientais;
- Prevenção de acidentes de trabalho;
- Prevenção de lesões por esforço repetitivo.

Outra consideração que devemos ter, quando se trata de ergonomia, é a sua tríade básica de
sustentação, composta por:
- Eficiência;
- Segurança;
- Conforto.

Através desta tríade podemos observar que a eficiência de uma intervenção ergonômica é muito
importante, tanto para justificar o trabalho do ergonomista como para melhoria das condições da empresa
(financeira, econômica, social ou profissional). Além da própria melhoria da eficiência dos trabalhadores.
A segurança é de extrema importância, tanto para os trabalhadores como para os empregados. A
diminuição dos riscos indica uma maior preocupação com os funcionários. O conforto nos mostra que o
indivíduo, quando em situações satisfatórias, produz e trabalha mais e com melhor humor.

Tipos Principais

Ergonomia de Correção: atua de maneira restrita, modificando os elementos parciais do posto de


trabalho, como: Dimensões, Iluminação, Ruído, Temperatura, etc.
Ergonomia de Concepção: interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento, da
máquina ou do sistema de produção, organização do trabalho e formação de pessoal.
Ergonomia de Conscientização: ensina o trabalhador a usufruir os benefícios de seu posto de
trabalho:
- Boa postura, uso adequado de mobiliários e equipamentos.
- Implantação de pausas, ginástica laboral (antes, durante e depois da atividade).
- Como conscientizar as pessoas da limitação de seu corpo.
- Como treinar as pessoas a serem mais eficientes com seu corpo.
Ergonomia Participativa: estimulada pela presença de um Comitê Interno de Ergonomia (CIE): CIE -
comissão que engloba representantes da empresa e dos funcionários, utiliza as ferramentas da
ergonomia de conscientização para que haja o pleno usufruto do projeto ergonômico, seja esse
implementado pela ergonomia de concepção ou de correção. Um CIE só funciona quando é simples, de
baixo custo.

Princípios da Ergonomia

Princípio 1: Posição vertical - o corpo humano deve trabalhar na vertical ou posição neutra onde
encontra seu melhor ponto de equilíbrio, com baixo nível de tensão dos músculos em geral. Para que seja
possível esta postura o posto de trabalho deve proporcionar:
- Altura adequada das bancadas: trabalho pesado, moderado ou leve.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


436
- Para trabalhos de escrita a bancada ou mesa na altura da linha epigástrica (parte superior do
estômago).
- Quando o trabalho envolver mais de um tipo de tarefa, analisar a tarefa de maior tempo e assim
utilizar a altura da bancada adequada.
- Na medida do possível dotar o posto com regulagem de altura.

Principio 2: Boa situação mesa - cadeira


- Manter o tronco apoiado ajuda a aliviar a tensão muscular.
- Durante a escrita manter a inclinação anterior do assento permitindo assim que utilize corretamente
o assento e não posicionar-se na extremidade do mesmo.
- Utilizar cadeira com rodízios a fim de evitar torcer o corpo e sim girar a cadeira.
- Quando possível inclinar a superfície de trabalho.

Princípio 3: Auxílio mecânico


- Diminuição do peso dos objetos deve ser uma prioridade constante em qualquer trabalho de
ergonomia.
- Utilizar carrinhos com elevação manual lenta.

Princípio 4: Eliminar esforço estático


- Eliminar tronco encurvado corrigindo com altura adequada de bancada.
- Sustentação de cargas pesadas através principalmente de suportes e correntes.
- Evitar apertar pedais estando de pé se a frequência deste esforço for maior que 3 vezes por minuto,
colocar o trabalhador sentado ou colocar atarefa para ser feita através de botões manuais.
- Evitar braços acima do nível dos ombros.
- Eliminar o manuseio, movimentação e carregamento de cargas muito pesadas.
- Instituir a flexibilidade postural, pois é através desta que se consegue um bom revezamento dos
esforços, sem sobrecarga.

Principio 5: Melhorar a alavanca do movimento


- Melhoria de projeto de ferramentas manuais; motosserras, cortadeiras, etc.
- Aumento do cabo de ferramentas, especialmente quando envolver esforço de distorcer uma porca.
- Substituir o levantar por puxar; melhor ainda é empurrar.

