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Uma Maneira Dura de Voltar para Casa

Z.A. Maxfield

Dare Buckley chegou em casa ou pelo menos, voltou a Palladian, a


pequena cidade que ele deixou quando adolescente. Depois de um grande
erro no julgamento, queo forçou a renunciar da polícia de Seattle. Palladian é
o único lugar que vai contratá-lo. Há um benefício em atingir o fundo do
poço: A chance de investigar o misterioso suicídio de seu pai.

Ele também consegue se familiarizar com Finn Fowler, cuja adoração de


herói na infância terminou em silêncio desconfortável quando Dare se
afastou. Mas Finn não é o mesmo garotinho que Dare uma vez protegeu. Ele
cresceu e se tornou um homem atraente e enigmático que não quer, nem
precisa do que Dare tem a oferecer.

Na verdade, Dare logo percebe que Finn guarda segredos: Os seus


próprios e os da cidade. Ele não parece se importar que Dare precise de
respostas. A atmosfera em Palladian, como seu rio que leva o mesmo nome,
parece plácida, mas correntes escuras se agitam embaixo. Quando o perigo se
aproxima, Dare deve colocar sua razão contra o coração e encontrar o
caminho para casa da maneira mais difícil.

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Prólogo
Na noite em que Dare Buckley retornou à cidade, Finn viu seu SUV
passar pela casa de Lyddie não uma, mas duas vezes. De seu lugar no balanço
da varanda ao lado de sua tia adormecida, Finn tentou vê como os anos
haviam agido sobre Dare. Ele ainda tinha suas bênçãos gêmeas?A aparência
de estrela de cinema e capacidade atlética ou seu fracasso recente o deixara
desequilibrado o suficiente para deixar sua confiança assassina escapar? Finn
não sabia dizer. A luz na rua de Lyddie era ruim, e Dare não diminuiu a
velocidade de qualquer maneira.

Bill Fraser foi o primeiro a transmitir as fofocas que circulavam na


delegacia de polícia. Dare tinha se fodido espetacularmente no trabalho em

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Seattle e voltado para Palladian, onde tinha retomado amizades familiares e
laços antigos para contratá-lo.

Isso ia pegar mal. Contratar alguém, especialmente um detetive de fora,


deixou todo mundo inquieto. Ninguém tinha mais a dizer sobre isso do que o
oficial Bill Fraser, que esperava subir nas fileiras por mérito e antiguidade.
Em vez disso, se viu competindo com seu inimigo de infância.

Alguns dias depois, Finn parou no estacionamento no Safeway bem a


tempo de assistir a Dare sair com um monte de jantares congelados e
cervejas. Vendo o rosto de Dare finalmente,desencadeou uma carga profunda
de memórias agridoces e desejos insatisfeitos.

— Hoje não! — Ele murmurou enquanto manobrava seu velho carro em


um dos espaços mais remotos do estacionamento. Em seu espelho retrovisor,
ele observou Dare colocar seu carrinho no retorno designado.

Deus. Que escoteiro. Como um cara como Dare erra o suficiente para
ser demitido de um trabalho que ele nasceu para fazer?

O coração de Finn deu um pulo pouco quando viu Dare olha emvolta do
estacionamento com o que Finn pensou ser uma indiferença profissional. Por
um minuto, seu olhar pousou no carro de Finn, ele podia jurar que viu os
memoráveis olhos azuis de Dare. A luz do sol pegou Dare no rosto naquele
momento, de modo que mechas de ouro reluziam entre as muitas cores
no cabelo dele e no restolho do final da tarde.

Dare levantou a mão para sombrear seus olhos, quase como se sentisse
a presença e soubesse que estava sendo observado. Sem realmente pensar,
Finn dirigiu através dos espaços vazios na frente dele e saiu do
estacionamento, indo em direção à loja de conveniência três quarteirões mais

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adiante na estrada, seu coração batendo como se tivesse corrido o caminho
todo.

Quinze anos foi muito tempo.

Finn conseguiu as poucas coisas de que precisava na loja e depois


dirigiu para casa pelas ruas que conhecia, assim como fazia desde sempre.
Quando ele parou na frente da casa, Lyddie estava no balanço da varanda
esperando por ele. Ele passou um minuto fingindo preocupação com o
celular, como se estivesse checando mensagens inexistentes ou respondendo a
amigos que não tinha. Isso deu há ele tempo para colocar a máscara
perfeitamente amável que ele usava em torno de sua tia e suas amigas.

Atrás da casa, o rio corria ao longo de seu curso lento. O cheiro úmido
disso o assaltou no minuto em que ele abriu a porta do carro. Não demoraria
muito para que tivessem chuva e, quando o fizessem, o rio se agitava, levando
consigo detritos que fediam a lixo.

Muito provavelmente foi real lixo.

Lyddie observou-o subir o caminho, com um meio sorriso enigmático


nos lábios. Como se soubesse que ele estava apenas colocando um pé na
frente do outro por causa dela. Como se ela se preocupasse com o que ele
faria quando não fosse mais necessário.

— Finn Fowler. Quando você ia me dizer que Dare Buckley está de volta
à cidade?

— Eu não mencionei isso? — Ele não encontrou seu olhar astuto


enquanto se acomodava ao lado dela.

— Você certamente não fez.

— Sim. Bem, eu acho que ele conseguiu um emprego com o PD

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Palladiano.

Finn balançou os dois com um empurrão preguiçoso de seu pé. Suas


longas pernas alcançaram a varanda de madeira, enquanto observavao
contraste entre seus pés e os pés delicados onde pendiam meias fofas,
amarelas e antiderrapantes. Seus olhos estavam fechados contra o sol poente,
mas Finn sabia que ela estava acordada e ciente de cada som, cada
movimento em torno deles. As abelhas zumbiam. Pássaros cantavam. A leve
brisa soprava quente e úmida contra sua pele, bagunçando seus cabelos.

— A felicidade não vem até você Finn. Você tem que estar preparado às
vezes para simplesmente agarrá-la à medida que passa.

— Eu sei.

Finn sabia. Deus, ele sabia.

— Eu posso ser uma mulher velha, mas sei do que estou falando. O
amor faz seu coração disparar.

— Por que diabos alguém iria querer um coração dolorido?

— Disparar, bebê. Disparar. — Ela deu a sua coxa um leve tapa. —


Parece que seu coração tem asas ou está pegando fogo ou algo assim. Às vezes
você voa tão alto que dói, mesmo quando está bom. Você já sentiu isso por um
dos seus jovens?

— Não posso dizer que tenha.

Ela agarrou a mão dele, seus dedos finos tão frios e delicados nos dele.
Tudo nela parecia frágil.

— A felicidade se reduz à intenção. Você tem que saber o que você quer
e pedir por isso. Kate diz que viu um filme inteiro sobre isso no Netflix. É

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como Oprah chegou onde ela está. A intenção é fundamental.

— Eu vou manter isso em mente. — Intenção, com certeza. Ele sabia o


quão poderoso isso poderia ser.

Ele tentou tanto conquistar o amor de sua mãe, que queimou seu
coração em cinzas. Depois que ela morreu, ele esperava pertencer a uma
família como a de Dare, mesmo que fosse apenas fingir. Ele definiu seu
coração “sua intenção” sobre o que queria e agarrou como se cada molécula
em seu corpo dependesse disso para viver. Por duas vezes ele alcançou o amor
que achava estar ao seu alcance, porém arruinou tudo.

Duas vezes foi o suficiente.

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Capítulo 1
Um dos carros de patrulha de Palladian chegou bem rápido na esquina.
Ele girou em direção ao meio-fio onde Finn estava sentado e estacionou a
menosde um metro de distância. Já chateado com a morte no salão de sua tia,
ele se levantou com as pernas trêmulas, braços cruzados na frente dele e
esperou.

Provavelmente não havia uma boa maneira de encontrar um cadáver


debaixo de um secador de cabelos.

A porta do motorista se abriu e a cabeça de Bill Fraser ergueu-se acima


do teto do carro. Como de costume, ele olhou para Finn como se ele sentisse o
cheiro de algo ruim.

— Sr. Fowler.

— Policial Fraser. — Finn assentiu, dando a Bill o mesmo sorriso frio


que ele usava em torno dele desde a segunda série, quando Bill tinha passado
a caixa de lápis do Batman novinha em folha no banheiro.

— Eu entendo que você tem uma pessoa morta em seu salão de beleza?

— Sim. — Finn ignorou o tom irônico de Bill. —Ela está de volta aqui.

O secador mantinha Candy na vertical. Sua revista caiu no chão. Bill


olhou para ela.

— Bem, é algo que você não vê todos os dias.

Como Finn esperava, a água oxigenada escorria do papel alumínio e


expandia-se como algumas bactérias alienígenas de rápido crescimento, e

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doía o coração de Finn ter que deixá-la lá, avançando lentamente pelo rosto
de Candy.

— Você não tocou em nada? — Perguntou Bill.

— Não. — Ele queria fechar os olhos de Candy, mas não o fez.

— Muito bem.

Bill começou a levantar a tampa da secadora, mas uma voz atrás deles
disse:

— Não toque no secador. Essa é uma cena de um possível crime. Onde


você aprendeu a fazer o seu trabalho, Fraser?

Bill mudou o foco de seu desdém para o recém-chegado.

— Eu tenho isso, Buckley.

Finn não teve tempo de se preparar para o choque de ver Dare Buckley
de perto e pessoalmente. Mais lindo do que nunca, ele usava um terno caro,
uma gravata de seda e o tipo de arrogância casual que o tornaria impopular.
De alguma forma, Finn não engoliu a língua enquanto seu coração ameaçava
explodir em seu peito.

As memórias de infância de Finn vieram em duas categorias distintas:


antes de Dare Buckley se afastar de Palladian e depois que foi embora. O
primeiro, aqueles dias felizes quando Dare o tinha tomado sob sua proteção e
o protegeu como um irmão mais novo. Quando eles compartilharam um laço
de amor e lealdade que Finn pensou que nunca poderia ser quebrado, fez seu
coração se contrair de alegria quando viu o rosto de Dare.

Suas memórias mais recentes não continham nada além de esmagadora

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solidão. As cartas que Dare nunca haviam respondido e os telefonemas que
ele nunca havia retornado. Agora o coração de Finn congelou com uma nova
dor.

A temperatura na sala caiu dez graus quando Bill e Dare se


entreolharam.

— O chefe disse que eu deveria vir e supervisionar a cena. — Disse Dare.

— Como o inferno que ele fez. — O rosto de buldogue de Fraser


avermelhou.

— Ligue para ele e pergunte se você precisa. Chefe quer isso tratado
como uma morte suspeita. Eu preciso proteger a cena enquanto esperamos
pelo ML.

— Espere um pouco... Você tem que estar brincando comigo. — Fraser


bloqueou o acesso de Dare a Candy.

— Você poderia nos desculpar, por favor? — Dare perguntou


educadamente. — Se você está procurando algo útil para fazer, pode sair e
descobrir se alguém viu algo interessante. Pergunte se a Sra. Shepherd estava
agindo de alguma forma fora do comum.

Finn começou a andar em direção à porta, mas uma mão quente


envolveu seu pulso em um aperto firme, porém gentil.

— Não você, Sr. Fowler. Eu estava me referindo ao policial Fraser.

Fraser rolou a cabeça no pescoço como se estivesse tentando conseguir


controle. Seu peito se expandiu.

— Eu não sei quem diabos você pensa que é.

— Eu nãopenso. Eu sou a pessoa mais qualificada para supervisionar

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esta cena. Dare deu um passo ao redor dele. — Agora, eu preciso fazer
algumas perguntas a minha testemunha. Ou você quer perder mais tempo?

Fraser pisou do lado de fora. Ele bateu a porta com tanta força que o
sino foi pego no batente e a porta se abriu novamente. Dare se virou para
Finn, que percebeu que estava prendendo a respiração desde o momento em
que o tocou. Dare não havia soltado ainda. Finn fez um esforço para respirar
sem ofegar.

— Então me diga o que aconteceu aqui. — Dare tirou a mão do braço de


Finn para puxar as luvas.

Finn encontrou sua voz.

— Eu não posso acreditar que você está de volta para casa.

— Eu não estou de volta pracasa. — O olhar de Dare se afastou. — Estou


simplesmente de volta.

Apesar de seu comportamento brusco, a mão de Dare se sentiu muito


bem na pele de Finn. Não estava lá há quinze anos, mas era tão familiar
quanto à dele. Pele quente, dedos fortes. As unhas de Dare não estavam mais
esfarrapadas, mas bem aparadas e quadradas, como as pontas dos dedos e a
mão de onde vieram.

Bronzeado.

Engraçado. Anos se passaram e Dare ainda o puxou como um animal


de estimação na coleira.

— O que aconteceu? — Apesar do calor, Dare parecia frio e sereno. —


Tão fora do lugar como Candy fez naquele momento.

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— Ela, eu não sei. Tiffany a preparou e a colocou sob o secador, eu servi
um café a ela, mas depois o salão ficou ocupado. Eu estava trabalhando nos
livros do escritório, enquanto Tiff pediu que eu levasse Candy de volta para as
pias para retira o produto. Para ela usar o secador em outro cliente, mas
quando fui busca-la, estava morta.

— Entendo. Você pode ser mais específico sobre os tempos?

Finn respondeu o resto de suas perguntas pacientemente. Enquanto


Dare olhou em volta, Finn o estudou e encontrou mudanças mais sutis.
Sombras escuras em torno de seus olhos azuis. Linhas de expressão formadas
pela dor e não pelo riso.

O homem diante dele não era mais o garoto invencível que Finn
conhecera.

Isso é uma pena.

— Assim. O que acontece depois?

— Em um caso como este, só precisamos fazer um relatório. —


Dare levou-o para uma das cadeiras do estilista e virou-o para que Finn
pudesse se sentar enquanto ele tirava um bloco de papel e uma caneta.

— A morte de Candy aqui provavelmente foi simplesmente uma infeliz


coincidência. Causas naturais. Triste, mas nada de criminoso. O médico tem
que examinar a cena, e coletamos evidências apenas no caso.

Finn esfregou distraidamente o pulso onde os dedos de Dare estavam.

— Quem vai dizer ao marido, Jack?

— Eu vou encontrar um oficial de patrulha uniformizado para falar com


ele assim que eu conseguir um endereço.

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— Ele pode não entender. Ele mora nos arranha-céus agora.

— Ele mora no arranha-céu?

Finn assumiu que Dare se lembrava do prédio e da ironia ligada ao


nome. Com três andares de altura, abrigava uma instalação de cuidados de
longo prazo.

— Ele é bem mais velho que Candy e sofre de alguns problemas de


memória. Ele está lá desde o ano passado. A mãe de Candy ainda vive onde
sempre morou.

— Compreendo. Faremos o que for necessário e entraremos em contato


com o resto da família conforme for necessário.

— Ele tem filhos de um primeiro casamento. — Finn não sabia por


que Dare se importaria com isso, mas parecia que alguém deveria saber.

— Nós vamos chama-los.

Finn assentiu.

— Ok.

— Você a viu apresentar algum sintoma enquantoestava aqui? Ela se


queixou de dor ou falta de ar?

— Não.

— Algo estranho que você notou?

— Não.

— Você tem alguma razão para acreditar que isso pode não ser uma
morte natural?

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Finn sacudiu a cabeça.

— Claro que não. Eu só queria...

— Provavelmente, não há nada que você poderia ter feito. —Dare


ofereceu. — Às vezes, as pessoas simplesmente morrem.

— Eu sei disso. — Ambos sabiam. A morte trouxe coisas que você nunca
esperou e mudanças que você não planejou. — Então você está de volta?

— Por enquanto. — O tom de Dare foi cortado, e ele se virou para


examinar a sala. — Nós vamos tirar fotos e recolher qualquer coisa que possa
ser necessária mais tarde, e então alguém do escritório do ML vai
supervisionar a remoção do corpo. Depois disso, acho que você pode voltar ao
trabalho.

O estômago de Finn se revirou. As pessoas que esperavam do lado de


fora estavam semi-acabadas, mas não havia como os cabeleireiros
conseguirem voltar aos negócios, como de costume.

— Acho que não. Eu preciso fazer algumas ligações.

— Isso é bom. Eu vou buscar Fraser.

Finn foi até a mesa e deu uma olhada no livro de compromissos. Havia
uma chance de que todos que ele planejava ligar já tivessem ouvido falar da
morte de Candy do telefone sem fio de uma cidade pequena.

Ele começou a fazer ligações, contando aos donos de outros salões o que
havia acontecido e perguntando se poderiam enviar clientes para lá. Quando
eles disseram sim, ele foi capaz de sair e redirecionar algumas das pessoas
que esperavam.

Sim, foi inconveniente e sim, eles poderiam sair como estavam os salões

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estavam de prontidão para fazer a triagem deles da melhor maneira possível.
Sim, ele sentia muito pelo inconveniente. Sim, os cabeleireiros poderiam ir
para casa. Ele faria tudo para todos depois.

A maioria fez um afago na bochecha e disse que ele era um bom


menino. Eles eram amigos de longa data de sua tia Lyddie e para eles, Finn
seria sempre um bom menino.

Ele conseguiu esvaziar o estacionamento antes que o médico-legista


chegasse em um SUV oficial, seguido por outro caminhão de remoção de
cadáveres.

Finn pegou o livro de compromissos e desapareceu no escritório de


Lyddie. Lá, ele podia ligar para as pessoas e não ter que assistir enquanto o
médico e Dare removiam o corpo de Candy.

Ele só conseguiu chegar a um quarto da lista quando alguém bateu.


Finn colocou a mão sobre o bocal e disse:

— Sim?

Dare abriu a porta um pouco apenas o suficiente para enfiar a cabeça.

— Estamos tentando encontrar a xícara de café da vítima.

Finn abriuboca.

— O que?

— Você disse que Candy estava tomando café, mas não tem xícara
aqui. Você jogou fora?

— Só um segundo, Andrew. — Finn colocou a mão sobre o bocal do


telefone. — Não. Eu não fiz. É sempre possível que alguém o tenha feito. Os
cabeleireiros disseram a todos que tinham que deixar o prédio, e algumas

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mulheres levaram café com eles. Suponho que, na confusão, tudo poderia ter
acontecido.

— Provavelmente seria melhor se pudéssemos encontra-lo.

— Procure um copo de isopor com uma grande impressão de batom


laranja. Candy usa cores muito brilhantes de outono. Isso é usava um pouco
como uma piada.

— Não é necessariamente importante. Estou cobrindo todas as bases


para que, se tivermos mais perguntas, possamos procurar respostas.

— Ela tinha apenas quarenta e dois anos de idade.

Dare deu um meio sorriso simpático.

— Eu sei.

Finn levou um minuto para perceber que havia deixado Andrew


pendurado na linha telefônica. Que irritante. Dare poderia tira-lo de sua linha
de pensamento completamente. Agora, Finn. Elenão esta de volta para casa,
ele é disse; Acabei de voltar.

— Andrew? Vou precisar remarcar sua consulta com a Tiffany para


outro dia. Nós temos um maldito pesadelo por aqui. Finn se aproximou e
fechou a porta entre ele e Dare. — Não venha aqui. Os policiais estão em todo
lugar.

— Merda, eu sei. — Andrew bufou. — Todo mundo está falando sobre


isso. Você tem toda a policial de Palladian no seu estacionamento.

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— Ha, ha. Você acha que ainda pode me encontrar? Que tal na frente do
KFC1?

— Você vai me comprar um pouco de frango desde que eu não estou


cortando meu cabelo?

— Sim. — Finn sorriu para o pensamento. — O que você quiser.

— Então não se preocupe. Que horas?

— Eu vou mandar uma mensagem para você. — Finn disse a ele e


desligou antes que Dare pudesse entrar de novo.

1
É uma rede de restaurantes de comida rápida (fast food) fundada em 1930, na cidade de Corbin, estado do Kentucky, Estados Unidos da América.

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Capítulo 2
De vez em quando, Dare olhava a porta entre ele e Finn Fowler.

Ele definitivamente havia invadido a cena do crime de Fraser. A maioria


do que ele estava fazendo era besteira, mas ele fez isso porque ele não podia
ficar longe. Claro, ele era o cara certo para tomar um DB2. Ninguém em
Palladian teve um décimo da experiência que ele teve com o homicídio. Ele
estava em sua mesa e ouviu falar que havia um DB no Lydia's Salon, e o
instinto tão velho e enferrujado que ele nem sabia o que era inicialmente o fez
dirigir-se para seu carro, na direção de Finn com o conhecimento certo que se
Bill Fraser atendesse, ele usaria a desculpa para fazerde Finn sua cadela
novamente.

Algumas coisas que você poderia contar como o tempo no inferno.

— É tudo por hoje. — Disse Lawton enquanto tirava suas luvas de látex
com um estalo. — Eu tenho o que precisamos aqui.

Eles tinham um tempo aproximado de morte, os relatos de testemunhas


e a causa exigiria uma autópsia. Ele sabia disso. Não era como se Candy
estivesse sentada em uma cobra instantaneamente letal.

Dare não conhecia Candy tão bem, mas conhecia sua mãe, Charlotte
Boyer. Ela distribuíra o bom tipo de guloseimas de Halloween e sempre podia
ser contada pelas crianças da vizinhança, quer ela fosse necessária para uma
lavagem de carros de caridade ou para biscoitos de escoteiras ou para dirigir.

Ela tinha sido sempre generosa e gentil, e uma tristeza peculiar o cobriu
enquanto observava o ML levar sua filha para longe em um saco de cadáveres.
2
Procurei significado DB é decibel que ela pode ter sido morta por uma descarga elétrica gerada pelo secador de cabelos.

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Finn voltou do escritório de Lydia, pálido e carregando uma toalha e
algum tipo de spray de limpeza. Ele havia se tornado um homem alto e
magro, com um cabelo escuro e bagunçado. Ele tinha um corpo de corredor.
Enormes olhos em um rosto pálido. Ele ainda segurava Dare como nunca.

Dare catalogou as mudanças no Finn e elas foram... tipo de incrível, na


verdade. Ele ainda usava a delicada beleza física que tivera quando criança,
mas mesmo assim ele havia se aproximado de alguém mais frio e distante do
que o menino que Dare conhecera. Finn parecia brilhante e um pouco frio,
como o luar no inverno. Estar perto dele pegou Dare como sempre como a
atração de um imã forte.

— Se você acabou eu vou apenas limpar a área do secador

— Eu posso te ajudar com isso depois que eu terminar aqui. —


Dare ofereceu.

Finn encolheu os ombros.

— Não é como se eu nunca tivesse visto um corpo antes.

Dare oficialmente se encolheu.

— Deus. Finn.

— Eu não estou falando do seu pai. — O braço de Dare aqueceu onde


Finn o tocou descuidadamente. — Lyddie costumava trabalhar meio período
na Child Family para ganhar dinheiro extra. Às vezes eu ajudo.

Ah!Certo. Onecrotério embelezando os mortos.

— Eu não sabia.

— Nenhuma razão para você saber. Eu não estou licenciado nem nada.

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Eu só mantenho as coisas limpas enquanto as senhoras trabalham. — Ele
olhou para Dare. — Eu não preciso dizer a você que estou grato por estar aqui.

Talvez um dia o rosto de Finn não virasse o estômago de Dare como se


alguém tivesse enfiado a mão ali e apertasse seus órgãos vitais com um
punho.

Dare pigarreou.

— É apenas o meu trabalho.

Um sorriso apareceu nos lábios de Finn. Ele sabia. Finn tinha que saber
que Dare viria. Dare sempre esteve lá por ele.

Exceto quando ele não estava.

Dare saiu para terminar de rotular as provas que colocara no porta-


malas do carro. Ele voltou para encontrar Finn de joelhos esfregando a
cadeira que Candy estava usando. Seja qual for o limpador que ele estava
usando, adicionou o odor de desinfetante forte e laranja ao ar já tóxico.

— Alguma chance de conseguir que você faça uma lista das pessoas que
estiveram aqui esta manhã?

— Todos?

— Qualquer um que estava no salão hoje.

Finn franziu a testa.

— Você realmente acha que isso é necessário?

— Honestamente? Eu não acho nada. Eu só estou fazendo o que eu devo


fazer em uma situação como esta.

— Eu tenho um scanner de mão que uso para manter os arquivos das


páginas do livro de compromissos nos meus registros. Vou te enviar uma

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cópia se você deixar o seu endereço de e-mail.

— Isso seria ótimo. — Dare pegou sua carteira e procurou pelo seu
cartão. — Ligue para mim se você lembrar-se de alguma coisa.

— Tudo bem, obrigado. — Finn enfiou o cartão de Dare no bolso e


voltou para a limpeza.

Dare não podia deixar passar isso.

— Você vai ficar bem?

— Estou bem.

Mas Finn não olhava para ele, um sinal claro de que ele não estava se
sentindo bem ou que estava com ressentimento. Ou ambos. Provavelmente
ambos, porque sim. Ele era Finn Fowler e ele tinha o direito de guardar
rancor.

Quinze anos era muito tempo.

Depois de chegar a Palladian algumas semanas antes, ele não tinha feito
nada para deixar velhos conhecidos saberem que ele estava de volta à cidade.
Afinal, ele não estava exatamente retornando em triunfo.

A polícia da cidade havia lhe dado uma chance, que era mais do que
qualquer outro departamento de polícia que ele contatou concordou em fazer,
dado o seu registro. E ele contatou muitos deles. A políciade Palladian deu a
ele essa oportunidade por lealdade ao seu pai e não porque ele fizesse alguma
coisa para merecer essa confiança.

Ele voltou para a cidade no meio da noite, transferiu seus poucos


pertences de sua caminhonete para a casa da família e começou a trabalhar no

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dia seguinte. Desde então, ele fez pouco mais do que colocar em suas horas e
trabalhar em seu lugar.

Dare sempre teve algum instinto,ele sabia que Finn estava preocupado
com algo, o que era quase impossível de perder. Ele tinha visto Finn correndo,
pegando mantimentos na loja, puxando carrinhos no Costco3 e trabalhando
no salão de cabeleireiro de sua tia Lyddie.

Finn nunca deu qualquer indicação de que ele sabia que Dare estava lá,
parado do lado de fora de seu campo de visão, observando-o como um
perseguidor.

Claro, isso soava assustador, mas Finn também era um pouco estranho.

Por que algumas pessoas nunca pareciam mudar?

Às vezes, nem cresciam.

A altura de Finn chegara a cerca de um metro quarenta e nove


cm quando criança, ele tinha sido um feixe de nervos, de pele clara, olhos com
duas íris de cores diferentes. De volta ao dia, aquele olhar de cor estranha
nunca saiu do chão. Agora Dare não conseguia ler nada sobre ele. Se os olhos
eram as janelas da alma, os de Finn haviam se transformado em vidro
colorido, notável apenas por sua incomum coloração e pelo fato de não terem
revelado nada dos pensamentos dele.

Como um garoto magro de cinco anos e meio de idade, Finn tinha tido a
inscrição no jardim de infância tardia em sua pequena escola primária. Ele
provocou todos os tipos de interesse até mesmo de crianças de nível superior
como ele e Bill Fraser. Foram esses olhos tão impressionantes no rosto da
criança assustada que chamou a atenção de Dare quando Finn chegou ao K-8

3
Costco é uma empresa de varejo americana, sediada em Issaquah,Washington.

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de Palladian. Depois de duas semanas, a curiosidade sobre Finn explodiu em
um confronto no playground.

— Não são. — Gritou Finn com raiva quando Bill zombou dele.

— Também são. Você é uma aberração. Se você tem dois olhos de cores
diferentes, isso significa que você tem dois pais diferentes. — Bill Fraser, o
aluno de segundo grau grande e franco, cruzou os braços. Ele estava
claramente satisfeito consigo mesmo, acreditando que ele sabia algo sobre o
novo garoto que ninguém mais sabia. — Minha mãe diz que sua mãe nem
sabe quem são seus pais porque ela é prostituta.

— Não é verdade. — Os olhos de Finn, um olho castanho claro e outro,


quase de tom de verde como o vidro do marbrilhavam com lágrimas não
derramadas.

— Você cala sua boca, Bill Fraser. — Na idade avançada de dez anos,
Dare sabia o que a palavra prostituta significou. Ele se perguntou se Finn
sabia ou se ele estava apenas reagindo ao modo como Bill disse isso.
Seja qualfor o motivo, incomodou Dare ver uma criança ser intimidada. Ele
perguntou ao pai como você tem mais de um olho colorido, e eles procuraram
na biblioteca. — Não é porque você tem dois pais.

— É sim. — Insistiu Bill. Finn se virou e tentou se afastar, mas Bill


agarrou seu braço e não o deixou ir. — É também. Então, ei Finneas. Meu pai
diz que se ele tivesse uma criança com duas cores de olhos diferentes, ele teria
afogado ao nascer.

Dare arrancou a mão de Bill do pulso de Finn e deu-lhe um bom


empurrão.

— Alguém deveria ter te afogado. — Ele estava meio doente para ver as

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marcas que Bill deixou na pele de Finn. — Deixe-o em paz, ou eu vou te
mostrar como eu bato em pênaltis usando sua cabeça para uma bola.

Dare então pegou a pequena mão de Finn e o levou até os balanços para
brincar. Ele ficou para trás para empurrar Finn, mesmo estando na quinta
série e deveria estar em uma área diferente. A professora de Finn o deixou,
provavelmente porque foi a primeira vez que alguém viu Finn sorrir.

Naquele dia, Finn enfiou a mão em Dare como se pertencesse ali, como
se Dare fosse o anjo da guarda de Finn. Quando Finn olhou para ele e
sorriu, Dare sentiu como se tivesse ganhado algo precioso.

Como se Finn fosse dele, e era seu trabalho cuidar dele.

Finn provavelmente não precisava dele depois de todos esses anos, mas
assim que ele viu o olhar malvado no rosto de Bill Fraser, aqueles velhos
instintos retornaram.

Velhos hábitos não morreram duramente e proteger Finn Fowler era o


dele.

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Capítulo 3
Finn tirou a camisa de botão e sentou-se no balanço da varanda ao lado
de sua tia Lyddie vestindo apenas sua camiseta. O sol não se punha por horas
ainda, mas era costume de sua tia passar um tempo na varanda em um desses
cobertores de braços, aproveitando o calor do final da tarde. Era verão
indiano, ainda quente o suficiente para assar pão, mas isso nunca impediu
Lyddie de tremer. Não havia carne em sua estrutura quase esquelética. O sol
desapareceu por trás de uma nuvem, ela sentiu um calafrio e estremeceu de
frio. Qualquer um que a amasse o suficiente aprendeu a despir-se tanto
quanto pudessem e apenas suportar o calor a seu lado.

— Deus todo-poderoso, que dia. — Finn deixou a cabeça cair de volta


contra o bloco estofado e empurrou para trás com o pé, iniciando o gemido de
molas de metal que formavam a trilha sonora de suas noites juntas. Eu
suponho que você ouviu sobre Candy?

— Eu fiz. Que vergonha. — Lyddie atirou o cobertor de mangas coloridas


rosa vibrante desta vez ao redor dela. Seu cabelo prateado tinha apenas um
centímetro de comprimento, mas o estilo combinava com ela. Ela tinha ossos
grandes e fortes em um rosto bonito. Olhos verdes e quase sem expressão
eram expressivos.

— Candy era uma garota legal. Alguém tem ideia de como ela morreu?

— Eles ainda não fizeram a autópsia, mas o médico-legista acha que


deve ter sido o coração dela. Ela ligou e perguntou se Candy estava chateada
ou agindo de forma estranha.

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Lyddie digeriu isso.

— Como você deve definir 'agindo estranho' no caso de Candy Shepherd.

— Eu disse ao Dr. Lawton que ela não parecia fora do normal para mim.
Muitas vezes chegava atrasada, falando sem parar e mudando de assunto tão
rápido que não conseguíamos acompanhar. Um pouco maníaco, sabe?Desta
vez, pensei que estivesse cansada, ou que talvez ela tivesse tomado uns copos
de vinho no almoço ou algo assim. Tiffany diz que ela entrou assim antes ou
se empolgou e falando a uma milha por minuto.

— Assim...

— Sim. Finn empurrou novamente, enviando o balanço para trás. —


Talvez se eu estivesse prestado mais atenção...

— Não, querido. Provavelmente não havia nada que você pudesse ter
feito.

— Ela não era uma pessoa ruim, e agora todo mundo está sussurrando
sobre ela. — Finn suspirou. — Bill Fraser estava lá.

— Bill Fraser era o oficial do chamado?

— Sim, mas Dare Buckley veio e assumiu a cena. Você deveria ter visto o
rosto de Bill. Isso me levou de volta ao ensino fundamental.

— Você viu Dare? A mão de Lyddie foi para o peito. Isso lembrou Finn
dos velhos tempos, quando ela usava suéter rosa e pérolas falsas, e isso o fez
sorrir. — Como ele estava?

— Bem.

— Eu teria pensado que Palladian não teria nada além de lembranças

26
ruins para aquele menino. Ela franziu os lábios. — Você acha que ele está aqui
para abrir velhas feridas?

— Espero que não. — A ideia era inquietante. — Eu não sei por que ele
voltou.

— Suponha que ele resolva investigar a morte do pai?

— E se ele faz?

— Mesmo que ele dê uma olhada — Ela encontrou o olhar de Finn —


Dificilmente alguém conhece toda a verdade, e apenas duas pessoas não têm
nada a perder ao se apresentar. Esse número está prestes a ser reduzido em
um.

— Lyddie. — Finn estremeceu. — Por que você tem que ser assim? Tão
banal?

Ela pegou a mão dele.

— Porque isso é De fato, querido. Por mais que tentemos, não podemos
mudar os fatos. Talvez você devesse dizer a Dare o que viu. Talvez ele mereça
isso. Não pode ferir sua família mais do que eles já foram feridos.

— Eu não posso contar a Dare agora. O que direi quando ele perguntar
por que nunca lhe contei a verdade antes?

— Diga que você era jovem. Diga que você não entendeu. Pare de
duvidar de si mesmo. Você era criança.

Finn tirou a mão dela.

— A hora de contar a verdade já passou.

Lyddie suspirou.

— Tudo bem então... Deixe ir, querido.

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— Mas e se ele começar a cavar? E se ele começar a me fazer perguntas
diretas? Isso vai voltar para mim.

— Você terá que responder suas perguntas. O que é esse ditado da


Bíblia? A verdade vai sair.

Finn sacudiu a cabeça.

— Isso é Shakespeare, e a verdade é que 'assassinato não pode ser


escondido por muito tempo... alguma coisa... alguma coisa, mas no final, a
verdade vai sair'.

— Ok, agora você está me dando arrepios.

— Você está apenas com frio porque está mostrando seus atributos. —
Finn ajustou o xale de Lyddie, que tinha escorregado de seu ombro. — Você
tem bebido a sua água?

— Sim. Lyddie tirou uma garrafa esportiva de uma mesa baixa do outro
lado do balanço e sacudiu um pouco, mostrando que faltavam mais de dois
terços.

— Posso pegar algo para você comer? Parei na loja e peguei alguns tipos
diferentes de sopa.

— Eu não sei se poderia manter tudo para baixo.

Finn tirou do bolso uma velha cigarreira e abriu-a, oferecendo o


conteúdo para Lyddie.

— Andrew apareceu apesar de Tiff não poder fazer o cabelo dele.

— Que doce dele. Aquele garoto tem o polegar mais verde. Sua mãe
ficaria tão orgulhosa se soubesse. Bem. Talvez não tão orgulhosa,
exatamente. Lyddie deu um sorriso envergonhado antes de escolher um

28
cigarro da case de Finn. Ela puxou um isqueiro do bolso para acendê-lo. —
Agradeça a ele da próxima vez que você o vir.

— Claro. — As molas do balanço protestarão quando Finn se levantou.


— Vou aquecer um pouco de sopa para nós dois. Talvez você sinta vontade de
comer uma colher ou duas quando estiver bem na sua frente.

— Você deveria ter um pouco disso. Você precisa relaxar mais. Lyddie
exalou uma grande nuvem de fumaça nociva. — Essa coisa faz meus dedos se
sentirem dormentes.

— Isso é o seu cérebro morre.

— Tenho novidades para você, Senhorcalça apertada. Isso não é uma


coisa tão ruim. Você deve tentar de vez em quando. Dizem que temos mais
células cerebrais do que precisamos de qualquer maneira.

— Eu quero trabalhar um pouco. Kate disse que me deixaria adicionar


minhas joias de couro em seu estande na churrascaria de sábado. Além disso,
gosto da minha memória clara.

Os olhos de Lyddie brilharam.

— Eu costumava ter isso... a coisa que você disse.

Ela parecia uma cobra se aquecendo ao sol. Quando as drogas a


atingiram com força, todos os seus músculos relaxaram e ela desfrutou
lânguida e contente porque os estragos de sua doença e seu tratamento
tinham diminuído no momento.

Foi bom ver Lyddie sorrir. A maconha definitivamente ajudou. Mesmo


para alguns podem fazer uma enorme diferença.

A dor era um fato na vida, assim como os analgésicos. Mas a maconha a

29
relaxou e agiu como um dique, retendo as inundações de náusea para que ela
pudesse pelo menos comer alguns goles de comida.

Ambos sabiam que o tempo não estava sobrando, mas por um tempo o
máximo que puderam eles jantaram juntos nas noites quentes de verão e
fingiram que as coisas não mudariam por enquanto.

Finn perguntou:

— Tomate ou macarrão de galinha?

— Surpreenda-me. — Lyddie deu outra tragada. — Surpreenda-me.

Finn se dirigiu para dentro.

Primeiro, ele abriu algumas janelas. Nenhuma quantidade de


purificadores de ar poderia disfarçar o fato de que uma pessoa em estado
terminal vivia ali. Acrescente os aromas de tintura e couro que emanavam do
porão, onde ele mantinha sua oficina, e a casa se tornaram insuportável.

O ar fresco estava sempre em ordem.

Talvez ele fosse simplesmente sensível a cheiros. O salão tinha seus


odores de solução permanente, cor de cabelo, mil tratamentos diferentes,
xampus e condicionadores. Seu trabalho na Costco cheirava a Big Box Store:
limpeza de pisos de papelão e desinfetante e as dezenas de comidas diferentes
que eles faziam diariamente para os clientes. Hospitais, clínicas, consultórios
médicos exalavam o aroma de antisséptico e água sanitária. A chuva começou
limpando edeixandodoce cheiro de terra molhada.

Finn carregava todo aroma com ele, em suas roupas, em seus cabelos.
Todos os odores de todos os lugares que ele já havia estado, pareciam

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envolver em torno dele, agarrados e grossos como orvalho. Não era de
admirar que ele nunca se sentisse limpo.

Lyddie disse que ele liderava com o nariz e era verdade. Ele tendia a
gravitar em direção a qualquer coisa que cheirasse bem a ele. As coisas
selvagens eram melhores, mesmo que o mundo não as considerasse como
aromas agradáveis: couro fino, grama cortada, gado, fogo e o cheiro
descolorido do relâmpago.

E Dare. Ele cheirou... Maravilhoso. Familiar e ao mesmo tempo melhor


que nunca. Como homem forte,couro e esperança.

Finn pensou que ele tinha superado esperança Há muito tempo, ainda
assim, Dare Buckley chegou e, com ele, a esperança veio ao redor dos
tornozelos de Finn como um cachorro chato.

Na cozinha, Finn esvaziou o conteúdo de duas latas de sopa de tomate


em um pote de plástico para micro-ondas. Enquantoapronta isso, ele
rapidamente fez dois sanduíches de queijo grelhado. A fragrância de manteiga
dourada e queijo derretido eram magníficos. Isso cancelou muitos outros
odores, todas às vezes. Uma vez que a sopa estava quente, ele colocou em
duas canecas grandes. Ele cortou os sanduíches em quartos e os empilhou em
um prato.

Quando Finn retornou com sua bandeja de comida, Lyddie estava solta
e rindo, mas ela não estava mais sentada sozinha. Dare se levantou quando
Finn saiu na varanda, fazendo com que o grande e velho balanço se movesse
para trás com um rangido e um movimento.

Lyddie deu um grito de surpresa.

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— Eiii! Foi divertido.

Dare sorriu.

— Olá, Finn.

— Olá, Dare. — Finn olhou para o prato em sua mão ao invés do rosto
de Dare, que ele podia ver com os olhos fechados de qualquer maneira. —
Você gostaria de uma sopa ou um sanduíche?

— Eu comi. Eu vim dizer olá, finalmente. Para ver como você está.

— Eu estava apenas dizendo tia Lyddie que você voltou para a cidade.

Lyddie assentiu.

— Kate me disse que Dare comprou a antiga casa de Penny Larson e está
consertando. O que você acha daquilo? Aquele lugar era uma fossa enquanto
ela possuía.

— Tia Lyddie.

Dare deu um sorriso cheio de dentes largos e brancos.

— Eu não me lembro de ser uma fossa quando eu comprei. Ainda


precisa de muito trabalho e claro.

— Desculpe. — Finn deu a Dare a bandeja e correu para tirar o cigarro


de Lyddie. Ele apagou em um cinzeiro de cristal e colocou debaixo do balanço,
fora de vista.

— Queijo, a penugem. Lyddie colocou a mão sobre a boca e fungou pelo


nariz. — Drogas. Foi mais divertido quando isso era ilegal.

Dare riu com ela.

— Só tem uma mordida para comer agora. — Finn se sentou e agradeceu

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a Dare quando ele entregou a bandeja. Lyddie pegou um dos quartos do
sanduíche e deu uma mordida elegante. Quando Finn lhe deu uma sopa, ela
não hesitou em enterrar as crostas.

— Isso parece bom. — Dare se inclinou para trás contra os trilhos da


varanda e os observou comer por um minuto. — O lugar parece bom também.
Tinta fresca?

— Sim. — Finn podia participar do ritual desajeitado e manhoso de


conversas masculinas. — Eulixei a parte de fora do acabamento e dei uma
novapintura na primavera passada quando tivemos um tempo seco.

Dare assentiu.

— Sim?

Finn segurou o prato e Lyddie pegou outro pedaço de sanduíche.

— Nós temos alguma batata frita?

— Não, tia Lyddie. Eu sinto muito. Eu vou pegar algumas no trabalho


amanhã.

— Que pena. Eu poderia comer uma sacola inteira. E cupcakes da


Anfitriã. Homem. Por que nós nunca mais recebemos cupcakes da Hostess?

— Hostess saiu do negócio, outra pessoa está fazendo, agora.

— Deus, os tempos mudam, não são? Costumava ser impossível pegar


ervas. Agora eu posso pegar toda a erva que eu quero, e eu não posso receber
cupcakes da Anfitriã. Ela deixou a cabeça cair de volta no balanço. — O
mundo enlouqueceu.

Finn encolheu os ombros para Dare, que sorriu de volta. Ele podia

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sentir Dare estudando-o, avaliando. Dare provavelmente estava anotando
cada detalhe de suas vidas e fazendo suposições que ele não tinha o direito de
fazer.

Finn exagerou.

— Há algo que você precisa? Ou você acabou de chegar para olhar?

— Finn. — Lyddie olhou para ele bruscamente.

Dare se afastou do corrimão da varanda.

— Posso falar com você em particular por alguns minutos?

— Agora mesmo?

— Se estiver tudo bem com a tia Lyddie. Dare olhou para Lyddie, que
assentiu.

— Tudo bem por mim. Você poderia dar um passeio. Lyddie fez um
movimento de espanto, pegando sua caneca. — Continue. Eu ficarei bem aqui
por um tempo.

— Volto em alguns minutos, tudo bem? Não devore meu sanduíche. Era
uma coisa boba para dizer e ambos sabiam disso. Mesmo com a fome, Lyddie
não conseguiria mais do que meio sanduíche e alguns goles de sopa.

— Apenas veja que você não leva uma eternidade ou que todas as
apostas estão canceladas, Senhor. — Lyddie fingiu comer. — Devore, devore.

Dare juntou as mãos atrás das costas e levou Finn pelos degraus da
varanda. Uma vez que eles estavam na rua, ele foi para o Mill Park, com Finn
caminhando ao seu lado. Ele notou que Finn tinha um passo um pouco
estranho, fora do ritmo. Poderia ter sido um mancar, mas Finn não tinha isso
quando criança. Era mais provável o resultado de dores musculares ou

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entorse do trabalho.

Dare debateu perguntando sobre isso, mas não queria soar como um
interrogatório.Como estivesse examinando cada movimento, cada detalhe e
comparando-o com o garoto que Finn tinha sido, mesmo que isso fosse
exatamente o que ele estava fazendo.

Dare fez amigos facilmente e os segurou levemente, considerando-os


descartáveis. Então ele teve que vê-los fugir assim que os problemassurgiram.

Assim que ele se metia em confusão.

Desde então, ele se tornara mais perspicaz e menos propenso a


subestimar pessoas que ele considerava verdadeiros amigos. Mas onde
colocar Finn...

Finn nunca tinha sido seu amigo, exatamente. Ele não tinha idade
suficiente para ser amigo verdadeiro de ninguém. Ele tinha sido mais como
um irmão mais novo ou um animal de estimação ou...

Finn tinha sempre estado lá, com seus grandes olhos estranhos
preenchidos com aceitação.

Com gentileza.

Agora Dare tinha poucos amigose Finn com os olhos estranhos.“Olhos


que viram Dare, que os tornou companheiros, se não amigos!” Chamando-o.

Foi bom andar pela rua tranquila com Finn novamente. Parecia familiar
e confortável.

O parque adjacente ao lugar de Lyddie estaria quase vazio a esta hora da


noite. Meio quarteirão depois, o cinturão verde aberto apareceu. Dare seguiu
o caminho que leva à ponte que atravessa o rio palladiano.Um rio lento e

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lamacento. A vegetação entupiu as margens onde a grama alta crescia sob as
nuvens de mosquitos e cheiros desagradáveis.

— Eu acho que queria passar por aqui e dizer um olá formal. —


Dare disse finalmente. — Eu não esperava que isso fosse tão estranho. Eu
quero pedir desculpas. Eu deveria ter mantido contato. Eu deveria ter...

— História antiga. — Finn o parou. — Já esquecido.

Dare olhou para Finn e desejou que suas palavras fossem verdade, mas
ele não tinha certeza se acreditava.

— Estou chocado com Lyddie. Eu não imaginei que ela seria...Ou


estaria...

— Velha? — Finn forneceu. — Ou doente?

— Tão frágil. Algumas pessoas parecem mais resistentes do que


qualquer coisa. Você nunca acredita que vai vê-los assim.

Finn pegou uma lata de refrigerante que alguém havia abandonado e


jogou em um recipiente de lixo nas proximidades.

— Não veio de uma vez.

— O que é isso? Dare observou um enorme gafanhoto pular no pé de


Finn. Finn se inclinou para estuda-lo, imperturbável. Ele esperou até que se
afastasse sozinho.

— Câncer. Ele se espalhou como fogo antes mesmo que soubéssemos


que estava lá. Ela não tem muito tempo. Finn olhou para trás do jeito do lugar
que eles vieram. — Ela está com muita dor.

Dare escondeu seu sorriso.

— Não agora, ela não esta. Você a viu rindo? Eu acabei com garotas do

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ensino médio que poderiam manter suas coisas juntas melhor do que sua tia.

— Olhe o médico lhe deu uma receita. Você não vai nos dar problemas
sobre isso...

— É apenas uma contravenção de qualquer maneira, ou você não sabia?

— Oh eu sei. Mas ela não passa. — Ele fez aspas aéreas. — Por canais
necessariamente. Bill Fraser continua tentando me fazer dizer a ele quem nos
fornece.

Um lado da boca de Dare levantou-se ironicamente.

— O policial Fraser pode identificar um verdadeiro encrenqueiro como


sua tia a uma milha de distância.

— A velha escola de Lyddie. Ela só quer um pouco da caseira de vez em


quando. Não é essa merda comercial forte. Tenho certeza que o capitão
Borkowski não poderia se importar menos. Ele costumava ser amigo de...
Finn fechou a boca.

Dare assentiu de qualquer maneira. O capitão tinha sido um amigo da


notória mãe de Finn. Isso foi provavelmente melhor não dito.

— Bill Fraser é um idiota, e eu ficaria feliz em bater algum sentido nele,


se ainda precisa fazer.

— O mesmo Dare antigo. — O rosto de Finn segurou uma emoção que


Dare não conseguiu decifrar. — Bill e eu nos conhecemos há muito tempo. Ele
só gosta de me odiar para fazer show.

Dare parou quando chegou ao pé da ponte. Em vez de atravessar, ele


desceu a encosta e entrou no banco baixo e pantanoso. Ele pegou o caminho

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cuidadosamente em volta dos montes de grama alta e, como sempre, Finn
seguiu.

— Então Fraser ainda pega no seu pé?

Finn contornou piscinas lamacentas e densas moitas de vegetação.

— Talvez.

— Se ele está te assediando, você deve fazer uma queixa.

— Ele não está me assediando. Observe onde você anda, ou você terá
suas roupas bonitas todas sujas.

— Eu acho que sei onde eu posso andar e onde eu... — Dare pisou no
lugar errado e deslizou. Ele se conteve antes de descer, mas não antes de seus
brilhantes sapatos de Oxford e a parte de baixo das pernas da calça estarem
cobertos de lama. — Merda.

Finn não riu dele, mas Dare poderia dizer que ele queria.

— Por que estamos em um enxame de insetos mordedores, ficando lama


em cima de nós mesmos?

Costumamos vir aqui o tempo todo. Dare contara com uma reunião
desconfortável, e Mill Park parecia um bom lugar para recomeçar. A amizade
deles havia enferrujado, como partes do motor de um carro que não era
iniciado há anos. Eles tiveram que girar a chave algumas vezes para fazê-la
resistir e tossir para a vida. Eles tiveram que se desgastar com a corrosão que
se instalara entre eles para que pudessem seguir em frente.

— Nós costumávamos pegar sapos aqui, lembra?

— Eu posso honestamente dizer que agora, eu não preciso de um sapo.

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— O olhar divertido de Finn subiu para encontrar Dare. — Por que você voltou
aqui, Dare?

Dare desviou o olhar, rio abaixo.

— Eu estraguei tudo. — Ele admitiu. Começou essa conversa em sua


cabeça tantas vezes que já sabia de cor. — Matador de carreira, massivamente
fodido. Tive a sorte de ter uma segunda chance aqui e vou pagar por isso
também. Todo mundo odeia o cara que não aparece nas fileiras por dentro.

— Entendo.

— Eu não deveria ter esperado para ver você, Finn. Eu deveria ter vindo
assim que...

— Está bem.

— Somos amigos, no entanto. Certo? Ele olhou para Finn, tentando ler
aqueles olhos ilegíveis. — Ainda amigos?

— Claro que somos amigos!

Dare estudou a expressão de Finn. Talvez ele estivesse se lembrando de


cartas que Dare nunca respondeu ou ligou que nunca retornou. Talvez ele
estivesse pensando que poderia fazer melhor do que ser amigo de um cara
que voltará a cidade não porque quisesse, mas porque não tinha para onde ir.
Uma coisa que Dare sabia: se Finn dissesse que ainda eram amigos, ele quis
dizer isso. Finn nunca mentiu.

— Nesse caso, vamos dar o fora deste pântano. Nós realmente gastamos
nosso tempo aqui embaixo?

— Sim, nós fizemos. — Finn recuou levemente para o caminho,


e Dare seguiu. — Pelo que me lembro, você ia construir uma jangada e flutuar

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em algum lugar onde pudesse entrar para a Marinha.

— Eu queria fugir como nunca. — Recordou Dare. — Mas olhando para


trás, morar aqui não era tão ruim assim. Não então, de qualquer maneira.

— Todos nós pensamos que esta era a cidade mais idiota do mundo.

— É por isso que estou surpreso em descobrir que você ainda está aqui.
Por que você nunca saiu?

— Eu saí por um tempo.

— Sim?

— Eu tenho o meu diploma. Eu estava indo usameu diploma de ensino,


mas Lyddie ficou doente. Estou aqui enquanto ela precisar de mim. Estou em
casa, de qualquer maneira.

— Claro. — Deus, eu sou um idiota. É claro que Finn não podia sair
enquanto Lyddie estava doente. — O que você faz hoje em dia?

— Eu trabalho no Costco e cuido do salão de Lyddie. Finn parou e se


virou para encará-lo. Dare ficou surpreso ao descobrir que a expressão de
Finn não era tão impassível quanto ele pensara. Orgulho e algo mais, algo
selvagem e quente explodiu e depois sufocou, deixando-o a pensar se ele
havia imaginado. — Eu cuido de Lyddie.

— Mas quem cuida de você?

Finn endureceu. Franziu a testa.

— Eu cuido de mim mesmo.

— Desculpe. — Dare limpou as mãos em suas coxas. Velhos hábitos. —


Eu não sei por que eu disse isso. Claro que você pode cuidar de si mesmo.

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— Eu... — Finn fez uma pausa. — Tem sido um dia difícil.

— Sinto muito por Candy.

— Só que para minha sorte aconteceu na Lyddie's.

— Tem que ser difícil. Você a conhecia melhor do que eu.

— Nós não éramos amigos, mas sinto muito que ela tenha partido
assim.

Eles recuaram até chegarem ao pé da ponte novamente. Desta vez,


Dare começou a atravessar as tábuas de madeira danificadas, mas parou no
meio para poder observar a água ondulando abaixo. Finn soltou uma folha de
um lado, depois se virou para o outro para vê-la flutuar preguiçosamente rio
abaixo.

Dare jogou uma segunda folha depois dela.

— Nós nunca encontramos a xícara de Candy.

— Mesmo?

— Eu passei por todo lixo do salão. Metade daquela merda era tão tóxica
que eu poderia ter usado uma máscara de gás. Nós nunca encontramos um
copo com batom que combinasse com sua descrição dela.

— Isso é um problema?

— Não por si só, não. Ela pode ter apagado mudado de cor, obtido o tipo
que não se transfere.

— Ou alguém pegou por engano.

— Sim. Provavelmente é isso. Dare se inclinou sobre o corrimão. Seu

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reflexo ondulou na superfície da água escura, mas ele não podia ver o leito do
rio abaixo.

— Mas isso vai incomodar você, não é?

— Sim. — Admitiu Dare. — Pequenas coisas me mantêm acordado à


noite.

— Você deveria tentar grandes coisas para variar. — Disse Finn em voz
baixa. — Você deveria tentar coisas brutais.

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Capítulo 4
Dare estava sentado em sua caminhonete em um dos poucos semáforos
da cidade, esperandoum bando de crianças atravessarem a rua, quando viu
Finn correr. Era de manhã cedo e o céu ainda estava escuro. Uma chuva fraca
salpicava a rua intermitentemente. O cabelo molhado de Finn se agarrava a
sua cabeça enquanto seus pés lançavam gotas de água a cada batida no
pavimento cinzento e liso.

Dare encontrou um lugar para estacionar e seguiu Finn até a padaria


Peg's. Ele notou o jeito esquisito, quase levemente tenso de Finn, de novo.

Aí está! Finn está mancando.

Isso era permanente, então? Dare desejou saber. Uma vez dentro da
padaria, uma explosão de nostalgia quase o derrubou. Peg tinha mudado
pouco nos anos desde que ele tinha ido embora. O piso branco ainda cobria o
chão e as paredes ainda apresentavam uma pintura amarelo—clara e um
papel de parede azul e branco listrado. As bebidas de café eram mais chiques
nos dias de hoje, mas nas vitrines ainda continham bandejas de cupcakes,
bolos e pães brilhantemente coloridos. Pequenas tortas de frutas brilhavam
como pedras multicoloridas.

Peg tinha um cheiro delicioso, como café torrado escuro, baunilha e


amêndoas.

Dare também reconheceu alguns dos fregueses, embora eles não


parecessem reconhecê-lo. Se eles fizeram, eles não estavam mostrando isso.
Ele observou alguns deles olharem Finn, esnobando-o de um modo

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vagamente familiar.

Finn virou-se com o café na mão, carregando uma pequena sacola


branca. Ele parou quando viu Dare. Uma vez, Finn poderia tê-lo
cumprimentado com um sorriso feliz. Agora tudo o que ele viu no rosto afiado
de Finn era cautela.

— Ei, Dare.

— Eu vi você correndo.

Finn assentiu.

— Eu corro na maioria dos dias, a menos que o tempo esteja realmente


ruim.

— Mas você manca. Quando você..

— Eu machuquei minha perna no ensino médio. — Finn olhou para a


perna em questão. — Isso não me atrasa.

— Você a quebrou?

— Sim.

— Isso te incomoda?

Finn corou.

— Isso te incomoda?

— Eu não quis dizer isso, Finn.

Finn encolheu os ombros.

— Às vezes, quando está frio ou estou cansado, sinto isso. Caso


contrário, é o que é.

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— Eu notei isso no outro dia, mas eu pensei que talvez fosse o chão
irregular.

— Não é nada. — Finn caminhou em direção àsaída.

— Espere um minuto. — Ele pegou o braço de Finn. — É meu dia de


folga.

— Eu adivinhei. — O olhar de Finn foi para as roupas de Dare.

Dare olhou para baixo, tentando se ver como Finn poderia vê-lo. Jeans e
uma jaqueta Huskies sobre uma camiseta de banda de rock. Botas de
trabalho. Suas roupas típicas de folga. Ele esfregou a mão sobre o rosto de
Billie Joe Armstrong e ficou parado ali, tentando pensar em algo para dizer. —
Estou pintando hoje.

Finn assentiu.

— Recebi uma ligação do escritório do ML. Eles estão fazendo a autópsia


de Candy Shepherd esta manhã.

Só então, uma mulher baixa e robusta, vestindo jeans e uma camisa de


flanela xadrez passou por eles sem se incomodar em pedir licença.

— Ei. — Dare não conseguiu puxar Finn fora do caminho de seu ombro
carnudo no tempo. — Assista.

Gotas de café derramaram a mão de Finn.

— Bom dia, Senhora Pelham.

Marjorie Pelham não respondeu. Enquanto ela se afastava, Dare olhou


entre eles.

— Que diabos, qual é o problema dela?

— É possível que minha mãe costumasse frequentar a garagem do

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marido depois de expediente. Há rumores de que mamãe nunca pagou por
reparos naquelasucata que costumava dirigir.

— Isso foi há muito tempo.

— As pessoas têm memórias longas nesta cidade. — Finn tirou uma


mecha úmida de cabelo da testa. — Eles guardam rancor, ou desenvolvem
novas coisas para te odiarem. Faça sua escolha.

— Eu acho que as pessoas não pensam muito de mim por aqui também.

— Por que você diria isso?

Dare colocou uma xícara de café no chão.

— Fofoca viaja rápido.

Finn sacudiu a cabeça.

— Eu acho que você vai encontrar que a maioria das pessoas vai ficar
feliz em ver você.

— Eu não me importo com o que as pessoas pensam. Exceto... —


Dare falou apenas para os ouvidos de Finn. — Você estava feliz em me ver?

— Sim, eu estou. — O pomo de Adão de Finn balançou. — Mas eu prefiro


que você tenha vindo em busca de algo diferente de um corpo morto na loja
de tia da minha tia Lyddie.

— Como reuniões, essa não teria sido minha primeira escolha. — Em um


impulso, ele perguntou: — Que tal pegar uma cerveja e conversar? Estou livre
sexta à noite.

Finn deu um passo para trás.

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— Acho que não. Estou bem ocupado ultimamente e Lyddie...

— Você poderia me dizer os melhores lugares para comer e quem bebe.


Eu preciso saber quem tem os preços mais baixos da gasolina e aonde ir para
o problema do carro. Não Pelham's.

Finn olhou ao redor.

— Eu acho...

— E você precisa me contar sobre todas as fofocas locais para que eu


não pise na merda com alguém importante.

— Dare...

— Por favor? — Dare não estava prestes a dar a Finn a chance de


recusar. — Você estaria me ajudando. Não sou considerado um dos caras na
força aqui ainda, sabe? Tem sido uma recepção fria. Eu preciso de você, Finn.

— Tudo bem. — Finn franziu os lábios tristemente, mas Dare sabia que
tinha ganhado. — Se a amiga de Lyddie, Kate, estiver livre para vir e fazer
companhia a ela pode sair um pouco.

— Boa.

— Eu tenho que fechar a loja e depois limpar por alguns minutos, e


depois disso eu preciso mudar de roupa. Será nove e meia, tarde demais?

— Deveria estar bem. Devo te encontrar na sua casa?

— Sim. Ok. Vejo você às nove e meia.

— Tudo bem, então, podemos comer e depois, vamos pegar uma cerveja
no celeiro.

— O celeiro ainda é o bar da polícia local. Todos os policiais e bombeiros


estão lá fora.

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— Eu sou um policial.

— Mas...

— Eu vou ver você sexta-feira. — Dare abriu a porta para Finn e assistiu-
o decolar em direção a Church Street em uma caminhada rápida.

Embora nada compensasse o fato de que, quando adolescente, Dare não


estava inclinado há dedicar seu tempo a escrever para um amigo muito mais
novo, talvez uma bebida ou duas derretesse as coisas entre eles.

Talvez ele tivesse parado de responder àquelas anotações infantis


cuidadosamente escritas, porque elas tinham sido preenchidas com o tipo
particular de culto ao herói de Finn, ou possivelmente algum tipo esquisito de
paixonite infantil, ao qual Dare se sentiu incapaz de responder da mesma
maneira.

Eventualmente as cartas de Finn pararam de vir completamente. Na


época, Dare ficou aliviado.

Mais tarde, ele imaginou Finn Fowler livre de Palladian longe o


suficiente para que seu passado, ou mais precisamente a vida breve e
conturbada de sua mãe, não o seguisse como uma nuvem tóxica. Mas por
causa de Lyddie, Finn tinha ficado bem aqui.

O pedágio que Palladian poderia ter em alguém como Finn ou pelo


menos, o pedágio exigido por aqueles poucos idiotas, pessoas de mente suja
ainda mantendo Finn responsável pelos pecados de sua mãe que era enorme.

Merda.

Ele abandonou Finn, mas ele se lembrou do jeito que Finn costumava

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olhar para ele. Não houve nenhuma lesão que ele não pudesse fazer melhor,
nenhum valentão quenão pudesseafastar nenhum monstro que não pudesse
vencer.

Na época, a adoração de heróis de Finn tinha sido tanto elogiosa quanto


desconfortável. Houve até momentos em que ele acreditou no exagero,
mesmo porque Finn acreditou. Mas ainda pior foi que agora quando ele não
se sentia mais jovem e invencível, ele desejava ter esse sentimento de volta.

49
Capítulo 5
Na sexta-feira, depois que os cabeleireiros foram para casa, Finn jogou o
último lixo da noite na lixeira e se preparou para fechar. Dado o início precoce
normal de sábado, sempre pagava para limpar as coisas e garantir que
houvesse suprimentos e toalhas suficientes para o dia mais movimentado da
semana.

Desde a morte de Candy, um memorial improvisado apareceu ao lado


da porta da frente. Velas devocionais queimavam ao lado das cartas, flores e
ursinhos de pelúcia que cobriam a passarela. Finn deixara que eles se
reunissem, até acrescentou flores de sua autoria. Seu coração se sentia mais
pesado toda vez que via isso. Toda vez ele tinha que se perguntar se poderia
ter feito algo diferente e mudado o resultado daquele dia terrível.

Ele tinha acabado de virar a chave na fechadura quando a porta de um


carro se abriu e fechou atrás dele. Ele ouviu passos leves no estacionamento e
virou-se para encontrar a figura robusta e confortável de Charlotte Boyer
parada atrás dele, olhando para o carro da filha, ainda estacionado onde o
deixara no dia em que morrera.

— Sra. Boyer. — Finn disse com alguma surpresa.

— O carro de Candy ainda está aqui?

— É alugado para o marido. Eu acho que seus filhos vão pegá-lo quando
eles descerem. Isso é o que eu ouvi, de qualquer maneira. Eles deveriam estar
aqui amanhã porque não podiam fugir durante a semana. Sinto muito pela
sua perda.

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— Eu esperei até que você estivesse fechando porque eu queria falar
com você sozinha. — Ela empurrou as duas mãos através de seu cabelo branco
curto, em seguida, enxugaram-nas em seu jeans. Enquanto olhava a
homenagem à filha, ela parecia ligeiramente aturdida. — Isso é legal. Você
acha que eu poderia fazer algumas perguntas?

— Certo. Deixe-me abrir a porta. Finn reabriu a porta que acabara de


trancar e a conduziu para dentro.

— Eu sinto muito. Eu deveria ter ligado primeiro.

— Não, está tudo bem. — Ele não precisou acender as luzes porque o sol
do meio do verão iluminava a recepção e as cadeiras da área de espera. Acabei
de terminar a limpeza da noite. Posso te dar uma coisa? Eu poderia fazer café.

— Não. Eu não estarei aqui por muito tempo. Eu continuo pensando em


como Candy morreu aqui. Acho que me senti como se tivesse que ver.

Finn a convidou para se sentar.

Ela assentiu.

— Eu conversei com Jack no arranha-céu. Não tenho certeza se ele sabe


o que está acontecendo. A enfermeira me diz que suas filhas estão tentando
leva-lo para um lugar em Portland. Eles estão vendendo a casa. Eles me
deram uma semana para limpar as coisas de Candy.

— Sinto muito. — Repetiu Finn.

— Eles agem como se fosse uma dádiva de Deus. Eles estão tão
aliviados.

— Deve ser um choque terrível para você, no entanto.

51
— Você nunca espera sobreviver a seus filhos. — Ela agarrou sua bolsa
com mais força, arrancando o couro entre as mãos.

— Não. Eu não suponho que você faça.

— Candy não era uma pessoa ruim. Ela era boba. Ela era bonita e
gostava de coisas boas.

Finn tentou um aceno simpático. Sempre foi difícil para ele quando as
pessoas compartilhavam informações pessoais profundas. Alguém uma vez o
chamou de confessionário ambulante. Pessoas gostam de desabafar com ele.
Talvez por causa de seu tamanho ou sua coloração estranha. Talvez porque ele
não tivesse ninguém para contar, então parecia seguro.

Eles nunca pararam para pensar como eras estranham para ele.

Eles nunca se perguntaram o que ele fazia com toda essa informação,
com toda a tragédia e os segredos lúgubres que se acumularam dentro dele.

O suéter de outono bordado da Sra. Boyer tinha pequenos cristais de


diamante que brilhavam quando ela se movia. O couro das sandálias
Birkenstock estava saindo da rolha perto do dedão do pé e, como a maioria
das mulheres da cidadecomo Lyddieela usava meias grossas de inverno.

— ...Então ele riu de mim e disse que não se casara com Candy porque
queria uma família.

— Espere. — Finn parou confuso. — Quem disse isso?

— Jack. Quando eu lhe disse, pensei que ele e Candy faziam um bom
casal, e que deveriam tentar começar uma família juntos. Eu sei que ele
pensou que eu estava me intrometendo. Eu acho que só queria uma mulher
que todos os amigos dele invejariam.

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— Entendo. Isso foi provavelmente...

— Então ela fez o seu trabalho, veja? — Por qualquer motivo, a Sra.
Boyer realmente queria que conhecesse a história de vida de Candy. Deus, ele
queria que ela saísse. Mas assim que pensou nisso se arrependeu do impulso
egoísta. A filha da mulher morreu, pelo amor de Deus, e tudo o que ela
precisava era de um pequeno fechamento.

Por outro lado, ele realmente teve algo para fazer pela primeira vez para
sempre.

— Sua vida se tornou tudo sobre roupas caras, injeções de Botox.


Vivendo a boa vida. Ela disse que eles tinham uma barganha e Jack não se
atreveu a quebra-la.

— Ou o quê? — Finn perguntou.

— Com licença?

— Você disse que eles tinham algum tipo de barganha?

— Eu não sei exatamente o que era.

Finn não gostava de falar mal dos mortos, mas Candy não tinha sido
exatamente o troféu que ela já foi. Na verdade, sua aparência havia
desaparecido anos atrás em face do consumo excessivo de álcool. No
momento em que ela morreu se tornou um desenho de si mesma.

— Quanto tempo eles estavam juntos?

— Onze anos. Eles ainda eram casados quando ela morreu.

Finn não sabia o que ele deveria dizer.

— Isso parece um casamento duradouro.

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— Eu ouvi que Dare Buckley acha que Candy foi assassinada.

— Esperar. O que? Finn recuou. — Onde você ouviu isso?

— Shelley Cantrell disse que levou todo o lixo para o laboratório da


polícia para testes? Mas é claro que isso é loucura. Quem iria querer a minha
filha morta?

Finn apenas assentiu. Dare só estava passando pelos movimentos para


parecer minucioso, e agora o salão teria que lidar com estranhos misteriosos e
bisbilhoteiros.

A Sra. Boyer se levantou abruptamente e voltou para os secadores. Finn


seguiu para acender a luz, porque as sombras lançadas pela divisória de
madeira se estendiam para aquela área da loja. Ela ficou em silêncio por um
longo tempo enquanto olhava para a triste fileira de cadeiras secadoras.

— Eu não posso te dizer o quanto eu sinto por sua perda. — Finn


colocou o braço em volta dela até que ela parecia pronta para sair, e então ele
a levou para fora.

— Obrigado. Você é um bom menino, Finn.

Finn fechou a porta atrás deles e a observou ir embora.

Através do olho mágico, Finn viu Dare alisando o cabelo e endireitando


a gravata como se estivesse um pouco nervoso. Um sorriso se contraiu nem
seus lábios. Ele respirou fundo quando abriu a porta.

Dare enfiou as mãos nos bolsos e balançou para trás e para frente em
seus calcanhares.

— Oi.

Seu sorriso torto era tão familiar quanto o pórtico desgastado de Lyddie.

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— Oi. — Finn olhou para o corredor em direção à sala de estar, onde
Lyddie estava sentada com sua boa amiga Kate. Ele não tinha dúvida de que
elas acenderiam um baseado e chorariam um ou dois filmes da Lifetime. Kate
cuidaria de Lyddie e se certificaria de que ela comesse antes de ir para a
cama.

Se Lyddie precisasse de mais alguma coisa, Kate ligaria para avisá-lo.

— Divirta-se, querido. — Kate chamou depois deles. — Dirija com


cuidado.

A liberdade trouxe uma leveza pouco familiar ao coração de Finn


quando ele retirou a jaqueta de couro de um gancho perto da porta.

— Noite, Lyddie, eu te vejo mais tarde. Boa noite, Kate.

Lyddie cantou:

— Não faça nada que eu não faria, — antes de Finn fechar a porta com
um estalo decisivo.

Ele puxou a jaqueta sobre a sua simples camisa de algodão azul-claro e


calça jeans. Suas botas de trabalho o fizeram apenas alto o suficiente para
olhar diretamente para a pequena cicatriz no lábio superior de Dare. Ele
esteve lá no dia em que Dare pegou aquela cicatriz jogando futebol. Ele
seguiu junto quando o pai de Dare o levou para obter pontos.

Eles desceram as escadas da varanda juntos, e Finn suspirou na


escuridão. Estrelas piscavam em um céu infinito azul-índigo. A lua brilhante
do meio do verão uma lanterna gorda e esburacadapairava no alto, quase
cheia.

— É uma noite linda. — Dare ficou com a cabeça inclinada para trás,
olhando para cima.

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— É sim. — Finn esticou os braços para o alto e trabalhou as torções do
pescoço. — Eu me sinto leve como o ar. Isso soa horrível, não é?

— Por que isso deveria soar horrível?

— Eu tenho trabalhado muitas horas. Para não mencionar... Bem. Você


sabe. Lyddie está doente. Estou sob uma carga de pressão agora e sacudi-lo
assim me faz sentir quase tonto.

— Todo mundo merece relaxar um pouco.

— Mas, ao mesmo tempo, isso parece tão errado. Gostar... Eu deveria


estar trabalhando ou estudando ou passando tempo com minha tia, porque
não sobra muito.

Dare não olhou na sua direção quando perguntou:

— Você mudou de ideia sobre ir?

— Não.

— Não há problema em tirar um tempo para você. Para comer ou tomar


uma cerveja com um amigo. Dare olhou para a casa. — Você não está
deixando Lyddie sozinha.

— Ela gosta quando eu saio. Eu simplesmente não sei. Muito. É uma boa
noite. Você quer andar?

— Certo.

Eles caminharam em silêncio por um tempo, pelo menos até chegarem


ao shopping onde a loja de Lyddie estava localizada. As velas ainda acesas no
memorial improvisado lembraram-no de seu visitante.

— Charlotte Boyer veio pela loja enquanto eu estava fechando hoje à

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noite.

Dare estudou as muitas ofertas deixadas por pessoas que lamentam a


morte de Candy.

— Ela fez? Como foi isso?

— Emocional.

— Eu sinto muito.

Finn encolheu os ombros.

— Ela está procurando explicações. Aparentemente, sua atenção aos


detalhes na cena do crime levou as pessoas a acreditarem que você suspeita
de algo sinistro.

— Mesmo? Mas eu não sei. Na verdade não.

— Quanto mais cedo você puder deixá-la saber que não haverá uma
investigação completa, melhor.

— Tudo bem. — Dare inclinou-se para ler uma nota anexada a um urso
de pelúcia branco. — Eu vou.

— Tudo o que eu conseguia pensar enquanto conversávamos era isso.


Em nós saindo. Muito egoísta, hein?

— Isso é provavelmente uma emoção muito natural sob as


circunstâncias. — Dare tocou o braço de Finn. Eles começaram a descer a rua
arborizada novamente. — Tenho certeza de que é difícil ser cuidador de
alguém.

Os passos de Finn diminuíram.

— Não é que eu não ame Lyddie...

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— Claro que não é. Ninguém jamais pensaria isso. Dare colocou as mãos
nos bolsos da jaqueta e continuou.

Finn seguiu.

— É apenas a ideia de sair. A ideia de diminuir um pouco as minhas


responsabilidades e comer em um restaurante, em vez de usar uma lata de
chilli nas micro-ondas, me faz querer pular a rua.

— Estou feliz por ter lhe perguntado então. Eu me perguntei se você


estaria muito ocupado. Talvez você tenha um — Dare evitou o olhar. —
Pessoa especial.

Finn engasgou com uma risada.

— Claro que sim. Na minha imaginação rica e vibrante. Eu mal tenho


uma vida social, Dare. Eu não tenho tempo para um. Como tem sido para
você? Estar de volta ao paládio?

— Parece que... Eu não sei. Falha.

As palavras de Dare deram uma grande mordida no bom humor de


Finn.

— Eu sinto muito.

— Eu não sei por que eu sequer considerei vir aqui. Quero dizer, eu faço.
Eles me contrataram. Mas eu poderia ter parecido mais difícil. De volta para o
leste ou...

— As pessoas por aqui se lembram da sua família. Tenho certeza de que


eles estão felizes em ter você aqui. Deveria sentir vontade de voltar para casa.

— Ok, certo.

— Eu quero dizer isso, Dare. As pessoas lamentavam que sua mãe não

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ficasse depois que seu pai morreu. Todos queriam ajudar.

— Claro que eles fizeram. Eles ainda estavam curiosos. Dare chutou um
depósito de sementes caído na sarjeta. — Eles queriam a resposta para a
pergunta ardente, Por quê?

O coração de Finn se agitou.

— Tenho certeza que você está enganado.

— Eu estou? Diga-me que as fofocas nesta cidade não têm especulado


sobre o meu velho há anos. — O olhar de Dare dissecou Finn. — Você não
pode, pode? Porque você sabe e agora eu seitodo mundo está procurando o
verdadeiro motivo pelo qual meu pai se matou.

59
Capítulo 6
Dare imediatamente se arrependeu de mencionar o suicídio do pai.

— Eu não deveria ter mencionado isso. Eu sinto muito.

— Não há nada para se desculpar. — O pomo de adão de Finn balançou.

— Aconteceu. Sempre vai estar lá entre nós como... Eu não sei o que Um
monstro debaixo da cama.

