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Bases práticas da Nutrição e Manejo de

Vacas Leiteiras

Estêvão Domingos de Oliveira


Médico Veterinário
2019
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Sumário

1. LISTA DE TABELAS...................................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4
2. MANEJO DE VACAS EM LACTAÇÃO ........................................................................................... 5
2.1. REALIZAÇÃO CORRETA DE DUAS ORDENHAS, NO MÍNIMO................................. 5
2.2. ESPAÇAMENTO DE COCHO .................................................................................. 6
2.3. PRESENÇA DE SOMBRA ........................................................................................ 6
2.4. TAMANHO E POSICIONAMENTO DA FONTE DE ÁGUA ........................................ 6
2.5. DIVISÃO DE LOTES DE ACORDO COM A PRODUÇÃO ........................................... 7
2.6. FRACIONAMENTO DA ALIMENTAÇÃO NO DECORRER DO DIA ............................ 7
2.5. REALIZAÇÃO DE DIETA TOTAL .............................................................................. 7
3. REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS DE VACAS EM LACTAÇÃO .................................................... 8
3.1.REQUERIMENTO EM ÁGUA ................................................................................... 8
3.2. REQUERIMENTOS EM ENERGIA ........................................................................... 8
3.3. REQUERIMENTOS EM PROTEÍNA ......................................................................... 9
3.4. REQUERIMENTOS EM MINERAIS.......................................................................... 9
4. BALANCEAMENTO DE DIETAS PARA VACAS LEITEIRAS ............................................................. 9
4.1. PRIMEIRA ETAPA - CÁLCULO DAS EXIGÊNCIAS PARA MANUTENÇÃO E
PRODUÇÃO ................................................................................................................ 10
4.2. SEGUNDA ETAPA – ESTIMATIVA DE CONSUMO E COMPOSIÇÃO DO
VOLUMOSO ............................................................................................................... 10
4.3. TERCEIRA ETAPA – CÁLCULO DA QUANTIDADE DE CONCENTRADO REQUERIDA
PARA SUPRIR AS EXIGÊNCIAS .................................................................................... 11
5. EXEMPLOS PRÁTICOS DE FORMULAÇÃO DE DIETAS ............................................................... 12
5.1. EXEMPLO PRÁTICO 1 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO CAPIM TROPICAL DE
MÉDIA QUALIDADE ................................................................................................... 12
5.2. EXEMPLO PRÁTICO 2 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO CAPIM TROPICAL DE
ALTA QUALIDADE ...................................................................................................... 13
5.3. EXEMPLO PRÁTICO 3 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO CAPIM TROPICAL DE
BAIXA QUALIDADE..................................................................................................... 13
5.4. EXEMPLO PRÁTICO 4 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO CANA DE AÇÚCAR
MOÍDA ....................................................................................................................... 14

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5.5. EXEMPLO PRÁTICO 5 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO SILAGEM DE MILHO ... 15
5.6. EXEMPLO PRÁTICO 6 – BALANCEAMENTO SILAGEM DE SORGO........................ 15
5.7. EXEMPLO PRÁTICO 7 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO SILAGEM DE CAPIM
TROPICAL ................................................................................................................... 16
5.8. EXEMPLO PRÁTICO 8 – BALANCEAMENTO UTILIZANDO SILAGEM DE CANA DE
AÇÚCAR MOÍDA ........................................................................................................ 16
6. MANEJO E ALIMENTAÇÃO DE VACAS SECAS ........................................................................... 17
6.1. PRIMEIRA FASE DO PERÍODO SECO ................................................................... 18
6.2. SEGUNDA FASE DO PERÍODO SECO: PRÉ - PARTO ............................................ 18
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 18

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição bromatológica média dos principais volumosos encontrados nas


propriedades leiteiras do Sudoeste Goiano e estimativa média de consumo
diário em matéria natural (MN) e matéria seca (MS) por vacas de 450 kg de
PV em condições adequadas de manejo. ............................................................. 11

Tabela 2. Composição bromatológica média dos principais alimentos concentrados


encontrados nas propriedades leiteiras do Sudoeste Goiano. Os dados de PB,
NDT, Ca e P estão calculados em relação à Matéria Seca (MS) do alimento e
não à matéria natural (MN). ................................................................................... 12

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Introdução

A nutrição de bovinos de leite tem avançado consideravelmente ao longo dos


últimos anos. Isso se deve principalmente à evolução genética dos rebanhos que
requisitaram técnicas mais sofisticadas de formulação de dietas para atingir potenciais
de produção cada vez maiores sem prejuízos para a saúde animal. Entretanto, ainda há
regiões e propriedades onde os rebanhos apresentam potenciais de produção mais
modestos e onde as técnicas básicas de manejo e nutrição desempenham papel mais
crucial na melhoria da renda dos produtores do que aquelas técnicas desenvolvidas
recentemente. Este material tem por objetivo descrever técnicas básicas de nutrição e
manejo de vacas leiteiras que, quando bem aplicadas, podem resultar em grandes
benefícios na maioria das propriedades leiteiras do Sudoeste Goiano. A aplicação das
técnicas aqui apresentadas não dispensa a presença de técnicos especializados em
nutrição nas propriedades, visto que as peculiaridades de cada fazenda leiteira são tão
diversas quanto as personalidades dos indivíduos que nelas trabalham e cabe ao
técnico competente realizar as adaptações necessárias.

