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JUNHO DE 2020
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2019/2020
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
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Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo
Autor.
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai e tio por todo o suporte dado para que eu pudesse realizar este curso e por estarem sempre
presentes nos momentos bons e nos mais difíceis que enfrentei.
Um agradecimento especial para o meu namorado, João, que esteve ao meu lado durante todo o percurso
da Universidade, dando-me sempre força e suporte quando foi preciso.
Ao meu professor, Eng.º José Pedro Tavares, pelo apoio incondicional disponibilizado para a realização
deste trabalho de dissertação.
À Eng.ª Elza Mendes, da CACAO, por ter aberto as portas da sua empresa e por todo o apoio que me
deu no meu primeiro contacto com um gabinete de projetos.
Finalmente, ao professor Eng.º Adalberto França, por todos os ensinamentos nas salas de aula que levo
para a vida, por fazer eu me apaixonar ainda mais pelo ramo de Vias de Comunicação.
A toda a minha família que, mesmo de tão longe, consegue apoiar-me e ajudar-me a ultrapassar todas
as adversidades, obrigada.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
RESUMO
No âmbito da unidade curricular de dissertação, do presente plano de estudos do Mestrado Integrado em
Engenharia Civil, da Universidade do Porto (FEUP), foi realizado o trabalho que seguidamente se
apresenta, com o objetivo principal de acompanhar o desenvolvimento de um projeto ferroviário para o
Malawi.
O trabalho desenvolvido na CACAO – Civil Engineering, teve como objetivo a elaboração de um
Projeto de Execução para um ramal de ligação entre uma via principal e as instalações do Cliente,
Malawian Fertilizer Company.
Este trabalho tem como base duas grandes temáticas: o estudo teórico de toda a envolvente associada a
um projeto ferroviário e a execução prática do projeto em si. Através do estudo teórico adquiriu-se o
conhecimento base para a compreensão das etapas e resultados práticos obtidos a partir do
desenvolvimento do projeto.
Este trabalho faz uma apresentação dos principais constituintes de uma ferrovia, sendo iniciado pelo
estudo da superestrutura e infraestrutura, que estão presentes em todo o desenvolvimento prático.
Seguiu-se o estudo das fases constituintes de um projeto de caminhos de ferro, que vão desde a receção
do Programa Preliminar até à conclusão do Projeto de Execução. O estudo desta componente fez-se
acompanhar das informações descritas na portaria n.º 701-H/2008, que enunciam as diferentes etapas e
elementos a serem entregues em cada uma delas.
Com base nos critérios normativos em vigor, pretendeu-se obter uma infraestrutura segura, que satisfaça
os seus objetivos principais de transporte e seja economicamente viável. Ao longo deste documento
foram ainda expostos outros elementos normativos considerados relevantes para a execução deste
projeto.
Finalmente, segue-se uma descrição exemplificada do processo de tomadas de decisão para a elaboração
do Projeto de Execução.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ABSTRACT
The following thesis (part of the present study plan of the Integrated Master in Civil Engineering from
the University of Porto – FEUP), comprises the research work carried out with the primary goal of
follow the development of a railway project in Malawi.
The work developed at CACAO – Civil Engineering, had as objective the elaboration of a Detailed
Design for a new Compound Rail Connection.
This study was developed according to two main subjects: the theoretical study and the design of a
railway. The theoretical study is intended to guarantee all necessary knowledge acquired to understand
the practical results that shall be obtained by the development of the steps of the design.
This work presents the main components of a railway, beginning with the study of the superstructure
and infrastructure, which are present in all practical development.
This was followed by the study of the stages associated with a railway design, since the Preliminary
Design to the end of the Detailed Design. This study was based in the information described in the
Ordinance n. º 701-H/2008, that mention the different stages and the elements that should be delivered
at them.
Based in standards, the intention was to obtain a secure infrastructure that also is economically viable.
Throughout this document codes and norms that was considered relevant for the execution of the project
was referred.
Lastly, was demonstrate the development and choices process related a Detailed Design.
KEYWORDS: Railway, Detailed Design, Superstructure, Rail track alignment, Track materials.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ i
RESUMO ......................................................................................................................... iii
ABSTRACT ....................................................................................................................... v
1. INTRODUÇÃO................................................................. 1
Enquadramento geral......................................................................................................... 1
Objetivos ............................................................................................................................ 2
Apresentação da empresa e atividades desenvolvidas ................................................... 3
Estrutura da dissertação.................................................................................................... 3
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Velocidade ................................................................................................................... 20
Escala .......................................................................................................................... 20
Insuficiência de escala ................................................................................................. 21
Excesso de escala ....................................................................................................... 21
Raio mínimo das curvas em planta ............................................................................... 21
Curvas de transição ..................................................................................................... 22
Raio da curva em perfil e rampa máxima (concordância e trainéis) ............................... 23
Aceleração vertical ....................................................................................................... 23
Solicitações ...................................................................................................................... 24
ESFORÇOS VERTICAIS ........................................................................................................ 24
ESFORÇOS TRANSVERSAIS ................................................................................................. 24
ESFORÇOS LONGITUDINAIS ................................................................................................. 25
Comportamento mecânico da via.................................................................................... 25
CARRIL – CÁLCULO DOS MOMENTOS FLETORES ................................................................... 25
TRAVESSA ........................................................................................................................ 25
BALASTRO ........................................................................................................................ 26
Aparelhos de mudança de via ......................................................................................... 26
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Construção da via......................................................................................................... 51
Outros trabalhos ........................................................................................................... 52
APARELHOS DE MUDANÇA DE VIA ......................................................................................... 52
TERRAPLANAGEM E CONDIÇÕES GEOTÉCNICAS ..................................................................... 53
DRENAGEM ....................................................................................................................... 53
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 53
Projeto de execução......................................................................................................... 54
TRAVESSA ........................................................................................................................ 63
BALASTRO E SUB-BALASTRO ............................................................................................... 64
Ficha UIC 719 R ........................................................................................................... 67
ORDEN FOM/1631/2015 .............................................................................................. 69
N.R.V. 3-4-1.0 .............................................................................................................. 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 73
5. CONCLUSÃO .................................................................... 75
Anexos..................................................................................................................................... 79
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ÍNDICE DE FIGURAS
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação do tráfego de acordo com a ficha UIC (N.R.V. 2-1-0.1.) ............................... 18
Tabela 2 - Elementos do Programa Preliminar (Portaria n. º701-H/2008 de 29 de julho) .................... 32
Tabela 3 - Elementos do Programa Base (Portaria n. º701-H/2008 de 29 de julho)............................ 33
Tabela 4 - Condicionantes de um projeto .......................................................................................... 35
Tabela 5 - Elementos do Estudo Prévio (Portaria n. º701-H/2008 de 29 de julho) .............................. 37
Tabela 6 - Elementos do Anteprojeto (Portaria n. º701-H/2008 de 29 de julho) .................................. 38
Tabela 7 - Elementos do Projeto de Execução (Portaria n. º701-H/2008 de 29 de julho) .................... 40
Tabela 8 - Raio da curva horizontal (EN13803) ................................................................................. 54
Tabela 9 - Valores limite para a escala, D ......................................................................................... 55
Tabela 10 - Quadro síntese valores limite para a Escala, D ............................................................... 57
Tabela 11 - Limites superiores para insuficiência............................................................................... 58
Tabela 12 - Limites superiores para a insuficiencia de escala em AMV (EN 13803:2014) .................. 58
Tabela 13 - Limite do excesso de escala (EN 13803:2014)................................................................ 59
Tabela 14 - Limites inferiores do comprimento da curva de transição ................................................ 59
Tabela 15 - limites inferiores para o raio vertical, Rv,lim (EN 13803:2014) ........................................... 60
Tabela 16 - Limites inferiores do fator do raio vertical qR,lim (EN 13803:2014) ..................................... 60
Tabela 17 - Limite inferior do comprimento das curvas verticias (EN 13803:2014) ............................. 61
Tabela 18 - Informações do Fabricante INFRASET ........................................................................... 64
Tabela 19 - Parâmetros para determinação do Tráfego médio diário equivalente (IF-3) ..................... 66
Tabela 20 - Valores para os fatores corretores Sv e Sm (IF-3)........................................................... 67
Tabela 21 - Valores base para o cálculo da espessura mínima e camadas de assentamento (IF-3) .. 68
Tabela 22 - Classes de Tráfeo UIC ................................................................................................... 69
Tabela 23 - Espessura mínima do balastro em função da velocidade de circulação (IF-3) ................. 69
Tabela 24 -Valores comparativos do balastro .................................................................................... 73
Tabela 25 - Síntese do processo de realização de um Projeto de Execução...................................... 74
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
b – bitola [mm]
Tf2 – tráfego fictício [t/dia]
Te – tráfego médio diário equivalente [t/dia]
φ – tombo
ac – aceleração centrífuga [m/s2]
anc – aceleração não compensada [mm]
b’ – bitola + comprimento da cabeça do carril [mm]
L – comprimento das curvas de transição no plano horizontal [m]
h – escala [mm]
D – escala [mm]
DR,lim – limite da escala para curvas de raio reduzidos [mm]
DEQ – escala de equilíbrio [mm]
qE – fator para cálculo da escala de equilíbrio: 11,8 mmm.(h/km)2
I – insuficiência de escala [mm]
Ilim – limite da insuficiência de escala [m]
LV – comprimento da curva vertical [m]
E – excesso de escala [mm]
Elim – limite do excesso de escala [m]
LD – comprimento da transição de escala [m]
Lk,lim – limite do comprimento da curva de transição [m]
RV – raio da curva vertical [m]
RV,lim – limite do raio da curva vertical [m]
qR,lim – limite inferior do fator para o raio vertical [mh2/km2]
V – velocidade [km/h]
R – raio da curva horizontal [m]
eb – espessura mínima do balastro [cm]
esb – espessura do sub-balastro [m]
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ASTM D 1557 - Standard Test Methods for Laboratory Compaction Characteristics of Soil Using
Modified Effort (56,000 ft-lbf/ft3(2,700 kN-m/m3))
CEN – European Committee for Standardization
EN - Norma Europeia
EN 13450 - Aggregates for railway ballast
EN 14730-1 - Railway applications - Track - Aluminothermic welding of rails - Part 1: Approval of
welding processes
EN 14730-2 - Railway applications - Track - Aluminothermic welding of rails - Part 2: Qualification of
aluminothermic welders, approval of contractors and acceptance of welds
EN 13674-4 - Railway applications - Track - Rail - Part 4: Vignole railway rails from 27 kg/m to, but
excluding 46 kg/m
IPQ – Instituto Português da Qualidade
ISO – Organização Internacional de Normalização
MFC – Malawian Fertilizer Company
N.R.V. – Normas Adif Vía
N.R.V. 2-1-0.1 – Obras de tierra. - Capas de asiento ferroviarias
N.R.V. 3-4-1.0 – Balasto. - Dimensionado de la banqueta
Orden FOM/1631/2015 - Instrucción para el proyecto y construcción de obras ferroviarias IF-3. Vía
sobre balasto. Cálculo de espesores de capas de la sección transversal
prEN - Draft European Standard
prEN 13803 – Railway applications - Track - Track alignment design parameters - Track gauges 1435
mm and wider
RENFE - Red Nacional de los Ferrocarriles Españoles
UIC - Union internationale des chemins de fer
UIC 719 R - Earthworks and Track Bed Construction for Railway Lines
UIC 714 R - Classification of lines for the purpose of track maintenance
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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INTRODUÇÃO
ENQUADRAMENTO GERAL
Os primeiros vestígios de um sistema de transporte ferroviário, tal como conhecemos hoje, surgiram na
Grécia no século 6 a.C. e tinham como principal objetivo o transporte de barcos. Existem ainda
referências distintas em diferentes épocas, sendo que os primeiros registos com referências de veículos
próximo ao que temos hoje datam de 1350, na catedral de Freiburg, de 1515 numa descrição realizada
pelo cardeal Matthäus Lang relativa a uma espécie de funicular que permitiria o acesso ao castelo de
Hohensalzburg na Áustria e de 1550 numa gravura em Bsel, Suíça, com representações de métodos de
transporte em minas na Alsácia.