Dare assentiu. Colocou as mãos atrás das costas.

— Sempre que eu conheço alguém que nos conhecia naquela época, não
posso deixar de pensar...

— Eu sei. — Um carro passando iluminou-os. Finn parecia cansado.

— Eu não queria voltar aqui. Toda vez que eu dirijo pela minha antiga
casa, penso em meus pais. Eu me lembro da minha mãe entrando pela porta
com as compras. Eu vejo meu pai na cozinha, tomando uma cerveja. Eu vejo
aquele último dia... — Tarde demais, Dare imaginou o rosto de Finn quando
os dois encontraram o corpo de seu pai esparramado em sua grande poltrona
de couro com metade da cabeça arrancada.

— Já que estou de volta aqui, acho que vou poder investigar. Pode até
ser possível descobrir o que aconteceu.

Finn diminuiu a velocidade.

— O que você quer dizer?

— Para o meu pai. — Dare pensou que seria óbvio. — Tem que haver
uma razão pela qual ele fez o que fez. Está enterrado em algum lugar em seus

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papéis antigos. Nos registros da cidade ou...

— Que diferença faz agora?

— Que diferença?— Irritação fez suas palavras afiadas. — Eu tinha


quatorze anos quando meu pai morreu então minha vida é dividida ao meio.
É como se eu tivesse dois pais, duas famílias, duas infâncias completamente
diferentes. Eu tenho dois passados, o que eu experimentei e aquele que eu era
aparentemente alheio. Eu não sei como descrever isso. Minha vida é duas
metades de um quebra-cabeça que não consigo encaixar.

Em face de sua raiva, o rosto de Finn ficou pálido.

— E se você não conseguir respostas?

— Eu tenho que. Não é um mistério qualquer. Isso arruinou minha


família. Isso arruinou tudo. Se eu não conseguir entender as peças, nunca
ficarei inteiro.

Finn assentiu

— Entendo.

— Você se lembra de alguma coisa? Quando você olha para trás,


consegue pensar em algo que possa ter tirado meu pai?

— Eu tinha nove anos, Dare. Foi uma época horrível. Eu não gosto de
pensar sobre isso, já que não há nada que eu possa fazer para mudar o que
aconteceu.

Dare estudou o rosto angustiado de Finn. isto teve Foi um tempo


horrível. Ivy Fowler havia se afogado e eles estavam apenas se recuperando do
choque disso. Então o pai dele... foi embora. O funeral foi estúpido depois,

61
então teve que dizer a Finn que ele estava se movendo. Ele tinha escolhido
dizer da maneira mais brusca e objetiva que poderia encontrar como arrancar
o banda id de uma ferida.

Finn tinha olhado de volta tão vazio como ele tinha estado no dia em
que se conheceram, e Dare sentiu como se tivesse enterrado Finn naquele dia
também. Ele deixara Finn afogar-se no desprezo que o bom pessoal de
Palladian sempre acumulara sobre ele, de modo que não tinha agora o direito
de reclamar da recepção tépida que estava recebendo. E se ele tivesse que
trabalhar para voltar às boas graças de Finn, ele tinha apenas a si mesmo para
culpar.

— Esses dias parecem um borrão, às vezes. — Dare enfiou as mãos mais


fundas em seus bolsos e continuou andando. Eles se voltaram para a Church
Street, onde passaram pela Primeira Metodista Unida e outra capela menor
com uma placa que dizia: Deus ajude-me a ser a pessoa que minha cachorra
pensa que sou.

— Ninguém nunca realmente inventou nada de útil, então? Nem as


fofocas?

Finn ficou em silêncio por tanto tempo, Dare pensou que não tinha
ouvido. Ele olhou e viu linhas de dor e tensão ao redor da boca de Finn.
Finalmente, Finn disse novamente:

— Que diferença poderia fazer agora?

Um gato disparou pela calçada irregular. Dare deu um salto para evitá-
lo. Deus, ele estava pulando nas sombras.

— Estou fazendo uma bagunça de nossa noite. Eu sinto Muito.

— Está tudo bem. — Finn apertou as mãos atrás das costas. — É natural

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que você pense sobre...

— Não, não está tudo bem. Aqui você estava falando sobre se sentir mais
leve. Você não precisa do meu lixo pesando em você.

Finn olhou para trás do jeito que eles vieram.

— Talvez devêssemos esquecer esta noite. Conte até a passagem do


tempo e...

— Nós vamos sair. Estamos pegando uma bebida e algumas asas


quentes ou algo assim. Você poderia usar alguns quilos. Dare passou um
braço em volta do pescoço de Finn e puxou-o para um abraço áspero.

— Tudo bem. Mas…

— Mas nada. Colocaremos um pouco de carne nos seus ossos e depois


ficaremos mijando. Esse é um plano tão bom para uma sexta-feira à noite
quanto tive em meses.

Dare atravessou a rua para avaliar um restaurante chinês que vira, mas
ainda não tentara. Ficou tudo bem. Ele tinha fotos coloridas de comida na
janela ao lado de um rosto sorridente de Buda em um Sim, estamos abertos
assinar.

— Este lugar é bom?

Finn assentiu.

— Eu gosto disso.

Dare abriu a pesada porta de madeira vermelha e introduziu Finn.


Enquanto esperavam para se sentar, Dare o cutucou.

— Devíamos conversar sobre outra coisa. O que você faz para se

63
divertir?

Finn fez uma careta.

— Se você depende de mim por diversão, esta será a noite mais curta da
história.

— Você tem amigos da escola, não é? As crianças da faculdade ainda não


fazem doses de gelatina ou ficam chapadas e ficam mais perto do rio?
Dare reconheceu a anfitriã quando ela chegou. Ele levantou dois dedos, e ela
os sentou em uma pequena mesa à luz de velas perto da janela.

— Eu acho que você vai encontrar. — Finn respondeu friamente


enquanto ele se sentou. — Que eu não tive muito tempo para as coisas que
ordinárias crianças faz.

— Eu sinto muito. Eu sei que você não é... Dare pegou um cardápio de
sua anfitriã. — É difícil não pensar em você quando criança.

— É difícil imaginar você como; Um o quê? Um detetive de homicídios?

Dare assentiu.

— Isso vai levar algum tempo para nos acostumarmos a nós dois. Talvez
algumas antigas amizades sejam melhores no passado.

— Não. Não o nosso. Talvez devêssemos começar de novo? Dare


estendeu a mão. — Dare Buckley. Prazer em conhece-lo.

Finn pegou a mão de Dare e apertou-a.

— Estou muito feliz em conhece-lo, policial Dare. Espere... Eu acabei de


perceber como isso soa. Você já foi provocado por ser o oficial Dare?

— Na verdade não. Nunca trabalhei no programa da escola DARE


quando estava de uniforme e, claro, agora sou oficialmente detetive Buckley.

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— Detetive Buckley. Muito profissional.

Dare provavelmente segurou a mão de Finn por muito tempo. Parecia


amigável e natural tocar em Finn, exatamente como sempre. Mas olharam de
volta para ele aquele espantoso olhar de dois tons o avaliou de uma maneira
totalmente nova. Enigmático. Desafiador. Quando Dare soltou, seus dedos
estavam formigando.

Dare esfregou a mão nas calças e Finn o viu fazer isso. A careta de Finn
fez Dare perguntar:

— O quê?

As sobrancelhas de Finn se levantaram.

— O que, o que?

— Por que você está olhando assim para mim?

— Eu acho que. — Finn bateu os dedos no informativo horóscopo


asiático. — Eu acho que estou me perguntando o que estamos fazendo aqui.

— O que estamos fazendo aqui? — Dare ecoou sem expressão.

— Sim. Eu estou esperando por uma sugestão de você. Algo que me


mostrará como devo me comportar esta noite.

— Como você deveria se comportar? — A cada segundo que


passava, Dare ficava mais confuso. A expressão de Finn passou de curiosa a
divertida para francamente consciente.

Então, de repente, a moeda caiu. Finn estava perguntando a ele se...?

Eles estavam em um encontro?

Um rubor furioso queimava as bochechas de Dare.

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Cristo. Eles estavam em um encontro...

Dare não tinha pensado na sexualidade de Finn quando o convidou


para sair.

Por que ele não tinha?

Porque o que quer que Finn fosse, Finn era dele.

— Você é gay, Finn? Você já pensou...

— Eu sou inteiramente, sem arrependimento gay. — Um rosa fraco


montou suas maçãs do rosto. — E sim, eu estou querendo saber se estamos
em um encontro.

Dare achava que os homens eram sexualmente atraentes e tinha sido


corajoso o suficiente para agir sobre isso na escola, nos esportes e até mesmo
quando se tornara um oficial de patrulha. Sempre à espreita, sempre com
o que acontece no vestiário, fica na mentalidade do vestiário e caras que não
tinham bolas. Ele também tinha muitas mulheres, mas não se importava com
ninguém que soubesse disso. Na verdade, ele poderia ter jogado isso um
pouco, apenas para mostrar com os homens no trabalho.

O trabalho já era ruim o suficiente sem que ninguém entendesse seu


pau do AC/DC.

Ele gostava de sexo. Todo tipo de sexo Mas ele procurava homens
quando precisava de sexo e apenas sexo. Bom sexo. Sexo violento.

Mas... sexo com Finn?

Oh. De jeito nenhum.

Com os homens, ele queria uma troca implacável de cuspes e tendões e

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fluidos corporais. Ele queria coisas precipitadas e imprevisíveis. Perigosa e
excitante. O que quer que Finn fosse ele não era isso. Finn era mais jovem. Ele
precisava de alguém para cuidar dele. Não é um cara que.

Dare olhou para Finn.

Finn não estava ajudando em nada. Não havia dito que precisava da
proteção de Dare e em seu lugar...? Dare não sabia o que. Alguém esperto.
Alguém auto-possuído e totalmente alienígena. Alguém alarmante e
indiscutivelmente atraente.

Quando diabo aconteceu isso?

De repente, Dare queria matar Finn e qualquer homem que o tivesse.

— Vocês precisam de mais tempo? — A garçonete interrompeu seus


pensamentos, trazendo uma distração bem-vinda junto com alguns copos de
água.

— Sim, Dare. Você precisa de mais tempo? — Finn brincou antes


que Dare pudesse dizer qualquer coisa.

Dare não tinha nem aberto o cardápio.

— Dois minutos. —Ele disse.

Finn mexeu no guardanapo e esperou até ela ir embora.

— A carne de porco um-shu aqui é boa.

— Eu realmente não pensei muito bem nisso.

Ou em tudo.

Finn baixou o cardápio.

— Se o meu ser gay torna estranho para você jantar comigo, você pode

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se retirar do campo graciosamente, e eu vou...

— Pare. — Talvez eles precisassem manter as coisas leves? — Eu acho


que finalmente pego, é tudo. Deix-me tomar conhecimento do fato de que,
seja lá o que eu pretendi, tem sido uma boa sorte conseguir um encontro
maravilhoso para a noite.

Isso soou sofisticado, não foi? Em Seattle, as pessoas peidavam arco-


íris, pelo amor de Deus. Ele não olhou para Finn para ver como seu
comentário de “encontro” pousou. Em vez disso, ele deixou seu olhar vagar
sobre os itens à La carte, prestando especial atenção para aqueles com as
pimentas ao lado deles.

— Eu vou precisar pensar em um idiota que eu me tornei. Talvez uma


daquelas grandes bebidas polinésias ajude.

— Você precisa de uma bebida para me levar para jantar? — Finn


perguntou isso com alguma aspereza.

— Eu só preciso de uma bebida. Isso é paladiano. O que mais há para


fazer? Dare deu um sorriso fraco. A tensão pairava no ar, reverberando entre
eles enquanto se ajustavam à expectativa e à realidade.

— Meu ser gay não muda as coisas para você? — Finn perguntou.

Dare sacudiu a cabeça. Isso, ele sabia.

— Isso não muda o que sinto por você.

Finn parou por um minuto e depois... ele sorriu calorosamente. Ah


Deus, o rosto de Finn estava.

Talvez tenha mudado as coisas, porra.

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Eventualmente, Finn falou

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novamente.

— O que você fez para ser mandado de volta para o Palladian em


desgraça de qualquer maneira?

Dare não precisou responder por que a garçonete chegou à mesa.


Dare levantou o cardápio e apontou para uma de suas bebidas azuis letais de
aquário.

— Um desses, por favor. O que você está comendo?

— Vodka, por favor. Ganso Cinzento, se você tiver.

A garçonete sorriu e saiu para pegar suas bebidas. Dare bufou.

— Olhe para você, todas as rochas de vodka... Por que você não está
mais no jardim de infância, então eu sei como lidar com você?

— Todos nós temos que crescer em algum momento. — Finn pegou seu
cardápio. — Você gosta picante ou seguro?

— Picante, definitivamente. — Com isso, Finn levantou uma


sobrancelha. Dare brincou com o guardanapo e a prataria. — Você pede.
Apenas pegue o que você gosta, e eu vou tentar.

— Tudo o que você odeia?

Eu odeio o jeito que meu coração bate em minhas costelas quando você
olha para mim.

Eu odeio o modo como meu pulso vibra em meus ouvidos quando seus
lábios se curvam naquele meio sorriso.

Dare balançou a cabeça para limpá-la.

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— Eu odeio aquelas pequenas aves de caça que se parece com pombos
sem cabeça.

A risada de Finn fez alguma coisa na coluna de Dare, tocando como um


xilofone, enviando um formigamento estranho e emocionante de consciência
direto para o seu pênis.

— Eu acho que você está a salvo daqueles aqui.

É bom saber que estou a salvo de alguma coisa.

70
Capítulo 7
Finn observou Dare atrapalhar-se no mar desajeitado da confusão
sexual por dez minutos inteiros. Para o crédito de Dare, ele parecia estar de pé
antes que o álcool tomasse um efeito perceptível.

Dare era uma pessoa justa. Pelo menos ele era criança. Ele se debruçou
com mais frequência em proteger o oprimido: procurando crianças menores
na escola e deixando claro que o bullying e o trote seriam tolerados com zero
se ele tivesse algo a dizer sobre isso. Na quinta série, ele era grande e atlético.
Abençoado com equilíbrio e coordenação e um presente para pensar na
mosca que fez dele uma estrela no futebol e, mais tarde, na policia.

Quando Dare passava pelo parquinho de baixo grau onde Finn tocava,
ele sempre parava por cinco ou ouvia rapidamente uma das histórias infantis
de Finn. De sua parte, Finn examinava seu pequeno horizonte
constantemente passando pelo parquinho de asfalto até o amplo campo de
grama onde apenas as crianças grandes eram permitidas de cerca a cerca
procurando por Dare, esperando a oportunidade de pôr os olhos em seu
herói. Mais uma vez.

Para Finn, o sol só aparecia nos céus sempre nebulosos do Oregon


quando Dare Buckley foi vê-lo.

Este Dare aquele homem que havia voltado para casa depois de um
fracasso pessoal do tipo que suas palavras só sugeriam não era o garoto que
Finn conhecera. O fracasso o marcou profundamente. Ele ainda podia
mostrar seu sorriso vencedor e avançar algumas piadas, mas depois, ele olhou
para o licor azul de sua bebida como se tivesse encontrado sua salvação lá.

71
Mais de uma pessoa na vida de Finn encontrou conforto em uma névoa
alcoólica, começando com sua mãe. Agora ele observava Dare com algum
desapego duramente conquistado.

Os olhos de Dare se demoraram nele, Finn notou. O foco intenso


de Dare pode ser de atração ou simplesmente porque ele era um policial. Finn
não se importou em agir com especulação.

Se Dare era gay, então ele provavelmente estava tão fundo no armário
que não conseguia encontrar uma saída. Ele parecia confuso, o que poderia
ser de vergonha ou culpa, ou simplesmente desconforto com homens gays.

Ser um policial era duro com qualquer cara, mas em um homem gay,
era um inferno total. O que quer que digam sobre igualdade e diversidade nas
grandes cidades, Palladian não ia diversificar tão cedo.

O que não significava que a força paladiana estava cheia de racistas ou


homofóbicos. O pessoal da polícia em Palladian era em sua maioria homens e
mulheres de bom coração: frequentadores da igreja e tipos de família. Havia
Bill Fraser, mas ele era a exceção, não a regra. Por várias razões complicadas,
Bill estava em uma aula sozinho.

Dare nunca poderia ser como o Bill Fraser.

— Finn? — A voz de Dare se intrometeu. A garçonete se aproximou


e Dare estava esperando que ele notasse. Finn corou. Ele sacudiu uma lista de
pratos da memória, e ela voltou para a cozinha.

— Eu sinto muito. Eu perdi minha linha de raciocínio.

— O que vai acontecer com o salão de Lyddie? Você vai continuar


correndo?

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— Claro que não. — Finn sacudiu a cabeça. — Uma das mulheres que
aluga uma estação está fazendo arranjos para compra-lo.

— Entendo.

— Neste momento, ela está tendo dificuldades para conseguir um


empréstimo bancário, então está pesquisando microempréstimos e
programas governamentais. Estou ajudando-a a preencher toda aquela
papelada sem fim.Eventualmente, eu vou estar fora do negócio de salão de
beleza, e isso não pode ser em breve o suficiente para mim.

— Você vai voltar para a escola?

A pergunta não formulada o que você fará quando Lyddie morrer? Eu


ficarei sozinho. Eu estarei à deriva. Ele ergueu o olhar para o de Dare.

— Eu não acho que não pensei muito à frente.

— Eu acho que as coisas com Lyddie foram bem duras?

— Faça o que tem que fazer.

— Mas cada pessoa é diferente. Algumas pessoas fazem muito menos, e


elas não são tão boas quanto isso.

Com isso, Finn corou e desviou o olhar. Dare deixou a conversa morrer.
Por fim, a garçonete trouxe uma bandeja de arroz e uma pequena pá de
plástico branca para servir. Outra mulher trouxe os pratos que Finn havia
pedido um porco, um frango e um legume misto.

— Isso é muita comida. — Dare olhou para ele como se não soubesse por
onde começar. Finn pegou o prato de Dare e começou a empilhar coisas
diferentes nele.

— Tudo o que você não comer você pode levar para casa para o almoço

73
amanhã.

— Ou você pode. Lyddie comer isso?

— Esses pratos podem ser muito picantes para ela. Às vezes, se chego
atrasado para fazer o jantar, venho aqui e peço o frango com caju. Ela
costuma comer isso.

Dare puxou o papel de seus pauzinhos e flexionou-os até que eles se


separassem. Ele atacou um pedaço de frango sem sucesso e atirou em Finn
um sorriso preguiçoso.

— Essas coisas são um teste de sobriedade?

— Assim. — Finn mostrou a ele como ele segurava seus próprios


pauzinhos. Dare redobrou seus esforços, finalmente administrando uma boa
mordida de frango. — É isso aí. Vocêconseguiu.

— Você é um bom garoto, Finn.

Finn parou no meio de dar uma mordida.

— Oh, pelo amor de Deus.

Dare congelou.

— O que?

Finn mudou de posição.

— Eu sinto que tenho que me preocupar com tudo que faço e digo de
uma maneira que duvido que você entenda.

— Eu gostaria de pensar que eu poderia entender. Por que isso tem que
ser tão complicado? Nós somos amigos há muito tempo. Se você não pode ser

74
real comigo, então quem?

— Ok, então primeiro pare de dizer que sou uma boa criança. Amizade
implica igualdade, não benevolência e adoração a heróis. O equilíbrio de
poder entre uma criança de cinco anos e uma de dez anos são muito
desequilibrados. Mas entre nós agora? Não precisa ser.

— Amizade é amizade. Não há poder para equilibrar.

Finn sacudiu a cabeça.

— É aí que você está errado. Sempre há poder, e as pessoas escolhem


como é distribuída toda vez que se encontram. Eu gosto de saber no que estou
me metendo. Eu não gosto...

— O que?

— Eu preciso que você me veja como eu sou agora.

Dare afundou ainda mais em seu assento, comida esquecida, enquanto


ele estava intrigado com o que Finn estava tentando dizer.

— Eu não entendo.

— Eu acho que você ainda me vê como o garoto que pensava que o sol
brilhavaporque você existia. Dare Buckley, atleta e acadêmico. Defensor dos
inocentes O garoto que não podia fazer nada errado.

— Cristo. Eu tenho certeza que não mais.

— Eu não sou um garoto também. Eu não deixo ninguém me rebocar


como um animal de estimação, Dare. Eu sou um homem adulto.

— Olha. — Dare fez um gesto para a garçonete para trazer-lhe outra


bebida. — Estou tendo problemas para descobrir o que você está perguntando
aqui.

75
— Eu sinto que você está aqui por quem eu fui não por quem eu sou. Eu
sinto que tenho que ver tudo o que eu faço e digo perto de você porque
qualquer coisa pode te chocar. Você vai surtar porque sou gay ou...

— Eu não vou enlouquecer. Dare foi inequívoco sobre isso. — Detetives


de homicídios não enlouquecer. Se você acha que eu não vi todas as coisas
que um ser humano pode fazer para outro ser humano, então pense de novo.

— Tudo bem. — Finn recuou. — Eu sinto muito.

— Eu não me importo com o que você vai fazer sexoou com quem você
chegar até ele. — Dare piscou. Isso não parece certo. — A menos que eles não
tratem você direito.

— Oh meu Deus, você vai ouvir a si mesmo? Eu não preciso da sua


proteção. Eu prometo a você. Eu posso cuidar de mim mesmo. Eu cuido dos
outros agora, pelo amor de Deus. Vamos falar sobre algo mais. Vamos falar
sobre por que você sempre cheira a tinta látex.

Finn sorriu e aqueceu Dare. Ele gostava do rosto de Finn. Era de ossos
finos e inteligentesainda menino, apesar da barba escura que envolvia seus
lábios carnudos. Uma mandíbula quadrada teimosa e os olhos mais estranhos
e notáveis de toda a criação. Ele sempre gostou do rosto de Finn.

Uma sobrancelha se ergueu.

— Você está olhando para mim, Dare.

Dare soltou um suspiro surpreso quando Finn falou seu nome em voz
baixa porque seu pau soou como um sino de cristal. Cristo, Finn fez isso de
propósito? Ele inalou pelo nariz para não reagir, respirando através do
pequeno jorro de alguma coisa que o afetou toda vez que ele olhou para

76
Finn. Ele estava bêbado?

Chegando lá.

Foi empatia que o fez se sentir assim? Ele certamente sentia pena de
Finn quando eles eram jovens. Essa empatia poderia ter sido uma prévia da
atração vindoura? Porque o apelo de Finn era tão confuso quanto absoluto.

A garçonete interrompeu seus pensamentos quando ela colocou seu


segundo drinque diante dele. Ela perguntou se Finn queria outra vodca, mas
ele balançou a cabeça.

— Vamos lá. Você pode ter outro se quiser. É o fim de semana, e eu


estou pagando. — Ele pegou sua própria bebida e tomou um gole de seus dois
canudinhos curtos e ridículos.

O sorriso de Finn desapareceu.

— Eu tenho que trabalhar cedo, então...

— O que eu estava dizendo? Oh. Se um cara não te trata bem, então eu


vou ter que dizer alguma coisa, porque essa merda não soa comigo. Nós
fomos chamados a uma barra uma vez onde o amante de um cara esmagou
uma garrafa na face dele, e ele acabou perdendo o olho dele. Nós prendemos o
amante por acusações de agressão, mas na próxima vez que vi a vítima, eles
voltaram e tentaram processar a barra por negligência. As pessoas são fodido.

A bebida havia afrouxado a língua, mas este era Finn. Ele poderia falar
com Finn. Se fosse uma besteira total ou ele se envergonhasse, Finn não
ligaria para isso. Isso é o que amigos fizeram, certo? Eles deixam seus amigos
serem eles mesmos.

— Você pode falar comigo, Finn. Eu sou sólido.

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— Eu sei. — Finn suspirou.

— Eu seria seu amigo mesmo que as coisas fiquem


desconfortáveis. Você sabe disso, certo?

— Eu acredito em você. — A expressão resignada de Finn puxou o peito


já apertado de Dare ainda mais.

— Bom. — Nenhum dos dois pegou seus pauzinhos novamente.

— Conte-me sobre Seattle. — Finn insistiu.

Dare tomou outro gole de sua bebida. Seu corpo estava tão solto que ele
não conseguia manter o rosto inexpressivo. Isso provavelmente foi ruim. Sua
consciência ainda atormentava o que havia acontecido, e ele ficou
envergonhado por seu fracasso público.

— Eu estava trabalhando em um sequestro de crianças. A vítima era um


menino de três anos. Garotinho de cabelos escuros com grandes olhos
castanhos. É provavelmente por isso que eu estraguei tudo tão mal. Ele era
apenas isso... pequeno.

— Não admira que você não goste de falar sobre isso.

Dare sacudiu a cabeça.

— Não me entenda mal, nós vemos coisas assim o tempo todo. Mãe leva
o garoto em um passeio. Eles brincam por um tempo, e então ela se vira e ele
se vai. Nós somos chamados, e todos nós sabemos que só temos horas para
encontrar qualquer criança desaparecida, porque é tempo crítico. Cada
maldito segundo conta. Então todos entram, e todos nós começamos a
trabalhar como se fosse o único crime na cidade, certo?

— Casos de crianças desaparecidas devem sugar. — Finn bebeu sua

78
bebida lentamente. — Eu não posso imaginar.

— A maioria dos casos de sequestro em que trabalhei tem sido uma


coisa de custódia, mas às vezes é tão feia que acho que nunca mais vou
dormir. Desta vez, estamos olhando para o pai porque ele tem uma folha é
conhecido por ser violento. Ele já está restrito a visitas supervisionadas. Ele
fez ameaças antes, e todos nós achamos que tem que ser ele. Testemunhas
disseram que viram um caminhão como o que ele dirige na área. Está tudo
muito bonito, exceto que ele tem um álibi para o dia todo.

— Alguém estava mentindo para protegê-lo?

— Nós pensamos que talvez. Ou ele tinha alguma ajuda. Nós estávamos
olhando para sua família e amigos. Pessoas com quem ele teve tempo. Nós
não estamos deixando nada ao acaso, porque todos nós queremos pegar esse
garoto de volta em segurança. Está nos matando, sabe? Porque quando é
criança... nós trabalhamos e refazemos todas as pistas até que fiquemos todos
os zumbis.

— A pressão deve ser horrível. — Finn não se moveu. Ele não pareceu
respirar. Ele era um vazio profundo e plácido no qual Dare poderia esvaziar
sua dora história por trás de sua terrível violação da ética, seu total fracasso e
quanto mais Dare falava, mais fácil se tornava.

— A mãe está desmoronando. Ela está se despedaçando, sabe? E nós


todos os detetives que trabalham no caso, homens e mulheres estão tentando
manter-se animada e tranquiliza-la. Mas, à medida que o tempo passa, todos
têm a sensação de que esse garoto não está voltando para casa.

— Esperar. Eu lembro. Foi no noticiário. Seattle? Pesquisa massiva?

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Cadáveres e tudo mais? Não...

— Por favor. — Dare levantou a mão. — Posso apenas contar? Do jeito


que eu me lembro, só dessa vez?

A boca de Finn se abriu e fechou. Ele assentiu.

— Eu a vi a mãe em Tacoma, em um bar. Eu estava trabalhando no caso


24/7 por quatro dias, mas um amigo meu estava tendo uma despedida de
solteiro. Eu não queria decepcioná-lo, então tirei algumas horas e fiz uma
aparição. Eu tirei uma foto com ele e tomei uma bebida. Dare fechou os olhos
com força. — Muitas bebidas. Então, a mãe desta criança entra. Ela diz que
está no bar para uma coisa de família. O resto é vago. Mas nós fomos para um
hotel juntos. Bebeu mais. Passou a noite fodendo nossos miolos. Eu deveria
ter ficado limpo naquele momento e deveria ter dito ao meu parceiro. O
capitão. Qualquer um.

— Mas você não fez.

Dare sacudiu a cabeça.

— Mais tarde, quando continuamos a sair vazios, começamos a olhar


para a coisa de um ângulo diferente, e eu tenho essa sensação doentia no meu
estômago. Não tivemos testemunhas da declaração original da mãe de que ela
foi ao parque com a criança naquela manhã. Havia câmeras de segurança no
café que ela disse que parou, mas não estavam trabalhando, e não
conseguimos encontrar ninguém que a visse no parque, e procuramos a todos
em todo o maldito bairro. A maré de opinião mudou, e tivemos que olhar para
os movimentos da mãe, seu comportamento e, de repente, sou o cara que
fodeu um suspeito.

— Como você poderia saber.

80
— Nós sempre olhamos para os pais. Sempre. Nós revisamos tudo. De
novo e de novo e de novo. Colocamos as notícias de que precisávamos de
alguém que a tivesse visto naquele dia e não recebemos nada. Mas ela ainda
continua com sua história. Deixe-me dizer, eu vi os melhores mentirosos do
mundo, mas essa cadela estava em uma aula sozinha. De qualquer forma,
quanto mais eu pensava sobre isso, mais eu me perguntava se ela havia
orquestrado a nossa reunião.

— Como se ela quisesse encontrar você?

— Eu teria percebido muito mais cedo se não tivéssemos trabalhado o


tempo todo. Cristos estavam todos tão cansados. Ela sabia sobre a despedida
de solteiro porque eu tinha ligado quando ela estava na sala. Acontece que ela
fez uma fita de vídeo... quando nós... Eu tive que ir ao meu capitão
e... Dare fechou a boca.

Finn assentiu.

— Eu a vi no noticiário.

— Ela matou seu próprio filho, Finn. Ele não era o suficiente para ela
ou... — Dare soltou um suspiro. — Maternidade não se encaixava com ela ...

— Se bem me lembro, ninguém acreditava que ela poderia ter feito algo
assim.

— Deus. Ela era tão jovem. Ela parecia mais jovem do que realmente
era, mas ainda tinha apenas vinte e dois anos. E ela parecia tão desesperada.
Ela tinha esses enormes olhos castanhos que se encheram de lágrimas e se
derramaram na queda de um chapéu. Ela era uma mãe. Ela não estava
quente. Ela era medianaDare encontrou o olhar de Finn, mas ela olhou para

81
mim como...

— Como você poderia ser seu herói? — Finn levou o tiro. — Isso é uma
coisa com você, não é?

— Ah, Cristo. — Dare esfregou o rosto com as duas mãos. — Eu sou um


idiota, hein?

— Você é só um cara, Dare. Você é um cara que gosta de ajudar pessoas


e tem uma queda por donzelas angustiadas.

— Sim, sim. — Dare pegou seus hashi4s novamente. Ele tentou pegar
uma castanha e falhou.

A voz de Finn se suavizou.

— Você é apenas um cara muito legal que deveria aprender a usar os


pauzinhos.

Finn envolveu seus dedos ao redor de Dare e mostrou a ele como


segurar um pauzinho firme e mover o outro. Seu rosto estava perto o
suficiente para que Dare sentisse o leve cheiro de seu produto de cabelo, algo
tropical e doce.

A pele de Finn estava impecável, brilhando. Ele parecia suave e


maduro, e Dare queria saboreá-lo. Os sentidos de Dare ressonaram. Ele ficou
todo quente, e seu pau cutucou o bolso de suas calças. Ele engoliu em seco.
Perguntou se Finn sabia o estrago que ele estava causando.

Finn virou-se para ele com um sorriso e ajudou-o a levar um pedaço de


frango aos lábios. Dare pegou sem protestar.

— Viu. — Finn soltou. — Você está pegando o jeito.

4
Palito usado para comer comida asiática.

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— Sim. — Dare olhou para a mão como se pertencesse a outra pessoa.
Ele ainda sentia uma emoção onde Finn tocou sua pele. — Talvez eu esteja.

83
Capítulo 8
Finn estava agradavelmente zumbido. Sua barriga estava cheia. Uma
leve névoa de chuva caiu sobre ele, agarrando-se a seus lábios e cílios. A
umidade pesava em seus cabelos. Ele se sentiu dourado por isso.
Darecaminhou ao lado dele, mãos enfiadas nos bolsos. Seu ombro roçou Finn
casualmente.

— Desculpe. — Dare se afastou.

— Não está pegando, — brincou Finn. Quando as sobrancelhas


de Dare se levantaram, ele acrescentou: — Os gays.

Dare diminuiu a velocidade.

— Eu não não é ...

— Relaxe, estou brincando. — Finn atirou em Dare um olhar de


soslaio. — Claro, se estivesse pegando, você já teria.

— Como é isso? — Dare não olhou para o lado. Finn adivinhou que eles
estavam de volta ao desconforto moderado agora que não havia comida ou
álcool para se concentrar.

— Nós compartilhamos uma grande quantidade de refrigerante e pipoca


de volta no dia.

— Oh sim.

— Fortes de travesseiros. — Finn lembrou a ele. — Eu respirei meu gay


em você por anos.

— Finn!

84
— Eu disse que estava brincando. Você teve seu senso de humor
removido quando se tornou um policial? Finn se virou e caminhou para trás,
na frente de Dare, tentando avaliar seu humor. Ele tropeçou em uma raiz de
árvore e teria ido se alastrando se Dare não o tivesse pegado a tempo.

— Não, eu não fiz. — Dare soltou o pulso de Finn uma vez que ele tinha
o equilíbrio. — Por exemplo, achei hilário, agora mesmo.

— Cale a boca, mas uh... obrigado.

Dare surpreendeu-o dizendo:

— Tenho quinze anos de perguntas sobre esta cidade.

— Sim? — Finn perguntou. — Atire.

— Peg ainda vende aqueles biscoitos grandes e cor-de-rosa em forma de


porcos de que você gosta tanto?

— Sim, mas admito que meu gosto mudou. Eu sou mais um homem com
garras, hoje em dia.

— O cheiro de curtume ainda permeia o ar ao lado da tia Lyddie no final


do verão?

— Sim. Por três semanas todos os anos, a partir do final de setembro,


cheira a um frigorífico. O fedor atravessa o rio e entra na casa mesmo se
mantivermos as janelas fechadas. Quando o tempo fica frio, o odor
desaparece.

Dare assentiu.

— Quando os novos conjuntos habitacionais começaram a aparecer? É


por isso que o Costco veio?

— Eu não sei. Eles estão sempre construindo. Eu me sinto mal pelas

85
pessoas que compraram no pico do boom imobiliário. Muitas famílias por
aqui estão presas a hipotecas de cabeça para baixo.

— E se você? Você tem algum plano?

Finn parou de andar.

— Planos para o quê?

— O que você vai fazer... depois de? Quando Lyddie passar, você vai
ficar em Palladian ou se mudar?

Finn apertou as mãos atrás das costas.

— Eu não me decidi. Eu acho que poderia ir a qualquer lugar que eu


quisesse, praticamente. Mas provavelmente vou ficar com a casa. Depois que
eu vender a loja, terei tempo para decidir se quero voltar para a escola.

Dare ficou boquiaberto com ele.

— Mas as pessoas em Palladian... Eles não esqueceram exatamente as


coisas que sua mãe fez, do jeito que ela...

O corpo inteiro de Finn ficou tenso.

— Bem, que porra.

— Mas...

— Eu não vivo minha vida por ninguém além de mim. Deixe-os dizer o
que eles querem.

— Mesmo?

— Realmente. — Finn riu. — Uau. Eu poderia realmente ser mais


parecido com a minha mãe do que eu pensava.

Dare considerou Finn enquanto caminhavam juntos. Ele era o filho de

86
Ivy, tudo bem. Ele tinha sua coloração, seu charme. A selvageria que a levara
se escondia em algum lugar dentro dele também. Como ele nunca tinha visto
isso antes? Eles dobraram a esquina e o salão de cabeleireiro de Lyddie
apareceu. Finn soltou uma maldição e começou a correr.

Dare correu para alcança-lo.

— O que é isso?

— Memorial de Candy.

Dare viu de imediato que alguém havia chutado a pequena pilha de


flores, velas e presentes.

— Isso foi bom quando passamos mais cedo, não foi?

Finn começou a pegar coisas, brinquedos e cartões de pelúcia. Ficou


claro que eles precisariam de uma vassoura para cuidar de todos os cacos de
vidro. Dare parou quando viu que a porta de entrada do salão estava
entreaberta.

— Esperar. Fique onde está.

Finn parou o que ele estava fazendo. Era óbvio que alguém havia
invadido.

— Eu vou contigo.

— Alguém ainda pode estar lá. Chame a polícia e diga-lhes para enviar
um carro de patrulha. Eu vou dar uma olhada.

— Sem mim? O inferno que você vai. — Ele tentou passar por Dare.

— Oh, não você não. — Dare colocou a mão no ombro de Finn,


fisicamente o conteve. — Você vai ficar aqui e esperar. Eu volto já. Chame a

87
polícia e espere por eles. Você pode fazer isso?

— Por que você está sendo um idiota sobre isso? É o meu lugar. Eu
preciso ver o que...

— É meu trabalho ser um idiota. Não acho que haja alguém aí, mas, se
houver, não quero ter que me preocupar com sua segurança, entendeu?

— Tudo bem. — Finn puxou o telefone e começou a discar. — Mas eu te


disse. Eu posso cuidar de mim mesmo.

O coração de Finn ainda estava acelerado quando Dare voltou alguns


minutos depois.

— A polícia está a caminho. É... Foi...

— A loja foi vandalizada, não sei dizer se algo foi roubado. Quem fez isso
já passou há muito tempo.

— Como eles puderam? Nós só viemos há uma hora ou mais.

— Eu não sei. — Dare encolheu os ombros. — É uma bagunça lá. Eu


sinto Muito.

— Ah, porcaria. — Lá vai a minha noite fora. Finn tentou espiar pela
esquina e pela porta de vidro, mas Dare bloqueou a maior parte da vista.
Quando ele começou a entrar, Dare parou de novo.

— Fique aqui até a polícia chegar.

— Quão ruim é isso?

— Eles despejaram todas as gavetas, esvaziaram os armários e jogaram


tudo ao redor. Alguém te deu uma dificuldade ultimamente?

— Mais do que o habitual, você quer dizer? — Finn perguntou, com


raiva.

88
— Sim. Mais do que o normal. Mais do que o habitual nós falamos
quando você disse: 'Foda-se'.

Finn ignorou o giro.

— Por que alguém faria isso?

Dare estreitou os olhos.

— Parece que eles estavam procurando por algo.

— O que?

— Esta é uma boa pergunta. Você pode pensar em alguma coisa? Algo
de valor que alguém poderia acreditar que encontraria aqui?

Finn sacudiu a cabeça, chocado com a destruição. Ele provavelmente


teria que trabalhar a noite toda para preparar o local para abrir de manhã. E
se eles poderiam abrir em tudo.

— Você está lidando com drogas aqui, Finn?

— Esperar. O que? O coração de Finn balançou. — Não.

— A verdade será mais fácil em longo prazo do que a prevaricação, e


sempre sai no curso de uma investigação.

— Eu disse não. Esta é a loja da Lyddie. Se você acha que eu faria


qualquer coisa para prejudicar seus negócios... Como você poderia pensar que
eu faria isso?

— Você está fornecendo Lyddie com maconha. Eu entendo porquê.

— É legal para ela comprar agora, pelo amor de Deus.

— Mas há alguma chance de alguém achar que você está mantendo


outras drogas aqui? Ou que você tem mais do que apenas a pequena quantia

89
que você dá a ela?

— Eu recebo minha erva de um cara da escola que está na horticultura.


Uma das garotas corta o cabelo dele e ele me dá alguns botões. Ela está
fazendo o negócio pelo bem de Lyddie.

— Nenhuma outra droga?

— Nada. Ele nem é um traficante. Ele é apenas um cara que gosta de


jardim. Principalmente ele cresce tomates da herança. Ele cresce maconha
para mim. Nenhum dos cabeleireiros usa.

Dare o olhou por um longo tempo antes de falar novamente.

— Ok.

O que foi com policiais e pausas ridiculamente longas? Mais uma vez,
ele era a vítima de um crime, e essa porra de pausa vitimou-o novamente.

O oficial uniformizado que chegou Trent Evans comportou-se friamente


para Dare. Ele respondeu as perguntas de Dare relutantemente. Dare estava
certo ele definitivamente não era um dos garotos ainda.

Trent acenou com a cabeça em direção a Finn.

— Onde você estava quando tudo isso aconteceu?

— Ele estava comigo. — Respondeu Dare.

Os olhos de Evans se arregalaram.

— Vocês dois juntos?

Dare olhou para ele.

— Você tem algum problema com isso?

90
— Nenhum homem. Você faz o que quiser no seu tempo livre. — Evans
virou as costas, mas não antes de Finn pegar seu sorriso. — Ou quem quer que
seja.

— Foda-se, Evans. — Dare disse.

Evans se virou.

— Calmo garoto. Talvez você devesse tomar um café, Buckley.

— Estou bem. Ficarei até você limpar a cena do crime.

— Cena do crime. — Evans bufou. — Este era provavelmente um bando


de crianças, mijando ao redor. Mas se isso faz você se sentir melhor, Big City,
nós nos chamaremos de CSI Palladian e faremos muita pose.

Sim. Dare Buckley teria que trabalhar duas vezes mais do que qualquer
outro policial para conseguir metade do respeito. A amargura fez o estômago
de Finn se agitar. Ele captou o mais breve lampejo de dor no rosto de
Dare antes que sua expressão se fechasse, e ele se virou, ignorando-os.

Dare estava acostumado a ser uma estrela. O herói da cidade natal.


Quando seu pai se matou e a família Buckley se afastou, metade da cidade fez
fila para se despedir. O treinador de futebol de Dare realmente chorou.

O homem que simplesmente queria que seus colegas tratassem o salão


como uma cena de crime estava tentando fazer tudo certo, apesar de um
ambiente de trabalho desconcertante e hostil.

Não era preciso muita imaginação para saber o que uma amizade com
Finn poderia custar a Dare quando as pessoas já esperavam que ele falhasse.
A expressão de Dare feriu o coração de Finn.

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— Qual é o problema? O crime interrompeu o encontro dos seus sonhos
com Buckley?

Finn se virou e encontrou Bill Fraser atrás dele. Como Bill sabia que ele
tinha saído com Dare?

— Você está me perseguindo, Bill?

— Morar na Cidade das Esmeraldas tornou Buckley um homossexual?


Você deve estar sobre a lua com alegria.

— Não faça uma bebida com um amigo fora de proporção, Fraser. Ele
não fez nada para comprometer seu papel como oficial da lei.

— Parece que ele se comprometeu o suficiente, pelo menos por


enquanto.

— Ele mencionou isso.

— Palavra de conselho. — A respiração mimada de Bill soprou no rosto


de Finn. Dare não foi o único a beber esta noite. — Dare Buckley pode não se
importar em ter seu pau sugado, mas se você acha que ele estaria disposto a
estragar sua carreira por mais do que isso, pense novamente. Não seja tolo
para um cara como esse, Finn.

— O que é que isso quer dizer? — Fraser desapareceu dentro com Evans
antes que Finn pudesse dar-lhe um pedaço de sua mente.

— O que foi aquilo? — Dare perguntou.

— Só Bill sendo Bill.

— Talvez você devesse pensar em apresentar uma queixa, Finn. Dare


franziu o cenho para ele. — De onde estou, parece que ele te assedia.

92
— Não é desse jeito. É complicado.

— Bill sempre foi um idiota. — A palavra saiu amargamente. — Mas


agora ele é um idiota com um distintivo e uma arma. Ele tem a
responsabilidade de viver de acordo com um determinado código.

— Está tudo bem. — Dadas as fraquezas de Dare, Finn não pôde deixar
de dar a Dare um sorriso sarcástico. Dare ainda estava tentando ser o protetor
do parquinho de Finn, mas ele estava fora da base, preocupado com Bill. —
Eu prometo a você que é apenas... Bill sendo Bill. Eu posso lidar com o Bill.

— Eu ouvi centenas de pessoas dizerem essas mesmas palavras sobre


alguém que era abusivo com elas, e a maioria delas vivia arrependida. Ou não
viveu nada.

— Tenha um pouco de fé no meu julgamento, Dare.

Dare assentiu. Explodiu uma respiração tensa.

— Tudo bem.

93
Capítulo 9
Mais tarde naquela noite, Dare abriu a pesada e áspera porta de
madeira do celeiro e entrou. Antes que seus olhos se ajustassem à escuridão,
uma grande mão segurou seu ombro e alguém o puxou para um abraço
esmagador.

— Dare Buckley, já faz algum tempo que você entrou aqui. Como você
está?

Dare recuou e encontrou o ex-vice-chefe Tony Vicenzo mostrando-lhe


um sorriso feliz.

— Chefe. — Dare sorriu de volta para ele. — Eu acabei de me mudar


eestou consertado meu lugar. Eles me disseram que você era dono do celeiro
agora. Estou feliz.

— Comprei da viúva de Tom Rose porque ainda não consigo largar o


emprego. Estar aqui me mantém em sintonia com todas as fofocas dos
policiais. — Ele bateu no ombro de Dare, depois o levou a um assento no bar
de madeira lotado. — É passado o último chamado, mas eu não direi se você
não faz. O que você está bebendo?

— Dê-me uma marca de fabricante local, por favor. — Dare pegou sua
carteira e deu um soco no bar. — E me preencha com o que eu senti falta por
aqui.

O urso de cabelos grisalhos colocou um copo na barra e derramou um


tiro generoso.

— Bem agora. Mesma merda, dia diferente. Você sabe como é.

94
— Você tem um grande problema de vandalismo?

— Não. Para não falar de. — Tony esfregou a mão sobre o grande bigode
cinza dos anos oitenta que ainda usava. — Nós pegamos alguns taggers5,
principalmente crianças do ensino médio. Todos os filhos da puta querem ser
gângsteres. Por quê?

— Porque alguém invadiu o salão de cabeleireiro de Lyddie. Fez uma


grande bagunça.

A essa altura, Tony deveria saber que alguém havia destruído o salão de
Lyddie. Antigamente, Tom Rose mantinha um scanner da polícia na caixa
registradora. Dadas as mudanças na tecnologia, Dare duvidou que Tony
precisasse de um scanner. Agora ele provavelmente recebeu sua notícia
através de seu feed no Twitter.

— Eu ouvi sobre isso. Não. Eu não posso dizer que temos mais do que o
vandalismo normal por aqui. Claro, há a competição de churrasco no Big
John's Roadhouse neste fim de semana, e as pessoas veio de todo o noroeste.

— Eu pensei que havia mais tráfego do que o habitual saindo desse


caminho mais cedo.

— Muita gente está bebendo demais, e os filhos da puta não estão


fazendo isso aqui. Normalmente eu não consigo me ouvir pensando em uma
noite de sexta-feira, mas eu não estou cozinhando um porco inteiro ou
oferecendo bebidas, então você nós estamos bebendo sozinhos esta noite.

— Eu pensei que o lugar parecia meio vazio.

Tony encolheu os ombros.

5
Aqui faz referências a pichadores ou grafiteiros, mas também significar aqueles que no mercado etiqueta as mercadorias. Deixei assim para
referências futuras.

95
— Eu não posso competir com toda essa comida. Pele manhã eles
estarão julgando e à noite, as pessoas poderão comprar os ingressos e comer
um pouco dessa grande sugestão de caridade.As pessoas vão ter azia na igreja
no domingo. Depois disso, voltará ao normal em volta da minha casa.

— Claro. — Dare assentiu. — Então você acha que é apenas uma


coincidência? Primeiro alguém morre lá e o lugar é saqueado?

— O que mais poderia ser? ML disse que foi problema de coração, certo?

— Sim. Arritmia cardíaca. As garotas da loja dizem que ela


provavelmente tinha drogas ou álcool a bordo. O ML está esperando para
ouvir o resultado do laboratório. Parece apenas uma estranha coincidência.
Ela morre no Lyddie's e depois o salão é saqueado.

— Coincidências acontecem. Tony ergueu a garrafa e Dare assentiu,


empurrando o copo para frente. — Ouvi dizer que você tratou Lyddie como
uma cena de crime?

Dare corou.

— Isso pode ter sido um exagero.

Tony sorriu para ele.

— Quem você estava tentando impressionar?

— Ninguém. Eu estava apenas fazendo o meu trabalho. Dare girou sua


bebida eencostou-se ao bar. — Talvez eu tenha sido um pouco brusco com Bill
Fraser.

— Sim, bem. Vamos falar sobre Seattle.

Aqui vem.

— Sim, Senhor, o que você que saber?

96
— Você pisou no seu pau em Seattle. — Os olhos castanhos de Tony
foram gentis o suficiente, mas não totalmente perdoados. — E eu tenho que te
dizer, foi preciso muita conversa para conseguir um emprego aqui.

— Eu sei Senhor. Obrigado!

— As pessoas daqui pensaram muito na sua família. Seu pai foi um dos
meus melhores amigos. Eu diria que é hora de se endireitar e voar bem. Se eu
não achasse que um garoto inteligente como você teria aprendido a lição
sozinho depois da merda que aconteceu em Seattle.

— Sim, Senhor. — Dare baixou o olhar.

— O capitão Borkowski vai te manter em um padrão ainda mais alto do


que alguém como Bill Fraser. Você não vai sair como um dos garotos se
começarem tentando mostrá-lo como se tivesse um rancor no playground.

— Fraser. — Dare já estava completamente doente de Fraser.

— E para esse fim... Tony brincou com montanhas-russas como se


estivesse jogando um jogo de Shell. — Você precisa observar com quem você
anda. Não faça. fique muito apegado a alguém até que você tenha a posse da
terra aqui. Nem todo mundo é quem eles parecem ser.

Dare ficou tenso.

— O que você quer dizer com isso?

— Há uma conversa que você está saindo com Finn Fowler.

— Certo. Nós voltamos. E daí?

Tony levantou as mãos em um gesto apaziguador.

— Nada. Somente... tenha cuidado. Você se foi há muito tempo. Finn

97
pode não ser o garoto que você lembra. Não faça nada que me faça arrepender
de colocar uma boa palavra para você.

Dare engoliu seu Bourbon enquanto Tony limpava o bar. Era mogno
sólido, mais velho do que velhoarranhado por milhares de clientes
descuidados e polido de volta a um brilho alto todos os dias. O que significa
isso, Finn não é o garoto que ele lembrava? Claro que ele não era.

— Eu vou ficar bem.

— Eu não quero que você tenha problemas. Ser despedido para o norte
teve que doer.

— Eu não fui demitido. Eu fui coagido a renunciar.

— Que seja! Seja o que tenha acontecido lá, quero ver você ter sucesso
aqui. Eu não quero que você morra praiae desce como...

— Meu pai. — Dare terminou a sentença de Tony. Ele ergueu o olhar


para os olhos castanhos de Tony.

— Sim.

— Eu não estou prestes a me desligar de um emprego.

— Certo. Claro que não.

— Você já descobriu isso?

Tony parou.

— O que?

— Você sabe do que eu estou falando. Alguma coisa já surgiu? Qualquer


coisa que possa esclarecer por que meu pai...

— Nenhum filho. Nós não descobrimos nada.

98
— Cristo. — Dare bateu a mão no bar. — Alguém por aqui sabe. Meu pai
não era esse cara. Tudo que eu sabia sobre ele me diz que há algo mais lá. Ele
não teria se matado.

— Mas...

— Eu sei. Ele fez isso. Não há outra resposta possível. Mas tem que
haver uma razão porquê. Eu simplesmente não posso...

— Às vezes é difícil para as pessoas deixadas para trás sem entender


essas razões. Nós dois trabalhamos casos em que não há nota nem explicação.
Um silêncio solene caiu entre eles. — As pessoas mantêm todo o tipo de
merda engarrafada e às vezes a dor apenas as afoga. Eles afundam tão
silenciosamente que ninguém sabe até que seja tarde demais.

— Não meu pai.

— Seu pai era um homem bom e bom, Dare. É o que eu sei.

Dare assentiu. Quando ele se levantou, deixou cair mais vinte na barra e
fez sinal para Tony manter o troco.

— Noite, Tony. É bom te ver. Obrigado.

— Você não está dirigindo, vai?

Dare sacudiu a cabeça.

— Eu deixarei meu caminhão em seu lote. É uma boa noite para uma
caminhada.

— Aposto que você não pode fazer isso em Seattle.

— O que, anda? Certamente você pode.

— Sim, mas aqui você pode atravessar toda a cidade enquanto uma
única música toca no seu Ipod.

99
Dare bufou e deu um tchau antes de deixar a porta se fechar atrás dele.

Não. Você não podia andar por Seattle em uma única música. Mas em
Seattle, você poderia pegar seu jornal matinal vestindo apenas suas cuecas e
ninguém notaria ou se importaria. Não como Palladian, onde uma semana
depois haveria uma nova ordenação exigindo que as roupas de baixo tivessem
certo estilo e cor.

O ar cheirava a grama úmida e jasmim, e havia poucos carros na estrada


naquela hora da noite. A caminhada para casa o levou pelo salão de Lyddie,
então ele parou nas sombras do outro lado da estrada, onde podia ver Finn
através da janela de vidro sem ser visto.

Finneas Horatio Fowler.

Ivy Fowler tinha ficado grávida aos quinze anos e, assim, sua mãe a
jogou nas ruas. Foi Lyddie, a irmã da mãe de Ivy, que tomou Ivy e cuidou dela
e depois de Finn quando ele chegou.

Como um policial de batida, Dare conheceu uma centena de garotas


como Ivy. Adolescentes desavisados e precoces que usavam sexo para aliviar a
solidão e o tédio, que viam uma criança como um objetoalgo para amar não
como um ser humano independente. Como muitas garotas jovens, ela
acreditava que um bebê preencheria o vazio deixado por pais não envolvidos e
baixa-estima.

Na maior parte do tempo, funcionou assim. Ivy tinha corrido


selvagemente, mas ela amava Finn, e a devoção de Finn para ela tinha sido
absoluta. A única coisa que eles discutiram, até onde Dare poderia dizer,
era ele.

O pai de Dare gostara de Finn, mas sua mãe não queria nada com Ivy e

100
não entendera a amizade de seu filho com o garoto muito mais novo. Ivy
odiava as Buckley pelo que ela via como esnobismo, e suspeitava de Dare por
ficar em torno de Finn apesar dos desejos da mãe de Dare.

Talvez Ivy tivesse visto sua amizade com Finn como uma forma de
pena?

Dare ignorara-a e avançara com cuidado para a teia de lealdade de


Fowler e precisava fazer amizade com Finn, e agora, enquanto observava Finn
limpar o salão de beleza de sua tia, perguntou-se pela milionésima vez, por
quê?

Ele foi atraído por Finn. Ele tinha tomado Finn sob sua asa e mantido
seu amigo mesmo quando ele se mudou para o ensino médio e Palladian
High, mas então seu pai se matou, e ele deixou Finn para trás quando eles se
mudaram.

Quando Finn estava fora de vista, Dare tinha finalmente saído do feitiço
peculiar de Finn.

Todas as emoções confusas que Finn havia despertado nele se


dissiparam ao longo dos meses e anos em que estavam separados.

Então, por que ele estava de volta a Palladian agora, do outro lado da
rua, enquanto Finn limpava a casa de Lyddie? Por que ele mais uma vez teve
que se convencer de que Finn estava bem? Todas as suas emoções estavam
indo em uma direção nova e perturbadora, impulsionada pela notícia de que
Finn era gay.

Dare podia ver o corpo ágil de Finn pela janela. Flexão. Elevação.
Lembrou-se de como a mão de dedos longos segurava a dele enquanto ele
lutava com seus pauzinhos, e ele se perguntou, seriam eles seriam tão ágeis e

101
espertos na pele de um amante? Enrolado em seu cabelo? No seu pau?

Quem machucaria se ele atravessasse a rua para ver como estavam as


coisas? Talvez Finn pudesse usar uma mão. Seus pés agiram antes que seu
cérebro decidisse.

Ele bateu na janela para chamar a atenção dele e esperou, tentando


manter o bêbado fora de seu rosto, enquanto Finn destrancava a porta e o
deixava entrar.

— Ei, Finn. — Ele tentou parecer suave.

— O que você está fazendo tão tarde? — Finn olhou para a rua vazia.

— Eu vim para ajudar se você ainda não terminou.

— Estou quase terminando. — Finn voltou a colocar toalhas nos


armários sobre as pias. — Eu não suponho que alguém notará que eu não
esterilizei tudo antes de colocá-lo de volta.

— Você tem que fazer isso?

— Claro. — Finn usou o braço para limpar o suor da testa. Deixou uma
faixa de sujeira logo acima de seus olhos. — É uma confiança sagrada, mas eu
simplesmente não me importo. Eu tenho que trabalhar na Costco em três
horas.

— Bem, merda. Eu deveria ter vindo mais cedo. Dare se ajoelhou e


entregou a Finn uma pilha de toalhas. Na verdade, eles estavam fazendo isso
de trás para frente porque Finn teve que se esticar para empurrar as toalhas
para as prateleiras mais altas e Dare poderia alcançá-las facilmente.

— Lyddie vai ficar bem sozinha?

102
— Eu liguei e Kate passou a noite. Ela ficará bem.

Dare começou a dar a Finn outro bando de toalhas, mas no caminho, ele
ficou hipnotizado pelo tecido esticado da camiseta de Finn. Atingiu a barriga
lisa de Finn, e quando ele estendeu a mão novamente, a bainha deslizou por
sua pele lisa para revelar a fina linha de cabelos escuros que flechavam para
baixo até cair sob o tecido bem gasto de seu jeans. Lá, Dare vislumbrou o topo
de uma tatuagem.

— Você tem uma tatuagem? — A boca de Dare estava subitamente


seca. — Eu não imaginei você para o tipo de tatuagem.

— Qual é o tipo de tatuagem?

— Você nunca gostou de agulhas.

— Eu me acostumei com todos os tipos de coisas que eu não gostava.

— Eu acho. — Dare não conseguia tirar os olhos das pequenas estrelas


que formavam um padrão sobre o oco do quadril de Finn. Ele alcançou um
dedo e tocou preguiçosamente.

Finn assobiou.

Talvez tocar em Finn não tenha sido um movimento tão legal. A maioria
dos caras hetero provavelmente manteria suas mãos para si mesmos. Suave,
Buckley. Dare sorriu com prazer inesperado quando reconheceu o padrão de
tinta.

— Essas são as Plêiades? Isso é legal.

— Dare?

— Hmm?

— Você parou para beber?

103
— Sim. Alguns. Eu parei no celeiro. Dare parou de olhar para a pele
fascinante de Finn e olhou para seus lindos e estranhos olhos malditos. — Eu
estava indo para casa e achei que poderíamos voltar juntos. Seu lugar está a
caminho.

Finn recuou, mas uau. O pacote de Finn estava a centímetros do rosto


de Dare, se contorcendo sob o jeans desbotado, preenchendo porque era o
objeto do foco de Dare. Dare coçou para deslizar os dedos ao longo da sombra
de seu contorno. Ele queria puxar o cós da calça jeans de Finn, talvez expuser
apenas a ponta para uma olhada. Uma lambida. A pele pálida de Finn atraiu o
inferno fora dele.

O corpo de Finn. O pinto do Finn. Deus, Finn.

Finn ficou parado em silêncio, deixando-o parecer satisfeito. Dare não


perdeu a oportunidade. Ele ficou de pé enquanto fazia um inventário lento
dos atributos de Finn, começando com a protuberância em seus jeans e
terminando com o rosto. No momento em que ele terminou, seu próprio
pênis pulsava em seu zíperduro, quente e carente.

Ah, meu. Finn.

Dare queria Finn como nunca e agora tudo ia desmoronar de uma


maneira totalmente nova. Ele deveria ter sabido quando puxou o traseiro para
o salão de Lyddie para atender a ligação de Candy Shepherd. Ele deveria
saber quando seguiu Finn até a padaria Peg's.

Ele soube no segundo que viu Finn novamente que a pequena merda ia
ser uma virada de jogo.

— Você acabou? — Finn perguntou com os dentes cerrados.

— Com licença? — Dare tropeçou para trás, surpreso pela raiva por trás

104
das palavras de Finn. A raiva gravada em todas as linhas do rosto dele. — O
que?

— Eu disse... — O tom de Finn foi cortante. — Você Acabou? Porque se


você terminou tenho trabalho a fazer. Não tenho tempo para jogar gay hoje à
noite.

— O quê? — Dare tentou se livrar de sua confusão. Aquelas últimas


palavras atingiram-no com força. — O que é o pacote de seis gay?

— Vá para casa e durma bem, Buckley. — Finn apontou para a porta,


mas Dare ficou onde estava.

— Explique gay de seis pacotes.

Finn revirou os olhos.

— É como... uma reforma de última chamada. Quando um bar fecha e


alguém parece quente o suficiente para foder.

— Vaca sagrada. Escute você. Dare sentou pesadamente em uma das


cadeiras do estilista.

— Sim, Dare. O pequeno Finn está todo crescido, e acredite em mim, eu


coloquei todas as exibições de 'eu sou hetero, mas eu não me importaria que
alguém chupasse meu pau agora' que um homem pode jogar. E todos eles
começam com álcool. Então vá para casa e durma bem.

Dare se levantou abruptamente. Talvez o tom irônico de Finn o tivesse


abatido um pouco porque ele não cambaleou de pé. Obrigado foda.

Ele pairou sobre Finn, mas se arrependeu de causar o brilho de medo


que viu nos olhos de Finn. A emoção estava lá e se foi tão rápido que Dare se
perguntou se ele havia imaginado. Ele caiu um pouco de qualquer maneira.

105
— Eu posso estar bebendo, mas seja o que for não estou desesperado
para pegar meu pau. E se um cara é realmente hetero, levaria muito mais do
que um pacote de seis para fazer qualquer coisa acontecer.

— Assim? O que isso faz de você?

— Não diretamente, obviamente gay. — Dare ajustou sua jaqueta. — Eu


não preciso de um rótulo, muito obrigada. Não vou dar aos caras do
departamento outra razão para me montar.

A curiosidade enrugou o espaço entre as sobrancelhas de Finn.

— Eu acho que talvez você tenha problemas de pau relacionados ao


álcool.

— Mesmo? Esse é o seu diagnóstico, doutor?

— Você mesmo disse.

— Essa foi uma vez. E ela estava toda sobre mim. Eu não sou apenas um
cara que não pode controlar meu pau em torno de um rosto bonito, Finn.

— Tudo bem. — Finn levou Dare até a porta e praticamente o empurrou


para fora. —Eu não sou apenas um rostinho bonito. Você não sabe a primeira
coisa sobre mim ou o que eu quero, e não quero iluminar você enquanto
estiver bêbado.

— Finn

— Tudo que você vê quando olha para mim é que estou disponível. Bem,
eu não sou muito parecido com a minha mãe, então vá fazer sua putaria em
outro lugar.

A fechadura clicou, e mesmo que Finn nunca olhasse para cima


novamente, Dare podia ler a decepção e algo mais evasivo... Talvez ele

106
estivesse imaginando o rubor manchando as bochechas de Finn. Talvez
houvesse outro motivo para aquelas mãos trêmulas.

Finn não tinha respondido... mas talvez ele estivesse despreparado...

Dare foi embora, imerso em pensamentos.

Prostituição.

Que palavra horrível. A mãe de Finn abençoe seu coração, realmente e


verdadeiramente foi uma prostituta. Idiotas como Bill Fraser jogaram no
rosto de Finn todos os dias quando eram criançasmuito antes de Finn
entender o que a palavra significavae pessoas como a Sra. Pelham
aparentemente ainda guardavam rancor.

Dare olhou para trás e viu as luzes de Lyddie à distância.

Prostituição.

Não dificilmente. Dare tinha uma tendência a sublimar com o sexo. E


talvez ele tivesse perdido o controle com a mãe daquela criança. E o que
diabos? Ficou claro como cristal que ele tinha uma libido de igual
oportunidade.

Mas se Dare não fosse se prostituir, ele às vezes ia atrás de quem ele
queria foder sem consciência, e Finn não era... Ele não era uma foda. Ele não
estava somente uma merda, de qualquer maneira.

Dare não sabia o que Finn era. Ele só sabia que um único sorriso de
Finn tinha o poder de fazer coisas ruins desaparecerem. Ele sabia que quando
estava com Finn, o peso da pedra fria que ele estava carregando por onde seu
coração deveria ter sido aquecido.

Tudo parecia possível, mesmo porque Finn Fowler fez Dare acreditar.

107
Qualquer coisa — como quase estar satisfeito por estar de volta ao
Palladian novamente.

108
Capítulo 10
Ao meio-dia do dia seguinte, Dare tinha uma nova perspectiva sobre
Palladian, embora tiver passado a sua folga lendo jornais antigos em
microfilme tivesse doído sua cabeça. O prédio da biblioteca histórica, com sua
pitoresca arquitetura de pedra e aroma levemente mofado, continha milhares
de memórias felizes da infância de Dare.

A atual bibliotecária infantil era filha do antigo bibliotecário infantil, e


ela parecia um clone. Por um minuto, ele teve uma sensação de déjà vu tão
forte que teve que se livrar dos efeitos de uma droga.

Várias pessoas perguntaram sobre sua mãe quando ele foi para os
arquivos do porão. Ele assegurou-lhes que ela estava bem. Ela se casou
novamente e estava morando em Olympia com seu novo marido. Ele estava
dividido entre a gratidão de que se lembrava de e o desejo de estar em algum
lugar que ninguém conhecia ele ou sua família.

Em algum lugar ninguém olhou para ele com pena ou perguntas por
trás de seus sorrisos. Ele teve a perspicácia de acrescentar um pouco de
uísque ao café em sua caneca de viagem, e isso o sustentou enquanto fazia os
movimentos com seus vizinhos há muito tempo.

Nos arquivos, ele tentou entender tudo que havia acontecido em


Palladian, enquanto ele tinha partido. Um por um, ele leu as manchetes dos
jornais locais. Pouco mudou ao longo dos anos. Fender Benders, coisas idiotas
e muita condução embriagada. Alguns assaltos residenciais. Não houve
nenhuma tentativa real de investigar a morte de seu pai, embora Kent
Buckley fosse um membro bem conhecido e popular do conselho municipal

109
de Palladian. O veredicto do ML foi suicídio. Quase não houve sequer um
pontinho de sua morte no jornal, apenas a história original, o obituário e as
fotos de Dare e sua mãe no funeral.

Seria fácil passar isso como discrição, mas ele lera o arquivo do médico-
legista e o relatório da polícia também. Todos pareciam acreditar que Kent
Buckley acordou em uma bela manhã de sábado na primavera, tomou café da
manhã com sua família, treinou o jogo de futebol de seu filho e depois foi para
casa e explodiu a cabeça.

Todos, exceto Dare.

Dare fez anotações em um tablete legal amarelo: nomes, datas e pessoas


que poderiam lembrar o que estava acontecendo quando Kent Buckley
morreu. Para acompanhar Palladian, Dare copiou os relatórios dos repórteres
locais e observou artigos e fotos interessantes.

Ele chegou a um artigo sobre um caso sério de bullying na Palladian


High School e começou a lê-lo. 15 de novembro de 2003. Um segundo ano em
Palladian High teve que ser levado de helicóptero para OHSU para
tratamento de trauma após um ataque brutal nas primeiras horas da
manhã de sexta-feira, de acordo com o vice-chefe Tony Vicenzo...

O intestino de Dare se contorceu quando ele leu artigos subsequentes. O


ataque seguiu um padrão persistente e intenso de bullying por meninos e
meninas na escola. Os pais não sabiam das atividades de seus filhos. Os
professores tinham visto alguns incidentes reveladores, mas não haviam
reportado aos administradores alguns até mesmo haviam aprovado
tacitamente. A vítima em questão permaneceu sem nome por causa de sua
idade, mas Dare teve um sentimento de afundamento em seu intestino.

110
Finn. Tinha que ser o Finn.

O vice-diretor se demitiu após o escândalo, alegando problemas de


saúde. Cobravam-se acusações contra seis pessoas, cinco jovens e um adulto,
que haviam feito muito pouco tempo. Apenas o nome do adulto fora citado
pelo jornal: Sumner Pelham Jr., filho de Marjorie Pelham, de ombros largos.

Dare não tinha visto essa história no noticiário nacional e Finn não
tinha mencionado isso, mas o que Dare poderia esperar? Ele empilhou as
cópias que ele fez dos artigos e pegou sua jaqueta para ir para a estação com o
coração na garganta. Ele poderia encontrar os arquivos e satisfazer sua
curiosidade restante no trabalho. Ele não sabia se poderia ler, mas era melhor
saber do que imaginar.

Assim que chegou à estação, foi até a sala de arquivos e localizou a caixa
com o arquivo do caso e as provas. Ele levou para sua escrivaninha para ler,
virando cada página com a determinação de um homem tomando remédio
amargo.

Depois de uma hora lendo o relatório policial do ataque de Finn, de


olhar descrições, diagramas e finalmente as fotografias dos ferimentos de
Finn, Dare se levantou com as pernas trêmulas. Ele mal chegou ao banheiro
antes de ficar doente. Ele saiu dobox e se inclinou sobre a pia para molhar o
rosto com água fria. Quando se levantou, Trent Evans estava de pé atrás dele,
enojando-o outra uma vez.

— A porra é o seu problema? — Dare perguntou.

— O que você está fazendo aqui?

— Estou me familiarizando com o departamento.

— No seu dia de folga? Não me engane. Eu vi o arquivo de Finn na sua

111
mesa.

— Há uma razão pela qual eu não deveria estar investigando o


vandalismo no salão de Lyddie ou um padrão de comportamento que poderia
explicar isso? Acabei de descobrir o que aconteceu com Finn no ensino médio.

— Se você realmente olhasse, então saberia que houve seis relatórios


semelhantes de vandalismo desde janeiro. Pode não ter nada a ver com o
Foulest.

— Não ligue para ele. — Retrucou Dare.

— Tudo bem, tudo bem. —Trent relaxou contra a porta. — Você não
mudou um pouco desde que nós estávamos na escola primária, você sabe
disso?

— Talvez não. Dare tirou um pedaço de papel toalha do rolo e enxugou


as mãos e o rosto.

— Nós temos algumas crianças nesta cidade que seria melhor gastar seu
tempo estudando. Provavelmente não é uma conspiração criminosa.

— Quem disse alguma coisa sobre conspiração criminosa?

— Isso não é... Trent pareceu procurar palavras. — Palladian não é


Seattle. Você tem que parar de pensar como é. Você tem que parar de tentar
agir como se fosse nos mostrar como é feito.

Dare esmagou as toalhas de papel em sua mão.

— Eu só estou tentando encontrar o meu caminho aqui, Evans.

— Faça o que tiver que fazer para se satisfazer é a sua vez. Mas entre
nós... Ele olhou ao redor. Você estava bêbado ontem à noite quando estava

112
jogando seu peso na Lyddie's, e agora posso sentir o cheiro da bebida no seu
suor. Se você tiver um problema, encontre um programa. Eu estou dizendo
isso como um colega oficial e um talvez amigo. Eu tenho meu chip de três
anos. Eu quero que você olhe nesse espelho e pergunte a si mesmo se você
tem um problema.

Dare abriu a boca para argumentar, depois fechou novamente e


assentiu. Trent saiu acreditando que ele tinha a última palavra. Depois que ele
fechou a porta, Dare murmurou:

— Foda-se.

Dare sabia exatamente o que veria se olhasse no espelho. Talvez ele


bebesse demais, mas todo mundo bebia demais, às vezes. O que mais
incomodou Dare foi que ele virou as costas para um amigo.

Ele ignorou cartas e telefonemas do que ele podia ver agora era um
garoto cada vez mais isolado, intimidado e desesperado quando aquele garoto
mais precisava dele. Um garoto cujo único crime era ter olhos estranhos
quase foi morto nesta cidade, e algumas pessoas ainda agiam como se isso
fosse culpa de Finn.

Cristo.

113
Capítulo 11
Finn ouviu alguém parar do lado de fora, assim que ele estava fechando
a porta do quarto de Lyddie. Ele desceu as escadas e olhou pela janela para
ver Dare do lado de fora segurando uma sacola de papel pardo. Uma chuva
suave começara a descer e as ruas úmidas brilhavam, refletindo a luz em
círculos brilhantes e iridescentes.

— Dare. Nós não estávamos esperando por você.

— Tudo bem se eu entrar? Está molhado aqui fora.

Finn recuou.

— Você descobriu quem vandalizou nosso lugar?

— Não estamos muito adiantados nisso, mas ainda estamos buscando


todos os caminhos.

— Ah ok.

Dare encontrou Finn no vestíbulo, cheirando a fumaça e molho de


churrasco.

— Eu parei no Big John para aquela coisa de churrasco. Hoje é uma


festa para arrecadação de fundos para a biblioteca, e achei que talvez você e
Lyddie gostassem de alguns.

— Você nos trouxe o jantar? — O coração de Finn deu uma surpresa.

— Foi para caridade. Eu pensei que talvez... — Dare fez uma careta. —
Lyddie não come muito mais, não é?

— Não muito. Isso pode tentá-la amanhã. Ela está dormindo agora.

114
Dare suspirou e estendeu a comida.

— Bem. Talvez eu deva deixar isso então.

Finn pegou a bolsa dele.

— Você já comeu?

— Não.

— Mas você nos trouxe o jantar? Isso é muito legal. Vamos para a
cozinha. Eu vou fazer um prato para você.

— Mesmo que eu tenha agido como um idiota na noite passada? —


Dare seguiu Finn.

— Você agiu como um idiota, mas você não é o primeiro homem a


perder sua merda quando se depara com meu magnífico abdômen.

Dare riu disso, mas ele abaixou o queixo.

— Eu não conseguia tirar você da minha cabeça hoje. Desculpe-me pela


noite passada. Talvez eu tenha...

— Você foi tocado pelo álcool, tanto no restaurante e, mais tarde, no


salão.

— Alguém mencionou talvez eu deva cortar o álcool.

— Talvez você devesse. — Finn colocar a comida no balcão, — Se você


quiser ficar bem aqui.

— Eu… Talvez eu tenha me apoiado muito em álcool. Vir aqui não foi
fácil.

— Não é o fim do mundo.

115
— Às vezes parece que é para mim. — Dare soltou um suspiro e colocou
as mãos na mesa do café da manhã. — Eu li sobre o que aconteceu com você
no ensino médio, Finn.

Finn ficou imóvel.

— Isso foi há muito tempo atrás.

— Eu puxei o relatório na estação. Eu vi as fotos.

Finn ficou tenso. Falando sobre esse tempo, sobre a surra que ele
levoutrouxe muita emoção com a qual ele não estava preparado para lidar.

— Por que diabos você faria isso?

— Eu não sei. Eu entendi na minha cabeça que eu tinha que ver.

— Eu não sou mais um garoto do ensino médio.

— Eu sei.

— Eu não sou uma vítima. Não importa o que alguém diga ou faça,
ninguém pode me tornar uma vítima nunca mais. Finn tirou uma caixa de
isopor e levantou a tampa.

— Você tem costelas?

Dare assentiu.

— E algumas outras coisas. Peito e carne de porco desfiada. Achei que


Lyddie gostaria de um pouco de frango assado. Há uma variedade lá.

— Tem certeza de que não posso reembolsar você? Eu gostaria de ver a


competição, mas não queria deixar Lyddie duas noites seguidas. Aquele
cheiro de churrasco me torturou quando eu peguei carrinhos hoje.

— Estou feliz por ter passado por aqui.

116
— Vou fazer um prato agora mesmo. E quanto a você? Do que você
gosta?

— Um pouco de peito, talvez?

Finn virou-se para a geladeira e abriu-a.

— Eu tenho picles e salada de brócolis aqui em algum lugar. Você vai


pegar alguns pãezinhos da caixa de pão?

— Vaca sagrada. — Dare pegou uma enorme bolsa de rolos de jantar.

— Quem você está alimentando?