2- Manejo de vacas em lactação

O correto manejo de vacas em lactação permite que os animais utilizem de


forma mais adequada os alimentos oferecidos para a produção de leite, possibilitando
que possam atingir potenciais de produção mais elevados. Há, na maior parte das
propriedades leiteiras, uma carência muito grande de informações acerca da forma
mais adequada de manejar as vacas, o que leva os produtores a cometerem equívocos
graves limitando a produção de seus animais. Na grande maioria das vezes a adoção de
simples práticas de manejo pode gerar maior resultado econômico para o produtor
que medidas mais drásticas muitas vezes recomendadas, como: comprar animais
novos, aumento do uso de concentrado e mudança da pastagem utilizada na
propriedade.
Os principais detalhes referentes ao manejo, que devem ser avaliados pelo
nutricionista para obter bons resultados com formulação de dietas na maioria das
propriedades, são descritos neste material. Esses detalhes não enumeram todas as
medidas de manejo necessárias, mas são responsáveis pela obtenção de resultados
mais concretos e em menor tempo possível.

2.1 – Realização correta de duas ordenhas, no mínimo

O simples manejo de alterar de uma única ordenha diária para duas ordenhas
pode resultar em um aumento de até 40% na produção de leite por cada vaca/dia.
Esse incremento de produção é maior que qualquer outra prática de manejo adotada
individualmente e deve ser o primeiro fator de manejo a ser identificado e
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recomendado para o sucesso da dieta. O ideal é que o intervalo entre a ordenha da
manhã e da tarde seja de 10 a 12 horas.
A ordenha deve ser realizada de forma calma, sendo inaceitável que na
condução dos animais haja a necessidade de gritos, utilização de cães ou instrumentos
que possam causar estresse às vacas, tais como cordas ou ferrões. O estresse provoca
retenção de leite por parte das vacas e uma redução da docilidade dos animais, o que
prejudica o manejo.
Outro detalhe importante a ser observado em relação à ordenha de vacas
leiteiras é a correta operação e manutenção da ordenhadeira mecânica, sendo muito
comum observar propriedades que não realizam a manutenção e higienização
adequadas desse equipamento. Isso muitas vezes ocasiona redução na produção
leiteiras pelos animais e elevação dos riscos de mastite, além de redução na qualidade
do leite produzido.

2.2 – Espaçamento de cocho

Durante o período seco do ano, quando o fornecimento dos alimentos é


realizado quase que exclusivamente no cocho, é muito importante atentar para o fato
de que cada vaca necessita de um espaçamento linear de no mínimo 80 cm. É comum
observar em propriedades do Sudoeste Goiano espaçamento de cocho abaixo do
recomendado. Em consequência disso há uma competição muito acentuada pelo
alimento e muitas vacas não conseguem consumir a quantidade recomendada.
Somente as vacas mais agressivas e dominantes conseguem consumir o alimento à
vontade. Isso leva a menor produção de leite, flutuações na produção de leite e a um
aproveitamento deficiente da dieta.

2.3 – Presença de sombra

A função da sombra para vacas leiteiras está fundamentalmente ligada à


redução da transpiração e perda de água em dias mais quentes. Possibilita redução do
estresse calórico e, consequentemente aumenta a produção de leite e eficiência
reprodutiva. O ideal é que para cada vaca haja uma área de no mínimo 5 m 2 de
sombra, que possibilite aos animais conforto sem necessidade de competição.
O correto posicionamento da sombra e seu aproveitamento pelos animais é um
dos itens de manejo que, considerado isoladamente, pode possibilitar maior impacto
na produção de leite pelas vacas.

2.4 – Tamanho e posicionamento da fonte de água

O posicionamento adequado da fonte de água para os animais e o tamanho do


bebedouro é fundamental para que as vacas leiteiras consigam consumir o necessário

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em água por dia. Os bebedouros devem sempre ser posicionados nas áreas de
descansos dos piquetes de pastejo durante a época chuvosa do ano e com um
tamanho linear mínimo de 10 cm por animal. Durante a época seca do ano, quando os
animais recebem alimentação em cochos, os bebedouros não devem se situar em uma
distância superior a 15 metros do cocho de trato.

