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1-HISTORIA DA PSICANALISE
No âmbito de sua amizade com Wilhelm Fliess ( médico alemão), ocorreram vários
acontecimentos maiores na vida de Freud: sua auto-análise, um intercâmbio de caso
(Emma Eckestein), a publicação de um primeiro grande livro, "Estudos sobre a
histeria", no qual são relatadas várias histórias de mulheres [...] e, enfim, o abandono da
teoria da sedução segundo a qual toda neurose se explicaria por um trauma real. Essa
renúncia, fundamental para a história da psicanálise, ocorreu em 21 de setembro de
1897. Freud comunicou-a a Fliess em tom enfático, em uma carta que se tornaria célebre:
"não acredito mais na minha Neurótica."
Começou então a elaborar sua doutrina da fantasia, concebendo em seguida uma nova
teoria do sonho e do inconsciente, centrada no recalcamento e no Complexo de Édipo.
Seu interesse pela tragédia de Sófocles foi contemporânea de sua paixão por Hamlet.
Freud era um grande leitor de literatura inglesa, alimentando-se especificamente da
obra de Shakespeare: "Uma idéia atravessou o meu espírito", escreveu a Fliess em 1897,
"de que o conflito edipiano encenado em Édipo Rei de Sófocles poderia estar também no
cerne de Hamlet. Não acredito em uma intenção consciente de Shakespeare, mas, antes,
que um acontecimento real levou o poeta a escrever esse drama, tendo seu próprio
inconsciente lhe permitido compreender o inconsciente do seu herói."[..]
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Fliess, no dia 12 de junho de 1900, "que haverá um dia nesta casa uma placa de
mármore com esta inscrição: 'foi nessa casa que, em 24 de julho de 1895, o mistério do
sonho foi revelado ao doutor Sigmund Freud'? Até agora, tenho pouca
esperança."
Entre 1901 e 1905, Freud publicou seu primeiro caso clínico (Dora) e três outras obras:
"A psicopatologia da vida cotidiana" (1901), "Os chistes e sua relação com o
inconsciente" (1905), "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" (1905).
Em 1902, com Afred Adler, Wilhelm Stekel, Max Kahane (1866-1923) e Rudolf
Reitler (1865-1917), fundou a Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras, primeiro
círculo da história do freudismo. Durante os anos que se seguiram, muitas
personalidades do mundo vienense se juntaram ao grupo: Paul Federn, Otto Rank, Fritz
Wittels, Isidor Sadger.
Em 1907 e 1908,o círculo dos primeiros discípulos freudianos se ampliou ainda mais,
com a adesão à psicanálise de Hanns Sachs, Sandor Ferenczi, Karl Abraham, Ernest Jones,
Abraham Arden Brill e Max Eitingon.
No dia 3 de março de 1907, Carl Gustav Jung, aluno e assistente de Bleuler, foi a Viena
para conhecer Freud. Depois de várias horas de conversa, ficou encantado com esse
novo mestre. Seria o primeiro discípulo não-judeu de Freud.
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conferências, que seriam reunidas sob o título de "Cinco lições de psicanálise". Apesar
de um encontro produtivo com James Jackson Putnam e de um sucesso considerável,
Freud não gostou do continente americano. Durante toda a vida, desconfiaria do
espírito puritano desse país que acolhia suas idéias com um entusiasmo ingênuo e
desconcertante.
Entre 1909 e 1913, Freud publicou mais duas obras: "Leonardo da Vinci: uma
lembrança da sua infância" (1910) e "Totem e Tabu" (1912-1913). A
partir de 1910, a expansão do movimento se traduziu por dissidências, tendo como motivo
simultaneamente querelas pessoais e questões teóricas e técnicas. Em 1911, Adler e Stekel
se separaram do grupo freudiano.
Dois anos depois, Jung e Freud romperam todas as suas relações. Não suportando desvios
em relação à sua doutrina, Freud publicou, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, um
verdadeiro panfleto, "A história do movimento psicanalítico", no qual denunciou as
traições de Jung e Adler.
Depois, criou um Comitê Secreto, composto de seus melhores paladinos, aos quais
distribuiu um anel de fidelidade.
de crianças. Nesse aspecto, a oposição entre a escola inglesa e a escola vienense, que se
desenvolveu na IPA a partir de 1924 e que girava em torno da questão da sexualidade
feminina, mostrou o lugar cada vez mais importante das mulheres no movimento
psicanalítico. No centro dessa polêmica, Freud manteve sua teoria da libido única e do
falocentrismo, sem com isso mostrar-se misógino. Ligado em sua vida particular a uma
concepção burguesa da família patriarcal, adotava, todavia, em suas amizades com
mulheres intelectuais, uma atitude perfeitamente cortês, moderna e igualitária. Por sua
doutrina e por sua condição de terapeuta, desempenhou um papel na emancipação
feminina.
Nos anos 1920, Freud publicou três obras fundamentais, através das quais definiu sua
segunda tópica e remanejou inteiramente sua teoria do inconsciente e do dualismo
pulsional: "Mais-além do princípio de prazer" (1920), "Psicologia das massas e
análise do eu" (1921), "O eu e o isso" (1923). Esse movimento de reformulação
conceitual já começara em 1914, quando da publicação de um artigo dedicado à questão
do narcisismo. Confirmou-se, em 1915, com a elaboração de uma metapsicologia e a
publicação de um ensaio sobre a guerra e a morte, no qual
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Aos seus familiares, que lhe perguntavam se aquela seria a última guerra,
respondia: "Será minha última guerra." Em 21 de setembro, pegou a mão de Max Schur
e lembrou o primeiro encontro dos dois. "Você prometeu não me abandonar quando
chegasse à hora. Agora é só uma tortura sem sentido." Depois, acrescentou: "Fale com
Anna; se ela achar que está bem, vamos acabar com isso." Por três vezes, ele deu a
Freud uma injeção de três centigramas de morfina. Em 23 de setembro, às três horas
da manhã, depois de dois dias de coma, Freud morreu tranqüilamente. As cinzas de
Freud repousam no crematório de Golders Green.
2-TEORIA DE S FREUD
TÓPICOS DA TEORIA
FREUDIANA
3. Freud demonstrou que o homem não é apenas um ser racional. Há impulsos irracionais
que nos influenciam.
5. INCONSCIENTE = parte maior de nossa psique, não é uma coisa embutida no fundo
da cabeça dos homens e nem um lugar e sim uma energia e uma lógica em tudo oposta
à lógica da consciência que é a parte menor e mais frágil da nossa estrutura mental.
