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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA

PEDRO HENRIQUE LIMA DE OLIVEIRA

VIABILIDADE ECONÔMICA DA RENOVAÇÃO DE PASTAGENS


DEGRADADAS PARA RECRIA E ENGORDA DE BOVINOS DE CORTE EM
ITAMBÉ, BA

VIÇOSA – MINAS GERAIS


2023
PEDRO HENRIQUE LIMA DE OLIVEIRA

VIABILIDADE ECONÔMICA DA RENOVAÇÃO DE PASTAGENS


DEGRADADAS PARA RECRIA E ENGORDA DE BOVINOS DE CORTE EM
ITAMBÉ, BA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Federal de Viçosa, como parte
das exigências para a obtenção do título de
Engenheiro agrônomo.

Orientadora: Profa. Karina Guimarães Ribeiro

VIÇOSA – MINAS GERAIS


2023
PEDRO HENRIQUE LIMA DE OLIVEIRA

VIABILIDADE ECONÔMICA DA RENOVAÇÃO DE PASTAGENS


DEGRADADAS PARA RECRIA E ENGORDA DE BOVINOS DE CORTE EM
ITAMBÉ, BA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências para a obtenção do
título de Engenheiro agrônomo.

Orientadora: Profa. Karina Guimarães Ribeiro

APROVADO: 20 de Junho de 2023

Profa. Karina Guimarães


Ribeiro
(Orientadora)
4

RESUMO

A produção de bovinos de corte em pastagens desempenha um papel


fundamental na pecuária nacional. No entanto, os sistemas tradicionais, que são
extensivos e possuem baixo nível tecnológico, estão enfrentando dificuldades
econômicas devido à degradação das áreas de pastagem. Essa degradação é
resultado de um manejo extrativista, no qual não há reposição adequada de
nutrientes no solo e o manejo das pastagens é inadequado. Este trabalho propõe um
projeto para revitalizar uma área de pastagem degradada localizada em Itambé,
Bahia. O objetivo principal é confirmar a rentabilidade do investimento na renovação
das pastagens. O projeto envolve a remoção completa da vegetação existente e o
estabelecimento de uma nova pastagem. Para avaliar a viabilidade econômica do
projeto, foi elaborado um fluxo de caixa que contempla todas as entradas e saídas
de capital. Esse fluxo de caixa permite o cálculo de indicadores econômicos, tais
como a Taxa Interna de Retorno (TIR), o Valor Presente Líquido (VPL) e o período
de payback. A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) foi estabelecida em 13,75% como
referência. Os resultados obtidos demonstraram um VPL positivo no valor de R$
120.874,52, e a TIR foi de 42%, superior à TMA estabelecida. Além disso, o período
de payback foi de 3 anos, indicando que o retorno do capital inicial investido ocorrerá
em um prazo inferior ao período total do projeto, que é de 7 anos. Esses indicadores
econômicos confirmam a viabilidade financeira do projeto proposto.

Palavras-chave: Pastejo; Fluxo de caixa; Pecuária; Custo de produção;


Manejo de pastagem.
5

ABSTRACT

The production of beef cattle in pastures plays a fundamental role in


national livestock farming. However, traditional systems, which are extensive and
have low levels of technology, are facing economic difficulties due to pasture
degradation. This degradation is a result of extractive management practices, where
proper nutrient replenishment in the soil and adequate pasture management are
lacking. This study proposes a project to revitalize a degraded pasture area located
in Itambé, Bahia. The main objective is to confirm the profitability of investing in
pasture renewal. The project involves the complete removal of existing vegetation
and the establishment of a new pasture. To assess the economic viability of the
project, a cash flow analysis has been developed, which includes all capital inflows
and outflows. This cash flow analysis enables the calculation of economic indicators
such as the Internal Rate of Return (IRR), Net Present Value (NPV), and payback
period. The Minimum Attractive Rate (MAR) was set at 13.75% as a benchmark. The
obtained results demonstrated a positive NPV of R$ 120,874.52, and the IRR was
42%, surpassing the established MAR. Furthermore, the payback period was 3
years, indicating that the initial invested capital has been recovered in a shorter
timeframe than the total project duration of 7 years. These economic indicators
confirm the financial feasibility of the proposed project.

Keywords: Grazing; Cash flow; Livestock farming; Production cost; Pasture


management.
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultado das análises de solo da área................................................... 17


Tabela 2 - Histórico de preços pagos por arroba de boi gordo.................................. 21
Tabela 3 - Componentes do custo de produção........................................................ 22
Tabela 4 - Fluxo de caixa projetado para 7 anos. ..................................................... 25
Tabela 5 - Indicadores de viabilidade econômica...................................................... 26
7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura do custo de produção. ............................................................... 12