Na sua forma atual podemos associar o seu surgimento em minas britânicas no século XIX em que o
transporte do minério era realizado por locomotivas a vapor. A partir desta data não demorou a
adaptação deste meio para o transporte de passageiros e mercadorias, observando-se que em 1835 os
veículos já conseguiam atingir os 100km/h.
O seu surgimento e utilização foi de importância extrema para a criação de novas indústrias e para o
desenvolvimento socioeconómico das sociedades, tendo desempenhado um papel fundamental durante
a Revolução Industrial. Durante o século XIX, este modo sofreu diversos desenvolvimentos, sendo
construídas a nível mundial diversas linhas ferroviárias, tendo muitas delas sido expandidas dentro dos
vários países que as implementaram, durante o século XX.
Durante este período deu-se uma grande evolução em diferentes áreas da ferrovia, ao nível quer da
infraestrutura quer do veículo, tais como o surgimento de diferentes perfis de carris, que variavam
consoante os fabricantes e o tipo de veículo, foram surgindo novas locomotivas, carruagens e vagões,
evoluindo também os sistemas de freio e dos rodados em bogies, refletindo a importância no transporte
de passageiros tendo em atenção o conforto e a suavidade das viagens. Observe-se que ao nível do perfil
surgem também variações na dimensão das bitolas implantadas, diferentes das 1435mm inicialmente
utilizadas.
Paralelamente a esta evolução dos materiais e sistemas, houve implementação do transporte ferroviário
ao nível urbano e metropolitano. Aos poucos começaram a aparecer grandes obras de arte, como pontes,
viadutos e túneis, que passavam a estabelecer a ligação entre regiões mais distantes, nascendo também
algumas grandes e monumentais estações de passageiros e mercadorias.
Em Portugal, como para alguns outros países, os caminhos de ferro tiveram uma grande importância na
evolução histórica, surgindo em 1856 com a primeira locomotiva a sair do Cais dos Soldados,
atualmente a Estação de Santa Apolónia. Em 1864 temos a conclusão da linha do Norte que ia até Vila
Nova de Gaia, sendo o maior desafio inerente a esta linha a travessia do rio Douro e, por isso, só em
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
1877 se faz a sua ligação à Campanhã. A linha Leste chegou a Badajoz em 1863 e, ainda no Norte,
temos a chegada a Braga em 1875, a Valença em 1882 e em 1886 à Galiza. A linha do Douro, que foi
de progressão difícil devido ao relevo da região, foi concluída em 1887 com a chegada à fronteira de
Barca d’Alva e, só após 25 anos da chegada ao Norte, temos a ligação a Faro concluída em 1889.
A criação dos caminhos de ferro permitiu a ligação entre populações, regiões e países que de alguma
forma estavam isolados. Salientando a sua grande importância também na I e II Guerra Mundial, onde
levavam de forma rápida homens, armas e alimentos onde estes eram necessários.
No ano de 1879, numa exposição em Berlim, é apresentada a primeira locomotiva elétrica, surgindo
mais tarde as locomotivas com turbinas a gás e os comboios de alta velocidade, que poderiam atingir
300 km/h. São desenvolvidas no Reino Unido locomotivas a diesel, aparecendo nas décadas que se
seguiam os primeiros veículos de alta velocidade com esta tecnologia. Em Portugal temos a primeira
tração diesel em 1938.
Apesar do mundo estar em constante evolução técnica e científica, o transporte ferroviário continua a
ser de grande valia. A ferrovia pode ser considerada o método mais eficiente, rápido e barato de
transportar pessoas e bens no mundo. Falamos de um sistema capaz de transportar grandes quantidades
de carga de uma só vez associado ao custo normalmente baixo, tendo como contraposto os valores
associados à sua construção e conservação/manutenção elevados. Falamos de um sistema de transporte
de confiança e seguro, que têm um alto grau de automação, que atinge velocidades superiores à dos
automóveis com um nível de conforto comparável.
Nos dias de hoje, ainda temos países onde os caminhos de ferro são o principal meio de transporte para
passageiros e mercadorias, sendo, de certa forma, possível assumir que todas as nações industrializadas
têm redes ferroviárias bem desenvolvidas e espalhadas por todo o país. É importante referir que, apesar
de todas as mais valias relacionadas a este sistema de transporte e a sua grande utilização em muitos
países, em alguns casos existe a mesma infraestrutura desenvolvida no século passado, no que diz
respeito às linhas e elementos associados. Estes não foram substituídos ou adaptados para que, por
exemplo, veículos de alta velocidade pudessem circular e a maioria das linhas não foram ampliadas de
modo a proporcionar uma operação mais eficiente, nem grandes novas linhas foram criadas.
OBJETIVOS
No decorrer deste trabalho será detalhado o funcionamento deste sistema de transporte, em associação
à exemplificação de como é realizado um projeto na área no século XXI, tendo dois objetivos principais:
▪ Explicitar as etapas relacionadas a um projeto ferroviário, desde o seu planeamento até ao
Projeto de Execução;
▪ Descrever as dificuldades inerentes à realização de um projeto ferroviário por uma empresa
nacional, para aplicação prática noutro país que se rege por diferentes normas e regras, como
acontece no Malawi, caso de estudo para este trabalho de dissertação.
Sendo assim, para que tais objetivos pudessem ser cumpridos recorreu-se ao acompanhamento da
realização de um projeto através da empresa projetista e ao estudo das normas e documentos em vigor
referentes a cada país.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O presente documento está organizado em cinco capítulos, sendo descritos seguidamente.
No capítulo atual é realizado um enquadramento geral do tema abordado neste documento, juntamente
dos objetivos e metodologias utilizadas no desenvolvimento deste trabalho. Sendo também realizada
uma apresentação da empresa de acolhimento – CACAO Engineering, tal como a apresentação do
trabalho e atividades desenvolvidas.
No capítulo 2 é realizada uma integração maior ao tema, sendo feita uma breve descrição dos principais
elementos existentes numa linha férrea.
O capítulo 3 é constituído pelas etapas a serem realizadas em projeto de caminhos de ferro, com
descrição dos passos e elementos a serem entregues a cada conclusão.
Para o capítulo 4 tem-se a apresentação de um trabalho prático, sendo exposto o caso em estudo com o
desenvolvimento do projeto de execução realizado.
Para finalizar, apresenta-se no capítulo 5 as conclusões sobre os temas abordados.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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VIA FERROVIÁRIA
Todos os elementos que constituem a via asseguram uma determinada função, no sentido de
proporcionar um funcionamento global e equilibrado, que serão descritos no decorrer deste capítulo.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
INFRAESTRUTURA
Plataforma
Muitas vezes designada por solo de fundação, é a primeira camada de toda a estrutura. É sobre ela que
são assentes todas as outras camadas de apoio, sendo geralmente formada por solos locais selecionados.
Esta suporta toda a via e transmite as cargas provenientes do tráfego para o terreno ou aterro, devendo
nunca atingir a rotura ou sofrer deformações excessivas, servindo de apoio à superestrutura e às camadas
de apoio da via.
O sistema internacional de classificação ferroviária UIC (Union internationale des chemins de fer)
classifica as plataformas em três classes distintas, P1, P2 e P3, onde correspondem a uma plataforma
medíocre, média e boa, respetivamente. Esta classificação é definida pela Ficha UIC 719 R (Obras de
Materiales Sueltos y Capas de Asiento Ferroviarias), que também apresenta uma proposta para o seu
dimensionamento com base nas características e nas propriedades mecânicas dos solos utilizados.
Coroamento
Esta camada, também designada por leito, existe apenas quando a qualidade dos materiais da plataforma
não apresenta requisitos mínimos.
É constituída por materiais de melhor qualidade, o que permite uma transição suave entre a fundação e
o sub-balastro. Observe-se que a respetiva implementação evita a colocação de grandes espessuras da
camada de sub-balastro que é constituído por materiais de qualidade superior e, consequentemente, de
maior custo.
Por último, será de referir que esta camada, quando presente, é um elemento que protege o solo
subjacente.
SUPERESTRUTURA
Neste ponto irá descrever-se de uma forma sucinta os diferentes elementos constituintes da
superestrutura, nomeadamente as camadas de sub-balastro e balastro, os diferentes tipos de travessas e
de carris e respetivos elementos de fixação.
Sub-balastro
A camada de sub-balastro é a que, inserida na da superestrutura, apresenta maior importância em termos
estruturais.
De facto, esta camada existe devido à necessidade de proteção da plataforma e redução do nível de
tensões nos solos, protege a fundação contra as ações do gelo (importante para locais onde existam
temperaturas consideravelmente baixas) e cria uma barreira entre a plataforma e o balastro, impedindo
que os elementos finos migrem. Esta camada também tem a função de impermeabilização, evitando a
passagem de águas para o solo de fundação.