Princípio 6: Os instrumentos de controle devem estar dentro da área de alcance das mãos
Todos os objetos, ferramentas e controles a serem pegos/operados frequentemente devem estar
dentro da área de alcance normal. Todos os objetos, ferramentas e controles a serem pegos/operados
ocasionalmente devem estar dentro da área de alcance máximo.
- Alcance normal: entende-se por braços esticados na linha do ombro.
- Alcance Máximo: entende-se por braços esticados na linha do ombro e giro do tronco.

Princípio 7: Evitar torcer e fletir o tronco ao mesmo tempo. Para evitar esforços deste tipo
- Orientação ao trabalhador.
- Eliminar obstáculos das cargas que tenham que ser manuseadas.
- Reposicionar locais de armazenamento.
- Peças pesadas devem ser colocadas sobre caixas rasas, e estas sobre bancada.

Princípio 8: Criar facilidades mecânicas no trabalho. Para evitar esforços desnecessários


utilizar
- Carrinhos; talhas com corrente;
- Gancho com corrente;
- Talhas mecânicas;
- Talhas com ventosas ou com prendedores laterais e dispositivos auxiliares para transportar tambores.

Princípio 9: Utilizar o princípio PEPLOSP para manusear peças. PEPLOSP quer dizer
P- perto do corpo;
E- elevada na altura de 75 cm do piso;
P- pequena distância vertical entre a origem e o destino;
L- leve;
O- ocasionalmente;

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


437
S- simetricamente, sem ângulo de rotação do tronco;
P- pega adequada para as mãos.

Princípio 10: Usar análises biomecânicas para avaliar o risco das tarefas. Duas formas de
análises são muito úteis
- Modelo biomecânico bidimensional da Universidade de Michigan.
- Critério de NIOSH para avaliar o risco do levantamento manual de cargas.

A aplicação destes princípios visa prevenir os riscos de lombalgias nas empresas em até 80%. A
Ergonomia é a ciência do conforto, e é através dela que procuramos assegurar uma boa adaptabilidade
entre o homem e seu trabalho, seus equipamentos, seu ambiente físico, suas ferramentas e muitos fatores
que cercam seu sistema de trabalho.

Códigos e Símbolos Específicos de Saúde e Segurança no Trabalho

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


438
Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32
439
Questões

01. Assinale certo ou errado para a assertiva abaixo:


Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, médicas e educacionais, empregadas para
prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do ambiente de trabalho quer instruindo ou
convencionando pessoas na implantação de práticas preventivas.
( ) certo ( ) errado

02. Assinale certo ou errado para a assertiva abaixo:


Acidente de trajeto é o que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional, que cause a morte, ou perda, ou redução permanente ou temporária,
da capacidade para o trabalho.
( ) certo ( ) errado

03. Quantos tipos de CAT existem em nosso país?


(A) 03
(B) 02
(C) 05
(D) 04

04. Quanto a ergonomia, qual das alternativas abaixo está correta:


(A) Ergonomia Física - relata sobre os processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio, e
resposta motora, que afetam as interações entre humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos
relevantes incluem a carga de trabalho mental, tomada de decisão, desempenho especializado, interação
homem-computador, fiabilidade humana, stress do trabalho e formação relacionadas com a concepção
homem-sistema.
(B) Ergonomia Cognitiva - versa sobre as características humanas anatômicas, antropométricas,
fisiológicas e biomecânicas que se relacionam com a atividade física. Os tópicos relativos incluem
posturas de trabalho, manipulação de materiais, movimentos repetitivos, lesões musculoesqueléticas
relacionadas com o trabalho, layout do posto de trabalho, segurança e saúde.
(C) Ergonomia Organizacional - diz respeito à otimização de sistemas sociotécnicos, incluindo as suas
estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes incluem comunicação, gestão de
recursos de equipes, concepção do trabalho, organização do tempo de trabalho, trabalho em equipe,
concepção participativa, “community ergonomics”, trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho,
cultura organizacional, organizações virtuais, tele trabalho e gestão da qualidade.

