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Sumário
1. Introdução...................................................................................... 3

2. Manejo............................................................................................ 3

2.1 Avaliação.................................................................................. 5

2.2 Intervenção e revisão................................................................ 5

2.3 Dicas na revisão ...................................................................... 6

2.4 Colocação das melgueiras....................................................... 7

2.5 Tela excluidora......................................................................... 7

2.6 Troca de quadros e caixas........................................................ 7

2.7 Verificação da Postura............................................................. 8

3. Alimentação................................................................................... 8

3.1 Alimentação das abelhas.......................................................... 8

3.2 A água...................................................................................... 9

3.3 A Alimentação artificial............................................................. 10

3.3.1 Alimento de subsistência.......................................................... 10

3.3.2 Alimento estimulante................................................................ 11

3.3.3 Alimentação de inverno............................................................ 11

3.3.4 Alimento em pó......................................................................... 11

3.3.5 Cuidados na alimentação artificial............................................ 11

4. Calendário apícola....................................................................... 12

5. A apicultura migratória................................................................. 12

6. Abelhas Rainha............................................................................. 13

6.1 Como encontrar a abelha rainha na colmeia............................. 14

6.2 Confirmar a presença da rainha na colmeia............................. 15

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6.3 Introdução de rainhas.............................................................. 15

6.4 Causas de insucesso nas introduções..................................... 18

6.5 Orfanação da colônia................................................................ 19

7. Comunicação das abelhas.......................................................... 19

7.1 A dança das abelhas................................................................ 20

8. Revestimento das caixas.............................................................. 20

9. Captura.......................................................................................... 21

9.1 Captura de enxames em Voo................................................... 21

9.2 Captura de enxame fixo............................................................ 21

9.3 Compra de enxames................................................................ 22

9.4 Captura em caixa Isca............................................................. 22

9.5 Divisão de enxames................................................................ 23

10. Características genéticas desejáveis........................................ 24

10.1 Inseminação instrumental.......................................................... 24

11. Colmeia zanganeira ou androtocas............................................ 25

12. Enxameação................................................................................. 26

13. Produção de mel.......................................................................... 26

13.1 Colheita do mel......................................................................... 27

14. Doenças e tratamentos............................................................... 28

15. Lista de fornecedores.................................................................. 30

16. Referências bibliográficas........................................................... 31

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1. Introdução
A partir desse módulo esperamos avançar no desenvolvimento de uma
apicultura mais precisa e sustentável. Nosso objetivo é aprender sobre a vida das
abelhas e promover sua contribuição benéfica de forma harmônica com a
natureza. A apicultura pode ser desenvolvida de maneira mais sustentável,
reduzindo os impactos ambientais, muito pelo contrário, favorecendo o
desenvolvimento das plantas. O sistema orgânico de produção agrícola, incluindo
a apícola contribui muito para que ocorra um equilíbrio entre o homem e o meio
ambiente, proporcionando a melhora na qualidade da produção de alimentos
ecologicamente corretos. O desenvolvimento da apicultura normalmente já possui
características sustentáveis, mas tentaremos nesse módulo ajustar ainda mais
essas características.
As técnicas da apicultura, evitam que as colméias sejam destruídas quando
se é coletando mel. Neste momento muitas abelhas morrem, larvas e ovos
também são danificados. O manejo incorreto traz como resultado, a redução do
número de abelhas dia a dia. Hoje em dia, para complicar ainda mais o uso de
pesticidas no campo, o número de abelhas está sinistramente reduzindo
continuamente. A produção agrícola também está diminuindo para usá-lo. Ao criar
abelhas de forma moderna e sustentável podemos aumentar o número de abelhas
e inverter esses parâmetros em nosso favor.
A primeira pergunta a se fazer é se nós gostamos o suficiente das abelhas e
de nossas atribuições no campo, que justifique o trabalho e substitua o cansaço
pôr uma satisfação de estar trabalhando com este inseto maravilhoso. Em outras
palavras temos que admirar muito a abelha, e gostar muito de aprender, pois
quando se trata de apicultura, nunca sabemos o suficiente.

2. Manejo
O manejo das colmeias apesar de simples é necessário que seja execultado
seguindo as técnicas aqui descritas. Essas técnicas se aplicadas corretamente e
no período certo aumentam muito as chances de sucesso nessa atividade.
A localização do apiário é muito importante para o bom desenvovimento das
colmeias. Após a instalção do apiário é muito importante sua manutenção, podas
periódicas, roçagem, limpeza em geral. Sempre que o apiário esteja detro de uma
propriedade na qual se desenvolvam outras atividades, é necessário delimitar a
área de preferencia com cerca viva (sanção do campo), mas pode utilizar cerca
convencional e se possível colocar placa indicando apiário.

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Após a fase de instalação do apiário, o apicultor deverá preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeias para que consiga ter sucesso na
atividade. Para isso, deverá estar sempre atento à situação das colmeias,
observando a quantidade de alimento disponível, a presença e a qualidade da
postura da rainha, o desenvolvimento das crias, a ocorrência de doenças ou
pragas, etc. Desse modo, muitos problemas podem ser evitados caso sejam
tomadas medidas preventivas, utilizando-se técnicas de manejo adequadas.
As revisões são realizadas para avaliar as condições gerais das colmeias e
a ocorrência de anormalidades. Devem ser feitas somente quando necessário e de
forma a interferir o mínimo possível na atividade das abelhas, evitando causar
desgaste ao enxame, uma vez que, durante as revisões, geralmente ocorre um
consumo exagerado de mel, mortalidade de abelhas adultas na tentativa de
defender a colônia, mortalidade de crias em razão da exposição dos quadros ao
meio ambiente e interrupção da postura da rainha, além de interferir na
comunicação com a fonte de alimento.
Para que as revisões se realizem de forma eficiente, causando mínimos
prejuízos às colmeias, recomenda-se a adoção dos seguintes procedimentos:
• Trabalhar, preferencialmente, em dias claros, com clima estável. O melhor
horário é entre 8 e 11 horas e das 15 às 17 horas, aproveitando que a maioria das
operárias está no campo em atividade de coleta. Nunca se deve trabalhar durante
a chuva.
• Respeitar a capacidade defensiva das abelhas, utilizando vestimenta
apícola adequada, de cores claras, em bom estado de conservação e limpeza;
evitar cheiros fortes (suor, perfume) e barulho que possa irritar as abelhas.
• Utilizar um bom fumigador com materiais de combustão de origem vegetal,
tais como, serragem, folhas e cascas secas, de modo a produzir uma fumaça
branca, fria e sem cheiro forte. Não devem ser usados produtos de origem animal
ou mineral.
• É aconselhável que duas pessoas realizem a revisão para que uma fique
manejando o fumigador, enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeia.
Assim, a revisão pode ser feita de forma rápida, eficiente e segura.
• Posicionar-se sempre na parte de trás ou nas laterais da colmeia, nunca na
frente, evitando a linha de voo das abelhas (entrada e saída da colmeia).
• Realizar a revisão com calma, sem movimentos bruscos, porém,
rapidamente, evitando que a colmeia fique aberta por muito tempo.
• Evitar a exposição demorada dos favos ao sol ou ao frio.

