As religiões afro-brasileiras

e a intolerância religiosa no
ambiente escolar
Profª. Daniele Ferreira
Evangelista
(E.M. Honorino Coutinho)
Mestre em Ciências Felipe Gonçalves,
Sociais (PPCIS/UERJ) foto publicada no
jornal Extra em
26/01/2009,
Felipe foi expulso
de sala de aula
por sua
professora de
português
porque estava
com seus "fios de
conta".
 As religiões de matriz africana: principais alvos
da intolerância religiosa
• Segundo a Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação¹, de
2010, cresceu o índice de situações de violação aos direitos humanos
em consequência da intolerância religiosa nas escolas publicas .
• As principais vítimas são adeptos das religiões de matriz africana, tais
como a Umbanda e o Candomblé.
• Uma das principais questões apontadas é o despreparo dos
profissionais de educação para lidar com a questão da DIFERENÇA, da
DIVERSIDADE e da LAICIDADE no ambiente escolar.

¹ Informe preliminar. Missão Educação e Racismo no Brasil (2010). Eixo: Intolerância Religiosa na Educação. In:
http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/11/321_Informe-preliminar-Miss%C3%A3o-
Intoler%C3%A2ncia-Religiosa.pdf
O GLOBO | FONTES:
CEPLIR E NÚCLEO
INTERDISCIPLINAR
DE REFLEXÃO E
MEMÓRIA
AFRODESCENDENTE,
DA PUC-RIO (2013)
“Intolerância” ou “racismo religioso”?
Os pilares do racismo religioso
1. A ignorância acerca das religiões de matriz africana.

2. O preconceito e a discriminação envolvendo as expressões

culturais de origem negra.

3. A rejeição à diversidade (vista como algo desagregador que coloca

em risco a organização social e mental dos indivíduos)
 Como atuar no ambiente escolar para
desconstruir esses pilares?
1º : Nos colocando como os primeiros a aprenderem sobre essas
religiões, numa postura não preconceituosa e aberta ao diálogo.

2º: promovendo uma educação para a diversidade, o que exige:

• Postura relativista
• Descontruir preconceitos e estereótipos
• Positivar as tradições culturais de matriz africana (mostrando sempre
sua racionalidade, sua sofisticação, sua beleza e seus ensinamentos
ético-morais).
Um pouco do Candomblé e da Umbanda...
 Características básicas:
• São religiões da diáspora africana que se construíram de forma regional no
Brasil. Portanto, não há um modelo único de culto, nem uma origem que se
possa buscar na África.
• Seus cultos e ritos são baseados na importância da oralidade. A palavra falada
é considerada sagrada e as informações são reveladas aos poucos. Portanto,
não há uma “bíblia” ou qualquer padronização escrita do culto.
• São religiões de lógica inclusiva e não exclusiva. Isso quer dizer que os adeptos
podem crer em vários tipos de divindades (inclusive de outras religiões) e não
apenas um único deus.
• Não partilham da lógica dualista cristã que crê numa separação entre
bem/mal; céu/inferno; deus/diabo
• Valorização da ancestralidade, do parentesco e do “respeito ao mais velho”.
• Necessidade de uma relação direta e terrena com as divindades por meio da
possessão.
Preconceitos e estereótipos mais comuns:
• O uso do termo “macumba” como forma de xingamento ,
demonização e generalização dos cultos e da cultura afro-brasileira.

• A possessão como contato diabólico e primitivo com o sagrado; como

reflexo de distúrbios mentais ou como charlatanismo.

• Oferendas e sacrifícios às divindades como ato de selvageria e

feitiçaria.

• O orixá Exu associado ao demônio cristão.

Candomblé...
• Os orixás são entendidos como energias da natureza que possuem
personalidades variadas. Suas características são baseadas em
histórias míticas.
 Umbanda...
• Sistema religioso que se constituiu a partir da relação entre as tradições
de matriz africana, os cultos indígenas, o cristianismo e o espiritismo
kardecista.

• Os orixás são cultuados, mas as divindades que agem diretamente nos

corpos dos adeptos são espíritos que pertencem a grupos variados
(falanges). Esses espíritos são de pessoas que já viveram na terra e que
devem retornar no corpo de seus filhos para evoluir espiritualmente.
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, por sua origem
ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e,
se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”
Nelson Mandela
 Sugestões...
LIVROS
• CAPELLI, R. “Religiões de matriz africana”. In: Cadernos PENESB: especial
curso ERER. Niterói, n. 12, UFF: 2013.
• THORNTON, J. A África e os africanos na formação do mundo atlântico:
1400-1800. Rio de Janeiro, Campos: 2004.
• BASTIDE, R. O Candomblé da Bahia [1958]. Rio de Janeiro, Cia das Letras:
2001.
• BIRMAN, P. O que é Umbanda. Rio de Janeiro, Brasiliense: 1985.
• CAPUTO, S. G. Educação nos terreiros. E como a escola se relaciona com
crianças de candomblé. Rio de Janeiro, Pallas: 2012.
REVISTAS
• http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/do-calundu-ao-
candomblé (sobre história do Candomblé)
• http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/orixás-forcas-de-
olorum (sobre o que representam os orixás)

VÍDEOS
https://www.youtube.com/watch?v=5h55TyNcGiY (Na Rota dos Orixás
– documentário sobre a formação dos candomblés e a relação com a
África)
https://www.youtube.com/watch?v=9tzDZpOkHB8 ( Brincando com os
deuses – documentário sobre crianças do Candomblé)