— Esse é o negócio de trabalhar em uma grande loja de caixa. Eu queria


congelar a maioria deles. Finn pegou pratos de papel e começou a distribuir
comida. Dare sentou-se em um dos altos bancos de carvalho do balcão.Finn o
viu sentado lá, e fez algodeu um grande aperto no coração para ver Dare na
modesta cozinha de Lyddie novamente.

O ladrilho não era tão limpo, e o papel de parede quase branco, com um
padrão de ervas e seus nomes franceses desapareceram onde o sol o
alcançava. Dare parecia exatamente sentado ali. Como ele estava em casa. Em
alguma parte do cérebro de Finn, os alarmes dispararam.

— Você quer... uh... limonada ou algo assim?

— Sim, obrigado.

Finn pegou um jarro na geladeira e se ocupou servindo dois copos. O


silêncio constrangedor continuou inabalável. Ele podia ouvir cada batida de
seus pés no chão. Cada pequeno ruídoaté mesmo a respiração de Dare
parecia amplificado.

117
Finalmente, Dare disse:

— Você me chamou de gay-six-pack6 na noite passada.

— Talvez eu tenha lido coisas erradas. Eu estava cansado. Finn trouxe as


bebidas. Para não olhar diretamente para Dare, ele cravou a unha em algo
preso ao azulejo.

— Eu pensei que você estava vindo para mim.

— Eu fui. E...

— Não! — Se eles conversassem sobre isso, seria muito fácil para


Dare perceber que ele estava frustrado, não ofendido.

— Está esquecido.

— É isso?

— Pode ser, se você mantivesse sua boca fechada sobre isso.

— Ok, ok. — Dare deixou cair o garfo e levantou as mãos. Eu queria


dizer que sinto muito. Isso é tudo. Desculpe-me por ter vindo até você quando
estava bêbado.

O coração sempre esperançoso de Finn notou que Dare não disse Me


desculpe, eu vim para você em tudo.

— Eu ouvi você pela primeira vez.

— Tudo bem.

Mais silêncio se seguiu, e se Finn pensou que os minutos antes tinham


sido desajeitados, agora ele ouvia a batida de seu coração sobre os sons que
ele fazia, e cada um dos outros sons era como uma bomba explodindo. Ele
pegou seu prato e bebeu e se levantou.

6
Com um abdômen trincado seis pacotes

118
— Você quer levar isso para a sala e assistir TV?

Dare soltou um suspiro. Foi esse alívio?

— Isso aí. O que está passando?

— Eu não sei. — Mas qualquer coisa é melhor do que assistir seu pomo
de adão balançar enquanto a limonada desce pela grossa coluna maldita de
sua garganta.Observar seu peito subir e descer a cada respiração e tentar
obter uma rápida e furtiva olhada no seu pacote para ver se eu o afeto do
jeito que você me afeta. — Talvez um jogo de algum tipo? Temos cabo,
divirta-se.

Assim que colocaram a comida na mesinha de centro, Dare pegou o


controle remoto. Finn despejou uma parafernália de pote na caixa de Lyddie e
a tirou da mesa final. Ele colocou em uma gaveta esperançosamente antes
de Dare dar uma boa olhada nele.

— Agradável. Mantém os dedos dela quente, hein?

— O quê? — Finn perguntou, limpando as mãos no jeans novamente. —


Ah. Não. Isso foi...

— Eu já te disse que não vou te dar muita dificuldade com isso. Um cano
de água pode ser mais fácil para ela, no entanto.

— Oficial Dare. Você está sugerindo que eu compre minha tia um


narguilé7?

— Eu estou. — Admitiu Dare. — Eu ouço dizer que a fumaça é mais


suave. Há um lugar em Seattle que vende algumas peças muito legais.
Dragões e merda. Lyddie daria um pontapé nisso, não é?

119
Finn ainda tinha pequenas reservas sobre discutir o hábito de Lyddie
com Dare, que poderia causar problemas para eles se escolhesse.

— Embora seja verdade que o uso de Lyddie tem sido bastante


recreativo por toda a vida, agora ela realmente precisa disso.

— Relaxar. Eu disse que sou seu amigo, sim?

Finn assentiu. Suspirou.

— Tudo bem.

— Assim. Gosta de basquete?

Finn educou sua expressão.

— O que você pode ter observado sobre mim que faria você pensar isso?

Dare riu.

— Você é o único que disse um jogo. Eu gosto de basquete.

— Gzzzt. — Finn arrancou o controle remoto de sua mão. — Uso


irresponsável do controle remoto da televisão. Você está na caixa de
penalidade.

— O quê? — Dare tentou recuperá-lo, mas Finn levantou-se e segurou-o.


Dare fez uma investida para Finn, mas no momento em que ele estendeu a
mão, tudo o que ele pegou foi ar. — Você é um shortist?

— O que diabos é um shortist?

— Como elitista ou racista? Você tem algo contra pessoas altas?

— Só porque eu não quero assistir basquete?

— Se você ficar limpo, talvez eu não chame a ACLU.

— E se eu gostar de assistir shows semanais? Ou filmes. — Por diversão,

120
Finn trocou de canal. Duas mulheres sentaram-se tomando café e olhando
pela janela de uma modesta casa suburbana. — E se eu gostar de assistir
filmes da vida ou telenovelas?

Dare gesticulou para a televisão.

— Que diabos você está me metendo aqui, Finn? Este é o canal da


catarse emocional.

— Eu vou te dar o controle remoto enquanto pudermos concordar que a


televisão realidade faz seu pau apodrecer.

— Acordado.

Finn entregou o controle e Dare começou a mudar de posição. Ele


passou pelas redes na velocidade da luz, passando por esportes, shows
passados, programas de culinária, noticiários noturnos e passando pelos
canais de melhoramento da casa. Ele finalmente conseguiu um granulado
filme preto-e-branco que Finn reconheceu instantaneamente como A noiva
de Frankenstein.

— Sim. Noiva é clássico. Dare relaxou de volta no sofá. Ele começou a


tirar os sapatos e perguntou: — Posso?

— Certo. Você não tem sempre?

— Obrigado. — Dare colocou os pés vestidos de meia na mesa de café. —


Nós assistimos esse filme antes. Lembrar?

Finn sacudiu a cabeça.

— Eu estava com muito medo de assisti-lo naquela época. Acho que só


vi através dos meus dedos.

— Agora você não está com medo de nada, não é?

121
Dare estava tirando sarro dele?

— O que você quer dizer com isso?

— Agora que você é um fodão?

— Não diga assim. — Finn não desviou o olhar da televisão. — Eu


mantenho minha cabeça, não importa o que esta cidade me dê, e eu carrego
um bastão telescópico comigo às vezes, à noite. Nunca mais vou ser vítima de
ninguém.

— Aw, Finn. É bom saber como se defender. — Dare passou a mão pelo
cabelo curto. — Mas você só vai se machucar se alguém tiver uma vara maior.

— Eu sei disso. — Finn agarrou o travesseiro que ele estava


segurando. —Eu sei disso. Eu não aumento a violência, mas eu me
defendo. Eu tenho que lutar de volta. Eu preciso de alguma medida de
controle.

— Ao controle?

— Se eu não puder dizer a mim mesmo da próxima vez, será diferente


porque estou no controle, vou me irritar de medo toda vez que me sinto
ameaçado.

— Eu sinto Muito. Eu não percebi. — A voz de Dare era pouco mais que
um sussurro. — Eu deveria ter. Eu sei...

— Eu faço o que tenho que fazer para ficar em cima das coisas. — Finn
respirou fundo, calmante. — E funciona para mim.

— Eu sinto Muito. Eu não entendi.

— Não há nenhuma razão pele qual você você deveria.

122
— Sim, existe, Finn. Eu lido com as consequências do crime todos os
dias. Eu tento ajudar as pessoas na sua situação, e talvez eu simplesmente não
tenha visto porque foi você. Talvez eu não quisesse ver o quanto isso afetava
tudo porque eu não estava lá...

— Está tudo bem.

— Não, não é. Eu não estava lá para você, e isso me faz sentir como se eu
te decepcionasse. Talvez eu pudesse ter feito alguma coisa.

— Talvez você tivesse conseguido o seu traseiro chutado também?

— Mas talvez não. Eu vi aquelas fotos e...

— Pare Finn colocou seu prato no chão. — É uma notícia antiga.

— Eu sei.

— E você se sente assim sobre todos na cidade? Casey Atkins foi


atropelado por um carro no verão depois que você saiu. Bill Fraser quase se
afogou na piscina da escola porque ele estava andando e batendo a cabeça.
Você se sente culpado por eles também?

— Não.

— Você não é responsável por mim, e mesmo se você fosse, não há nada
que você poderia ter feito.

— Eu poderia ter sido um amigo melhor. — Disse Dare em voz baixa. —


Eu deveria ter permanecido em contato.

Finn não disse nada para isso.

— Eu poderia ter tido tempo para responder suas cartas. Liguei para
você, às vezes. Eu poderia ter sido um amigo sólido em vez de...

123
— Você estava no ensino médio, Dare. Se há um momento melhor para
ser egocêntrico e aproveitar o passeio, não sei quando poderia ser.

—É exatamente isso. Eu era egoísta. Fui pego em todas as coisas novas


que estava fazendo e não queria me agarrar ao passado .

— Seu passado em Palladian não era nada para se agarrar. Finn deixou
cair uma das muitas almofadas de sua tia na mesa de café e se inclinou na
direção de Dare. — Você notou que eu disse egocêntrico e você disse egoísta?
Eles não são a mesma coisa, e qualquer garoto do ensino médio que merece
merda vai ser egocêntrico. Isso não significa que você decepcione alguem.
Você Nunca me decepcionou. Você se afastou do epicentro de más
lembranças depois que seu pai se matou. Quem não iria?

Dare olhou para as mãos cruzadas.

— Por que me sinto tão culpado?

— Porque você é um idiota?

Dare chutou a perna de Finn com o pé.

— Quem você está chamando de idiota?

Finn chutou de volta para ele. Nenhum deles parecia sério demais para
fazer contato.

— Você se sente culpado porque fui intimidado por um bando de atletas


e crianças populares e você se identifica mais com eles do que comigo.

Dare manteve os olhos nas mãos.

— Isso não é verdade.

— Sim, é. — Finn suspirou. — É por isso que é uma coincidência


interessante Noiva está hoje à noite.

124
— Hã?

— O monstro de Frankenstein era o último estranho. Ninguém o queria


por perto porque ele era diferente, eles não o entendiam, e estavam
assustados. Inevitavelmente, esse medo borbulhou e se transformou em raiva.
Tudo terminou violentamente. O monstro representa cada outro. No final, a
única conclusão a que podemos chegar é que somos todos monstros, de um
tipo.

— Parece-me que os monstros são os que pensam que são melhores que
ele.

— Sim claro. É como um espelho da sala espelhada do circo. Nós


reconhecemos o monstro em nós mesmos. O que nos atrai para o monstro é a
sua humanidade. Ele expressa toda emoção humana desejo e frustração e
solidão e medo sem temperar a experiência e a socialização. E ele não tem
chance disso porque ninguém o quer. Sua alteridade é uma cobra que acaba
engolindo a si mesma.

— Você teve que escrever um papel naquele filme ou algo assim?

Finn jogou uma almofada de travesseiro para Dare.

Dare pegou nitidamente e colocou de lado.

— Ei agora.

— Sim, Dare. Eu tive que ir à escola para aprender que se você não trata
um ser humano com respeito e gentileza, coisas ruins acontecem. Meu ponto
é; eu não sou mais aquele garoto. O passado é onde ele pertence.

O olhar de Dare voltou para o aparelho de televisão.

125
— Você já se perguntou se as coisas seriam diferentes se eu ficasse por
perto?

— Não. Finn sabia que tudo teria sido o mesmo, exceto que
Dare poderia se afastar e arrancar sua amizade de sua casa em Palladian. Isso
não significa que Finn não pensou sobre o resultado, ou como poderia ter sido
diferente.

Dare nunca sai da cidade. Dare pare de olhar para mim como se eu
fosse aquele garoto no jardim de infância. Dare me quer.

Dare me ama.

— Terra para Finn. — A voz de Dare era suave. Paciente.

— O que?

Dare olhou para ele por um longo tempo.

— Você acha que eu poderia ter outro copo de limonada?

— Claro. — Finn pegou o copo de Dare e foi para a cozinha, se


perguntando se limonada era realmente tudo que Dare queria pedir.

Dare olhou para Finn enquanto caminhava para a cozinha. Um olhar


sobre o que Lyddie costumava chamar de salão quando eram crianças
produzia pouca informação nova. Havia fotografias, claro. Todas as fotos da
escola de Finn. Alguns com ele e Lyddie. Na maior parte das imagens no
parque, na praia e até nas festas Finn estava sozinho. Dare levantou-se para
olhar de perto para uma foto em um pequeno quadro no manto que
mostrava Finn sendo levado do hospital. Enfermeiras sorridentes posavam
atrás dele, e ao lado dele, Lyddie segurava um grande buquê de balões.

126
Dare estava pegando o quadro para olhar mais de perto quando Finn
voltou com sua bebida.

— Quem levou isso?

Finn franziu a testa e pegou-a, olhando para ela por apenas um


segundo.

— Eu não sei. Vice-chefe Vicenzo, talvez?

— É uma boa foto.

Finn colocou de volta para baixo com um estalo.

— Eu não gosto disso.

— Já fez tempo.

Finn assentiu.

— Sim.

— Os punks que foram atrás de você no ensino médio ainda vivem por
aqui.

— Por que você está me contando coisas que eu já conheço? Largue isso
já.

— Tudo bem. Não deixe seu pênis em uma reviravolta. Dare voltou para
o sofá e sentou-se. — O que você faz para se divertir ultimamente, Finn?

— Eu não tenho tempo para me divertir. — Finn sentou-se na poltrona


reclinável verde escura. — Entre a casa de Lyddie e Costco e cuidando da casa
e do quintal, eu...

— Eu nunca estive na sua situação, mas parece-me que um pouco de


tempo para você seria uma coisa boa. Você tem algum hobby, ou... Você já fez

127
o que você quer?

— Eu não sei. — Finn esfregou as mãos sobre o jeans novamente. —


Certo.

— As minhas perguntas estão deixando você nervoso?

— Parece que você está me interrogando. Sim, faço coisas por diversão.
Mas não... Eu não sei o que você quer que eu diga.

— Você tem um namorado?

— Não. — Finn riu disso. — De jeito nenhum. Eu não sou um cara tipo
namorado.

— Mesmo?

— Eu, uh... encontrar maneiras de conseguir o que eu preciso, mas eu


não... uh.. Não. Por que você quer saber?

— Eu só quero. — O que eu quero? Ele queria conhecer Finn novamente,


claro, mas por que ele estava forçando isso assim? — Eu ainda toco violão, eu
costumava estar em um time de futebol recreativo. Esses são meus hobbies. E
eu me perguntei se você tinha algo assim. Algo que você faz no seu tempo
livre só para você. Isso é tudo.

— Eu vejo. — Finn assentiu. — OK. Bem, eu trabalho com couro.

— Couro? Como o quê?

— Eu faço as coisas. — Finn deu um suspiro de seu ombro. — Você não


pode sentir o cheiro da tintura? Trabalho no porão e, mesmo instalando um
sistema de ventilação, juro que a casa cheira às vezes.

— Sério? Eu pensei que era o curtume.

128
— Não. Essa sou eu, esta época do ano. Eu comecei a trabalhar com
ferramentas e esculpir couro em Boys Scouts, agora também esculpi com ele.
Aqui... Finn foi até a cozinha e voltou com um fichário de couro bege mais ou
menos do tamanho de um planejador diário que tinha um padrão de nós
celtas gravados em uma borda.

O talento artístico era adorável e o couro macio e fino.

— A amiga de Lyddie, Kate, os vende em sua livraria usada, ou vamos a


feiras de artesanato. Eu vendo alguns dos meus trabalhos na web.

— Mesmo?

— Kate tinha um estande com livros e artesanato no Big John's neste


fim de semana. Ela pegou alguns cintos e carteiras que fiz.

Dare se lembrou de uma mulher com uma mesa cheia de livros, joias e
outras coisas.

— Isto é tão legal.

— Às vezes, eu recebo ordens personalizadas.

Dare virou o livro nas mãos. O couro era bom. Um cordão enrolado em
um botão de metal prateado formava o fechamento.

— Isso é lindo. Você fez isso?

— Eu fiz isso para Lyddie.

Dare desamarrou a capa e folheou as páginas com receitas manuscritas


e divisores com bolsos para cartões de índice.

— Isso é impressionante, Finn. Vejo? Isso é mais do que um hobby,


você é um artista de boa-fé e, na verdade, vende seu trabalho. Isso é incrível.

129
— Os cintos são meu item mais popular, especialmente com a multidão
de fivelas ocidentais. Às vezes eu uso conchas de prata elaboradas e adiciono
strass. As garotas da loja as amam.

— Oh sim. Esperar. Tony Vicenzo usa um?

— Ele tem um cinto que eu fiz com um design triskelion8 trabalhado


nele.

— Eu vi, foi lindo. Bom para você. Isso é ótimo.

Finn pegou de volta o livro de receitas.

— Lyddie escreveu todas as suas melhores receitas.

Dare assentiu.

— Esse é um presente maravilhoso. É como se ela sempre estivesse na


cozinha com você.

— Isso mesmo. — Finn sorriu.

A noiva de Frankenstein créditos rolaram pela tela da televisão.


Dare pensou que provavelmente deveria ser sua deixa para sair. Então ele se
levantou. Finn o seguiu até o vestíbulo e esperou enquanto colocava o paletó,
encostado na parede ao lado da porta, os braços cruzados em volta do
peito. Por muito tempo, Dare esperou que ele dissesse algo mais.

Finn permaneceu em silêncio.

— Você sabe, não é tão improvável. — O coração de Dare parecia subir


em sua garganta. — Eu e você.

Finn ficou muito quieto.

— Você esta falando?


8
TRISKELION é um termo grego que significa literalmente "três pernas", e de forma adequada, portanto, pois este sinal é muito parecido com três
pernas correndo ou três pontas curvadas, uma referência ao movimento da vida e do universo.

130
— Você olha para mim como se estivesse se perguntando se eu quero
você — Dare queria se afogar nos olhos estranhos de Finn. Ele queria vê-los
escurecer com paixão. Ele baixou o olhar para a boca de Finn e seu coração
bateu em sua garganta. Os lábios de Finn pareciam tão macios. Dare fechou
os olhos e se inclinou para um beijo. Foi o toque mais breve e mais simples
dos lábios, mas provocou uma onda de desejo erótico em todo o corpo. —
Agora você sabe.

Finn saiu do alcance, mas ele levou a mão à boca. Ele balançou a cabeça,
surpresa em todas as linhas do rosto.

— Eu não preciso mais de um herói, mas acho que você precisa ser um.

— Finn. — Dare não estava orgulhoso de quão carente ele soava.

Finn deu outra pequena sacudida de cabeça.

— Obrigado pelo jantar. Tenho certeza de que Lyddie...

— De nada. — Dare se virou para a chuva. — Te vejo em breve.

131
Capítulo 12
Dare terminou sua noite no celeiro pela segunda noite consecutiva.
esta vez, estava lotado de pessoas que cheiravam a fumaça e umidade, de
modo que a festa deve ter voltado para o de Tony quando a churrascaria foi
encerrada.

Quando ele encontrou uma banqueta vazia, Tony Vicenzo estava


esperando para servi-lo pessoalmente.

— Marca do Criador. Duplo. Dare bateu uma nota de vinte no bar e


olhou em volta. — Eu vejo que você tem o seu público de volta.

— Sim. Agora que todo o porco foi escolhido. Vários gritos altos
irromperam no alvo, enquanto alguns dos melhores de Palladian celebravam
um grande tiro. — É o negócios como de costume aqui.

— Isso deve se sentir bem. É um ótimo lugar.

— Eu tenho bebido aqui desde que eu era um novato. — Tony se serviu


de um tiro. — Quando Tom era dono do lugar, era como em casa, você sabe o
que eu quero dizer?

— Sim. Meu pai costumava ficar aqui também, hein?

— Sal da terra. Kent Buckley. Tony ergueu o copo e Dare fez o mesmo,
dando um tapa no Tony antes de jogar o bourbon de volta e fazer sinal para
Tony derramar outro.

— Você ainda tem noite de poker às terças-feiras no quarto dos fundo?

— Não. Todos os velhos se foram e os jovens são sérios demais para

132
vencer. Por quê?

— No passado, era o papai, você, Tom Rose, Sumner Pelham, Jack


Shepherd e quem mais?

— Vamos ver. Rob Evans às vezes, esse é o velho de Trent Evans, e Ed,
você sabe... da barbearia. Ed já se foi há algum tempo. Câncer.

— Desculpe ouvir isso. Ele me deu meu primeiro corte de cabelo.

— Ele era gente boa.

Enquanto Dare considerava seu copo, alguém que cheirava muito bem
surgiu atrás dele. Ela colocou uma mão gentil em seu braço para fazê-lo
mover-se sobre a fração de uma polegada que ela precisava apertar.

— Me pegue outro longneck, querido.

Dare se virou para ver uma mulher bonita em seus quarenta e poucos
anos cujo sorriso era tão brilhante quanto sua camiseta apertada e brilhante.

Tony os apresentou.

— Olá bebê. Este é Dare Buckley, o cara novo que eu te falei sobre quem
morava aqui. Dare, esta é minha linda amiga, Stella.

— Prazer em conhecê-lo. — Dare virou-se desajeitadamente quando ela


recuou para que quando eles finalmente apertaram as mãos, eles não foram
espremidos entre duas banquetas. Cabelos castanhos levemente riscados
coroavam um lindo rosto, que encimava um corpo extraordinário. Uma saia
jeans curta e curta contornava suas curvas e expunha as pernas nuas e
bronzeadas. Os saltos agulha que ela usava afetavam seu equilíbrio.

Ela segurou Dare um pouco demais para uma garota que era de Tony.

133
linda amiga.

— O prazer é inteiramente meu.

Tony a observou benignamente. Talvez ele não se importasse que ela


aparecesse com outros caras. Alguns caras gostavam de ter a garota que todos
os outros caras queriam. Dare poderia estar sentindo duas doses duplas de
bourbon, mas não estava interessado em ser uma ferramenta.

Ele desembaraçou a mão.

— Mais um, Tony. Tem sido uma longa noite e tenho que trabalhar
amanhã.

Stella não parecia querer seguir em frente depois que Tony abriu a
cerveja e deu para ela. Ela não se incomodou com um copo, mas tomou um
gole longneck e olhou para Dare debaixo de seus cílios.

— Stella era amiga de Candy. — Disse Tony. — Ela trabalha no arranha-


céu onde Jack Shepherd vive agora.

— Entendo. Conversei com Jack depois que Candy morreu.

Ela deu um leve aceno de cabeça.

— É uma pena para ele. Ele é muito jovem para ter problemas de
memória assim, e então alguém vai e mata o pobre Candy. Aquela garota
nunca conseguiu dar um tempo.

Dare a olhou seriamente

— Existe uma razão pela qual você acha que alguém a matou?

— Por que outra razão você teria perguntado em torno dos copos que as
pessoas estavam bebendo?

Ah, Cristo

134
— Não é que eu...

— Dare pensa como um detetive, querida. — Tony pegou a mão do outro


lado do bar. — Ele segue o livro. Isso não significa que houve um crime,
apenas que ele sabe o suficiente para coletar evidências, caso seja necessário.

— Sim. É isso mesmo. — Concordou Dare.

— Então você não acha que alguém matou Candy?

— Não tenho certeza até que o médico legista faça seu relatório final,
mas não. Acho que não.

— Claro que não. — Disse Tony. — Ninguém teria querido Candy morta.
Pelo que? Ela era apenas uma mulher legal. Um pouco selvagem.

— Era ela? — Dare perguntou.

Stella hesitou.

— Um pouco. Você sabe. Já que ela está sozinha, ela está festejando.

— Jack sabia sobre isso?

— Não. Jack não sabe muito de nada. Ele nem sabe que ela está morta a
metade do tempo e a outra metade, ele está muito ocupado tentando escapar
para se importar. — Stella tomou outro gole mais longo de sua cerveja. — Jack
se afastou do arranha-céu várias vezes nos últimos dois meses e a família dele
não se incomodou nem em vir procurar por ele.

— Ele desapareceu a qualquer momento no dia em que ela morreu?

— Espere. — Ela franziu a testa. — Você não acha que Jack teve algo a
ver com a morte dela?

135
— Não. Mas, como Tony diz, essas perguntas chegam a mim e acho que
preciso de respostas.

— Eu não sei se ele foi embora ou não. Era sábado e eu não estava
trabalhando. Eu poderia perguntar embora. — Ela foi empurrada para dentro
de Dare quando um casal de jovens passou por ela para pedir bebidas.

— Ei. Veja isso. Dare olhou para eles antes de se virar para ela. — Você é
uma enfermeira lá?

— Eu trabalho para o Hospice Willamette. — Ela finalmente conseguiu


se afastar de Dare quando os caras atrás dela saíram. — Eu visito pacientes lá.

— Entendo. Então Jack não é um dos seus pacientes.

— Não, mas ele é difícil de perder. Ele é gregário, e quando está tendo
um bom dia, ele entretém todos no salão social. — Ela olhou para a pista de
dança quando a música mudou para uma música country animada. Houve um
grito de alguns dos dançarinos.

— Entretém?

— Jack toca piano. — Stella bateu os pés como se ela apreciasse um


convite para a pista de dança, mas Dare não a obrigou. Ele não era bom
nisso. — Eu nunca conheci ninguém que conheça mais músicas sujas.

— Entendo.

—Mas ele é bipolar. Um minuto ele ficará bem e no próximo... Ela


encolheu os ombros.

— Isso é ruim.

Tony voltou depois de ver alguns de seus clientes.

136
— Jack era um bom amigo. Eu paro e o vejo frequentemente. Às vezes,
ele não me reconhece ultimamente.

Dare bebeu sua bebida.

— Seus filhos visitam?

— Não muito. — Disse Stella. — Eles dizem que não conseguem


encontrar tempo entre os horários e o trabalho dos filhos e outras coisas. Na
próxima semana, eles estão levando-o para um lugar mais perto de onde
moram, então talvez.

— Vou sentir falta dele. — Os olhos de Tony se enchem de tristeza. —


Muitos de nós velhos estão morrendo, Stella.

— Não você. — Stella apertou a mão de Tony. — Você estará por perto
para sempre. Eu pretendo ver isso. Agora, eu vou empurrar o traseiro de
algum fora da cidade na mesa de sinuca. Prazer em conhecê-lo, Dare.

— Prazer em conhece-la também. — Ele a observou se afastar.

— Aquela mulher é pura poesia, não é? — Tony sorriu. — Ela é uma


querida.

— Sim, Senhor. — Dare não estava olhando para a mulher em questão,


mas o cinto que ela usava. Era de couro trabalhado à mão, esculpido com o
mesmo desenho intrincado que o livro de receitas de Lyddie, embora
contivesse medalhões de prata e uma linda fivela de prata em relevo. — Esse é
um lindo cinto também.

— Sim. Essa é uma das peças de Finn Fowler. Combina com o que estou
usando. Ele levantou os braços e mostrou o cinto. — Eu o comprei para ela.

— Então Finn realmente vende as coisas dele?

137
— Certo. Bem, eu comprei. Eu vejo pessoas usando seus produtos o
tempo todo. Sumner Pelham recebeu uma bainha de faca de seu filho no Dia
dos Pais.

Dare não escondeu sua surpresa.

— De Junior?

— Não, Patrick. Por quê?

— Depois do que aquela família fez com Finn, por que algum deles
compraria algo que ele fez?

— É muito bonito. — Os lábios de Tony se torceram em um sorriso


sarcástico. — Algumas pessoas por aqui não dão a Finn a hora do dia, mas
isso não as impede de usar o trabalho dele.

— Hipócritas. É melhor eu ir embora. Dare saiu do banquinho. Ele


agarrou o bar apertado para manter o equilíbrio.

— Você está bem?

— Sim. Eu estou. Dare se dirigiu para a porta, esperando que ele


pudesse andar firme o suficiente para passar. Ele estava tão agitado que nem
notou que Tony o havia seguido até que ele empurrou a barra da porta para
abri-la.

— Não dirija. — Advertiu Tony. — Eu não vou levar suas chaves, mas
espero sua palavra como um homem de honra.

— Eu estou indo para casa, não se preocupe. — Dare olhou para a


escuridão. Quase parou de chover.

Finn estudou sua imagem no espelho do banheiro. Ele estava

138
moderadamente em forma magro, mas forte. Não rasgado, mas cortado. Seus
braços estavam bem definidos, mas as cicatrizes causadas por fraturas de
costelas compostas marcavam a pele do peito.Um incidente, como sua tia
chamava de ataque a ele, decorava sua pele enquanto vivesse.

Um estudante de fotografia amigo dele uma vez o fotografou nu,


colocando-o em poses francamente eróticas. Ele usou um fundo duro para
destacar seu cabelo escuro e características incomuns, fazendo-o parecer
exótico, como algo de um mundo de fantasia. O resultado final foi...
surpreendente. Ele não era nada atraente, mas no final, não era como ele via a
si mesmo que importava para ele naquele momento.

O que Dare vê quando ele olha para mim?

Seu olhar se desviou para sua tatuagem. Se ele pensasse sobre isso toda
vez que pensasse sobre isso ainda poderia sentir o roçar dos dedos de Dare
contra sua pele. O toque de seus lábios...

Eu sou um idiota.

Ele impediu Dare de vir até ele, e poderia ter sido sua única chance. Na
época, ele estava com raiva e ligado e em conflito. Ele não era o mesmo garoto
que Dare lembrava. E se o único homem que ele sempre quis viu quem ele se
tornou e o rejeitou? E se Dare acordasse no dia seguinte sóbrio e revoltado
com o que eles haviam feito?

Por outro lado, talvez tirar Dare de seu sistema desse jeito valha a pena.
Talvez ele devesse ter deixado as coisas acontecerem e aceitado, de uma vez
por todas, o que ele sabia em seu coração: homens heterossexuais poderiam
fazer um desvio cênico, mas eventualmente todos esperam voltar à estrada
principal.

139
Finn enfiou a cabeça no quarto de Lyddie. Apenas uma hora antes, ele a
levou para o banheiro e deu-lhe as gotas ultra-fortes do analgésico. Ele contou
exatamente o número que ela deveria ter, então descansou com até que ela se
afastou. Ele podia depender dela para dormir por cerca de quatro horas, e a
corrida ardente que sentia naquele momento, a necessidade de escapar para a
escuridão emaranhada do caminho atrás de sua casa a que levava ao rio
provou ser demais para ele ignorar.

Finn pegou um dos cigarros especiais e um isqueiro de Lyddie e saiu


para a varanda dos fundos e para uma noite viva com os sons habituais de
insetos zumbindo e tráfego da estrada. O aroma pungente e argiloso de terra
úmida e vegetação em decomposição pairava no ar.

A chuva havia parado, mas poderia começar de novo a qualquer


momento. Passou pela antiga teia de aranha de linhas de roupa suja e
arbustos não podados, passando pelas árvores de choupo que se
aproximavam mais perto do caminho do rio. Subindo nos galhos baixos de
um freixo ao lado da ponte de madeira onde ele podia ver se Lyddie acendia a
luz, ele se iluminou, dando aquele primeiro e amargo arraste em seus
pulmões.

Ele segurou a fumaça até que seu coração bateu em seus ouvidos, então
soltou lentamente. De algum lugar distante, ele podia ouvir o fraco thumpa-
thumpa de dance music. Pneus rangiam ao longo do cascalho atrás dele, e ele
congelou, observando os faróis de um carro iluminando o chão abaixo de seu
esconderijo. A luz diminuía e fluía como a água quando o carro virou e
estacionou.

Uma porta do carro bateu.

140
— Bem, olhe lá. — Bill estava debaixo da árvore, seu uniforme
impecável. Ele cruzou os braços, olhou para cima e franziu a testa. — Há um
passarinho muito bonito em uma droga de baseado na árvore.

Finn o ignorou. Ele deu uma segunda tragada. Seus músculos


relaxaram, e a dor de cabeça horrível que ele teve desde que Dare parou
recuou como o rio durante um período de seca.

— Você está descendo? — Perguntou Bill. — Ou eu vou ter que subir e


pegar você?

— Como se pudesse. — Finn mudou, deixando seu pé balançar bem na


frente do rosto do oficial Fraser. — O que você quer?

— Você sabe o que eu quero. — Resmungou Bill.

— Você é um pedaço de merda.

— Sim. Eu sei. — Bill ainda não se moveu para puxá-lo para baixo. — Eu
sei que sou um pedaço de merda, Finn.

Os lábios de Finn se curvaram em um sorriso.

— O que você tem que fazer, Bill?

Quando Bill hesitou, Finn ergueu as sobrancelhas.

Bill abaixou o olhar e lambeu a ponta redonda de borracha do Converse


All Star de Finn, limpando a poeira e a sujeira da ponta até ficar da cor de
amêndoas descascadas, igual a nova. Finn deu-lhe o outro pé, e Bill lambeu
isso também, trabalhando enquanto Finn fumava.

Bill limpou seus tênis com tanto cuidado quanto uma gata mãe cuidaria
de um gatinho, e quando ele terminou, Finn saltou levemente para o chão.

141
Antes mesmo de ter recuperado o equilíbrio, Bill caíra de joelhos, as mãos
atrás das costas, a cabeça inclinada para cima.

Todo o corpo de Bill estava vibrando de excitação.

Finn se adiantou.

— Você sabe o que fazer.

Com as mãos trêmulas, Bill soltou a fivela no cinto de Finn e a afastou


de sua mosca. Era difícil não reagir à ânsia com que ele cumpriu a tarefa. Ele
esfregou o rosto ao longo do contorno do pênis de Finn e o respirou,
balbuciando-o e soprando ar quente através do jeans, sua respiração
acelerando quando ele tirou o zíper de Finn.

—I sso mesmo, Bill. — Finn acariciou uma mão descuidada sobre o


cabelo.

Bill puxou o tecido de cueca liberando o pênis de Finn para balançar na


frente de sua boca.

— Aqui. — Finn puxou uma baforada de fumaça e alimentou seu pênis


na boca de Bill Fraser quase indiferentemente. Fraser fechou os olhos e pegou
o que Finn tinha a oferecer como um sacramento.

— Vá, Fraser. — Finn agarrou o cabelo de Bill com força, sabendo que
era o que Fraser precisava. — Chupe meu pau, seu filho da puta doente.

Dare pegou o caminho pelo rio para limpar a cabeça. Foi um pouco mais
longo, mas passou pela casa de Lyddie.

Perseguidor, muito?

Parou por alguns minutos, observando as janelas escuras, satisfazendo-


se que Finn e Lyddie estavam dormindo que estavam guardados em

142
segurança, tudo bem durante a noite e então caminhou pelo caminho que
acabaria por levá-lo pela ponte.

Os únicos sons que ouvia vinham de trás dele, na cidade, a música do


celeiro e o caminhão ocasional na estrada. Mais perto da água, ele podia ouvir
insetos e rãs e o farfalhar de grama enquanto a brisa fresca balançava ao
longo da margem do rio.

Ele virou a esquina e viu um dos carros de patrulha de Palladian


estacionados ao lado da estrada, perto da água. Ele desviou da calçada e
seguiu sua curiosidade, olhando ao redor, mas não viu ninguém. Franzindo a
testa, tirou o celular do bolso, imaginando se deveria ligar e descobrir quem
estava de plantão, quando ouviu barulhos de palavrões e xingamentos
abafados. Alarmado, ele seguiu o som.

Ele avançou silenciosamente, pegando sua arma apenas para o caso de


interpretar mal a situação. Três passos levaram-no à sombra de um dos
plátanos. Ele olhou entre os galhos mais baixos e viu Finn de pé sobre Bill
Fraser. Ele tinha Bill agarrado com força pelo cabelo e estava positivamente
fodendo poderosamente sua boca aberta e voluntária com golpes impessoais
parecidos com pistão, o tempo todo olhando para o céu e fumando um
baseado.

Dare ficou completamente parado.

O desejo e o desgosto inundaram suas veias em igual medida quando


Bill levou aquele pênis longo e grosso por sua garganta, no que parecia ser um
retorcido ritual de controle e submissão. Finn estava murmurando insultos
expletivos enquanto Bill o chupava avidamente. A pura felicidade no rosto de
Bill era estranha para Dare. Ele nunca tinha visto uma paixão tão intensa.

143
O pau de Dare pulsou em sua calça jeans.

— Goze, Fraser. Prepare-se.

A mandíbula de Finn se apertou e Dare sentiu seu corpo inteiro apertar.


Lágrimas escorriam pelo rosto de Bill quando ele chupou, amordaçou e
chupou novamente, deixando Finn ainda mais profundo.

Nesse ritmo, a voz de Bill seria pouco mais que um grasnido pela
manhã. Querido deus. Agora Dare saberia exatamente por que e enfrentar Bill
seria uma droga... golpe... Nossa. Seria ainda mais estranho do que
costumava ser.

— Agora. — Finn atirou e espalhou por todo o rosto de Bill, em sua boca
aberta, e sobre suas bochechas e seus olhos fechados. Bill era transcendente,
suspirando com algum alívio profundo e quase extático. Então ele gritou,
agradecendo a Finn várias vezes, empurrando a cabeça na virilha de Finn, e
quando isso não conseguiu a reação que queria, ele se inclinou para dobrar no
colo de Finn.

Dare queria se afastar. Ele queria vomitar ou gritar e atacar na clareira e


o babaca do Bill, Finn ou ambos. Ele queria chutar o alívio e o prazer do rosto
de Bill e perguntar a eles o que diabos eles pensavam que estavam fazendo.

Finn fechou o zíper e refez o botão de sua mosca. Ele tomou seu tempo
substituindo o cinto, empurrando o final através do laço e alisando o couro.

— Por favor. —Lamentou-se Bill quando Finn se afastou. Ele pegou


Finn pelo pé e segurou a testa no chão, chorando. — Por favor. Diga.

Finn ficou parado por um longo tempo, olhando para Bill. Ele jogou sua
barata no rio e soltou uma baforada de fumaça, mas permaneceu em silêncio.

144
— Diga, por favor. Finn. Apenas diga. — Bill engoliu seus soluços
duros. —Eu preciso de você para dizer isso.

Finn olhou para ele por um longo tempo. Dare viu repulsa e empatia
escrita na expressão de Finn quando ele encolheu os ombros.

— Bom menino, Bill. Você pode se tocar agora. Goze.

Finn decolou e não olhou para trás, mas Dare viu Bill descascar as
calças e enfiou as mãos em seu short para cavar seu pênis. Alguns empurrões
violentos depois, Bill passou no chão onde Finn estava de pé.

Cristo.

Dare tropeçou pra casa. Tonto e doente, ele não conseguia se limpar o
suficiente ou fechar os olhos com força suficiente para tirar a sensação
daquela troca de sua cabeça. Então, talvez ele finalmente estivesse recebendo
a mensagem.

Ele não podia confiar em nada. Não seus olhos ou seu pau ou suas
memórias ou seus instintos. Ele não podia confiar no status ou nos caras da
velha guarda como Tony, porque um deles teve para saber porque o pai
de Dare se matou. E ele com certeza não podia confiar em seu coração, porque
estava tudo errado sobre Finn, a única pessoa na cidade que ele acreditava
poder confiar completamente.

145
Capítulo 13
O capitão Borkowski ligou para Dare em seu escritório na manhã de
segunda-feira. Dare entrou com alguma apreensão. Ele não achava que
tivesse quebrado nenhuma regra, e ainda não tinha tido a chance de irritar
muitas pessoas.

Talvez tenha sido apenas uma atualização de status.

— Sente-se! — Disse o capitão Borkowski, sem levantar os olhos de algo


que estava escrevendo. — Deixe-me terminar...

Dare sentou-se na cadeira de visitas do capitão e esperou. Ele alisou a


gravata e impediu que se mexesse ainda mais até que o capitão largou a
caneta.

— Sim. É isso. Agora. Como você se sente se instalando aqui?

Dare não se sentiu tentado a dizer a verdade.

— As coisas estão se dando muito bem, senhor. Você tem excelentes


oficiais aqui que têm muita experiência e tenho certeza de que aprenderei
muito com eles.

— Você é o filho do seu pai em tudo. — Borkowski não era tão fácil de
enganar, mas ele parecia bem em deixar as respostas espertas de Dare
sozinhos. — Como você sabe, nós temos uma política de promover de dentro,
e nós contornamos isso para trazer você a bordo.

— Sou grato pela oportunidade. — Ele estava ciente de que não havia
conquistado o direito de ser detetive em Palladian. E se ele esquecesse por um
momento, caras como Bill Fraser e Trent Evans o lembrariam.

146
— Esqueça isso. Com você, Palladian recebe o serviço de um detetive
experiente, o que é uma coisa boa. Mas eu antecipo alguns meses difíceis até
você colocar seus pés embaixo de você. Você terá a chance de se provar. Eu
entendo que houve alguma animosidade?

— Nada que eu não possa lidar com senhor. Somos todos profissionais
no final das contas, todos queremos apenas tirar os malfeitores dos negócios.

Borkowski sorriu novamente.

— Bem, contanto que você saiba que minha porta está aberta.

— Eu faço, Senhor, e sou grato.

— E aquela coisa de pastor?

— Estou esperando pelo relatório do ML.

— Eu entendo que você estava passando por arquivos de casos antigos?


Isso era para o caso de Candy Shepherd?

— Não. Só estou tentando descobrir o que está acontecendo em


Palladian desde que saí. — Dare hesitou. — Eu também quero dar uma olhada
no arquivo do meu pai.

— Eu conheci seu pai, Dare. Eu estava aqui quando ele morreu. Se


houver algo que você queira me perguntar, ficarei feliz em responder se
puder.

— Sabe porque, senhor? Eu ainda não posso seguir minha vida sem
descobrir isso. Por que diabos ele fez isso?

O capitão Borkowski endireitou os papéis em sua mesa e depois


arrumou caneta, lápis e clipes de papel. Finalmente, ele voltou seu olhar

147
para Dare.

— Eu não sei. Eu tentei obter respostas, quando aconteceu. Eu estava


no seu lugar, o mais novo detetive de Palladian. Ele não parecia o tipo. Ele
não deixou nota. Mas às vezes os suicídas não deixam.

— Eu sei. — Dare cerrou as mãos no colo. — Meu mentor em Seattle


disse que, às vezes, um mistério não pode ser resolvido deste lado do céu.

— Talvez seja melhor viver no presente. Borkowski levantou-se e


estendeu a mão.

Efetivamente dispensado, Dare levantou-se e sacudiu-o.

— Obrigado, Senhor.

Borkowski levou-o até a porta.

— Enquanto isso, vamos ver se não conseguimos descobrir quem


invadiu o salão de Lyddie. Chaps esta na minha bunda que alguém fez isso
para uma mulher legal como Lyddie. Especialmente quando ela está tão
doente.

— Estou trabalhando nisso, senhor.

O capitão assentiu e Dare saiu do escritório. A caminho de sua


escrivaninha, serviu-se de uma xícara de café, tomando-o generosamente com
adoçante e creme em pó para melhorar seu sabor lamacento.

Quando voltou ao cubículo, a tela do computador mostrava uma


imagem digital melhorada de sua foto de identificação, completa com um
bigode de oitenta e tons de aviador, com a legenda Dare Buckley. Ele está de
volta em Palladian e desta vez é pessoal.

Como trote foi muito manso. Seu dinheiro estava no oficial Denise Adler

148
para isso. Bill Fraser não o criticava porque sabia que perderia, e Trent Evans
estava mais propenso a deixar uma sacola flamejante de bosta de cachorro na
varanda.

Dare checou seu e-mail e descobriu uma nota de Finn agradecendo-lhe


educadamente pela comida.

Ele bateu os dedos em sua mesa enquanto considerava suas opções. Na


noite de sábado domingo de manhã, para ser exato Dare ficou acordado
durante horas, queimando alternadamente com vergonha e desejo. Ele odiava
Finn por ter o que queria de alguém desesperado como Bill. Por conhecer a
fraqueza de Bill e usá-lo contra ele daquele jeito. E ele odiava Bill por tratar
Finn como merda em público e implorar por seu pênis em particular.

Sua opinião profissional era de que Finn e Bill foram colocados em


alguma merda doentia.

O pênis de Finn. Os quadris de Finn bombeando. Finn fodendo a boca


de Bill com golpes rápidos, mãos no cabelo dele, careta extasiada no rosto
dele quando ele gozou.

Era por maldita certeza que Dare faria a porra além disso, ele não
estava prestes a se tornar o segundo desleixado de Finn depois de Bill porra
Fraser Ele queria Finn. Ele ansiava pela sensação daquele corpo ágil ao lado
dele sob o seu. Mas quando ele se imaginou exatamente na mesma posição
que Bill, de joelhos, a boca se inclinando para receber o pênis de Finn com
toda a humilhação que Finn poderia amontoar nele, a revelação o revoltou.

Ou não aconteceu.

Porque talvez isso o tenha atraído.

149
Ou talvez seja atraído e o revoltou.

Talvez enchesse seu pênis e esfriasse seu coração ao mesmo tempo,


porque nada lhe dava o tipo de pressa de ver Finn foder que Bill tinha.

Dare odiava isso. Mas ele também queria isso. E Deus, isso significava
que ele não era diferente daquele pobre coitado, Bill fodendo Fraser.

Cristo.

Ele fechou os olhos, mas a cena se repetiu por trás de suas pálpebras.

Ah, Finn... Porque Bill? Porquê isso?

Por que não eu?

Seu celular tocou. Depois de ver o nome de Finn no identificador de


chamadas, ele soltou um suspiro profundo. Hesitou por alguns segundos
antes de responder.

— Buckley.

— Isso é soar oficial. — A voz de Finn estava quente e agradável como


sempre. Sexy. Se Dare não tivesse visto a troca entre Finn e Bill, ele nunca
poderia ter imaginado isso em um milhão de anos. Agora era tudo o que ele
podia ver.

— Sim. Bem, estou no trabalho. Algo que eu posso fazer por você?

— Eu... — Finn hesitou. — Eu queria agradecer pela comida que você


trouxe. Lyddie comeu o frango e disse para dizer que estava delicioso.

— Estou feliz que ela pudesse comê-lo.

— Assim... Eu queria te convidar para almoçar. Costco cachorro-quente.

150
Meu prazer.

— Está se preparando para ser um dia bastante ocupado aqui. —


Dare mentiu. Era tão fácil imaginar-se no lugar de Bill. No lugar de Bill, de
joelhos, lambendo Finn...

Muito fácil.

O sangue de Dare gelou por vários motivos diferentes.

Primeiro, com certeza Finn tinha o poder de satisfazer as necessidades


de Bill, mas ele também tinha o poder de destruí-lo social e
profissionalmente. Além disso, Dare tinha visto a indiferença nos olhos de
Finn, a crueldade mal contida. O domínio que ele mantinha sobre suas
emoções enquanto Bill estava tão nu e vulnerável à sua paixão.

Finn segurou todas as cartas, então Bill estava colocando tudo o que
tinha na linha porque ele precisava do que Finn tinha para dar.

De jeito nenhum Dare estava se colocando em uma posição para ser


isso... indefeso.

— Vou ter que fazer uma parada no almoço. — Vou ter que dar uma
passada... tudo.

— Oh. Ok. — A voz de Finn soou menos certa. — Bem. Eu acho que isso
é provavelmente uma coisa boa, né? Para os cidadãos de Palladian. Detetives
ocupados. Crime resolvido. Te vejo em breve.

— Sim, claro. Até a próxima.

— Claro. — Houve uma pausa distinta antes de Finn dizer: — Tchau.

Finn desligou primeiro. Dare desligou o telefone com um estalo e disse a


si mesmo para não olhar de novo. Para colocar Finn de sua mente até mais

151
tarde. Para colocar o latejar do seu pau em espera, porque não poderia ser
real.

Ele não podia querer isso.

Quando o telefone dele tocou de novo, ele não conseguiu reprimir um


momentâneo surto de esperança de que fosse Finn ligando de volta, mas o
número de identificação não era um que ele reconheceu.

— Buckley.

— Detetive Buckley? É Senhora Boyer, mãe de Candy.

— Olá, Sra. Boyer. — Ele precisava de algo para afastar sua mente de
Finn. Talvez isso possa ser isso.

— Você é o garoto de Kent e Olive Buckley, não é? Eu lembro de você.


Que vergonha do seu pai. Bem-vindo de volta ao Palladian.

— Obrigado. O que posso fazer para você?

— Eu... Isso é sobre Candy. Eu tenho algo que acho que você deveria ver.

Dare fez uma pausa e pegou sua caneta.

— Posso perguntar o que?

— Eu encontrei uma nota. Eu não sei. Pode não ser nada, mas achei que
poderia ajudá-lo a encontrar... quem fez isso com ela.

— Sra. Boyer, o relatório do médico disse que Candy morreu de arritmia


cardíaca. Ainda estamos esperando por testes de toxicologia, mas...

— Por favor, acho que isso pode ser importante, ou eu não pediria.

— Eu posso ir e falar com você esta manhã. — Dare verificou seu

152
relógio. — Você mora no mesmo lugar?

Ela recitou um endereço no bairro onde ele crescera. Ele escreveu em


uma nota auto-adesiva.

— Não tenho planos de ir a lugar nenhum até o meio-dia.

— Obrigado, Sra. Boyer, eu terminarei assim que puder.

— Tudo bem. — Ela desligou.

Dare pegou o endereço da Sra. Boyer e pegou sua jaqueta e as chaves.


Quando ele saiu da estação, ele encontrou Denise saindo do banheiro
feminino. Ela parecia muito bem no uniforme: alta e magra quase infantil
com um belo rosto emoldurado por tranças apertadas e curtas.

— Há-ha. — Ele a roçou com o ombro enquanto passava. — Imagem


muito engraçada, Denise.

Ela sorriu para ele.

— Como você sabia que era eu?

— Foi muito elegante para ter sido um dos caras.

— Eu acho.

— Eu pretendo me encaixar aqui, mas não vou pisar no pé. Eu não sou
esse tipo de cara.

Ela se encostou na parede e olhou ao redor deles.

— Entre você e eu, não acho que seja suficiente para suavizar algumas
das penas quando você foi contratado.

— Eu sei como é isso. Eu não posso deixar de ser grato por ter um
emprego. Não é como se eu fosse recusar. Eu precisava disso.

153
— Apenas vigie suas costas.

— Posso contar com você para ajudar nisso? Ou você é a neutra?

— Apenas fique alerta. É tudo o que estou dizendo.

O coração de Dare se apertou por um minuto. Uma coisa era esperar


uma piada prática até cruel. Hazing era um fato da vida, mas...

— Você está dizendo que estou em algum tipo de perigo?

— Claro que não. — Seus largos olhos castanhos se abriram


comicamente. — Nada como isso.

— Bom. — Ele assentiu e se virou para ir embora, mas ela o parou.

— Sou policial, Buckley. Eu não olho para longe de um crime, não


importa quem comete isso.

— É bom saber. — Dare sorriu para ela. Então ele pensou sobre o que
ela disse. — Não é?

Ela cedeu e abandonou seu comportamento feroz.

— Você não está planejando cometer um crime, não é?

— Não.

Ela sorriu e se afastou.

OK. Boas notícias.

Parecia que havia uma pessoa em Palladian que ele não precisava se
preocupar quando estava de costas.

154
Capítulo 14
O caminho para a casa da Sra. Boyer foi rápido e ele estacionou bem em
frente à casa dela.

A Sra. Boyer atendeu a porta quase assim que Dare tocou a campainha,
como se estivesse esperando. Ela usava um agasalho preto com uma faixa
rosa brilhante na lateral, embora duvidasse que estivesse se exercitando. Seu
cabelo estava perfeitamente no lugar. Ela parecia feliz em vê-lo, e ele se
preocupava que fosse decepcioná-la.

O médico havia descoberto que a causa da morte de Candy era natural,


mas não a deixou menos morta. Esse fato levaria sua família um tempo para
processar. Exceto algo estranho no teste de toxicologia, não havia nada
para Dare fazer. A realização da Sra. Boyer estaria chegando em breve. Sua
filha estava morta e nada poderia consertar isso.

Enquanto isso, ele podia ouvir. Ele poderia tentar encontrar uma
maneira suave de dizer que não havia nada para resolver, que a morte de
Candy era apenas mais uma das histórias tristes da vida.

— Estou tão grato por você ter vindo, detetive Buckley. Você descobriu
alguma coisa nova?

— Receio que não, Senhora. Você disse que tem algo para me mostrar?

— Certo. Entre na cozinha e tome um pouco de café.

— Obrigado. — Dare seguiu-a para a parte de trás da casa, em sua


cozinha. A pedido dela, ele se sentou em um banquinho no balcão da cozinha
enquanto ela servia café a ele.

155
— Eu não suponho que você conheceu Candy quando você estava aqui?
— Ela perguntou.

— Não, eu não fiz. Eu sinto Muito. Ela estava vários anos à minha frente
na escola.

— Ela era uma boa menina. Um pouco insegura.

— Finn disse que você parou no salão?

— Sim. Ele foi muito gentil. Eu acho que tinha que ver por mim mesmo
onde...

— Eu entendo isso. — Vendo a cena da morte de alguém desde o


fechamento, mas não foi para os fracos de coração.

— Você faria, não é? Sua vida foi tocada pela tragédia também.

— Sim, tem. — Dare brincou com seu telefone, trouxe notas, então
parecia que ele estava mantendo a tarefa.

— Então você sabe o quão difícil é entender algo assim, no rescaldo. É


por isso que sou muito grata por você estar investigando.

Dare teve que lançar as bases para a verdade desagradável.

— Pode ser que a morte de Candy fosse exatamente o que parecia ser,
Sra. Boyer. Pode não haver nada para investigar.

— É por isso que eu liguei. — Ela empurrou uma tigela de açúcar para
ele. — Você toma com creme?

— Não, preto, obrigada, mas...

— Você espera aqui, eu tenho que ir buscá-lo. — Ela saiu da sala

156
apressadamente.

Em contraste com a cozinha de Lydia, a Sra. Boyer havia sido atualizada


recentemente. Ela tinha bancadas de granito. Grandes azulejos quadrados
que cobriam o chão. Seus aparelhos eram de aço inoxidável e seus armários
pareciam novos. Deu uma impressão moderna que colidiu com o resto do
lugar. Ela não parecia o tipo de cozinha moderna. Quanto a Candy influenciou
suas escolhas?

— Aqui está. — Ela colocou um pedaço de papel amassado ao lado de


seu café. Ele alisou-o à toa para ler. Depois de um único olhar, o chute de
mula do coração dele contra a parede do peito dele foi todo o aviso que ele
teve antes de sua cabeça nadar. A folha branca de papel tinha palavras
rabiscadas em grandes letras pretas:

Meu namorado está de volta e vai haver problemas.Finn Fowler.

A Sra. Boyer teve que colocar a mão em seu braço para firmá-lo quando
ele quase caiu do banquinho. Ele leu e releu a mensagem, tentando entender
o sentido.

— Onde você achou isso?

— Foi amassado no bolso da jaqueta de Candy.

O cérebro de Dare ainda estava tentando processar vendo o nome de


Finn.

— Você sabe quem escreveu isso?

Ela olhou para ele sem expressão.

— Eu assumo que Finn fez.

Cristo, Finn. Que diabos?

157
— Você pode pensar em alguma razão por que ele poderia?

— Não.

— Você acha que Jack poderia ter alguma ideia?

— Talvez. — Ela encolheu os ombros. — Ligue com antecedência, ligue


antecipadamente. Ele tem dias bons e ruins.

— Eu sei. Eu estava lá quando eles disseram a ele sobre Candy.

— Como ele pegou?

— Não foi um bom dia. — O que ele poderia dizer? Na época, ele não
tinha certeza se Jack tinha entendido, mas depois ele ficou agitado, começou
a empurrar. Ele conversou uma milha por minuto sobre notícias antigas.Ele
teve que ser sedado.

Dare pegou uma bolsa de coleta de provas do carro dele. Ocorreu-lhe


que ele tomaria muito cuidado com o ensacamento e etiquetando aquela
nota. Ele duvidava que houvesse qualquer maneira de dizer de onde vinha;
Além do mais, se tivesse sido no bolso de Candy, então ela, a sra. Boyer, e
agora ele, tocara tudo. Mas ele coletou como prova principalmente para o
benefício da Sra. Boyer.

Ou talvez ele aceitasse porque Finn havia assinado em letras grandes e


em negrito.

Provavelmente foi isso, e o fato de que Dare achou que ele sabia
exatamente quem era o bilhete que dizia namorado de Finn.

158
159
Capítulo 15
Algo havia mudado.

Finn não sabia o que era essa coisa, mas ele sentiu. Ele ouviu a incerteza
a estranha distância na voz de Dare quando ele o convidou para o almoço, e a
resposta dele o preocupou.

Finn foi provavelmente mais sensível às nuances de uma troca de


conversação do que a maioria das pessoas. Ele cresceu com uma mãe
alcoólatra em uma casa cheia de segredos dolorosos e mentiras não tão bem-
intencionadas.

Apesar de Ivy ter ficado longe por muito tempo, ela dera a Finn
vantagens distintas: ele podia ler sinais físicos rostos e linguagem corporal
melhor do que qualquer um que conhecesse. Ele poderia descobrir a
duplicidade das palavras de alguém, ouvir as mudanças sutis que as emoções
ocultas causam na voz de uma pessoa. Ele poderia marcar alguém no poker e
descobrir uma mentira no rosto de um político.

Dare estava desconfortável com ele. Evitando-o. Dois dias haviam se


passado desde que ele convidara Dare para o cachorro-quente no Costco
e Dare não ligara. Ele não tinha parado. Ele não tinha estado na cidade para
esbarrar, como na semana anterior. E não atendeu o telefone quando Finn
jogou a precaução ao vento e discou seu número.

Algo definitivamente estava acontecendo e ansiedade manteve Finn no


limite tentando descobrir o que poderia ser.

O pegou de surpresa quando viu Dare caminhando em sua direção no

160
estacionamento da Costco com Stella Gilchrist ao seu lado.

Dare riu alto de algo que Stella disse, e o efeito foi deslumbrante. Stella
era mais velha do que Dare por uns bons dez anos ou mais, mas ela era linda e
construída, usando roupas coloridas sob um suéter rosa ajustado.Dare estava
absorvendo sua atenção como uma esponja. Stella era a garota de Tony
Vicenzo, mas não a impedia de colocar o encanto o mais grosso que pudesse
com Dare.

Ela viu Finn e foi direto até ele com pressa, seus sapatos de trabalho
batendo na calçada e seu rosto mudando rapidamente de diversão para
preocupação.

— Você viu Jack Shepherd?

Finn sacudiu a cabeça.

— Não. Ele fugiu de vocês novamente?

— Ele deve ter escapado da porta do empregado. As pessoas estão


sempre se preparando para sair e fumar, mesmo que a administração tenha
alertado para que não façam mais isso.

Finn assentiu, mas ele estava observando Dare, cuja colônia cheirava
levemente a folhas de zimbro e kaffir. Dare olhou para todos os lugares,
exceto para ele.

— Você tem o melhor de Palladian. Não deve demorar muito para


encontrá-lo. Jack não costuma ir ao celeiro para tomar uma bebida? Ele e
Tony são bons amigos.

Stella corou e olhou para a menção de seu namorado.

161
— Sim, mas ele não esteve lá e Tony está preocupado com ele. Ele me
disse para cuidar dele porque não queremos que nada de ruim aconteça antes
que sua família venha buscá-lo no próximo fim de semana. Eu pensei que ele
poderia ter vindo aqui para um cachorro-quente ou algo assim. Ele adora fast
food e chegou até aqui antes .

— Você deveria perguntar por aí. Eu acabei de chegar no turno e eles me


mandaram embora depois de carroças. As pessoas poderiam tê-lo visto se ele
entrasse em busca de comida.

— Sim, eu vou fazer isso. — Stella mordeu o lábio. — Fique de olho? E


ligue para Dare ou o arranha-céu, se você o encontrar. Ele pode não ser capaz
de encontrar o caminho de volta.

— Tudo bem. Eu vou deixar os outros saberem também. Você


provavelmente deveria circular algumas fotos porque nem todo mundo por
aqui o conhecerá.

Finalmente Dare falou.

— Eu tenho a foto dele no meu celular. Se eu enviar para você, você


mostrará e pedirá aos funcionários que fiquem de olho? Precisamos continuar
nos movendo.

Finn olhou para o tom brusco e franziu a testa. Essa tensão os músculos
que trabalham na mandíbula de Dare certamente não eram sua imaginação.

— Certo.

Stella deu a Finn um dar de ombros confuso antes de ir em direção à


entrada da loja.

— Diga olá para Lyddie por mim, querido.

162
— Eu vou. Obrigado, Stella.

Dare examinou Finn como um inseto preso.

— O quê? — Finn perguntou quando não parecia que Dare ia dizer mais
nada.

— Existe alguma coisa qualquer coisa que você possa ter deixado de
mencionar sobre seu relacionamento com Candy Shepherd?

— Meu... — Finn piscou. — Meu o que?

— Ela tinha este bilhete em sua posse. — Dare pegou uma bolsa do bolso
e segurou-a. — Você já escreveu para a Sra. Shepherd?

Finn tentou lê-lo, mas a maneira como ele tremulava na brisa da tarde,
a maneira como o plástico refletia a luz, ele não conseguia distinguir as
palavras. Ele pegou da mão de Dare.

— O que faz você pensar que eu escrevi isso?

— Bem, para uma coisa — A voz de Dare escorria sarcasmo. — Esta


assinado 'Finn Fowler'.

— Não é minha caligrafia. Qualquer um poderia escrever meu nome.

— Finn.

— Não. Eu não escrevi, tudo bem. Por que eu deveria?

— A natureza da nota parece... não claro. Parece uma provocação. 'Meu


namorado voltou e vai haver problemas. Finn Fowler.”

— Sério? Devo ter insultado Candy de alguma forma enviando uma nota
que cita uma música de antes de eu nascer?

163
— Eu não sei Finn. Você fez?

— Oh, pelo amor de Deus. Eu disse que não é minha caligrafia. Você não
pode acreditar...

— Eu não sei o que para acreditar. Dare enfiou o bilhete de volta no


bolso. — Eu volto para a cidade, então a Candy Shepherd morre no seu salão
de beleza, e então alguém vandaliza, e depois disso, eu acho isso, que vejo
como uma espécie de ameaça, no bolso da jaqueta dela. O que devo pensar?

— Eu nunca escrevi nada para Candy, exceto talvez um cartão de


compromisso. — Finn virou-se para continuar reunindo carrinhos de
compras, colocando-os sobre o robô. — Isso diz que 'meu namorado voltou'.
Para quem é que isso deveria se referir, afinal?

— Isso se refere a mim?

Finn empalideceu.

— Você está brincando?

— Não. — A boca de Dare apertou amargamente. — Não é?

— Eu não tenho namorados.

— Você tem certeza sobre isso?

— Você tem andado por aí muito, você deveria saber.

— Eu acho que não conheço você como eu pensei que eu conhecia.

— Tudo bem. Que faz de nós dois. Tenho trabalho a fazer.

Finn se virou e foi embora. Ele sentiu Dare olhando. Que diabos foi
isso? Uma coisa era Candy morrer no salão; Era outra completamente
descobrir que alguém lhe enviara algo que deveria ter vindo dele. Ele olhou
para trás, mas Dare se foi.

164
Finn levou seu tempo trazendo carrinhos. Ele se acalmou, diminuiu
seus pensamentos frenéticos e seu coração acelerado os efeitos gêmeos de
ver Dare Buckley e perceber que Dare acreditava que ele estava envolvido em
algum tipo de trama.

O ar era denso e úmido, com um leve cheiro do rio e da estrada. O


cheiro de água lenta de troncos apodrecidos e mil tipos de vegetação,
competia com o cheiro acre de borracha e escapamento.

Choveria de novo em breve, encharcando o estacionamento e as pessoas


que ali estavam, pondo um fim à brisa. Isso significava roupas úmidas,
pavimento úmido, umedecendo o entusiasmo por outro dia um dia como mil
antes, prometendo nada mais do que o tempo passando em incrementos
lentos: o trabalho, o salão, depois o lar de Lyddie. E assim foi, sentiu-se
nauseado.

E Cristo, agora Dare pensou... o que? Que ele teve algo a ver com a
morte de Candy?

De jeito nenhum. Dare não podia pensar isso.

Se ao menos a chuva começasse, talvez fosse lavar o medo doente e frio


que envolvia o peito de Finn. Ele tinha segredos. Deus sabia que tinha. Mas
eles não tinham nada a ver com Candy, e eles não eram nada que ele pudesse
compartilhar com Dare.

Nunca.

O trovão retumbou à distância e Finn apressou o passo.

O celular de Finn soou e ele olhou para ele. E-mail de Dare. Abriu-a e o
rosto de Jack Shepherd sorriu para ele. Essa era a única mensagem que

165
Dare pretendia mandá-lo de novo? Porque Finn estava recebendo a outra
mensagem de Dare alto e claro.

— Mais que suja.

Finn se virou para encontrar Bill encostado no quadril contra o


cruzador, observando-o.

— O que você quer, Bill?

Bill deu um passo para a frente, com as mãos no cinto, enquanto ele
dava uma olhada em Finn.

— Você viu Jack Shepherd?

— Não.

— Se você fizer isso, me avise. Ele se afastou do arranha-céu novamente,


e eu preciso encontrá-lo antes que ele corra na estrada e seja morto.

— Dare e Stella Gilchrist acabaram de chegar. Eles perguntaram sobre


ele também. Eu vou estar atento.

Bill bufou.

— O detetive Saint Buckley está no caso, hein? Então, com certeza, será
resolvido .

— Veja o que você diz sobre Dare. — Ordenou Finn.

Bill segurou-o pelo colete refletivo de estacionamento de alta


visibilidade da Costco.

— Ou o que?

Merda. Bill estava com vontade de bancar o policial ruim. Finn podia

166
sentir o cheiro da ansiedade nele.

Bill o sacudiu.

— Ou o que, viado?

— Ou eu posso não estar tão disposto a perdoar sua boca, Fraser.

Bill agarrou Finn pela nuca e enfiou a cabeça na janela do passageiro de


um carro estacionado.

— Cristo. Finn, — Bill sussurrou.

Finn rugiu:

— Deixe-me vá, Bill.

Bill não soltou, mas seu aperto suavizou um pouco.

— Finn. Porra você contou a ele?

— Não. Você sabe que eu não contei a ele, e você sabe o porquê. Finn
baixou a voz quando Bill não o soltou. — Por que eu não contaria a ele, Bill?

Bill o sacudiu novamente e depois soltou. Quando Finn se afastou do


carro e se firmou quando ele voltou seu olhar para o de Bill ele não permitiu
que nenhuma emoção aparecesse.

— Por que eu não contaria a Dare Buckley ou a qualquer outra pessoa


sobre você?

Bill olhou para as botas.

Finn se inclinou para frente e falou apenas pelos ouvidos de Bill.

— Eu não faria isso porque não vou te machucar assim. Você sabe disso,
não sabe? Eu nunca, nunca usaria o que você precisa contra você.

— Eu sei. — Fraser recuou. — Eu sei disso.

167
Finn o seguiu, ainda lançando sua voz baixa.

— Isso é porque eu sou forte. Isso é porque Eu sou aquele no controle.


Eu nunca vou te machucar assim. Sempre. E você pode acreditar nisso. Sua
confiança é um presente, Bill. Eu nunca vou trair sua confiança.

— Obrigado, Senhor.

— Nunca me toque assim novamente.

Bill imediatamente baixou o olhar.

— Me desculpe Senhor. Obrigado, Senhor Fowler.

— O que eu te disse? Você não deve ferir as pessoas, Bill. Lembre-se


disso. Machucar outras pessoas é como se machucar. Repita o que eu disse.
Faça uma declaração. — Eu.

Bill baixou a voz.

— Ferir as pessoas é como me machucar. Eu não devo ferir as


pessoas. Sim Senhor.

Finn esperou alguns segundos antes de falar.

— Bom menino. Você vai ter que ser disciplinado pelo seu
comportamento agora.

Bill tremeu.

— Sim Senhor.

— Eu vou deixar você saber o que quando eu te vejo no domingo.

— Sim. Obrigado, Sr. Fowler. — Bill recuou. Antes de sair, ele pareceu
lembrar por que ele havia vindo. Ele olhou ao redor, apontou um dedo grosso

168
na direção de Finn, e disse: — Veja se você entrar em contato comigo se vir
Jack.

Finn não piscou.

— Eu vou.

Bill entrou no carro de patrulha e saiu, com os pneus cantando. Com o


coração pesado, Finn o observou ir.

Mais tarde naquela tarde, o céu ficou escuro e entupido de nuvens. Na


volta para casa, Finn viu vários carros da polícia estacionados no antigo
prédio do moinho. Lyddie estava esperando por ele na varanda, envolto da
cabeça aos pés em cobertores para se aquecer, a chuva escorria do telhado da
varanda. O cheiro do rio era diferente agora, mais fresco à medida que subia
com a água da chuva.

Ele subiu correndo os degraus e tirou o poncho, sacudindo a água e


jogando a bainha de plástico sobre o braço de uma das cadeiras de resina que
mantinham para companhia.

— Por que você está aqui no frio?

— Oh, querido! — Ela estendeu a mão para ele, agarrando seus ombros
em um abraço apertado e, em seguida, puxando-o para o balanço ao lado
dela. — Eles encontraram um corpo preso em alguns galhos perto da ponte.
Eles não sabem onde foi, e ninguém identificou quem é ainda.

— Não é Jack Shepherd?

— Eu não faço ideia. Eles não estão deixando ninguém se aproximar, e


não estão dizendo uma palavra.

169
Dare provavelmente estava no local, investigando. Finn sacudiu uma
terrível sensação de déjà vu, mas Deus. Foi exatamente como na noite em que
eles encontraram sua mãe.

Oficiais da polícia uniformizados também tinham saído com roupas de


chuva, vasculhando os juncos ao longo da margem do rio. Flashes de câmera
competiam com relâmpagos para iluminar a cena enquanto técnicos
passavam por cada centímetro do chão, procurando por qualquer pequena
pista que pudesse apontar como o corpo dela havia acabado no rio.

— O que aconteceu com o seu rosto?

Finn sacudiu suas memórias.

— O que?

— Você tem uma contusão em sua bochecha.

— Não é nada. Negócio de trabalho. Caixas grandes. Bill o marcou?


Droga. Isso não foi aceitável. Haveria duras conseqüências por uma violação
das regras como essa.

O zumbido dos motores e o barulho dos rádios da polícia eram audíveis


apesar da tempestade. Eles provavelmente iriam a noite toda um ramo de
atividade pulsando em torno de um cadáver coberto de lama.

Resgates rápidos e afogamentos aconteciam com muita frequência,


dada a quantidade de crianças que gostavam de jogar no rio e a rapidez com
que a corrente se movia durante uma tempestade.

Lyddie puxou um lenço de papel de uma caixa na mesa ao lado do


balanço e segurou-o no rosto.

— Isso é como a noite em que Ivy morreu.

170
— Eu sinto muito. — Finn passou o braço em volta dela.

Tony parou para me dizer que Jack desapareceu. Eles acham que talvez
a morte de Candy o tenha atingido com força, mesmo que às vezes ele não se
lembre. É traiçoeiro na água, se ele tomou esse caminho...

— Eu sei. — Finn assentiu. — Vamos esperar que eles o achem seguro.

— Tenho certeza que Dare vai ligar para você avisar se eles o fizerem.

— Eu duvido. Não tenho notícias de Dare há dias, exceto quando ele


veio ao trabalho hoje procurando por Jack. Ele deixou a cabeça cair de volta
nas almofadas. — Talvez ele finalmente tenha descoberto o que uma amizade
comigo poderia custar a ele, e ele não está disposto a pagar.

— Isso não me parece uma coisa com a qual Dare Buckley se


preocuparia.

— Depois de Seattle, ele tem que estar em seu melhor comportamento.


Eu vou entender se ele acha que é uma aposta muito grande.

— Bem, eu não vou. — Seus olhos se estreitaram. — Será que ele acha
que vai ter que usar algum tipo de triângulo rosa se almoçar com um velho
amigo gay?

— Ele provavelmente faz.

As mãos de Lyddie se apertaram em punhos.

— Eu nunca imaginei ele por um covarde.

— Deixe-o sozinho, mamãe-urso. — Finn riu de sua expressão feroz. —


Homens melhores do que Dare Buckley perderam a coragem, em vez de
perder o emprego ou os amigos. Não é problema nosso.

171
— Isso diminui ele. É muito decepcionante para mim. Eu pensei que ele
era um homem melhor que isso.

— Ele é um bom homem. Ele ainda pode vir se não fizermos um grande
negócio com isso. Finn ficou de pé, enxugando as mãos úmidas no jeans. — O
que você quer comer?

Lyddie entrelaçou seus dedos delgados juntos.

— Eu me sinto muito chateada para comer qualquer coisa agora.


Primeiro Ivy e agora quem quer que seja. Eu odeio esse rio, Finn.

— Não, você não faz. — Ele deu a ela um leve empurrão para fazê-lo
funcionar. — É como você sempre me disse. O rio é vida. Constantemente em
movimento. Constantemente mudando. Isso traz e leva embora.

Lyddie segurou as mãos dele.

— E você constrói pontes com amor. Eu sei que eu te disse isso, mas eu
acho que eu consegui de alguma música country ocidental.

— É reconfortante de qualquer maneira, onde quer que você tenha.

Ela deixou cair as mãos e devolveu o lenço aos olhos úmidos.

— Maldição, Finn. Eu preciso de mais tempo. Não estou pronta para te


deixar para trás.

A garganta de Finn queimou, sufocando sua voz. Ele deveria dizer o que
precisava ser dito, mas quando você sabia que a morte estava chegando, às
vezes você podia dizer muito e muito pouco. Finn não se atreveu a deixar
Lyddie saber o quão perdido ele estaria sem ela. Quão quebrado e frio e vazio.
Ele não podia dizer a ela que mantinha seu espírito amoroso dentro dele
como uma luz piloto.

172
Ele não podia dizer o quanto ele gostava toda vez que ela tinha as costas
quando ninguém no mundo dava a mínima para ele. Não podia contar todas
as vezes que ela acreditou nele quando ele não acreditou em si mesmo.

Ele acumulou cada palavra que ela tinha falado, cada toque, cada gesto
ele tentou imaginar cada bondade individual cristalizada em uma pedra
preciosa sem falhas em uma caixa que ele poderia tirar e maravilhar-se
quando ela estivesse fora.

Lyddie era sua mãe em todos, mas fato. Ela era sua consciência, sua
força, seu coração. Suas raízes e asas. Ele não tinha esperança real de
qualquer tipo de vida familiar sem ela. E se ele lhe dissesse isso, o peso dele
esmagaria seu corpo frágil e quebraria sua paz para sempre.

Então ele sorriu para ela.

— Você nunca poderia me deixar, Lyddie. Mesmo se você tentasse.

173
Capítulo 16
— É Andrew King. — Disse o capitão a Dare. — Nós não estamos
dizendo nada sobre isso até que tenhamos a chance de notificar seus pais,
mas... ele é um local. Ele foi para a escola com meus filhos.

Dare sabia esse nome... de onde? Ele olhou para o corpo machucado do
garoto e soltou um grande suspiro. Parecia que todos do Departamento de
Polícia de Palladian estavam vagando por aí se estavam em turnos ou não.
Dare ficou surpreso que nenhum dos cidadãos mais astutos de Palladian fosse
inteligente o suficiente para aproveitar a situação e roubar uma ou duas
mercearias.