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O uso da fumaça é essencial para o manejo das colmeias. Sua função é
simular uma situação de perigo (ocorrência de incêndio), fazendo com que as
abelhas se preparem para abandonar o local. Para isso, a maior parte das
operárias passa a consumir o máximo de alimento possível, armazenando-o no
papo. O excesso de alimento ingerido, além de deixar a abelha mais pesada,
provoca uma distensão do abdome que dificulta os movimentos para a utilização
do ferrão.
2.1 Avaliação
A observação do movimento das abelhas no alvado da caixa já pode nos
trazer informações muito preciosas em relação a sanidade do enxame. O primeiro
fator a ser observado é a presença de pólen nas corbicolas e se o movimentos é
intenso, principalmente no periodo da manhã. O pólen é a única fonte de proteínas
da colméia e necessário para todas as etapas do desenvolvimento das abelhas, e
está relacionado a produtividade também. A falta de pólen entrando na colmeia é
indicio de problemas e o apicultor deve ficar atento a essa situação. Pode ser falta
de pólen na natureza, mas é necessária uma intervenção para constatação, se
algo de errado está acontecendo.
2.2 Intervenção e revisão
É sempre importante lembrar, que uma intervenção na colmeia é muito
impactante para as abelhas, e devemos intervir o mínimo e o mais rápido possível
para que os prejuizos sejam os menores possíveis. Antes de abrir a colmeia
proceder como já descrito anteriormente. Aplicar um pouco de fumaça no alvado e
ao redor da caixa, esperar cerca de 30 segundos, abrir a colméia, para a
verificação dos quadros do ninho. É sempre indicado desprender os quadros no
sentido das laterais para o centro, se a quantidade de própolis for grande e não for
possivel deprender os quadros das laterais, pode-se procurar um quadro mais fácil
de ser retirado. Nesses quadros das laterais estarão armazenados o pão de
abelha ou mel. Devem ser encontrados em grandes quantidades caso contrário
algo pode estar errado na colmeia.
Se observarmos com atenção o tamanho das células verificaremos que
estas vão diminuindo com o passar do tempo, chegando até mesmo ao ponto de
que as abelhas terem que roer e refazer as células de nascimento de abelhas.
Deste ponto de vista e de várias observações podemos concluir que as abelhas
que vão nascendo em células pretas, ou velhas estarão nascendo menores que as
abelhas que nascem em células novas, pois quando uma abelha nasce as
faxineiras não retiram do alvéolo sua crisálida (casca da pupa), apenas limpam e
fazem um revestimento, assim quanto mais abelhas nascerem neste alvéolo
menor fica e por consequência menor serão as abelhas que nele irão ser geradas

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e nascerem, por consequência menor sua capacidade de carga e de voo, não
conseguindo competir com abelhas que irão nascer em colmeias manejadas. A
cera preta serve de abrigo a traça e algumas doenças que poderão usar o espaço
entre os casulos deixados a cada nascimento.
É aconselhável que se troque todos os quadros de ceras dos ninhos a cada
ano, claro dentro das limitações de cada enxame, ou seja na medida que o
enxame possa responder a troca, sem afetar sua capacidade de puxar a cera e
cuidar das futuras crias. A troca pode ser realizada da seguinte forma: retira-se os
dois quadros do canto, abre-se um espaço no centro da colmeia e colocam-se os
quadros de cera tomando o cuidado de colocar entre eles um quadro de cria
operculado.
Na medida que se vai trocando, os quadros novos vão sempre ficando no
meio da caixa, onde é feita o núcleo de cria da colmeia, assim a rainha terá
sempre uma nova base de postura para as operárias que nascerão maiores que
suas irmãs e com mais ou menos 50 dias após, ocorrerá a mudança total dos
quadros do enxame e este estará com um plantel de abelhas muito maiores que as
anteriores. Um fato importante é que só se coloca quadros de cera nas colmeias
quando se tem uma entrada regular de alimento, mas, quando esta entrada está
muito acentuada não é aconselhável colocar, por exemplo durante uma florada;
pois as abelhas não darão tempo para que a rainha bote nestas placas, elas vão
encher todas de mel, provocando um bloqueio de ninho o que não nos interessa.
2.3 Dicas na revisão
Depois de aberta a colmeia, utilizando-se o formão, devem-se separar os
quadros, que geralmente estão colados com própolis, e retirá-los um a um, a partir
das extremidades, para observar os seguintes aspectos:
• Presença de alimento (mel e pólen) e de crias (ovo, larva, pupa).
• Presença da rainha e avaliação de sua postura. Para verificar a presença da
rainha, não é necessário visualizá-la, basta observar a ocorrência de ovos
nas áreas de cria. A verificação de muitas falhas nas áreas de cria é um
indicativo de que a rainha está velha e, consequentemente, sua postura
está irregular.
• Existência de espaço suficiente para o desenvolvimento da colmeia e
armazenamento do alimento. Quando a população está elevada e o espaço
restrito, a colônia tende a dividir-se naturalmente, enxameando.
• Presença de realeiras que podem indicar ausência de rainha ou que a
colônia está prestes a enxamear.

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• Sinais de ocorrência de doenças, pragas ou predadores. Áreas de cria com
falhas também podem indicar a ocorrência de doenças.
• Estado de conservação dos quadros, caixas, fundos, tampas e suportes das
colmeias.
2.4 Colocação das melgueiras
Uma colmeia está pronta para receber uma melgueira quando esta tem de 8
a 10 quadros povoados, ou seja, quando se abre uma caixa e a colmeia tem 8 ou
10 quadros cobertos de abelhas, com vários quadros de cria operculados e está
realmente em franco desenvolvimento, ou seja, em crescimento. Não devemos
deixar uma colmeia ficar grande para depois ampliar seu espaço, se esta começar
a preparação para enxamear, será muito difícil conseguirmos deter tal extinto.
Vários apicultores perdem grande parte de suas rainhas novas por deixarem para
ampliar o espaço muito tarde. A colocação de novas melgueiras deve se seguir a
mesma referência, ou mais fácil, no início de floradas basta se colocar outra
melgueira quando a última melgueira estiver com 6 quadros povoados.
2.5 Tela excluidora
As telas excluidoras podem ser feitas de arame, plástico ou placas de
alumínio perfuradas. O princípio de funcionamento se baseia na existência de
frestas ou orifícios que dão passagem às abelhas operárias, mas não aos zangões
e à rainha. Desenvolvida com o objetivo de confinar a rainha de Apis melífera em
partes da colmeia, permite o livre trânsito das operárias, podendo ser utilizada em
muitas aplicações.
A presença de crias nos favos das melgueiras pode prejudicar ou mesmo
inviabilizar a retirada do mel desses favos, trazendo prejuízos, seja na
produtividade seja na qualidade do mel produzido.
Alguns produtores afirmam que o uso da tela excluidora, entre o ninho e a
melgueira, aumenta a produção exclusiva de mel em favos; outros consideram que
o seu uso cria dificuldades no desenvolvimento da colmeia, reduzindo a produção
de mel, a postura da rainha afetando a longevidade das operárias por danificar as
suas asas, além de causar custos adicionais e perda de tempo nas revisões.
O uso de telas se torna necessário para que possamos dentro da colheita
obter um produto de qualidade, livre de crias, e com mais segurança e
tranquilidade efetuar os trabalhos de colheita, sabendo que não estaremos
correndo nenhum risco de matar ou até mesmo levar uma rainha durante a
colheita, se o enxame for muito populoso a tela excluidora poderá ser colocada em
cima da primeira melgueira, para não se limitar a postura da rainha.
2.6 Troca de quadros e caixas

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Durante as revisões, o apicultor deverá trocar os quadros danificados, com
arames ou peças quebrados e quadros com cera velha, principalmente aqueles
que já foram naturalmente rejeitados pelas abelhas. Favos velhos ou danificados
com cria devem ser transferidos para as laterais da colmeia até o nascimento das
abelhas, quando serão substituídos. Esses quadros deverão ser substituídos por
quadros com cera alveolada, verificando-se sempre se existe alimento suficiente
para que as abelhas possam continuar a construção desses favos, uma vez que a
produção de cera depende da existência de um bom suprimento de açúcares na
colmeia. Em caso de enxames fracos e de falta de alimento, não se recomenda a
colocação de quadros novos até que o enxame seja fortalecido e alimentado.
O apicultor deve procurar sempre utilizar cera de boa qualidade, já que as
abelhas costumam rejeitar quadros novos com lâminas de cera de baixa
qualidade. Se o apicultor não tiver condições de produzir e processar sua própria
cera, deve procurar adquiri-la de produtores ou comerciantes idôneos, que não
pratiquem a adulteração da cera adicionando substâncias, como a parafina, para
aumentar o volume produzido.
Caixas danificadas, com furos ou irregularidades que impossibilitem o
fechamento adequado da colmeia, também devem ser substituídas para evitar
ataques de inimigos naturais, pilhagem e o maior desgaste das abelhas nas
atividades de defesa da colônia e de controle de temperatura.
2.7 Verificação da Postura
A rainha realiza sempre a postura inicialmente nos quadros do centro da
caixa, passando para os quadros das laterais gradativamente, conforme as
necessidades da colmeia. Toda colmeia precisa possuir quadros com a presença
de ovos, larvas e pulpas em excelente estado de desenvolvimento, caso contrário
algo estará errado. A abelha rainha coloca cerca de 2000 ovos por dia, por tanto
os quadros centrais da colmeia deverão sempre estar repletos de crias.