Podemos imaginar a consciência como a ponta de um iceberg e a montanha submersa
abaixo como o inconsciente. "A percepção que temos do mundo é consciência; as
lembranças, inclusive a dos sonhos e devaneios são consciência. A memória é
consciência e só há memória de fatos mentais conscientes. " (pág. 46, O que é psicanálise,
Fábio Herrmann)
- Eros = ligado às pulsões de vida, impulsiona ao contato, ao embate com o outro e com
a realidade. Sendo a vida tensão permanente, conflito permanente coloca-nos no interior
de afetos conflitantes e pode não ser a realização do princípio do prazer.
- Princípio da Realidade = princípio que nos faz "compreender e aceitar que nem tudo o
que se deseja é possível, que se for possível nem sempre é imediato, que nem sempre pode
ser conservado e muitas vezes não pode ser aumentado." (pág. 63, op. Cit., Marilena
Chauí). Impõe-nos limites internos e externos.
10. A nossa vida psíquica tem três instâncias segundo Freud: 1ª) ID = parte inconsciente
formada por instintos e impulsos orgânicos e desejos inconscientes, (ou pulsões) que são
regidas pelo Princípio do Prazer e são de natureza sexual no sentido amplo já
explicitado acima. O Centro do ID é o Complexo de Édipo. 2ª) SUPEREGO = parte
inconsciente. Instância repressora do ID e do EGO, proveniente tanto das proibições
culturais e sociais
interiorizadas "quanto das proibições que cada um de nós elabora inconscientemente sobre
os afetos." (M. Chauí, op. cit., pág. 66). É o agente da civilização que tem o papel de
dominar o perigoso desejo de agressão do indivíduo. Através dele a civilização
consegue inibir a agressividade humana introjetando-a para o interior do sujeito
propiciando o SENTIMENTO DE CULPA. 3ª) EGO = é a consciência submetida aos
desejos do ID e repressão do SUPEREGO. Obedece ao Princípio da Realidade. Vive sob
angústia constante pois busca um equilíbrio entre os desejo do ID e a repressão do
SUPEREGO, busca satisfazer ao mesmo tempo o ID e o SUPEREGO. Quando o
conflito é muito grande e o EGO não consegue satisfazer o ID este é rejeitado
determinando o processo chamado REPRESSÃO. Mas o que foi reprimido não
permanece no inconsciente e reaparece então sob a forma de SINTOMAS (=representantes
do reprimido).
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alarma, um pequeno sinal de angústia, sempre que tal tipo de pulsão se lhe apresenta à
porta. Como se dissesse ao ID: veja como isso que aparece bom, na verdade, dói. E o ID,
enganado até certo ponto, cede energias para contrariar seus próprios fins
pulsionais. Basta então ativar os MECANISMOS DE DEFESA, carregados dessa
energia..." (O que é Psicanálise, Fábio Herrmann, pág. 52 e 53).
12. Segundo Freud há três fases da sexualidade humana (lembre-se do sentido amplo da
sexualidade) que se desenvolvem entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos: 1ª)
Fase Oral = prazer através da boca (ingestão de alimentos, sucção do seio materno,
chupeta, etc...) 2ª) Fase Anal = prazer localizado primordialmente nas excreções e fezes,
brincar com massas e com tintas, etc...
3ª) Fase Genital ou Fálica = prazer principalmente nos órgãos genitais e partes do corpo
que excitam tais órgãos. Momento do surgimento do Complexo de Édipo.
- Mas apesar de o menino abandonar o desejo pela mãe por medo da castração ela não
deixa de acontecer para ambos os sexos e de forma simbólica de acordo com a
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- A CASTRAÇÃO nos faz sentir como seres incompletos, carentes. Mostra-nos que é
da brecha entre tudo o que se quer e aquilo que se pode (princípio de Realidade) que
nascem as possibilidades de movimentos do desejo. Mas o seu exagero pode trazer
conseqüências negativas como as neuroses.
15. Psicanálise e Ética - A psicanálise mostrou que uma das causas dos distúrbios psíquicos
é o rigor excessivo do SUPEREGO, a CASTRAÇÃO excessiva. Quando isto acontece
há dois caminhos não éticos: ou a transgressão violenta de seus valores pelos
sujeitos reprimidos ou a resignação passiva de uma coletividade neurótica, que confunde
neurose e moralidade." (pág. 356, op. Cit., Marilena Chauí). Não éticos porque a
violência é introduzida: violência da sociedade que exige dos sujeitos padrões de conduta
impossíveis de serem realizados e, por outro lado, violência dos sujeitos contra a
sociedade, pois somente transgredindo e desprezando os valores estabelecidos poderão
sobreviver. Em suma é necessária a repressão dos desejos, da sexualidade, para
ser possível a convivência social e a ética "mas por outro lado a repressão
excessiva destruirá primeiramente a ética e depois a sociedade." (pág. 356, op. Cit.
Marilena Chauí). Segundo Freud o sujeito da psicanálise é responsabilizado, sim, por
seu inconsciente pois "quem mais, além de mim, pode se responsabilizar por algo que,
embora eu não controle, não posso deixar de admitir como parte de mim mesmo?
Responsabilidade difícil de assumir, esta - pelo estranho que existe em nós, age em nós
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e com o qual não queremos nos identificar. No entanto, eticamente, é preferível que o
sujeito arque com as conseqüências dos efeitos de seu inconsciente, fazendo deles o
início de uma investigação sobre o seu desejo, a que ele permita que tais efeitos se
manifestem apenas na forma do sintoma. Ou, o que é ainda mais grave, que o sujeito tente
se desembaraçar do inconsciente, por meio dos atos de intolerância que projetam no outro
o que o eu não quer admitir em si mesmo. A passagem por uma análise torna o sujeito
não apenas mais responsável pelo desejo que o habita, mas também preserva as
pessoas que lhe são mais próximas, aquelas que dependem de seu afeto e de sua
compreensão - filhos, parceiros, subordinados etc -, de se tornarem objetos das projeções
e das passagens ao ato de quem não quer assumir as condições de seu próprio conflito."
(pág. 32, Sobre Ética e Psicanálise., Maria Rita Kehl).