Assim, o sub-balastro deve ser pouco deformável e de baixa permeabilidade, sendo constituído,
normalmente, por materiais de origem granular podendo, em alguns casos, ser utilizado material
betuminoso em caso de escassez, no local, de materiais granulares de boa qualidade.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Balastro
A camada de balastro tem um papel fundamental no comportamento da via no que se refere à
estabilidade, quer vertical quer horizontal, desempenhando diversas funções, nomeadamente:
▪ Apoio para as travessas;
▪ Resistência às ações verticais, laterais e longitudinais aplicadas a esta, de modo a manter o seu
alinhamento;
▪ Absorção de vibrações;
▪ Escoamento de materiais poluentes provenientes do material circulante e águas da chuva;
▪ Redução da tensão transmitida pelas travessas às camadas subjacentes, fazendo a transferência da
forma mais uniforme possível.
Na Figura 2 apresenta-se uma imagem onde pode ser visualizado este elemento, realçando-se que o
mesmo só consegue assegurar estas funções quando formado por rocha dura, de peso elevado,
apresentando forma angular e superfícies rugosas, devendo estar sempre limpo de detritos.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Travessa
A travessa permite fixar as duas fileiras de carris, tendo como objetivos assegurar a bitola da via
(distância entre faces interiores dos carris) durante toda a vida útil da infraestrutura ferroviária e,
transmitir os esforços, função do material circulante, dos carris para o balastro.
Assim, as travessas devem apresentar resistência adequada aos esforços transmitidos e boa durabilidade
e a sua secção deve ser suficiente para lhe conceder a rigidez necessária, devendo apresentar alguma
elasticidade. Deve ainda garantir uma adequada fixação do carril e o amortecimento parcial das
vibrações.
Relativamente ao tipo de material, existem diversos tipos de travessas, nomeadamente de madeira, de
betão ou metálicas, que se apresentam nos subpontos seguintes. Para a escolha da travessa a utilizar são
tidos em conta os aspetos técnicos e a questão económica que têm em atenção não só o custo das
travessas e respetivas fixações, mas também o valor associado à conservação e a sua vida útil.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
recursos disponíveis, sendo a mais utilizada em Portugal a madeira de Pinho, existindo algumas linhas
de Carvalho, Sobreiro ou Freixo.
Devido ao aparecimento de parasitas e ao apodrecimento que as travessas sofrem, é necessário a
realização de um tratamento para que se possa aumentar a sua vida útil.
Este tipo de travessa apresenta boa elasticidade e baixa sonoridade, podendo ser muitas vezes reutilizada
para outros propósitos depois de retirada das linhas. Por outro lado, existe dificuldade na manutenção
da bitola e apresenta uma baixa resistência aos esforços horizontais.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Outro tipo de travessa de betão são as monobloco (Figura 7), constituída por betão pré-esforçado sendo
a mais utilizada na Europa. Esta, função do material e do tipo de configuração, consegue anular a
fendilhação e resiste muito bem às alterações de tensão.
Apesar de existirem grandes variações de país para país (dependendo sobretudo da bitola da linha) o seu
peso confere à via grande estabilidade, conservando bem a bitola, sendo mais baratas que as bi-bloco
apesar do seu período de vida ser cerca de 10 anos menor. Contém mais resistência que as travessas de
madeira e distribui melhor as cargas que as travessas bi-bloco. Contudo, como nem tudo são vantagens,
não distribuem as cargas de melhor forma que as travessas feitas de madeira.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Na escolha da travessa a utilizar são tidos em conta os aspetos técnicos e a questão económica. A questão
económica pode ser um problema relevante, que tem em conta o custo das travessas e das suas fixações,
o valor associado à sua conservação e a sua vida útil.
Carril
O carril é o elemento responsável pelo guiamento do material circulante, através dos seus rodados. É
muito importante apresentar uma superfície de contacto lisa, de modo a que a circulação seja feita de
forma segura e cómoda. Irregularidades na superfície contribuem para um aumento do carregamento
dinâmico da via.
Tendo como funções principais o rolamento e o suporte de cargas, é importante que este possua dureza,
tenacidade, elasticidade, resistência à flexão, à tração e ao desgaste adequadas. Em termos estruturais o
funcionamento do carril pode ser comparado ao de uma viga, que transfere as cargas provenientes das
rodas para as travessas, sem haver uma flexão excessiva.
O que caracteriza os diferentes tipos de carris, para além da sua composição, é a sua secção transversal,
o seu peso por unidade de comprimento e o seu momento de inércia. Muitas vezes, de forma
simplificada, podemos dizer que a resistência de um carril pode ser “medida” através do seu peso por
metro, assumindo que quanto maior for este peso mais resistente este é.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Existem diferentes tipos de carris, sendo o de uso mais generalizado o tipo Vignole. Dentro dos vignole
podem-se obter variações distintas, no que diz respeito ao seu perfil, por alteração das dimensões da
cabeça (i), alma (ii) e patilha (iii). Em vias urbanas podem ser encontrados carris Phoenix, tipo gola,
uma vez que são embebidos mais facilmente nos pavimentos, apresentando-se na Figura 9 exemplos
destes tipos de carris.
a) b) (i)
(ii)
(iii)
Elementos de fixação
A fixação, como seu próprio nome diz, tem como objetivo assegurar a ligação adequada dos carris às
travessas, não permitindo deslocamentos e garantindo a bitola da via, podendo estas ser dos tipos rígido
e do tipo flexível ou elástica (Figura 10).
As fixações rígidas são apenas utilizadas em travessas de madeira ou metálicas, sendo ligadas à travessa
por parafusos ou pregos - “tirefonds”. As fixações elásticas são sobretudo utilizadas em travessas de
betão, onde os movimentos ascendentes e descendestes do carril são controlados por uma espécie de
mola, designada por garra ou grampo.
O tipo de fixação utilizado numa determinada via-férrea está, sobretudo, relacionado com o tipo de
travessa a ser utilizado.
a) b)
Fig. 10 - Exemplo de fixação rígida (a) (ACADEMIC, 2020) e elástica (b) (PANDROL, 2020)
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Esta é uma característica fundamental do traçado e das condições de exploração, existindo variações
para diferentes países. Na figura seguinte podemos observar as diferentes bitolas pelo mundo.
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construção da via, isto porque têm um perfil transversal mais curto, economizando em expropriações,
terraplanagens e obras de arte.
Para além das vantagens económicas, uma bitola mais estreita permite uma melhor adaptação ao terreno,
podendo ser implantadas curvas de menor raio, sem que haja desgaste excessivo do material, também
podendo existir rampas com maiores declives. Um material circulante de menores dimensões também
representa menores cargas por eixo e, consequentemente, exige superestruturas com capacidade de
suporte menores, podendo ser utilizados carris mais leves, travessas menores e balastros de menor
espessura.
A bitola normal, referida muitas vezes como bitola padrão ou standard, tem 1435mm e é a mais utilizada
em todo o mundo, sobretudo em países onde os caminhos de ferro são mais evoluídos. Dentro das bitolas
estreitas temos a métrica, com 1000 mm. Portugal utiliza nas suas redes principais uma bitola de 1668
mm, designada por Bitola Ibérica.
Tombo
Os comboios que circulam numa via-férrea possuem rodas de arcos troncocónicos, com uma dada
inclinação em relação à horizontal (Figura 13). De modo a haver uma correta interação das rodas com o
carril, é dada uma inclinação ao carril, muitas vezes sendo imposta pela travessa no qual é assente.
O tombo nada mais é do que o ângulo entre o eixo de simetria do perfil do carril (novo – pois esta pode
variar com o uso/tempo) e a perpendicular do seu plano de rolamento. Na figura 14 pode-se observar
tanto a geometria das rodas, como o tombo e o contacto roda-carril.
O tombo tem como objetivo principal o guiamento dos veículos, atraindo estes para o eixo da via,
durante o seu movimento. Esta disposição tem como consequência o movimento de lacete, que é a forma
como o veículo circula sobre os carris.
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A inclinação dada ao carril usualmente tem valores de tangente como 1/20 ou 1/40, podendo variar
consoante a velocidade de circulação da linha. Estes dois valores, por exemplo, são utilizados para linhas
com velocidade inferior a 280 km/h. Quando falamos de velocidades superiores aos 280 km/h
normalmente temos os carris com um tombo igual a 1/20, podendo ser assente com uma inclinação
distinta proposta pelo gestor da infraestrutura.
Conicidade equivalente
Este é um dos parâmetros que caracteriza o comportamento dinâmico de um veículo ferroviário no que
respeita à interface roda-carril, explicando este contacto no que diz respeito a alinhamentos e curvas de
grande raio.
Tendo em consideração o conceito de tombo e o movimento de lacete acima referido, o espaço entre a
roda e a cabeça do carril permite que haja algum movimento transversal. Este parâmetro descreve o
movimento sofrido pelo veículo durante a sua circulação (Figura 15).
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Gabarits
Também designado por cérceas, é um dispositivo que se refere em alguns casos ao espaço que deve ser
deixado livre de obstáculos numa linha, e noutros casos às dimensões transversais máximas dos veículos,
permitindo uma passagem segura das massas circulantes. São estes os gabarits de obstáculos e os
gabarits de material circulante, respetivamente.
Os gabarits de material circulante podem ser estáticos ou cinemáticos, sendo que no segundo caso são
considerados os deslocamentos geométricos e dinâmicos a que estes estão sujeitos, tendo em conta a
souplesse das suspensões. Compreende-se desta forma que, diferente dos gabarits em alinhamento reto,
os gabarits em curva são de definição mais complexa, tendo em consideração os efeitos da escala e da
rigidez da base dos veículos. Existem diferentes tipos de gabarits como o estrutural ou de carga, podendo
alguns exemplos ser observados na Figura 16.
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PARÂMETROS DO TRAÇADO
Velocidade
Existem velocidades máximas e mínimas de operação, sendo elas valores dependentes das
características do veículo e da via. Estas velocidades estão diretamente associadas aos valores de
excesso e insuficiência de escala admissíveis.
Escala
A escala é um parâmetro relacionado com a segurança, que quantifica a diferença de cotas entre o eixo
das duas filas de carris, numa mesma secção transversal quando em alinhamentos curvos. A implantação
da escala tem como objetivo a limitação dos esforços transversais, de maneira a que os dois carris
possam desgastar-se de forma similar, contribuindo também para um maior conforto dos passageiros
(ou evitar possíveis deslizamentos de mercadorias).