3. Alimentação
Em todos os ramos da produção animal, a alimentação representa um dos
principais fatores relacionados com o sucesso ou com o fracasso da atividade, não
sendo diferente sua importância na apicultura. Além da nutrição, fatores como
clima, manejo, seleção e genética também são determinantes. Não é de hoje que
se estuda a alimentação dos mais diversos animais, e na área apícola muito tem
se descoberto. As principais características que um alimento deve ter para ser
considerado bom para as abelhas são: ausência de toxicidade, boa digestibilidade,
palatável às abelhas, textura e granulometria que facilite o consumo, não
estimulem a pilhagem, boa conservação e baixo custo.
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3.1 Alimentação das abelhas
Resumidamente, néctar e mel, como fonte de carboidratos, e pólen, como
fonte de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, além de água. As larvas de
operarias e zangões, até 4 dias de vida, são alimentadas pelas abelhas com
secreções nutritivas, produzidas pelas glândulas hipofaringeanas e mandibulares
das operárias. Após o 4º dia, a alimentação das larvas muda para outros tipos de
geleia e uma mistura de néctar, mel diluído e pólen. Após o nascimento, durante
cerca de duas semanas, a operária consome muito pólen, pois depende dele para,
nessa fase da vida, produzir as substâncias que alimentarão as larvas e a rainha.
Gradualmente, a dieta da operária começa a mudar para néctar e mel, à medida
que ela abandona o serviço de alimentação e assume outros serviços, como a
coleta de água, néctar, pólen e própolis.
A rainha alimenta-se quase que somente de geleia real, tanto na fase larval
quanto em toda a sua vida adulta. A geleia real é um produto semelhante à comida
da larva, mas com uma proporção muito maior da secreção mandibular e, por essa
razão, mais rica em algumas substâncias nutritivas.
Zangões adultos são alimentados pelas operárias nos primeiros dias, e
depois se alimentam sozinhos, basicamente de néctar e mel.
3.2 A água
A água limpa e disponível o ano todo é essencial para o bom desempenho
das colmeias. As abelhas precisam de água para seu metabolismo e para regular
a temperatura dentro da colmeia, especialmente em regiões de clima quente.
Quando a temperatura do ninho sobe, geralmente quando ultrapassa 36°C, as
operárias começam a ventilá-lo, abanando as asas e evaporando a água que é
distribuída em pequenas gotas sobre os alvéolos ou mesmo pela exposição da
água em suas línguas.
Em função da grande importância desse recurso, a distância da fonte de
água ao apiário não deve ser maior que 500m, para evitar maior gasto energético
das abelhas na coleta de água. É importante também que água seja de boa
qualidade, limpa, isenta de contaminações por agentes biológicos (bactérias,
fungos, protozoários) ou por produtos químicos. Se o local não apresentar fonte de
água natural, devem ser instalados bebedouros que devem ser mantidos
permanentemente limpos e abastecidos, especialmente durante a estação seca.
A água não é estocada na colmeia, mas coletada, quando necessário, a
partir de diferentes fontes. A detecção de fontes de água depende de hidro-
receptores que as abelhas têm nas antenas. As abelhas não ingerem água, mas
ela é extremamente importante para o controle da temperatura da colmeia, sendo
que o aumento da temperatura interna da mesma pode ocasionar uma série de
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reações no comportamento das abelhas, entre elas a enxameação. A água
também é usada para diluir os estoques de mel, especialmente quando há pouco
fluxo de néctar. As abelhas são capazes de utilizar a água do néctar, por isso
quando existe muita oferta de néctar, a colheita de água fica diminuída]
3.3 A Alimentação artificial
O clima adverso pode ter efeitos nocivos no desenvolvimento de colmeias
de abelhas, isto não só ocorre no inverno, mas também pode ser observado em
períodos de safras de mel e pólen, bem como mais acentuado, na entressafra.
Na ocorrência de chuvas contínuas e fortes, as flores são lavadas ficando
praticamente sem néctar, restando um pouco de pólen, e com a queda da
temperatura a níveis inferiores a 8 graus centígrados, as abelhas praticamente
paralisam suas atividades, deste modo irão consumir as reservas existente nas
colmeias.
Nos períodos longos de frio e chuva as abelhas permanecem nas colmeias,
consumindo as suas reservas. As operárias reduzem suas atividades, com isso o
silêncio na colmeia é acentuado, resultando a redução de postura de ovos da
rainha.
A rainha em períodos de safra pode efetuar a postura de aproximadamente
3000 ovos por dia, ocorrendo entrada de pouco alimento na colmeia a rainha
também receberá menos geleia real, deste modo irá reduzir a postura para
aproximadamente 100 ovos por dia, ou mesmo ficando sem postura (diapausa)
que poderá durar de 15 dias a 120 dias, desta forma haverá um desequilíbrio
populacional na colmeia, culminando com uma maior mortandade que nascimento
de abelhas.
Para que não ocorra o desequilíbrio populacional, no inverno ou na entre-
safra, o apicultor deverá utilizar técnicas de manejo alimentar sob a forma de
suplementação.
Não existe substituto artificial para o mel, portanto é necessário antes do
recesso floral, o apicultor deve deixar uma reserva alimentar suficiente na colmeia,
correspondendo a cerca de três a cinco quadros de ninho com mel e pólen
dependendo da população da colmeia.

A seguir temos algumas sugestões de alimentação artificial:


3.3.1 Alimento de subsistência
Para matar a fome das abelhas até a próxima florada.
60% de açúcar e 40% de água.

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Aquecer a água, quando estiver quente adicionar o açúcar mexer bem e
deixar esfriar. Disponibilizar para as abelhas em alimentadores Bordmamm ou de
cobertura.
3.3.2 Alimento estimulante
Para estimular ou incentivar a postura da rainha, 50 dias antes da principal
florada.
50% de açúcar;
10% de mel industrial;
40 % de água;
100g de proteína de soja para 18 litros de xarope

3.3.3 Alimentação de inverno


Alimento artificial proteico Inverno
50% proteína texturizada de soja
25% Fubá
25% açúcar
Misturar os ingredientes com solução 50% açúcar e 50% água.
3.3.4 Alimento em pó
A farinha de soja não se dissolve facilmente, e assim sendo a melhor forma
de oferecê-la às abelhas é em pó, coletivamente, porque não provoca pilhagem e
as abelhas o recolhem para a colmeia e o depositam nos alvéolos.
Dicas: para alimentar, colocar a cerca de 30 metros do apiário uma mesa ou
bandeja a uma altura de um metro do solo e espalhar sobre ela a proteína em pó.
Como este pó não tem cheiro é necessário adicionar um pouco de mel para que as
abelhas iniciem a coleta, após iniciarem continuarão carregando mesmo quando o
mel se acabar como se fosse pólen. Para reforçar paralelamente, ministrar
alimento de subsistência individualmente nas colmeias.
3.3.5 Cuidados na alimentação artificial
- Não permita que abelhas de outras colmeias tenham acesso à comida.
- Não espalhe alimento pelo chão ou perto das abelhas.
- Coloque o alimento e alimentadores ao entardecer, assim reduzirá a
possibilidade de pilhagem porque as abelhas apresentam menos atividade.
- Não deixe escorrer conteúdo dos alimentadores, usando sempre o necessário.
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- Mantenha o alvado das colmeias reduzido o mínimo possível e feche as frestas
das colmeias.
- Para uma alimentação econômica não use alimentador coletivo.
- Nos períodos chuvosos, o alimento nos alimentadores individuais, deve ser
substituído por alimento novo, dentro de 15 a 20 dias, assim evitará o mofo.
- Lave e enxugue os alimentadores periodicamente, na presença de qualquer
suspeita retire e troque o alimentador.