É de todos conhecido, que a psicanálise, como terapia e como teoria foi uma criação de
Sigmund Freud, que nos finais do século XIX pôde observar nos seus pacientes
neuróticos que a maior parte das perturbações emocionais se deviam à existência de
problemas sexuais reprimidos, embora, o conceito de sexualidade tivesse para ele um
significado muito mais vasto do que lhe era atribuído pela linguagem comum. Segundo
Freud, a sexualidade não se deve identificar com a “genitalidade”, embora esta esteja
incluída naquela.
Por volta de 1920 Freud elabora então uma teoria da personalidade que se tornou
definitiva e que constituiu uma verdadeira revolução quanto ao modo de
estruturação do nosso psiquismo.
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Segundo ele, seriam três as instâncias básicas da personalidade: o id, o ego e o superego.
Freud não quis afirmar que o psiquismo humano era constituído por três partes, porque
não foi isso que ele observou no comportamento perturbado ou normal dos seus
pacientes; a sua genialidade consistiu em encontrar nesses comportamentos uma série
de estruturas ou leis valendo-se dos três conceitos a que acima fizemos referência.
embora procure alcançar a consciência para desse modo conseguir a realização dos seus
desejos. O recalcamento, ou repressão é o mecanismo de defesa que impede, caso ocorra,
a tomada de consciência do id. Este mecanismo defensivo mantém o id numa situação
inconsciente quando os desejos que lutam por realizar-se não estão de acordo com o ego
ou o superego. Freud, a partir de 1920 passa a atribuir também muito importância não
só aos desejos sexuais mas também aos desejos agressivos do id.
Um ego amadurecido, não se assusta ao fazer eco dos desejos do id, ao tomar
consciência deles. Ao contrário, um ego infantil e neurótico resiste a trazê-los à
consciência, defendendo-se contra eles através da repressão (recalcamento) e outros
mecanismos de defesa. Um ego maduro e adulto não se assusta, não teme os desejos
instintivos; não quer dizer que os satisfaça a todo o momento, significa somente que os
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Um dos erros mais correntes, e que, com alguma frequência é cometido também por alguns
psicólogos, consiste em acreditar que todos os processos designados pelo ego freudiano
possuem a propriedade de ser conscientes. É certo que a maior parte dos mecanismos e
processos do ego são conscientes, mas nem todos o são. Freud chegou a esta conclusão
ao observar que em certas ocasiões alguns desejos instintivos procedentes do id são
rejeitados ou reprimidos pelo ego sem que o sujeito tenha consciência alguma nem dos
desejos nem da sua rejeição ou repressão.
É evidente que as exigências do superego se opõem quase sempre aos desejos do id. Este
conflito, entre o superego e o id incide directamente no ego, já que tanto o id
como o superego procuram que o ego actue de acordo com as suas próprias
exigências ou desejos. Normalmente o que o ego faz é procurar uma solução de
compromisso, que os satisfaça, embora parcialmente. Um ego maduro consegue
normalmente achar esta fórmula conciliatória, a qual, para que seja realmente válida,
deverá ter em conta também a realidade ambiental.
Poder-se-á dizer que, para Freud, a personalidade consiste basicamente neste conflito
entre os desejos instintivos e as normas interiorizadas da sociedade, conflito que se
desenrola no grande cenário constituído pela relação mútua entre o ego e a realidade
ambiental.
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com muito esforço, era porque havia uma força que se opunha à sua percepção
consciente. Freud chamou essa força de resistência, que só pôde ser descoberta e
compreendida após o abandono da hipnose.
Quando era dada ao hipnotizado uma ordem que ele não podia cumprir, ele acordava
abruptamente do transe, bastante incomodado, e tornava-se, em seguida, resistente a
entrar em nova hipnose. Em síntese, se a hipnose era capaz de fazer surgir algumas
pequenas atitudes que geralmente o paciente não as teria quando sentindo-se ameaçado,
ele não só se recusava a cumprir as ordens como tornava- se particularmente resistente
ao procedimento. Isso fez com que Freud
abandonasse a técnica da hipnose.
A tarefa do médico seria, então, utilizar a hipnose como um bisturi. O método de penetrar
o psiquismo e criar condições para que o trauma ressurgisse à consciência, fora do
estado de ‘absence’, quando então poderia ser experienciado com toda a carga afetiva
que não pôde ser vivida na hora traumática, ficou conhecido como o método
catártico. Freud, após um certo tempo, o abandonou.
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Uma força mantia essa percepção de acontecimentos cuja dor o indivíduo não poderia
suportar de imediato inconsciente ( a mente não sabe que sabe). Essa força foi
denominada recalque.
Por motivos éticos e estéticos, o consciente não suportava a percepção de uma vivência
e a mantinha inconsciente. A resistência bloqueava essa percepção, índice inexplicável
de que a mente sabia o que não queria saber.
Freud elaborou a primeira teoria das pulsões, que as dividia em as de auto- conservação
e as sexuais. As pulsões de auto-conservação teriam como objetivo a preservação da vida
do organismo. A ausência prolongada de sua satisfação seria letal. Essas pulsões se
aliam ao princípio de realidade e são percebidas pelo pensamento consciente e
racional. Já as pulsões sexuais teriam como objetivo a preservação da vida da espécie. A
ausência prolongada de sua satisfação não seria letal. Essas pulsões se aliam ao
princípio do prazer e são percebidas pelo pensamento inconsciente ou fantasia.
Essa teoria foi abandonada e surgiu a segunda teoria das pulsões, que as dividiu em: as
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A fase oral corresponde à idade por volta de zero a dois anos e é subdividida em fase oral
de sucção – de zero a seis meses, e oral canibalística – de seis meses a um ano mais ou
menos.
3-INTERPRETAÇÃO DE SONHOS
Sigmund Freud,
1899/1900.
Raras são as obras cujo centenário é lembrado e celebrado. A Interpretação dos Sonhos de
Freud é uma delas. Para isto há várias razões. A data marca não apenas o centenário de
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Para aqueles que não são familiarizados com a obra freudiana uma introdução à
importância da obra será feita. Este endereçamento se refere ao fato de que todo e qualquer
psicanalista, de toda e qualquer "corrente" desde sua criação até os dias de hoje
reconhecem em A Interpretação dos Sonhos uma obra inaugural.
Trata-se de uma obra que traça o limite entre os artigos pré-psicanalíticos de Freud e o
início da psicanálise. Na edição brasileira das obras completas de Freud (Editora Imago)
encontra-se representada por dois volumes (IV e V), tendo sido também publicada em
várias edições avulsas. Obra atual por sua obrigatoriedade na formação de todos os
psicanalistas e mesmo psicólogos, pululam resenhas e comentários introdutórios.