Consiste, desta forma, na elevação da fila exterior em relação à interior, para equilibrar as forças
associadas ao movimento em curva da massa circulante, aproximando-se ao máximo das condições
existentes em reta – Figura 18.
Tendo como objetivo principal limitar os esforços transversais e, consequentemente, diminuir o máximo
possível os efeitos da força centrífuga, o valor da escala “ótima” depende da curva, do veículo e da sua
velocidade de circulação. Para diferentes veículos, de carga e passageiros por exemplo, serão obtidos
valores distintos. Esta escala “ótima” é a designada escala teórica, e representa a escala que anula
completamente os efeitos da força centrífuga, para determinadas condições.
A existência de uma linha em que todas as forças fossem equilibradas, com desgaste idêntico nos carris,
só seria possível se nela apenas circulassem veículos idênticos a uma mesma velocidade. Como na
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maioria das linhas tal não acontece, recorre-se à chamada escala “real” (ou prática). Esta escala prática
é calculada levando em conta os diferentes veículos, não sendo desta forma possível anular os efeitos
da força centrífuga para todos os comboios que irão circular.
Assim, para a velocidade máxima associada ao veículo mais rápido, a escala teórica obtida levaria a que
todas as outras composições que circulassem a velocidade inferior esforçassem mais o carril da fila
interior (baixa). Pelo contrário, ao calcular a escala para a velocidade mínima dos veículos mais lentos,
todas as composições que circulassem a velocidade mais alta iriam curvar forçando a fila exterior (alta).
Tendo estas questões em consideração, e uma vez que procuramos obter um desgaste semelhante nas
duas filas ao longo do tempo, há que estabelecer um valor de escala adequado para um determinado tipo
de tráfego previsto.
Insuficiência de escala
Percebendo os conceitos de escala e ao que está relacionada, a insuficiência de escala acontece quando
numa curva a escala adotada, real, é menor que a teórica do veículo que circula. Isto é, a velocidade que
o veículo circula é maior que a utilizada no cálculo da escala real, sofrendo assim de insuficiência de
escala, o que leva a um maior esforço do carril exterior.
Existem valores limite para esta insuficiência que devem ser respeitados. Em Portugal, estes valores são
designados na Norma em vigor. A determinação do raio da curva admissível para o traçado será feita
em função da escala e da insuficiência de escala.
Excesso de escala
Semelhante à insuficiência de escala, mas de forma oposta, se um comboio circula a uma velocidade
inferior à considerada para o cálculo da escala prática, este irá esforçar os carris da fila interior, sofrendo
de um excesso de escala. Este excesso é tanto maior quanto menor a velocidade a que circula o comboio,
ou seja, é máximo para o comboio mais lento.
Para o excesso de escala também existem valores máximos admissíveis, sendo estes limites mais
restritivos do que os preconizados para a insuficiência de escala, já que os eixos dos comboios de
mercadorias são mais numerosos e mais pesados, de uma forma geral. Os valores recomendados estão
assim dependentes da categoria do tráfego previsto para a linha.
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Curvas de transição
Como já referido anteriormente, as curvas existentes na linha, na sua grande maioria, são compostas por
uma curva circular, raio constante, e curvas de transição, que possibilitam a mudança gradual de raio,
variando de infinito, em reta, ao raio mínimo, da curva circular, e vice-versa.
A utilização de curvas de transição tem dois objetivos principais: fazer a mudança gradual de raio, que
leva a uma variação progressiva dos esforços laterais, sendo através desta realizada a implementação de
forma subtil da escala. Isto é, ao mesmo tempo em que varia o raio existe uma elevação da fila exterior.
De forma sucinta, consiste na realização de um disfarce da escala, onde esta crescerá até atingir o valor
a implementar na curva circular. Obtemos desta forma um crescimento progressivo da força centrífuga
no desenvolvimento desta curva.
Obedecendo às limitações no que se refere à inclinação relativa provocada pelo disfarce da escala, e a
necessidade de manter as variações da aceleração normal com o tempo dentro de certos limites, a curva
de transição escolhida será a que apresenta uma menor extensão.
Podemos ter curvas de transição de variação de curvatura e de escala linear ou não-linear, sendo que
para o seu dimensionamento, em Portugal, são 3 os critérios a ser utilizados, são esses: a limitação
dinâmica, a limitação geométrica e a limitação de conforto.
O desenvolvimento da curva de transição deve assim cumprir estes três critérios, descritos sucintamente
nos subpontos seguintes, sendo sobretudo os dois primeiros os mais importantes, uma vez que o
incumprimento de algum deles pode comprometer a segurança da circulação.
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Aceleração vertical
A existência de concordâncias, principalmente as convexas, pode levar a um desconforto aos passageiros
(ou movimento das mercadorias) devido a aceleração vertical proveniente da mudança de raio. São
aplicados limites para os níveis aceitáveis de comodidade, presentes na norma em vigor, associados a
velocidade de circulação.
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SOLICITAÇÕES
Para um correto dimensionamento estrutural de uma dada via-férrea é necessário ter em conta as diversas
ações provocadas sobretudo pelo material circulante. As solicitações da via-férrea podem ser estáticas,
quase-estáticas ou dinâmicas.
As solicitações estáticas são provenientes do peso próprio do veículo, uma vez que as quase-estáticas
advêm da força centrífuga em curva. As solicitações dinâmicas, por sua vez, dependem das
irregularidades que possam existir na via e da sua rigidez, assim como o seu estado de conservação e do
material circulante.
De modo a sistematizar os esforços que atuam sobre a via estes são estudados de acordo com a direção
em que atuam, sendo subdivididos em verticais, horizontais e longitudinais, existindo ainda esforços,
como a força centrífuga, que atuam sobre duas direções, transversal e vertical.
ESFORÇOS VERTICAIS
Os esforços verticais são os considerados críticos para o dimensionamento de vários componentes da
via, devido a serem os responsáveis pelo “stress mecânico” (fadiga) em partes como os carris, travessas
e balastro. Provenientes do esforço vertical exercido pelo rodado dos comboios, deve ser limitado pela
solicitação mais desfavorável, que corresponde ao eixo mais solicitado dentro da rede.
Esta carga pode sofrer variações devido a certos fatores como: força centrífuga não compensada,
desnivelamento da via e defeitos na suspensão dos veículos, deformações nas rodas que impõe certo
impacto, por exemplo.
Existem três tipos de incrementos associados às solicitações verticais, devido à circulação em curva, às
acelerações ou frenagens e devido aos movimentos não anormais. A carga máxima transmitida por uma
roda ao carril será desta forma calculada através da carga vertical majorada pelos incrementos
respetivos.
ESFORÇOS TRANSVERSAIS
Apresentam grande importância na estabilidade da marcha e na segurança de circulação, no que diz
respeito ao descarrilamento ou capotagem, sendo esforços que estão presentes tanto em reta como em
curva.
Em curva temos este tipo de ação associado à força centrífuga não compensada pela escala. Em reta este
resulta da existência dos movimentos de lacete do comboio, sendo ampliados com a presença de defeitos
no material circulante ou da própria via.
Relacionado a estes esforços temos o efeito de ripagem da via, que consiste no deslocamento no sentido
transversal, levando esses esforços a serem os mais prejudiciais para a estabilidade da via, como os mais
desfavoráveis no ponto de vista do custo de conservação da via.
Juntando os esforços transversais aos verticais no que diz respeito às travessas teremos uma resultante
que se afastará do centro, podendo dar origem a desnivelamentos da via.
Desta forma, para se contabilizar os efeitos referidos é feita uma majoração do esforço transversal, no
que diz respeito a desigual repartição pelos eixos da força centrífuga não compensada e a qualidade e
estado da via e do veículo.
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ESFORÇOS LONGITUDINAIS
São consequência direta das condições do estabelecimento da via ou do movimento dos veículos sobre
esta. Estes esforços, por sua vez, são em último caso suportados pelas travessas e balastro.
Associado às condições do estabelecimento da via tem-se os provocados pelas variações de temperatura,
provocando à BLS (barra longa soldada) esforços de tração ou compressão, para variações menores ou
maiores que zero, respetivamente.
No sentido da marcha do veículo existem outras forças a atuar como o choque dos rodados aos topos
das juntas, deformações elásticas do carril e o atrito de deslizamento do rodado que dá origem ao
escorregamento do carril devido à frenagem dos veículos. Visto as causas dos movimentos longitudinais
percebe-se a importância da utilização de dispositivos que imobilizem o carril no que diz respeito às
travessas, tal como a existência de um balastro adequado.
Para além destes esforços existem outros, secundários, associados ao atrito entre o verdugo e os carris,
resultado do movimento de lacete, e o atrito de deslizamento das rodas sobre o carril interior nas curvas,
dado que a roda efetua um menor percurso.
Vão existir ainda esforços longitudinais de sentido contrário à marcha do veículo, como de tração
causada pela aderência das rodas motoras das locomotivas principalmente no momento do início de
marcha.
Para o cálculo final dos esforços longitudinais são tidos em conta a variação de comprimento que o carril
irá sofrer devido às variações de temperatura e é usualmente considerada uma majoração de 15% de
modo a considerar os esforços provenientes de outras causas.
TRAVESSA
O dimensionamento de uma travessa é um problema de elevado grau de dificuldade, onde se recorre à
utilização de métodos aproximados, dada a heterogeneidade da plataforma e os movimentos sofridos
por ela, quer no plano vertical quer no horizontal, entre outros fatores.
Existem dois pontos de análise fundamentais, a quantificação das solicitações máximas que são
transmitidas pelo carril e a quantificação da reação do balastro pela superfície de contacto
(travessa/balastro).
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BALASTRO
O balastro está sujeito a ações transmitidas pelos carris e travessas, ficando submetido na sua superfície
a tensões. Estas cargas que recebe na superfície são repartidas ao longo das camadas subjacentes a ele.
Desta forma, podem ser utilizados diferentes métodos para quantificar essas tensões, como Boussinesq
e Talbot.
A grade da agulha (Figura 21) é a parte que está responsável pelo desvio do veículo. Existem aparelhos
de mudança manuais e elétricos, sendo os manuais encontrados apenas em linhas secundárias de
estações, ramais ou oficinas.
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O ramo intermédio é o que estabelece a ligação entre a grade da agulha e a grade da cróssima. Este é
constituído pelos mesmos materiais da via, sendo apenas as travessas distintas.
