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Retomada do

barroco
Na literatura contemporânea

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Trata-se de uma peça teatral escrita por Ariano Suassuna em
1955 e adaptada para audiovisual por Guel Arraes no ano 2000.

Nesta obra, o autor nos apresenta a João Grilo e Chicó, amigos


inseparáveis que protagonizarão a história vivida no sertão
nordestino. Assolados pela fome, pela aridez, pela seca, pela
violência e pela pobreza, os amigos tentam sobreviver em um
ambiente hostil e miserável, utilizando a inteligência e a esperteza
para contornar os situações.

"Auto da Compadecida" é um drama nordestino, composto por


elementos da tradição da literatura de cordel e do barroco.
A obra de Ariano Suassuna apresenta uma perspectiva estética
e política que nos convida a refletir sobre a representação do
sertão nordestino, ao mesmo tempo que incorporam-se
elementos barrocos. Para retratar os cenários e a realidade
precária do sertão brasileiro, Suassuna utiliza elementos como
a seca e a fome, elementos estes que evidenciam a condição de
pobreza dos sertanejos e refletem o pensamento popular
presente no Movimento Armorial - um movimento artístico-
cultural proposto pelo autor e que emerge da “necessidade” de
uma luta contra o processo de descaracterização e vulgarização
da cultura brasileira.
Ariano Suassuna acreditava que o barroco é a raiz da cultura
brasileira. Nas décadas de 1960 e 1970, essa estética barroca é
incorporada novamente em uma onda de movimentos culturais,
trazendo uma nova perspectiva no contexto da modernidade. Deste
modo, o autor utiliza o barroquismo como uma forma de representar
a realidade do sertão, realizar críticas sociais e resgatar elementos
culturais brasileiros.

Assim sendo, pode-se pensar que a primeira visão do barroco nesta


obra vem do fato dela ser um auto - tipo de teatro que nasce com o
intuito de catequizar fiéis. Além disso, características como o embate
entre a vida e a morte, o sagrado e o profano, o divino e o humano
também remetem a literatura barroca.
A literatura de Ariano Suassuna e Gregório de Matos, embora
pertencentes a diferentes épocas, podem ser relacionadas sob uma
perspectiva de análise do Barroco, tendo em vista que os dois autores
exploram características deste período em suas obras, como a dualidade
de temas e sentimentos, a linguagem exuberante e a crítica social.

Suassuna, na obra "Auto da Compadecida", mescla o cômico e o


trágico, abordando a condição humana de forma alegórica e satírica.
Da mesma forma, Gregório de Matos, conhecido como "Boca do
Inferno", utiliza linguagem ousada e satírica para criticar a sociedade
de sua época. Nesse sentido, os dois autores refletem a estética e as
preocupações temáticas características do Barroco, mesmo que em
contextos diferentes.
CULTURA GENIAL. Auto da Compadecida. Disponível em:
https://www.culturagenial.com/auto-da-compadecida/. Acesso
em: 31/05/2023.

BORGES, Adrienny dos Reis Teles. O Auto da Compadecida


(1957): comicidade e o movimento armorial. 2013. Disponível
em:ohttp://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/27/136966029
5_ARQUIVO_ANPUHAdriennydosReisTelesBorges.pdf. Acesso
em: 31 maio 2023.

MEDEIROS, Evandro José. O barroco como operador da cultura


brasileira na minissérie “O Auto da Compadecida”. 2010.
Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-
1798-1.pdf. Acesso em: 31 maio 2023.
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