2.5 – Divisão de lotes de acordo com a produção

Para a correta utilização dos alimentos disponíveis na propriedade é necessário


que sejam fornecidos nas quantidades corretas para cada vaca leiteira, o que depende,
portanto, do potencial de produção de cada animal. O potencial de produção é
dependente do período de lactação e da genética. Como seria impraticável fornecer
uma dieta para cada animal é necessária a divisão das vacas em lactação em lotes de
acordo com um potencial de produção médio. Cada lote não deverá ter uma diferença
em produção de leite maior que 6-8 litros entre a menor e maior produção. Sugere-se
adicionalmente que a propriedade faça uma separação das vacas de primeira cria dos
demais animais, visto que estas vacas sentem mais a competição com animais maiores.
Na maioria das fazendas a simples divisão em dois lotes resulta em melhorias
consideráveis na produção de leite. O primeiro lote seria composto por vacas recém-
paridas e vacas melhores de leite. O segundo lote, por vacas já com lactação mais
adiantada que estejam produzindo uma média diária inferior.

2.6 – Fracionamento da alimentação no decorrer do dia

A maioria das propriedades leiteiras o apresentaria resultados bem mais


consistentes com relação à alimentação dos rebanhos de leite se realizasse o
fornecimento da alimentação dividindo a dieta em duas ou três vezes ao dia. Os
horários mais recomendados seriam após a ordenha da manhã, ao meio dia e após a
ordenha da tarde. Esse manejo simples possibilita redução nos riscos de acidose
ruminal, melhor aproveitamento dos nutrientes e maximiza o consumo de alimento
por animal, possibilitando aumento na produção de leite.

2.7 – Realização de dieta total

As vacas consomem mais alimento e produzem mais leite quando os


ingredientes da dieta são misturados todos juntos no cocho de trato. Esse manejo é
denominado dieta total e possibilita melhor funcionamento do rúmen devido a
menores flutuações do pH.
Recomenda-se de forma prática adicionar inicialmente no cocho o volumoso e,
em seguida, o suplemento mineral, misturando corretamente. Posteriormente deve-se
adicionar os alimentos concentrados e realizar uma mistura bem feita. Esse

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procedimento permite que as vacas consumam porções de mistura com composição
muito semelhante ao longo do dia, maximizando o aproveitamento da dieta.

3- Requerimentos nutricionais de vacas em lactação

Atualmente podemos encontrar vários programas de computador (NRC, CNPCS,


CORNELL, SPARTAN) que nos fornecem de forma muito rápida e eficiente os níveis dos
nutrientes que são requeridos para quase todas as categorias de gado leiteiro. Esses
programas exigem que seu banco de dados seja alimentado com dados a respeito da
composição dos alimentos disponíveis nas propriedades para que seja possível realizar
a formulação da dieta. Entretanto, muitas vezes as condições existentes nas
propriedades leiteiras são muito precárias e as adaptações que devem ser feitas são
tantas que programas mais específicos de formulação de dietas podem tornar o
processo mais lento. Mediante o uso de planilhas de Excel de fácil construção é
possível balancear uma dieta de forma eficiente e rentável na maioria das
propriedades leiteiras do Sudoeste Goiano, desde que se tenha o conhecimento das
necessidades corretas de água, proteína, energia e minerais para vacas de leite.

3.1 – Requerimentos em água

Água é o alimento mais limitante para a produção de leite e seu consumo por
cada animal não é corretamente calculado na maioria das propriedades do Sudoeste
Goiano. Comumente são observadas condições nas propriedades que não possibilitam
o consumo adequado de água pelas vacas leiteiras e, portanto, há uma limitação muito
grande na produção. O fornecimento de água via represas ou córregos ainda é
realizado em muitas propriedades, mas é desaconselhado, pois a água fria limita o
consumo assim como a distância requerida para o deslocamento dos animais. O ideal é
que água limpa seja oferecida através de bebedouros artificiais com tamanho linear
mínimo de 10 cm por animal, situados próximos à área de alimentação ou em áreas de
descanso em piquetes. É necessário compreender que o consumo de água varia muito
em função da temperatura ambiente, umidade do ar e presença adequada de sombra.
Devemos esperar um consumo de aproximadamente 3,5 litros de água para
cada litro de leite produzido. Em condições de temperatura mais amena o consumo
pode ser menor, mas oferecer uma disponibilidade menor de água pode limitar a
produção leiteira em dias mais quentes.

3.2 – Requerimentos em energia

Na maioria das propriedades as exigências em energia das vacas leiteiras


podem ser facilmente atendidas utilizando-se os valores conhecidos de Nutrientes

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Digestíveis Totais (NDT) presentes nos alimentos disponíveis na propriedade, obtidos
através de análises bromatológicas e o requerimento para a manutenção e produção
de leite já conhecidos nas vacas leiteiras.
Para a manutenção, a vaca de leite necessita de 800 gramas de NDT para cada
100 quilos de peso vivo.
Para produção de um leite com 4% de gordura, a vaca leiteira necessita de 333
gramas de NDT para cada litro de leite.