Figura 2 - Localização geográfica do município de Itambé. ...................................... 14
Figura 3 - Mapa da área onde será realizado o estudo. ............................................ 15
Figura 4 - Climatologia do município de Itambé, BA. ................................................ 16
8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
2. OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 10
2.1. Objetivos específicos ............................................................................ 10
3. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 11
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 14
4.1. Caracterização da área .......................................................................... 14
4.1.1 Clima ........................................................................................... 15
4.1.2 Caracterização do solo ................................................................ 17
4.2. Técnica ................................................................................................... 17
4.3. Financeira ............................................................................................... 19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 21
5.1. Composição de receitas e custos ........................................................ 21
5.2. Fluxo de caixa ........................................................................................ 23
5.3. Indicadores de viabilidade econômica ................................................ 26
6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 28
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 29
9

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil, existem aproximadamente 159 milhões de hectares


ocupados por pastagens, representando aproximadamente 18% de todo o território
nacional (Atlas das pastagens, 2021), dos quais aproximadamente 130 milhões de
hectares estão em processos de degradação. Apesar da extensa área de pastagens
degradadas, a pecuária nacional tem se desenvolvido em todo o país.
A degradação da pastagem é um processo de declínio de produtividade que
avança com o tempo, isto é, o grau de degradação da pastagem tende a aumentar,
caso nenhuma medida de recuperação seja aplicada. Normalmente, quanto mais
avançado estiver o nível de degradação da pastagem, mais difícil, cara e demorada
será a sua recuperação (Dias-Filho, 2017).
De acordo com Dias-Filho (2014) a degradação das pastagens pode ser
classificada como “degradação agrícola” e “degradação biológica”, representando os
extremos da degradação das pastagens. Na degradação agrícola, a produtividade
do pasto é reduzida principalmente pelo elevado número de plantas daninhas
presentes, dificultando a seleção e o consumo do pasto pelos animais, e,
prejudicando o crescimento da forragem, devido a competição por água, luz e
nutrientes (Peixoto, 2021). Por outro lado, na degradação biológica, ocorre aumento
da proporção de solo descoberto, o que favorece a erosão e a perda da camada
fértil do solo (Dias Filho, 2014).
Um número crescente de produtores vem norteando a pecuária de corte,
desenvolvida em pastagens, a uma fase de maior eficiência, marcada pela busca de
aumento de produtividade via intensificação racional. Ou seja, produzir maior
quantidade de carne em menores áreas de pastagem, e com maior eficiência, vem
se tornado uma necessidade de sobrevivência para a pecuária de corte brasileira
(Dias-Filho, 2016).
Pesquisas em genética, avanços no controle de pragas e doenças e melhoria
das pastagens, aumentaram de 11% para 22% a média de desfrute dos rebanhos
bovinos de corte nos últimos 40 anos (Embrapa, 2016). Entretanto, segundo Dias-
Filho (2016) apesar de estar em constante expansão, a pecuária de corte ainda
ocupa extensa área marginal, onde predominam pastagens degradadas com baixas
taxas de lotação, tendo como consequência a baixa rentabilidade por área ocupada.
10

2. OBJETIVO GERAL

Para a renovação direta de pastagens degradadas, ainda são muito escassas


as análises de viabilidade econômica que levem em conta o cenário atual da
produção de bovinos de corte na região Sudoeste da Bahia. Neste estudo, objetiva-
se verificar a viabilidade econômica da renovação de uma área de pastagem
degradada, localizada na fazenda Lagoa dos Patos, no município de Itambé, BA,
pelo método de renovação direta, de forma a intensificar a produtividade e
incrementar a rentabilidade do empreendimento, utilizando técnicas sustentáveis de
produção de bovinos de corte em regime de pasto.

2.1. Objetivos específicos

 Levantar dados sobre os custos de investimento para a renovação da pastagem,


os custos de produção e as receitas da pecuária de corte.
 Verificar o retorno sobre o investimento no método de renovação direta em
relação ao tempo.
 Avaliar a viabilidade de implementação do projeto, em comparação com o
aluguel do pasto.
11

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Existem vários métodos para recuperação e renovação de pastagens, dentre


eles, destacam-se os métodos diretos, que consistem em ações de correção
diretamente sobre a pastagem implantada (Carvalho et al., 2017).
A recuperação de uma pastagem caracteriza-se pelo restabelecimento da
produção de forragem, mantendo-se a mesma espécie ou cultivar (Zimmer et al.,
2012). Barbieri et al. (2022) estimaram que o retorno financeiro para a recuperação
de uma área degradada, de aproximadamente 3 ha, com Urochloa Brizantha cv.
Marandu, ocorreria com produção de aproximadamente 217 arrobas de carne bovina
na área total.
Já no caso da renovação, utiliza-se a área degradada para a formação de
uma nova pastagem, com outra espécie forrageira, geralmente mais produtiva (Cruz;
Marcolan; Ribeiro, 2020). A renovação direta da pastagem é recomendada quando a
espécie forrageira utilizada não atende às condições de solo e clima, quando é
suscetível a doenças e pragas frequentes na região, além de não ofertar forragem
suficiente, em função da atividade pecuária na fazenda, mesmo com o adequado
manejo (Borghi et al., 2018).
Outro fator de extrema importância nos sistemas de produção a pasto é a
rentabilidade, que pode ser obtida em comparação com os sistemas mais
intensificados, como o regime de confinamento, por exemplo. Resultados obtidos por
Araújo-filho et al. (2019) evidenciaram maior retorno financeiro com bovinos
terminados a pasto com suplementação concentrada, além de menor risco e maior
vantagem competitiva. Entretanto, com a recente alta dos combustíveis, fertilizantes
e outros insumos, o Brasil vem enfrentando um grande desafio para sustentar as
altas produtividades em equilíbrio com a viabilidade econômica de determinadas
atividades agrícolas.
A manutenção de altos níveis de produtividade agrícola precisa contar com
alta tecnologia, incluindo o correto uso de fertilizantes nas lavouras e nas pastagens.
No Brasil, a alta dependência de fertilizantes importados é um dos aspectos mais
limitantes em momentos como o atual, onde aproximadamente 85% dos fertilizantes
são importados (Vendramini, 2022).
Uma pesquisa realizada por Maysonnave et al. (2021) apontou um maior
aumento nos custos de produção, em comparação com a valorização da arroba do
12