Gabarito

01.Certo / 02.Errado / 03.A / 04.C

Comentários

01. Resposta: Certo


Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, médicas e educacionais, empregadas para
prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do ambiente de trabalho quer instruindo ou
convencionando pessoas na implantação de práticas preventivas.

02. Resposta: Errado


Acidente de Trajeto
Fica caracterizado como acidente de trabalho também aquele que ocorra na ida ou na volta do trabalho,
ou o ocorrido no mesmo trajeto quando o trabalhador efetua as refeições na sua residência. Deixa de
caracterizar-se o acidente quando o trabalhador tenha por vontade própria, interrompido ou alterado o
trajeto normal.

03. Resposta: A
-.CAT inicial - acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho.
-.CAT reabertura - reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do
trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


440
-.CAT comunicação de óbito - falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do
trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial.

04. Resposta: C
Ergonomia Organizacional - diz respeito à otimização de sistemas sociotécnicos, incluindo as suas
estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes incluem comunicação, gestão de
recursos de equipes, concepção do trabalho, organização do tempo de trabalho, trabalho em equipe,
concepção participativa, “community ergonomics”, trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho,
cultura organizacional, organizações virtuais, tele trabalho e gestão da qualidade.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Um conjunto de normas regulamentadoras (NR)127 relativas à segurança e à medicina do trabalho foi


criado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a fim de diminuir as lesões ocorridas no trabalho.
Entre elas está a Norma Regulamentadora n. 9 (NR 9), a qual define a obrigatoriedade da elaboração
e implementação, por parte dos empregadores, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, tendo em consideração a
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa, no campo da
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas
demais NRs, em especial a NR 7 do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - (PCMSO).
Em trabalhadores de enfermagem, há predomínio de acidentes de trabalho típicos, seguidos pelos
acidentes de trajeto e as doenças ocupacionais. O principal agente causador dos acidentes típicos são
os materiais perfuro cortantes, como agulhas, que em geral provocam lesões que não requerem repouso
para a recuperação e, por isso, em 80% dos casos não geram afastamento.
Os acidentes de trajeto estão muito relacionados ao uso de transporte coletivo pelo trabalhador durante
a ida para o trabalho ou no retorno do mesmo, e são gerados, muitas vezes, por quedas ao subir ou
descer de ônibus.
Investimentos em educação permanente e treinamentos que direcionem o trabalhador são
fundamentais para a prevenção dos agravos à saúde do trabalhador.
As condições de trabalho da equipe de enfermagem, principalmente nos hospitais, têm sido
consideradas impróprias no que concerne às especificidades do ambiente gerador de riscos à saúde.
A remuneração inadequada, a acumulação de escalas de serviço, o aumento da jornada de trabalho,
as características tensiógenas dos serviços de saúde (tanto pela natureza do cuidado prestado às
pessoas em situações de risco quanto pela divisão social do trabalho), a hierarquia presente na equipe
de saúde e o desprestígio social, entre outros fatores, associam-se às más condições de trabalho da
equipe de enfermagem e refletem-se na qualidade da assistência prestada ao usuário e no sofrimento
psíquico dos trabalhadores.
Esse conjunto de problemas tem levado diversos profissionais da enfermagem ao abandono da
profissão, tendo como consequência a diminuição do quantitativo de profissionais no mercado de
trabalho.

Gerenciamento de Riscos

Gerenciamento de riscos tem como definição o desenvolvimento de sistemas de prevenção de


acidentes, lesões ou outras ocorrências adversas no ambiente institucional. O conceito inclui prevenção
ou redução de eventos adversos ou incidentes envolvendo empregados, pacientes ou instalações.
Para compreender melhor o conceito de gerenciamento de risco, é importante entender o significado
das palavras-chave que compõem essa definição. Portanto, será utilizada a terminologia adotada pelo
Guia de análise de acidentes de trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego:
- Evento adverso: qualquer ocorrência de natureza indesejável relacionada direta ou indiretamente ao
trabalho, incluindo:
a) Acidente de trabalho: ocorrência geralmente não planejada que resulta em danos à saúde ou à
integridade física de trabalhadores ou de indivíduos do público;
b) Incidente: ocorrência que, sem ter resultado em danos à saúde ou à integridade física de pessoas,
tenha potencial para causar tais agravos;