O cruzamento é constituído pela cróssima e pelos contracarris (m e n) do cruzamento (Figura 22).
Pertencentes à cróssima temos o coração da cróssima (indicado na Figura 22) e as patas de lebre (bb´ e
cc´). A ponta real (a) é constituída pelo ponto de cruzamento do prolongamento das faces exteriores do
coração, sendo a garganta da cróssima (bc) e a lacuna é a zona localizada entre a ponta real e a garganta
da cróssima.
Coração da cróssima
De salientar que uma característica importante da cróssima é a sua abertura, definida pela tangente do
ângulo formado pelos dois alinhamentos que a ela pertencem, coincidindo o vértice destas com a ponta
matemática.
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Os contracarris são ligados aos carris por intermédio de calços fundidos sendo assentes de modo a que
o seu ponto médio esteja em esquadria com a ponta matemática da cróssima – Figura 23. Este elemento
tem como objetivo evitar que o movimento de lacete possa provocar um contacto do interior das rodas
sobre a ponta da cróssima, danificando-a.
As patas de lebre têm como função garantir continuidade e apoio aos rodados, quando estes passam pela
lacuna, dado que o rodado é mais largo que a mesa de rolamento do carril, este ao deixar de apoiar na
cróssima passa imediatamente a apoiar na pata de lebre (Figura 24).
As cróssimas de coração móvel, que podem ser do tipo flexível ou articulado (Figura 25), foram
desenvolvidas como solução para as baixas aberturas dos aparelhos que levam a que a extensão das
lacunas seja excessiva e diminua a segurança na circulação.
Existem diferentes aberturas para as cróssimas, sendo as de menor tangente utilizadas nas vias
principais, uma vez que permitem circulações a velocidades mais elevadas e as de maior abertura são
escolhidas para linhas de manobra.
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As características que definem um aparelho de via em alinhamento reto ou normais, de modo geral, são:
▪ Comprimento do aparelho, que deve ser medido segundo esse alinhamento (A);
▪ Distância da junta da contra lança ao centro do aparelho (B);
▪ Distância do centro do aparelho ao talão (C);
▪ Entre eixo das vias no talão do aparelho (D);
▪ Distância entre a ponta matemática do coração da cróssima e o talão (E).
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PROJETO FERROVIÁRIO
INTRODUÇÃO
Como qualquer projeto no âmbito da Engenharia, um projeto ferroviário é um processo complexo onde
existem subjetividades e indeterminações. São essenciais para a sua realização estudos em diferentes
áreas, como o traçado, os materiais a serem aplicados e o dimensionamento geotécnicos e hídricos, por
exemplo. Para cada uma destas áreas existem normas e diretrizes que devem ser consultadas e seguidas.
No presente capítulo são assim descritas todas as etapas que envolvem um projeto ferroviário, quando
estas se consideram concluídas bem como todos os elementos que devem ser executados. Foi assim
utilizado como base para sua execução a Portaria n. º701-H/2008 de 29 de julho.
FASES DO PROJETO
Um projeto nada mais é do que um conjunto de documentos, com as denominadas peças escritas e
desenhadas, que caracterizam e definem a conceção de uma obra, caracterizando a sua estética,
funcionalidade e sua construção, sendo compreendida por um conjunto de projetos de arquitetura e
engenharia.
Um projeto envolve, essencialmente, duas entidades, o Dono de Obra e o Projetista. Existem num
projeto quatro fases principais: Programa Base, Estudo Prévio, Anteprojeto e Projeto de Execução,
assim como a Assistência Técnica (Figura 27). Como será referido ao longo deste Capítulo, algumas
destas fases podem ser dispensadas por acordo do Dono de Obra e Projetista ou por especificação do
caderno de encargos.
Projeto de
Programa Programa Estudo Execução e
Anteprojeto
Preliminar Base Prévio Assistência
Técnica
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PROGRAMA PRELIMINAR
Antes do início dos estudos e da realização do Programa Base é apresentado pelo Dono de Obra o
Programa preliminar. Neste documento é apresentado ao Projetista os objetivos, as características gerais
e condicionantes principais para a obra. São ainda incluídas informações como custos, prazos de
execução, dados referentes à localização e um conjunto de elementos topográficos, cartográficos e
geométricos.
Na Tabela seguinte apresentam-se os elementos do programa preliminar:
Velocidade de projeto
Estudo de exploração
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Definição dos critérios gerais de dimensionamento das diferentes partes constitutivas da obra
Estimativa geral do custo da obra, tomando em conta os encargos mais significativos com a
sua realização e análise comparativa dos custos de manutenção e consumos da obra nas
soluções propostas
Estudo de exploração
ELEMENTOS ESPECIAIS
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Para a execução do Programa Base é assim necessário realizar estudos, embora que superficiais,
relativos às possibilidades de traçado e tendo em atenção as principais condicionantes existentes. O
traçado é desta forma o primeiro elemento a ser ponderado.
A escolha do traçado da linha é algo complexo, em sua maioria pela subjetividade e difícil determinação.
Para cada caso específico, existem abordagens diferentes que podem ser tomadas, de forma
individualizada, o que serve para um determinado caso pode não servir para outro.
É certo que existem normas geométricas de projeto que devem ser sempre aplicadas, mas no que diz
respeito ao traçado em si, este fica totalmente dependente do ponto de vista do projetista. É possível
dizer que a dificuldade em encontrar uma solução ótima está associada à ponderação dos diferentes
parâmetros que estão associados a esta escolha, sendo que muitos não podem ser objetivamente
mensuráveis.
Ao falar no traçado em planta e perfil, é fácil compreender que existem uma infinidade de soluções para
a ligação entre dois pontos fixos, por exemplo. É essa infinidade de soluções uma das principais
dificuldades devido à sua subjetividade. Em paralelo a este problema temos o peso associado ao custo
de cada uma destas possíveis alternativas, sendo sempre necessário jogar com estes dois elementos em
simultâneo, traçados semelhantes podem ter custos bastante distintos.
Existem diferentes critérios assentes nesta escolha, dependentes na sua maioria do propósito do projeto.
Estes critérios podem estar associados a existência de pontos obrigatórios de passagem, ao objetivo
principal da linha, seu grau de importância e a existência de condicionantes, que podem eliminar
algumas soluções possíveis.
Neste ponto temos informações suficientes para dar início ao estudo das condicionantes principais
assentes ao projeto, para que possam ser escolhidas soluções possíveis para o traçado, e que se
apresentam de uma forma resumida na tabela seguinte.
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A sequência da realização dos trabalhos segue uma lógica construtiva, dando início pelo reconhecimento
topográfico, sendo realizado o primeiro contato com a região onde passará a nova linha. É realizada a
recolha da cartografia dando início aos primeiros esboços do traçado. Os desenhos do traçado são
realizados com o auxílio a programas de desenho assistidos por computador. São realizados de forma
simplificada nesta fase estudos de traçado de modo a se poder confirmar a viabilidade da geometria.
Note-se que mesmo tendo acesso à cartografia existente da zona é de grande importância uma
visita/inspeção na zona com potencial interesse para um melhor reconhecimento de especificidades
localizadas.
Ao se ter todos estes fatores em conta, é possível ponderar as primeiras soluções para uma primeira
solução sendo realizada a entrega do Programa Base para aprovação. Após aprovação do Dono de Obra
é possível seguir para a fase do Estudo Prévio.
Para o Estudo Prévio é realizado o estudo mais detalhado sobre as soluções aprovadas, mas ainda não
são executados os elementos definitivos ou com a pormenorização necessária para execução da obra.
Nesta fase são apontadas as soluções alternativas para o traçado, sendo acompanhadas pelas referentes
estimativas orçamentais. São desenvolvidos os documentos e elementos necessários, de modo a serem
submetidos a nova aprovação (Tabela 5).
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ELEMENTOS ESPECIAIS
Traçado em planta das soluções estudadas, para plena via e estações, sobre base
cartográfica à escala 1:5.000, ou 1:1.000 caso se trate de zonas urbanas ou adjacentes
a vias existentes, incluindo o traçado dos restabelecimentos da rede viária afetada.
Estudo hidrológico
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Elementos do Anteprojeto
ELEMENTOS ESPECIAIS
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Nesta etapa os elementos que anteriormente foram realizados de forma simples e superficial passam a
ser realizados de modo mais rigoroso. É realizado o esboço do eixo da linha, respeitando todas as
condicionantes previamente apontadas e sendo dimensionadas as curvas de transição existentes. Este
esboço é verificado para que cumpra todos os valores de trainéis permitidos, além de dever ser sempre
ponderada as alturas de escavações e aterros, de modo a minimizar e compensar terraplanagens.
Nota-se desta forma, que ao mesmo tempo que o eixo da via vai sendo definido, o desenho do perfil
longitudinal também surge, mesmo que de forma provisória. É de salientar a importância de uma boa
correlação entre estes dois elementos, o traçado em planta e o perfil longitudinal.
Após estes esboços terem sido realizados, caso o perfil longitudinal esteja de acordo com todas as
variáveis, poderá tornar-se definitivo o traçado de via em planta, sendo realizado o cálculo analítico das
coordenadas do eixo da linha. A definição destes dois elementos é realizada de forma iterativa, sendo
sempre realizados ajustes a uma e a outra até a obtenção de um resultado que seja ótimo na visão
do projetista.
De notar que a execução deste documento pode ser dispensada, tal como acontece ao Programa Base,
sendo as suas etapas realizadas no Projeto de Execução.
Na tabela seguinte apresentam-se os elementos indispensáveis referentes ao Projeto de Execução.