4. Calendário apícola
O bom produtor de mel deve seguir um calendário apícola que pode auxiliar
o apicultor sobre a necessidade de estimular com alimentação artificial o
crescimento da colmeia para entrar com uma população forte no pico de floração
das espécies melíferas mais importantes da região. Para isso, conhecer a flora
apícola regional é importante, bem como as épocas de floração, para definir sua
estratégia de produção apícola.
Não se pode esquecer, entretanto, que quem lida com a natureza está
sujeito a mudanças climáticas inesperadas, uma planta pode florescer antes ou
após o seu período normal, emitir poucas flores em determinados períodos, e
também há outras causas responsáveis pelas flutuações do mercado.
A existência de uma floração maciça em determinadas épocas garante a
produção de mel. É o que chamamos de florada de produção, florada de safra.
Florações esparsas e contínuas durante o ano não permitem a estocagem
de mel, mas garantem a manutenção das famílias neste período. É o que se
denomina florada de sustentação ou florada da entre safra.
Grandes áreas de monoculturas favorecem a apicultura migratória.
Áreas de floradas variadas durante o ano favorecem a apicultura fixa e
diversas colheitas durante o ano.
O primeiro passo para obter mel é estabilizar as colmeias.

5. A apicultura migratória
A apicultura migratória ou móvel é fundamentada na mudança de conjuntos
de colmeias de uma região para outra, acompanhando as floradas com vistas à
produção de mel e para a prestação de serviços de polinização. A maior produção
acontece por causa do aumento no número de colheitas, duas, três ou até mais

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vezes por ano, contra apenas uma no sistema tradicional. Por ano, são
produzidos, em média, 80 a 100 quilos de mel por colmeia.
A época de produção das colmeias fixas acontece, geralmente, na
primavera, de setembro a dezembro, na maior parte do país. Quando se utiliza a
florada de eucalipto ou de laranjeira, o período de colheita é diferente, apesar de
serem também anuais. Mesmo nas silvestres, ocorrem variações na vegetação
melífera predominante, com diferenças entre floradas que podem chegar a meses.
O primeiro passo para a instalação de um apiário móvel é o mapeamento
das floradas nos diversos locais onde o apicultor pretende atuar. É fundamental
que se faça um levantamento preciso, com visitas a cada local com potencial, para
identificação de espécies vegetais cultivadas ou naturais que tenham aptidão
apícola, e que sejam presentes, no maior número possível, nas proximidades do
apiário.
Manejar um apiário móvel para a produção tem poucas diferenças do
manejo de um apiário fixo. A diferença está no grau de intensificação desse, em
que a intervenção do apicultor acontece mais vezes. O manejo tem como principal
objetivo oferecer facilidade para a produção, evitar enxameação, garantir a
presença de uma rainha em plena postura, controlar doenças e ataques de
predadores, e fazer a colheita no momento certo, analisando a possibilidade de
mais de uma colheita numa mesma florada.

6. Abelhas Rainha
Aliada ao manejo adequado das caixas, a produção de abelhas-rainhas
pode aumentar a produtividade da colmeia em cerca de 40%. São escolhidas as
melhores matrizes e com perfis voltados à produção de mel ou própolis.
No complexo sistema social das abelhas, as rainhas e os zangões têm
apenas função reprodutiva, enquanto as operárias são responsáveis pela
produção na colmeia. A abelha-rainha vive em média quatro anos, mas seu ápice
reprodutivo é entre dois a três anos de idade e, portanto, a apicultura moderna
recomenda a substituição das rainhas velhas periodicamente.
A abelha-rainha bota em média três mil ovos por dia, depois de uma única
fecundação que ocorre no decorrer da sua vida. Por meio das técnicas de
produção de rainhas, são selecionadas as melhores matrizes. Com o
aprimoramento da técnica, é possível padronizar a colmeia com operárias mais
produtivas, higiênicas e até mais mansas.
O presidente da Confederação Brasileira de Apicultura, José Cunha, diz que
o melhoramento genético é o caminho certo para a apicultura brasileira. “O Brasil

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está alcançando um estágio muito bom, com muitos institutos de pesquisa nos
ajudando”, afirma. Mas, a inseminação artificial ainda está distante do cenário
nacional. “Há algumas pesquisas iniciais, mas a técnica é mais usada na China e
na Coréia”.
As abelhas, como outros insetos sociais, vivem em uma sociedade
rigidamente coesa. A existência desta sociedade é assegurada pela capacidade
dos indivíduos de diferenciarem entre companheiros do ninho e outros que não o
são. Os indivíduos que não são parentes são duramente agredidos ao entrar no
ninho; as operárias de Apis mellifera reconhecem ainda os sinais de sua rainha e
discriminam rainhas que são parentes daquelas não aparentadas da família.
Quando encontram uma rainha não parente, a tendência das operárias é rejeitar
essa rainha e criar uma rainha a partir das larvas parentes (suas irmãs ou meias-
irmãs), existentes nos favos da colmeia. Somente na falta destas larvas as
operárias estarão inclinadas a conviver com a rainha estranha. Isto ocorre porque,
na evolução das abelhas, se a escolha é entre não ter rainha (e, portanto, perecer)
ou aceitar uma rainha estranha, as operárias optaram por juntar-se à estranha.
Compreende-se, pois, que "Introduzir" uma rainha em uma colônia de
abelhas é muito mais do que simplesmente coloca-la dentro da colmeia. Esta
rainha somente se integrará à colônia se após terem sido estabelecidos laços
bioquímicos com a colônia. Para isto é necessário haver trocas de sinais e de
substâncias de controle (feromônios) entre estes personagens. Somente após este
processo de integração, a rainha será aceita pacificamente pelas operárias, que
passarão a alimentar e cuidar desta rainha e da sua prole.
Uma rainha só se pode botar mais ovos se tivermos uma entrada regular de
pólen e néctar, e que indiquem de que está havendo o início de uma florada, e
assim vai-se aumentando a postura de acordo com o desenvolvimento da colmeia.
6.1 Como encontrar a abelha rainha na colmeia
Existem várias formas de encontrar a rainha a seguir temos algumas dicas:
Antes e após abrir a colmeia, usar pouca fumaça, para não dispersar as
abelhas acompanhantes da rainha, que fogem em busca de mel para uma possível
fuga da colmeia, a rainha também sai do seu local de postura, procurando se
esconder nos cantos.
Examine os quadros de um lado ao outro, com atenção especial os quadros
que contenham:

• Presença de postura recente


• Presença de larvas novas
• Favo com alvéolos vazios.

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Eventualmente, forçada pelo abandono das abelhas acompanhantes pela
aplicação da fumaça em excesso, a rainha pode estar até na tampa e quadros com
crias maduras (operculadas).
Rainhas virgens são mais difíceis de localizar, porque ainda não possuem
damas de honra (acompanhantes). Na primavera é mais fácil encontrar a rainha do
que no inverno.
Tente até duas vezes. Se não encontrar, feche a colmeia e faça uma nova
tentativa, depois de umas três horas de descanso, tempo para que tudo volte ao
normal na colmeia.
A marcação de rainha ajudara a localizá-la entre as abelhas.
6.2 Confirmar a presença da rainha na colmeia
É necessário verificar a existência de favos com ovos férteis, larva ou prole
em suas diversas fases evolutivas.
Com o tempo a experiência fara com que o apicultor perceba problemas
relacionados com a rainha simplesmente pelo comportamento das abelhas.
Alvéolos com mais de um ovo (3 – 11), espalhados pelas paredes é sinal
que a família não tem mais rainha e apenas abelhas operárias poedeiras
conhecidas como androtocas ou zanganeiras.
6.3 Introdução de rainhas
É muito importante que o apicultor saiba introduzir ou substituir uma rainha
na colmeia, os motivos podem vários: melhorar a postura, aumentar a produção,
diminuir a agressividade entre outros.
De fato, o bom desenvolvimento da população de uma colmeia e a
produção de mel estão diretamente relacionados a qualidade da rainha e da
florada. Por isso as rainhas, velhas já cansadas e desgastadas pelo trabalho bem
como as defeituosas ou de qualidade genética inferior, devem ser substituídas por
outras novas, de boa origem.
Para a introdução de uma rainha nova existem vários métodos, embora
nenhum deles seja infalível, porque o resultado depende de aceitar ou não uma
nova rainha.
Dicas:

• Fazer, se possível, a introdução no princípio e/ou durante a florada, quando


as abelhas se encontram com tendência de enxamear.
• Proporcionar as abelhas uma boa alimentação de subsistência, até quinze
dias após haver colocado a nova rainha na colmeia.