Quanto aos comentários, para os iniciantes pode-se destacar a Introdução à
Metapsicologia Freudiana de Luiz Alfredo Garcia-Roza (Zahar Editores), com um
volume inteiramente dedicado a A Interpretação dos Sonhos.
Se há um texto, na obra de Freud, que possamos indicar como primeiro responsável por
esta ruptura é A Interpretação dos Sonhos. Nele encontramos a tese que se tornaria a mais
popular (e mais mal utilizada): a do complexo de Édipo. Neste texto, também, Freud
formula a divisão da mente entre o consciente e o inconsciente. É também ali que
a clínica psicanalítica vai encontrar sua justificativa teórica, ainda que não fosse esta a
preocupação inicial de Freud.
Na verdade a obra foi publicada em 04 de novembro de 1899. Por uma decisão do editor,
no entanto, a data impressa é a de 1900. A correspondência de Freud a Fliess (publicada
em português pela Imago) nos fornece os dados a seguir. Durante dois anos Freud se
dedicou ao preparo deste que seria um exemplo excelente de estrutura de tese. Sua
pesquisa não deixa de fora nenhuma obra conhecida que abordasse o tema dos sonhos,
nem mesmo os sempre populares livros de sonhos egípcios. Cada possível argumento,
cada possível interpretação é examinada com seriedade e rigor científico. A magnitude do
trabalho poderia responder pela lentidão com que o texto foi produzido, mas em suas
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cartas ao amigo Fliess podemos entender que as razões da demora foram mais pessoais.
O livro é pleno de exemplos. Muitos sonhos são analisados e interpretados. O que mais
custou ao autor, portanto, foi o fato de que, devido ao sigilo com que deveria resguardar
os sonhos de seus pacientes, Freud utiliza os próprios sonhos para dar seqüência à
obra. Como o pesquisador que se contagia com a doença que pretende estudar, Freud se
expõe aos efeitos de sua própria tese, tira as conseqüências de seus próprios sonhos
trabalhando suas próprias neuroses. E corajosamente, nos expõe todo o processo. Não
poucas vezes em sua correspondência confessa que prefere não publicar o livro, se
mostra pessimista quanto às conseqüências de suas teses e apreensivo quanto à recepção
que o livro teria no meio científico e em seu círculo familiar.
Freud, no entanto, não era um filósofo. Seu interesse pelos sonhos tem uma justificativa
completamente científica. Seu rigor se demonstra em cada linha de seu texto na seriedade
com que aceita tirar as conseqüências dos fatos, mesmo que em prejuízo de sua teoria ou
de seu status médico. Um pouco da história envolvendo a obra e a própria psicanálise
devem esclarecer este ponto.
Como o observador que se despe dos preconceitos para apreender um fato inusitadamente
novo, Freud criou o que seria um método de pesquisa pela escuta. Pouco antes da escritura
do livro passara pela experiência de ouvir de uma paciente que deveria calar-se e escutar
mais. Obedeceu. Aos poucos percebia que os sintomas histéricos cediam à palavra. Ao
narrar a origem dos sintomas as histéricas se curavam. A primeira teoria formulada para
lidar com este fato foi a da catarse. Em poucas linhas a idéia central era a de que o sintoma
histérico (no exemplo clássico paralisias, cegueiras, convulsões etc…) consumia
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Nas tentativas iniciais do que se tornaria mais tarde o método da associação livre Freud
simplesmente se submeteu a ouvir o que vinha à mente de seus pacientes. Nos pontos em
que localizava alguma resistência aprendeu a reconhecer a necessidade de fazer valer sua
presença, em sua insistência e incitação, fazendo com que o paciente se detivesse neste
ponto, se esforçasse um pouco mais, de modo que pudesse seguir por uma trilha
inicialmente bloqueada. Ainda em busca da memória perdida, Freud começava a apreender
o funcionamento dos sintomas, o tipo de defesas com que se protegiam da investigação e a
ferocidade com que resistiam à cura. Só em A Interpretação dos Sonhos será possível
encontrar suas teses a este respeito.
A importância dada aos sonhos começava aí a tomar força. Deixados livres para falar o
que viesse à cabeça os pacientes logo começaram a narrar sonhos, associando-os a
eventos relevantes à sua neurose. Freud não se autoriza a legislar o que teria ou não
pertinência na
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narrativa do paciente. Imbuído de uma crença profunda na lei da causalidade supõe que
algum fator desconhecido justificaria que os sonhos surgissem na fala dos pacientes. Este
fator desconhecido, digamos desde já, seria cernido pelo conceito de inconsciente. Se os
sonhos se impunham desta forma à observação do pesquisador, nada mais legítimo que
decifrar sua estrutura.
À guisa de comentário paralelo notemos que não só os sonhos adquiriram seu valor desta
forma, mas também a sexualidade infantil. Os pacientes também traziam lembranças de
sensações sexuais prazerosas vividas na infância, o que, apesar do choque, Freud se viu
obrigado a considerar. Esta seria outra idéia responsável pelo isolamento da comunidade
científica de sua época.
Os sonhos e a neurose
A tese central do texto é a de que "O sonho é a realização de um desejo". Este desejo,
entendamos, não é necessariamente um desejo que possamos aceitar em nossa vida vigil.
Quando não se trata de um desejo aceitável, nos diz Freud, preferimos esquecê-lo. Este
esquecimento será descrito como conseqüência de um mecanismo chamado 'recalque'. O
desejo recalcado, no entanto, permanece em algum lugar exercendo seus efeitos. Os
sonhos são apenas um exemplo destes efeitos.
Mas os sonhos têm por característica sua falta de senso, sua não obediência às leis que nos
regem na vigília. O que Freud formula é que os sonhos seguem uma lei própria, seguem
uma lógica que não é a lógica cotidiana. É levado assim a demonstrar que nosso aparato
mental é formado pela consciência, cujas regras reconhecemos, e pelo inconsciente, cujos
efeitos nos surpreendem por seguir uma lógica diferente e desconhecida (ainda que sempre
familiar).