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Cálculos relativos às diferentes partes da obra apresentados de modo a definirem, pelo menos, os
elementos referidos na regulamentação aplicável a cada tipo de obra e a justificarem as soluções
adotadas
Peças desenhadas de acordo com o estabelecido para cada tipo de obra na regulamentação
aplicável, devendo conter as indicações numéricas indispensáveis e a representação de todos os
pormenores necessários à perfeita compreensão, implantação e execução da obra
ELEMENTOS ESPECIAIS
Planta parcelar, nas escalas de 1:1.000, num sistema de coordenadas ligado à rede geodésica do
país
Traçado em planta da solução adaptada, para plena via e estações, sobre base cartográfica à
escala 1:1.000, incluindo o traçado dos restabelecimentos da rede viária afetada, com todos os
elementos de diretriz coordenados e referidos à rede geodésica do país
Perfil longitudinal correspondente à solução adotada na mesma escala do traçado em planta para
os comprimentos e dez vezes para as alturas, onde conste a localização das obras de arte, devendo
as cotas estar referidas à rede geodésica do país
Perfis geotécnicos
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ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Por fim, é prestada ao Dono de Obra assistência para assegurar uma correta execução da obra, em
conformidade com o projeto, caderno de encargos, normas legais e regulamentares aplicadas. Consiste
na prestação de informações e esclarecimentos que possam vir a surgir no decorrer do processo de
construção, tal como o acompanhamento na sua execução. Esta assistência ao Dono de Obra é composta
por:
▪ Esclarecimento de dúvidas de interpretação de informações complementares relativas a
ambiguidades ou omissões do projeto, bem como elaboração das peças de alteração do projeto
necessárias à respetiva correção e à integral e correta caracterização dos trabalhos a executar no
âmbito da referida correção;
▪ Apreciação de documentos de ordem técnica apresentados pelo empreiteiro ou Dono da Obra,
incluindo, quando apropriado, a sua compatibilidade com o projeto;
▪ Proceder, concluída a execução da obra, à elaboração das Telas finais a ela respeitantes,
verificando a conformidade das mesmas com o projeto de execução e das eventuais alterações
nele introduzidas, de acordo com as informações fornecidas pelo Dono da Obra.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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4
CASO DE ESTUDO
ENQUADRAMENTO
Neste capítulo será descrito a realização de um Projeto de Execução de uma infraestrutura ferroviária,
utilizando normas e documentos auxiliares para realização de todos os elementos necessários para o
respetivo desenvolvimento.
Como já referido anteriormente, este trabalho foi realizado em ambiente empresarial tendo como
objetivo o acompanhamento de um projeto de uma ligação ferroviária no Malawi, que estaria em fase
de Projeto de Execução.
O projeto é referente a um novo ramal de linha que fará a ligação entre a principal linha de transportes
ferroviários no Malawi, Nacala Corridor, e um empreendimento fabril a construir (Figura 28). Esta
ramificação tem como objetivo principal facilitar os carregamentos realizados para comboios de carga,
utilizados para transportes de materiais pela empresa.
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DOCUMENTOS E NORMAS
As normas utilizadas neste tipo de projetos podem estabelecer regras, guias ou até mesmo características
de produtos ou serviços. Sendo a utilização deste tipo de documentos, por definição, de caráter
voluntário, se tornando obrigatórias quando referidos num Diploma Legal ou em um contrato.
Pode-se dizer que a utilização destas normas torna o projeto mais simples e seguro, tanto para as
empresas como para os cidadãos. De modo geral, podemos dizer que as normas são realizadas com base
em resultados científicos, técnicos ou experimentais, realizados por peritos e especialistas através de
trabalhos práticos, realizados dentro de regras e determinados procedimentos específicos.
Relacionando esses documentos ao trabalho aqui realizado, podem referir-se algumas organizações, a
título de exemplo, que estão diretamente relacionadas com um projeto Ferroviário. A nível Internacional
referência à ISO – Organização Internacional de Normalização e a nível Europeu o CEN – European
Committee for Standardization (Comité Europeu de Normalização). Em Portugal, a atividade de
normalização é coordenada pelo IPQ (Instituto Português da Qualidade).
Para além de normas existem outros tipos de documentos que podem ser utilizados com a mesma função.
Por exemplo, um Manual de Manutenção, desenvolvido por entidades concessionárias e responsáveis
por uma determinada linha.
Como referido, estes artigos, documentos ou manuais podem ser referidos no contrato ou aconselhados,
sendo a sua utilização, de modo geral, uma mais valia, já que podem conter informações pertinentes e
mais específicas em determinados casos.
Projeto de
Programa Execução e
Estudo Prévio
Preliminar Assistência
Técnica
Como já referido no capítulo 4, existem alguns elementos básicos que são pré-definidos pelo Dono de
Obra através do programa preliminar, tal como o tipo de veículos a circular, o volume do tráfego, a
velocidade base para projeto e a bitola.
Sendo assim, através do Programa Preliminar obtiveram-se as seguintes informações:
▪ Tráfego de veículos de mercadorias,
▪ Via simples com bitola de 1067 mm,
▪ Velocidade de projeto de 25 km/h;
▪ Dimensões do veículo tipo (Figura 29);
44
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
ESTUDO PRÉVIO
Para a execução deste documento foi necessário o conhecimento de alguns parâmetros inerentes ao
traçado da via, elementos estes já referidos no capítulo 3.
Esta fase de projeto pode ser iniciada no momento que existirem informações suficientes, como o
conhecimento dos requisitos dados pelo Cliente, informações relativas às condicionantes do projeto e as
restrições normalizadas associadas à geometria.
Para esta etapa já são consideradas normas e recomendações técnicas, para que a definição da diretriz
(alinhamento horizontal) e do perfil transversal tipo seja feita corretamente, tendo por base a segurança
e o conforto, para além de estar ponderada a viabilidade económica.
GEOMETRIA DA LINHA
O presente projeto caracteriza-se por uma nova ligação, realizado pela inserção de um ramal que parte
da via principal e depois se ramifica em dois (Figura 30 – Anexo). Os alinhamentos da linha principal
(Linha I) e da linha que ramifica (Linha II) foram definidos com base nos elementos propostos pelo
Cliente, sendo o layout e o perfil da secção em estudo condicionados pelo conforto e segurança da
circulação dos comboios, determinados pela velocidade, principalmente em relação às zonas de curvas,
devido à ação da força centrífuga.
45
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
O layout proposto tem espaço para estacionamento de 6 vagões, com características semelhantes ao da
Figura 31. Nota-se que as características deste vagão são diferentes das anteriormente apresentadas, uma
vez que foi fornecida posteriormente pelo Cliente.
46
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Alinhamento horizontal
A geometria da nova linha foi projetada tendo em consideração as características da ferrovia que fará
ligação, as condicionantes existentes e os parâmetros normativos mínimos e máximos de projeto. Assim,
a proposta de traçado em planta caracteriza-se por:
▪ Linha I com comprimento total de 422.650 metros.
▪ O primeiro alinhamento reto terá um comprimento total de 16.954 m, virando à direita para uma
curva circular de raio de 120,00 m (curva 1) e 159.121 m de comprimento.
▪ O segundo alinhamento reto tem um comprimento total de 53.038 m.
▪ A curva 2 tem um raio de 120,00 m e um comprimento de 62.249 m.
▪ O terceiro alinhamento reto com 131.288 m de comprimento, entra no estaleiro do MFC.
▪ A Linha lateral (Linha II) terá um comprimento total de 118.583 m.
Perfil Longitudinal
Para o perfil longitudinal, este foi restringido a uma inclinação de 1,0%, de modo a acompanhar a linha
existente. Uma vez que não foi definido pelo cliente de forma rigorosa o nível da planta das novas
instalações, o perfil proposto foi definido para uma condição ótima e segura de tráfego ferroviário, sendo
assim, assumiu-se que a construção da nova instalação da MFC irá ser realizada de modo a acompanhar
a elevação da linha férrea. No entanto, é importante referir que o nível final das novas instalações poderá
ser ajustado se duas condições principais forem consideradas:
▪ A inclinação da via no local de estacionamento dos veículos deverá ser igual a 0,0% (poderão ser
consideradas pequenas inclinações em casos particulares);
▪ A mudança de nível na plataforma da MFC deve ser previamente proposta à equipa de projetistas
para se verificar se o perfil longitudinal definido é aceitável conforme as regulamentações.
O perfil longitudinal é composto assim por uma curva convexa com raio de 4.000 m e a Linha II tem
um trainel em patamar (0,00%).
MATERIAL CIRCULANTE
O gabarit do veículo considerado, de acordo com o Manual da Transnet, é o representado pelas Figuras
32 e 33.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
48
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
49
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Nas secções transversais tipo já é incluída a largura necessária para a implantação das sinalizações,
independentemente da forma da fundação das mesmas. A profundidade mínima do balastro abaixo dos
carris (medido abaixo da travessa) deve ser de 30 cm, tal como a secção transversal tipo. Abaixo do
balastro, a plataforma possui uma pendente (inclinação transversal) de 3%, para que se possa garantir
uma drenagem adequada.
Os elementos inclusos na Secção transversal tipo são:
▪ Bitola de 1067 mm;
▪ Carril tipo vignole de 40kg/m;
▪ Travessa mono bloco de betão pré-esforçado tipo P2;
▪ Balastro;
▪ Sub-balastro com 0,20 m de profundidade;
▪ Inclinação transversal (tombo) da plataforma;
▪ Drenagem próxima à plataforma.
50
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
VIA
Para a via será mantida uma circulação bidirecional com as seguintes especificações propostas:
▪ Carril tipo vignole de 40 kg/m de 12 a 18 metros;
▪ Tombo do carril de 1:20;
▪ Fixação do tipo “e-type Pandrol Clip AV”;
▪ Palmilha 5 mm PEAD:
▪ Travessa mono bloco do tipo P2, para uma bitola de 1067mm e carril 1/20;
▪ Soldagem aluminotérmica dos carris, de acordo com a norma EN 14730-1: 2017 + EN 14730-2:
2017;
▪ Balastro de pedra triturada com uma espessura mínima de 0,25 m em plataforma;
▪ Sub-balastro com espessura mínima de 0,20 metros.
Construção da via
Além da geometria da via e dos materiais a serem considerados, são também apresentados no Estudo
Prévio características e condições técnicas para a implantação da mesma, sendo enunciadas algumas das
propostas para esta construção.
A execução da via deve ser sempre realizada com supervisionamento por pessoal experiente, com
especialização em construção de linhas férreas. A equipe da ferrovia pode supervisionar ou recomendar
um empreiteiro ou gestor de projetos.
4.4.4.1.3. Compactação
Para a compactação, se o material for colocado e compactado em mais que uma camada, o empreiteiro
deve planear e coordenar este trabalho de maneira que as camadas anteriormente aplicadas tenham
tempo de curar e desenvolver estabilidade suficiente, antes que os veículos que transportam os materiais
possam circular.
Antes da aplicação das camadas que se seguem, a superfície da camada inferior deve ser suficientemente
humedecida para assegurar uma forte e correta ligação entre elas. As arestas e os taludes do sub-balastro
devem ser aparados ou revestidos de modo a que cumpram a inclinação e dimensão previamente
previstas.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
4.4.4.1.4. Carril
As peças de carris com 12 a 18 metros de comprimento devem ser descarregadas, armazenadas e
distribuídas de forma sempre cuidada para que não sejam danificadas. Antes de serem instalados os
carris, deve ser garantida sempre a escala adequada e uma boa superfície de contacto. Não devem ser
misturados carris de diferentes fabricantes e/ou pesos em nenhum trecho.