3.3 – Requerimentos em proteína

Para atender os requisitos em proteína das vacas leiteiras na maioria das


propriedades basta ao formulador de dietas utilizar os dados de Proteína Bruta (PB)
obtidos de análises bromatológicas dos alimentos existentes na propriedade e os
requerimentos em PB exigidos para a manutenção e produção de leite já conhecidos
nas vacas leiteiras.
Para a manutenção, a vaca de leite necessita de 100 gramas de PB para cada
100 quilos de peso vivo.
Para produção de um leite com 4% de gordura, a vaca leiteira necessita de 85
gramas de PB para cada litro de leite.

3.4 – Requerimentos em Minerais

Na maioria das propriedades leiteiras há uma grande necessidade de fornecer


suplementos minerais ricos em Cálcio e Fósforo para as vacas leiteiras, visto que os
solos da região são, com raras exceções, muito carentes em macro e micronutrientes.
Para obter bons resultados na formulação de dietas é necessário compreender que a
maioria dos volumosos produzida nessa região possui baixas concentrações desses
elementos minerais. Misturas minerais prontas para uso com concentração adequada
de Macro e Microminerais podem ser facilmente adquiridas por produtores no
Sudoeste Goiano e, desde que sejam oferecidas as condições adequadas para o
consumo, as exigências para manutenção e produção são facilmente atingidas. O ideal
é fornecer uma quantidade conhecida de mistura mineral por animal, de forma a
garantir os requerimentos mínimos de Macro e Microminerais.
Para a manutenção, a vaca leiteira necessita em média de 15 gramas de cálcio
e 15 gramas de fósforo por dia.
Para a produção de um leite com 4% de gordura, são necessários 2 gramas de
de cálcio e 1,8 gramas de fósforo para cada litro de leite.
De forma prática, o consumo de 100 gramas por vaca/dia de um suplemento
mineral de boa qualidade contendo no mínimo 90 gramas de fósforo por kg fornece os
Macro e Micro minerais necessários.
Na época chuvosa do ano, o fornecimento à vontade dessa mistura mineral em
cochos cobertos com espaçamento linear mínimo de 5 a 10 cm /vaca normalmente
garante o consumo satisfatório.
Na época seca do ano, recomenda-se misturar 100 gramas de suplemento
mineral pronto para uso por vaca/ dia no volumoso a ser fornecido no cocho e deixar a
mistura mineral também à disposição em um cocho separado para consumo à
vontade.

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4- Balanceamento da dieta para vacas leiteiras

O balanceamento de dieta é o ato de fornecer os alimentos aos animais na


quantidade adequada de modo a suprir corretamente as necessidades de manutenção
e produção sem que ocorram riscos à saúde. Outro objetivo é evitar gastos
desnecessários mediante o uso de alimentos que permitam um melhor custo benefício
ao produtor, garantindo maior rentabilidade. Para isso, é necessário ao formulador de
dietas que conheça a composição dos alimentos a serem utilizados.

4.1 – Primeira etapa: Cálculo das exigências para manutenção e produção

A primeira etapa de uma formulação de dieta compreende o cálculo das


exigências de manutenção e produção requeridas pelo animal em PB, NDT, Ca e P,
principalmente. Esses cálculos são realizados mediante o conhecimento do peso vivo
do animal (PV) e produção leiteira atual ou produção futura estimada. Utilizando-se os
dados citados anteriormente nesse texto é possível obter bons resultados na maioria
das propriedades leiteiras do Sudoeste Goiano.

4.2 – Segunda etapa: Estimativa de consumo e composição do volumoso

A segunda etapa a ser executada é o cálculo do consumo de volumoso e da


quantidade de PB e NDT fornecidos. É necessário realizar análises bromatológicas dos
alimentos utilizados para que se possa conhecer seu valor nutricional. No Sudoeste
Goiano, uma análise bromatológica que forneça os dados de Proteína Bruta (PB),
Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) e Matéria Seca (MS) permite a obtenção de
resultados satisfatórios na maioria dos rebanhos. Dados complementares podem ser
obtidos em diversas tabelas de composição já existentes. A tabela 1 descreve
resumidamente a composição dos volumosos mais comumente encontrados nas
fazendas do Sudoeste Goiano. Os valores de PB e NDT são obtidos em relação à
Matéria Seca (MS) do alimento e não à Matéria Natural. Lembrar que a composição
nutricional varia consideravelmente de uma fazenda para outra e em função do
manejo de colheita do volumoso, adubação e período do ano.

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Tabela 1 – Composição bromatológica média dos principais volumosos encontrados
nas propriedades leiteiras e estimativa média de consumo diário em matéria natural
(MN) e matéria seca (MS) por vacas de 450 kg de PV em condições adequadas de
manejo.