— Que bagunça. — O médico legista pegou o termômetro e preparou-se


para avaliar a temperatura do corpo. Dare desviou o olhar. Não era fácil ver
nada na chuva, mas ele preferia não vê-la colocar um termômetro de leitura
instantânea no fígado de alguém.

O capitão Borkowski usava o poncho e um boné de beisebol para manter


a água dos olhos. Tony Vicenzo também estava lá. Os velhos eram fortes, mas
alguém precisava lembrar a Tony que ele estava aposentado. Quando Bill
Fraser apareceu, ele deu a Dare o olhar sarcástico. Isso era rico,
considerando.

Dare olhou incisivamente de volta.

— O que você está olhando?

— Estou esperando por ordens, detetive Buckley. — Fraser não poderia


ter feito essas palavras parecerem mais desrespeitosas.

174
— Certo. — Dare olhou para o capitão.

— Esta é uma investigação oficial. — A voz do capitão Borkowski podia


ser ouvida sobre o rugido do rio. — Qualquer pessoa que não esteja no
trabalho precisa sair.

Bill tomou isso como sua sugestão para ir e empurrar os civis ao redor.

— Encontrei algo. — Evans veio segurando uma bola encharcada e


enlameada do que parecia ser tecido amarelo refletivo em suas mãos
enluvadas. — Isso foi na margem a jusante cerca de duzentos metros.

— O que é isso? — Dare perguntou.

— Um desses coletes de alta visibilidade. Você acha que é da vítima?

O capitão franziu a testa.

— Muitas pessoas pela cidade usam essas coisas.

Sim, de fato, Dare pensou sombriamente. Ele tinha visto Finn Fowler
mais cedo naquela tarde.

— Povavelmente.

— Nunca teria pensado nisso. — Evans virou as costas tão rápido


que Dare quase perdeu seu olhar.

O capitão Borkowski se inclinou sobre o médico legista para olhar o


corpo.

— Hora da morte?

— A água está fria demais para obter algo preciso.

— Ninguém relatou tê-lo visto cair. Seu corpo ficou preso nos escombros

175
da tempestade, ou ele teria ido há muito tempo.

— Ele está terrivelmente machucado, mas a maior parte é pos-mortem,


então parece que ele caiu por algum tempo antes de ficar preso. Algo o
empalou aqui e aqui. — Ela apontou para feridas rasgadas em suas costas e
coxas. — Provavelmente de um ramo.

— Então você acha que ele se afogou?

— Eu acho que é uma possibilidade.

— O que mais poderia ser?

Ela afastou as roupas rasgadas e enlameadas do menino.

— Pode ser a ferida de bala em seu peito. — Ela alcançou uma mão
enluvada ao redor do corpo para levantar o ombro do garoto e procurar por
uma ferida de saída. — Eu não saberei a causa exata da morte até que eu
possa abri-lo. Talvez ele tenha entrado no rio vivo e se afogado, mas parece
que ainda tem a lesma dentro dele.

— Cristo. Tenho que informar seus pais. O capitão Borkowski apontou


para Dare. — Você assume a liderança. Descubra o que diabos aconteceu aqui.

— Sim, senhor, eu vou. — Dare observou o movimento da capitão


Denise. Eles saíram juntos. Dare supôs que eles iam falar com a família do rei.

Dare e Evans caminharam rio abaixo ao lado dos técnicos, vasculhando


o caminho e o banco lamacento, procurando por qualquer coisa que pudesse
sugerir onde a vítima entrara mas o tempoe a escuridão invasora conspiraram
contra eles. Ia ser uma noite longa.

Uma figura magra desceu o caminho em direção a ele, silhueta contra a


luz da rua. Mesmo antes de poder ver seu rosto, Dare sabia que era Finn.

176
— Quem é esse? — Evans perguntou.

— É Finn Fowler. — Dare treinou sua lanterna em Finn para que Evans
pudesse ver. Finn levantou a mão para bloquear o brilho e continuou em
direção a eles.

— O que você está fazendo aqui? — Dare perguntou.

Finn apontou de volta o caminho que ele veio.

— Lyddie está assistindo isso desde a hora do jantar. Ela me fez fazer
uma daquelas grandes jarras de café. Estamos deixando na varanda com
alguns copos. Eu tinha alguns pães e coisas da loja, então fiz sanduíches e os
coloquei para o caso de vocês ficarem com fome.

— Isso é muito atencioso da sua parte. — Dare olhou para Finn. Que
estava encharcado, apesar da capa de chuva amarela que ele usava. Seu cabelo
escuro estava grudado no rosto e no pescoço.

— Parece que já passamos por isso antes.

Dare estremeceu com isso. A sensação de déjà vu deve ter sido horrível
para Finn e Lyddie.

— Lyddie está bem?

Finn passou os braços em volta de si mesmo.

— O que você acha?

— Eu sinto muito. — Dare não se moveu em direção a Finn, mas ele


desejava, e isso o irritou.

— Eu gostaria de poder fazer mais para ajudar aqui. — Disse Finn.

177
— O café é ótimo, obrigada. Vá para casa e aqueça-se. Levar Lyddie para
a cama. Está muito frio para ela estar sentada na varanda.

Os olhos de Finn se estreitaram.

— Obrigado, detetive Dare. Isso nunca teria me ocorrido.

— Finn...

— Noite, Buckley. O café está na varanda. Espalhe a palavra.

Finn se virou para sair, mas Dare finalmente se moveu. Cinco passos
rápidos e ele pegou a mão de Finn.

— Pare. Eu sei que isso deve ser tão difícil para vocês dois...

— Está bem... É só o rio.

Dare não soltou a mão de Finn. Em vez disso, ele puxou Finn para mais
perto quando notou uma sombra sob os olhos de Finn, através de sua
bochecha esquerda. A fúria o encheu.

— Isso é uma contusão? Quem fez isso com você?

— Ninguém. — Finn se afastou dele. — Não é nada. É do trabalho.


Caixas grandes. Às vezes a merda acontece.

— Você sabe que pode me dizer se...

— Eu disse não é nada. Nós estaremos dentro se você precisar de


alguma coisa. Caso contrário, ajude-se. Finn se virou e voltou para sua casa.

Enquanto Dare observava Finn ir, ele apertou a mão no nó em seu


estômago. Ele se virou para encontrar Evans olhando para ele.

— O que você está olhando?

178
— Nada. — Evans jogou as mãos para cima, como se para bloquear um
soco. — Eu estava apenas pensando em como uma boa xícara de café soa bem
agora.

Dare suspirou. Finn com certeza fez dele um bastardo temperamental.

— Eu também. Vamos terminar esta área e depois pegar um pouco.


Dare se virou para encontrar Tony Vicenzo observando-o por pouco. Vicenzo
tinha que ter visto o jeito que Finn chegou até ele. Quando Dare estremeceu,
não foi apenas do frio.

Foi no meio da noite, antes de o último dos colegas de trabalho de


Dare deixar a cena, um por um. Ele tinha que entregá-lo a Trent Evans ele
ficou até o último segundo, trabalhando incansavelmente, sem se queixar de
um mau tempo e de uma margem tão espessa de lama e lodo que tinha sido
cansativo passar por ele.

Quando Trent saiu do meio-fio, as lanternas traseiras de seu F-150


cintilaram na superfície da rua enquanto ele se afastava.

Era possível que Dare tivesse impressionado o taciturno Evans também,


em parte porque ele estava disposto a dedicar mais do que a sua parte no
trabalho, e em parte porque, em algum momento durante a noite, Dare
percebeu que Trent estava espinhoso com todos, então Dare tinha sido capaz
de relaxar e agir naturalmente em torno dele.

Quando ele não tinha um chip no ombro, podia ser um cara simpático.

Subiu os degraus até a varanda de Lyddie e Finn, com a intenção de


jogar fora algum lixo, mas algum instinto o fez tentar a porta. Quando se
abriu facilmente, um lampejo de irritação passou por ele. Por que Finn não
conseguiu trancar a porta?

179
Porra, Finn. Só porque é uma cidade pequena...

Como a porta estava aberta, ele pegou a jarra de café e entrou na


cozinha de Lyddie. O mínimo que ele podia fazer era levar as coisas que Finn
e Lyddie tiveram a gentileza de deixar de fora. Não era como se ele fosse lavar
os pratos ou qualquer coisa, mas... Um gesto de vizinhança merecia outro,
não é?

Dare parou quando viu a luz que vinha da porta do porão, que alguém
havia deixado ligeiramente entreaberta. A música estava tocando, embora ele
não reconhecesse. Era um som estranho e desconfortável. Assombrando algo
que um cara iria ouvir enquanto ele colocava cartas de tarô sobre uma cova
aberta.

Dare revirou os olhos.

Imaginou que Finn seria uma música ruim e perturbadora. Ele seguiu o
som, descendo os degraus de madeira bamba para dentro... outro mundo. O
quarto cheirava a cola e outras coisas menos agradáveis. Soluções de
bronzeamento e corantes, o cheiro sujo de couro molhado e cannabis.

Havia uma espécie de oficina, mesas com pedaços de couro, uma


máquina de costura. Grampos e ferramentas de corte.

As paredes estavam cobertas de obras em andamento máscaras, cintos e


chapéus. As prateleiras exibiam livros, carteiras e jóias de couro, pulseiras e
golas tudo em vários estágios de preparação.

Uma parede era dedicada a itens de fetiche: chicotes, floggers e


calabouço. Arneses, mordaças, fichários e punhos de couro.

Dare expeliu a respiração que ele estava segurando.

180
— Vaca sagrada.

Finn estava ciente de que alguém havia entrado em sua oficina. Ele se
virou no primeiro rangido de um pé na escada e relaxou consideravelmente
quando percebeu que era Dare e não Bill, que às vezes o interrompia
enquanto trabalhava.

Bill aparecia sempre que se sentia estressado ou ansioso, e aquelas


noites podiam estar aparecendo, dada a tensão que Bill sempre carregava
consigo. Como naquela tarde no estacionamento, seu terror poderia levá-lo a
atacar, e Finn não gostava de estar em seu caminho naqueles tempos.

Finn também não gostava particularmente de punir as transgressões, o


que era a primeira coisa em sua agenda para a próxima vez que ele viu o
oficial Bill Fraser.

Por outro lado, apesar de tudo de como eles agiam em público e como as
coisas estavam tensas entre eles Finn tinha uma compaixão peculiar por
Bill. Uma vez ele viu o pai de Bill espancá-lo sem sentido por nada mais do
que não limpar as patas do cachorro antes de deixá-lo pular na cabine do
caminhão.

O pai de Bill teve um prazer selvagem em manter Bill desequilibrado


nunca certo se seu sorriso significava um elogio ou uma concussão. Seu pai
doente criara um homem que não conseguia formar relacionamentos
saudáveis, não podia expressar nenhuma emoção além da raiva, não podia
admitir que era gay e não conseguia encontrar alívio, a não ser por
humilhação, às vezes, por uma dor séria.

Como Finn se tornou amigo de Bill era um emaranhado bizaro de


circunstâncias extraordinárias, mas eles eram amigos de certa forma. Ele
descobriu cedo que ele poderia ajudar Bill, então ele fez o que pôde em suas

181
reuniões clandestinas e optou por não pensar em como isso seria para os
outros.

Que cumpriu seu próprio desejo mais profundo de dominar e controlar


um homem enquanto lhe trazia alívio sexual bem... isso foi um bônus. Foi
uma partida feita longe do céu, mas manteve os dois indo por um longo
tempo.

Dare nunca entenderia, nem em um milhão de anos, se a maneira como


ele estava de olho no trabalho de couro fetichista de Finn era qualquer coisa
para passar. Finn o esperou, observando cada emoção sobre o rosto todo
americano de Dare.

Choque, depois curiosidade, interesse e até um pouco de saudade.


Alguma vergonha. Finn tentou não se importar, tentou acreditar que o que
Dare pensava de seu trabalho, dele, não significava nada. Depois do modo
como Dare estava agindo, não deveria ter significado nada.

Mas isso acontece.

Ainda... Dare estava se transformando em um enigma. Uma mistura


estranha de armário e da prostituta.

Claro, Dare namorava mulheres, mas o jeito que ele tinha chegado a
Finn não era bêbado o que Finn poderia ter dito ao rejeitá-lo. Dare sabia o
que precisava, mas tinha medo de pedir por isso.

Dare o queria, mas ainda não havia percebido o que isso poderia
significar.

Nisso como em todas as coisas relacionadas à autoconsciência Finn


tinha a vantagem.

Finn ficou de pé.

182
— Olá, Dare.

Dare parecia pronto para voltar a subir as escadas, mas recuou para
alguma obrigação de proteger e servir.

— Você deveria estar trabalhando com todos esses produtos químicos


em um espaço fechado?

— Há um respiradouro. — Finn se levantou e ligou um interruptor na


parede que começou um exaustor. Retirava o ar da sala e, em pouco tempo, o
lugar cheirava, se não mais fresco, pelo menos tóxico. — Eu não esperava
passar tanto tempo aqui. O tempo passoue não percebi.

— Você esteve aqui a noite toda?

— Depois que Lyddie deitou. — Finn assentiu. — Eu não consegui


dormir.

— Queria ter tido a chance de dormir. Acabamos de terminar e eu vim


aqui para me livrar de algum lixo. Eu coloquei sua jarra de café de volta na
cozinha. Dare tirou o cabelo úmido do rosto. — Por favor, mantenha sua porta
trancada, Finn. É uma cidade pequena, mas não é Mayberry. Eu não esperava
te encontrar acordado.

— Eu não tenho trabalho amanhã. — Finn olhou para o relógio. — Eu


acho que é hoje, agora. Eu vou conseguir dormir.

Dare deixou seu olhar vagar pela mesa de trabalho de Finn.

— O que você está fazendo?

— Esta é uma máscara de couro para Lyddie. Seu aniversário é na


próxima semana.

183
— Uma máscara?

— Ela viu uma máscara que eu fiz para o Pride, e decidiu que queria
uma própria.

Dare franziu o cenho para isso.

— Como é considerado Orgulho se você é mascarado?

— Eu acho. — Disse Finn com um sorriso forçado. — É orgulho porque


eu não uso uma máscara na minha vida cotidiana.

— Posso ver?

— Sim.

Finn se afastou para que Dare pudesse ver no que ele estava
trabalhando: uma máscara de couro em um belo tom de azul violeta.

— Não parece muito ainda. Eu cortei o couro e o pintei, então será mais
fácil trabalhar com ela quando estiver molhado. Agora estou secando devagar
e moldando enquanto vou. Em algumas comissões, faço um molde do rosto
do cliente, mas não queria colocar Lyddie nesse processo porque é tão
claustrofóbico. Eu estou usando um molde de face padrão aqui para obter a
dimensionalidade.

— Entendo.

Finn continuou beliscando o couro flexível, apertando e moldando-o.

— Esta é a fase em que dou a ela caráter. Eu adiciono cristas e, como


essa é uma máscara de fada, estou usando moldes secundários para enfatizar
as maçãs do rosto. Eu estou inclinando o olho um pouco para olhar astuto.
Então eu pego essas peças aqui. — Finn indicou uma franja de tiras que ele
tinha cortado em torno da borda da máscara. — E as reformulou em

184
arabescos. Eu vou estar embutindo cristais e adicionando penas.

Dare soltou uma risada surpresa.

— Vai ser lindo.

— Claro que é. Tem que ser pelo menos tão bonita quanto Lyddie é para
mim. — Finn alisou os olhos e o nariz com uma pequena ferramenta de
estampagem em forma de colher para deixar a expressão facial do jeito certo.
— Provavelmente só vai parecer berrante, mas...

— Shh. É uma obra de arte. Você deve saber disso.

Finn encolheu os ombros, mas ficou satisfeito com o elogio.

Dare colocou a mão sobre a de Finn e entrelaçou os dedos.

— Posso te perguntar uma coisa?

A respiração do finn apanhou.

— Sim.

— Quanto tempo Lyddie tem?

— Não muito mais. — Finn piscou a repentina picada de lágrimas. — Ela


diz que está cansada.

Dare assentiu.

— Eu sinto muito.

Finn aceitou a pressão confortável dos dedos de Dare sem falar.

— Posso ver sua máscara de orgulho?

Finn levantou o olhar da visão de parar o coração de suas mãos


entrelaçadas.

185
— Eu acho. Eu vou pegar.

Finn foi até a despensa do depósito, uma sala pronta no porão onde
Lyddie costumava guardar enlatados e coisas sazonais. Ele e Dare haviam
brincado lá quando crianças eles se refugiaram das amigas de Lyddie e se
esquivaram das tarefas e dos deveres de casa naquela sala muitas e muitas
vezes.

Quando Lyddie ficou doente, ele limpou todas as suas coisas e


perguntou se ele poderia usar todo o porão para o seu trabalho. Lyddie estava
mais do que feliz por não ter mais que subir e descer as escadas do porão. Ela
provavelmente sabia que Finn mantinha as coisas lá dentro, ele não queria
que ela visse, mas acrescentou uma fechadura, então se por acaso ela descer
as escadas, ela não iria errar.

Finn não queria que Dare visse ali, embora seu equipamento quase todo
feito à mão a cruz de St. Andrew e os bancos acolchoados fosse uma fonte
particular de orgulho. Ele entrou e fez questão de fechar a porta atrás de si.

Ele não precisava da luz para ver seu equipamento bem organizado.
Prateleiras e estacas nas paredes continham um arsenal de algemas, correntes
e ferramentas. Ao sentir, Finn tirou a máscara de um dos ganchos.Antes de se
virar, porém, Dare acionou o interruptor e a pequena sala inundou-se de luz.

— O que...

— Espere por mim lá fora. — Finn instruiu. Dare já havia visto seu
estoque de mercadorias fetichistas, mas esse era um espaço privado.

Dare tropeçou para trás, e Finn seguiu, a máscara na mão. Ele desligou
a luz e fechou a porta, mas o estrago estava feito. Ele tinha visto tudo.

186
Como se não houvesse nada incomum na maneira como Dare estava
olhando para ele, levantou a máscara.

— Este é o que eu fiz para mim mesmo.

A respiração de Dare estremeceu em um suspiro longo e lento.

— Isso é bom.

— É Anúbis. — Finn colocou a faixa elástica sobre a cabeça e abaixou a


máscara. A pesada cabeça de chacal de couro preto fosco se agarrava às maçãs
do rosto e cobria a boca e o queixo.

— Isso é... — A voz de Dare quebrou.

Finn levantou os braços e entoou:

— Eu sou Anúbis. Guardião da balança. Senhor do submundo. Ajoelhe-


se diante de mim.

O desejo nu acendeu a expressão de Dare, apenas para ser substituído


um segundo depois por um medo abjeto.

— Cristo, isso é justo...

Finn deu um passo para trás e removeu a elaborada peça de cabeça.

— É apenas uma máscara.

— Não. Está tudo bem. — Dare correu em direção às escadas. — É


interessante. Mas estive acordado a noite toda e...

— Se você está com fome, eu posso fazer ovos ou algo assim.

— Não. Dare já estava na metade da escada. — Estou apenas no mato.


Eu vou me ver fora.

— Você não tem que...

187
— Noite, Finn. — Dare fugiu o resto do caminho do porão de Finn.
Segundos depois, a porta da frente fechou-se em silêncio.

188
Capítulo 1 7
Ajoelhe-se diante de mim.

...E assim, Dare tinha uma imagem mental nova e brilhante que ele não
conseguia apagar, dormir ou empurrar para a parte de trás do ônibus.

Dare estacionou em seu espaço habitual na estação antes do amanhecer


do dia seguinte. Ele pegou sua caneca de viagem de café desta vez sem
documentos e sua pasta antes de entrar.

Talvez ele não conseguisse tirar Finn de sua mente, mas se ele exaurisse
seu corpo no trabalho, ele certamente cairia em um sono profundo e sem
sonhos mais tarde naquela noite.

Ajoelhe-se diante de mim.

Oh, como ele queria fazer exatamente isso. Ele queria se ajoelhar e ouvir
quando a suave voz de comando de Finn tomou conta dele. Ele queria
abandonar todo o pretexto e jogar fora seus problemas e apenas deixar Finn
tê-lo, do mesmo modo que Finn tinha Bill lá no parque perto do rio. Ele
queria se sentir tão aliviado quanto Bill quando Finn disse:

— Bom menino. — Como se toda a tensão tivesse saído de seus


músculos e ele pudesse respirar novamente depois de uma longa e sufocante
falta de ar.

Querendo que Finn, querendo qualquer um, dominá-lo era um


território totalmente novo para Dare, mas todas as células de seu corpo
ansiavam por isso. Ele sabia exatamente como Finn soaria e o que ele faria,
e Dareprecisava disso como comida e água. Como uma infusão de oxigênio

189
para os pulmões e sangue e cérebro.

Dare queria ser do Finn bom menino como se ele nunca quisesse nada
em sua vida. Mas Deus, aquela sala, os dispositivos estranhos, uma enorme
cruz em forma de X na parede, um banco acolchoado com algemas presas a
todos os quatro pés, remos, chicotes e várias cordas de cores diferentes.
Dare não sabia o que pensar sobre isso. Ele só sabia que a sala o deixava
aterrorizado e excitado.

Isso o revoltou, mas estimulou todos os nervos em seu corpo.

Dare só sabia que ele era um plug, procurando uma saída, e ele sentiu
como se tivesse finalmente encontrado o que se encaixava.

Finn o eletrizou.

Finn o aterrorizou.

Guardião da balança. Senhor do submundo. Ajoelhe-se diante de mim.

Sim.

Sim.

Revivendo a maneira que Finn disse aquelas palavras na noite


anterior, Dare não tinha sido capaz de sair com força suficiente, ou com
frequência suficiente. Ele acabou usando um vibrador no chuveiro para
alimentar uma fantasia vívida de Finn transando com ele como um animal, e
então ele chorou como um bebê quando gozou.

Cristo. Ele deixou cair suas coisas em sua mesa e amaldiçoou em parte
porque ele derramou café em seu punho e em parte porque ele estava ficando
cada vez mais envolvido com um cara que parecia estar ligado a uma

190
investigação em uma cidade que estava lhe dando sua últimaoportunidade

Faça o seu trabalho, Dare. Você vai estragar com seu pau novamente
se você não fizer apenas o seu trabalho.

Seu celular tocou antes que ele pudesse começar.

— Buckley?

— Sim, capitão, tudo bem? Eles encontraram Jack ainda?

— Ainda não.

— Você aprendeu algo mais sobre Andrew King?

— Sim. Ele trabalhou na Costco, mas ele está em algum programa de


horticultura no Chemeketa Community College. Ele tem uma fazenda de
maconha crescendo em seu apartamento. Parece que pode ter sido um
negócio de drogas que deu errado.

Dare tomou a decisão de dividir o segundo para cobrir sua bunda e


contar ao capitão tudo o que sabia, porque depois de Seattle, ele tinha que ser
transparente como vidro.

— Acho que Finn Fowler tirou a erva de sua tia Lyddie da vítima.

— Eu odeio coincidências.

Dare fechou os olhos. Ah, Cristo, Finn em que você está...

— Eu também.

— Você não registrou uma nota ameaçadora de Finn ontem?

— Finn jura que ele não escreveu.

— E você acredita nele.

Eu acredito?

191
— Finn nunca mentiu para mim desde que eu o conheço. — Mas ele
também não me conta toda a verdade.

— Não é como se dissesse que ele estava mentindo.

— Finn não mente. Eu não acho que ele faça.

— Não deveríamos considerar a possibilidade?

— Eu acho que devemos. — Dare se sentiu mal.

— Vá busc-lo. Diga a ele que gostaríamos de fazer algumas perguntas. É


tudo voluntário, blá, blá, blá .

— Entendi. — Dare desligou.

Isso vai me machucar mais do que te machuca, Finn.

Finn estava deitado no sofá, cochilando, enquanto esperava o sinal para


trocar uma carga de roupa da máquina de lavar até a secadora. Alguém bateu
na porta, o que era estranho porque Lyddie estava lá fora. Antes que ele
pudesse levantar, Dare entrou pela porta da frente.

— Dare. — Finn teve o impulso absurdo de alisar seu cabelo.


Provavelmente estava todo em cima. Aliás, ele provavelmente tinha cara de
travesseiro. Atirar. — Eu não estava esperando por você.

— Eu sei.

Dare parecia tão bom que quase machucou os olhos de Finn. Ele usava
um terno azulmarinho com uma camisa azulclara e uma gravata de seda
estampada em tons de cinza e um marrom quente que combinava com seu
cabelo. Ele parecia um pouco pior para usar naquela manhã, as sombras sob
os olhos e a barba curta revelando sua longa noite. A carranca no rosto dele

192
dizia que o dia não estava melhorando muito.

— Receio que possa ter más notícias para você.

— O quê? — O coração de Finn se contraiu enquanto ele se dirigia para a


varanda. — É Lyddie? Ela esta bem?

— Sim. — Dare pegou seu braço antes que ele pudesse passar. — Lyddie
está bem.

Finn olhou para Dare por assustá-lo.

— O que, então?

— O cara que você compra droga, ele trabalha na Costco com você?

— Sim.

— Eles não fazem testes obrigatórios de drogas lá?

Finn olhou para longe, sem vontade de colocar Andrew em apuros.

Dare deixou ele ir.

— Ok, então alguns de vocês acharam um jeito de jogar o sistema,


certo? Porque eu vi você fumar maconha, Finn.

— Quando? — A boca de Finn ficou seca. — Quando você me viu...

— Isso não é importante. Sinto muito ter que te dizer isso. Foi Andrew
King que tiramos do rio ontem à noite.

— Andrew? — A cabeça de Finn recuou. — Andrew está morto?

Quando os joelhos de Finn se dobraram, Dare estava ali para pegá-lo.


Depois de dar a ele um minuto para conseguir o equilíbrio, ele levou Finn
para uma cadeira.

193
— Temo que sim.

— Ele se afogou? — Dare não respondeu, e Finn sentiu a bile subir em


sua garganta. — Ele fez.

— O quão bem você o conheceu?

— Oh meu deus, Dare. Andrew foi assassinado?

— Sim.

— Oh Cristo. Nós somos amigos há algum tempo. Nos conhecemos na


escola. Ele é mais jovem. Confiante. Feliz. Finn se lembrou do sorriso de
Andrew com uma clareza angustiante. — Ele gostava de cultivar coisas.

— Ele tinha uma fazenda de maconha em seu apartamento.

— Não. — Isso não era verdade, certamente? — Ele se interessou pelo


bem de Lyddie. Ele me disse que ele...

— Ele lhe disse o que?

— Ele me disse que fez isso por mim. — Finn sabia as palavras de
Andrew para a linha que eles eram, na época, não tinha? Talvez não. Finn
fechou os olhos, sentindo-se ligeiramente doente. — Apenas uma linha, então.
Tem certeza de que foi Andrew King que você encontrou? Ao redor do meu
tamanho? Tingido cabelo preto, olhos castanhos?

Dare assentiu sombriamente.

— Eu preciso que você venha para a delegacia comigo e responda


algumas perguntas.

— Eu... — Finn hesitou. — Você quer que eu vá com você? E quanto a


Lyddie?

— Denise se ofereceu para ficar aqui enquanto você vem comigo.

194
— Espere.— Finn olhou para o rosto de Dare. Sua expressão não dava
nada. — Isso não é um pedido, é?

— Claro que é um pedido. Só achei que você se sentiria melhor se viesse


comigo se alguém ficasse com Lyddie.

— Tudo bem. — Lentamente, Finn pegou sua carteira e desligou a mesa


de café e os guardou no bolso de suas calças cargo.

Dare o levou até a varanda, onde encontraram Denise conversando em


voz baixa com Lyddie. Um sentimento de irrealidade tomou conta de Finn.

— Lyddie, vou com o Dare um pouquinho, volto logo.

— Tudo bem. — Os olhos de Lyddie estavam desfocados. Sonhadores. —


Você tem um bom tempo, querido.

Denise disse olá enquanto eles passavam.

— Não se preocupe com sua tia. Eu cuidarei bem dela.

— Obrigado. —Disse Finn.

Ele seguiu Dare até a rua e subiu em sua caminhonete. Dare entrou ao
lado dele, sem dizer nada enquanto ele ligava o carro e saía para a estrada.

— Estou com problemas, não estou? — Finn perguntou.

— Porque você pensaria isso?

— Você não vai olhar para mim.

— Estou dirigindo.

— Você não olhou para mim antes de entrarmos no carro também.

— Você está imaginando coisas.

195
— Juro por Deus, Dare, não fiz nada de errado. Um pequeno pote. Você
mesmo disse que não é realmente ilegal.

— Só precisamos fazer algumas perguntas, é tudo. Dare manteve as


duas mãos no volante, dez horas e duas horas. Sua voz era desprovida de
emoção. Sua expressão estava gravada em granito.

— Foda-se Dare Buckley. Pare de jogar Robocop e me diga o que está


acontecendo.

— Candy morre no salão da sua tia. Seu salão foi saqueado. ML diz que
as drogas podem ter ajudado na morte de Candy. Nos pertences de Candy,
encontramos uma carta ameaçadora e incriminadora que você diz que nunca
escreveu. Você e Andrew King são amigos. Você compra sua droga dele. Agora
ele está morto.

— Você pensou que eu matei Andy?

— O quê? — Dare brevemente olhou para ele. — Claro que não acho isso.

— Então o que?

— Eu acho que é uma porra de proporções épicas, mas todas as peças


parecem envolver você.

— Coincidências ridículas. — Argumentou Finn. — Eu só comprei um


pouco de droga de um amigo para...

— E como vai parecer se conseguirem um mandado para procurar a casa


de Lyddie? — As juntas de Dare ficaram brancas no volante. — Como vai ser a
polícia quando eles virem seu pequeno palácio de prazer, Finn?

— Meu o quê?

196
— Olha, eu estou tentando te ajudar, mas eu só posso ir tão longe nesse
limite. PD Palladiano poderia ser minha única chance de salvar minha
carreira. Se você me disser no que você se meteu aqui, talvez eu possa tentar
ajudá-lo a descobrir as coisas. Eu posso te ajudar a conseguir um bom
advogado. Minha mãe ainda conhece algumas pessoas por aqui. Mas você tem
que me dizer o que estamos enfrentando, ou...

— O que nós estamos enfrentando? — A luta ou fuga de Finn


finalmente, totalmente chutada. — Eu não tenho nada, nada a ver com a
morte de Andrew. Ele era meu amigo, seu idiota. Não tente ser tanto o policial
bom quanto o policial ruim nessa equação. Eu posso ver o que você acredita
em mim. É todo o caminho que você disse palácio do prazer.

— Finn, você tem que admitir que parece muito esquisito.

— Só para alguém como você, que não tem ideia do que é.

— Eu sei o que vi.

— Mas você provavelmente teve que pesquisar cada item no Google para
saber para que é usado.

A mandíbula de Dare se apertou.

— Eu não sou bobo.

— Então não atue como um. — Finn estalou. — Eu não tive nada a ver
com a morte de Andrew. Você está desperdiçando seu tempo comigo
enquanto quem realmente fez isso com Andrew está livre para fazer isso com
outra pessoa.

A mandíbula de Dare se apertou e eles seguiram o resto do caminho até


a estação em silêncio.

197
198
Capítulo 1 8
Duas horas depois, Finn ainda estava sentado em uma mesa em uma
sala de conferências na delegacia de polícia. Trent Evans lhe dera uma xícara
de café. Até agora, as coisas pareciam muito civilizadas, mas repassar os
mesmos fatos fazia sua cabeça latejar. Trent Evans fez as perguntas,
e Dare ficou sentado com as mãos cruzadas no colo, observando com
benevolência, sem dizer nada.

O idiota.

— Então, Andrew lhe vendeu quantidades modestas de maconha, que


você deu à sua tia para neutralizar a náusea induzida pela quimioterapia e
aliviar a dor. Estou conseguindo isso certo? — Evans perguntou novamente.

— Eu te disse eu nunca havia comprado maconha de Andrew. Ele deu


para mim, sempre menos de uma onça, para o uso pessoal da minha tia
Lyddie.

— E eu lhe disse: nós estabelecemos que Andrew era um traficante de


drogas com um grande crescimento e um negócio muito lucrativo. Por que ele
iria dar a você?

Finn estava cansado o suficiente para abandonar todo o pretexto de


civilidade. Ele finalmente soletrou:

— Porque ele gostou quando eu o amarrei e peguei ele na bunda, certo?


Nós fodemos. É por isso que ele deu para mim.

Dare se encolheu.

— Finn.

199
Ele fala.

— Então vocês eram amantes. — Trent continuou como se Dare não


tivesse falado. — E é por isso que ele te deu maconha?

— Sim. Mas não fomos amantes. Nós tivemos uma relação sexual.

— E qual foi o seu relacionamento com a Candy Shepherd?

— Eu não tenho um.

— E ela acabou morrendo por baixo da secadora no salão de cabeleireiro


da sua tia com uma nota ameaçadora no bolso do casaco dela?

— Eu não escrevi essa nota.

— Mas tinha o seu nome nele.

— Pelo visto. Qualquer um poderia ter escrito isso.

— E alguém revirou o salão de cabeleireiro da sua tia.

— Parece ser o caso.

— E então seu amante. — Evans foi implacável — O traficante, que


forneceu drogas à sua tia, foi baleado e encontrado no rio atrás de sua casa.

— Sim.

— Você está conectado a ambos os crimes. Você conhecia as duas


vítimas.

— Espere. — Finn fechou a boca. Mesmo que Evans tenha feito a


pergunta, ele olhou para Dare. — Candy foi vítima de um crime?

Evans abriu um dos arquivos na mesa e olhou para o conteúdo. Finn


teria apostado que era só para mostrar.

200
— Telas de toxicologia voltaram. Candy tinha drogas na corrente
sanguínea que podem ter causado uma arritmia. Cocaína e metanfetamina.
Ela também testou positivo para THC, e eu não tenho que...

— Entendo.

— Isso não te surpreende?

— Na verdade, não.

— Por que não?

— Doces festejaram. Ela estava errática. Alguns dos cabeleireiros


disseram que ela veio em alta antes.

— Então você sabia que Candy Shepherd usava drogas? Você já vendeu
sua maconha?

— Eu não vendo drogas. — Finn bateu com o dedo para enfatizar suas
palavras. — Eu trabalho na Costco. Eu gerencio um salão de cabeleireiro. Eu
faço artigos de couro. Eu não vendo drogas.

— Mas seu amante, Andrew King, vendia drogas. Ele vendeu drogas
para Candy Shepherd?

— Eu não sei.

— Você já o viu com alguma droga além da maconha?

— Não.

— Você já usou cocaína?

— Não, eu não.

Evans suspirou como se estivesse ficando tão cansado de suas perguntas


quanto Finn. Andrew forneceu-lhe alguma outra droga?

201
— Andrew não me forneceu drogas. Ele me deu uma pequena
quantidade de...

— Tudo bem, nós entendemos. Um presente. Pequena quantidade.


Suponho que ele levou você e sua tia Lyddie para águas internacionais
enquanto vocês dois fumavam também.

— Provavelmente seria prudente dizer sim a isso, não seria?

O olhar de Evans prendeu Finn na cadeira.

— Eu acho que você estava vendendo drogas no salão de beleza da sua


tia.

— Não.

— Eu acho que alguém teve essa ideia, e eles jogaram. Eles estavam
procurando por drogas ou dinheiro?

— É possível que eles estivessem procurando por Bigfoot. Eu


dificilmente estaria em posição de especular sobre as motivações internas de
pessoas que eu nem conheço existir.

Dare bufou e Evans lançou-lhe um olhar fulminante.

Pelo amor de Deus, eles nunca se cansariam de grelhar ele?

— Então, para o seu conhecimento, ninguém veio ao salão de


cabeleireiro da sua tia em busca de drogas?

— Por que eles? É um salão de cabeleireiro.

— E você não sabe onde Candy tem suas drogas?

— Eu não posso.

202
— E você mantém que não tem ideia de quem matou seu namorado,
Andrew?

Finn piscou. Isso dói. Isso doeu pra caralho, droga. Dare olhou
diretamente para ele quando Evans disse isso. Ninguém se importava com o
fato de um garoto maravilhoso de 22 anos, que cultivava tomates da herança e
tivesse um sorriso como um anjo caído, fosse ser assassinado.

Finn teve que limpar a garganta antes de falar.

— Mais uma vez, Andrew não era meu namorado. Eu não tenho
namorados. Eu fodo pessoas. Mas Andrew foi uma das melhores pessoas que
conheço. Um dos homens mais amáveis e mais saudáveis de meus
conhecidos, e espero sinceramente que você pegue seu assassino. Espero que
a pessoa responsável pela sua morte pague na cadeia pelo resto de sua
maldita vida.

Os dedos da mão direita de Evans se apertaram em um punho apertado.

— Você é muito hostil para alguém que deveria estar tentando nos
ajudar.

— Eu acho que isso depende se você acha que eu deveria estar tentando
ajudá-lo a encontrar o assassino de Andrew, ou se você quer que eu ajude
você a me enforcar por um crime que eu não cometi.

— Finn. — Dare se inclinou para frente.

Finn ficou de pé.

— Acho que já ajudei o suficiente por hoje. Estou livre para ir?

Evans franziu a testa para ele e depois olhou para Dare.

203
— Sim.

— Você está livre para ir. — Dare disse a ele. — Por favor, não saia da
cidade.

— Isso é rico. — Finn zombou. — Onde diabos eu iria?

Ele reuniu suas coisas e tanto de sua dignidade quanto ele poderia
reunir. Quando ele finalmente saiu da estação, Dare tentou pegá-lo na saída.
Finn passou por ele.

— Ei. Você não quer uma carona de volta para a casa de Lyddie?

— Não de você.— Finn foi até o estacionamento.

— Espere. Por que você está com raiva de mim?

Finn olhou para ele.

— Você está brincando comigo?

Dare tirou as chaves do bolso do casaco. Ele parou quando chegou a sua
caminhonete, mas Finn continuou andando.

— Eu sinto muito. Nós precisávamos de você para responder algumas


perguntas...

— Você está gravemente ficando com isso?

— O que você quer dizer? — Dare franziu o cenho para ele.

— Eu conheço um interrogatório quando vejo um, Dare Buckley.

— Você não foi interrogado.

— E você pode acabar com isso... maldita… — Finn se virou antes que
ele pudesse perder o controle.

Dare tentou pegar o braço dele, mas Finn se afastou.

204
— Finn, você vai parar…

— Há algum problema aqui? — O rosto de buldogue de Bill Fraser tinha


uma expressão curiosa.

— Você pode me dar uma carona para casa, Bill?

— Sim. Claro. — Bill olhou de volta para Dare. — Afaste-se, Buckley. Eu


tenho esse.

— Oh, pelo amor de Deus. — Dare caiu contra o pára-choque de sua


caminhonete. — Eu posso te levar para casa, Finn. Eu preciso pegar Denise de
qualquer maneira.

— Eu disse que eu tenho isso. — Bill olhou para ele.

— Tanto faz. — Dare virou-se em fúria e voltou para o escritório.

Finn seguiu Bill para seu carro de patrulha.

— Não gosto muito disso.

Bill abriu a porta do passageiro.

— Muito tarde.

— Dare Buckley provavelmente está aqui para ficar e não faz sentido
em...

Bill fechou a porta no rosto. Tanto para o minuto de Bill de bom.

Finn olhou para a mão.

— Não faz sentido provocar um pit bull.

Ele soltou um suspiro.

Dois pit bulls.

205
Merda.

206
Capítulo 1 9
Trent franziu o cenho para Dare quando ele voltou para sua mesa.

— Isso foi uma lavagem total. Eu não tenho namorados. Eu fodo


pessoas. Que maquina.

— Ele não é uma maquina. Ele é um cara altamente inteligente, criativo


e adaptável. Ele pensa em mim como seu amigo e viu o que fizemos aqui
como uma traição. — Dare soltou o que estivera pensando, apesar dos olhares
que seus colegas lhe davam. — Ele nunca teve pai, sua mãe morreu no rio,
como Andrew. A única pessoa que já o amou está em seu leito de morte. Ele
não é um assassino. Ele não é um traficante de drogas. Ele é uma vítima.

— Ele é um profissional vítima.

— Oh, besteira. — Dare entrou na sua cara. — Mentira. Você tenta ser
Finn Fowler por aqui por um dia e vai ver como é.

— O que há com você e ele, Buckley? Vocês tem alguma coisa?

Dare recuou.

— O que você quer dizer? Ele é meu amigo.

— Não. Mesmo quando éramos crianças, você tinha que ficar entre Finn
Fowler e qualquer coisa que estivesse em seu caminho.

— Ficar no caminho dele? — Repetiu Dare. — É assim que você se


lembra? Porque me lembro de ficar entre Finn Fowler e qualquer coisa que
quisesse machucá-lo.

O capitão Borkowski saiu do escritório.

207
— Trent, você achou alguma coisa na casa de Jack Shepherd?

— Sim, algumas coisas estranhas.

— Você também vem, Buckley. — Borkowski fez sinal para os dois como
se ele os estivesse tirando de um jogo de futebol.

Dare olhou furiosamente nas costas de Evans enquanto o seguia até o


escritório de Borkowski.

— O que você achou? Qualquer coisa que nos ajude a localizá-lo?

— Eu não sei. — Evans tirou vários pequenos sacos de provas de


plástico. — Eu encontrei essas notas que parecem com as que Buckley tirou da
mãe de Candy.

— Isso é estranho. — Borkowski pegou as malas e leu uma. — O que está


comendo Candy?

— 'Stella by Starlight'. — Evans levantou outro. — Aqui está uma que


diz: 'Kent Buckley = Suicídio'.

— E este aqui diz 'Ivy Fowler = afogado'. — Disse o Capitão Borkowski.


— O que ele poderia querer dizer com isso?

Chocado ao ver o nome de seu pai escrito na caligrafia grossa e preta de


alguém, Dare não disse nada.

Evans pegou.

— Você acha que ele estava apenas escrevendo as coisas para lembrá-
las? Já faz muito tempo desde que tudo aconteceu. Uma década e meia. Acho
que eles vieram de Fowler também?

— Nós não sabemos conclusivamente que a primeira nota veio de

208
Fowler. — Dare pegou e estudou. — Parece a mesma letra.

Borkowski disse:

— Talvez alguém tenha escrito para o Jack? Para ajudá-lo a lembrar?


Mas isso não explica a natureza ameaçadora da nota de Candace.

— Esses novos incidentes poderiam ser ligados de alguma forma a Ivy


Fowler ou seu pai? — perguntou Evans.

— Não. — Dare abanou a cabeça. — Eu não posso ver como eles


poderiam ser.

— Eu estava no trabalho na noite em que encontraram o corpo de Ivy. —


Disse Borkowski. — Eu fui chamado para trabalhar a cena. A morte do seu pai
foi meses depois.

— Meu pai estava no trabalho quando encontraram o corpo de Ivy


Fowler também. — Disse Evans.

Dare perguntou:

— Ele falou sobre isso?

— Não que eu me lembre. Havia todo tipo de rumores no passado. As


pessoas disseram... Evans lançou um rápido olhar para Dare e fechou a boca.

— O quê? — Dare perguntou o que estava por trás de sua reticência.

— As pessoas disseram que ela viu algo que ela não deveria tervisto. —
Evans disse cuidadosamente. — Ou ameaçou ir para a esposa de alguém.

Como a esposa de Sumner Pelham, Marjorie?

— E meu pai? O que as pessoas dizem sobre ele depois...

— Evans. — O capitão se levantou. — Você pode nos deixar em paz por

209
um minuto, por favor?

— Sim, Senhor. Trent se levantou e saiu do escritório de Borkowski.

— Capitão...

— Nós provavelmente deveríamos conversar. — O capitão fechou a


porta atrás de Evans. Quando ele voltou para sua mesa, ele estendeu a mão
para as anotações de Jack. — Posso ver isso? Algumas das respostas para as
perguntas que você está fazendo podem ser... difícil de ouvir.

— O que você quer dizer? — Dare chamou a atenção. — Difícil como?

— Você e sua família saíram logo após o funeral do seu pai?

— Sim, Senhor.

— E você ainda era muito jovem quando ele morreu.

— Sim. Eu tinha quatorze anos. Dare se inclinou para frente.

— Havia muitos rumores na época. Eu não sei como te dizer isso,


mas... é possível que seu pai estivesse tendo um caso com Ivy Fowler.

Dare levantou-se tão rápido que sua cadeira deslizou para trás e bateu
contra a porta.

— Ivy Fowler e meu pai? De jeito nenhum.

— Sente-se, filho.

— Não é verdade. Eu estaria ciente de algo assim. — Dare se inclinou


sobre a mesa do capitão. — Eu não era aquele jovem. Finn Fowler e eu éramos
amigos. Eu via a mãe dele o tempo todo e teria sabido.

— Não é como se seu pai tivesse anunciado isso. Ivy era um pouco

210
selvagem, mas ela era uma mulher linda e envolvente. Ela poderia ser
sedutora. Encantador. Ela amava os homens e não dava a mínima se eles
eram casados ou não. Mais de um homem se perdeu por causa dela.

Dare se concentrou no calendário de mesa do capitão.

— Não meu pai.

— Só estou contando isso porque o boato depois que seu pai se matou
foi porque ele fez algum tipo de culpa por Ivy Fowler. Antes que Dare pudesse
levantar objeções a isso, o capitão Borkowski levantou a mão para detê-lo. —
Se você começar a investigar isso, vai ouvir a história de alguém. Eu queria
que você ouvisse isso de mim.

— Eu vejo. — Dare olhou para as notas novamente. — Obrigado por isso.

— Muitas pessoas levaram a morte do seu pai com força. Alguns


achavam que tinha que haver uma razão sórdida para ele fazer o que ele fez.
Alguns passaram a ideia de que a queda de Ivy no rio não foi um acidente.

— Você está brincando comigo? — A respiração de Dare veio rápida e


afiada. — As pessoas desta cidade acham que meu pai era um trapaceiro que
assassinou sua namorada e depois se matou?

— Alguns fizeram. Alguns ainda podem.

— Eu acho que agora eu sei por que nos mudamos. — Ele trouxe sua
cadeira para trás e a colocou pesadamente. — Cristo.

— As pessoas falam. Isso não faz o que eles dizem ser verdade. Eu
apenas pensei que você deveria saber.

— Obrigado. — Dare não olhou para cima. — Isso foi tudo?

211
— Sim. Sinto muito. O capitão Borkowski se levantou. — Você pode tirar
o resto do dia se precisar. Durma um pouco. Você parece um inferno.

— Estou bem. — Dare deixou seu escritório em transe.

Mais tarde naquela noite, ele assumiu sua residência habitual em uma
banqueta no celeiro para se embebedar. Ele sabia que estava piorando uma
situação ruim. Ele não estava tão preocupado com sua bebida como ele estava
resignado com isso.

A advertência de Trent para deitar fora o molho estava bem fresca em


sua mente, mas ele ignorou. Jiminy Cricket bastardo. Se Dare quisesse uma
consciência, ele teria se mantido melhor por conta própria.

Enquanto ele bebia, ele assistiu Trent Evans e Bill Fraser jogarem um
jogo de dardos. Ele havia tomado a tarde para se reagrupar, para percorrer as
ruas de Palladian com a nova percepção de que seus vizinhos pessoas que
tinham sido amigos de sua família há anos achavam que seu pai poderia ter
sido um assassino namorador.

Trent era bom em dardos; ele bateu em Bill com cuidado e, quando eles
foram ao bar pedir uma bebida, Bill tirou seu dinheiro de uma carteira de
couro macia e fina que, sem dúvida, era obra de Finn.

— Carteira legal. — Dare tentou agarrar, mas ele não chegou a pegar a
mão de Bill a tempo. — Essa é uma das do Finn.

Bill vacilou visivelmente.

— E se for?

— Nada. Eu acabei de notar, é tudo. Eu já vi o trabalho dele antes.

— Foda-se. — Bill colocou a carteira de volta no bolso, mas não, Dare

212
notou, antes de dar-lhe uma carícia sempre tão leve entre as mãos.
Dare duvidou que ele percebesse que tinha feito isso. Um caso poderia ser
feito que Bill apenas gostou da sensação de couro ou admirou o artesanato.

Mas não.

Mesmo que Dare não os tivesse visto juntos, ele saberia que havia mais
na manipulação da carteira que Bill fazia do que isso. O modo como Bill
desviou os olhos e a velocidade com que pagou Trent e se despediu significava
envolvimento emocional e vergonha. Sem mencionar o modo como Bill
resgatou Finn hoje. A partir de ele.

Ah, claro, Bill ligou para Finn e tentou agir como um idiota, mas
também estava claramente preocupado com Finn. Dare reconheceu a
frustração de Bill. Ele tinha visto o mesmo olhar de surpresa em seu próprio
rosto no espelho.

Depois de alguns drinques, ele deixou o celeiro e desceu a rua a pé,


respirando o ar denso com os aromas familiares de madressilva e terra
molhada. Ele tentou deixar seu pai e Ivy Fowler fora de si, mas isso o
incomodou indignou-o que as pessoas pudessem espalhar mentiras sobre
sua família.

Dare costumava sentir pena de Finn porque as pessoas falavam sobre


sua mãe, mas Ivy era o que ela era. Ela levantou um dedo sem remorso para
todos na cidade a vida toda.

O pai de Dare estava no conselho da cidade, pelo amor de Deus. Ele


tinha sido um amigo próximo de todos os policiais e bombeiros da folha de
pagamento da cidade. Dare não conhecia ninguém que tivesse algo ruim a

213
dizer sobre seu pai enquanto ele estivesse vivo, e não suportava pensar que
eles sussurravam por trás de suas mãos depois que ele estava morto.

Talvez a mãe de Dare soubesse mais sobre a situação do que ela jamais
deixara transparecer. Talvez por isso tenham se mudado tão cedo depois do
funeral.

Cristo, talvez fosse tudo verdade.

Dare nunca lhe perguntara sobre o suicídio do pai. Sua dor tinha sido
visceral demais. Muito real e doloroso. Ele não conseguia arrancar a ferida
sem ter a chance de machucá-la mais, e ele não faria isso, mesmo que suas
feridas mais profundas apodrecessem enquanto suas perguntas ficassem sem
resposta.

Quando Dare dobrou a esquina, o salão de Lyddie apareceu. As luzes


estavam acesas lá dentro.

É sexta-feira?

Finn provavelmente estava preparando o lugar para a corrida de


sábado. Se Dare não tivesse tomado algumas bebidas a bordo, ele poderia ter
passado pelo local. Em vez disso, ele bateu levemente na janela.

Depois de esperar um minuto e não conseguir resposta, ele bateu mais


alto.

Talvez ele estivesse cansado de se sentir irritado e culpado e estúpido.


Finn o viu como qualquer coisa além de outro caso de armário fodido? Talvez
ele estivesse cansado de Bill porra Fraser, Andrew King e todos os outros
caras sem nome sem nome que Finn tinha fodido.

214
Quando Finn abriu a porta, Dare ficou tão irritado que colocou a mão no
peito de Finn e o empurrou para o salão. Finn tropeçou para trás e quase
perdeu o equilíbrio, mas Dare pegou um punhado de sua camisa e segurou-o.
Depois que Finn teve seu equilíbrio novamente, ele tentou empurrar as mãos
de Dare para longe.

— Você não vem aqui depois de sentar lá e deixá-los me grelhar por


horas e...

— Eu não tenho uma opinião sobre isso. — Dare alisou as mãos sobre os
ombros de Finn. Ele não conseguia entender por que isso era tão bom. — Eu
disse a eles que você não tinha nada a ver com nada disso, mas Evans me
disse para calar a boca. Apesar de tudo o que você fez para irritá-lo, acho que
ele está satisfeito com o fato de não haver nada lá.

— Bem, contanto que Evans esteja satisfeito. — Finn tentou afastá-lo,


mas ele permaneceu firme.

— Aw. Venha Finn. Estamos bem, certo? — Ele cedeu à tentação de


deslizar as mãos pelo peito de Finn. Para polegar seus mamilos de aperto. Ele
seguiu o caminho natural, mal curvado, por cima das costelas e descendo
pelos lados até a cintura. Ele deslizou as mãos em uma linha reta para os
quadris finos de Finn e desviou para seu traseiro suavemente arredondado.
Os músculos de Finn se agruparam firmes como bolas de tênis enquanto ele
tentava novamente se afastar. O ímpeto de Dare levou os dois para frente e
Finn perdeu o equilíbrio. Ele agarrou a divisória da parede e se endireitou.

— Você está bêbado, Buckley.

— Sim.

— O que deu em você?

215
— Não é o que você pensa.

— Parece que eu dificilmente poderia confundir isso. — Os olhos de


Finn se estreitaram.

— Eu estava no celeiro vendo seu amigo Bill Fraser jogar dardos com
Trent Evans.

Finn nem sequer piscou.

— Você acha que Bill Fraser é meu amigo?

Oh Deus. Finn eu sei quementira. Dare ficou quieto.

— Eu tenho que parabenizá-lo por você ser bom sob pressão.

Finn empurrou as mãos de Dare de sua bunda e empurrou-o para longe.

— Do que você está falando?

— Ele carrega uma de suas carteiras.

— Muitas pessoas carregam minhas carteiras.

— Mas Bill Fraser dá um aperto extra antes de colocá-lo de volta no


bolso. Ele simplesmente não consegue se ajudar. Ele gosta de acariciá-lo, se
você sabe o que quero dizer.

— O que posso dizer? Algumas pessoas gostam do modo como o couro


se sente. Finn se virou para aquilo. — Você está perdendo meu tempo. Tenho
trabalho a fazer.

Dare seguiu Finn até a despensa de Lyddie, onde ele estava dobrando as
toalhas.

— Não parece estranho que uma pessoa que nunca se preocupe em

216
esconder seu desprezo por você trate seu trabalho com tanto carinho?

— Como eu disse. Muitas pessoas gostam do meu trabalho.

— Mas eles nem todos te chupam e lambem seus sapatos, não é?

Finn congelou.

— O que você acabou de dizer?

— Eu disse, as pessoas que gostam do seu trabalho não o chupam ou


lambem seus sapatos.

— Saia, Dare. — Finn não olhou para cima. Ele era tão frio e impassível
quanto aquela cadela em Washington quando mentiu sobre matar seu próprio
filho.

— Não. — Ou talvez eu seja apenas um policial ruim.

— Eu disse para sair. — A voz de Finn soou cansada. — Eu não estou


interessado em discutir com você. Eu não tenho muito tempo para...

— Você não quer me adicionar à sua lista de homo-policiais fodidos que


farão qualquer coisa pela chance de ajoelhar antes de você? — Dare deu um
passo em direção a ele.

Finn olhou para ele como se ele fosse menos que nada.

— Como você provavelmente supôs, essa posição já está preenchida.

Dare não pôde deixar de se inclinar para olhar nos olhos de Finn. Ele
procurou a expressão de Finn por emoção por algo que lhe diria o que estava
pensando naquele momento. Alguma coisa para deixá-lo saber que Finn
sentiu qualquer coisa certa, seja vergonha, indignação ou raiva.

O rosto de Finn estava tão vazio quanto um de seus diários em branco.

217
— O que aconteceu Finn? — perguntou Dare. — Como você se torna um
cara que tem controle sobre algum policial que você odeia?

— Não sei, Dare. Como você se tornou o policial que parou no meu salão
de cabeleireiro, com sua bunda bebada, para me perguntar isso?

— Bill Fraser. — Dare sussurrou. Tinha que haver uma chave mágica.
Algo que poderia fazer Finn derramar toda a história sórdida. — Por que Bill
Fraser, porra?

— Cristo. Como você consegui ser detetive?

— Apenas explique para que eu possa entender. Por quê ele?

— Não é da sua conta. Vá para casa e durma bem.

— Eu não vou. — A paciência de Dare acabou. Ele simplesmente agarrou


Finn sob seus braços chocado com o pouco esforço que levou para levantá-lo e
o empurrou contra a parede. — Eu não vou apenas ir para casa e dormir.

— Foda-se! — Finn soltou a maldição chocada. — Porra. Você.

— Eu vi o jeito que você olhou para ele. Como se ele fosse um pedaço de
merda. Ele te enoja.

— Não é verdade. E de qualquer forma, não é da sua maldita...

— Ele queria tanto você que estava tremendo. — Dare assobiou. — E


você... o que? Você acha isso hilário, não é? Você sai na viagem de poder.

— Não fale sobre o que você não entende, Dare.

Dare apertou seus quadris contra os de Finn e sentiu o pulsar de


resposta de carne quente sob o zíper do jeans de Finn. Os olhos de Finn
escureceram com o desejo, suas bochechas coraram e seu batimento cardíaco

218
acelerou contra o peito de Dare. Sua boca estava em uma linha branca e
apertada.

Eles pararam, olhando um para o outro.

O menor movimento até mesmo uma respiração profunda traria seus


lábios para um beijo.

Dare sentiu um aperto no pulso pouco mais que uma pitada então ah,
Cristo, sua mão se contraiu e seus dedos ficaram dormentes. A dor cegante
irradiava seu antebraço. Um maldito policial, ele não tinha visto isso
acontecer...

Finn disse:

— Eu disse: não!

Ainda segurando o pulso de Dare, Finn inclinou o braço de Dare sobre si


mesmo e o empurrou para longe. Dare caiu de joelhos, gemendo de dor. A
agonia era tão aguda que ele não conseguia pensar em nada a não ser parar.
Ele se enrolou e Finn o soltou.

— Isso vai doer um pouco. — Finn olhou para ele como se ele fosse um
troll. — Eu sugiro descanso, gelo, compressão e...

— Eu sei o que fazer. Você teve que fazer isso?

— Pelo amor de Deus, Dare, o que você achou que eu faria? Você me
agrediu.

— Você não ficou indiferente.

Finn colocou a palma da mão na testa de Dare e empurrou com força o


suficiente para colocá-lo no chão. Ele ficou em pé sobre o corpo de Dare,
zombando dele.

219
— Você é um policial do caralho. Não imóvel não é igual a disposto.

— Cala a boca, Finn. Você fez o seu ponto.

— O que há de errado contigo?

— Eu não sei. — Dare cobriu o rosto com as duas mãos e rolou. Ele se
enrolou em uma bola como um inseto e soluçou. — Eu não sei, maldição!

— Ei. Shh. — Finn se ajoelhou ao lado dele. — Você está bebendo demais
e está pensando com seu pau em vez de sua cabeça. Você conseguiu entrar
pelo cano em Seattle, e você vai entrar em dificuldade aqui.

— Eu sei. — Dare sufocou. — Eu sei, me diga algo que eu não sei.

Finn ficou em silêncio por um longo tempo. Ele fez contato, alisando
círculos de luz nas costas de Dare através do tecido de sua jaqueta.
Finalmente, ele disse:

— Você não sabe o quão forte você poderia ser.

Dor e fúria pegaram na garganta de Dare.

— Certo. É por isso que estou rolando pelo chão de dor.

— Você não sabe o quão bom você é. — Finn sussurrou. — Quão bom
você poderia ser.

— Essa é a sua linha padrão? — Ele queria isso? Ele queria que Finn o
acariciasse como Bill Fraser, porra? Ele queria que Finn o despedaçasse
apenas para que ele pudesse montá-lo novamente? Construi-lo? — Você é um
bom menino, Bill. Bom menino. Você fala com um cachorro assim pegue,
sente-se. Bom menino.

— Você está completamente fora de linha, aqui. Aparentemente, você


espionou em mim e em Bill, e você acredita que sabe alguma coisa sobre nós.

220
Sobre o que faço ou quem sou.

— Eu vi vocês dois no rio na outra noite. Você o trata como um


cachorro, e ele abana o rabo e...

— Eu não vou falar sobre o Bill Fraser. Isso não é sobre ele. Isso é sobre
você e o que você precisa. Você pode confiar em mim com isso, se tiver
coragem.

— Foda-se. — Deus, eu não posso ser tão carente.

— Você sabe o que você quer. E eu posso ser paciente o tempo que for
necessário para você me contar.

— Eu não tenho nada a te dizer, merda! — Dare ficou de pé. A voz suave
de Finn estava irritada em seu último nervo. — Vou embora.

— Isso é bom.

— Você é um idiota, você sabe disso? — Dare virou-se e avistou Finn,


tentando usar seu tamanho para ganhar vantagem. Mesmo se enchendo
daquele jeito, ele se sentiu menor que Finn. Que era emocionalmente
massivo. Ao lado dele, Dare se debatia como uma barata de cabeça para baixo.

— Se você não está indo embora, acalme-se.

— Houve um tempo em que você olhou para mim. — Dare bateu no


peito. — Seus olhos se iluminaram como estrelas, e você teria me seguido em
qualquer lugar.

— Eu sei. — Finn disse calmamente.

— Que porra aconteceu?

— Ah Deus. Dare. — Finn soou como se seu coração estivesse se

221
partindo. — Eu não posso mais te seguir. Você não tem ideia de onde está
indo.

Dare soltou um suspiro enorme. Ele vinha montando uma discussão


tentando se redefinir para poder vencer. Ele estava pronto para lançar
acusações e insultos furiosos, pronto para lutar, mas assim, como se sua
espinha quebrasse em dois, ele se dobrou sobre si mesmo e não sentiu nada
além de vazio.

Ele não era superficial, era oco, e o baque surdo de seu coração ecoou
dentro dele como um meteorito atingindo a terra depois de cair do espaço.

— Estou vazio.

— Eu vejo isso. — Finn deu um passo para frente. — Entendo você. Eu


sei.

Dare levantou o olhar para os olhos de Finn. Eu amei seus olhos por
toda a minha vida

— Ajude-me.

222
Capítulo 20
— Eu vou te ajudar. — Finn levantou o dedo para empurrar uma única
mecha do cabelo de Dare atrás da orelha. — Posso te ajudar.

Até aquele toque hesitante trabalhava sua magia, visivelmente


acalmando Dare.

Acalmando-o.

— O que você vai fazer comigo?

Finn queria rir da apreensão que viu nos olhos de Dare.

— Eu não vou fazer nada para você. Talvez possamos ficar juntos por
um tempo.

Os olhos de Dare se estreitaram.

— É isso que você faz com o Bill?

— Eu não vou falar sobre Bill. — Finn insistiu. — Porque isso é sobre
você.

— Bastardo. — O pomo de adão de Dare se balançou. Finn pegou a mão


de Dare e levou-o até o fundo do salão, onde as cadeiras estavam alinhadas
contra a parede. Era o lugar mais distante da porta, e ninguém seria capaz de
vê-los da janela.

— Eu gostaria de olhar para você por um tempo.

— Olhar para mim?

— Sim. — Finn ajudou Dare a tirar a jaqueta. Finn congelou quando


suas mãos roçaram a arma de Dare, uma coisa fria e brutal que ele não tinha

223
vontade de tocar.

— Aqui. — Dare retirou seu coldre e entregou-o com as duas mãos. Finn
pegou o paletó e a arma de Dare e os colocou em uma cadeira fora de
alcance. Então puxou a bainha da camisa de botão de Dare do cós da calça e
desabotoou as algemas.

— Você bebeu muito esta noite?

Dare corou.

— Sim.

Finn desabotoou a camisa de Dare lentamente, como se ele tivesse todo


o tempo do mundo. Dare não fez nenhum movimento para detê-lo. Ele foi
junto, aparentemente hipnotizado por cada movimento lento e deliberado que
Finn fez.

— Se vamos passar um tempo juntos assim, não quero que você beba.

— Eu o quê?

— Você não pode beber bebidas alcoólicas quando vamos ficar juntos.
Eu preciso que você esteja sóbrio. Eu preciso que esteja presente no
momento. Voce entende? Esta bebendo demais e tem que parar. É muito
chato.

— Quem diabos você pensa que é? — Dare se afastou. Ele começou a


recuar em direção à porta.

Finn seguiu, permitindo que suas mãos caíssem ao lado do corpo.

— Eu sou o cara que te diz o que fazer. Eu estou fazendo as regras.

Dare parou onde estava, no peito, beligerante.

— Então eu devo apenas deixar você me controlar?

224
Finn encontrou seu olhar.

— Isso é muito simples, Dare. Preste atenção. Às vezes, peço sua


cooperação e, às vezes, não. A palavra vermelho significa parar. Eu nunca vou
ignorar a palavra segura. Vermelho significa que tudo pára no instante, sim?
Amarelo é ir lento.

Dare inclinou a cabeça para um lado.

— Eu pareço um idiota para você?

Finn ignorou as palavras de Dare.

— O que foi que eu disse?

Dare bufou de irritação.

— Vermelho significa parar, amarelo devagar.

— Excelente. Esses são suas palavras. Quando estamos juntos assim,


são as únicas palavras que você fala. Você pode falar qualquer uma dessas
duas palavras quando quiser.

— Porra. Você. — Dare parecia determinado a testá-lo. — Essas são


minhas duas palavras. E aquelas duas palavras?

Finn esperou por ele.

Dare olhou para ele.

— O que?

— Você se lembra onde a porta da frente do salão da minha tia está


localizada?

— Sim.

— Vou fazer as coisas da maneira mais fácil possível para você. Agora

225
você tem duas escolhas. Se você não usar a porta para sair, suponho que fez a
escolha de ficar.

Os olhos de Dare brilharam com lágrimas de raiva e frustração. Seu pau


estava duro e sua calça.

— Duas escolhas. Sair? Ou ficar? — Finn olhou para o relógio. — Tique-


taque.

Dare escolheu ficar, Deus o ajude. Ele não sabia o que diabos ele estava
fazendo, não sabia o que esperar. Ele recebera duas palavras ele podia dizer
vermelho ou amarelo. Como se ele estivesse na pré-escola e ele teve que
levantar a mão para fazer xixi.

Absurdamente, uma vez que ele aceitou que não ia partir que não daria
a Finn a satisfação de persegui-lo sentiu-se calmo. Sua respiração desacelerou
da tomada de ar apressada e galopante que ele engoliu em raiva, para um
ritmo agradável, lento e constante. Seu coração já não tremia ao longo de uma
metralhadora staccato, rat-a-tat-tat. Ele bateu firme, lub-dub lub-dub,
exatamente como deveria.

— Você já está se sentindo mais seguro, não é? — Perguntou Finn. —


Sim ou não.

— Sim. — Assim que Dare disse isso, ele se ressentiu da verdade da


palavra.

— Por enquanto, eu só vou te dar duas escolhas. Fique ou vá. Rápido ou


devagar. Sim ou não. Tudo bem?

Dare hesitou.

226
— Sim.

— Mais tarde, se você gosta de algo que eu estou fazendo se você quer
algo mais difícil, ou mais rápido, ou mais, e eu disse que você pode falar, você
pode dizer verde. Você acha que consegue se lembrar disso?

— Você não precisa me treinar.

— Eu não preciso, não. — Finn deixou o deslizamento mão com ternura


sobre o peito musculoso como ele removeu a camisa e Dare estremeceu sob o
toque dele. — Oh, Dare. Eu sabia que você seria lindo.

— Finn, eu...

— Shh... — Finn colocou os dedos sobre os lábios de Dare. — A primeira


coisa que quero é ver todo você. Cada centímetro final.

Dare não disse nada.

— Eu nunca vou abusar da sua confiança. — Finn deslizou uma mão


atrás da calça da calça de Dare e cuidadosamente abriu o zíper com a outra. —
Essa é a barganha que fazemos. Agora, eu quero simplesmente olhar para
você, porque se você vai se entregar a mim assim, como um presente, eu
quero ver você. Eu quero explorar o que é meu.

Dare soltou um gemido suave e quase inaudível.

— Ah. Você gosta disso, não é? Você gosta da ideia de se entregar a


alguém. Eu pensei que você poderia. O pênis de Dare engrossou sob seus
dedos. — Tire seus sapatos.

Dare escorregou de seus sapatos e Finn pegou as calças e


cuecas de Dare. Ele os colocou nas pernas de Dare, rindo baixinho quando o

227
pênis de Dare vazou contra sua barriga, observando como se ele estivesse
levando as coisas devagar para o prazer de Dare, assim como o dele. Quando a
cueca dele caiu em torno de seus tornozelos, Finn pegou sua mão para apoiar
seu peso enquanto ele saía dela.

Cada coisa Finn que parecia expressar preocupação com Dare conforto,
como se ele fosse frágil e Finn sabia exatamente como segurá-lo, como tocá-lo
para que ele não iria quebrar. Dada a diferença em seu tamanho, era tão
ridículo que Dare quase riu. Mas então Finn removeu as meias de Dare e
beijou o topo de ambos os pés com tanta ternura que ele lutou para não
dobrar em uma bola apertada novamente em uma bagunça soluçando bem
ali.

Finn ignorou Dare enquanto ele cuidadosamente dobrava o resto de


suas roupas no braço de uma cadeira. Quando ele voltou, Dare ficou um
pouco incerto, nu no brilho débil da luz do outro quarto.

Sim ou não.

Fique ou vá.

É pegar ou largar.

Amarelo ou vermelho.

Dare relaxou ainda mais. Finn estava dando a ele duas escolhas e duas
escolhas eram fáceis. Quando foi a última vez que algo foi fácil? Qual foi a
última coisa descomplicada que ele fez? Dare não conseguia nem lembrar.

A vida era surpreendente em suas complexidades. Ser um policial estava


vivendo uma vida na ponta mais afiada, oscilando entre o bem e o mal.
Dare havia se equilibrado entre os dois, mantendo um pé em cada até ser um
policial e ser um criminoso parecia duas metades da mesma moeda. Ele teve

228
que pensar como eles e agir como eles. Ele tinha que imaginar todas as piores
coisas que poderiam fazer para manter um passo à frente.Ele teve que olhar
para as pessoas que conheceu e se perguntar que escuridão seus rostos
sorridentes escondiam do mundo.

Duas escolhas? Pedaço de porra bolo.

Ele ficou nu diante de Finn e, naquele momento, entregou—se aos


cuidados de Finn, tanto fisicamente quanto com um último e suave suspiro
emocionalmente.

O alívio o atingiu como uma bala direto da bomba, e calor, uma


sensação agradável a manifestação de algum novo tipo de felicidade emanou
de todos os seus poros.

229
Capítulo 21
Finn desejou que eles tivessem começado em melhores circunstâncias.
Ele ansiava por uma atmosfera mais suave, algumas velas e música. Algo
suave no chão para amortecer os joelhos de Dare. Mas a raiva de Dareera tão
crua, tão perto da superfície, que Finn tinha pouca escolha.

Intervir quando Dare estava bebendo era estúpido. Foi uma aposta que
Finn assumiu porque deixar ele assim era deixá-lo continuar se punindo por
coisas que não podiam ser mudadas.

Finn fez o que pôde encontrar na loja para manter Dare o mais
confortável possível. Ele não sabia ainda como Dare reagiria a ser exposto,
então ele teve que se mover tão devagar e tão cuidadosamente quanto nunca
moveu com alguém. Finn queria isso. Ele queria que Dare viesse até ele. Para
perguntar-lhe o que ambos queriam tanto. Ele se permitiria a emoção
particular depois, mas por enquanto, Dare precisava dele.

— Eu sabia que você seria lindo, mas nunca imaginei uma visão como
essa. Meu Deus. Olhe para você.

Um rubor profundo manchou toda a parte superior do corpo de Dare.

— Fechar os olhos ou olhe para cima.

— Eu vou amordaçar você. Esse é o seu segundo aviso. Não haverá um


terceiro.

Os cílios de Dare baixaram.

— Eu não sei se posso fazer isso.

230
— Fique exatamente onde você está. — Finn deixou Dare por um minuto
para pegar uma das pequenas capas de seda do salão, do tipo que os
cabeleireiros usavam para cortes de cabelo de crianças. — Você tem sorte de
estar limpo.

— Finn.

— Abra a boca. — Ordenou Finn. Os olhos de Dare se arregalaram


quando ele lutou dentro de si mesmo. Finn esperou por ele. Nada disso
poderia significar qualquer coisa se Dare não desistisse do controle.

Depois de uma breve hesitação, Dare abriu a boca.

— Está certo. Isso é bom, Dare.

Finn torceu a capa e ajustou-a à boca de Dare, amarrando-a com força.


Provavelmente não tinha um gosto muito bom, mas ele não cuspia o cabelo.
Dare o olhou em mudo questionamento. Finn tirou as chaves do bolso e tirou
um pequeno sino de latão do anel.

— Isso é novo para você. Eu entendi aquilo. Eu não espero que você
entenda tudo ainda. Vou colocar isso na sua mão, e se você quiser que eu pare
a qualquer momento, simplesmente deixe-o cair. Eu ouvirei e o que quer que
eu esteja fazendo acaba, sem perguntas.

Quando Finn acariciou a bochecha de Dare, seu pênis pressionou contra


seu zíper, sólido como uma rocha em seu jeans. Os olhos azuis de Dare o
desafiaram, mas ele estava pronto para confiar. Isso era ainda mais quente do
que Finn imaginara que seria. Dare não podia se permitir submeter-se
facilmente. Mas ele queria.

— Você ainda tem duas escolhas. Fique ou vá. Solte a campainha para ir.

Dare assentiu. Quando seu olhar se desviou para o pacote de Finn, seus

231
olhos se arregalaram.

Finn reprimiu uma risada.

— Está certo. Eu quero isso tanto quanto você. Confie em mim?

Dare ergueu o queixo e deu a mínima sacudida de sua cabeça.

— Ainda não? Compreendo. Vou levar meu tempo com você. Você
sempre pode largar a campainha. Posso tocar em você?

Depois de um pequeno atraso, Dare assentiu.

— Eu quero ver cada centímetro de você. No entanto eu escolho


organizar seu corpo, você vai permitir isso. Eu quero te mostrar. Eu pretendo
encontrar a maneira perfeita de mostrar para que qualquer pessoa possa
olhar para você e ver o que eu vejo. Isso é tudo que vou fazer hoje. Nós
ficaremos aqui até que eu pareça o meu preenchimento.

Um lampejo de decepção obscureceu a expressão de Dare. Estava lá,


depois desapareceu em um instante.

— Se eu estou contente com você, eu vou fazer você gozar. Tudo bem
com você?

O pau de Dare balançou.

— Vou tomar isso como um sim. Seu consentimento é precioso para


mim. Se você optar por dar, eu vou apreciá-lo. Solte a campainha para não, e
tudo pára. Finn começou simplesmente passando as mãos sobre o corpo de
Dare, acostumando-o ao seu toque, acalmando-o e gentilmente como se ele
fosse um animal desconhecido.

Ele se inclinou e respirou o cheiro da pele de Dare : chuva, suor,


excitação e sabão. Álcool. Quando era impossível resistir, Finn deu uma longa

232
e lenta lambida com a língua para prová-lo. Salgado. Amargo e masculino. Ele
deu uma atenção especial à coluna da garganta de Dare, esfregou os lábios
sobre o disco de seus mamilos, acariciou sua axila e sobre as costas. Ele se
moveu atrás de Dare para beliscar sua nuca, alisando as mãos sobreo pênis
de Dare e explorando a pele atrás de suas bolas.

Alguns dos lugares favoritos de Finn teriam que esperar por uma
exploração mais profunda em um momento posterior. Mas ele planejou fazer
isso. Cuidadosamente. Completamente. Ele planejou tocar Dare assim de
novo e de novo, até que ele fez Dare dele.

O pênis de Dare balançou, escuro e ingurgitado, contra seu estômago.


Estava vazando um fluxo constante de pré-ejaculação brilhante, que
chuviscava como gelo sobre a graciosa curva de seu pênis.

Finn podia sentir o cheiro de sua excitação.

Ele escutou as rápidas tomadas de ar de Dare e suas longas e trêmulas


expirações ouviu o meio suspiro de Dare, meio soluço quando desistiu do
controle mesmo disso.

— Eu quero ver você de joelhos. — Os músculos de Dare esticaram sob


sua pele quando Finn o ajudou a descer. Ele usou toques leves para
guiar Dare até que ele se ajoelhou rigidamente, levantou a cabeça, o peito
para fora, os braços atrás da cabeça. Quando Finn finalmente o teve
exatamente como gostava, a coluna ereta e o queixo levantado,
Dare trabalhou tanto, um fino brilho de suor brilhava em sua pele.