127
FELLI, V. E. A.; BAPTISTA, P. C. P. Saúde do Trabalhador de Enfermagem. Manole, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


441
c) Circunstância indesejada: condição, ou um conjunto de condições, com potencial de gerar acidentes
ou incidentes;
- Trabalhador: pessoa que tenha qualquer tipo de relação de trabalho com as empresas envolvidas no
evento, independentemente da relação de emprego;
- Indivíduo do público: pessoa que, não sendo o trabalhador, sofra os efeitos de eventos adversos
originados em processos de produção ou de trabalho, tais como visitantes, transeuntes e vizinhos;
- Perigo: fonte ou situação com potencial para provocar danos;
- Risco: exposição de pessoas a perigos.

O gerenciamento de risco é estruturado basicamente nas atividades de identificação dos perigos


existentes e de suas causas; cálculo dos riscos que esses perigos representam; elaboração e aplicação
de medidas de redução desses riscos, quando necessário; e posterior verificação da eficiência das
medidas adotadas.
Portanto, investigações que concluem que “falhas humanas” causaram eventos adversos, além de
óbvias, são frágeis tecnicamente, inadequadas e superficiais.
Dessa forma, medidas de eliminação e controle de risco adotadas nos processos e ambientes de
trabalho são mais eficientes e abrangem, em geral, o coletivo de trabalhadores da empresa ou do
estabelecimento. São, geralmente, soluções técnicas ou de engenharia de processos que introduzem
alterações permanentes nos ambientes e nas condições de trabalho.
Já as medidas de proteção individual e de vigilância da saúde ou de controle médico, aplicáveis aos
trabalhadores, são menos efetivas, pois reduzem o dano que pode resultar da exposição a um fator de
risco, mas não removem a causa ou a fonte do problema.

Gerenciamento de Riscos na Enfermagem

A enfermagem representa o maior contingente de profissionais, sendo os que permanecem no hospital


todos os dias da semana, todas as horas do dia. Assim, é dela a responsabilidade de realizar a maior
parte das ações do cuidado e promover a qualidade da assistência à sociedade. Sendo assim, os
enfermeiros podem prevenir erros ou detectar precocemente qualquer tipo de complicação e eventos
adversos.
Logo, o profissional da enfermagem assume, de acordo com as atribuições do exercício profissional,
papel importante no gerenciamento de risco, pois participa ativamente da elaboração de medidas de
prevenção e controle dos eventos adversos que possam ser causados aos pacientes, decorrentes do
cuidado à saúde, como também do gerenciamento de outros fatores de risco potenciais (também
denominados quase falhas ou near miss), gerenciados por meio dos protocolos, das instruções
normativas e da ficha de notificação de riscos, se ela estiver implantada na organização.
Os principais eventos adversos relacionados à assistência de enfermagem podem ser relacionados à
atitude do profissional, aos procedimentos executados e aos fatores ambientais.
Podem-se apontar como os principais eventos adversos: queda dos pacientes, infecção hospitalar,
úlceras de pressão, erros de medicação, manipulação de cateteres, sondas e drenos, manipulação de
vias aéreas, utilização incorreta de equipamentos e materiais, ambientes físicos inadequados, proporção
de profissionais defasada frente ao número de pacientes e grau de complexidade no atendimento,
materiais e uso de equipamentos sem o devido conhecimento, em quantidade insuficiente/obsoletos ou
com comprometimento de qualidade.

Diagnóstico Inicial da Segurança no Ambiente Hospitalar128

O principal objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área da saúde, com qualidade,


eficiência e eficácia. Uma breve introdução ao assunto é dada a seguir:
Qualidade: aplicação apropriada do conhecimento disponível, bem como da tecnologia, no cuidado
da saúde. Denota um grande espectro de características desejáveis de cuidados, incluindo eficácia,
eficiência, efetividade, equidade, aceitabilidade, acessibilidade, adequação e qualidade técnico-científica.
Eficácia: a habilidade do cuidado, no seu máximo, para incrementar saúde.
Eficiência: a habilidade de obter o máximo de saúde com um mínimo custo.
Efetividade: o grau no qual a atenção à saúde é realizado.