Volumoso % MS % PB % NDT Consumo Consumo


(Kg de MN) (Kg de MS)
Capim tropical de baixa qualidade 25 6 55 24 6
Capim tropical de média qualidade 20 10-12 60 40 8
Capim tropical de alta qualidade 20 12-18 63 50 10
Cana de açúcar moída 30 2 62 30 9
Silagem de milho 30 7 66 40 12
Silagem de sorgo 30 9 63 40 12
Silagem de capim tropical 30 5 55 30 9
Silagem de cana de açúcar 30 1,5 50-60 30 9
Fonte: Análises bromatológicas obtidas na região e observações práticas de manejo

As estimativas de consumo de volumoso de forma alguma substituem a


necessidade do nutricionista visitar a propriedade, visto que o consumo de volumoso é
muito variável em função do PV, produção leiteira e manejo. Vacas com produção
acima de 15 litros por dia e bem manejadas consomem uma grande quantidade de
volumoso por dia, e, sendo o volumoso normalmente o alimento mais barato, quanto
mais for consumido, menor o custo diário com a alimentação concentrada. O
nutricionista deve enfatizar a necessidade de maximizar o consumo de MS de
alimentos volumosos como uma forma de garantir melhores resultados na formulação.

4.3 – Terceira etapa: Cálculo da quantidade de alimento concentrado requerida para


suprir as exigências

Após conhecer-se a estimativa de consumo do volumoso pelos animais pode-se


calcular qual será a quantidade de alimento concentrado requerida para que a vaca
leiteira atinja o potencial de produção desejado. Isso pode ser facilmente obtido
mediante o cálculo da quantidade de nutrientes fornecidos pelo volumoso e a
quantidade de nutrientes requeridos para a manutenção e produção leiteira esperada.
A quantidade de nutrientes em falta deverá ser suprida pelo alimento concentrado a
ser adicionado na alimentação. A determinação da quantidade de concentrado a ser
adicionado depende da sua composição. A tabela 2 contém os dados de composição
bromatológica dos principais alimentos concentrados encontrados nas propriedades
leiteiras.

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Tabela 2 – Composição bromatológica média dos principais alimentos concentrados
encontrados nas propriedades leiteiras. Os dados de PB, NDT, Ca e P estão calculados
em relação à Matéria Seca (MS) do alimento e não à matéria natural (MN).

Alimento % MS % PB % NDT % Ca %P

Farelo de soja 90 45 80 0,29 0,66


Farelo de girassol 90 28 68 0,06 0,04
Farelo de algodão (41%) 90 41 75 0,29 0,86
Milho 90 8 80 0,05 0,32
Rolão de milho 90 8 70 0,06 0,04
Sorgo 90 9 75 0,06 0,34
Caroço de algodão 90 23,5 85 0,18 0,75
Torta de algodão (28%) 90 28 63 0,15 0,60
Casca de soja peletizada 90 10 66 0,5 0,22
Uréia 100 282 0 0 0
Ração comercial 28% PB 90 28 68 1,6 0,6
Ração comercial 24% PB 90 24 70 1,6 0,6
Ração comercial 22% PB 90 22 73 1,6 0,6
Ração comercial 20% PB 90 20 75 1,6 0,6
Ração comercial 18% PB 90 18 78 1,6 0,6
Fonte: Análises bromatológicas obtidas na região.

5- Exemplos práticos de formulação de dietas

Seguem abaixo alguns exemplos de dietas formuladas para as condições mais


comuns encontradas em propriedades. É muito importante para o sucesso da dieta
que o nutricionista se desloque até as propriedades e avalie as condições de manejo. A
dieta formulada deverá ser a mesma que está sendo oferecida e consumida pela vaca
leiteira e isso somente ocorre em boas condições de manejo. Nos exemplos práticos
utilizaremos como concentrados preferencialmente rações comerciais, visto que na
maioria das propriedades leiteiras não se realiza a confecção de rações na fazenda.

5.1. Exemplo prático 1 – Balanceamento utilizando capim tropical de média


qualidade

 Vaca leiteira de 450 kg de PV com produção de 15 litros de leite/dia


consumindo pastagem de capim tropical de média qualidade.

 Exigência de manutenção: 0, 450 kg de PB e 3,6 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,275 kg de PB e 5 kg de NDT
 Exigência total: 1,73 kg de PB e 8,6 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 0,8 kg de PB e 4,8 kg de NDT

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 Nutrientes em falta: 0,93 kg de PB e 3,8 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 5,5 kg de
matéria natural de uma ração com 20% de PB, o que é equivalente a
4,95 kg de matéria seca de ração. Se for utilizada uma ração comercial
com mais proteína, é arriscado ocorrer excedente de PB, o que é
prejudicial ao animal. O concentrado pode ser fornecido durante as
ordenhas ou em cochos próprios após as ordenhas da manhã e da
tarde.