— Você é lindo, Dare. Então muito, muito forte.

As bochechas de Dare se avermelharam.

— Você pode não acreditar em mim agora. — Finn segurou o rosto

233
de Dare entre as mãos. — Tudo bem. Apenas espere, no entanto. Vou mostrar
exatamente do que você é capaz.

Dare assistiu Finn remover a braçadeira de couro cravejado que ele


usava ao redor de seu pulso. Seu significado só ficou claro quando Finn
acariciou o pênis de Dare que já estava duro como uma pedra então
prendeu-o confortavelmente ao redor de seu pênis e bolas.

Dare riu por trás de sua mordaça.

Apenas Finn teria a coragem de usar um anel de pênis como uma


pulseira em Palladian. Era ajustável e ornamentado, e os pulsos de Finn eram
finos. Se alguém o visse usando, eles assumiriam que era parte de sua linha de
jóias de couro. Dare acreditava que esse era o caso.

— Talvez eu faça um anel de pênis com um arnês para separar seus


testículos e puxá-los com força. Você já usou um?

O pau de Dare deu uma guinada de desejo quando ele balançou a


cabeça.

— Eu posso ver que você gosta da ideia. — Finn estendeu a mão para
brincar com o fluido vazando do pênis de Dare, puxando o dedo para longe
para fazer longas e viscosas cordas e circulando-as em torno do pau dele. —
Todos nós queremos ser admirados. Seu pau é magnífico. Se você fosse meu,
eu mostraria a você o tempo todo, assim mesmo.

Finn o circulou, Dare gemeu toda vez que Finn se aproximava. Ele
acariciava levemente a cabeça dele ou passava os dedos sobre seus ombros,
mas recuava de novo, repetidamente, provocando Dareimpiedosamente,
atormentando-o com possibilidade de satisfação fora de seu alcance.
Dare queria falar ao redor da mordaça, mas não queria arriscar o

234
descontentamento de Finn.

Quando ele se inclinou para o lado para forçar Finn a tocá-lo, ele disse:

— Não, Dare.

Dare tentou amaldiçoar em frustração. Inexplicavelmente, Finn


simplesmente se afastou, deixando-o sozinho no quarto.

Dare queria sair daquela posição ridícula e seguir. Ele queria encontrar
Finn, onde quer que ele estivesse, e ensinar-lhe uma coisa ou duas sobre o
que um cara grande e apto poderia fazer com um provocador de penis. Mas
apesar de sua raiva, ele ficou onde estava, fumegando e envergonhado, rígido,
joelhos queimando como se estivessem em chamas.

Por que eu estou tomando essa merda? Por que eu ainda estou
ajoelhada no chão duro e frio quando tudo que eu tenho que fazer é largar a
porra do sino de Finn para parar tudo completamente?

Por que eu preciso disso?..?

Ele sabia por que, e ele não estava totalmente orgulhoso disso. Ele ficou
porque sabia quando Finn voltava - se Dare ainda estivesse lá, posicionado
exatamente como Finn o deixara. Finn ficaria satisfeito com ele.

Finn não tinha perdido o interesse nele, e ele não o estava ignorando
por nada.

Finn volte e toque nele novamente, e seria tão bom... Seria um alívio tão
grande que Dare estivesse disposto a fazer qualquer coisa para que isso
acontecesse.

Cristo. Como ele tinha chegado a isso? Por que ele estava se agarrando à

235
promessa das mãos de Finn sobre ele assim, como terra seca esperando pela
chuva?

Depois de vários minutos, durante os quais Dare alternativamente se


tranquilizou e perdeu toda a esperança, Finn voltou para a sala com uma
cadeira. Colocou-o na frente de Dare e sentou-se, solto e confortável tudo o
que Dare não estava naquele momento e cruzou as mãos magras no colo.

Nada disso era como Dare pensou que seria. Ele imaginou que ele seria
espancado, ou Finn colocaria sua máscara assustadora. Ele imaginou que eles
iriam jogar policial bom e policial ruim, e eles ririam e quebrariam o caráter e
foderiam.

Mas Finn não estava jogando; Ele estava falando sério como a sepultura,
e quando ele finalmente falou, a autoridade silenciosa em sua voz quase
fez Dare explodir sua carga ali mesmo.

— Você sabe o que eu costumava sonhar, depois que você saiu?

Dare não tinha certeza se deveria se mexer, mas deu apenas uma
pequena sacudida de cabeça.

— Eu tive um sonho recorrente em que você me chamou para o


escritório na escola. Por algum motivo, você recebeu um bilhete da tia Lyddie
me dispensando da aula e me deixaram sair com você. Você pegaria a minha
mão na sua e sempre parecia tão grande, envolvida na minha assim. Uma
mão tão forte.

Atrás da mordaça, Dare sentiu uma careta infeliz revirar seus lábios.
Seus olhos ardiam.

— Sonhei que andaríamos juntos por esses degraus e sairíamos daquela

236
escola. Descendo a rua. Seu sorriso me encheu de tanta confiança. Você me
levaria ao seu carro, e me ajudaria a entrar, apertar o cinto de segurança e
alisar as correias no meu peito. E então nós partíamos juntos, saindo de
Palladian, saindo do Oregon, e iríamos até o Oceano Atlântico, onde
viveríamos em uma ilha na qual você só pode chegar na maré baixa. Eu não
sei se eu realmente sonhei com isso, ou se eu apenas imaginei isso, a cada
minuto acordado, e parecia que eu sonhei com isso.

Dare levantou seu olhar ardente para Finn. Foi um tempo pobre para
Finn lembrar Dare do quanto ele o decepcionou. Não havia desculpas
adequadas, mesmo que houvesse uma maneira de ele se desculpar. Sendo
amordaçado, ele não teve que tentar.

Cristo, ele quebrou o coração de Finn e doeu em igual medida. Isso o


cortou profundamente para ser lembrado assim.

— Quando fui agredido, senti tanta dor... — Finn limpou a garganta. —


Eu estava tao bravo. Você era meu alvo favorito.

Dare estremeceu.

— Eu sei que não era racional. Você não estava lá, então você era fácil de
culpar. Parecia seguro fazer você responsável.

Dare assentiu. Ele concordou, idiota. Ele se sentiu responsável. Finn


não conseguiu ver isso?

— Mantenha seu queixo onde eu coloquei.

Dare tentou se lembrar de como deveria segurar a cabeça.

Um sorriso lânguido de Finn disse que ele tinha acertado.

— Só assim, sim. Você tem uma tremenda estrutura óssea. Algum dia

237
eu gostaria de te colocar assim e te esboçar.

Depois disso, Finn permaneceu em silêncio, simplesmente observando-


o.

Aparentemente esta foi a agenda desta noite. Dare permaneceu em


exibição enquanto Finn o observava. Não parecia muito, mas seu pênis estava
vazando um fluxo constante de fluido desde que Finn havia tirado suas
roupas. Assim que as mãos de Finn roçaram a pele de Dare na primeira vez
assim que ele começou a ensiná-lo e treiná-lo o corpo de Dare pegou fogo.

Sua respiração estava chegando rasas e sua pele queimava em todos os


lugares que Finn o havia tocado. Ele estava pronto para implorar, pronto para
se prostrar no chão para pegar as mãos de Finn de volta para ele, mas ficou
onde estava.

Deus, Finn ia falar e ficar olhando a noite toda.

A perspectiva deixou Dare tonto de necessidade.

— Demorou muito tempo para a minha perna sarar. Enquanto eu


trabalhava com toda essa fisioterapia, percebi que se pudesse confiar em mim
mesmo, nunca teria que esperar que alguém me salvasse novamente. Eu
poderia ser forte por fora e por dentro.

Os olhos de Dare pareciam arenosos, mas ele se recusou a fechá-los. Se


Finn precisasse lhe dizer o quanto o sofrimento que estava sendo abandonado
doía, ele aceitaria como um homem. Se Finn quisesse, poderia tirar a pele das
costas de Dare com um daqueles chicotes que fez poderia fazer ambos se
sentirem melhor. Ele balançou a cabeça com o pensamento o mais minúsculo
movimento e então congelou quando o rosto de Finn ficou vazio.

— Mantenha sua posição, Dare. — Finn ordenou naquela voz irritante.

238
— O que descobri depois disso foi ainda mais surpreendente. As pessoas que
parecem mais fortes do lado de fora podem ser as mais fracas do lado de
dentro e precisam de alguém como eu, alguém em quem possam confiar para
ver quem realmente são, quando querem deixar ir.

Dare respirou fundo pelo nariz e soltou o ar lentamente.

— Olhe para você — Finn se inclinou e emoldurou o rosto de Dare entre


as mãos. — Você é magnífico. Eu quero respirar você. Beber você. Te devorar.

Dare estremeceu.

— E você também quer isso. — Finn desamarrou a mordaça


improvisada. — Você aceita? Sim ou não.

Foi um segundo ou dois antes que Dare pudesse resmungar:

— Sim.

Finn se ajoelhou atrás de Dare, seus corpos pressionados intimamente,


o peito de Finn nas costas de Dare. Sua respiração passou pela pele de Dare.
Sua proximidade fez com que o tecido de suas roupas roçasse suas costas
nuas. O pênis de Finn, grosso de excitação embaixo, esfregou-se contra o
traseiro de Dare e cutucou sua rachadura, raspando a passagem altamente
sensível de lá.

A sensação singularmente sensual da forma completamente vestida de


Finn em suas costas fez Dare vulnerável de um jeito que nunca tinha sido
antes. Dare ofegou quando os dedos de Finn se envolveram em torno de seu
pênis.

— Ah Deus. — Dare suspirou com alívio inimaginável.

— Shh.

239
Dare não falou como Finn habilmente o atraiu para um vórtice de
sensação incompreensível. Seu pau doía da pressão do anel peniano. Afastado
de sua excitação, latejava de fome com uma pressão intensa que nunca sentira
antes.

Finn acariciou-o com força com uma mão enquanto ele alcançou
entre as pernas de Dare e esticou o saco com a outra. Aqueles dedos,
escorregadios com cuspe ou pré-sêmen, mergulharam na pele macia atrás de
suas bolas e circularam seu buraco.

Cada músculo apertado de realizar de exicitação enquanto Finn


empurrou-o para a borda do orgasmo e no esquecimento, em seguida, além
mesmo que, o libereva do anel peniano precisamente no momento certo para
seu orgasmo se sentir como uma explosão de bomba no ápice de suas coxas,
quente, frio e ardendo de uma só vez, enquanto o sangue retornava à pele
onde estava restrito.

Dare engasgou, incapaz de absorver ar suficiente, e então de repente seu


mundo se inclinou e ele estava caindo, tonto e caindo, mas Finn o segurava, e
tudo estava bem.

Finn embalou-o em seus braços delgados, enquanto Dare pressionou o


rosto contra o algodão fresco da camiseta dele, e foi tudo bem porque Finn o
tinha seguro enquanto ele soluçava seu alívio, e tudo ia ficar bem.

Antes que ele tivesse a chance de dizer que estava com frio, Finn
arrastou uma manta de malha sobre os dois. Deus sabia onde Finn conseguiu
ou a quem pertencia, mas estava quente, e Dare fechou os olhos.

— Isso foi lindo. — Finn sussurrou. — Você é tão lindo.

240
Pelo menos Finn não disse:

— Bom menino.

Assim que ele pensou as palavras, uma imagem de Bill Fraser surgiu em
sua mente. Se Finn dissesse, se repetisse as palavras que dissera a Bill
quando Dare os tinha visto juntas, Dare não achou que pudesse suportar. Ele
se estilhaçaria em um milhão de pedaços frustrados e as lágrimas que ele
derramava, as lágrimas de alívio e felicidade, se transformariam em lágrimas
de amargura e frustração. Ele prendeu a respiração quando Finn abriu a boca
para falar novamente.

Como se ele conhecesse os pensamentos de Dare, Finn repetiu palavras


que ele já usou.

— Você é lindo, Dare, exatamente como eu sabia que você seria.

241
Capítulo 22
Depois que ele chegou em casa, Dare conseguiu dormir um pouco. Ele
continuou repassando seu encontro com Finn em sua mente, seja para
refrescar sua memória e revivê-la, ou para se perguntar uma e outra vez,
como ele já permitira que algo assim acontecesse. De manhã, sua cabeça
latejava como se alguém estivesse tocando tímpanos dentro dela.

Finn o chamara de bonito. Ele ficou chocado com o quão bom isso o fez
sentir. Quão digno e especial foi. Mas isso foi durante a noite, na escuridão da
loja de Lyddie. Nos braços de Finn, o belo lhe parecia uma coisa muito boa de
se ser. Nos braços de Finn, ele se sentia tão forte e capaz, e confiante como
Finn disse que poderia ser.

Foi só quando ele chegou em casa que percebeu que sua vida real ainda
estava esperando por ele que seu passado estava cheio de erros estúpidos de
julgamento e sua atual carreira precária pendia do mais fino dos fios sobre
um tonel de novo desastre fervente.

Com a primeira luz da manhã, ele ficou sozinho em sua cama, cheio de
arrependimento. Junto com o cabelo bagunçado, o hálito ruim o restolho e a
respiração horrível, veio a vasta gama de dúvidas e humilhações de que ele
precisava escolher.

Ele era louco para deixar Finn levá-lo assim, louco para deixar alguém
ter tanto controle sobre seu corpo e seu comportamento. Ele estava armado,
pelo amor de Deus, e ele deixaria Finn remover sua jaqueta e sua arma, ele
deixaria Finn colocá-los fora de seu alcance, e ele se mantinha imóvel
enquanto Finn o amordaçava e o colocara como um manequim.

242
Ele era louco considerar qualquer tipo de relacionamento, até mesmo
simples amizade com Finn, enquanto estavam envolvidos, ainda que
perifericamente, no caso em que estava trabalhando.

Ele não tinha feito exatamente isso em Seattle?

Já passou da hora em que ele parou de pensar com seu maldito pau.

Um banho quente e alguns cuidados pessoais básicos resolveriam


alguns dos seus problemas, mas não havia uma solução rápida para os outros.
No final, ele decidiu ir ver Rob Evans, o pai de Trent, porque as anotações que
Trent encontrou no lugar de Jack que faziam referência a seu pai e Ivy Fowler
eram ainda incomodando ele.

E aquelas anotações o caso sobre as quais ele podia fazer alguma coisa,
mesmo que o suicídio de seu pai e a razão por trás disso fosse uma coceira que
ele não conseguia alcançar.

Talvez, provavelmente essas anotações fossem simplesmente os rabiscos


de um homem com uma doença de memória. Era lógico que ele fizesse
anotações para se agarrar a eventos que não conseguia lembrar.

Mas se havia alguma chance do que aconteceu no passado estava


afetando o presente, Dare queria saber como.

Ele tomou três ibuprofeno e esperou que os percussionistas em sua


cabeça levassem isso como um sinal de que sua jam session havia terminado.

Barbeado, arrumado e vestido com um terno e gravata caro, o que


provavelmente só irritaria um cara como Rob Evans ele esperava estar
pronto. Como de costume, ele teve que procurar por suas chaves. Depois que
ele procurou por toda a sua casa, ele os encontrou na tigela na mesa do
console perto da porta onde eles deveriam estar. Ele se viu no espelho e

243
congelou.

Seu reflexo parecia exatamente com Kent Buckley.

Quando isso aconteceu?

Talvez ele se parecesse com seu pai por causa do casaco e gravata, ou
talvez porque seus poucos fios de cabelo grisalho prematuramente
parecessem mais perceptíveis sob a luz do saguão de entrada. Talvez a falta de
sono tenha exacerbado as linhas de fraqueza, decepção e estresse que haviam
sido gravadas em seu rosto.

Dare estivera em negação sobre o progresso implacável do


envelhecimento e da genética, e ele estava cego para o efeito deles. No
entanto, ele cresceu em uma duplicata de seu pai.

Seu estilo de vida,a bebedeira e a falta de sono o estava envelhecendo,


fazendo com que seus vinte e oito anos parecessem tão antigos quanto os
quarenta do pai.

Dare fechou a porta atrás de si e trancou-a.

Foi quando ele se lembrou de ter deixado o carro no celeiro.

Uma chuva leve e nebulosa começou a cuspir enquanto ele andava. Foi o
suficiente para amortecer os ombros de sua capa de chuva, mas não o
suficiente para fazê-lo abrir o guarda-chuva. Ele não tinha chegado muito
longe quando um Tahoe branco parou ao lado do meio-fio. A janela do
passageiro baixou.

— Ei. Onde está o seu caminhão? — Denise se inclinou e olhou para ele
de onde ela estava sentada no banco do motorista. — Você precisa de uma
carona?

244
— Eu fui para o celeiro ontem à noite. — Dare encolheu os ombros,
envergonhado. — Muito bêbado para dirigir.

— Como muito responsável de você. Nós podemos te dar uma carona.

Ela destrancou a porta do passageiro e quando Dare a abriu, ele viu que
ela tinha sua filha em um assento de carro nas costas. A garota estava
cantando junto ao rádio no topo de seus pulmões infantis muito poderosos.
Ele hesitou.

— Isso não vai tirar você do seu caminho?

— Estamos indo para a escola, então passaremos no celeiro a caminho.


Isso não é um problema.

— Obrigado. — Dare entrou e apertou o cinto de segurança. Ele se virou


para dizer olá à garota de Denise. Ela era grande e escura como a mãe, com
uma longa cabeleira crespa. Ela não tinha o mesmo rosto esculpido. Ele supôs
que esse tipo de coisa viria depois.

— Olá.

— Oi. — Ela acenou.

Ele concluiu que a menina teria por volta das seis anos, se o sorriso de
dentes largos fosse qualquer indicador.

— Eu trabalho com sua mãe.

— Eu sou Kara. — A garota disse, depois voltou a cantar.


Dare reconheceu a música vagamente de um filme da Disney. Ela colocou
todo o seu corpo em ação, estalando os dedos e balançando em seu assento.

Dare se voltou para Denise.

245
— Ela não é ruim.

— Ela é boa demais. — Denise insistiu. — Ela canta na igreja às vezes.

— Isso é legal.

— Fica velho — Denise confidenciou. — Você não tem muito para ir, ou
eu diria a ela para calar a boca.

— Nunca na minha vida. Uma garoto feliz... Dare olhou para o banco de
trás parece uma coisa boa.

Ela sorriu para ele.

— Como você está se instalando aqui? A casa está bem?

— Eu acho. Eu não tive muito tempo.

— Eu estou tendo algumas pessoas para jantar sexta-feira. Talvez você


possa se juntar a nós?

— Sim? — Dare ficou surpreso. Ela não parecia o tipo de festa do


jantar. — Sexta-feira?

— Kara vai passar a noite na casa de um amigo, então convidei alguns


amigos do meu maridodo trabalho dele no hospital.

— O que seu marido faz?

— Meu marido é o cara de TI. Eu só pensei que você gostaria de se


reunir em algum lugar além do celeiro. Veja como a outra metade vive.

— Tudo bem, claro. Posso trazer alguma coisa?

— Por que você não pára no Peg e traz algo para a sobremesa?

— Eu poderia fazer isso. Certo. Devo trazer um acompanhante ou algo


assim?

246
— Er... — Denise não olhou, embora eles estivessem parados em um
sinal vermelho. Ele tomou isso como um sinal de que ela não queria que ele
lesse sua expressão. — Bem não. Na verdade, há alguém que eu quero que
você conheça.

O centavo caiu para ele.

— Você está me colocando num encontro as cegas?

— Não. Claro que não. Sim. Bem, conhece muitas pessoas na cidade?

— Na verdade não.

— Então eu pensei que eu...

— Em me arrumar um encontro. — Dare preencheu para ela.

— Honestamente, isso é ruim? Eu convidei alguém interessante que não


está no trabalho. Agradável. Linda. Diversão.

— Tudo bem. Tanto faz. Eu não sou realmente muito bom com as
pessoas.

— Bem, de quem é a culpa? Você acabou de ser você mesmo, e tenho


certeza de que tudo vai ficar bem.

— Tudo bem. Obrigado. Sexta-feira então. — ele disse quando ela


estacionou ao lado de sua caminhonete. Ele pegou suas coisas e se preparou
para sair. — Eu vou falar com o pai de Evans esta manhã. Tenho certeza de
que não é nada, mas não consigo esquecer o que o capitão disse sobre meu pai
e Ivy Fowler.

— Não pode doer relembrar,vai fazer bem a seu seu cérebro. De


qualquer forma, isso lhe dará algo útil para fazer. Trent diz que seu pop não
estava pronto para se aposentar.

247
— Tenho certeza de que ele não estava, mas aposto que há dias que ele
está feliz por não estar mais no trabalho também. Obrigado por parar. Eu
aprecio o passeio.

— Sexta às oito. — Disse Denise ao sair do carro.

— Ok. — Dare recostou-se para que ele pudesse enfrentar Kara


diretamente. — Tchau, garota. Eu vou te ver American Idol.

Kara sorriu e acenou enquanto se afastavam. Ele entrou em sua


caminhonete, empurrando sacolas de comida rápida e jornais velhos para fora
do banco do passageiro para que ele tivesse um lugar para colocar sua pasta.
Mais cedo ou mais tarde precisaria limpar seu caminhão. Não era comun
deixar as coisas desse jeito. Ele não era um porco. Ele não era o mesmo desde
que chegara a Palladian.

Ele se sentiu sem direção. A maneira casual como ele pintou sua casa e o
lixo em seu caminhão eram sintomas de um problema muito maior: pela
primeira vez em sua vida, não tinha um senso real de direção, além de sua
confiança ter sido baleada.

Ele colocou o caminhão em marcha e começou a descer a rua.Passou


pelo banco, pela igreja batista e pelo antigo tribunal de pedra.

Era como se ele tivesse corrido toda a sua vida, apenas para acabar de
volta onde ele começou como se a sua vida fosse um jogo massivo de Banco
Imobiliário que ele não sabia que estava jogando até agora, e lá estava, de
novo.

Uma mulher correndo pela calçada com uma jaqueta rosa brilhante
chamou sua atenção. Ele a reconheceu de um encontro casual na loja da
Safeway. Eles trombaram com os alimentos congelados e lamentou o triste

248
estado de sua vida social solitária. Ele lamentou que trabalhou muito para ter
uma vida social.

Ela sugeriu que eles jogassem Rock Paper Scissors para decidir quem
era o maior perdedor, e o vencedor teve que comprar um pacote de seis
cervejas. O convite foi bastante claro, mas Dare havia desistido com alguma
desculpa sobre não ter terminado o trabalho do dia até tarde. Ele poderia tê-la
naquela noite, se ele tivesse mordido a isca.

Mas Palladian era um péssimo lugar para uma noite. Todo mundo
conhecia os negócios de todos e as pessoas fofocavam como se fosse um novo
esporte olímpico. Velhas rivalidades nunca morreram. Escândalos antigos
deixaram manchas que nunca foram levadas embora. Tudo era um oxímoro9,
como notícias antigas.

Pink Jogger era bonita, mesmo agora, sem maquiagem, seu rabo de
cavalo acenando como uma bandeira atrás dela. Ela estava alheia a sua
atenção. Talvez ele devesse ter aceitado sua oferta poderia ter lhe dado algo
melhor para fazer do que ser o novo escravo de Finn ou o homem extra de
Denise para o jantar.

Cristo. Ele não sabia o que fazer com Finn. Ele já estava começando a
entrar em pânico, tentando descobrir como evitar um segundo encontro como
aquele, mesmo enquanto se lembrava de como tinha sido tão dolorosamente
bom. Quão quente foi deixar Finn tê-lo assim. Finn tirou suas escolhas sem
tirar sua dignidade.

Mas era isso quem ele queria ser? O novo Bill de Finn?

Talvez a amiga de Denise pudesse sair.

9
Substantivo masculinofigura de linguagem em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no
contexto, reforçam a expressão (p.ex.: obscura claridade, música silenciosa); paradoxismo.

249
Ou talvez ele perguntasse a Pink Jogger se a visse de novo, o que ele
faria, já que Palladian era tão pequeno.

Na luz da manhã, mesmo com pouca luz disponível em Palladian,


Oregon, quando chovia, o que Dare permitira que Finn o assustasse
francamente.

Cinco minutos depois, ele parou em frente à casa dos Evans e encontrou
o pai de Trent na varanda, pegando o jornal. Rob levantou a mão de boas-
vindas e fez sinal para Dare. Ele deixou o guarda-chuva e a maleta no carro e
correu para o abrigo do alpendre de Evans.

— Ei estranho. Trent disse que você voltara a Palladian, e aqui está você
à minha porta.

— Sim. — Trent provavelmente tinha dito muito mais do que isso, mas o
velho tinha sido um bom amigo de seu pai, então ele estava puxando seus
socos, talvez. Dare estendeu a mão para um aperto, e Rob aceitou,
bombeando apenas uma vez, mas duro. — Eu estraguei tudo. Tony Vicenzo
me deu um bom negócio aqui e estou fazendo o possível para não decepcioná-
lo.

Rob acenou com a cabeça careca. Olhos castanhos como os de Trent


olhavam para Dare por trás de óculos bifocais que eram tão antigos, que os
garotos hipster da cidade provavelmente estavam verdes de inveja.

— Você sempre foi um bom garoto. Eu acho que Palladian fez um ótimo
negócio quando eles te contrataram. Pelo que Tony Vicenzo me conta, nós
fizemos.

— Obrigado, cara. Significa muito.

— Então o que posso fazer por você?

250
— Eu queria usar seu cérebro. Você ouviu falar sobre Jack, certo?

— Cristo, sim. Que porra de bagunça. Alguém não o encontrou ainda?

— Ainda não.

— E você também tem um traficante de drogas morto, certo?

— Finn Fowler diz que o garoto morto não era um traficante de drogas,
apenas um estudante que cultiva maconha.

Rob rejeitou isso.

— Em outras palavras, um traficante de drogas. Abatido, certo?

— Tomou uma no peito. — Rob provavelmente sabia mais sobre o


incidente do que Dare naquele momento, mas ele respondeu de qualquer
maneira. A coisa é que Trent encontrou algo estranho na casa de Jack.

— Estranho como?

— Esse. — Dare puxou uma cópia do bilhete sobre seu pai do bolso. —
Veja?

— Depois de todos esses anos? Sim, estranho Ainda assim, não é


incomum, certamente? Rob estudou a nota. — Você sabe que Jack tem uma
coisa de memória. Não a doença de Alzheimer. Ele pegou de pequenos traços,
eu acho. As coisas nem sempre são verdadeiras em sua cabeça.

— Sim.

— Então, talvez ele escreve notas para manter sua memória?

— Foi o que pensei, mas o capitão Borkowski me contou o que as


pessoas disseram sobre meu pai e Ivy Fowler. Agora eu sinto que tenho que
descobrir. Havia algo entre eles? É por isso que ele se matou?

251
A expressão de Rob disse a Dare que ele talvez não gostasse da resposta,
e Dare se preparou para ouvi-la.

— Talvez seja melhor você entrar.

Rob abriu a porta de tela e conduziu Dare para dentro da casa. A sala de
estar era bem típica dos anos oitenta, uma espécie de combinação azul-
petróleo e lilás com muitas flores de seda e mantas em zigue-zague. Parecia
caseiro e bem cuidado, mas cheirava a café e a gatos. Um dos pequenos
transgressores envolveu o tornozelo de Dare, ronronando e deixando pêlos
compridos por toda a calça do paletó.

— Desculpe por isso. — Rob olhou para o gato com carinho. — Eu acho
que devo investir em um rolo de pano ou algo assim.

— Não tem problema, eu gosto de gatos. — Dare se inclinou e pegou o


gato. Era um maldito animal robusto, enganosamente pesado, ele achava que
ela era toda de pele, mas havia um monstro escondido embaixo que o
surpreendeu. Ela agarrou o rosto dele com as duas patas e ele riu e se afastou.

— Parece gatosgostam de você também, o que é sorte. Eu juro que ela


quer cortar o carteiro em fitas. Ambos olharam para o gato por um minuto,
como se isso os preparasse para a conversa que eles estavam prestes a
ter, Rob finalmente disse: — Você quer café ou algo assim?

— Não, obrigada. Dare não achava que pudesse manter alguma coisa no
estomago ainda, entre o cheiro de gato e sua ressaca. Quando Rob fez sinal
para ele se sentar no sofá, Rob se sentou em frente a ele.

— Eu tenho perguntado sobre o meu pai.

Rob assentiu. Tony mencionou.

252
— Eu não quero acreditar que ele se matou.

— Às vezes, as coisas ficam bem profundas. Seu pai era apenas humano.

— Eu entendo isso, mas pela minha vida eu ainda não vejo por que.
Dare se inclinou, cotovelos nos joelhos, exatamente como faria em um
interrogatório. Ele abaixou a voz e suavizou sua abordagem, convidando a
confiança. O leve sorriso no rosto de Rob disse a Dare que ele sabia o
que Dare estava fazendo e que ele permitiria, no momento.

— O capitão Borkowski disse que as pessoas ligavam meu pai e Ivy


Fowler.

— Eu não gosto de falar mal dos mortos, mas as pessoas ligaram Ivy
Fowler e qualquer cara com um batimento cardíaco e um pau de trabalho.

— Eu não posso ver isso. — Dare estendeu as mãos, palmas para cima
— Naquela época, eu ficava na casa de Lyddie com Finn Fowler o tempo todo.
Eu teria visto algo se ela e meu pai estivessem envolvidos, mesmo que eu não
entendesse na época. Isso faria sentido agora, mesmo que não, mas não havia
nada.

— Então você não pensa assim.

— Não, não sei. Dare tentou lembrar—se de qualquer indício de que seu
pai tivesse mais do que um interesse passageiro em Ivy Fowler. — A única vez
que me lembro de vê-los falar é quando pegamos Finn para levá-lo a um jogo
de bola ou algo assim. Meu pai gostava muito de Finn. Especialmente depois
que Ivy morreu, ele me disse que Finn tinha um negócio bruto, e nós tivemos
que nos esforçar. Ser sua família.

— Seu pai era um cara legal.

253
— Ele estava bem! De boa. É só isso. Parecia-me que ele amava a minha
mãe e ele estava sempre lá para mim. Um cara como meu pai não deixa sua
família sem respostas. Ele não faz.

— Eu trabalhei nessa cena, Dare.Nós examinamos cada centímetro do


escritório do seu pai com um pente de dentes finos. Nós olhamos para cada
pista que recebemos. Não houve alegações de impropriedade. Nós não
encontramos nada.

— Você não fez... limpar alguma coisa para proteger sua memória?

Os olhos de Rob se arregalaram.

— Você está perguntando se adulteramos provas?

— Vamos, Evans. Sou eu. Eu estou no trabalho. Eu entendo porque você


poderia ter feito algo dessa natureza se houvesse alguma coisa lá, diga sobre
Ivy e meu pai, você gostaria de protegê-lo, certo? Proteger minha mãe? Mas já
tenho idade suficiente para me dizer e não sai desta sala. Eu Só preciso saber.

— Juro por Deus que não fizemos nada assim. Nada estava acontecendo
entre seu pai e Ivy que eu conhecia. Ele não era esse tipo de cara. Sumner
Pelham, sim. Sumner e Ivy tinham uma coisa e todos sabiam disso.

— Então, todos esses rumores sobre o meu pai e Ivy que o Capitão
Borkowski estava falando?

— Merda de cavalo puro. Tony vai te dizer a mesma coisa. Seu pai e Ivy
não tinham nada. Mas sim. As pessoas falaram. Provavelmente a esposa de
Pelham começou os rumores por despeito.

— Deus sabe que ela ainda trata Finn como merda.

— Sim. Ela iria. Os garotos também lhe davam muito trabalho na escola.

254
— Eu sei tudo sobre isso.

— Os pequenos filhos da puta. Junior teve tempo, mas Patrick ainda era
um adolescente. Tony costumava dizer que devíamos botar as mãos neles em
algum momento e mostrar a eles como é estar do lado de receber.

— Mas você não fez. — O tom de Dare não era exatamente


congratulatório.

— Não. — Rob corou. — Nós não fizemos.

— Assim. Todos saíram, exceto Junior.

— Sim, eles fizeram. E Sumner saiu depois de um ano. Os lábios de Rob


diminuíram. — É assim que é em uma cidade como o Palladian. As pessoas
olham para o outro lado quando um garoto de fora é espancado por um bando
de atletas. E Finn... Confie em mim. Ele não mereceu isso, mas ele também
não é nenhum anjo hoje em dia.

— Por que você diz... O telefone de Dare tocou e ele olhou para o
identificador de chamadas. Capitão Borkowski. — Segure esse pensamento.
Eu tenho que pegar isso... Detetive Buckley.

— Alguém acha que viu Jack correndo pelos trilhos da ferrovia pelo
Costco. O capitão nunca perdeu tempo com sutilezas. — Vá até lá e veja se
você pode trazê-lo para dentro. Eu gostaria de mantê-lo em um lugar o tempo
suficiente para que seus filhos venham buscá-lo.

— Eu estou no lugar de Rob Evans, mas eu estou no meu caminho. —


Dare se levantou e fez um desculpa gesto para Rob, que fez um ir movimento
com a mão.

255
— Eu tenho uma viatura no caminho também, mas Jack pode fugir de
uniformes e preto e branco.

— Entendi. — Ele terminou a ligação e se virou para Rob. — Obrigado,


vamos conversar mais, ok? Eu quero continuar, é só...

— Certo. A qualquer momento.

O gato de Rob seguiu Dare até a porta, mas Dare conseguiu se espremer
sem deixá-la solta.

256
Capítulo 23
Bill Fraser já estava no Costco quando Dare chegou lá. Ele havia
estacionado seu carro de patrulha no canto mais distante do terreno, onde os
trilhos do trem formavam uma fronteira entre o palladiano e a terra
densamente arborizada além.

Dare estacionou ao lado do preto e branco e olhou por cima dos trilhos
para as árvores. Dare mantinha botas de borracha atrás de seu assento para
situações como essa não havia sentido em arruinar sapatos. Uma vez que ele
colocou os pés neles, ele puxou a capa de chuva sem abotoá-la. Então ele
subiu a berma e entrou nos trilhos, onde Fraser esperava, olhando para ele.

Gritante tinha que ser a expressão facial de Fraser. Dare não achou que
ele tivesse visto Fraser sem isso, exceto que uma vez, quando o êxtase o
tomou, e torceu o rosto em uma careta de felicidade.

Deus, por que ele teria que lembrar disso naquele momento?

— Fraser.

— Buckley. — Fraser desceu dos trilhos, mantendo os olhos na floresta.


— Um dos funcionários da Costco viu um homem idoso que combinava com a
descrição de Jack Shepherd espreitando ao redor das lixeiras na parte de trás
da loja, mas assim que eles se aproximaram, ele correu em direção à floresta.

Dare passou por Bill, procurando por algum sinal no chão. Se o velho
passasse por ali, ele teria perturbado alguma coisa.

— Há uma cabanas por aqui? Algum tipo de abrigo?

— Não que eu saiba. Pode ser que ele esteja apenas se escondendo na

257
floresta em algum lugar. Talvez ele volte a mergulhar na lixeira.

— Tudo bem. — Dare encontrou uma pegada na terra macia entre um


casal de abetos. — Eu tenho uma coisa. Vou olhar ao redor um pouco.

Bill desceu dos trilhos, atrás dele.

— Eu vou com você.

— Não se incomode. Ele provavelmente só vai dar uma olhada em você e


correr.

Bill endureceu.

— O que você quer dizer com isso?

— Você está de uniforme, Fraser. O capitão Borkowski disse que poderia


ter medo da polícia.

— Certo. Mas Dare Buckley está aqui para salvar o dia.

Dare não teve tempo para o absurdo de Bill se quisesse alcançar Jack.
Ele partiu na direção que achava que Jack estava indo e gritou de volta:

— Eu não estou usando uniforme, é tudo.

Bill foi junto.

— Ele conhece meu rosto, Buckley, diferente do seu. Eu estive aqui o


tempo todo que você estava em Seattle comprando ternos elegantes.

— E Jack tem problemas de memória. — Dare chegou a um lugar onde


dois caminhos convergiam e se agachavam para ver se havia algum sinal de
qual deles Jack poderia ter escolhido. — Ele pode não ter ideia de quem é

258
algum de nós, mas eu não estou usando um distintivo e não estou
visivelmente armado, então pode ser mais fácil para ele confiar em mim.

— Sim, certo. — Bill o cutucou não muito gentilmente e apontou para


um ramo que parecia recentemente quebrado. — Por aqui.

Eles andaram por um caminho em silêncio. Bem... quase silêncio, já que


o corpo de Bill Fraser não foi construído para ser furtivo.

— Se você vai se agarrar a mim como um carrapato, o mínimo que você


pode fazer é andar suavemente. Estamos tentando encontrar um velho
assustado, não batendo na floresta para expulsar os tigres.

— Ah, foda-se Buckley. Você está fazendo tanto barulho quanto eu.

— Você está iludido.

Dare pensou ter ouvido algo a quinze metros à sua esquerda. Ele
levantou a mão, apontando para Bill ficar parado.

Algo roncou sob um matagal.

— Jack? — Dare chamou. — É você aí? Sou eu, Dare Buckley. O filho de
Kent Buckley.

Sem resposta.

Bill franziu o cenho para Dare. Os dois deram mais alguns passos
hesitantes na direção em que ouviram o som.

— Lembra de mim, Jack? Bill Fraser? Eu sou um policial. Estou aqui


para te ajudar.

— Sua família está muito preocupada — Gritou Dare. — Eles estão


procurando em todos os lugares por você, e eu disse a eles que tentaria te
encontrar.

259
Nada.

Dare deu de ombros para Bill e continuou andando devagar,


procurando por qualquer sinal de que Jack pudesse ter passado por ali. Um
minuto depois, a chuva começou a descer novamente. Água jorrou do casaco
de Dare, mas Bill não estava usando o dele.

— Eu tenho isso se você quiser voltar. Você vai ficar encharcado.

— Eu não vou derreter. — Bill deve ter visto algo no chão, porque ele fez
sinal para Dare. — Parece que alguém veio desse jeito.

Dare se inclinou para olhar, a pegada estava fresca e distorcida pelo


ímpeto de quem a fez. — Correndo, talvez.

— Vamos lá.— Bill disparou entre dois pinheiros. Dare seguiu-o, mas
estava ficando mais difícil de detectar faixas com a chuva caindo.

— Merda. A chuva vai tornar isso impossível.

Bill não olhou para trás.

— Você pode desistir se quiser. Ninguém está fazendo você ficar.

— Eu nunca disse... — O inconfundível estouro de tiros fez os dois


homens mergulharem em busca de proteção. Dare aterrissou com um
silenciador em uma poça de lama. Ele deslizou cerca de um pé.

— Que diabos?

Fraser murmurou uma série de maldições.

— Você está bem?

— Bem. Viu de onde veio isso? — Bill puxou a arma do coldre.

Dare sacou sua própria arma e olhou por trás de uma árvore.

260
— Não, mas tirou um ramo da árvore ao lado da minha cabeça. Cristo,
isso estava perto. Acha que é o Jack?

— Eu não vi o atirador.

— Chame o distrito. — Dare ordenou. — Diga a eles que fomos recebidos


a bala e precisamos descobrir se Jack poderia ter colocado as mãos em uma
arma.

Bill ligou e falou os tiros disparados com o despacho sobre Jack.


Dare sentou-se na lama de costas para uma árvore.

Isso foi um tiro de aviso?

Foi Jack?

Ou eles entraram em algo completamente diferente?

As pessoas usavam terras não habitadas para montar fazendas de


maconha. Ele nunca tinha ouvido falar de qualquer operação comercial em
torno de Palladian, mas talvez houvesse algo assim na floresta lá, e ninguém
queria que eles perturbassem isso.

Ele e Bill marcaram a área em que haviam sido atingidos arranhando


um x na casca de uma árvore, depois recuaram cuidadosamente, mantendo
sob a cobertura da vegetação densa até que voltaram para os trilhos da
ferrovia.

Ninguém atirou neles novamente, e eles não viram ninguém seguindo,


mas o coração de Dare não diminuiu até que ele estava de volta ao lado de seu
caminhão.

— Bem. Isso me acordou. — Dare vasculhou uma mochila que ele

261
mantinha em sua caminhonete para a academia. Ele tirou uma camiseta que
poderia usar como toalha e entregou sua toalha a Bill.

— Foi provavelmente apenas um caçador. — Bill pegou a toalha


que Dare lhe ofereceu sem comentar e enxugou o rosto.

— Isso não era rifle.

— Você não pode ter certeza com a chuva caindo. Pode ter distorcido o
som.

— Eu apostaria dinheiro em uma arma de mão. Ainda assim, eu não


deixaria para trás os caipiras locais para estarem estourando gambás com
suas Glocks. Dare colocou sua arma no coldre. Um carro patrulha partiu em
direção a eles da rua, luzes e sirenes quentes. Outro podia ser ouvido a meio
quarteirão de distância.

Dare olhou de volta para as árvores.

— Se Jack estiver lá fora, não o encontraremos, não se ele não quiser


ser encontrado. Como você quer lidar com isso?

Se Bill ficou surpreso, Dare deixou a decisão para ele, ele não
demonstrou.

— Você deixa a gerência da loja saber o que está acontecendo.


Precisamos levar as pessoas para dentro e mantê-las lá, bloquear os
estacionamentos. — Bill abriu o malão e tirou o colete de Kevlar. Ele enfiou
um megafone debaixo do braço. — Os policiais vão lidar com o atirador se ele
ainda estiver lá fora. Talvez tenhamos sorte e nosso caçador traga Jack para
nós, ileso.

Dare assentiu. Seu terno era uma porra de bagunça. Talvez até
arruinado. Isso lhe dava um humor mais impuro do que aquele com quem ele

262
começara o dia de folga.

— Se a sua teoria dos caçadores realmente der certo, vamos torcer para
que ele não tenha confundido Jack com um cervo.

Finn não chegou ao trabalho até pouco antes do meio—dia, então ele
não ouviu falar sobre os tiro do estacionamento até depois do fato. Rumores
inundavam a loja, e todos com quem ele conversava contavam uma história
diferente, então, em seu intervalo, ele foi até seu carro para ligar para Dare
em particular e perguntar a verdade.

Alguns metros de fita isolante ainda tremulavam onde estava esquecida


no chão, então talvez parte da história fosse verdade. Finn sentou-se no carro
com o rádio ligado por um minuto, tentando decidir se era aceitável presumir
o que eles tinham.

No final, a curiosidade venceu.

— Detetive Buckley.

— Sou eu, Finn. — Finn desligou o rádio do carro. — O que aconteceu


aqui? Alguém disse que houve um tiroteio.

— O que você ouviu?

— Todo mundo está contando uma história diferente. A maioria diz que
um cara atirou em pessoas no estacionamento das lixeiras. — Ele ouviu
Dare rir. — O que?

— Isso é um pouco distorcido.

— O que você pode me dizer sem ter que me matar mais tarde?

— Alguém achou que eles viram Jack Shepherd nas lixeiras. Fraser e eu

263
verificamos. Nós seguimos o que nós pensamos que era o rastro dele na
floresta atrás da loja lá, e alguématirou em nós. Deus, perdeu minha cabeça
por polegadas.

— Alguém atirou em você? — O coração de Finn apertou. Ele não sabia o


que responder primeiro. — Espere...

— Ninguém encontrou o atirador, mas fechamos esse lado do


estacionamento só para ficarmos seguros. Fraser pensou que provavelmente
era um caçador que não queria se mostrar depois de nos confundir com a vida
selvagem local. De qualquer forma, não encontramos Jack, literalmente. Eu
verifiquei com sua família. Todos concordam que ele não tem acesso a uma
arma.

— Mas alguém atirou em você? — Finn apertou seu telefone. — Você


está bem?

— Certo.

— E Jack pode estar lá fora, perdido na floresta?

— Sim, o que é francamente preocupante. Haverá mais chuva. Espero


que não tenha sido o Jack. Nós nunca o encontraremos se ele estiver perdido
lá fora.

— E você e o Bill Fraser trabalharam juntos? Isso confunde a


imaginação.

— Nós fizemos o que tínhamos que fazer.

— Mas...

— Isso foi estranho, Finn. Eu não quero que as coisas fiquem mais
complicadas.

264
— Uau, espere. O que você quer dizer com isso?

— Você sabe o que eu quero dizer.

— Sobre você e Bill trabalhando juntos?

— Minha vida é desconfortável o suficiente agora. Não posso fazer parte


de seu harém.

— Meu o que... — Finn cuspiu. — Meu harém?

— Você é quem disse à polícia que você não tem namorados. Que você
apenas fode as pessoas.

— Essa distinção não pareceu incomodá-lo na noite passada.

— Ontem à noite, eu não estava pensando direito.

— Piada óbvia de lado, o inferno que você não estava. Você sabia
exatamente o que precisava, e me deixou dar a você. — Antes que
Dare pudesse encontrar um retorno para isso, Finn falou novamente. — Bill
está bem?

Se o tom de Dare estava gelado antes, agora se tornava glacial. — Ele


está bem. Alguém atirou em nós e errou. Fim da história.

— Dare. Você é insuportável...

— Pare, Finn. Você é apenas...

— O que? — Finn estalou. — O que sou eu?

— Você é muito complicado.

— Você quer dizer o que aconteceu entre nós era muito complicado?

— Eu pensei que queria o que você estava oferecendo, mas...

265
— Defina isso para mim, Dare. Você quer dizer desistir do controle?

— Sim. Eu quero dizer isso. Eu preciso explodir um pouco de vapor, não


entrar em um novo estilo de vida. Eu nem sequer obter toda essa merda séria.

Droga.

— Você entendeu tudo bem. Você está se enganando agora se disser que
não. Você é exatamente o tipo de cara que precisa disso.

— Essa é a sua visão das coisas. Minha opinião é que fiquei um pouco
bêbado e as coisas ficaram fora de controle. Esse foi o álcool falando.

— Aquilo não foi o álcool. Essa foi a sua necessidade de ser...

— Olha, eu não vou debater isso. Você já tem um companheiro, então


vamos deixar por isso mesmo.

— É sobre Bill? Você está com ciúmes de Bill porra Fraser?

— Fraser não tem nada a ver com isso.

— Você não o respeita, e você acha que se você se submeter a mim, você
é igual a ele.

— O inferno que eu faço.

— Você acha que ele é carente e fraco, e você acha que, se quiser o que
ele quer, isso o enfraquece também.

Houve um longo silêncio no final de Dare.

— Eu fiquei bêbado e pensei no meu pau novamente. O que aconteceu


ontem não é quem eu sou. Me desculpe se eu estou deixando você aqui, Finn,
mas eu não posso ser assim. Nem mesmo por você.

266
Finn fechou os olhos e tentou uma última vez.

— Mas...

— Vermelho. — Dare falou a palavra com absoluta finalidade. —


Vermelho vermelho, vermelho.

267
Capítulo 24
Dare chegou ao lugar de Lyddie e Finn antes das cinco. Ele tinha certeza
de que Finn estava trabalhando no último turno da Costco, e queria ter uma
chance de conversar com Lyddie sozinho. Quando ele chegou lá, ela estava
sentada no balanço da varanda, como de costume, embrulhada em seus
cobertores coloridos.

O gorro de tricô que ela usava tinha longas palas de orelha e pompons
pendurados. Parecia uma boneca enrugada, como se a natureza não
conseguisse decidir se estava começando ou terminando sua vida. Quando ela
pegou a mão dele na dela, pareceu-lhe que não restava carne nos dedos frios e
aranhados.

— Ei, Lyddie. — Ele envolveu as mãos dela em ambas para aquecê—las.

— Ei lindo. O que você está fazendo aqui? Finn está no trabalho.

— Eu sei. Eu vim porque quero falar com você.

— Você? — Ela bateu levemente o chapéu. — Eu ainda tenho isso, hein?

— Você tem com certeza. — Ele se inclinou e beijou sua bochecha. —


Mama gostosa.

Lyddie soltou uma risada sem graça, mas depois ficou sóbria de novo,
rapidamente.

— Finn me contou sobre Andrew King. Meu deus, ele era apenas um
bebê. E uma criança tão boa.

— Eu sinto muito. Eu sei que Finn disse que eles eram amigos.

268
— Como duas ervilhas em uma vagem, os dois. — Lágrimas frescas
brilhavam em seus olhos. — Quem poderia ter feito uma coisa dessas?

— Eu não sei. A polícia acredita que isso tenha relação com drogas.

— Andrew não era um traficante. Ele era apenas um garoto com um


polegar verde. Ele nunca nos fez pagar por nada. Fez um corte de cabelo e
trabalho de tintura no salão a cada poucas semanas, isso é tudo. Isso soa
como um traficante para você?

Não. Dare esfregou círculos em sua mão.

— Mas há traficantes por aí que matam para manter os outros fora do


seu território. Se eles vêem alguém como um rival, eles são implacáveis .

— Se o que Andrew fez por mim tivesse algo a ver com a morte dele, eu
simplesmente... eu...

— Com a quantia que ele estava crescendo, não havia como você ser seu
único cliente. Ele pode ter tido um parceiro. Ele pode ter cruzado a linha com
outra pessoa, alguém vendendo na escola ou... não sei. Palladian é uma cidade
pequena. Nós vamos descobrir quem o matou.

— Isso não vai trazê-lo de volta, droga.

— Não.

Ela olhou para ele astutamente.

— Você não veio por causa de Andrew.

— Não, eu não fiz. Eu vim lhe perguntar sobre Ivy.

— Ivy? — Ela assentiu com a cabeça. — Eu admito, puxar um corpo para


fora do rio com certeza traz de volta a noite em que ela morreu.

269
— Eu aposto. — Dare empurrou com o pé para pegar o balanço. —
Capitão Borkowski me diz que as pessoas acham que meu pai e Ivy tiveram
um relacionamento.

— As pessoas têm mentes sujas e sujas.

— Sim, eles fazem. Alguma verdade nisso?

Lyddie deixou a cabeça cair para trás contra o balanço.

— Eu não sei. Ela certamente foi desavergonhada o suficiente, ela


poderia ter ido atrás de seu pai. Ele era tão bonito. Você parece com ele. Se ela
fosse atrás dele, provavelmente não poderia se conter.

— Obrigado. — Dare sentiu suas bochechas esquentarem. — Então você


acha que talvez?

— Eu não vi nada, se é isso que você quer dizer. Você estava muito por
perto. Você viu algo entre eles?

— Algum sinal de intimidade? Não.

— Claro, ela teria sido muito cuidadosa, se ela estivesse vendo ele.

— Por quê?

— Sumner Pelham era um cachorro e todos sabiam que ele traiu


Marjorie. Ivy não era a única mulher com quem ele se dava também. Marjorie
podia ser uma vadia, então as pessoas não se importavam. Mas sua mãe era
uma boa mulher.

— Minha mãe teria ficado arrasada.

— Sim. Ela tem uma boa cabeça nos ombros. Ela o teria deixado
plano. Então sabemos que ela não o pegou em nada.

— Provavelmente.

270
— Falando de sua mãe, como ela está?

— Ela está bem, na verdade. Ela se casou novamente e mora em


Olympia agora.

— Talvez ela venha para uma visita? Há muitas pessoas na cidade que
gostariam de vê-la novamente.

— Eu pretendo convidá-los quando eu arrumar o meu lugar. — Dare não


tinha realmente planejado isso, mas agora que ele pensava nisso, parecia uma
boa ideia. — Talvez para as férias.

— Você sabe... Pode ter sido Marjorie quem começou os rumores sobre
seu pai e Ivy.

— Por que ela faria isso?

— Para se sentir melhor? Lyddie se aventurou.

— Seus garotos sempre tiveram isso para Finn também. Você sabe sobre
a surra que ele levou, não sabe?

Dare assentiu.

— Procurei o arquivo do caso depois de ver um artigo sobre isso nos


arquivos do jornal da biblioteca. Deus, havia fotos. Como você pode viver na
mesma cidade das pessoas que...

— Eu tinha uma casa aqui e um negócio. — Ela se irritou. — Eu não


podia simplesmente pegar e sair. Para onde eu iria?

— Eu sinto muito. — Dare sabia que ela não quis dizer isso dessa
maneira, mas ele tinha pego e deixou Finn atrás, e ainda picado sua
consciência. — Eu gostaria de ter estado aqui.

271
— Eles teriam acabado de bater em vocês dois. Eu gostaria que alguém
tivesse notado quando eu tentei dizer a eles como Finn estava sendo
intimidado.

— Você falou com os administradores da escola?

— Eu conversei com todo mundo que iria ouvir. — Ela apertou as mãos
no colo. — Conversei com os professores de Finn, os administradores da
escola, a polícia, Marjorie. Tony Vicenzo. Eu tentei fazer com que as pessoas
vissem que havia mais coisas do que simples provocações. Eles assediaram
Finn. Eles o perseguiram depois da escola e o atiraram com pedras. Eles
colocaram notas ameaçadoras em seu armário e cagaram em nossa caixa de
correio. Deus sabe o que ele manteve de mim. Aposto que ele não me contou
tudo...

— Deus, sinto muito. Eu desejo... — Ele parou. Inútil, inútil, desejando


voltar no tempo.

— É o que é. — Ela suspirou. — Eu não vou ficar aqui por muito mais
tempo, e espero que quando eu morrer, Finn dê o fora de Palladian. Ivy
lançou uma grande maldita sombra.

— Você pode pensar em qualquer coisa, qualquer motivo as pessoas


podem pensar que meu pai teve algo a ver com a morte de Ivy?

Os olhos de Lyddie se estreitaram.

— Por que você perguntaria isso?

— O boato que eu ouvi é que papai se matou de pesar ou culpa por Ivy.

Lyddie levou a mão ao coração.

— Eu não posso imaginar o que ouvir isso deve ser para você.

272
— Você já ouviu falar alguma coisa sobre o por que meu pai poderia ter
feito isso?

Ela ficou em silêncio por um tempo.

— Você não deveria ouvir fofocas.

Dare tirou do bolso as cópias das anotações de Jack Shepherd e


mostrou-as a ela.

— Estas são notas que encontramos na casa de Jack Shepherd.

Lyddie pegou as páginas que ele lhe entregou sem olhar para elas.

— Você achou o Jack? Ele está bem?

— Ainda não. Alguém pensou que o viram pela Costco esta manhã, mas
nunca o alcançamos.

— Que pena. Vai estar frio de novo hoje à noite. — Ela folheou as
páginas. — Isso diz que é de Finn?

— Finn diz que não é. Todos os três parecem estar no mesmo


manuscrito. Aparentemente Jack faz anotações para si mesmo.

— 'O que está comendo Candy?' Isso é meio assustador, não é?

— Eu pensei sim, sim. — Ela paginou através do resto. — 'Stella by


Starlight' é uma música.

— Pode se referir à namorada de Tony, Stella. Ela trabalha no arranha-


céu.

— Poderia ser. — Ela franziu os lábios. — Ela é uma das garotas do


hospício. Ela virá aqui também, assim que pudermos configurá-lo.

— Ah, puxa, Lyddie.

273
— Não se preocupe, querido. Eu tive uma boa vida. Eu tenho tentado
ficar forte para o Finn, mas está ficando tão difícil.

Dare não tinha ideia do que dizer sobre isso. Ele deu outro impulso ao
balanço com o pé.

— Agora você está de volta e Finn não estará sozinho. Eu estou tão
feliz. Eu acho que isso é ótimo.

Estou de volta, mas...

— Tenho certeza que não escapou ao seu conhecimento que Finn é gay.

— Não. — Deus, ela realmente iria para lá? — Eu sei que ele é gay, mas...

— E a maneira como você olha para Finn também não escapou da


minha atenção. Você vai tentar me dizer que não está interessado?

— Esperar. Como eu olho para Finn? — Seu coração deu um salto


repentino na direção de sua garganta. — Quando você me viu olhar para
Finn?

— Na primeira vez que você subiu os degraus da varanda, olhou para


Finn como se ele fosse a resposta para uma pergunta que você está se fazendo
há muito, muito tempo.

Como eu respondo a isso?

— Talvez a pergunta seja: como é que eu não era um amigo melhor?

Lyddie deu um tapinha na mão de Dare. Ela pegou uma garrafa de água
e destampou-a para tomar alguns goles.

Quando ela terminou, ela tampo-a cuidadosamente e colocou-a na mesa


ao lado dela.

274
— Finn fica atrás de mim se eu não bebo minha água. — Ela virou o
olhar para a rua, e depois disso, para o horizonte. — Não tenho nada melhor
para fazer do que notar cada pequena coisa que acontece ao meu redor. Se
você adicionar minha vida fantasia rica e vibrante, você pode encontrar
muitas maneiras de chamar o que eu vejo acontecendo entre você e Finn
como um produto da minha imaginação. Pensamento de desejo. Os delírios
de uma mente hippie e viciada em drogas.

— Eu nunca disse tal coisa. — Ele protestou.

— Você é muito educado para isso. — Lyddie encostou a cabeça em seu


ombro. — Eu não sinto falta de nada, no entanto. Não é uma coisa. E quero
que você saiba o quanto sou grata por estar de volta.

Dare deu-lhe algumas palavras. Se ela queria acreditar que ele e Finn
tinham alguma coisa, tudo bem. Se isso lhe dava paz ou algum tipo de
fechamento, tudo bem para ele. Ele estava prestes a dizer isso a ela quando
ouviu um ronco muito desagradável.

Ele conseguiu o balanço novamente com um empurrão no pé.

O rangido audível das molas do balanço competia com os barulhos de


sono e o canto dos pássaros de Lyddie e -mais longe - a música da água. Uma
leve brisa sussurrou através do plátano no quintal de Lyddie. Ela estalou o
tecido de sua alegre bandeira de boas-vindas e bagunçou seu cabelo.

Aqui, onde Lyddie era o centro de seu próprio universo, a fantasia e a


realidade se fundiram.

Ela viu o que ele era incapaz de esconder.

Ele queria que Finn olhasse para ele como um herói novamente.

Ele queria resolver o mistério da morte de seu pai.

275
Ele queria justiça para Andrew King e queria que as pessoas da cidade
parassem de olhá-lo como se ele tivesse fodido e não tivesse mais para onde
ir, mesmo que isso fosse verdade.

Se ele pudesse apenas tirar essas coisas, talvez a felicidade que o iludisse
em Seattle pudesse ser dele, finalmente.

Havia maneiras piores de passar a noite do que observar o pôr do sol


com a cabeça de Lyddie apoiada em seu ombro.

276
Capítulo 25
O Celeiro estremeceu sob uma debandada da linha ocidental do campo,
dançando enquanto seus patronos se moviam ritmicamente na pista de
dança. As botas de caubói vermelho de Stella batiam na frente, o jeans
apertado e o topo cravejado de riscas, como uma placa de néon piscando que
dizia: Esse lugar pertence às vaqueiras de Palladian.

— Eles fazem isso todos os sábados? — Dare perguntou.

Tony sacudiu a cabeça.

— Uma vez por mês, Stella e suas amigas vêm para a de dança. — Ele
limpou o bar na frente de Dare. — Eu ganho uns bons dólares em bebidas
para as Senhoras. Essas garotas sabem fazem uma festa.

Bill e Trent estavam jogando dardos de novo, com Bill fazendo muito
melhor do que da última vez. Rob Evans sentou-se em uma das mesas
menores na periferia, bebendo cerveja e observando seu filho. Dare pegou sua
própria bebida e caminhou até a mesa de Rob.

— Se importa se eu me juntar a você?

— Não, puxe uma cadeira. — Rob se recostou na dele. — Eu ouvi que


você levou um tiro nesta manhã depois que você me deixou.

— Sim. Eu e o Bill.

— Fodido Hunters. — Rob pegou seu copo e tomou um gole. — Atiram


em qualquer coisa que se mova.

— Não, a menos que os caçadores por aqui estejam usando armas de

277
mão.

— Bill me disse que você diria isso.

— Você pode ouvir a diferença. — Dare encolheu os ombros. Suponho


que é possível que eu esteja errado. Capitão perguntou a família de Jack se
eles achavam que ele poderia pegar uma arma, mas eles disseram que de jeito
nenhum. Ele nunca manteve armas, mesmo antes de ficar doente.

— Eu certamente gostaria que pudéssemos encontrá-lo. Ele é um velho


amigo. Está muito molhado e frio lá fora.

— Eu sei. A igreja de Candy tem uma tonelada de voluntários


procurando por ele.

— Candy morrendo como ela deve ter realmente estragado tudo.

— Eu ouvi de sua mãe que as coisas não eram ótimas entre eles. —
Dare não mencionou que recebeu aquela notícia em particular de Finn. —
Sra. Boyer disse que queria uma esposa de troféu e ela não estava
feliz. Crianças preocupadas.

— Sim, talvez. — Rob concordou. — Ele já tinha seus filhos, não acho
que ele queria mais. Ele estava pronto para viver a boa vida, e então ficou
doente. Eu acho que ele tinha sintomas muito antes de qualquer um de nós
perceber e seu comportamento era errático, então eles lutaram muito. Eu
acredito que ele a amava, no entanto.

Trent se aproximou.

— Droga. Eu perdi. O próximo jarro é por minha conta. Quer alguma


coisa, Buckley?

278
Dare deu-lhe dinheiro suficiente para outro bourbon.

— Maker's Mark, por favor.

Bill parecia mais feliz mais jovem e menos zangado do que Dare o vira
desde que voltara para a cidade. Ele se perguntou se Finn havia trabalhado
sua magia de alguma forma naquela tarde, ou se ganhar em dardos era a
razão para isso.

Fosse o que fosse, Bill estava agindo quase maduro. Muito perto de ser
simpático, e Dare não estava disposto a fazer nada para perturbá-lo. Ele
congelou onde estava quando Bill se sentou ao lado dele.

Bill perguntou:

— Suas roupas estão arruinadas depois dessa manhã?

— Eu os levei para lavanderia. Talvez eles tirem as manchas, mas


provavelmente sim.

— Que pena, esse era um bom terno.

— Eu gostava. — Que diabos? Talvez ele pudesse ter uma conversa


civilizada com Bill, desde que fosse para os dois lados.

— Parecia caro.

— Eu não costumo dizer a ninguém, mas não era tão caro. —


Dare tomou um gole de seu bourbon. — Minha mãe e eu a encontramos em
Olympia. Ela é um gênio quando se trata de conseguir pechinchas nas roupas.

— Você vai comprar roupas com sua mãe? — As sobrancelhas de Bill


levantaram.

— Eu gosto de me vestir bem.

— Sem brincadeiras.

279
— Nada de errado com isso, não é?

— Aqui em Palladian, está um pouco fora do lugar.

— Eu te escuto. Eu estou um pouco fora de lugar aqui em Palladian,


embora eu tenha crescido aqui. Dare olhou para sua bebida. — Eu imagino o
que diabos? Pode muito bem ficar bem.

— Deve parecer muito pequeno para você, depois de Seattle.

— Há crime aqui, o mesmo que em qualquer outro lugar.

— Sim. Alguém rouba um cortador de grama, ou você precisa escrever


alguns multas por alta velocidade.

— Em Seattle, trabalhei em um caso em que um cara encontrou uma


prostituta morta em um barril de óleo de fritura descartado. Prefiro rastrear
um cortador de grama roubado do que dizer a uma mãe que sua filha morreu
assim.

— Cristo. — Disse Rob, colocando a cerveja no chão. — Você achou o


assassino?

— O cara que a encontrou era o assassino. — Disse Bill. — Estou certo?

— Sim. — Dare fez uma careta. — Por que eles sempre acham que, se
encontrarem o corpo, descobriremos que não o colocaram lá? Não há corpos
que possam aparecer aqui em Palladian, no entanto.

— Exceto Candy. — Disse Rob.

— Sim. Mas ela morreu de causas naturais. — Disse Bill. — Drogas


aceleraram as coisas.

Provavelmente concordou Dare.

280
— Isso é o que o ML disse.

— E aquele garoto, Andrew. — Disse Rob. — Ele levou um tiro, não foi?

— Sim. Isso foi fodido. Maldito! Há crime em Palladian depois de tudo.


— Eu desejo que alguém perdeu um cortador de grama.

Como ele esperou mesas o tempo todo, Trent voltou com um jarro de
cerveja, um bourbon e uma coca para si mesmo. Ele sentou-se e, assim,
parecia que Dare era um dos garotos. Ele adivinhou que a aceitação fácil de
Rob o fez inclinar a balança a seu favor. Dare só aposto que o velho também
sabia disso. Ele teria que lembrar de agradecer-lhe algum dia.

O pescoço de Dare arrepiou-se e ele se virou, sentindo os olhos de


alguém sobre ele. Do outro lado do bar, Dare viu Sumner Pelham Jr. e seu
irmão Patrick com as cabeças juntas. Eles roubaram outro olhar para ele, e ele
encontrou seus olhares completos. Eles voltaram a atenção para suas bebidas.

— Os Pelhams bebem aqui?

— Todo mundo bebe aqui. — Tony puxou uma cadeira e se juntou a


eles. Uma vez que ele estava sentado com eles, Stella e algumas de suas tropas
se aproximaram. À meia-noite, eles arrastaram Trent e Dare para dançar. Bill
não falou muito, nem dançou. Ele sentou-se e conversou em voz baixa com
Rob enquanto as meninas tentavam ensinar os movimentos a Trent e Dare.

Em algum momento, eles juntaram várias mesas. Dare contou pelo


menos doze pessoas ao seu redor.

Dare estava encostando a cadeira para trás, ouvindo uma das garotas
dizer a todos o enredo de um filme que ela tinha visto recentemente.
Enquanto ele estava ouvindo, o rosto de Bill se contorceu em um sorriso de
escárnio.

281
— O que é isso? — Dare deixou as pernas da cadeira cair no chão
quando ele se virou para ver o que Bill estava olhando.

Finn estava sentado no bar atrás deles, bebendo algo claro.


Provavelmente vodka, pensou Dare.

Grey Goose, se você tiver.

— Mais que sujo. — Bill rosnou a palavra.

Trent franziu o cenho.

— O que ele está fazendo aqui?

— Inferno se eu sei.

— Ele não está aqui para ver você? — Dare estava bêbado demais para
pensar rápido. Ele não fez um bom trabalho em esconder sua surpresa com a
atitude de Bill. Cara ligado. Ele tinha visto os lábios de Bill Fraser ao redor do
pau de Finn.

— Por que diabos você diria isso? — Bill disparou de sua cadeira tão
rápido que Dare mal teve a chance de se mover antes que Bill o pegasse pela
frente da camisa.

Droga Talvez ele queira denunciar um crime? O instinto de


autopreservação de Dare finalmente entrara em contato com seu cérebro.

— Estou brincando. Ele é meu amigo. Eu só não achei que ele soubesse
que eu estava aqui.

Bill deu uma leve sacudida em Dare e o soltou antes de deixar cair
algumas notas sobre a mesa e sair do bar.

O resto da multidão, policiais e vaqueiras, sentados em silêncio


atordoado, observaram Bill ir embora.

282
— O que diabos o fez levantar o nariz? — Rob perguntou, após a porta se
fechar.

— Nenhuma pista. — Dare pegou sua bebida e não fez nenhum esforço
para olhar para trás novamente.

— Deus, Bill é um filho da puta estranho. — Rob olhou para seu filho. —
Ele não parece um filho da puta estranho?

— Ele está bem. — Trent olhou para Dare e depois para Finn. — Finn
Fowler apenas irrita Bill.

— Como assim? — Dare perguntou. — Eu sei que eles são inimigos


mortais desde o ensino fundamental. Você pensaria que Bill superaria o que o
irritasse naquela época.

Trent encolheu os ombros. Ele e seu pai trocaram um olhar de fala.

— Talvez seja por causa do que aconteceu no ensino médio.

— Você sabe. — Rob se inclinou para se fazer ouvir. — Quando Finn foi
espancado?

— E isso? Bill não era um de seus assaltantes. Tanto quanto Dare sabia,
Bill não tinha nada a ver com o ataque de Finn.

— De alguma forma, Bill sabia o que estava acontecendo. — Trent disse


a ele. — Ele puxou o alarme de incêndio e o caos aquele causado parou a coisa
toda fria. Ele provavelmente salvou a vida de Finn.

— Mesmo?

— Finn não te contou?

— Não, ele não fez. Isso é legal. Bill Fraser fez isso?

283
— Sim, mas você sabe que o pai de Bill era um bombeiro.

— Sim. — Dare lembrou de algo assim. — Agora que você citou isso.

O lábio de Rob se curvou em desgosto.

— Quando ele descobriu o que Bill fez, criando um alarme falso como
esse, ele quase bateu em Bill até a morte.

— Aquele bastardo. — Meu Deus. — Isso não saiu nos jornais.

— Não seria, seria? O pai de Bill era família. — Rob lembrou a ele.

— Cristo. — De jeito nenhum. Os policiais de uma cidade unida como


Palladian não poderiam prender um bombeiro nem mesmo por espancar seu
filho. Eles deixariam o caso e tentariam ajudar a família em particular. Não
estava certo, mas aconteceu o tempo todo.

— Deu aBill uma lesão na cabeça. — Rob balançou a cabeça. — Ele ficou
em coma por três dias. Demorou meses para ele curar. Ele perdeu um ano de
escola e essa surra custou ao pai o emprego. Eu tenho que imaginar que Bill
gostaria de nunca ter levantado um dedo para ajudar Finn.

— Eu vejo. — Dare pegou sua bebida, mas uma mudança sutil veio sobre
a multidão na mesa.

Ele sabia que Finn estava parado atrás dele antes mesmo de se virar.

Deus, Finn parecia bem. Ele estava lá com calça jeans desbotada de
cintura baixa e se encaixava em sua bunda como uma segunda pele. Uma
jaqueta de couro de motociclista fazia o mesmo com o torso. Ele parecia
nervoso e sutilmente perigoso talvez apenas porque Dare estava realmente
ciente de quão perigoso Finn poderia ser.

284
Ele se vestiu como se estivesse saindo para a festa ele tinha barbeado o
queixo e penteado o cabelo de um jeito desinteressado que fez Dare querer
passar os dedos por ele.

Ou pegar uma mecha para puxar Finn para um beijo ou melhor para
chupar seu pau.

— Lyddie disse que você veio pela casa. Posso falar com você por um
segundo? — Finn levantou as duas mãos para afastar o cabelo rebelde do
rosto. Dare viu a pulseira de anéis de pênis enrolada no pulso de Finn, e seu
pau apertou dolorosamente por trás de seu zíper. Apenas a visão daquela
pulseira de couro deixou Dare envergonhado e excitado e irritado de novo.

— Estou aqui com meus amigos, Finn. Se for sobre o caso do pastor,
pode esperar até que eu esteja no escritório amanhã?

Finn enfiou as mãos nos bolsos.

— É pessoal.

— Nesse caso, vamos esperar até que eu esteja sóbrio?

Um lampejo de desapontamento passou pelo rosto de Finn.

— Você precisa de alguma coisa? — Rob perguntou a Finn. Ele pareceu


surpreso com a grosseria de Dare.

Venha para isso, Dare também ficou surpreso. Mas ele também estava
ansioso e tenso, e nem mesmo sabia o porquê. Os rapazes de Pelham
sentaram-se do outro lado da sala, olhando para os dois, ele e Finn, como se
algo fedia.

Às vezes, Dare só se sentia uma merda, então ele agia de acordo.

— Não, obrigado. — Finn recuou. — Eu só tinha algo que queria falar

285
com o Dare. Entrarei em contato mais tarde esta semana.

Finn os deixou sentados lá, e mesmo em seu estado ligeiramente


bêbado, Dare percebeu que todos estavam olhando para ele. Ele fodeu isso
com certeza.

— Eu pensei que Finn era seu amigo. — Stella olhou Dare como se ele
fosse uma forma de vida mais baixa. — Talvez você devesse ir atrás dele.

Dare se virou para a porta. Seria impossível esquecer a dor na expressão


de Finn naquele momento. Ele se levantou e puxou a jaqueta do encosto da
cadeira.

— Tudo bem. Eu vou ver o que ele precisa. Duvido que valha alguma
coisa agora, mas vou ouvi-lo.

— Mais tarde, Buckley. — Rob deu-lhe uma saudação fingida. Trent e


alguns dos outros acenaram.

Dare deixou algum dinheiro na mesa e seguiu Finn.

Finn não ficou surpreso ao ver Bill espreitando por seu carro. Sem
reconhecer a presença de Bill algo que ele sabia que enfureceria o policial já
infeliz ele murmurou:

— Eu estarei em casa mais tarde trabalhando.

Para sua surpresa, Bill emergiu das sombras para confrontá-lo.

— Você contou a Buckley?

— O que você quer dizer?

— Você contou a ele sobre nós. — Bill assobiou.

286
— Não.

Bill estudou-o atentamente.

— Você está mentindo.

Finn abriu a porta do carro.

— Acredite no que quiser.

Bill estendeu a mão e segurou o braço de Finn com força.

— Responda a minha pergunta.

— Eu respondi a pergunta que você fez. — Finn puxou o braço para


longe. — Se você quer uma resposta diferente, faça uma pergunta diferente.

— Que diabos isso significa? Buckley sabe?

— Sim.

— Cristo, Finn. — Bill enfiou os calcanhares de suas mãos em seus


olhos. — Cristo. Como você pôde contar a ele?

— Eu não contei a ele. Ele nos viu. — O coração de Finn doía por Bill,
mas não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso. — Ele não vai espalhar
rumores.

— O inferno que ele não é vai. Deus. — A voz de Bill transmitiu sua
agonia. — Oh meu Deus.

— Componha-se. — Ordenou Finn. Ele desejou que houvesse algo que


pudesse fazer para evitar que Bill perdesse o controle. A dor física pode fazer
isso, mas ele nunca atingiu Bill, e ele não estava prestes a começar agora. —
Me encontre depois. Em casa.

Bill olhou em volta como um animal encurralado. Segundos se

287
passaram enquanto Finn o observava cautelosamente. Então o medo de Bill
se transformou em raiva cega, e ele se lançou contra Finn. Pela primeira vez
em muito tempo, Finn não tinha certeza se poderia desviar a auto-aversão
violenta de Bill ou parar a maneira como isso o fez atacar.

Antes que Finn pudesse levantar a mão para se defender, Dare estava ali
para fazer isso por ele. Ele atingiu a perna de Bill por trás e o puxou para trás,
desequilibrado. Bill se debateu contra a coxa de Dare por um segundo antes
de Dare o atirar de barriga para baixo no chão e colocar um joelho em seu
ombro. O aperto de Dare no pulso de Bill fez com que ele estremecesse de dor.

— Dare, pare. — Finn se agachou ao lado de Dare quando Bill chutou as


pernas, tentando se libertar. — Você está machucando ele.

— Vá para casa, Finn. — Dare deu o braço de Bill uma reviravolta


viciosa. — Eu tenho isso.

Finn olhou para cima e viu que eles estavam atraindo uma multidão.

— Mas...

Dare olhou para ele.

— Você só vai piorar as coisas para ele se ficar aqui. Vá para casa.

Finn hesitou por apenas um segundo antes de fazer como


Dare perguntou. Ele entrou em seu carro e saiu do estacionamento, deixando
para trás a cena que ele não tinha conseguido controlar.

Bill se contorceu sob o joelho de Dare. O que quer que ele e Finn
estivessem falando, ele tinha virado a porra da tampa, e era tudo o
que Dare podia fazer para segurá-lo. Tony saiu do bar e os separou com a

288
ajuda de Trent e Rob Evans.

Bill se afastou deles, parado para correr, olhos arregalados e bufando


como um touro.

— Fraser. Buckley! — Gritou Tony. — Que diabos é isso tudo?

Bill permaneceu em silêncio, então Dare teve uma chance.