boi gordo, evidenciando maiores dificuldades enfrentadas pelos produtores no


cenário atual e forçando-os a se tornarem cada vez mais eficientes.
Os custos de produção são divididos em quatro grupos, sendo eles,
operações agrícolas, materiais de consumo, operações agrícolas realizadas através
de empreita e, por fim, os componentes de custos indiretos na produção,
abrangendo obrigações sociais, encargos financeiros para adiantamento, custo de
uso da terra, outras despesas com impostos e custos administrativos, e, outros
custos fixos com capital (Martin et al, 1994).
A Figura 1 apresenta a estrutura de custo operacional desenvolvida e utilizada
pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), onde, de acordo com Nachiluk e Oliveira
(2012), é conceituado por despesas desembolsadas pelo agricultor, somadas à
depreciação de máquinas e benfeitorias específicas da atividade, abrangendo-se
outros componentes de custos, com o objetivo de ter o custo operacional total de
produção e viabilizar a análise de rentabilidade no curto prazo.

Figura 1 - Estrutura do custo de produção.

Fonte: Nachiluk e Oliveira (2012).

Dentre os instrumentos norteadores de decisão em investimentos, os mais


utilizados são o payback, o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno
(TIR). Um ponto essencial para esta análise, é a determinação da taxa de juros a ser
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utilizada (taxa mínima de atratividade - TMA) como parâmetro na avaliação


econômica (Nogueira, 2004).
O valor presente líquido (VPL) é conforme Rezende e Oliveira (2001), um
indicador de viabilidade econômica amplamente utilizado, pois leva em consideração
o valor do dinheiro no tempo e o custo de capital da empresa. De acordo com Da
Motta e Calôba (2002) o VPL pode ser definido como a soma algébrica dos fluxos de
caixa descontados para o presente, em uma taxa de juros específica.
O VPL expressa o resultado econômico atualizado e, se for positivo, indica
que o projeto está gerando riqueza para os investidores. Entretanto, caso seja igual
a zero, não há retorno, e se for negativo, o projeto gerará despesas e perderá valor
(Neto, 2012).
A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa que desconta um valor futuro ou
aplica o fator de juros sobre um valor presente (Hoji 2006). De acordo com Gitman
(2010), a TIR é a taxa que, quando aplicada à fórmula do VPL, faz com que seu
valor seja igualado a zero.
Quando o valor da TIR for superior ao custo de oportunidade do capital, o
projeto será economicamente viável, ou seja, a TIR é usada para apurar o retorno do
projeto, em uma data específica e zera, o Valor Presente Líquido (VPL) do fluxo de
caixa, garantindo que todas as entradas se igualem às saídas de caixa.
O Payback, conforme destacado por Gitman (2010) representa o período de
tempo necessário para que o investimento inicial seja recuperado pelo investidor a
partir das entradas no caixa da empresa.
14

4. METODOLOGIA

4.1. Caracterização da área

A propriedade está localizada no município de Itambé, região sudoeste da


Bahia (Figura 2). Conforme dados do IBGE (2020), a cidade possui uma população
estimada de 24.904 habitantes, e seu IDH-M é considerado médio, atingindo o valor
de 0,608. A economia do município é baseada principalmente na agropecuária,
sendo a produção de leite e de gado de corte as atividades mais relevantes.
Segundo o IBGE (2020) o município conta com um rebanho bovino de 60.684
cabeças, sendo 47.155 destinadas à produção de carne e 13.529 à produção de
leite. No que diz respeito à produção de carne bovina, foram produzidas
aproximadamente 510 toneladas. Portanto, a pecuária desempenha papel
importante na economia local, contribuindo para a geração de emprego e renda para
a população.

Figura 2 - Localização geográfica do município de Itambé.

Fonte: Google Imagens (2023).


15

A área apresenta 40 hectares, apresentando um relevo leve ondulado, que


oferece um ótimo potencial para a produção agropecuária. Além disso, a área conta
com boa disponibilidade hídrica, o que é essencial para o desenvolvimento de
atividades agrícolas e criação de animais. A propriedade também conta com um
bom curral, o que facilita o manejo e a criação dos animais, além de pastos bem
divididos, em módulos de aproximadamente 20 hectares, com quatro piquetes de
tamanhos similares, por módulo, e uma “área de descanso”, onde os animais têm
livre acesso à água e suplementos no cocho, o que garante a utilização racional da
área e um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis (Figura 3).