Desta forma, um desejo que não condiz com nossa posição social, nosso sexo, nossa
situação civil etc…é 'jogado' naquele campo que não segue as mesmas regras de nossa
consciência. No inconsciente, nos diz Freud, este desejo vai procurar sua expressão a
qualquer custo. Se não é possível que ele se expresse conscientemente (por que no
consciente atua aquela resistência que mencionamos acima, provocando o recalque), ele
vai buscar alguma expressão substitutiva que consiga escapar à censura. O sonho pode ser
entendido como a expressão de uma série de desejos, que encontram nele a única via para
a consciência. É por isto também que o sonho será entendido por Freud como a via régia
para o inconsciente, uma vez que é sua manifestação mais direta.
Mas dissemos que o sonho e os sintomas possuem uma estrutura comum. Isto ficará mais
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claro no próximo ítem, mas digamos desde já que o sintoma neurótico é também uma
manifestação de um desejo. A principal diferença é que no sintoma uma solução
é encontrada para que o desejo se apresente na consciência.
Também neste caso, contudo, este desejo se manifestará com as distorções necessárias
para que possa ser aceito pelo consciente.
O funcionamento do sonho
É nos capítulos 6 e 7 do livro que Freud desenvolve o mecanismo de trabalho dos sonhos e
o funcionamento do aparato mental. Apresenta o mecanismo de deslocamento na
possibilidade que as idéias têm, no inconsciente, de 'emprestar' seu valor para outras idéias,
de modo que fatos ou imagens aparentemente sem importância podem ter sido amenizadas,
com o quê burlam a censura, compondo o material do sonho. De forma inversa fatos
que aparecem no sonho como extremamente nítidos ou valorizados usualmente ganharam
seu relevo por uma associação a outra idéia, esta sim, de grande importância.
As razões deste trabalho de montagem são explicadas pelo aparato psíquico proposto no
capítulo seguinte do livro. Neste aparato o ics (inconsciente) figura em um extremo e o
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cs (consciente) no outro, e entre eles o pcs (pré-consciente). O ics recebe seu material
do sistema perceptivo, mas não tem acesso ao sistema motor. O cs controla as ações, mas
a realidade que lhe chega já passou pelos processos do ics. Como intermediário entre os
dois sistemas figura a censura, ou seja, uma função que determina o que pode e o que não
pode aceder à motilidade, levando a realidade em consideração. Todo o material que não
pode passar pela censura está condenado a ser recalcado, a ficar relegado ao ics, sem,
no entanto, ficar com isto silenciado. O trabalho do sonho é entendido, assim, como o
trabalho de distorção necessário para que o material do ics possa se manifestar.
Vale dizer ainda que a distorção a que o material do sonho foi submetida nunca é casual
ou caótica, e é por provar isto que o trabalho de Freud adquiriu seu valor.
Uma idéia (um desejo, uma intenção ou mesmo uma percepção) está permanentemente
relacionada a outras. A natureza desta relação é muito abrangente, podendo ser
determinada pela contigüidade espacial ou temporal em que ocorreu, pela similaridade,
pela homofonia, enfim, por toda uma gama de possibilidades. O que importa é que a
idéia
'principal', uma vez que tenha sido censurada, não poderá ser reconhecida no consciente,
mas as idéias com as quais se associa, uma vez que esta associação não seja óbvia,
podem ser utilizadas para representá-la (deslocamento). Então, lembrando que no ics as
idéias buscam sua expressão, ou nos termos de Freud: os desejos buscam sua realização, o
trabalho do sonho é a maneira pela qual um desejo pode se realizar por seus substitutos.
Uma conseqüência direta desta explicação do sintoma é muita incômoda para todos nós. Se
nossos desejos devem levar em consideração a realidade para que possamos aceitá-los,
como saber se o que reconhecemos como nossos desejos não são amenizações de nossos
'verdadeiros' desejos, estes inconscientes? Em outras palavras, uma vez que vivemos em
sociedade, tendo que considerar suas regras, somos todos neuróticos.
A psicanálise hoje
A transmissão da psicanálise foi garantida, a partir da década de 50, por Jacques Lacan. Em
sua leitura desta obra de Freud propõe que o que é formulado é um inconsciente
estruturado como uma linguagem. A condensação e o deslocamento podem ser entendidos
como a metáfora e a metonímia e a estrutura associativa das idéias como a cadeia de
significantes (que só podem existir entre dois outros, em associação). Partindo da clínica
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das psicoses (Freud partiu da neurose) Lacan amplia o campo psicanalítico e encontra a
precisão necessária ao ensino e à transmissão da psicanálise.
O
fenômeno do sono é de interesse tanto para a Psicologia como para a Psicanálise,
3.2 Condensação
3.3 Desdobramento
3.4 Deslocamento
3.5 Representação pelo oposto
3.6 Representação pelo nímio
3.7 Representação simbólica
4 A Elaboração Secundária
4-TÉCNICA FREUDIANA
Em1878, conheceu o Dr Joseph Breuer, catorze anos mais velho, que se tornou seu
amigo e incentivador, inspirando suas primeiras pesquisas no campo da Psicanálise. O Dr.
Breuer pode ser aproximado à figura paterna, e, inclusive, o ajuda financeiramente em
algumas situações. Foi uma grande e intensa amizade em sua vida, no entanto, seguem-se
polêmicas e rompimento. Freud estava convencido de que deixaria sua marca na
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História; tinha autoconfiança em relação à sua carreira e ao peso de seu legado; era o único
filho que tinha um quarto exclusivo para estudar. O ambiente familiar o auxiliou bastante
a ter força para seguir avante em sua carreira quando suas idéias eram consideradas, no
mínimo, polêmicas.
Em 1880, o Dr Breuer iniciou o tratamento com Berta Pappenteim, mais conhecida como
Anna O, uma das pacientes mais famosas da Psicanálise, e utilizou algumas
estratégias terapêuticas inovadoras, como a hipnose, (técnica terapêutica que faz com que o
paciente se lembre e vá resgatando na memória algumas experiências passadas visando
com isso o desaparecimento de alguns sintomas) para o tratamento da histeria, problema
que afetava muitas mulheres naquela época; na maioria jovens que alimentavam sonhos
que não haviam conseguido realizar por conta da rigidez moral da época.
Após dois anos de tratamento, Breuer abandona o caso de Anna O; não dá
continuidade às suas pesquisas e Freud o faz, pois se interessava profundamente pela
histeria com toda a riqueza de sintomas que apresentava ao final do século XIX. Freud
partiu da clínica; das relações que se estabeleciam entre ele e os pacientes, para elaborar
modelos interpretativos; teorizar. Esta foi uma contribuição importantíssima à ciência e
ao campo da educação, pois o enfoque clínico tem sido utilizado no trabalho de
capacitação de professores visando auxiliá-los na reflexão sobre suas práticas.