— Mais uma palavra sobre como eu não mereço um trabalho aqui, e


vou bater seus dentes na sua garganta. — Bill estava muito atordoado para
responder, então Dare foi capaz de dar um soco indiferente para ele.

Bill saiu do caminho e voltou com um soco que pegou Dare no


estômago.

Certo. Agora Bill pega.

Dare se dobrou do golpe do corpo. Mesmo que sua briga com Bill o
tivesse deixado em paz, seus reflexos eram lentos. Demorou um pouco antes
que ele pudesse arrastar ar para seus pulmões.

— Foda-se. — Ele cuspiu. — Você simplesmente não pode admitir que


salvei sua vida esta manhã.

— Não é assim que eu me lembro. — Brincou Bill.

— Oh sim? O que você lembra?

— O jeito que eu lembro é que eu tive que empurrar sua bunda por trás
de uma árvore. Você nem percebeu que estava em perigo.

— Somos todos a estrela de nossas próprias fantasias.

— Isso é suficiente, Buckley. — Tony rugiu. — Fraser, leve Buckley para

289
casa.

Os dois homens se voltaram para Tony e começaram a discutir


imediatamente.

Dare disse:

— Estou bem, Tony, não preciso de...

— Levar ele para casa? — Bill apontou para Dare. — Por que diabos eu
deveria?

— Porque eu pedi. — Disse Tony a Bill. — Porque você trabalha junto e


precisa deixar de lado suas diferenças e suas pequenas emoções e agir como
adultos.

— Sim, Senhor. — Bill desistiu primeiro. — Buckley, meu caminhão está


aqui.

Dare deu de ombros.

— Eu não...

— Posso falar com você por um minuto, Dare? — Tony agarrou o


cotovelo de Dare e puxou-o para as sombras.

Oh, Cristo Aqui vem.

Dare não tinha realmente pensado sobre as consequências de suas


ações. Ele tinha acabado de ver o pânico de Finn e o medo visceral nos olhos
de Bill, e ele tinha ido com seus instintos.

Se o incidente lhe custasse o emprego, ele não tinha ninguém para


culpar a não ser ele mesmo. Novamente.

Ele tentou encontrar o olhar penetrante de Tony, mas falhou.

290
— Escute, filho. Eu ajudei você a conseguir esse emprego. É assim que
você vai me pagar?

— Não, Senhor. — Dare concentrou sua atenção no chão. — Sinto muito


que saiu do controle, Senhor.

— Você levantou sua mão para outro oficial. Você deveria estar
enfrentando audiências disciplinares.

— Eu sei.

— Você bebe muito malditamente.

Dare se encolheu. Então ele bebeu? Que negócio era de qualquer outra
pessoa? As pessoas estavam falando atrás das costas?

— Eu...

— Eu preciso que você considere se você realmente quer um emprego


aqui ou não. O álcool desempenhou um papel no seu desastre em Seattle.
Você está fodendo aqui embaixo pelo mesmo motivo.

— Sim, Senhor. — O que mais Dare poderia dizer? Tony estava certo,
ele estava fodendo. Talvez foder fosse seu verdadeiro chamado, e o álcool
apenas ampliava sua capacidade.

— Esta não pode ser a primeira vez que você ouviu isso.

— Não Senhor.

— Você precisa encontrar um programa.

Oh Deus!!

— Eu vou olhar para isso. — No mínimo, preciso tomar a minha bebida

291
em casa a partir de agora.

— Veja o que você faz. Eu vou falar sobre isso com Borkowski amanhã.
Você teve todos os tipos de testemunhas. Não pense que termina aqui.

— Não Senhor.

Tony suspirou e se inclinou.

— Garoto, seu pai era um dos meus melhores amigos. Não jogue fora
um futuro promissor sobre isso. Não há vergonha aqui, a menos que você
deixe isso continuar.

— Eu não vou, Senhor.

O rosto de Dare queimou quando ele humildemente seguiu Bill até sua
caminhonete.

Quando chegaram lá, Bill apertou a trava da porta do passageiro para


deixar entrar Dare. Quando parecia improvável que as coisas piorassem, Bill
lhe deu uma cotovelada nas costelas.

— Não espere que eu te agradeça, imbecil.

Dare entrou e manteve a boca fechada enquanto Bill ligava o motor. Ele
observava as ruas de Palladian, ou cerca de um trecho de uma milha deles,
porque ele morava tão perto do celeiro que passava no mais profundo dos
silêncios.

Dare não deu a mínima para o que fez Bill, quem ele era ou o que o fez
agir da maneira que ele tinha. Bill Fraser era apenas mais um item em uma
longa lista de razões pelas quais ele desejava nunca mais voltar. O incidente
no bar ainda o deixou com raiva o suficiente para tirar a vida dele em suas
mãos e dizer o que estava em sua mente.

292
— Talvez você devesse ver alguém sobre o seu problema.

— Que problema é esse?

— O armário em que você está vivendo deve estar ficando muito


apertado.

O rosto de Bill estava manchado de raiva.

— Eu não preciso do seu conselho.

— Não é verdade, porque se você for atrás de Finn assim de novo, onde
eu posso te ver? Eu vou matar você.

— Finn não precisa de você para cuidar dele.

— Talvez não. — Finn não precisava mais dele, mas eram os intervalos.
Ele perdeu o direito à amizade de Finn quando ele não conseguiu devolvê-lo.
— Mas eu farei do mesmo jeito.

— Se você contar a alguém...

— Eu não vou.

Bill ficou em silêncio por um longo tempo.

— Eu sei o que você está pensando. — Dare disse. — Se você tivesse algo
em mim que me faria rir de uma cidade inteira, você colocaria em uma porra
de um outdoor.

— Tudo bem, então porque você não faz? Se você sabe muito.

— Você está se perguntando se eu sou um cara legal ou se estou apenas


esperando até o momento perfeito para atacar.

Os músculos da mandíbula de Bill estavam fazendo um trabalho sério.

293
— Você está?

— Talvez eu tenha pena de um caso de armário fodido.

— Eu sou não um fodido...

— Sim, você é. — Dare se preparou para uma explosão. — E vai deixá-lo


louco sabendo que eu sei. Imaginando quem e quando vou contar...

— Você não gosta de como esta Vivendo? — Bill inclinou-se para um


balanço na calçada em frente à casa de Dare. — Você está cansado disso?
Porque eu posso te ajudar com isso.

— Essa oferta e tocante, mas... — Dare segurou a maçaneta da porta não


é necessário. Tenha uma boa noite então.

— Porra desligado.

— Eu vou sair daqui, não vou? — Quando Dare abriu a porta e colocou
um pé no meio-fio, Bill freou, forçando-o a pular cerca de um metro e meio
antes que pudesse se libertar. — Isso é realmente maduro, Fraser.

— Foda-se você.

— Durma bem. — Dare bateu a porta.

Bill rugiu e Dare cambaleou até os degraus da varanda. Ele pegou as


chaves, feliz por estar em casa.

Pelo menos a noite provavelmente não pioraria.

Finn chegou em casa e encontrou Lyddie deitada no sofá na sala de


estar, tuda empacotada e assistindo os créditos finais do filme Footloose.

— Eu amo Kevin Bacon.

294
— Você ama todos os produtos de carne de porco dançando.

— Ha-ha...

Ele pegou as duas garrafas de água da cozinha, e quando ele voltou, ela
levantou os pés para que ele pudesse se juntar a ela.

— Você achou Dare?

— Sim. Cristo. Tem certeza de que ele queria falar comigo? Finn abriu a
água e entregou a ela. Sua força de aderência simplesmente não estava mais
lá.

Um rubor culpado roubou suas bochechas.

— O que ele disse?

— Eu não quero falar sobre isso.

— O que aconteceu? Derrame ou eu vou ficar entediado e assistir


descomprometido novamente.

— Eu acho que você talvez tenha entendido mal a situação. Fui falar
com ele, mas ele me surpreendeu. Finn bebeu metade da água de uma só
vez. Ele raramente bebia e isso o deixava com sede. — Fim da história.

— Ele apenas te surpreendeu? Por que diabos ele faria isso? Você não
está me contando tudo. Você foi à casa dele?

— Ele não estava em casa.

— Onde ele estava?

— Ele estava no Celeiro com alguns dos caras. — Não havia como dizer
isso mais silenciosamente do que ele, mas ela o ouviu de qualquer maneira.

Ela arregalou os olhos.

295
— Você foi falar com Dare em um bar policial?

— Não é apenas um bar de policiais. É o celeiro, Lyddie. Foi invadido


por Stella e sua multidão ocidental do país hoje à noite. Os Pelhams estavam
lá, olhando para todos.

— Dare estava sozinho quando você foi falar com ele?

— Na verdade não. Ele estava com Bill Fraser e alguns dos outros caras
do trabalho .

— Finneas Horatio Fowler. Você abordou Dare Buckley em um grupo de


policiais que incluía Bill Fraser?

— Sim. E daí? Se ele não quer me conhecer em público, não é legal. —


Ele manteve os olhos na televisão. Ele imaginou que ela iria atrás dele sobre
se sabotar e piorar as situações ruins, mas, inexplicavelmente, ela explodiu
em lágrimas de cortar o coração.

— Ah, droga, Finn. — Ela puxou o cobertor para cima e cobriu o rosto. —
Cristo. Não faça isso comigo.

— Fazer o quê? — Alarmado, ele se arrastou até ela e tomou-a em seus


braços. Ela chorou contra o peito dele, usando o cobertor para sufocá-lo aos
soluços. — Lyddie, o que há de errado?

— Eu estava tão feliz quando Dare voltou. — Lágrimas escorriam sem


controle por suas bochechas de papel. — Fiquei tão aliviada. Eu o vi subir os
degraus da varanda naquela primeira noite e pensei: 'Por fim. Eu não vou
deixar meu bebê sozinho'.

— Você não é… Merda, Lyddie. Eu posso cuidar de eu mesmo. Por que


ninguém acredita em mim? — Finn rangeu os dentes. — Estou bem.

296
— Naquela noite — Ela fungou. Respirou fundo. — Eu vi o jeito que Dare
olhou para você. Aquele menino pode apenas amar você. É possível que ele
sempre tenha te amado, mesmo quando você era criança. Sabe, eu costumava
me preocupar com isso sobre como ele estava ligado a você. E não pense que
eu não assisti você todo o maldito tempo para ter certeza que ele não estava...

— Ele não era o quê? — Finn franziu a testa. — Você pensou...

— Eu pensei: 'Por que diabos um adolescente está andando com meu


filho de nove anos?' O que você acha que eu estava pensando? — Ela soltou
um suspiro estremecido. — Eu tinha espiões em todos os lugares.

— Uau. Não. Nada como isso nunca... sempre. Ele gostou da adoração
do herói, eu acho. Sendo um irmão mais velho.

— Ouça-me. — Agora mais irritada do que chorosa, ela segurou seu


pulso em uma garra apertada. como aperto. — Não foi só isso. Você o fez feliz,
e isso não tem nada a ver com cuidar, e tudo a ver com o que eu quero para
você.

— E o que é isso?

— Eu quero alguém para acalentar você, Finn. Eu quero ver isso com
meus próprios olhos antes que eles se fechem para sempre, e você não pode
continuar assim tratando o amor como fogo. Você não pode continuar
colocando para fora antes que comece, querido. Você tem que ter uma chance
que você vai se queimar.

— Não é assim, Lyddie. A vida não é seus filmes de dança. É complicado.

— Maldição, Finn. — Ela soltou seu pulso e segurou seu rosto entre as
mãos. — Você acha que precisa ficar longe ou vai acabar como Ivy, mas isso
não é verdade.

297
Ele se afastou dela.

— Minha mãe era a piada da cidade porque passava a vida perseguindo


um ideal romântico como se fosse a passagem de ouro. Tudo o que fez foi
desapontá-la no final. Isso a fez rir. Isso a jogou no rio como um pedaço de
lixo.

— Tens de escuta-me. — A voz de Lyddie rachou como um chicote. —


Ivy foi quebrada no departamento de amor. Ela não perseguiu o amor. Ela
não sabia o que era amor. Ela não podia dar, e ela não sabia quando
recebeu. O amor era uma língua que Ivy não falava.

— Do que você está falando? — Finn examinou os olhos de sua tia. Isso
era o remédio dela falando?

Os lábios de Ivy se contorceram em um sorriso irônico.

— Ivy sempre quis as coisas falsas. Ela dormiu com homens por
dinheiro, Finn. Ela queria poder, ela queria arremessar esse poder na cara de
todos. Isso parece ser algo como procurando por amor para você?

— Não. — Finn admitiu. Ele sabia disso de qualquer maneira. O poder


não é amor.

O poder é mais seguro porque o amor machuca.

Talvez sua mãe tivesse percebido isso, como ele.

— Você tem uma chance aqui, querido. — Disse ela finalmente,


dobrando as mãos em torno de ambos. — Você sabe amar. Você tem um
coração tremendo. Você vê o que as pessoas precisam e porque você é cheio
de compaixão, você encontra uma maneira de dar a elas. Você simplesmente
não sabe como receber amor. Estou te implorando, bebê. Por favor, não se
feche para a possibilidade de amor na sua idade. Dare te ama. Deixe-se aceitar

298
isso.

— Dare não me ama. Ele...

— Dare não sabe que ele te ama ainda, isso é tudo. Ele não teve seu
momento de ruptura. Mas mais cedo ou mais tarde, ele vai olhar para o seu
sorriso doce, o mesmo sorriso que o encantou quando você era apenas uma
criança, ele vai se perguntar como ele viveu um dia sem você. E se você
estragar tudo, eu vou sair do meu túmulo e assombrá-lo.

— Cristo. Ok. — Finn pressionou o rosto no colo magro de Lyddie e


simplesmente respirou enquanto ela acariciava seus cabelos. Ele não podia
deixar que ela visse o jeito que seu coração fazia um pequeno e alegre samba
de dança ao pensar em Dare Buckley se perguntando sobre isso. — Mas se
você puder, vá em frente e me assombre, tia Lyddie. Eu não quero que você
me deixe nunca.

299
Capítulo 26
No dia seguinte, Finn partiu para a sua corrida, ainda com os olhos
vermelhos da noite mal dormida . Não o surpreendeu quando Bill puxou ao
lado dele em sua caminhonete. Bill o acompanhou por um momento,
iluminando o caminho de Finn com os faróis. Quando chegaram ao seu lugar
particular junto ao rio, ele parou seu caminhão onde a estrada terminava.
Finn esperou por perto.

— Ei, Bill.

— Finn. — Bill inclinou a cabeça.

Finn pisou de pé para pé para não enrijecer.

— Eu deveria me desculpar pela noite passada. Eu quero que você saiba


que eu realmente não pensei quando entrei no celeiro assim.

— Eu sei. — Bill não parecia melhor do que ele, Finn pensou. Ele foi
pego em dois lugares onde ele se barbeou mal, e seus olhos estavam
sombreados com olheiras como se ele não tivesse dormido.

— Noite difícil? — Finn perguntou.

— Sim! — Bill reconheceu a verdade. — Foi uma noite difícil.

Noite dura era a abreviação de Bill para coisas como a crueldade


espetacular que o pai de Bill ainda dava quando ele estava sóbrio o suficiente
para falar. O desgraçado havia perdido a esposa para o divorcio, finalmente.
Mas Bill ainda morava em casa, embora seu pai passasse o tempo em uma
névoa amarga e alcoólica que às vezes explodia em períodos de terrível
violência.

300
Uma noite difícil foi aquele em que Bill teve que estabelecer que ele era
maior, mais forte e, às vezes, armado, para se proteger.

— Desculpa.

— Me desculpe, eu fiquei com raiva de você. — Bill apertou as mãos


atrás das costas. — Eu sei que não foi sua culpa.

— Foi uma noite ruim.

— Você foi lá por Buckley, hein?

— Sim.

— Eu o odeio. — O repertório emocional de Bill não era exatamente


grande.

— Eu sei. — O coração de Finn deu um aperto particularmente doloroso.


Bill estava tão empobrecido emocionalmente que seu anseio por mais exigia
muitas e muitas formas.

Finn sabia que ele era o único que via o lado doce do homem que todos
na cidade acreditavam ser um idiota de primeira classe.

— Eu o odeio ainda mais agora que ele tentou me ajudar na noite


passada.

— Ele o quê? — O ritmo cardíaco de Finn aumentou novamente, e não


teve nada a ver com o exercício.

— Ele disse a todos que eu o irritava, então ele começou uma briga. Ele
entrou em apuros com Tony e todos. Eles disseram que ele tem que ir para
AA.

— Meu Deus. Eles não fizeram. — Finn podia imaginar como isso foi. —

301
AA? Como em Alcoólicos Anônimos?

— Buckley é um idiota total. Mas ontem à noite ele me deixou socar ele
para manter meu segredo. Eu quero odiá-lo ainda mais, mas depois me sinto
mal com isso.

Finn escondeu seu sorriso.

— Eu posso ver onde você pode, sim.

— Maldito bastardo superior. — Bill cruzou os braços. — Espero que ele


engasgue com a oração da serenidade e morra.

— AA pode ser bom para ele. — Finn suspirou. — Ele bebe demais.

— Se ele é um alcoólatra como meu pai, AA não vai fazer merda


nenhuma.

— Funciona para algumas pessoas.

— Mindless perdedores. — Bill se virou e abriu a porta do passageiro. —


Eu tenho café, quer um pouco?

— Sim. — Finn dirigiu-se para a parte de trás do caminhão de Bill.


Enquanto ele levemente saltou sobre a porta traseira, Bill trouxe dois cafés e
um saco de donuts. — Ei. Você coloca um cobertor para baixo?

Bill encolheu os ombros.

— Você sempre diz que o metal está frio.

— Há quanto tempo nos encontramos assim?

— Não sei. Quatro anos? — Bill tirou a tampa do café para fazer uma
dose com açúcar e creme.

— Você realmente acha que ninguém nunca notou? — Finn perguntou.

302
Bill sacudiu a cabeça.

— Ninguém nunca está aqui a esta hora do dia.

— Houve uma vez em que aqueles caras vieram aqui para jogar uma
velha máquina de lavar no rio.

— Eu me lembro. — Bill assentiu. — Você se escondeu enquanto eu


pegava seu traseiros.

— Você os fez levá-lo para o lixão. — Finn pegou seu favorito, um donut
de açúcar em pó, da bolsa.

— Como você esta se posso perguntar?

— Eu não sei. Ontem à noite Lyddie teve um colapso fodido. Ela está
com medo de me deixar sozinha.

— O que isso tem a ver comigo?

— Nada. Ela não tem ideia sobre nós.

— Assim? Apenas diga a ela que você tem Saint Buckley.

— Não o chame assim.

Bill sorriu ao redor de um donut de chocolate guarnecido com nozes


picadas.

— Ele realmente me irrita, Finn.

— Eu lhe garanto, é mútuo.

— Ele ainda me chama de Bill porra Fraser dessa forma ele faz? Como a
veia em sua tempora está prestes a explodir?

— Sim.

303
Bill sorriu, e isso transformou seu rosto de tal forma que Finn respirou
fundo. Bill podia ser lindo quando estava feliz. Eles apenas tinham que afinar
as coisas que o faziam feliz.

— Você poderia ser meu amigo da luz do dia, Bill.

Bill parou de sorrir.

— Eu não posso.

Finn aperta seu braço.

— Você não vai.

— Eu não posso. É a mesma coisa de qualquer maneira. É impossível.


Eu não sou o que você é, Finn. Eu preciso de um mestre, mas não sou um
bicha.

— Você vai me deixar triste, dizendo coisas assim, Bill.

Bill olhou para ele. A névoa e a escuridão os escondiam um do outro,


assim como o mundo ao redor deles.

— Sinto muito, Finn.

— Está tudo bem.

— Dare vai ser seu amigo da luz do dia?

— Eu não sei. Ele me surpreendeu completamente no celeiro ontem à


noite.

— Bem, sim. Você estava em um bar de policiais vestido como


um menino de aluguel.

— Não diga isso. — Finn era particularmente sensível sobre o assunto da

304
prostituição, então, seriamente. Bill precisava dizer isso?

— Espere... — Bill franziu a testa.

— Eu sei que você não quis dizer que eu sou como minha mãe. Você é
tão cruel quando há alguém escutando.

— Ah, Finn. Pare.

— Eu não vim aqui para lutar.

— Nem eu. Eu só quis dizer que você tinha delineador. Como se você
estivesse procurando um encontro.

— Eu fui.

Bill ficou quieto.

— Com Dare?

— Eu acho.

— Porque você acha que ele quer ser seu amigo da luz do dia?

— Você me culpa?

— Não. — Bill sussurrou a palavra.

— Veja. Pode chegar um momento em que...

— Quando tudo isso acabar. — Bill jogou seu donut comido pela lateral
do caminhão e limpou as mãos em um guardanapo. Sem olhar para Finn, ele
começou a pegar o lixo, incluindo a tampa da xícara de café de Finn.

— Ei. — Finn pegou de volta. — Eu não terminei com isso.

— Mas você terminou comigo, não é? O Saint Buckley está de volta à


cidade e você acaba de jogar de Dom comigo porque ele vai querer você todo
para si mesmo, é isso?

305
— Não... Eu não sei. — Finn admitiu. — Talvez.

— Então, o que você quer de mim? Um presente de aposentadoria?

— Não, eu apenas pensei que deveria mencionar isso, por causa do que
Lyddie e eu conversamos.

— Lyddie quer que você procure um namorado, certo? Ela está de olho
em Buckley agora que ele voltou.

— Eu não sei. Ela quer que eu encontre amor.

A gargalhada de Bill foi tão alta no ar matinal que um casal de pássaros


levantou voo de uma árvore próxima.

— Boa sorte com isso.

— Conta...

— Não, você sabe o que? — Bill saltou para o lado do caminhão. Ele
abriu a porta de trás para colocar o lixo em um recipiente que ele mantinha
lá. — Nós dois sabíamos como isso ia acabar. Está bem.

— Não está bem se você acha que isso me faz menos do que seu amigo.

— Você não é meu amigo, Finn. Você nunca foi meu amigo.

— Eu sou seu amigo. — Finn pensou sobre o que Lyddie tinha dito na
noite anterior. — Você simplesmente não sabe como falar em amizade, e não
importa o que eu diga, você não me entende.

— Seja como for, mais sujo.

— Não me chame assim. — Finn estalou.

— Eu vou chamar você do que eu quero. — O rosto de Bill assumiu sua

306
expressão pitbull. — Viado.

Finn agarrou a camisa de Bill com as duas mãos e puxou—o para a


frente, para que ficassem de olho no olho.

— Eu sou seu amigo, seu idiota porra.

Paixão acendeu nos olhos de Bill, mas morreu um segundo depois. Ele
balançou a cabeça tristemente.

— Tudo bem, desca.

Bill estendeu a mão para ajudar Finn a descer da carroceria da


caminhonete.

— Obrigado.

— Tenha uma boa corrida, Finn.

— Obrigado. — Finn levantou a mão para acenar quando Bill entrou em


sua caminhonete. — Até a próxima.

— Não se eu te ver primeiro. — Bill ofereceu sua resposta padrão e


saudou Finn antes de decolar.

Finn observou-o ir embora com a sensação de que ele acabara de


quebrar o coração de Bill.

Não que Bill realmente tivesse um.

Ele sentiu como se tivesse chutado um filhote de cachorro.

Um cachorrinho cruel e raivoso.

Com um suspiro pesado, ele saiu correndo novamente.

Dare seguiu para a padaria de Peg naquela manhã porque ele ficou sem

307
café. Além disso, ele queria pedir algo que pudesse levar para Denise na sexta
à noite. Ele não ficou surpreso ao ver Finn correndo em direção a ele na rua
principal de Palladian. Dare o tinha visto correr até Peg antes, na primeira vez
que eles falaram depois da morte de Candy, quando nenhum dos dois tinha
ideia do que esperar.

Isso parecia cem anos atrás.

Dare estacionou ao longo do meio-fio e esperou até que Finn parou


diante dele. Ele não tinha certeza do que deveria dizer. Ontem à noite tinha
sido um tremendo cacete por toda parte.

— Ei aí, Finn. Está bem?

— Nada de mais.

— Você tem algo... lá em seus lábios... — Dare apontou. — Isso é açúcar


em pó?

— Oh sim. Eu comi um donut. — Finn limpou a boca.

— Ah. — Era estranho que ele quisesse lamber o açúcar de confeiteiro


dos lábios de Finn?

— Eu acho que tenho sorte de você e não Trent Evans, ou eu estaria


algemado, e ele estaria raspando isso do meu rosto e enviando para o
laboratório criminal.

— Bem, esse é o seu dinheiro de imposto no trabalho. Mas nós


realmente não temos um laboratório criminal em Palladian.

— Eu sei.

— Eles teriam que enviá-lo. — Dare olhou para o céu, em seguida, de


volta ao rosto cauteloso de Finn. Não havia boa desculpa para como ele havia

308
tratado Finn na noite anterior. Ele tinha visto Finn no bar, teve uma reação
poderosa a ele, como de costume, e se escondeu por trás de embriaguez e mau
comportamento porque não o tripulou na frente de seus amigos.

Agora ele tinha que se desculpar. Ele tinha que, mesmo que não
estivesse pronto para o que Finn oferecia. Ele não era um idiota.

— Olha, me desculpe pela noite passada. Eu não sei o que...

— Não, nossa. Ei. — Finn acenou com o pedido de desculpas de Dare. —


Tudo minha culpa. Lugar errado, hora errada. Eu tenho um lembrete para
não usar delineador em uma bar de polícia hoje de manhã.

— De quem?

— Oh, você olharia para aquilo? O qual? Você está tão gramaticalmente
correto.

Dare tentou novamente.

— Quem disse isso?

— Ninguém. — Finn sacudiu a cabeça. — Me desculpe se eu te


envergonhei.

— É só isso. — Dare baixou o olhar. — Eu deveria me arrepender. Você é


meu amigo, Finn. Me desculpe, eu continuo te decepcionando.

— Você não me decepcionou, Dare. Você só pensa que faz porque se


mantém em um padrão impossível.

Dare encolheu os ombros.

— Se você diz.

309
— Eu digo isso. — Finn começou a correr no lugar. — E sabe de uma
coisa?

— O que?

— No final, você sempre vem. Eu nem estou mais surpreso.

— Sim? — O coração de Dare parecia ligeiramente mais leve.

— Sim — Finn se virou e partiu. Ele lançou um olhar provocativo


para Dare. — Sempre.

Com um sorriso, Dare assistiu Finn correr pela rua. Ele se acostumou
com a mecânica um pouco estranha de Finn. Sua forma magra era tão forte.
Isso nunca foi mais aparente do que quando ele correu. A cada passo,
músculos bem definidos se esticavam nos braços e costas. Energia enrolada
em seus quadris e panturrilhas. Observando-o correr assim, observando-o
simplesmente mover seu corpo daquele jeito controlado e cuidadoso, Dare se
lembrou da graça sinuosa e inconsciente com a qual Finn o perseguira na loja
de Lyddie.

Finn estava certo. Dare precisava de uma perda de controle para


encontrar a liberação que ele ansiava. Ele precisou dar as rédeas a Finn, e
quando ele teve, Finn o levou em algum lugar que ele nunca soube que existia.

No entanto, Dare se perguntou como seria simplesmente pegar Finn em


seus braços e beijá-lo.

Fazer amor convencionalmente.

Lentamente.

Para enrolar casualmente um ao outro em uma maldita cama.

O que teria acontecido se ele tivesse levado Finn para casa e o tivesse

310
fodido ao invés de se contentar com uma cena e uma punheta no salão de
Lyddie?

Finn fez isso mesmo?

Dare assistiu Finn correr no lugar esperando por uma das poucas luzes
de Palladian para mudar. Quando ficou verde, ele saiu do meio-fio. Dare mal
tirara os olhos de Finn, acabara de abrir a porta da Padaria Peg e respirava o
ar quente e levemente aromatizado de baunilha, quando o som de um motor
acelerando atraiu seu olhar para trás. Ele se virou bem a tempo de ver uma
mancha azul danificada atravessar o cruzamento, indo direto para Finn.

Finn deve ter percebido que o carro estava apontando para ele no
mesmo segundo terrível que Dare fez, e correu em direção à segurança. Deu
uma última explosão de velocidade e mergulhou na calçada.

Dare não tinha certeza se seria o suficiente para deixá-lo claro.

Dare saiu correndo, já pegando o celular no bolso. Seu coração se


contraiu com medo doentio.

O carro azul pegou um segundo veículo na direção oposta. Segundos se


passaram antes que o motor acelerasse novamente. A fumaça subia dos pneus
enquanto se agitavam contra o asfalto. O cheiro acre de borracha queimada
encheu o ar. O carro azul bateu na porta do lado do motorista do outro veículo
novamente, empurrando-o para a calçada, descaradamente fazendo uma
última tentativa em Finn antes de mudar para a marcha a ré.

Tudo aconteceu tão rápido que o carro azul estava a meio quilômetro da
rua antes de Dare chegar ao cruzamento.

Seu coração batia contra suas costelas enquanto ele contornava o carro

311
deficiente. Finn estava deitado no chão, enrolado em uma bola apertada.

— Cristo, Finn. — Dare fez um inventário rápido. Finn estava sangrando


de um corte em sua testa e o deslizar na estrada marcava seus braços e
pernas, mas graças a Deus, Graças a Deus ele estava vivo. — De volta em um
segundo.

Dare espiou o carro danificado. Os insufláveis airbags do motorista


haviam se instalado. Amido de milho flutuou pelo compartimento de
passageiros como uma névoa espessa. O motorista estava desorientado,
tossindo. Ele estava preso em seu assento pelos danos à sua porta.

— Você está bem? — Dare levantou o telefone para que o homem


pudesse ver que ele estava pedindo ajuda. — Você acha que pode sair dessa
maneira? Rastejar pelo lado do passageiro?

Os olhos do homem se concentraram na porta e depois voltaram


para Dare em alguma confusão.

— O que?

Dare reconheceu a vítima como um empregado mais velho da loja de


ferragens, onde ele comprou seu material de pintura. Ele tentou a porta do
passageiro e descobriu que não estava trancado. Abriu-a e se agachou ao lado
dela, estendendo a mão.

— Voce pode se mexer? Você pode soltar o cinto de segurança e sair


dessa maneira?

— Eu... — O homem tentou o cinto de segurança. Seus movimentos


eram lentos, seu discurso enlameado.

312
— Oh. Talvez.

Dare ajudou o homem mais velho a encontrar o caminho, depois


sentou-se no meio-fio perto de Finn. O homem mais velho usava um casaco
para mantê-lo aquecido, mas Finn só estava vestido para correr, Dare tirou o
paletó e o cobriu protetoramente, envolvendo suas bordas cuidadosamente ao
redor dele.

— Deus Droga O medo e a raiva entupiram a garganta de Dare.

— Oh Deus, Finn.

— Está tudo bem. — Finn endireitou os braços e as pernas e tentou se


sentar. Sangue escorria dramaticamente do corte na testa. Dare tirou a camisa
e apertou-a na ferida de Finn. Ele deixou Finn se apoiar nele. O peso do corpo
de Finn era sólido e reconfortante.

— Estou bem.

— Você não tem que falar. — Dare passou o braço ao redor de Finn, que
começou a tremer todo provavelmente da adrenalina.

Eles tinham sido tão sortudos. Apenas alguns pés ficaram entre Finn e a
morte certa.

Microssegundos.

— Cristo, Finn.

— Shh. — Finn virou a cabeça. Ele ficou tão pálido que Dare pensou que
provavelmente ficaria doente. Ele deixou Finn rolar para longe dele, e então a
ânsia impotente de Finn fez o estômago de Dare balançar também.

— Você vai ficar bem, Finn. — Dare deu um tapinha nas costas. — Eu
sinto muito.

313
Sirenes se aproximou.

Finn limpou a boca na camisa de Dare.

— Ok, então você pode ficar com essa camisa, se quiser.

— Ha-ha. — Finn franziu a testa. Suas pálpebras caíram sobre os olhos


desfocados. — Eu tenho feito algo para você no meuoficinado porão.

Porão do porão?

— Sim?

— Queria terminar. — Finn puxou a jaqueta de Dare em torno de seus


ombros. — Vá lá e olhe, se...

— Cale a boca, você vai ficar bem.

— Lyddie precisa de mim.

— Vai ficar tudo bem, Finn.

— Conta.

Com essa palavra, o estômago de Dare se virou. Claro Finn pedia por
Bill. Conta porra Fraser foi

— Ele está atrás de você. — Finn apontou fracamente.

— Se você sair dele, Buckley. — A voz de Bill gotejava ácido. — Os


paramédicos precisam fazer o seu trabalho.

Ah!

— Tudo bem. — Ele poderia fazer isso.

314
Capítulo 27
Dare descreveu o acidente ou incidente, porque isso não foi um acidente
para Bill, que estava de folga, mas ali mesmo, e para Denise, que aparecera
em preto-e-branco. Ele falou com a clareza destacada que o trabalho exigia
dele.

Os paramédicos viram Finn e o homem mais velho, que acabou por se


era Harold Anderson, da Anderson's Hardware, o dono da loja. Ele tinha uma
contusão maciça do cinto de segurança e uma possível clavícula quebrada,
mas ele era coerente e parecia bem.

Dare e Anderson descreveram o acidente separadamente, mas juntos


eles concordaram que Finn era o alvo do motorista no carro azul.

Uma pequena multidão se reuniu, composta principalmente de pessoas


de Peg e de outras empresas ao redor. Rob Evans estava lá. Assim como
Charlotte Boyer e algumas pessoas que Dare viu trabalhando no arranha-céu.
Eles ficaram na rua e conversaram entre si. As três ou quatro pessoas que
testemunharam o acidente esperaram para falar com Denise e outro oficial,
com quem Dare ainda não estava familiarizado.

— Finn bateu com a cabeça muito forte? — Perguntou Bill.

— Eu não vi. Ele estava do outro lado da colisão.

— Ele está agindo como se tivesse uma concussão. Eles vão levá-lo ao
pronto-socorro para que ele olhe. Ele provavelmente precisará de uma
ressonância magnética.

— Sim.

315
— Você deu uma olhada no motorista?

— Aconteceu rápido demais. — Dare sacudiu a cabeça. — Muito longe.


Havia clarão nas janelas. Na verdade, ele só tinha olhos para Finn naquele
momento.

Fraser lançou-lhe um olhar que indicava que se ele estivesse em cena, já


teria esboçado o homem para a perfeição fotográfica.

— Alguém tem que contar a Lyddie.

— Eu vou. Antes de ir ao hospital, vou me certificar de que ela tenha o


que precisa.

— Bom. — A expressão de Bill era insondável. — Veja isso.

— Pare de ser um idiota. — Dare se inclinou para frente e baixou a


voz. — Vá até lá e fale com ele. Ele poderia usar outro amigo.

Os olhos de Bill brevemente se fecharam.

— Não pode ser eu.

— Deus, você é um idiota. — Dare olhou para a maca onde um


paramédico estava preparando Finn para o transporte. — Sua perda.

O olhar de Bill seguiu o de Dare. Dare quase sentiu uma pontada de


simpatia. Quase.

Lyddie ainda estava na cama quando Dare chegou na casa dela. Ele
pegou as chaves de Finn então ele simplesmente entrou, chamando o nome de
Lyddie para que ela não ficasse chocada em vê-lo. Quando ele a encontrou, ela
mal estava coberta por um único lençol. Os aquecedores elétricos mantinham
a sala tropical. Ela não estava usando seu turbante, cachecóis ou cobertores, e

316
ele viu pela primeira vez como o câncer havia destruído sua pequena
estrutura.

Seus olhos se abriram e ela piscou para ele.

— Dare Buckley? Você não sabe melhor do que entrar no quarto de uma
dama sem um convite?

— Sinto muito, Lyddie. Houve... — Cristo, como ele ia dizer isso? — Um


pequeno acidente esta manhã, e Finn se machucou.

— O quê? — Ela tentou se sentar, estremeceu e tentou novamente. Ele a


ajudou a balançar as pernas para o lado da cama. — O que aconteceu?

— Um carro disparou através de um sinal vermelho, e Finn teve que


pular para fora do caminho. — Seu corpo todo estremeceu, e ele colocou a
mão sobre a dela para acalmá-la. — Ele vai ficar bem, mas ele bateu a cabeça.
Eles vão querer assistir para se certificar de que ele não está com
concurssão. Eu vim lhe contar e verificar se você está bem, e depois vou vê-lo.
OK? O que eu posso fazer? Há alguém para quem eu possa ligar?

Ela alcançou a cabeceira da cama e pegou um dessas caixinhas de


comprimidos, do tipo com vários recipientes para cada dia da semana.

— Eu vou ficar bem por um tempo. — Mecanicamente, ela tomou um


gole de água após cada comprimido.

— Você precisa de mim para fazer alguma comida?

— Eu tenho barras de proteína. Você só vai ver se Finn está bem, e me


liga com o que você descobrir.

— Eu poderia levá-la ao hospital para vê-lo. — Dare a carregaria se fosse


necessário. — Não é problema.

317
— Deus, você levaria minha bunda ao redor? Você é corajoso. — Ela
parecia estar considerando isso. — Só chegar à varanda da frente é quase
demais para mim nos dias de hoje.

— Tudo bem. Não faz sentido fazer você passar por isso, se eles vão
liberá-lo em algumas horas. Vou mantê-la informado.

— Sim. Você ira? — Ela franziu a testa. Ele viu que ela não podia estar lá
para Finn do jeito que ela queria. Ela fechou os olhos. — Maldito este corpo.

Dare deu um leve aperto na mão dela.

— Enquanto isso, eu preciso ter certeza de que você tem tudo que você
precisa ou Finn vai me derrotar.

Ela sorriu para ele.

— Você sempre foi um bom menino, Dare.

A cabeça de Finn está doendo. Ele estava deitado em uma maca na


ambulância, tremendo pelo choque.

Cristo. Alguém quase o atropelou. Cada aspecto do evento


desencadeou uma onda de memória, afogando-o em imagens e emoções que
ele desejava poder esquecer, de uma vez por todas.

O cheiro da chuva. Os odores acre de queimar borracha de pneu e


escape e seu próprio terror nu.

Sangue e calçada.

Alguém quase o atropelara e agora, justamente quando achava que


havia dominado seu medo justamente quando acreditava ter enterrado
pesadelos tão profundos que nunca mais emergiriam voltaram com a força

318
de uma erupção vulcânica e o sufocaram sob o peso do seu passado.

Abaixo do peso de sua culpa.

— Finn? — Um dos paramédicos esfregou a mão. — Fique comigo, Finn.

Alguém disse:

— O que está acontecendo?

— Os batimentos cardiacos estão caindo.

O corpo de Finn voou fora de controle.

Como se ele assistisse do olho do furacão, tudo explodiu ao redor dele.

— Finn. Ficar comigo. Finn, você pode me ouvir?

A chuva estava caindo mais forte do que nunca, pelo menos na


memória de seu filho de nove anos. Às vezes, quando chovia forte assim e a
mãe de Finn voltava para casa depois de uma noite de bebedeira se ela estava
feliz, inquieta ou tomava drogas ela vinha ao quarto dele, cheirando a álcool,
cigarros e sua linda perfume, e ela acordá-lo para levá-lo para fora para uma
dança na chuva.

Um relâmpago brilhou no céu e um trovão explodiu no céu como


bombas. A chuva desceu em cílios e caiu do telhado. Desceu em gotas gordas e
frias das árvores e juntou-se em poças cor de arco-íris no pavimento
iluminado por lâmpadas. Ele podia sentir o som em sua barriga, em seu peito,
sob o guincho barulhento de sua capa azul-marinho e o plop de squash de
suas botas de borracha.

O trovão saltou dentro dele. Isso o fez sentir peculiarmente oco, como se
ele fosse um grande bumbo. Como a chuva poderia enchê-lo até o topo.

319
Na escuridão da noite, vasta e sem visão, Finn estava livre.

Tudo ao seu redor tinha ficado selvagem, e ele tinha possuído isto.

A voz de sua mãe flutuou para ele a cerca de três metros de distância.
Ele esperava que ela não fosse rir muito alto. Se ela o fizesse, ela poderia
acordar Lyddie e eles teriam que voltar para dentro de onde estava seguro e
quente.

Ele não podia dizer a sua mãe para ficar quieta porque ela ficaria brava.
Ele não queria que ela parasse de rir e fosse para dentro de qualquer maneira,
então ao invés disso ele correu pela rua e a fez persegui-lo. Se ele corresse
rápido, ele provavelmente poderia ter mais alguns minutos de prazer quase
intolerável antes que ela o pegasse.

Nuvens enevoadas de vertiginosa vertigem se misturavam no ar com a


cadência musical da bela voz de sua mãe chamando-o a parar. Ela realmente
não tentou muito, porque ela amava noites loucas assim tanto quanto ele.

Choveu muito em Palladian, ou Finn não teria conhecido muito a mãe


dele.

Ele nunca a amou, mas em momentos como este, ela inspirou sua
adoração como se ela fosse um sol distante, uma estrela cuja luz nem o
iluminou nem o aqueceu, mas cujo poder e beleza eram visíveis de uma vasta
distância.

Ele adorava a mãe porque ela fazia todas as coisas acontecerem coisas
ruins e coisas boas.

Noites como essa, esse momento mágico de liberdade, foram algumas


das melhor coisas.

Eles passaram mais alguns minutos dentro de sua perfeita bolha de

320
felicidade selvagem, e então ele ouviu pneus gritarem pela calçada. Era um
guincho rasgado e dilacerante como se uma ave de rapina descesse a rua e
voasse para longe novamente.

Finn sentiu o cheiro de borracha queimada e sua própria urina, que


havia se infiltrado em suas calças quando percebeu que sua mãe
provavelmente estava morta, e foi tudo culpa dele. Ele se virou para poder
olhar.

O homem que a atingiu empurrou a porta do carro e correu para ver o


que ele tinha acertado. Recuando horrorizado, ele olhou para o corpo dela,
que jazia esparramado na luz de um único farol restante.

— Meu Deus. Você viu aquilo? Ela correu bem na frente do carro. As
palavras do pai de Dare saíram em um uivo agonizante. Ele se ajoelhou ao
lado dela, segurando o cabelo curto nas mãos.

— Você viu?

O vice-chefe Vicenzo e Sumner Pelham saíram do carro. Outro carro


parou atrás do primeiro, e Jack Shepherd também ficou boquiaberto. Eles
pararam ao lado de Kent Buckley como homens em estado de choque
enquanto olhavam para o corpo de sua mãe e tentavam retroceder no tempo.

Desvendar algo horrível.

O Sr. Vicenzo falou primeiro. — Ela correu bem na nossa frente. Não
havia como você ter parado. Ele olhou para cima e para baixo na rua. Ele deve
ter perdido a figura vestida de preto de Finn, encolhida nas sombras.

Será que eles notaram que ele estava lá, assistindo? Tremendo de
medo?

321
Mijando-se porque era tudo culpa dele?

— Chame uma ambulância. Os olhos do Sr. Buckley se arregalaram em


seu rosto pálido. Ele limpou a chuva com a manga do casaco.

— Pelo amor de Deus. Peça ajuda.

— É tarde demais para isso. Ela está morta. — O Sr. Vicenzo se ajoelhou
ao lado do Sr. Buckley para fechar os olhos da mãe de Finn. Finn tinha visto
pessoas fazerem isso na televisão. Dare disse que seus olhos nem sempre
fechavam quando você morria, e as pessoas tinham que fechá-los para você.

Mas talvez os olhos de sua mãe estivessem abertos porque ela não
estava morta?

Finn não podia falar, mas ele queria perguntar. Para fazê-los verificar
novamente só para ter certeza de que sua mãe estava realmente morta, mas
ele não conseguia dizer as palavras.

Talvez a mãe dele não estivesse morta. Talvez ela estivesse apenas
dormindo. Talvez se eles verificassem novamente, ela levantaria e riria e diria
que era tudo uma piada.

Finn ficou ali parado, horrorizado nas sombras, enquanto o pai


de Dare gritava por causa da tempestade.

— Ligue para a estação, Tony. — A voz do Sr. Buckley soou horrível.


Como se ele estivesse chorando e doente.

— Cristo. Eu sabia que você não deveria estar dirigindo, Kent. Temos
que... — O Sr. Vicenzo parou quando Jack Shepherd vomitou ao lado da
estrada. — Cristo.

— Vou ligar. — Disse Buckley. — Eu preciso relatar isso.

322
— Pense no que você está dizendo, Kent. Você esteve bebendo. — O Sr.
Vicenzo pôs a mão no ombro dele.

— Eu conheco... — O Sr. Buckley engoliu em seco. — Mas eu não estava


muito bêbado para dirigir. Eu apostaria nisso. Você a viu se esgotar. Você a
viu, ela acabou de correr na frente do carro. Não havia nada que eu pudesse
fazer.

— Não é assim que as pessoas pensarão. — Explicou ele pacientemente.


Os limpadores ainda faziam o seu caminho através do pára-brisa, como um
relógio, swish, swish, swish, swish...

— Mas você vai dizer a eles que foi um acidente. Você vai dizer a eles,
não vai? Vocês todos viram, não vão? Ela correu para a frente do carro.

— Não importa o que dissermos. É homicídio veicular. E que bem você


vai fazer a Ivy indo para a cadeia agora?

— Do que você está falando? Temos que... — O Sr. Buckley olhou para
cada um deles. — Certamente temos que contar para a polícia. Eles
notificarão Lyddie. Oh Deus. Os meninos. Como vou dizer a Finn e Dare?

— Não precisamos contar como ela morreu. Ninguém precisa saber . —


Disse Vicenzo. As cabeças dos outros balançaram em uníssono.

— Como podemos esconder isso? Olhe para o meu carro. Olhe para Ivy,
pelo amor de Deus. Olhe para ela !

— Tony está certo. — Disse Pelham. — Ninguém precisa saber que você
bateu nela. Eu posso consertar seu carro, e ninguém tem que descobrir. — Ele
passou as mãos sobre o pára-choque dianteiro do carro. — Se não contarmos,
ninguém precisa saber. O rio está cheio e é traiçoeiro como o inferno. Se a

323
colocarmos no rio e a encontrarem, parecerá um acidente.

— Se eles a encontram. E se eles nunca a encontrarem? Como Lyddie e


Finn vão se fechar se...

— Ela é morta, Kent. Nada vai trazê-la de volta. Você sabe disso. Que
bem faz ela se seu a família sofre?

— Mas...

— Você faria tempo. — Disse Pelham. — Pense na sua esposa. Pense


em Dare. Que bem você está na prisão, ou Finn ou Lyddie?

— Isso está errado. — Argumentou Buckley. — Eu fiz isso. Eu tenho que


admitir isso. Que tipo de pessoa só...

Finn se adiantou em agarrou suas as pernas.

— É minha culpa, Senhor Buckley. Não é sua. E...

— Finn. — Ele engasgou, em seguida, cobriu o rosto com as mãos. —


Finn. Meu Deus. Finn. Eu sinto muito. Você nunca saberá como sinto muito.
Ela apenas... Ela saiu correndo e eu não a vi.

— Ela estava me perseguindo. — Lágrimas queimaram os olhos de Finn.


Eles se juntaram a chuva escorrendo pelo rosto. Ele sentiu-os cair como se
estivesse acontecendo com outra pessoa. — Às vezes corremos na chuva. Ela...

— Oh, Finn. Eu juro para você, não foi sua culpa. Foi apenas um terrível
acidente. O pai de Dare envolveu Finn em seu caloroso abraço e o balançou
para frente e para trás. Finn fechou os olhos. Ele passou muitas noites
acordado, desejando que o Sr. Buckley fosse seu pai.

— Um acidente. — Finn assentiu.

324
— Não foi culpa de ninguém. — Vicenzo e o Sr. Shepherd se ajoelharam
ao lado deles na rua deserta. A chuva ainda caía. — O pai de Dare não fez nada
de errado.

— Um acidente. —Finn ecoou.

— Você não pode contar a ninguém. — Disse Vicenzo. — Isso tem que
ser o nosso segredo. Se você disser, serei forçado a levar o pai de Dare para a
cadeia. Você pode manter nosso segredo, Finn? Isto é muito importante.

— Eu... — Finn franziu a testa. Poderia ele?

— Finn. — Sr. Buckley disse suavemente, como se não houvesse


ninguém lá além dos dois. — Se você quiser, ligaremos para a polícia. Você
não precisa guardar nenhum segredo.

— Foi um acidente. — Finn ecoou com a finalidade.

— Você não pode contar a ninguém, nunca. — Finn ouviu a ameaça nas
palavras do Sr. Pelham. Ele era mais assustador que o sr. Vicenzo ou o Sr.
Buckley. Ele puxou o braço de Finn e deu-lhe um aperto forte. — Não importa
o que, você me ouve? Estamos todos em apuros se você contar. Até você.

Finn nunca gostara de Pelham, ou talvez fosse só porque os garotos de


Pelham, Junior e Patrick, eram idiotas.

— Você não pode sequer dizer a Dare. — Lembrou o sr. Buckley. — Você
poderia fazer isso? Você pode guardar meu segredo, até mesmo de Dare ? Isso
vai matá-lo se ele descobrir que eu fiz isso, essa coisa horrível para sua mãe.

— Eu não vou dizer. — Finn se sentiu mal por dentro. Ele fez sua mãe
persegui-lo e ela morreu. Não importa o que o Sr. Buckley dissesse, Finn sabia
que era tudo culpa dele. Não havia como ele dizer alguma coisa para Dare
quando não era algo que o Sr. Buckley havia causado. — Eu nunca vou

325
contar. Eu juro.

Ele observou os homens reunirem o corpo sem vida de sua mãe e


quaisquer que fossem os pedaços quebrados que houvesse de vidro e plástico
da rua, e depois os seguiram ao longo do caminho até o rio. Assim que
chegaram à passarela, todos hesitaram.

Buckley hesitou por alguns segundos antes de ele, o Sr. Pelham e o Sr.
Shepherd deixarem o corpo da mãe sobre o corrimão. Ela fez um respingo
quieto. Suas roupas coloridas as meias amarelas brilhantes, a capa de chuva
azul néon e o lenço de seda que ela usara naquela noite floresciam à sua volta
como flores antes que a água escura e agitada a engolisse.

Finn assistiu seu corpo rolar e bobear agora você me vê, agora você
não, peekaboo levado pela corrente imensamente poderosa. Ele viu o casaco
dela esbarrar nos escombros e, uma vez, seu corpo se desprendeu das rochas
antes de se debruçar embaixo, de cabeça e desaparecer completamente.

O Sr. Buckley passou o braço ao redor do ombro de Finn enquanto os


outros saíam para fazer algo sobre o carro.

A chuva caiu sobre os dois, mas eles ficaram lá por um tempo juntos.

Finn fingiu que o pai de Dare também era seu pai. Que eles se
tornassem uma família. Ou pelo menos talvez ele e Lyddie pudessem ser uma
família de verdade agora.

Finn fechou os olhos e fez seu mais forte desejo que ele pudesse estar
sempre com as pessoas que ele mais amava no mundo, agora que sua mãe
tinha ido embora.

326
Capítulo 28
— Finn? — A voz de Dare. — Você dormindo?

Finn abriu os olhos.

— Ei. Não. Apenas descansando.

— Preciso lhe fazer algumas perguntas sobre o acidente, mas primeiro


gostaria de leva-lo para casa. Lyddie está preocupada com você. Você tem
alguma ideia de quando eles vão deixar você ir?

Finn apertou o botão que o levantou para uma posição sentada.

— Eu já passei por issoo antes. Eu posso sair quando quiser.

— Você tem que esperar até que eles te dispensem.

— Na verdade, eles só querem que você acredite nisso. Não é


exatamente verdade a menos que você tenha sido preso por uma avaliação
psiquiátrica contra sua vontade.

— Eu acho que o que eu quis dizer é que eu preferiria se soubesse que é


seguro para você sair.

— Oh. Seguro. — Finn riu. — Deus, eu não preciso que meu mentor na
filosofia saiba que a segurança é uma ilusão.

— Finn.

— O quê? — Dare parecia tão infeliz que Finn se sentiu como um salto
por provocá-lo. — Estou bem. Estou dispensado, eles estão apenas esperando
alguem para me levar de volta.

— Ok. Eu te pego.

327
— Obrigado. — Finn abriu os olhos. O olhar que Dare colocou nele
foi... surpreendente. Ninguém nunca olhou para ele assim. Ele sentiu o peso
do olhar de Dare através dele como o crepitar de um raio de calor. Finn
recuperou o fôlego. — Você não se importa de ser visto comigo assim? Eu
pareço o monstro de Frankenstein.

— Você parece bem. Colorido, mas... — Dare segurou a mão de Finn e


apoiou a testa contra ela. — Cristo, Finn. Eu vou ver esse carro chegando em
você toda vez que eu fecho meus olhos para o resto da minha vida. Eu pensei
que ia te perder. Pensei que chegaria até você e encontraria...

— Perdeu. — Finn lembrou a ele.

Dare pressionou seus lábios nas costas da mão de Finn.

— Meu coração quase saiu fora do meu peito. Eu perdi muito


ultimamente, mas tudo que eu conseguia pensar era que eu não poderia te
perder também. Agora não. Não é assim, antes mesmo de ter a chance de
descobrir o que essa coisa entre nós realmente é.

— O quê? — Finn se sentiu espesso e estúpido. — Entre nós?

— Finn. Você está me matando. — Dare soltou uma risada infeliz e


molhada. — Você está me matando porra.

— Dare. Eu... — Finn ficou boquiaberto e olhou para o topo da cabeça


de Dare. Em todos os fios retorcidos de loiro e dourado que pareciam ter sido
puxados para estranhos pequenos tufos. Isso foi um trovão? Ou o coração
dele estava batendo tão forte?

Nada de bom vem de se agarrar a um momento de alegria.

328
— Eu não tenho certeza se estamos na mesma página. — Finn disse
calmamente.

O olhar azul de Dare penetrou nele.

— Não me diga que você não sente isso. Você nem me diz que o que
temos é o mesmo que você tem com o Bill porra Fraser.

— Acabei de ouvir meu nome?

Oh Deus. Bill estava na porta, cercado pela infelicidade sombria. Era


quase como se ele estivesse exposto duas vezes Finn viu o rosto que Bill
apresentou ao mundo e, além disso, o Bill secreto e altamente emocional que
Finn sabia que estava lá. Bill estava preocupado. Ele estava de luto. Era quase
como se Finn pudesse ouvir o coração de Bill tentando se esconder.

— Bill. — Ele disse estupidamente.

— Tony Vicenzo e o capitão Borkowski estão na sua casa conversando


com Lyddie. — O rosto de Bill não revelou nada. — Eles me disseram para vir
buscá-lo quando você estivesse pronto, mas acho que Buckley tem isso
coberto com isso.

Dare se levantou.

— Vou levar Finn de volta ao lugar dele.

— Ok, então, detetive impressionante. Que bom que você está no


trabalho.

Dare deu um passo em direção a Bill.

— Olha, se você tem um problema comigo

O queixo de Bill levantou-se.

— Você vai fazer o que?

329
— Uau, rapaz baixo. — Finn agarrou a manga de Dare. — Um pouco de
ajuda aqui?

Dare olhou para ele apenas o tempo suficiente para ele se mover para a
água. Dare serviu-lhe um copo e estendeu-o para ele. Finn sorveu
desajeitadamente enquanto a tensão na sala diminuía.

— Você realmente está bem? — Bill não conseguiu manter a


preocupação de sua voz. Finn apostou que até Dare ouviu dessa vez.

— Estou bem. Eu bati na calçada com parte do meu rosto e estou


dolorido. Eu tenho uma dor de cabeça infernal, e eu poderia tomar um
analgesico mais forte, mas isso não seria seguro. Eu preciso ir para casa e ter
certeza de que Lyddie está bem.

— Eu vi Lyddie. — Disse Dare. — Fui à loja e perguntei às meninas se


elas conheciam alguém que pudesse ir até lá. Elas ligaram para aquela amiga
dela, Kate. Aquela com quem ela brilha.

— Você fez isso?— O calor floresceu no peito de Finn.

— Claro.— Dare encolheu os ombros. — Eu chequei Lyddie antes de vir


aqui pela primeira vez, enquanto eles ainda estavam limpando você e
costurando sua cabeça. Kate disse que chamaria favores se necessitasse deixar
Lyddie.

— Obrigado.

— Eu acho que se você tem uma carona. — Bill olhou para Finn como se
ele estivesse tentando memorizar cada detalhe. — Eu vou deixar o capitão
saber que você está a caminho.

330
— Eu vou ver você por aí? — Finn perguntou.

— Não se eu te ver chegando. — Bill saiu da sala tão grosseiramente


quanto ele tinha estado quando ele entrou.

Dare puxou uma cadeira e sentou-se.

— Correu tudo bem.

— Você não ganha nenhum ponto por catucar o urso.

— Urso. Pfeh. Dare desviou o olhar.

— Você está com ciúmes de Bill porra Fraser.

Dare parecia que ele ia negar, mas depois ele caiu mais para trás em sua
cadeira.

— Talvez.

Finn deixou seus olhos se fecharem por um breve sorriso malicioso.

— Detetive Awesome.

— Eu não posso odiar Bill porque Rob e Trent me disseram o que ele fez
por você quando foi atacado. Eles me disseram o que custou a Bill ajudá-lo.

Finn assentiu.

— Sim.

— Cristo, você é um osso duro de roer. Eu não te conheço mais. Talvez


eu nunca tenha feito. Mas quando aquele carro estava indo para você, eu
pensei que minha vida tinha acabado. Realmente acabou. Não parece
perdendo meu emprego acabou, e não como voltando ao palladiano sobre.
Naquele momento, eu sabia o que significava ter medo de um jeito que eu

331
simplesmente... nunca entendi antes. Eu não sei onde colocar esse tipo de
medo.

— Estou bem.

— Eu sei.

— Eu preciso ir para casa.

— Tudo bem. Tudo bem. — Dare brincou com o lado da cama e pegou o
corrimão. Finn balançou os pés para o lado.

— Whoa. — A tontura o abalou por um minuto. Dare sentou ao lado


dele.

— Não tenha pressa. Eu tenho você. — A coxa de Dare descansou contra


a de Finn, sólida e reconfortante. — Como Lyddie consegue quando você não
está lá? Ela mal conseguia sair da cama.

— Eu cuido bem de Lyddie. — A ansiedade de Finn aumentou.

— Eu sei. Mas eu tive que levá-la ao banheiro. Certamente você não faz
isso toda vez que precisa ir?

— Eu faço, quando ela precisa de mim. — Finn se recusou a encontrar


seus olhos. — Se ela é medicada e ela não pode andar.

— O que acontece quando ela está sozinha?

— Primeiro de tudo, não é realmente da sua conta, mas em dias ruins,


ela usa calcinha com almofadas. — Finn balançou a cabeça. — Se ela soubesse
que eu te disse, ela ficaria mortificada.

Dare pegou a mão de Finn na dele.

— Você está fazendo um ótimo trabalho. Tenho certeza que ela está
bem. Ela não é pesada, mas eu me perguntei se você poderia levantá-la.

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— Eu uso uma correia traseira. Eu posso fazer isso. Eu tenho feito.

— Ok. — A expressão de Dare se suavizou. — Tenho certeza que você


tem. Mas... posso fazer alguma coisa para ajudá-lo?

— Você? — Isso não era o que Finn esperava. — Gostar... o que?

— Eu posso eu não sei. Tome turnos com você? Ou talvez eu possa


trazer comida? Posso ajudá-lo a pagar por algo que Lyddie precisa, como...
Dare corou intensamente alguém para entrar e fazer coisas de mulher com
ela?

Finn riu do desconforto de Dare.

— Coisas de mulher?

— Deus, vê-la esta manhã sem todo o seu subterfúgio era simplesmente
triste, Finn. Isso me deu um soco.

— Você gosta da minha tia Lyddie, hein?

— Eu a amo. Ela era minha segunda mãe quando éramos crianças e eu


quero ajudá-la. Eu quero estar lá para ela como você é.

— Você é um escoteiro. — Finn acariciou as costas de Dare em círculos


suaves e lentos.

— Você vai me manter, Finn? — As bochechas de Dare estavam


coloridas. — Você vai me deixar ser mais do que um submisso e uma cena de
bondage?

— O quê? — Finn gaguejou.

— Você sabe o que eu estou pedindo. — Os olhos azuis de Dare


encontraram os dele. — Você vai querer acordar comigo? Tomar café da

333
manhã? Compre mobília ruim em vendas de garagem?

O coração de Finn derrapou em sua caixa torácica.

— Dare. Isso não é realmente...

— Eu tenho que soletrar? Eu preciso de você, Finn. — Dare pressionou


sua bochecha no rosto de Finn e sussurrou em seu ouvido. — Eu preciso de
você.

Finn soltou um suspiro longo e instável.

— E eu preciso de você para me tirar deste lugar.

Não foi uma resposta, mas Finn não teve uma resposta. Cada batida do
coração de Finn dizia para ele congelar ou, no mínimo, diminuir a velocidade.
Para recuar antes que ele arruinasse tudo de novo.

Dare ajudou Finn a se levantar. Mesmo que eles fossem devagar, doía.
Todos os músculos do corpo de Finn pareciam ter endurecido. Seus ossos
estalavam como couro velho e seco enquanto se desenrolava. Juntos, eles
conseguiram colocá-lo em sua calça rasgada e sangrenta e camiseta.

— Minhas roupas estão arruinadas.

— Eles são bons o suficiente para a grande fuga. — Disse Dare


uniformemente.

A cabeça de Finn nadou. Dare cuidara de Lyddie, mas a loja tinha


toalhas e suprimentos suficientes? E o seu trabalho? Ele teria que ligar para o
trabalho. Ele era devido em...

— Que horas são? — Ele agarrou o braço de Dare. — Eu preciso verificar


se o salão precisa de suprimentos.

— Eles sabem do seu acidente. Eles me ajudaram a encontrar Kate,

334
lembra? Ficará tudo bem.

— Eu tenho que ligar para o trabalho.

— Eu já liguei para o seu gerente na Costco. Eu disse a ela que você


precisa passar pelo menos um dia na cama.

— O que ela disse sobre isso?

— Nada. — Dare encolheu os ombros. — Eu não dei a ela muita chance,


no entanto.

— Dare Buckley. Você é muito mandão?

— Às vezes é bom desistir do controle. — Dare cutucou Finn


gentilmente. — Você deveria tentar.

Finn parou de lutar contra a fraqueza que estava sentindo e sentou-se


na cadeira do visitante.

— Obrigado.

— De nada. — Dare colocou a mão em seu ombro. — Estou feliz por


poder ajudar você. Você sabe disso, certo?

Finn fechou os olhos novamente, pensando que ele descansaria, só por


um minuto.

— Eu sei.

Demorou alguns minutos para encontrar uma ordem para levar Finn
para fora. Uma vez que ele estava no meio-fio, Dare trouxe seu caminhão ao
redor. Apesar dos protestos de Finn, Dare insistiu em ajudar a subir a bordo.
Ele acompanhava cada movimento, cada gesto com uma ternura nova e
misteriosa. Ele se esforçou para ajudar Finn com seu cinto de segurança. Ele

335
se inclinou e perguntou se Finn estava com frio, e quando Finn não disse
rápido o suficiente ou o suficiente, Dare mais uma vez tirou a jaqueta e
colocou sobre ele.

— Ok. — Ele perguntou, exigindo um aceno de cabeça de Finn antes de


fechar a porta e vir para o lado do motorista do caminhão.

Finn quase derreteu sob o calor do sorriso de Dare.

Ele pensou no dia em que Candy havia morrido, quando Dare foi à casa
dele pela primeira vez em anos e perguntou:

— Quem vai cuida de você?

Dare provavelmente imaginou que ele não teria que se candidatar


novamente para um trabalho que ele tinha quando ele tinha dez anos...

Ele provavelmente estava certo.

Quando Dare se aproximou da casa de Lyddie, o SUV do capitão


Borkowski já estava estacionado na frente. Borkowski e Tony Vicenzo
estavam sentados em cadeiras de plástico na varanda, enquanto Lyddie e Kate
balançavam no balanço. Uma brisa amena de verão aqueceu a sombra.

— Eu acho que o capitão vai querer fazer algumas perguntas. —


Dare ajudou Finn da caminhonete.

— Está bem. Eu não sei de nada.

— Só não minta. — Dare avisou quando pegou o braço de Finn e o levou


até a varanda.

— Como se. — Finn tomou as escadas lentamente.

Os olhos de Lyddie se iluminaram quando ela os viu. Dare observou o

336
quanto ela parecia cansada. O jeito que suas mãos tremiam quando as
estendeu para Finn.

— Oh querido. Estou tão feliz em ver você. Mesmo se você pousasse em


seu rosto. Venha me dar um beijo.

Finn pressionou beijos em ambas as bochechas dela.

— Como vai você? Eu vejo Dare mobilizando as tropas.

— Ele com certeza fez. — Kate sorriu e ergueu os braços para um abraço
de Finn também. — Vem cá, merda. Você não terminou com hospitais ainda?

— O que posso dizer? Apenas quando eu pensei que estava fora. — Finn
fez um Al Pacino credível. — Eles me puxaram de volta.

O capitão Borkowski falou.

— Eu tenho algumas questões. Acha que pode responder?

Dare separou duas cadeiras de plástico baratas e deu uma a Finn.

— Eu vou pegar algo para você beber.

— Obrigado. — Finn sentou-se pesadamente. — Fale logo, capitão.

Dare dirigiu-se para o silêncio quieto da casa, onde ele foi para a
cozinha. Algum tipo de sopa ensopada borbulhou no fogão. Kate deve ter
limpado um pouco porque os balcões estavam arrumados e toalhas limpas
estavam penduradas no suporte do fogão. Ele abriu a janela da cozinha.
Definitivamente havia mais que eles poderiam fazer para ajudar Finn e
Lyddie, mas isso era um começo.

Dare pegou um par de garrafas de água da geladeira e voltou para o lado


de fora.

— Eu realmente não consigo me lembrar. — Finn sorriu para Dare, que

337
lhe entregou sua bebida.

— Todas as testemunhas concordam. — Disse o capitão Borkowski. —


Alguém tentou te atropelar esta manhã. Você consegue pensar em alguma
razão?

— Além do habitual? — Finn engoliu um gole de sua água. — Não.

— Finn. — Lyddie não parecia estar com disposição para a atitude de


Finn. — Pense sobre isso.

Dare sentou-se ao lado dele.

— Você está absolutamente certo de que isso não está de alguma forma
ligado a Andrew?

— Andrew? — Finn perguntou. — Eu não consigo pensar como.

— O menino era traficante de drogas. — Tony lembrou a Finn. — Ele


tinha umaplantação em seu apartamento.

— Finn não usa drogas. — disse Lyddie. Dare olhou para Finn. Deus ele
era legal. Ele não deu nada. Isso deveria ter preocupado Dare mais do que
isso.

Tony se inclinou para frente.

— Talvez alguém pense porque você tinha uma conexão com Andrew,
você pode ter algum interesse em continuar com o seu 'negócio'?

— Eu não estava ligado a ele assim.

O capitão Borkowski disse:

— Você não precisa ser filho. Alguém só tem que pensar que você é a

338
concorrência para querer se livrar de você.

— Você acha que é disso que se trata? Os chefões do tráfico de Palladian


acham que sou algum tipo de ameaça?

— Eles fazem? — Perguntou Borkowski.

— Como eu iria saber? Meu Deus, se é disso que se trata, alguém


realmente delira.

— Por que você diz isso?

— Eu viveria assim se fosse traficante de drogas? Dirigiria um vagão-


batedor e gastaria metade dos meus dias lavando toalhas no salão de Lyddie
se tivesse uma maneira de ganhar dinheiro livre de impostos sempre que eu
quisesse?

— Eu não sei. Você iria? — Tony perguntou, sobrancelhas levantadas


como se ele estivesse apenas brincando.

— Claro. — Finn cruzou os braços sobre o peito. — Fazer rolos dos cinco
oh? Mantenha meu segredo? Sim. Eu definitivamente faria isso.

— Finn. — Dare tentou não rir.

— Mas a única coisa que eu absolutamente, positivamente, não faria é


deixar Lyddie definhar em uma cama dura da qual ela não pode sair sozinha.
Eu nunca a deixaria sozinha, nunca, muito menos usando... — A boca de Finn
se fechou e seus lábios se embranqueceram em uma linha fina. — Eu não a
deixaria sozinha se não precisasse trabalhar, mesmo que pudesse pagar por
um serviço de saúde domiciliar de primeira classe. Então não. Não tem nada a
ver comigo.

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Todos ficaram em silêncio por um longo minuto. Lyddie estendeu a mão
para Finn, que a pegou e a beijou carinhosamente. Kate se levantou e trocou
de lugar para que Finn pudesse sentar no balanço. Ele colocou o braço sobre
os ombros finos de Lyddie e puxou-a para perto.

— Alguém foi capaz de identificar o carro? — Perguntou Dare.

Borkowski sacudiu a cabeça.

— Ainda não.

— Estou surpreso que tenha sido dirigível após o incidente. —


Disse Dare. — Foi muito avariada.

Eu verifiquei o de Pelham. Ninguém trouxe um carro que


correspondesse à sua descrição. Denise está chamando por aí. Nós temos um
aviso sobre isso.

— Como está o Sr. Anderson? — Perguntou Finn.

— Ele quebrou a clavícula, mas o hospital o dispensou antes de deixar


você ir.

— Eu sinto que devo agradecer a ele. Acho que teria sido achatado se o
carro dele não estivesse no caminho.

— Eu o vejo o tempo todo. — Disse Dare. — Venha comigo para comprar


tinta. Você pode agradecer-lhe pessoalmente.

— Eu farei isso.

— Talvez você devesse descansar. — Dare olhou para Lyddie. Desde que
eles chegaram, ela perdeu a pouca cor que tinha. — Vocês dois devem
descansar.

Os olhos de Lyddie estavam meio fechados.

340
— Eu posso descansar aqui, se esses bons cavalheiros estão fazendo
perguntas.

— Nós devemos ir. — Borkowski se levantou. — Eu vejo você, Lyddie. Se


cuida.

— Farei, capitão Borkowski.


— Tchau, Lyddie. Eu vou aparecer de novo em breve.

Ela sorriu para isso.

Borkowski saiu da varanda e foi para o seu carro.

— É melhor eu ir checar meu ensopado. — Kate se levantou. —


Vamos, Dare, vamos dar ao Finn no sofá pelo menos. Ele parece que está
pronto para largar. Lyddie, voltarei em um instante.

— Eu vou ficar bem. — Lyddie assegurou.

Dare ajudou Finn a ficar de pé e levou-o para dentro. Ele hesitou no


vestíbulo, permitindo que seus olhos se ajustassem à luz fraca. Kate deu a
volta até o outro lado de Finn e levou-o o resto do caminho até o sofá.

— Vamos, Lyddie. Dare ouviu a voz de Tony vagarosamente da varanda.


— Se Finn sabe alguma coisa, é do seu interesse para nos dizer agora, em vez
de mais tarde.

Dare parou onde estava para ouvir.

— Você realmente acredita nisso, Tony? — As molas no balanço de Lily


rangeram bruscamente, como se ela tivesse dado um chute no chão da
varanda para fazer o balanço funcionar. — Você de todas as pessoas?

Silêncio.

341
— O que você está dizendo?

— Finn confia em mim. — E agora Dare está de volta. Jack está


desaparecido. Estamos todos no olho de uma tempestade. O que isso diz
sobre as galinhas voltando para casa para se alojarem?

Uma longa pausa.

— Deixe-me reformular. Se Finn sabe de alguma coisa pertinente à


morte de Andrew, ele deveria falar agora.

Sobre o que era tudo isso?

— Eu vou ter certeza e deixá-lo saber que você disse isso.

342
Capítulo 29
Por volta da meia-noite, Dare sentou-se em uma cadeira no quarto de
Finn, observando-o dormir. Em algum momento, ele tirou as cobertas e agora
estava lá, tão lindo que tirou o fôlego de Dare. Tudo sobre ele chamava Dare :
aquele ninho de cabelos escuros, seus olhos estranhos, a paisagem dele, a
longa e magra curva das costas, as nádegas arredondadas, as pernas do
corredor e até as solas dos pés, pareciam dizer me toque.

Dare levantou e recobriu Finn. Ele fez isso completamente, permitindo-


se o prazer de alisar o tecido sobre o corpo de Finn, de colocá—lo ao redor
dele, antes de ir para a cozinha para algo para beber.

Droga. Ele queria álcool.

A sede criou um zumbido logo abaixo de sua pele. Era uma insistência
incômoda de que ele não conseguiria dormir não iria relaxar de jeito nenhum
a menos que pudesse encontrar algo para beber.

Dare fora avisado da bebida, primeiro por Trent e depois por Tony. Finn
havia lhe dado uma ordem direta para não beber álcool se estivessem juntos
como estavam no salão de Lyddie. Obviamente, ele estava conseguindo uma
reputação em Palladian como um bêbado.

Teria sido um problema em Seattle? Ninguém tinha mencionado isso


porque ele simplesmente tinha sido mais anônimo na cidade grande? Ele
provavelmente tinha um problema com álcool, e a depressão que ele
experimentou depois de vir a Palladian piorou.

Abriu a geladeira e ficou ali, com a boca cheia de água ao som de

343
garrafas de cerveja tilintando uma contra a outra na porta.

Porque ele queria tanto uma cerveja, ou de preferência algo ainda mais
forte, Dare escolheu limonada com um suspiro. Ele levou seu copo com ele
quando verificou se as portas estavam todas trancadas e as janelas fechadas
contra o tempo, que tinha ficado desagradável de novo, e quem quer que
tivesse atingido Finn.

Depois de se convencer de que estavam trancados em segurança, ficou


na cozinha enquanto o vento açoitava os galhos dos velhos plátanos e a chuva
caía sobre o pátio. A cada poucos segundos, um raio apagou a escuridão.

Ele olhou a porta para o porão, sua curiosidade despertada. Ele tinha
estado na oficina de Finn antes, mas ele realmente não teve a chance de
explorar o trabalho de Finn. Ou a sala de jogos de Finn, que, dado o vislumbre
misterioso que ele tinha conseguido antes de Finn fechá-lo, interessou-lhe
muito.

Ele ligou o interruptor de luz antes de descer as escadas de madeira.


Para um cara que trabalhava em dois empregos, Finn teve tempo de fazer
coisas incríveis. Sua oficina no porão estava cheio de objetos muito bonitos,
incluindo a máscara azul que ele estava fazendo para Lyddie. Estava seco
agora e brilhava com pedrinhas de cristal. Finn pintou um belo par de lábios
vermelhos brilhantes e pintou as altas maçãs do rosto. Ele alinhava os olhos
de aparência atrevida com preto e dourado.

A máscara era tão parecida com a própria Lyddie, tão bonita que tirou o
fôlego de Dare. Cada pedacinho minúsculo e meticuloso de artesanato estava
imbuído de uma devoção à expressão artística e atenção ao detalhe que

344
atraía Dare como um farol. Mesmo quando criança, ele viu a magia de Finn e
ficou sabendo pelo presente que era.

Ele foi atraído pela beleza única de Finn primeiro. No caminho da


política do parquinho, Dare percebeu que de alguma forma lhe dava, apesar
de Andrew, cujo assassinato ele tinha que resolver, e apesar de Bill e de quem
mais estava na lista de amigos de Finn.

Ele encontrou as chaves de Finn e abriu a porta do armário onde ele


escondia seus verdadeiros itens fetichistas... e lá encontrou o que esperava
encontrar: o aparelho em forma de cruz, um balanço, um banco acolchoado,
barras espalhadoras e uma variedade de algemas, algemas e gaiolas de galo.
Grampos de bico e uma unidade TENS10. Coisas sérias e sérias. Coisas que ele
seria louco em pensar que era simplesmente um hobby com Finn.Tinha que ir
muito mais fundo que isso.