Figura 3 - Mapa da área onde será realizado o estudo.

Fonte: Google Earth (Elaboração própria, 2023).

4.1.1 Clima

O município de Itambé, apresenta um clima tropical de altitude e, de acordo


com o Climatempo (2023), as temperaturas médias anuais variam entre 19°C e
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28°C, sendo o período mais quente de outubro a março e o período mais frio de
junho a agosto.
Com relação ao regime de chuvas, apresenta um período chuvoso que se
estende de novembro a maio (Erro! Fonte de referência não encontrada.),
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010). Durante este
período, é comum a ocorrência de chuvas frequentes e intensas, sendo que o mês
de dezembro é o que apresenta a maior média pluviométrica, com aproximadamente
125 mm de precipitação. Já no período de junho a outubro, como pode ser
visualizado na Erro! Fonte de referência não encontrada., ocorre uma diminuição
significativa nas chuvas, sendo que os meses de setembro e outubro são
considerados os mais secos, com uma média de precipitação abaixo de 40 mm.
Vale ressaltar, que o município de Itambé está localizado em uma região de
transição entre o clima semiárido e o clima úmido, o que pode influenciar na
variação do regime de chuvas ao longo do ano.

Figura 4 - Climatologia do município de Itambé, BA.

Fonte: Climatempo (2023).


17

4.1.2 Caracterização do solo

O solo da área é classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico


(EMBRAPA 2018), apresentando textura arenosa. No horizonte A, é possível
identificar a presença de 9% de argila, indicando uma baixa capacidade de retenção
de água. A saturação por bases é de apenas 23%, enquanto a saturação por
alumínio atinge 19% (Tabela 1), indicando que o solo pode apresentar limitações
quanto à disponibilidade de nutrientes, principalmente o fósforo.
A partir da análise de solo (Tabela 1), foram realizadas as recomendações de
calagem e adubação para a área, seguindo o modelo proposto pela 5ª aproximação
para pastagens com médio nível tecnológico (Cantarutti et al., 1999).

Tabela 1 - Resultado das análises de solo da área.

pH P K Ca²+ Mg ²+ Al³+ H + Al

H2O mg/dm³ cmol c/dm ³

4,92 3,8 52 1,54 0,63 0,54 7,4

SB (t) (T) V m MO P-rem

cmol c/dm ³ % dag/kg mg/L

2,3 2,84 4,7 23,7 19,0 4,34 25,1

Argila Silte Areia Classificação Textural


%
9 7 84 Areia-franca

Fonte: Laboratório de análise de solos Viçosa (2023).

4.2. Técnica

Será utilizada a renovação direta da pastagem que está instalada na área,


neste caso, o capim Colonião (Megathirsus maximus), iniciando com a remoção
mecânica da vegetação presente na área, onde será feita a operação de calagem,
efetuando-se a incorporação do calcário por meio de uma gradagem pesada e,
18

posteriormente, será utilizada a grade niveladora. As operações serão realizadas


com maquinário alugado, amplamente disponível na região.
A cultivar a ser implantada será a BRS Piatã (Urochloa brizantha), gramínea
de média exigência em fertilidade do solo, média tolerância à seca e boa capacidade
de cobertura do solo, sendo recomendada para as características de solo, clima e
relevo da área em que será implantada (EMBRAPA, 2014). O capim BRS Piatã,
quando manejado de forma adequada pode alcançar uma capacidade de suporte
entre 3 e 4 ua/ha/ano (MONTAGNER et al., 2018) e uma produção de matéria seca
de 15,83 ton/ha/ano (TREVISANUTO et al., 2008).
As sementes serão distribuídas a lanço, juntamente com o adubo fosfatado,
na dose de 70 kg/ha-1 de P2O5, sendo 20% advindos de uma fonte solúvel e 80% de
fosfato natural reativo, como sugerido por Duarte et al. (2019) que obteve resultados
que não diferiram quando foram comparados aos de apenas fontes solúveis. As
sementes serão incorporadas com o auxílio de um rolo compactador acoplado no
trator.
No momento em que o pasto atingir aproximadamente 70% de cobertura do
solo, será realizada a adubação nitrogenada, com dose de 100 kg/ha de N,
utilizando a ureia como fonte de nitrogênio.
A propriedade já conta com as devidas divisões dos pastos, sendo utilizado
um sistema de dois módulos, subdivididos em quatro piquetes, com
aproximadamente 20 hectares por módulo, totalizando uma área de 40 hectares.
Cada módulo possui uma “área de descanso”, possibilitando aos animais o acesso
ao suplemento no cocho e água limpa encanada para bebedouros. Os animais
permanecerão em pastejo sob lotação rotativa, sendo suplementados diariamente,
durante o ano inteiro.
Durante a fase de recria, estimada em 9 meses, os animais serão
suplementados com concentrado proteico-energético, com consumo médio de 0,3%
do peso vivo e um ganho médio diário (GMD) estimado em 680 g/dia (1,1 kg no
período chuvoso e 350 g no período seco). A fase de engorda, terá uma duração
estimada em 90 dias, onde os animais serão submetidos ao sistema de semi
confinamento, com um GMD estimado em 1,5 kg/dia. A partir destes valores, é
possível calcular os indicadores de produtividade para o projeto de recria e engorda,
onde o ganho por animal será de 11 @/animal/ano e o ganho por área em 39,5
@/ha/ano.
19

