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MASSIVA
(SEGUIDO DE ANÁLISE SOBRE A EXPOSIÇÃO “O DESIGN
DA PESCA NO MARANHÃO”)1
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As seis funções da linguagem propostas por Roma Jakobson – a definirem os modos com os quais nós
fazemos funcionar a comunicação – podem vir inter-relacionadas em uma mesma mensagem, embora
uma delas sempre predomine. Eco (2013, p. 52), ao expor de maneira sintética as seis funções da
linguagem de Jakobson, as ordena e resume da seguinte maneira: a) referencial: “a mensagem tenciona
denotar coisas reais (inclusive realidades culturais) ”; b) emotiva: “a mensagem visa a suscitar reações
emocionais”; c) imperativa: “a mensagem representa uma ordem”; d) fática ou de contacto: “a mensagem
finge expressar ou suscitar emoções, mas na verdade pretende unicamente verificar e confirmar o
contacto entre os dois interlocutores”; e) metalinguística: “a mensagem elege para seu objeto outra
mensagem”; f) estética: “a mensagem assume uma função estética quando se apresenta estruturada de
modo ambíguo [ambíguo em relação ao sistema de expectativas que é o código, revelando as
potencialidades deste] e surge como auto reflexiva, isto é, quando pretende atrair a atenção do destinatário
primordialmente para a forma dela mesma, da mensagem”.
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Informação disponível em https://www.omelete.com.br/blade-runner/blade-runner-o-cacador-de-
androides
maior número de pessoas possível. Bem diferente daquele tipo de espectador-modelo
que pressupomos que filmes como Mother! (Mãe, 2018, dir. Darren Aronovsky) ou
Enemy (O Homem Duplicado, 2013, dir. Denis Villeneuve) preveem ou procuram
formar. Espectadores-modelo dispostos a jogar um outro “jogo”.
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Tendo por base, claro, o conceito peirciano de interpretação.
Percebam que a luz vai rareando conforme vamos descendo os olhos ao longo
deste recorte – o que denota uma preocupação com um trabalho de iluminação bem
específica para o ambiente: intimista, quase lounge. A escolha da coloração verde-
escuro (e marrom em um trecho considerável) enquanto isotopias recorrentes no
revestimento das paredes internas da exposição se faz evidente dada a marca semântica
<<águas maranhenses>> que tais matizes podem acionar em dado contexto. (Escolhas
cromáticas, aliás, que seriam muito bem acompanhadas por um som ambiente de água
corrente caso essa proposta de imersão fosse levada à cabo sonoramente também). Mas
tudo isso são atos comunicativos “acessórios” que pretendem nos enviar ao que
realmente importa ali: ao contato sensitivo-ocular com os objetos da exposição, cuja
beleza, engenhosidade e funcionalidade (a compor um trio conceitual necessário caso
queiramos falar em design) são os alvos cognitivos visados na comunicação com os
visitantes da exposição.
REFERÊNCIAS:
ECO, Umberto. Lector in fabula. Trad.: Attílio Cancian. – São Paulo: Perspectiva,
2011.
JÚNIOR, Antonio Barros de Brito. Arte e abdução na obra teórica de Umberto Eco.
Cadernos de Semiótica Aplicada, V.8, n.1, agosto de 2010. Disponível em
https://periodicos.fclar.unesp.br/casa/article/viewFile/2943/2705. Acessado em
26/11/2019.