Era a vide de Finn, como dizem, encontrava a estrada, e ele teria que
aceitar essa parte de Finn, sem perguntas exceto talvez:

— Onde você me quer?

Ainda... no segundo em que ele abriu a porta para o mundo secreto de


Finn, seu pau ficou tão duro que cutucou dolorosamente a cintura de seu
jeans baixo. Ele não podia negar seu desejo de experimentar cada um dos
equipamentos. Ele queria o que Finn lhe oferecera na noite em que estavam
juntos. Paz de espírito. Felicidade simples. Ele queria a desconexão de tudo
que o preocupava que o assombrava quando ele se colocava nas mãos capazes
de Finn, e o mais bonito era que Finn queria que ele o tivesse.

Dare não era contra um pouco de dor com o seu prazer. Ele tocou os
grampos, levantando um e testando-o no calcanhar de sua mão. Se ele tinha
10
Aparelho para pequenos choques.

345
alguma dúvida, eles desapareceram. A mordida afiada fez seu pênis apertar
ainda mais. Ele estava prestes a levantar a camisa e experimentá-lo em seu
mamilo quando ouviu um passo.

— Alguém está brincando com meus brinquedos.— A voz de Finn,


levemente divertida, veio de trás dele.

Dare se virou. Ele largou a braçadeira e estendeu a mão, recebendo Finn


debaixo do braço como se fizesse isso todos os dias.

— Você deveria estar dormindo.

— Eu sempre me levanto no meio da noite para verificar Lyddie. — Finn


admitiu.

— Eu verifiquei mais cedo. Ela parecia estar dormindo bem. Eles


ficaram assim, abraçados. Dare não conseguia entender como se tornara tão
fácil fazer isso receber Finn em seus braços mas estava fácil. Finn estava
quente, sólido e perfeitamente caótico. Com cada toque roubado, com cada
centímetro mais perto, Dare ouviu o último fragmento de seu senso comum
rasgar. No entanto, Finn se sentiu tão bem em seus braços, tão natural, tão
inevitável, que Dare deixou ir o último de sua apreensão.

— Você vai me deixar brincar com você aqui? — A voz de Finn vibrou ao
longo de todas as terminações nervosas de Dare quando ele pegou o clipe
que Dare estava segurando. — Você vai se entregar para mim?

— Eu acho que isso depende. — Dare hesitou. — Sobre se isso vai nos
dois sentidos.

— O que? Isso? Finn indicou sua sala de jogos. — Isso só vai para um
lado, Dare. Eu sou o mestre aqui.

346
— Eu vejo. — Dare sentiu uma grande decepção. Ele olhou em volta para
todos os aparatos, as prateleiras de brinquedos embora fossem tesouros e
sentiu uma bolha de algo espontâneo estourar dentro dele. Não porque ele
sempre quis dominar Finn... não. Ele não podia nem imaginar. Mas a vida
fetichista era a única coisa que Finn queria? Ele nunca quis assistir a um jogo,
tomar uma cerveja, cair na cama e fazer amor a noite toda? Ele nunca quis
acordar e fazer ovos mexidos e beijar o café?

Dare sentiu uma emoção de surpresa e se perguntou quando ele


tinha começou a querer qualquer coisa assim.

Oh, certo.

Ele queria isso desde o momento em que viu Finn, e percebeu voltando
para casa Não era sobre o Palladian, e não era sobre o fracasso. Era sobre
encontrar aquela certa coisa alguém que estava faltando em sua vida e indo
atrás dela, não importando as conseqüências.

— Veja. Finn. — Ele se afastou. — Isso é legal e tudo...

— Agradável? Você não tem ideia. — Finn prendeu Dare com os olhos
enquanto segurava o fundo da camiseta de Dare e começou o puxão lento e
sensual para tirá-lo da cabeça. Dare levantou os braços, incapaz no momento
de recusar. Finn beliscou o mamilo em um pico de seixos antes de prender um
grampo. Dare ouviu-se um suspiro inconfundivelmente satisfeito. — Mas eu
vou te ensinar.

— Eu admito que isso tem o seu fascínio. — Dare prendeu a respiração


enquanto Finn anexou um segundo grampo de mamilo. — Ah, Deus, sim Sim.

— Mas…?

347
— Hum? — Dare perguntou, confuso.

— Você não estava fazendo um ponto?

— Eu acho que o meu ponto é... — Dare não conseguia recuperar o


fôlego. — Eu não sei como fazer nada disso. Mas há outras coisas que me
disseram que eu me sinto muito bem.

— Como o quê? — Finn pegou a mão de Dare e colocou-a no pau rígido,


vestindo suas calças de dormir. — Eu recebo uma demonstração?

Dare engoliu em seco. Ele correu a palma da mão sobre o pau latejante
de Finn, indo para baixo, colocando suas bolas. Finalmente, ele se ajoelhou,
com a boca seca de saudade, e enterrou o rosto no calor úmido da virilha de
Finn. Dedos curvados, ele cavou na cintura de Finn, puxando o tecido para
baixo. Ao primeiro toque do pênis quente de Finn em seus lábios, ele
suspirou.

— Porra, sim.

Finn acariciou uma mão sobre o cabelo de Dare e usou o outro para
segurar seu rosto.

— Olhe para você. Deus. Dare Buckley está chupando meu pau.

Dare fechou os olhos, beijando e lambendo o pênis de Finn, acariciando


suas bolas.

Finn usou seu pau para chicotear a bochecha de Dare levemente,


brincando. O pênis de Dare balançou sob uma inundação fresca de umidade.

— Chupe.

Dare lambeu a cabeça macia e aveludada, mapeando e memorizando a


sensação dela, o peso em sua boca. Ele abriu e levou Finn o mais longe que

348
pôde, fechando a garganta ao redor da largura dele, desistindo de fingimento
e controle e ar, pelo amor de Deus para dar prazer a Finn.

Finn envolveu seus dedos ao redor da cabeça de Dare e deslizou seu


pênis ingurgitado para dentro e para fora, sibilando seu prazer, proferindo
palavras suaves e urgentes como Boa e doce Isso choveu na cabeça de Dare
como bênçãos. Dare levantou as mãos para segurar os quadris de Finn, os
dedos apertados com tanta força que machucaram a pele de Finn no dia
seguinte, e de alguma forma isso ficou ainda mais quente. Ele poderia marcar
Finn. Finn usaria a evidência de sua paixão por dias.

Ele poderia gozar assim, ele percebeu. A menor pressão em seu pênis o
mais simples arranhão do pesado tecido da calça jeans o deixaria como o
garoto que ele tinha quando saíra de Palladian. Com Finn acariciando seus
cabelos, Finn agarrando seus ombros, Finn dizendo: sim Sim Sim e agora,
Deus, agora, seria o suficiente. Sempre seria o suficiente para levar Dare ao
limite, e talvez empurrá-lo, se ele pudesse vê-los juntos em sua mente, a
imagem dele de joelhos, tirando Finn com a boca.

Isso faria isso.

— Ah Deus, Dare. Você tem a porra mais doce de boca. — Os dedos de


Finn se agitaram, enroscando-se no cabelo de Dare. Dare ouviu um pouco
disso. Senti puxar para fora.

— Foda-se sim, Dare, vai... foda-se, foda-e...

Uma onda de gozo agridoce inundou a boca de Dare enquanto os


quadris de Finn gaguejavam sob as pontas dos dedos. Ele rosnou em torno do
pênis de Finn como satisfação e outra coisa, possessão, devoção, algo

349
catastrófico como o amor encheu e transbordou.

Suas respirações ofegantes foram tudo o que quebrou o silêncio


profundo. Dare empurrou o rosto na virilha de Finn novamente, esfregando
suas bochechas contra o pênis flácido e úmido de Finn. Ele queria chorar de
alívio e contar tudo a Finn...

— Bom menino. — Disse Finn, ainda segurando-o. — Bom menino. Goze


agora. Mostre-me como você...

Dare congelou.

— Não.

— O quê? — Finn empurrou Dare de volta.

— Não. Eu não sou seu bom menino. Eu não sou Bill.

Finn ficou perfeitamente parado.

— Desculpe? Não tenho certeza se a ouvi direito.

Dare levantou-se com uma maldição quando ele roçou o ponto úmido
em seu jeans. — Eu serei seu homem, Finn. Totalmente, completamente seu
para fazer com o que você quer. Foda-me, me mostre, me machuque, me
troque com seus amigos. Seu. Mas me veja como seu igual. Respeita-me.
Respeite meus sentimentos. Eu não sou o bom menino de ninguém.

— Dare...

— Não. — Dare tirou os grampos do mamilo e sentiu a pressão se


transformar em uma dor ofuscante e ofuscante, enquanto a circulação
retornava à área faminta por sangue. Oprimido, ele subiu as escadas do
porão. Ele precisava colocar alguma distância entre ele e aquela sala de
fetiche, entre ele e Finn. Ele precisava pensar.

350
— Eu não imaginei que você se tornaria um cara de coração e flores. —
Finn falou atrás dele.

— Eu não sou. — Dare parou perto do topo das escadas para colocar as
pernas de volta sob ele. — Isso deve ser óbvio.

— Então o que? Diga-me para que eu possa entender. Eu sei o quanto


você quer o que eu posso te oferecer. Eu sei o quanto você precisa disso.

— Sim, é bom. — Dare bateu na parede com o punho. — Eu preciso


disso. Mas não é tudo que eu preciso. Eu preciso... conexão. Preciso ver bem-
vindo aos seus olhos e sei que está lá por eu.

Finn começou depois dele.

— Dare...

— Eu preciso disso, Finn, e você também precisa. Você sai com todo
esse controle. Isso é tão óbvio quanto o gosto do seu sêmen na minha
boca. Você é quente para mim. Você é duro e molhado para mim. Mas você
usa esse ferro, você terá que manter todos à distância. Você o usa para não
sentir uma conexão emocional e estou lhe dizendo que preciso disso.

— Dare... o que você pensa, é isso que tenho para oferecer agora. Isso é
provavelmente tudo que eu tenho para oferecer, sempre.

Dare assentiu devagar.

— Tranque a porta depois que eu sair.

Ele saiu e fechou a porta da frente atrás dele. Ele não olhou para trás.
Não havia razão para isso. Ele sabia que Finn não iria atrás dele. Esse não era
o estilo dele. Isso foi corações e flores. Isso era namorados, e Finn não tinha

351
namorados. Ele fodia as pessoas.

Às vezes eu realmente deveria aprender a ouvir quando as pessoas


falam.

No caminho de volta para sua casa, Dare pensou em se virar em todos


os cruzamentos. Ele estava cansado, isso era tudo. Ele estava sóbrio. Ele ficou
desapontado. Ele estava superestimulado e preocupado.

Ele estava falhando de novo e se odiava por suas fraquezas.

De todas essas coisas, ele só podia consertar o sóbrio.

Quando Dare chegou ao seu lugar, ele não se incomodou em acender as


luzes. Não havia ninguém lá para julgá-lo ou encará-lo, então ele pegou a
garrafa de Maker's Mark que ele guardava no armário sobre a pia e se serviu
de três dedos. Quando ele foi para a sala de estar, ele levou o copo e a garrafa
com ele.

O sofá de couro, sua única compra de luxo para a casa, suspirou


suavemente enquanto ele mergulhava nele. O controle remoto esperou por ele
em seu braço. Ele folheou infomerciais e reprises de reality shows,
procurando por algo interessante. Talvez histórias de policiais, ou verdadeiras
histórias de crime que ele pudesse rir e separar. Ele encontrou o que estava
procurando e se instalou para observar detetives da vida real trabalhando nas
48 horas cruciais após um crime ter sido cometido.

Provavelmente os detetives daquele não dormiriam com os suspeitos.


Viva e aprenda.

Como se fosse um plug e ele tivesse encontrado uma saída, os policiais


na tela e a bebida que ele bebeu o levou para um lugar familiar um lugar
confortável ele adormeceu, sonhando com as pessoas de Palladian,

352
misturando -los com os cidadãos de Seattle, ficando tão bêbado e confuso que
Finn se tornou a mulher que enganou e, em seguida, o traiu, e então o menino
que tinha desaparecido, e então cada maldito corpo na rua, até que ele era o
motivo Dare corria pela escuridão e pelo mau tempo em Palladian, tentando
desesperadamente encontrar algo que sempre lhe escapasse.

Às seis da manhã, ele acordou com um solavanco e atirou do sofá ainda


vestindo as roupas desagradáveis que ele tinha usado no dia anterior. Ele
sabia o que o estava incomodando. O que o incomodava o tempo todo.

— Cristo.

Depois do banho mais rápido da história, ele vestiu as primeiras roupas


que encontrou, um par de jeans e uma camisa de algodão.

Ele pegou o telefone e discou o número do capitão enquanto colocava os


pés nos sapatos. O capitão Borkowski respondeu após o primeiro toque.

— Borkowski.

— Buckley, Senhor. Estivemos olhando as coisas de maneira errada. —


Dare pegou as chaves do carro e a carteira ao sair pela porta, agradecido por
pelo menos uma vez sua caminhonete estar na garagem e não no celeiro. E se
Andrew King fosse morto por engano?

— O que você quer dizer?

— Andrew King parecia muito com Finn. Ele trabalhou na Costco.


Encontramos um desses coletes de cor laranja quando o puxamos do rio. Ele
poderia estar usando. E se o assassino o confundiu com Finn? — Dare entrou
em sua caminhonete e ligou o motor. — E se Finn fosse o alvo o tempo todo?

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Capítulo 30
— Andrew se parecia muito com Finn, não era? — Denise tinha parado
em seu cubículo enquanto ele olhava para as fitas de vigilância.

Dare assentiu.

— Lyddie disse que eram duas ervilhas em uma vagem.

Dare havia encontrado a filmagem de Andrew saindo da loja para a


noite, entrando em uma picape leve e decolando. Agora, ele estava
digitalizando rapidamente pelo resto do dia, olhando para os movimentos de
Andrew.

— Eles encontraram seu caminhão estacionado do outro lado do prédio


da Costco, perto das docas de carga, certo? Então ele teve que voltar depois do
trabalho. — Dare avançou rapidamente até encontrar a filmagem da
caminhonete de Andrew voltando para o estacionamento. — Aí está. Ele
voltou mais tarde naquela noite. Eu tenho ele estacionando seu caminhão lá.
— Dare apontou para o cais de carga. — por volta das 21h.

— Você acha que ele voltou para ver alguém saindo do turno? —
Perguntou Denise.

— Ninguém que entrevistamos disse alguma coisa sobre isso. Ou eles


não perceberam que ele tinha, ou eles tinham razão para manter esse fato de
nós. Provavelmente drogas.

— Finn estava de plantão naquela noite?

Denise verificou suas anotações.

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— Sim, mas ele saiu às 9:30. Temos imagens de vigilância de seu carro
deixando o estacionamento.

Dare não ficou totalmente aliviado com isso.

— Finn ainda poderia ter retornado mais tarde naquela noite para fazer
uma compra e mentiu para mim sobre isso.

— Se ele foi morto perto do Costco, então teve que ser jogado no rio pela
ponte onde o trem passa. Não há muita luz lá.

— Sim. — Dare concordou. — Mas mesmo se o assassino matasse


Andrew por engano, ele deveria saber que não era Finn quando colocou o
corpo no rio.

— E se esse assassino estava indo atrás de Finn, qual foi o motivo? —


Denise perguntou. — Drogas?

— Finn jura que ele mal usa. Ele só pegou o pote de Andrew porque
Lyddie acredita que a produção caseira é mais orgânica ou algo assim.

— E você tem certeza que acredita nele.

— Vamos dizer que eu faço. — Ele fez? Ele estava em conflito. A dúvida
fez com que ele acrescentasse: — Por enquanto

— Ok, então procuramos por um motivo diferente. Você pode pensar em


alguma outra razão para alguém querer que Finn morra?

— Velho rancor a ver com Ivy, talvez? As pessoas têm intimidado o


inferno desde o dia em que ele nasceu.

— Pessoas como Junior Pelham e seu pequeno grupo de crackers. —


Denise assentiu. — Eles são merda-altos, mas por que agora?

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— Marjorie Pelham ainda solta seu veneno, eu aposto.

Depois do vandalismo na casa de Lyddie, fiz uma lista das pessoas


envolvidas no incidente do ensino médio de Finn, e Trent verificou todos. Os
Pelhams seriam os mais provavéis.

— Você esta muito confiante.

— Sim. Eu estou. Por que eu não estaria? — Denise inclinou um quadril


contra sua mesa. — A surra de Fowler foi há muito tempo. Embora Pelham
possa ter tentado impedir que Finn testemunhe, não há uma boa razão para
ele querer machucar Finn agora. Eu posso ficar atrás da vingança como
motivo de assassinato, mas se a vítima for Finn, ele parece ser o fim neste
caso. O tempo está errado por uma coisa Junior acabou de ficar noivo. Ele
está ocupado com uma nova noiva quente.

— Eu não posso deixar de sentir... — Ele deixou seus olhos vagarem para
se concentrar no que estava no fundo de sua mente.

— O quê? — Denise cutucou. — Diga isso. Não pode ser mais idiota do
que a teimosa teoria do chefão das drogas de Evans.

Dare riu disso.

— OK. Você vai pensar que sou louco, mas acho que tem algo a ver
comigo.

Ela bufou.

— Por quê? Porque você é o centro do universo?

— Não. — Dare esfregou o rosto quente com as mãos. — Eu acho que


tem a ver comigo voltando para a cidade. Com o passado. Com a morte do
meu pai ou algo assim.

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—Por causa daquela nota do 'meu namorado voltou'? Eu pensei que
você dissesse que Finn não escreveu isso.

— Ele diz ele não fez. — Dare se odiava por declarar os fatos como
aquele, mas ele não tinha provas de qualquer forma, e seu julgamento em que
Finn estava preocupado era obviamente muito debilitado. — Mas não tem que
ser ele, não é? Na escola primária, garotos como Bill Fraser e Patrick Pelham
me chamavam de namorado de Finn o tempo todo.

— E agora é verdade. — O olhar de Denise o desafiou a negar.

Dare corou.

— Onde você ouviu isso?

— Esta é uma cidade pequena, querido. Ninguém está cego para o que
está acontecendo entre você e Finn. Devo cancelar o jantar de sexta-feira à
noite? Ou espere. Você pode vir com um mais um, e eu vou encontrar outra
pessoa para o meu amigo.

— Tudo bem. Onde você quer chegar? Finn e eu somos amigos para
sempre. Eu vou sair com quem eu quero namorar.

— Calma, cowboy. — Denise levantou as mãos. — Não é da minha conta,


mas depois do que aconteceu em Seattle...

— Você está certa, não é da sua conta.

Denise deu um passo para trás e cruzou os braços. O olhar que ela deu a
ele estava gelado.

— Você tem que aprender a identificar quem são seus amigos, Buckley.

— Você está dizendo tudo isso porque você é minha amiga?

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— Sim, e porque ninguém vai ser fácil para você. Você vai ter uma ideia
do que esta cidade tem oferecido a Finn todos esses anos. Tem certeza de que
consegue aguentar isso?

Ela fez um bom ponto. Mas...

— Você sabe o que eu digo para isso? — Algo estalou dentro dele,
provavelmente a mesma coisa que tinha estalado no playground quando ele
tinha dez anos, e Finn estava parado lá, tremendo enquanto Bill porra Fraser
chamou sua mãe de prostituta. — Eu digo; foda-se o caralho se eu me
importo.

— É isso mesmo? — As sobrancelhas de Denise se levantaram.

— Claro que sim.

Ela abriu um sorriso.

— Bem. Está bem então.

Dare hesitou. Quando ela continuou sorrindo, ele se aventurou:

— Então é só isso que tem a dizer?

— De mim, é.

Ele abriu a boca. Fechou. Então decidiu perguntar:

— Vai haver problemas, hein?

— Você ficaria surpreso se eu dissesse sim?

— Não realmente. — O cérebro de Dare doía.

Ela olhou para a tela do computador.

— Então, tudo bem, as primeiras coisas primeiro: nós descobrimos

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quem realmente quer Finn morto.

— Se é algo do passado, algo que eu instiguei, eu deveria refazer meus


passos. Eu tenho perguntado sobre o meu pai. Eu nunca descobri por que ele
se matou. E se ele não o fizesse?

— Dare. — Disse Denise gentilmente. — O médico disse suicídio. O caso


foi encerrado.

Denise estava certa, claro.

— Eu sei mas...

— Eu sei que você encontrou o corpo. Havia mais alguém lá naquele


dia?

— Eu e Finn, na verdade. — Eles ouviram o único tiro. E vinham


correndo. — Não. Ninguém mais.

— O que você lembra sobre esse dia?

— Era um sábado. — O escritório de seu pai chegou a ele tão claro


quanto um filme em 3-D. — Minha mãe estava visitando minha tia em
Portland. Fomos à casa de Lyddie para pegar o Finn. Eu tive um jogo de
futebol, e Finn costumava se divertir me assistindo.

— Seu pai falou com alguém aí? Você viu algo incomum?

— Não. Nada. Dare tentou imaginar aquele dia, exatamente. — Depois


que Ivy morreu, por um tempo Finn passou por momentos difíceis. Naquela
manhã, parecia que ele estava voltando de sua concha. Finn até perguntou se
ele poderia ligar para meu pai papai às vezes.

— Finn tinha razão para acreditar que seu pai era seu pai?

— Não. Claro que não. — Espere. Ele fez? — Eu não sei o que Finn

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poderia ter pensado naquela época, mas é com certeza que ele não acredita
que somos irmãos agora.

Denise corou.

— Oh sim. Uau. Não. Claro que você não é irmão.

— Na época, pensei, aqui está esse garoto que não tem pais. Eu
praticamente o adotara. Minha mãe não estava a bordo, mas meu pai o tratou
como um filho extra. Então, quando Finn perguntou se ele poderia chamá-lo
de pai, não parecia uma pergunta estranha na época. Afinal, liguei para
Lyddie “tia Lyddie”. Finn não queria deixar Lyddie, mas ter uma figura
paterna em sua vida? Ele queria isso. Eu sei que ele fez.

— O que seu pai disse?

— Eu não tenho certeza se papai disse alguma coisa. Ele provavelmente


apenas bagunçou o cabelo de Finn e o chamou de um grande garoto, como
sempre. Juro por Deus, essa foi a manhã mais memorável, e então... Foi o
pior dia da minha vida.

— Tudo bem. Eu sei. — Denise colocou a mão em seu ombro. — Algo


deve ter acontecido.

— A questão é o que? O telefone não tocou e eles checaram nossos


registros telefônicos. Ele nunca fez uma ligação. — Dare jogou a caneta para
baixo. Ele bateu na caneca de café vazia e deslizou pela mesa. — Talvez eu
nunca encontre uma resposta.

Borkowski saiu do escritório rapidamente. Ele estava carregando um


colete.

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— Buckley, Adler, venha comigo. Nós temos uma situação.

— O que houve? — Denise deu um passo atrás dele, e Dare seguiu atrás
deles.

— Jack Shepherd está no salão de Lyddie acenando uma arma ao redor.


Ele diz que está procurando por Finn.

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Capítulo 31
Dare apoiou a mão no painel quando o SUV de Borkowski derrapou no
estacionamento do shopping. No banco de trás, Denise murmurou uma
maldição. Dare observou a cena caótica. Dois cruzadores foram posicionados
em locais estratégicos em frente ao salão de Lyddie. Bill tinha assumido uma
posição de atirador de elite atrás de um, a arma apontada para a grande
janela frontal de Lyddie.

Do outro lado da rua, as pessoas assistiam de dentro do estúdio Toe Tip


Dance, como se se sentissem perfeitamente seguras por trás das letras
pintadas na janela da frente. Aulas de dança começando, inscreva-se hoje.

— Isso é um pesadelo. — Borkowski parou ao lado do carro de patrulha


de Evans e deixou o veículo para pegar seu relatório. Dare e Denise seguiram.

— Ninguém foi ferido, ainda. — disse Evans. — Parece que ele só quer
Finn Fowler.

— Ok. Buckley, Adler, comigo. Borkowski voltou ao SUV e abriu o porta


de trás. — Estamos tentando pegar o filho ou a nora de Jack no telefone, mas
até agora não tivemos sorte. Jack está escondido atrás do balcão da
recepção. Ele tem seis reféns: dois funcionários e quatro clientes.

— Eu gostaria de tentar falar com ele. — Dare ofereceu.

— O que você tem em mente? — Borkowski entregou os coletes de


Kevlar a Denise e Dare. — Ele provou que pode ser instavél.

— Eu posso perguntar o que ele espera ganhar conversando com


Finn. Pergunte a ele qual é a seu problema. Ele pode falar comigo se eu disser

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que preciso saber do que se trata para conseguir Finn aqui.

Borkowski digeriu isso. Ele apontou o queixo para Trent.

— Evans, veja se você consegue falar com Jack no telefone.

Denise irradiava tensão enquanto eles esperavam. Dare a observou


agitar com o velcro em seu colete.

— Sua primeira situação de refém?

Ela balançou um breve aceno de cabeça.

— O meu era um banco, quando eu ainda estava em patrulha.


Respondemos a um 211S e, quando chegamos lá, todos disseram que os
ladrões ainda estavam lá dentro.

— O que aconteceu?

— Esperamos, todos aguardando para usar as tática de invadir o


local. Acabou que os suspeitos já haviam saído da cena. Dare sorriu para
ela. — Nada sai do jeito que eu acho que vai.

— Você realmente vai tentar falar com Jack?

— Se ele me deixar. Eu quero chegar ao fundo de tudo isso. Algo está


maluco aqui.

— E se você descobrir que Finn não é quem você acha que ele é?

O estômago de Dare deu uma guinada nervosa.

— Eu conheço Finn! Não é quem eu acho que ele é. Eu só tenho que


descobrir o quão errado eu estive.

— Buckley. — O capitão chamado. — Jack diz que vai falar com você,

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mas não ao telefone.

— Ótimo.

— Ele quer você desarmado.

Dare soltou o coldre e entregou a arma ao capitão. Ele tirou o celular do


bolso e respirou devagar. Inalou outra respiração e soltou.

— Eu vou mostrar a ele meu telefone, diga a ele que posso ligar para
Finn com ele.

— Faça com que ele faça uma concessão. Veja se ele vai libertar
qualquer um dos seus reféns.

— Eu vou. — Dare assentiu antes de se dirigir para a porta de entrada de


Lyddie.

— O tático está em alerta, mas levará algum tempo para trazê-los para
cá.

Dare assentiu. Uma vez que ele tinha Jack em vista pela janela, ele
segurou as mãos para fora mostrando que ele não tinha nada além de seu
telefone. Parecia uma maldita longa caminhada. Ele podia sentir os olhos
nele.Armas treinadas. A tensão no ar aumentou quando ele abriu a porta. O
chocalho que Lyddie mantinha na maçaneta da porta soou alto, como um
canhão no silêncio tenso, surpreendendo-o. Seu coração disparou enquanto
ele ficava por uma fração de segundo para se ajustar à luz ambiente do salão.

— Ei, Jack. — Ele gritou. Sou eu, Dare Buckley.

Jack fez sinal para ele entrar. Dare deixou a porta se fechar atrás dele
com outro som alegre do sino.

— Você se lembra de mim? — Dare olhou em volta para ver se as

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pessoas estavam se escondendo atrás da meia parede na frente das pias. —
Você costumava jogar cartas com meu pai.

— Eu conheci seu pai. — Disse Jack. Dare seguiu o caminho de Jack,


passo a passo cauteloso. De onde Jack se agachava, ele apontava a arma
para o peito de Dare. — O que é isso na sua mão?

Dare congelou. Kevlar ou não, ninguém queria levar um tiro.

— É só o meu telefone, Jack. Estou desarmado como você disse, então


podemos conversar, tudo bem?

— Ok. — Jack não abaixou a arma, mas ele relaxou um pouco. — Então
fale.

— Eu estou meio que esperando que você deixe as pessoas aqui irem,
para que possamos ter nossa conversa sem nos preocupar com elas. Isso
ficaria bem? Eu não posso relaxar se estou preocupado que você vai machucar
alguém.

— Eu não quero machucar ninguém. — Disse Jack em tom de


lamento. — Eu não. Eu só quero ir para casa.

— Tudo bem, Jack. Podemos fazer isso acontecer. — Dare podia ver
todos os reféns agora, duas mulheres de meia-idade e quatro clientes em
capas coloridas. Como da última vez, eles pareciam estar
incompletos. Lyddie's ia ganhar uma reputação por isso. Eles estavam
agachados contra a parede oposta pelos secadores. Jack estava de pé entre
eles e a saída, segurando sua arma firmemente entre as duas mãos.

Dare não estava disposto a esquecer isso.

— Primeiro, porém, você terá que deixar essas pessoas irem para que
todos possam respirar aliviados.

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— Eu não quero machucar ninguém. Eu só quero ir para casa. Tenho
que ver Finn para poder ir para casa.

— Está bem então. É o que faremos. Deixe essas pessoas irem, Jack.
Vamos ver você chegar em casa.

Jack ficou imóvel pelo que pareceu uma eternidade, e então recuou e
apontou a arma para a saída. Os dois funcionários tomaram isso como uma
sugestão e conduziram seus clientes em fila única entre ele e Dare. Eles batem
a porta em uma corrida mortal, segurando as mãos para cima enquanto
explodem na luz do sol.

— Isso é bom. — Dare assentiu. — Agora somos apenas nós dois e


podemos conversar. Você acha que talvez possa baixar a arma, para que
possamos...

— Não. — Jack apontou o queixo para a mão de Dare, aquela com o


telefone. — Chame Fowler.

— Certo. Mas não podemos resolver isso? — Dare deu um passo à


frente. — Não podemos apenas ter uma conversa em vez de...

— Isso é perto o suficiente. Eu não estou colocando essa arma para


baixo. Ligue para Fowler e diga que eu não estou blefando. Se ele não vier
falar comigo, vamos ter um problema real.

— Tudo bem. Vou ligar para Finn — Dare começou a discar e depois
parou. Reconsiderado. — Olha, eu sei que o capitão não vai me deixar trazer
um civil enquanto você está agitando uma arma ao redor. Não é assim que se
faz. Antes de eu levar Finn até aqui, não podemos ao menos falar sobre o que
está acontecendo, mas sem a arma, sem que todas as pessoas fiquem loucas
tentando descobrir como desarmar essa situação?

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— Droga. Eu não posso fazer isso. — Jack acenou a arma para ele. —
Não é mais seguro para nenhum de nós.

— O que você quer dizer com isso não é seguro? Quem somos nós?

— Eu tenho que fazer o Finn parar já. Tem que acabar.

— O que tem que acabar? — Dare perguntou. — Estou tentando


entender. Por favor, deixe-me ajudá-lo, Jack. Apenas abaixe a arma...

— Pagamos e pagamos e pagamos. Nunca foi o suficiente. Agora ele nos


quer mortos? — Jack manteve a arma apontada para Dare. — Como o inferno
ele pode fugir com...

— Espere. — O cabelo subiu na parte de trás do pescoço de Dare. Jack


estava insinuando: — Pago o quê?

— Por que Finn teve que matar Candy? O que ela fez para alguém?

— Eu não entendo. — O estômago de Dare ameaçou vomitar o café que


ele tinha naquela manhã. — O que você é...

— Candy nunca fez nada para Finn. Ela era apenas uma festeira
estúpida. Ela nunca disse uma palavra para ninguém. Ela nunca teria. Ela não
precisava morrer assim.

— Deixe-me esclarecer isso. Você está dizendo que acha que Finn matou
Candy?

— Ele a envenenou. Não me diga que ele não fez. Todo mundo diz que
você não conseguiu encontrar a taça da qual ela bebia, que ele deve ter
escondido porque você encontraria veneno nela.

— Quem te disse isso? — Cristo, aqueles malditos rumores da taça ainda

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estavam matando ele. Ele colocou as mãos para a frente em um gesto de
acalmar. — Eu estava apenas coletando provas. Fazendo perguntas. Isso não
é...

— Não minta para mim. — Rosnou Jack. Gotas de suor saltaram em sua
testa. — Eu sei que ele a assassinou.

Os pensamentos de Dare correram quando ele tentou entender as


palavras de Jack. — Mas é só isso. Ninguém matou Candy. Ela morreu de uma
arritmia cardíaca. Não foi...

— Claro você gostaria diz isso. Você está protegendo ele. Você é porra
namorado dele. Você parou de se importar com o que aconteceu com Candy
no dia em que você começou a foder Finn Fowler.

— Mas você está errado. Candy morreu de...

— Chame o Finn aqui agora.

Jack saiu de trás do balcão tão de repente que Dare deu um passo para
trás sem olhar e colocou algo escorregadio no chão. A súbita reviravolta deve
ter assustado Jack, que levantou a arma rapidamente. Ele segurou com as
duas mãos, apontou para o rosto de Dare. Dare pegou seu equilíbrio no exato
momento em que a cabeça de Jack explodiu.

Sangue e pedaços espalhavam-se por todo o espelho atrás do balcão da


recepção. Dare registrou a picada do vidro quebrado e o respingo quente do
sangue de Jack ao mesmo tempo em que Jack caiu como uma boneca
descartada.

Dare balançou para trás em seus calcanhares, atordoado, enquanto


Adler e Evans irromperam pela porta da loja para cuidar de cena.

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Capítulo 32
Jack Shepherd estava morto.

Depois do choque inicial, Dare encostou-se no pára-lama do SUV do


capitão com os olhos fechados, revivendo cada segundo da cena enquanto as
manchas de sangue se apertavam em sua pele. Denise parou quando ele
levantou a mão para limpar.

— Não.Você tem pedaços de vidro.

Ele balançou a cabeça e deixou-a escovar e pegar o copo enquanto ela


enxugava a pele com uma toalha úmida, que saía coberta de pontos rosados.
Ele encontrou tudo isso com um vago tipo de indiferença, porque havia
escorregado no que se revelou ser uma gota de tinta de cabelo no ladrilho da
área de recepção de Lyddie, e agora Jack Shepherd estava morto.

A poucos metros de distância, o capitão conversou em voz baixa com


Bill Fraser. Como o oficial que tinha que atirado, havia uma série de
protocolos que ele teria que atravessar. Ele teria que dar sua declaração, tirar
um tempo e ver um psiquiatra para iniciantes. Bill ficou rígido, respondendo a
perguntas. Seu rosto parecia pálido. Dare nunca teve que disparar sua arma
de serviço, nem uma vez. Ele desenhou muito no cumprimento do dever, mas
ele nunca foi forçado a usá-lo.

Parecia engraçado para Dare, não que era engraçado, mas intrigante
que Bill parecia tão ferido naquele momento. De certa forma, Bill era um filho
da puta sério e duro e em outros, ele desmoronou. Dare podia ver que Bill
seria assombrado por aquele tiroteio para sempre. Ele apenas parecia

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quebrado.

— Foi um tiro limpo. — A voz de Dare saiu rouca, como se ele não
tivesse que usá-lo em décadas.

Denise assentiu.

— Shepherd estava alterado e Bill desesperou-se quando Shepherd


assumiu uma postura de fogo. Ele não tinha escolha. O que Shepherd estava
dizendo a você?

Ele balançou a cabeça, incapaz de processar seus pensamentos.

— Você vai ter que dar uma declaração.

— Eu sei. — Ele sentiu sua garganta flutuar com náusea, e ele engoliu
em seco para se manter junto. Ele só precisava respirar. Engolir. Ele teve que
pensar em outra coisa além do cadáver de Jack Shepherd, que estava a cinco
metros de distância. — Eu posso pegar um pouco de água?

— Eu vou pegar. Espere aqui. — Denise deixou a toalha, que ele encarou
sem realmente ver nada até que ele fechou os olhos e deixou o sol da tarde
aquecer seu rosto.

Eventualmente Denise voltou e apertou uma garrafa de água em sua


mão. Isso ajudou a acabar com o mal-estar, mas suas pernas ainda pareciam
fracas e suas mãos tremiam com os efeitos residuais da adrenalina. Depois de
alguns minutos, ele ouviu Finn dizer seu nome. Ele não abriu os olhos, nem
por isso.

Com medo do que ele pode ver?

Talvez.

370
— Dare? Você está bem? — Alguns segundos se passaram. — Dare ?

Dare finalmente abriu os olhos e encontrou Finn observando-o,


empalidecido de preocupação.

— Estou bem.

Finn passou as mãos pelo cabelo.

— Tiffany ligou. Ela disse que Jack estava perguntando por mim?

— Jack... — Dare não podia dizer isso. Era perfeitamente óbvio o que
Jack era. Ele estava morto. Dare simplesmente não conseguia dizer isso de
novo.

Finn sacudiu a cabeça.

— Eu não entendo. Por que ele estava procurando por mim?

Dare encolheu os ombros. A expressão de Finn lhe disse muito pouco,


embora ele estivesse procurando respostas lá. Mesmo que ele tenha sido
treinado para ver. Teria sido sempre assim? Teria ele visto Finn como ele
queria ver, em vez de admitir que Finn era ilegível ou, pior, esconder alguma
coisa?

Ele desviou o olhar e encontrou o capitão observando sua troca com os


olhos apertados. Vergonha encheu seu coração como a história parecia se
repetir. O capitão, Denise e Bill o observavam, e todos tinham visto o que ele
estava cego.

Todo mundo já havia perguntado a ele.

— Com certeza você está com Finn Fowler?

O intestino de Dare agora sabia o que seu coração se recusara a


admitir. A evidência crescente não mentiu. Jack não estava mentindo e, mais

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uma vez, Dare deixara seus sentimentos pessoais atrapalharem seu trabalho.
O horror da situação inundou Dare com um medo pegajoso. Ele tinha fodido
além de economizar esse tempo, além do desejo de se salvar.

— Dare? Por que Jack disse que estava procurando por mim?

Auto-aversão deixou Dare de boca seca. Bill não era o único que
precisaria de terapia depois disso.

— Sinto muito, Sr. Fowler. Não posso comentar sobre uma investigação
em andamento.

Com isso, ele se virou e deixou Finn olhando para o nada.

Finn teria cobrado de Dare e exigido respostas, mas naquele momento,


eles estavam trazendo o corpo de Jack, e qualquer desejo que ele tinha de
argumentar ficou preso na base de sua garganta junto com o começo de uma
boa maldição alta.

A janela estava quebrada e, através dela, ele podia ver uma parede
manchada de sangue. Tiffany e os clientes que tinham estado lá quando Jack
veio procurá-lo estavam conversando com oficiais uniformizados do outro
lado do lote, onde não eram forçados a ver. Dare correu direto para seu
capitão, que estava tendo uma conversa baixa com Bill.

Bill. A ansiedade se agarrava a Bill como um carrapato, ficando maior e


maior, uma vez que sugava toda a vida dele. Dare olhou para a frente
enquanto Bill e o capitão conversavam.

— Há um serviço para o qual você pode ligar. — Tony Vicenzo chegou ao


lado de Finn, de braços cruzados enquanto observavam os homens
carregarem o corpo de Jack no caminhão. Finn percebeu que Tony estava

372
falando com ele.

— Espere o que?

— Para limpar a bagunça, quero dizer. Uma vez que os policiais passam
por aqui, há um lugar em Salem para você ligar. Eles vão sair e limpar a cena
rapidamente para que você possa voltar ao trabalho como sempre.

Finn estremeceu. Nada poderia voltar a funcionar como de costume


depois disso.

— Eu posso limpá-lo.

— Sim, suponho que você poderia fazer isso. Mas remover todos os
traços de algo parecido com essa cena não é tão fácil quanto você pensa.

— Eu não suponho que seja. — Finn mordeu o lábio. — É caro tê-lo


feito?

— Eu não sei. Provavelmente algumas centenas por hora.

— Deus. Eu não tenho esse tipo de dinheiro.

Tony bufou com isso.

— Certo.

O escárnio de Tony acabou com Finn.

— O que isso deveria significar?

— Olha, Finn. Eu te conheço toda a sua vida. Lyddie é um dos meus


amigos mais antigos. A vida lhe deu uma porcaria de mão, mas você tem feito
o melhor disso por um tempo agora. Você precisa deixar o passado ir.

— Eu... — Finn estudou a expressão fria de Tony. — Espere. O que?

Tony suspirou.

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— Eu imaginei que te devia, mas agora estou a pensar que chegou a
hora de não dizer mais nada, sim? Já passou da hora de colocar todos os
nossos fantasmas para descansar.

— Você não está fazendo nenhum sentido, Tony. O que isso tem a ver
com a limpeza da casa de Lyddie?

— Nada eu acho. Eu apenas pensei que deveria te contar agora. Então


não há mal-entendido entre nós depois.

Mais confuso do que nunca, Finn voltou-se para a conversa entre o


capitão Borkowski, Bill e Dare. O olhar de Tony seguiu o dele. Borkowski
estava visivelmente chateado com alguma coisa. Ele estava conversando
com Dare na frente de Bill e Denise, que tentou olhar para qualquer lugar,
menos para o rosto inexpressivo de Dare.

— Ah, Cristo. — Finn murmurou. — Sobre o que é isso?

— Se eu tivesse que adivinhar, diria que era sobre você.

— Eu?

Tony atirou em Finn com um olhar tão cheio de raiva que Finn quase se
secou no local.

— Eu avisei a Dare que se envolver com você seria um erro.

Finn não tinha nada a dizer sobre isso. O que ele poderia dizer? Tony
estava certo.

— A linha policial é um clichê azul e fino. Nenhum arco-íris permitido.


— Consegui dizer.

— Isto não é sobre os arco-íris. Isso é sobre você, Finn. Dare tem

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caráter.

— E eu não sei? Isso é rico, vindo de você.

— Oh, pelo amor de Deus. Já faz quinze anos. Muito tempo para alguém
continuar pagando por um único e terrível erro.

— Tudo bem já. Eu sei disso. Você não acha que eu sei disso?

— Talvez Dare tenha o direito de saber a verdade.

Finn sacudiu a cabeça.

— Eu não posso dizer a ele. Ele vai me desprezar. Ele vai ver seu pai em
uma luz totalmente diferente e ele vai culpar...

— É hora de você pensar em alguém além de você mesmo, Finn. As


pessoas estão sendo mortas. Isso poderia me custar minha pensão talvez até
minha liberdade, mas isso tem que terminar agora.

Quando Finn observou Tony seguir em direção a Dare e ao capitão, uma


sensação de desesperança, de confusão vazia, o encheu. Provavelmente foi
melhor assim, melhor que Dare saiba o que realmente aconteceu com seu pai
depois de todos esses anos. Lyddie estava atrás dele para contar tudo
a Dare desde que ele voltaria. Ele simplesmente olhou nos olhos de Dare e se
acovardou toda vez.

Mais uma vez, ele arruinou tudo com um desejo egoísta e descarado.

— Você está bem? — Denise pegou-o pelo braço e puxou-o para fora do
caminho. Certo. Porque ele não tinha notado que estava bloqueando a rua e a
caminhonete do ML não podia sair.

— Eu não entendo nada disso, Denise.

375
— Nós vamos chegar ao fundo disso. Existe alguma coisa que eu possa
fazer para ajudá-lo agora? Você precisa se sentar, Finn?

Finn levantou o olhar dos brilhantes sapatos Oxford de Denise para o


rosto dela.

— Eu acho que é a primeira vez que você me chama de Finn.

Um rubor subiu sob suas bochechas de ébano.

— Me desculpe por isso.

— Não importa. — Finn acenou para longe. — Mais é melhor do que a


maioria das coisas que eu tenho sido chamado.

— Os apelidos são um hábito e você nem pensa neles.

— Eu sei.

Finn desistiu de fingir que não estava vendo a linguagem corporal de


Bill por qualquer pista que pudesse ter. Bill ficou de lado, pálido e estoico,
enquanto o capitão Borkowski cumprimentava Tony.

— Bill vai ficar bem?

— Provavelmente. Haverá uma investigação, mas pelo que vi, ele estará
livre.

— Vai ser duro com ele de qualquer maneira.

Denise assentiu.

— Provavelmente. Ele será mandado a sessões de terapia. Dare


também parece muito abalado.

Finn olhou de volta para Dare, agora seguindo Borkowski e Tony


Vicenzo até o SUV do capitão.

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Oh maldito. Tony realmente ia derramar tudo e Dare saberia. Dare veria
como todas as peças do quebra-cabeça se encaixam. A morte de Ivy. O pai
dele é suicídio. Dare não era estúpido, ele se lembrava daquele dia horrível, e
quando o fazia, ele se lembrava da pergunta idiota e egoísta de Finn.

— Calma, Finn. — Denise envolveu seu braço ao redor dele quando seus
joelhos se dobraram. — Sente-se na calçada aqui e coloque a cabeça entre as
pernas.

— Eu estou bem. — Finn tropeçou para longe dela.

— Você não está bem. Parecia que ia desmaiar agora mesmo.

— Não. — Finn se inclinou com as mãos nos joelhos e sugou grandes


goles de ar. — Eu só preciso de um minuto. Tenho trabalho a fazer. Eu preciso
abrir a janela e Tony disse algo sobre um serviço em Salem que limpa coisas
como esta. Você acha que está nas Páginas Amarelas?

— Você poderia tentar pesquisá-lo. — Disse Denise em dúvida.

— Eu tenho meu telefone, eu vou encontrá-lo. — Outro dos clientes da


loja entrou no estacionamento, mas Finn viu Tiffany pará-la antes mesmo de
sair do carro. Conversaram por um minuto e a mulher foi embora. Tiffany
encontrou o olhar de Finn. Ele deu de ombros e gritou: — Eu vou atender as
ligações para o resto dos clientes, se você ver o que você pode fazer sobre as
mulheres que estavam aqui.

— Eu vou. — Tiffany assentiu e voltou para seu cliente, cujo cabelo meio
enrolado era um loiro crespo em torno de sua cabeça.

— Nós estaremos terminando aqui em breve. — Disse Denise. — Eu não


sei o que seus cabeleireiros vão fazer.

377
— Faça o que você precisa. Eu vou fazer arranjos para eles assim que eu
puder voltar para dentro.

— Não, Finn. Você não quer entrar lá.

— Eu tenho que entrar. Todos os meus números de contato estão


lá. Meu computador.

— Tudo bem. — Ela assentiu com a cabeça. — OK. Apenas fique aqui e
espere, e quando eu deixar tudo claro, eu deixarei você saber.

378
Capítulo 33
O capitão acendeu as luzes numa pequena sala de conferências. Ele
conduziu Dare e Tony para dentro e depois fechou a porta do resto da
atividade na estação. O silêncio foi tão completo que Dare ouviu seu pulso
bater em seus ouvidos. A situação parecia muito com a que ele experimentou
em Seattle, algo dentro dele acabou de morrer.

Ele queria causar uma boa impressão no trabalho em Palladian. Ele


sabia o quanto era importante, e ainda assim ele escolheu perseguir o que
quer que ele tivesse com Finn em detrimento do caso, e agora parecia que
Finn estava sob seus olhos em algum tipo de esquema de chantagem.

— Comece do começo. — Disse Borkowski.

Dare respirou fundo para responder, mas descobriu que Borkowski


estivera conversando com Tony. A surpresa o fez cair de volta em seu assento.
Ele guinchou, e os dois homens olharam para ele.

— A noite em que Ivy Fowler morreu. — Disse Tony. — Eu esstava


jogando pôquer com Kent, Sumner, Jack e Ed. Você se lembra do barbeiro,
Ed?

— Sim. — Borkowski assentiu.

— Nós estávamos jogando poker como sempre. Ed voltou para casa.


Kent bebia demais, mas eu tive mais. Eu deixei ele dirigir. As ruas estavam
vazias de qualquer maneira por causa de uma violenta tempestade elétrica.
Você mal podia ver na frente do seu rosto.

Lembro-me murmurou Borkowski.

379
— No dia seguinte, o rio estava quase transbordando em alguns lugares.

— Certo. Foi ruim naquela noite, com certeza. — Tony fechou os olhos e
respirou fundo. — Estávamos na Front Street, dirigindo pela estrada do rio, e
Ivy Fowler correu para a frente do carro. Do nada, cara. Quer dizer, um
segundo, nós estávamos indo junto, e o próximo ka-blam, Ivy estava morta.
Ela estava olhando diretamente para o céu, o rosto todo molhado de chuva, a
maquiagem escorrendo pelo rosto como se estivesse chorando. Isso foi...
horrível.

Dare absorveu o fato de que seu pai... seu pai havia matado a mãe de
Finn.

Meu Deus!

Meu Deus!

Que diabos?

Tony abriu os olhos e encontrou o olhar de Dare.

— Não havia nada que pudéssemos fazer, mas Dare, seu pai estava tão
perturbado. Eu pensei que teríamos que contê-lo. Ele queria chamar uma
ambulância e informar o acidente. Ele queria fazer a coisa certa, mas, veja,
não havia nada que pudéssemos fazer por Ivy. Não uma coisa, você entende?
Nada a traria de volta e eu imaginei por que deveríamos arruinar sua família?
Foi um acidente. Ela acabou de sair correndo.

— E o carro? — Borkowski franziu a testa. — Tinha que ter sofrido


algum dano.

— Sumner Pelham estava lá. E Jack Shepherd. Jack estava na estrada

380
atrás de nós quando aconteceu. Sumner disse que poderia consertar o carro
como novo. Ele disse que ninguém seria capaz de dizer.

— Então você encobriu tudo?

— No momento...

— Espere. — Borkowski se inclinou para frente. — Você percebe que isso


não vai acabar aqui, não é? Eu tenho que perseguir isso tanto quanto me leva.
Você entende isso?

— Eu entendo. — Disse Tony em voz baixa.

— Tudo bem. — Borkowski solicitado. — Então você está lá com o pai


de Dare, Pelham e Shepherd. E você decidiu o quê?

— Nós estávamos discutindo na rua. Kent queria chamar a ambulancia,


a policia e relatar 0 acidente, e todos nós nos revezamos tentando demovê-lo
disso. Ele estava bebendo e eu disse a ele que isso poderia significar um
julgamento e prisão. Poderia destruir sua família, abrir-lhe uma ação civil que
poderia custar tudo à sua família. E então quem não deveria sair das
sombras? Ninguém mais que Finn.

— Espere... — Dare quase engoliu a língua. — Finn estava lá? Ele sabia...

— Ele viu a coisa toda. Ele estava com ela. Eles estavam jogando ou algo
assim. Você pode imaginar? Ela leva seu filho para uma corrida em uma noite
como essa? Deus sabe o que ela estava fazendo.

— Ela provavelmente estava bêbada. — Disse Borkowski.

— Então, Finn viu tudo? —Perguntou Dare.

— Sim! — Admitiu Tony, com os olhos vagando como se estivesse vendo


a cena em sua mente. — Seu pai era irracional. Finn acabou de dizer... — Tony

381
parou abruptamente.

Borkowski e Dare fixaram os olhos na mesa de conferências.

— O que Finn disse? — Perguntou Borkowski.

— Finn disse que não queria que seu pai fosse para a cadeia. Ele disse
que estava tudo bem com ele se ninguém soubesse como Ivy morreu. Ela já
estava morta. — Tony se inclinou para frente. —Finn concordou, viu? Quem
iria doer se ninguém soubesse exatamente como ela morreu?

A dor ferveu a parte de trás da garganta de Dare. Borkowski deve ter


visto a mudança na expressão de Dare porque ele foi até a porta e chamou
alguém na estação para lhe trazer uma lata de pop. Depois de alguns minutos
de olhos fechados e concentração respirando profundamente pelo nariz,
dentro, fora alguém pressionou uma lata fria na mão dele.

Dare estalou o topo e puxou um longo gole de ginger ale, o suficiente


para as bolhas queimarem seu nariz. A doce doçura ajudou seu estômago a se
acomodar.

— Eu sei que isso é um choque. — Borkowski ofereceu uma lata de lixo


para Dare, como se achasse que Dare ainda parecia pronto para vomitar.

— Minha mãe sabia?

— Não que eu tenha ouvido falar. — Tony olhou ansiosamente para o


capitão Borkowski. — Nós fizemos um pacto. Ninguém diz uma viva alma.
Nem mesmo as esposas.

Dare passou as mãos pelo cabelo. Ele olhou para trás com novos
conhecimentos e viu seu pai como ele tinha sido nos últimos seis meses. Ele

382
passou mais tempo no trabalho. Ele tinha sido excessivamente solícito com
Lyddie, oferecendo seus fins de semana como seu faz-tudo não oficial.

Ele assumiu Finn como se fosse um projeto, prestou mais atenção a ele,
passou mais tempo com os dois em geral e, de repente, como se uma enorme
folha de relâmpago iluminasse a escuridão e um trovão seguido
imediatamente depois, ele sabia a resposta para sua maior pergunta.

— Finn se culpa pela morte do meu pai.

— Como você percebeu isso? — Perguntou Borkowski.

— Ele perguntou se poderia chamar meu pai de papai, bem ali na


cozinha enquanto meu pai estava fazendo o almoço. Ele perguntou, e meu pai
parecia... abalado de alguma forma. Eu não entendi na hora. Era como se ele
tivesse engasgado e não conseguisse responder, por isso deu um tapinha na
cabeça de Finn e, vinte minutos depois, ele se foi.

— Cristo. — Tony balançou a cabeça. — Você tem que acreditar em mim.


Nenhum de nós tinha ideia de que a morte de Ivy iria afetá-lo daquele jeito.
Foi um acidente. Nós dissemos a ele, repetidamente. Não havia propósito de
punindo-o ainda mais. Se soubéssemos o quanto ele estava se punindo, não
teríamos ficado em silêncio. Nós tínhamos dito a Olive e o fizemos ver alguém
- um médico ou um terapeuta em particular. Nós estávamos tentando
proteger ele. Nós simplesmente não conseguimos protegê-lo de si mesmo.

O capitão Borkowski recostou-se na cadeira. Ele bateu os dedos na


mesa.

— Então só você, Sumner Pelham e Jack foram os que restaram hein?

— Sim.

Oh Deus. Jack está morto.

383
— Jack disse algo sobre ter pago o suficiente. Não me diga...

— Finn vem chantageando você, não é? — Perguntou Borkowski a Tony


severamente.

Tony soltou um suspiro trêmulo.

— Sim.

Dare não conseguiu encontrar sua voz. Borkowski perguntou:

— Há quanto tempo?

— Alguns anos. Desde que ele voltou da escola.

— E você pensou o que? Que também podia pagá-lo? — Borkowski


retrucou. — Porque isso nunca vai fica bem.

— Eu acho que nós achamos que nós devíamos a ele. E nós fizemos, não
foi? Não foi muito no começo. Quinhentos aqui e ali.

— Deixe-me adivinhar. Ele começou a ficar ganancioso.

Dare não queria ouvir isso. Ele não queria acreditar, mas ele viu o
desespero de Jack. Jack não estava mentindo. Ele queria que a chantagem
terminasse de um jeito ou de outro.

— Jack estava carregando uma velha escola.38. Você acha que...

— Sim. É o mesmo tipo de arma que matou Andrew King. Estamos


fazendo um teste de balística, mas meu dinheiro diz que Jack usou essa arma
para matar Andrew porque Jack achava que ele era Finn.

— Cristo. — Dare estremeceu e tomou um gole preventivo de seu


refrigerante. — O que acontece agora?

384
— Agora começamos de novo no começo. Encontramos evidências da
extorsão. Nós temos mandados para o lugar de Finn e seus registros
financeiros. Ele se aproximou de você diretamente por dinheiro?

— Não. — Tony balançou a cabeça. — Eu costumava receber anotações


embaixo da porta do celeiro. Eu deveria pegar o dinheiro em dinheiro e largá-
lo dentro da caixa de serviço atrás da casa de Lyddie.

— Então Finn nunca pediu dinheiro diretamente a você? —


perguntou Dare. — Você nunca viu ele pegar? Como você sabe que foi Finn?

Tony e o capitão olharam para ele como se ele tivesse se sujado, e eles
simplesmente não tinham coragem de contar a ele.

— Nós apenas sabíamos.

Borkowski teve pena de Dare e explorou os fatos.

— Você já esperou para ver quem pegou o dinheiro? A demanda poderia


ter vindo de outra pessoa?

— Eu esperei, algumas vezes, mas Finn nunca apareceu. Uma vez eu saí
para aliviar a cabeça e quando voltei, o dinheiro foi embora. Ele é um cara
inteligente. Ele deve ter me observado. Ele deve ter esperado até eu sair para
fazer a picape.

Dare se apegou a isso.

— Então, como você pode ter certeza de que não era Lyddie ou outra
pessoa? Alguém Finn confiou depois de todos esses anos.

Tony encolheu os ombros.

— Não poderia ter sido Lyddie porque ela não saiu de casa em um ano.
Quem mais poderia ser?

385
Borkowski assentiu.

— Então, depois que Candy morre, Jack acha que não tem nada a
perder? Ele vai atrás do Finn?

O coração de Dare deu um passo bêbado e cambaleante em sua


garganta.

— Jack pensou que Finn matou Candy.

— Jack disse isso? — Tony perguntou. — Ele disse a você que ele pensou
que Finn matou Candy?

— Sim.

— Por que ele pensaria isso?

Cristo. Dare olhou para o teto.

— É porque eu peguei o lixo do salão. O boato em toda a cidade é que eu


fiz isso porque eu acreditava que Candy estava envenenada.

— Você está brincando? — Os punhos de Borkowski bateram na mesa de


conferência. — Essa coisa toda parece uma máquina de Rube Goldberg meia-
boca, e começou com você. — Apontou para Tony. — Escondendo a evidência
de um crime e você. — Ele apontou para Dare. — Se exibindo na frente do seu
namorado.

— Capitão...

— Não. Fique aqui. Vou pedir a alguém para entrar e fazer declarações
formais de vocês dois, e veremos aonde isso vai acontecer.

O capitão saiu da sala.

— Sinto muito pelo seu pai, Dare. — Disse Tony. — Me desculpe, eu não
percebi o quão ruim ele estava se sentindo.

386
— É por isso que você era tão complacente? É por isso que você se
curvou para trás para me arrumar um emprego aqui?

— Não. Isso não é...

— Consciência pesada?

— Essa não é a única razão. Eu olhei para o seu registro, Dare. Antes
daquele caso da criança desaparecida, você era um bom policial.

— Eu fui? Eu era. Ou talvez não tanto, né? Eu posso fazer o trabalho,


mas eu continuo fodendo as coisas com as pessoas.

Tony bufou com isso.

— Você bebe demais.

— Sim, bem. Policiais bebem às vezes.

— E você não faz merda onde você come. Por que você não tenta
encontrar um amante que não seja uma assassina ou um chantagista para
variar?

— Certo, eu estou uma bagunça, e eu sei disso. Mas você era vice-chefe
de polícia quando cobriu um DUI que resultou em uma fatalidade. Eu olhei
para você? E olhe o modelo que você acabou de ser.

— Oh, deixe de ser um fracote e pare de sentir pena de si mesmo.

— Eu sou o que? — Dare ficou tão rápido que sua cadeira caiu. — O que
você acabou de dizer para mim?

Tony deu um pulo, punhos cerrados, prontos para partir. A porta se


abriu e Evans entrou no quarto.

387
— Pare com isso. — Ele disse suavemente. — Vicenzo, você está comigo.
Buckley? Capitão diz espere por Denise, mas me dê seu telefone.

— Por quê? — Dare puxou o telefone do bolso e entregou-o. — Estou


preso?

— Borkowski está preocupado que ligue para o seu namorado. — Disse


Tony. — Ele está apenas tomando precauções.

— Eu acho que mereço isso.

Evans manteve a porta aberta para Tony, mas virou—se para falar
com Dare antes de sair.

— Nenhum de nós duvida que você faça a coisa certa, Buckley.

Tony também olhou para trás.

— Você é um bom policial, Dare. Eu sou duro com você porque eu acho
que você poderia ser um ótimo policial. Tome o que eu disse para o coração.
Faça escolhas melhores.

Dare sentou-se novamente. Ele descansou a cabeça nos braços


cruzados. A mesa cheirava a uma escrivaninha escolar, aparas de tinta e lápis
e aquela estranha combinação de mobília industrial de pranchas e
laminados. A superfície parecia fria em sua testa.

Denise ainda estava no salão de Lyddie quando ele saiu. Quanto tempo
demoraria até ela voltar para tomar sua declaração? Quanto tempo levaria
para ver se a arma de Jack disparou a bala que matou Andrew King? Isso
tinha sido tão próximo. E se tivesse sido Finn no Costco naquela noite, e não
Andrew?

388
Finn, que manteve esses segredos condenáveis.

Finn, que extorquiu dinheiro de Tony Vicenzo, Jack Shepherd e,


presumivelmente, Sumner Pelham.

Finn, que lhe deu prazer e paz como nunca conhecera antes.

Graças a Deus. Graças a Deus. Tão bravo quanto Dare, ele estava feliz
por Jack ter ido embora e com ele, a ameaça a Finn.

Dare tomou outro gole de refrigerante e tentou não pensar no que


aconteceria com Lyddie se Finn fosse preso.

Finn olhou para a conta novamente antes de dar seu cartão de crédito
para Manny, o técnico da empresa de limpeza de biorrisco.

— Eu acho que vai funcionar. Eu devo ter saldo o suficiente nesse


cartão para cobrir esse valor.

— Eu vou tentar. — Manny deslizou o cartão passando por um daqueles


leitores de cartão Square em seu telefone. Ele sorriu para Finn como se fosse
subir uma janela e limpar um salão de beleza salpicado de sangue fosse um
assunto cotidiano. Provavelmente foi para ele. Finn não tinha certeza se ele
queria entrar no salão novamente, e se ele Sentia-se assim, então este dia
estava fadado a matar totalmente os negócios exceto pelos fofoqueiros mais
mórbidos e membros da sociedade paranormal paladiana.

Tanto para Tiffany comprar o salão, ele supôs.

— Foi bem. — Manny disse a ele que receberia um recibo por e-mail e
lhe entregou uma caneta para assinar seu acordo de que o trabalho estava
completo. — Muito obrigado por ligar para o Fast Response. Espero que você
nunca precise de nós novamente, mas se você fizer isso, ficaremos felizes em
atendê-lo. Estou deixando meu cartão.

389
— Obrigado. — Finn viu Manny e seu parceiro entrarem na van e
partirem. Quão estranho era ter um negócio onde você realmente esperava
que seus clientes não tivessem que ligar para você novamente.

Finn olhou seu relógio. Já passava das nove. O sol estava quase no
fim. O salão estava limpo como nunca estivera, mas ele ainda telefonava para
todos que tinham reservado compromissos e avisava que o salão estaria
fechado por alguns dias. Ele nem sabia se Tiffany ou as outras garotas
gostariam de voltar depois do que aconteceu. Ele teria que ter uma reunião,
ele adivinhou, e deixou que eles lhe dissessem o que eles queriam fazer.

Suspirando, ele fez as rondas, verificando se todos os ferros tinham sido


desligados e ensacando o lixo em cada estação. Qualquer desinfetante usado
pelos limpadores era forte, mas o cheiro se dissipou rapidamente e agora o
lugar simplesmente cheirava a fresco. Bem, mais fresco do que costumava ser,
de qualquer maneira, dado o fedor de corante e solução de onda permanente
e acrílico para unhas que normalmente perfumavam o lugar.

Havia um cheiro de recomeço na loja, mas talvez tudo isso estivesse em


sua mente. O capitão Borkowski e Dare foram embora com Tony, que parecia
querer deixar o passado para trás, o que significava Dare...

Dare sabia agora.

Dare provavelmente. Sabia como a estupidez de Finn - como seu


egoísmo - custara a Dare seu pai, sua família e sua infância feliz.

Dare sabia, e de agora em diante, ele odiaria Finn tanto quanto Finn se
odiava.

Finn pegou o lixo e levou-o para fora. Ele fechou a porta atrás dele. Ele

390
desprezava o chocalho de Lyddie e as tarefas da loja de beleza e Palladian. Ele
desprezava a cola grudenta e desumana de amor e lealdade que o mantinha
preso ali, quer quisesse estar lá ou não.

O lixo era pesado e cheirava a borra de café, então, naturalmente, os


sacos de lixo super-grandes e baratos se diluíam, ameaçando derramar todo o
lixo. Ele foi até a lixeira, jogou a bolsa e ficou apenas parabenizando-se
quando uma figura saiu das sombras com uma arma.

— Olá, Finn.

391
Capítulo 34

— Sra. Boyer? — Finn tropeçou para trás, chocado. — O que você está
fazendo aqui?

— Amarrar as pontas soltas. — Disse ela. — Eu vi você conversando com


Tony hoje na frente. Você deve saber porque eu estou aqui.

— Não realmente. — O cabelo na parte de trás do pescoço de Finn


subiu. A Sra. Boyer não soava como ela mesma.

— Você ainda não descobriu? Você está chantageando Tony Vicenzo.

— Eu não fiz isso. — Disse Finn estupidamente.

— Talvez não. Mas Tony acha que está te pagando por anos. Jack e
Sumner Pelham também. Acontece que você é um bicha ávido, e se Dare não
tivesse voltado para a cidade com o rabo entre as pernas daquele jeito,
poderia ter continuado indefinidamente.

— Você não está fazendo nenhum sentido. — Finn olhou para a arma. —
Eu não fiz nada disso.

— Todo mundo pensa que você fez.

Não Dare. Ele não pode pensar isso. Ele nem sabe o que aconteceu. Finn
não disse, mas talvez ele soubesse agora...

— Eu sei. — Ela riu. — Isso é o que tornou tudo tão fácil. Todo mundo
quer manter seus segredos. Você não pode dizer a Dare que o pai dele matou
sua mãe. Tony não pode se dar ao luxo de ir à polícia porque perderia a
pensão. Sumner está cozinhando os livros há anos, então foi fácil para ele
aproveitar o dinheiro para você. Ele não pode dizer uma palavra a menos que
queira que o IR comece a investigar seus impostos.

392
— E o Jack? Ele era apenas um velho doente. Ele estava tão confuso na
metade do tempo que provavelmente nem se lembrava da noite em que
minha mãe morreu.

— Jack era um mentiroso e um idiota. Ele tratou minha filha como


merda. Palladian é uma cidade muito pequena, mas com certeza temos
pessoas muito desagradáveis morando aqui.

— Então e agora? — Finn duvidou que ele fosse gostar da resposta.

— Agora, com você fora do caminho, todos continuarão acreditando que


a onda de criminalidade de Palladian e seu número um extorsionário é coisa
do passado.

— Você acha que Dare vai acreditar que eu estava chantageando as


pessoas? Tudo o que ele precisa fazer é verificar meus registros financeiros.

— Não importa. Ele não verá nada porque eu fiz com que as pessoas
pagassem em dinheiro.

—Mas eu nunca obtive qualquer dinheiro.

— Bem, você não pode exatamente provar isso, pode? Além disso, pedi
que deixassem o dinheiro aqui, na caixa elétrica de Lyddie. Então você ficará
muito mal se começar a comparar as notas.

— Nos fundos do salão?

— Sim. — Ela sorriu. — E sabe de uma coisa? Eu acho que esse pedaço
de merda Sumner Pelham não pagou sua última parcela porque não estava lá.
Você me deixou naquela noite para falar sobre Candy, e você com certeza não
agiu como se tivesse encontrado uma pilha de dinheiro inesperado. Eu pensei

393
que talvez uma das meninas tenha encontrado, então eu joguei a loja. Achei
que encontraria o envelope, mas...

— Aquilo foi você?

Ela encolheu os ombros. Apontou a arma para o peito dele e apontou a


cabeça para o beco atrás do shopping.

— Ande.

O coração de Finn trovejou. Stalling parecia ser sua única opção. Talvez
ele pudesse fazê-la baixar a guarda e de alguma forma tirar a arma dela.
Talvez porcos possam voar.

— Então você sabia sobre o acidente o tempo todo?

— Não. — Charlotte deu um passo para frente e Finn não teve escolha a
não ser recuar. — Foi Candy quem descobriu sobre isso. Jack disse a ela
durante um desses surtos que ele tem. Ele falou sobre a noite em que todos
aqueles homens corajosos jogaram Ivy no rio como lixo.

— Sobre como Kent Buckley estava bebendo quando ele bateu nela e
como você estava lá. Jack fez Candy assinar um acordo pré-nupcial, viu? E
quando ele começou a ameaçar se divorciar dela a cada cinco segundos,
comecei a imaginar como poderia usar essa informação a meu favor. Eu
pensei que talvez eu pudesse conseguir um pouco do seu dinheiro antes que
seus filhos entrassem e a chutassem para o meio-fio de uma vez.

Jesus, ela era fria.

Ela o apoiou na direção do beco onde ele duvidava que ela planejasse
matá-lo.

— E você fez! — Ele perguntou.

394
— Oh sim. E então eu descobri que Tony Vicenzo e Sumner Pelham
estavam tão felizes em gastar seu dinheiro para mantê-lo quieto como Jack
tinha sido.

— Eu me pergunto por que eles pensaram que eu comecei a pedir


dinheiro agora? — Finn perguntou, desesperado para mantê-la falando.

— Talvez seja porque eu indiquei que o dinheiro era para cuidar da sua
pobre tia Lyddie. Eu tenho que te dizer, essa foi a parte mais fácil. Eles apenas
cuspiram tudo o que eu pedi. A culpa faz as pessoas fazerem todo tipo de
coisas estúpidas. Mas então Buckley volta para a cidade e a primeira coisa que
ele faz é ir até a sua casa.

Finn olhou para trás para se certificar de que não ia tropeçar em nada,
mas isso não o impediu de chutar uma pilha de garrafas de cerveja que
alguém havia deixado no chão. O som que fizeram enquanto deslizavam pela
calçada era tão alto no sombrio silêncio que ele pulou. As crianças devem
estar festejando aqui à noite, Finn pensou ociosamente. Alguém deveria fazer
algo sobre isso.

— Eu me perguntei naquela época. — Charlotte pisou sobre o lixo. —


Quanto tempo vai demorar para Finn contar tudo e ficar limpo?

— Eu não ia dizer nada. Eu não fiz antes.

— Quanto tempo demoraria para Dare começar a procurar entre os


velhos amigos de seu pai e descobrir a verdade?

— Dare merece respostas. — Finn disse calmamente.

— E ele vai te-las. — Ela levantou a arma. — Só não de você.

395
Chocado e desesperado, Finn saiu correndo. Ele deve tê-la surpreendido
porque ela deu um suspiro assustado e hesitou. Em sua cabeça, em seu
coração, as palavras não uma vítima, não uma vítima, não uma vítima
agitavam-se como a água do rio Palladiano durante as mais violentas
tempestades de verão. Ele esperava sentir uma bala bater em suas costas, mas
continuou correndo, surpreso quando o horrível pop finalmente chegou que
não o derrubou. Surpresa que ele pudesse continuar correndo, que ele mal
podia sentir, até que ele percebeu que provavelmente não o atingiu em nada.

Foi quando ele ouviu o grito de dor do beco atrás dele e os sons de uma
luta. Ele se virou para encontrar Charlotte Boyer se afastando de alguém que
lutava para mantê-la contida. Graças à sua experiência anterior naquela
tarde, ele conhecia o sabor acobreado e acobreado de sangue quando o
cheirava.

— Oh meu Deus, Bill. — Finn viu a arma que tinha derrapado a poucos
metros de distância da mão estendida de Charlotte. Ele correu e pegou.
Apontou para a cabeça dela. — Bill, você está bem?

Bill grunhiu, mas a maneira como ele rolou para fora de Charlotte e
ficou lá contou a história toda. Finn se atrapalhou com o telefone. Ele saiu e
começou a discar 9-1-1, mesmo quando Charlotte o olhou, sem fôlego e com
sede de sangue.

Sua mão tremia de raiva.

— Não mova a porra de um músculo.

Charlotte congelou. Uma mancha escura se espalhou sinistramente pelo


peito de Bill quando Finn contou tudo ao operador do 911.

396
— Por favor. Diga-lhes para se apressarem. Ele está perdendo muito
sangue.

A telefonista ficou ao telefone com ele até que a polícia Denise Adler, na
verdade e uma ambulância chegaram.

— Finn atirou em Bill. — Gritou Charlotte. — Ele atirou em Bill e vai me


matar.

— Eu não fiz. — Finn chorou. — Eu só peguei a arma então.

— Largue sua arma! — Denise treinou sua arma em Finn.

Finn fez o que ela pediu, abaixando a arma cuidadosamente para o chão
e colocando as duas mãos em sua cabeça.

— Charlotte atirou em Bill. Ela está chantageando todos, fingindo ser


eu. — Ele contou toda a história. Denise escutou. — Ela disse que ia me matar,
então eu corri. Bill deve ter tentado desarmá-la. Eu ouvi o tiro, então eu olhei
para trás e Bill estava...

— Ele está mentindo. Ele atirou em Bill. Eles estão nisso juntos. —
Charlotte levantou-se do chão. Suas roupas estavam cobertas pelo sangue de
Bill.

— Ela atirou à queima-roupa. — Gritou Finn. — Olhe para ela. Ela tem
sangue em todas as suas roupas.

Houve uma briga triste antes que Denise pudesse amarrar as mãos de
Charlotte Boyer nas costas. Antes que os outros policiais pudessem entrar em
cena, Finn se agachou ao lado de Bill, lágrimas queimando seus olhos.

— Você vai ficar bem, Bill. É melhor você estar. Se você pensar em
morrer, vou chutar a porra de sua bunda.

397
— Afaste-se, Senhor. Nós temos isso. — Um EMT de luvas azuis
gentilmente empurrou Finn de volta.

— Bill, você nem mesmo experimentar morrer, cara. Você não tem
minha permissão. — Finn passou por eles. Bill estava tão pálido. Ele perdeu
muito sangue. — Você não morra por minha causa seu filho da puta.

Se alguém achava estranho que o pária gay da cidade estivesse chorando


sobre o destino do policial mais homofóbico da cidade, ninguém disse uma
palavra. Finn tinha uma janela de dois segundos para acertar o rosto de Bill
antes de levar a maca na direção da ambulância, e ele a pegou.

Para sua grande surpresa, os olhos dourados de Bill se abriram.

— Finn.

— Droga, Bill porra Fraser. — Finn apertou a mão dele. — Eu sinto


muito. Você vai ficar bem. Prometa-me.

Bill poderia ter tentado dizer alguma coisa. Ele poderia ter, mas o que
quer que fosse, estava perdido no caos que os rodeava.

— Bill. — Finn sussurrou ao lado de sua orelha. — Eu sempre serei seu


amigo. Sempre.

— Não é dia. — Lágrimas brilharam nos cílios úmidos de Bill. — Mas


sim...

O pavor do doente encheu Finn quando ele foi forçado a soltar a mão de
Bill. Ele assistiu em desespero quando os olhos de Bill se fecharam
novamente.

Oh Deus. Oh Deus. Ele veria os olhos de Bill se abrirem de novo?

398
Capítulo 35
Finn sentou-se na sala de interrogatório com as mãos cruzadas no colo.
Ele se sentiu mais sozinho depois que eles levaram Bill para longe do que ele
já havia sentido em sua vida, e isso estava dizendo alguma coisa. Mas então
ele ouviu seu nome e se virou para encontrar Dare em pé atrás dele.

Por um breve segundo, seu coração se acendeu como um diamante no 4


de julho. Deus, Dare.

Tão bonito. assim familiar. Vendo Dare sentiu vontade de voltar para
casa para uma casa cheia de velas e o cheiro de pão assado. Finn estava
apavorado. Ele estava tremendo todo da lavagem de adrenalina em seu
sangue, do choque, mas ele lutou duro para esconder quão necessitado ele
estava sentindo só então.

O que foi uma coisa boa, porque Dare não estava sorrindo.

Na verdade, Dare apareceu quebrado e irritado e depois disso, eles


mantiveram Finn enfurnado como se ele eram o criminoso. Até parecia que
ele tinha atirado em Bill e não a sra. Boyer.