Entre 60-90 dias da semeadura, será feito o primeiro pastejo, com bezerros
da raça Nelore, que serão adquiridos na região, recriados e engordados na área que
foi renovada. Os animais serão machos, com peso inicial aproximado de 210 kg e
uma expectativa de abate aos 540 kg, com ciclo de recria e engorda estimada de 12
meses, tendo assim, um ganho médio diário estimado de 900 g por animal por ano.
Com o intuito de repor os nutrientes que serão retirados do solo, serão
realizadas adubações de manutenção, contendo N, P e K, seguindo as
recomendações propostas por Cantarutti et al. (1999) para sistemas com médio
nível tecnológico.

4.3. Financeira

A avaliação dos custos será feita de acordo com a proposta do Instituto de


Economia Agrícola de São Paulo (IEA-SP), formulada por Matsunaga et al. (1976),
onde o COT (custo operacional total) é composto por operações mecanizadas,
operações manuais, materiais, depreciações e encargos financeiros. Para o COE
(custo operacional efetivo), serão calculados os materiais a serem consumidos, o
custo com o aluguel de máquinas e a mão de obra a ser utilizada para a realização
das operações, delimitando os coeficientes técnicos de hora máquina e de homem
dia.
Os preços serão coletados na região e adicionados nas planilhas de custo,
sendo apresentados em unidade de real (R$), em R$/máquina/hora e
R$/homem/dia, sendo referentes ao ano de 2023.
Foi realizado um levantamento das necessidades de mão de obra, para a
realização do projeto, estimando-se a necessidade da contratação de dois
funcionários, na modalidade de safrista, para auxiliar na otimização das operações.
Em seguida, serão multiplicados os coeficientes técnicos de mão de obra pelo valor
médio da diária para mão de obra comum da região (R$ 60,00/dia).
Os gastos com materiais referem-se às despesas com os insumos em geral,
como calcário, fertilizantes, herbicidas, suplementos concentrados, sal mineral,
medicamentos e vacinas, que serão calculados a partir da multiplicação da
quantidade, a depender da unidade utilizada e dos preços unitários de cada um dos
insumos.
20

As depreciações para as benfeitorias da propriedade serão calculadas pelo


método linear. Os indicadores de lucratividade a serem adotados seguirão a
metodologia utilizada por Lopes et al. (2011).
Para a análise da viabilidade econômica, será confeccionado um fluxo de
caixa, contendo os valores das entradas e das saídas do sistema, e, a partir daí,
serão empregados os indicadores de viabilidade econômica. Um dos indicadores a
ser utilizado é o VPL (valor presente líquido), que representa o cálculo do fluxo de
caixa, tendo sido descontada a TMA (taxa mínima de atratividade do
empreendimento) que, neste caso, será representada pela taxa Selic mensal
elevada a “n”, que representa o período de cada ciclo de recria/engorda. A partir do
fluxo de caixa, será determinada a TIR, que se trata de uma taxa de desconto
hipotética, calculada a partir de uma projeção de fluxo de caixa (previsão de receitas
geradas por um investimento ao longo de determinado período), quando
consideramos que seu valor presente líquido (VPL) é igual a zero.
Por fim, será calculado o payback, que, por definição, se trata do tempo
necessário para a recuperação do capital investido no empreendimento. O payback
pode ser calculado a partir da razão entre o desembolso para implementação do
sistema e o fluxo de caixa por cada período, neste caso, será calculado por cada
ciclo de recria/engorda, estimado em 12 meses por ciclo.
21

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Composição de receitas e custos

Para avaliar a viabilidade econômica da renovação de pastagens degradadas,


com a finalidade de recria e engorda de bovinos machos, foi criado um fluxo de
caixa projetado para um período de sete anos. Considerando que a área em questão
já estava em uso para produção pecuária, mas abaixo de seu potencial máximo,
optou-se pela renovação direta das pastagens de dois módulos de 20 hectares, o
que corresponde a cerca de 19% de toda a área da propriedade, de modo a não
afetar bruscamente a renda do produtor, já que as demais áreas permaneceriam em
produção.
Para determinar os preços projetados da arroba de boi gordo, foi realizado um
levantamento do preço médio praticado nos últimos 10 anos no estado da Bahia. No
entanto, os últimos 5 anos apresentaram grandes variações nos preços, conforme
apresentado na Tabela 1, tornando difícil a previsão dos preços futuros. Por isso,
para compor o valor da arroba no ato de venda dos animais, decidiu-se assumir a
média dos últimos três anos (Tabela 2), descontando os encargos referentes ao
imposto de renda e Funrural, que, quando calculados, representam
aproximadamente 5% do valor da média dos três anos anteriores (R$275,00). Sendo
assim, foi extrapolado para os sete anos seguintes do projeto, o valor de R$ 260,00
por arroba.
Tabela 2 - Histórico de preços pagos por arroba de boi gordo.