Essa dieta é muito comum durante o período chuvoso do ano e, para que se
obtenha a produção leiteira desejada, deve-se assegurar que haja água e sombra à
disposição, bem como que o consumo e composição do volumoso sejam os descritos
acima. Esses detalhes devem ser analisados em visita à propriedade.

5.2. Exemplo prático 2 – Balanceamento utilizando capim tropical de alta qualidade

 Vaca leiteira de 450 kg de PV com produção de 20 litros de leite/dia


consumindo pastagem de capim tropical de alta qualidade.

 Exigência de manutenção: 0, 450 kg de PB e 3,6 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,7 kg de PB e 6,7 kg de NDT
 Exigência total: 2,15 kg de PB e 10,3 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 1,2 kg de PB e 6,3 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 0,95 kg de PB e 4 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 6 kg de
matéria natural de uma ração com 18% de PB, o que é equivalente a 5,4
kg de matéria seca de ração. Se for utilizada uma ração comercial com
mais proteína, é arriscado ocorrer excedente de PB, o que é prejudicial
ao animal. O concentrado pode ser fornecido durante as ordenhas ou
em cochos próprios após as ordenhas da manhã e da tarde.

Essa situação pode ser encontrada em propriedades onde se realiza correto


manejo do solo e adubação adequada das pastagens. Para que os animais venham a
ingerir a quantidade calculada de volumoso, o manejo deve ser bem realizado, com
presença adequada de água, sombra e espaçamento de cocho. É uma dieta barata,
pois a quantidade de nutrientes fornecidos pela pastagem é elevada e a quantidade de
concentrado requerido para suprir a deficiência torna-se bem menor. Recomenda-se
sempre realizar uma avaliação da pastagem para verificar a correta composição do
volumoso.

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5.3. Exemplo prático 3 – Balanceamento utilizando capim tropical de baixa qualidade

 Vaca leiteira de 450 kg de PV com produção de 15 litros de leite/dia


consumindo pastagem de capim tropical de baixa qualidade.

 Exigência de manutenção: 0, 450 kg de PB e 3,6 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,275 kg de PB e 5 kg de NDT
 Exigência total: 1,73 kg de PB e 8,6 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 0,36 kg de PB e 3,3 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 1,37 kg de PB e 5,25 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 8,5 kg de
matéria natural de uma ração com 18% de PB, o que é equivalente a
7,65 kg de matéria seca de ração. Se for utilizada uma ração comercial
com mais proteína, é arriscado ocorrer excedente de PB, o que é
prejudicial ao animal. O concentrado pode ser fornecido durante as
ordenhas ou em cochos próprios após as ordenhas da manhã e da
tarde.

Essa é uma situação muito comum durante o período seco do ano em


propriedades leiteiras onde não se utiliza volumoso picado no cocho. O capim tropical
de baixa qualidade representa um pasto seco vedado e os animais têm dificuldade de
ingerir a MS necessária devido ao desconforto gerado pelo calor e baixa umidade
existentes durante essa época do ano. É uma dieta cara, pois é grande a necessidade
de utilização de concentrado no cocho e há o risco de os animais realizarem
substituição do pasto pela ração, se recusando a consumir a quantidade calculada de
volumoso durante o dia.

5.4. Exemplo prático 4 – Balanceamento utilizando cana de açúcar moída

 Vaca leiteira de 450 kg de PV com produção de 18 litros de leite/dia


consumindo cana de açúcar moída no cocho.

 Exigência de manutenção: 0, 450 kg de PB e 3,6 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,53 kg de PB e 6 kg de NDT
 Exigência total: 2 kg de PB e 9,6 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 0,18 kg de PB e 5,67 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 1,82 kg de PB e 4 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 5 kg de
matéria natural de uma ração com 22% de PB, o que é equivalente a 4,5
kg de matéria seca de ração. Adicionalmente deve-se fornecer 2 kg de
Farelo de Soja misturado à cana de açúcar moída no cocho para corrigir

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a proteína do volumoso, que é muito baixa. Para corrigir os Macro e
Microminerais da cana de açúcar, recomenda-se misturar
adicionalmente 100 g de um suplemento mineral pronto para uso no
volumoso moído.

Essa é uma situação muito comum durante o período seco do ano na maioria
das propriedades leiteiras. A cana de açúcar é um volumoso com composição em PB
muito baixa, mas com bom teor de NDT. Recomenda-se, para que se atinja o consumo
de volumoso esperado, que o trato seja dividido no mínimo três vezes ao dia, sendo
que a cana de açúcar moída, a ração, o farelo de soja e o sal mineral devem ser
misturados todos juntos no cocho em estilo Dieta Total. Para correção da PB da cana
de açúcar moída é muito comum observar-se o uso de uréia, mas os resultados obtidos
com formulação para vacas em lactação são inferiores aos observados quando se usa o
farelo de soja sendo que o custo da dieta utilizando-se a uréia é apenas 2 a 3% inferior
àquela na qual se utiliza o farelo de soja.