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• Rainhas virgens quando introduzidas logo após o nascimento são bem
aceitas porque ainda não possuem cheiro definido
Para vencer a rejeição a introdução tem que ser efetivada com o uso de
alguma técnica que evite ou neutralize a agressividade das abelhas durante as
primeiras horas de convivência. As mais comuns são as gaiolas de introdução,
como a gaiola Miller, que permitem o contato, porém bloqueiam a agressão, por
interporem uma barreira (tela) entre a rainha e as abelhas.

Gaiola Miller
A) Introdução imediata
É feita aproveitando a própria gaiola de transporte. Esta gaiola pode ser a
Benton, mais comum e tradicional ou de outro tipo.

Gaiola Benton

Procedimento:
- Remove-se o batoque ou cola do lado do cândi, se houver;
- Retira-se o outro batoque, para fazer as abelhas acompanhantes saírem
da gaiola e recoloca-se no seu lugar. Esta operação pode ser feita com segurança,
estando a gaiola dentro de uma sacola plástica transparente, de tamanho
apropriado: se a rainha sair, continuará presa na sacola, sendo fácil recoloca-la da
gaiola.

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- Retira-se a rainha da colônia e imediatamente se introduz a nova rainha.
- Coloca-se a gaiola na colmeia, de preferência entre favos de cria e fixada
de forma tal que suas faces teladas fiquem expostas, dando acesso às antenas e
língua das operárias da colmeia.
- Cinco dias depois, abre-se a colmeia para verificar a aceitação e remover
a gaiola vazia.
B) Introdução imediata, utilizando gaiola de introdução Miller, Butler ou
outra.

Gaiola Butler
(Também designada como tubo ou "bobby")

Procedimento:
- Remove-se o batoque do lado do cândi, se houver.
- Abre-se a gaiola de transporte (dentro de um saco plástico), captura-se a
rainha e introduz-se na gaiola Butler, com cândi e esta é instalada na colmeia, de
forma similar ao descrito no processo anterior.
C) Introdução com prazo pré-estabelecido.
- Retira-se a rainha da colônia e todos os favos com cria aberta (larvas) e
ovos.
- Vinte e quatro horas depois se introduz a nova rainha.
- Utiliza-se gaiola de introdução.
D) Introdução em presença da rainha da colmeia
- Deixa-se a rainha presa em uma gaiola (de transporte ou de introdução) no
interior da colônia por 24 horas.
- No dia seguinte retira-se a rainha-mãe da colônia e o batoque da gaiola
para as abelhas liberarem a rainha nova.
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E) Introdução com mel
- Orfana-se a colônia (retira-se a rainha) no período matinal
- À noite introduz-se a rainha em um pires com mel, passando-o no corpo
dela
- Abre-se a colmeia e introduz-se a rainha entre os favos de cria
F) Método natural forçado
Esse método consiste em retirar a rainha de uma colmeia e deixar que as
abelhas criem outra, desde que ali haja favos com larvas bem novas. As abelhas
órfãs, sentido falta da mãe, vão eleger uma ou mais larvas destinadas ao
nascimento de operárias. Irão roer a cera das células em volta das larvas,
construirão uma realeira, passando a alimentar as larvas em todo o seu período
com geleia real. Normalmente aos quinze a dezesseis dias depois da orfandade, a
nova rainha nasce. Ao emergir eliminará as rivais. Se não se perder no voo de
fecundação, entre dois a três dias já iniciará a postura. A melhor época para se
fazer esse trabalho é logo após a safra.
6.4 Causas de insucesso nas introduções
Como mencionado anteriormente, a introdução, qualquer que seja o método
usado, está sempre sujeita a falhar. Além das fragilidades inerentes aos métodos
utilizados, diversos fatores podem levar ao não estabelecimento da rainha
introduzida. Entre estes contam-se:
a) Condições ambientais: mau tempo, baixa temperatura ou escassez de
alimento.
b) Rainhas que não são "aceitas".
c) Presença na colmeia de uma rainha, células reais ou operárias poedeiras.
d) Excesso de fumaça ou de manipulações.
e) Ausência de abelhas jovens ou irritação da colônia no momento da
introdução.
f) Injúrias causadas à rainha decorrentes do manuseio inadequado, sacolejo
ou exposição ao sol e intempéries.
g) Ocorrência de predadores.

6.5 Orfanação da colônia


Para orfanar a colônia é recomendado que se trabalhe pela manhã, quanto
mais cedo melhor. Nessas horas as abelhas estão geralmente mais calmas e a

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rainha menos ativa, não se ocultando entre as operárias ou nos recantos da
colmeia, o que torna a sua localização mais fácil e rápida. Em caso de dificuldade
para a localização da rainha, o que pode ocorrer em colônias muito populosas ou
agressivas, pode-se fechar a colmeia, passar a família seguinte e voltar no dia
seguinte. Alternativamente, pode-se recorrer a alguns expedientes, como:

• "Peneirar" o enxame, fazendo-o passar através de uma tela excluidora


instalada em uma colmeia vazia. Sobre esta tela se coloca um ninho vazio,
onde se sacodem os favos e até o ninho original da colônia. A rainha deverá
ser encontrada sobre a tela, a qual não consegue atravessar.
• Fechar a colmeia, dar algum tempo para as abelhas se reorganizarem e
introduzir pelo alvado uma rainha amarrada por um cordel. Esta rainha será
uma daquelas que foram substituídas e poderá estar viva ou morta. Dentro
de alguns minutos, puxar o cordel e a rainha do enxame poderá estar
agarrada à rainha-isca.

7. Comunicação das abelhas
Principalmente, por meio de interações químicas. Essas interações se
processam pela produção de feromônios, substâncias secretadas por diversas
glândulas que são percebidas pelo olfato. Os feromônios são o principal meio de
estimulação e coordenação de quase todas as atividades das abelhas. Os
feromônios produzidos pela rainha, por exemplo, inibem a construção de realeiras
pelas operárias, inibem o crescimento dos ovários das operárias, atraem zangões
nos voos nupciais, atraem as operárias em geral e particularmente as nutrizes, que
alimentam a rainha com geleia real. Feromônios de operárias estão muito ligados à
defesa da colmeia.
A ferroada libera um feromônio que induz outras abelhas a atacarem. Por
esta razão, é comum a ocorrência de várias ferroadas no mesmo local. Também
por isso, é conveniente a limpeza frequente das roupas de proteção.
Um outro feromônio de operária é o de localização, usado para atrair ou
orientar outras abelhas em direção ao alvado, água ou fonte de alimento. A
liberação desse feromônio se dá numa posição bastante familiar aos apicultores: a
abelha ergue o seu abdômen, expõe a glândula de Nasanov, localizada próximo à
extremidade, e bate as asas para dispersar a substância.As crias também
produzem feromônios que estimulam as operárias a atende-las e ajudam a inibir o
desenvolvimento dos ovários das operárias.

7.1 A dança das abelhas


Feromônios são o principal, mas não único meio de comunicação.
Interações táteis e sonoras, como o roçar de antenas ou as danças também são
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muito usadas. As danças são padrões de movimento, vibração, ruído e direção
utilizados com diferentes propósitos, dos quais o mais conhecido é a passagem de
informações sobre uma fonte de alimento.
Nessa dança, por exemplo, a abelha percorre um trecho reto do favo
"requebrando-se" e depois volta ao início desse trecho num trajeto de semicírculo.
Em seguida, percorre de novo o mesmo trecho reto e volta em outro semicírculo,
mas desta vez pelo lado oposto.
Para saber a qualidade e a distância dessa fonte, as abelhas levam em
conta o entusiasmo da dançarina, o tempo gasto no trecho reto e o número de
vezes em que os passos foram executados.
Já a direção da fonte é passada como um ângulo, formado entre o trecho
reto da dança e uma linha vertical. Este ângulo corresponde ao formado pelos
pontos sol-colmeia-fonte (a colmeia no vértice). Assim como o achado de alimento,
o de novas casas no momento da enxameação também é comunicado por danças.
Além disso, elas também estimulam determinadas atividades, como o
forrageamento e a enxameação.