Em 1882, Freud conhece Martha Bernays, jovem que virá a ser sua esposa, em
1886.
Em 1885, segue para Salpêtrière, em Paris, na intenção de trabalhar com o
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Em1896, Freud faz uma conferência na Universidade de Viena sobre a etiologia sexual
da histeria, colocando a hipótese de que, em sua etiologia, a histeria traz a marca sexual.
Isso produz enorme escândalo e dificulta a aceitação de Freud no meio acadêmico. É o
estopim do rompimento com Breuer, que era conservador e estava inserido no grupo de
cientistas. Freud se surpreende, pois achava que Breuer o apoiaria, o que colaboraria para a
aceitação de sua tese.
Nesse mesmo ano de 1896, quando faz uma conferência, morre-lhe o pai,
experiência das mais difíceis para o homem, após o que Freud passa a pensar no Édipo.
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Fazendo sua auto-análise, vai-se dando conta de que, como filho, alimentava pela mãe um
amor incestuoso que só foi possível perceber após a morte do pai.
Freud tinha formação humanista muito forte; tinha uma produção intelectual intensa e por
sua erudição consegue pensar em metáforas para as referidas explicações. Através da
mitologia, da arqueologia, vai buscando vestígios do passado na história das pessoas; por
exemplo, amor incestuoso mas inconsciente pela figura materna. Freud mostra que a
sexualidade humana não se liga à genitalidade e que se organiza a partir de operações
psíquicas. Propôs que as crianças já apresentam uma sexualidade muito diferente das
outras espécies e que, na infância, não está comprometida ao órgão sexual, mas a
sensações ligadas à sexualidade.
Isso foi revolucionário para a época, quando se achava que a sexualidade ficava
adormecida. A sexualidade humana tem basicamente uma questão que a torna diferente; é
a questão da pulsão, pois nós não somos, tal como os animais, movidos por instinto, mas
por pulsão, termo proposto por Freud para dar a idéia de algo que fica exatamente no
limite entre o orgânico e o psíquico.
Aos poucos, Freud vai reformulando suas próprias concepções e desvendando segredos
humanos. Em 1897, época do Édipo (experiência edípica de matar o próprio pai em
sonho e a culpa pelo amor incestuoso), Freud pondera que fatos que fazem parte da
fantasia são muito importantes na Psicanálise.
Abandona a teoria da sedução, dizendo não mais acreditar nos relatos de suas histéricas.
Recorre à teoria da fantasia, segundo a qual os elementos relatados na construção
da história de cada paciente não fazem parte da realidade, mas, mesmo não tendo sido
experiências reais, a maneira como são relatadas tem um peso para produzir sintomas.
Freud percebe que, no momento em que a pessoa fala, seja uma experiência empírica ou
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fantasiosa, o valor para o analista é o mesmo; a fantasia vai revelar, de alguma forma,
como é difícil para essas pacientes assumir conscientemente seus discursos de que, ao
contrário, elas é que procuram ser seduzidas. Se a primeira teoria causou tanto furor, a
segunda foi menos polêmica, no entanto a comunidade científica continuou a não aceitá-lo.
Nessa época, escrevia cerca de duas a três cartas por dia para o Dr. Fliess,
independentemente das respostas. Para Freud, eram momentos de muitas questões que
não haviam sido pensadas antes, como: a questão do sonho; o que é um aparelho psíquico;
como ele se organiza; como se estrutura. Extremamente inventivo, produtivo, Freud
passava de doze a dezesseis horas diárias em seu gabinete, atendendo pacientes e
dedicando-se a estudos, pesquisas, correspondência.
reconhecimento das fantasias, das teorias sexuais infantis, o desejo, as fases de evolução
da libido, sonhos e um trabalho mais detalhado sobre o tratamento psicanalítico.
Freud dizia que no projeto da criação não foi contemplado o fato de o homem ser
feliz. Os que mais sofrem são aqueles que querem a felicidade ferrenhamente. A
infância não é feliz; é um período sofrido, segundo Freud porque se está no caminho da
construção do aparelho psíquico e se entra no mundo do desejo, que é prazer e desprazer.
A essas alturas, a Psicanálise, cujo eixo central é a questão do inconsciente, junto com a
sexualidade e a prática psicanalítica, gozava de interesse e
credibilidade.
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Freud denominou segunda fase o período a partir de 1907, tendo ele desempenhado
papel de destaque na esfera do narcisismo, teoria das pulsões e da aplicação da psicanálise
às psicoses. O Complexo de Édipo se revelava cada vez mais claramente como o núcleo
das neuroses.
Desde que formulou a hipótese sobre a existência dos dois instintos (Eros e Thanatos) e
desde que propôs a divisão da personalidade mental em um ego, um superego e um id
(1923), os interesses de Freud voltaram-se para os problemas culturais e é ele próprio
quem diz: "não prestei outras contribuições decisivas à psicanálise". Os processos
encontrados nos textos seguintes que são "O mal estar
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O inventor da Psicanálise acredita que estes estudos despertaram uma simpatia mais
forte por parte do público do que propriamente a Psicanálise, que foi muito combatida na
época, apesar de terem se originado dela.
São de Freud as palavras "não pode haver mais dúvida alguma de que ela (a
Psicanálise) continuará: comprovou sua capacidade de sobreviver e de desenvolver-se tanto
como um ramo do conhecimento, quanto como um método terapêutico".
Nas “Cinco Lições de Psicanálise”, escreve: para o Psicanalista “não existe nada
insignificante, arbitrário ou casual nas manifestações psíquicas. Antevê um motivo
suficiente em toda parte onde, habitualmente, ninguém pensa nisso; está até disposto a
aceitar causas múltiplas para o mesmo efeito, enquanto nossa necessidade causal, que
supomos inata, se satisfaz plenamente com uma única causa psíquica.” (Obras Completas
-1970- p. 36 – vol.
XI).
Em 1938, fugindo do nazismo, Freud foi para Londres. Suas três irmãs, ao contrário,
morreram no campo de concentração.