4.4.4.1.5. Travessas
O espaçamento entre travessas foi considerado igual a 0,60 m. Estas devem ter sempre o seu centro a
coincidir com o eixo da via, devendo ser manuseadas com cuidado para evitar serem partidas. Nunca
deve ser utilizado, qualquer outro material que não seja uma travessa para segurar os carris.
Outros trabalhos
Nos carris deve ser realizada soldagem aluminotérmica, conforme a norma EN 14730-1: 2017 + EN
14730-2: 2017.
O alívio de tensão deve ser realizado a uma temperatura de referência de 30ºC, sendo feita em conjunto
com a instalação do balastro que deve cobrir pelo menos 50 metros para cada lado dos limites do projeto.
Toda a linha e os aparelhos de mudança de via devem ser alinhados conforme os desenhos fornecidos.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Para um correto assentamento do aparelho, deverá ser realizado um levantamento detalhado do topo dos
carris existentes.
Para esta etapa do projeto o aparelho de mudança de via proposto apresenta a geometria indicada na
Figura 36 (Anexo).
DRENAGEM
Deve ser realizado um levantamento topográfico mais preciso e pormenorizado, ou seja, com uma maior
escala, para as próximas etapas, de forma a prevenir qualquer situação não avaliada neste documento
por falta ou falha de alguma informação.
O sistema de drenagem superficial da linha existente irá ser desviado e ligado à nova drenagem.
A água superficial drenada pela plataforma através da pendente irá escoar diretamente para o sistema de
drenagem pelas novas valas, sendo o layout das valas apresentado na Figura 30 (Planta do traçado da
linha na fase de Estudo Prévio).
No pátio das instalações da MFC, as águas superficiais procedentes do escoamento da linha mais
próxima (linha I) irão ser desviadas para o ponto mais baixo da plataforma, sob o balastro.
É aconselhada a colocação de um tubo perfurado de 20 cm de diâmetro, com pedras pequenas e cascalho
fino ao seu redor. A aplicação de um revestimento geotêxtil também é aconselhada para melhorar o
desempenho da drenagem.
Em relação ao sistema de drenagem existente, é importante salientar que há necessidade de inspeção
local para verificação do estado de todas as valas, tubos, bueiros, etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se considerar que são estas as informações relevantes apresentadas no Estudo Prévio.
Ficam de seguida enunciadas as informações que serão necessárias para a próxima etapa do projeto.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
PROJETO DE EXECUÇÃO
Após eventuais alterações no Estudo Prévio e aprovação do mesmo (de acordo com o traçado e suas
características principais), para além da apresentação das informações solicitadas anteriormente pelo
Dono de Obra, pode ser realizado o estudo mais aprofundado do projeto. Este estudo faz-se acompanhar
dos cálculos para validação do seu dimensionamento, que neste tópico serão demonstrados, além dos
parâmetros escolhidos para o desenvolvimento do projeto.
As principais normas e documentos utilizados no desenvolver deste documento foram os seguintes:
▪ Transnet Manual for Track Maintenance (2012).
▪ prEN 13803:2014 – Railway applications – Track – Track alignment design parameters – Track
gauges 1435 mm and wider.
▪ EN 13674-4:2006 – Railway applications – Track – Rail – Part 4: Flat bottom symmetrical railway
rails from 27 to 46kg/m.
▪ UIC 719R – Earthworks and track bed for railway lines.
e outras normas e documentos utilizados serão referenciados nos desenvolver deste documento.
ALINHAMENTO HORIZONTAL
Raio da Curva Horizontal, R
Deve ser procurado utilizar o maior raio permitido pelos condicionamentos do projeto, de modo a
facilitar um possível aumento de velocidade no futuro. Em qualquer caso o raio não deve ser inferior ao
apresentado na tabela seguinte:
Norma Europeia
Como nos encontramos num caso específico onde a velocidade de circulação dos veículos será de 25
km/h, sensivelmente baixo pois estão a entrar em fim de linha para estacionar, foi utilizada a equação
seguinte para a determinação do limite inferior do raio.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
2
𝑏′ × 𝑉𝑚á𝑥
𝑅= (1)
127 × (ℎ + 𝐼)
Onde b’ é a bitola mais a largura da cabeça do carril, h a escala (considerada igual a zero) e I o valor
limite da insuficiência de escala, apresentado no ponto seguinte.
É obtido desta forma:
1067 × 252
𝑅= = 34,32 𝑚 (2)
127 × (0 + 153)
No projeto em causa, o menor raio utilizado é de 120 m, sendo cumprida esta condicionante.
Escala, D
Escalas de valor elevado aplicadas a curvas de raio reduzido aumentam o risco de descarrilamento, em
especial aos veículos de mercadorias que circulam a baixas velocidades.
Para valores limites da escala temos os que são independentes do raio da curva horizontal, R,
apresentados na Tabela 9, existindo limites diferentes para plena via e para os aparelhos de mudança de
via.
No Manual da Transnet podemos encontrar um quadro (Figura 37) com os limites de escala a serem
respeitados, que variam de acordo com o raio da curva circular e a velocidade de circulação.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Na EN 13803 é ainda possível calcular a escala limite em função do raio da curva horizontal, R:
𝑅 − 50𝑚
𝐷𝑅,𝑙𝑖𝑚 = (3)
1,5𝑚
𝑚𝑚
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
120 − 50
𝐷𝑅,𝑙𝑖𝑚 = = 46,67 ≈ 47 𝑚𝑚 (4)
1,5
De acordo com os documentos referidos podemos concluir que no projeto teremos os seguintes limites:
AMV 120 mm 47 mm 30 mm
Estacionamento - 10 mm
Neste caso em concreto, optou-se pela não introdução de escala na linha, uma vez que não há
obrigatoriedade e não se mostrou uma mais valia.
Insuficiência de escala, I
Considerando o raio e a escala locais, R e D respetivamente, e a velocidade máxima de circulação V,
temos que a insuficiência de escala pode ser calculada por:
𝑉2
𝐼 = 𝐷𝐸𝑄 − 𝐷 = 𝑞𝐸 −𝐷 (5)
𝑅
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Limites
Veículo pendular
Para aparelhos de mudança de via ou aparelhos de dilatação existem limites mais restritivos - Tabela 12.
Limites
Aparelho de dilatação
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
𝑉2 252
𝐼 = 𝑞𝐸 − 𝐷 = 11,8 × − 0 = 61,46 ≈ 62 𝑚𝑚 (6)
𝑅 120
O valor está desta forma dentro dos valores limites permitidos, tanto para a linha como para o AMV.
Excesso de escala, E
Numa curva horizontal com deficiência de escala negativa, existe um excesso de escala E, definido por:
Limite
𝐸 = −𝐼
Para os aparelhos de mudança de via é considerado que Elim =Ilim, de acordo com a Tabela 13
anteriormente apresentada. Desta forma pode considerar-se que cumpre também os valores limites de
excesso de escala.
60 m R ≤ 300 m
20 m
80 m R ˃ 300 m
Uma vez que não existe variação do valor escala na via a construir, os parâmetros relacionados às curvas
de transição não necessitam ser calculados, como é o caso da limitação dinâmica, da limitação
geométrica e da limitação de conforto (limites na Sobreaceleração).
Desta forma, o valor do comprimento mínimo da curva circular será determinado pelo limite imposto
pelo Manual da Transnet para as curvas de transição, igual a 60 m.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
PERFIL LONGITUDINAL
Raio vertical, RV
As curvas verticais podem ser projetadas sem curvas de transição, sendo normalmente constituídas por
uma parábola de 2º grau.
Os aparelhos de mudança de via devem ser instalados onde a via está nivelada ou perante a existência
de uma curva vertical de raio elevado. Os limites mínimos estão descritos na Tabela 15.
Norma Europeia
Geral 2000 mm
Devendo, o raio vertical, tanto para em plena via ou em presença dos AMVs, respeitar os limites
inferiores dependentes da velocidade V, que são dados pela seguinte equação:
𝑅𝑉 ≥ 𝑞𝑅,𝑙𝑖𝑚 × 𝑉 2 (7)
Limites
Sendo assim:
𝑅𝑉 ≥ 0,35 × 252 = 218,75 ≈ 219 𝑚 (8)
Respeitado os limites apresentados, foi apresentada uma curva vertical de raio igual a 4000 metros.
60
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Os limites mínimos para o comprimento da curva vertical são dados pela Tabela 17.
Limite
20 m
Sendo desta forma cumpridos os limites referidos para o projeto apresentado, onde foi utilizado um
comprimento de 40 metros.
Nas Figuras 38 e 39 (encontram-se também em Anexo no presente documento para melhor qualidade)
é possível visualizar os perfis longitudinais que foram executados, tendo por base as considerações
anteriormente referidas.
61
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
CARRIL
Como ponto de partida para a escolha do carril a ser utilizado recorreu-se ao Manual Transnet, mais
especificamente ao anexo 3 do referido manual (Figura 40).
Para a execução do Estudo Prévio foi considerada uma carga por eixo de 21,5 toneladas, mas através
das características dadas pelo Cliente, relativamente aos veículos que irão circular na via, é dito que a
carga por eixo tem o valor de 18 toneladas, sendo este o valor utilizado para o Projeto de Execução. Para
o tráfego foi considerado que passarão pela linha 20 vagões tipo por dia, 6 dias por semana.
62
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Fig. 40 - Classificação e Regras para as Vias Ferroviárias de bitola 1065 mm (Manual Transnet)
Como se pode observar na Figura 40, para as características do presente projeto não seria possível atingir
um resultado assertivo. Assim, a escolha do peso do carril foi realizada com base neste anexo e em dois
pressupostos principais:
- Em novas vias dever ser aplicado um carril de perfil 40 kg/m ou superior;
- Não se deve aplicar carris de peso ou fabricantes diferentes.
Através das inspeções realizadas no local é sabido que a linha principal existente é constituída por carril
do tipo TR40, sendo proposto para este projeto a utilização de um carril do tipo 40kg/m.
TRAVESSA
Através do Anexo 3 do Manual Transnet (Figura 40) foi possível verificar que as travessas admitidas
para as condicionantes existentes são do tipo P2 ou F4, devendo estar espaçadas no máximo 700 mm.