ANO 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023*
R$/@ 95,23 117,59 134,92 139,08 141,75 144,24 154,5 211,77 290 285,5 249,5
*O valor refere-se à cotação de Abril de 2023
Fonte: Adaptada de ABRAFRIGO (2022) e Scot Consultoria (2023).

Foi considerado um investimento inicial visando a renovação das pastagens,


com início em agosto de 2023 e término em janeiro de 2024, quando se iniciaria o
primeiro pastejo, dando início ao primeiro ciclo pecuário. Nos anos subsequentes, foi
considerado um custo fixo para manutenção da pastagem, visando evitar a
degradação da mesma. Os custos envolvendo a renovação e a manutenção desta
22

pastagem estão discriminados na Tabela 3, bem como os demais custos que


compõem o projeto.
Tabela 3 - Componentes do custo de produção.
Representação no
Item Discriminação Und. Quant. Valor Unit. R$ Valor total R$
COT
1 Preparo do solo (Aluguel) R$ 32.000,00 0,84%
Aração + gradagem Hectare 40 R$ 600,00 R$ 24.000,00 0,63%
Distribuição do calcário Hectare 40 R$ 100,00 R$ 4.000,00 0,10%
Semeadura + Compactação Hectare 40 R$ 100,00 R$ 4.000,00 0,10%
2 Insumos (Renovação do pasto) R$ 71.550,00 1,88%
Calcário T 92 R$ 150,00 R$ 13.800,00 0,36%
Adubação fosfatada T 9,35 R$ 2.300,00 R$ 21.505,00 0,56%
Adubação Nitrogenada T 4,45 R$ 2.500,00 R$ 11.125,00 0,29%
Sementes Saco 20Kg 20 R$ 544,00 R$ 10.880,00 0,29%
Herbicidas Balde 20L 4 R$ 3.560,00 R$ 14.240,00 0,37%
3 Insumos (Manutenção do pasto) R$ 244.341,30 6,41%
Adubação fosfatada T 16,55 R$ 2.300,00 R$ 38.067,30 1,00%
Adubação Nitrogenada T 53,4 R$ 2.500,00 R$ 133.500,00 3,50%
Adubação Potássica T 18,66 R$ 3.900,00 R$ 72.774,00 1,91%
4 Insumos (componente animal) R$ 998.865,00 26,20%
Suplementação T 459,9 R$ 2.150,00 R$ 988.785,00 25,93%
Manejo Sanitário Ano 7 R$ 1.440,00 R$ 10.080,00 0,26%
5 Reposição R$ 2.318.400,00 60,81%
Compra de animais Cab 1008 R$ 2.300,00 R$ 2.318.400,00 60,81%
6 Mão-de-obra R$ 73.361,92 1,92%
Fixa Ano 8 R$ 8.157,74 R$ 65.261,92 1,71%
Diaristas Mês 3 R$ 2.700,00 R$ 8.100,00 0,21%
7 Depreciações R$ 63.112,96 1,66%
Benfeitorias Ano 8 R$ 3.750,00 R$ 30.000,00 0,79%
Pastagem Ano 8 R$ 4.139,12 R$ 33.112,96 0,87%
8 Custo de Oportunidade R$ 504.000,00
COE R$ (3.749.598,88)
COT R$ (3.812.711,84)
CT R$ (4.316.711,84)

Fonte: Elaboração própria (2023).

Os custos que envolvem o componente animal do sistema também foram


considerados, incluindo o manejo sanitário (medicamentos, vacinas, vermífugos,
etc), a suplementação dos animais e a aquisição de novos animais, ao fim de cada
ciclo de produção. Já os custos referentes à mão-de-obra contratada, foram
calculados levando-se em consideração a porcentagem da área da propriedade que
o projeto ocupa, neste caso, 19% do valor que é pago aos funcionários, nos valores
discriminados na Tabela 3, já inclusos os encargos trabalhistas, bem como o 13º e
as férias.
23

Para os custos com suplementação, foi considerado um suplemento com


consumo médio de 0,4% do peso vivo dos animais, a um custo de R$ 2,15/kg, com
fornecimento diário, desde a entrada até a saída dos animais do sistema.
Também foram calculadas as depreciações das benfeitorias, como cercas,
bebedouros e instalações hidráulicas, considerando uma vida útil de 10 anos, sem
valor residual. Já para a depreciação da pastagem, foi considerada uma vida útil de
30 anos, também considerando um valor residual de zero ao final da vida útil.
O custo de oportunidade foi calculado considerando o aluguel da pastagem
da área, ao invés da implementação do sistema. Mais detalhes a respeito do custo
de oportunidade, serão apresentados na Tabela 4.
Por fim, foram calculados o custo operacional efetivo (COE), o custo
operacional total (COT) e o custo total (CT) (Tabela 3). Os custos para a
implementação do projeto são relativamente altos, principalmente no que diz
respeito à aquisição de animais, que representam aproximadamente 60% do custo
operacional total do projeto, e, aos insumos, especialmente os suplementos, que
representam cerca de 26% (Tabela 3). Os demais componentes do fluxo de caixa
não apresentam grande impacto nos custos, evidenciando a baixa necessidade de
investimento na renovação das pastagens, onde a soma dos custos relacionados à
renovação das pastagens totalizaram 2,72% do COT (Insumos para renovação +
preparo do solo).

