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RESUMO ABSTRACT
Este artigo tem como objetivo principal realizar This paper aims at providing some point-
alguns apontamentos sobre a Epistemologia Fe- ers on Feminist Epistemology. We will dis-
minista. Abordaremos aqui ações individuais de cuss here the individual actions of ordinary
mulheres comuns ao longo dos tempos até o mo- women throughout the ages until the col-
vimento coletivo de mulheres nas décadas de 60 e lective movement of women in the 60’s and
70. Por que tivemos que buscar uma “alternativa” 70’s. Why we had to seek an “alternative”
ao modelo “clássico” e “tradicional” da Episte- to the “classical” model and “traditional”
mologia? Qual a real necessidade e importância epistemology? What is the real need and
de trabalharmos com a Epistemologia Feminista, importance of working with the Feminist
sobretudo quando realizamos pesquisas sobre Epistemology, especially when we conduct
mulheres, gênero e feminismo? Aqui buscamos research on women, gender and feminism?
levantar algumas dessas questões e, com isso, Here we try to raise some of these issues
acreditamos, em alguma medida, estar contribuin- and we believe in some measure be con-
do para os Estudos Feministas e de Gênero, que tributing to Women’s Studies and Gender
buscam visibilizar “as margens” nas quais as mu- visualizer search “margins” where for cen-
lheres estiveram durante séculos de silenciamento turies women have been muting (PERROT,
(PERROT, 2007). 2007).
Palavras-chave: Epistemologia; Feminismo; Gê- Keywords: Epistemology; Feminism; Gen-
nero; Mulheres. der; Women.
1
Mestre em Educação. Doutoranda em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Brasil. Bolsista CAPES. E-mail: motta.
amanda@terra.com.br.
2
Mestre em Educação. Doutora em Educação pela EST - Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio
dos Sinos (PGEDU/UNISINOS), Brasil. E-mail: edla@unisinos.br.
cia, uma vez que esta produz conheci- as distorções masculinas produzidas
mento. Evidentemente, trata-se de um por diferentes disciplinas, tais como
conhecimento marginalizado durante Biologia, Filosofia, História, Medicina
séculos, pois o conhecimento das mu- e a Ciências Sociais9.
lheres, devido a sua exclusão do mundo Acreditamos que nossa pesquisa
público, foi tecido em espaços priva- corrobora junto aos trabalhos de mui-
dos, logo, espaços tidos como óbvios tas outras feministas – tanto nos mo-
(EGGERT, 2002) e, consequentemente, vimentos sociais como na academia –
invisíveis, como o cotidiano artesanal e que buscam construir novos caminhos
doméstico, o espaço privado. de luta, justiça, respeito, sororidade10
e igualdade entre os sexos, pois, assim
5 Considerações finais como os movimentos sociais, a pesqui-
sa é, sem dúvida, uma forma importante
O movimento proposto por San- de nos descolarmos ao Sul.
tos (2009) de irmos ao Sul e aprender-
mos com e a partir do Sul, sem dúvida, Referências
leva-nos a perceber a diversidade de co-
nhecimento produzido nas “margens”.
CASTRO, Amanda Motta Angelo; AL-
Certamente, os movimentos sociais nas
décadas de 60 e 70 foram determinantes BERTON, M. ; EGGERT, Edla . Nísia
para o deslocamento de irmos ao Sul, Floresta a mulher que ousou desafiar
e para que as margens fossem visibili- sua época: Feminismo e Educação. In:
zadas. A partir desses movimentos, o VIII Congresso Iberoamericano de Ci-
feminismo tem produzido uma crítica ência, Tecnologia e Gênero, 2010, Curi-
contundente ao modo androcêntrico de tiba. Anais do VIII Congresso Ibero-
produção do conhecimento. Além des- americano de Ciência, Tecnologia e
sa crítica, tal movimento tem buscado Gênero. Curitiba: UFTPR, 2010.
funcionar num alternativo de operação
e articulação na esfera do conhecimen-
CASTRO, Amanda Motta Angelo; BE-
to, pois faz (re)leituras e novas leituras
sabendo que a nossa construção como CKER, Márcia. Regina. ; EGGERT, Edla.
mulheres passa pelas nossas próprias Técnica e Arte: Trabalho artesanal produ-
histórias, que são marcadas pela diver- zido por mulheres e sua (in)visibilidade
sidade. São essas experiências do nos- social. In: XI Simpósio Internacional IHU:
so cotidiano que nos permitem realizar O (des)governo biopolítico da vida hu-
nossa “leitura de mundo”, conforme mana, 2010, São Leopoldo: IHU, 2010.
nos ensina Paulo Freire (2006), e, por
meio dessa leitura, há novas descober- DEIFET, Vanda. O corpo e o cosmo. In:
tas, novas mulheres silenciadas através TIBIRI, Macia, MENEZES, Magali e
dos séculos, novos processos que pro-
EGGERT, Elda. As mulheres e a filoso-
pomos visibilizar.
A busca pela valorização das fia. São Leopoldo, UNISINOS, 2002.
epistemologias do Sul é desafiadora,
e acreditamos serem inegáveis as con- DUARTE, Constância Lima. Nísia Flo-
quistas das mulheres no campo cientí- resta: Vida e Obra. Natal: Ufrn, Editora
fico, nos poucos anos de epistemologia universitária, 1995.
feminista. Para João Nunes (2009), a
critica feminista e a busca pelo reco-
nhecimento da epistemologia Feminista 9
No seu artigo intitulado “O Resgate da Epistemologia”, João Nunes apon-
ta importantes estudos realizados por feministas, e como esses estudos
é essencial para o conhecimento cienti- influenciaram a mudança do padrão da “normatividade androcêntrica”.
fico pois a epistemologia feminista trás Sororidade, palavra resgatada pela Teologia Feminista que significa “ir-
10
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