Para a escolha do perfil mais adequado podem ser consultados os fabricantes, cujas informações
complementares estão disponíveis, que auxiliam a escolha mais correta e económica.
Um exemplo de informações que podem ser fornecidas pelos fabricantes encontra-se apresentada na
Tabela 18.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Informações P2 F4
Peso aproximado da
222kg 232 kg
travessa
A proposta recaiu na utilização de uma travessa mono bloco, de betão pré-esforçado, do tipo P2 (Figura
41) aplicadas com uma distância entre travessas de 0,60 metros e cujos aparelhos de fixação serão os
aconselhados pelo fabricante, Pandrol “e” clip.
BALASTRO E SUB-BALASTRO
Para o balastro os valores mínimos a serem utilizados, de acordo com a Transnet, são os constantes no
Anexo 4 do referido manual e que se apresentam na Figura 42.
64
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Devido à importância destes elementos, para além de se recorrer a estas informações, foi realizado um
dimensionamento, seguindo três documentos distintos, são eles:
▪ Orden FOM/1631/2015, de 14 julho, “Instrucción para el Proyecto y Construcción de Obras
Ferroviárias, IF-3 (Vía sobre Balastro. Cálculo de Espesores de Capas de la Sección
Trnasversal)”;
▪ N.R.V. 0-2-0.0 Norma técnica RENFE – “Geometría de la vía. Parámetros geométricos”;
▪ N.R.V. 3-4-1.0 Norma técnica RENFE – “Balasto. - Dimensionado de la banqueta”;
▪ Ficha UIC 719 R.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Onde:
Tabela 19 - Parâmetros para determinação do Tráfego médio diário equivalente (IF-3)
Ttm Toneladas médias diárias dos veículos de tração em veículos de mercadorias (t/dia)
1,30 tráfego com mais de 50% dos eixos com 20 t e mais de 25% dos eixos
com 22,5 t
1,45 tráfego com mais de 75% dos eixos com 20 t e mais de 50% dos eixos
com 22,5 t
66
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
V (km/h) Sv Sm
V ≤ 60 1,00 1,00
V ˃ 250 1,50 -
Obtendo:
𝑇𝑒 = 0 + 1,0 × (1,30 × (72 × 20)) = 1872 𝑡𝑜𝑛⁄𝑑𝑖𝑎 (10)
𝑒 = 𝐸 + 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 + 𝑑 + 𝑓 + 𝑔 [𝑚]
67
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Tabela 21 - Valores base para o cálculo da espessura mínima e camadas de assentamento (IF-3)
Para grupos UIC 1 e 2 (ou linhas com V > 160 km/h, para qualquer que seja
0
o grupo UIC)
d +0,05 Quando a carga máxima por eixo dos vagões não ultrapassa os 225 kN
+0,12 Quando a carga máxima por eixo dos vagões não ultrapassa os 250 kN
68
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Desta forma, é possível calcular as espessuras para as diferentes classes de plataformas. Assim, para
uma plataforma de classe P2, tem-se:
2,5 − 2,057
𝑒 = 0,55 + (−0,15) + ( ) + 0 + 0 + 0 + 0 = 0,6215 𝑚 (11)
2
2,5 − 2,057
𝑒 = 0,45 + (−0,15) + ( ) + 0 + 0 + 0 + 0 = 0,5215 𝑚 (12)
2
ORDEN FOM/1631/2015
Muito semelhante ao método utilizado na ficha UIC 719R, uma vez que é baseada nesta e na ficha 714R,
surgem as normas espanholas.
Pela Tabela 23, a espessura do balastro depende da velocidade de circulação dos veículos, sendo eb igual
a 25 cm.
V (km/h) eb (cm)
V < 120 25
V ≥ 120 30
69
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
𝑒𝑠𝑏 = 𝐸 + 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 + 𝑑 + 𝑓 − 𝑒𝑏 (13)
De acordo com o IF-3, o tráfego é classificado de acordo com o seu valor médio equivalente (Te):
▪ Grupo 1: Te ˃ 130.000 t/dia;
▪ Grupo 2: 130.000 t/dia ≥ Te ˃ 80.000 t/dia;
▪ Grupo 3: 80.000 t/dia ≥ Te ˃ 40.000 t/dia;
▪ Grupo 4: 40.000 t/dia ≥ Te ˃ 20.000 t/dia;
▪ Grupo 5: 20.000 t/dia ≥ Te ˃ 5.000 t/dia;
▪ Grupo 6: Te ≤ 5.000 t/dia;
2,5 − 2,057
𝑒𝑠𝑏 = 0,55 + (−0.10) + ( ) + 0 + 0 + 0 − 0,25 = 0,4215 𝑚 (14)
2
70
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
2,5 − 2,057
𝑒𝑠𝑏 = 0,45 + (−0.10) + ( ) + 0 + 0 + 0 − 0,25 = 0,3215 𝑚 (15)
2
De modo a que a espessura total do balastro mais sub-balastro é igual a 0,6715 (0,4215 + 0,25
respetivamente), salientando que nunca pode se utilizar uma espessura de balastro inferior a 15 cm.
N.R.V. 3-4-1.0
Derivado da metodologia utilizada na ficha UIC 719R temos os gráficos apresentados nas Figuras 46 e
47, utilizado na norma produzida pela RENFE.
71
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Fig. 46 - Legenda do ábaco da espessura mínima da camada de balastro e sub-balastro (N.R.V. 3-4-1.0)
Segundo o ábaco, anteriormente apresentado, para um tráfego de aproximadamente 1900 toneladas por
dia (classe 8 pela UIC e 3B pela N.R.V. 3-4-1.0), a espessura mínima admissível para o balastro + sub-
balastro é de 0,30 metros.
A Figura 47 dá a espessura mínima recomendada para o balastro, de 15 cm e a espessura do sub-balastro,
igual a (0,15+0,15).
72
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Podem ser assim comparados os valores obtidos para as camadas de balastro e de sub-balastro,
associadas às duas classes possíveis de plataforma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como exposto ao longo deste capítulo, existe uma série de procedimentos a ter em consideração para a
realização de um projeto, onde são desenvolvidos com uma determinada sequência, uma vez que são
em sua maioria dependentes uns dos outros.
No quadro seguinte estão expostos os processos tidos como base para a realização de um Projeto de
Execução, como normalmente são realizados.
73
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
Peças desenhadas
Exige as informações
Execução dos perfis transversais, normalmente realizado de
solicitadas sobre a
20 em 20 metros
topografia
Peças escritas
74
Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
5
CONCLUSÃO
A realização deste projeto, assim como o estágio, tiveram como principal objetivo a aplicação dos
conhecimentos adquiridos ao longo do curso do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, com
especialização em Vias de Comunicação, na FEUP.
Para a elaboração deste documento foi necessário adquirir e aprofundar uma vasta gama de temáticas
relacionadas com caminhos de ferro, algumas relacionadas diretamente com conteúdos abordados em
determinadas unidades curriculares do curso, sendo outras, novidade.
Deste modo, o processo construtivo desta dissertação apresentou-se com algum grau de dificuldade,
uma vez que o tema principal abordado é bastante específico e pouco abordado no curso, além de ter
muitas particularidades e extrema complexidade.
O projeto em causa compreendia a elaboração do Projeto de Execução de um ramal de ligação de uma
Via Principal às instalações da empresa MFC, localizada no Malawi. A dimensão da obra e a fase de
projeto em que se encontrava constituíram um excelente objeto de estudo para ser desenvolvido em
ambiente empresarial, uma vez que abrange diferentes componentes, sendo bastante completo o que
permite aprofundar diferentes especialidades da Engenharia Civil, em particular.
Assim, no processo de Execução do Projeto, abordam-se atividades relacionadas ao tratamento da
topografia, definição do traçado em planta, além da definição de perfis longitudinais e transversais,
tendo sido determinante a prática na utilização do software AutoCAD civil 3D para facilitar o processo
construtivo e de análise de todos estes elementos.
No que toca ao apoio processual, como a recolha e análise de dados e documentos, elaboração da
memória descritiva, bem como elaboração de especificações técnicas, foi possível adquirir alguma
sensibilidade para a realização destes documentos e compreender a importância dos mesmos.
O contacto com a dinâmica empresarial em ambiente de gabinete de projeto foi uma mais valia, uma
vez que permitiu compreender que a aplicação de normas e da legislação em vigor é essencial para a
viabilidade de um projeto de dimensões como o que aqui se dá a conhecer. Do mesmo modo, permitiu
perceber que a experiência dos projetistas deve sempre ser considerada.
Em suma, devido às adversidades vividas no ano da realização do presente documento, a nível mundial,
pela Covid-19, alguns objetivos não foram amplamente atingidos, não sendo cumpridos todos os prazos
e tarefas inicialmente planeados para execução deste projeto. Ao nível do estágio foram cumpridos todos
os objetivos propostos pela FEUP e pela CACAO e pode afirmar-se que a realização do mesmo foi
vantajosa a vários níveis, uma vez que permitiu não só a aplicação e consolidação dos conhecimentos
adquiridos ao longo do curso, mas também enfatizou o desenvolvimento de competências pessoais,
como o espírito crítico, a autonomia, a organização, a disciplina e a comunicação.
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Elaboração de Projeto de Execução Ferroviário no Malawi – Liwonde Malawian Fertilizer Company
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Transnet Freight Rail. (2012). Manual for Track Maintenance.
Union Internacional de Ferrocarriles. (01 de 01 de 1994). Codigo UIC 719 R - Obras de Materiales
Sueltos y Capas de Asiento Ferroviarias.
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ANEXOS
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Planta do traçado da linha em fase de Estudo Prévio Julho 2020 Desenho nº1
ESTE DESENHO NÃO PODE SER REPRODUZIDO OU USADO PARA QUALQUER OUTRO FIM A NÃO SER O AQUI INDICADO, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO GABINETE
Perfil Transversal Tipo e Aparelho de Mudança de Via Julho 2020 Desenho nº2
ESTE DESENHO NÃO PODE SER REPRODUZIDO OU USADO PARA QUALQUER OUTRO FIM A NÃO SER O AQUI INDICADO, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO GABINETE
Perfil Longitudinal – Linha I e Linha II Julho 2020 Desenho nº3
ESTE DESENHO NÃO PODE SER REPRODUZIDO OU USADO PARA QUALQUER OUTRO FIM A NÃO SER O AQUI INDICADO, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO GABINETE