128
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271855/Seguran%C3%A7a+no+ambiente+hospitalar/473c5e32-025a-4dc2-ab2e-fb5905d7233a

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


442
Isto não pode ser alcançado sem a administração efetiva de um programa de prevenção de acidentes
que proporcione condições ambientais seguras para o paciente e para os profissionais que aí
desenvolvem suas atividades de trabalho.
O Hospital deve desenvolver continuamente essa política, assegurando que gerentes e funcionários
estejam cientes de suas responsabilidades na redução de riscos e acidentes. Devem promover e reforçar
práticas seguras de trabalho e proporcionar ambientes livres de riscos, em acordo com as
obrigatoriedades das legislações municipais, estaduais e federais.

A complexidade dos temas que envolvem à segurança no ambiente hospitalar, exige um tratamento
multiprofissional, tanto para a tomada de decisões técnicas, como para as administrativas, econômicas e
operacionais. Os diversos profissionais, em especial os gerentes e diretores, visando avaliar suas
posturas frente aos temas de segurança no ambiente de trabalho, devem analisar os seguintes aspectos:
a. As obrigações legais referentes a segurança do trabalho estão sendo cumpridas? Estão resultando
em níveis de segurança aceitáveis?
b. Os profissionais da área clínica estão utilizando equipamentos tecnologicamente compatíveis com
a demanda? Sabem operá-los adequadamente?
c. Existem no hospital, programas de treinamento e reciclagem adequados para uso da tecnologia
médica?
d. O hospital possui equipe de manutenção? Essa equipe possui os recursos necessários para a
manutenção de equipamentos médicos e de infraestrutura? É realizada a manutenção preventiva dos
equipamentos vitais?
e. Possui Brigada Contra Incêndio (BCI)? Possui sistemas automáticos para extinção de incêndio? São
eficientes e suficientes?
f. Possui sistema de geração de energia elétrica de emergência?
g. Os custos gerados com acidentes envolvendo funcionários e pacientes no ambiente hospitalar estão
compatíveis com os investimentos feitos nas áreas de aquisição, treinamento e uso de tecnologias?
h. Os funcionários usam os equipamentos de segurança? São suficientes? Os riscos ambientais estão
identificados e corrigidos?
i. Os funcionários utilizam adequadamente suas ferramentas de trabalho? São suficientes para garantir
o funcionamento seguro dos equipamentos e sistemas?
j. Os pacientes e visitantes recebem algum tipo de orientação sobre como agir em caso de incêndio?
k. Existem no hospital, profissionais com dedicação exclusiva na área de segurança?
l. Existem em seu hospital todos os projetos de arquitetura e engenharia atualizados que possibilitem
a tomada de decisões com maior precisão e segurança?
m. O hospital possui planos de emergência para enfrentar situações críticas como falta de energia
elétrica, água, incêndio e inundações?
n. Existe no hospital uma lista de empresas prestadoras de serviços, que estejam aptas a prestar
serviços aos equipamentos e instalações de acordo com as normas de segurança aplicáveis?
o. Existe no hospital a ficha cadastral dos equipamentos existentes que indique a periodicidade dos
testes de segurança e de desempenho dos mesmos?
p. São feitas, frequentemente, pelo menos mensalmente, reuniões com a comunidade de saúde, para
discutir problemas de segurança existentes em sua unidade de saúde?