Apesar dos 83 anos de idade e da doença, Freud ainda trabalhava; atendia pacientes, mas
sofria com muitas dores e sua filha, Anna, concedeu ao médico que o atendia permissão
para que aplicasse dose excessiva de morfina. Assim morreu o inventor da Psicanálise, a
23 de setembro de 1939, aos 83 anos, em Londres, na casa onde hoje é um museu que
conta com seu divã, parte de sua biblioteca, suas antiguidades, funcionando como
guardiões da história da Psicanálise.
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SOBRE A INTERPRETAÇÃO
PSICANALÍTICA
Por Manuel
Bulcão
14/05/20
04
Muita gente pensa (e a autoridade de Popper tem reforçado muito esse pensamento) que a
investigação psicanalítica é um trabalho feito nas coxas e que as idéias subjacentes à
psicanálise servem tanto para explicar tudo quanto para justificar qualquer baboseira que
se apresente a título de explicação. "Grosso modo", seria assim: o psicanalista observa o
jeitão do paciente, realiza com ele uma ou duas sessõezinhas de livre associação, analisa
dois ou três sonhinhos e, sem perder mais tempo, tasca um diagnóstico na cara do infeliz.
Depois disso, fica só tentando convencer o pobre do analisando da absoluta
verossimilitude da sua interpretação, valendo-se para tanto (e como técnica de
imunização à crítica) da própria teoria psicanalítica. Ou seja, se o paciente aceita o
diagnóstico, está provada a sua validade, mas se o contesta, tal recusa não passa de uma
"denegação" que, no fundo, é confirmação. Se o paciente tenta contra-argumentar de uma
forma mais complexa, tadinho, está ele apenas "racionalizando"; e se de repente apresenta
um comportamento inusitado que aparentemente não fecha com o diagnóstico,
prontamente o analista o interpreta como o começo de uma "formação reativa". Em síntese,
"cara eu ganho, coroa você perde" e assim será sempre.
Não duvido que muitos psicanalistas realizam esse tipo de análise "selvagem" (a
incompetência e a presunção arrogante são mesmo endêmicas em "todas" as profissões),
mas essa idéia negativa que se tem da psicanálise é tão simplista quanto a pior
interpretação psicanalítica, e ambas têm em comum o fato de encerrarem os mesmos
equívocos, sendo o principal deles o fato de que tanto o mau analista quanto o cético mal
informado — porém de boa-fé — acreditarem que, segundo a psicanálise, "todo"
pensamento e comportamento humanos não passam de manifestações superficiais
de processos mentais não só inconscientes como essencialmente libidinosos. Ora, isso é
reducionismo vulgar ou, da parte dos críticos, uma redução à caricatura. Tal idéia, além de
estranha à psicanálise, vai de encontro aos seus princípios e objetivos; pois, se assim fosse,
o tratamento psicanalítico não seria apenas difícil: seria impossível, totalmente
inviável. Se se admite que a terapêutica psicanalítica é potencialmente eficaz, deve-se
admitir também que a consciência não é um epifenômeno, mas um mecanismo de
retroalimentação e controle (feedback) que pode ser reforçado por meio da análise. O
objetivo da psicanálise como terapia é fazer com que "o que antes era id doravante seja
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ego" (Freud); é induzir o paciente a vencer suas resistências de modo que, "ciente" dos
conflitos que o dilaceram, possa então resolvê-los por meio da "razão". Essa meta assenta-
se numa pressuposição: a de que, em inúmeras circunstâncias, é possível uma pessoa
pensar e agir de uma forma totalmente racional, sem a influência da libido, obedecendo a
critérios realistas e sabendo que pode errar. Freud, em seu ensaio "O Homem dos
Lobos", escreveu: "estamos acostumados a rastrear o interesse por dinheiro ‘na medida’
em que é irracional e libidinoso em sua natureza", no entanto, "presumimos que as pessoas
normais mantenham as suas relações com dinheiro totalmente livre de influências
libidinais e que as regulem de acordo com considerações realistas." (Sobre a história de
uma neurose infantil)
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conjectura inicial no decurso de uma análise, uma espécie de predição oculta de que este é
o padrão que a análise irá revelar, pode mostrar-se simplesmente insustentável à luz da
exposição de mais material clínico”. (Ed. Paz e Terra; 2a. edição; págs. 71/72). E Freud, no
seu ensaio “Sobre a psicanálise selvagem” — uma crítica aos diagnósticos feitos às pressas
e imprudentemente —, é direto e lacônico: “às vezes nós interpretamos erradamente e
jamais estamos em posição de descobrir tudo”.
Como se vê, a própria psicanálise estabelece que “nenhuma conjectura proposta por um
psicanalista é infalível ou absolutamente certa”, o que significa dizer que as próprias
regras do método determinam que “todo” resultado a que se chegue através deste método
encerra a possibilidade de ser falso.
Decerto que o fato de uma hipótese ser potencialmente falsa não quer dizer que ela seja
“falseável”. Para que o seja, é necessário que haja um critério de falsificação. No caso em
questão, qual seria ele?
Essa maneira de avaliar o comportamento humano não é uma invenção de Freud. É algo
que, numa versão grosseira, sempre integrou o bom senso das pessoas. Por haver muita
competição nas comunidades em que vivemos, a evolução nos muniu com uma forma de
raciocínio, denominado por Charles S. Peirce de “raciocínio por abdução”, mediante o qual
tanto armamos tramas contra nossos semelhantes como desmontamos aquelas feitas contra
nós. Trata-se de uma forma de elaborar juízos que se desenvolveu na esteira da dialética
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Acresce dizer que, se somos capazes de enganar os outros para auferir vantagens, também
somos capazes de enganar com as melhores das intenções (às vezes mentimos para um
amigo apenas para erguer o seu moral) e, também, de cometer auto-enganos deliberados.
Afinal, numa batalha, o guerreiro que não vacila é aquele que “reprime” o medo e age
como o mais valente dos mortais. Ademais, para que uma idéia se converta eficazmente
em ação, é necessário alijar da consciência qualquer pensamento que suscite dúvidas. E
quando somos muito dependentes de uma pessoa (econômica e/ou emocionalmente),
convém esconder de nós mesmos as lembranças muito ruins que temos dela e o intenso
ressentimento associado a essas recordações. Tal auto-engano deliberado é, a princípio,
uma virtude. Mas o que é um vício a não ser um excesso de virtude? Da mesma forma
que o sistema imunológico, os mecanismos de defesa do ego, até uma certa medida, são
úteis à sobrevivência (do indivíduo, do grupo, dos genes). Por outro lado, assim como o
sistema imunológico pode voltar-se contra o próprio organismo e dar origem a doenças
auto-imunes, os mecanismos de
defesa também podem ocasionar efeitos tóxicos, mortificantes, como é o caso dos sintomas
neuróticos.