5.2. Fluxo de caixa

Para a elaboração do fluxo de caixa, os insumos foram cotados no mês de


abril de 2023, assim como os valores de venda dos animais para abate. Os valores
de referência utilizados podem sofrer variação ao longo dos meses do ano, uma vez
que os valores das commodities tendem a ser bastantes voláteis com o passar do
tempo.
Foi estruturado um fluxo de caixa que considera os investimentos iniciais
necessários para renovar a pastagem no "Ano 0". Durante esse período inicial, não
haverá receitas, apenas operações para a renovação da pastagem. Após esse
período, o primeiro ciclo pecuário se iniciará com a compra de animais, que serão
24

vendidos após 12 meses (Tabela 4), e este padrão será mantido pelos próximos seis
ciclos.
Na primeira etapa do projeto, do "Ano 0" ao "Ano 2", o fluxo de caixa será
negativo, indicando que haverá mais saídas do que entradas (Tabela 4). Isso
ocorrerá devido ao alto investimento inicial de R$ 130.860,74 referente ao “ano 0” na
renovação da pastagem. A partir do terceiro ano, o fluxo de caixa permanecerá
constante até o sétimo ciclo pecuário.
É importante destacar, que a primeira e a segunda receita provenientes da
venda de animais não serão suficientes para cobrir todos os custos, deixando um
saldo negativo de R$ 23.969,95, ao final do "Ano 2", porém, ao final do ciclo
posterior, o Fluxo de caixa líquido acumulado passa a ser positivo, indicando uma
boa eficiência na recuperação do capital investido, impactando diretamente nos
indicadores de viabilidade econômica (Tabela 4).
25

Tabela 4 - Fluxo de caixa projetado para 7 anos.


Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Total
Custos ( A ) R$ (130.860,74) R$ (492.452,74) R$ (521.047,57) R$ (521.047,57) R$ (521.047,57) R$ (521.047,57) R$ (521.047,57) R$ (521.047,57) R$ (3.749.598,88)
Calagem R$ (13.800,00) R$ (13.800,00)
Aluguel de maquinas R$ (32.000,00) R$ (32.000,00)
Adubação fosfatada R$ (21.505,00) R$ (21.505,00)
Semeadura R$ (10.808,00) R$ (10.808,00)
Adubação Potássica R$ (10.400,00) R$ (10.400,00) R$ (10.400,00) R$ (10.400,00) R$ (10.400,00) R$ (10.400,00) R$ (10.400,00) R$ (72.800,00)
Adubação Nitrogenada R$ (22.250,00) R$ (22.250,00) R$ (22.250,00) R$ (22.250,00) R$ (22.250,00) R$ (22.250,00) R$ (22.250,00) R$ (155.750,00)
Aplicação de Herbicida R$ (14.240,00) R$ (14.240,00)
Diaristas R$ (8.100,00) R$ (8.100,00)
Compra de animais R$ (331.200,00) R$ (331.200,00) R$ (331.200,00) R$ (331.200,00) R$ (331.200,00) R$ (331.200,00) R$ (331.200,00) R$ (2.318.400,00)
Manutenção de pastagens R$ (6.344,83) R$ (6.344,83) R$ (6.344,83) R$ (6.344,83) R$ (6.344,83) R$ (6.344,83) R$ (38.068,96)
Mão-de-obra fixa R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (8.157,74) R$ (65.261,92)
Suplementação R$ (141.255,00) R$ (141.255,00) R$ (141.255,00) R$ (141.255,00) R$ (141.255,00) R$ (141.255,00) R$ (141.255,00) R$ (988.785,00)
Manejo sanitário R$ (1.440,00) R$ (1.440,00) R$ (1.440,00) R$ (1.440,00) R$ (1.440,00) R$ (1.440,00) R$ (1.440,00) R$ (10.080,00)

Depreciações e custo de
R$ (79.889,12) R$ (79.889,12) R$ (79.889,12) R$ (79.889,12) R$ (79.889,12) R$ (79.889,12) R$ (79.889,12) R$ (567.112,96)
oportunidade ( B )
Depreciação da pastagem R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (4.139,12) R$ (33.112,96)
Depreciação das benfeitorias R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (3.750,00) R$ (30.000,00)
Custo de Oportunidade R$ (72.000,00) R$ (72.000,00) R$ (72.000,00) R$ (72.000,00) R$ (72.000,00) R$ (72.000,00) R$ (72.000,00) R$ (504.000,00)
Receitas ( C ) R$ - R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 4.586.400,00
Venda de animais R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 655.200,00 R$ 4.586.400,00
Margem bruta (C-A) R$ (130.860,74) R$ 162.747,26 R$ 134.152,43 R$ 134.152,43 R$ 134.152,43 R$ 134.152,43 R$ 134.152,43 R$ 134.152,43 R$ 836.801,12
Fluxo de caixa Líquido
R$ (138.749,86) R$ 82.858,14 R$ 54.263,31 R$ 54.263,31 R$ 54.263,31 R$ 54.263,31 R$ 54.263,31 R$ 54.263,31 R$ 269.688,16
(FCL) (C-(A+B))
FCL descontado R$ (138.749,86) R$ 72.842,32 R$ 41.937,59 R$ 36.868,21 R$ 32.411,62 R$ 28.493,73 R$ 25.049,43 R$ 22.021,48 R$ 120.874,52
FCL descontado acumulado R$ (138.749,86) R$ (65.907,54) R$ (23.969,95) R$ 12.898,27 R$ 45.309,88 R$ 73.803,61 R$ 98.853,04 R$ 120.874,52