8. Revestimento das caixas


Para a pintura da caixa recomenda-se o verniz ecológico. Além da sua
produção ser barata, é o único aceito na produção de mel orgânico. Portanto,
esqueçam as tintas comerciais mesmo a base de água.
Receita para pintura ecológica de colmeias.
Ingredientes:
-1 KG de própolis bruto de qualidade inferior (sujo e/ou com cera)
-1 Lt de óleo vegetal (linhaça, soja ou girassol)
-8 Lt de etanol (álcool etílico)
Preparação:
Todos os ingredientes são colocados dentro de um balde ou tambor. Fechar
hermeticamente e estocar por 30 dias. O conteúdo dever ser mexido 2 vezes ao
dia. Após 30 dias coar o líquido por meio de uma meia de nylon.
O resultado é um verniz marrom que protege a madeira contra insetos,
fungos e a influência do tempo, com um custo-benefício sem igual.
As novas caixas devem ser pintadas duas vezes em um intervalo de poucos
dias. A pintura deve ser renovada com um pincel grande a cada dois ou três anos,
dependendo da região em que se encontram. Em caso de caixas ocupadas, pintar

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durante a noite. As abelhas podem permanecer na caixa. Uma caixa padrão
recebe com este verniz uma vida útil de 20 anos ou mais.
O verniz é totalmente inofensivo, não é tóxico e não agride nosso meio
ambiente. Pode ser usado também para a pintura de móveis, cercas, etc.

9. Captura
A enxameação é o processo que ocorre a partir de diversos mecanismos
comportamentais e de feromônios, tais como: informações táteis, auditivas, visuais
e químicas. A enxameação reprodutiva é o processo normal necessário para a
sobrevivência das espécies.
A captura de enxames em voo ou recém-pousados é um método
interessante de captura de abelhas, pois exige que o apicultor se depare com o
enxame e que o interceptem, alojando-o dentro de uma caixa vazia. Visa o rápido
e econômico povoamento das colmeias nos apiários e apresenta certas
peculiaridades que exigem conhecimentos sobre a biologia e o comportamento
das abelhas.
Para facilitar a aceitação das abelhas à nova caixa, é recomendável que o
apicultor pincele em seu interior uma solução de própolis ou extrato de capim-
limão ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas
folhas, deixando a madeira com um odor mais atrativo para o enxame. Para
povoar o apiário, o apicultor poderá comprar colmeias povoadas, dividir famílias
fortes ou capturar enxames.
9.1 Captura de enxames em Voo
Enxames em voo são aqueles que estão se deslocando da colônia original
em direção a um local pré-escolhido para estabelecerem sua nova moradia. Sua
motivação pode ser migratória ou enxameatória. Em ambos os processos de
deslocamento, as abelhas melíferas podem ser capturadas pelos apicultores: no
momento em que estão voando com a rainha para o novo local, ou quando estão
temporariamente assentadas, na forma de cacho, em locais como árvores,
arbustos ou edificações.
9.2 Captura de enxame fixo
Esse enxame tem uma captura mais trabalhosa, uma vez que será
necessário retirar os favos e transferi-los para a colmeia. Após localizar o enxame,
deve-se aplicar bastante fumaça no local e cortar os favos, de forma a encaixá-los
na armação do quadro, fixando-os com um elástico ou barbante e tomando o
cuidado para que os favos cortados fiquem na mesma posição que estavam

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anteriormente. Os favos com células de zangão e mel não devem ser aproveitados
no enxame.
As operárias são colocadas no interior da caixa por meio de um recipiente.
Se a rainha não for encontrada e observar-se que as abelhas estão entrando
naturalmente na colmeia, é sinal de que a rainha já se encontra no seu interior.
Todos os vestígios do enxame devem ser removidos do local, raspando-se
bem os restos de favos, evitando-se, assim, que o local continue atrativo para a
instalação de um novo enxame (caso não seja de interesse do apicultor). A
colmeia deve permanecer no mesmo local onde estava o enxame, com o alvado
voltado para o mesmo lado que a antiga entrada da colônia por três dias no
mínimo (tempo necessário para que as abelhas fixem os favos transferidos).
Para enxames recém-coletados, recomenda-se realizar uma revisão cerca
de 15 dias após sua instalação no apiário, verificando seu desenvolvimento inicial
do enxame e observar as condições gerais dos favos.
9.3 Compra de enxames
Esta metodologia de obtenção de abelhas consiste na aquisição de
enxames já estabelecidos em núcleos ou mesmo colônias já adultas com mais de
40.000 abelhas. É a modalidade de comercialização de abelhas mais comum em
nosso país. Alguns apicultores especializaram-se nesta modalidade de comércio
produzindo enxames com rainhas selecionadas de produtividade a custos
convidativos levando-se em questão a rapidez com que crescem e produzem.
É possível encontrar núcleos constituído de um pequeno enxame de cerca
de 5000 abelhas com 5 favos já construídos dispostos nos respectivos quadros
morando em uma colmeia de transporte ou captura. Nele já existe a presença de
mel e pólen para a subsistência das abelhas com a rainha em franca postura. 90%
das colônias existentes passaram pela condição de núcleos. Do núcleo não se
colhe nenhum produto apícola pois este está em fase de transição para a colônia.
Muitos cuidados são necessários na aquisição de uma colmeia:
9.4 Captura em caixa Isca
Nas épocas de enxameação (períodos naturais de divisão e deslocamento
de enxames), o apicultor deve distribuir algumas caixas com três a cinco quadros
com uma fita de cera alveolada perto de fontes de água, plantas melíferas, etc. As
colmeias devem ser deixadas fixadas em árvores ou em cima de tocos a uma
altura de 1,5 m a 2 m, para que fiquem mais visíveis aos enxames. Se preferir, o
apicultor poderá usar caixas de papelão próprias para capturas de enxames, à
venda em lojas especializadas, ou ainda confeccionar pequenas caixas de madeira
de baixa qualidade. Dessa forma, reduz-se o prejuízo em caso de roubo e facilita-

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se o transporte do enxame para o apiário. Entretanto, aumenta-se o risco de
perder o enxame ao transferi-lo para a caixa padrão.
A cada 10 a 20 dias, é necessário que se realize uma inspeção nas caixas
para verificar as que foram povoadas. Após verificada a captura do enxame, ele
deve ser transportado para o apiário em alguns dias (apenas o necessário para o
início da postura pela rainha), pois sem o acúmulo de alimento, o enxame se
encontra menos agressivo, facilitando o seu transporte.
9.5 Divisão de enxames
Quando o apicultor notar que uma de suas colmeias está muito populosa,
ele poderá dividi-la em duas colônias menores. Entretanto, convém salientar que o
apicultor deve privilegiar a manutenção de colônias sempre populosas, ou seja,
colmeias fortes, pois serão elas as responsáveis pela produção.
Ao se proceder uma divisão, deve-se repartir igualmente o número de
quadros contendo favos de cria e alimento nas duas colmeias, deixando o maior
número de ovos (crias abertas) para a colônia que for ficar sem rainha, uma vez
que eles serão necessários para a formação de uma nova rainha. As operárias
também devem ser divididas e o espaço vazio das caixas deve ser preenchido
com quadros com cera alveolada. O enxame que ficar com a rainha deve ser
removido para uma distância mínima de 2 m.

O apicultor pode fazer o manejo de divisão de suas colmeias, com o intuito


de preservar e multiplicar enxames com boas características genéticas para
assegurar que o potencial produtivo de colônias superiores seja aproveitado,
criando novas colônias com características semelhantes.

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10. Características genéticas desejáveis
As características a serem melhoradas, por meio da genética, podem ser
morfológicas, fisiológicas ou comportamentais. Os principais fatores levados em
conta na seleção de colônias para produção de rainhas matrizes consistem na alta
produtividade da colônia, baixa capacidade de defesa, baixo potencial
enxameatório (abandono das caixas pelos enxames) e o alto comportamento
higiênico (defesa natural das colônias contra pragas e doenças).
A alta defensibilidade das colônias de abelhas africanizadas consiste num
problema à atividade apícola, uma vez que torna o manejo mais difícil e perigoso,
o que pode levar a uma baixa produção e ao abandono da atividade em alguns
casos.
Os programas de melhoramento genético envolvem um conjunto de
processos que visa aumentar a frequência de genes desejáveis ou combinações
genéticas que resultem em uma alta população com as características desejadas.
10.1 Inseminação instrumental
A inseminação instrumental é uma técnica na qual se transfere por meio de
equipamentos adequados, o esperma coletado do macho, para o sistema
reprodutivo da fêmea e é praticada em vertebrados para criação de animais com
fins econômicos ou para conservação biológica. Porém, em invertebrados só
alguns poucos casos foram bem-sucedidos.
Diferentes métodos de controle reprodutivo podem aumentar a taxa de
melhoramento genético, associado a uma maior endogamia, o que não acontece
com a inseminação instrumental de uma maneira geral, que pode manter a taxa de
endogamia a níveis aceitáveis. Assim, a inseminação permite a seleção, o
desenvolvimento e a manutenção de características, sejam elas produtivas,
comportamentais, de tolerância e/ou de resistência a enfermidades, justificando o
seu emprego em programas comerciais de criação e melhoramento de abelhas
Apis mellifera.
O melhoramento genético de abelhas apresenta algumas diferenças em
relação a outras espécies animais, estimativas como herdabilidade, semelhança
entre parentes e outras são difíceis de serem obtidas pelo fato das colônias
apresentarem uma estrutura genética interna que dificulta tal procedimento. Nos
acasalamentos que ocorrem de forma natural desconhecemos a origem dos
zangões que se acasalaram com as rainhas nos voos de fecundação, além disto,
os acasalamentos múltiplos também afetam a predição destas estimativas.