5.5. Exemplo prático 5 – Balanceamento utilizando silagem de milho

 Vaca leiteira de 500 kg de PV com produção de 20 litros de leite/dia


consumindo silagem de milho no cocho.

 Exigência de manutenção: 0, 500 kg de PB e 4 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,7 kg de PB e 6,66 kg de NDT
 Exigência total: 2,2 kg de PB e 10,66 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 0,94 kg de PB e 7,92 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 1,26 kg de PB e 2,74 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 1kg de
matéria natural de uma ração com 18% de PB, o que é equivalente a 0,9
kg de matéria seca de ração. O fornecimento de 3 kg de Farelo de Soja
misturado à silagem de milho no cocho completa o balanceamento da
dieta.

A silagem de milho de boa qualidade é um excelente volumoso para vacas


leiteiras, pois os animais consomem muito bem esse alimento no cocho. Recomenda-
se dividir o trato duas vezes ao dia e misturar a ração e o farelo de soja no cocho,
juntamente com o volumoso. O custo da silagem de milho é alto e, dependendo da
produção dos animais, torna-se inviável sua utilização. Dietas utilizando silagem de
milho normalmente são de maior custo que aquelas utilizando cana da açúcar moída.

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5.6. Exemplo prático 6 – Balanceamento utilizando silagem de sorgo

 Vaca leiteira de 500 kg de PV com produção de 20 litros de leite/dia


consumindo silagem de sorgo no cocho.
 Exigência de manutenção: 0, 500 kg de PB e 4 kg de NDT
 Exigência de produção: 1,7 kg de PB e 6,66 kg de NDT
 Exigência total: 2,2 kg de PB e 10,66 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 1,08 kg de PB e 7,56 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 1,12 kg de PB e 3,1 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 4 kg de
matéria natural de uma ração com 22% de PB, o que é equivalente a 3,6
kg de matéria seca de ração. O fornecimento de 1 kg de Farelo de Soja
misturado à silagem de sorgo no cocho completa o balanceamento da
dieta.

A silagem de sorgo de boa qualidade apresenta resultados muito bons para


vacas em lactação. Recomenda-se dividir o trato duas vezes ao dia e misturar a ração e
o farelo de soja no cocho, juntamente com o volumoso. O custo da silagem de sorgo é
bem menor que a o custo da silagem de milho e, dependendo da produção dos
animais, a dieta utilizando silagem de sorgo pode ser mais barata até mesmo que
dietas utilizando cana de açúcar moída.

5.7. Exemplo prático 7 – Balanceamento utilizando silagem de capim tropical

 Vaca leiteira de 500 kg de PV com produção de 20 litros de leite/dia


consumindo silagem de capim tropical no cocho.

 Exigência de manutenção: 0, 500 kg de PB e 4 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,7 kg de PB e 6,66 kg de NDT
 Exigência total: 2,2 kg de PB e 10,66 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 1,50 kg de PB e 4,95 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 0,7 kg de PB e 5,71 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: É uma dieta de balanceamento
mais complexo. Uma opção seria fornecer 1 kg de Ração 22% de PB, 5
kg de milho moído fino e 2 kg de casca de soja. A adição somente de
rações comerciais não permite um balanceamento preciso da dieta,
sendo muito comum haver excesso de PB e falta de NDT.

A silagem de capim tropical apresenta-se como uma das alternativas mais caras
de volumoso para seca disponíveis em propriedades. Isso ocorre devido à grande área
requerida para a produção de uma quantidade satisfatória desse volumoso e sua

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composição nutricional, que é inferior a outros alimentos. Em média, as dietas
balanceadas em que a principal fonte de volumoso é a silagem de capim tropical, ficam
mais caras que quando se utiliza cana de açúcar moída ou silagem de sorgo.

5.8. Exemplo prático 8 – Balanceamento utilizando silagem de cana de açúcar moída

 Vaca leiteira de 500 kg de PV com produção de 20 litros de leite/dia


consumindo silagem de cana moída no cocho.

 Exigência de manutenção: 0, 500 kg de PB e 4 kg de NDT


 Exigência de produção: 1,7 kg de PB e 6,66 kg de NDT
 Exigência total: 2,2 kg de PB e 10,66 kg de NDT
 Nutrientes fornecidos pelo volumoso: 0,14 kg de PB e 5,22 kg de NDT
 Nutrientes em falta: 2,06 kg de PB e 5,44 kg de NDT
 Quantidade de concentrado requerida: aproximadamente 6,5 kg de
matéria natural de uma ração com 22% de PB, o que é equivalente a
5,85 kg de matéria seca de ração. Adicionalmente deve-se fornecer 2 kg
de Farelo de Soja misturado à silagem de cana de açúcar moída no
cocho para corrigir a proteína do volumoso, que é muito baixa. Para
corrigir os Macro e Microminerais, recomenda-se misturar
adicionalmente 100 g de um suplemento mineral pronto para uso no
volumoso moído. Se utilizar uréia como inoculante da silagem de cana,
recomenda-se realizar uma análise do volumoso após a abertura do silo
para verificar o teor de PB.