*Números em parênteses representam valores negativos .


Fonte: Elaboração própria (2023).
26

Para a elaboração da Tabela 4, foram considerados dois resultados de fluxo


de caixa, o primeiro, representado pela “Margem Bruta”, que considera as receitas
subtraídas do custo operacional efetivo (COE). A margem bruta diz respeito ao valor
que será efetivamente recebido pelo pecuarista, sem que sejam consideradas as
depreciações ou o custo de oportunidade. Já o segundo fluxo de caixa, diz respeito
à “Margem Líquida” e está apresentado na Tabela 4 como “Fluxo de Caixa Líquido”,
que corresponde ao valor que será recebido pelo pecuarista, levando em
consideração as depreciações das benfeitorias e o custo de oportunidade.
Para o cálculo do custo de oportunidade, foi considerado o aluguel da área
por um valor de R$ 1.800,00/ha/ano, totalizando R$ 504.000,00 ao final do período
avaliado (7 anos). A margem bruta obtida no projeto foi de R$ 836.801,12. Ao
comparar o custo de oportunidade com a margem bruta, apresentada na Tabela 4,
pode-se constatar que o investimento na renovação da pastagem para a recria e
engorda de bovinos machos obteve uma vantagem de R$ 332.801,12 (Margem
Bruta – Custo de oportunidade), evidenciando que o investimento no projeto se
justifica, uma vez que a receita gerada supera o custo de oportunidade.

5.3. Indicadores de viabilidade econômica

Considerando os fatos apresentados, a análise dos indicadores econômicos


será iniciada a partir deste ponto, com a apresentação dos valores correspondentes
aos indicadores de viabilidade econômica, apresentados na Tabela 5. Estes
indicadores são essenciais para orientar os empreendedores em relação à
viabilidade do projeto e ao rendimento do capital investido.

Tabela 5 - Indicadores de viabilidade econômica.

INDICADORES TMA (13,75%)


Valor Presente Líquido (VPL) R$ 120.874,52
Taxa interna de retorno (TIR) 42%
Payback Ano 3
Fonte: Elaboração própria (2023).
27

O valor presente líquido (VPL) é positivo, indicando um valor adicional ao


investimento de R$ 120.874,52, considerando uma descapitalização do investimento
em 13,75% ao ano, representado pela taxa mínima de atratividade (TMA).
A taxa interna de retorno (TIR) é maior que zero (41,79%), ou seja, o
investimento no projeto é capaz de gerar receitas acima do custo de capital (TMA), o
que indica que o projeto é viável.
Com relação ao retorno do investimento desembolsado para a implementação
do projeto, este será quitado em aproximadamente 41 meses (Ano 3), utilizando a
venda do terceiro lote de animais, como apresentado na Tabela 5 pelo “Payback”.
28

6. CONCLUSÕES

Com base nos dados obtidos a partir dos indicadores de viabilidade


econômica, é possível concluir que o investimento no projeto de renovação de
pastagens degradadas é rentável, garantindo a remuneração do produtor rural ao
longo dos 7 anos que foram avaliados. Nesse sentido, é possível afirmar que o
projeto é viável.
Com relação aos custos referentes à renovação do pasto, os valores não
interferem de forma abrupta nos custos de produção, representando apenas 2,72%
dos custos totais do projeto. Isso indica que o retorno proporcionado pelo
investimento na renovação do pasto é muito maior do que o custo para implementar
a renovação.
Quando comparado com o aluguel do pasto, o projeto obteve ampla
vantagem, fazendo com que seja justificada a implementação do mesmo.
Por fim, é possível concluir que a utilização dos indicadores de viabilidade
econômica auxiliam de maneira direta na tomada de decisão, no que diz respeito
aos investimentos financeiros, indicando onde é mais viável uma aplicação
financeira, e fornecendo informações relevantes para a adoção ou não de novos
projetos, a partir de análises cada vez mais criteriosas.
A variação da taxa Selic no mercado brasileiro é um desafio para qualquer
projeto de investimento, uma vez que esta taxa é reajustada a cada dois meses no
Brasil e sua variação pode alterar todo o resultado do projeto. Outro desafio
enfrentado é a volatilidade nos preços dos insumos e da arroba do boi gordo, tendo
em vista que a alteração nos preços pode interferir diretamente na viabilidade do
projeto.
29

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