Agora, voltemos ao que Popper disse a respeito da psicanálise. Em seu livro “A Lógica da
Investigação Científica”, o filósofo afirma estar convencido de que existe um mundo
inconsciente e que as análises dos sonhos de Freud são fundamentalmente corretas. Diz
inclusive que a obra “A Interpretação dos Sonhos” é um grande sucesso. No entanto,
nega à psicanálise o estatuto de ciência por se tratar de uma teoria irrefutável; pois,
segundo suas próprias palavras, “não se pode dar qualquer descrição, seja qual for, de
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Diga-se a bem da verdade que Freud, muitas vezes em suas experiências clínicas, deparou-
se com comportamentos humanos capazes de refutar inclusive segmentos importantes do
seu ‘corpus’ teórico. E sua atitude diante desses casos não foi a de um oráculo decidido a
demonstrar que qualquer coisa que aconteça está, no fundo, de acordo com suas
proferições. Ao contrário, quando percebia não haver mais meios plausíveis de salvar a
teoria, não vacilava em abandoná-la mesmo que isso lhe custasse muito. Foi assim que,
em setembro de 1897, Freud renunciou definitivamente à sua “teoria da sedução”.
Enfim, a experiência clínica revelou-lhe que, em contraste com esta teoria, muitas das
lembranças reprimidas dos pacientes são, na verdade, memórias fictícias, ou melhor,
“fantasias”, e que são fantasmáticas — isto é, distorcidas pelos desejos conflituosos do
doente — mesmo quando baseadas em traumas reais. A capitulação resignada aos fatos e o
pesar da renúncia estão presentes numa de suas cartas endereçadas a Wilhelm Fliess, a
chamada “Carta do Equinócio”. Nessa missiva, Freud escreveu: “Não acredito mais em
minha neurótica (...) Eis-me obrigado a ficar sossegado, permanecer na mediocridade,
fazer economia, ser atormentado por preocupações. (...) Rebeca, tire o vestido, você não é
mais a noiva”. (A ironia é que, atualmente, a crítica mais consistente do ceticismo
cientificista à psicanálise é a que tem por foco a teoria da sedução.)
Ao contrário do que afirmam seus detratores, Freud não foi um intelectual inflexível,
falacioso e que buscava no material clínico apenas confirmações de suas hipóteses. Em
outros termos, a teoria psicanalítica não é a extensão de um ego narcisista para o qual o
“argumentum ad hoc” funciona
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De resto, quanto à teoria da repressão e do recalque (que, para Freud, é a pedra angular da
psicanálise), além das muitas observações e experiências realizadas no âmbito da própria
clínica, corroboram-na também vários testes experimentais feitos com base em outras
técnicas: sugestão pós-hipnótica, testes projetivos, entrevistas controladas e aqueles
executados com instrumentos de precisão como o taquistoscópio, a tomografia
computadorizada, etc. Há, por exemplo, os testes realizados no começo do século passado
pelo psicólogo austríaco Herbert Silberer, o experimento de Saul Rosenzweig (British
Journal of Psychology, nr. 24, 1934, p. 247-65), o de Jerome Bruner e Leo Postman
(1947), o de Michel Anderson e Collin Green (2001) e o recente experimento de
M. Anderson e J. Gabrielli (2004) em que se fez uso da ressonância magnética funcional.
Claro que não se trata de provas terminantes, conclusivas. São provisórias, como o são os
resultados de quaisquer testes experimentais. E não é correto exigir da psicanálise o que
nem mesmo a ciência mais dura poder fornecer
5-CORRENTES PSICANALÍTICAS
escuridão a que ele não tem acesso e a nossa proposta de botar um pouco de luz na
obscuridade na mente. In = dentro de sight luminosidade dentro de.◊=
luminosidade
Fala também da grande descoberta de Freud sobre o papel dos sonhos como
mensagens em código de tudo o que se passa no inconsciente. Alerta para o cuidado
com interpretações mais estereotipadas dos símbolos e propõe que sempre é preciso ver o
que a pessoa quer dizer ou associar com uma imagem que aparece no sonho: “A
coisa é o contexto – é conversar com o paciente.”
Zimerman fala que Freud está em parte está superado, porque não saiu do Édipo.
Reconhece que ele foi até camadas mais primitivas, incluindo o conceito de
narcisismo, mas não há como negar que a cultura e os valores mudaram. Recorre à
metáfora de uma árvore que tem raízes fortemente plantadas no chão e que formam um
tronco, que dá galhos, ramos, que, por sua vez dão folhas, e flores, que deixam cair novas
sementes. Os ramos representam as novas escolas, que lançam as sementes
dos futuros.
2. Escola da teoria das relações objetais – Melanie Klein, Ferber. Objetos são
pessoas que entram pra dentro da gente, podem ser boas ou más. Klein falda de uma
inveja primária (inveja do seio da mãe). Os fatos que são penosos, que a criança quer
negar, ela dissocia, como se despedaçasse e projeta no outro, o que Klein denomina
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identificação projetiva.
3. Escola da Psicologia do Ego, que começou com Hartmann e que aborda as funções
da mente – atenção, concentração, pensamento, juízo crítico.
6. Winnicott
Freud (foi inventar que a criança tinha fantasias sexuais); Klein, que recuou no tempo
e percebeu que desde recém-nascidas já tinha fantasia e reações e Bion com a idéia de
campo analítico.
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Finalmente fala da patologia do vazio, onde existem carências, temos que suprir
complementar, preencher vazios. A análise é um momento sagrado para o paciente, um
espaço onde vai poder reproduzir as experiências mal resolvidas. Hoje a
transferência é vista como uma necessidade de repetição, onde o paciente mostra as
carências dele.
Para finalizar, alinha-se mais uma vez com Bion, chamando de crescimento mental o
resultado da análise. Opta por falar em término de uma análise, mas não cura, pois a vida
continua mudando e trazendo outros contornos
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Registro da Profissão
PSICANALISTA
Reconhecimento:
REGULAMENTAÇÃO DA PSICANÁLISE
CONTATOS:
SETEAD-
SEMINÁRIO DE EDUCACÃO TEOLÓGICA KERIGMA DIDACHE
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EMAIL: falecomsetead@gmail.com
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