É claro que essa era a história que Charlotte Boyer ainda estava
contando a quem quisesse ouvir, junto com um monte de mentiras sobre ele
ser o chantagista mais astuto de Palladian.

Agora, na verdade, parecia que Dare poderia acreditar nela.

Finn estava esperando há muito tempo, tempo suficiente para ficar


preocupado com Bill e com medo de Lyddie. Tempo suficiente para sentir a
dor da traição na boca do estômago como um ácido corrosivo. O sangue de

399
Bill secara nas rugas de seus dedos. Ele escureceu a pele ao redor de suas
unhas. Isso o manchou, mesmo depois de ter se lavado.

Talvez ele estivesse tendo um colapso como Lady Macbeth e nada disso
era real.

— Só vai demorar um pouco mais. — Denise veio sentar com ele por um
tempo. Sua presença parecia reconfortante e suas palavras suavemente
expressas lhe deram algo para fazer além de preocupação.

— Eu sinto muito por tudo isso. Posso pegar algumas bolachas ou um


lanche da máquina de venda automática?

— Eu não poderia mantê-lo para baixo, mas talvez algo para beber?

— Claro. — Ela se levantou para sair, mas parou na porta e olhou para
trás. — Alguma coisa em particular?

— Eu não me importo. — Finn soltou um suspiro tenso. — Dare


realmente acha que eu sou algum tipo de chantagista?

— Você teria que perguntar isso a Dare.

— Não tenho certeza se quero a resposta.

Ela deu-lhe um meio sorriso para isso.

— Não conte com ele. Ele se importa com você.

Finn assentiu.

— Refrigerante claro. Limo-limão ou algo assim. Com açúcar, se eles


tiverem.

— Entendi. — Denise saiu para pegar um refrigerante para ele, e

400
enquanto ela estava fora, Dare entrou na pequena sala de conferências. Ele
parecia ocupar todo o espaço. Quando ele inalou, Finn esperava que as
paredes se curvassem para dentro.

— Agradecemos sua paciência. — Disse Dare rigidamente.

— Ainda bem que estou cheio de paciência, então. — Finn deu um bufo
de nojo. — Existe alguma palavra sobre Bill?

— O pai de Evans está no hospital. Ele vai telefonar quando souber de


alguma coisa. — Dare nem sequer olhou para ele. — Devo tê-lo entrar com
uma atualização?

— Sim, por favor. Eu apreciaria isso.

— Sinto muito por Bill. Eu conheço você e ele tem uma coisa.

— Não é uma coisa. — Disse Finn com voz dura.

— O que ele estava fazendo no salão de Lyddie esta noite? Vocês dois
tiveram um encontro?

— Cristo, Dare. — Finn se encostou na cadeira em que ele estava


sentado. — Você diz isso como se fossemos nos vestir com nossas roupas mais
legais e tirar selfies no carrossel de Salem.

— Finn. — A expressão de Dare era sombria. — Você e Bill tinham


combinado se encontrar, hoje à noite?

—Não, nós não fizemos. Não é como... — A voz de Finn falhou. — Ele às
vezes me segue pela cidade, ou eu o encontro esperando por mim nas
sombras junto ao rio.

Dare franziu o cenho para isso.

— Você quer dizer que ele apenas... espreitava em torno do salão de

401
cabeleireiro?

— Sim. A loja, a casa, Costco. Ele costumava aparecer em Corvallis


quando eu ia para a escola lá.

— Você está dizendo que ele seguia você?

— Não — Finn sabia que Dare não iria entender. Inferno, ele não
entendi, então não foi uma grande surpresa. — Talvez. Ele salvou minha vida
duas vezes agora. Estava sendo... amigo.

— Algum amigo. Ele age como se ele te odiasse.

— Tanto faz. É complicado. — Finn se virou para a parede. — Muitas


coisas são complicadas, Dare.

— Como a morte de sua mãe?

Finn fechou os olhos.

— Você pensou em me dizer?

— Não. — Ele balançou a cabeça. — Nunca.

— Você sabia que eu estava fazendo perguntas. Você sabia que eu


precisava de respostas.

Finn sussurrou:

— Sim.

— E você teve as respostas o tempo todo e você apenas... — Dare juntou


as mãos na mesa entre eles e se inclinou para frente. — Você deveria ter me
contado. Depois que Ivy morreu. Antes do meu pai...

— Você acha que eu não pensei nisso a cada minuto de cada dia desde

402
então? Eu acreditava que estava fazendo a coisa certa. Eles disseram que seu
pai estava bebendo.

— Mas ele não podia viver com o que ele tinha feito. E com você, dia
após dia. Ele tentou se aproximar, ajudar Ivy e estar lá para você, e eu nunca
entendi o que isso estava custando a ele. Mas você sabia e não disse uma
palavra.

Finn levantou-se tão rápido que sua cadeira disparou para trás,
ruidosamente ruidosamente na sala estéril.

— Eu não sabia. — Seus olhos queimaram. — Eu era uma criança


maldita. Eu vi minha mãe correndo na rua e descartada como um animal, e eu
prometi. Eu prometi na minha vida eu nunca contaria uma alma. Eu fiz essa
promessa por você, então seu pai não iria para a cadeia. Eu fiz isso porque
eles disseram que, se eu contasse, isso arruinaria a sua vida.

Dare levantou-se, as veias inchadas no pescoço.

— Então é uma coisa boa que não aconteceu, não é?

Finn se virou para a parede, os olhos em chamas, a garganta entupida


de dor. Dare fez um barulho suave atrás dele. Suas mãos pousaram nos
ombros de Finn, tentativamente amassaram os nós.

— Ah Cristo. Finn. Eu sou... — Dare respirou fundo. Deixe sair devagar.


— Eu me lembro de quão jovem você era. Você não achou que poderia confiar
em mim?

— Eu não poderia dizer a você. — Lágrimas derramadas sobre suas


bochechas. — Porque eu estava com vergonha.

403
— Espere. Envergonhado de quê? — As palavras sussurradas de Dare
fizeram cócegas na pele do pescoço de Finn, e ele tentou se afastar.
Dare apertou ainda mais os ombros de Finn. — Do que você teve que se
envergonhar?

— De querer você. — Finn se enfureceu, dando voz à saudade que ele


sentiu tão intensamente. O amargo desejo que o envergonhava antes que ele
entendesse. — De querer pertencer ao seu pai como você fez. Eu queria fazer
parte de sua família, mesmo que, no fundo do meu estômago, eu soubesse se
eu perguntasse... Se eu me aproximasse, iria estragar tudo. Eu sabia...

— Finn. Não.

— Eu soube no momento em que disse as palavras. Era como empurrar


um alfinete em um balão bonito e brilhante. 'Posso te chamar de pai, às
vezes?' Cristo. — Finn começou a soluçar abertamente. — Eu sinto muito. Eu
sinto muito....

— Shh. Finn. Shh. — Dare segurou-o com força. — Deixe seu pesar se
esgotar antes de falar novamente. O que meu pai fez... não foi sua culpa. Ele
não foi capaz de lidar com isso.

— Mas você mesmo disse! Se eu tivesse dito alguma coisa... Se eu tivesse


contado a verdade o tempo todo...

— Não. — Dare abanou a cabeça. — Tudo o que eu disse, eu não quis


dizer.

— Deus sabe, eu queria ter feito isso. — Finn resistiu às tentativas


de Dare de transformá-lo. Ele era forte e magro e determinado.

— Pare. — Dare finalmente envolveu seus braços ao redor dele por trás e
o manteve imóvel. — acalme-se.

404
— Eu me arrependi das minhas palavras todos os dias desde então. —
Finn não podia ver através de suas lágrimas, o que o deixou com raiva. Ele
mal derramou uma lágrima desde que Ivy morreu e ultimamente...
ultimamente entre a doença de Lyddie e a volta de Dare, ele vazou como uma
maldita peneira. — Todos os dias desde então, eu desejei que fosse eu e não a
minha mãe que morreu naquele dia. Eu sinto Muito. Sinto muito.

— Deus, Finn, não. Graças a Deus não foi você. — Dare o desequilibrou,
balançou-o de um lado para o outro. — Merda. Shh..

— Não. — Finn tentou se afastar. — Pare com isso. Solte-me.

— Não vou. — Dare empurrou o rosto contra o pescoço de Finn,


umedecendo a pele com suas lágrimas. — Não vou deixar você ir.

— Eu sinto Muito. Então malditamente desculpe, Dare. Por tudo.

Finn não sabia quanto tempo eles ficaram assim presos juntos na dor do
passado.

O capitão Borkowski limpou a garganta e chamou Dare da porta.

— Desculpa por interromper. Ainda há algumas perguntas...

Dare baixou os braços.

— Perguntas sobre mim? — Finn se virou.

— Eu sinto muito, Finn. É inapropriado eu estar aqui. — Dare olhou de


seu capitão para Finn e voltou. Ele endireitou a gravata. — Desde que todos
sabem que estamos envolvidos. O capitão assumirá aqui.

— Eu só tenho mais algumas coisas que preciso fazer. — Disse


Borkowski. — Buckley, você está dispensado.

405
— Espere. — Finn se virou para Dare. — Você acredita seriamente que
eu sou um chantagista?

Dare hesitou. Respirou fundo. Disse nada.

— Você pode se sentar por favor, Sr. Fowler?

— Responda-me, Dare. — Finn deu um passo à frente, mas Borkowski


bloqueou seu caminho. — Você acredita que eu estava chantageando todas
aquelas pessoas?

Os passos de Dare ecoaram e a porta se fechou atrás dele.

O frio lavou a pele suada de Finn quase imediatamente. Ele se sentiu


esgotado. Entorpecido com choque e tristeza. Como se ele estivesse sentado
na base de Pompéia a vida toda esperando por outra erupção e agora
finalmente chegara e ele fora queimado vivo e sufocado de cinzas.

Congelado no tempo com seu último grito de morte no rosto.

Exceto... ele não tinha deixado de existir, tinha ele? Borkowski o


questionou. Finn contou a verdade nua e crua, vomitando toda a maldita
história da morte de Ivy, do suicídio subsequente de Kent Buckley, de Andrew
King e de ser atropelado e do que Charlotte lhe dissera, exatamente como ele
se lembrava, repetidas vezes.

Quando ele terminou, ele ainda estava inexplicavelmente vivo.

Ele tinha um futuro que não podia imaginar. Um sem mentiras, sem
vergonha escondida, nada devorando-o por dentro. Ele não podia imaginar
como sua vida se tornaria, mas ele sabia que começara lá, em uma sala de
entrevistas na delegacia de polícia de Palladian.

Ele fechou os olhos e tentou, mas não conseguiu imaginar o futuro além

406
daquele quarto.

Por fim, o capitão Borkowski foi embora e Evans trouxe um refrigerante


para Finn.

— Obrigado. — Suas mãos tremiam quando ele tomou. Ele estalou o


topo com cuidado, no caso de ter sido sacudido. Velhos hábitos morreram
duramente.

— Capitão Borkowski deixou Denise ir para casa, mas ela me pediu para
trazer isso a você.

— Alguma ideia de quando eu posso ir?

— Muito em breve. A Sra. Boyer testou positivo para resíduos de tiro, e


também fizemos uma busca em sua casa. Aparentemente, Jack estava
hospedado lá. Encontramos o carro azul que quase o atropelou em sua
garagem, sob uma lona. O veículo pertencia a Candy quando ela estava na
escola.

Finn sacudiu a cabeça.

— Charlotte Boyer é fria como pedra.

— Pelo menos você está livre.

— Então, por que eu ainda estou aqui?

— Apenas amarrando as pontas soltas. Certificando-se de que a


evidência seja hermética.

Finn não podia discutir com isso.

— Dare disse que você quer ter uma atualização sobre Bill?

407
Evan assentiu.

— Não há muito para contar ainda. Ele ainda está em cirurgia. A bala
quebrou algumas costelas e perfutou o pulmão. Ele perdeu muito sangue.

— Eu vejo. — Finn se sentiu mal por dentro. — Quando eles disseram


que ele estaria fora da cirurgia?

— Eu não sei. Olhe... — Evans olhou ao redor. — Se você está planejando


ir ao hospital, não faça isso. O pai de Bill está lá.

— Ok. — Finn não iria dentro de um raio de 80 quilômetros do pai


insensível de Bill. — Obrigado.

— Não é nada pessoal, certo? Eu sei sobre a coisa de Bill para você desde
a escola primária. Mas o pai dele... Você sabe como ele é. E parece que
agora Dare está de volta à cidade.. — Evans enviou-lhe um olhar de fala. —
Você não quer colocar Bill nisso, não é? Se você está com Buckley?

Aparentemente o mundo ficou louco, porque Evans está me dando


conselhos amigáveis.

— Eu aprecio seus pensamentos.

Evans assentiu.

— Eu sei que você quer o que é melhor para o Bill. Eu desejo... Espero
que ele esteja bem. Ele tem que ir ao aconselhamento obrigatório agora, por
causa do tiroteio. Todos nós desejamos a ele o melhor, Finn. Ele não é como
você. Ele não é forte. As coisas vão ser muito difíceis para ele.

Porque tudo isso era tão verdadeiro, Finn só podia assentir, sem
palavras.

408
— Ele é o garoto que ninguém gostava porque ele era muito carente.
Aquele que tenta demais, e depois desiste porque tem uma vida ruim em casa
e não espera nada melhor. Mas ele é um de nós. Eu tenho as costas dele. Eu
vou dizer a ele que quando ele voltar. Talvez isso ajude.

— Obrigado. — Finn mal conseguia encontrar sua voz.

— Você quer que eu dê ao meu pai o seu número para que ele possa
mantê-lo informado? Eu posso mandar ele te mandar uma mensagem com
atualizações. Bill deveria sair da cirurgia a qualquer momento.

Finn tossiu o fogo repentino em sua garganta.

— Eu iria apreciar. Sim. Você tem meu número, certo?

— Sim, eu tenho o seu número. Acredite em mim, Finn — Evans


brincou. — Eu tive o seu número por um longo tempo.

Quando Finn voltou para casa da estação, a antecipação sem fôlego e


excitante o encheu. Era quase amanhecer quando ele começou caminhar
pelas ruas vazias como um cemitério. Ele caminhava por ruas nebulosas e
familiares, passava por lojas antiquadas em bairros com casas de tábuas
limpas e gramados bem cuidados. Quando ele viu a casa dele e de Lyddie, as
bandeiras de boas-vindas dela estavam começando a se agitar na brisa fraca
da manhã.

Ele subiu os degraus de dois em dois e entrou na casa, certo de que


também ficaria em silêncio, mas Kate estava sentada à mesa, tomando uma
xícara de café fumegante e perfumada. Um monitor de bebê crepitava
suavemente na mesa da cozinha, as luzes vermelhas piscando.

— Ei, você. — Kate acolheu-o com um abraço. — Que bom que você
voltou. Você está bem?

409
Ele pensou sobre isso. Foi ele? Ele assentiu timidamente. Apontou para
o monitor.

— Onde nós conseguimos isso?

— Eu trouxe de casa. Eu pensei que você poderia usá-lo. Ontem à noite


foi uma noite realmente inquieta.

— Eu vejo. — Finn fechou os olhos. Inquietação poderia ser um sinal de


que eles estavam mais perto do fim do que ele pensava, ou poderia ser as
drogas. Claro, poderia ser que ela estivesse agitada com o que estava
acontecendo e com as pessoas acusando-o de chantagem. Tentando matá-lo.

— Eu tenho as informações do Hospice Willamette aqui para você, e eu


peguei o cartão da Stella. Não tenho certeza...

— Eu sei. — Finn pegou o cartão e olhou para ele. Foi discreto.


Profissional. Nada parecido com o encrenqueiro que ele tinha visto no
celeiro. — Lyddie vai adorar ter Stella por perto.

— Eu sei. Ela é uma piada. — O olhar de Kate levantou-se para


encontrar o dele. — Mas Finn, eu não tenho certeza se há muito mais tempo.

Finn assentiu.

— Ela está acordada?

— Dorme e acorda. Você pode ir verificar.

— Você deve esta cansada. Vá para casa e descanse um pouco. Muito


obrigado por tudo. Eu não sei o que teria feito. Eu não sei como...

— Oh querido. Estou feliz em ajudar. Lyddie é minha melhor amiga.


Tenho o privilégio de estar aqui.

410
— Obrigado pelo monitor. É ótimo. Eu me pergunto se o sinal chega ao
porão.

— Provavelmente. Tem um bom alcance. Quando meus filhos eram


pequenos, pegávamos os sinais do vizinho às vezes. Você não viveu até
acordar no meio da noite e alguém que você não conhece está cantando
canções de ninar polacas para o que você acha que é seu bebê.

— Oh, uau. Eu posso ver onde isso pode ser... — Ele parou, pronto para
chorar por nenhuma razão óbvia, exceto... Lyddie estava morrendo. Meu
deus, ele estaria sem ela para sempre. Como ele poderia estar sentado ali,
falando sobre coisas comuns como se a luz dela não estivesse prestes a se
extinguir de seu mundo?

— Oh, Finn. — Kate o envolveu com os dois braços. Ela cheirava


levemente a frutas cítricas e baunilha, e algo em pó e feminino o cheiro era
exatamente como ele imaginou aqueles cinquenta mães de televisão
cheirariam se ele conhecesse um deles pessoalmente.

— Sinto muito por a perder assim. Não sei o que farei sem ela.

Ela segurou-o rapidamente e balançou-o para frente e para trás até que
ele se sentiu como uma criança ou um brinquedo em seu grande abraço forte,
e então ela o empurrou para longe com um mau humor.

— Eu vou estar de volta na hora do jantar.

— Se você precisar fazer uma pausa, você pode. Estarei aqui.

Os quentes olhos castanhos de Kate o perfuraram no lugar.

— Eu voltarei. Eu quero ter certeza que você coma alguma coisa. Eu


quero estar aqui para você também.

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— Ah, Kate. Eu te ligo se...

— Nenhum ifs, nenhum buts, nenhum coco, bebê. Volto em breve. Ela o
beijou na testa e deixou-o ali parado, olhando para ela.

Ele olhou para a mesa novamente, imaginando se deveria fazer uma


xícara de café ou verificar Lyddie quando o barulho um farfalhar e gemido no
monitor tomou a decisão por ele.

Ele encontrou Lyddie em seu quarto, tentando tirar os lençóis de seu


corpo, mas principalmente arranhando o ar.

— Ei, tia Lyddie, como vai você?

Ela olhou para ele. —Yvi?

— Sou eu, Finn. — Essa não foi a primeira vez que ela acordou de um
sono cheio de drogas e o confundiu com a mãe dele.

— Deus, a última coisa que precisamos por aqui é o fantasma de Ivy. Eu


te disse que às vezes a vejo da janela? Ela está na rua olhando para mim,
usando algum tipo de mini-vestido de spandex e as leggings com todos esses
buracos. O Grande Além não fez nada pelo seu senso de moda.

— Você a vê? Realmente? — Finn sentou-se pesadamente ao lado da


cama de Lyddie.

— Eu acho que ela está esperando por mim. — Lyddie apertou a mão
dele na sua enrugada. — Provavelmente quer a última palavra. E sabe de uma
coisa? Eu não quero dar a ela a satisfação de vir quando ela ligar. Ela sempre
foi tão impaciente. Lembras-te disso?

Ele bufou.

— Sim. Eu lembro.

412
— Sempre foi, pressa isso e vamos aquele. Sempre com o rolar dos
olhos, como se eu estivesse alheia àquela atitude e ela pudesse... Lyddie olhou
para ele. — Ela não merecia uma criança incrível como você.

— Eu.. — Finn não tinha ideia do que dizer sobre isso. — Uh...

— Deus, você foi incrível, desde o início, e lá estava ela, noite após noite,
deixando você comigo. — O cabelo grisalho de Lyddie estalou contra o
travesseiro. Finn quase podia assistir a quebra das coisas ultrafinas. Ele
emaranhado, criando tristes carecas cor de rosa, onde os cabelos escuros e
cheios de Lyddie tinham caído em ondas grossas ao redor de seus ombros. —
Eu sou uma velha sortuda, ela nunca soube.

— Lyddie. —Ele respirou a palavra.

— Como está Bill? Conte-me tudo.

— Bill ainda está em cirurgia. O pai de Evan vai me ligar mais tarde,
quando souberem mais. Finn contou a ela sobre Charlotte e como enganara a
todos. Como ela conseguiu dinheiro com Sumner, Tony e Jack. Como ela fez
parecer que era ele. — Ela imaginou que uma vez que eu fosse embora, ela
seria capaz de parar de enviar as cartas de chantagem, e ninguém jamais as
conectaria a ela. É por isso que ela estava deixando Jack se esconder em sua
casa. Ela estava manipulando-o, dizendo que eu matei Candy. Que eu mataria
todos os envolvidos se ele não me matasse primeiro.

— Ah... Pobre Jack. Ele com certeza não merecia isso.

— Ela mudou para o plano B depois que Bill atirou nele, que era para
me matar sozinha.

— Aquela vadia doente. Ela quase matou você. E pensar que eu

413
costumava fazer o cabelo dela. Ela costumava sempre tentar que eu pintasse
as sobrancelhas gordas dela de graça, eu já te disse isso? Eu deveria ter
derretido o cabelo dela na cabeça.

— Sim. Bem, ela vai para a cadeia.

— Boa viagem. — Lyddie piscou. — E boa sorte conseguir que o


uniforme seja encerado e colorido na prisão, vaca.

— Lyddie! — Finn riu com ela, então ficou sério. — Dare sabe de tudo.

Ela assentiu.

— Eu percebi isso.

— Ele... Eu não acho que ele me odeie.

— Claro que ele não faz. Vocês eram crianças.

Finn reconheceu a verdade disso. Havia até uma chance de que ele
pudesse se perdoar um dia.

— Mas ele ainda acreditava que eu era um chantagista e um assassino.

— Ele não.

— Eu vi em seus olhos. Ele realmente achou que eu poderia fazer isso.

— Então ele teve um momento de dúvida. — Ela levantou um ombro


magro. — Você não pode perdoá-lo isso? Você tem fé perfeita nele?

— Dificilmente. — Ele suspirou. Deus, ele não podia pensar nisso


agora. — Ei. Já te disse hoje quanto te amo?

— Hoje não.

— Você é a única coisa sólida na minha vida, Lyddie. Meu ponto fixo no
tempo.

414
— Oo-ee-oo.. — Lyddie cantarolou Doutor quem música tema. — Ee-oo-
oo... Sim, amor Nós tivemos algumas risadas, não tivemos?

— Sim. — Finn assentiu.

— Estou tão cansada. — Seus olhos se fecharam. — Não indo com Ivy.
Não ela. Eu estou esperando até que o verdadeiro Reaper venha bater. Como
você acha que eu deveria responder?

— Como você sempre faz, Lyddie. — Finn não conseguia mais esconder
as lágrimas dela. Ele não achava que importava. Ela tinha que saber que isso
estava o matando. — Diga a ele para trazê-lo.

Ela assentiu. Sorriu.

— Cansada.

— Descanse por um tempo. Eu vou estar trabalhando no porão. Se você


fizer um pio, eu vou ouvir você, então diga meu nome se precisar de alguma
coisa.

— Tudo bem. — Ela rolou lentamente para o lado. — Estou duro. Não
pode ficar confortável.

— Você precisa de suas gotas? — Finn pegou a planilha que ele e Kate
guardavam para que eles sempre soubessem o que os remédios tinham dado e
quando. — Parece que Kate tem você coberto, mas se ficar pior, eu estou
apenas a uma palavra de distância.

— Posso escolher a palavra?

— Eu ficaria desapontado se você não o fizesse. — Finn se levantou.


Colocou-a avontade. — Noite.

415
Ela deu uma leve risada com isso.

— Não tente me enganar, Finn. Está amanhecendo.

— Desculpa. Figura de linguagem.

— Até logo.

— Uma palavra de distância, Lyddie.

— Tudo bem. Vá fazer algo bonito e traga para me mostrar mais tarde.

— Eu vou. Eu prometo.

Finn levou o monitor de bebê para o porão e, com certeza, funcionou.


Ele podia ouvir os lençóis de Lyddie sussurrarem cada vez que ela se movia.
Ele não sabia por que ele não tinha comprado um antes. Ele sempre
simplesmente subia as escadas e verificava algumas vezes por hora. Agora ele
poderia começar a trabalhar, e se ela precisasse dele a ouviria. Como muitas
coisas que ele descobriu nos últimos dias, a eficiência do monitor foi uma
surpresa.

Ele estava no trabalho há algum tempo quando recebeu uma mensagem


de Rob Evans dizendo que Bill parecia estável e descansava confortavelmente.

— Ele vai ficar bem? — Finn mandou uma mensagem.

— Parece que Evans mandou de volta.

— Alguma sequela?

— Ele não ficará de pé por algum tempo, mas deve poder voltar ao
trabalho depois de alguma fisioterapia.

— Graças a Deus. — Finn deu um suspiro de alívio antes de enviar


mensagens de texto. — Graças a Deus.

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Para a surpresa de Finn, Evans terminou a conversa com um sorriso.
Finn piscou. Evans, o mais velho, era a última pessoa que Finn conseguia
imaginar digitando um sorriso em seu telefone, mas lá estava.

O mundo enlouqueceu.

Finn descansou por um minuto com os olhos fechados. Ele descobriu


que gostava do jeito que se sentia. Então ele abaixou a cabeça em seus braços
e disse a si mesmo que apenas relaxaria lá na bancada por alguns minutos.Ele
estava tão cansado. Bill ficaria bem. Lyddie estava descansando em silêncio.
Ele podia deixar seus olhos fecharem por apenas um minuto. Provavelmente
até tirar um cochilo rápido sem deixar nenhuma de suas obrigações sofrer...

Ele acordou quando seu celular bateu ao lado de seu cotovelo, vibrando
contra a bancada de trabalho.

O nome de Dare apareceu na tela.

— Olá?

— Eu preciso ver você. — Murmurou Dare sem preâmbulo.

O medo repentino e inexplicável tomou conta dele.

— Agora?

— Sim. Agora.

— Você não está convencido de que eu estou chantageando,


assassinando...

— Eu nunca, nunca pensei que você prejudicasse ninguém.— Dare


parecia incrédulo.

— Mas acreditar que sou uma chantagista é tão fácil?

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— Eu sabia que você estava mentindo. Escondendo algo de mim. Como
eu deveria saber o que era?

— De todas as pessoas no mundo, eu pensei que você teria alguma


maldita fé em mim.

— Em você? Sim. Eu tenho tanta fé em você quanto em qualquer pessoa.


Provavelmente mais. Eu não tenho fé em mim mesmo, não mais. Eu não
posso confiar nos meus instintos. Eu não posso confiar nos meus sentidos.
Pensei que te conhecesse, mas pelo amor de Deus, Finn. Eu não tenho mais
ideia de quem você é. Eu tinha todas essas informações conflitantes e não
sabia o que pensar. Jack morreu acreditando que você estava chantageando
ele. Tony acreditava absolutamente nisso. O que eu deveria fazer?

Finn fechou os olhos.

— Entendo.

— Eu não posso confiar em mim mesmo quando meu coração está


envolvido.

— Ou o seu pau. — Finn lembrou a ele.

— Ao contrário do folclore popular, meu pau não me atropela.

— Exceto quando você está bêbado.

Uma ingestão aguda de ar. Um suspiro

— Tudo bem. Talvez eu mereça isso.

Finn brincou com o cinto que ele estava trabalhando. Ele estava usando
espirais, o símbolo espiritual mais antigo da evolução, da rendição, da
conexão. De alguma forma ele tinha entrado em sua cabeça que algo tão

418
profundamente pessoal agradaria Dare. Ele imaginou que um presente como
esse poderia dizer que palavras não podiam. Você é meu começo e meu fim.
Você é minha jornada e meu destino.

— Eu pensei que você me via. — Finn suspirou. — No entanto, você


acreditou que eu fosse capaz de chantagem e extorsão.

— Eu não sei o que te dizer. Meu Deus. Eu quase estraguei outro caso.
Me desculpe, eu te machuquei, Finn. Me desculpe, eu não sabia o que pensar,
que eu não tinha fé suficiente. Mas eu não posso te perder.

— Porque você precisa de mim.

— Eu tambem te quero. Eu me preocupo com você. Eu sinto sua falta.


Por favor, diga que você vai me ver.

— Eu não sei.

— Encontre-me em minha casa, Finn. Eu preciso de você. Eu preciso do


que temos juntos. O que sempre tivemos.

— Sempre tivemos mentiras entre nós.

— Nós não sabemos agora.

Isso foi certamente verdade. Ele perguntou suavemente:

— Você acredita nisso?

— Você prometer me dizer a verdade a partir de agora, não importa o


quê?

Finn hesitou.

— Kate disse que ela está vindo ao redor da hora do jantar.

— Já são sete da noite.

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Cristo, foi isso? Finn verificou o relógio. Foi quando ele percebeu que
podia ouvir uma conversa de voz baixa vindo do quarto de Lyddie. Lyddie e
Kate, falando sobre ele.

— Shh... deixe-o dormir... acordado a noite inteira... babando em toda a


sua bancada de trabalho...

Agradável. Um cão de guarda ele era. Ele esperava que Lyddie não
tivesse telefonado para ele enquanto ele estava fora desse jeito.

— Kate está aqui. Vou perguntar se ela pode ficar. Se estiver tudo bem
com Lyddie, vou vir por um tempo.

— Por favor.

Que estranho. Dare raramente pedia qualquer coisa.

Por favor.

A palavra permaneceu na cabeça de Finn, saltando mais baixo até que


ecoou nos lugares vazios de seu coração. Dare precisava do que Finn tinha
para dar.

— Dare...

— Por favor. Eu preciso de você. — sussurrou Dare. — Por favor.

Finn levou alguns segundos agoniantes para pensar.

— Se Kate disser que está tudo bem, vou te encontrar na sua casa. Se eu
não puder ir, enviarei uma mensagem para você.

— Tudo bem.

— Tire suas roupas e espere por mim de joelhos, você pode fazer isso?

420
— Eu sim.

— Deixe a porta da frente destrancada. Sem álcool, desta vez, Dare.


Nenhum. A verdade tem que ir nos dois sentidos.

Finn desligou a ligação.

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Capítulo 3 6
As mãos úmidas de Dare agarraram o volante enquanto ele esperava
que a luz ficasse verde. Apesar de pedir a Finn, implorando-lhe para se
encontrar, não demorou muito para ele perder a coragem.

A essa luz em particular, se ele virasse para a direita, a estrada o levaria


para o Celeiro e três dedos de bourbon, ou mais longe, para Big John's, onde
os óculos não eram tão limpos, mas ele provavelmente não encontraria
alguém do trabalho. Se ele continuasse indo direto para a estrada que levava à
sua casa da delegacia, ele o levaria para Finn e o que quer que o esperasse ali.

Buzinas estridentes o assustaram, ele entrou em pânico e pisou na


embreagem. A luz mudou, e um buzina impaciente o levou em movimento.
Ele empurrou o volante para a direita e saiu em disparada, amaldiçoando.

Ele passou pelo celeiro e pelo conforto do álcool. Ele passou por Big
John's também, indo para o deserto entre Palladian e a próxima cidade, e a
próxima e a próxima. Ele dirigiu por uma horasem rumo, sabendo que não
tinha lugar para ir além de casa para Finn. Para o passado onde a verdade e as
mentiras e os bracos traiçoeiros e barulhentos do Palladian, onde tudo tinha
começado e onde, mesmo se ele não soubesse disso na época, tudo havia
terminado.

Ele abaixou a janela e absorveu a fragrância picante dos pinheiros ao


redor dele antes de voltar. Uma hora depois, ele atravessou a ponte sobre o
rio Palladian com uma nova apreciação por tudo o que lhe custara e a Finn.

Ele entrou em sua garagem sem nenhum barulho. Não havia sinal de

422
que Finn estivesse lá.

Não havia sinal de que ele estiverá lá.

Dare fechou a fechadura da porta, preparado para embarcar numa nova


viagem de bebida solitária mais determinada.

Ele encontrou Finn sentado pacientemente no sofá de couro em sua sala


de estar.

— O que... — Dare colocou as chaves na mesa do console. — Como você


entrou aqui?

— Você provavelmente deveria colocar um ferrolho na porta dos fundos.


Abre com um cartão de crédito.

Dare assentiu. Soltou um suspiro cautelosamente otimista.

— Vou colocar isso na lista.

Finn se levantou. Antes que Dare tivesse a chance de perguntar se ele


estava bem, Finn disse:

— Onde você estava?

— Dirigindo.

— Você bebeu?

— Não. — Dare deixou sua irritação aparecer. — Não que seja algum dos
seus malditos negócios.

— É da minha conta se vamos passar algum tempo juntos. — Ele trouxe


uma mochila para a frente. Dare podia ver que estava bem atulhado de
cordas, braçadeiras, punhos e almofadas. Dare riu baixinho. Finn era o

423
Exorcista e ele veio preparado.

Finn cruzou os braços.

— Você não seguiu minhas instruções. Isso significa que você não quer
mais o que eu tenho para oferecer?

Dare deu uma leve sacudida de cabeça, não querendo se desfazer da


verdade ele queria muito mais do que Finn estava oferecendo, mas ele
tomaria o que pudesse.

— Posso tirar minha arma fora?

— Claro. — Finn sentou-se novamente. Pernas cruzadas, braços


cruzados. — Mas quando estiver pronto, você pode se despir para mim aqui.
Eu quero assistir.

— Tudo bem. Dare tirou o paletó e pendurou no armário de entrada. Ele


pegou sua arma e coldre para colocá-lo na prateleira. Uma vez que ele fechou
a porta, ele entrou no espaço entre o sofá e a tela grande, braços ao lado do
corpo. A sala estava meio pintada e ainda havia lençóis largados, então ele
ficou no centro do chão e deixou suas preocupações irem embora.

Os olhos de Finn o seguiram.

Dare flexionou seus músculos. Inclinou o pescoço de um lado para o


outro. Ele se sentiu emocionalmente falido. Ele não conseguia pensar em seu
pai ou sua família ou a dor que ele estava carregando. Não conseguia pensar
em Ivy ou no Finn um menino de nove anos que assistira à morte da mãe.

Essa coisa entre eles... faria os dois esquecerem por um tempo.

O olhar de Finn se aqueceu, e suas pupilas escureceram enquanto


observava cada movimento de Dare.

424
Primeiro, Dare tirou a gravata, soltando o nó e puxando-o pela gola com
um longo e lento deslizar. Ele dobrou a seda - hiperconsciente do doce swish
Fez como ele correu o tecido sobre os dedos dele - levando na ondulação
brilhante de cor como ele colocou isto na mesa de café. Em seguida, tirou a
camisa, soltou as algemas para soltar as mãos, depois percorreu o tronco um
botão de cada vez até chegar ao cinto e teve de puxar o tecido aquecido pela
pele das calças para terminar o resto.

Ele nunca havia notado como se despir podia ser sensual. O lento
deslizamento de algodão nítido contra sua pele. A maneira como o ar
ambiente esfriava a pele úmida sob o cós. A maneira como sua camisa
deslizava por seus braços antes de deixá-la cair cuidadosamente ao lado de
sua gravata. Ele puxou a camiseta por cima da cabeça e o dobrou também,
enquanto Finn olhava.

Finn parecia satisfeito com ele, e isso era tudo que era importante. Finn
assistiu, e todo o corpo de Dare se apertou sob aquele escrutínio quente. Seus
mamilos se arrepiaram, enviando uma mensagem de excitação diretamente
para seu pênis e mesmo antes de ele soltar o cinto, seu pau inchou dentro de
seu short, empurrando contra o seu zíper,e quando ele abaixou parecia uma
bomba sensual saindo em sua virilha.

Finn sorriu, como se soubesse exatamente o que estava na cabeça


de Dare, ele aprovou. O coração de Dare balançou um pouco bêbado. Parecia
querer correr em frente, e sua respiração engatou quando ele tentou
acompanhar.

O corpo de Dare pegou fogo sob o olhar intenso de Finn. Ele tirou os
sapatos e abaixou as calças e cuecas de uma só vez, nunca tirando os olhos de

425
Finn. Quando seu pênis se libertou, ele estava duro como granito e vazando.
Acenou comicamente enquanto ele chutava para fora de suas calças e as
dobrava nitidamente. Balançava em constante movimento enquanto tirava as
meias.

A parte seguinte foi mais difícil do que Dare pensou que seria. Como se
um anjo em um ombro dissesse sim, fazê-lo, e um no outro ombro pediu
cautela, ele ficou lá, indeciso e duro como um conselho.

— Tome o seu tempo. — Disse Finn. — Desta vez, você pode tirar todo o
tempo que precisar.

Dare quase se virou. Quase. Foi difícil ficar lá, nu, sem uma
compreensão clara do que eles estavam fazendo. Era doloroso abandonar sua
necessidade de saber exatamente com o que ele estava se metendo aqui com
Finn, com seus fetiches, suas cordas e seus brinquedos.

Ele não queria que Finn visse que ele não tinha todas as respostas. Ele
não queria aceitar a ajuda de Finn, mesmo sabendo que ele precisava. Ele não
queria reconhecer quão profundamente o tempo e a verdade haviam mudado
o que eram um para o outro.

Congelado com a indecisão, Dare lutou contra sua necessidade pelo que
Finn oferecia, suor escorria em abundância pela sua pele.

Finn simplesmente o observou, sem dizer nada. Sua quietude deixou os


joelhos de Dare fracos. Fez seu pulso trovejar em seus ouvidos. Não havia
como voltar agora. Não negando o que ele queria.

Dare contemplou o chão ao lado da mesa de café com atenção. Seu


coração estava batendo, fazendo com que o sangue pulsasse palpável em suas
veias. A ansiedade residual forçara seus joelhos a se fecharem, e agora ele

426
achava que abaixar-se era uma proposta rígida e desconfortável. Ele respirou
fundo para se acalmar e começou a descer.

Mesmo quando ele caiu em um joelho, ele queria fugir de tudo que Finn
estava pedindo a ele, de uma vez por todas.

Suas bochechas queimaram. Ele se sentia tão estranho quanto qualquer


criança em seu primeiro dia em uma nova escola.

Ele fechou os olhos, debatendo-se por um minuto, se rebelando contra


dar a alguém tanto controle sobre ele. Foi muito assustador. Muito íntimo.
Demais e antes da hora.

Mas era Finn.

Ele poderia confiar em Finn? Ele perdeu a confiança mais cedo naquela
noite. Ele provou-se infiel quando ele acreditou que fim era Finn culpado de
chantagem.

Finn era o homem que Dare achava que era ou não?

Dare engoliu em seco. Ele pairou sobre um joelho, revivendo de todas as


maneiras que este novo Finn era diferente do Finn de que ele se lembrava,
contando as maneiras pelas quais este o assustava e o confundia.

Os fetiches Bill Fraser Assuntos casuais de Finn.

Mas ele também se lembrava da maneira como Finn o segurava em seus


braços, a paz que Finn lhe dava, e o cuidado que ele expressou depois...

Sim. Ele confiava em Finn. Ele tinha fé.

Finn nunca o empurraria por aquela borda silenciosa, nunca


desconsideraria seus limites. Finn estava sólido, esperando Dare soltar para

427
que ele pudesse mostrar a ele como eles poderiam ficar lindos juntos.

Dare abaixou o outro joelho no chão, cruzou as mãos atrás das costas e
esperou.

Uma eternidade pareceu passar antes que Finn se levantasse.

— Obrigado, Dare. — Finn disse simplesmente. Dare abaixou a cabeça


e Finn deu um passo atrás dele. — Obrigado por sua confiança em mim.

Finn se inclinou e pegou Dare pelos ombros, dando-lhe uma carícia


encorajadora. Ele amassou—lhe os músculos da parte superior das costas e
passou as mãos pelos braços de Dare.

Dare fechou os olhos com a sensação. As mãos de Finn estavam frescas.


Eles circularam levemente sobre sua pele, excitando o sangue logo abaixo da
superfície e fazendo os pêlos finos em seu pescoço se erguerem.

Suavemente, Finn reposicionou os braços de Dare até que ele estava


colocando os cotovelos com a mão oposta. A posição não era desconfortável,
mas ele permaneceu congelado no lugar enquanto Finn puxou um pacote de
corda de sua bolsa.

Oh. Corda.

Mil pensamentos deslizaram pelo cérebro de Dare, mas eles eram como
pequenas bolas de aço em uma máquina de pachinko, saltando e caóticos,
enquanto Finn parecia tão sólido e imóvel por dentro. A única coisa que Dare
entendeu ao certo foi o prazer da textura levemente áspera do comprimento
da corda que Finn arrastou por seus ombros. A sensação era agradável, suave
e ligeiramente áspera ao mesmo tempo. Quaisquer outros pensamentos que
ele tenha fugido como borboletas assustadas.

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Finn deve ter desatado um nó, porque todo o comprimento da corda se
desenrolou em torno dele. Havia um cheiro, um odor que permeava a própria
corda. Era incomum, orgânico e sensual. Dare respirou, reconhecendo o
cheiro do porão de Finn. Deve ser algum tipo de óleo que ele usou com a
corda. Algo que o tornou flexível.

Dare não sabia o que se esperava dele. No salão e novamente no porão


de Finn, ele o deixou saber exatamente o que iria acontecer. Dare debateu-se
se perguntava, mas Finn deslizou a corda sobre sua pele novamente,
arrastando-a sobre um ombro, puxando-a pelas costas e depois pelo outro
braço, e a atenção de Dare ficou tão focada no toque erótico daquela textura
estranha sobre sua pele. corpo, ele escolheu ficar em silêncio. Com o primeiro
toque dos dedos frios de Finn, o primeiro puxão de corda ligeiramente áspero
e lanoso contra sua pele, ele decidiu que era tarde demais para perguntar.

Tudo o que ele tinha para dar a Finn era sua confiança. Ele esperava que
fosse o suficiente para os dois.

Finn começou com seus antebraços. Ele enrolou a corda em volta deles,
apertando os braços de Dare enquanto trabalhava. Ele sentiu Finn enrolar as
extremidades ao redor de seus braços e, em seguida, abaixo de seus braços e
costas sobre o peito, de novo e de novo. Ele parou para fazer nós. Finn
prendeu esses nós a outros nós, depois enrolou a corda através deles e de
novo em uma dança hipnotizante como uma aranha cuidadosa com uma
mosca disposta e sem fôlego.

Com cada circuito em volta do corpo de Dare, algo apertou ao redor do


coração dele. Os movimentos de Finn eram fluidos, graciosos. Suas mãos tão
cuidadosas e elegantes. Ele apertou a ligação enquanto trabalhava, até que a
parte superior do corpo de Dare foi imobilizada completamente, até que ele

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estava ciente de cada respiração, ciente de que ele só podia respirar porque
Finn permitiu.

O processo levou vários longos minutos todos eles passaram


prazerosamente observando as mãos de Finn percorrerem seu corpo,
sentindo a respiração dele deslizar sobre a pele de suas costas.

— Como se sente? — Finn perguntou.

Dare fechou os olhos e deixou seu corpo dizer a ele. Estava bem. Me
senti seguro. Seus pensamentos acelerados haviam diminuído a um gotejar
tão inadequado que mal conseguia falar.

— Bom!

— É agradável, não é?

Dare assentiu.

— Você esta duro, Dare ?

Dare engoliu em seco. Lambeu os lábios dele.

— Sim.

— Você é meu? — Finn sussurrou, tão perto agora, seu hálito quente
umedecido na concha do ouvido de Dare. — Você pertence a mim?

— Sim. Finn. Eu pertenço a você. — Dare soltou uma risada amarga. —


Mas a quem você pertence?

Finn deixou sua mão arrastar ao longo da corda no peito de Dare.


Dare sentiu o leve puxão transferir energia para cada parte de sua ligação. Foi
perversamente sensual. Como seria ficar todo encurralado, da cabeça aos
pés? Ele sabia então que queria descobrir.

430
— Fique com respostas sim ou não, Dare. — Finn puxou um travesseiro
em forma de coração de sua bolsa. Dare olhou para ele intrigado. — É para a
sua cabeça.

Finn colocou-o cuidadosamente no chão.

— Coloque sua testa para baixo.

Dare não se mexeu. Ele não era um idiota. Se ele colocasse a testa para
baixo, sua bunda iria ficar no ar como um babuíno, e ele estaria desamparado.

— Finn.

Finn olhou para ele sem pena.

— Sua palavra segura para me interrompe agora. Verde ou vermelho.


Sim ou não?

Dare hesitou. Um rápido olhar para o rosto de Finn não lhe disse nada.

— Você tem que saber o que eu vou fazer? — Finn caiu para um
agachamento na frente dele e segurou seu rosto. — Ou você pode confiar que
seja o que for, é porque você é linda para mim. Porque eu Vejo você. Porque
eu quero você assim. Porque eu queimo por você. Você pode ter fé suficiente
em mim para me seguir onde eu quero ir, para uma mudança?

Dare soltou um suspiro estremecido.

— Sim.

— Coloque sua testa aqui. — Finn bateu no travesseiro.

Dare se deixou cair, totalmente preparado para acertar aquele


travesseiro e o chão embaixo dele com um horrível baque. Finn pegou seus
ombros, controlando seu impulso para que ele não fizesse contato duro. Ele

431
pousou suavemente no cetim vermelho, abaixo de seu rosto. Ele moldou lá
como se estivesse cheio de trigo mourisco, mas cheirou... celestial. Como nada
que ele pudesse nomear. Rico e sutil, mas reconfortante, como mercado de
sábado e comida étnica e dez idiomas diferentes ao mesmo tempo.

O raspar de um fósforo e o sussurro de uma chama se seguiram. Mais


daquele aroma rico e doce encheu o ar. Dare se concentrou em respirar,
expirar. Ele escutou por sinais sonoros, mas Finn se moveu descalço,
silenciosamente, como um gato. Momentos depois, as mãos de Finn estavam
em seus ombros, novamente, desta vez acariciando quando ele amassou
algum tipo de creme nos ombros e braços de Dare acima da firme contração
de corda. Parecia celestial. Finn trabalhou seus músculos tensos, acalmando
os nós e relaxando-o.

O toque de Finn foi eletrizante. Intenso e inebriante. Dare liberou sua


mente, e cada empurrão e puxar e torcer os dedos de Finn em sua pele parecia
enrolar um arame apertado em torno de suas bolas. As mãos de Finn o
deixaram, ele ouviu a suave vibração de uma chama gotejante, e então algo
maravilhoso aconteceu, um golpe de calor uma breve queimadura brilhante
chamuscou sua pele, pingando por cima do ombro em direção ao chão
embaixo dele. Dare ficou tão surpreso que ele se encolheu. A corda que o uniu
ficou tensa. Sua respiração engatou e fluido jorrou de seu pênis.

— Muito quente?

— Não.

— Surpresas podem ser muito legais.

Deus. Eles poderiam nunca. Dare esperou em silêncio, e outro respingo


de calor caiu, desta vez sobre seu braço.

432
— Está tudo bem? — Perguntou Finn.

— Sim. — Antecipação o fez tremer de puro prazer carnal. Como se


sentiria essa queimadura na parte inferior das costas? Cristo, isso seria tão
bom em seu pênis?

Cera. Tinha que ser cera. A cera não parecia perfumada, mas havia algo
mais queimando. Incenso? O aroma estava delicioso, e Dare respirou
enquanto mais cera caía em gotejamentos e pingava sobre sua pele.

Não havia como saber quando a cera seria derramada, ou como seria
quando ela batesse. Alguns queimaram. Alguns aqueceram. Isso iluminou
os sentidos de Dare de todas as maneiras certas. Era parte dor e parte
prazer. Todo o tempo, ele forçou seu corpo a respirar uniformemente, a
aceitar a confusa mistura de calor e tortura que Finn distribuiu ou então as
amarras se apertaram desconfortavelmente.

Dare cedeu ao jogo, antecipando sem fôlego cada salpicado aquecido,


imaginando onde cairia.

Finn seguiu com mais massagem. Mais creme. Mais magia de suas mãos
desta vez alisando os globos da bunda de Dare e o topo de suas coxas. Os
dedos de Finn circularam e rodaram e subiram a parte interna das coxas para
escorregar seu anus, suas bolas e seu pênis. Dare gemeu e se contorceu de
novo e de novo quando os dedos inteligentes de Finn brincaram com sua
carne usando o pré-sêmen que pingava de seu pênis dolorido.

Outra deliciosa gota de cera caiu sobre o traseiro de Dare, criando um


rastro de calor onde correu por seu quadril. Mais cera caía em listras, corria
em riachos, secava até estalar quando ele se encolheu e até mesmo isso
parecia tão bom.

433
Dare estava firmemente amarrado ao seu corpo, a cada toque dos dedos
de Finn em sua pele, mas ao mesmo tempo, ele flutuou em uma nuvem de
neblina pacífica, de modo que ele estava relaxado e pronto quando Finn
empurrou um dedo fino e escorregadio em seu buraco. Apesar da preparação
de Finn, seu esfíncter cerrou-se contra a invasão.

— Shh... — Finn pacientemente empunhou sua magia lá também. Dare


assobiou seu prazer quando o dedo liso de Finn mergulhou mais fundo dentro
dele. — Shh-shh-shh. Você está bem?

Dare assentiu. Pesquisou as palavras que ele foi autorizado a usar.

— Sim.

— Está tudo bem?

— Sim.

Finn atingiu seu ponto doce e Dare deu um tremor repentino. Cordas
apertadas e cerdas estalavam por todo o corpo. Ele sentiu... surpreendente.
Ele queria mais. Ele queria tudo. Ele grunhiu quando Finn acrescentou um
segundo dedo. Ele empurrou de volta contra a mão de Finn, tentando
comunicar sua necessidade sem palavras.

Mais mais mais.

O que parecia ser horas de brincadeira passou tortuosamente devagar.


Finn deu a ele quase a pressão certa, quase a plenitude correta, mas seu toque
nunca foi o suficiente para deixá-lo soltar.

— Por favor. Por favor. Por favor.

— Por favor, não é uma das suas palavras. — Dare não tinha ideia que
ele falou em voz alta até Finn falou para ele.

434
Ele tinha que acreditar. Ele tinha que ter fé que Finn lhe daria o que ele
precisava. De onde ele estava deitado com o rosto amortecido no chão, ele
ouviu Finn soltar o cinto. Então veio o arranhão metálico de um zíper
abaixando. Finn pairou atrás dele, quente e duro.

Hesitação.

Antecipação.

Uma agonia de necessidade e sua resposta descansavam a poucos


centímetros de distância...

Desta vez não vou dizer em voz alta, mas Cristo. Oh, Cristo Apenas
faça isso, Finn. Apenas me foda e me faça seu.

A cabeça bruta do pênis de Finn empurrou a entrada de Dare. Por


alguns breves e assustadores segundos, Dare não tinha certeza se poderia
aceitar. A queimadura era pior do que qualquer coisa que ele sentiu em sua
pele da cera. O pênis de Finn, que tinha sido generosamente proporcionado
em sua boca, parecia um caminhão de monstro em sua bunda. Finn
continuou a acariciá-lo, cutucando suavemente, deslizando-se
inexoravelmente mais profundo - centímetro a centímetro exigente - até que
um sutil turno o acomodou por todo o caminho.

Dare soltou um suspiro trêmulo.

— Tudo bem?

— Sim.

Quando Finn recuou, o corpo de Dare ondulou por toda parte. Sua pele
formigou. Seus músculos se apertaram. Sua virilha apertou enquanto seu

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sangue cantava em suas veias. Seu pênis doía, pendurado pesadamente,
latejando e intocado enquanto suas bolas puxavam para cima em direção ao
seu corpo.

Finn agarrou a corda e empurrou a corda, provocando um som que Dare


nem sabia que poderia fazer. Ele estava desequilibrado; ele não conseguia
tração. Ele estava inteiramente à mercê de Finn.

Ele estava com medo, verdade seja dita, e excitado e desesperado. Duro
e quente e querendo mais. Ele fez barulhos desamparados e embaraçosos que
diziam por favor e Eu preciso! Me dêtudo de uma vez. Eles disseram Eu estou
te implorando, e de alguma forma Finn tinha entendido porque ele se solta,
batendo bunda de Dare tão difícil que ele desistiu de tentar abafar seus gritos.

O tempo pareceu diminuir, junto com o prazer e a intensidade das


investidas poderosas de Finn quando ele finalmente chegou para dar algo
a Dare para foder. Depois disso, Dare perdeu todo o resto de controle.

Faíscas de prazer brilhante explodiram ao longo da base de sua espinha


e na parte de trás de suas coxas. Ele oscilou no topo da cachoeira do
orgasmo. Todo o seu corpo se apertou dos dedos dos pés ao nariz enquanto
deslizava para o ponto sem retorno.

— Venha para mim, Dare.

Absurdamente, Dare riu em seu travesseiro. Sim. Que bom que você
disse isso. Eu nunca teria pensado nisso sozinho.

Semem jorrou do pênis de Dare como um tsunami, enquanto Finn


endurecia dentro dele. Todo o corpo de Dare se contraiu, como se um grande
punho agarrou-o e o esmagou em puro prazer líquido.

Depois de... Dare ficou deitado como um urso em estado de hibernação

436
enquanto Finn arrancava cera da pele com o que parecia ser uma faca de
caça. Talvez Dare não quisesse saber o que Finn estava usando porque era
muito bom.

Como Finn, parecia perigoso e delicioso ao mesmo tempo.

Finn ajudou Dare a se sentar enquanto ele o desamarrava. Dare


formigou - não desagradavelmente - quando o sangue correu para a superfície
de sua pele. Finn gentilmente massageou mais óleo sobre suas costas e
nádegas. Seu toque era leve, suas mãos acariciando. Ele pegou Dare do chão e
levouo cuidadosamente para o quarto onde Dare caiu pesadamente em sua
cama.

O colchão afundou onde Finn subiu. Ele sentou-se de costas contra a


cabeceira da cama, ao lado da cabeça de Dare. Dare pressionou sua bochecha
na coxa de Finn e observou quando ele torceu a tampa de uma garrafa de
água.

— Tome alguns goles. Você precisa se hidratar.

Dare levantou a cabeça para tomar uma bebida com gratidão. Ele estava
ressecado. Desgastado e cansado como se tivesse corrido uma maratona.

— Como você está se sentindo?

— Drenado. — Admitiu Dare.

Finn assentiu.

— Isso é natural. A ligação e o tipo de estimulação sensual que você


obtém com a temperatura é cansativa.

Dare olhou para o rosto bonito de Finn, encontrou aqueles olhos


estranhos e amados. — Finn, me sinto drenado, mas não vazio.

437
Os lábios de Finn se curvaram em um sorriso satisfeito.

438
Capítulo 37
Finn sentou em uma cadeira ao lado da cama de Dare, vendo-o dormir,
e não era algum tipo de clichê romântico? Ele achou quase insuportavelmente
doce ouvir Dare chutar suavemente em seu travesseiro. Depois de um
tempo, Dare rolou de costas e seu peito grande e peludo subiu e desceu a cada
respiração enquanto ele dormia como um garoto inocente.

E sim. Ah Deus, sim. Finn o amava. Mesmo com o cabelo saindo em


tufos, mesmo enquanto ele coçava indelicadamente a porra que ainda secava
no ninho de cachos na base de seu pênis, Finn o amava.

Os cílios de Dare se abriram e seus olhos azuis encontraram os de Finn.

— Você está me vendo dormir?

— Talvez? — Finn deu um sorriso.

— Oh não. — Os olhos de Dare se arregalaram comicamente. — Puta


merda. Você está com frio e está pálido e parece que não consegue dormir. Eu
sei o que você é.

— O que eu sou? — Finn foi junto com a mordaça. — Diga isso.

— Você é um policial de Seattle. — Dare balançou as pernas para o lado


da cama e sentou-se lá. — Não espere. Esse sou eu. Há quanto tempo eu estive
fora?

— Algumas horas.

— Isso foi...— Dare coçou o peito. — Realmente incrível. Eu senti como


se estivesse flutuando em uma nuvem de pura beleza.

439
— Você gostou de ser amarrado?

— Sim. Um sim não qualificado.

Finn olhou para o sapato. Ele derramou um pouco de cera sobre ele.

—Bom saber.

Dare se levantou e foi até o banheiro. Enquanto ele estava fora, Finn
vestiu o casaco e esperou ao pé da cama com a bolsa pendurada no ombro.

Dare voltou com um cheiro de sabão e fresco.

— Ei. Você está saindo?

— Sim. Eu pensei que apenas... — Finn apontou vagamente na direção


do lugar de Lyddie.

— Não. Não vá. Acabei de acordar. É só... — Dare olhou para o


despertador. — 10:30. Ainda é cedo.

— Dare. — Finn apertou as mãos em sua mochila, mesmo quando ele


apertou sua determinação. —De qualquer forma. Eu devo ir.

— Qual é a sua pressa? — Dare deu um passo em direção a ele e segurou


sua bochecha. — Eu posso fazer valer a pena se ficar.

— Isso não é realmente o que é isso. — A voz de Finn soava rouca até
mesmo para seus próprios ouvidos. — Ficando.

— O que você quer dizer? Você não dorme mais?

— Você pediu minha ajuda. Dei-a.

— Você acha que é tudo que eu quero? Finn, olhe para mim. —
Dare inclinou a cabeça para trás e deu um leve beijo na boca de Finn. O gosto

440
era incrível, o toque dos lábios de Dare no seu tão macio e suave aveludado
era quase cremoso. Finn queria lamber os lábios para ver se tinha um gosto
tão doce quanto parecia, mas não conseguia se deixar levar.

— Ontem mesmo, você acreditou que eu era algum tipo de extorsionista.


— Ele lembrou Dare.

— Eu acreditei porque Jack acreditou. Ele estava tão certo. E com meu
histórico e o que temos juntos, tive que deixar a investigação para Evans e
Adler. Jack acreditou, Finn. Eu sabia que ele não estava mentindo. Como não
pude duvidar depois disso?

— Jack não me conhece, mas...

— Eu também não. — Dare sentou-se na cama. — Eu faço?

— De quem é a culpa? — Finn engoliu sua decepção. — Você veio à


cidade acreditando que já sabia tudo o que havia para saber sobre mim, e eu
passei um bom tempo mostrando você diferente.

— Eu estou ciente de como eu estava errado. — Dare suspirou. — Eu


peço desculpas, Finn, do fundo do meu coração. Veja. Sente-se, vai? Vou ter
um torcicolo, esticando meu pescoço assim.

Finn hesitou, depois baixou a bolsa e sentou-se novamente. Para sua


surpresa, Dare se aproximou e pegou as mãos. Ele as segurou, envolvendo-as
na sua, massageando as palmas de Finn gentilmente com os polegares.

— Existe realmente nada mais que você quer de mim?

A respiração de Finn ficou presa.

— Eu não tenho certeza do que você quer dizer.

— Eu quero puxar você aqui e te beijar até você ficar sem fôlego.

441
— É disso que você acha que precisa? Beijos? De jeito nenhum. Você
precisa de alguém para tirar você de você mesmo. Alguém que possa entrar
nos muros fortificados que você construiu em volta de si mesmo e fazer você
desistir. Você não vai conseguir isso de beijos.

— Claro, às vezes, eu preciso deixar ir. Sim. É incrível o que você faz
comigo, com suas cordas e regras. Mas você percebe que você me fodeu e eu
nunca te segurei em meus braços? Eu nunca estiquei ao seu lado em uma
cama ou sofá e beijei beijos em seu pescoço?

— Isso, hum... coisa toda de beijar, acariciar. — O rosto de Finn


queimava. — Isso não é realmente algo que eu faço.

— OK. Mas como vai ser?

— Eu não sei. — Finn afastou as mãos e nervosamente passou através de


seu cabelo. — As pessoas precisam de coisas. Eu entendo o que essas coisas
são. Eu saio quando eles soltam. Gosto de encontrar o lugar onde o corpo de
um homem se eleva. — Finn não pôde deixar de lembrar-se da tia Lyddie
dizendo que queria que seu coração se elevasse.

— O que mais você precisa?

— Conexão? Contato? — Dare perguntou em voz baixa. — Talvez você


me deixe te mostrar?

Finn cruzou as mãos no colo.

— Você quer isto?

— Você não?

— Eu não sei. — Finn se afastou. — Eu não sei se isso é algo que eu

442
posso ter.

— Você quer dizer que você sempre esteve no controle assim? Mesmo
quando você estava apenas começando? Mesmo no ensino médio?

— Eu não fiz nada no ensino médio.

— Não?

— O que você acha? — Finn encontrou um ponto logo acima da cabeça


de Dare para olhar. — Eu passei o colegial correndo pela minha vida.

— Então mais tarde.

— Eu tenho um tipo. — Finn admitiu. — Eu gosto de um homem que me


entrega as rédeas. Eu não tenho muito tempo para namorar e quando faço
isso, geralmente mantenho as coisas sem complicações. Eu faco alguém. Eu
saio. É isso aí.

— Eu não quero tomar as rédeas. — Dare deu-lhe um pequeno sorriso


tímido. — Talvez possamos ficar sem rédeas por um tempo. Talvez possamos
ser desenfreados. O que você diz?

— Dare, eu...

— Beije-me, Finn. — Dare puxou Finn para fora de sua cadeira. —


Somente... me beije.

Finn deixou seus braços deslizarem ao redor da cintura de Dare - deixou


seus dedos tocarem os globos lisos e redondos do traseiro de Dare. Ele
pressionou um beijo hesitante na mandíbula de Dare, e quando Dare inclinou
o rosto para baixo, ele pressionou os lábios juntos de verdade. Homem para
homem. Elevando a alma para a alma crescente. E oh, Deus, foi doce.

Finn abriu sob a pressão de Dare os lábios acolhendo o de Dare a língua

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em sua boca com curiosidade intelectual, chupando e lambendo dentro da
boca de Dare, explorando os dentes e o palato mole. Ele recuou e varreu a
língua sobre a suavidade da boca cheia de Dare e começou a jornada de novo.

Dare sabia bem. Tão bom. Quente, rico e masculino. Celestial.

Finn o queria mais perto, então ele mergulhou para outro beijo. Um
gemido pequeno e prazeroso escapou dos lábios de Dare, e seu pênis acelerou
contra a coxa de Finn. A dureza de resposta de Finn pressionou contra seu
zíper, engrossando a cada batida de pulso. Esforçando-se para se libertar.

— Ah, Finn. — Dare quebrou o beijo e pressionou suas testas juntas. — É


tão bom entre nós. Você não pode sentir isso? É como se minha pele estivesse
pegando fogo.

Finn hesitou.

— Mesmo assim...

Dare beijou Finn novamente, desta vez, obviamente, para calá-lo


quando encontrou e soltou os botões no casaco dele. Em segundos, a peça
deslizava pelos braços para aterrissar no chão. A camiseta e o jeans de Finn
logo se juntaram a ele enquanto Dare o conduzia em uma corrida desajeitada
em direção à cama.

— Eu tenho preservativos e lubrificante na minha...

— Shh. — Dare beijou as palavras dos lábios de Finn quando eles caíram
em um emaranhado de braços e pernas e lençóis de alta contagem de fios. —
Nós vamos chegar lá.

— Mas se você quiser, eu posso...

— Shh. — Dare sussurrou novamente.

444
Como Dare não o deixou oferecer nenhum tipo de plano, Finn se viu em
um território totalmente desconhecido. Ele quebrou seu beijo frenético o
tempo suficiente para dizer:

— O que você quer?

— Eu não sei. O que você quer?

Finn deu uma leve risada. Ele se derreteu no calor líquido da carne
quente e úmida . As faíscas pareciam voar da ponta dos dedos de Dare até a
espinha de Finn.

—Deus, você se sente bem.

Dare beliscou o queixo, enfiou as mãos no traseiro de Finn e puxou-o


para perto, alinhando seus pênis juntos. Ele apertou os quadris e derreteu a
espinha de Finn.

— Oh... — Finn não estava rindo agora. Deus. Dare abriu as pernas, e
Finn meio que se afundou entre eles, e então eles estavam se esfregando um
contra o outro, pele contra pele, puxando cabelo, pingando suor e
compartilhando o suor e a pré-ejaculação.

— Oh. Ei...

— Se você quiser pode me levar. Eu não vou quebrar.

— Dare. — Finn ofegou antes que Dare pudesse beijá-lo novamente. —


Isso é caos.

— O caos pode ser divertido. — A risada de Dare vibrou atravéis do


corpo inteiro de Finn. Parecia uma onda. Quanto mais ele se contorcia
contra Dare, mais rápido, mais selvagem o passeio. Logo eles estavam se

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esfregando e rangendo. Suas pernas estavam bombeando. Dare lutou por
posição, envolvendo as pernas ao redor dos quadris de Finn.

Finn se levantou em seus braços e cavou com os dedos dos pés para que
ele tivesse a força da gravidade e um pouco de tração do seu lado.

Juntos, eles fizeram um arqueamento, beijando, esfregando, uma


bagunça deslumbrante e quando Finn sentiu aquele leve frio gelado em suas
bolas que sinalizava sua liberação, ele mordeu com força o ombro de Dare e se
deixou levar. Seu pênis deslizou ao longo do sulco onde a coxa de Dare
se juntou ao seu corpo, sua porra dilacerando o caminho enquanto ele se
sacudia e estremecia desajeitadamente através do orgasmo. A tensão
borbulhou, junto com um pouco de riso louco que ele provavelmente não iria
admitir mais tarde.

Dare esfregou-se contra ele, sacudindo-se com a necessidade, o pênis


quente e pesado, e então ele estremeceu e gozou, aquecendo o espaço entre
seus corpos com seu esperma também.

Finn caiu contra ele, em seus braços.

— É disso que eu estou falando. — Dare sussurrou contra sua bochecha.


— Você pode fazer o que quiser comigo, se de vez em quando você me deixar
amar você assim.

— De vez em quando? — E que tal todas as noites? E todas as manhãs?


Apenas eu, Dare Buckley e nosso bosque matinal, esfregando juntos para
fazer uma fogueira.

Dare o segurou enquanto seu coração desacelerava.

— Eu sei que você é um membro fundador do clube de relacionamentos,


mas me considere para um relacionamento real. Bate, bata.

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— Eu posso olhar pelo olho mágico para algo como isto.

Dare cutucou-o com os quadris.

— Então é melhor fazermos isso de novo, porque, quero que você esteja
preparado para saltar essa janela.

O amanhecer chegou muito cedo para Finn. Ele piscou os olhos e levou
um minuto para considerar o quarto estranho, e ainda mais estranho, a
parede maciça de calor contra suas costas. O braço de Dare se apertou ao
redor de seu peito. Ele olhou para baixo e viu uma mão profundamente
masculina, flexionando-se possessivamente contra sua barriga.

Houve um tempo em que ele acreditou que acordar em uma bagunça


desgrenhada com um cara estava abaixo de sua dignidade, mas ele nunca
soube nem mesmo imaginou quão bom o travesseiro de Dare sentiria, ou
quão felizes os cabelos crespos perna dele sentiria na sola do seu pé.

Finn estava atordoado. Na noite anterior, ele se deixou ir. Ele deixaria o
carinho guiar suas ações. Ele usou seu corpo para mostrar amor, não apenas
sua perícia, e ficou chocado com os resultados. Ele e Dare haviam feito uma
conexão real, e isso o deixou com lembranças de felicidade perfeita que o
aterrorizavam para sua própria alma. Aquele medo não o impediu de
pressionar um beijo na palma macia e úmida do sono de Dare e dobrar os
dedos sobre ele. Seja qual for o preço que ele teria que pagar por sua noite
juntos, ele pagaria, e de bom grado.

Isso não o impediu de imaginar o corpo grande e musculoso de Dare


acorrentado à cruz de St. Andrew.

O telefone de Finn tocou sobre a mesa de cabeceira.

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O identificador de chamadas dizia que era Kate. Ele respondeu,
sussurrando:

— Só um segundo. — Ele se levantou da cama e levou-o para o corredor


para que ele não acordasse Dare. — Olá?

— Finn? É a Kate querido. Desculpe ligar assim, mas acho melhor você
voltar para casa.

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Capítulo 38
A capela mortuária encheu mais rápido do que qualquer um planejara.
As flores chegaram cedo e continuaram chegando, até que não havia mais
lugar para colocá-las. Finn ficou parado, inexpressivo, enquanto as pessoas
encontravam lugares extras antes do início da cerimônia fúnebre. Graças a
Tiffany, Kate e alguns amigos de toda a vida de Lyddie, Finn não tinha sido
chamado para fazer muito mais do que ficar na fila e aceitar condolências.

De sua parte, Lyddie teria gostado de ser a atração principal. Ela estava
deitada em um caixão aberto usando um vestido roxo inspirado no sari. Finn
tinha amarrado a máscara de fada que ele tinha feito para ela sobre a peruca
que a fazia parecer quase intocada, como se ela não tivesse sofrido os estragos
de seu câncer ou seus terríveis tratamentos.

— Você tem que entregá-lo para ela. — Kate sussurrou enquanto eles
olhavam para o rosto de Lyddie juntos uma última vez. — Ela parece incrível.

Finn sorriu.

— Ela ficaria orgulhosa do comparecimento também.

— Sim. — Kate esfregou o braço dele. — Ela teria.

Todos estavam lá quando Lyddie deu seu último suspiro. Ele levou Dare
junto com ele, então ela o viu subir, como ela sempre quis, ao longo das
correntes ascendentes de seu primeiro e único amor. Ele estava perdido
em Dare. E encontrado. Ele entendia Lyddie melhor agora. Entendeu o que
ela queria para ele e por que tinha sido tão importante para ela que ela o viu
antes de passar.

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Deixou que a música suave de piano o acalentasse enquanto olhava ao
redor. Não foi só que as pessoas compareceram ao funeral de Lyddie, o que
ele poderia ter esperado dada a curiosidade da pequena cidade e a chance de
fofocar. Mas todo mundo estava sendo tão legal. Ele não conseguia entender.
Tony Vicenzo, Stella, Rob e Trent Evans, e Denise Adler e sua família
incluindo sua menina bonitinha como um botão vieram com condolências e
palavras amáveis. Os amigos de Lyddie ofereceram ajuda. Alguns trouxeram
caçarolas diretamente para a casa. Alguns enviaram cartões com dinheiro
para ajudar nas despesas de enterro.

Muitos dos homens usavam cintos que ele fizera. Muitas pessoas
perguntaram quando ele abriria sua própria loja. Não era só porque eles
estavam cientes de seus negócios paralelos; eles pareciam genuinamente
interessados na chance de comprar algo novo, especialmente depois de dar
uma olhada na máscara de Lyddie uma consequência totalmente não
intencional de seu ato final de amor por ela. Ele deveria ter salvado isso, só
para a família.

Apenas para ele e Dare.

Mas o interesse em seus negócios secundários era inevitável, então ele


se agarrou à parede e evitou falar com as pessoas. No entanto, em mais de
uma ocasião, ele viu Kate passar seu cartão com uma piscadela e me chamar
de sinal. Mentalmente, ele calculou o número de pessoas lá. Se ele tivesse
mais tempo para trabalhar em casa com seus artigos de couro, e se ele abrisse
uma loja na internet para os itens do fetiche, ele poderia ter dinheiro
suficiente para viver sem trabalhar na Costco mais.

O pensamento encheu-o com uma espécie de excitação crescente. Talvez

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ele pudesse fazer isso, fazer a transição de operário para artesão e traçar seu
próprio curso. Havia muitas considerações, mas Lyddie queria isso para
ele. Ela sempre disse que acreditava nele como um artista, e ela queria que
seu coração disparasse...

Ele sentiu os olhos de alguém sobre ele e olhou para cima para ver Dare
entrar pelas portas da capela. Dare lançou-lhe um sorriso de desculpas e
pegou um programa do porteiro. Ele sentou-se nos fundos ao lado de Stella
no momento em que o culto começou.

Tantas pessoas amavam Lyddie. Eles se revezavam lendo poesia ou


compartilhando histórias. Finn se obrigou a ler os últimos trechos de Song of
Myself11de Walt Whitman, a parte em que Whitman canta seu grito bárbaro
sobre os telhados do mundo.

Lyddie amara aquele poema. Ela sempre quebrava a piada que ela havia
guinado uma ou duas vezes, a maioria na privacidade de sua própria casa,
mas de vez em quando, no Natal ou no Ano Novo ou a ocasional saída da
noite das garotas, ela balançava junto com o melhor deles.

No dia em que Lyddie morreu, Finn se enrolou e imaginou que ele


provavelmente havia lhe dado o último. Mas Dare havia mostrado a Finn da
maneira mais sincera, gentil e cuidadosa possível que ele não estava sozinho.

Finn não se desgraça lendo o poema, e quando as palavras finais do


serviço foram ditas, as memórias finais compartilhadas, Finn se uniu a Dare,
Tony Vicenzo, Trent e Rob Evans, e ao Capitão Borkowski de Dare, e juntos,
eles Levou Lyddie para o carro fúnebre que a levaria ao seu descanso.

Muito depois que todos se foram, muito depois do anoitecer, Finn ficou
sozinho em uma selva de flores perto do túmulo de Lyddie.

11
"Song of Myself" é um poema de Walt Whitman que está incluído em seu trabalho Leaves of Grass. Datado de 1855

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— Eu não estou subindo ainda, tia Lyddie. — Disse ele em voz alta. — Eu
não sei se vou voar sem você. Você não é a rainha da música country? Tem
que haver uma música como essa...

Ele riu de si mesmo, por falar com um túmulo, mas ele não parou. Não
pararia, provavelmente, enquanto ele vivesse. Engraçado, ele nunca tinha
visitado o túmulo de Ivy depois que eles a deitaram para descansar.

— Ah, cara. — Ele suspirou. — Você sempre me disse que a felicidade


vem com um preço muito alto. Agora Dare me quer, e é inimaginavelmente
bom entre nós. Mas toda vez que eu alcancei o que eu queria, eu puxei para
trás um coto sangrento.

Ele esperou. Isso seria muito insatisfatório até que ele aprendesse a
imaginar a voz de Lyddie respondendo de volta.

Assim? ela poderia dizer. Onde você quer chegar? Tudo custa. Algumas
coisas valem a pena.

— Ei. — Dare surgiu com uma expressão cautelosa em seu rosto.

Deus, Dare tinha visto ele falando em voz alta?

— Ei.

— Você sabe o quê? — O grande sorriso travesso de Dare fez as calças de


Finn ficarem apertadas. Cristo. Dare parecia um jovem deus. Algumas coisas
valem a pena.

— O quê? — Finn respirou.

— Se você fosse a dama do escritório de atendimento da Escola Primária


Palladiana, diria que tenho uma permissão da tia Lyddie de Finn Fowler para
levar-te comigo.

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— Sim? — Finn mordeu o lábio. — Onde estamos indo?

— Bem, primeiro, eu colocaria você bem no banco do passageiro do meu


carro, e então poderíamos decolar ao longo da rodovia. Vá para o leste. Dirija
todo o caminho até o Oceano Atlântico. Quando chegarmos lá, vamos
procurar uma ilha na qual você só possa andar na maré baixa. Nós
poderíamos morar lá. Eu e você. O que você me diz?

Uau. O coração do homem de Oregon batia sem parar.

— Ou nós poderíamos apenas viver aqui. Poderíamos ficar com a casa


de Lyddie, minha casa, e ver o rio passar. Nós poderíamos levantar um
grande dedo para o mundo e ficar aqui... — O coração de Finn se torceu. O
que ele acabara de dizer sobre buscar o que queria? Como sempre terminara?

Então ele apenas vai e faz isso de qualquer maneira. Algumas pessoas
nunca aprendem.

Finn esperou sem fôlego pela resposta de Dare.

— O que você quiser, Finn. — Dare pegou a mão e levou-o para longe do
túmulo de Lyddie. — O que te faz mais feliz... vamos fazer isso.

Fim

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