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11. Colmeia zanganeira ou androtocas
Em colmeias sem rainha e sem cria, algumas operárias, na tentativa de
propagarem a espécie, desenvolvem o ovário e podem começar a realizar postura.
Essas operárias, às vezes, passam a ter um comportamento semelhante ao da
rainha, deixando de ir ao campo para coletar o alimento e permanecendo no ninho
para fazer postura. Algumas dessas operárias chegam a ter um grupo de 5 a 10
abelhas cuidando de sua higiene e alimentação, como ocorre com as rainhas.
Como as operárias poedeiras não são fecundadas, todos esses ovos darão origem
a zangões, por isso, essas famílias são também chamadas de zanganeiras.
A colmeia com operária poedeira é facilmente identificada pelo zumbido
forte emitido pelas abelhas, grande número de zangões pequenos, alvéolos
contendo vários ovos e zangões nascendo em célula de operárias. Entretanto, a
característica mais marcante dessa família são os alvéolos contendo vários ovos,
uma vez que existem várias operárias realizando a postura. Para proceder à
recuperação, o apicultor pode seguir as etapas descritas a seguir:
• Levar a caixa zanganeira para uma distância de cem metros do local de
origem.
• Colocar uma caixa nova no lugar da antiga.
• Na colmeia zanganeira, sacudir os quadros, derrubando todas as abelhas, e
levá-los para a nova caixa que ficou no local da colmeia zanganeira. É necessário
ter o cuidado de destruir as pupas de zangão dos favos. Na caixa antiga, deve ser
deixado um quadro com grande quantidade de ovos e larvas. As operárias que não
tiverem desenvolvido os ovários voltarão ao local antigo, onde está agora a nova
colmeia. Já as operárias poedeiras, por estarem com o ovário parcialmente
desenvolvido, estarão muito pesadas e permanecem na caixa antiga, junto com o
quadro com grande quantidade de ovos e larvas.
• Na nova colmeia, introduzir uma realeira, rainha ou quadro com ovo e larva
de até 3 dias de idade, dando oportunidade para que as operárias produzam nova
rainha.
• Fortalecer a colmeia nova com quadros contendo cria de todas as idades e
abelhas recém-emergidas. O enxame em recuperação com certeza estará fraco, o
que dificulta os cuidados com a cria nova (ovo e larva); entretanto, o feromônio da
cria nessa idade inibe o desenvolvimento do ovário das operárias, por isso, nesse
caso, o apicultor deverá introduzir uma maior quantidade de quadros contendo
larva do que quadros contendo pupa.
• Fornecer alimentação artificial para ajudar no restabelecimento do enxame.

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12. Enxameação
A reprodução natural de uma colmeia através da enxameação é uma
estratégia reprodutiva em abelhas melíferas, a fim de repor colmeias perdidas na
natureza por predação ou fome e para dar continuidade ao povoamento dos nichos
ecológicos. Economicamente, a enxameação é ruim para o apicultor, pois este
processo acarreta perdas significativas na produção de mel, durante a temporada.
A enxameação reduz significativamente a produção da colméia, pois há
uma parada total no crescimento do enxame. A rainha para de pôr ovos, recebe
pouca ou nenhuma alimentação a base de geleia real, perdendo peso rapidamente
para poder voar, a fim de acompanhar o enxame que sairá da colmeia. Grande
parte das abelhas campeiras, responsáveis pela coleta de néctar e pólen,
acompanham o enxame que abandonará a colmeia, reduzindo drasticamente o
contingente de abelhas coletoras desta colmeia. A colmeia, basicamente com
abelhas jovens retomará seu crescimento somente quando a nova rainha nascer,
fecundar e iniciar a postura de ovos e novas gerações de abelhas começarem a
nascer. Estas sequências de atividades demoram pelo menos 42 dias, quando a
grande parte da floração principal já ocorreu.
A colocação de material sobressalente, para não ocorrer congestionamento
nas colmeias, suprir aberturas suficientes nas colmeias nas épocas mais quentes
para que as abelhas possam ventilar e controlar a temperatura interna dos ninhos,
e principalmente manter rainhas jovens (no máximo com dois anos de idade) nas
unidades de produção, diminui significativamente o processo de enxameação.

13. Produção de mel


Os fatores de maior importância para a produção de mel são as abelhas e a
florada. Existem várias maneiras de otimizar a produção de mel, e a escolha delas
irá depender de outras variáveis. Nesse módulo falaremos das mais viáveis para a
nossa região. No período anterior às floradas, deve ser realizada uma boa revisão,
com o objetivo de deixar a colmeia em ótimas condições para o início da produção.
O primeiro fator é a saúde das colmeias, somente enxames fortes
conseguem produzir mel, então nesse ponto devemos atentar para a reprodução
com qualidade. Enxames que possuem características genéticas indesejáveis
devem ser trabalhados, os enxames têm que ser produtivos e a agressividade
deve ser moderada.
Os melhores resultados relacionados a produtividade de uma colmeia em
relação ao mel, estão diretamente relacionados a sanidade do enxame juntamente
com a florada da região onde o apiário está localizado.

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Muitos apicultores não preparam suas colmeias para a safra futura. Com
isso deixam de produzir muitos quilos de mel gerando uma baixa produtividade.
Alimentação artificial antes da florada, a substituição sistemática anual de rainhas
e a troca dos favos das colmeias, são fatores decisivos para o aumento da
produtividade.
A fim de explorarmos nossas floradas corretamente vamos nos colocar
como as abelhas, e olhar as floradas com a visão de um enxame. Hoje a
quantidade de enxames disponíveis na natureza é um número muito grande, e
naturalmente eles são concorrentes de nossos apiários. A quantidade de colmeias
varia de apicultor para apicultor e de região para região onde será instalado o
apiário. Em média o ideal é em torno de 30 colmeias em cada apiário e, tendo-se
também como base, a distância entre um apiário e outro seja pelo menos de 3 km.
O grande apicultor não é aquele que tem o maior número de colmeias, mas sim o
que consegue ter uma maior produção com um menor número de colmeias.
13.1 Colheita do mel
Após muito trabalho e estudo, chegou a tão esperada hora, a colheita do
mel, e que ainda requer muitos cuidados e esforços, para poder apreciar esse tão
sonhado produto. É preciso muito empenho para a realização dessa tarefa, pois
são muitas as etapas envolvidas no processo de extração do mel.
O processo de colheita do mel deve se iniciar com a higienização de todos
os materiais e instalações a serem utilizadas, e devem ser desenvolvidas com
muita cautela, pois são muitos pontos que precisam de atenção.
Para iniciar os procedimentos de colheita do mel no apiário devemos seguir
os passos já descritos anteriormente no item; manejo. Após a abertura da caixa é
aplicado um pouco de fumaça por cima, evitando o excesso. Quando o apicultor
estiver retirando um quadro de melgueira, que estejam mais de 80% operculados,
direcionar o bico do fumegador para outro lado. Os quadros devem ser
acondicionados em melgueiras adaptadas com tampa e fundo, que impeçam a
entrada das abelhas, e os protejam da poeira. Quando terminar a retirada dos
quadros com mel, aplicar um pouco de fumaça, se possuir quadros já
desoperculados é só acondiciona-los na melgueira, entretanto podemos deixar a
melgueira vazia e fechar a caixa. Não se deve deixar as melgueras vazias por
muito tempo, pois as abelhas irão trabalhar na tampa, desperdiçando energia.
Assim que colhidos, esses quadros deverão ser transportados direto para a
casa do mel, sem abelhas e bem fechados. Na hora do deslocamento cobrir a
carga com lona, para evitar poeira ou chuva, sempre atentando a uma possível
pilhagem. Tomar cuidado também no transporte, para evitar a quebra dos favos.