Atitudes Profissionais para o Gerenciamento da Segurança

Todos os níveis de gerenciamento devem, constantemente, reforçar as regras e regulamentos de


segurança, estar alerta e identificar as práticas e condições inseguras, tomando, imediatamente, atitudes
apropriadas para corrigir irregularidades.
Os gerentes e supervisores têm a responsabilidade de zelar para que ambos, ambiente e funcionário,
apresentem-se em condições adequadas de segurança e devem considerar a prevenção de acidentes
como uma parte normal de suas atividades rotineiras.
A responsabilidade pelas questões de segurança está necessariamente atrelada aos funcionários.
Cada um deles deve seguir as práticas de segurança no trabalho, através do uso de regras e
regulamentos anunciados pelo programa de segurança do hospital.
É preciso estar constantemente alerta para os riscos de acidentes em qualquer local do hospital,
comunicando à sua supervisão qualquer eventualidade, prática ou condição insegura.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


443
O SESMT, a CIPA e a Segurança

São obrigadas a manter os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


Medicina do trabalho (SESMT) e as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) as
empresas privadas e públicas (incluindo os hospitais) que possuem empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). São responsabilidades inerentes à CIPA e SESMT:
a. zelar pela saúde e integridade física do trabalhador;
b. revisar todos os acidentes envolvendo visitantes, pacientes e funcionários, bem como manter
relatórios e estatísticas de todos os danos;
c. investigar e analisar acidentes, recomendando medidas preventivas e corretivas para evitá-los;
d. apoiar a área gerencial como consultor na área de segurança do trabalho e atividades afins;
e. coordenar e treinar a equipe de Brigada Contra Incêndio, bem como a população envolvida em
situações de incêndio.

Recentemente, através da Portaria nº 5 de 17 de agosto de 1992, do Ministério do trabalho, ficou


estabelecido que a CIPA terá como obrigatoriedade adicional a confecção de denominado "Mapa de
Riscos". Esse mapa deverá ser confeccionado com auxílio do SESMT e terá como finalidade básica fazer
uma representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho, a
conscientização e informação dos trabalhadores através da fácil visualização dos riscos existentes na
Empresa.
Os riscos serão simbolizados por círculos de três tamanhos: pequeno com diâmetro de 2,5 cm; médio
com diâmetro de 5 cm e grande com diâmetro de 10 cm, conforme sua gravidade e em cores, conforme
o tipo de risco, relacionados no quadro seguinte (Fonte: Portaria nº 5, de 17.08.92, do Diretor do
Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, publicada no Diário Oficial da União em
20.08.92).

Cores Representativas dos Riscos Ambientais

RISCOS AMBIENTAIS CORES REPRESENTATIVAS

Agentes Físicos Verde

Agentes Químicos Vermelho

Agentes Biológicos Marrom

Agentes Ergonômicos Amarelo

Agentes Mecânicos Azul

Riscos Locais Laranja

Riscos Operacionais Preto

Esses círculos serão representados em planta baixa ou esboço do local de trabalho analisado. O
"Mapa de Riscos", completo ou setorial, permanecerá afixado em cada local analisado, para informação
dos que ali trabalhem.
Após a identificação dos riscos, a CIPA encaminhará a direção da empresa, um relatório descrevendo
a situação e aguardará a manifestação por parte da empresa, em um prazo de no máximo 30 dias.
Havendo necessidade de medidas corretivas, a direção estabelecerá o prazo para providenciar as
alterações propostas, através de negociação com os membros da CIPA e SESMT da empresa. Esses
prazos e datas deverão ficar registrados em Atas da CIPA.

Questões

01. (SERPRO - Técnico de Enfermagem - CESPE) O PPRA visa à preservação da saúde e da


integridade dos trabalhadores. Com relação a esse assunto e a riscos ambientais,

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


444
Julgue os itens subsequentes.
Uma das atribuições da CIPA é elaborar o mapa de risco com a participação do maior número de
trabalhadores e com a assessoria do SESMT.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito

01.Certo

Comentários

01. Resposta: Certo


Recentemente, através da Portaria nº 5 de 17 de agosto de 1992, do Ministério do trabalho, ficou
estabelecido que a CIPA terá como obrigatoriedade adicional a confecção de denominado "Mapa de
Riscos". Esse mapa deverá ser confeccionado com auxílio do SESMT e terá como finalidade básica fazer
uma representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho, a
conscientização e informação dos trabalhadores através da fácil visualização dos riscos existentes na
Empresa.

Apostila gerada especialmente para: Rafael goncalves da silva maia 115.918.266-32


445

Você também pode gostar