A silagem de cana de açúcar moída tem se apresentado cada vez mais como
uma opção de volumoso para o período seco do ano em virtude da redução da mão de
obra necessária para a colheita da cana quando esta é moída diariamente. Em grandes
rebanhos, a utilização de silagem de cana pode minimizar problemas de colheita, pois
reduz a necessidade de mão de obra. Os custos desse volumoso são mais elevados que
a colheita diária da cana, quando esta é realizada com equipamento mecanizado, mas
seu balanceamento correto permite resultados satisfatórios em vacas de produção
leiteira de até 25 litros/dia.
Recomenda-se, para que se atinja o consumo de volumoso esperado, que o
trato seja dividido no mínimo três vezes ao dia, sendo que a silagem de cana de açúcar
moída, a ração, o farelo de soja e o sal mineral devem ser misturados todos juntos no
cocho em estilo Dieta Total.

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6- Manejo e alimentação de vacas secas

É muito comum observar nas propriedades leiteiras um baixo grau de


conscientização a respeito da necessidade de se manejar adequadamente as vacas
secas no rebanho. Elas são as responsáveis pela produção futura e, por consequência,
quando bem nutridas e manejadas, conseguirão parir adequadamente e atingir os
picos de produção de leite.
O período seco pode ser dividido em duas fases tendo por base a maior ou
menor proximidade em relação ao parto. A primeira fase se inicia no momento que a
vaca é desmamada ou no momento da secagem e se prolonga até 30 dias antes do
parto. A segunda fase, também denominada pré-parto, tem a duração média de 30
dias, período fundamental para que a vaca se prepare para o momento do parto.

6.1 – Primeira fase do período seco

A primeira fase do período seco é o momento em que a vaca possui as menores


exigências nutricionais. Também é a época em que há a recuperação do rúmen e,
portanto, o animal deverá consumir a maior quantidade possível de forragem.
Na época chuvosa do ano é suficiente oferecer ao animal uma pastagem de
qualidade e suplemento mineral pronto para uso com no mínimo 80 gramas de fósforo
por kg em cocho coberto e consumo à vontade.
Na época seca do ano deve-se realizar um balanceamento de dieta que tenha
por objetivo apenas a manutenção ou, caso a vaca esteja um pouco magra, ganho de
peso satisfatório para que venha a parir em boa condição corporal. É importante que a
vaca tenha acesso a sombra de qualidade e água limpa à vontade.

6.2 – Segunda fase do período seco: Pré–Parto

O pré-parto é o período fundamental para que a vaca possa se preparar para a


futura lactação. Um manejo e nutrição inadequados nessa fase podem impedir que a
vaca atinja o seu real potencial de produção de leite ou levar a desordens durante o
parto e pós-parto, como retenção de placenta, partos distócicos, hipocalcemias e febre
do leite.
O mais importante nessa fase é manter a vaca em um piquete próprio para o
parto, próximo ao retiro de produção de leite, em um mesmo lote que outras vacas
que também estejam no pré-parto, com livre acesso a água, sombra e forragem de
qualidade. Não se recomenda a realização de práticas de manejo estressantes nessa
fase, pois podem levar ao risco de retenção de placenta, abortos ou partos
prematuros.

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Nesse período deve-se impedir o consumo de suplementos minerais para
minimizar o risco de edema de úbere, de eclampsia e outros problemas metabólicos.
Recomenda-se balancear uma dieta suficiente para manutenção da condição
corporal e fornecer aos animais 2-4 kg de concentrado contendo no mínimo 18% de PB
e 73% de NDT e núcleo pré parto, visando adaptar os animais à dieta que serão
submetidos durante a lactação e evitando os problemas metabólicos típicos dessa
fase. Vacas mais produtivas (>25 kg de leite por dia) necessitam de uma formulação
similar, mas com núcleo Aniônico.

7- Considerações finais

Neste material não estão enumerados todos os detalhes necessários para que
vacas leiteiras possam ser alimentadas corretamente e gerar renda ao produtor.
Entretanto, estas informações podem ser utilizadas pelo nutricionista como ponto de
partida para discussões acerca das condições de manejo e fornecimento da
alimentação em grande parte das propriedades leiteiras no Sudoeste Goiano e, desde
que corretamente utilizadas, podem resultar em benefícios satisfatórios em curto
período de tempo com baixo custo de implantação.

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