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Na sala de recepção as melgueras devem passar por uma higienização,
podendo ficar ali em cima de pallets plásticos.
Os quadros com mel passam para a sala de manipulação, diretamente para
a mesa desoperculadora, onde com o auxílio de um garfo desoperculador ou uma
lamina desoperculadora, são desoperculados. A partir daí os quadros podem ser
ajustados na centrífuga, pois o mel já flui quase que espontaneamente.
Na centrífuga esses quadros são girados a uma rotação não muito alta,
fazendo com que ocorra a separação entre o mel e o favo. O mel então fluirá para
um balde, que será despejado sob uma peneira dentro do decantador, onde
permanecerá no mínimo por cerca de 72 horas.
O próximo passo é o envase, que poderá ser em potes de vidro, das mais
variadas formas possíveis, em baldes plásticos de diversos tamanhos, até
tambores específicos para embalar alimentos.
Após a extração do mel já é possível retornar os quadros vazios nas
melgueiras novamente, e é importante que esse procedimento seja feito muito
rapidamente, e que sejam protegidos novamente, pois esses quadros recém
colhidos são muito atrativos para as abelhas sendo muito rapidamente dominados
por elas.

14. Doenças e tratamentos


Os antibióticos usualmente veiculados na apicultura para o controle da
loque americana (Paenibacillus larvae subsp. larvae) e europeia (Melissococcus
pluton) são a oxitetraciclina (OTC) e as sulfamidas. Estes antibióticos criam
resíduos no mel, o que poderá impossibilitar a sua comercialização devido à sua
rejeição pelo comprador e pela não indicação dos seus limites no Regulamento
(CE) 2377/90. Em questões de saúde pública, a problemática dos antibióticos
deve-se à sua estabilidade por longos períodos de tempo no mel com possíveis
reações alérgicas em indivíduos susceptíveis.
O pequeno besouro das colmeias (Aethina túmida) do inglês “Small Hive
Beetle -SHB”. Infestam principalmente as colmeias de Apis melifera, mas já há
relatos em colmeis de abelhas sem ferrão afetadas. Nativo da África, se alimentam
de pólen, mel e crias, causam a desorganização do enxame, ocasionando a
fermentação do mel, mal cheiro. Ainda não existe controle químico. O tratamento
se baseia na profilaxia, ou seja, medidas gerais de higiene (por exemplo limpeza
de colmeias)

Hino do Apicultor Brasileiro


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Para o conhecimento dos apicultores:

Abelhas e flores são associadas


E Deus abençoou tal união
P’ra dar perenidade à natureza
E ao homem dar semente, mel e pão.
Zum zum de abelha é palma de platéia,
Nas matas e jardins em floração.
Zum zum de abelha é onomatopéia,
Trabalho ordeiro feito em mutirão.

O néctar que ela suga de mil flores


E os pólens coloridos que semeia,
São beijos que retornam como frutos
E em doce mel nos favos da colmeia

Prolífera rainha é soberana


De unida, ordeira e alada multidão.
O aroma que ela exala é como ímã,
Fator e sintonia de união.

A humilde abelha e a fausta natureza


Celebram seu consórcio com amor.
Mil beijos de uma abelha em tantas flores
São frutos mil nas mãos do apicultor.

Letra: Mons. Agenor Neves Marques


Música: José Acácio Santana

15. Lista de fornecedores


• APACAME - Associação Paulista de Apicultores, Criadores de Abelhas
Melificas Européias – R. Dona Germaine Burchard, 208 - Água Branca, São
Paulo - SP, 05002-060 (11) 3862 2163 – São Paulo
http://apacame.org.br/site
• APILANI – Equipamentos apícolas - (21) 2771-6972 – Rio de Janeiro
http://www.apilani.com.br/
• Casa de couros Mezzalira – macacões - www.casadocouro.com.br ,
casadocoruro@casadocouro.com.br, Rua Otacílio Vieira Costa 192, CEP:
30
88501-050 – Centro, Lages - Santa Catarina, Televendas: ligue (49) 3222
4379.
• Abelhas Princesas e Rainhas – (32) 3749-1922

• EMBAVIDROS – Embalagens de vidro - Av. Santa Marina, 247/249 Água


Branca São Paulo (11) 3871.1000 - http://www.embavidro.com.br/
• Fábrica de Colmeias - Caixas (quadros, melgueira, ninhos), Rua Silvestre
Bartoli, 1.130 – Jardim Itamaraty – Botucatu/ SP-Brasil, email:
joaosoaresf@yahoo.com.br, Dados Cadastrais: Joao Soares Filho
Madeiras – ME, CNPJ.: 20.464.946/0001-16, Inscrição Estadual:
224.128.295.114 Tel.: (14) 3814-5175/ 99716-8891

• ICEAL – Indústria e Comércio de Equipamentos apícolas – Fumegador e


outros – www.iceal.com.br, (47) 3644.0733, Rua Roberto Buchmann, 342,
Cruzeiro, Rio Negrinho, SC.

• IMESUL – Equipamentos apícolas, - Aço inox - Rua Goiás, 44 – Lages – SC


(49) 3223-3688 http://www.imesul.com.br/

• Zovaro Comercial Agro Apis – cera alveolada, Rua Eugenio Berthi, 169 - -
CENTRO, Caieiras, SP - CEP: 07700155 - Fone/Fax: (11)44451910

16. Referências bibliográficas


ARAUJO, N. Ganhe muito dinheiro criando abelhas. 1.ed. São Paulo: Nobel,
1983. p.212.
ALMEIDA-MURADIAN, L.B.; BERA, A. Manual de controle de qualidade do
mel. São Paulo: APACAME, 2008. p.32.
APACAME,

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BRASIL, Instrução Normativa n.3 de 19 de janeiro de 2001. Regulamentos
Técnicos de Identidade e Qualidade de apitoxina, cera de abelha, geléia real,
geleia real liofilizada, pólen apícola, própolis e extrato de própolis,
[http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=17
98]. 19 de outubro de 2004.
BRASIL, Instrução Normativa n.11, de 20 de outubro de 2000. Regulamento
Técnico de Identidade e Qualidade do Mel,
[http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=77
97]. 19 de outubro de 2004.
BRASIL, Resolução n.01 de 19 de junho de 2001. Consulta Pública que
uniformiza os procedimentos na análise e aprovação por parte do Serviço dos
memoriais descritivos dos processos de elaboração e dos rótulos do mel e demais
produtos apícola com adições,
[http://www.agricultura.gov.br/sda/dipoa/resolucao01_190601.htm.] 19 de outubro
de 2004.
BRASIL, Resolução RDC n.º 39, de 21 de março de 2001. Regulamentos
técnicos de Valores de Referência para Porções de Alimentos e Bebidas
Embalados para Fins de Rotulagem Nutricional,
[http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/39_01rdc.htm]. 19 de outubro de 2004.
BRASIL, Resolução - RDC nº 40, de 21 de março de 2001. Regulamento
Técnico para Rotulagem Nutricional Obrigatória de Alimentos e Bebidas
Embalados.[http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/40_01rdc.htm] 19 de outubro de
2004.
BRASIL, Resolução - RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Regulamento
técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, [http://e-
legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=9059] 19 de outubro de 2004.
CRANE, E. Honey – a compreensive survey. 1.ed. London: Morrison and Gibb,
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WIESE, H. Apicultura: Novos tempos. 1.ed. Guaíba: Agropecuária, 2000. p.424.
WIESE, H. Apicultura: Novos tempos. 2.ed. Guaíba: Agropecuária, 2005. p.378.
WIESE, H. Nova apicultura. 8.ed. Porto Alegre: Agropecuária, 1987. p.493.
WIESE, H. Novo manual de apicultura. 1.ed. Guaíba: Agropecuária, 1995.
p.292.

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